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MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS 2008

PROFESSOR: ANTÔNIO RAIMUNDO DOS SANTOS


DISCIPLINA: 1º SEMINÁRIO
MBA EM GERENCIMENTO DE PROJETOS

1º SEMINÁRIO

Antônio Raimundo dos Santos


kondutta@yahoo.com.br

Realização
Fundação Getulio Vargas
FGV Management
1

Norman de Paula Arruda Filho


Antônio Raimundo dos Santos

A CONSTRUÇÃO PROGRESSIVA DE COMPETÊNCIAS


METODOLÓGICAS: iniciação à pesquisa científica
aplicada
2

Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao(s)
autor (es).

ARRUDA FILHO, Norman de Paula; SANTOS,


Antônio Raimundo dos. Curitiba: ISAE/FGV,
2006.

Bibliografia
1. Pesquisa científica 2. Produção de
Conhecimento Cientifico 3. Normas da ABNT
I. Título.
3

SEMINÁRIOS DE AQUISIÇÃO E APLICAÇÃO DE CONTEÚDOS (SAAC) E


FÓRUNS DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA

(perfil da disciplina)

1 Programa da disciplina (inclui todos os seminários e fóruns)

1.1 Ementa
Construção progressiva de competências metodológicas visando a preparação
para a produção de Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC), em MBA modular,
por meio da realização de três seminários de aquisição e aplicação de conteúdos e
de três apresentações escritas de relato de experiência, também apresentadas
oralmente em fóruns de produção científica, agendados para este fim.

1.2 Carga horária total


29 horas/aula. (Seminários e Fóruns)

1.3 Objetivos
- identificar problemas de pesquisa com a utilização de matriz de avaliação
construída por meio de portfólios de desempenho intelectual.
- estruturar planejamento de pesquisa para utilização como plano de estudo de
experiências empresariais.
- elaborar o estudo de experiências empresariais em função de referenciais
teóricos próprios.
- redigir textos com relatos das experiências.
- apresentar textos formatados conforme normas vigentes da ABNT.
- apresentar síntese oral nos fóruns de produção científica específicos de cada
etapa.

1.4 Conteúdo programático


1 Construção de matriz de avaliação da experiência profissional.
2 Planejamento de pesquisas científicas.
3 Coleta de dados e redação dos textos.
4

4 Apresentação gráfica de pesquisas científicas e acadêmicas segundo normas da


ABNT.
5 Apresentação oral de produção científica/acadêmica.

1.5 Metodologia
A disciplina se desenvolverá por meio de três Seminários de Aquisição e
Aplicação de Conteúdos e três (ou quatro) Fóruns de Produção Científica. Entre
os seminários e os fóruns, as equipes terão oportunidade de até duas orientações
metodológicas, como suporte para elaboração e apresentação gráfica e oral dos
conteúdos produzidos.
Os seminários se desenvolverão por meio de:
- exposição dialogada com auxílio de PowerPoint, flip chart e quadro;
- exercícios práticos de produção de portfólios e planejamento de pesquisa,
realizados em equipes;
- leitura complementar do material de apoio indicado em cada cada
seminário;
- redação de portfólios que destaquem a problemática fundamental do
módulo;
- redação de textos no formato de relato de experiência; e
- apresentação oral dos conteúdos desenvolvidos nos fóruns de produção
científica.

1.6 Critérios de avaliação


- o relato de experiência apresentado pela equipe nos Fóruns de Produção
Científica será avaliado por banca composta para a ocasião.
- Os trabalhos apresentados terão avaliação de 0,0 (zero) a 10,0 (dez),
composta como descrito adiante.
- A nota obtida na apresentação do Fórum é atribuída equalitariamente para
todos os membros da equipe.
- A soma de todas as notas obtidas nas apresentações dos trabalhos nos Fóruns
de Produção Científica será dividida pelo número de fóruns realizados e o
resultado será a nota da disciplina de Produção Científica, constante no
cronograma de seu curso.
- A presença nos Fóruns é obrigatória e comporá a freqüência da disciplina de
Produção Científica.
5

- A avaliação da apresentação dos trabalhos seguirá os seguintes critérios:


1 Relevância teórica do problema (assunto) (1,5): importância teórica ou
científica diz respeito à relevância que o assunto tem para a gestão moderna, isto
é, qual é a atualidade do problema levantado;
2 Relevância prática do problema (assunto) (1,5) : importância prática ou
social diz respeito à eventual aplicabilidade do estudo realizado, seja direta, ou
como suporte indireto para realizações práticas;
3 Qualidade dos conteúdos de sustentação teórica (1,5): refere-se à
origem das informações e idéias utilizadas como suporte teórico na construção do
estudo de caso, ou seja, julga-se a qualidade da bibliografia estudada e utilizada
como referência.
4 Domínio do conteúdo (1,5): refere-se a domínio do conteúdo
apresentado, percebido pela familiaridade na utilização de conceitos e idéias
próprias ao conteúdo apresentado.
5 Qualidade da apresentação oral dos trabalhos (1,5): refere-se à
qualidade didática da apresentação (início, meio, fim), adequação ao tempo de
exposição e recursos utilizados.
6 Qualidade da utilização de recursos de apresentação escrita: (2,5)
considera a evolução da qualidade do texto escrito (conteúdo e apresentação),
com base nos seguintes itens:
- para o 1o. Fórum:
a) vínculo entre história-problema-planejanento-texto escrito;
b) presença clara das divisões do desenvolvimento (corpo) do relato
(referencial teórico, metodologia/narrativa do caso, apresentação de resultados, análise de
resultados, recomendações/sugestões); e
c) atenção a algumas normas da ABNT, quanto à apresentação gráfica de
trabalhos acadêmicos (margens, espacejamento, paginação, tipos gráficos e fontes,
encadernação).
- para o 2o. e 3o. Fóruns:
a) todos os itens já considerados no 1o. Fórum;
b) as sete partes essenciais de textos acadêmicos (capa, folha de rosto,
sumário, introdução, desenvolvimento (corpo), conclusão, referências).
c) a originalidade do texto (quanto do texto é expressão de seu autor e quanto se
configura como “cópia”).
d) observância das outras normas da ABNT para a apresentação gráfica de
textos acadêmicos (títulos e indicadores de seqüência e pertença, utilização de citações e
referências para citações).

1.7 Bibliografia recomendada


GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo:
Atlas, 1993.159 p.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do


conhecimento. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. 166 p.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21.ed. SP:


Cortez, 2000.
6

1.8 Curriculum resumidos da equipe de professores:


Antônio Raimundo dos Santos é doutor em Engenharia de Produção pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestre em Filosofia das Ciências
Humanas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
especialista em História do Pensamento Contemporâneo pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e graduado em Filosofia pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). É professor da rede FGV e
Coordenador do projeto de Produção Científica do ISAE-FGV. Atua também como
professor convidado em cursos de especialização de diversas outras instituições
de ensino superior do país. É consultor de empresas e palestrante pela
Consultoria, Cursos e Eventos Kondutta, nas áreas de treinamento gerencial,
responsabilidade social corporativa e gestão do conhecimento/ inteligência
empresarial. Foi empresário do setor educacional (1983-1999) e diretor do
Instituto Vicentino de Filosofia/ Curitiba/PR (1985-1992). É autor e co-autor de
13 obras em sua área de atuação. Recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura –
categoria Livro Didático – em 2001.

Augusto Carlos Dalla Vecchia - Mestre em Administração–Gestão Empresarial –


FGV/RJ, Pós-graduado em Administração -PUC/Pr –Eng. Civil – UEPG –
experiência profissional adquirida notadamente em instituições de grande porte
(BRADESCO, GENERALI, UNIMED, CARJAVAL) , ocupando cargos de Gerencia
Geral, Superintendência, Diretoria Regional e atualmente Vice-Presidente.
Docência em cursos de graduação e pós-graduação em Gestão Estratégica, Teoria
das Organizações e TCC.

Cristina M. S. Ferigotti - Doutoranda em Administração ( Universidade Positivo


- UP), mestre em Gestão Empresarial ( EBAPE -FGV), especialista em
Administração de Empresas com ênfase em Marketing (CDE-FAE), graduada em
Desenho Industrial (UFPR). É pesquisadora associada ao Programa de Pesquisa
em Aprendizagem Tecnológica e Inovação Industrial ( EBAPE -FGV). Áreas de
interesse para orientação: gestão de marketing; gestão do conhecimento; gestão
do design e desenvolvimento de produtos; gestão da inovação; gestão estratégica.

Denise Margareth Oldenburg Basgal - Graduada em Engenharia Civil – UFPR;


Especialista em Administração de Cidades - PUC-Pr e UCT Compiegne – França ;
MBA TEAM Management – FGV; Mestre em gestão por Projetos pela USCTL – Lille
França. Ampla experiência nas áreas habitacionais, educacionais, ambientais e
financeiras, é especialista em Administração de Cidades pela Universidade de
Tecnologia de Compiegne na França e Team Management pela FGV. É professora
dos cursos de Gestão Técnica Urbana na PUC/PR, de Gestão Financeira na
UTFPR e Gerenciamento de Projetos e gestão do conhecimento corporativo no
ISAE-FGV. Autora de trabalhos publicados no Brasil e no Exterior.

Gadner Falcovski Vieira - Mestrando em Administração de Empresas FGV –


EAESP; Pesquisa em Tecnologia da Informação; com MBA Executivo
Internacional USP e MBA Executivo em Administração IBMEC; Pós em
Administração e Finanças FAE. Experiência de dez anos na gestão e direção de
empresas e unidades de negócios, fortes competências em estratégia de negócios
7

e vendas, liderança, desenvolvimento e motivação e treinamento de equipes.


Consultor na GVSERV – consultoria e serviços em tecnologia.

Joseane Pontes - Graduada em Administração e Ciências Econômicas –


UNICENTRO; Mestre em Engenharia de Produção - UFSC
Doutora em Engenharia de Produção – UFSC. Vivência e atuação acadêmica
iniciada como assistente-aluno no mestrado em 2002. Participou de grupos de
pesquisa do GAV (Grupo de Análise de Valor/UFSC) sobre responsabilidade social
e mapas causais. Atua como professora da UNIGUAÇU e palestrante em
empresas e universidades na área de responsabilidade social. Especialidades:
Responsabilidade Social; Dinâmica de Sistemas e Mapas Causais e Teorias
aplicadas à Administração.

Marcelo Alexandre Siqueira de Luca - Mestre em Engenharia da Produção e


Sistemas – PUC/PR; Graduado em Engenharia Civil – UFPR. Sócio-
Administrador, Coordenador Pedagógico, Professor e Consultor (Gestão
organizacional, Gestão da Qualidade, Gestão de Processos Administração,
operações e Pesquisa Científica) da Future School – Ass. Educacional e
Empresarial Ltda.

Marco Antonio Cunha - Mestre em Gestão Empresarial pela EBAPE – FGV.


Especialista em Economia de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa. Empresário. Consultor nas áreas de Finanças Empresariais e Varejo.
Professor dos cursos de pós-graduação do FGV Management.

Marcos Viceconte Baptistucci - Mestrando em Tecnologia e Desenvolvimento


pela UTFPR – Universidade Tecnológica do Paraná. MBA em Recursos Humanos
pela FIA-USP – Fundação Instituto de Administração da Universidade de São
Paulo. Pós-graduado em Gestão do Conhecimento pela UTFPR; Pós-graduado em
Engenharia de Segurança do Trabalho pela FEI – Faculdade de Engenharia
Industrial – SP. Engenheiro de Produção, Química da Faculdade de Engenharia
Industrial (FEI). Como executivo atuou em empresas como Union Carbide / DOW
Química e Bunge Alimentos no staff corporativo para as unidades da América
Latina e atualmente exerce a função de Gerente de Saúde, Segurança e Meio
Ambiente do O Boticário e Diretor de Marketing do Instituto História Viva.

Míriam Carnasciali dos Santos - Mestre em Educação – Gestão de IES – pela


Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), especialista em Recursos
Humanos pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro (UCAM-RJ), em
Didática do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR) e graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUCPR). Professora na graduação e pós-graduação (lato-sensu) nas
disciplinas de Psicologia Organizacional, Psicologia Aplicada, Psicologia do
Trabalho, Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional, Recursos
Humanos, Fundamentos da Administração, Dinâmica de Grupo, Psicologia do
Desenvolvimento, Psicodrama Aplicado, Metodologia Científica, Ética, Etc.
Também é professora de cursos técnicos relacionados à área empresarial e da
saúde. Atua profissionalmente, como psicóloga, tanto na área organizacional
prestando serviços de consultoria e palestras para várias empresas, instituições e
8

eventos, como na área clínica em atendimentos psicoterápicos em consultório


particular.

Paulo Afonso Manfredini Hapner - Mestre em Administração de Empresas pela


EBAPE/FGV. Pós-graduado em Finanças pela EPGE/ FGV. Pós-graduado em
Marketing pela FAE. Administrador de Empresas pela FAE. Professor nas áreas
de Finanças e Estratégia. Diretor Administrativo de Hapner e Kroetz – Advogados.

Simone Samways Lazari Trevisan - Mestrado Executivo em Administração –


Gestão Empresarial - FGV; Especialização em Finanças Centro de
Desenvolvimento Empresarial (CDE); Docente nas disciplinas de Análise
Financeira, Métodos de Avaliação da Responsabilidade Social; Corporativa,
Mercado Financeiro, Finanças Corporativas, Gestão Financeira em Instituições de
Ensino, Metodologia de Análise Econômica, Finanças I.
9

MATERIAL DE APOIO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......
1º. SEMINÁRIO DE AQUISIÇÃO E APLICAÇÃO DE CONTEÚDOS (SAAC) E 1º.
FÓRUM DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA: A CONSTRUÇÃO PROGRESSIVA DE
COMPETÊNCIAS METODOLÓGICAS E O PLANEJAMENTO DE PESQUISAS
CIENTÍFICAS
1 Educação e pesquisa: uma triste história e um susto recente ......
2 Efeitos nocivos da história: o hábito de “não ser capaz de” ......
3 Para “virar a mesa” da educação e da produção ......
4 Na prática, um hábito é uma criação progressiva ......
5 A construção da matriz de avaliação profissional por meio da utilização do
portfólio de desempenho ......
6 A apresentação escrita dos estudos de caso por meio do relato de experiência....
PLANEJAMENTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS
1 Problematização ......
2 Seleção/delimitação do problema de pesquisa ......
3 Geração de hipóteses ......
4 Objetivo geral ......
5 Objetivos específicos ......
6 Procedimentos de coleta de dados ......
2º. SEMINÁRIO DE AQUISIÇÃO E APLICAÇÃO DE CONTEÚDOS (SAAC) e 2º.
FÓRUM DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA: A EXECUÇÃO E A APRESENTAÇÃO
GRÁFICA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA ......
1 A coleta de dados ......
1.1 Coleta de dados por meio de pesquisas de campo e laboratório .....
1.2 Coleta de dados por meio de pesquisas bibliográficas ......
1.2.1 Textos técnicos/científicos ......
1.2.2 Leitura dos textos técnicos;científicos ......
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1.3 Anotação de dados coletados ......


2 A redação de textos científicos/acadêmicos ......
2.1 Os “ingredientes” do texto escrito ......
2.2 Seleção e organização da informação ......
2.3 Redação inicial do texto ......
2.4 Utilização de citações e notas explicativas no texto ......
2.5 Correção do texto e redação definitiva ......
3 Apresentação gráfica: normas para a apresentação gráfica de trabalhos
científicos/acadêmicos (conforme NBR 14724: 2005) ......
3.1 As sete partes essenciais do trabalho acadêmico ......
3.2 Aspectos gráficos em geral ......
3.3 Desenvolvimento ou corpo dos trabalhos ......
3.3.1 Divisão do texto ......
3.3.2 Citações ......
3.3.3 Referências para citações ......
3.4 Conclusão dos textos ......
3.5 Introdução dos textos ......
3.6 Referências ......
3.7 Capa ......
3.8 Folha de rosto ......
3.9 Sumário ......
3.10 Outros elementos que podem constar em trabalhos científicos e acadêmicos.
CONCLUSÃO ......
REFERÊNCIAS ......
APÊNDICES ......
APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS ......

APÊNDICE B - O MÉTODO DO ESTUDO DE CASO E O TEXTO QUE RELATA A


EXPERIÊNCIA ......

APÊNDICE C - MODELO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA ......

APÊNDICE D – TAXIONOMIA DOS OBJETIVOS

APÊNDICE E – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ......

APÊNDICE F – NORMAS PARA A REFERÊNCIA DE DOCUMENTOS ......


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INTRODUÇÃO

O diferencial competitivo do ser humano é a capacidade de teorizar. Por


isso lhe é típica a habilidade de transformar necessidades em problemas, o
processo pelo qual o mundo real transforma-se em um mundo de conhecimentos
que possibilitam o contato com a realidade. Com efeito, produzir conhecimentos é
o esforço para organizar a realidade, aparentemente caótica, em “compartimentos
racionais” ao alcance das capacidades do cérebro humano.

Porém, as construções teóricas, uma espécie de segunda realidade, são


sempre passíveis de revisões e otimizações. As teorias criadas podem ser
insuficientes ou podem estar simplesmente equivocadas.

A pesquisa científica é o exercício intencional da capacidade teórica do


Homem. É, pois, uma atividade intelectual, mais do que uma atividade braçal.
Seja na academia, visando à correção ou ao aumento do conhecimento de um
aprendiz, seja “na ponta”, visando à correção ou ao aumento do conhecimento
para a Humanidade, a pesquisa científica caracteriza-se como percepção de um
problema real, seu desenvolvimento teórico (racional) e a finalização do processo,
em que se reconhecem os novos limites do problema, seja para o aprendiz, seja
para a Humanidade. Esse é o processo intelectual de geração intencional de
conhecimentos.

No Brasil atual continua presente o desafio de realizar transformações


profundas e significativas no sistema de produção. O processo acelerou-se e
universalizou-se nos anos noventa, sobretudo com a política de abertura
comercial instaurada pelo governo Collor. A política de estabilização econômica, a
partir de julho de 1994, acabou por re-alinhar o processo produtivo brasileiro a
um novo contexto mundial de desenvolvimento.
O impacto da globalização econômica fez-se sentir, incentivando o
desenvolvimento científico e tecnológico. A política industrial de concorrência e
competitividade que se instalou ajudou a desmontar os mecanismos de proteção
e incentivo, construídos em décadas anteriores. Na década de 90 a tônica da
gestão foi o relacionamento, nas suas diversas modalidades e possibilidades de
12

competição e cooperação. A relação entre os vários agentes sociais envolvidos na


produção (empregados, clientes, fornecedores, governos, comunidade em geral)
teve que passar por mudanças significativas para conviver com uma nova cultura
produtiva. Marcada pelo desenvolvimento de inovações gerenciais com ênfase na
busca da qualidade e da competitividade, na década de 90 incorporou-se à
produção brasileira a maioria dos conceitos que já estavam consolidados na
gestão de organizações de países mais avançados.
O resultado da assimilação deste conjunto de transformações é um setor
produtivo complexo, tanto em aspectos técnicos quanto em aspectos de gestão. O
modelo de produção torna-se menos vertical (se não horizontal, pelo menos
“diagonal”), a contribuição científica de cada trabalhador é importante na
resolução de problemas, presentes em todos os momentos das etapas de
produção. A produção “institucionalizada” tende a ceder lugar à produção
“individualizada” e à conseqüente demanda e valorização do conhecimento de
cada participante do processo produtivo.
Entra-se assim, também no Brasil, na “era do conhecimento” e pessoas
começam a fazer a diferença. A formação dos trabalhadores da era do
conhecimento também se amplia. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDBE) 9394/96 preconiza para os brasileiros uma formação profissionalizante
para além do treinamento de habilidades técnicas e operacionais.
Salvo melhor juízo, também para a cultura produtiva e educacional
brasileira já vale esta observação de Peter Drucker:
As pessoas nunca foram realmente importantes na equação econômica. Elas
são consideradas custos e não recursos. É o sistema que é importante – o one
best way de Frederick Taylor, linha de montagem de Ford, a qualidade total
de Deming. O sistema é rei porque tem permitido a trabalhadores sem talento
e sem preparo se saírem bem. Um operário de linha de montagem não pode
ser melhor do que a média. Tem que ser medíocre. Atrapalha a produção se
não se conformar ao padrão. A nova sociedade – da qual o Brasil tem que
querer participar como ator e não como figurante – é o oposto disso. Nela o
trabalhador vai ser valorizado por seu conhecimento individual. O
conhecimento é dele, não da empresa ou do sistema. A empresa precisará
mais dele do que ele dela. 1

1
MANO, Cristiane. A quarta onda: entrevista com Alvin Toffler. In: Exame. S. P.: Abril, 15 de maio de
2002. p. 89. (Edição especial de 35º aniversário).
13

De fato, numa sociedade cuja riqueza venha de bens intangíveis,


principalmente informação, criatividade e conhecimento, a produção física
aumenta, mas a quantidade de pessoas que a produz diminui. É, pois, errônea a
concepção de economia centrada em “coisas”. É falácia política propagar que
emprego de verdade são apenas aqueles oferecidos em fábricas. Há que se
descobrir, afinal, que trabalhar com mais inteligência é mais produtivo do que
apenas trabalhar mais.
Neste contexto, todo trabalhador (e especialmente aquele de nível superior)
é um produtor de conhecimento. A aquisição permanente de competências,
habilidades e atitudes é o desafio maior e a garantia de sustentabilidade e
excelência profissionais. Competências técnicas garantem a excelência de
produtos e serviços. Competências humanas garantem relacionamento eficaz com
pessoas. Competências culturais garantem a capacidade de monitorar o ambiente
onde pessoas, bens e serviços interagem.
A produção de conhecimento, que pode ser resumida na aquisição do
hábito de identificar, raciocinar e resolver problemas, torna-se uma conquista
cultural que deve ser realizada pela empresa. Neste particular, a escola pode e
deve contribuir. E é nisto que aposta o projeto PERSPECTIVAÇÃO proposto pelo
ISAE-FGV, de Curitiba, no Estado do Paraná.
O principal objetivo dos Seminários de Aquisição e Aplicação de
Conteúdos e dos Fóruns de Produção Científica, uma das ferramentas do
PERSPECTIVAÇÃO, é CONSTRUIR PROGRESSIVAMENTE COMPETÊNCIAS,
HABILIDADES E ATITUDES METODOLÓGICAS necessárias à PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DE SOLUÇÕES EMPRESARIAIS técnicas, humanas e culturais. Este
objetivo completa-se plenamente na produção e apresentação dos TRABALHOS
DE CONCLUSÃO DE CURSOS (TCC).
Desta forma, entre o início dos programas de MBA oferecidos pela
instituição e a apresentação final do TCC, os alunos são orientados por uma
equipe de professores a produzir e apresentar, oralmente e por escrito, estudos de
casos reais, identificados na experiência empresarial das equipes de trabalho.
Este contato orientado cria progressivamente para os alunos a necessária
familiaridade inicial com os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à
iniciação em pesquisa científica.
14

1º. SEMINÁRIO DE AQUISIÇÃO E APLICAÇÃO DE CONTEÚDOS:


A CONSTRUÇÃO PROGRESSIVA DE COMPETÊNCIAS METODOLÓGICAS E O
PLANEJAMENTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS

1 Educação e pesquisa: uma triste história e um susto recente

A história recente da produção brasileira permitiu que o sistema


educacional se descuidasse da geração e do desenvolvimento de competências
intelectuais, e se preocupasse apenas com habilitações, com diplomações.
Chegou-se a desenvolver a triste figura do “analfabeto funcional”, o diplomado
que desconhece sua arte. O sistema produtivo era protegido por lei contra as
“ameaças” e “agressões” da concorrência internacional. Foram quase 25 anos de
produção protegida, quando se aprendeu a produzir pouco, com qualidade
sofrível, e, principalmente, a vender caro. Economia transformou-se em finanças
e a produção estagnou, quantitativa e qualitativamente.

A escola transformou-se em agente dessa demanda duvidosa. O perfil


esperado de profissionais de nível superior compunha-se mais ou menos assim:
capacidade para assumir rotinas profissionais, capacidade de subordinação a um
organograma funcional, conhecimentos instrumentais bons o bastante para dar
conta dos dois primeiros. Viveu-se na empresa e na escola, em grande parte por
causa da empresa, a era da razão instrumental.

Repentinamente, fomos confrontados com a abertura comercial, com o


produto estrangeiro, com necessidades impostas pela economia globalizada.
Passado o susto inicial, hora de reação. Qualidade transformou-se em palavra de
ordem. Concorrência mostrou-se obrigatória. Os valores e competências
individuais passaram a ser solicitados, caçados, bem-pagos. Iniciou-se também
para nós a era do capital intelectual.

O perfil profissional atual pede iniciativa, capacidade de decisão,


possibilidade de fazer diferença. Em outros termos, não apenas capacidade de
assumir rotinas funcionais, mas também capacidade de contribuição intelectual
autônoma; não apenas capacidade de subordinação funcional, mas também
domínio cultural (geral e técnico), lógico (saber pensar e resolver) e psicológico
15

(profissional de nível superior tem de sentir que faz jus a esse nível). Não basta
mais o conhecimento instrumental. É urgente a geração da sabedoria científica,
ou seja, não basta ter dados, é necessário saber o que fazer com eles, gerar e gerir
o próprio capital intelectual.

Trata-se, pois, de aprender a aprender, de construir informação sempre


nova. Na fase pedagógica das profissões de nível superior, pede-se a construção
de ciência: um conteúdo básico, instrumental, cuja validade pode ser facilmente
superada pela velocidade da geração de novas informações, e um hábito: o hábito
de pensar por conta própria, de buscar conteúdos novos, de investigar, de
pesquisar. Talvez nunca antes na história ocidental tenham sido tão urgentes
pessoas que possam assimilar, criticar e aprimorar ciência, para que esta seja
efetivamente a base do exercício de profissões.

2 Efeitos nocivos da história: o hábito de “não ser capaz de”


Até muito recentemente, práticas da educação brasileira mantiveram a
sala de aula como o único espaço de ensino e aprendizagem. A sala de aula
privilegiava a transmissão de conteúdos, o “programa” das disciplinas do
currículo escolar. O resultado é que se perdeu a oportunidade de criação de
hábitos importantes, especialmente a busca por conteúdos que permitissem o
alargamento da reflexão. Perdeu-se também a oportunidade de exercício do
hábito de planejar, executar e apresentar trabalhos científicos/acadêmicos.
Enfim, a oportunidade de criar hábitos e conteúdos. É ainda comum uma criança
entrar para a escola, ou um adulto para um curso superior ou mesmo uma pós-
graduação como um ponto de interrogação e sair dali como uma frase pronta.
Porém, se o gestor for incapaz de pensar a gestão “com as próprias
pernas”, quem o fará? Se o médico não conseguir pensar Medicina, quem o fará?
Se o pedagogo não pensar Pedagogia, quem pensará? Se o engenheiro não for
preparado para pensar Engenharia, quem o fará?
A baixa demanda por novos conhecimentos que já caracterizou a produção
brasileira deixou sua marca também nos hábitos educacionais. A maioria dos
estudantes, profissionais e até mesmo professores é, ainda hoje, vítima de
preconceitos em relação à pesquisa científica. A dificuldade para o aprendizado
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da pesquisa científica parece ser de natureza “cultural”, mais do que de natureza


técnica.

Nota-se, com efeito, que:

a) “pesquisa” é quase sempre associada a ato físico, a atividade “braçal” de coleta


de dados (pesquisa de opinião, pesquisa de preço, etc)

b) geralmente não se percebe que a pesquisa científica produz, primeiramente,


conhecimentos para o pesquisador e, só então, um texto escrito para um leitor,
o que demanda duas competências distintas: a habilidade de produzir
conhecimentos e a habilidade de apresentar conhecimentos por escrito;

c) os trabalhos acadêmicos freqüentemente foram feitos como “colagens” de


textos alheios a partir de um tema, o que pode ter criado a impressão de que
pesquisa científica é a atividade de escrever textos pelo sistema “just in time”:
“estuda-se” um assunto apenas o necessário para escrever uma coisas ...

d) os trabalhos acadêmicos muitas vezes reduziram-se à apresentação de


resultados (gráficos, tabelas, pizzas) de uma coleta de dados;

e) o item mais enfatizado foi a apresentação gráfica, normalmente transformada


numa tortura de detalhes e exigências do tipo “tem que isso, tem que aquilo”, o
que fez das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a
vedete dos cursos de metodologia científica e deu a impressão de que “uma
forma complicada” substituiria conteúdos deficitários ...

