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MÓDULO 2 - APLICAÇÃO DO PROTOCOLO

“NÃO SE CALE” NO AMBIENTE DE BARES


E RESTAURANTES
Neste segundo módulo, vamos falar sobre atendimento às mulheres
que se sintam em situação de risco ou sejam vítimas de violência.

Você vai estudar os seguintes temas:


➜ Fluxo de Atendimento - Lei Nº 17635/23.
➜ Acolhimento da vítima e encaminhamento para rede protetiva.
➜ Rede protetiva.
➜ O que fazer quando ocorrer a violência?
➜ Formas adequadas e inadequadas de atendimento da mulher em
situação de vulnerabilidade, de risco ou vítima de violência.
➜ Revitimização.
➜ Definição de local seguro e reservado.
➜ Vítima: credibilidade do relato.
➜ Relação de consumo e a responsabilidade dos estabelecimentos
(Código do Consumidor).
➜ Orientação preventiva: (cartazes, campanhas etc.).

FLUXO DE ATENDIMENTO – LEI Nº 17635/23


Os estabelecimentos prestarão auxílio à mulher que, em suas dependências, sinta-se em situação de risco
ou seja vítima de violência. Durante todo o período de funcionamento do estabelecimento, deverá estar
presente, no mínimo, um funcionário capacitado para prestar auxílio à vítima.

O atendimento da mulher em situação de risco ou vítima de violência deverá ocorrer em local seguro e
reservado, longe do agressor por ela apontado e de terceiros. Devem ser observados os seguintes pontos:

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Atenção!
Nas ocorrências que envolvam estupro, estupro de vulnerável químico ou violação
sexual mediante fraude, é imprescindível que a vítima seja imediatamente encami-
nhada ao serviço médico, cabendo ao estabelecimento comunicar o fato ao órgão
de segurança pública.
O estado de vulnerabilidade refere-se à incapacidade da vítima de consentir, inde-
pendentemente de sua expressão de vontade.
Na hipótese de a vítima ser adolescente, deverá ser acionado o Conselho Tutelar,
nos termos da Lei federal n.º 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do
Adolescente.

ACOLHIMENTO DA VÍTIMA E
ENCAMINHAMENTO PARA REDE PROTETIVA
O acolhimento da vítima deve ser feito por um funcionário capacitado, de forma responsável e organizada
em lugar seguro e reservado (longe do agressor), respeitando alguns aspectos.

A escuta ativa é fundamental no acolhimento às mulheres. Envolve de-


dicar atenção plena ao que a pessoa está dizendo, sem interrupções ou
Escuta ativa
julgamentos. Além disso, a escuta empática envolve se colocar no lugar
e empática da outra pessoa, buscando compreender suas experiências, sentimentos,
traumas e necessidades.

É importante reconhecer e validar os sentimentos das mulheres ao com-


Validação partilharem suas experiências. Isso significa demonstrar compreensão e
dos sentimentos empatia diante das emoções que elas estão expressando, e mostrar que
suas emoções são legítimas e compreendidas.

No acolhimento às mulheres, é essencial direcionar a atenção para suas


Foco nas
necessidades, buscando compreender quais são seus desejos, expectati-
necessidades vas e prioridades.

É importante expressar-se de forma assertiva, mas respeitosa. Isso impli-


Comunicação
ca em utilizar linguagem não violenta, evitando críticas, julgamentos ou
clara e assertiva generalizações.

Atenção! Garanta que os encaminhamentos sejam realizados e que a confidencialidade seja respeitada.

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Em resumo, o acolhimento da vítima consiste em receber e escutar atentamente a pessoa que sofreu algum
tipo de violência ou abuso. É essencial que a vítima se sinta acolhida, segura e respeitada durante esse mo-
mento. O profissional responsável pelo acolhimento deve demonstrar empatia, sensibilidade e sigilo, criando
um ambiente propício para que a vítima possa compartilhar sua história, emoções e necessidades.

Para pensar!
Acolhimento não é aconselhamento!

REDE PROTETIVA

Sabia que existem mecanismos de proteção para a mulher vítima de violência? No próximo módulo, iremos
detalhar a rede protetiva. Você vai entender, com mais profundidade, como essas entidades atuam. Neste
momento, é importante que você conheça o fluxo de atendimento da rede protetiva. Veja, no link do fluxo a
seguir, os mecanismos de proteção em assistência social e saúde.

No link ao lado, acesse o


fluxo e veja como deve ser
o atendimento. O QUE FAZER QUANDO
OCORRER VIOLÊNCIA?

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No link abaixo, você encontra a versão completa dos materiais apresentados anteriormente, com o fluxo de
atendimento e os mecanismos de proteção em assistência social e saúde.

