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NACIONAL E A
ATIVIDADE
EMPRESARIAL
2024 - 1o.Semestre
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EMENTA
Direito Tributário: conceito, natureza, autonomia, vigência, aplicação, interpretação
e integração. Fontes do Direito Tributário: Constituição; lei complementar; lei
ordinária; tratados e convenções internacionais; decretos; atos normativos
administrativos; decisões normativas; práticas reiteradas; convênios. Educação em
Direitos Humanos: Direitos Humanos e tributação. Princípios do Direito Tributário:
legalidade; tipicidade, anterioridade e anualidade; non olet; capacidade
contributiva; isonomia; irretroatividade tributária; vedação ao confisco; não
limitação ao tráfego de pessoas e bens, vedação de tributos interlocais,
uniformidade. Imunidade, isenção e não-incidência. A repartição constitucional de
competências tributárias. Discriminação constitucional das rendas tributárias.
Competência e capacidade tributária. Definição de tributo. Elementos do tributo:
fato gerador, base de cálculo, alíquota e sujeitos. Espécies de tributos: impostos,
taxas, contribuição de melhoria; empréstimo compulsório, contribuições sociais e
de intervenção no domínio econômico. Políticas de Educação Ambiental: tributos
verdes. Domicílio tributário. Obrigação principal e acessória. Responsabilidade
tributária. Constituição do crédito tributário. Lançamento. Modalidades de
lançamento. Suspensão do crédito tributário. Extinção do crédito tributário.
Prescrição e decadência. Exclusão do crédito tributário. Restituição do tributo
transferido. Garantias e privilégios do crédito tributário. Tributos em espécie:
tributos federais, estaduais, distritais e municipais. Administração tributária.
Processo administrativo tributário. Procedimento fiscal. Sigilo fiscal e prestação de
informações. Dívida ativa. Certidões e cadastro. Processo judicial tributário. Ação
de Execução Fiscal. Embargos à execução fiscal. Mandado de Segurança. Anulatória
de débito fiscal. Ação declaratória. Ação de repetição de indébito. Ação de
consignação em pagamento. Exceção de pré-executividade. Medida cautelar fiscal.
Noções de Direito Financeiro: conceito; objeto; fontes; princípios. Finanças
públicas. Patrimônio público: administração; controle; inventário. Atividade
financeira do Estado: crédito; receitas; despesas. Orçamento público: elaboração;
execução; controle. Leis orçamentárias. Sistema financeiro: estrutura e composição.
Moeda: emissão e circulação. Títulos de créditos: letra de câmbio, cheque, nota
promissória, duplicata. Aceite, aval, endosso, protesto, prescrição. Ações cambiais.
Contratos bancários: depósito bancário; conta-corrente; aplicação financeira;
mútuo bancário; desconto; abertura de crédito; crédito documentário.
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TÓPICO PÁG.
3. Legislação sobre o Sistema Tributário Brasileiro. Normas Gerais de Direito Tributário. Fontes do 47
Direito tributário. Conceito de fonte. Fontes formais do Direito Tributário. Legislação Tributária.
Conceito. Lei, Tratados e Convenções internacionais. Normas complementares. Leis complementares.
Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da Legislação Tributária. Interpretação e integração da
Legislação Tributária. Tratados internacionais e a legislação interna. A perda da eficácia dos tratados.
Os tratados sobre matéria tributária e o art. 98 da CTN. Vigência do tratado.
4. Definição de tributo. Espécies de tributos. Elementos do tributo: fato gerador, base de cálculo, 81
alíquota e sujeitos.
5. Impostos federais: impostos sobre o comércio exterior (II e IE). Imposto sobre produtos 104
industrializados (IPI). Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários (IOF). Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR). Imposto de renda (IR).
Regimes jurídicos. Imposto de renda pessoa jurídica. Imposto de renda pessoas físicas.
7. Noções de Direito Financeiro: conceito; objeto; fontes; princípios. Finanças públicas. Patrimônio 140
público: administração; controle; inventário. Atividade financeira do Estado: crédito; receitas; despesas.
Orçamento público: elaboração; execução; controle. Leis orçamentárias. Sistema financeiro: estrutura e
composição. Moeda: emissão e circulação.
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AVALIAÇÃO CONTÍNUA
A avaliação contínua está diretamente vinculada a realização do trabalho pedagógico e se
concretiza no acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem por várias formas.
Constitui-se de momentos e instrumentos imprescindíveis utilizados pelo professor para que as
metas de compreensão sejam atingidas. Existirão dois momentos (A1 e A2), previstos no
calendário, com o objetivo de refletir sobre o nível de compreensão das habilidades da área de
estudos e competências desenvolvidas na Unidade Curricular e a avaliação dos desempenhos ao
longo do semestre (A3).
Para aprovação, a nota final deverá ser igual ou maior que 70 e a frequência igual ou superior a
75% da carga horária da Unidade Curricular.
Obs.: Caso a frequência do aluno seja menor que 75%, ele estará reprovado, independentemente
da nota.
Avaliação Integrada:
O aluno que tiver frequência de 75% ou mais e nota inferior a 70 pontos poderá realizar a
Avaliação Integrada (AI).
A AI valerá 30 pontos e a nota, se maior, substituirá a menor das notas entre a A1 e a A2. Caso a
nota da AI, por ser maior, substitua a nota da A1 ou da A2, a soma das três notas (A1+A2+A3)
deverá ser 70 pontos ou mais, para a aprovação. Se a nota da AI for inferior à nota da A1 e,
também, da A2, não haverá substituição e o aluno estará reprovado na Unidade Curricular.
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1. O Sistema Tributário Nacional. Limitações constitucionais ao
poder de tributar. Princípios da legalidade e da tipicidade.
Princípio da anterioridade. Proibição de tributos interlocais.
Princípio da Igualdade. Princípio do Não-Confisco. Princípio da
Irretroatividade. Imunidade. Espécies de Imunidade. Isenção.
Uniformidade tributária. Imunidade recíproca. Extensão da
imunidade às autarquias e fundações públicas. Tributação das
concessionárias. Sociedades de economia mistas e fundações.
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PRINCÍPIOS
1. Princípio da legalidade:
Por definição (art. 3º, CTN), o tributo é prestação pecuniária instituída por lei, de modo que a
tributação só é legítima quando exercida através de lei formal do ente federativo competente.
O art. 150, I da CF/88 determina que é vedado exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. A
lei ordinária é o instrumento normal à criação de tributos. No entanto, a própria CF determina que a criação de
empréstimos compulsórios (art. 148), imposto sobre grandes fortunas – IGF (art. 153, VII) e Impostos e
contribuições residuais (arts. 154, I e 195, § 4º) se fará por meio de lei complementar1.
A lei que disponha sobre matéria tributária não é da iniciativa privativa do Presidente da República,
senão quando concernente aos territórios federais (art. 61, § 1º, II, “b”).
O CTN, em seu art. 97 ainda especifica demais matérias sujeitas à reserva legal.
A CF-88 ainda remete à lei complementar a regulação de outras questões tributárias.
É a lei que estabelece o quantum debeatur e somente a lei pode aumentá-lo, redefinindo o seu valor,
modificando a base de cálculo, majorando a alíquota. Violaria a legalidade tributária uma cláusula geral de
tributação (“norma aberta de tributação”), que permitisse ao Executivo a definição dos elementos do tributo:
material, espacial, temporal, pessoal e quantitativo.
Entretanto, não há vedação à utilização de tipos abertos e conceitos jurídicos indeterminados, desde
que não viole a exigência de determinabilidade, quanto ao surgimento, sujeitos e conteúdo da relação
jurídico-tributária.
Também não é vedado o uso de norma tributária em branco, que exige a consideração de simples
dados fáticos ou técnicos necessários à sua aplicação (ex. cont/SAT, conforme o grau de risco da atividade
preponderante).
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Também deve ser tratado por LC: 1) Dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária, regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar, estabelecer normas gerais tributárias, definição de tributos e de suas espécies, dispor
sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência (art. 146, I, II e III, CF); 2) Dispor sobre o tratamento
tributário do ato cooperativo e do tratamento diferenciado e favorecido para ME e EPP. (art. 146, III, “c” e “d”, CF); 3)
Estabelecer critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrios na concorrência. (art. 146-A); 4) Em relação aos
impostos discriminados na constituição, definir os fatos geradores, base de cálculo e contribuintes (art. 146, III, a, CF).
Atenção: “normas gerais” (LC) não significa “normas genéricas”, mas sim normas aptas a vincular todos os entes
federados e administrados (STF, RE 433352-AdR)
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Exigência de lei específica para concessão de incentivos ou benefícios fiscais:
Prevista no art. 150, § 6º da CF, tem como objetivo evitar artifícios legislativos de inserir previsão de
benefícios fiscais em leis que não tratam de matéria tributária.
Em matéria tributária, a medida provisória, como tem força de lei2, constitui instrumento legítimo de
regulamentação, desde que, obviamente, se afigurarem os requisitos da relevância e urgência. Porém, quando a
CF exigir o tratamento de determinada questão através de lei complementar, é vedado utilizar-se a MP (art. 62,
§ 1º, III, CF).
A atualização do valor monetário da base de cálculo de tributo (art. 97, CTN e STF, RE 172394/SP)
não está protegida pela reserva legal, assim como também não o está a alteração do prazo para recolhimento de
um tributo (STF, RE 195.218/MG). No que tange à atualização monetária, precisa estar revista/autorizada em
lei, mas a definição do indexador ou a efetiva atualização prescinde de lei. O prazo de recolhimento do tributo
não integra a sua hipótese de incidência (não é elemento temporal!), mas se o legislador o previr através de lei,
norma administrativa não poderia alterá-lo (STF).
A CF/88 prevê algumas exceções à reserva legal, normalmente levando em conta a forte nota de
extrafiscalidade de alguns tributos. Em suma, o Poder Executivo pode, por ato infralegal, alterar as alíquotas,
nos termos e limites da lei, do II, IE, IPI e IOF (art. 153, § 1º, CF). Também por ato infralegal poderá reduzir
ou restabelecer as alíquotas da CIDE-Combustíveis (art. 177, § 4º, I, “b”, CF). Já os Estados e o DF deverão
definir as alíquotas do ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis através de convênio celebrado em
âmbito do CONFAZ pelos representantes de seus Poderes Executivos, possuindo esse convênio, ainda, a
prerrogativa de reduzir e restabelecer essas alíquotas (art. 155, § 4º, IV e “c”).
Por último, deve-se esclarecer que em âmbito tributário, doutrina e jurisprudência têm se posicionado
no sentido de que a garantia da legalidade não se restringe à mera autorização do legislativo para cobrar tal
tributo, mas, além disto, exige que os aspectos relevantes para o nascimento da obrigação estejam previstos na
lei, entre os quais o fato gerador, os sujeitos ativo e passivo, a base de cálculo e a alíquota: “[...] 5. Só há
tributo exigível quando existe lei que expressamente o declare, impondo os elementos do seu fato gerador, da
sua base imponível e da alíquota devida, expressando, ainda, quais são os sujeitos ativos e passivos. 6.
Precedentes das 1ª e 2ª Turmas desta Corte Superior” (STJ. REsp 605619/RS).
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Legalidade e medidas provisórias: 1) Tributos sujeitos à criação por lei complementar não podem sê-lo por medida
provisória. 2) O II, IE, IPI, IOF e Imposto extraordinário de guerra (que são exceções ao princípio da anterioridade e da
noventena – este último não o IPI) são cobráveis imediatamente. 3) Os demais impostos (que se submetem à
anterioridade) são cobráveis no exercício seguinte e desde que seja a MP convertida até o último dia.
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RESUMO:
A criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. A lei deve descrever determinada
situação (aspecto material) no tempo e no espaço (aspectos temporal e espacial), que, uma vez
ocorrida, gerará o dever para determinada pessoa (aspecto pessoal) de entregar ao Estado certa
quantia (aspecto quantitativo) a título de tributo. Previsão na Carta Magna Lhibertatis (1215),
impôs a necessidade de aprovação prévia dos súditos para a cobrança dos tributos, “no taxation
whithout representation”.
Exceções:
Para a majoração de alíquotas: II, IE, IPI, IOF (alíquotas fixadas por decreto, dentro
dos limites fixados em lei – art. 153, §1º.), CIDE-combustíveis (o Poder Executivo
pode reduzir e restabelecer as alíquotas – art. 177, § 4º, I, b, da CF/88) e ICMS
monofásico sobre combustíveis (alíquotas fixadas por convênio celebrado entre
Estados e DF – CONFAZ – art. 155, § 4º, IV, da CF);
Prazo para recolhimento previsto em ato normativo infralegal (Sum 669, STF);
Obrigações acessórias e atualização monetária da base de cálculo (STF e CTN, art.
97, § 2º). Em relação a esta última, tanto o STF quanto o STJ entendem ser possível a
fixação de índice local para a correção monetária, o qual somente teria como limite o
índice oficial de correção monetária. Neste sentido, Sumula 160 do STJ (“É defeso, ao
Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial
de correção monetária”).
Observações:
Legalidade e delegação legislativa: nada impede a utilização de lei delegada em matéria
tributária. Contudo, a grande liberdade na edição de medidas provisórias acaba
inutilizando o instrumento.
Legalidade e regulamentos: segundo o STF, “os decretos regulamentadores, ao tratarem
da atividade econômica preponderante e do grau de risco acidentário, delimitaram
conceitos necessários à aplicação concreta da Lei 8.212/91, não exorbitando o poder
regulamentar conferido pela norma” (STF, RE 343.446-2/SC, j. 20.3.2003). Assim é possível
que o legislador atribua ao regulamento a incumbência de complementar conceitos
jurídicos indeterminados, sem que com isto se fira o princípio da legalidade. Roque
Carraza afirma que no Brasil se aplica o PRINCÍPIO DA REFERENDA, no que tange aos
regulamentos expedidos pelo executivo, com fundamento no art. 87, parágrafo único,
inciso I, da CF, que afirma que os Ministros de Estado devem "referendar os atos e
decretos assinados pelo Presidente da República".
Legalidade e medida provisória: a EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória
como meio adequado para criar ou aumentar IMPOSTOS (segundo a literalidade da CF).
No entanto, antes mesmo da EC, o STF entendia ser a MP veículo normativo hábil a criar
ou majorar tributos. Restrição: regulação dos conteúdos cuja disciplina esteja reservada à
lei complementar (art. 62, § 1º, CF).
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2. Princípio da isonomia (art. 150, II, CF): “princípio da proibição de privilégios odiosos”.
Veda o tratamento tributário diferenciado para pessoas que estão na mesma condição.
Não há exceções constitucionais a este princípio. A isonomia possui acepção horizontal e
vertical. A horizontal refere-se às pessoas que estão na mesma situação e que devem ser
tratadas da mesma forma. A vertical refere-se às pessoas que se encontram em situações
distintas e que, por isso, devem ser tratadas de maneira diferenciada na medida em que
se diferenciam.
Nessa linha:
Tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte,
assim definidas em lei, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução
destas por meio de lei.
As contribuições sociais previstas no inciso I do caput do art. 195 poderão ter alíquotas ou
bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva
de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
É admitida a concessão de incentivos fiscais para promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I).
Deduções da BC do imposto de renda (saúde, educação, dependentes).
Jurisprudência:
Na declaração anual de imposto de renda, é possível a dedução de despesas feitas pelo
contribuinte com profissional de saúde, mesmo que este não seja regularmente inscrito
no respectivo conselho profissional. Ex: dentista que não esteja registrado no CRO. (STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1.375.793-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/6/2013 –
Info 524).
Concessão de isenção à operação de aquisição de automóveis por oficiais de justiça
estaduais. (...) A isonomia tributária (CF, art. 150, II) torna inválidas as distinções entre
contribuintes ‘em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida’, máxime
nas hipóteses nas quais, sem qualquer base axiológica no postulado da razoabilidade,
engendra-se tratamento discriminatório em benefício da categoria dos oficiais de justiça
estaduais.” (ADI 4.276, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 20-8-2014, Plenário, DJE de
18-9-2014.)
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O princípio da isonomia é princípio geral do direito, previsto no art. 3º, IV, da CF, proibindo que seja
concedido tratamento jurídico diferenciado aos que se situem na mesma situação. Contudo, o próprio princípio
da isonomia determina que a aqueles que estiverem em posições distintas, é lícito o tratamento diferenciado, na
medida de suas desigualdades, a fim de efetivar a garantia da igualdade material.
O instrumento para aferir a compatibilidade de um tratamento diferenciado com a isonomia é o
princípio da proporcionalidade ou razoabilidade.
