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WBA0867_v1.

LAUDOS E PERÍCIAS DE
ENGENHARIA

Proposta de Resolução
Autoria: Júlio Assis de Freitas

Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior


Proposta de Resolução

O primeiro passo é estipular o limite de tolerância ao ruído para a jornada de trabalho do


indivíduo estudado. Como Josué tinha jornada de trabalho de 8 horas diárias, esse limite é
de 85,0 dB(A), segundo consta na tabela do Anexo 01 da NR-15 (BRASIL, 2019). Diante
dessa informação e considerando os resultados observados nos PPRAs do enunciado, é
possível concluir que o ambiente é insalubre por ruído, sendo necessárias ações de
controle para a neutralização desse agente.

A ação de controle adotada pela empresa reclamada é o fornecimento de EPI


(Equipamento de Proteção Individual), de modo que se faz necessário avaliar a eficácia
dessa ação. Se pesquisarmos o boletim técnico do fabricante do protetor auricular em
questão (CA 9584), veremos que ele tem uma vida útil de até quatro meses e que sua
atenuação é de 16 dB(A) pelo método NRRsf (Noise Reduction Rate Subject Fit ou Taxa
de Nível de Redução do Ruído Colocação Subjetiva).

Nesse contexto, avaliando os registros de entrega de EPI, há um período entre 15/03/2019


e 18/08/2019 que extrapola em cerca de 36 dias os quatro meses de vida útil do EPI
segundo o fabricante. Como o trabalhador não se afastou nem tirou férias nesse intervalo,
logo é possível concluir que houve falha na reposição do EPI, não havendo evidência de
controle eficaz do agente insalubre entre 16/07/2019 e 17/08/2019. Ou seja, a partir do dia
16 de julho, o EPI já estava ineficaz segundo recomenda o fabricante e deveria ter sido
reposto, mas até 17 de agosto o trabalhador ficou com o EPI “vencido” e só recebeu um
novo no dia 18. Com isso, considera-se que o EPI foi ineficaz nesse período, e, portanto, o
trabalhador faz jus ao adicional.

Em paralelo, a partir de 15 de julho de 2020 até o desligamento do trabalhador em 15 de


dezembro do mesmo ano, o nível de ruído registrado no PPRA era de 102,3 dB(A). Se
considerada a atenuação de 16 dB(A) oferecida pelo protetor auricular, o ruído de
exposição do trabalhador era de 86,3 dB(A), e, portanto, o EPI não foi eficaz em neutralizar
o ruído e colocá-lo em níveis salubres.

Dessa forma, uma conclusão possível para o laudo pericial, nessas condições, é de que as
atividades do reclamante foram insalubres por ruído nos períodos de 15/03/2019 a
18/08/2019 por ausência de registro de fornecimento de protetor auricular, e de 15/07/2020
a 15/12/2020 por ineficácia do EPI fornecido em atenuar o ruído até níveis inferiores a 85,0
dB(A).

Referências

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora n. 15 –


Atividades e operações insalubres. Brasília: MTPS, 2019.
Bons estudos!

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