FORMAS ADEQUADAS E INADEQUADAS DE ATENDIMENTO À MULHER


EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE, RISCO OU VÍTIMA DE VIOLÊNCIA
Se você se deparar com uma mulher em situação de risco, vulnerabilidade ou violência, é essencial agir de
forma responsável e segura, levando em consideração a segurança da vítima e a sua própria.
Abaixo, são apresentadas algumas ações que você pode tomar e que ajudarão nessas situações.

MANTENHA A CALMA

Tente manter a calma para poder


NÃO JULGUE A VÍTIMA
ajudar a vítima de forma eficaz e
tranquila. Evite fazer perguntas ofensivas ou
grosseiras que invadam a privaci-
dade da mulher. O foco deve ser
na ajuda e no apoio. Não se esque-
ça: você é um facilitador.

EVITE CONFRONTAÇÕES DIRETAS

Se for confrontar o agressor, faça-o


de maneira pacífica e não violenta,
a fim de evitar piorar a situação ou NÃO SE EXPONHA AO PERIGO
colocar-se em risco.
Caso a situação seja muito perigo-
sa ou envolva agressores armados,
não tente intervir diretamente.
Nesses casos, é melhor ligar para a
Polícia imediatamente.

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INFORME-SE SOBRE
RECURSOS LOCAIS

Conheça os serviços e recursos dis-


poníveis em sua comunidade para AJUDE A VÍTIMA A PROCURAR
ajudar vítimas de violência, como AJUDA PROFISSIONAL
abrigos, linhas de apoio e centros
Encoraje a vítima a buscar assis-
de assistência.
tência de profissionais, como psi-
cólogos, assistentes sociais ou
grupos de apoio para vítimas de
violência e a encaminhe para a
rede de atendimento da mulher
em situação de violência.
SUA SEGURANÇA
TAMBÉM É IMPORTANTE

Nem sempre é possível intervir di-


retamente em situações perigosas.
Nesses casos, a prioridade é cha-
mar a Polícia. Mas cuidado, antes
OFEREÇA APOIO EMOCIONAL
de acionar a polícia, converse com
a mulher sobre essa possibilidade Mostre empatia e compaixão à ví-
e caso a mesma recuse, respeite a tima, deixando-a saber que você
sua vontade. está ali para ajudar e apoiá-la.

DOCUMENTE A SITUAÇÃO

Se possível e sem colocar-se em RESPEITE A VONTADE DA VÍTIMA


risco, faça anotações sobre o que
Algumas vítimas podem não que-
está acontecendo, para fornecer
rer ajuda imediata ou envolvimen-
evidências às autoridades.
to das autoridades. Respeite a de-
cisão delas, mas deixe claro que
você está disponível para apoiá-las
caso mudem de ideia.

REVITIMIZAÇÃO
A revitimização ocorre quando uma vítima é obrigada a reviver o trauma de atos de violência sofridos. Isso
pode acontecer quando ela é submetida repetidamente (de forma desnecessária) a questionamentos deta-
lhados ou quando precisa relatar o trauma várias vezes para diferentes profissionais. Essa experiência pode
levar a vítima a omitir fatos ou sentir-se constrangida diante das repetições.

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Para evitar a revitimização, é essencial adotar as seguintes medidas:

➜ Seja discreto. Leve a vítima até um local reservado e seguro, preferencialmente acompanhada de outra
mulher;
➜ Demonstrar consideração e respeito pelos sentimentos da vítima;
➜ Permitir que a vítima se expresse sem minimizar a gravidade do ocorrido, evitando frases como: “isso não
foi nada”, “vai passar”, “não precisa chorar”;
➜ Evitar tratamento excessivamente zeloso ou superprotetor;
➜ Manter uma postura empática e não hostil;
➜ Não culpar a vítima pelo que aconteceu;
➜ Abster-se de demonstrar surpresa, choro ou horror, pois tais reações podem transmitir censura ou desa-
provação;
➜ Evitar fazer comentários preconceituosos ou julgamentos.

DEFINIÇÃO DE LOCAL SEGURO E RESERVADO


Podemos considerar um local seguro e reservado qualquer espaço no estabelecimento que possibilite o
atendimento seguro da mulher ameaçada, vítima de violência ou em situação de risco e que permita seu
uso para esse fim.

Atenção! Revitimização: ato, questionamento ou discurso que gere constrangimento indevido ou estigma-
tização na mulher.