Há dois critérios justificadores de tratamento tributário diferenciado: a capacidade contributiva e
razões extrafiscais.
O STF tem entendimento consolidado de que a extensão do tratamento diferenciado a contribuintes
não abrangidos pela lei implica converter-se em legislador positivo (o que é vedado).
Em âmbito tributário, o art. 150, II, CF, veda o tratamento diferenciado entre contribuintes que se
encontrarem em situação equivalente, exemplificando com a proibição de prever-se qualquer distinção em
razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos
rendimentos, títulos ou direitos.
Porém, a própria CF/88 prevê situações em que a tributação será realizada tendo em vista a
necessidade de tratamentos favorecidos, a fim de efetivar a igualdade material:
concessão de incentivos fiscais a contribuintes situados em regiões específicas do país, a fim
de promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões (art.
151, I, CF);
concessão de tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno
porte, através da simplificação de suas obrigações tributárias (art. 179, CF);
a lei tributária pode discriminar por motivo extrafiscal entre ramos de atividade econômica,
desde que a distinção seja razoável (STF, ADI 1643);
Tratamento fiscal diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação (art. 170, VI, CF).
Porém, é inadmitida a concessão de isenção tendo como critério a qualidade de servidor público (STF,
AI 157871- AgR).
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PRINCÍPIO DA NÃO-SURPRESA.
Trata-se da garantia de conhecimento antecipado dos gravames que lhe serão impostos ao contribuinte. No
direito tributário, a doutrina identifica o princípio da não surpresa, extraído da CF/88 e composto pelas
garantias da irretroatividade, da anterioridade do exercício financeiro e da anterioridade nonagesimal (ou
noventena).
3. Princípio da irretroatividade (art. 150, III, a, CF): A nova lei só alcança fatos geradores
futuros.
Características:
FG instantâneo: ocorre em um momento preciso da linha do tempo. Ex: ICMS, IPI, II, IE,
IOF, ITBI, ITCMD etc.
FGs periódicos: fatos geradores que se prolongam no tempo, sendo considerados
ocorridos nos instantes legalmente determinados. Os fatos periódicos simples tomam por
base um único evento que se prolonga no tempo (Ex: IPTU e IPVA). Já os fatos periódicos
compostos são fatos geradores compostos de diversos eventos que devem ser
considerados de maneira global, dentro de um determinado período de tempo legalmente
definido (Ex: IR e CSLL).
Irretroatividade e CSLL: “se o fato gerador relativo à contribuição social reputa-se ocorrido
em 31 de dezembro, conforme a orientação do STF, a lei que esteja em vigor nessa data é
aplicável imediatamente ... (AI – AgR-ED 333.209/PR – Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.
02.03.2007).
Irretroatividade e IR: FG pode ser composto pela soma de fatos isolados, valorados num período de
tempo, de tal sorte que só se aperfeiçoe tal FG com a implementação do último fato isolado, como no IR, o FG
periódico (complexivo). SÚMULA Nº 584 do STF: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do
ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. Tal súmula
parece desprezar tanto a anterioridade quanto a irretroatividade. Essa súmula foi bastante contestada pela
doutrina. Em setembro/14 o STF concluiu o julgamento do RE 183.130 e embora tenha se mantido válida a
Súmula 584, entendeu-se “não ser legítima a aplicação retroativa da Lei que majorou a alíquota incidente
sobre o lucro proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo exercício.
Relativamente a elas, a legislação havia conferido tratamento fiscal destacado e mais favorável, justamente
para incrementar a sua exportação. A evidente função extrafiscal da tributação das referidas operações afasta
a aplicação, em relação a elas, da Súmula 584/STF. (RE 183130, Pleno, 25/09/2014). No julgamento o RE
592.396 (Repercussão Geral), em que se discute a possibilidade de “aplicação de lei que majorou alíquota do
imposto de renda sobre fatos ocorridos no mesmo ano em que publicada, para pagamento do tributo com
relação ao exercício seguinte”, o STF fixou a tese de que “É inconstitucional a aplicação retroativa de lei que
majora a alíquota incidente sobre o lucro proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda
que no mesmo ano-base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada
operação de exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie”. Vale registrar que, no âmbito do
STJ, existem precedentes afirmando a inaplicabilidade da referida Súmula (entre outros, AgRg no Ag 1363478,
j. 15/03/2011) - “Inaplicável o verbete sumular 584 do STF, erigido à luz da legislação anterior à atual Carta
Magna, vigendo, desde então, os princípios da anterioridade e da irretroatividade da lei tributária. Precedentes
do STJ: REsp 222.338/RS”. Finalmente, a Súmula 584 foi cancelada, pois ofende os princípios da
irretroatividade e da anterioridade (STF, Info 987, 08/2020).
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Exceções ao princípio (art. 106 do CTN): A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
o Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
o Tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação
ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado
em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei
vigente ao tempo da sua prática.
A CF não veda a retroatividade geral, apenas impedindo a tangibilidade do direito adquirido e da coisa
julgada. Mas, expressamente, a prevê como garantia especial na definição de crimes e penas e na instituição e
majoração de tributos. Trata-se da garantia da lex previa, preservando o passado da atribuição de novos efeitos
tributários. Na Alemanha, o TCF admite a retroatividade imprópria (alcança todo o período já decorrido em
parte quando do advento da lei).
No Brasil, destacava-se a súmula 584-STF (“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do
ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração”). Contudo,
a Súmula 584 foi cancelada, pois ofende os princípios da irretroatividade e da anterioridade (STF, Info 987,
08/2020).
Tradicionalmente, quando o fato gerador se prolonga no tempo – fato gerador periódico (ex. IR, CSLL)
– o STF já decidiu que a irretroatividade não impede que a lei nova que institua ou aumente o tributo alcance
todo o período de apuração, desde que este termine em data posterior ao início da produção dos efeitos da nova
lei (RE 232084).
Entende-se que no IR de apuração anual, a norma tributária só incide quando do término do ano-base e,
ainda, a análise da irretroatividade deve ser feita no momento que a norma incide, mesmo nos tributos
complexivos, sendo irrelevante as parcelas de fato ocorridas anteriormente.
No RE 183130, entendeu-se que a Súmula 584 não se aplicava quando o IR tiver utilização extrafiscal,
sob pena de afrontar a confiança fisco-contribuinte.
No RE 592396 (RG, 2015), afirmou que “é inconstitucional a aplicação retroativa de lei que majora a
alíquota incidente sobre o lucro proveniente de operação incentivadas ocorridas no passado, ainda que no
mesmo ano-base, tendo em vista que o fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada operação de
exportação, à luz da extrafiscalidade da tributação na espécie.
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No RE 587008 (fev/2011), tratando da CSL de instituição financeira, o STF declarou a
inconstitucionalidade parcial do aumento no que a EC 10/96 determinava a aplicação retroativa a 1º/01/1996.
Em suma, a lei mais gravosa não poderá colher fatos ocorridos antes de sua efetiva vigência (não da
publicação!). É por isso que o art. 105 do CTN prevê que “a legislação tributária aplica-se imediatamente aos
fatos geradores futuros e aos pendentes”.
O art. 106 do CTN prevê as hipóteses em que é admitida a retroatividade de lei tributária:
a) leis meramente interpretativas, excluída a aplicação de penalidade por eventual infração dos
dispositivos interpretados e
b) leis que reduzam penalidades ou deixem de definir determinados atos como infração tributária.
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4. Princípio da anterioridade (CF, 150, III, b, c):
É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou. Diz respeito à publicação, não à vigência da lei. Não se aplica quando
benéfica ao contribuinte.
Há duas modalidades: anterioridade de exercício e anterioridade nonagesimal (ou mitigada). Na
primeira, exige-se que a lei que institua ou aumente o tributo tenha sido publicada no exercício
anterior. Na segunda, exige-se o decurso de um prazo de 90 dias, contados da data em que haja
sido publicada a lei que instituiu ou aumentou o tributo.
Para o STF, o princípio em tela é cláusula pétrea.
Não confundir o princípio da anterioridade com o da anualidade. Este, que não mais vige no
nosso sistema tributário, exigia a prévia autorização orçamentária anual para a cobrança do tributo.
Também não confundir com o princípio da anualidade financeira (ou periodicidade): art. 2º, Lei
n. 4.320/64 e art. 165, III, CF: determina que o orçamento seja atualizado a cada ano; exige que o
orçamento tenha um prazo de duração.
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O princípio da anterioridade não diz respeito a infrações e penalidades, mas apenas a tributos. Assim,
leis que criem infrações ou agravem sanções possuem aplicabilidade imediata, obviamente não produzindo
efeitos pretéritos por força da irretroatividade. ]
A norma tributária que se restrinja, unicamente, a alterar o prazo de recolhimento de um tributo,
mesmo antecipando-o, não agrava a situação do contribuinte, não se sujeitando à anterioridade do exercício
financeiro (Súmula Vinculante 50). Igualmente, a mera atualização do valor do tributo ou de sua base de
cálculo não são situações mais gravosas, estando fora da proteção da anterioridade (STF. RE 200844-AgR).
[Lembrar que estas situações são também exceções ao princípio da legalidade].
Acerca da revogação de isenções e a incidência da anterioridade, o STF, contudo, diferencia duas
situações:
a) quando a isenção for concedida sob condições e com prazo certo, gerará direito adquirido e não
podem ser livremente revogadas;
b) quando a isenção for não condicionada ou sem prazo definido, podem ser revogadas a qualquer
tempo por lei e, uma vez revogada, o tributo volta a ser imediatamente exigível, não se podendo
invocar a anterioridade.
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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL OU NOVENTENA.
A EC 42/2003 ampliou a garantia da não-surpresa ao prever que, além da observância da anterioridade
do exercício financeiro, a cobrança do tributo deverá respeitar o período mínimo de 90 dias, contados da data
em que tenha sido publicada a lei instituidora ou majoradora do tributo.
A noventena é aplicável a todos os tributos, exceto II, IE, IR, IOF, imposto extraordinário de guerra,
empréstimos compulsórios de guerra ou calamidade, alteração da base de cálculo de IPVA e da do IPTU.
Anterioridade de exercício e MP
MP que implique instituição ou majoração de impostos, exceto o II, IE, IPI, IOF e o IE de guerra, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada. Não se aplica tal regra a outros tributos, só aos impostos.
Anterioridade nonagesimal e MP
O prazo de 90 dias da anterioridade nonagesimal, segundo o STF, é contado da data de publicação
da MP, não havendo interrupção sempre que ela for convertida sem alteração substancial. Caso
haja mudança substancial no texto da medida provisória, no momento de sua conversão em lei, o
prazo deve ser contado da publicação da lei de conversão (RE 169.740).
Ainda sobre MP, caso seja rejeitada ou perca a eficácia por decurso de prazo (120 dias), o tributo
(ou a majoração) deixa imediatamente de ser cobrado, cabendo ao Congresso Nacional disciplinar
por decreto legislativo as relações jurídicas geradas (CF, art. 62, § 3º).
Resumo:
MP aprovada sem alterações: 90 dias da publicação da MP
MP aprovada com alterações substanciais:
90 dias da publicação da MP no que se refere à parte mantida
90 dias da publicação da LO de conversão no que se refere a tais alterações → DL/CN
disciplina relações jurídicas decorrentes dos textos alterados / suprimidos
MP rejeitada: 90 dias da publicação da MP → DL/CN disciplina relações jurídicas
decorrentes (62, §3º.) → Não editado DL/CN em 60 dias da rejeição → relações jurídicas
ficam regidas pela MP (62, §11).
16
Para o STF, a modificação do prazo para pagamento é exigível de imediato, pois não é aumento
(RE AgR 274.949, 1ª Turma, j. 13.11.2001).
(SV 50, STF) “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária NÃO se
sujeita ao princípio da anterioridade”.
Mesmo raciocínio no que tange à atualização monetária do valor do tributo ou da sua base de
cálculo (RE-AgR 200.844/PR, 2ª Turma, j. 25.06.2002)
Revogação de isenção e anterioridade: Tema polêmico. Art. 104, III, CTN: lei que extinga ou
reduza isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no
exercício seguinte. A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade
tributária?
SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura
aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade
tributária. (1ª Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014
(Info 757)
NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à
política econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está
adstrita à observância das regras de anterioridade tributária. (2ª Turma. RE 617389 AgR,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 08/05/2012). Questão pendente de decisão
pelo Pleno.
17
5. Princípio do não-confisco (CF, 150, IV): veda a exigência de tributos que tenham caráter
confiscatório, sendo tal termo de difícil definição.
Porém, pode adotar-se a definição de confisco como sendo a exigência tributária que
inviabiliza a existência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas, ou que priva as pessoas físicas
de suas necessidades básicas. Ligado ao direito de propriedade e à capacidade contributiva.
Por isso o STF já decidiu que o caráter de confisco deve ser avaliado não apenas em função
de um determinado tributo, isoladamente, e sim tendo em conta a totalidade da carga tributária
suportada (todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma
pessoa política que os houver instituído).
Também se aplica para tributos extrafiscais e para multas.
- Pena de perdimento e confisco: a pena de perdimento de bens foi recepcionada pela CF (art. 5º,
XLVI, b), razão pela qual nada impede que, em casos de comprovação de graves infrações
tributárias, a legislação específica preveja o perdimento como punição. Neste sentido, STF;
“Dá ensejo à pena de perda do veículo a conduta DOLOSA do transportador que utiliza veículo
próprio para conduzir ao país mercadoria estrangeira sujeita à pena de perdimento,
independentemente de o valor do veículo ser desproporcional ao valor das mercadorias
apreendidas. O art. 104, V, do DL 37/66 dispõe que a pena de perda do veículo é aplicada “quando
o veículo conduzir mercadoria sujeita à pena de perda, se pertencente ao responsável por infração
punível com aquela sanção”. Igualmente ao art. 688, V, do Dec. 6.759/09, que dispõe que se aplica
a pena de perdimento do veículo, por configurar dano ao Erário, “quando o veículo conduzir
mercadoria sujeita a perdimento, se pertencente ao responsável por infração punível com essa
penalidade”. (…) Além disso, “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum”. Assim, a legislação aduaneira, ao tratar da pena de perdimento
de veículo, é severa em razão de uma finalidade nítida, como coibir a sonegação tributária, por
meio do descaminho ou de contrabando. (STJ, 2015).
A norma de vedação ao confisco não é regra, pois não se aplica por subsunção, nem é princípio
(mandamento prima facie), é norma de colisão (tal qual a proporcionalidade).
Na ADI 2010, o STF sinalizou que a verificação do caráter confiscatório se dá com base na carga
tributária total.
18
O STF também o tem utilizado para multas por descumprimento de obrigação acessória, mas
fundamentado não no art. 150, IV, mas na vedação ao excesso.
A fim de proteger a propriedade privada, a CF veda a utilização do tributo com efeito confiscatório.
Em suma, a tributação é confiscatória quando ultrapassar o primado da razoabilidade.
O STF, nos autos da ADC 08-MC, expôs que “Resulta configurado o caráter confiscatório de
determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo – resultante das múltiplas incidências tributárias
estabelecidas pela mesma entidade estatal – afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou
os rendimentos do contribuinte”.
A própria CF-88, porém, autoriza a tributação exagerada com finalidade extrafiscal, a fim de
desestimular o uso da propriedade que não atende à sua função social (art. 153, § 4ª, I – ITR – e art. 182, § 4º,
II – IPTU).
O STF, ao examinar a incidência de taxas, deixou clara a posição de que a verificação de seu caráter
confiscatório se faz comparando-se o custo da atividade estatal com o valor cobrado pelo tributo, levando-se
em conta a sua natureza de contraprestacionalidade (ADI 2551 MC-QO)
A doutrina admite a possibilidade de cobrança de pedágio quando a exploração do serviço se der por
meio de concessionária ou permissionária de serviço público, situação em que a exação teria a natureza de
tarifa (Lei nº 8.987/95).
19
6. Princípio da liberdade de tráfego (inciso V do art. 150 da CF):
O trânsito de pessoas e mercadorias não pode ser restringido por meio da imposição de tributos.
A regra possui exceções:
a) ICMS interestadual;
b) pedágio. A ressalva feita ao pedágio no dispositivo constitucional parece indicar que,
para o constituinte, o pedágio se afigura como tributo. O STF entende que o pedágio
cobrado por particulares em regime de concessão, permissão ou autorização tem
natureza de tarifa ou preço público, não estando sujeito ao princípio da legalidade
estrita (ADI 800, 06/2014).
