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Revisão

● Definir o campos da moral


● Definir o campo da ética
● Para que serve um código de ética profissional
● O experimento de Milgram
● Os dilemas morais de Kohlberg
● Distinguir os dilemas éticos na pós-modernidade

“Etimologicamente os termos ética (do grego, ethos) e moral (do latim, moralis) têm
procedência coincidente, designando os costumes socialmente constituídos e os hábitos
que se estabelecem segundo os costumes (LIMA VAZ, 2012). Outro ponto comum é que
tanto a moral quanto a ética orientam-se por um certo ideal de bem, de bom, de
humanidade, de justiça. No entanto, como nenhum significado etimológico é suficiente para
definir um conceito e uma descrição histórico-filosófica das teorias éticas não nos é possível
fazer aqui, devemos chegar a algum entendimento sobre o que seja a ética estabelecendo
relações e distinções com a moral”

Moral são sentimentos que vão da repulsa à compaixão

Somos todos sujeitos morais

Uma forma de definir senso moral é a


seguinte:
“nada mais é do que a maneira como nossa situação e a de nosso semelhante segundo as
ideias que temos de justiça e injustiça, de certo e errado, de bem e mal, de belo e
feio”.

Não há valores em si que não sejam condicionados temporal e historicamente.


“O que seja o bem, o bom, o justo, o belo, está ligado a ideias humanamente concebidas,
por isso sempre históricas”
Neste sentido, “o que seja o bem” diz respeito ao que tomamos por valores e idealizações
não existiriam foram de um juízo valorativo humano.

“Denominamos estes valores de valores morais, exatamente porque o que valoramos, e


que é condição para a realização de nossas escolhas e para a avaliação das escolhas
alheias, recebem atributos de positividade ou de negatividade, de bom ou de ruim,
segundo uma determinada ideia do que seja “o bem”. Uma ideia que recebeu inúmeras
determinações ao longo da história, motivando ações as mais variadas. Em seu nome
projetos educacionais, missionários, políticos, sociais foram implementados, pessoas e
grupos foram subjugados e explorados, guerras foram declaradas, milhares de pessoas
foram mortas, outras tantas torturadas e escravizadas, povos foram “civilizados” e, no
limite, exterminados. Tudo com base numa ideia de “bem” pretensamente inconteste”.
Trecho:
“Agimos todos, em todas as circunstâncias, moralmente? Existem pessoas que não
podem ser responsabilizadas moralmente por seus atos? Em que medida somos capazes
de agir, com tamanho grau de visibilidade e controle de nós mesmos com vistas a nos
constituirmos sujeitos moralmente autônomos?”

“Por não sermos animais, nem santos ou deuses, nosso comportamento transita entre
a moralidade e a imoralidade, entre a heteronomia e a autonomia, entre o egoísmo e o
altruísmo”

Quando a moral vira ética?


A ética é uma reflexão crítica sobre a moral

Enquanto seres vivos e desejantes, somos constrangidos por necessidades biológicas,


vicissitudes externas e impulsos afetivos os quais buscamos cotidianamente atender e/ou
controlar. Além disso, pertencemos a uma cultura cujos valores que a sustentam na maioria
das vezes sequer temos consciência. Valores que não elegemos, antes os conservamos por
força do hábito e do costume, medindo o grau de nossa moralidade de acordo com a
conformidade ou não de nossas ações a eles, sempre hesitando entre graus e momentos
de maior e menor autonomia.
Apesar desta instabilidade, agimos por convicção, acreditando sinceramente estarmos
fazendo o melhor. Esquecemos que a plenitude moral não passa de um ideal e que boas
intenções são insuficientes para sustentar laços sociais. Esquecemos que nosso
comportamento é repleto de contradições e incoerências, excessos e arbítrios, que nossas
ações têm limites, possibilidades e, algumas vezes, são até necessárias. Quando
começamos a pensar a respeito de tais questões; quando passamos a questionar os
valores que regulam tacitamente nosso modo de ser, refletindo sobre quais deles
consideramos importantes ou dispensáveis; quando indagamos as razões que nos levam a
agir de determinada maneira; ou quando queremos saber como coabitar o mesmo espaço
com pessoas e/ou grupos que cultivam valores distintos dos nossos, damos como que um
passo atrás, suspendendo a moral para nos movermos no terreno da ética.

Não sendo o valor um bem em si, as "morais" podem ser tanto discriminatórias,
opressoras, excludentes, machistas, misóginas, quanto podem ser justas, libertadoras,
igualitárias, inclusivas.

