Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lisboa, 2022
Artur Miguel Almeida Viana
Nº de aluno: 22107647
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………1
CONCLUSÃO……………………………………………………………………10
BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………… 11
INTRODUÇÃO
Escolhi este tema uma vez que é um assunto sério que me preocupa e também
devia preocupar qualquer cidadão que faça parte deste projeto que é a União Europeia
e fazer entender que se estamos juntos para os pontos positivos também devemos estar
juntos para os pontos negativos de forma a resolver os problemas que este antigo
continente que é a Europa tem de enfrentar, de forma a sermos os mais justos, eficazes
e humanos na resolução de problemas e crises. Não é a evitar os problemas que os
vamos resolver, por isso achei relevante a escolha deste tema. O fenómeno da migração
irregular, envolvendo principalmente pessoas de Países do Norte de África como a
Líbia, tem aumentado consideravelmente ao passar de poucos anos, e Malta devido à
sua localização geográfica é dos Estados-Membro que sofre bastante com esta
realidade, esta problemática justifica o compromisso, apoio e assistência da União
Europeia.
Por isso, justifica-se, logo de início, demonstrar que existem diferenças entre
os dois.
1
importância referir a forma como Itália abordou com essas organizações e o que isso
provocou para Malta.
2
1. A diferença entre Refugiado e um Emigrante
As pessoas que não podem regressar ao seu país de origem devido a um medo
bem fundamentado de perseguição ou conflito, seja por questões de religião, etnia,
opinião política, entre outros são referidas como refugiados1.
Todas as pessoas que se deslocam entre países têm o direito ao pleno respeito
pelos seus direitos humanos. No entanto, os refugiados são protegidos pelo direito
internacional porque são impedidos de regressar a casa.
Os emigrantes são pessoas que estão a abandonar o seu país de origem e a
procurar residência noutro local, de modo geral para se reunirem com as suas famílias,
encontrar trabalho ou procurar educação. Ao contrário dos refugiados, os emigrantes
podem sempre regressar ao seu país de origem sempre que desejarem2.
1
United Nations High Commissioner for Refugees, What is a Refugee? (on line) . Dísponível na internet:
<https://www.unhcr.org/what-is-a-refugee.html> (consultado em 26-11-2021).
2
United Nations High Commissioner for Refugees, 'Refugees' and 'Migrants' - Frequently Asked Questions
(on line). Disponível na internet: <https://www.refworld.org/docid/56e81c0d4.html> (consultado em 28-
11-2021).
3
Amnesty International , Europe: Punishing compassion: Solidarity on trial in Fortress Europe (on line).
Disponível na internet: <https://www.amnesty.org/en/wp-
content/uploads/2021/05/EUR0118282020ENGLISH.pdf> (consultado em 30-11-2021).
3
e geralmente prestassem apoio dentro dos limites da sua interpretação restritiva da lei
do mar4.
Contudo, quando Itália na Operação Mare Nostrum começou a retirar-se das
atividades de busca e salvamento perto da costa da Líbia de forma a obstruir os esforços
das ONGs para continuar a salvar vidas no mar e depois disso ainda recusou o
desembarque das mesmas que fez com que a posição de Malta sobre esta temática
mudasse.
As autoridades recusaram-se repetidamente a desembarcar as ONGs na ilha e
tomaram medidas para dificultar as suas atividades e dissuadi-las de operar em Malta.
Malta tem realizado vários esforços para elaborar acordos de desembarque entre os
estados-membros da UE e concordou em desembarcar mais de 2.000 pessoas,
incluindo as salvas pelas ONGs, desde que as pessoas salvas em circunstâncias que
Malta não considerou ser legalmente responsável, fossem transferidas para outro lugar
na UE5.
4
Amnesty International, Between the Devil and the deep blue sea: Europe fails refugees and migrants in
the central Mediterranean (on line). Disponível na internet: <https://www.amnesty.org/en/wp-
content/uploads/2021/05/EUR3089062018ENGLISH.pdf> (consultado em 01-12-2021).