O art. 150, V, da CF proíbe os entes federados de estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público.
O objetivo do constituinte foi evitar que os entes políticos criassem tributos incidentes (que tenham
como fato gerador) sobre a passagem de pessoas e bens em seus territórios.
A própria CF admite, no entanto, a cobrança de ICMS interestadual (art. 155, II, CF).
A cobrança de pedágio também é admitida no art. 150, V, CF. A respeito do pedágio, o STF havia
entendido deter natureza tributária, na modalidade “taxa”, decorrente da utilização efetiva do serviço de
rodovia (RE 181475-6). Recentemente, na ADI 4965, o STF definiu que “o pedágio cobrado pela efetiva
utilização de rodovias não tem natureza tributária, mas de preço público”, salientando que o entendimento
anterior se referia à hipótese do selo-pedágio, que era prestação compulsória, de pagamento mensal e
independentemente do efetivo uso da rodovia.
20
DAS VEDAÇÕES ESPECÍFICAS À UNIÃO FEDERAL.
O art. 151 da CF estabelece 3 limitações especificamente impostas à União Federal, com vistas a proteger o
pacto federativo e, exatamente por se dirigir à proteção do pacto federativo, que a norma do art. 151 só se
aplica quando se tratar de relações internas, autorizadas quando na atuação em órbita internacional (ADI 1600).
7. Princípio da uniformidade geográfica (inciso I do art. 151 da CF): a tributação deve ser uniforme
em todo o território geográfico do ente da Federação, mas são permitidos os incentivos para
desenvolvimento regional.
É vedado à União: instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.
STJ Súm 178 “INSS não goza de isenção de custas e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios
propostas na Justiça Estadual”.
21
A isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo. É hipótese de exclusão do crédito tributário. O
poder de isentar o tributo decorre, necessariamente, do poder de tributar, de modo que um determinado ente
federativo só pode isentar tributos que estiverem sob sua competência tributária.
22
11. Princípio da capacidade contributiva (art. 145, §1º., CF):
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte. Isso significa que quem pode mais, paga mais.
A maioria dos autores entende que esse princípio só se aplicaria aos impostos ditos
“pessoais” (ex.: Imposto de Renda, não o ITR).
O STF no julgamento do RE 423.768 relativizou essa diferença de impostos pessoais e reais
para fins de incidência do princípio da capacidade contributiva, aduzindo que essa tradicional
dicotomia deve ceder ante o teor do § 1º do art. 145 da CF.
Apesar de o texto constitucional só determinar a aplicação desse princípio aos impostos, a
jurisprudência do STF entende que tal princípio é extensível às outras espécies tributárias.
Todos os tributos submetem-se ao princípio da capacidade contributiva (precedentes), ao
menos em relação a um de seus três aspectos (objetivo, subjetivo e proporcional),
independentemente de classificação extraída de critérios puramente econômicos.” - RE
406955 AgR, 2ª Turma, j. 04/10/2011)
Conquanto o art. 145, § 1º preveja apenas a capacidade contributiva para os impostos, o STF já se posicionou
no sentido de que é aplicável a outras espécies tributárias (RE 232.393).
Para a doutrina, encontra aplicação plena nos tributos com fato gerador não vinculado, já que nos
vinculados, a justiça fiscal já é realizada com o ressarcimento do custo da atividade estatal. O STF tem decisão
aplicando a capacidade contributiva às taxas, “quando a variação com base no patrimônio líquido reflete a
quantidade de serviço público dispensado na fiscalização” (RE 176382).
23
Viabilizam a capacidade contributiva:
a) imunidades;
b) isenção;
c) seletividade;
d) progressividade.
Para os impostos reais, obtém-se a capacidade contributiva através da proporcionalidade (alíquota fixa
e base de cálculo variável). O STF possuía entendimento firme no sentido de que, no caso do IPTU e ITBI
(impostos reais) não se admitia a progressividade (alíquotas diferentes para diferentes bases de cálculo).
Apenas por expressa ressalva constitucional admitia a progressividade no tempo do IPTU (182, § 4º, II, CF),
autorizando-se alíquotas diferenciadas de acordo com o tempo de desaproveitamento adequado do solo urbano.
Entretanto, a EC nº 29/2000 previu a possibilidade excepcional de utilização da progressividade do
IPTU em função de sua base de cálculo.
24
IMUNIDADES
São normas constitucionais de estrutura que delimitam a competência tributária,
impedindo a atuação do legislador (limitações constitucionais ao poder de tributar).
Não incidência: refere-se a situações em que um fato não é alcançado pela regra da
tributação. Pode ocorrer de três formas:
a) o ente tributante, podendo fazer, deixa de definir determinada situação como
hipótese de incidência tributária;
b) o ente tributário não dispõe de competência para definir determinada situação
como hipótese de incidência do tributo;
c) a própria Constituição delimita a competência do ente federativo, impedindo-o
de definir determinadas situações como hipóteses de incidência de tributos.
As duas primeiras formas configuram não incidência pura e simples. A última, não
incidencia qualificada ou imunidade.
Isenção: dispensa legal de pagamento do tributo. O ente tributante tem competência para
instituir o tributo e, ao fazê-lo, opta por dispensar o pagamento. A isenção opera no
âmbito do exercício da competência, enquanto a imunidade opera no âmbito da própria
delimitação de competência.
Alíquota zero: o ente tributante tem competência para instituir o tributo – e o faz -, o fato
gerador ocorre no mundo concreto, mas a obrigação tributária dele decorrente, por uma
questão de cálculo, é nula.
* AG. REG. (…) inexistência de reserva de lei complementar para dispor sobre
isenção pertinente à Cofins, bem como ausente relação hierárquica entre lei
complementar e lei ordinária (art. 59 da Constituição) porquanto, em matéria
tributária, a reserva de lei complementar é definida em razão da matéria. (STF,
2015).
25
DAS IMUNIDADES DO ART. 150, CF.
A imunidade é a exclusão de parcela da competência do ente federativo para a instituição do tributo.
Não fosse a regra imunizante, o ente político deteria a plena competência tributária.
Difere da isenção, que vem a ser a dispensa legal do tributo e da não-incidência que são as situações de
fato que estão essencialmente fora do âmbito da tributação.
Trata-se de normas negativas de competência, numerus clausus na CF. Quando forem estabelecidas
com o escopo de proteger direitos fundamentais, constituem, elas próprias, garantias fundamentais.
Na interpretação das imunidades se aplica o art. 110, CTN (observância do sentido técnico das normas
de competência).
Há(via) dissenso no STF, entre dar-se interpretação ampliativa ou restritiva referente às imunidades.
No RE 428815, definiu-se que “as condições materiais para o gozo de imunidade são matéria reservada à LC,
mas os requisitos formais para constituição e funcionamento das entidades são matéria que pode ser tratada por
lei ordinária’ (ex. necessidade de obtenção e renovação dos certificados de entidades filantrópicas).
Cuidava-se de conflito entre o art. 146, II que reclama LC para regulamentar limitações ao poder de
tributar e os arts. 150, VI e 195, §7º que referiam ao “disciplinamento por lei”.
O STF, em RG, decidiu que “Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos
em lei complementar. Explicou que as normas de imunidade tributária constantes da CF objetivam
proteger valores políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não permitem que os entes tributem
certas pessoas, bens, serviços ou situações ligadas a esses valores. Além disso, lembrou que o § 7º do art.
195 da CF traz dois requisitos para o gozo da imunidade: ser pessoa jurídica a desempenhar atividades
beneficentes de assistência social e atender a parâmetros legais. Ponderou caber à lei ordinária apenas
prever requisitos que não extrapolem os estabelecidos no CTN ou em lei complementar superveniente.
Seria, portanto, vedado criar obstáculos novos, adicionais aos já dispostos em ato complementar.” (Info
855 - RE 566622/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 23.2.2017).
O art. 150 da CF prevê hipóteses de imunidade aplicáveis somente aos impostos. Porém, vale lembrar
que há outras hipóteses de imunidades, aplicáveis especificamente a impostos, a taxas ou a contribuições. Em
suma, toda vez que a CF impedir a incidência do tributo numa determinada situação, estar-se-á diante de norma
imunizante, independente da terminologia utilizada pela Constituição.
26
IMUNIDADE RECÍPROCA – 150, VI, a
Vedação aos entes federativos de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns
dos outros. “É uma decorrência pronta e imediata do postulado da isonomia dos entes constitucionais
sustentado pela estrutura federativa do Estado brasileiro e pela autonomia dos Municípios” (STF, AgRg
174.808).
Trata-se de cláusula pétrea, fundada no pacto federativo.
O § 2º do art. 150, da CF-88 estende a imunidade recíproca às autarquias e fundações públicas, no que
se refere APENAS ao seu patrimônio, renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes, limitação esta não constante para a imunidade que beneficia os entes federativos.
Já o art. 150, § 3º é expresso no sentido de excluir da imunidade recíproca o patrimônio, a renda e os
serviços relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
Assim, o art. 150, § 3º complementa o conteúdo do art. 173 da CF, não reconhecendo a legitimidade da
imunização ou benefício fiscal específico às empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras
de atividades econômicas.
No mesmo sentido, o STF já reconheceu a possibilidade de abrangência da imunidade recíproca a
empresas públicas prestadoras de serviço público essencial (INFRAERO, EBCT), as quais podem gozar de
tratamento tributário especial por não atuarem em mercado concorrencial (art. 173, § 1º, II, CF).
- Empresas públicas e sociedade de economia mista: quando prestadoras de serviços
públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, são abrangidas pela imunidade
recíproca. Entendimento jurisprudencial sedimentado pelo STF no RE 407.099/RS (ECT) e
na AC 1.550-2 (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia).
Por outro lado, não têm imunidade EP/SEM que exploram atividades econômicas equiparadas a
empreendimentos privados.
Por unanimidade, o STF reafirmou jurisprudência de que EP/SEM delegatárias de serviços públicos
essenciais têm imunidade independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do serviço, desde
que não distribuam lucro nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial (RE 1.320.054, 05/2021).
27
O gozo de imunidade não dispensa o contribuinte do cumprimento de obrigação acessória, nem da
sujeição à fiscalização tributária. Igualmente, não o exime do dever de colaboração para com o Fisco, podendo
figurar como substituto ou mesmo como responsável tributário (art. 9º, § 1º, CTN).
As concessionárias, embora exerçam, mediante concessão, atividade própria de Estado (prestação de
serviço público), não gozam da imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a da Constituição, em razão da
exclusão expressa determinada pelo § 3º desse mesmo art. 150 (“em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário”).
- No RE 599.176/PR (DJE de 2014), com repercussão geral, diante de sucessão da RFFSA pela União,
o Plenário concluiu que a imunidade recíproca do art. 150, VI, “a”, da CF não exonera o sucessor das
obrigações tributárias relativas aos fatos ocorridos antes da sucessão.
- Petrobras e imunidade – 2. A imunidade recíproca não se estende a empresa privada arrendatária
de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é
constitucional a cobrança do IPTU pelo Município (STF/Info 860. RG. RE 594015/DF, rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 6.4.2017).
- Imunidade recíproca e Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Os bens e direitos que
integram o patrimônio do fundo vinculado ao PAR, criado pela Lei 10.188/2001, beneficiam-se da
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da CF. Para o Colegiado, no entanto, o precedente do RE
594015 não se aplica à presente hipótese, pois há tanto o fator subjetivo quanto o finalístico da imunidade,
além de a estratégia de organização administrativa utilizada pelo Estado não implicar qualquer
consequência prejudicial ao equilíbrio econômico ou à livre iniciativa, não havendo cogitar a possibilidade
de atividade comercial. E como a União não pode gerir o PAR por meio de sua Administração Direta, a tarefa
coube à CEF, braço instrumental do programa. Não há exploração de atividade econômica, mas prestação de
serviço público, uma vez que se trata de atividade constitucionalmente atribuída à União e cuja
operacionalização foi delegada, por lei, a empresa pública federal, visando à consecução de direito
fundamental. A CEF é apenas a administradora do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), constituído de
patrimônio único e exclusivo da União Federal e somente administrado e operacionalizado pela empresa para
fins de consecução do programa. A CEF não teve aumento patrimonial nem se beneficiou do programa. Não
houve confusão patrimonial, e o serviço não concorreu com o mercado privado. Os arrendamentos
residenciais a ele vinculados abrangem grupo específico de pessoas de baixa renda, sendo que a iniciativa
privada, por sua vez, não oferece nenhum programa nesse sentido. Ademais o art. 3º, § 4º, da Lei 10.188/2001
impõe que o saldo positivo existente ao final do programa seja integralmente revertido à União. (STF/Info 920.
RG. RE 928902/SP, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.10.2018).
- As Caixas de Assistência de Advogados encontram-se tuteladas pela imunidade recíproca prevista no
art. 150, VI, “a”, da CF. De início, o colegiado rememorou o decidido no RE 259.976 AgR no sentido de que a
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imunidade tributária gozada pela OAB é da espécie recíproca, na medida em que ela desempenha atividades
próprias de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica, do Estado democrático de direito, dos direitos
humanos e da justiça social, bem como seleção e controle disciplinar dos advogados). Ressaltou que a
imunidade tributária em questão alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. Na linha da
jurisprudência do STF, a Ordem dos Advogados possui finalidades institucionais e corporativas, sendo a
ambas aplicáveis o mesmo tratamento. (STF/Info 914. RE 405267/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
6.9.2018).
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos (não
alcança taxas e contribuições – STF, RE-AgR 378.144/PR e RE 364.202/RS) sobre o patrimônio,
renda ou serviços, uns dos outros (independentemente da finalidade).
Pode-se concluir, conforme entendimento de Sasha Calmon Navarro Coelho, que a Corte,
quanto ao alcance da imunidade tributária recíproca, já assentou que não é restrita aos impostos
incidentes sobre o patrimônio, a renda ou o serviço, senão que alcança todo e qualquer imposto
que possa comprometer o funcionamento do ente imune.
SÚMULA Nº 583 do STF: O promitente comprador de imóvel residencial transcrito
em nome de autarquia é contribuinte do IPTU.
Quanto às obrigações acessórias não estão quaisquer dos imunizados dela exonerados
(STF, RE 627051/PE). (…) A imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição, alcança
o IPTU que incidiria sobre os imóveis de propriedade da ECT e por ela utilizados. (STF, 2015).
29
IMUNIDADE RELIGIOSA.
Vedação aos entes federativos de instituição de imposto sobre templos de qualquer culto. Cuida-se de
proteção ao direito de liberdade de crença (art. 5º, VI, CF) e complementa a norma do art. 19, I da CF.
Estão abrangidas pela regra imunizante quaisquer entidades que professem suas formas de
religiosidade, ainda que não correspondam às religiões predominantes na sociedade.
O § 4º faz restrição ao exercício da imunidade, ao preceituar que apenas os impostos sobre o
patrimônio, sua renda e os serviços por elas prestados e que estejam relacionados com as suas finalidades
essenciais é que estão abrangidas pela regra imunizante. Assim é que sobre o templo em si, local onde se
reúnem os fiéis, não pode haver a cobrança de IPTU.
Em todo caso, o STF tem aplicado a proteção em análise, ao definir que mesmo no caso de lotes vagos,
prédios comerciais ou locados para terceiros, a entidade religiosa proprietária fará jus à imunidade, desde que
“a renda decorrente destas operações for integralmente destinada à manutenção de suas finalidades essenciais”.
Paulsen salienta que a imunidade não alcança as atividades de natureza predominantemente econômica,
sujeitas à livre concorrência.
É vedado instituir impostos sobre templos de qualquer culto, regra que abrange apenas o
patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais das entidades.
Fundada na liberdade religiosa. O STF tem uma visão ampla, reconhecendo imunidade de
imóveis alugados, desde que o produto seja revertido em prol das atividades essenciais (STF, RE
325.822/SP).
No caso de ICMS, havia acirrada controvérsia, mas o STF entendeu pela não incidência do
imposto nas vendas de mercadorias, desde que o lucro fosse destinado às finalidades do templo.
Incluem-se também, na regra de imunidade, os cemitérios que funcionem como extensão
de entidades religiosas, sem fins lucrativos, e dedicado exclusivamente à realização de serviços
religiosos e funerários.
“A imunidade tributária (religiosa) é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não
se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião.” (RE 562351,
14-12-2012).
É do ente tributante o ônus da prova de que imóvel pertencente a entidade religiosa está
desvinculado de sua destinação institucional (STJ, AgRg AREsp 444.193-RS).
