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Introdução à Contabilidade Nacional

● Macroeconomia e as origens keynesianas das contas nacionais


○ Keynes defendia que as economias monetárias, isto é, de mercado, não
apresentam nenhum mecanismo que garante que o resultado do agregado do
esforço produtivo num determinado período corresponda ao potencial máximo
que poderia ser obtido.
○ Para Keynes, a economia opera abaixo do pleno emprego porque agentes
tomam decisões com base em expectativas, mas não há mecanismos que
garantam que as expectativas se cumpram.

○ Fluxo circular da renda básico, em que os fluxos reais (linhas internas)


marcam as quantidades e os fluxos monetários (linhas externas) marcam os
valores:

○ O valor de produção (VP) de um bem ou serviço é composto por duas


dimensões: quantidade (Q) e preço (P). Assim, para o conjunto de bens e
serviços da economia podemos escrever, considerando que n é o número de
bens produzidos:
○ Fluxo circular da renda ampliado, com o mercado de bens de investimento e o
mercado financeiro:

○ Nesse fluxo, as empresas investem em manutenção ou ampliação de sua


capacidade, investindo no mercado de bens de investimento. Por sua vez, as
famílias não consomem toda sua renda, ofertando-a como fundo ao mercado
financeiro, que oferta fundos para as empresas. Assim entendia-se que a
poupança, que medida ex post é igual ao investimento ex post. Todavia,
Keynes circunscreve que o aumento na poupança não indica necessariamente
aumento no investimento, somente pela queda da taxa de juros, mas ocorre
pela expectativa dos agentes econômicos.

○ Fluxo e estoque.
■ Variáveis de Fluxo representam quantidades que ocorrem em um
intervalo de tempo específico, como uma taxa de mudança. Variáveis
de Estoque, por outro lado, representam quantidades acumuladas em
um determinado ponto no tempo. Estoque - moeda e ativo financeiro.
■ Estoque de ativos físicos e fluxo de investimento em formação de
capital fixo.
■ Ativos físicos - bens de investimento ou formação de capital fixo.
■ Ativos financeiros - mais voláteis, utilizados para equilibrar gastos e
receita.

○ Os componentes do Sistema de Contas Nacionais (SCN).


■ Modelo de Keynes - centralidade do processo de produção -
Característico de Economias de Mercado.
■ Modelo de Leontief - centralidade do mecanismo de troca.
■ Devem produzir os mesmos resultados macroeconômicos.
■ SCN produzido pelo IBGE no Brasil, com 3 funções gerais:
● “coordena a produção das estatísticas econômicas;
● “oferece precisão e confiabilidade aos indicadores-chave de
desempenho da economia;
● ajuda a entender as relações entre os setores da economia, o que
é fundamental para o entendimento sobre seu funcionamento.”

Agregados macroeconômicos e identidades contábeis


● Principais agregados: produto renda e despesa. Essas medidas são utilizadas
universalmente e representam a síntese do esforço produtivo de um país ou região e
seus desdobramentos na geração de renda e despesa num determinado período.

● Produto Interno Bruto (PIB):


○ A produção de todas as unidades produtoras da economia num dado período a
preços de mercado.
○ São considerados: bens e serviços voltados para o mercado, para o governo ou
instituições sem fins lucrativos (vendidos ou não). Bens para autoconsumo de
famílias, para uso próprio das firmas. Serviços pessoais e domésticos quando
remunerados e serviços de habitação pelos proprietários ocupantes.
○ Diferentes óticas:
■ ótica do produto (contabilização apenas do valor adicionado ou
agregado - a soma do que cada firma agrega de valor no seu processo
de produção - PIB é uma medida da produção líquida).
■ ótica da renda (soma dos fatores de produção empregados no processo
produtivo - capital e trabalho).
■ ótica da despesa (soma do total dos gastos dos agentes econômicos com
o consumo de bens e serviços, bem como com o investimento para a
ampliação de capacidade produtiva ou manutenção do equipamento).
■ As três óticas devem dar resultados iguais.

● Produto Interno Bruto (PIB) per capita:


○ Medida síntese de padrão de vida e desenvolvimento econômico dos países.
○ Divisão do PIB do ano pela população residente no mesmo período (1° de
julho).
○ Problemas da medição:
■ Aumento do PIB em catástrofes naturais e na redução do lazer.
■ Renda desigualmente distribuída.