Esse conjunto de maus hábitos constitui a principal barreira para o


aprendizado de metodologias eficazes de produção de conhecimento. Enfatizar
exclusiva ou excessivamente a produção de resultados escritos dificulta a
percepção de que conhecimentos não são produzidos em quadros-negros, folhas
de papel ou telas de computadores. Ali, eles apenas aparecem após e se tiverem
sido produzidos dentro de uma cabeça.

3 Para “virar a mesa” da educação e da produção


A pesquisa científica desenvolvida em nível acadêmico é uma forma
privilegiada de treinamento de autonomia intelectual. Possibilita o exercício do
planejamento, execução e apresentação gráfica, como método de reconhecimento,
desenvolvimento e fechamento de problemas científicos e profissionais. Responde,
17

desta forma, a duas aquisições importantes a serem feitas através do processo


formal de educação: a geração de conteúdos e a geração de hábitos intelectuais.
Atualmente, a escola, pressionada por mudanças recentes na sociedade
brasileira, especialmente no campo de trabalho, tenta recuperar o passo: volta-se
para a construção do conhecimento e incentiva o ensino apoiado em pesquisa.
Neste contexto, a sala de aula, ainda importante, torna-se apenas uma parte do
processo formal de educação. Aprender a pesquisar torna-se uma necessidade e
uma oportunidade para o desenvolvimento da autonomia intelectual.
Os cursos de pós-graduação lato sensu (especializações), especialmente
aqueles que adotam o perfil de MBA, parecem oferecer uma oportunidade
privilegiada para a consolidação desta nova demanda. O público destes cursos é
constituído, na sua maioria, por profissionais que atuam em empresas diversas.
A maioria, porém, formou-se nos padrões já descritos e agora retorna à escola
trazendo consigo as experiências escolares anteriores e a experiência profissional
atual. E não raro com a sensação de que a empresa trilha um caminho e a escola
trilha outro caminho, com conteúdos, hábitos e métodos estranhos um em
relação ao outro.E em grande parte eles têm razão.
Até recentemente a escola seguiu seu rumo de produção científica e a
empresa “virou-se” como pode com seus problemas estratégicos, técnicos e
operacionais. Por isso, a escola, embora tenha grande experiência em formas de
produção de idéias e soluções, mostra-se ainda carente e ausente dos conteúdos
da efetiva realidade empresarial. A empresa, por sua vez, pressionada pela
realidade proporcionalmente ainda nova a que foi submetida desde a abertura
comercial, anda a procura de sujeitos capazes de contribuir com formas de
produção de idéias e soluções novas.
Salvo melhor juízo, o profissional que cursa MBA é um ponto de
convergência destas duas realidades. Nele se entrecruzam as necessidades da
escola e as necessidades da empresa.

4 Na prática, um hábito é uma criação PROGRESSIVA


A partir desta realidade e, considerando a exigência legal de produção de
um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a finalização de cursos de
18

especialização 2, o ISAE-FGV entendeu que, a partir da adoção da forma modular


de cursos, era possível incrementar quantitativa e qualitativamente a produção
científica dos alunos/profissionais que freqüentam seus cursos.
Por isso, as atividades dos Seminários de Aquisição e Aplicação de
Conteúdos e Fóruns de Produção Científica tem o seguinte perfil:

1o. Seminário de Aquisição e Aplicação de Conteúdos e 1º. Fórum de


produção científica:
Acontece logo após o término da primeira disciplina do primeiro módulo
dos cursos e propõe a construção de MATRIZ DE AVALIAÇÃO por meio da
montagem de PORTFÓLIOS de desempenho acadêmico e enfatiza o
PLANEJAMENTO de pesquisas científicas e a produção de um texto científico no
formato de RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Tem como objetivos:
a) entender a proposta de construção progressiva;
b) reconhecer as várias disciplinas de um módulo de curso como “matrizes de
avaliação da realidade empresarial”, por meio da construção de portfólios de
desempenho intelectual;
c) diferenciar as formas de texto a serem produzidos, de modo especial o relato de
experiência.
d) demonstrar o planejamento do estudo de um problema;
e) conhecer formas de transformação do estudo de um caso (um procedimento de
coleta de dados) em um relato de experiência (um texto científico);
f) orientar a apresentação oral e escrita a ser formalizada no 1º. Fórum; e
g) identificar a forma gráfica do relato de experiência como expressão escrita de
pesquisa científica/acadêmica.
Entre o 1º. Seminário e o 1o. Fórum, cada equipe pode agendar até duas
orientações metodológicas com o professor responsável pela condução do 1º.
Fórum.
O 1o. Fórum acontece normalmente após o término da primeira disciplina
do segundo módulo do curso. Na ocasião, cada equipe apresenta oralmente o
conteúdo essencial de seu relato de experiência, conforme orientação recebida.

2 Resolução No. 01 da CNE/CES, de 03 de abril de 2001.


19

2o. Seminário de Aquisição e Aplicação de Conteúdos e 2o. Fórum de


Produção Científica
O 2o. seminário acontece após a prova da ultima disciplina do segundo
módulo estudado e enfatiza COLETA DE DADOS, REDAÇÃO DE TEXTOS E
APRESENTAÇÃO GRÁFICA DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ACADÊMICOS, conforme
normas da ABNT.
Tem como objetivos:
a) identificar “história”- problema a ser estudado e apresentado no 2o. Fórum;
b) planejar o estudo do problema-caso;
c) transformar o estudo do caso em um relato de experiência (texto);
d) reconhecer as formas de coleta de dados, a redação do texto científico e a
apresentação padronizada de textos científicos;
e) orientar a apresentação oral escrita a ser realizada no 2º. Fórum; e
f) identificar a forma gráfica e lógica dos relatos de experiência.
Entre o 2º. Seminário e o 2o. Fórum, cada equipe pode agendar até duas
orientações metodológicas com o professor responsável pela condução do 1º.
Fórum.
O 2o. Fórum acontece normalmente após o término da primeira disciplina
do terceiro módulo. Na ocasião, cada equipe apresenta oralmente o conteúdo
essencial do relato de experiência criado para a ocasião.

3o. Fórum de Produção Científica


O 3o. Fórum acontece após o término do terceiro módulo. Na ocasião, cada
equipe apresenta oralmente o conteúdo essencial do relato de experiência criado
para a ocasião.
Note que aqui não se tem mais seminários, pois presumem-se já
adquiridas as competências, habilidades e atitudes metodológicas fundamentais,
necessárias para o PLANEJAMENTO, a EXECUÇÃO e a APRESENTAÇÃO
GRÁFICA de pesquisas científicas/acadêmicas.
Porém, até a apresentação cada equipe pode agendar até duas orientações
metodológicas com o professor responsável pela condução do 3º. Fórum.
20

5 A construção da matriz de avaliação profissional por meio da utilização do


portfólio de desempenho acadêmico
Qualquer das disciplinas lecionadas visa ajudar o aluno a construir uma
“matriz de avaliação da realidade”, neste caso, a realidade empresarial onde está
inserido. O conteúdo efetivamente aprendido torna-se a “lente teórica” que lhe
permite interpretar as experiências práticas. Ou seja, após ter aprendido
“Planejamento estratégico”, por exemplo, o aluno deve ser capaz “enxergar” a
efetiva realidade de planejamento empresarial melhor do que enxergava antes.
A matriz de avaliação é formada por palavras-chave e por idéias
importantes.
Palavras-chave é um conjunto de termos que expressam os conceitos
fundamentais que se aprendeu sobre certo assunto. Geralmente somam entre
cinco e dez termos (simples ou compostos), que juntos e em certa seqüência,
formam o esqueleto, a sustentação esquemática de certo assunto. Assim,
disciplinas como “Aspectos comportamentais da gestão de pessoas”, ou
“Economia Aplicada”, ou “Planejamento Estratégico”, ou “Administração de
Marketing no mundo contemporâneo”, ou qualquer outra, são assuntos que se
sustentam em certos “conceitos chave”, representados por palavras-chave que
são passados e repetidos ao longo de aulas e de leituras. Para identificá-las deve-
se estar atento às “palavras/conceitos” que compõem títulos e subtítulos e
também naquelas que professores “escrevem” para poder explicar ...
Idéias importantes é um conjunto de frases (geralmente curtas) que
traduzem a essência do conteúdo que se aprendeu sobre certo assunto. Quem
consegue destacar este conjunto a partir de certo conteúdo, entendeu bem o tal
conteúdo. Para construí-las, transformam-se títulos e subtítulos em frases
integrais e, entre uns e outros, transforme em frases sintéticas explicações e
esclarecimentos indispensáveis.
A “lente teórica”, composta pelos dois conjuntos acima, aplicada sobre a
realidade empresarial/profissional que se conhece, funciona como “matriz de
avaliação profissional”, pois possibilita enxergar melhor a realidade
empresaria/profissional e aspectos característicos e importantes dela, ou seja, os
problemas científicos ali presentes. Observe que “problema” não é aqui sinônimo
de “coisa errada ou mal resolvida”, mas de DESAFIO INTELECTUAL.
21

A origem, a evolução, a solução (ou encaminhamento) de necessidades


profissionais/empresariais formam uma “história”, um caso empresarial (ou case,
como alguns gostam de chama-las). Em cada história, em cada caso, encontram-
se aspectos problemáticos nas suas diversas etapas. Entende-se que o trabalho
intelectual do especialista é identificar, raciocinar e encaminhar (solucionar) os
problemas típicos presentes nas situações profissionais/empresariais de forma
competente.
O estudo das “histórias” (casos) presentes na experiência concreta
utilizando-se da “lente teórica” (palavras-chave e idéias importantes das diversas
disciplinas/ciências que compõem os módulos dos cursos), é que possibilita ao
especialista perceber os problemas científicos ali presentes e, na seqüência,
estuda-los científicamente.
Problemas se apresentam como PERGUNTAS. Ao identificar palavras-
chave e idéias importantes de certo assunto, conseguiu-se entendê-lo bem. Criou-
se uma “matriz de avaliação” para examinar a própria experiência
empresarial/profissional. Ao “jogar” esta experiência, as observações da realidade
empresarial nesta matriz, que problemas (podem ser “coisas mal resolvidas” da
experiência, “coisas boas a serem melhoradas” na experiência) você percebe?
Transforme-os em PERGUNTAS significativas, exatas e curtas. Crie seu
questionário a respeito deste tema-história.
Em resumo, as palavras-chave, as idéias importantes que foram
apreendidas nos diversos conteúdos geram as perguntas relevantes sobre um
tema científico;empresarial. Este é o conteúdo de seu portfólio de desempenho
acadêmico, uma excelente ferramenta para a evolução de competências
habilidades e atitudes de produção científica e empresarial.

6 Apresentação escrita dos estudos de caso por meio do relato de


experiência
Como já visto, um dos defeitos metodológicos promovidos pela formação
escolar alheia à necessidade de pesquisa científica é a confusão entre pesquisa
científica e texto escrito. Por isso é necessário o esclarecimento e a familiarização
adequada com estes temas.
22

Entre as competências metodológicas importantes põe-se a necessidade de


entender e separar dois momentos distintos da produção científica: a produção
de conhecimentos (essencialmente um ato intelectual) e a apresentação escrita de
conhecimentos (um ato eminentemente gráfico, físico). Deve-se, pois, saber
separar o “estudo do caso” da apresentação escrita dos resultados obtidos neste
estudo.
Entende-se, portanto, como necessário o contato com estas noções e
práticas desde já.
A escolha do relato de experiência como forma de apresentação gráfica
deve-se ao fato de que, por natureza, este formato de texto presta-se melhor à
função de apresentar casos. De estrutura idêntica a estrutura dos relatórios
científicos, cede espaço privilegiado para a organização das informações
relevantes obtidas por meio do estudo de casos.
Para iniciar este contato e facilitar o trabalho futuro, sugere-se a leitura do
material relativo a este assunto, no APÊNDICE deste livro, notadamente:
1 APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS
2 APÊNDICE B - O MÉTODO DO ESTUDO DE CASO E O TEXTO QUE RELATA A
EXPERIÊNCIA
3 APÊNDICE C - MODELO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA

* * *

O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA E ACADÊMICA

A intenção final de qualquer pesquisa científica é responder


satisfatoriamente necessidades humanas concretas. É, porém, uma atividade
teórica, racional. Deve, portanto, desde o início assumir o formato de atividade
intelectual planejada.

O desafio do planejamento é, a partir de um tema, ou uma história/caso,


identificar um problema e prepará-lo para ser raciocinado com a ajuda de
informações cientificamente válidas. A necessidade de pesquisar, de investigar, só
toma forma, concretiza-se, diante do desafio representado por um problema, pois
temas e histórias;casos apenas indicam a presença de uma necessidade humana
ou empresarial. A atividade intelectual propriamente dita inicia-se pela percepção
23

e problematização da necessidade, presente no tema ou na história/caso. Daí


pode-se dizer que sem problemas não há pesquisa.
Em passos largos, um fluxograma da pesquisa científica, poderia ser
assim descrito: o planejamento transforma um tema em objetivos. Objetivos,
que são propostas de raciocínio, são então alimentados por dados, informações e
idéias, na coleta de dados. Os objetivos alimentados por dados tomam o formato
de um “texto pensado”, o conjunto de idéias produzido pelo pesquisador. Tem-
se aqui a produção do conhecimento propriamente dita. Na fase de redação, o
texto pensado é então escrito, enriquecido com detalhes anotados durante a
coleta de dados. O texto é agora formatado e digitado/datilografado na etapa
de apresentação gráfica, conforme regras de apresentação gráfica da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
É claro que problemas de pesquisa não surgem do vazio. Surgirão a partir
da observação das necessidades humanas, confrontadas com a experiência
teórica já desenvolvida e apreendida pelo pesquisador. A percepção de
problemas é dependente da “lente teórica” com que se observa a realidade.
Quando já se tem um portfólio de desempenho acadêmico (montado ao
longo de um curso, um módulo de curso ou uma disciplina específica), tem-se já
a matéria prima inicial: uma matriz de avaliação (palavras-chave e idéias
importantes), que já permitiu a percepção de histórias/casos e de problemas
(perguntas) presentes na prática profissional.
Trata-se então agora de planejar o estudo destas situações problema, que
se sugere seja feito pelos seguintes passos:

1 problematização;
2 seleção/delimitação do problema;

3 formulação da hipótese;

4 formulação do objetivo geral;


5 formulação dos objetivos específicos; e
6 escolha dos procedimentos de coleta de dados.

1 Problematização
24

A expressão gráfica de um problema é a pergunta. Por isso, o


“questionário” é utilizado como instrumento de problematização. Com base na
curiosidade pessoal ou na necessidade intelectual, despertadas pelos dados que
se tem na matriz de avaliação, criam-se perguntas a respeito do assunto. O
número e a qualidade das questões variam em função da extensão e
profundidade do domínio do pesquisador a respeito do assunto.
As questões devem ser significativas, isto é, devem expressar os problemas
que se respaldam nos conteúdos científicos aprendidos, e que foram percebidos
na realidade concreta a ser estudada. Além de significativas, as questões
levantadas devem ser exatas. Ou seja, a pergunta expressa exatamente o
problema que interessaria investigar. Devem ainda ser questões curtas, que
prescindam de detalhamentos e complementações longas. O questionário assim
construído reflete a visão atual possível do pesquisador (conforme sua matriz de
avaliação) a respeito da realidade empresarial/profissional em questão.

2 Seleção/ delimitação do problema de pesquisa


Não é exagero dizer que, assim como em geometria se diz que “de um ponto
podem-se derivar infinitas retas”, também em pesquisa, a partir de um tema ou
história/caso, podem-se derivar infinitos problemas ...
Na prática, seleção/delimitação de um problema de pesquisa consiste em
escolher, entre as várias questões (problemas) anteriormente levantados, aquele
que merecerá estudo e investigação neste momento. De qualquer maneira,
mesmo que todos os problemas oferecidos por um tema fossem considerados
importantes, seriam tratados um por vez, ou, pelo menos, por um ponto de vista
por vez. Ao escolher um deles, mesmo que provisoriamente, abandonam-se os
outros. É uma imposição de método.

O pesquisador deve então formular uma resposta possível a esta pergunta


escolhida. A resposta não deve ultrapassar uma frase, já que sua função não é
expor integralmente um assunto, mas apenas indicar a convicção científica atual
do pesquisador.

3 Geração da hipótese
25

A hipótese pode ser caracterizada como a solução possível e “provisória”


para um problema. Com base em conhecimentos previamente adquiridos e tidos
por ele como seguros, o pesquisador prevê verdades possíveis a respeito de um
tema qualquer. É, desta forma, uma tentativa a priori de explicação. Seu
enunciado é uma frase afirmativa, que expressa a opinião inicial do pesquisador,
aliás, único ponto de partida possível para a construção de mais conhecimentos.
É função da hipótese ser a gênese do processo posterior de investigação,
ou seja, o trabalho de pesquisar consiste em procurar evidências que verifiquem a
validade (sustentem ou refutem) do conteúdo anunciado na hipótese. Além disso,
é a hipótese, na forma seguinte de objetivo geral, que imporá diretriz e
finalidade a todo o processo posterior de investigação e busca, pois o
pesquisador não deve buscar informações ao sabor do acaso, mas com definição
de onde quer chegar. Afinal, só encontra algo aquele que sabe o que está
procurando ...
Na prática, gera-se a hipótese juntando o conteúdo da pergunta
delimitada com o conteúdo da resposta, em uma frase afirmativa única. Esta
afirmação poderá ter um conteúdo positivo, negativo ou duvidoso, dependendo do
conteúdo de conhecimento do pesquisador, ao responder a pergunta. Será,
porém, sempre, uma afirmação.
Além disso, as hipóteses devem ser razoáveis, isto é, não podem implicar
em contradição aberta. Devem também ser verificáveis, isto é, podem-se
desenvolver testes e verificações empíricas (evidências empíricas), intelectuais
(evidências lógicas) a respeito delas, ou mesmo sustentá-las com base na palavra
das autoridades científicas (evidências “de fé”).
Observe-se que o caminho traçado é o roteiro temático do pesquisador.
Os problemas levantados sobre o tema, bem como as respostas a elas, poderiam
ter outra extensão e outra profundidade. Isto é, poderiam ser completamente
diferentes. Para essa pesquisa, porém, a partir deste ponto, vai interessar apenas
a hipótese levantada. O trabalho de investigação terá como norte a verificação da
validade da afirmação hipotética.

4 Objetivo geral
26

O objetivo geral de um projeto de pesquisa científica é sua “espinha


dorsal”. Deve expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir
com sua investigação. Não é o que ele “vai fazer braçalmente” (isto se prevê nos
procedimentos de coleta), mas o que pretende conseguir como resultado
intelectual final de sua investigação, isto é, o que “hoje não tenho ainda
competência para fazer, mas que pretendo ter”. São os objetivos de uma pesquisa
que delimitam e dirigem os raciocínios a serem desenvolvidos. Fornecem, até
mesmo, o “calibre” dos dados que serão necessários para o desenvolvimento dos
argumentos.
Objetivos são sempre compostos de duas partes: uma ação a ser aplicada
sobre um conteúdo. Por isso, o enunciado de objetivos inicia-se por um verbo no
infinitivo (terminados sempre em _ar, _er, _ir e _or). No caso da pesquisa
científica, que se caracteriza como ação intelectual, os verbos que abrem os
objetivos devem ser verbos que indiquem atividade intelectual, mensurável,
isto é, cujo “produto final” possa ser verificado. O conteúdo do objetivo geral é a
hipótese, a “verdade” do pesquisador sobre o problema naquele momento.
Sabe-se que o cérebro humano é capaz de estágios ou estados cognitivos
diversos, com graus também diversos de complexidade dos raciocínios. São eles:
conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. O grau
de complexidade (e não necessariamente de dificuldade) da atividade intelectual
aumenta do anterior para o posterior. Com efeito, a atividade de avaliação
pressupõe sínteses, que pressupõem análises, que pressupõem compreensões
(havendo ou não entre elas a atividade de aplicação), que pressupõem
conhecimentos, isto é, a posse inicial de dados. Por outro ângulo, o
conhecimento, a posse individual de dados, é base para a compreensão (o
“encaixe” de um novo dado no esquema cerebral já existente). Só quem
compreendeu algo pode aplicá-lo bem na vida prática. Aplicada ou não, a
informação compreendida é analisada (o julgamento do cérebro a respeito de sua
nova condição, agora com o dado recentemente compreendido). Daí surge uma
nova síntese: o cérebro decide o que fica como resultado, se mantém a nova
informação compreendida, ou se a descarta. Com as sínteses cerebrais finais é
que se avalia, se julga, se vive.
27

Cada um destes estágios cognitivos possibilitam atividades ou ações


intelectuais, que podem ser expressas por verbos específicos: 3

O estágio de conhecimento se expressa em verbos como apontar, citar,


classificar,conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar.
O estágio de compreensão em verbos como compreender, concluir,
deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar,
reafirmar.
O estágio de aplicação em verbos como aplicar, desenvolver, empregar,
estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar.
O estágio de análise em verbos como analisar, comparar, criticar, debater,
diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar.
O estágio de síntese em verbos como compor, construir, documentar,
especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar.
O estágio de avaliação em verbos como argumentar, avaliar, contrastar,
decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar.
Assim, sabe-se que alguém tem o domínio cognitivo de compreensão, por
exemplo, sobre certo conteúdo (uma hipótese), se ele for capaz de realizar
qualquer uma das ações (verbos) que indiquem este nível de raciocínio.
Na prática, montar o objetivo geral consiste em antepor à hipótese um
verbo que expresse a ação intelectual que quer desenvolver, à escolha do
pesquisador. É uma escolha subjetiva, em que se procura o verbo que melhor
expresse aquilo que de fato se quer como resultado intelectual, e que,
evidentemente, possa ser realizado. Tenha-se o cuidado de inserir após o verbo a
partícula que ajuste adequadamente o verbo (ação) á hipótese (conteúdo),
tornando o enunciado correto.

5 Objetivos específicos
O objetivo geral, por escolha do pesquisador, torna-se então o seu
problema intelectual a ser resolvido. Como se sabe, os problemas intelectuais
podem (e devem) ser divididos em tantas partes quantas possíveis ou necessárias
para bem resolvê-los. Por esta razão, o problema expresso como objetivo geral
será subdividido em tantos objetivos específicos quantos necessários para o

3 Cf. no APÊNDICE D – Taxionomia dos objetivos, os principais verbos em língua portuguesa que
indicam ação intelectual.
28

estudo e solução satisfatória dos elementos contido no objetivo geral. São as


competências “menores” a serem desenvolvidas, para que, juntas, componham a
competência maior (o objetivo geral). É claro que será de grande utilidade a
matriz intelectual já desenvolvida, pois é o que ajudará o pesquisador a
vislumbrar os aspectos componentes do problema a ser resolvido.
Na prática, sugere-se a montagem de objetivos específicos em quatro
momentos:
a) levantam-se os aspectos componentes importantes do problema: examina-
se o problema (o objetivo geral), procurando nele divisões possíveis, ou seja, os
aspectos que o pesquisador considera como componentes relevantes do objetivo
geral. Por exemplo, para um objetivo geral como “analisar se o limão é eficaz no
combate aos resfriados”, o conhecimento anterior contido na minha matriz indica
aspectos componentes importantes, tais como: - o vírus do resfriado; -
componentes químicos do limão; reações do vírus do resfriado aos componentes
químicos do limão; etc.
b) transforma-se cada um dos aspectos escolhidos em um objetivo: antepõe-
se a cada enunciado um verbo que indique ação intelectual. A escolha é feita
com base na natureza do assunto, na extensão e profundidade com que o
pesquisador julga querer/precisar tratá-lo. Por exemplo, pode-se decidir que os
aspectos levantados transformem-se nos seguintes objetivos específicos: -
analisar o vírus do resfriado; - identificar os componentes químicos do limão; -
analisar as reações do vírus do resfriado aos componentes químicos do limão.
c) verifica-se a suficiência dos objetivos específicos propostos: o conjunto
dos objetivos específicos deve ser suficiente para que o objetivo geral seja
preenchido. O pesquisador deve verificar se os componentes (objetivos específicos)
propostos, quando desenvolvidos, cumprem a tarefa intelectual indicada pelo
objetivo geral. O conjunto dos objetivos específicos não devem, por outro lado,
extrapolar a atividade proposta pelo objetivo geral.
d) escolhe-se a melhor seqüência lógica: considerando que os objetivos
específicos indicam as partes de um futuro texto, deve-se ter o cuidado de já tê-
los na melhor seqüência lógica. Isto é, estabelecer desde já quais assuntos devem
preceder outros, tanto para o desenvolvimento da investigação, quanto para a
futura leitura do texto. Por exemplo, parece que a melhor seqüência no exemplo
29

proposto é: 1. Identificar os componentes químicos do limão; 2. analisar o vírus


do resfriado; 3. analisar as reações do vírus aos componentes químicos do limão.
O trabalho de investigação passará a ser feito em torno dos objetivos
específicos propostos, que na verdade, são propostas de raciocínio, isto é,
problemas intelectuais específicos a serem resolvidos. Busca-se realizar
diretamente cada um dos objetivos específicos, para que, indiretamente, resolva-
se a proposta do objetivo geral.

6 Procedimentos de coleta de dados


Denominam-se procedimentos de coleta de dados (ou metodologia) as
atividades práticas necessárias para a aquisição dos dados com os quais se
desenvolverão os raciocínios que resultarão em cada parte do trabalho final. 4 Ou
seja, planeja-se aqui, de forma concreta, a coleta de dados, que se iniciará ao
final do projeto. A pergunta que norteia a montagem de procedimentos é: “Que
atividades concretas/físicas devo desenvolver para obter dados/informações
necessárias para o desenvolvimento de cada objetivo específico?”
Cada procedimento (ou grupo de procedimentos) é planejado em função de
cada um dos objetivos específicos estruturados. Isto é, pensa-se a coleta de dados
para cada problema levantado na forma de objetivo específico.
Na prática, a identificação dos procedimentos é feita identificando-se as
atividades de coleta que serão desenvolvidas (pesquisa bibliográfica, documental,
experimento, levantamento, estudo de caso), tendo o cuidado de manter a
identificação alfa-numérica com o objetivo específico a que se vinculam.
Com exceção do procedimento bibliográfico, sempre desenvolvido segundo
o mesmo padrão, todos os outros procedimentos devem ser seguidos de uma
breve descrição da técnica a ser utilizada (5 a 10 linhas). Embora os
procedimentos tenham um padrão comum que os caracteriza, cada coleta de
dados terá exigências próprias, que deverão ser especificadas.
A descrição dos procedimentos pode também ser enriquecida por detalhes
práticos. Aliás, em projetos de relatórios, costuma-se solicitar detalhamento
cuidadoso de todos os procedimentos a serem desenvolvidos em

4 O APÊNDICE E – Principais procedimentos de coleta de dados, neste livro, oferece um


panorama do assunto. Para mais detalhes a respeito destes procedimentos e de suas técnicas
possíveis, sugere-se a consulta a GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 1993, especialmente capítulos 5 a 12.
30

campo/laboratório. Detalha-se o universo, a amostra, o tipo de tratamento que


as informações receberão; descrevem-se os instrumentos de coleta, a margem de
acuidade prevista, etc.

* * *
31

2º. SEMINÁRIO DE AQUISIÇÃO E APLICAÇÃO DE CONTEÚDOS E 2º. FORUM DE


PRODUÇÃO CIENTÍFICA:
A EXECUÇÃO E A APRESENTAÇÃO GRÁFICA DA PRODUÇÃO
CIENTÍFICA

Pode-se comparar a produção científica com a construção de um edifício.


Deste edifício, acabou-se de produzir a planta, o projeto de construção. Ali estão
detalhados os rumos da construção, os passos práticos e até mesmo o formato
final. Com os materiais planejados já disponíveis, inicia-se agora a construção
concreta do edifício, que envolve uma coleta de dados e a produção de um texto
escrito e devidamente formatado conforme normas da ABNT.
Vale lembrar que a pesquisa científica é prioritariamente atividade
intelectual, cujo resultado mais importante é a produção de conhecimentos.
Portanto, a coleta de dados, embora envolva atividade braçal, é um momento de
construção de conhecimentos. É necessário que o problema a ser raciocinado (os
objetivos) estejam “dentro da cabeça”, para onde deve ir também os dados e
informações que serão conseguidos. Só assim surgirão as idéias, os texto
pensado, o conhecimento do pesquisador. Este conhecimento efetivo poderá
constituir um texto escrito.