“Em boa medida, a moral tende a uma certa esclerose, a um atrofiamento dos valores que a
sustentam devido ao esquecimento do caráter ficcional de que são frutos. A ética, por sua
vez, requer o seu desesquecimento, ou seja, o esforço para compreender e, se possível,
identificar a gênese, os condicionamentos e os efeitos dos valores morais em nosso modo
de pensar e agir. Ela emerge do esforço de pensarmos com criticidade e rigor acerca da
moral que nos orienta, que cultivamos e que eventualmente defendemos, indagando acerca
do "[...] que são, de onde vêm e o que valem os costumes" (CHAUí, 2010, p. 386).

“… a reflexão ética não é uma tarefa que realizamos sem algum desconforto. Ela nos
desafia a revisar criticamente nossas convicções e heranças, o que só é possível pela
admissão do caráter finito de nossa condição humana e, especialmente, de que nosso
modo de ser-sujeito no mundo, nosso pensar e agir, são condicionados. Hegel (1986) já
advertiu que reconhecer e mapear os nossos condicionamentos (históricos, culturais,
morais, linguísticos, afetivos) é o primeiro passo para a liberdade. Em outros termos, implica
reconhecermos uma dimensão irredutível de heteronomia em nossa própria autonomia.”

Os códigos de ética profissional apresentam uma grande vantagem aos profissionais. Como
os dilemas morais são recorrentes e inevitáveis em situações complexas, é o código que
acaba respondendo pelo profissional ou lhe oferecendo diretrizes para que ele mesmo o
faça com maior estabilidade emocional e comportamental, uma vez que os valores
norteadores de sua prática já estão pré-definidos.

DILEMA DA COVID NA ITÁLIA

Em primeiro lugar, devido à insuficiência da norma que sempre apresenta um déficit diante
da complexidade da vida. Em segundo lugar, porque a posição a ser assumida pelo
profissional à luz do código tem a ver com os deveres definidos em função do papel que ele
ocupa na sociedade e que podem entrar em conflito com a sua posição subjetiva, a qual
não só é anterior à profissionalidade, mas a sustenta (SIROUX apud CANTO-SPERBER,
2013). Por ser elaborado com base em um número restrito e fixo de valores, o código
deontológico constrange a diversidade e a mobilidade das morais individuais, exigindo que
os sujeitos - agora posicionados profissionalmente
- assumam uma moral que já não é tão-somente subjetiva, mas compartilhada, inclusive
respaldada pelas leis da república.

ÉTICA PROFISSIONAL
“O que está em jogo na ética profissional é, fundamentalmente, a capacidade de o
profissional refletir de forma autônoma, crítica e responsável sobre sua própria prática.”

A moralidade tem sido estudada por psicólogos do ponto de vista afetivo (Psicanálise), do
ponto de vista comportamental (behaviorismo, teoria da aprendizagem social) e do ponto de
vista cognitivista (Piaget e Kohlberg).

Kohlberg realizou estudos longitudinais nos Estados Unidos acerca do tema, utilizando-se
de dilemas morais, aos quais expunha indivíduos que entrevistava utilizando-se do método
clínico, como Piaget, em suas pesquisas. Apresentava tais dilemas e pedia aos sujeitos que
apontassem soluções aos mesmos sempre justificando seus dizeres. A seguir, analisava e
categorizava as informações que obtinha considerando as justificativas, o valor moral
intrínseco e os argumentos apresentados pelo sujeito participante da entrevista

Dilema moral, no conceito de DE VRIES e ZAN (1998,p. 98), caracteriza-se por ser uma
situação na qual reivindicações, direitos ou pontos de vista conflitantes podem ser
identificados

Geralmente os dilemas expostos por Kohlberg expunham os entrevistados a situações


limites, o que remetia a profundas dúvidas sobre a opção mais correta que se deve tomar. A
fim de explorar o raciocínio da criança a respeito de um problema moral difícil, como o valor
da vida humana ou as razões para fazer coisas “certas”, Kohlberg criou diversos dilemas,
sendo um de seus mais famosos, o chamado “O Dilema de Heinz”

