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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE MEDICINA

ANA PAULA TEIXEIRA BOMFIM

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO ‘’RESÍDUOS QUÍMICOS LABORATORIAIS:


CLASSIFICAÇÃO DE PERIGO PELO GHS E RISCO NO TRANSPORTE’’

Uberlândia
2024
ANA PAULA TEIXEIRA BOMFIM

RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO ‘’RESÍDUOS QUÍMICOS LABORATORIAIS:


CLASSIFICAÇÃO DE PERIGO PELO GHS E RISCO NO TRANSPORTE’’

Resenha crítica de artigo de mesma temática do


projeto, apresentado ao componente curricular
de Metodologia Científica aplicada à
Enfermagem, como requisito parcial para
aprovação na disciplina.

Uberlândia
2024
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RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO ‘’RESÍDUOS QUÍMICOS LABORATORIAIS:


CLASSIFICAÇÃO DE PERIGO PELO GHS E RISCO NO TRANSPORTE’’

Sobre o artigo e autores

A resenha a seguir corresponde ao artigo "Resíduos químicos laboratoriais: classificação


de perigo pelo GHS e risco no transporte", de Cássio Giovanni, Fabio Luiz Navarro Marques
& Wanda Maria Risso Günther, publicado em 2021 na Revista de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (USP). Giovanni faz parte do Departamento de Gestão e Segurança
Ambiental (DGA) da Universidade de São Paulo (USP), é bacharel em Química pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, possui especialização em Gestão
Pública de Controle e Educação Ambiental, Especialização em Gestão Pública e Especialização
em Gestão da Educação Pública, todas pela USP e Mestrado Profissional em Gestão e
Tecnologia em Sistemas Produtivos (Gestão Ambiental e Ocupacional para o Desenvolvimento
Sustentável) Education pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, SP.
Marques tem Bacharelado em Ciências - Habilitação em Química pela Faculdades Oswaldo
Cruz (1991), Mestrado em Química Orgânica pelo Instituto de Química - USP (1998) e
Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina - USP (2007), na área de oncologia
experimental. Profissionalmente atua como químico no setor de Radiofarmácia do Centro de
Medicina Nuclear da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (desde 1994); como
assistente de direção da diretoria da FMUSP (desde 2012); responsável técnico por produtos
químicos controlados da FMUSP (desde 2011); membro da Comissão do Programa de
Gerenciamento de Resíduos (desde 2012). Günther é Graduada em Engenharia Civil pela
Escola de Engenharia Mauá/IMT e Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas/USP. Especialista em Engenharia de Saúde Pública pela FSP/USP e em
Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos pela Universidad Autónoma de Madrid (UAM). Tem
Mestrado e Doutorado em Saúde Pública (USP), Pós-doutorado pelo Departamento de
Geologia e Geoquimica da Universidad Autónoma de Madrid e Livre Docência em Gestão
Ambiental (USP). É professora titular do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de
Saúde Pública/USP.
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Resenha sobre a obra