1 A coleta de dados
Coletar dados é juntar as informações necessárias ao desenvolvimento dos
raciocínios previstos nos objetivos. É realizar o estudo do problema científico
levantado. No caso de uma monografia, a referência para a coleta são os objetivos
específicos. No caso de um relatório, as referências de coleta são o objetivo geral,
e as variáveis que se desejem testar para a(s) hipótese(s) nele contida. De resto,
como se fará a coleta de dados, que recursos serão utilizados, já foi planejado no
item de planejamento “procedimentos de coleta”. Na prática, a coleta de dados
consistirá em pôr em andamento os procedimentos planejados para os objetivos
específicos, obedecendo ao cronograma estabelecido pelo pesquisador, lembrando
sempre que o principal resultado esperado de uma coleta de dados é a produção
de conhecimentos para o pesquisador.
32

1.1 Coleta de dados por meio de pesquisas de campo e de laboratório


Os procedimentos para a pesquisa de campo e pesquisa de laboratório são
tipicamente empíricos. Os dados são coletados através da montagem e/ou
observação de situações físicas, materiais. Por isso, exigem uma carga extra de
trabalho, que é a montagem/escolha da situação (re)produtora dos
fatos/fenômenos/processos que interessam ao pesquisador. Exigem, além disso,
a montagem/escolha dos instrumentos de captação e aferição dos
dados/informações que serão obtidos.
É possível, por um lado, o delineamento de padrões comuns aos
procedimentos tipicamente utilizados em campo ou em laboratório. Ou seja, um
experimento ou um levantamento, procedimentos característicos de pesquisas
empíricas, serão desenvolvidos seguindo um caminho típico, possível de ser
reconhecido, e que sempre caracterizará aquele procedimento. Por outro lado,
cada experimento ou levantamento serão efetuados em função de objetivos
próprios, originais de cada pesquisador. Isto significa que cada procedimento
terá detalhes empíricos diferenciados, em função da inevitável diferença causada
pela originalidade de cada objetivo criado pelo pesquisador.
Em razão disto, o pesquisador deve, é claro, apreender itens básicos,
componentes do padrão de cada procedimento. Deve, porém, detalhar
procedimentos segundo exigências próprias de seus objetivos.
De modo geral, a coleta de dados realizada em campo ou em laboratório,
terá como padrão comum:
a) objetivos e variáveis delimitados e claros;
b) escolha/montagem dos instrumentos de coleta;
c) pré-teste e aferição dos instrumentos de coleta;
d) seleção/escolha do fato gerador (universo, sujeitos, amostra etc.);
e) desenvolvimento das atividades;
f) tratamento quantitativo e/ou qualitativo dos dados, na forma de resultados;
g) análise dos resultados, em função dos objetivos; e
h) montagem do relatório, como sugerido.
Quanto às formas padrão de montagem dos vários procedimentos, sugere-
se consulta à bibliografia especializada em técnicas de coleta dados.
33

1.2 Coleta de dados por meio de pesquisas bibliográficas


Entende-se que a pesquisa bibliográfica merece tratamento destacado.
Primeiro, porque estará presente em qualquer processo de pesquisa. Com efeito, a
respeito de quase tudo que se deseje pesquisar, algo já foi pesquisado de forma
mais básica, ou idêntica ou correlata. Há, portanto, outras percepções e posições
que podem servir, seja para embasamento, seja para comparações ou mesmo
para o conhecimento daquilo que se pretendia pesquisar sozinho. Segundo,
porque a pesquisa bibliográfica é mais simples e confortável, já que dispensa todo
o trabalho de montagem/escolha/testagem/relato de dados. Os dados já estão
prontos, organizados, publicados.
Percebe-se, porém, em certos meios acadêmicos, uma tendência a tratar o
dado bibliográfico como secundário, como informação de segunda categoria. É
um equívoco.
É verdade que a pesquisa bibliográfica não costuma oferecer dados
inéditos, como a pesquisa de campo ou de laboratório. Ressalte-se, porém, que
em nada
compromete a possibilidade de originalidade dos raciocínios que, a partir deles,
possam ser desenvolvidos. A bem da verdade, dados já publicados podem,
mesmo, possibilitar raciocínios inéditos, já que o conceito de “inédito” não se
restringe a “realidade nova.” Pode também significar “pensamento novo” a
respeito de “realidade velha”.
A pesquisa bibliográfica tem como instrumento essencial a habilidade de
leitura. Isto é, a capacidade de extrair informações a partir de textos escritos.
Entretanto, não é segredo que a leitura é um dos hábitos acadêmicos pouco
desenvolvidos em nosso meio. Geralmente, lê-se pouco. Motivo: não há gosto pela
leitura, provavelmente porque não se sabe ler. Por isso, oferecemos um roteiro
facilitador da leitura e entendimento de textos científicos/técnicos.

1.2.1 Textos técnicos/científicos


Para aprender a ler este tipo de material, é necessário, primeiro, que se
entenda o que é que se denomina um texto técnico/científico.
Denomina-se realidade o conjunto de todos os fatos (do latim factum:
aquilo que está feito, posto, pronto). A árvore é um fato, o céu é um fato, uma cor
34

é um fato. Fatos são de acesso público, isto é, qualquer um que tenha os


sentidos físicos em bom funcionamento, tem livre acesso aos fatos que compõem
a realidade.
Sempre que um ser humano capta um fato, sua condição racional mais
desenvolvida transforma tal fato em um dado. O fato passa a “habitar”
intelectualmente esse indivíduo. O conjunto dos dados que alguém possui é o seu
conhecimento. Se, por uma lado, a realidade e seus fatos são de acesso público,
o conhecimento e seus dados são de âmbito privado: os dados que alguém possui
são apenas dele.
Este caráter privativo do conhecimento aponta para um entrave. Com
efeito, se todos construíssem o conhecimento apenas pelo contato com a
realidade, o desenvolvimento humano estaria seriamente comprometido. Cada
indivíduo teria que iniciar pessoalmente, sozinho, a história da ciência, ou
melhor, a história de sua ciência, contatando realidades sempre inéditas e
transformando-as nos dados de seu conhecimento. Teria, além disso, que
construir sua ciência limitado sempre à realidade circunvizinha, o que
inevitavelmente restringiria muito suas possibilidades de progresso.
Daí a importância fundamental do signo, algo físico e presente, que pode
representar fisicamente uma realidade ausente, seja uma realidade não próxima,
seja um conhecimento (abstrato) a respeito dessa realidade. Um conjunto
organizado de signos chama-se linguagem.
Podem-se distinguir três grandes grupos de signos: ícones, índices e sinais
convencionais. São ícones os signos que, para representar, guardam semelhanças
físicas com a realidade. São índices aqueles signos que, para representar,
apresentam uma qualidade marcante da realidade representada. Os sinais
convencionais, como indica o próprio nome, são combinados, “convencionados”, e
não guardam necessariamente semelhanças físicas ou qualitativas com a
realidade que representam.
Entre os sinais convencionais, destacam-se as línguas modernas. Orais
ou escritas, as línguas se compõem de sinais sonoros (língua falada) ou escritos
(língua escrita), cuja representatividade é convencionada, formando-se assim os
vários códigos de comunicação, as diversas línguas. O mesmo fato, por exemplo,
35

o mesmo “bicho que muge, pasta e dá leite” será chamado de “vaca” ou “cow”, de
maneira puramente convencional, em língua portuguesa ou em língua inglesa.
Estabelecido, pois, o que é um fato, um dado e um signo, entende-se o
que é e como interagem a realidade, o conhecimento e a linguagem.
Na realidade existem fatos que são comuns. Isto é, objetos e fenômenos
que se apresentam com grande freqüência ao cotidiano das pessoas. Cabelo,
chuva, árvore, homem, mulher, são fatos corriqueiros, estão presentes quase todo
o tempo para quase todas as pessoas. O contato racional com esses fatos comuns
gerará dados que são também comuns. Ou seja, fatos corriqueiros, cotidianos,
serão apreendidos como dados corriqueiros. Não é por acaso que os fatos
comuns se tornaram familiares. De fato, convivem externa e internamente
conosco quase o tempo todo...
Quando representados por signos, fatos e dados comuns se mostrarão por
signos comuns. E, se tal representação se fizer através de uma língua, seja oral,
seja escrita, os sons ou sinais gráficos serão comuns, corriqueiros. A
decodificação destes signos, isto é, a transformação dos sinais novamente em
dados/fatos, o entendimento da língua, será quase automático. Afinal, o
ouvinte/leitor está familiarizado com o conjunto fatos/dados/signos ali utilizado.
Por outro lado, existem fatos que são incomuns. Existem coisas e
fenômenos que não se apresentam corriqueiramente ao cotidiano da maioria das
pessoas. Sinapses neuronais, movimentos diastólicos, fissão atômica,
fenômenos/noúmenos, não são fatos corriqueiros, não estão quase todo o tempo
presentes para quase todas as pessoas. O contato racional com estes fatos
incomuns, gerarão dados também incomuns, dados que não são corriqueiros,
por isso mesmo, pouco familiares, pois pouco se convive com eles. Também os
signos que eventualmente representem tais dados, serão incomuns. No caso de
utilização de uma língua, oral ou escrita, as palavras representantes de tais
fatos/dados serão incomuns. É claro que a decodificação desta linguagem torna-
se mais difícil, uma vez que o conjunto fatos/dados/signos é pouco familiar.
O conjunto dos dados comuns formam o conhecimento em nível vulgar, o
chamado senso comum. O senso comum é formado pelo conjunto familiar dos
dados, por aquilo que todo mundo conhece. Na verdade, é o conjunto maior dos
dados individuais. Esses dados são adquiridos nos contatos informais, empíricos,
36

com a realidade. Aprende-se senso comum pela observação dos resultados


surgidos da interação homem-realidade, pela atividade prática da vida. Por isso,
para ser apreendido , senso comum não requer qualquer sistematização ou
metodologia.
O conjunto dos dados incomuns formam o conhecimento técnico/
científico, que se caracteriza justamente por não ser familiar, por não ser
conhecido por todos.5 Isto faz com que a construção do conhecimento científico
seja mais exigente. Primeiro, os dados devem estar sistematizados, isto é,
organizados segundo critérios culturais e lógicos, que facilitem sua captação e
entendimento. Segundo, o aprendizado do conhecimento científico é metódico,
isto é, exige caminhos apropriados de captação, indicados pela própria forma de
sistematização. Construir/aprender ciência é mais trabalhoso do que aprender
senso comum ...
O conjunto de materiais escritos que lida com senso comum, pode ser
genericamente chamado de literatura geral. É literatura geral o jornal, o
romance, a novela, a revista de atualidades, etc.. Literatura científica ou técnica
é o conjunto de materiais escritos que lida com o conhecimento
técnico/científico. É literatura técnica o texto de anatomia, o artigo de
arquitetura, o livro de filosofia.
Por transmitirem conhecimentos de naturezas diferentes, textos técnicos
são diferentes de textos de literatura geral. Para a leitura e entendimento destes
textos, algumas diferenças são importantes:
a) textos de literatura geral são escritos/lidos visando proporcionar lazer e
informação geral. Textos técnicos são escritos /lidos com o objetivo de
ensinar/aprender.
b) textos de literatura geral lidam com conhecimentos assistemáticos e
ametódicos. Textos técnicos lidam com conhecimentos sistematizados e
metódicos. Por isso, a divisão e distribuição das informações são distintas.
c) textos de literatura geral, por serem compostos com base em fatos
corriqueiros, contém palavras/idéias/raciocínios também familiares. Textos

5Embora o conhecimento técnico/científico tenha vocação inata para tornar-se senso comum, uma
vez que a ciência desenvolve-se como auxiliar da vida e a teoria como tentativa de melhorar a
prática.
37

técnicos, que se compõem de dados não cotidianos, tendem a conter


palavras/idéias/raciocínios menos familiares.
Ou seja, a divisão lógica, o vocabulário e as idéias desenvolvidas em um
texto de literatura geral são normalmente de fácil apreensão. Não é o caso da
literatura técnico/científica.

1.2.2 Leitura dos textos técnicos/científicos


A leitura do texto técnico é diferente da leitura do texto de literatura geral.
Primeiramente, nos textos técnicos, nunca se deve dispensar informações gerais
a respeito daquilo que se vai ler. Examine-se sempre parte pré-textual do material
(capa, folha de rosto) e pós-textual (orelhas, contra-capa), para uma noção a
respeito da autoria e data da publicação das informações. Aquilo que está
escrito, afinal, não vale por si só. Há que se ver, ao menos, por quem e quando.
O próximo passo é tomar conhecimento da divisão lógica do texto,
resultante da sistematização dos dados. A divisão lógica é normalmente pré-
organizada, e aparece na divisão gráfica do texto. Isto é, as partes do assunto
tratado são indicadas graficamente por títulos e sub-títulos. Se o material já
possui um sumário (que é o esquema lógico do texto), este é o primeiro item a ser
estudado.6 Se, porém, o material não apresentar sumário pronto (um artigo, um
capítulo isolado de livro, etc.), o leitor deve fazê-lo. Folheia-se o texto,
reconhecendo as diversas partes indicadas pelos títulos e sub-títulos,
criando/complementando, ao mesmo tempo, a identificação alfa-numérica dos
títulos.7 Cria-se, então, o sumário, utilizando-se das porções alfa-numeradas do
texto.
O que se pretende descobrir neste exame é a estrutura lógica do texto, isto
é, as partes que compõem o texto; quais são as divisões que se complementam;
quais são as divisões seqüentes. Normalmente, e não necessariamente, os textos
contém indicações alfa-numéricas que indicam a seqüência (quais divisões
continuam divisões anteriores) e a pertença (quais divisões menores detalham
uma divisão maior, ou seja “pertencem” a conjuntos maiores de idéias) dos

6Ressalte-se a necessidade de se prestar atenção a títulos de trabalhos científicos. Nestes


materiais, títulos devem obrigatoriamente indicar o conteúdo do segmento abaixo deles.

7 Utilizam-se números (arábicos e/ou romanos) e letras do alfabeto (minúsculas/maiúsculas) para


indicação de seqüência/pertença, justamente por serem seqüências universalmente conhecidas.
38

segmentos de texto. Um texto pode ter divisões primárias, secundárias,


terciárias, quaternárias e quinárias.Primária á a primeira divisão de um texto
(um capítulo ou parte); secundárias são divisões de uma divisão primária;
terciárias são divisões de divisões secundárias, e assim por diante. Divisões
primárias são seqüentes entre si; divisões secundárias pertencem a uma
divisão primária (é detalhamento da divisão primária) e são seqüentes entre si, e
assim por diante.
Na ausência de alfa-numeração, atente-se para os tipos gráficos dos títulos
e sub-títulos. Títulos “irmãos”(seqüência) tem o mesmo tipo gráfico. Cuide-se
também da utilização das seqüências de números/letras em sistema único. Por
exemplo, se o subtítulo X for marcado como I., o sub-título seqüente Y deverá ser
II.. Nunca B, b, 2, etc.. A troca dos elementos de alfa-numeração é indicativo de
pertença. Por exemplo, se o título anterior é marcado por “I.” e o próximo por
“1.”, indica que o título “1.” pertence a “I.”
Veja este exemplo com a identificação numérica de seqüência e pertença:
Capítulo 4
FASES DA PESQUISA CIENTÍFICA.
4.1 Planejamento de pesquisas científicas.
4.1.1 Escolha do tema.
4.1.2 Revisão de literatura.
4.1.3 Problematização.
(...)
4.1.10 Projeto de pesquisa científica: o planejamento escrito.
4.1.10.1 Área de pesquisa
4.1.10.2 Tema geral
(...)
4.2 Execução de pesquisas científicas.
4.2.1 Coleta de dados.
etc.

Veja agora este exemplo, sem a identificação numérica, mas com tipos
gráficos idênticos indicando seqüência/pertença:
Capítulo 4
39

FASES DA PESQUISA CIENTÍFICA.


Planejamento de pesquisas científicas.
Escolha do tema.
Revisão de literatura.
Problematização.
(...)
Projeto de pesquisa científica: o planejamento escrito.
Área de pesquisa
Tema geral
(...)
Execução de pesquisas científicas.
Coleta de dados.
etc.

O estudo atento dos sumários produzem dois efeitos benéficos. Primeiro, a


sensação de familiaridade com o assunto, mesmo sem tê-lo, de fato, lido.
Segundo, a facilitação da escolha da unidade de leitura 8 que interessa
trabalhar, já que todos os segmentos estarão diante do leitor, designados por um
título indicativo de seu conteúdo.
Escolhida uma unidade de leitura, a próxima etapa é a análise textual,
cujo objetivo é a superação de barreiras lingüístico-culturais que o texto possa
apresentar. Como se sabe, os fatos/dados são representados por signos. No texto
técnico escrito há fatos não corriqueiros, representados por palavras cujas
significações nem sempre são familiares.
Esta é a função da análise textual: a descoberta e aprendizado dos termos
que denominam os fatos da ciência com que se está lidando, aliás condição
essencial para a construção/entendimento de raciocínios/idéias. Quando
necessária, é uma atividade essencial.
Na prática, é a primeira leitura que se faz da unidade escolhida. É uma
leitura rápida, onde o único objetivo é anotar todos os elementos
desconhecidos que o texto apresentar. Não se deve grifar ou destacar nada,

8 Noção importantíssima. Em tese, cada segmento do texto é uma “unidade autônoma de

pensamento”, podendo ser lida/entendida isoladamente. A menor unidade de leitura de um texto é


o parágrafo.
40

ainda. Sugere-se a anotação no próprio texto (se tal for permitido, é claro), no
início ou no final da linha onde se encontre o elemento desconhecido. Ao final
desta coleta, é fundamental esclarecer todos os elementos desconhecidos,
utilizando-se de dicionários, enciclopédias, professores, colegas ou qualquer
outro meio disponível.
A análise textual pretende ser uma etapa provisória da leitura. Considere-
se que os termos que designam os fatos particulares contemplados por certa
ciência é de número bastante limitado. Isto é, constituem um percentual bastante
reduzido do conjunto das palavras de uso corrente em uma língua. Se
gradualmente resolvidos, a leitura de textos relativos a certa ciência apresentará
um volume cada vez menor de barreiras lingüístico-culturais. Além disso,
aumenta consideravelmente o domínio do leitor em relação a esta ciência, já que
notoriamente a primeira dificuldade de conhecimento de uma ciência é o domínio
de sua terminologia específica ...
Quando não houver barreiras lingüístico-culturais no texto, faz-se a
análise temática. Agora o objetivo é entender as idéias apresentadas pelo
autor, expressas nas frases que compõem o texto. Pode-se dizer que cada frase9
encerra uma idéia completa.
As idéias que compõem um texto agrupam-se em parágrafos. 10 O
parágrafo é a menor porção autônoma de um texto e, portanto, a menor unidade
de leitura. Nos parágrafos de um texto encontram-se dois tipos de idéias: idéia
principal e idéia(s) secundária(s). Ler e entender um texto consiste, a princípio,
em entender o conjunto de suas idéias principais.
Idéias principais são encontradas uma em cada parágrafo. São as “idéias
importantes” que o autor resolveu transmitir 11. As idéias principais compõem o
conteúdo importante do assunto anunciado pelo título, segundo a visão daquele
autor. Foram previamente escolhidas e seqüenciadas por ele, em função de um
objetivo (expresso pelos títulos/subtítulos), de modo que o conjunto de

9 “grupo de palavras ou de orações ligadas gramaticalmente e formando um sentido completo.’( o


grifo é nosso). (cf. “Frase”. In: Dicionário Caldas Aulete. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, 1978.

10 “pequena parte ou secção de um discurso, capítulo, etc, formando sentido completo e


independente.” (o grifo é nosso). (cf. ibid.)

11 Observe-se que não há uma idéia que seja principal ou secundária por si mesma. É escolha de

quem escreve.
41

parágrafos, derivados destas idéias, formem uma seqüência lógica, uma unidade.
O entendimento de um texto resolve-se, portanto, no estudo de cada um de
seus parágrafos.
Reconhecer a idéia principal de um parágrafo é tarefa relativamente fácil.
No parágrafo, a idéia principal é expressa pela frase em função da qual
estão escritas as outras frases que o compõem. Ou seja, as idéias secundárias
são escritas “ao redor” de uma idéia principal. A função das idéias secundárias é
melhorar/facilitar o entendimento da idéia principal. Elas explicam,
exemplificam, esclarecem, detalham etc. a idéia principal. Pense-se num sistema
planetário, com um sol no centro e planetas “em função” do sol ... Sugere-se,
além disso, na procura pela idéia principal, especial atenção à primeira frase dos
parágrafos: quase sempre já expressa a idéia principal. Se não estiver ali,
observe-se a última frase do parágrafo. Em outros termos, preste-se especial
atenção às extremidades dos parágrafos.
De início, é a idéia principal de cada parágrafo, a frase inteira, que se deve
destacar, grifar. Com certa prática, é possível destacar também informações-
chave de idéias secundárias. A informação-chave é o conjunto sintático de maior
peso em uma frase, isto é, a informação mais importante de certa frase. Por
exemplo, ao dizer “Pedro foi a Curitiba de carro ontem”, nota-se que o conjunto de
sete palavras (morfologia) transmitem cinco informações (sintaxe): Pedro/ foi/ a
Curitiba/ de carro/ ontem. O mesmo conjunto de palavras pode ter como
informação-chave qualquer dos cinco conjuntos sintáticos. No texto falado,
alterações na velocidade e/ou intensidade da voz indicarão para o ouvinte a
informação chave. No texto escrito, depende-se do contexto. Ou seja, idéias
secundárias recebem contexto da idéia principal. Idéias principais, por seu
turno, recebem contexto dos títulos identificadores do conteúdo dos parágrafos.
Em resumo, a leitura do texto técnico se faz considerando a seqüência
lógica do texto (divisão); resolvendo os elementos desconhecidos, as barreiras
lingüístico-culturais (análise textual); entendendo as idéias principais do autor
(análise temática).

1.3 Anotação de dados coletados


42

Anotar é recolher por escrito os elementos de interesse resultantes do


desenvolvimento de um dos procedimentos.
No caso do procedimento bibliográfico, anotar pode ser apenas recolher as
idéias importantes do autor. O resumo é uma boa forma de anotação para
armazenagem. Resumir é redigir, como texto único, as idéias principais de um
autor, guardando a seqüência original das idéias. Redigir apenas as informações-
chave das idéias principais e das idéias secundárias, dando-lhe formato gráfico
hierarquizado, é montar um esquema.
Além destes formatos simples, resumos e esquemas podem ser
interpretativos ou críticos. Interpretativos são os esquemas e resumos que
recebem a adição de elementos complementares, correlatos ao texto, já
conhecidos do leitor. Críticos são os resumos e esquemas que, além da adição de
outros elementos, recebem avaliações do leitor. Isto é, o leitor tece comentários a
respeito da clareza, propriedade e validade das idéias apresentadas pelo autor,
confrontando o autor com idéias próprias.
A anotação com finalidade de redação posterior de um texto próprio,
como é o caso da anotação que se faz em pesquisas, deve ser feita em função dos
objetivos específicos da investigação.
No caso da coleta bibliográfica, a preocupação não é mais entender o texto
(idéias principais). Supõe-se o texto já entendido. Anotam-se dados, informações,
idéias principais/secundárias, enfim detalhes importantes que, de qualquer
forma, poderão ajudar o desenvolvimento (e posterior redação) dos raciocínios
previstos nos objetivos específicos. A presença clara do objetivo específico para o
qual se está anotando informações é o que dirige e limita a coleta, mantendo-a
apenas em torno de informações necessárias. Embora muitos elementos de um
texto possam ser interessantes, registra-se apenas o necessário, segundo o
objetivo.
Para anotar com vistas à posterior redação, sugerem-se alguns cuidados
básicos:
a) ter sempre o objetivo específico em questão escrito no alto da folha de
anotações.
b) identificar a fonte de forma a facilitar o retorno a ela, se necessário;
c) identificar a(s) página(s) de onde se extraiu o texto;
43

d) anotar como resumo, esquema, paráfrase ou cópia; e


e) marcar com aspas os trechos copiados, para futura referência, caso sejam
utilizados como citações diretas na redação do futuro texto.
Em coletas de campo e laboratório, ao final das quais normalmente se
produzem relatórios, deve-se ter o cuidado em anotar também os detalhes do
processo de coleta, para posterior descrição da metodologia de trabalho utilizada.
Ao final da atividade de coleta de dados, esperam-se dois resultados: um
“texto pensado” e um conjunto de “detalhes anotados”.
O “texto pensado” é um resultado natural do processo de coleta de dados
realizado em torno de um certo objetivo. Objetivos são propostas de raciocínio,
que automaticamente mantém o cérebro alerta para dados e informações que
sejam significativos. Ao longo da coleta, esses dados tomam formato de idéias,
grupos de idéias gerais na linha proposta pelo objetivo, tornando-o cada vez mais
“denso”. Isto é, uma coisa é o conteúdo do objetivo antes de coleta de dados.
Coisa diferente é a extensão e profundidade do objetivo após uma coleta de
dados. É esse conjunto de idéias que chamamos “texto pensado”.
O pesquisador além disso, anotou um conjunto diversificado de detalhes.
São dados isolados, informações, frases, parágrafos inteiros, transcreveu fatos
significativos, palpites momentâneos, observações e idéias que lhe pareceram
significativas, considerando o objetivo específico com o qual trabalha no
momento. Ou seja, ele tem uma conjunto de “detalhes anotados” que podem
complementar e enriquecer seu “texto pensado”.
É com estes dois conjuntos originais que dará forma definida aos
raciocínios previstos pelos objetivos. Ou seja, o conteúdo escrito do seu texto será
“texto pensado”enriquecido pelos “detalhes anotados”. 12

2 A redação de textos científicos/acadêmicos


2.1 Os “ingredientes” do texto escrito
Ao final da atividade de coleta de dados, esperam-se dois resultados: um
“texto pensado” e um conjunto de “detalhes anotados”.

12 Aos interessados em aprender mais a respeito de como fazer anotações, sugere-se o estudo

apresentado por Gérard HOFFBECK e Jacques WALTER, Como tomar notas rapidamente e bem,
com tradução de Oswaldo Louzada Filho, publicado pela Editora Nobel, S. Paulo.
44

O “texto pensado” é um resultado natural do processo de coleta de dados,


realizado em torno de um objetivo. Objetivos são propostas de raciocínio, que
automaticamente mantém o cérebro alerta para dados e informações que sejam
significativos. Ao longo da coleta, esses dados tomam formato de idéias, grupos
de idéias gerais na linha proposta pelo objetivo, tornando-o cada vez mais
“denso”. Isto é, uma coisa é o conteúdo do objetivo antes de coleta de dados.
Coisa diferente é a extensão e profundidade do objetivo após uma coleta de
dados. É esse conjunto de idéias resultantes de uma coleta de dados que se
chama “texto pensado”.
Além disso, o pesquisador anotou um conjunto diversificado de detalhes.
São dados isolados, informações, frases, parágrafos inteiros, transcreveu fatos
significativos, palpites momentâneos, observações e idéias que lhe pareceram
significativas, considerando o objetivo específico com o qual trabalha no
momento. Ou seja, ele tem uma conjunto de “detalhes anotados” que podem
complementar e enriquecer seu “texto pensado”.
É com estes dois conjuntos originais que dará forma definida aos
raciocínios previstos pelos objetivos. Ou seja, o conteúdo escrito do seu texto
será o “texto pensado” enriquecido pelos “detalhes anotados”.
Desta forma, a redação é o momento da “montagem de um texto escrito”, a
partir das informações obtidas e organizadas segundo os objetivos do projeto.
Redigir consiste essencialmente em escrever um “texto pensado”, já produzido ao
redor de um objetivo, enriquecendo-o com “detalhes anotados”. É neste momento
que os objetivos do pesquisador serão transformados em capítulos ou partes
para um leitor ...
Considerada por muitos uma etapa extremamente difícil, vale lembrar que,
para escrever textos técnicos, segue-se basicamente o mesmo raciocínio utilizado
para sua leitura. Se quem lê procura idéias, quem escreve deve apresentá-las. Por
isso, para a “montagem escrita” do texto científico, sugerem-se alguns cuidados
facilitadores.

