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RESUMO: Este artigo tem como propósito despertar reflexões sobre o que leva o PALAVRAS-CHAVE:
aluno do ensino superior utilizar meios ilícitos freqüentemente nas avaliações. avaliação, aprendizagem, ação
profissional.
Cientes da complexidade desta temática, as discussões apresentadas pautaram-se na
interrogação: O que leva os alunos do ensino superior a usar cola nas provas, sabendo
que a “cola” mascara a sua capacidade e produzindo um mau profissional para exercer KEYWORDS:
sua atividade? Inicialmente são apresentadas considerações sobre a legislação vigente assessment, learning, professional
acrescidos de conceitos e concepção sobre de avaliação (professor). Autores como Freire action.
(1987); Milanesi (1990), Morin (2003) , Souza (2005) e Almeida (2006) sustentaram as
discussões sobre o descontentamento observável tanto dos professores quanto dos
alunos sobre estes procedimentos existentes. Considera-se, portanto, a necessidade de
investimentos na ação profissional que possibilitem ao aluno aprender a aprender, já
que a cola engana uma avaliação enganosa, já que, o aluno finge que aprendeu e o
professor finge que ensinou.
ABSTRACT: This article aims to awaken thoughts about what leads students in higher
education often use illicit means in the ratings. Realizing the complexity of this issue,
the discussions presented based on the question: What leads students in higher
education to use glue on the evidence, knowing that the “glue” to mask their capacity
and producing a poor to carry on their activity? Initially presents considerations on
the current law plus about design concepts and evaluation (teacher). Authors such
as Freire (1987); Milanesi (1990), Morin (2003), Souza (2005) and Almeida (2006) held
discussions on the discontent of the teachers observed as much as the students on these
existing procedures. It is considered therefore the need to invest in professional action
to facilitate students’ learning to learn, since the glue mistaken assessment misleading,
since the student and the teacher learned that pretends pretends he taught
Artigo Original
Recebido em: 19/10/2009
Avaliado em: 19/01/2010
Publicado em: 30/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
1. BREVE INTRODUÇÃO
Duras verdades:
os alunos na educação infantil enxergam a cola;
os alunos no ensino fundamental exercitam a cola;
os alunos do ensino médio se habituam a colar e,
os alunos na educação superior aperfeiçoam a cola.
Autor desconhecido
A questão abordada neste artigo é muito complexa para educadores em geral que
lutam há anos e apresentam alternativas para combater as fraudes, também denominadas
cola.
Há consciência por parte de todos os envolvidos pela questão que, sem dúvidas, este
assunto é ingrato. Existe também a crítica, que precisamos estar atentos e abertos para
discussão, profissionais moralistas consideram esta atitude dizendo com as famosas frases:
quem não usa cola não sai da escola, ou ainda, quem nunca colou na vida?
A grande questão levantada e que fará parte das nossas discussões: O que leva os alunos
do ensino superior a usar cola nas provas, sabendo que a “cola” mascara a sua capacidade e
produzindo um mau profissional para exercer sua atividade?
O ambiente institucional das universidades pelas suas estratégias de avaliação
colaborou para admissão de tais posturas?
A cultura de ‘ir bem à prova’ é a verdadeira importância para fazer o curso?
Para discutir francamente tais indagações e, sem a intenção de tratar como tabu a cola,
não escondendo motivos sérios que levaram-na para dentro das faculdades arriscamos a
conjecturar algumas causas e consequências do uso da cola no ensino superior.
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Porém, devemos ter em mente que grande parte da responsabilidade dos atuais
problemas no curso do ensino superior vem de quem ter o poder decidir sobre eles, o que
com certeza não fica a cargo somente dos alunos. Logo, teoricamente percebemos que é fácil
falar sobre esta questão, mas, somos conscientes das ideologias sustentam as práticas de
avaliação permeadas pelas políticas educacionais.
1 Esta estratégia de preparação das avaliações vem encontro dos pressupostos pedagógicos da .Metodologia do Ensino do
Exercito que estabelece ao professor a proposta: se mais de 50% dos alunos não atingirem a nota mínima o erro de percurso é do
trabalho pedagógico executado, assim como, se mais de 80% dos alunos alcançarem mídia superior a 9,0. O trabalho de sala de aula
deve atingir todos os alunos de forma a propor situações que a maioria dos alunos tenham se apropriados e saibam resolver os
conflitos que delas surgirem.