30
IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS E SINDICATOS DE TRABALHADORES
Vedação aos entes federativos de instituição de imposto sobre o patrimônio, renda ou serviços de
partidos políticos, inclusive suas fundações, bem como das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos.
A imunidade dos partidos políticos e fundações por eles mantidas, conquanto se trate de pessoas
jurídicas de direito privado, foi prevista na Constituição como forma de preservar o pluralismo político, um dos
fundamentos da República Federativa, conforme exposto no art. 1º, V, da CF
As entidades sindicais dos trabalhadores também foram abrangidas pela imunidade, a fim de estimular
a liberdade de associação sindical (art. 8º, CF). Perceba-se que apenas os sindicatos dos trabalhadores estão
imunes, os sindicatos patronais não.
Por outro lado, as entidades educacionais e assistenciais, em função da sua relevante função social,
estão protegidas pela imunidade, desde que não tenham fins lucrativos.
Também o art. 150, § 4º impõe as condições para o gozo desta imunidade, condicionado que apenas os
impostos sobre o patrimônio, sua renda e os serviços por elas prestados e que estejam relacionados com as suas
finalidades essenciais é que estão abrangidas pela regra imunizante.
O art. 14, CTN regula a matéria em nível de LC:
a) aplicação de todos os recursos na manutenção de seus objetivos institucionais no país;
b) manutenção de escrituração regular;
c) não distribuição de lucro.
Logo, o fato de as instituições de ensino cobrarem mensalidades ou obterem renda elevada não
descaracteriza a imunidade. Preserva-se o desempenho da finalidade essencial. Outras atividades econômicas
rentáveis podem ser desenvolvidas, desde que revertam os seus resultados para a atividade essencial.
31
IMUNIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM
FINS LUCRATIVOS
No caso das entidades de assistência social, existe outra regra específica de imunidade,
aplicável a todas as contribuições de seguridade social, desde que atendam às exigências legais
(art. 195, §7º).
Súmula 730, STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem
fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas
de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Julgados:
O STF tem visão ampla, até para imóveis alugados, quando o produto seja revertido em
prol das atividades essenciais (Sum.Vinculante 52, STF, 2015): “Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades para as quais tais entidades foram constituídas” E se o imóvel do partido,
entidade ou instituição estiver vago ou não edificado, ele, mesmo assim, gozará da
imunidade? SIM. O fato de o imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por si
só, para retirar a garantia constitucional da imunidade tributária.
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IMUNIDADE CULTURAL.
É vedado instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão. Das imunidades previstas no inciso VI do art. 150, é única puramente objetiva.
Conforme STF, não alcança o serviço de composição gráfica, nem a renda da entidade.
Nesse sentido:
Imunidade tributária e serviço de impressão gráfica – 5. As prestadoras
de serviços de composição gráfica, que realizam serviços por
encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros, não estão
abrangidas pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF
(RE-434826). Informativo 729.
Alcança, todavia, os serviços prestados pela empresa jornalística na veiculação de
anúncios e propagandas, desde que estejam impressos no corpo do jornal ou do periódico (folheto
separado, não).
A extensão da imunidade a publicações em meios eletrônicos foi reconhecida pelo STF:
“A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro
eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.”
(Tese fixada em relação ao tema no. 593 no RE 330.817)
Súmula 657, STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. A imunidade abarca o II, IE, IPI e o
ICMS da produção e circulação do livro. Não abarca IPTU/IRPJ devidos pela editora.
Vedação aos entes federativos de instituição de imposto sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão, bem como fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo
obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial
de mídias ópticas de leitura a laser.
Esta imunidade tem o objetivo claro de estimular o desenvolvimento da cultura pelos instrumentos
previstos, abarcando todos os impostos que poderiam incidir sobre as operações com os suportes positivados.
Vale salientar que se trata de uma imunidade objetiva, de modo que, por exemplo, não incide IPI quando o
33
livro sai da indústria, nem ICMS quando é comercializado, nem II quando estrangeiro e ingressou no território
nacional.
Entretanto, não se estende às rendas das editoras, autores, empresas jornalísticas, nem tampouco sobre
sua propriedade imobiliária urbana ou rural.
Paulsen defende que a EC 75/2013, no que se refere a imunidade de fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil violaria o GATT, no ponto que veda a discriminação dos produtos estrangeiros,
assegurando-lhes, quanto aos tributos internos, tratamento equivalente ao dos produtos nacionais.
As operações de importação, produção e circulação de bens Os rendimentos decorrentes das atividades das
enunciados como imunes (IPI, II e ICMS) empresas que produzem ou comercializam os bens
imunes
Filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para Tiras de plástico para amarrar jornais
imagens monocromáticas
Películas de polímero de propileno utilizadas em capas de livros, Encartes ou folhetos de propaganda comercial
integrando-se ao produto final separados do corpo do jornal e distribuídos com ele
(STF, RE 213.094/ES)
Listas telefônicas, ainda que veiculem anúncios e publicidade, pela Calendários, manuais ou papéis impressos de
inegável utilidade pública (STF, RE 199.183/SP) propaganda mercantil, industrial ou profissional
1ª T./STF, Info 904: “A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF, não abarca o maquinário utilizado no
processo de produção de livros, jornais e periódicos. Não é aplicável aos equipamentos do parque gráfico, que não são
assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade constitucional do referido artigo da
Constituição.” (ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
29.5.2018).
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, CF, aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos
suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. Também alcança componentes eletrônicos destinados
exclusivamente a integrar unidade didática com fascículos (e-readers). De modo a abarcar tanto componentes
eletrônicos que acompanham e complementam material didático impresso, utilizados em curso prático de
montagem de computadores, quanto livros eletrônicos. Esse entendimento não é aplicável aos aparelhos
multifuncionais, como tablets, smartphones e laptops, os quais são muito além de meros equipamentos utilizados
para a leitura de livros digitais. No caso concreto, o CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte e aquilo que está
nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro, ambos abarcados pela imunidade do citado dispositivo constitucional.”
(STF/Info 856. RG. RE 330817/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 8.3.2017).
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OUTRAS IMUNIDADES
De custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII)
Imunidade de emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito,
para os reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF)
Imunidade das receitas decorrentes de exportação a contribuições sociais e de CIDE (Art.
149, § 2º, I, CF). Tal imunidade não se estende à CSLL e à CPMF. Neste sentido, Pleno do
STF nos RE 474.132/SC e RE 564.413/SC (Info STF 565).
Imunidade ao ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º, II, CF).
Imunidade ao IPI das exportações de produtos industrializados (art. 153, § 3º, III, CF)
Imunidade do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, que se sujeita apenas ao IOF e à extinta CPMF (art. 153, § 5º, CF).
Imunidade ao ICMS de operações que destinem mercadorias para o exterior e sobre
serviços prestados a destinatários no exterior (art. 155, § 2º, X).
Imunidade ao ICMS nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, § 2º, X).
Imunidade a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados
para fins de reforma agrária (art. 184, § 5º).
Imunidade das entidades beneficentes de assistência social às contribuições para
financiamento da seguridade social (art. 195, § 7º, CF)
Taxas (XXXIV, art. 5º da CF) : “são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”.
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2. A repartição de competências na federação brasileira.
Delegação de arrecadação. Discriminação constitucional das
rendas tributárias. Competência tributária plena.
Indelegabilidade da competência. Não-exercício da competência.
Competência residual e extraordinária. Limitações da
competência.
Impostos:
Federais: II, IE, IPI, IOF, IR, ITR, IGF, impostos residuais, impostos extraordinários.
Estados: IPVA, ICMS, ITCMD.
Municípios: ISS, IPTU, ITBI
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Terminologias de competências tributárias para os impostos:
COMPETÊNCIA É a competência “exclusiva” da entidade
Todos os entes políticos (cada um tem as suas)
PRIVATIVA impositora.
É a competência “remanescente” dada
COMPETÊNCIA
com exclusividade à União para a Só a União
RESIDUAL
instituição de impostos “novos”.
É a competência afeta à União no tocante
COMPETÊNCIA à instituição do IMPOSTO
Só a União
EXTRAORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (IEG –
artigo 154, CF)
DF (artigo 155, caput, c/c artigo 147, in fine)
(impostos estaduais e municipais)
TERRITÓRIOS
COMPETÊNCIA É a competência afeta aos IMPOSTOS no Sem Municípios Com Municípios
CUMULATIVA DF e nos territórios.
União é competente para
União competente para
a instituição dos
a instituição somente
impostos estaduais e
dos impostos estaduais
municipais
Observações:
A competência é do criador do tributo, já a sujeição ativa é do credor (ÁVILA, p. 85).
A atribuição de competências tributárias à União, aos Estados, Distrito Federal e
Municípios, definindo os fatos jurídicos de incidência que cabe a cada um destes entes
federados, é uma técnica constitucional denominada de discriminação de rendas
tributárias, uma peculiaridade do federalismo.
De acordo com a técnica constitucional adotada no federalismo brasileiro, combinam-se
dois aspectos: (1°) da rigidez; e (2°) do cooperativismo.
O primeiro é representado pela rigidez com que são discriminadas constitucionalmente
tanto as fontes tributárias quanto a repartição das receitas tributárias. Trata-se da
discriminação de rendas tributárias pela fonte e pelo produto respectivamente.
A discriminação de rendas tributárias pela fonte se realiza em três planos: (a) da
competência tributária comum; (b) da competência tributária exclusiva; e (c) competência
tributária residual.
O segundo aspecto, representado pela repartição das receitas tributárias, comporta três
modalidades: (a) a participação em impostos de decretação de uma entidade e percepção
por outras; (b) a participação em impostos de receita partilhada segundo a capacidade da
entidade beneficiada; (c) participação em fundos.
A combinação dos dois aspectos não é uma novidade introduzida pelo constituinte de
1988, mas sim fruto da evolução da técnica constitucional iniciada a partir de seu primeiro
esboço no Ato Adicional de 1834 (Lei n° 16, de 12 de agosto de 1834) – primeira revisão da
Constituição de 1824.
37
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. CT PLENA.
A competência para legislar sobre direito tributário difere da noção de competência tributária.
Enquanto o primeiro é o poder constitucionalmente atribuído para editar leis que versem sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes, a competência tributária é o poder de editar lei instituindo o tributo.
Assim é que, p. ex., cabe à União, por lei complementar, a edição de lei de norma geral em matéria
tributária (art. 146, III, “a”, CF), embora seja da competência do Município a edição de lei instituidora do
IPTU. Portanto – e sendo conceitos distintos – o fato de a União não ter exercido sua competência legislativa
para dispor sobre normas gerais do IPVA, não impede que os Estados editem leis criando este imposto –
competência tributária –, atribuindo-se a competência legislativa plena aos Estados, com base no art. 24, § 3º,
da CF.
Em sentido amplo, entende-se que a competência tributária compreende a função fiscal (cobrar e
fiscalizar o tributo) e o poder fiscal (criar o tributo e legislar sobre este), deferida apenas às pessoas políticas,
por decorrência do princípio federativo, conforme art. 6º do CTN.
Para Aliomar Baleeiro, a adjetivação “plena” – constante do art. 6º – quer significar que não há
limitações ao legislador, senão as de ordem constitucional.
A competência tributária é atributo apenas dos entes federados, consistindo em decorrência do
princípio federativo. Assim, entende-se que a competência tributária pode ser modificada por emenda
constitucional, desde que não prejudique a autonomia do ente federativo (que é cláusula pétrea).
Aliás, as regras constitucionais de repartição de receitas tributárias não têm influência sobre a definição
da competência tributária (art. 6º, p. único, CTN).
Competência tributária plena: A competência tributária plena é aquela outorgada à pessoa política
não só para cobrar (arrecadar) e fiscalizar o tributo (“função fiscal” ligada ao Poder Executivo), mas
especialmente para criá-lo e legislar (“poder fiscal” ligado ao Poder Legislativo) sobre ele.
Art. 6.° do CTN: “A atribuição constitucional de competência tributária compreende a
competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal,
nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e
observado o disposto nesta Lei.” Segundo Aliomar Baleeiro, “a ênfase da adjetivação –
‘plena’ – quer significar que não há outras limitações ao legislador, senão aquelas de
ordem constitucional”. Somente os entes federados possuem competência tributária.
Somente a CF pode estabelecer competências tributárias.
Limites para o exercício da competência: são apenas aqueles constantes na Constituição Federal,
mas alguns autores entendem que Estados e Municípios podem criar restrições próprias
(auto-limitações), por meio de suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.
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Tributo com receita distribuída: é o caso do IOF sobre o ouro como ativo financeiro, em que a
União é competente para instituí-lo, mas a receita vai toda para Estados e municípios. Apesar do
ente competente não ficar com a receita, ele mantém a competência plena. As regras
constitucionais de repartição de receitas tributárias não têm nenhuma influência sobre a
competência tributária, conforme art. 6º. parágrafo único, do CTN: “Os tributos cuja receita seja
distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à
competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.”
A competência tributária é mutável, podendo ser alterada por emenda constitucional, pois não
configura, a priori, cláusula pétrea. Ela decorre, entretanto, de uma cláusula pétrea, o princípio
federativo. (Na ADI 2381, o STF reforçou a existência do princípio). Então, a competência pode ser
modificada por emenda constitucional, desde que não prejudique a autonomia do ente federativo
(financeira e de auto-gestão).
DELEGABILIDADE.
3
A doutrina, porém, questiona a recepção da norma do CTN, na medida em que há entidades privadas que ocupam o polo
ativo da obrigação tributária. Ricardo Lobo Torres, Hugo de Brito Machado e Leandro Paulsen distinguem o sujeito
ativo, que é sempre o Estado, do destinatário do produto da arrecadação ou fiscalização de tributos, que pode ser entidade
privada (ex: sindicatos, Sistema S). Já Paulo de Barros Carvalho e Luciano Amaro afirmam a imprestabilidade do texto
literal do CTN, por conflitar com o sistema constitucional, onde se albergam, no campo da parafiscalidade (delegação da
capacidade tributária ativa), entidades não públicas credenciadas à titularidade ativa de relações jurídico-tributárias. A
jurisprudência parece adotar a segunda posição, como se vê do enunciado 396 do STJ (“A Confederação Nacional da
Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical rural”).
39
Já o art. 84 do CTN autoriza a delegação a Estados e Municípios do encargo de arrecadar impostos
federais cujo produto lhe seja distribuído, no todo ou em parte. Quanto ao ITR, a EC 42/03 previu
expressamente a hipótese.
Indelegabilidade da competência:
Em sentido estrito, a competência tributária é política, referindo-se à possibilidade de
editar lei instituindo o tributo, definido seus elementos essenciais (fato gerador, contribuintes,
alíquotas e base de cálculo).
A capacidade ativa decorre da competência tributária, mas possui natureza administrativa,
referindo-se às funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou
decisões administrativas em matéria tributária. Nestes termos, conclui-se que, em sentido amplo,
a competência é soma de quatro atribuições: instituir, arrecadar, fiscalizar e executar leis, serviços,
atos ou decisões administrativas relativas ao tributo.
A indelegabilidade da competência tributária, contudo, refere-se apenas à primeira
atribuição, a de instituir o tributo. As demais funções seriam delegáveis, portanto. Assim,
utilizando-se a expressão em sentido estrito, pode-se afirmar que a competência tributária
(política) é indelegável, seja expressa (CTN, art. 7º), seja tacitamente (CTN, art. 8º); já a capacidade
ativa (administrativa) é delegável de uma pessoa jurídica de direito pública a outra. Não confundir
com o encargo ou função de mera arrecadação exercido por pessoas jurídicas de direito privado,
como os bancos (art. 7º, §3º, do CTN), concessionária de energia elétrica (art. 149-A CF) e 84 CTN
(Art. 84. A lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o encargo
de arrecadar os impostos de competência da União cujo produto lhes seja distribuído no todo ou
em parte. Parágrafo único. O disposto neste artigo, aplica-se à arrecadação dos impostos de
competência dos Estados, cujo produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos
respectivos Municípios.)
Não obstante, vale registrar que alguns doutrinadores, como Paulo de Barros Carvalho,
afirmam a imprestabilidade do texto literal do CTN, por conflitar com o sistema constitucional,
onde se albergam, no campo da parafiscalidade (delegação da capacidade tributária ativa),
entidades não públicas credenciadas à titularidade ativa de relações jurídico-tributárias.
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NÃO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA.
Como o exercício da competência tributária significa atuação da competência legislativa,
compreende-se que se trata de exercício facultativo, de modo que o não-exercício da competência tributária
não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído (art. 8º,
CTN), nem implica extinção do direito (decadência) de exercê-la.