“Na Europa, uma mulher estava quase à morte, com um tipo específico de câncer. Havia um
remédio que os médicos achavam que poderia salvá-la. Era uma forma de rádio que um
farmacêutico da mesma cidade havia descoberto recentemente. O remédio era caro para se
fazer e o farmacêutico estava cobrando dez vezes mais do que ele lhe custava na
fabricação. Ele pagava 200 dólares pelo rádio e cobrava 2000 dólares por uma pequena
dose do remédio. O marido da mulher doente, Heinz, procurou todo mundo que ele
conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas só conseguiu aproximadamente 1000
dólares, a metade do preço do remédio. Ele disse ao farmacêutico que sua mulher estava
morrendo e pediu-lhe para vender o remédio mais barato ou deixá-lo pagar o restante
depois. Mas o farmacêutico disse: “Não, eu descobri o remédio e vou ganhar muito dinheiro
com ele”. Então Heinz ficou desesperado e assaltou a farmácia para roubar o remédio para
sua mulher.”

o dilema de Jane
A mãe de Jane promete que ela poderá ir ao baile no sábado se lavar a louça durante a
semana inteira. Jane lava a louça, mas chegando o sábado, sua mãe diz ter mudado de
idéia, e não a deixará ir ao baile. Jane sai escondida de casa e vai ao baile, confiando o
segredo à sua irmã Mary. Mary deve contar o fato para a mãe?”

A educação moral, na perspectiva de Kohlberg, consiste mais em promover o raciocínio


moral do que propriamente em ministrar conteúdos

A Escola Cluster
O objetivo dessa proposta era promover o desenvolvimento moral utilizando-se de um local
privilegiado por sua dimensão social: a 5 escola, local este onde crianças, jovens,
professores, enfim, toda a comunidade escolar faz uso da vida comum

Estágios de desenvolvimento moral foi algo exaustivamente estudado por Kohlberg. Se


mais uma vez comparado a Piaget, nesse campo Kohlberg deu muitos passos além.
Considerava que Piaget estava correto em assinalar uma ligação entre o desenvolvimento
cognitivo e o raciocínio moral. Porém, ele considerava o processo muito mais longo do que
Piaget propusera. Ao invés de uma única mudança, da moralidade heterônoma para a
moralidade autônoma, Kohlberg considerou que havia muitos estágios, a começar nos 6 ou
7 anos, estendendo-se até a idade adulta. O processo estaria dividido em três níveis de
desenvolvimento, com dois estágios cada um.

Níveis e Estágios de Desenvolvimento Moral de Kohlberg


Nível I - Pré-convencional ( de 2 a aproximadamente 6 anos)
Nível pré-convencional corresponde, em termos gerais, à moralidade heterônoma estudada
por Piaget. Neste nível, a criança interpreta as questões de certo e errado, bom e mau, em
termos das consequências físicas ou hedonistas da ação. Toda ação punida é vista como
má, e toda ação premiada é moralmente correta

Estágio 1 - Orientação para a punição e a obediência


a) Orientação Moral: Para a punição e a obediência
b) Justificativa dos julgamentos: Evitar o castigo e o exercício do poder superior que as
autoridades têm sobre o indivíduo
c) Perspectiva sócio-moral: Não distingue nem coordena perspectivas. Apenas existe uma
perspectiva correta, a da autoridade.

Estágio 2 - Hedonismo Instrumental Relativista


a) Orientação Moral: Orientação calculista e instrumental; pura troca; hedonismo e
pragmatismo
b) Justificativa dos julgamentos: Servir a necessidades e interesses próprios em um mundo
em que há outras pessoas com seus interesses
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as e hierarquiza-as do ponto
de vista dos interesses individuais

Nível II -Convencional( idade escolar)


No nível convencional, o justo e o injusto não se confundem mais com o que leva à
recompensa, ou ao castigo, à punição. Se define pela conformidade às normas sociais e
morais vigentes. Assim, o indivíduo que está no nível de moralidade convencional é aquele
que procura viver conforme as regras estabelecidas, com o que é socialmente aceito e
compartilhado pela maioria, respeitando a ordem estabelecida. Portanto, há uma tendência
a agir de modo a ser bem visto aos olhos dos outros, para merecer estima, respeito e
consideração.

Estágio 3: Moralidade do bom garoto, da aprovação social e das relações interpessoais


a) Orientação Moral: Orientação para o bom menino e para uma moralidade de aprovação
social e interpessoal
b) Justificativa dos argumentos: Precisa corresponder às expectativas alheias. Tem
necessidade de ser bom e correto a seus olhos e aos olhos dos outros ( família, amigos...);
importa-se com os outros: se trocasse de papel iria querer um bom comportamento de si
próprio. Este é o estágio da regra de ouro: “aja com os outros como gostaria que eles
agissem com você”

c) Perspectiva sócio-moral: do indivíduo em relação aos outros indivíduos.