VÍTIMA: CREDIBILIDADE DO RELATO


No momento do relato da vítima, é importante atentar-se para NÃO retirar sua credibilidade, não atribuindo
a culpa pela violência ao comportamento ou aparência, bem como às decisões que toma em determinadas
situações. Neste cenário, temos alguns exemplos de culpabilização, tais como::

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Infelizmente, na sociedade atual, ainda existe a ideia de que a mulher ‘provoca’ situações de violência por
causa da roupa ou em razão de alguns comportamentos. Nesses casos, cria-se a ideia de que essa mulher
não é violentada e, portanto, não pode ser considerada vítima.

Existe, também, a ideia de que a mulher precisa resistir fisicamente ao ato violento, ou apresentar escoria-
ções e hematomas para que o ato seja considerado criminoso. Caso contrário, o relato da vítima não é consi-
derado tão importante quanto deveria.

Além disso, locais em que a vítima de violência sexual se encontra, como festas, bares e casas noturnas,
também são mencionadas para descreditar seu relato. Essa tentativa de desqualificar a vítima e sua versão
dos fatos é extremamente prejudicial e desencoraja muitas vítimas de denunciar os abusos que sofreram.

É imprescindível que o depoimento da vítima seja levado a sério e tratado com respeito, independentemen-
te do contexto em que o evento ocorreu. O impacto emocional do trauma, o medo, a vergonha, a confusão
e as ameaças recebidas podem afetar profundamente a forma como a vítima relata o incidente. Devemos
lembrar que atribuir culpa à vítima é uma prática injusta e inadequada, e a sociedade deve se esforçar para
criar um ambiente seguro e acolhedor, onde todas as vítimas de violência possam ser ouvidas e apoiadas.

Atenção!
O livro de registro de ocorrências não é obrigatório. Mas é recomendável que todos
estabelecimento tenha um livro destinado a esse fim, que servirá para comprovar o
atendimento realizado e a forma de auxílio prestado à mulher vítima de violência ou
em situação de risco.
Destaca-se a importância dos registros do estabelecimento de documentos e de
imagens gravadas para disponibilização aos órgãos de segurança.

RELAÇÃO DE CONSUMO E A RESPONSABILIDADE


DOS ESTABELECIMENTOS (CÓDIGO DO CONSUMIDOR)
A Lei 17.635/23 visa proteger tanto as consumidoras quanto as trabalhadoras dos estabelecimentos.

Para pensar!
O art. 2º, caput, da Lei 8078/90 define que consumidor é toda pessoa que adquire
um produto como destinatário final, mas também todo aquele que utiliza um serviço.
Esse é o caso dos bares e das casas de eventos.

Os estabelecimentos, de acordo com o artigo 14 do Código do Consumidor, parágrafo 1º, têm a responsabi-
lidade de garantir a segurança de seus clientes enquanto estiverem em suas dependências, considerando
um serviço defeituoso quando não oferece a segurança que o consumidor pode esperar. Portanto, é impres-
cindível que todos os estabelecimentos estejam preparados para informar, prevenir e socorrer possíveis
vítimas.

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Atenção!
Vítima funcionária do estabelecimento: no caso de a vítima ser funcionária do
estabelecimento, mesmo que o autor seja colega de trabalho, chefe ou cliente, é
importante seguir as orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
do Ministério Público do Trabalho em relação às providências que merecem atenção
em casos de assédio sexual, moral e discriminação.

O descumprimento da Lei n.º 17.621, de 3 de fevereiro de 2023, da Lei n.º 17.635, de 17 de fevereiro de 2023,
ou das disposições do decreto sujeita os infratores a sanções administrativas, nos termos da Lei federal n.º
8.078, de 11 de setembro de 1990, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas espe-
cíficas. As sanções incluem:
I – multa;
II – suspensão do fornecimento do serviço;
III – suspensão temporária da atividade;
IV – revogação de concessão ou permissão de uso;
V – cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
VI – interdição, total ou parcial, do estabelecimento, obra ou atividade;
VII – interdição administrativa.

ORIENTAÇÕES PREVENTIVAS (CARTAZES, CAMPANHAS ETC.)


Todos os estabelecimentos colocarão cartazes físicos ou eletrônicos que informem a disponibilidade para
prestar auxílio à mulher que se sinta em situação de risco.

O cartaz deverá ser colocado em local de fácil visualização e no interior de todos os banheiros destinados
ou disponíveis às mulheres.

Caso o cartaz seja exclusivamente


eletrônico, a veiculação do aviso
Conheça o cartaz do Protocolo Não se cale: deverá ser permanente, de forma
não alterada com outro conteúdo.

Frases utilizadas na campanha:

“Não se cale!”
“Em situação de risco, peça ajuda.”
“O lugar pode ser público. Seu corpo, não.”
“Importunação sexual é crime.”

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