Entretanto, a LRF veda a realização de transferências voluntárias (entrega de recursos correntes ou de
capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira) para entes que não
exerçam as competências tributárias que lhe foram atribuídas pela Constituição em relação aos impostos.
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COMPETÊNCIA RESIDUAL.
Será sempre da União, em matéria de impostos e de contribuições para a seguridade social.
O imposto residual (art. 154, CF) deve ser instituído por LC, deve ser não-cumulativo e não ter fato
gerador ou base de cálculo próprio dos discriminados na CF/88. Obedecem, também, às demais limitações
constitucionais (ex. anterioridade).
A contribuição residual (art. 195, § 4º) deve ser instituída por LC, deve ser não-cumulativa e não ter
fato gerador ou base de cálculo próprio das contribuições discriminadas na CF/88 (note-se que é possível ter
duas contribuições com base de cálculo idênticas, desde que não sejam residuais, porquanto previstas na CF,
como no caso do PIS – art. 239 – e sindicais – art. 240).
Inclusive, é por esta razão que a previsão de competência para criação de tributo inserida por EC
afastará o caráter de competência residual.
Por último, nada impede que uma contribuição para a seguridade social tenha idênticos fato gerador ou
base de cálculo de um imposto listado na CF.
Em matéria de taxas e contribuição de melhoria, a competência residual pertence aos Estados, já que
remanesce-lhe a competência residual político-administrativa (art. 25, § 1º, CF).
42
COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA.
Autorizada no art. 154, II da CF, tem como pressupostos a guerra externa ou sua iminência.
A definição do fato gerador e base de cálculo não é condicionada, de modo que pode ser uma
“clonagem tributária” (idêntico a outro já instituído por qualquer entidade política). De modo que, nesta
competência, é legítima a bitributação (quando duas pessoas exigem tributo do mesmo sujeito passivo sobre a
mesma hipótese de incidência) e o bis in idem (quando a mesma pessoa exige mais de um tributo sobre a
mesma hipótese de incidência).
Estes tributos devem ser transitórios e o art. 76 do CTN autoriza o seu prolongamento até 5 anos
depois da celebração da paz.
Podem ser instituídos por lei ordinária ou medida provisória e não se submetem à anterioridade
(simples ou nonagesimal).
43
OBS.:
44
DISTRIBUIÇÃO DE RECEITAS
Pela distribuição de receitas o que se divide entre as referidas entidades é o produto da
arrecadação do tributo por uma delas instituído e cobrado. Não a competência tributária. Por
isso o parágrafo único, do art. 6º, do Código Tributário Nacional, explicitou que os tributos cuja
receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público
pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
A técnica de distribuição de receitas, porém, tem o inconveniente de manter os Estados e
os Municípios na dependência do governo federal, a quem cabe fazer a partilha das receitas
tributárias mais expressivas, e como está posta, sem abranger a totalidade dos tributos federais, é
burlada pelo poder central com relativa facilidade.
RECEITA PÚBLICA – FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – ICMS. O que previsto no inciso
IV do artigo 167 da Constituição Federal não autoriza o estabelecimento de cláusula contratual
que implique, a um só tempo, vinculação e repasse direto de valores sem o aporte na
contabilidade do município, sem o ingresso nesta última – inteligência do artigo 167, inciso IV e §
4º, da Carta da República. (RE 397458 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma,
julgado em 19/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-046 DIVULG 08-03-2013 PUBLIC 11-03-2013)
Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI n.° 875/DF, ADI n.° 1.987/DF, ADI n.° 2.727/DF e ADI
n.° 3.243/DF). Fungibilidade entre as ações diretas de inconstitucionalidade por ação e por
omissão. Fundo de Participação dos Estados - FPE (art. 161, inciso II, da Constituição). Lei
Complementar n° 62/1989. Omissão inconstitucional de caráter parcial. Descumprimento do
mandamento constitucional constante do art. 161, II, da Constituição, segundo o qual lei
complementar deve estabelecer os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados, com
a finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federativos. Ações julgadas
procedentes para declarar a inconstitucionalidade, sem a pronúncia da nulidade, do art. 2º, incisos
I e II, §§ 1º, 2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar n.º 62/1989, assegurada a sua
aplicação até 31 de dezembro de 2012. (ADI 875, 2010).
Extrai-se do voto do relator as seguintes conclusões: a LC 62/89 estabeleceu a destinação de 85%
dos recursos para as unidades da federação integrantes das regiões Norte, Nordeste e
Centro-oeste e 15% para as regiões Sul e Sudeste. O referido diploma também definiu os
coeficientes de participação dos Estados, os quais deveriam vigorar apenas nos exercícios de 1990
e 1991. Os critérios de rateio que seriam aplicados a partir de 1992 deveriam ser fixados por lei
específica, com base no censo de 1990, sendo que em caso de inexistência da referida lei, os
coeficientes estipulados seriam continuariam a ser aplicados. Não bastasse isso, os próprios
coeficientes previstos inicialmente não retratavam a realidade socioeconômica da época, mas sim
de acordo entre os entes federativos, formalizado no âmbito do CONFAZ, com base na base da
média histórica dos coeficientes aplicados anteriormente à Constituição de 1988, quando a
apuração se dava tendo como parâmetro os artigo 88 e seguintes do CTN. Pois bem. Passaram
mais de 22 anos e não houve a edição dessa lei, o que motivou o reconhecimento da
inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional, tendo em vista que o critério de rateio
não cumpre a finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federados.
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OBS.: Tendo em vista que o Congresso não legislou até data referida na decisão supra
(31/12/2012), houve a propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão em
21/1/2013 pelos governadores dos Estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco com
o objetivo de manter os critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal (FPE), fixados pela Lei Complementar (LC) 62, de 28 de dezembro de 1989, até que
sejam adotadas providências para disciplinar a matéria. O Ministro Ricardo Lewandowski deferiu
parcialmente a liminar, para determinar que as regras de distribuição do Fundo de Participação
dos Estados e do Distrito Federal (FPE) continuem em vigor por mais 150 dias, nos termos do
cálculo das quotas efetuado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em caráter emergencial,
"desde que não sobrevenha nova disciplina normativa". Transcorrem-se os 150 dias e o CN ainda
se desincumbiu de seu mister constitucional. Há parecer da PGR pela procedência da ADO,
estando o feito concluso ao relator Min. Dias Toffoli desde 1/8/2013.
46
3. Legislação sobre o Sistema Tributário Brasileiro. Normas
Gerais de Direito Tributário. Fontes do Direito tributário.
Conceito de fonte. Fontes formais do Direito Tributário.
Legislação Tributária. Conceito. Lei, Tratados e Convenções
internacionais. Normas complementares. Leis complementares.
Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da Legislação
Tributária. Interpretação e integração da Legislação Tributária.
Tratados internacionais e a legislação interna. A perda da
eficácia dos tratados. Os tratados sobre matéria tributária e o
art. 98 da CTN. Vigência do tratado.
Legislação tributária
O Código Tributário Nacional, em seu art. 96, afirma que a expressão “legislação
tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as
normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a
eles pertinentes.
Todavia, tal enumeração de normas que compõem a “legislação tributária” não é
exaustiva, conforme demonstra o próprio CTN, em seu art. 2.º, ao asseverar que o sistema
tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional 18, de 1.º de dezembro de
1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas
competências, em leis federais, nas Constituições e leis estaduais, e em leis municipais.
A referência à EC 18/1965 deve hoje ser interpretada como uma referência à atual
Constituição Federal. Todavia, o ponto mais importante a ser ressaltado é que, seguindo a linha de
raciocínio adotada pelo legislador do Código Tributário Nacional, todo ato normativo que verse
sobre matéria tributária integra a denominada “legislação tributária”.
Assim, numa definição mais ampla, a “legislação tributária” compreende todas as normas
gerais e abstratas integrantes do ordenamento jurídico nacional que versem sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
Na esteira dessa definição, integram a “legislação tributária” desde a Constituição Federal
até os mais subalternos dos atos normativos, como, por exemplo, uma ordem de serviço expedida
por um Delegado da Receita Federal trazendo as regras a serem seguidas pelos contribuintes para
o atendimento nos “Centros de Atendimento” de sua circunscrição.
47
As leis
Por questões didáticas, serão incluídos nesta rubrica os atos normativos com “força de lei”
(medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções do Senado Federal) e
excluídos aqueles que, apesar de possuir “força de lei”, foram enumerados expressamente pelo
CTN (tratados internacionais).
Neste contexto, possuir força de lei significa ter aptidão para inovar no ordenamento
jurídico, criando novos direitos e obrigações. Recorde-se que a Constituição Federal, enunciando o
princípio da legalidade, afirma que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei (art. 5.º, II).
- As medidas provisórias
- As leis delegadas
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As resoluções são editadas pelo Congresso Nacional ou pelas respectivas Casas (Câmara
ou Senado) no uso de suas competências exclusivas e privativas (CF, arts. 49, 50 e 52). Não se
sujeitam à deliberação executiva (sanção ou veto), o que leva parte da doutrina a denominá-las,
ao lado dos decretos legislativos, de “leis sem sanção”.
Em matéria tributária, as resoluções mais importantes são as elaboradas pelo Senado
Federal. Como Casa de representação dos Estados-membros, o Senado certamente é o melhor
foro para se discutirem assuntos em que os interesses destes entes políticos estejam em jogo.
Assim, o estabelecimento de alíquotas máximas, mínimas ou interestaduais de alguns
tributos estaduais ficou a cargo do Senado Federal, atribuição que o torna um órgão fundamental
na tentativa de evitar ou, ao menos, minorar os efeitos das guerras fiscais que se podem tornar
típicas num Estado federativo.
Assim, é extremamente importante conhecer os casos em que o Senado Federal tem
competência para tratar, mediante resolução, de matéria tributária de interesse dos estados e do
Distrito Federal. São eles:
1) No que concerne ao IPVA (CF, art. 155, § 6.º, I), o Senado fixará (obrigatoriamente) as
alíquotas mínimas.
2) Quanto ao ITCMD, o Senado fixará (obrigatoriamente) suas alíquotas máximas (CF, art.
155, § 1.º, IV):
3) No tocante ao ICMS, o Senado detém três competências distintas: a) Estabelecer, com
iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores e aprovação da
maioria absoluta deles, as alíquotas aplicáveis às operações interestaduais e de
exportação (CF, art. 155, § 2.º, IV).
O exercício desta competência senatorial é obrigatório (a CF afirma que o SF
“estabelecerá” tais alíquotas).
Com o advento da Emenda Constitucional 42/2003, a imunidade das exportações ao ICMS
(CF, art. 155 § 2.º, X, a), que antes abrangia apenas os produtos industrializados, excluídos os
semielaborados, definidos em lei complementar, passou a abranger todas as mercadorias. b)
Estabelecer, com iniciativa de um terço dos Senadores e aprovação da maioria absoluta deles, as
alíquotas mínimas aplicáveis às operações internas (CF, art. 155, § 2.º, V, a). O exercício da
competência senatorial, nesse caso, é facultativo. c) Estabelecer, com iniciativa da maioria
absoluta dos Senadores e aprovação de dois terços deles, as alíquotas máximas aplicáveis às
operações internas (CF, art. 155, § 2.º, V, b). O exercício da competência senatorial, também nesse
caso, é facultativo.
- Os decretos legislativos:
Os decretos legislativos são editados pelo Congresso Nacional, no uso de sua competência
exclusiva, não se sujeitando, à semelhança das resoluções, à deliberação executiva (sanção ou
veto).
Especificamente em matéria tributária, os decretos legislativos mais importantes são
aqueles que aprovam os tratados internacionais firmados pelo Presidente da República, seguindo
o procedimento a ser detalhado mais adiante.
49
- Os decretos-leis:
A figura do decreto-lei não foi prevista pela Constituição Federal de 1988, em virtude de
ter sido substituída pelas medidas provisórias. Todavia, é importante ressaltar que, em virtude da
teoria da recepção, ainda existem vários decretos-leis em vigor no Brasil, alguns versando sobre
matéria tributária. A título de exemplo, podem-se citar o Decreto-lei 37/1966, que, ainda hoje,
disciplina importantes aspectos relativos ao Imposto de Importação, e o Decreto-lei 288/1967, que
regula a Zona Franca de Manaus e seu regime atípico de tributação.
Os decretos
A Constituição Federal, em seu art. 84, IV, atribui privativamente ao Presidente da
República a competência para sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução.
Interpretando o dispositivo, a imensa maioria da doutrina entendia não existir no direito
brasileiro a figura do decreto ou regulamento autônomo. O ordenamento jurídico tem sido
representado por uma pirâmide em cujo topo aparece a Constituição, fundamento de validade
para todas as demais normas que compõem o sistema. Logo abaixo aparecem as normas
analisadas nos itens anteriores (leis complementares, ordinárias e delegadas, medidas provisórias,
decretos legislativos, resoluções), consideradas primárias por poderem inovar no ordenamento
jurídico.
Os decretos vêm logo a seguir, simplesmente disciplinando como a lei será fielmente
cumprida, pois encontram seu fundamento de validade exatamente na lei que imediatamente
regulam, e não diretamente na Constituição.
Justamente por isso, o art. 99 do CTN assevera que o conteúdo e o alcance dos decretos
restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos. Afinal, se o decreto ultrapassar o
conteúdo e o alcance das leis, será considerado ilegal. Apesar de a EC 32/2001 ter dado nova
redação ao inciso VI do art. 84 da CF, permitindo a edição de decretos autônomos, nas restritas
matérias ali enumeradas, em se tratando de matéria especificamente tributária, a utilização do
decreto autônomo continua vedada, dada a dificuldade de se enquadrar direito tributário dentro
das hipóteses constantes do citado dispositivo constitucional. Assim, ainda são inteiramente
aplicáveis aos decretos as restrições decorrentes da interpretação conjunta do art. 99 do CTN e do
art. 84, IV, da CF.
50
As normas complementares
O art. 100 do CTN enumera as normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos, conforme se passa a analisar.
Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas - são normas editadas pelos
servidores da administração tributária e visam a detalhar a aplicação das normas que
complementam.
As decisões dos órgãos coletivos e singulares de jurisdição administrativa a que a lei atribua
eficácia normativa - Neste ponto, é fundamental ressaltar que a regra é que as decisões proferidas
pelos ditos “órgãos de jurisdição administrativa” não integram a legislação tributária, pois versam
sobre casos concretos (não são abstratas) objetos de impugnação por determinado contribuinte
ou responsável (não são gerais). Assim, as decisões proferidas só têm efeito para aquele
contribuinte que interpôs a impugnação (algo semelhante à eficácia inter partes das decisões em
sede de controle difuso de constitucionalidade).
Não obstante, é possível que o ente político (União, Estado, Distrito Federal ou Município) decida
atribuir, por lei, eficácia normativa às decisões proferidas por seu órgão de “jurisdição
administrativa”. Nessa situação, a tese adotada na decisão passa a ser de observância obrigatória
pela administração tributária nos casos futuros (algo semelhante à eficácia erga omnes e
vinculante das decisões em sede de controle concentrado de constitucionalidade).
Conforme se ressaltou, a regra é que a lei não atribua eficácia normativa às decisões dos órgãos de
jurisdição administrativa. O provável motivo do não uso da autorização dada pelo CTN seria o fato
de as autoridades públicas considerarem perigosa a possibilidade de uma decisão de um órgão
administrativo vir a impedir, por exemplo, a cobrança de um tributo em todos os casos futuros
semelhantes a um único que tenha sido julgado.
51
No parágrafo único do art. 100, o legislador do CTN impediu, inclusive, a aplicação de
correção monetária nesses casos, o que, reconheça-se, é um benefício até certo ponto exagerado,
pois, a rigor, a atualização não pode ser compreendida como um acréscimo, mas sim como uma
barreira à diminuição artificial do valor do tributo.
No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o entendimento é pacífico, conforme
demonstra o seguinte excerto, constante da Ementa do REsp 98.703/SP: “Tributário. Práticas
administrativas. Se o contribuinte recolheu o tributo à base de prática administrativa adotada pelo
Fisco, eventuais diferenças devidas só podem ser exigidas sem juros de mora e sem atualização do
valor monetário da respectiva base de cálculo (…) Recurso Especial conhecido e provido em parte”
(STJ, 2.a T., REsp 98.703/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 18.06.1998, DJ 03.08.1998, p. 179).
Na prática, o entendimento leva à impossibilidade de punição de todos os contribuintes
que, seguindo as práticas administrativas, cometeram atos que, em tese, configurariam
descumprimento da legislação tributária. O fundamento é a isonomia. Se alguns não são punidos,
todos os que praticaram os mesmos atos têm a garantia de não serem punidos.