● Renda Nacional Bruta (RNB):


○ O agregado que considera o valor adicionado gerado por fatores de produção
de propriedade de residentes - antigo Produto Nacional Bruto.
○ Uma unidade institucional é uma unidade residente quando tem um centro de
interesse econômico no território econômico de um país.
○ RLR - Renda Líquida Recebida do exterior / RLEE - Renda Líquida Enviada
ao Exterior.

● Renda Nacional Disponível Bruta (RDB) e Renda Privada Disponível (RDP):


○ Diferentemente do RNB, o RDB considera o saldo das transferências correntes
recebidas e enviadas ao exterior (remessa e recebimento de recursos entre
governos e residentes, remessa de imigrantes para suas famílias no país,
doações, heranças).
○ RDB = RNB + TUR (transferências correntes líquidas recebidas).
○ RDB = C (consumo final) + SD (total da poupança doméstica).
○ PIB = RNB + RLEE ou PIB = RDB + RLEE - TUR
○ Retirando a Renda Líquida do Governo (RLG) da RDB, obtemos a Renda
Privada Disponível (RPD).
○ RDB = RLG + RDP.

● Produto Interno Líquido (PIL):


○ Desconta a depreciação do capital utilizado no esforço de produção num
determinado período.

● PIB real ou a preços constantes de um determinado ano:


● PIB potencial e hiato de produto:
○ PIB potencial derivado de modelos teóricos - estimativa do nível do PIB a
preços constantes, com economia a seu potencial máximo (isto é, sem
aceleração da inflação). A diferença entre o PIB observado e o PIB potencial é
o hiato de produto.

● Identidades contábeis:
○ Em uma economia fechada sem governo, o S = Ipr (Investimento privado é
igual à poupança privada).
○ Em uma economia fechada com governo, Sg = RLG - G, assim S + Sg = I.
○ Em uma economia aberta, (Xnf - Mnf) −RLEE + TUR =
saldo do balanço de pagamentos em transações
correntes, ignorando as transferências de capital.
○ Em uma economia aberta, S + Sg + SE = I.
○ SD + SE = I; SD = I -SE ou SD = I + SCC
○ RBD = A + SCC. Se RDB - A > 0, economia doméstica é credora; Se RDB - A
< 0, a economia absorve poupança externa.

● Comparações internacionais e a medida do PPP:


○ Problemática de se utilizar uma moeda: flutuação desta.
○ Utilização de um PPP, para ajustar um conjunto comum de bens e serviços
produzidos em cada economia a um preço padrão.

● As Contas Econômicas Integradas (CEI) e as Tabelas de Recursos e Usos (TRU):