2.2 Seleção e organização da informação


A coleta de dados realizada em torno de um objetivo específico, a partir do
desenvolvimento de qualquer dos procedimentos de coleta válidos, normalmente
45

resulta, como já dito, em uma “massa” de dados composta por dois elementos: o
“texto pensado” e um conjunto de “detalhes significativos anotados”. O que se
tem ao final da coleta é um conjunto de informações/idéias anotadas/pensadas,
que apresentam/descrevem informações/idéias, julgadas pertinentes ao
desenvolvimento do raciocínio previsto no objetivo.
A primeira providência é realizar uma seleção das idéias significativas e
seus detalhes pertinentes. São idéias importantes, candidatas naturais a idéia
principal. Com efeito, no decorrer dos procedimentos de coleta, muitos elementos
são anotados. Deve-se agora estudar estas informações, considerando sempre o
objetivo para o qual foram coletadas. Este estudo visa separar as
idéias/informações julgadas realmente necessárias para a composição do texto
previsto pelo objetivo, separando aquelas idéias/informações semelhantes,
repetidas ou, numa segunda olhada, irrelevantes.
Com o conjunto texto pensado/dados anotados efetivamente “limpo”, deve-
se agora organizar seu aproveitamento. Primeiramente verifica-se se o texto
pensado contém “blocos de assunto”, isto é, se há possibilidade de agrupamentos
maiores de idéias, que possam caber abaixo de um subtítulo comum (lembre-se:
títulos/ subtítulos sempre devem indicar o conteúdo abaixo deles).
O próximo passo é a hierarquização de idéias. Se o texto pensado permite
o estabelecimento de blocos, a hierarquização das idéias é feita em cada um
dos blocos, utilizando-se do título do bloco para nortear a melhor seqüência. Seja
para blocos, seja para o objetivo principal, as idéias a serem escolhidas serão
aquelas que o pesquisador classifique como as mais importantes, entre todas
as que tem pensadas/anotadas. Sugere-se que tenham a seqüência em que
devem aparecer identificada por números ou letras, no todo ou nos blocos
menores.
Resumindo, a redação inicia-se pela seleção das idéias/ informações;
segue-se a organização de blocos de idéias; faz-se a hierarquização das idéias.
Agora as informações, escolhidas e seqüenciadas, estão prontas para serem
redigidas.

2.3 Redação inicial do texto


46

As idéias consideradas importantes, já escolhidas e organizadas serão, no


mínimo, idéias principais de parágrafos. Como já se encontram escolhidas e
hierarquizadas pelo pesquisador, agora é escrevê-las, considerando-as núcleos de
parágrafos.
Inicie-se, então, a redação do primeiro parágrafo do capítulo (ou
divisão/bloco do capítulo). Não se deve perder de vista que um parágrafo compõe-
se de uma idéia principal (quase sempre já e a primeira frase), cujo sentido pode
ser esclarecido/melhorado por idéias secundárias. Escreve-se a primeira idéia
importante, procurando dar à frase a melhor expressão, segundo o objetivo que
se tem. Em seguida, completa-se o parágrafo com todas as idéias secundárias
que se julguem necessárias e suficientes para a tornar a idéia principal clara,
patente. Idéias secundárias explicam, exemplificam, esclarecem, detalham a idéia
principal. Passa-se então à segunda idéia importante, compõe-se o segundo
parágrafo. E assim sucessivamente com todas as idéias importantes
previamente escolhidas e hierarquizadas.
Importante lembrar que todos os dados, classificados na seleção prévia
como menos importantes, podem eventualmente vir a ser utilizados na
composição de idéias secundárias...

2.4 Utilização de citações e notas explicativas no texto


Citação é a transcrição de idéias alheias, reconhecidas e identificadas
(referenciadas) como tal, para dar suporte a um texto próprio. 13

Textos técnico/científicos devem lançar mão de citações referenciadas, por


dois bons motivos. O primeiro é que os textos científicos/acadêmicos citam
regularmente autores de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas idéias
foram publicamente expostas, submetidas ao juízo e reconhecimento da
comunidade de leitores e da comunidade científica. Se as idéias permaneceram
seu autor merece menção, como conhecedor do assunto exposto, como
“autoridade científica”. Segundo, ao citar e referenciar certo autor, faz-se, a um só
tempo, um ato de justiça intelectual (atribui-se a idéia a seu “dono”), e um ato de
honestidade científico/acadêmica ( o autor que cita e referencia reconhece que a
idéia não é sua).

13 Cf. mais detalhes sobre formatos de citações e como referenciá-las em Apresentação gráfica de

textos acadêmicos/ científicos, infra.


47

Citações são quase sempre utilizadas como idéias secundárias nos


parágrafos. Ou seja, idéias de outros autores são utilizadas como reforço,
esclarecimento, explicação, para idéias próprias. Por isso, citações raramente
encabeçam parágrafos como idéias principais. “Citações funcionarão como
suporte à construção dos argumentos no corpo do trabalho”. 14

Não há regras que determinem qual é a quantidade adequada de citações


a serem utilizadas em um texto original. Devem-se evitar extremos. Um texto
construído apenas com idéias pessoais de um autor corre o risco de ser
meramente opinativo, um ensaio científico, cuja validade se respaldaria apenas
no notório saber do autor. Careceria de apoio explícito e identificado de outras
autoridades. Por outro lado, o excesso de citações, com pouca ou nenhuma
contribuição pessoal, causa a impressão de colcha de retalhos. É, aliás,
apropriada a indicação de NUNES, ao dizer que

é preciso usá-las com bom senso. Também se deve misturá-las com argumentos
próprios. Não é de boa técnica fazer várias citações seguidas sem uma amarração
pessoal intermediária. Nem é adequado apresentar um trabalho com uma
quantidade muito grande de citações e uma pequena contribuição pessoal. A
exceção fica (...) para os textos analíticos/críticos de obras específicas ou de
produção científica de determinado autor. Neste caso são admitidas em maior
número. As poucas citações ou a ausência delas não é característica dos trabalhos
científicos. Nestes, espera-se que a pesquisa bibliográfica feita apareça no trabalho.
Admite-se [entretanto], texto com poucas ou nenhuma citação em trabalhos
técnicos, cuja função é orientar a ação do leitor ou textos didáticos que buscam
transmitir conhecimentos diretos com simplicidade, e que demonstrem a
experiência e/ou conhecimento pessoal do autor.15

Evite-se, por fim, apresentar como citação aquilo que é científica ou


academicamente “óbvio”. O óbvio aqui mencionado podem ser verdades
consagradas, patentes, que todos no meio acadêmico ou científico conhecem. Ou,
ao menos, deveriam conhecer. Ao mencionar, por exemplo, a máxima cartesiana
“Cogito, ergo sum.” (Penso, logo existo), em um texto de filosofia, presume-se que
o leitor/filósofo saiba do que/de quem se trata. Não há porque citar e referenciar
Renè Descartes como “dono da idéia”. Ou, para afirmar que “ excesso de chuvas
em época de colheita de trigo compromete a qualidade dos grãos”, não se precisa
da autoridade de um agrônomo que tenha escrito e publicado a frase, para apoiá-
la. É algo óbvio.

14 NUNES, L. A. R. Manual da monografia jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação,

uma tese. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 89.


15 Idem. Omitimos duas notas explicativas relativas ao trecho, constantes do texto original.
48

Além de citações referenciadas, cabem no texto científico/acadêmico as


notas explicativas. São ampliações, complementações, explicações, consideradas
importantes porque ajudam a clarear o do texto para o leitor. Porém, se
constassem no corpo do texto, prejudicariam a leitura e o entendimento do texto,
quebrariam a seqüência dos argumentos constantes no texto principal, porque
distrairiam a atenção do leitor. Por esta razão são feitas geralmente no rodapé,
como opção de leitura complementar.
Devem ser utilizadas mais ou menos com o mesmo critério indicado para
as citações. Além disso, evitem-se notas explicativas muito longas. A função das
notas é “limpar” o texto, isto é, retirar do texto conteúdos interessantes, mas
secundários. Se passam a concorrer em extensão com o texto principal,
provavelmente não são tão secundárias. Talvez merecessem, no planejamento do
texto, um lugar como um subtítulo, ou, eventualmente, como apêndice do texto
principal.

2.5 Correção do texto e a redação definitiva


O texto que resulta da atividade anterior deve ser considerado provisório.
Na verdade, o que se fez foi organizar dados de forma original, sem muita
preocupação com o leitor. O texto escrito deve ser corrigido, para que receba uma
redação que efetivamente garanta a expressão das idéias do autor e que possam
ser captadas pelo leitor com relativa facilidade.
A primeira correção é a correção vertical. Isto é, examina-se o texto
produzido para verificar se a seqüência lógica originalmente dada às idéias
principais é, de fato, a melhor possível. Pois, embora o conjunto das idéias
importantes tivesse sido previamente hierarquizado, pode acontecer que, após a
montagem dos parágrafos, isto é, após aquelas idéias terem sido compostas com
idéias secundárias, a seqüência melhor seja outra. Altere-se, então, a seqüência
original de parágrafos.
O mesmo cuidado deve-se manter no interior de cada parágrafo. Pode-se
mudar à vontade a posição das idéias secundárias. Sugere-se, entretanto, que a
idéia principal seja mantida nas extremidades dos parágrafos, iniciando (quase
sempre) ou finalizando parágrafos (eventualmente).
49

A segunda correção é a correção horizontal do texto, que considerará os


aspectos morfológicos e sintáticos da redação.
A correção morfológica visa a adequação dos termos utilizados aos dados
que se quer comunicar. Ou seja, deve-se verificar se o que se quis transmitir está
realmente expresso com as palavras mais adequadas. Importante ressaltar que,
diferentemente do texto falado, o autor do texto escrito não está disponível diante
do leitor para eventuais esclarecimentos. Logo, a comunicação deve ser clara,
permitindo entendimento ao primeiro contato. Por exemplo, “junta” e
“articulação” são termos que podem designar o mesmo fato. Para o texto “X”, qual
é o melhor?
A correção sintática visa a correta articulação das informações, dos
elementos sintáticos das frases. Cuida, também, da correta articulação
gramatical entre as várias frases que eventualmente componham um parágrafo.
Atente-se, a princípio , para o acerto de elementos sintáticos como concordância
verbal, concordância nominal, utilização correta de pronomes, utilização
adequada de tempos verbais entre frases do mesmo período, uso de voz passiva e
ativa dos verbos, extensão das frases (frases curtas são melhores), etc.
É comum, especialmente no meio acadêmico, “pagar” alguém para “corrigir
o português.” É notório que a maioria de nós tem dificuldades quanto à utilização
correta da língua portuguesa, o que freqüentemente nos obriga a solicitar ajuda.
Sugere-se, entretanto, que esta situação seja encarada como um desafio. Corrigir
o próprio texto (mesmo que, posteriormente, se necessário, seja solicitada ajuda
especializada) é uma oportunidade para descobrir, e eventualmente superar, esta
deficiência. Na pior das hipóteses, o trabalho de correção horizontal deveria ser
feito em conjunto, para que o autor tenha oportunidade de melhorar o que
conhece ...
Por último, mas não menos importante, a correção ortográfica do texto
(grafia e acentuação de palavras, pontuação) é, já, presumida.

3 Apresentação gráfica: normas para a apresentação gráfica de trabalhos


científicos/acadêmicos (conforme NBR 14724: 2005)

Para o desenvolvimento da pesquisa/investigação científica, sugerem-se


três processos distintos, embora interligados: o planejamento, que preenche as
necessidades intelectuais de delimitação do tema, geração de hipótese(s), criação
50

de objetivos (os raciocínios a serem desenvolvidos)e também permite a montagem


do projeto para que um terceiro entenda o plano de trabalho. A partir do
planejamento, inicia-se o processo de execução da atividade intelectual. A
primeira atividade é a coleta de dados, que oferece a oportunidade de juntar as
informações necessárias ao desenvolvimento dos raciocínios previstos nos
objetivos, o que deve gerar o “texto pensado”. As idéias resultantes passam pela
segunda atividade da execução, a redação. Idéias são selecionadas, ordenadas e
redigidas, produzindo um texto técnico escrito.
O próximo passo é oferecer os resultados escritos a um leitor. É disto que
trata a apresentação gráfica de trabalhos científicos. A apresentação gráfica
consiste na organização e digitação/datilografia do texto, nos padrões acadêmicos
e científicos requeridos, conforme especificações normativas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

3.1 As sete partes essenciais do trabalho acadêmico


Capa
Folha de rosto
Sumário
Introdução
(desenvolvimento)
Conclusão
Referências

3.2 Aspectos gráficos em geral


- Formato do papel : A4 (210mm X 297mm), só de um lado(cada folha uma
página).
- Tipos gráficos/fontes: Arial, Times New Roman (ou similares), tamanho 12. (10
a 14 são aceitáveis).
- Espacejamento: espaço 1,5. (para nota de grau acadêmico na folha de rosto,
notas de rodapé, resumos, referências (entre as linhas da mesma referência), usar
espaço simples (1). )
51

- Margem superior: 3cm; margem esquerda: 3cm; margem inferior: 2,0 cm;
margem direita: 2cm. (a partir das bordas da folha).
- Paginação: em algarismos arábicos, no canto superior direito da página.( as
páginas são contadas a partir da folha de rosto (inclusive), mas só começam a ser
numeradas a partir da primeira página da Introdução).
- Encadernação: basta um grampo em diagonal, no canto superior esquerdo,
para manter as folhas juntas e em seqüência. Ou a encadernação com espiral e
capa transparente (elementos de capa devem estar aparentes).

3.3 Desenvolvimento ou corpo dos trabalhos


3.3.1 Divisões do texto
- parágrafo deve ser adentrado, isto é, a primeira linha deve estar recuada da
margem esquerda aproximadamente 1,5cm. O espaçamento entre parágrafos é o
mesmo que se utiliza entre as demais linhas do texto (espaço duplo).
- títulos e subtítulos dos elementos textuais devem estar numerados com
indicativos de seqüência e pertença de idéias.
Por exemplo:
4 As fases da pesquisa científica.
4.1 O pré-projeto.
4.1.1 Escolha de tema

- títulos de materiais pré-textuais e pós-textuais são centralizados e sem


numeração.
- no título dos capítulos (ou divisões primárias) utilizam-se maiúsculas. No
título dos itens começa-se apenas com a primeira letra em maiúscula e as demais
em minúsculas. (exceto, é claro, das palavras que devem iniciar em maiúsculas).
- e houver uma segunda e terceira subdivisão, os títulos poderão ter tipos e
tamanhos diferentes. Mantenha-se, porém, uniformidade na escolha. Se a
escolha foi de utilizar itálico-negrito em divisões de dois algarismos (1.2),
mantenha-se o mesmo para 1.3, bem como para 2.3; para 3.2, etc, dos outros
capítulos.
- posição dos títulos e subtítulos: títulos de capítulos ou das partes de um
relatório sempre se iniciam em nova folha. São posicionados na margem esquerda
(3cm da borda esquerda da folha), iniciando-se pela identificação numérica,
quando couber.
- títulos de partes de capítulo (subtítulos): seguem a mesma margem esquerda
(3 cm da borda da folha). Entre os títulos e o texto que os antecede ou sucede,
deixam-se dois espaços duplos.
52

- alíneas são explicações/divisões enumerativas para um dos períodos de um


parágrafo. Por isso, o texto anterior ao início da alínea finaliza em dois pontos.
Inicia-se a alínea no recuo de parágrafo, com letras minúsculas (exceto nomes
próprios), ordenadas por letras minúsculas e o sinal de fechamento de parênteses
( a) ). As outras linhas iniciam-se sob a primeira letra da primeira linha e
encerram-se com ponto e vírgula, exceto a última, que recebe ponto. O
espacejamento é o normal do texto.
- incisos ou subalíneas são eventuais explicações/divisões dentro de alíneas.
Seguem o mesmo padrão gráfico das alíneas ( o texto anterior termina em dois
pontos, os incisos terminam com ponto e vírgula, exceto o último, iniciam com
letra minúscula), exceto que são iniciados por hífen, grafado sob a primeira letra
do texto da alínea correspondente.

3.3.2 Citações
Citação é a inclusão no texto de informações extraídas de outras fontes.
Podem ser citações curtas (até 3 linhas) ou longas (acima de 3 linhas), diretas
ou indiretas.
Citações curtas entram no alinhamento normal do texto, como parte de
um parágrafo, entre aspas.
Exemplo de citação curta:
... a Filosofia, compõe-se do conjunto organizado de sugestões a
respeito de como “ enxergar uma palmo diante do próprio nariz, o que não é tão
fácil nem tão inútil como muitos pensam”.
Citações longas devem ser destacadas do parágrafo (3 espaços simples
dos parágrafos anterior e posterior), adentradas (mais ou menos 2,5cm da
margem esquerda), sem recuo de parágrafo (mesmo que no original o seja),
digitada em espaço simples e, se possível, com tipo menor. Se o texto já
apresentar aspas, ao ser citado, elas transformam-se em aspas simples.
Exemplo de citação longa:
... Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando
melhorar as condições práticas de existência. PINTO explica que

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a verificação de


verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao contrário, guia-se pela soma de
toda a experiência anterior do indivíduo e da humanidade, esta última absorvida na
forma de herança cultural. A pesquisa científica não constitui uma atividade
acidental de procedimento humano, mas uma forma de ação que lhe é natural,
porque realiza uma exigência de sua essência, a de se aperfeiçoar, a de progredir no
desenvolvimento de sua humanização, jungindo as forças cegas da natureza aos
seus desígnios conscientes.
53

Citação direta é a transcrição literal de um texto ou parte do texto de um


autor, que conserva grafia, pontuação e língua originais.
Citação indireta é um texto redigido pelo autor do trabalho, mas que
mantém fielmente a(s) idéia(s) original(is) de outro(s) autor(es). A citação indireta
pode ser uma condensação ou uma paráfrase.

- condensação é uma síntese ou resumo de um texto maior, sem alterar a idéia


original do autor, para ser utilizada em um trabalho. É escrita sem aspas, com o
mesmo espaçamento e tipo de letra utilizadas no texto onde está sendo utilizada.
- paráfrase é a recomposição de um texto, onde se expressa a idéia de outrem,
porém com palavras próprias. Deve manter aproximadamente as mesmas
dimensões físicas do original. É escrita sem aspas, com o mesmo espaçamento e
tipo de letra utilizadas no texto onde está sendo inserida.
Em citações diretas podem ocorrer omissões, interpolações, incorreções e
incoerências, dúvidas, ou pode-se ainda querer dar ênfase ou destaque a algum
trecho, bem como fazer citações em rodapé. Omissões são cortes de trechos do
texto citado, desde que não comprometam o sentido original. Se são feitas no
início da citação, coloca-se reticências antes do texto. Se ao final, fecha-se o texto
com reticências. Se no meio do texto, reticências entre parênteses. Interpolações
são acréscimos feitos a uma citação, na forma de explicações ou comentários
pessoais, para esclarecê-la ou apontar posições especiais do autor. Aparecem na
citação entre colchetes ( [ x ] ). Se qualquer palavra ou frase da citação suscitar
dúvida, insere-se um ponto de interrogação entre colchetes ( [ ? ] )logo após
o elemento que parece duvidoso. Se algum elemento do texto citado causa
espanto, perplexidade, admiração, ou apenas se queira dar-lhe ênfase ou
destaque, insere-se ali um ponto de exclamação entre colchetes ( [ ! ] ). Se quiser
destacar palavras de uma citação, deve-se colocá-las em negrito, seguida de uma
das expressões [sem grifo no original], ou [grifo nosso], ou ainda, [grifo meu].
Incorreções (erros gráficos) ou incoerências (erros lógicos) podem ser detectados
nos textos alheios. Não se deve corrigi-los na citação. Após o elemento incorreto
ou incoerente insere-se a expressão latina sic ( “assim mesmo”), entre colchetes ( [
sic ] ). Citações que devam aparecer em rodapé, seguem o padrão de citações
curtas dos textos, isto é, são colocadas entre aspas, como parte do texto,
independente de sua extensão

3.3.3 Referências para citações


As citações curtas ou longas, diretas ou indiretas devem ser referenciadas,
isto é, devem constar no texto a fonte de onde foi extraída. Há dois sistemas para
referenciar bibliográfica: o sistema autor-data e o sistema numérico (com as
referências anotadas no rodapé ou como notas de referência em página
54

separada). Apenas um deles deve ser utilizado no mesmo documento. O sistema


autor data é normalmente preferido.

3.3.3.1 Referências para citações no SISTEMA AUTOR/DATA

Após o trecho citado, nos formatos já mencionados, escreve-se: o nome do


autor em maiúsculas (normalmente, só o sobrenome, exceto nos casos de
homonímia (nomes iguais)), o ano da publicação, e a(s) página(s) referenciada(s).
O ano é separado do autor por vírgula. A(s) página(s) é(são) separada(s) do ano
por vírgula e precedida(s) por [ p. ].
Por exemplo: “A educação autêntica, repitamos, não se faz de ‘A’ para ‘B’
ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas de ‘A’ com ‘B’, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE,
1970, p. 98).
A referência completa para a obra citada deverá constar nas Referências,
ao final da obra. Ao utilizar o sistema autor/data, as notas explicativas
continuarão a aparecer normalmente no rodapé, como no sistema numérico.
Se o autor já foi mencionado no texto, a data e as páginas entram entre
parênteses após o nome. Por exemplo: Segundo Paulo FREIRE (1970, p. 98), “a
educação autêntica, repitamos, não se faz de ‘A’ para ‘B’ ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas
de ‘A’ com ‘B’, mediatizados pelo mundo”
Se houver mais de uma obra do mesmo autor, no mesmo ano, citadas
no mesmo trabalho, elas serão identificadas, tanto na citação quanto e na
referência, por letras após o ano.
Por exemplo:
No texto: (SANTOS, 1997a, p. 25) (SANTOS, 1997b, p.89).
Nas Referências finais:
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Repensando a filosofia: prólogo do comentário
de Guilherme de Ockham às Sentenças, Questão 1a.. Porto Alegre: EDIPUCRS,
1997a. (Coleção Filosofia, 59)

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Ética: caminhos da realização humana. São


Paulo: Editora Ave Maria, 1997b.

ALGUMAS PARTICULARIDADES DO SISTEMA AUTOR/DATA


55

a) autor entidade é apresentado:


- pelo nome da entidade escrita em maiúsculas, por extenso. Por exemplo:
(PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ. Conselho Superior de
Ensino e Pesquisa, 1993, p. 10).
- pela sigla, em maiúsculas, se é conhecida. Por exemplo: (PUCPR. Conselho
Superior de Ensino e Pesquisa, 1993, p. 10).
- pela jurisdição, em maiúsculas, caso se trate de órgãos do poder público. Por
exemplo: (BRASIL. Ministério da Agricultura, 1971, p. 11); (PARANÁ.
Secretaria de Cultura e Esportes, 1997, p. 26); (CURITIBA. Secretaria da
Educação, 1999, p. 31).
b) dois autores:
- se apresentados na forma textual, os dois sobrenomes em maiúsculas,
separados por “e”. Por exemplo: OLIVEIRA e SANTOS (2000, p. 24)
- se apresentados após o texto, os dois sobrenomes em maiúsculas, separados
por ponto e vírgula. Por exemplo: (OLIVEIRA; SANTOS, 2000, p. 24).16
c) três autores:
- quando apresentados na forma textual, todos são indicados, separados por
vírgula e “e”. Por exemplo: OLIVEIRA, PEREIRA e SANTOS (2001, p. 33)
- quando apresentados após o texto citado, todos são indicados, separados
por ponto e vírgula. Por exemplo: ... (OLIVEIRA; PEREIRA; SANTOS, 2001, p.
33).
d) mais de três autores:
- são indicados pelo nome do primeiro autor, seguido pela expressão latina et
alii ( e outros), abreviada ( et. al. ). Por exemplo: CORDI et al. (1994, p. 88) ou
( CORDI et al., 1994, p. 88).
e) documentos anônimos:
- são indicados pelo título. Na forma textual, vai em itálico, apenas com
iniciais em maiúsculas. No parênteses, tem a primeira palavra grafada em
maiúsculas. Exemplos: No suplemento Ética no Shopping (2001, p. 06), ;
(ÉTICA no shopping, 2001, p. 06).
f) eventos científicos:
- quando apresentados no texto, escreve-se o nome completo, com iniciais
maiúsculas. Por exemplo: No International Symposium on Knowledge
Management and Document Management, realizado em Curitiba, em 1999 ...
ou ... (INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLEDGE
MANAGEMENT AND DOCUMENT MANAGEMENT, 1999).
g) nas citações da Bíblia e Apócrifos, os nomes dos livros são mencionados
sem aspas ou grifos, seguidos da indicação de capítulo e versículos, em
algarismos arábicos. O capítulo é separado do(s) versículo(s) por dois pontos.
Entre versículos utiliza-se hífen, sem espaços. Por exemplo: Diz a Bíblia
(Gênesis, 3:7-10) que ... ou ... (BÍBLIA, A. T.. Gênesis, 3:7-10).
h) para citações extraídas da Internet, deve-se seguir os mesmo padrões acima.
Considere-se que Internet não é autor, não é órgão público, não é entidade
produtora de informações. É um veículo de informações. Por isso, a
referenciação para o que de lá é extraído é a mesma utilizada em outros
materiais.

16 Caso se tenha dois ou três autores com o mesmo sobrenome, deve-se acrescentar as iniciais dos

nomes após o sobrenome, para diferenciá-los.


56

3.3.3.2 Referência para citações no SISTEMA NUMÉRICO


No sistema numérico as citações (diretas ou indiretas, longas ou curtas)
recebem numeração em ordem crescente (para o texto todo ou por partes), com
números indicados entre parênteses, colchetes ou sobrescritos, colocados logo
após a pontuação que fecha a citação. Os mesmo números identificarão as
referências, que estarão ou no rodapé da página ou listadas em página separada
ao final do capítulo ou do texto.
Tanto para as referências de rodapé quanto para as referências em página
separada, atente-se para que contenham os elementos essenciais de
identificação: autor, título e imprenta.
A primeira palavra de identificação da autoria é grafada em MAIÚSCULAS
(garrafais). O título deve ser ressaltado por negrito, itálico ou sublinha (deve-se
utilizar um só formato ao longo do mesmo texto). Imprenta inclui local (cidade),
editora, ano de publicação e páginas utilizadas. Se a referência for a respeito de
mais de uma página, pode-se indicá-las de forma específica ( p. 5-8 ), ou de forma
seqüencial (p. 5ss., isto é, página 5 e seguintes). Se são páginas intercaladas,
devem ser separadas por vírgulas (p. 5, 8, 22). 17

No rodapé, as referências iniciam-se com o indicativo numérico


correspondente, separado do texto da nota por um espaço. São escritas com
letras e espacejamentos menores do que o do texto. A segunda linha e as
seguintes iniciam na margem esquerda do texto. Se porventura existirem duas
referências seguidas, entre elas mantém-se o espaço duplo.
Por exemplo, observe-se a nota de rodapé desta citação a este texto:
Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando
melhorar as condições práticas de existência. Pinto explica que

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a


verificação de verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao
contrário, guia-se pela soma de toda a experiência anterior do
indivíduo e da humanidade, esta última absorvida na forma de
herança cultural. 18

17Adiante, no item REFERÊNCIAS, encontram-se as instruções de como fazer a identificação


completa de obras. No sistema numérico as obras são identificadas/referenciadas pelo mesmo
padrão.
57

Em página separada, as referências iniciam com a identificação numérica,


na margem esquerda, com um espaço entre o número e o texto. A segunda linha
e as seguintes iniciam embaixo do número, em espaços simples. Entre uma
referência e outra, volta-se ao espaço duplo.
Paráfrases e condensações, embora não estejam entre aspas, por não
serem literais, devem ser referenciadas normalmente. E, por clareza, até mesmo
explicadas. Por exemplo, no livro Ética: caminhos da realização humana, na
página 38 encontra-se a nota 16, que diz: “Utilizamos aqui o texto de
HILDEBRAND, Dietrich von., Atitudes Éticas Fundamentais. Coleção Círculo de
Leitura, n. 30. São Paulo: Quadrante, 1988.” O autor está a indicar que o texto
foi parafraseado, isto é, as idéias essenciais que o livro traz, neste pedaço, não
são próprias, mas idéias refraseadas pelo autor, a partir do texto de von
Hildebrand.

ALGUMAS PARTICULARIDADES DO SISTEMA NUMÉRICO

A referência da primeira citação de certa obra aparece completa no rodapé


ou em página separada. As seguintes podem ser indicadas de maneira abreviada.
Neste caso, é comum recorrer-se a termos referenciais latinos, para algumas
situações específicas:
a) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento e mesma
página da citação imediatamente anterior, escreve-se apenas o termo Ibid. ou
Ibidem (= na mesma obra ), sem indicação de páginas;
b) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento e páginas
diferentes, escreve-se Ibid. ou Ibidem, seguido da(s) página(s).
Por exemplo: Ibid., p.112;
c) para a referência de citação extraída da mesma página de obra já citada, mas
com intercalação de outras referências, escreve-se loc. cit. ou loco citatum (= no
lugar citado).
Por exemplo: SANTOS, loc. cit.
d) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento, mas de
página diferente, quando separadas por outra(s) referência(s), utiliza-se op. cit.
(opere citato = na obra citada ).
Por exemplo: SANTOS, op.cit., p. 25.
e) para a referência de uma citação de segunda mão (citação de citação),
menciona-se primeiro o autor da citação. Depois os dados completos da obra
diretamente citada, ligados por apud.
Por exemplo:

18 PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência: problemas filosóficos da pesquisa científica. São Paulo:

Paz e Terra, 1979. p. 423.


