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Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

1) Medida da atividade económica


• Conceitos, critérios de medida e relações
fundamentais;
• Óticas de cálculo do valor da produção;
Parte III – Macroeconomia • Agregados reais e agregados nominais.

1 – Medida da atividade económica

Bruno Cibrão
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Para se analisar o comportamento dos grandes Pressupostos básicos da Contabilidade Nacional:


agregados (nomeadamente o Produto Interno Bruto -
PIB), é necessário saber quanto a economia produziu,  As contas procuram medir a produção corrente;
consumiu, poupou, etc..  As contas referem-se a um certo período
(normalmente um ano);
Foi neste contexto que surgiu a Contabilidade  A moeda é neutra, ou seja, é considerada
Nacional, a qual é um instrumento que procura medir apenas como unidade de medida e instrumento
e apresentar quantitativamente as atividades de troca.
económicas de um país, num determinado período de
tempo (normalmente um ano).
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A Contabilidade Nacional tem por principais A Contabilidade Nacional apresenta algumas


objetivos: limitações:

 Fornecer informações que permitam avaliar a  Não avalia danos ambientais;


situação presente;  Não considera a importância social dos bens
 Analisar circuitos económicos e antever obtidos;
consequências das tomadas de decisão;  Não considera as externalidades;
 Estabelecer comparações;  Não considera a economia não registada
 Fazer previsões; (vulgarmente conhecida por economia paralela);
 Etc.  Etc.
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As relações fundamentais (em termos de circulação Existem dois tipos de fluxos:
de despesa e rendimentos) que se estabelecem entre
os agentes económicos são apresentadas através do  Fluxos reais – quantidade de bens/serviços que
circuito económico ou fluxo circular da atividade circula entre os agentes económicos;
económica.
 Fluxos monetários – quantidade de moeda que
circula entre os agentes económicos.

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Fluxo Monetário
Critérios de medida da atividade económica:

 Produto interno vs Produto nacional;


 Produto bruto vs Produto líquido;
 Produto a custo de fatores vs Produto a preços de mercado;
 Produto a preços correntes vs Produto a preços constantes.

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 Produto Interno (PI) vs Produto Nacional (PN) A distinção entre estas duas medidas é feita através
da variável Rendimento Líquidos com o Exterior (RLX):
O produto interno traduz o valor da produção realizada no
território do país, independentemente da produção ter sido
RLX – rendimentos transferidos para o nosso país de
realizada por nacionais ou estrangeiros (residentes ou não
residentes). fatores de produção que os residentes desse país
possuem no estrangeiro, subtraído dos rendimentos
Por sua vez, o produto nacional reflete o valor da produção deslocados para fora do país de fatores de produção
realizada pelos nacionais (residentes) do país em causa, de não residentes.
independentemente da produção ter sido efetuada no território
do país ou fora deste.
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Daqui podemos obter:  Produto Bruto (PB) vs Produto Líquido (PL)

PN = PI + RLX A distinção entre estas duas medidas é feita através


da variável Amortizações (A).

PI = PN - RLX

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Se considerarmos que o valor dos equipamentos se  Produto a custo de fatores (Pcf) vs Produto a preços de mercado (Ppm)
reduz (amortizações) em virtude do desgaste que
estes equipamentos sofrem no processo produtivo, O produto a custo de fatores (Pcf) engloba apenas a

então devemos incorporar as amortizações no cálculo remuneração dos fatores de produção, enquanto que o

do valor da produção. Assim temos: produto a preços de mercado (Ppm) é composto pelo Pcf
acrescido dos impostos indiretos (Ti) e diminuído dos
subsídios (Sub):
PL = PB – A
PB = PL + A Ppm = Pcf + (Ti – Sub)
Pcf = Ppm – (Ti – Sub)

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 Produto a preços correntes vs Produto a preços constantes Antes de se apresentarem as diferentes óticas de
medição do produto, convém referir que esse estudo
O produto pode ser valorizado a preços correntes (produto pode ser feito considerando:
nominal) ou a preços constantes (produto real).
 Economia fechada sem Estado;