3. A IDEOLOGIA DA “COLA”
Conversando com um aluno do último ano de engenharia sobre o uso da “cola” obtivemos
a seguinte resposta:
Se estiverem preocupados com a ação do aluno colar é preciso considerar que o
ambiente da prova é artificial; primeiramente não existe mais trabalho individual,
solitário. O empreendedorismo está vigente e toda profissão tem equipe
multifuncionais para desenvolver trabalhos. Sendo assim, quando me vejo no meu
espaço de trabalho onde irei atuar penso que terei uma equipe para compartilhar
as minha dúvidas e, também caso seja necessário, uma literatura a disposição. O
que será exigido do meu lado profissional é minha competência para desfrutar
destes recursos associada a minha capacidade de análise, certo. Não serão exigidos:
memorização de respostas e/ou formas e ou traçados/desenhos. Enquanto que não
prova será cobrado do aluno, por no mínimo duas horas, que registre (memória em
jogo) respostas complexas e específicas de matérias e exercícios extensos oferecidos
nas aulas. Neste momento, o aluno tem que ficar incomunicável sentado numa
carteira sob a vigilância de alguém pronto para suspeitar de seus movimentos. Tudo
é angustiante, no momento da prova, e mais, até colar é conflitante. Por isso, algo
tem que mudar. Não sei a resposta para isto, mas...
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6. UM POUCO DE HISTÓRIA
Desde a história antiga, encontra-se diversas formas de avaliação. Documentos e registros
comprovam que em algumas tribos primitivas, adolescentes eram submetidos a provas
relacionadas com seus usos e costumes e, somente depois de serem aprovados nessas provas
eram considerados adultos.
O inquérito oral tem sua origem em Atenas, e Sócrates foi um dos intelectuais que
submetia seus alunos a um exaustivo e preciso inquérito oral que ainda é utilizado,
atualmente. Vale ressaltar que a frase “Conhece te a ti mesmo” no qual Sócrates empenhou
toda a sua vida de sábio apontava, desde então, a auto-avaliação como um pressuposto
básico para o encontro com a verdade. Seu método pedagógico também chamado maiêutica
e evidenciava o processo da conceituação.
O método racional (tradicional) e o argumento de autoridade sempre prevaleceu nos
ambientes educacionais e evidenciava o valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou
professa. Logo a figura do professor como autoridade nasceu na Historia Antiga, por isso a
opinião dos mestres ou autoridades no assunto era aceita passivamente e a ação de repetir
integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber. Nesta época,
não havia a situação de cola pois a atenção e a memória, e os agrupamentos operatórios de
pensamento eram muito valorizados.
Na Idade Média uma nova configuração se manifesta, e segundo, Souza (2005) os
doutores medievais ao refletirem sobre o irracional, preparam os caminhos da razão e
abriram novas perspectivas para a avaliação. Neste contexto, Santo Tomás, com toda sua
sutileza e operação intelectual imprime uma orientação nova no pensamento cristão.
No renascimento, enquanto que, a corrente do humanismo cristão trazia valiosas
contribuições para a avaliação através de uma orientação psicológica , a corrente do
humanismo pagão exaltava a individualidade humana, considerada como um fim em
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Avaliação da aprendizagem no ensino superior: reflexões sobre a “cola”
2- dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas se puder e for
exigido para sua melhor resolução. É o princípio da análise.
4- Fazer em todas a parte enumerações tão completas e inspeções tão gerais que
esteja certo de nada omitir. É a regra da verificação.” (SILVA , 2005 p.34)
Não há como negar que essas regras, ainda hoje, são de uso constante na prática da
avaliação.
Rementendo-se a Idade Contemporânea compreendida entre o fim do século XVII,
XIX e XX, verifica-se que o sistema educativo tradicional sofre influências do iluminismo
associados à algumas correntes pedagógicas: o individualismo, o socialismo, o nacionalismo
e pragmatismo. Existia, contudo, um movimento em prol da reabilitação dos valores
espirituais acentua, alem da necessidade de formação intelectual e cientifica, a formação
ético-religiosa.
No processo histórico da avaliação nacional brasileira predominou desde o inicio
da colonização as provas orais e os exames, herança esta trazida pelos jesuítas. Mais,
recentemente, com de acordo com Lei de Diretrizes e Bases que foi projetada, em 1988, a o
processo avaliativo é contemplado no Art. 24 inciso V, que diz a verificação do rendimento
escolar observará os seguintes critérios:
a)Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevaleça dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais:
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Neste contexto, como já foi enfatizado na lei usa a expressão “verificação do rendimento
escolar’ tendo como intenção de comprovar esse êxito, pois o que se busca não é avaliar
um objeto concreto observável e sim um processo humano contínuo. Entretanto, há de
se considerar que houve avanço no contexto de avaliar mas os professores e os alunos
precisam ampliar suas concepções no sentido de evitar posturas precipitadas e inadequadas
compreendendo que o processo de avaliação precisa ser contínuo para que sejam analisados
o desenvolvimento e as aprendizagens dos educandos em todos os seus aspectos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1987.
MILANESI, L. A. Ordenar para desordenar. São Paulo: Brasiliense, 1990.
MORIN, E. Os sete saberes necessários da educação do futuro. São Paulo: Cortez; UNESCO, 2003.
SOUZA, C.P. Avaliação do rendimento escolar: sedimentação de significados. In: Souza,. C. P.
Avaliação do rendimento escolar. 6ª Ed. 2005, p 143-1451. Campinas: Papirus.
ALMEIDA A. M. F. P. M. Avaliação e seus desdobramentos Revista de Educação PUC- Campinas
(2006) nº 19, p. 52-61
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