Estágio 4: Orientação para a lei e a ordem, autoridade mantendo a moralidade
a) Orientação Moral: Orientação para a manutenção da lei, da ordem e do progresso social
b) Justificativa dos argumentos: Manter o funcionamento das instituições como um todo,
auto-respeito ou consciência compreendida como cumprimento de obrigações definidas
para si próprio ou consideração das consequências dos atos. Pergunta-se: “o que
acontecerá se todos fizerem o mesmo?”
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as e hierarquiza-as do ponto
de vista de uma terceira pessoa imparcial, institucional e legal.

Nível III- Pós-convencional (adolescência) Valor moral das ações não está nas
conformidade às normas e padrões morais e sociais vigentes; está vinculado aos princípios
éticos universais, tais como o direito à vida, à liberdade e à justiça. Portanto, as normas
sociais são entendidas na sua relatividade, cuja finalidade é garantir que estes princípios
sejam respeitados. Caso isto não aconteça, as leis devem ser transformadas e até
desobedecidas. Neste nível, a sociedade não teria sentido se não estivesse a seviço desses
direitos individuais fundamentais, que sejam universalizáveis, reversíveis e prescritivos.
Estágio 5: A orientação para o contrato social democrático
a) Orientação Moral: Orientação para o contrato social , para o relativismo da lei e para o
maior bem para o maior número.
b) Justificativa da argumetação: Obrigação de cumprir a lei em função de um contrato
social: protege seus direitos e os dos outros. Leis e deveres são baseados em cálculo do
maior bem para o maior número de pessoas (critério da utilidade)
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as e começa a hierarquizá-las
do ponto de vista de uma terceira pessoa moral, racional e universal.

Estágio 6: Princípios universais de consciência


a) Orientação Moral: Orientação para os princípios éticos-universais, prescritivos,
auto-escolhidos, e generalizáveis.
b) Justificativa da argumentação: Como ser racional, percebe a validade dos princípios e
compromete-se com eles.
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as de um ponto de vista ideal
e hierarquiza-as segundo uma perspectiva moral, racional e universal.

O desenvolvimento resulta menos de acomodações passivas ao meio e mais de sua


atividade assimilativa e construtora. Este pressuposto construtivista tem um forte vínculo
com as questões educacionais, pois de acordo com essa perspectiva, o sujeito passa a ser
um elemento ativo que constrói gradativamente seus esquemas de julgamento moral a
partir de suas experiências de vida

O que nos faz seguir ordens?

O experimento de Milgram

Milgram diz:

Os aspectos jurídicos e filosóficos da obediência têm enorme significado, mas dizem muito
pouco sobre como as pessoas realmente se comportam numa situação concreta e
particular. Eu projetei um experimento simples em Yale, para testar quanta dor um cidadão
comum estaria disposto a infligir a outra pessoa somente por um simples cientista ter dado
a ordem. Foi imposta autoridade total à cobaia [ao participante] para testar as suas crenças
morais de que não deveria prejudicar os outros, e, com os gritos de dor da vítima ainda
zumbindo nas orelhas das cobaias [dos participantes], a autoridade falou mais alto na maior
parte das vezes. A extrema disposição para seguir cegamente o comando de uma
autoridade mostrada por adultos foi o resultado principal do experimento, e que ainda
necessita de explicação.

Objetivo:
Uma pessoa desconhecida pode seguir ordens de um instrutor ainda que tais ordens
acarretem sofrimento?

Procedimento
1. Sorteio: professor, aluno
2. Ser informado dos pares de palavras.
3. Gravar os pares corretamente
4. Cada erro era punido com uma carga elétrica que aumentava à medida que
os erros se somavam.
5. A punição visava corrigir os erros nas respostas.
6. O participante ouvia os gritos de dor e os apelos e ainda assim seguia
eletrocutando.

Estímulo 1: “Por favor, continue.”


Estímulo 2: “O experimento requer que você continue”.
Estímulo 3: “É absolutamente essencial que você continue”.
Estímulo 4: “Você não tem outra escolha a não ser continuar”.

Resultado
65% dos participantes foi até à aplicação do mais alto nível 450 volts.
Todos os participantes foram até 300 volts.

O que fazia os participantes seguirem aplicando choques?


O apelo à autoridade.

Dilemas éticos da pós-modernidade


O humanismo compõe um conjunto de valores, diretrizes, pensamentos e crenças acerca
do que seria o ser humano.

O pós-humanismo estabelece que seríamos mais inteligentes, mais bonitos, mais saudáveis
e imortais.

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