O produto nominal é aquele em que os bens e serviços são  Economia fechada com Estado;

valorizados a preços desse ano, enquanto que o produto real  Economia aberta com Estado.
é aquele em que os bens e serviços produzidos nos
Uma vez que será considerada a presença das famílias,
diferentes anos são valorizados a preços de um mesmo ano.
empresas, Estado e exterior, então a análise será feita
Esta temática será desenvolvida mais à frente. sobre uma economia aberta com Estado.
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O principal agregado que é possível obter através da Produto interno bruto (PIB) – produção total de bens e
Contabilidade Nacional é o PIB, podendo este ser serviços finais (bens e serviços que se destinam a ser
calculado segundo três óticas diferentes: consumidos, investidos ou exportados, e não
consumidos na produção de outros produtos)
 Ótica da Produção – permite conhecer o contributo de
realizada num certo país num determinado período
cada ramo para o conjunto da economia;
de tempo.
 Ótica do Rendimento – permite conhecer quanto
coube ao fator trabalho e quanto coube ao fator
capital;
 Ótica da Despesa – permite saber como foi utilizada a
produção em consumo e em investimento.
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Para se evitar erros no cálculo do PIB, podem ser Assumindo o método dos valores acrescentados temos:
utilizados dois métodos:
PIB = Σ Valor Acrescentado Bruto (VAB) de cada produtor
 Métodos dos valores acrescentados – obtido pela
diferença entre o valor das vendas e o valor das
compras efetuadas para se realizar a produção;

 Método dos produtos finais – obtido pelo valor


dos bens e produtos de consumo final, não
sendo considerados os bens intermédios.

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O VAB é valorizado a custo de fatores e é dado pela Exemplo da medição do PIB:


diferença entre as vendas e os consumos intermédios
(valor dos produtos comprados e consumidos na Um lavrador produz trigo no valor de 50 u.m.,
produção) de um produtor. recorrendo para tal a alguns produtos importados
no valor de 20 u.m.. Este trigo é comprado pelo
VAB = Vendas do produtor – Consumos intermédios do produtor moleiro que o transforma em farinha no valor de 75
u.m.. Finalmente a farinha é comprada pelo padeiro
que a transforma em pão no valor de 100 u.m..

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Consumos
PIBcf = Σ VAB
Produtor Vendas VAB
intermédios PIBcf = 30 + 25 + 25 = 80

Lavrador 50 20 30
De realçar que o trigo e a farinha são consumidos na
Moleiro 75 50 25 produção do pão, pelo que apenas este representa
um produto final.
Padeiro 100 75 25

Total 225 145 80

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Nesta ótica o valor de produção de um país é dado Rendimento Interno (RI) = PILcf = RemT + RemC
pela soma das remunerações dos fatores de produção
que intervieram no processo produtivo: R+J+L

Se a estes rendimentos adicionarmos os rendimento


 Remunerações do trabalho (RemT) – salários, líquidos com o exterior (RLX), obtemos o rendimento
ordenados, vencimentos e contribuições sociais; nacional (RN) pelo que:

 Remunerações de capital (RemC) – rendas (R),


juros (J) e lucros (L). RN = PNLcf = PILcf + RLX

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Nesta temática convém fazer uma referência ao A despesa interna (DI) é a despesa efetuada em bens
conceito de rendimento disponível dos particulares e serviços finais produzidos internamente, pelo que
(Yd). Uma parte do Yd destina-se a financiar o esta acaba por coincidir com PIBpm na medida em que
consumo (C), enquanto que o restante representa a as componentes da despesa são valorizadas ao preço
poupança (S). de venda ao utilizador final.