58

HEGENBERG apud BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente.


Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis:
Vozes, 1987. p.82.
f) para a referência de um conjunto de idéias retiradas “aqui e ali”, no decorrer
de um trecho de certa obra, mencionam-se a página inicial e final, seguidas de
passim (= aqui e ali).
Por exemplo: SANTOS, op. cit. p. 25-54 passim.
g) se o autor ou a obra já estiverem mencionados no corpo do texto, para a
entrada da citação, não devem ser repetidos na referência. Por exemplo, se o texto
a seguir tivesse sido apresentado assim:
... Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando
melhorar as condições práticas de existência. Pinto, na obra Ciência e Existência:
problemas filosóficos da pesquisa científica, explica que

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a


verificação de verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao contrário,
guia-se pela soma de toda a experiência anterior do indivíduo e da
humanidade, esta última absorvida na forma de herança cultural. 19

sua referência correta seria apenas p. 426-427, como abaixo.

h) as referências podem ser ainda internas. Isto é, o autor deseja comparar ou


cotejar esta parte do texto com outra qualquer do mesmo texto. A nota é feita
então com expressões como “Ver a respeito o item “X”, supra.” (se o trecho
indicado estiver atrás), “Ver a respeito o item “Y”, infra.” (se o trecho estiver
adiante). Se a comparação ou cotejamento é com outra obra, usa-se a expressão
“Confira”, ou “Cf.”, seguidos da referência necessária.
i) importante saber que notas explicativas não entram na relação numérica. São
chamadas no texto por asteriscos sobrescritos (ou alceados) e marcados no
rodapé ou na lista de referências com o mesmo sinal.

3.4 Conclusão dos textos

Dois elementos são essenciais para a montagem da conclusão: síntese dos


principais idéias; parágrafo conclusivo ( ou conclusão propriamente dita). As
principais idéias deverão ser sintetizadas a partir dos capítulos. Isto é, recolhem-
se as idéias mais importantes desenvolvidas em cada capítulo e, com elas,
montam-se parágrafos. Normalmente, cada capítulo gera um parágrafo de
conclusão. O parágrafo conclusivo é o fechamento do texto propriamente dito. É
naturalmente iniciado por expressões do tipo “Diante disto, conclui-se que ...”,
“Tendo em vista o acima exposto, conclui-se que ...”, “Considerando as idéias
acima, conclui-se que ...” Faz-se então o fechamento, a conclusão, em função do

19 p. 426-427.
59

objetivo geral da investigação que se desenvolveu e que foi proposto lá atrás, no


projeto. Por exemplo, suponha o seguinte objetivo geral e específicos de certo
trabalho:

objetivo geral: provar que limão cura resfriado.


objetivos específicos:

1 identificar os componentes químicos do limão.

2 analisar o vírus do resfriado.

3 analisar as reações do vírus do resfriado ao limão.

Os capítulos deste texto foram escritos em torno dos objetivos específicos,


que são aspectos componentes do objetivo geral. Os dados que foram coletados,
os raciocínios que puderam ser feitos é que determinaram se o objetivo geral foi
atingido, ou quanto dele se pode atingir. Neste caso, a conclusão poderia ser:
“Examinados estes dados, conclui-se que o limão, de fato, cura resfriado.”; ou,
“Tendo em vista o acima exposto, conclui-se que o limão não cura resfriados.”;
ou, ainda, “Considerados os dados acima, conclui-se que o limão cura resfriado,
em casos como X,Y, e Z. Em casos como A,B e C, porém, apresenta eficácia
reduzida.”; etc.

3.5 Introdução dos textos

Introduzir um texto é oferecer ao leitor um panorama geral a respeito


daquilo que encontrará durante a leitura 20. Uma boa introdução deve conter
alguns elementos básicos, que porém, não se constituirão em subtítulos.

Inicia-se com um relato a respeito da importância e abrangência do tema.


Ressalte-se primeiro para o leitor a área de interesse humano para a qual o
trabalho contribui. Um texto final de pesquisa deve ter relevância científica ou
social. Ou seja, o autor deve deixar claro qual é o “status” de seu assunto, que

20 Não se deve confundir introdução (ou prólogo) com prefácio ou apresentação, geralmente
encontrados em livros. Introduções e prólogos são, normalmente, escritos pelo mesmo autor do
texto que se lerá, e tem finalidade intelectual. Prefácios e apresentações são, normalmente, escritos
por um terceiro, quase sempre mais conhecido/respeitado na comunidade a que se destina a obra,
e cumpre função basicamente “comercial”.
60

falta ele faria, ou, em que ele ajuda a “segurar” uma ciência; também para que
ou quem ele serve no meio social, que falta ele faria às pessoas caso não existisse.
Na seqüência, deve-se mencionar eventos (sociais, científicos, acadêmicos)
desenvolvidos, em desenvolvimento ou, mesmo, a serem desenvolvidos,
que guardem qualquer relação com o tema investigado, e que, afinal, demonstrem
a importância que se disse ter o assunto. Comumente, a menção de publicações
(livros, periódicos, etc.) que, de alguma forma, demonstraram interesse pela
mesma temática, e que tipo de interesse foi demonstrado, já é o bastante. Isto
situa o leitor quanto ao “status” científico do tema, o estado da arte.

Apresenta-se, agora, ao leitor, os objetivos iniciais da pesquisa. Primeiro, o


objetivo geral, que quase sempre é apresentado abrindo um parágrafo, assim: “O
presente trabalho pretende ...” + objetivo geral. Por exemplo: “ O presente trabalho
pretende provar que limão é eficaz no combate a resfriados.”

Apresentam-se em seguida os objetivos específicos, porém, já com o


nome de capítulos (ou partes), que é no que foram transformados. Por exemplo:
“No primeiro capítulo se identificará a composição química do limão. O segundo
capítulo irá analisar o vírus do resfriado. O terceiro capítulo tratará de analisar
as reações do vírus do resfriado em presença do limão.”

Finalmente, evitam-se quaisquer comentários pessoais a respeito das


“agruras” encontradas no decorrer do trabalho. E, principalmente, jamais se
adiantam quaisquer conclusões.

3.6 Referências 21

Referências é a relação das fontes efetivamente consultadas no decorrer da


investigação científica. Consta da apresentação identificada de documentos
impressos e registrados (livros, periódicos, materiais cartográficos, gravações
sonoras, gravações de vídeo, etc.), bem como de documentos eletrônicos
(disquetes, CD-ROM, discos rígidos, e-mail etc.), acessados por protocolos como
http (hypertext transfer protocol) www (world wide web) ftp (file transfer protocol)

21
Cf. APÊNDICE F - Normas para a referência de documentos. Ali se encontram MODELOS
para a referência de todos os documentos utilizáveis.
61

e outros. É um dos elementos que devem obrigatoriamente constar ao final dos


textos acadêmicos/científicos.

Devem-se utilizar os mesmos tipos e corpos utilizados no restante do


texto. É importante que se mantenha a uniformidade, de modo que o leitor
entenda o padrão utilizado. Duas situações especiais: deve-se utilizar caixa-alta
(MAIÚSCULAS) na palavra de entrada da obra (nome do(s) autor(es), ou outro
termo que irá iniciar a identificação da obra. Grifo ( negrito, itálico, sublinha) deve
ser utilizado no título da obra. Se for parte de uma obra, reserva-se o grifo para o
título da obra maior, cuja parte se está referenciando. Por exemplo, vai grifado o
título do livro, e não o do capítulo utilizado ( que irá entre aspas); ou o nome do
jornal, da revista, e não o título do artigo (que irá entre aspas).

Por exemplo:

SANTOS, A. R. dos. “Conhecer ou não conhecer: eis a diferença.” In: CORDI, C. et


alii. Para Filosofar. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994.

SILVA, J. da. “Receita Federal aperta o contribuinte”. Gazeta da Manhã. Rio


Branco, 30 - abr- 1998.

- As obras são listadas por ordem alfabética das palavras de entrada,


normalmente os nomes de autores, pessoas físicas ou jurídicas.

- Se houver duas ou mais obras do mesmo autor, não é necessário repetir o


nome. Na posição, ao invés, faz-se apenas um traço horizontal de seis toques.
Por exemplo:

SANTOS, A. R. dos. Ética: caminhos da realização humana. (etc.).

_____________ Repensando a Filosofia. Prólogo ao Comentário de Ockham às


Sentenças ...(etc.)

3.7 Capa
A capa é responsável pelo impacto visual inicial dos trabalhos. É também
um elemento informativo importante. Pode conter (é um elemento opcional) a
instituição tuteladora (do órgão superior para o inferior) e o curso onde se
inscreve o trabalho apresentado, com primeira linha iniciando a partir da
62

margem superior. Segue-se a o(s) nome(s) do(s) autor(es), o título do texto no


centro (inicia na 13a. linha a partir da margem superior), negritado e sem divisões
silábicas; e, a terminar na margem inferior, ocupando a penúltima e a última
linhas, a cidade e ano, negritados e sem pontuações. Não se deve “enfeitar”
capas.

3.8 Folha de rosto


É a folha que vem logo após a capa, e adiciona informações a respeito do
trabalho. Deve conter os seguintes elementos. Na margem superior,
centralizado(s) e negritado(s), o(s) nome(s) do(s) autor(es). Ao centro, o título,
como na capa. Na margem inferior, local e data, como na capa. Abaixo do título,
centrado, em espaços simples, redige-se a nota de grau acadêmico, que deve
indicar a natureza acadêmica do trabalho (tese, dissertação, relatório, monografia
etc), a quem é apresentado (à Coordenação do curso X, ao Departamento Y, à
disciplina Z, etc.), para que foi feito (como exigência parcial para o grau de
Mestre, como avaliação do 3o. bimestre, etc.). O nome do orientador vai grafado
logo abaixo, pulando uma linha, nas mesmas margens, negritado.

3.9 Sumário
Sumário é a apresentação das principais divisões do trabalho, com a
indicação das respectivas páginas. É importante lembrar que a função primária
desta parte é indicar para o leitor e esquema lógico do texto, e, secundariamente,
indicar páginas.
Com exceção do título (SUMÁRIO), que vai em maiúsculas, negrito e
centralizado, todos os elementos são alinhados à esquerda, inclusive introdução e
conclusão, iniciando-se os elementos textuais pelo indicativo numérico de
seqüência e pertença. Entram então os elementos pós-textuais que constarem no
texto.
As margens e as entrelinhas devem ser os mesmos do texto. Pode-se,
porém, para efeito sinóptico ou prático, diminuir espaços e tamanho das letras.
63

3.10 Outros elementos que podem constar nos trabalhos


científicos/acadêmicos 22

Capa
Lombada
Folha de rosto
Errata
Folha de aprovação
Dedicatória
Agradecimentos
Epígrafe
Resumo na língua vernácula
Resumo em língua estrangeira
Lista de ilustrações
Lista de tabelas
Lista de abreviaturas e siglas
Lista de símbolos
Sumário
Introdução
(desenvolvimento)
Conclusão
Referências
Glossário
Apêndice(s)
Anexo(s)
Índice(s)

A lombada é um elemento opcional, geralmente exigida em teses e


dissertações. As informações devem ser impressas conforme NBR 12225:1992.
Consta o nome do autor, título do trabalho e, se houver, identificação de volume (

22Alguns elementos complementares são obrigatórios em dissertações e teses (folha de avaliação,


resumos em língua vernácula e estrangeira).
64

ex.: v. 2 ). Os elementos são dispostos longitudinalmente, naquela ordem, do alto


para o pé da lombada.
Errata é opcional que deve ser inserido (ou encartado) logo após a folha de
rosto. Contém a referência do trabalho (identificação de autor, título etc) e os
elementos são assim dispostos:
ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se


46 15 confere confira
98 02 anverso verso (etc.)

A folha de aprovação é onde constará o termo de aprovação e a assinatura


da banca examinadora. É dispensável, exceto por solicitação explícita, nos
trabalhos de graduação. É exigida em todos os trabalhos de pós-graduação.
Constam o autor, o título, o termo de aprovação, a identificação dos membros da
banca examinadora, o local e a data. (confira modelo adiante)
Dedicatória é um texto livre, onde o autor homenageia alguém dedicando-
lhe o trabalho.
Agradecimentos são feitos em folha(s) distinta(s), a quem se queira fazê-
los.
Epígrafe é uma máxima, um pensamento, que tenha alguma relação com
o texto. Pode figurar também na abertura de cada um dos capítulos.
Resumo (em língua vernácula e em língua estrangeira) é a apresentação
concisa do texto, onde se destacam os elementos de maior importância. É uma
parte extremamente útil para o leitor, que pode rapidamente tomar conhecimento
do conteúdo principal da obra. É dispensado na maioria dos trabalhos de
graduação. Porém, é exigido nos trabalhos de pós-graduação. Em dissertações e
teses são, inclusive, exigidos em mais uma ou duas línguas estrangeiras
modernas, além da língua portuguesa. O texto é redigido em uma só página, em
espaços simples, em parágrafo único e não deve exceder 500 palavras. Ao final,
devem constar as palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é,
palavras-chave e /ou descritores, conforme a NBR 6028:1990. (Nota: em língua
65

estrangeira, usam-se os mesmos elementos, porém traduzidos para a língua


utilizada, inclusive o título (Abstract, Resumen, Résumé etc.).
Lista de ilustrações, semelhante ao sumário, deve ser elaborada
conforme a ordem apresentada do texto, com cada item designado por seu nome
específico, acompanhado por seu respectivo número de página. Quando
necessário, recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de
ilustração (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas,
organogramas, plantas, quadros, retratos e outros). Segue-se a mesma orientação
para lista de tabelas.
Lista de abreviaturas, de siglas e de símbolos são úteis para o leitor,
além de facilitar o trabalho de composição do autor. Aconselha-se que sejam
feitas, em casos onde haja volume considerável destes elementos, ou a repetição
constante de alguns deles. São apresentados os elementos seguidos da
explicação.
Glossário é a listagem alfabética, com explicações, de terminologia
específica utilizada no texto. É útil para evitar mal entendimento de termos e
expressões utilizadas pelo autor.
Apêndice(s) são textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim de
complementar seus raciocínios, sem prejuízo da unidade do texto básico. São, por
isso, dispostos como parte pós-textual. São identificados por letras maiúsculas,
travessão e pelos respectivos títulos. (Ex. APÊNDICE A – “Questionário de coleta
de dados do capítulo II).
Anexo(s) são textos ou documentos de qualquer natureza, não elaborados
pelo autor, mas que ajudam a ilustrar, comprovar ou fundamentar elementos do
trabalho. Sua identificação segue a mesma orientação dos apêndices. (Ex. ANEXO
A – “O veículo antes e depois do sinistro”.) (Nota: caso a listagem de apêndice(s)
e/ou anexo(s) esgote as 23 letras do alfabeto, prossegue-se com maiúsculas
dobradas. (Ex. ANEXO AA – “...”).
Índice(s) são listas de palavras ou frases, organizadas segundo certo
critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto. São
elaborados conforme a NBR 6034:1989.
Todos estes elementos opcionais devem seguir o padrão de fonte, margens
e espacejamento utilizados no decorrer do trabalho.
66

CONCLUSÃO

A aquisição de competências metodológicas é um processo progressivo.


Trata-se, portanto, mais de um desafio cultural do que de uma dificuldade
técnica. A construção de uma matriz de avaliação profissional, por meio da
utilização de portfólios de desempenho acadêmico, é um caminho seguro para
que se aprenda a identificar, raciocinar e encaminhar um problema científico
(desafio intelectual), percebido na experiência empresarial (história/caso), de
maneira sistemática, metódica e original. É o que sugerem as metodologias de
produção de ciência.
67

O resultado deste esforço intelectual é concretizado em um texto escrito.


Sugeriu-se o relato de experiência como formato de texto adequado para
apresentar o estudo de um caso devido à estrutura que privilegia a apresentação
da coleta de dados. A presentação oral que se segue representa mais um esforço
de síntese, além do treinamento da comunicação em outra modalidade.
Metodologia científica é o estudo e desenvolvimento de ferramentas que
facilitem a produção e apresentação de conhecimentos. Ocupa-se tanto do
processo lógico (a construção de conhecimentos), quanto do processo gráfico (a
apresentação escrita dos processos e resultados). Consta de três fases básicas:
planejamento, execução e apresentação gráfica.
O planejamento de pesquisas científicas consiste na transformação de um
tema (uma necessidade humana) em um problema a ser racionalmente tratado. É
o processo de transformar um tema em hipótese(s) (convicção pessoal do
pesquisador) e a(s) hipótese(s) em objetivos (propostas concretas para o
desenvolvimento de raciocínios). Para o desenvolvimento dos raciocínios
propostos pelos objetivos específicos, planeja-se a forma de estudá-los por meio
de procedimentos típicos de coleta de dados, cientificamente aceitos.
A execução da pesquisa consiste na criação e na organização originais de
idéias para os raciocínios propostos. A coleta de dados é a geradora de
conhecimentos para o cientista. É, de fato, a busca da matéria-prima (dados,
informações, idéias alheias) que, confrontada com cada um dos objetivos
planejados, gera inevitavelmente idéias, que comporão o “texto pensado” do
pesquisador. A redação é o momento de transformação de um “texto pensado” em
um texto escrito, ou seja, o conjunto lógico vai transformar-se em um conjunto
gráfico. Tipicamente desorganizado, o “texto pensado” passa primeiro por um
tratamento de seleção e ordenação de idéias, quando o pesquisador escritor lhes
atribuirá status de subtítulos ou idéias principais e parágrafos escritos.
Subtítulos ganharão parágrafos escritos que os expliquem. Parágrafos serão
idéias importantes “assessoradas” por idéias secundárias que as deixem mais
detalhadas e claras.
A apresentação gráfica dos textos científicos segue as orientações da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O objetivo das normas, além
da padronização gráfica dos textos, é também resguardar qualidade lógica, por
68

meio da apresentação obrigatória de alguns elementos informativos. Estabelece,


por exemplo, padrões gráficos para margens e espacejamento, tipos gráficos e
paginação, citações e referências , sumários, tabelas, listas etc.
Finalmente, vale a pena lembrar que a metodologia aqui apresentada é uma
das muitas possibilidades de caminhos para a construção de conhecimentos.
Como não existe “o método”, os métodos não devem polemizar entre si, mas se
complementarem. Por isso, exceção concedida para as normas da ABNT, por se
tratar de acordo coletivo maior, métodos devem ser testados e julgados pelos
pesquisadores, que sempre podem (e devem) oferecer sua contribuição. Ou seja, a
progressividade também está presente na reavaliação e renovação dos métodos.

* * *

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6023:


informação e documentação: referências - elaboração. RJ, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14724:


informação e documentação: trabalhos acadêmicos - apresentação. RJ, 2005.

BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução


à metodologia científica. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 104 p.
69

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo:
Atlas, 1993.159 p.

HOFFBECK, Gérard; WALTER, Jacques. Como tomar notas rapidamente e


bem. São Paulo: Nobel, 1991. 107 p.

NUNES, José Antonio Rizzatto. Manual da monografia jurídica. São Paulo:


Saraiva, 1997. 207 p.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do


conhecimento. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. 166 p.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21.ed. SP:


Cortez, 2000.

APÊNDICES

APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS

APÊNDICE B - O MÉTODO DO ESTUDO DE CASO E O


TEXTO QUE RELATA A EXPERIÊNCIA

APÊNDICE C - MODELO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA


70

APÊNDICE D – TAXIONOMIA DOS OBJETIVOS

APÊNDICE E – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS PARA COLETA


DE DADOS

APÊNDICE F – NORMAS PARA A REFERÊNCIA DE DOCUMENTOS

APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS

1 Construção lógica e formato gráfico de textos acadêmicos/ científicos


Uma boa parte dos dados e informações que vêm compor os
conhecimentos individuais é veiculada por meios escritos. De modo especial, o
conhecimento formalizado, que é uma parte importante da educação escolar,
consta em cartilhas, livros e apostilas. Resulta que a grande parte do que se
71

aprende depende de formas escritas. Daí a importância de se conhecer algumas


formas comuns de texto e suas principais características.
Podem-se distinguir três grandes grupos de textos escritos, produzidos por
diferentes técnicas de redação: literários, oficiais/ comerciais e acadêmicos/
científicos. São formas gráficas diferentes porque encerram objetivos e
conteúdos diversos. É a necessidade de comunicação de diferentes conteúdos
culturais que leva à construção destas formas diversas de expressão escrita.
As formas literárias tem objetivo artístico. Não são, por isso, apenas a
transmissão de pensamentos, mas o exercício da arte da palavra. Mais do que
expressar a realidade, o objetivo do texto literário é a recriação, a interpretação da
realidade pelo artista, seja por descrição, seja por narração, reais ou fictícias. São
formas literárias aquelas simples como a anedota, a fábula, a saga ou lenda, ou,
aquelas mais complexas como o conto, a crônica, a novela, o romance, o poema.
As formas oficiais e comerciais são textos produzidos com o objetivo de
estabelecer comunicação formal e documentada em ambientes de trabalho. São
tipos comuns de texto oficial e comercial o memorando, o ofício, o aviso, o
requerimento, o parecer, o memorial, a ordem de serviço, a carta comercial.
As formas de textos acadêmicos/ científicos têm preocupação central
com a correção, a exatidão e a autenticidade dos dados e dos raciocínios
desenvolvidos. Escrever textos científicos é, antes de tudo, “comunicar
corretamente dados e informações corretas”, resultantes de pesquisas
científicas. Daí a importância do rigor na utilização de técnicas e métodos de
pesquisa, bem como na produção e apresentação gráfica dos textos científicos.
A natureza do fato/fenômeno/processo estudados, os procedimentos de
coleta utilizados, as fontes de dados, a intenção do pesquisador ou a exigência de
uma instituição ou disciplina, indicarão diferentes formas de apresentação escrita
dos resultados dos trabalhos de pesquisa. As formas e denominações dos vários
textos variam de acordo com o nível de tratamento que se queria dar ao conteúdo,
ou obedecem a exigências acadêmicas específicas.
De modo geral, textos acadêmicos/ científicos são classificados segundo o
nível de aprofundamento de seus objetivos. Para este tipo de trabalho, podem-se
apontar três níveis de objetivos: exploratórios, descritivos, analíticos. Como o
próprio termo indica, um trabalho com objetivo exploratório é uma primeira
72

aproximação do pesquisador com dados/informações/idéias a respeito de certo


problema. Trata normalmente da localização do problema no quadro geral do
conhecimento e seus grandes desdobramentos. Um trabalho com objetivo
descritivo visa estabelecer “contornos externos” de um certo problema, coisas
como localizar as dimensões, modos de funcionamento, influências e ligações
mais evidentes etc., dos fatos/fenômenos/processos. Um trabalho com objetivo
analítico normalmente “fecha-se” sobre aspectos explicativos de causas de efeitos
e as variações possíveis destas ligações.
Os textos escritos a partir destes objetivos serão, obviamente, textos
com maior ou menor complexidade de conteúdos. Além disso, expressam graus
diversos da autonomia intelectual de quem os produz. Vistos por este ângulo,
podem-se distinguir três formatos fundamentais de textos científicos: a
resenha bibliográfica (exploratório), o relatório científico (descritivo) e a
monografia (analítico). Podem-se fazer variações de tamanho destes modelos, que
produzirão outras estruturas de texto, (sinopses/resumos, artigos-relatório/relato
de experiência, artigo científico), como se verá adiante.
Entretanto, independente do nível de tratamento dos
dados/informações/idéias, textos acadêmicos/ científicos obedecem sempre a um
mesmo roteiro lógico: identificar um problema científico, tratar do problema
por meio de um método cientificamente aceito, “devolver” o problema,
“modificado” por alguma contribuição pessoal. Este roteiro sugere um roteiro
gráfico inevitável: todo texto acadêmico/científico será composto de uma
introdução (a identificação e apresentação do problema que será tratado), um
corpo ( o tratamento e desenvolvimento racional do problema), uma conclusão (a
devolução, o fechamento do problema, após ter passado pelas “mãos” do
pesquisador).

2 Resenhas
De modo geral, resenhar consiste em examinar e apresentar o conteúdo de
obras já prontas e publicadas, acompanhado ou não de avaliação crítica. É talvez
o nível mais elementar de texto científico, e caracteriza-se apenas como trabalho
exploratório, pois embora possa conter uma crítica, o texto base já está pronto.
Resenhas podem ser feitas com objetivos diferentes. Pode-se chamar resenha
73

bibliográfica o resultado de um revisão bibliográfica ou revisão de literatura, em


que, pelo exame crítico e retrospectivo de várias obras, procura-se demonstrar
certo estágio de desenvolvimento em torno de um fato/fenômeno/processo. (tema,
problema). É um trabalho comparativo, excelente base para o desenvolvimento
autônomo de um tema, enquanto verifica o tratamento já dado ao assunto por
outros autores. Caracteriza-se pela quantidade e diversidade das obras
consultadas e comparadas. A resenha de texto é geralmente feita por
especialistas com sólidos conhecimentos na área, já que o trabalho de crítica
demanda “olho clínico” apurado, resultante de conhecimentos aprofundados na
área. Leva em consideração, além das idéias levantadas, a divisão, a disposição
da obra, a estrutura, forma e estilo do autor, método de abordagem, linguagem
empregada etc.
. É, também, excelente exercício inicial de autonomia intelectual, uma vez
que o exame de obras já prontas dá oportunidade para treinamento de
compreensão e crítica, além do contato mais próximo com bons autores e como
pensamento já elaborado, que, para o iniciante, servirá como modelo interessante
de produção científica.
As partes essenciais da apresentação de uma resenha são:
- introdução:
- identificação da obra: autor, título, imprenta, total de páginas
resenhadas.
- credenciais do autor: formação, publicações, atividades desenvolvidas na área.
- conteúdo: pressupostos para o entendimento do assunto, idéias principais,
pormenores importantes.
- conclusões: localização (onde se encontram na obra) e breve explicação das
conclusões do autor.
- crítica: determinação histórica e metodológica (científica, jornalística, didática)
da obra, contribuições importantes, estilo, forma, méritos, considerações éticas.
- conclusão.

3 Relatórios científicos
Relatar é basicamente “contar o que se observou”. É tipicamente o primeiro
texto produzido após uma pesquisa de campo ou de laboratório, onde o
74

pesquisador envolve-se em contatos diretos com as realidades. Embora seja mais


complexo do que uma resenha, o relatório é por natureza descritivo. É claro que a
confiabilidade e validade dos relatórios de pesquisa dependem em grande parte
do notório saber, da capacitação e do “olho clínico” do pesquisador.
As partes essenciais de um relatório de pesquisa são:
- introdução: descreve-se a importância ou relevância (social, científica) do
assunto, como foi problematizado o assunto e quais são os objetivos do autor.
- referencial teórico: é o texto resultante de levantamento bibliográfico, de
qualquer extensão, que indica ao leitor o tratamento científico atual do
tema/problema. Inclui definição de conceitos, a menção de trabalhos já
realizados a respeito do assunto, a teoria que dá sustentação ao trabalho
realizado.
- metodologia: é a descrição detalhada e rigorosa dos procedimentos de campo
ou laboratório utilizados, bem como dos recursos humanos e materiais
envolvidos, o universo da pesquisa, critérios para seleção da amostra,
instrumentos de coleta, métodos de tratamento dos dados, etc.
- apresentação de resultados: é a exposição dos resultados obtidos, ordenada
pelos objetivos da pesquisa. Por ressaltar normalmente os aspectos
quantitativos, é comum a utilização abundante de gráficos, tabelas e “pizzas”
que ilustrem estes aspectos.
- análise dos resultados: é a interpretação analítica dos dados obtidos, feita
considerando o referencial teórico, que posicionou o problema pesquisado, e os
resultados a que se chegou.
- sugestões/recomendações: o que o autor recomenda/sugere quanto à
utilização científica/social do conteúdo que acabou de apresentar.
- conclusão: parte final do trabalho, onde devem constar, de forma sintética, os
elementos desenvolvidos no decorrer do corpo do trabalho (idéias essenciais do
referencial teórico, da metodologia, dos resultados, da análise etc). Conclui-se
comparando esses dados ao objetivo geral que norteou toda a pesquisa,
estabelecendo-se o quanto foi conseguido em relação ao objetivo proposto.
A conclusão pode ainda ter um “parágrafo de abertura”, onde o autor
expõe outros aspectos do problema tratado, ou dificuldades novas levantadas
75

pela conclusão. Apresenta, enfim, aspectos relevantes que possam inclusive vir a
suscitar continuidade para a pesquisa por ele realizada.
- referências: (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de
informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

4 Monografias
Monografia é um texto de primeira mão resultante de pesquisa científica e
que contém a identificação, o posicionamento, o tratamento e o fechamento
competentes de um tema/problema. A monografia é um texto essencialmente
analítico, em que o objeto ( o tema, o problema) é geralmente bem delimitado em
extensão (um objetivo geral, “aberto” em objetivos específicos logicamente
interligados e seqüenciados) , de forma a permitir o aprofundamento do estudo.
Fundamenta-se na organização e na interpretação analítica e avaliativa de
dados, conforme objetivos (propostas de raciocínio) preestabelecidos. A matéria
prima dos raciocínios são os dados, que basicamente se constituem de axiomas
científicos (verdades aceitas por diversas ciências), da autoridade de autores
consagrados, ilustrações, testemunhos e, até mesmo, da experiência pessoal
coerente do pesquisador. Os raciocínios são desenvolvidos de forma indutiva
(parte-se de experiências e observações particulares para se chegar a um
princípio geral), ou de forma dedutiva (parte-se de um princípio geral para
verificá-lo em casos particulares), ou, ainda, de forma dialética (a comparação e
crítica de idéias divergentes) 23.