4
Joint Declaration Of Intent On A Controlled Emergency Procedure – Voluntary Commitments By Member
States For A Predictable Temporary Solidarity Mechanism (on line). Disponível na internet
<https://www.statewatch.org/media/documents/news/2019/sep/eu-temporary-voluntary-relocation-
mechanism-declaration.pdf> (consultado em 2-12-2021).
6
Times of Malta, Handing the migrants to the Libyans was not an option - Lifeline captain interviewed (on
line) Disponível na internet: <https://timesofmalta.com/articles/view/handing-the-migrants-to-the-libyans-
was-not-an-option-lifeline-captain.683812> (consultado em 2-12-2021).
4
consequentemente ter violado a lei internacional7. O capitão justificou a sua ação por
afirmar que a Líbia não pode ser considerada como um local seguro para estas pessoas.
Esta controvérsia obrigou à elaboração de um acordo entre vários governos
europeus para receber alguns dos refugiados resgatados e migrantes e desta forma fez
com que Malta concedesse autorização ao capitão para desembarcar estas pessoas.
Mais tarde, toda esta situação, fez com que as autoridades maltesas apresentassem
acusações criminosas contra o Claus Peter Reisch, acusando assim o mesmo de entrar
em águas maltesas com um navio que não tinha sido apropriadamente registado no seu
país de origem8.
No mesmo ano as autoridades maltesas iniciaram várias investigações para
certificar que entidades semelhantes à Lifeline, usando portos malteses e a operar nas
suas águas nacionais estariam a agir de acordo com as leis internacionais e nacionais,
como por exemplo no registo dos navios. A partir destas investigações, Malta
conseguiu prevenir com que os navios de ONGs como Seafuchs e Sea-Watch saíssem
dos portos malteses para resgatar mais pessoas.
7
Amnesty International, Europe: Punishing compassion: Solidarity on trial in Fortress Europe (on line).
Disponível na internet: <https://www.amnesty.org/en/wp-
content/uploads/2021/05/EUR0118282020ENGLISH.pdf > (consultado em 30-11-2021).
8
European Database of Asylum Law, Malta: Judgment in case against Captain of MV Lifeline (on line).
Disponível na internet: <https://www.asylumlawdatabase.eu/en/content/malta-judgment-case-against-
captain-mv-lifeline> (consultado em 28-11-2021).
9
United Nations High Commissioner for Refugees, Malta Sea Arrivals (on line). Disponível na internet:
<https://www.unhcr.org/mt/wp-content/uploads/sites/54/2021/01/Malta-Sea-Arrivals-and-Asylum-
Statistics_UNHCR_2020_27.01.2021_.pdf> (consultado em 12-12-2021).
5
Refugee Commissioner (REFCOM) que é um departamento do Ministry of Home
Affairs, que é responsável por fornecer informações sobre procedimentos a respeito do
asilo e consequentemente dados estatísticos10.
É importante salientar também Agency for the Welfare of the Asylum Seekers
(AWAS) que se responsabiliza pela aplicação da legislação e das políticas nacionais
sobre o bem-estar dos refugiados, desta forma, é responsável pela gestão de instalações
de acolhimento e pelo fornecimento de informação sobre programas na área da
habitação, emprego, educação, saúde e bem-estar11.
10
Migrants Refugees, Country Profiles – Malta (on line). Disponível na internet: <https://migrants-
refugees.va/country-profile/malta/> (consultado em 14-12-2021).
11
Agency for the Welfare of Asylum Seekers, Mission and Function (on line). Disponível na internet:
<https://homeaffairs.gov.mt/en/MHAS-Departments/awas/Pages/Mission-and-Function.aspx>
(consultado em 15-12-2021).
12
Briguglio, L. & Busuttil. Salvino, Malta. (on line). Disponível na internet:
<https://www.britannica.com/place/Malta> (consultado em 17-12-2021).
13
Christophersen, Eirik, These 10 countries receive the most refugees (on line). Dísponivel na internet:
<https://www.nrc.no/perspectives/2020/the-10-countries-that-receive-the-most-refugees/> (consultado em
17-12-2021).
14
Rio, Raquel, Malta: A ilha dividida entre o dever de auxílio e os limites físicos (on line). Disponível na
internet: <https://www.dn.pt/mundo/reportagem-malta-e-ilha-dividida-entre-o-dever-de-auxilio-e-os-
limites-fisicos-9683312.html> (consultado em 19-12-2021).