○ 1945-1985: FGV (RJ); 1985 - Atualmente: IBGE.
○ Modelos de referência (ONU, FMI, BM, OCDE, Eurostat) - (1953), SNA 1993
e SNA 2008.
○ O Novo SCN: as CEI e as TRU:
■ Primeira publicação brasileira - 1997.
■ As Contas Econômicas Integradas (CEI):
● Utilização de usos e recursos, ao invés de débito e crédito.
● Usos ao lado esquerdo e recursos ao lado direito.
● Três subconjuntos de contas:
○ Contas-correntes.
■ Produção de bens e serviços.
■ Geração de renda na produção e a subsequente
distribuição e redistribuição dos rendimentos
pelas unidades institucionais.
■ Alocação final entre consumo e poupança.
○ Contas de acumulação.
■ Fluxos de transações e outros fluxos que
representam mudanças nos ativos (do lado
esquerdo) e mudanças nas obrigações/passivos e
no patrimônio líquido (do lado direito).
■ Fluxos de transações - transações entre unidades
institucionais com valor econômico relevante,
como produção, compra e venda.
■ Conta de capital, conta financeira, conta de
outras variações no volume dos ativos e conta de
reavaliação.
○ Contas de patrimônio.
■ Estoque de ativos e passivos e patrimônio
líquido.
■ O conceito de patrimônio em contas nacionais
engloba os ativos tangíveis (bens patrimoniais
físicos, mas exclui os bens duráveis possuídos
pelas famílias); intangíveis (marcas e patentes) e
financeiros (moeda, ações e títulos).
■ As Tabelas de Recursos e Usos (TRU).
● Resultados de oferta e demanda e renda agregados por setores
de atividade.
● São divididas em:
○ Tabela de recursos de bens e serviços - oferta total de
bens e serviços da economia (produção e importação).
○ Tabela de usos de bens e serviços - consumo
intermediário e a demanda final (exportação, consumo
final e formação bruta de capital) - demanda da
economia.
○ Componentes do valor adicionado por setor de
atividade.
○ As contas nacionais do Brasil: operações de bens e serviços.
■ A conta de operações de bens e serviços é separada das CEI,
identificada no SCN como conta O.
■ Resumo dos resultados obtidos nas TRU, apresentando o equilíbrio
entre oferta total e demanda total, não há portanto saldo contábil.
■ Ao contrário das outras contas, os recursos estão no lado esquerdo e os
usos no direito.
■ O objetivo é apresentar o total da oferta de bens e serviços (pr.
doméstica + importações) e discriminar o destino dessa oferta pelas
categorias de demanda: consumo intermediário, consumo final,
formação bruta de capital fixo, variação de estoque e exportação de
bens e serviços.
■ Obtida pela identidade entre o valor do PIB obtido pela ótica da
produção e do consumo/gasto.
■ Produção no SCN - produção mercantil, produção por conta própria
para uso final e produção de não mercado.
■ Consumo Intermediário (CIpc) - consumo de bens e serviços mercantis
utilizado na produção de outros bens e serviços, mercantis ou nãos.
■ Consumo Final (Cpc) - bens e serviços de uso privado (famílias) ou
coletivo (administração pública) destinados à satisfação das
necessidades da população.
■ O aumento da importação não reduz o PIB pois não reduz o consumo,
mas reduz a renda interna e o PNB.
■ Propriedade legal (unidade institucional com direito e garantia legal aos
benefícios associados a esses bens) versus propriedade econômica
(unidade institucional com direito aos benefícios associados ao uso
destes bens no curso da atividade econômica, por aceitar os riscos
associados).
● Lease financeiro - banco tem propriedade legal e companhia
área tem a propriedade econômica de um avião alugado.
● Licenças ou permissões - o governo tem propriedade legal dos
espectros de rádios, mas as companhias tem a propriedade
econômica.

Contas Econômicas Integradas por setores institucionais


● Os grandes setores são:
○ Empresas não financeiras: produzem bens e serviços pela transformação de
insumos e da contratação de mão de obra. Composto por empresas privadas e
públicas produtoras de bens e serviços mercantis.
○ Empresas financeiras: criam meios de pagamento e/ou fazem a intermediação
de recursos de setores superavitários e os repassam para os setores
demandantes de recursos financeiros. Composto por instituições financeiras
(Banco Central e afins) e instituições de seguro.
○ Administração Pública: serviços não mercantis destinados à coletividade e
obtêm recursos via taxação de seus serviços ou cobrança de impostos.
○ Famílias: adquirem bens de consumo e são também produtoras. Compostas
unidades produtivas não inscritas no CNPJ e não constituídas em empresas,
além dos trabalhadores autônomas. Aloca-se aqui o aluguel imputado aos
imóveis residenciais ocupados por seus proprietários, o aluguel efetivo
recebido por pessoas físicas e o pagamento ao serviço doméstico remunerado.
○ Instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias: entidades jurídicas ou
sociais com o fim de produzir bens ou serviços sem fins lucrativos.
○ Resto do mundo: corresponde às transações econômicas de um país com as
demais nações.

● Economia não observada e a produção informal.


○ Produção ilegal - pode ser estimada caso o informante declare quanto recebe
com a execução de seus serviços, ainda que não identifique. Lembrando que é
somente aquela que se realiza sob um mútuo acordo entre as partes (drogas,
contrabando, prostituição) - visto que se não há mútuo acordo, há apenas uma
transferência de ativos.
○ Produção oculta (ou subdeclarada) - pode ser estimada pelo confronto entre a
oferta e demanda de bens e serviços, ocorre pela sonegação ou por ineficiência
das bases de dados.
○ Produção informal - baixo nível de organização produtiva e não possuem uma
clara divisão entre trabalho e capital enquanto fatores de produção.