Perante isto, pode-se apresentar o Yd da seguinte DI = PIBpm


forma:

Yd = C + S
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A despesa feita em bens e serviços finais classifica-se  Investimento “Bruto” (Ib) – é composto pela soma da
da seguinte maneira: Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja,
despesa em máquinas, veículos, edifícios ou outro
 Consumo privado (C) – valor dos bens e serviços
capital produtivo, com a Variação das Existências
utilizados na satisfação das necessidades
(VE), ou seja, a variação dos bens que se encontram
individuais dos membros das famílias;
armazenados e ainda não vendidos;
 Consumo público (G) – despesa efetuada pelo
Estado ao fornecer serviços que se destinam a Uma pequena nota para referir que a FBCF é por sua
satisfazer necessidades coletivas públicas, tais vez composta pela soma da Formação Líquida de
como a educação e o policiamento; Capital Fixo, com as Amortizações.

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 Exportações (X) – valor dos bens e serviços vendidos


Procura Global
para outras economias, qualquer que seja a sua
utilização no exterior.
DI = PIBpm = C + G + Ib + X – M

Estes quatro elementos constituem a procura global. Procura Interna Procura externa

Se subtrairmos à procura global as importações


[(M) - valor dos bens e serviços comprados de outras
economias], obtemos a DI, a qual é igual ao PIBpm:

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Se à DI acrescentarmos os Rendimentos Líquidos com O PIB pode ser valorizado a preços correntes (PIB
o Exterior (RLX), obtemos a despesa nacional (DN): nominal) ou a preços constantes (PIB real).

DN = PNBpm = DI + RLX O PIB nominal é aquele em que os bens e serviços são


valorizados a preços desse ano, enquanto o PIB real é
aquele em que os bens e serviços produzidos nos
diferentes anos são valorizados a preços de um
mesmo ano.

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Para isolar a variação dos preços são utilizados Índices
De seguida iremos analisar dois índice de preços
de Preços ou Deflatores. Um índice de preços (It)
particularmente utilizados:
representa uma média ponderada de preços relativos
dos bens inseridos no índice.
 Deflator do PIB;
P t
I R t
P 0  Índice de preços do consumidor.

Pi (t) => preço do bem i no período t;

Pi (0) => preço do bem i no período de referência (período base);

Ri=> ponderação efetuada através das quantidades.


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 Deflator do PIB (DPIB) Cálculo do Deflator do PIB e do crescimento dos preços:

1990 1991 1992


O Deflator do PIB permite-nos analisar a variação do
nível de preços entre o ano base e o ano corrente, PIB a preços correntes 8560,6 9937,2 11343

sendo calculado dividindo o PIB nominal pelo PIB real.


PIB a preços constantes (ano base 1977) 940,1 961,5 976,3
PIB nominal
D 100
PIB real Deflator do PIB (ano base 1977) em % ≈ 910,6 % ≈ 1033,5 % ≈ 1161,8 %

Ou Crescimento dos preços em % ___ ≈ 13,5% ≈ 12,4%

PIB preços correntes


D 100
PIB preços constantes Fonte: Adaptado do Banco de Portugal. Valores em unidades monetárias.
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 Índice de preços do consumidor (IPC)


Na última linha da tabela temos a variação anual do
Deflator do PIB que nos dá a modificação dos preços, O IPC mede o custo de aquisição de um cabaz fixo de
ou seja, temos aqui uma das medidas da inflação. bens e serviços, representativo dos hábitos de consumo
da população em geral, podendo ser calculado:

Agregado nominal
IPC 100
Deflator do PIB * Deflator do PIB ) Agregado real
Taxa de inflação |) 100
Deflator do PIB )
Ou

Agregado de preços correntes


IPC 100
Agregado de preços constantes
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O IPC é o índice de preços mais utilizado para medir a Para concluir e uma vez que foi feita referência ao
taxa de inflação, a qual neste caso é calculada através conceito de inflação, convém referir que este termo
da taxa de variação do IPC: traduz um aumento geral continuado do nível de
preços, que reduz o poder de compra da moeda do
Índice de preços * Índice de preços
país em causa.
)
Taxa de inflação |) 100
Índice de preços )

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