6
que “Não temos mais espaço, qualquer dia quase temos mais refugiados do que
malteses. Todos têm de acolher alguns, mas os outros países não querem"15. O cidadão
Gervais Cishahayo também refere que “A geografia não pode justificar a
responsabilidade. O fardo deve ser distribuído”16.
Joe Zammit cidadão maltês também acrescenta “gritam e fazem barulho à
noite, criam problemas sobretudo no centro, as pessoas tem medo de sair”17.
15
Rio, Raquel, op. cit.
16
Rio, Raquel, op. cit.
17
Rio, Raquel, op. cit.
18 Ministry for Justice and Home Affairs e Ministry for the Family and Social Solidarity, Irregular
Immigrants, Refugees and Integration Policy Document (on line). Disponível na internet:
<https://www.refworld.org/pdfid/51b197484.pdf> (consultado em 26-12-2021).
19
McAdam, M. & Otto, L. Interests Under Construction: Views on Migration from the European Union’s
Southern External Border (on line). Disponível na internet:
<https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0032321720966464> (consultado em 30-12-2021).
7
Este fenómeno também tem contribuindo com perturbações para os habitantes
de Malta, no seguinte relato, habitantes da localidade de Marsa, que vivem perto de
um centro aberto intitulado de Marsa Open Centre, demonstram-se insatisfeitos com
as implicações com uma das maiores comunidades de refugiados. Os habitantes
referem discussões, alcoolismo, lutas com facas20.
Um estudo realizado pelo Political Studies Association revelou que para os
locais os refugiados não eram só vistos como ameaça para a cultura e identidade
maltesa, mas também como aproveitadores do sistema de segurança social.
No estudo referido acima temos também os relatos de Eva Magri, uma antiga
gerente de um centro de acolhimento de jovens refugiados que reportou que “Tudo o
que eles querem fazer é dormir muito. Eles não têm interesse na educação, ou no
trabalho”21.
Por outro lado, a opinião pública melhora quando refugiados são vistos a
realizar rubbish jobs, que consiste em trabalhos neste caso que a maioria da população
não quer executar como por exemplo condutores de autocarro, recolha de lixo,
construção civil, entre outros22.
20
Rio, Raquel, op. cit.
21
McAdam, M. & Otto, L. op. cit, p. 9.
22
McAdam, M. & Otto, L. op. cit.
23
Grech, A.G. Understanding the Macroeconomic Impact of Migration in Malta (on line). Disponível na
internet: <https://www.centralbankmalta.org/file.aspx?f=11222> (consultado em 1-1-2022).
8
parar ao sul de Itália onde um número crescente destes requerentes de asilo, estão a
conseguir arranjar maneira de caminhar para a economia informal de Malta24.
O processo para chegar a Malta é constituído por:
• Obter uma autorização temporária para permanecerem em Itália, que faz com que
tenham os mesmos direitos e benefícios que os cidadãos nacionais, como por
exemplo acesso à educação, assistência médica e social, pelo menos enquanto a
autorização for válida, e também permite viajar para vários países europeus sem
restrições, tal e qual como os cidadãos europeus25.
• Teoricamente com essa autorização apenas podem trabalhar em Itália, mas os
mesmos estão a ser atraídos por empregos em Malta sem contratos legais.
Um dos vereditos é de Souleymane, um operário da construção civil que veio
do Togo, um país da África Ocidental situada no Golfo da Guiné que chegou a Itália a
bordo de um dos navios de salvamento que Malta recusou desembarcar.
Após obter uma autorização de permanência de dois anos em Itália, o mesmo
veio para Malta a partir de um ferry em Itália e veio na procura de um trabalho na
economia informal de Malta.
Visto que não existe um controle de fronteiras oficial entre Itália e Malta, não
há números exatos sobre quantos refugiados africanos chegaram a Malta através desta
forma, mas os locais concordam que os números estão a aumentar. Os trabalhadores
sem documentos neste caso encontram-se com poucos ou nenhuns direitos quando as
coisas correm mal e até mesmo explorados26.