A presente obra expõe a importância da classificação de resíduos químicos e seu


transporte seguro, de forma a prevenir danos às pessoas e ao meio ambiente, pensando tanto no
manuseio, armazenamento adequado de acordo com as normas de segurança e posterior
transporte e eliminação, assegurando que tudo seja realizado da forma mais segura para os seres
humanos, animais e meio ambiente. Acerca disso, é destacado o papel crucial do Sistema
Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS) e da
legislação de transporte de cargas perigosas. O GHS classifica as substâncias de acordo com os
riscos específicos e devem estar presentes na rotulagem, sendo de fácil acesso para melhor
entendimento do grau de perigo ao manusear e descartar de forma inadequada.
Levando em consideração que muitos laboratórios, incluindo das Instituições de Ensino,
não promovem o correto treinamento de seus usuários e negligenciam essa temática da
biossegurança, este artigo é de extrema relevância, e cita o fato de poder ser utilizado como
apoio para que políticas de qualidade sejam instituídas nesses ambientes para atender às
legislações referentes ao gerenciamento dos resíduos químicos. Dessa forma, este estudo
objetivou identificar e avaliar, baseado no GHS e na legislação referente ao transporte, os
resíduos químicos gerados em laboratórios de pesquisa na área da saúde, de modo a contribuir
para melhorar o gerenciamento e possibilitar melhores escolhas preventivas.
O texto inicia contextualizando a relevância do tema, ressaltando os impactos
ambientais e de saúde pública decorrentes da geração de resíduos químicos. Destaca-se também
a importância da capacitação dos profissionais envolvidos e a necessidade de seguir diretrizes
técnicas e legais para minimizar riscos.
O trabalho descreve de forma clara e organizada os métodos utilizados na pesquisa, a
qual foi realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em dois
Laboratórios de Investigação Médica (LIM), e os autores abordam que os resíduos químicos
gerados nesse ambiente são diversos, inclusive a partir de misturas. Incluiu-se uma análise de
resíduos gerados em anos anteriores e a classificação de perigos conforme o GHS e a legislação
de transporte de cargas perigosas da ANTT.
Nos resultados, os investigadores trazem que em um laboratório, foram encontrados 14
tipos de resíduos químicos e 13 possuíam algum código de perigo. Citam, ainda, o fato de ter
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frascos vazios que não puderam ser classificados, por não ficar claro a substância ou mistura
contida ali, o que acaba sendo um fator maior de risco, pois pode ocasionar algum acidente por
desconhecimento do conteúdo presente, ou ainda, ser armazenado e descartado sem as devidas
precauções, ao se considerar como uma substância de menor perigo.
Giovanni et.al, (2021) trazem que foram verificados 28 tipos de perigos referentes a
esses resíduos, sendo os mais recorrentes: tóxico se inalado, líquido e vapores altamente
inflamáveis, tóxico se ingerido, tóxico em contato com a pele, provoca irritação à pele. Isso
demonstra a importância do uso de EPIs para o manuseio laboratorial, principalmente quando
se pensa no fator tóxico sob inalação, o que representa sério risco quando há a ausência da
máscara de proteção. Além disso, é trazido que a classificação para transporte indicou que todos
os resíduos descritos são considerados perigosos.
Acerca do segundo laboratório, foram encontrados 26 tipos de resíduos químicos, sendo
25 possuintes de código de perigo e 1 não tinha classificação por parte do fabricante, o que
também é um fator grave pois, ainda que o risco seja menor, é preciso que fique claro no
produto. E se não foi colocado pelo fabricante (seguindo as legislações), os usuários precisam
fazer a busca para a correta rotulação.
A partir desses resíduos, foram encontrados 35 tipos de perigo, sendo os mais
recorrentes: provoca irritação ocular grave, tóxico se ingerido, provoca irritação à pele, pode
provocar irritação das vias respiratórias, nocivo se ingerido, tóxico se inalado, tóxico em contato
com a pele, provoca queimadura severa à pele e dano aos olhos. A classificação para transporte
mostrou que, dos 26 resíduos, 19 são considerados perigosos.
Nas discussões os pesquisadores reforçam o envolvimento das universidades com as
pesquisas e geração de resíduos em laboratório, que podem ser perigosos para os trabalhadores,
estudantes e usuários. Além da importância do GHS para reduzir esses riscos quanto ao
manuseio e descarte. Mas muito além do GHS e rotulagens estarem presentes, é trazida a
necessidade de os frequentadores, incluindo alunos, entenderem o que significam os códigos e
pictogramas de perigos, símbolos e outros, sendo importantes as frases explicativas. Tudo isso
leva à percepção de que é importante capacitar todos os envolvidos, até mesmo os visitantes,
para que haja completa compreensão dos perigos existentes no manuseio, das medidas de
primeiros socorros, uso de EPIs e demais questões.
Um colocação de destaque foi a falta de especificação em alguns resíduos que
explicitasse se eram misturas ou substâncias puras, configurando uma falha nesse processo e
importante sinal de alerta.
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A pesquisa aborda que os resultados trazem a ideia de que há uma ampla variedade e
complexidade nos resíduos químicos produzidos em ambientes de ensino e pesquisa em saúde,
bem como a presença de múltiplos riscos aos quais os usuários podem estar sujeitos. Esses
resultados destacam a necessidade de garantir o fornecimento de equipamentos de proteção
coletiva (EPC), equipamentos de proteção individual (EPI) e dispositivos para mitigar os
impactos de acidentes e incidente. Entre esses dispositivos, estão inclusos chuveiros de
emergência, lava-olhos, extintores e materiais para absorção e contenção de derramamentos.
Dessa forma, fica clara a necessidade já citada de programas de treinamento e
capacitação para todos que passam pelo ambiente laboratorial e que estudam e trabalham
frequentemente ali, de modo que haja entendimento sobre os riscos dos produtos e resíduos e
os cuidados com as misturas de substâncias.
A conclusão reforça a importância do GHS e da legislação de transporte na identificação
e gestão adequada dos resíduos químicos, bem como a necessidade de aprimoramento contínuo
nessa área para garantir a segurança dos trabalhadores, estudantes e meio ambiente.
No geral, o artigo oferece uma análise abrangente e detalhada sobre o tema, fornecendo
informações valiosas para profissionais e pesquisadores envolvidos no gerenciamento de
resíduos químicos em laboratórios de pesquisa. Em contrapartida, apesar de citada, poderia
haver melhor ênfase na sustentabilidade. As questões relativas à gestão otimizada de custos
para implementação das medidas também poderiam ser mais bem detalhadas, além disso
abordar de que forma as capacitações e treinamentos sugeridos poderiam ser delineados e
aplicados na prática seria positivo para a sua implantação em diferentes unidades laboratoriais.

REFERÊNCIAS

GIOVANNI, C.; MARQUES, F. L. N.; GÜNTHER, W. M. R.. Laboratory chemical waste: hazard
classification by GHS and transport risk. Revista de Saúde Pública, v. 55, p. 102, 2021.

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