Balanço de pagamentos
● Composição:
○ Conta-corrente: comércio de bens e serviços, os pagamentos e recebimentos de
rendas de capital e trabalho e as transferências unilaterais de renda entre o país
e o resto do mundo.
○ Conta capital: transferências unilaterais de ativos reais, ativos financeiros ou
ativos intangíveis entre residentes e não residentes.
○ Conta financeira: todos os tipos de fluxos de capitais entre os país e o resto do
mundo.
○ Erros e omissões: transações não registradas pela autoridade monetária.
○ Saldo do balanço de pagamentos: soma dos fatores acima.
○ Haveres da autoridade monetária: reservas internacionais.

● Conta-corrente:
○ Balanço comercial: transações de compra e venda de bens entre residentes e
não residentes.
■ Registrados por seu valor FOB (sem os custos de fretes, comissões,
seguros, etc).
■ Versão mais básica: exportações e importações.
○ Balanço de serviços: receitas e pagamentos relativos à prestação de serviços,
em transações entre residentes e não residentes.
■ Diversas classificações.
○ Balanço de rendas: receitas e pagamentos associados às rendas do trabalho e
do capital, em transações entre residentes e não residentes.
■ Rendas do trabalho - Salários e ordenados pagos por residentes a não
residentes e vice-versa, em contratos de curta duração ou sazonais.
■ Rendas de capital - Lucros, dividendos e juros.
○ Transferências unilaterais de renda: receitas ou despesas que não têm como
contrapartida a aquisição de um bem, a prestação de um serviço ou a utilização
de um fator de produção.

● Conta capital:
○ Transferências unilaterais de ativos reais, financeiros e intangíveis entre
residentes e não residentes. A principal diferença com a conta-corrente está no
fato de que as transferências de capital envolvem direitos de propriedade sobre
ativos em vez de renda.
○ Duas categorias: transferências unilaterais de capital e transferência de bens
não financeiros não produzidos (patentes e direitos autorais).

● Conta financeira:
○ Fluxos de capital entre residentes e não residentes, em quatro subcontas:
investimento direto, investimento em carteira, derivativos e outros
investimentos.
○ Investimento direto:
■ Entradas e saídas de capital relacionadas à obtenção de um interesse
duradouro, por parte de um residente, em um negócio ou atividade
residente em outra economia.
■ FMI - Investidor que é residente em outro país possui 10% ou mais das
ações ordinárias ou do poder votante, no caso de companhias abertas,
ou o equivalente, no caso de companhias fechadas.
■ Abertura de filiais de empresas nacionais no exterior e a abertura de
filiais de empresas estrangeiras no país.
■ Greenfield (campo vazio ou verde - aumenta o estoque de capital) vs
Brownfield (campo marrom, preenchido - troca de propriedade
somente).
○ Investimento em carteira:
■ Receitas e despesas relacionadas a investimentos em ações, debêntures
e outros títulos de renda fixa ou variável, além das receitas e despesas
ligadas a investimentos em instrumentos de mercado monetário, como
os certificados de depósito bancário.
○ Derivativos:
■ Incluído recentemente.
■ Contratos financeiros cujo valor deriva do preço de outros ativos ou
índices, como os contratos de dólar futuro, as opções de compra de
ações e os swaps de taxas de juro.
○ Outros investimentos:
■ Conta residual que registra todos os fluxos de capitais que não se
enquadram em nenhuma das definições anteriores.
■ De acordo com o FMI, essa conta é dividida em 4 grandes grupos:
créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos e outras
operações.

● Exemplos de registro contábil:


○ Método de partidas dobras: um crédito em uma conta deve necessariamente
estar associado a um débito em outra conta, de modo que o sistema total seja
sempre zerado.
○ Haveres da autoridade monetária:
■ Ativos de reserva internacional sob o controle do governo para o
financiamento direto de desequilíbrios de pagamentos, para a regulação
do tamanho destes desequilíbrios através de intervenções no mercado
de câmbio destinadas a afetar a taxa de câmbio e para outros propósitos
(FMI, 1993, p.99).
■ 5 categorias - ouro monetário, direitos especiais de saque, posições de
reserva no FMI, reservas em moeda estrangeira, outros ativos.
○ Débito e crédito no balanço da pagamentos:
■ Haveres aumentam com saldo positivo e diminuem com saldo negativo.
○ Saldo do balanço de pagamentos e variação de reservas:
■ Questão do câmbio em relação às reservas de moedas internacionais.
○ Os fluxos do balanço de pagamento afetam a posição internacional de
investimento do país, isto é, a diferença entre o total de ativos e passivos
externos detidos por residentes.

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