52
3.1 Fontes do Direito Tributário
Sentido jurídico: causas de nascimento do direito, correspondendo, pois, aos processos de
criação das normas jurídicas4.
Classificação:
a) fontes materiais (reais): fatos de natureza econômica que servem de suporte às
imposições tributárias. Ex.: patrimônio, renda, produção e circulação de riquezas.
b) fontes formais (arts. 96, 97 e 100, todos do CTN): modo pelo qual as normas jurídicas
são exteriorizadas. Classificadas em:
1)principais: Constituição Federal (que prevê regras de competência tributária
entre os entes federados; limitações ao poder de tributar; e princípios
tributários gerais e específicos), Emendas à CF, Leis Complementares, Tratados
e Convenções Internacionais, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, MP,
decretos-legislativos, resoluções;
2)intermediárias: decretos (para execução de leis e regulamentos) e Regulamentos
(execução de leis);
3)Subsidiárias: Doutrina e Jurisprudência (para alguns não são fontes);
4) Complementares: atos normativos (orientação para fiscais e contribuintes),
decisões normativas (pareceres etc.), usos e costumes administrativos e
convênios para execução de leis.
4
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2836
53
b) secundárias (normas complementares do art.100 do CTN): são os atos infralegais em
geral, exceto decretos e regulamentos (são primários).
Caso, porém, a União não edite as normas gerais, os Estados e o Distrito Federal
exercerão competência legislativa plena para atender suas peculiaridades.
54
3.2 Legislação Tributária (art. 96 do CTN)5.
É o conjunto de disposições legais e infralegais que tem por objetivo instituir e
definir os tributos e regular as relações jurídicas decorrentes de sua cobrança.
Incluem-se, também, os convênios de ICMS, por previsão constitucional. Só
abrangem os atos normativos (generalidade e abstração).
Legislação tem sentido mais amplo que lei, abrangendo convenções internacionais,
decretos e normas complementares, tais como portarias, que versem, no todo ou em
parte, sobre matéria tributária.
Observação: No que diz respeito à criação de tributo, a obrigação principal relativa à
matéria tributária está sujeita ao princípio constitucional da legalidade estrita, mas, no
que diz respeito às obrigações acessórias, o art. 113, §2º do CTN afirma que a obrigação
acessória decorre da legislação tributária, o que significa que poderia ser instituída por
atos normativos infralegais.
5
Distinção entre as expressões “lei tributária” (art. 97 do CTN) e “legislação tributária” (art. 96 do CTN):
aquela compreende as leis ordinárias e as leis complementares, enquanto esta compreende normas legais e
normas infralegais.
6
A CF vai além ao exigir lei específica (Art. 150, § 6º).
55
o Obs.1: alíquotas aumentadas ou diminuídas pelo Executivo: II, IE, IPI, IOF. Alíquota
diminuída ou restabelecida pelo Executivo: CIDE-Combustível. Alíquota definida
por convênio de Estados e DF: ICMS monofásico sobre combustíveis.
o Obs.2: não há exceção quanto à base de cálculo. A simples atualização do valor
monetário, que é feita pelo Executivo, não configura majoração.7
o Obs.3: não estão sujeitas à reserva legal (STF): a) obrigações acessórias; b) prazos
para pagamento de tributo.
o Obs.4: iniciativa em matéria tributária não é privativa do Chefe do Executivo (o art.
61, § 1º, “b”, CF, impõe a iniciativa privativa do Presidente quanto aos Territórios).
o Obs.5: em regra, a lei ordinária é o instrumento hábil para disciplinar os tributos.
Apenas em casos excepcionais, expressamente previstos na Constituição, é que se
exige LC.
7
“É cediço que os Municípios não podem alterar ou majorar, por decreto, a base de cálculo do imposto
predial. Podem tão somente atualizar, anualmente, o valor dos imóveis, com base nos índices oficiais de
correção monetária, visto que a atualização não constitui aumento de tributo (art. 97, § 1º, do Código
Tributário Nacional) e, portanto, não se submete à reserva legal imposta pelo art. 150, inciso I, da
Constituição Federal.” (STF, RE 648245/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, Informativo nº 714).
8
Segundo o entendimento do STF, o rol das matérias elencadas nas alíneas do art. 146, III, da Constituição é
meramente exemplificativo (“especialmente sobre”).
9
Note que nos demais tributos a BC, FG e contribuintes são definidos por LEI ORDINÁRIA.
56
(art. 195,I e §§ 12 e 13 e atr. 239). Ainda para as ME/EPP, LC poderá instituir um
regime único de arrecadação dos impostos e contribuições dos entes
federativos: (a) será opcional para o contribuinte; (b) as condições poderão ser
diferenciadas por Estado; (c) o recolhimento será unificado e centralizado – a
repartição será imediata e sem retenção/condicionamento; (d) os Entes poder
compartilhar a arrecadação, fiscalização e cobrança, mantendo cadastro
nacional único de contribuintes.
d) critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de
igual objetivo (146-A).
e) para instituir: imposto sobre grande fortuna (153, VII); impostos residuais (154, I);
contribuições sociais securitárias residuais (195, §4º); empréstimos compulsórios (148).
Observação 1: Dispõe o art. 146, II, CF/88 que cabe à LC regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar. Lado outro, o art. 150, VI, c, da CF diz que os partidos
políticos, as instituições de assistência social e de ensino fazem jus à imunidade
57
observados os requisitos estabelecidos em lei, gerando-se uma discussão se essa lei seria
complementar ou ordinária.
A primeira posição dizia ser lei ordinária porque a Constituição diz apenas que tem que
observar os requisitos estabelecidos em lei. A segunda posição dizia ser LC, porque, como
se está tratando de imunidade, tema inserido no bojo das limitações constitucionais ao
poder de tributar (art.150, VI), essa lei tem que ser lei complementar.
Nesses termos, afirma o STF: “Conforme precedente no STF (RE93770, Muñoz, RTJ
102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária,
no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas
sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou
assistencial imune; não o que diga respeito aos lindes da imunidade,
que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei
complementar”. (ADI1.802 –MC). O STF disse que as instituições de assistência social
fazem jus à imunidade observado o disposto em lei. Até admite-se uma lei ordinária para
tratar de regras sobre funcionamento, como deve ser constituída essa instituição.
Agora, o que essa instituição tem que fazer, os requisitos que ela tem
que observar para gozar da imunidade, essa limitação ao poder de
tributar cabe à lei complementar.
10
O art. 55, II, da Lei 8.212/91, que previa essa exigência, foi revogado pela Lei 12.101/2009.
58
Súmula 612/STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no
prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus
efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei
complementar para a fruição da imunidade.
4) Lei ordinária trata de tema reservado à lei ordinária que posteriormente passa a ser
tema reservado à LC: aquele texto é recepcionado com status de lei complementar. A
partir da emenda, só poderá ser alterado por meio de LC. Esse é o caso do CTN.
O CTN é uma lei ordinária, editada em 1966, que complementou o texto da Emenda
18/65 que era uma emenda à Constituição de 1946, não sendo exigido LC para tanto.
Houve uma emenda (18/65) que determinou que a lei estabelecerá as regras gerais do
Sistema Tributário Nacional e veio o CTN e tratou do tema.
Depois, com a Constituição de 1967, emenda 1/69, passou-se a exigir LC para tratar das
normas gerais de direito tributário.
59
Medidas provisórias
É possível a criação ou aumento de imposto via medida provisória (art. 62, §2º, da
CF com redação dada pela EC 32/2001).
“Art. 62
Decretos-leis
Importante: A figura do decreto-lei não foi prevista pela Constituição Federal de 1988,
em virtude de ter sido substituída pelas medidas provisórias. Todavia, em virtude da
teoria da recepção, ainda existem vários decretos-leis em vigor, alguns versando sobre
matéria tributária, como, v.g., o Decreto-lei 37/1966, que disciplina relevantes aspectos
relativos ao Imposto de Importação, e o Decreto-lei 288/1967, que regula a Zona Franca
de Manaus e seu regime atípico de tributação.
Decretos legislativos (art. 59, inciso VI, da CF): ato normativo emanado do Congresso
Nacional não estando sujeito ao crivo do Presidente da República.
É um instrumento normativo que não tem aplicação direta na esfera tributária, servindo,
entre outras coisas, para aprovar tratados internacionais e para disciplinar os efeitos de
medidas provisórias não convertidas em lei.
Leis delegadas (art. 68 da CF): Nada obsta que lei delegada verse sobre a criação ou
majoração de tributos, desde que observados os requisitos constitucionais. No entanto,
tal como se dá no caso das medidas provisórias, não é possível que lei delegada disponha
sobre tributos que só podem ser instituídos por lei complementar.
60
Resoluções (art. 59, inciso VII, da CF): Atos normativos editados pelo Congresso Nacional
ou pelas respectivas Casas (Câmara ou Senado) no uso de suas competências exclusivas e
privativas (arts. 49, 50 e 52 da CF), não estando sujeitos à deliberação executiva (sanção
ou veto), o que leva parte da doutrina a denominá-las, ao lado dos decretos legislativos,
de “leis sem sanção”.
• Fixar alíquota mínima SIM (CF, art. 155, § 6º, I) NÃO FIXA
• Fixar alíquota máxima NÃO FIXA SIM (CF, art. 155, § 1º, IV)
SENADO: (fixação
INICIATIVA APROVAÇÃO
facultativa)
SENADO: (fixação
INICIATIVA APROVAÇÃO
obrigatória)
11
CF, art. 155, § 2º, V, a.
12
CF, art. 155, § 2º, V, b.
61
Tratados internacionais:
Os tratados também são fontes do Direito Tributário.
O tema será explorado adiante, em tópico específico.
Normas complementares.
São os atos normativos (abstração e generalidade) infralegais, exceto os decretos e
regulamentos, pois o CTN os classifica separadamente (art. 99).
Englobam:
a) atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
b) decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a
lei atribua eficácia normativa (“jurisprudência administrativa” ou “Sistema de
Decisões Vinculantes”);
c) práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas (são
costumes meramente interpretativos);
d) convênios celebrados entre os Entes federados (quanto ao ICMS, alguns
convênios estão previstos na CF, sendo normas primárias e não
complementares).
Obs.1: A exigência de submissão dos convênios firmados pelo Executivo à ratificação do Legislativo fere o
princípio da separação dos poderes (STF, na ADI 1857/SC).
Obs.2: a observância das normas complementares faz presumir a boa-fé do contribuinte, de modo a excluir
a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo, numa consagração da Teoria dos Atos Próprios (venire contra factum proprium non
potest) em Direito Tributário.
13
CF, art. 155, § 2º, IV.
62
3.3 Validade, Vigência e Eficácia
Validade é a conformidade da norma com o ordenamento jurídico (aspectos
material/formal).
Vigência é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para propagar efeitos,
tão logo aconteçam, no mundo fático, os eventos que elas descrevem, sendo
pressuposto para a incidência da norma (eficácia jurídica). A vigência pressupõe a
superação da vacatio legis.
Eficácia é a aptidão da norma para produzir regularmente seus efeitos.
Vigência X Eficácia. A regra é que uma norma vigente seja também eficaz, mas há
exceções. Uma lei pode estar vigente e não ser aplicada (ex.: princípio da anterioridade,
que não afeta a vigência, mas sim a eficácia); enquanto uma lei pode ser aplicada, não se
encontrando mais vigente (ultratividade – aplica-se a lei revogada aos fatos praticados ao
tempo de sua vigência, desde que ela seja mais benéfica ao réu do que a lei revogadora).
Vigência no tempo
*** Em direito tributário deve-se observar ainda os princípios da anterioridade (de exercício e
nonagesimal), mas estes estão relacionados com a eficácia e não com a vigência.
63
O art. 104 do CTN e o princípio da anterioridade
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o
patrimônio ou a renda:
As regras deste dispositivo tratam sobre vigência e não sobre eficácia. Os incisos I e II são
tidos por inúteis ante o p. da anterioridade.
Já o inciso III aduz que a lei que extinguir ou reduzir uma isenção de impostos sobre o
patrimônio ou a renda entra em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que ocorra a sua publicação, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao
contribuinte. O dispositivo referencia o art. 178 do CTN (que trata sobre doações
onerosas/com encargo), devendo ser observadas as condições ou encargos. Por seu turno,
o STF entende que a revogação de isenção não se equipara à criação ou à majoração de
tributo, de forma que o tributo volta a ser imediatamente exigível, não sendo aplicável o
princípio da anterioridade (RE 204.062), ressalvada a situação da isenção onerosa.
OBS: Também a revogação de desconto pelo pagamento antecipado não necessita
obedecer o princípio da anterioridade.
Vigência no espaço
A regra é a legislação tributária vigorar dentro do território do entre tributante (p. da
territorialidade). Exceções:
1) extraterritorialidade prevista em convênio de cooperação (ex.: convênio entre
municípios de uma região metropolitana);
2) extraterritorialidade prevista em norma geral nacional (a extraterritorialidade deve ser
a única solução, caso contrário ferirá o pacto federativo. Ex.: art. 120 do CTN –
desmembramento territorial);
3) aplicação de leis estrangeiras (necessita de previsão expressa. Ex.: dedução de IR retido
no exterior).
64
3.4 Aplicação da Lei Tributária
Aplicar a legislação tributária é concretizar no mundo fático a vontade que o legislador
manifestou em abstrato na norma.
Fatos geradores consumados, pendentes e futuros (CTN, art. 105):
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores
futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido
início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Aplicação da legislação
Fatos geradores pendentes Imediata
tributária
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador
e existentes os seus efeitos:
65
Classificações:
FG Instantâneos Ocorrem em um momento preciso da linha do tempo (Ex.: II);
67
3.5 Interpretação e Integração da Legislação Tributária
Integração (CTN, art. 108).
I - a analogia;
IV - a eqüidade.
Por força da aplicação rígida do princípio da legalidade ao direito tributário, o CTN não
deixou espaço de discricionariedade ao aplicador da norma tributária quando se depara
com lacuna na legislação tributária. A ordem apresentada é taxativa, hierarquizada e de
observância obrigatória.
68
• Analogia. Em razão do princípio da tipicidade tributária, não é admitida analogia in
malam partem. Nos casos em que há ‘silêncio eloquente’ (hipótese contemplada é a única
a que se aplica o preceito legal), não se admite analogia (STF, RE 130.552).
Obs.: as lacunas são tratadas de forma diferente entre o CTN e a LINDB: nesta é analogia,
costumes e princípios gerais do direito.
Interpretação.
Interpretar e integrar têm sentidos parecidos, mas sutilmente diversos. A interpretação é
atividade lógica pela qual se determina o significado de uma norma jurídica, enquanto a
integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o sistema jurídico inteiro,
sem lacuna.
69
Interesse público. muitas vezes utilizado como argumento para a exigência de tributos,
não se presta para fundamentar uma posição apriorística do intérprete a favor do Fisco. O
verdadeiro interesse público reside na adequada interpretação da Constituição e das leis.
Segundo Luciano Amaro, está superada a idéia de in dubio pro Fisco.
70
Ex.: caso da COFINS, com ampliação indevida do conceito de faturamento para
receita bruta
As contribuições sociais PIS e COFINS têm previsão constitucional no artigo 195,
inciso I, alínea b, da Constituição Federal, cujo texto, à época da edição da Lei nº 9.718/98,
somente autorizava a incidência de tais contribuições sobre o faturamento das empresas
(receita oriunda da venda de mercadorias e serviços).
Ao determinar a incidência das contribuições ao PIS e COFINS sobre a totalidade
das receitas auferidas pela pessoa jurídica, ou seja, sobre a receita bruta (conceito
financeiro e contábil que difere de faturamento, na medida em que abrange, também,
receitas não operacionais de diversas naturezas tais como as decorrentes de royalties,
aluguéis, rendimentos financeiros, verbas indenizatórias, etc., ou seja, receitas não
sujeitas à emissão de faturas), a Lei nº 9.718/98 violou frontalmente o texto da Carta
Magna padecendo, portanto, de vício insanável de inconstitucionalidade.
Posteriormente à Lei nº 9.718/98 foi editada a Emenda Constitucional nº
20/98 que alterou o artigo 195, inciso I, alínea b, da Constituição Federal para neste
introduzir a possibilidade das contribuições em tela incidirem sobre a receita das pessoas
jurídicas. Claramente, tal manobra evidenciou uma tentativa de 'constitucionalizar' norma
notoriamente inválida perante os mandamentos do texto magno, mediante alteração
superveniente do texto da Constituição.