A estrutura geral das monografias é como segue:


- introdução: exposição da importância ou relevância do assunto, a menção de
outros trabalhos desenvolvidos a respeito do tema, exposição dos objetivos do
trabalho.
- desenvolvimento: o conjunto de partes, geralmente nominadas como capítulos,
já planejados e pré-ordenados na fase de projeto, como objetivos específicos.
- conclusão: contém a síntese das idéias essenciais desenvolvidas em cada um
dos capítulos, geralmente na proporção de um parágrafo de síntese por capítulo.

23 Deve-se ter especial cuidado para não incorrer em falácias ou sofismas, que são “raciocínios
falsos”. A inexatidão pode ser causada pelo erro de raciocínio, por observações enganosas,
ignorância de causas, falsas comparações, etc. Cf. a propósito SANTOS, A. R. “Conhecer ou não
conhecer: eis a diferença”. In: CORDI, C. e. o.. Para Filosofar. S. Paulo: Ed. Scipione, 1994;
BASTOS, C.L., KELLER, V.. Aprendendo Lógica. Petrópolis: Ed. Vozes, 1991.
76

Finaliza-se com o parágrafo conclusivo, onde junta-se de forma avaliativa os


raciocínios desenvolvidos dos capítulos com o objetivo geral que norteou a
pesquisa. E também, se desejado, o parágrafo de abertura.
- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de
informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

5 Sinopses e resumos
São textos reduzidos. A sinopse é um pequeno texto (25 a 50 linhas),
geralmente redigido pelo autor ou o editor de uma obra. A característica essencial
da sinopse é a apresentação concisa dos traços gerais, das idéias maiores, das
grandes linhas da obra. É um texto normalmente inserido no início dos textos
publicados e é muito útil para a realização de levantamentos bibliográficos.
O resumo, normalmente um texto mais longo ( 10% a 25% do texto
original), levanta as idéias essenciais do texto-base e deve manter o espírito do
autor. Procuram-se preservar suas intenções e ênfases, tratando com mais
detalhe aquilo que o autor trata mais longamente.
Enquanto na sinopse se permite alguma interpretação e apreciação, no
resumo procura-se guardar absoluta fidelidade ao texto original.

6 Artigos - relatório (ou relatos de experiência) 24

Embora seja um texto menor, tem finalidade parecida com o relatório


científico. Como aqueles, o artigo-relatório resulta da intenção de publicar
resultados de pesquisas de campo ou de laboratório em periódicos especializados,
como jornais e revistas científicas. Guarda, por isso, o mesmo formato dos
relatórios, mas tem forma sintética ( entre 5 e 10 páginas).
A forma comum de apresentação é assim:
- título (subtítulo) do trabalho.
- autor(es).
- credenciais do(s) autor(es).
- resumo.
- palavras-chave.

24
O APÊNDICE B , infra, detalha este formato de texto. O APÊNDICE C oferece um modelo.
77

- sinopse ou resumo.
- introdução.
- corpo do relatório (referencial teórico, metodologia e materiais, apresentação
dos resultados, análise e interpretação dos resultados, recomendações e
sugestões, se for o caso).
- conclusão.
- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de
informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

7 Artigos científicos
Visa publicar resultados de um estudo. Embora tenha formato reduzido
(entre 5 e 10 páginas), é sempre um trabalho completo, um texto integral.
São geralmente utilizados como publicações em revistas especializadas,
seja para divulgar conhecimentos, seja para comunicar resultados ou novidades
a respeito de um assunto, como ainda, para contestar, refutar ou apresentar
outras soluções de uma situação controvertida. À semelhança das monografias,
deve conter uma introdução, um corpo (com subtítulos, porém não com capítulos)
e uma conclusão.
O formato comum de apresentação é:
- título (subtítulo) do trabalho.
- autor(es).
- credenciais do(s) autor(es). (formação, outras publicações, atividades
importantes desenvolvidas ou em desenvolvimento relativas ao assunto
apresentado).
- resumo.
- palavras-chave.
- sinopse ou resumo do texto.
- introdução.
- desenvolvimento ( subtítulos, não capítulos ).
- conclusão.
- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de
informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)
78

8 Ensaios científicos ( papers).


Ensaio é o texto científico que desenvolve uma proposta pessoal do autor a
respeito de um determinado tema/problema de ciência. Embora encerre o
pressuposto de conhecimentos adquiridos no meio científico comum, o ensaio
pretende expressar a visão do autor, até mesmo de forma independente com
relação ao pensamento científico expresso e comum a respeito do assunto. Pode-
se pensar o ensaio científico como “um conjunto de impressões do especialista”. É
claro que o valor científico do ensaio depende do respeito da comunidade
científica pela autoridade e pelo notório saber do ensaísta.
A estrutura intelectual e gráfica do ensaio é idêntica à estrutura intelectual
e gráfica da monografia ou do artigo científico.

* * *

APÊNDICE B - O MÉTODO DO ESTUDO DE CASO E O TEXTO QUE RELATA A


EXPERIÊNCIA

1 Aspectos gerais dos estudos de casos


Tecnicamente, a apresentação de um “case” deve ser considerada como um
relato de experiência ex post facto. Ou seja, é a estruturação e o relato do estudo
de um fato, fenômeno ou processo já acontecido. É amplamente utilizado em
estudos de processos de gestão, seja para detectar “falhas” e propor melhorias,
seja para descrever práticas que sirvam de benchmarking à experiências da
mesma natureza. Devidamente estruturado, é uma ferramenta de grande
utilidade como fonte de aprendizado, pois o estudo de caso permite “um mergulho
79

profundo e exaustivo em um objeto delimitado e possibilita a penetração da


realidade social [institucional], não conseguida pela análise estatística.” 25 Por
isso, “o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é a unidade que
se analisa profundamente”. 26

Embora seja um modelo de produção de conhecimentos, não se considera


o estudo de casos como um procedimento ou técnica de coleta de dados. Como
tal, dificilmente se utiliza de uma fonte única de informações. De fato, um dos
pontos fortes do estudo de casos é a possibilidade (e habilidade do investigador)
de lidar com diferentes fontes de dados e procedimentos de coleta. O estudo do
mesmo caso poderá solicitar levantamentos, experimentos, pesquisas
bibliográficas e documentais, o que levará o pesquisador a recorrer ao campo, ao
laboratório e à bibliografia disponível na área.Tem razão Goldenberg quando diz
que “o estudo de caso não é uma técnica específica, mas uma análise holística, a
mais complexa possível, que considera a unidade social [institucional] como um
todo”. 27

Finalmente, deve-se evitar a tentação de transformar a estruturação e o


relato de um caso em uma simples “crônica” (basicamente, o “cotidiano
comentado”). O status de texto científico (escrito para ensinar certo conteúdo), a
ser atribuído ao comunicado final, depende do domínio teórico que norteou a
investigação. Triviños diz que “a complexidade dos estudos de casos está
determinada pelos suportes teóricos que servem de orientação ao investigador”. 28

Também Bruyne, Hernan & Schoutheete afirmam que “os estudos de casos
rigorosos não devem limitar-se a uma descrição, por mais documentada que seja,
mas apoiar-se em conceitos e hipóteses; devem ser guiados por um esquema
teórico, que serve de princípio norteador para a coleta de dados.” 29

2 Estrutura gráfica dos relatos de experiência


Provavelmente o melhor modelo de apresentação escrita para o texto que
apresenta um estudo de caso é o relato de experiência.O desenvolvimento (ou

25 GOLDENBERG. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1997. p. 33.


26 TRIVIÑOS. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987. p. 133.
27 GOLDENBERG. op. cit. p. 33.
28 TRIVIÑOS. op. cit. p. 134.
29 BRUYNE; HERNAN; SCHOUTHEETE. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas,

1977. p. 65.
80

corpo)do texto escrito que relata experiências contém os mesmos elementos que
qualquer relatório científico, ou seja: introdução, referencial teórico,
metodologia, apresentação de resultados, análise dos resultados,
recomendações/sugestões, conclusão e referências
A introdução de um texto deve oferecer ao leitor um panorama geral a
respeito daquilo que encontrará durante a leitura 30. Uma boa introdução deve
conter alguns elementos básicos, que porém, não se constituirão em subtítulos.
Inicia-se com um relato a respeito da importância e abrangência do tema.
Ressalte-se primeiro para o leitor a área de interesse humano para a qual o
trabalho contribui. Um texto final de pesquisa deve ter relevância científica ou
social. Ou seja, o autor deve deixar claro qual é o “status” de seu assunto, que
falta ele faria, ou, em que ele ajuda a “segurar” uma ciência; também para que
ou quem ele serve no meio social, que falta ele faria às pessoas caso não existisse.
Na seqüência, deve-se mencionar eventos (sociais, científicos, acadêmicos)
desenvolvidos, em desenvolvimento ou, mesmo, a serem desenvolvidos,
que guardem qualquer relação com o tema investigado, e que, afinal, demonstrem
a importância que se disse ter o assunto. Comumente, a menção de publicações
(livros, periódicos, etc.) que, de alguma forma, demonstraram interesse pela
mesma temática, e que tipo de interesse foi demonstrado, já é o bastante. Isto
situa o leitor quanto ao “status” científico do tema, o estado da arte.
Apresentam-se, agora, ao leitor, os objetivos iniciais da pesquisa.
Primeiro, o objetivo geral, que quase sempre é apresentado abrindo um
parágrafo, assim: “O presente trabalho pretende ...” + objetivo geral. Por exemplo:
“ O presente trabalho pretende provar que limão é eficaz no combate a
resfriados.” Apresentam-se em seguida os objetivos específicos, porém, já com
o nome de capítulos (ou partes), que é no que foram transformados. Por exemplo:
“No primeiro capítulo se identificará a composição química do limão. O segundo
capítulo irá analisar o vírus do resfriado. O terceiro capítulo tratará de analisar
as reações do vírus do resfriado em presença do limão.”

30 Não se deve confundir introdução (ou prólogo) com prefácio ou apresentação, geralmente
encontrados em livros. Introduções e prólogos são, normalmente, escritos pelo mesmo autor do
texto que se lerá, e tem finalidade intelectual. Prefácios e apresentações são, normalmente, escritos
por um terceiro, quase sempre mais conhecido/respeitado na comunidade a que se destina a obra,
e cumpre função basicamente “comercial”.
81

Finalmente, evitam-se quaisquer comentários pessoais a respeito das


“agruras” encontradas no decorrer do trabalho. E, principalmente, jamais se
adiantam quaisquer conclusões.
O referencial teórico é um texto que resulta de revisão identificada da
melhor literatura científica, onde devem aparecer as principais idéias
apresentadas pelos especialistas a respeito da temática tratada pelo caso
investigado. Destaca os problemas significativos que a temática já despertou e o
tratamento teórico/prático já oferecido. Como o tratamento teórico/prático das
questões científicas nem sempre são bem sucedidos, nem sempre o referencial
compõe “caminhos irretocáveis”. Pode-se dizer, enfim, que o referencial teórico
que é o “tratamento genérico” da temática em questão. É o elemento do relatório
que permite:
a) descrever o “estado da arte”, destacando avanços e novos problemas;
b) estabelecer a estrutura da descrição metodológica do
fato/fenômeno/processo em estudo, de modo a inserir a experiência
específica no contexto geral da ciência que regularmente o estuda;
c) identificar a contribuição científica e profissional da experiência a ser
relatada; e
d) conhecer a familiaridade do investigador/relator com a cultura científica
da área em questão.
A metodologia é a parte do texto onde aparece o relato da experiência
propriamente dita. A narrativa deve destacar os aspectos específicos que
aproximam esta experiência concreta dos aspectos genéricos importantes
presentes no referencial teórico. É o elemento do relatório que informa a respeito
das particularidades do caso e permite que o leitor tenha a dimensão exata de
sua evolução. Por isso, na apresentação de estudos de casos, sugere-se que a
metodologia ocupe-se de dois aspectos:
a) a descrição dos métodos e materiais utilizados pelo pesquisador para a
coleta das informações, como se faz em qualquer relatório científico; e
b) o relato sistemático dos acontecimentos significativos que marcaram a
evolução concreta do caso estudado. Este relato deve ser estruturado a partir dos
principais indicativos teóricos oferecidos pelo referencial teórico, o que facilita a
82

estruturação e entendimento dos resultados obtidos. Costuma-se dividi-lo em


três partes:
- identificação da empresa: ramo, porte, localização, organograma,
estrutura societária, principais produtos/ mercados etc.
- contextualização: descrição de fatores e indicadores que tenham a ver
com a origem e evolução da experiência que será relatada.
- situação-problema: descrição do que afinal causou a intervenção da
forma como se deu (casos de benchmarking), ou que solicita uma intervenção
(casos de melhoria).
A apresentação de resultados é a parte do texto que consolida os aspectos
específicos do caso, em função da apresentação genérica feita no referencial
teórico. Basicamente destaca o que no caso específico (metodologia) fecha com o
panorama genérico (referencial teórico) e o que não fecha. Embora possa ser
apresentado como texto corrido, costuma ter o formato gráfico enriquecido com
figuras, gráficos e tabelas comparativas.
A análise dos resultados consiste na discussão técnica dos resultados,
onde se destacam aproximações e distanciamentos do caso específico (como
relatado na segunda parte da metodologia), em relação ao perfil genérico da
temática (como apresentado no referencial teórico). É o “laudo técnico” do
investigador/relator e costuma ser a sua principal contribuição.
Com base nos elementos analisados, faz-se recomendações/sugestões
para futuro tratamento de problemas semelhantes. Normalmente (com base na
análise dos resultados deste caso específico), recomendam-se/sugerem-se
possíveis aplicações em experiências semelhantes, seja de cuidados especiais a
serem observados, seja de ajustes julgados necessários, de modo a repetir o
sucesso do caso relatado ou superar as suas limitações.
A conclusão dos textos científicos conta com duas partes importantes:
síntese dos principais idéias e parágrafo conclusivo ( ou conclusão propriamente
dita). As principais idéias deverão ser sintetizadas a partir dos capítulos ou partes
do texto. Isto é, recolhem-se as idéias mais importantes desenvolvidas em cada
capítulo ou parte e, com elas, montam-se parágrafos. Normalmente, cada capítulo
ou parte gera um parágrafo de conclusão. O parágrafo conclusivo é o fechamento
do texto propriamente dito. É naturalmente iniciado por expressões do tipo
83

“Diante disto, conclui-se que ...” ou “Tendo em vista o acima exposto, conclui-se
que ...” ou “Considerando as idéias acima, conclui-se que ...”. Faz-se então o
fechamento, a conclusão, em função do objetivo geral da investigação que se
desenvolveu e que foi proposto lá atrás, no planejamento.
Referências é a relação das fontes efetivamente consultadas no decorrer
da investigação científica. Consta da apresentação identificada de documentos
impressos e registrados (livros, periódicos, materiais cartográficos, gravações
sonoras, gravações de vídeo, etc.), bem como de documentos eletrônicos
(disquetes, CD-ROM, discos rígidos, e-mail etc.), acessados por protocolos como
http (hypertext transfer protocol) www (world wide web) ftp (file transfer protocol) e
outros. É um dos elementos que devem obrigatoriamente constar ao final dos
textos acadêmicos/científicos.
Devem-se utilizar os mesmos tipos e corpos utilizados no restante do texto.
É importante que se mantenha a uniformidade, de modo que o leitor entenda o
padrão utilizado. Duas situações especiais: deve-se utilizar caixa-alta
(MAIÚSCULAS) na palavra de entrada da obra (nome do(s) autor(es), ou outro
termo que irá iniciar a identificação da obra. Grifo (destaque em negrito, itálico,
sublinha) deve ser utilizado no título da obra. Se for parte de uma obra, reserva-
se o grifo para o título da obra maior, cuja parte se está referenciando. Por
exemplo, vai grifado o título do livro, e não o do capítulo utilizado ( que irá entre
aspas); ou o nome do jornal, da revista, e não o título do artigo (que irá entre
aspas).
Por exemplo:
SANTOS, A. R. dos. “Conhecer ou não conhecer: eis a diferença.” In: CORDI, C. et
alii. Para Filosofar. 6. ed. São Paulo: Scipione, 1994.

SILVA, J. da. “Receita Federal aperta o contribuinte”. Gazeta da Manhã. Rio


Branco, 30 - abr- 1998.

As obras são listadas por ordem alfabética das palavras de entrada,


normalmente os nomes de autores, pessoas físicas ou jurídicas. Se houver duas
ou mais obras do mesmo autor, não é necessário repetir o nome. Na posição, ao
invés, faz-se apenas um traço horizontal de seis toques.

Por exemplo:
84

SANTOS, A. R. dos. Ética: caminhos da realização humana. (etc.).


_____________ Repensando a Filosofia. Prólogo ao Comentário de Ockham às
Sentenças ...(etc.)
Todas as informações a respeito do formato de todas as referências a
materiais bibliográficos serão apresentadas no texto da apostila do 3o.Seminário
de Aquisição e Aplicação de Conteúdos. 31

3 Esclarecimentos e adequações
Não é supérfluo relembrar que a produção de conteúdos científicos deve ter
originalidade (não necessariamente ineditismo). Um estudo de caso, como
qualquer outra atividade de pesquisa científica, envolve duas competências
distintas: a produção de conhecimentos e a apresentação escrita destes
conhecimentos. O planejamento (e o projeto de pesquisa científica resultante), e a
execução da coleta de dados (em função do que se planejou) são atividades que
produzem as “idéias” do pesquisador (o “texto pensado”). A execução da redação
do texto e sua formatação conforme normas da ABNT (que transforma o “texto
pensado” em texto escrito e que torna o texto escrito “pessoal” um texto “público”)
são atividades ligadas à necessidade de apresentação gráfica do texto. Também o
estudo de casos envolve, portanto, duas competências (produção e apresentação
escrita), três processos (planejamento, execução, apresentação gráfica) e quatro
produtos (projeto, “texto pensado”, texto escrito “pessoal”, texto escrito “público”).
O texto assim apresentado contém todos os elementos que permitem o
cumprimento da principal finalidade do texto científico: ensinar, sistemática e
metodicamente, conteúdos de uma ciência.
Com freqüência surge a pergunta: o que se deve apresentar de um “case”,
em uma situação de discussão científica/acadêmica?
A resposta a esta pergunta remete para a questão didática. Ou seja, deve-
se fazer diferentes planos de apresentação (oral ou mesmo escrita), para
diferentes situações de ensino e aprendizagem. Para isso, como em qualquer
plano de exposição, consideram-se primeiro os objetivos pretendidos para aquela
situação. Em função deles, escolhem-se (dentro do conteúdo pronto do relatório),
os conteúdos/informações a serem destacados para aquela situação. E em

31 Cf. também SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do


conhecimento. 6. ed. RJ: DP&A, 1999. p. 142-153.
85

função do conteúdo escolhido, estabelecem-se estratégias de apresentação


(técnicas de exposição, materiais de apoio, tempo a ser utilizado etc). Pode
acontecer, por exemplo, que em dada situação seja importante destacar o
referencial teórico: o restante do conteúdo/texto seria ilustrativo (“reserva
técnica”). Em outra situação, pode ser importante destacar o relato sistemático
dos acontecimentos: o restante entraria como ilustração, apoio, proposta etc.
Á guisa de conclusão destas reflexões, alguns pontos merecem destaque:
a) o estudo científico de um caso deve seguir exigências metodológicas de
sistematização, tanto na sua construção quanto na sua apresentação;
b) a apresentação dos resultados deste estudo (o conteúdo científico construído)
sujeita-se à necessidades de ensino/aprendizagem específicas (questão didática).

* * *

APÊNDICE C - MODELO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA 32

OSCILAÇÃO COMPORTAMENTAL DO GESTOR


E SUA INTERFERÊNCIA NA MUDANÇA ORGANIZACIONAL

Adriano Kulpa (ISAE-FGV) adkulpa@pop.com.br


Cláudia M. Pagani (ISAE-FGV) cmpagani@sercomtel.com.br
Cláudio A. Gonçalves (ISAE-FGV) claudiogoncalves@mapnet.com.br

32
Este texto foi produzido para o 1º. Fórum de Produção Científica, do MBA Executivo em
Gerencia por Projetos, turma ISAE-FGV 2005, de Londrina. Foi revisado conforme os objetivos
metodológicos do 1º. Fórum pelos professores Dr. Antonio Raimundo dos Santos e Ms. Luciano
Salamacha. Os autores, alunos participantes do PERSPECTIVAÇÃO e deste projeto, gentilmente o
cederam para que aqui constasse como modelo.
86

Enio Tavares (ISAE-FGV) enio@moinhoglobo.com.br


Lucineide A. Bocato (ISAE-FGV) lubocato@onda.com.br
Salvador Rodrigues Filho (ISAE-FGV) rodriguesfilho@sercomtel.com.br
Valéria Rosa (ISAE-FGV) valeria.rosa@dixietoga.com.br

RESUMO

Este artigo busca analisar como o patrocinador, um aliado conscientemente


comprometido com a mudança em sua empresa, pode atuar como um bloqueador no
decorrer do processo. Procura demonstrar que, como líder, cabe a ele não só discursar,
mas principalmente exemplificar com atitudes a aceitação diante do novo e a decisão de
adotar novas posturas, relações e procedimentos. Apresenta conceitos sobre mudança
organizacional e sua importância para manter a competitividade, a atuação dos
stakeholders e seus papéis na mudança. Contextualiza a liderança e seus estilos e de que
forma a atitude do líder repercute autorizando ou desabonando a mudança em todos os
níveis hierárquicos. Menciona que: atitudes favoráveis ou inibidoras à mudança são
inconscientes e inerentes ao ser humano e parte natural do comportamento nas relações
interpessoais. Finalmente, apresenta um estudo de caso de um grupo do setor de
agronegócios do interior do Paraná, que buscou assessoria externa para promover uma
reestruturação organizacional e a implantação do profissionalismo na empresa, antes
gerenciada de modo familiar e informal. Como resultado, a mudança do comportamento
do gestor desencadeou um processo facilitador nos demais níveis hierárquicos, com
abertura efetiva, maior aceitação pelas mudanças nas atribuições e responsabilidades,
redução de custos e aumento da produtividade, decorrentes de uma postura mais
profissional adotada pelos colaboradores.

PALAVRAS-CHAVE

mudança organizacional, patrocinador, comprometimento, cultura organizacional

INTRODUÇÃO

O ambiente externo, através da evolução da tecnologia, da ciência e da


comunicação, tem forçado empresas a aprimorar sua gestão para manter sua posição no
mercado. Cada vez mais as empresas são pressionadas a reduzir custos, melhorar
qualidade, aumentar produtividade e inovar. Assim, a capacidade da empresa em
promover mudanças é essencial na adaptação deste novo contexto de criação e
manutenção da vantagem competitiva.
Porém, mudança pode ser algo nem sempre aceito como positivo pelos
colaboradores da organização, pois a percepção sobre seus benefícios ora se mostra
positiva, ora negativa, de acordo com o conforto ou desconforto gerado nos mesmos.
Assim, as pessoas podem externar serem favoráveis, porém adotar posturas que
dificultam ou até impedem a conclusão da mudança. De qualquer forma, se a organização
não mudar, a concorrência pode fazê-lo e conseguir ser mais competitiva, conquistando
parte significativa do mercado.
A resistência parece ser um processo natural em qualquer mudança. Segundo
Kotter (1996), o lado negativo da mudança é inevitável, mas uma quantidade significativa
de desperdício e angústia pode ser evitada. A condução do processo de mudança deve
passar por um planejamento cuidadoso e principalmente de comprometimento da alta
gerência, pois recomenda-se que seja feita do topo para a base. Peter Druker (1999), diz
87

que o líder da mudança tem que estar comprometido com a política de mudança e estar
disposto a “abandonar o ontem”.
Este texto tem por finalidade demonstrar como a oscilação do comportamento do
gestor pode interferir positiva ou negativamente no processo de mudança.
Como esclarecimento do problema e sustentação teórica, apresenta-se o seguinte
referencial: Conceitos de mudança, Passos para a implementação da mudança,
Stakeholders e seus papéis na mudança, O patrocinador e sua interferência como líder no
processo de mudança e Coaching. Na seqüência, apresenta-se estudo de caso de um
grupo que atua no setor de agronegócios e que percebeu a necessidade de iniciar um
processo de reorganização. Durante este processo notou-se que o patrocinador, que se
posicionava como o grande incentivador da mudança, paradoxalmente em alguns
momentos atuava como bloqueador do processo.

REFERENCIAL TEÓRICO
1 Conceitos de mudança organizacional
O conceito de mudança organizacional (ou desenvolvimento organizacional) pode
ser definido de várias maneiras. A Tabela 1 cita algumas delas, a partir de seus autores
(Jacobsohn, 2003).

Autor Conceito de mudança


Beckahrd (1969) Esforço planejado, que abrange toda a organização e
administrado do alto, para aumentar a eficiência e a saúde da
organização através de intervenções planejadas nos
“procedimentos” da organização e usando os conhecimentos
fornecidos pelas ciências do comportamento.
Bennis (1972) Resposta à mudança, uma complexa estratégia educacional
que tem por finalidade mudar crenças, atitudes, valores e a
estrutura da empresa, de modo que elas possam melhor
adaptar-se aos novos mercados, tecnologias e desafios e ao
próprio ritmo vertiginoso da mudança.
Lawrence & Lorsch (1972) Modificação que conduzirá a um melhor ajustamento entre a
organização e as demandas do seu ambiente e/ou a um
melhor ajustamento entre a organização e as necessidades dos
contribuintes individuais.
Zaltman & Duncan (1977) Re-aprendizado do indivíduo ou grupo em resposta a novos
requerimentos percebidos de uma determinada situação,
exigindo ação e resultando em mudança na estrutura e/ou
funcionamento de sistemas sociais.
Robbins (1999) Termo usado para compreender um conjunto de intervenções
de mudança planejada construídas sobre valores democrático-
humanistas que buscam aprimorar a eficácia organizacional e
o bem-estar do empregado.

2 Passos para implementar a mudança


Vários autores, como Beckard, Conner, Kotter e Fahey & Randall propuseram
modelos de mudança organizacional (Jacobsohn, 2003). Todos estes modelos têm pontos
em comum e de certa forma, se complementam. Jacobsohn ( 2003) faz uma análise destes
modelos e identifica sete aspectos essenciais em um processo de mudança: (1) diagnóstico
interno; (2) construção do comprometimento; (3) patrocínio da mudança; (4) visão da
mudança; (5) estratégia da mudança; (6) implementação da ação; (7) controle e avaliação.
88

A introdução de uma grande mudança só é possível quando o custo de se manter

a situação presente é maior que o custo desta mudança, tornando-a inevitável (Conner,

1992).

Uma vez detectada a necessidade de mudança, é necessário realizar um


diagnóstico interno, analisar o ambiente externo e o interno, a fim de rever ameaças e
oportunidades, pontos fortes e fraquezas. Beckhard (1969) cita os principais fatos que
levam ao fracasso na implantação de um projeto:
• Excesso de dependência de auxílio externo ou de especialistas internos e falta de
comprometimento da administração em relação a problemas e suas soluções;
• Falta de metas de mudança, apesar da existência de um programa;
• Clareza quanto ao objetivo da mudança, de forma a justificar os meios
implementados;
• Discrepância entre o discurso da alta administração e seu efetivo comportamento,
em relação aos valores e estilos;
• Falta de sincronismo entre o esforço de mudança na alta administração e o os
esforços no nível médio da organização;
• Tentativa de introdução de uma mudança organizacional em uma estrutura
existente antiquada.