24
Murphy, L.T. Migrants Malta Does Not Want Are Powering Its Economy (on line). Disponível na
internet: <https://deeply.thenewhumanitarian.org/refugees/articles/2018/08/06/migrants-malta-does-not-
want-are-powering-its-economy> (consultado em 1-1-2022).
25
United Nations High Commissioner for Refugees, Italy: Italian residence permits, including the carta di
soggiorno (permanent residence card); rights and obligations of holders; whether the holders have access
to Italian citizenship (on line). Disponível na internet: <https://www.refworld.org/docid/50b611d92.html>
(consultado em 3-1-2022).
26
Murphy, L.T. op. cit.
9
CONCLUSÃO
10
BIBLIOGRAFIA
Amnesty International, Between the Devil and the deep blue sea: Europe fails
refugees and migrants in the central Mediterranean (on line). Disponível na
internet: <https://www.amnesty.org/en/wp-
content/uploads/2021/05/EUR3089062018ENGLISH.pdf> (consultado em 01-
12-2021).
Agency for the Welfare of Asylum Seekers, Mission and Function (on line).
Disponível na internet: <https://homeaffairs.gov.mt/en/MHAS-
Departments/awas/Pages/Mission-and-Function.aspx> (consultado em 15-12-
2021).
Christophersen, Eirik, These 10 countries receive the most refugees (on line).
Dísponivel na internet: <https://www.nrc.no/perspectives/2020/the-10-
countries-that-receive-the-most-refugees/> (consultado em 17-12-2021).
11
Joint Declaration Of Intent On A Controlled Emergency Procedure – Voluntary
Commitments By Member States For A Predictable Temporary Solidarity
Mechanism (on line). Disponível na internet
<https://www.statewatch.org/media/documents/news/2019/sep/eu-temporary-
voluntary-relocation-mechanism-declaration.pdf> (consultado em 2-12-2021).
McAdam, M. & Otto, L. Interests Under Construction: Views on Migration from the
European Union’s Southern External Border (on line). Disponível na internet:
<https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0032321720966464>
(consultado em 30-12-2021).
Ministry for Justice and Home Affairs e Ministry for the Family and Social Solidarity,
Irregular Immigrants, Refugees and Integration Policy Document (on line).
Disponível na internet: <https://www.refworld.org/pdfid/51b197484.pdf>
(consultado em 26-12-2021).
Murphy, L.T. Migrants Malta Does Not Want Are Powering Its Economy (on line).
Disponível na internet:
<https://deeply.thenewhumanitarian.org/refugees/articles/2018/08/06/migrants-
malta-does-not-want-are-powering-its-economy> (consultado em 1-1-2022).
Rio, Raquel, Malta: A ilha dividida entre o dever de auxílio e os limites físicos (on
line). Disponível na internet: <https://www.dn.pt/mundo/reportagem-malta-e-
ilha-dividida-entre-o-dever-de-auxilio-e-os-limites-fisicos-9683312.html>
(consultado em 19-12-2021).
Times of Malta, Handing the migrants to the Libyans was not an option - Lifeline
captain interviewed (on line) Disponível na internet:
<https://timesofmalta.com/articles/view/handing-the-migrants-to-the-libyans-
was-not-an-option-lifeline-captain.683812> (consultado em 2-12-2021).
12
United Nations High Commissioner for Refugees, Italy: Italian residence permits,
including the carta di soggiorno (permanent residence card); rights and
obligations of holders; whether the holders have access to Italian citizenship (on
line). Disponível na internet:
<https://www.refworld.org/docid/50b611d92.html> (consultado em 3-1-2022)
United Nations High Commissioner for Refugees, What is a Refugee? (on line) .
Dísponível na internet: <https://www.unhcr.org/what-is-a-refugee.html>
(consultado em 26-11-2021).
United Nations High Commissioner for Refugees, Malta Sea Arrivals (on line).
Disponível na internet: <https://www.unhcr.org/mt/wp-
content/uploads/sites/54/2021/01/Malta-Sea-Arrivals-and-Asylum-
Statistics_UNHCR_2020_27.01.2021_.pdf> (consultado em 12-12-2021).
13