II - outorga de isenção;
71
Interpretação benéfica ao acusado (CTN, art. 112).
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
Obs.: ressalte-se que, para se resolver as dúvidas quanto às demais questões de direito
tributário (ex.: cobrança de tributo), não existe qualquer concepção apriorística do tipo
“na dúvida favorecer o fisco” ou “na dúvida favorecer o contribuinte”.
Assim, por exemplo, os requisitos para que se considere válido um negócio jurídico sob a
ótica do direito civil (agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
forma prescrita ou não defesa em lei – CC, art. 104) são irrelevantes para se interpretar a
definição legal de fato gerador.
72
Interpretação econômica do direito tributário.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador
e existentes os seus efeitos:
73
3.6 Tratados Internacionais e Legislação Interna (anterior e posterior)
74
Tratado x Lei interna:
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
O Código Tributário Nacional, em seu art. 98, afirma que os tratados e as convenções
internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que
lhes sobrevenha. A redação abre margem para um conjunto de discussões.
Após o advento da Emenda Constitucional 45/2004, a Constituição Federal passou a
prever que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais (CF, art. 5.º, § 3.º).
Como os tratados internacionais sobre matéria tributária normalmente trazem acordos
visando a evitar a bitributação internacional e a estatuir regras de cooperação internacional para
evitar a evasão fiscal, dificilmente será possível enquadrar um tratado que verse sobre matéria
tributária na nova regra, aplicável exclusivamente para tratados que versem sobre direitos
humanos. Justamente por isso, a análise dos tratados e convenções que versem sobre matéria
estritamente tributária deve ser feita considerando a inaplicabilidade das novidades trazidas pela
EC 45/2004.
O conflito entre a lei interna e o tratado (que possuem a mesma hierarquia, salvo
se versarem sobre direitos humanos) resolve-se a favor da norma especial (do tratado),
que excepciona a norma geral (da lei interna), tornando-se indiferente que a norma
interna seja anterior ou posterior ao tratado. Este prepondera porque traduz preceito
especial, harmonizável com a norma geral.
Segundo o art. 98 do CTN, esses tratados revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Normalmente trazem
acordos visando a evitar a bitributação internacional e a estatuir regras de cooperação
internacional para evitar a evasão fiscal.
Na verdade, houve uma imprecisão do CTN quantos aos efeitos dos tratados sobre
a legislação interna, ou seja, o que há é uma regra da especialidade, como visto supra
(regra especial deve ser aplicada com preferência sobre a geral, sem modificá-la ou
revogá-la).
Essa interpretação foi usada na redação do art. 85-A da Lei 8.212/91:
Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado
estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que
versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei
especial.
75
Assim, os tratados prevalecem sobre a legislação interna, mas sem revogá-la (há
suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá a sua aptidão para
produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado). Nesse sentido, confira-se julgado
do TRF 4ª Região a respeito:
76
Os tratados internacionais e a legislação tributária superveniente (visão do STF).
Tendo em vista que o art. 98 (CTN) aduz que os tratados serão observados pela
legislação tributária que lhes sobrevier, o legislador ordinário não poderia revogar ou
alterar regras do direito interno de modo que acarretasse descumprimento de tratado
internacional. Esse é o entendimento da maioria dos internacionalistas.
Contudo, para o STF, o raciocínio é o seguinte: os tratados internacionais, após
regular incorporação ao direito interno: a) adquirem posição hierárquica idêntica à de
uma lei ordinária (STF, RE 80.004/SE, julgado em 01/06/1977), à exceção dos tratados
sobre direitos humanos incorporados na forma do art. 5º,§ 3º, da CF; e b) não podem
disciplinar, por isso, matéria reservada a lei complementar (STF, ADI 1480 MC/DF,Pleno,
Rel Min. CELSO DE MELLO, julgado em 04/09/1997). Logo, é possível que lei ordinária
superveniente modifique ou revogue internamente tratado internacional sobre matéria
tributária, sem prejuízo da responsabilização internacional do Estado brasileiro pelo
descumprimento do tratado.
Tratados sobre Direitos Humanos - o STF passou a entender que possuem caráter supralegal. Se
forem incorporados seguindo o rito do art. 5º, § 3º, da CF, possuem “status” de emenda
constitucional.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
78
Isenções heterônomas em tratados internacionais.
79
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).
O Brasil é signatário. Prevê a equivalência de tratamento entre o produto
importado, quando este ingressa no território nacional, e o produto similar nacional (é a
famosa regra do tratamento nacional).
Assim, a isenção concedida por lei ao produto nacional deve ser interpretada como
aplicável a todos os casos de mercadorias estrangeiras (salvo os expressamente
ressalvados), em virtude da extensão da isenção pelo tratado. Também há fundamento
constitucional (art. 152), já que se veda tratamento tributário distinto entre bens e
serviços em razão da procedência ou destino.
Em relação ao possível conflito com o art. 111, II, do CTN (matéria sobre isenção
interpreta-se literalmente – o que impediria a extensão), o STJ (REsp 460165) afirmou que
deve prevalecer a legislação internacional, aplicando o art. 98 e afastando a incidência do
art. 111, ambos do CTN.
80
4. Definição de tributo. Espécies de tributos. Elementos do
tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota e sujeitos.
Definição de tributo
- que não constitua sanção de ato ilícito (diferencia tributo da multa. tributo não é
punição). O FG é sempre lícito, embora possa derivar de uma causa ilícita (“pecunia non
olet”)
- instituída em lei: lei no sentido de norma produzida pelo Poder Legislativo (ex.:
lei ordinária) ou que passe pelo seu crivo para ter validade permanente (ex.: MP)
81
Tributos em Espécie
Quatro principais correntes doutrinárias:
b) A visão mais moderna do Direito Tributário, inclusive com respaldo do STF, reconhece a
existência de cinco espécies (classificação quinquipartida), com base na Constituição
Federal: 1. impostos; 2. taxas; 3. contribuições de melhoria; 4. contribuições sociais; 5.
empréstimos compulsórios.
2) Taxa (CTN,77): tributo cobrado pelo exercício regular do poder de polícia ou pela prestação,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição.
o - Taxas de polícia: art. 78, CTN - O STF, em decisões recentes, tem presumido o exercício
do poder de polícia quando existente o órgão fiscalizador, mesmo que este não comprove
haver realizado fiscalizações individualizadas no estabelecimento de cada contribuinte (RE
416.601). Adiante, no RE 588.322/RO, nem mesmo a existência de um órgão fiscalizador
específico seria sempre necessária para legitimar a cobrança de uma taxa de policia, desde
que ocorrendo essa situação, possa ser demonstrado que o ente estatal realmente
desempenha a atividade de policia correspondente ao fato gerador da taxa.
83
SÚMULA Nº 545 do STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem,
porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança
condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.
Serviços de água e esgoto, prestados por concessionária de serviço público: tarifa
ou preço público (STF – RE 518.256;
84
4) Contribuições especiais (arts. 149 e 149-A, CF): tributos cujo produto da arrecadação tem
destinação específica (contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico, contribuição
de interesse de categorias profissionais ou econômicas e contribuição de iluminação pública)
4.1- Contribuições sociais: P/ STF, esta subespécie está sujeita a mais uma divisão: a)
contribuições de seguridade social e PIS/PASEP; b) outras contribuições sociais (as residuais); c)
contribuições sociais gerais - são elas: c.1) salário-educação; c.2) contribuições para os serviços
sociais autônomos – STF disse que essas últimas não são contrib. especiais de interesses de cat.
profissionais.
4.2- Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE): instituição não está sujeita a
reserva de lei complementar. São tributos extrafiscais (cuja finalidade precípua não é arrecadar,
mas sim intervir numa situação social ou econômica). Nas CIDE, a intervenção ocorre pela
destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade que se tem por incentivada.
(Estímulo à Interação Universidade-Empresa para Apoio à Inovação – CIDE-royalties. / CIDE –
Combustíveis. “A contribuição do SEBRAE [estímulo às ME e EPPs] é de intervenção no domínio
econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas das contribuições sociais
gerais relativas às entidades (...). Não se inclui, portanto, a contribuição do SEBRAE, no rol do art.
240, C.F. III. - Constitucionalidade da contribuição do SEBRAE. ” (RE 396.266, DJ 27.2.2004)
Boa parte da doutrina entende que as contribuições para os serviços
sociais autônomos são corporativas, o que teria como consequência
imediata a impossibilidade de sua cobrança a instituições que não
tenham por objeto social uma atividade enquadrada no âmbito de
atuação do respectivo serviço social. [...]
[...] o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido de
incluir as contribuições para os serviços sociais autônomos entre as
“contribuições sociais gerais”. A fundamentação do posicionamento é
que, por visarem a benefícios às ordens social e econômica, os serviços
sociais devem ser mantidos por toda a sociedade e não somente por
determinadas corporações. Registre-se que o raciocínio parece bastante
apropriado para o SEBRAE, mas é bastante discutível no tocante a
serviços voltados a setores específicos (indústria, comércio, transporte).
Ao que parece, as contribuições relativas a esses casos seriam melhor
enquadradas como corporativas.
Fica bastante claro que ainda reina a controvérsia sobre a natureza
jurídica das contribuições para os serviços sociais autônomos. Somente
como mais um elemento a demonstrar o afirmado, registre-se que há
até decisão do STF enquadrando a contribuição para o SEBRAE como
“de intervenção no domínio econômico” e as demais como “gerais”
(RE-AgR 404.919).
Perceba-se que efetivamente há precedente do STF no sentido de que a
contribuição para o SEBRAE é “de intervenção no domínio econômico”
85
(RE-AgR 404.919). Não obstante, a assertiva é incontroversamente
incorreta tendo em vista que o Supremo não exige vinculação direta do
contribuinte ou que ele seja beneficiário da atuação do SEBRAE para
que tenha a obrigação de recolher a respectiva contribuição (REsp
662.911/1.ª Turma).
(Ricardo Alexandre, Direito Tributário Esquematizado, 9ª Ed., pp. 59 e
ss. )
86
5) Empréstimos compulsórios (art. 148, CF): tributo restituível e vinculado a causas específicas
(guerra ou sua iminência, calamidade, investimentos públicos urgentes e relevantes). São tributos
de arrecadação vinculada.
- Quanto à finalidade:
Fiscal: têm por finalidade preponderante arrecadar dinheiro e prover de recursos o
Estado. Ex: ISS, ICMS, IR e outros.
Extrafiscal: têm finalidade diversa da simples obtenção de recursos. Objetivam,
fundamentalmente, intervir numa situação social ou econômica. Ex: II, IE
Parafiscal: quando a lei nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu. Ex:
contribuições previdenciárias, antes da criação da Secretaria da Receita Previdenciária
87
Tributos diretos: o contribuinte eleito pela lei é aquele que, efetivamente, suporta o ônus.
Tributos indiretos: o contribuinte eleito pela lei (contribuinte de direito) é o que tem a
obrigação de efetuar o pagamento do tributo, mas não é ele quem, efetivamente, suporta
o ônus tributário, que é repassado a um terceiro (contribuinte de fato). Ex: ICMS
88
Elementos do tributo
São considerados elementos do tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota e
sujeitos.
Fato gerador
Conceito
Segundo o CTN (art. 114), fato gerador da obrigação tributária principal “é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”; fato gerador da
obrigação acessória, por sua vez, “é qualquer situação que, na forma da legislação
aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal”
(art. 115) . Ex.: dever de entregar uma declaração.
OBS-1: o CTN não foi técnico, pois fato é algo que ocorre na realidade, enquanto a
previsão da obrigação é meramente abstrata, de modo que o que existe efetivamente é uma
hipótese de incidência, que, se ocorrida no mundo dos fatos, é considerada fato gerador
(fato imponível, fato jurídico tributário, fato jurígeno tributário), que faz nascer a obrigação
tributária;
OBS-2: nessa mesma linha, alguns mencionam “fato gerador abstrato” e “fato
gerador concreto”; no art. 114, usa-se essa acepção abstrata; no art. 113, §1º, a concreta (“A
obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador...”).
OBS-3: o fato gerador pode se constituir em uma situação fática (ingresso de
mercadoria no país, por exemplo) ou uma situação jurídica (caso dos impostos sobre a
propriedade).
89
OBS-2: sobre as situações jurídicas, em relação aos negócios condicionais, o CTN
prevê que os atos se consideram perfeitos e acabados: sendo suspensiva a condição, desde
o momento de seu implemento; e, sendo resolutória a condição, desde o momento da
prática do ato ou da celebração do negócio (art. 117).
OBS: por força dessa regra, atos ilícitos podem gerar obrigações de pagamento de tributos
(pecunia non olet). Para tanto, deve ser analisado:
a) o momento da feitura da lei, devendo conter um pressuposto de fato lícito;
b) momento de aplicação da lei, em que o Poder Público deve abstrair ou ignorar a
ilicitude porventura constatada.
OBS-2: a norma não possui natureza absoluta. O princípio do non olet foi concebido para
permitir a tributação de atividades ilícitas. Todavia, isso não significa que, em certos casos,
a nulidade do negócio não tenha repercussão tributária. Nesse sentido, o STJ entendeu que
não incidiria ITBI sobre negócio jurídico de compra e venda que veio a ser declarado nulo
(sem que houvesse dolo das partes), sob pena de enriquecimento ilícito do Estado (REsp
1493162/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/11/2014, DJe 19/12/2014).
90
Princípio da tipicidade tributária: cabe à lei em sentido formal eleger os aspectos do fato
gerador, tendo que discriminar minuciosamente todo o fato gerador da obrigação tributária.
OBS – taxas: em relação a essa espécie tributária, o STF parece ter se aproximado de um
modelo de tipicidade aberta, na medida em que permite à Administração fixar, por
regulamento, o valor efetivo, se na lei constam parâmetros mínimos, como o teto.
Tese fixada no RE nº 838284: “Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o
teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável
com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do
próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária
legalmente previstos.”
91
Elementos da hipótese de incidência (fato gerador abstrato).
Sinônimos: elementos/critérios/mecanismos classificatórios.
92
Classificação do fato gerador:
OBS: não se deve confundir tributo vinculado (depende de contraprestação estatal) com
tributo de arrecadação vinculada (o valor da arrecadação tem destinação específica no
orçamento).
93
Interpretação econômica do fato gerador:
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador
e existentes os seus efeitos:
Posições sobre a norma geral antielisão (art. 116, parágrafo único do CTN):
1ª) seria inconstitucional por ofender a segurança jurídica (não define simulação), a
estrita legalidade (não elenca as condutas abusivas), a livre iniciativa (restringe
a capacidade criativa do particular), a vedação ao confisco, a separação dos
poderes (por conferir poder de legislar ao administrador) e o Estado
Democrático de Direito (opressão do cidadão-contribuinte sem observância do
processo legislativo);
94
2ª) seria constitucional porque a separação de poderes já vem sendo mitigada,
cabendo ao administrador otimizar o poder de tributar, afastando abusos por
meio de processo legal tributário, com respeito à ampla defesa e contraditório;
3ª) seria constitucional e inclusive poderia ter aplicação imediata, sem lei
definindo as hipóteses de dissimulação, porque caberia ao Fisco buscar no
direito privado a definição e alcance do que vem a ser dissimulação.
Autoridade fiscal pode anular atos praticados para dissimular tributo, decide STF
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade de
dispositivo do Código Tributário Nacional (CTN) que permite à autoridade fiscal desconsiderar atos
praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos
elementos constitutivos da obrigação tributária. A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) 2446, na sessão virtual encerrada em 8/4/2022.
A ação foi proposta pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC) contra o artigo 1º da Lei Complementar 104/2001, que acrescentou o parágrafo único ao
artigo 116 do CTN. Entre outros pontos, a confederação alega que o dispositivo permite à
autoridade fiscal tributar fato gerador não ocorrido e previsto em lei.
No voto condutor do julgamento, a relatora, ministra Cármen Lúcia, explicou que a eficácia
plena da norma em questão depende de lei para estabelecer procedimentos a serem seguidos.
Apesar de tentativas, o parágrafo único do artigo 116 do CTN ainda não foi regulamentado.
Para a relatora, também não procede a alegação da confederação de que a previsão retira
incentivo ou estabelece proibição ao planejamento tributário das pessoas físicas ou jurídicas. Na sua
avaliação, a norma não proíbe o contribuinte de buscar economia fiscal pelas vias legítimas,
realizando suas atividades de forma menos onerosa, e, assim, deixar de pagar tributos quando não
for configurado fato gerador cuja ocorrência tenha sido licitamente evitada.