3 Stakeholders e seus papéis na mudança


Stakeholders são pessoas ou organizações que estão ativamente envolvidos com o
processo de mudança ou cujos interesses podem ser afetados por ela. Podem ser clientes,
tanto internos quanto externos, fornecedores, concorrentes, orgãos reguladores (Salles,
2005).
É necessário definir quem são os stakeholders, quais seus papéis e como eles
podem contribuir ou dificultar o processo de mudança. Para cada um deles, deve-se
traçar uma estratégia de abordagem a fim de minimizar resistências e dissidências.
Pode-se dividir os stakeholders em quatro categorias:
a) Patrocinador: é o elemento crítico no processo de mudança. É ele quem dá
legitimidade à mudança e pode pôr a perder todo o projeto ou fazer dele um sucesso.
b) Agentes: são responsáveis pela implementação efetiva da mudança. Devem
identificar aqueles que podem contribuir positiva ou negativamente com a mudança
(alvos), fortalecer o apoio positivo e neutralizar resistências. Com isso, mantêm a sinergia
entre os stakeholders e o comprometimento de todos com o projeto.
c) Alvos: são aqueles influenciados diretamente pela mudança e que normalmente
resistem a ela. Vale lembrar que alguns podem ter resiliência suficiente para aceitar a
mudança e ainda influenciar os que são contra ela. Segundo Salles (2005), resiliência é a
capacidade de absorver altos níveis de mudanças, apresentando um mínimo
comportamento disfuncional.
d) Advogados: defendem a mudança, mas em geral não são diretamente afetados
por ela.
Os stakeholders podem agir de diferentes maneiras, e de acordo com o seu grau de
influência no projeto podem ser classificados como: aliados, bloqueadores, membros da
rede e desaceleradores, conforme Figura 1 (Salles, 2005).
Os aliados estão na base do poder, e nesta classificação se inclui o patrocinador.
No caso apresentado, o patrocinador é o gestor e sócio principal da empresa. Portanto, ele
tem toda a legitimidade para implantar o processo de mudança.
Os bloqueadores também têm grande influência no projeto e são desfavoráveis à
mudança, afetando os demais alvos. É importante usar a comunicação, através dos
aliados para tentar buscar o apoio dos bloqueadores ou mudar seu grau de interesse no
projeto. Nesta categoria se incluem diretores e gerentes.
89

Membros da rede são favoráveis à mudança, mas seu grau de influência é baixo,
porém podem ser uma arma para ajudar a convencer os desaceleradores. Em geral, estão
na classe produtiva ou administrativa da organização.
Os desaceleradores também têm baixo grau de influência, mas podem atrapalhar o
processo. É importante usar a comunicação para tentar convencê-los da necessidade da
mudança. O fundamental é que o Patrocinador esteja sempre envolvido e dando apoio às
decisões e estratégias que os Agentes propõem na organização.

4 O patrocinador e sua interferência como líder no processo de mudança


MOSCOVICI diz que

toda mudança provoca resistência. Em geral, as pessoas sentem medo do novo, do


desconhecido, do que não lhes é familiar. A percepção vem acompanhada de um
sentimento de ameaça à situação já organizada e segura da pessoa. A ameaça
contida na percepção da mudança pode ser real ou imaginária, mas os seus efeitos
são bem reais e concretos em manifestações fisiológicas, psicológicas e sociais
variadas. (2001, p.159),

Ainda segundo MOSCOVICI (1997, p. 169),

Os grupos humanos necessitam líderes competentes para sobreviver e desenvolver


plenamente seus recursos e potencialidades...A conceituação de “líder competente”,
no contexto organizacional, está relacionada à cultura da organização, a seus valores
e normas, explícita ou implicitamente.

Para Doval, mudanças caracterizam-se pela ambigüidade – conflito fundamental


que envolve o homem no momento em que se defronta com a necessidade de mudar, e
seu natural apego à estabilidade – que por sua vez gera ansiedade, vulnerabilidade e
crise. Desta forma pode-se afirmar que os grupos passam por processos similares aos dos
indivíduos tomados isoladamente, como quando analisados pelo método psicanalítico e
que esse modelo de análise muito contribuiu para a elucidação do movimento e
mecanismos de grupos. O conflito também seria a palavra chave quando se analisa a
resistência à mudança em grupos. Na tentativa de evitar o desprazer que esse jogo de
forças consciente/inconsciente provoca, os grupos lançam mão de estratégias para lidar
com as suas energias instintivas”.
Liderança é um tipo de comportamento altamente variável, que depende da
pessoa, dos seus subordinados, da natureza do trabalho e do tipo de situação do
problema a ser resolvido. Por isso, não se pode fazer generalizações muito simples sobre
liderança. Existem duas formas de aumentar a compreensão sobre o comportamento do
líder. A primeira, os tipos de pressuposições básicas que o indivíduo faz sobre as pessoas
e que condicionam seu modo de tratar com elas, sendo portanto, muito importante tomar
conhecimento dos pressupostos de cada um sobre outras pessoas. A segunda, o líder tem
várias escolhas quanto ao grau de centralização do controle e quanto à flexibilidade
necessária em diferentes ocasiões. Diagnosticando suas próprias forças, as de seus
subordinados e as da situação, ele pode aumentar sua flexibilidade e conseqüentemente,
sua eficiência. Maximiniano (2002), define liderança como o processo de influenciar e
conduzir as pessoas para que estas realizem os objetivos estipulados pela organização.
Para isto é necessário que o líder saiba influenciar o comportamento da equipe para
atingir esses objetivos. Estabelece que os principais tipos de liderança são: autocrática:
quando o poder de decisão concentra-se totalmente no líder; democrática: quando o líder
envolve sua equipe na tomada de decisão.
Destas concepções surgem estilos de liderança que procuram adequar-se às
organizações. Entre eles destacam-se:
a) liderança orientada para a tarefa: nela, o líder preocupa-se mais com a tarefa
do que com a equipe que a executa, sendo por isso, o líder classificado como autocrático e
socialmente distante;
90

b) liderança orientada para pessoas: o líder acredita que deve ser criado um clima
na organização em que as pessoas da equipe sintam-se confortáveis. Nesse caso, o líder é
classificado como democrático, preocupado com seus funcionários.
c) liderança situacional: a essência deste estilo de liderança diz que para ser eficaz,
o tipo de liderança (autocrático ou democrático) deve ajustar-se à situação que a
organização está enfrentando; e
d) liderança carismática: neste estilo, os seguidores são profundamente afetados
pelo líder, deixando seus próprios interesses e passando a trabalhar exclusivamente para
a concretização dos objetivos da organização.

5 Coaching
Segundo Araújo (1999), coach é o papel assumido por um indivíduo quando ele se
compromete a apoiar outro a atingir determinado resultado. Portanto, o processo de
coaching inicia-se quando uma pessoa procura apoio de outra para resolver um problema
ou realizar um projeto seu.
A função do coach é dar poder à outra pessoa para que esta produza e suas
intenções se transformem em ações que, por sua vez, geram resultados. Nesse contexto,
coaching é essencialmente empowerment, ou seja, dar poder para que o outro adquira
competências, produza mudanças específicas à sua vida e, principalmente, transforme a
si mesmo.
Araújo divide o processo de coaching em 4 etapas:
1) Construção de uma parceria sólida, consciente, baseada em confiança mútua e
maturidade para assumir e cumprir todas as responsabilidades acordadas.
2) Definição do desejo que o cliente quer realizar, sua visão de futuro. A visão da
empresa é estratificada na visão da equipe e, finalmente, na visão do cliente.
3) Análise da trajetória de realizações do coach e do cliente, necessária para que
ambos se conheçam bem, visando explorar com competência os talentos um do
outro.
4) Plano de ação. Após conhecer melhor o cliente, o coach identifica o gap entre
sua situação / competências atuais e sua visão. A partir daí define-se a
seqüência de ações necessárias para a transformação da situação atual nos
objetivos do cliente.

METODOLOGIA
Um exemplo da influência do gestor da empresa no processo de mudança pode ser
encontrado no estudo de caso de uma empresa que atua com agronegócios no interior do
Paraná. De origem familiar, iniciou suas atividades com o comércio de grãos e foi
expandindo seus negócios para as áreas de comercialização de insumos agrícolas,
industrialização de produtos de milho, transporte e varejo de cereais.
Com a expansão rápida e desestruturada, o gestor principal percebeu que não
conseguia mais controlar os negócios, tornando-se difícil avaliar com segurança qual
empresa do grupo apresentava prejuízo, qual gerava lucro e qual a veracidade dos
números produzidos por funcionários diretamente ligados a ele. Esta situação chegou a
criar uma vulnerabilidade nos controles e funcionamento, o que inviabilizava um
planejamento a médio e longo prazo, crucial para a manutenção da competitividade.
Em geral os colaboradores se reportavam diretamente ao gestor principal,
possivelmente por perceberem maior facilidade de obter o que desejavam. Predominava o
interesse individual, o desacato aos procedimentos e às instruções resultantes de
reuniões, que tinham certa freqüência, mas cujas decisões não eram colocadas em
prática.
Percebendo que esta postura era comum aos colaboradores, independente do nível
hierárquico e que isto possivelmente impedia a continuidade da expansão e que a
empresa corria riscos de prejuízos materiais e de posicionamento no mercado local e
91

regional, o gestor motivou-se a buscar assessoria de uma empresa especializada em


gestão empresarial.
Diagnosticado o quadro geral do grupo, inicialmente foi proposto um trabalho de
coaching com o gestor, que visou auxiliá-lo a identificar como vinha estabelecendo
contratações, relações inter-pessoais e tomadas de decisão relativas ao grupo. A partir da
identificação de seu estilo pessoal de liderança, dos seus pontos fortes e suas
dificuldades, foi traçado um objetivo para exercer adequadamente seu papel. Atuando em
reuniões quinzenais com duração de uma hora e meia cada, gestor e consultoria
realizaram análises conjuntas dos fatos predominantes no processo de mudança e da
atuação do gestor em cada situação escolhida por ele ou sugerida pela consultoria.
Após a preparação inicial do gestor, foi criado um grupo de gerentes que iniciou o
desenvolvimento de competências para liderança. Na seqüência, formou-se também um
grupo de multiplicadores para divulgar e estimular maior adesão ao processo de
mudança. Ambos os grupos serviram como base de estudo para o gestor identificar sua
real atuação diante das diversas situações corriqueiras, as quais eram estimuladas pela
consultoria em encontros de 4 horas com cada grupo (de gerentes e de multiplicadores).
Apesar de ser o patrocinador e desejar efetivamente a mudança, o gestor oscilou
seu comportamento entre a flexibilidade e a resistência. Como o trabalho de coaching e os
encontros com os grupos eram atividades simultâneas, sempre que, nos encontros
grupais se identificava uma postura positiva do gestor, nos encontros de coaching esta
postura era validada pela consultoria, orientando para manter e repetir a postura. O
mesmo ocorria ao identificar posturas não construtivas, sendo que em relação a estas a
proposta era tomar consciência e não repetir o comportamento.
Finalmente, o processo contemplou que na medida em que o gestor fosse
identificando suas escolhas e tomando consciência do impacto das mesmas nos
resultados empresariais, pudesse adotar novas medidas, mais congruentes com sua
própria proposta de mudança. Este comportamento poderia ser refletido e multiplicado
nos demais níveis hierárquicos da organização.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS


Inicialmente, o gestor preferiu manter o foco em questões administrativas, base
mais segura para sua atuação. Após alguns encontros, reconheceu a dificuldade de
descentralizar, de “abrir mão” e demonstrou insegurança por perceber estar em um
paradoxo: a necessidade da descentralização e a vulnerabilidade da empresa. De acordo
com Simões (2001), esta atitude é comum a gestores e está baseada em sentimentos de
insegurança e desconfiança. O gestor acredita que delegar pode diminuir seu poder de
controle. Além disso, ele acredita que é mais eficiente e rápido na execução das tarefas do
que seus colaboradores.
O gestor teve um comportamento predominantemente democrático, mas em
alguns momentos com atitude de líder autocrático, pois seu desejo inconsciente era ter
controle sobre tudo e ao mesmo tempo queria ser popular e afetuoso com seus
colaboradores. Liderava orientado para as pessoas, dando prioridade ao conforto da
equipe, por isto acatava pressões que prejudicavam a organização, haja vista que os
colaboradores não atuavam em equipe, prevalecendo uma série de “confortos individuais”.
Ao ser apresentada a necessidade de rever a interação com o outro sócio, surgiram
novas percepções e abertura para transferir algumas responsabilidades, inclusive por
perceber o entusiasmo e disposição do sócio em assumir tais responsabilidades. Na
prática, esta interação ficou limitada a questões de menor impacto nos negócios. Talvez
tenha sido uma maneira escolhida pelo gestor de tentar corresponder ao discurso da
descentralização, mas assegurando seu controle real sobre a empresa. O gestor ainda não
estava preparado para efetivar a delegação.
Cerca de dois meses e quatro encontros de coaching depois, a confiança entre
gestor e coach se consolidou e houve um avanço em relação à identificação da
interferência de questões pessoais no desempenho da empresa. Este avanço esteve
92

relacionado à maior abertura do gestor para receber feedbacks. Retomou-se o processo de


análise dos papéis e relacionamento entre os sócios, além de avaliar o impacto da
ansiedade do gestor sobre a iniciativa do outro sócio e sobre a equipe como um todo. O
próximo passo foi levar o gestor a identificar como aumentar seu potencial, além de
instruir sobre como obter maior clareza nos procedimentos e disciplina da equipe.
Neste ponto, o gestor teve uma atitude bloqueadora. Ao ser orientado para delegar
o controle do fluxo de caixa de cada unidade, após autorizar a implantação do novo
procedimento, optou por não cobrar dos gerentes esta atividade, justificando questões
ligadas à vulnerabilidade da empresa e também ao preparo insuficiente dos gerentes para
desempenhar este e outros papéis ligados ao cargo de gerência. Percebendo o sinal de
resistência, esta decisão foi acatada pela consultoria, que retomou a questão num outro
momento, após a conclusão deste processo de mudança.
O gestor passou então a ver com mais otimismo o empenho e desejo de mudança
do outro sócio. Neste ponto, foi retomado o estímulo à delegação efetiva de atividades e
decisões sem, no entanto, delegar a responsabilidade. Na ocasião, a abertura teve um
grau mais elevado do que na primeira tentativa.
Houve várias idas e vindas quanto à descentralização, cessão de responsabilidades
ao outro sócio e aos gerentes e à postura de agir de acordo com o discursado, além da
questão da confiança, dita imprescindível, mas pouco praticada pelo gestor. Houve
também preferência por tratar de assuntos administrativos, práticos; o que retardou o
processo de auto-conhecimento e percepção dos comportamentos que potencializam e que
fragilizam o processo de mudança. O gestor reconheceu ainda ter descoberto que os
gerentes não estavam tão preparados como imaginava no início do processo, necessitando
então continuar desenvolvendo suas competências. Fator positivo foi sua conscientização
de que ele precisaria tomar a iniciativa de apoiar publicamente os cargos delegados aos
gerentes. Neste ponto, decidiu correr riscos para permitir a efetiva assunção dos cargos
nomeados. Houve então um desempenho significativo no papel estratégico do gestor.
Ao encerrar o processo, o gestor manifestou ter-se conscientizado sobre a
importância do auto-conhecimento e do auto desenvolvimento, necessários para
compreender atitudes próprias e desenvolvê-las, pois suas atitudes permitem ou não
efetivar a mudança, tão almejada pelo mesmo.
Seguindo os passos mencionados, os resultados finais foram positivos, podendo
citar:
a) o reconhecimento e a declaração pelo gestor principal de que a maior
responsabilidade pela fragilidade nos limites estabelecidos no grupo decorre de sua
dificuldade em atuar com o profissionalismo que o padrão da empresa exige;
b) a aceitação e o respeito efetivos à autonomia dos gerentes, por parte dos cerca de
150 colaboradores do grupo, que passaram a reportar-se efetivamente aos primeiros.
Assim, criou-se soluções imediatas para problemas sobre os quais os gerentes passaram
a ter autonomia para decidir, possibilitando ao gestor maior tempo para atuar
estrategicamente;
c( estabelecimento de novos controles, mais pontuais e assertivos, acompanhados
agora periodicamente pelo gestor, mas preparados pelos gerentes, como forma de efetivar
a delegação e promover a confiança;
d) a otimização do processo de tomada de decisão, que contempla decisões
estratégicas pelo gestor e seus sócios familiares, táticas pelos gerentes, e operacionais
pelos encarregados e seus sub-grupos;
e) a substituição de alguns funcionários, o remanejamento de outros e ações de
reconhecimento (premiações e remuneração sobre os resultados), como conseqüência do
desenvolvimento de uma capacidade de responsabilizar as pessoas por seu desempenho;
e
f) a otimização do planejamento e controle, pela definição de metas em geral. Como
exemplo, a equipe fez um planejamento visando receber 95% dos títulos pendentes
relativos à última safra e conseguiu receber 97,8%, um recorde.
93

ANÁLISE DOS RESULTADOS


Num processo de mudança, a possibilidade de obter êxito parece mesmo estar
diretamente ligada aos cuidados especiais que se toma em relação ao papel da liderança.
Desta forma, compreender o que move e o que mobiliza o gestor pode ser
determinante para saber como atuar adequadamente, mantendo a pró-atividade
necessária para que a organização perceba a pressão da mudança e que ela é definitiva e
inevitável, mas monitorando e agindo com cautela diante do nível de resistência
predominante na empresa, pois ir além deste nível tende ao fracasso da mudança,
especialmente quando o gestor escolhe liderar com ênfase nas pessoas, sem contemplar
as necessidades empresariais do negócio.
Um processo de mudança que pretenda iniciar-se no topo da organização
evidencia a necessidade de possibilitar ao gestor situações nas quais possa tomar contato
com sua própria atitude e assim perceber suas contribuições e barreiras à mudança.
Estas situações podem ser simuladas, estimuladas e estudadas quando se reúne os
“alvos” da mudança.
A experiência vivenciada pela empresa do case em questão evidencia que, apesar
das dificuldades comportamentais do gestor, da oscilação em suas atitudes e dos
momentos críticos ocasionados por tais dificuldades, com uma postura profissional e
cuidado adequado, aproveitando a assessoria de “um olhar externo e ético”, é possível
obter a mudança e atribuir ao grupo o êxito merecido, gerando assim uma verdadeira e
efetiva mudança organizacional.

RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO
As ciências do comportamento podem ser utilizadas com eficácia para obter uma
mudança planejada, quando são tomados os cuidados necessários, contemplando a
organização como um todo.
Podem ser citados como cuidados necessários:
⇒ O coaching (atuação no âmbito do indivíduo e no Nível Estratégico – o
gestor, no caso);
⇒ O desenvolvimento de competências para liderança (atuação no grupo da
gerência, contemplando o Nível Tático);
⇒ A disseminação de uma nova cultura, comunicando e orientando (através
do Grupo Multiplicador).

A interação destas aplicações possibilita aos participantes um novo exercício no


meio empresarial, que auxilia as pessoas a aprenderem entre si e a adotarem novas
formas de pensar e agir, monitorando e re-avaliando continuamente seu próprio
comportamento, independente do papel desempenhado na empresa.
Quando as pessoas vivenciam experiências em grupo, organizadas de forma
planejada e com intenções específicas, é possível que criem mecanismos que permitam a
prática da discussão e compartilhamento, utilizando-se do conhecimento já existente
entre eles.
A sistematização de canais de comunicação, através dos quais o grupo fale sobre
sua atuação e desempenho possibilitam ao gestor a observação sobre si mesmo e sobre
sua equipe, exercitando a competência do auto-desenvolvimento através da análise
contínua de fatos e relações.
A análise dos resultados obtidos após uma ação específica da empresa ou equipe,
identificando as causas e comportamentos humanos que desencadeiam tais situações é
uma forma de tornar consciente e pública a origem da falha, podendo assim evitar
reincidências.
Finalmente, nota-se que é possível efetivar mudança organizacional, apesar da
oscilação comportamental do gestor, desde que estes comportamentos sejam tratados
adequadamente, no momento em que ocorrerem.
94

REFERÊNCIAS

BECKHARD, R. Desenvolvimento Organizacional: estratégias e modelos. São Paulo:


Edgard Blucher, 1969.

CONNER, D. R. Managing at the Speed of Change: How Resilient Managers Succeed and
Prosper Where Others Fail. Nova York: Villard Books, 1992.

DRUCKER, P. Desafios gerenciais para o século XXI. S.P.: Pioneira, 1999.

JACOBSOHN, L. V. “Modelos de desenvolvimento organizacional: Construindo uma nova


abordagem”,. IN: Seminários em Administração FEA-USP, 25a, 26 de março de 2003, São
Paulo.

KOTTER, J.P. Leading Change . Boston: Harvard Business School Press, 1996.

SALLES, C. Mudança Organizacional: Curso de MBA Gerenciamento por Projetos –


apostila. RJ: FGV Management, 2005.

* * *

APÊNDICE D - TAXIONOMIA DOS OBJETIVOS

1. conhecimento 2. compreensão 3. aplicação + 4. análise 5. síntese 6. avaliação

apontar concluir aplicar analisar compor argumentar


calcular deduzir desenvolver categorizar comunicar avaliar
citar demonstrar dramatizar combinar conjugar comparar
classificar descrever empregar contrastar construir decidir
definir determinar esboçar correlacionar coordenar escolher
descrever distinguir estruturar criticar criar estimar
enumerar diferenciar generalizar debater dirigir julgar
enunciar discutir ilustrar deduzir documentar medir
especificar exprimir interpretar discriminar esquematizar precisar
estabelecer induzir operar experimentar modificar taxar
95

identificar inferir organizar investigar planejar validar


marcar interpretar praticar provar produzir valorizar
nomear localizar traçar verificar propor
ordenar modificar usar reunir
reconhecer narrar utilizar sintetizar
registrar preparar
relacionar prever
relatar reorganizar
repetir representar
sublinhar revisar
transcrever

Adaptado de:
BLOOM, Benjamin, et al.. Taxionomia dos objetivos
educacionais: domínio afetivo. Porto Alegre: Globo,
1972.

* * *

APÊNDICE E - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS 33

I LEVANTAMENTOS

1 Características básicas dos levantamentos


As pesquisas deste tipo caracterizam-se ou pela observação direta de um fato,
fenômeno ou processo, ou, mais comumente, pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações
a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida,
mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados
coletados.
Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo
pesquisado, tem-se um censo. Pelas dificuldades materiais que envolvem sua realização,
os censos são desenvolvidos pelos governos ou por instituições de amplos recursos. São
extremamente úteis, pois proporcionam informações gerais acerca das populações, que
são indispensáveis em boa parte das investigações sociais
Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da
população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma
amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objeto de investigação. As
conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do universo,
levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos.

33 Texto adaptado de: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 1993. (cap. IV).
96

2 Vantagens e limitações dos levantamentos


Os levantamentos por amostragem gozam hoje de grande popularidade entre os
pesquisadores sociais, a põnto de muitas pessoas chegarem mesmo a considerar pesquisa
e levantamento social a mesma coisa. Na verdade, o levantamento social é um dos muitos
tipos de pesquisa social, que como todos os outros, apresenta vantagens e limitações.
Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão:
a) conhecimento direto da realidade: a medida que as próprias pessoas informam
acerca de seu comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de
interpretações calcadas no subjetivismo dos pesquisadores.
b) economia e rapidez: desde que se tenha uma equipe de entrevistadores, codificadores
e tabuladores devidamente treinados, torna-se possível a obtenção de grande quantidade
de dados em curto espaço de tempo. Quando os dados são obtidos mediante
questionários, os custos tornam-se relativamente baixos.
c) quantificação: os dados obtidos mediante levantamentos podem ser agrupados em
tabelas, possibilitando a sua análise estatística. As variáveis em estudo podem ser
quantificadas, permitindo o uso de correlaçóes e outros procedimentos estatísticos. A
medida que os levantamentos se valem de amostras probabilísticas, torna-se possível até
mesmo conhecer a margem de erro dos resultados obtidos.
Dentre as principais limitações dos levantamentos estão:
a) ênfase nos aspectos perceptivos: os levantamentos recolhem dados referentes à
percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. Ora, a percepção é subjetiva, o que
pode resultar em dados distorcidos. Há muita diferença entre o que as pessoas fazem ou
sentem e o que elas dizem a esse respeito. Existem alguns recursos para contornar este
problema. É possível, em primeiro lugar, omitir as perguntas que sabidamente a maioria
das pessoas não sabe ou não quer responder. Também se pode, mediante perguntas
indiretas, controlar as respostas dadas pelo informante. Todavia, estes recursos, em
muitos dos casos, são insuficientes para sanar os problemas considerados.
b) pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais: mediante
levantamentos é possível a obtenção de grande quantidade de dados a respeito dos
indivíduos. Como. porém, os fenômenos sociais são determinados sobretudo por fatores
interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram-se pouco adequados para a
investigação profunda desses fenômenos.
c) limitada compreensão dos processos de mudança: o levantamento, de modo geral,
proporciona visão estática do fenômeno estudado. Oferece, por assim dizer, uma espécie
de fotografia de determinado problema, mas não indica suas tendências à variação e
muito menos as possíveis mudanças estruturais. Como tentativa de superação dessas
limitações, vem sendo desenvolvidos com freqüência crescente os levantamentos do tipo
painel, que consistem na coleta de dados da mesma amostra ao longo do tempo. Muitas
informações importantes têm sido obtidas mediante esses procedimentos,
particularmente em estudos sobre nível de renda e desemprego. Entretanto, os levant-
amentos do tipo painel apresentam séria limitação, que é a progressiva redução da
amostra por causas diversas, tais como mudança de residência e fadiga dos
respondentes.
Considerando as vantagens e limitações acima expostas, pode-se dizer que os
levantamentos tornam-se muito mais adequados para estudos descritivos que
explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e
psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados,
como preferência eleitoral e comportamento do consumidor. São muito úteis para o
estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas referentes
a relações e estruturas sociais complexas.

II PESQUISA EXPERIMENTAL

1 Conceituação
De modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica.
Essencialmente a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo,
97

selecionar as variáveis que sejam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e


de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
O esquema básico da experimentação pode ser assim descrito: seja Z o fenômeno
estudado, que em condições não experimentais se apresenta perante os fatores A, B, C e
D. A primeira prova consiste em controlar cada um desses fatores, anulando sua
influência, para observar o que ocorre com os restantes. Seja o exemplo:
A, B e C produzem Z
A, B e D não produzem Z
B, C e D produzem Z

Dos resultados dessas provas pode-se inferir que C é condição para a produção de Z.
Se for comprovado ainda que unicamente com o fator C, excluindo-se os demais, Z
também ocorre, pode-se também afirmar que C é condição necessária e suficiente para a
ocorrência de Z, ou, em outras palavras, que é sua causa. Claro que o exemplo aqui
citado é extremamente simples, pois na prática verificam-se condicionamentos dos mais
diferentes tipos, o que exige um trabalho bastante intenso, tanto para controlar a
quantidade de variáveis envolvidas quanto para mensurá-las.
Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais corno porções de líquidos,
bactérias ou ratos, não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de
experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com objetos sociais, ou seja,
com pessoas, grupos ou instituicoes, as limitações tornam-se bastante evidentes.
Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente
nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram
adequados apenas a um reduzido número de situações. Todavia, são cada vez mais
freqüentes experimentos nas ciências humanas, sobretudo na Psicologia (por exemplo:
aprendizagem), na Psicologia Social (por exemplo: medição de atitudes, estudo do
comportamento de pequenos grupos, análise dos efeitos da propaganda etc.) e na
Sociologia do trabalho (por exemplo: influência de fatores sociais na produtividade).

2 Modalidades de pesquisa experimental


Existem diversas modalidades de pesquisa experimental. As três tais comuns são:
a) experimentos “apenas depois”:
Neste caso são constituídos dois grupos, denominados “grupo experimental” e “grupo de
controle”. Estes grupos devem apresentar a maior homogeneidade em relação a todas as
características relevantes que posas ser possível controlar. Constituídos os grupos,
aplica-se o estímulo apenas ao experimental, e finalmente procede-se à medição das
características de ambos. Como os grupos foram previamente homogeneizados, infere-se
que toda variação significativa entre eles será decorrente do estimulo aplicado.
b) experimentos “antes-depois” com um único grupo:
Este é o esquema mais simples de experimentação. E constituído por um grupo,
geralmente reduzido, préviamente definido quanto a suas características fundamentais.
Suponha-se que haja interesse em verificar a influência da iluminação na produtividade
de um grupo de trabalhadores. Para tanto, toma-se um grupo de trabalhadores que
estejam realizando suas tarefas com iluminação fraca e mede-se sua produtividade. A
seguir, introduz-se, como estímulo, melhor iluminação. Por fim, mede-se novamente a
produtividade do grupo. Se houver diferença significativa entre o nível de produtividade
antes e depois da introdução do estímulo, poder-se-á atribuí-la à melhoria das condições
de iluminação.
c) “antes-depois”, com dois grupos:
Neste caso, o grupo experimental e o de controle são medidos no início e no fim do
período experimental. O estimulo é introduzido apenas no grupo experimental. Como o
grupo de controle e o experimental são submetidos à mensuração inicial e às influências
contemporâneas, a diferença entre os resultados dos dois grupos constitui medida da
influência do estímulo introduzido. Para alguns autores, apenas as pesquisas deste grupo
podem ser consideradas rigidamente experimentais. As duas primeiras modalidades se-
riam pré-experimentais.
98

3 Vantagens e limitações da pesquisa experimental


São indiscutíveis as vantagens da pesquisa experimental. Ninguém duvida que boa
parte daquilo que se conhece nas ciências físicas e biológicas foi obtido mediante
procedimentos experimentais. E nas ciências humanas é o delineamento experimental o
que possibilita o mais elevado grau de clareza, precisão e objetividade aos resultados.
Contudo, a pesquisa experimental, por exigir previsão de relações entre as variáveis a
serem estudadas, bem como o seu controle, torna-se, em boa parte dos casos, inviáveI,
quando se trata de objetos sociais.

III PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

1 Conceituação
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
oonstituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exc!usivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode
ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como
aquelas que se propõem à analise das diversas posições acerca de um problema, também
costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

2 Classificação das fontes bibliográficas.


As fontes bibliográficas são em grande número e podem ser assim classificadas:

livros de leitura corrente dicionários


enciclopédias
livros de informativa anuários
referência almanaques
fontes remissiva
bibliográficas
publicações jornais
periódicas revistas

impressos diversos

2.1 Livros de leitura corrente


Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência. Em função de sua forma
de utilização, podem ser classificados como de leitura corrente ou de referência.
Os livros de leitura corrente abrangem as obras referentes aos diversos gêneros
literários (romance, poesia, teatro etc.) e também as obras de divulgação, isto é, as que
objetivam proporcionar conhecimentos científicos ou técnicos.

2.2 Livros de referência


Os livros de referência, também denominados livros de consulta, são aqueles que
têm por objetivo possibilitar a rápida obtenção das informações requeridas, ou então, a
localização das obras que as contém. Desta forma, pode-se falar em dois tipos de livros de
referência: livros de referência informativa, que contém a informação que se busca, e
livros de referência remissiva, que remetem a outras fontes.
Os principais livros de referência informativa são: dicionários, enciclopédias,
anuários e almanaques. Os livros de referência remissiva podem ser globalmente
designados como catálogos. São constituídos por uma lista ordenada das obras de uma
coleção pública ou privada. Há vários tipos de catálogos, que podem ser classificados de
acordo com o critério de disposição de seus elementos; os tipos mais importantes sáo:
99

alfabético por autores, alfabético por assunto e sistemático. Neste último, as obras sâo
ordenadas segundo as referências lógicas de seu conteúdo.

2.3 Publicações periódicas


Publicações periódicas são aquelas editadas em fascículos, em intervalos regulares
ou irregulares, com a colaboração de vários autores, tratando de assuntos diversos,
embora relacionados a um objetivo mais ou menos definido. As principais pub!icações
periódicas são os jornais e as revistas. Estas últimas representam nos tempos atuais uma
das mais importantes fontes bibliográficas. Enquanto a matéria dos jornais se caracteriza
principalmente pela rapidez, a das revistas tende a ser muito mais profunda e mais bem
elaborada.

3 Vantagens e limitações da pesquisa bibliográfica


A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela
que poderia pesquisar diretamente, Esta vantagem se torna particularmente importante
quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por exemplo,
seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território brasileiro em busca de
dados sobre população ou renda per capita: todavia, se tem à sua disposição uma bi-
bliografia adequada, não terá maiores obstáculos para contar com as informações
requeridas. A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. Em
muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base
em dados bibliográficos.
Estas vantagens da pesquisa bibliográfica têm, no entanto, urna contrapartida que
pode comprometer em muito a qualidade da pesquisa. Muitas vezes as fontes secundárias
apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. Assim, um trabalho
fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo a ampliar esses erros. Para
reduzir esta possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em
que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir
possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as
cuidadosamente.

IV PESQUISA DOCUMENTAL

1 Conceituação
A pesquisa documental assemelha-se muito á pesquisa bibliográfica. A diferença
essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se
utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado
assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa.

2 Fontes documentais
O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa
bibliográfica. Apenas cabe considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes
são constituídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa
documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de outro lado, os
documentos de primeira mão, que não receberam nenhum tratamento analítico. Nesta
categoria estão os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições
privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos etc.
Incluem-se aqui inúmeros outros documentos como cartas pessoais, diários, fotografias,
gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc.
100

De outro lado, há os documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram


analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas
etc.
Nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental, já
que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos para
determinado público. Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultadas nas
pesquisas documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, podem ser tratados como
fontes bibliográficas. Neste sentido é possível até mesmo tratar a pesquisa bibliográfica
como um tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de material impresso
fundamentalmente para fins de leitura.
A maioria das pesquisas realizadas a partir de material impresso pode ser
classificada como bibliográfica. As que se valem de outros tipos de documentos são em
número mais restrito. Todavia, há importantes pesquisas elaboradas exclusivamente a
partir de documentos outros que não aqueles localizados em bibliotecas. Podem-se
identificar pesquisas elaboradas a partir de fontes documentais as mais diversas, tais
como: correspondência pessoal, documentos cartoriais, registros de batismo, epitáfios,
inscrições em banheiros etc.

3 Vantagens e limitações da pesquisa documental


A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens. Primeiramente há que se
considerar que os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como os
documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais importante fonte de dados
em qualquer pesquisa de natureza histórica.
Outra vantagem da pesquisa documental está em seu custo. Como a análise dos
documentos, em muitos casos, além da capacidade do pesquisador exige apenas
disponibilidade de tempo, o custo da pesquisa torna-se significativamente baixo, quando
comparado com o de outras pesquisas. Outra vantagem da pesquisa documental é não
exigir contato com os sujeitos da pesquisa. É sabido que em muitos casos o contato com
sujeitos é difícil ou até mesmo impossível. Em outros, a informação proporcionada pelos
sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato.
É claro que a pesquisa documental também apresenta limitações. As críticas mais
freqüentes a este tipo de pesquisa referem-se à não-representatividade e à subjetividade
dos documentos. São críticas sérias; todavia, o pesquisador experiente tem condições
para, ao menos em parte, contornar essas dificuldades. Para garantir a representatividade
alguns pesquisadores consideram um grande número de documentos e selecionam certo
número pelo critério de aleatoriedade. O problema da objetividade é mais crítico; contudo,
este aspecto é mais ou menos presente em toda investigação social. Por isso é importante
que o pesquisador considere as mais diversas implicações relativas aos documentos,
antes de formular uma conclusão definitiva. Ainda em relação a este problema, convém
lembrar que a!gumas pesquisas elaboradas a partir de documentos são importantes não
porque respondem definitivamente a um problema, mas porque proporcionam melhor
visão desse problema ou, então, hipóteses que conduzem à sua verificação por outros
meios.

V ESTUDO DE CASO

1 Características do estudo de caso


O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante os outros tipos de coleta de dados.
A origem do estudo de caso é bastante remota. Prende-se ao método introduzido
por O. C. Laugdell no ensino jurídico nos Estados Unidos. Sua difusão, entretanto, está
ligada à prática psicoterapêutica caracterizada pela reconstrução da história do indivíduo,
em torno do trabalho dos assistentes sociais junto a indivíduos, grupos e comunidades.
101

Atualmente o estudo de caso é adotado na investigação de fenômenos das mais


diversas áreas do conhecimento.
O estudo de caso pode ser visto como técnica psicoterápica, como método didático
ou como método de pesquisa. Neste último sentido, que é o que interessa neste trabalho,
pode ser definido como “um conjunto do dados que descrevem uma fase ou a totalidade
do processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas suas fixações
culturais, quer seja essa unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma
instituição social, uma comunidade ou uma nação” (Young, 1960, p. 269).
A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por
sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas
complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se
aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente
conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as
informações disponíveis fossem suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes
de comunidades de base e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica
em algum desses tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado.

2 Vantagens e limitações do estudo de caso


O estudo de caso apresenta uma série de vantagens, o que faz com que se tome o
procedimento mais adequado em várias situações. As principais vantagens são:
a) o estímulo a novas descobertas: em virtude da flexibilidade do planejamento do
estudo de caso, o pesquisador, ao longo de seu processo, mantém-se atento a novas
descobertas. E freqüente o pesquisador dispor de um plano inicial e, ao longo da
pesquisa, ter o seu interesse despertado por outros aspectos que não havia previsto. E,
muitas vezes, o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a solução do
problema do que os considerados inicialmente. Daí por que o estudo de caso é altamente
recomendado para a realização de estudos exploratórios.
b) ênfase na totalidade: no estudo de caso, o pesquisador volta-se para a multiplicidade
de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo. Desta forma supera-se um
problema muito comum, sobretudo nos levantamentos, em que a análise individual da
pessoa desaparece em favor da análise de traços.
c) simplicidade dos procedimentos: os procedimentos de coleta e análise de dados
adotados no estudo de caso, quando comparados com os exigidos por outros tipos de
coleta, são bastante simples. Da mesma forma, os relatórios dos estudos de caso
caracterizam-se pela utilização de uma linguagem e de uma forma mais acessível do que
outros relatórios de pesquisa.
É claro que o estudo de caso também apresenta limitações. A mais grave refere-se
à dificuldade de generalização dos resultados obtidos. Pode ocorrer que a umidade
escolhida para investigação seja bastante anormal em relação às muitas de sua espécie.
Naturalmente, os resultados da pesquisa tornar-se-ão bastante equivocados. Por essa
razão cabe lembrar que, embora o estudo de caso se processe de forma relativamente sim-
ples, pode exigir do pesquisador nível de capacitação mais elevado que o requerido para
outros tipos de processo.

* * *
102

APÊNDICE F – NORMAS PARA A REFERÊNCIA DE DOCUMENTOS

A apresentação das REFERÊNCIAS, “o conjunto padronizado de elementos


descritivos retirados de um documento que permite sua identificação individual”,
é regulamentada pela ABNT, por meio da NBR 6023: 2000.
Os elementos essenciais e/ou complementares utilizados devem, sempre
que possível, serem aqueles que constam na folha de rosto dos documentos. Os
documentos podem ser identificados no todo ou nas partes, sejam eles impressos
ou registrados em outras formas de suporte.
Podem-se distinguir os seguintes grupos de documentos:
1. Monografias.
2. Publicações periódicas.
3. Documentos de eventos.
4. Documentos jurídicos.
5. Documentos com imagem e movimento.
6. Documentos iconográficos e cartográficos.
7. Documentos sonoros e musicais.
8. Documentos consultados on line.

1 MONOGRAFIAS (inclui livro, trabalho acadêmico (tese, dissertação, TCC’s),


dicionário, enciclopédia, folheto, manual, guia, catálogo, almanaque.)
a) livros considerados no todo.
Chave:
103

AUTORIA. Título. Edição. Local: Editora, ano. descrição física.


Exemplos:
SANTOS, Antonio Raimundo dos. Ética: caminhos da realização humana. 2. ed..
São Paulo: Ave Maria, 1997. 108 p..

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Sistema de Bibliotecas. Referências.


Curitiba: Editora UFPR, 2000. 72 p. (Normas para apresentação de trabalhos
científicos, 6).

b) teses, dissertações e TCC’s considerados no todo.


Chave:
AUTORIA. Título. ano. número de folhas. Tese, dissertação, TCC (grau e área) –
Unidade de ensino, Instituição, Local.
Exemplos:
SANTOS, Míriam Carnasciali dos. A mudança organizacional a serviço da
qualidade na instituição de ensino superior. 1998, 201 f. Dissertação (Mestrado
em Educação) – Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, Curitiba.

VECHI, Carlos. Jogos de azar: da desumanização à antropologia. 1987. 195f. Tese


(Doutorado em Literatura Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

c) dicionários e enciclopédias considerados no todo.


Chave:
AUTORIA . Título. Edição. Local: Editora, ano. descrição física.
Exemplos:
ABBAGNANO, Niccola. Dicionário de Filosofia. 2. ed.. São Paulo: Mestre Jou,
1970. 780 p.

NOVA Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Brittanica, 1997. v. 2.

d) folheto, manual, guia, catálogo e almanaque considerados no todo.


Chave:
AUTORIA. Título. edição. Local: Editora, ano. descrição física. *
Exemplos:
PUCPR. Comissão Central de Vestibular. Esclarecimentos sobre mudanças.
Curitiba: Champagnat, 2002. 16 p.

VOLKSWAGEN DO BRASIL. Assistência técnica/serviço médico. Manual de


primeiros socorros. 2. ed. São Paulo, 1996. 64 p.

GUIA SÃO PAULO. Ruas, plantas, ônibus. São Paulo: Abril, [199_].

SCRENCI, Nelson. Paisagens da memória: de 23 de novembro a 5 de dezembro de


1998. Galeria Múltipla de Arte, São Paulo, 1998.

* Observe no exemplo para CATÁLOGOS, que a imprenta tem “editora” e local mostrados em posição

diferente dos outros materiais.


104

ALMANAQUE ABRIL 97. São Paulo: Abril, 1997. 834 p.

e) partes de livros com autoria específica.


Chave:
AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Título da parte. In: AUTORIA da obra no todo.
Título da obra. Edição. Local: Editora, ano. página inicial - página final da parte.
Exemplos:
SANTOS, Antônio Raimundo dos. Conhecer ou não conhecer: eis a diferença. In:
CORDI, Cassiano et al.. Para filosofar. 4. ed.. São Paulo: Scipione, 1994. p. 29-54.

BODACHNE, Luis. As principais síndromes geriátricas. In: BAKKER FILHO, João


Piragibe (org.). É permitido colher flores? Curitiba: Champagnat, 2000. p. 103-
114.

f) partes de livros sem autoria específica ou do mesmo autor da obra no todo.


Chave:
AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Título da parte. In: ______. Título da obra. Edição.
Local: Editora, ano. página inicial - página final da parte.
Exemplos:
VERÍSSIMO, Luis Fernando. O poder do nada. In: ______. O desafio ético. Rio de
Janeiro: Garamond, 2000. p. 13-30.

COMPAGNON, Antoine. O leitor. In: ______. O demônio da teoria: literatura e senso


comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 1999. p. 139-164.

g) verbetes de materiais de referência (dicionários, enciclopédias).


Chave:
VERBETE. In: AUTORIA. Título da obra. Edição. Local: Editora, ano. descrição
física.
Exemplos:
AUTOMÓVEL. In: NOVA ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia
Brittanica, 1997. v. 2, p. 221-224.

DEUS. In: ABBAGNANO, Niccola. Dicionário de Filosofia. 2. ed. São Paulo: Mestre
Jou, 1970. p. 231-248.

2 PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS (inclui revistas e jornais).


a) periódicos considerados no todo (coleções).
Chave:
TÍTULO DO PERIÓDICO. Local: Editora, data de início – data de término da
publicação (se houver). Obs.: pode incluir periodicidade, índices, ISSN
(International Standard Serial Number).
Exemplos:
HSM MANAGEMENT. São Paulo: HSM do Brasil, 1998-. Bimestral.

LEX – COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA: Legislação Federal e


marginália. São Paulo: Lex, 2000. Mensal. Inclui índice remissivo e numérico-
cronológico. ISSN 0101-2584.
105

b) periódicos considerados em partes (fascículos, suplementos, números


especiais).
Chave:
TÍTULO DO PERIÓDICO. Título dos fascículo(suplemento, número especial).
Local: Editora, número do volume e/ou ano. número do exemplar. total de
páginas do exemplar. Nota de identificação de particularidades.
Exemplos:
CAMINHOS. A greve e o movimento docente. Belo Horizonte: APUBH, n. 16/17,
dez. 1998. 199 p.

GAZETA DO POVO. Viver bem. Curitiba: RPC, ano 18, n. 928. 31 p. Suplemento.

CONJUNTURA ECONÔMICA. Contas Nacionais. Rio de Janeiro: FGV, v.27, n. 9,


ago. 1994. 154 p. Edição Especial.

c) artigo e/ou matéria de revistas.


Chave:
AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação,
número do volume e/ou ano, número do fascículo, página inicial - final do artigo,
data.
Exemplos:
LAHÓZ, A.; CAETANO, J. R. A conquista da América. Exame, São Paulo, ano 35,
n. 6, p. 36-52, mar. 2001.

CAMPOS, Roberto. Em defesa dos bodes. Veja, São Paulo, edição 1.731, n. 2, p.
20, 12 jan. 2000.

MOURA, Alexandrina Sobreira de. Direito de habitação às classes de baixa renda.


Ciência & Trópico, Recife, v. 11, n.1, p. 71-78, jan./jun. 1983.

d) artigos e/ou matéria de jornais.


Chave:
AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Título do jornal, Local de publicação, data
(dia, mês, ano). número ou título do caderno, (seção, suplemento) etc., página(s)
do artigo referenciado.
Exemplos:
WURMEISTER, F.. Recuperação de rio pode levar um ano. Gazeta do Povo,
Curitiba, 18 mar. 2001. Caderno 1, p. 10.

COUTINHO, Wilson. O Paço da Cidade retorna a seu brilho barroco. Jornal do


Brasil, Rio de Janeiro, 6 mar. 1985. Caderno B, p. 6.

BIBLIOTECA climatiza seu acervo. O Globo, Rio de Janeiro, 4 mar. 1985. p.11.

3 DOCUMENTOS DE EVENTOS (inclui anais, atas, resultados, resumos,


proceedings.)
a) documento do evento como um todo.
Chave:
NOME DO EVENTO, número do evento, ano de realização, local. Tipo de
documento (anais, atas, etc). Local de publicação: Editora, ano de publicação.
106

Exemplos:
INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLWDGE MANAGEMENT AND
DOCUMENT MANAGEMENT (ISKM/DM), 3., Curitiba. Anais. Curitiba:
Champagnat, 2000.

REUNIÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISA


ODONTOLÓGICA, 13., 1998, Águas de São Pedro. Resumos. São Paulo: SBPq O,
1998

b) trabalhos apresentados em eventos.


Chave:
AUTORIA. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO, número do evento, ano de
realização, local. Tipo de documento (anais, atas etc). Local de publicação: Editora,
ano de publicação. página inicial – página final.
Exemplo:
MUSSI, Clarissa C.; ANGELONI, Maria Terezinha. Mapeamento das fontes do
conhecimento organizacional: um suporte ao compartilhamento do conhecimento
tácito. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLWDGE MANAGEMENT AND
DOCUMENT MANAGEMENT, 3., Curitiba. Anais. Curitiba: Champagnat, 2000. p.
1-16.

FERNANDES, Carlos et al. Avaliação de processos de automação de bibliotecas


universitárias. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS,
6., 1990, Belém. Anais. Belém: MEC/SESU-PNBU, 1990. v. 1, p. 14-16.

4 DOCUMENTOS JURÍDICOS
a) legislação (inclui constituições, emendas constitucionais, lei complementar e
ordinária, medida provisória, decretos, resoluções, demais normas emanadas das
entidades públicas e privadas.)
Chave:
JURISDIÇÃO (ou CABEÇALHO DA ENTIDADE, em caso de normas). Título.
numeração, dia/mês/ano. (Ementa). Dados de publicação.
Exemplos:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional no. 31, de 14 de dezembro


de 2000. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, introduzindo
artigos que criam o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. In:
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 17. ed. São Paulo:
Atlas, 2001.

BRASIL. Decreto no. 3.847, de 26 de junho de 2001. Altera alíquota do Imposto


sobre Produtos Industrializados incidente sobre os produtos que menciona.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2001. Seção 1, p. 2.

b) jurisprudência (inclui súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais


decisões judiciais.)
Chave:
107

JURISDIÇÃO. Órgão judiciário. Título (ementa ou natureza da decisão). Número.


Partes envolvidas (se houver). Relator. Local, dia/mês/ano. Dados de publicação.
Exemplos:
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula no. 97. Compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar reclamações de servidor público relativamente à
vantagens trabalhistas anteriores à instituição do regime jurídico único. In:
OLIVEIRA, Aristeu de. Consolidação das leis do trabalho anotada. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2001. p. 857.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Enunciado no. 36. Custas. Nas ações
plúrimas as custas incidem sobre o valor global. In: OLIVEIRA, Aristeu de.
Consolidação das leis do trabalho anotada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 871.

BRASIL. Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo. Acórdão Especial no.


1.054.295/4. 2a. Câmara. Multa transação. Art. 51 do Código Penal, com a nova
redação que lhe deu a Lei no. 9.268/96, não impede a conversão da multa em
pena privativa de direitos. Relator Juiz Silvério Ribeiro. v. u., j. 24/04/1997. DJU,
Brasília, 22 maio 1998, p. 19697.

5 DOCUMENTOS COM IMAGEM E MOVIMENTO (inclui filmes, fitas de vídeo,


DVDs, entre outros).
Chave:
TÍTulo. Créditos (diretor, produtor, coordenador, realizador, roteirista etc.).
Elenco relevante. Local: Produtora, data. Especificação do suporte em unidades
físicas (duração), outras informações relevantes, tais como sistema de
reprodução, indicadores de som e cor etc.
Exemplos:
A VIDA EM PRETO E BRANCO. Direção de Gary Ross. Produção de Steven
Soderbergh. Intérpretes: Tobey Maguire, Reese Witherspoon, Jeff Daniels, William
H. Macy. [s.l.]: Warner Bros. [1999]. 1 filme (124 min), son., p&b, color., 35mm.

OS PERIGOS do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade.


Coordenação de Maria Isabel de Azevedo. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 fita de
vídeo (30 min.), VHS, son., color.

EU TU ELES. Direção de Andrucha Waddington. Intérpretes: Regina Case, Lima


Duarte, Stênio Garcia e Luis Carlos Vasconcelos. Fotografia de Breno Silveira.
Música de Gilberto Gil. Brasil: Colúmbia, 2000. 1 DVD (119 min), videoscreen,
color. O DVD traz trailer, entrevistas com o diretor e o elenco e videoclip da
canção Esperando na janela.

6 DOCUMENTOS ICONOGRÁFICOS E CARTOGRÁFICOS


a) documentos iconográficos (inclui original e/ou reprodução de obra de arte,
fotografia, desenho técnico, diapositivo(slide), diafilme, material estereográfico,
transparência, cartaz e outros).
Chave:
AUTOR. Título (na ausência, [sem título]. data. Indicações de publicação, quando
houver. Características físicas, como suporte, cor, dimensões.
Exemplos:
108

GOOD CAMARGO. Duas figuras. 1977. 1 original de arte, óleo sobre tela, 55 cm x
60 cm. Coleção particular.

GUEDES, Rachel. Capela do pavilhão Dois. [199_]. In: VARELLA, Drauzio.


Estação Carandiru. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p. 32. 1 fot., color.

ORIENTAÇÃO aos usuários das bibliotecas da UFF: ciclo básico. Niterói: UFF,
1981. 15 transparências, p&b, 35 cm x 22 cm.

b) documentos cartográficos . (inclui atlas, mapa, fotografia aérea e outros).


Chave:
(a identificação do documento onde está publicado). Informações técnicas como
escala, latitude, longitude, meridianos etc.
Exemplos:
ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO. São Paulo: Folha de S. Paulo. Encarte das
edições de domingo de 12 mar. 22 out. 1995. Copyright Times Books, 1993.

SÃO PAULO. Planta visográfica da cidade de São Paulo e regiões circunvizinhas.


Santo André: Geomapas, 1995. 1 mapa, color. 210 cm x 170 cm. Escala
1:20.000.

BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Comando Costeiro. Base Aérea do Recife.


1o./6o. Grupo de Aviação. Saquarema. 71 fotografias aéreas, p&b, 25 cm x 23 cm.
Projeto 04/FAB -D- M76. 13 jun. 1976.

7 DOCUMENTOS SONOROS E MUSICAIS (inclui disco, CD (compact disc), fita


cassete, fita magnética de rolo, partituras e outros).
a) documento sonoro no todo.
Chave:
COMPOSITOR(ES) ou INTÉRPRETE(S). Título. Outras indicações de
responsabilidade, como entrevistadores, diretor artístico, produtor etc. Local:
Gravadora, data. Especificação do suporte (duração), outras informações
relevantes.
Exemplos:
BETHANIA, Maria. Álibi. [Rio de Janeiro]: Philips/Polygram, 1978. 1 disco sonoro
(32 min), 33 1/3 rpm, estéreo, 12 pol.

MEIRELLES, Helena. Flor da guavira. São Paulo: Eldorado, 1996. 1 CD (58 min).

LEE, Rita; CARVALHO, Roberto de. Bombom. Rio de Janeiro: Som Livre, 1983. 1
fita cassete (37 min), 3 ¾ pps, estéreo.

b) documento sonoro em parte.


Chave:
COMPOSITOR(ES) ou INTÉRPRETE(S) da parte. Título da parte. [Outras
indicações de responsabilidade pela parte, como arranjadores, regência etc].
expressão In: referência do documento sonoro no todo. (ao final, deve-se
individualizar a parte referenciada, com indicativos de faixa ou outra que couber).
Exemplos:
109

TAMBA TRIO. O samba da minha terra. Dorival Caymmi.[Compositor]. In: BOSSA


Nova. São Paulo: BMG Ariola, 1994. 1 CD (40 min). Faixa 9 (2 min 20 s).

CARDOSO, Elizete. Minhas madrugadas. Paulinho da Viola; Candeia.


[Compositores]. In: ______. Elizete sobe o morro. Produção e direção musical de
Moacyr Silva. Rio de Janeiro: Copacabana, [19_ _]. 1 disco sonoro (40 min), 33 1/3
rpm, estéreo, 12 pol. Lado B, faixa 1 (3:12).

c) partituras.
Chave:
AUTOR(ES). Título. Local: Editora, data. Característica do documento.
Exemplos:
VILLA-LOBOS, Heitor. Coleções de quartetos modernos: cordas. Rio de Janeiro:
[s.n.], 1916. 1 partitura (23 p.). Violoncelo.

HOLANDA, Chico Buarque de. Álbum para violão no. 1. Transcrições de Aroldo
Volpi. São Paulo: Cara Nova, [19 _ _]. 10 partituras com letra (32 p.). Violão.

8 DOCUMENTOS CONSULTADOS ON LINE


a) todos os documentos já mencionados, quando disponíveis on line. (inclui
monografia no todo ou em partes, publicações periódicas no todo ou em partes,
eventos no todo ou em partes, documento jurídico, documento com imagem e
movimento, documento iconográfico e cartográfico, documentos sonoro e musical
no todo ou em partes.)
Chave:
-para todos os casos, seguem-se os mesmos padrões de identificação já
apresentados, acrescidos das expressões Disponível em: <endereço eletrônico>.
Acesso em: dia/mês/ano.
Exemplos:
NERUDA, Pablo. Veinte poemas de amor e una canción desesperada. [s.l.]:
VirtualBooks, 2000. Disponível em:
<http://virtualbooks.terra.com.br/esp/veinte_poemas_de_amor_cancion_deseper
ada.htm>. Acesso em: 21 maio 2002.

CONGRESSO INTERNACIONAL DE TELEMEDICINA, EDUCAÇÃO E


TREINAMENTO À DISTÂNCIA, 2., 2000. São Paulo. Anais eletrônicos ... São
Paulo: USP, 2000. Disponível em <http://relacon.com/telmed2000/>. Acesso em
9 mar. 2001.

SILVA, I. G. Pena de morte para o nascituro. O Estado de São Paulo, São Paulo,
19 set. 1998. Disponível em
<http://www.providafamília.org/pena_morte_nascituro.htm>. Acesso em: 25 nov.
1998.

b) documentos apresentados exclusivamente on line (inclui base de dados,


listas de discussão, BBS (site), programas e conjuntos de programas,
mensagens eletrônicas (e-mail) e outros.)
Chave:
AUTORIA. Título do serviço/produto. Indicações de responsabilidade. Disponível
em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia/mês/ano.
110

Exemplos:
GOMES, L. Xerox’s on-line neighborhood: a great place to visit. Mercury News site
(may 1992). Disponível em <telnet.lambda.par.xerox.com.8888,@co#50827, press
13> Acesso em: 10 mai. 1992.

PREFACE to representative poetry on line: version 2.0, 1996. Disponível em


<http://library.otoronto.ca/www/utel/rp/intro.html> Acesso em: 17 jan. 1997.

FORUM OLÍMPICO: banco de dados das Olimpíadas. Disponível em:


<www.jogosolímpicos.org>. Acesso em 9 mar. 2001.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Modelos para referenciação de documentos.


(mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <arss@gogo.com.br>.

* * *

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