95
Fundamento metodológico das normas antielisivas:
96
Técnicas para detecção de atos abusivos:
a) abuso de forma: utilização de uma forma jurídica “atípica” ou não “comum”
para um negócio, obrigando a utilização da forma “típica” ou “normal” para o
mesmo negócio, que permitiria uma maior incidência fiscal;
b) abuso de direito: consiste em considerar ilícita a conduta do contribuinte que
pretende exclusivamente a economia de impostos, com fundamento no uso
imoral do Direito;
c) princípio da praticabilidade: a praticabilidade prevalece sobre a forma do ato,
sobre o instituto jurídico eleito pelas partes, de modo que o ato jurídico deve
gerar o máximo de efeitos no campo do direito, não podendo se esquivar dos
efeitos econômicos relevantes para a tributação;
d) princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico: o negócio jurídico
poderá aparentar uma determinada situação, insuscetível de tributação, o que
será uma confirmação relativa, suscetível de desconsideração, por parte do
Fisco.
Teoria do teste negocial ou teoria da finalidade negocial: ferramenta que o Fisco tem
para julgar se o planejamento é ou não é consistente. Se o negócio analisado estiver dentro
do objeto social da empresa, é um sinal de que a elisão é lícita. Se o negócio estiver fora do
objeto social, ela não seria “boa”
Arm’s lenght: além de ser uma norma geral antielisiva, é uma ficção ou uma presunção
absoluta em matéria tributária, fazendo com que produtos importados, com subsídio fiscal
do Estado exportador, sofram a mesma tributação incidente sobre os produtos nacionais, de
modo que o contribuinte (importador) será tributado no ingresso da mercadoria no país
como se ela tivesse sido produzida aqui, fazendo com que o preço final fique como se
tivesse comprado a mercadoria aqui (ao alcance dos braços) – evitando, com isso, a prática
do dumping.
97
Base de cálculo
Conceito:
É a medida legal da grandeza do fato gerador. Em outros termos, é a base sobre a qual
incide a alíquota do tributo.
A situação descrita na lei como fato gerador, acontecendo, deve ser medida ou avaliada de
acordo com uma base, estipulada previamente pela lei e que se chama base de cálculo. A base de
cálculo do tributo representa legalmente o valor, grandeza ou expressão numérica do fato gerador;
é, por assim dizer, um dos lados, ou modos de ser do fato gerador.
98
Alíquota
Conceito: é o percentual ou valor fixo que será aplicado sobre a base de cálculo para a apuração do
valor de um tributo.
Tipos:
I-
a) específica: consiste numa importância em dinheiro que incide sobre uma unidade de medida
prevista em lei, que pode referir- se à metragem, peso, de um certo produto;
b) ad valorem: percentual estabelecido em lei para ser aplicado sobre o valor do bem, por exemplo.
Ex.: as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o art. 149 da CF
pode ter as alíquotas de ambas as espécies
(...) III - poderão ter alíquotas:
II –
a) fixa: quantia determinada para todos os contribuintes, independente de quem seja;
b) variável ou progressiva: fixação de percentuais crescentes sobre faixas de renda (Exemplo: IRPF).
Adicional: além do imposto devido, em certos casos a lei pode determinar o pagamento de mais um
imposto sob o título de adicional. P.e., no caso do IRPJ, a alíquota do imposto é de 15% (quinze por
cento) sobre o lucro apurado, com adicional de 10% sobre a parcela do lucro que exceder R$
20.000,00 mensais.
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Princípios constitucionais: o aumento de alíquota se submete aos princípios da legalidade e da
anterioridade, previstos constitucionalmente. Cumpre recordar as exceções a esses princípios.
Exceções – legalidade:
A) O Executivo pode aumentar e diminuir a alíquota sem a edição de lei: II, IE, IPI
e IOF (art. 153, §1º);
B) O Executivo pode reduzir e restabelecer a alíquota: ICMS-combustível e
CIDE-combustível (art. 144, §4º, IV e art. 177, §4º, I, b).
Exceções – anterioridade: .
A) Ambas as anterioridades: Imposto extraordinário de guerra, empréstimo
compulsório em caso de calamidade ou guerra, II, IE e IOF;
B) Exceção à anterioridade de exercício – deve observar a nonagesimal: IPI,
ICMS-combustível, CIDE-combustível, contribuições da seguridade social;
C) Exceção à anterioridade nonagesimal – deve observar a de exercício: IR, base
de cálculo do IPTU e do IPVA, empréstimo compulsório para investimento
público urgente e relevante (parte da doutrina defende que não seria exceção
pois o art. 148, II prevê que ele se submete apenas à anterioridade de exercício
porque, na época em que foi redigido, essa era a única existente).
100
Sujeitos
Sujeito ativo:
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
Sujeito ativo é o ente político titular do direito subjetivo de exigir a prestação pecuniária
ou a pessoa jurídica de direito público que detém delegação da capacidade tributária ativa.
Aliás, sujeição ativa em obrigação tributária está relacionada à capacidade ativa e não à
competência, isto porque a competência relaciona-se com a instituição do tributo e não com a
possibilidade de figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária obrigacional. Os entes políticos
(União, estados-membros, municípios e DF) serão sempre os detentores de competência para
instituir tributos (indelegável), mas poderão delegar suas capacidades tributárias ativas.
Espécies: a partir do que consta acima, vislumbra-se dois tipos de sujeitos ativos:
a) sujeito ativo direto: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Essas pessoas
jurídicas de direito público interno/entidades políticas/pessoas tributantes criam o tributo. Possuem
o poder político (advém da Constituição) de instituir o tributo, i.e., têm competência tributária, que
é indelegável. Ex.: imposto sobre grandes fortunas é federal, mas ainda não foi criado; poderia um
Estado criá-lo? Não, pois (1) se trata de imposto federal e a competência é indelegável; (2) tem-se
uma invasão de competência; (3) a CF exige lei complementar, então não pode ser criado por lei
estadual.
b) sujeito ativo indireto: são as pessoas jurídicas que detêm o poder administrativo de
arrecadar e fiscalizar o tributo. Tal aptidão recebe o nome de capacidade tributária ativa, que é
delegável. Embora a regra seja a posse tanto da competência tributária quanto da capacidade
tributária ativa pela pessoa política, esta última pode ser delegada. Nesse caso, portanto, um ente
cria o tributo e o outro arrecada e fiscaliza. Sucede com os entes parafiscais (PARAFISCOS) – p.e.,
conselho de fiscalização profissional, que arrecada e fiscaliza anuidade criada pela União
(parafiscalidade nas contribuições profissionais). Parafiscalidade é a delegação da capacidade
tributária ativa (poder de arrecadar e fiscalizar), feita por quem tem a competência tributária (poder
de criar).
Obs.1 - Pessoa jurídica de direito privado: não pode ser sujeito ativo da obrigação
tributária (não recebe delegação da cap. tributária ativa), mas pode ser destinatária do
produto da arrecadação. Ex: SENAI/SESI/SENAC são destinatários de contribuições
paraestatais, mas não sujeitos ativos.
Obs.2 - Contribuições sindicais corporativas instituídas por lei em favor das entidades
sindicais: tais entidades são apenas destinatárias do produto da arrecadação, sendo o
sujeito ativo da contribuição a União, atuando por intermédio do Ministério do Trabalho
e Emprego (CLT, arts. 578 a 610).
101
Sub-rogação ativa (CTN, art. 120):
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se
constituir pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja
legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.
Trata-se de hipótese de modificação superveniente de sujeito ativo. Tal hipótese ocorre nos
casos de desmembramento territorial que constitui nova pessoa jurídica de direito público, a qual se
sub-roga nos direitos da pessoa jurídica de direito público anterior, salvo se lei dispuser em sentido
contrário.
Essa sub-rogação vai abranger os direitos relativos a obrigações tributárias surgidas até o
momento da cisão, independentemente de já terem sido objeto de lançamento, mesmo porque, na
consecução deste, deve aplicar-se a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador.
Sujeito passivo:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto.
Contribuinte de fato: Esse contribuinte não integra a relação econômica e, portanto, não tem
obrigação legal de pagar o tributo. Contudo, sofre o fenômeno econômico da repercussão que lhe
transfere o ônus econômico de tal tributo. Ex.: transferência do encargo do ICMS ao consumidor
(preço embutido na mercadoria).
Relação com o FG: O sujeito passivo indireto (responsável), conquanto não tenha relação pessoal e
direita com o FG, precisa ter algum liame com o FG (CTN, art. 128), não podendo a lei tributária
estabelecer livremente o responsável tributário. Por seu turno, a lei tributária – ao definir o
responsável tributário – poderá excluir a responsabilidade do contribuinte (caso de substituição
tributária) ou mantê-la de forma supletiva.
Outros temas:
Convenções particulares perante a Fazenda Pública: uma vez que as relações jurídicas
tributárias não são regidas pelo princípio da autonomia de vontade, essas convenções – salvo
disposição em contrário – não podem ser opostas ao Fisco para modificar a definição legal de
sujeito passivo (art. 123 do CTN). O Fisco também, sem base em lei, não poderá usar tais
convenções em seu favor.
Capacidade tributária passiva: examina-se aqui quem pode ser sujeito passivo da obrigação
tributária. Pode ser sujeito passivo qualquer pessoa física, independentemente da idade e da
capacidade, e qualquer pessoa jurídica, independentemente da regular constituição.
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;- logo, o incapaz civilmente tem capacidade tributária
passiva; pode ser devedor de tributo.
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional. – Tem-se aí a sociedade de fato. (1) Nesse caso, quem responde são
os sócios, com base no art. 135. (2) Notar, ainda, que a sociedade em conta de participação não
possui personalidade jurídica, de modo que são os seus sócios que respondem pelo tributo. (3)
Com base nisso, a PJ irregular pode também demandar em juízo (STJ – entidade não
formalmente constituída como PJ tem direito de ingressar no REFIS).
103
5. Impostos federais: impostos sobre o comércio exterior (II e IE). Imposto
sobre produtos industrializados (IPI). Imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF).
Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR). Simples Nacional.
Imposto de renda (IR). Regimes jurídicos. Imposto de renda pessoa
jurídica. Imposto de renda pessoas físicas.
104
Fato gerador:
É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional.
Considera-se ocorrido o FG na data do registro da declaração de importação (aspecto
temporal), realizado eletronicamente no SISCOMEX. A declaração serve para instrumentalizar o
controle aduaneiro e viabilizar o desembaraço do produto importado.
Incide, pois, a legislação quando do Registro da declaração de importação, já que este
imposto não se submete às anterioridades de exercício e nonagesimal mínima (exceção do art 150,
§ 1º, CF).
É irrelevante a data da expedição da licença de importação, assim como a data da
assinatura do Termo de Responsabilidade nos casos de trânsito aduaneiro em que, ingressada a
mercadoria com suspensão, acabe sendo devido o tributo por não restar comprovada a chegada
ao destino.
Também será FG por equiparação o retorno de mercadoria nacional ou nacionalizada ao
Brasil, exceto:
a) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado;
b) devolvida por defeito técnico (reparo/substituição);
c) modificação na sistemática de importação do país importador;
d) guerra ou calamidade pública (art. 1º, § 1º, do DL 37/66).
OBS: O produto estrangeiro deve ingressar no país para integrar a economia nacional,
excluindo-se a mercadoria em trânsito para outro país ou os casos de admissão temporária
(não configura importação em sentido jurídico).
OBS: “Produto” engloba bens corpóreos e incorpóreos, inclusive energia elétrica e
softwares. O DL 37/66 usa o termo “mercadoria” no lugar de produto.
OBS: O FG possui um critério material (registro da declaração de importação para o
desembaraço aduaneiro), e um critério espacial (território nacional, assim considerado o
território geográfico, excluído o que decorre da extraterritorialidade, como as
representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as embarcações brasileiras).
STJ (Resp. 984.607/PR) afirma que não será cobrado o II de mercadoria tida por ilícita (que acarretará sua perda) em
razão de que “importar mercadoria” ser elemento essencial do tipo tributário. Por outro lado, o STJ entendeu que
incidem normalmente outros tributos (IPI, PIS, COFINS), tendo em vista que a irregularidade em nada afeta a incidência
deles.
Conversão de moedas: a moeda estrangeira será convertida em nacional à taxa de câmbio vigente
no momento de entrada (desembaraço aduaneiro).
Mercosul – adota-se a Tarifa Externa Comum (TEC) para países não pertencentes ao Bloco.
(Decisão 22 do Conselho de Mercado Comum). Tal política tarifária não se aplicará aos acordos
comerciais no âmbito da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração).
Classificação do II:
a) Real (incide sobre coisas);
b) Indireto (tributo cujo valor é repassado ao consumidor);
c) Proporcional (alíquota constante / não variável);
d) Extrafiscal.
Regimes aduaneiros:
As regras vistas referem-se ao denominado regime aduaneiro comum (conjunto de normas
que estabelece o tratamento tributário e administrativo das mercadorias submetidas a importação
em caráter definitivo (nacionalização) e consumo no território nacional).
Entretanto há dois outros regimes: regimes aduaneiros especiais (ingresso temporário de
mercadoria em território nacional – ex.: Loja franca, trânsito aduaneiro, admissão temporária,
drawback, depósito franco etc.) e regimes aplicados em áreas especiais (conceder benefícios fiscais
que estimulem determinadas atividade - Ex.: Zona Franca de Manaus, Áreas de Livre Comércio).
Drawback: trata-se do ingresso de produto com obrigação de voltar ao exterior (ex.: matéria-prima
para uma mercadoria a exportar). Permite-se o ingresso sem incidir II visando fomentar o mercado
nacional. Modalidades de aplicação:
a) suspensão do pagamento de tributos na importação;
b) isenção dos tributos na importação da mercadoria;
c) restituição total ou parcial dos tributos pagos na importação da mercadoria.
106
107
1.2 Imposto sobre a Exportação
Sujeito passivo: exportador – qualquer pessoa que promova a saída de produtos nacionais ou
nacionalizados do território nacional (art. 27 CTN e art. 5º do DL nº 1.578/77) ou quem a lei a ele
equiparar.
BASE DE CÁLCULO:
É o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria ao tempo da exportação, em uma
venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas
expedidas pelo Conselho Monetário Nacional (Decreto-lei nº 1.578/77, art. 2º).
OBS: A BC poderá ser:
a) quantidade de mercadoria (alíquotas será específica);
b) valor da mercadoria (expressão monetária do produto importado) (alíquota será ad
valorem);
c) preço da arrematação.
Em relação ao valor da mercadoria, o Fisco buscará o preço normal que o produto alcançaria em
uma venda em condições de livre concorrência, não se vinculando ao valor consignado na fatura
comercial (evitar fraudes).
ALÍQUOTAS:
a) específicas (valor em pecúnia – “R$”);
b) ad valorem (valor percentual – “%”);
c) mista (combinação).
CLASSIFICAÇÃO DO IE:
a) Real (incide sobre coisas);
b) Indireto (tributo cujo valor é repassado ao consumidor);
c) Proporcional (alíquota constante / não variável);
d) Extrafiscal.
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Exportação temporária: raciocínio inverso ao da admissão temporária do II. Assim, é a permissão
dada para saída de produto nacional ou nacionalizado para o exterior por período determinado
desde que retorne ao Brasil, não incidindo o IE.
Decisão do STJ (5/11/15) - REsp 1313705PR - Incide IE sobre produtos cujos insumos ingressaram no país pelo regime
de drawback. O drawback é um instrumento de incentivo à exportação, uma operação pela qual o insumo ingressa no
país com isenção ou suspensão de determinados impostos para ser reexportado após ser utilizado para fabricação de um
produto. A empresa contribuinte, atuante no ramo de curtimento e industrialização de couros bovinos, queria a isenção
do imposto de exportação em relação ao produto final (couro), cujos insumos foram importados sob o regime de
drawback. STJ entendeu que as normas que regem o drawback não contemplam a desoneração.
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2. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
Sujeito ativo: União (art. 153, IV, CR).
Fato gerador:
a) importação;
b) saída do estabelecimento industrial ou equiparados dos produtos industrializados;
c) arrematação em leilão de produto abandonado/apreendido;
d) outras hipóteses específicas em lei (ex.: saída de produtos equiparados a industrial;
primeira saída por revenda de produtos importados etc.)
OBS: Tese julgada para efeito do art. 543-C, do CPC: "os produtos importados estão sujeitos a uma nova
incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que
não tenham sofrido industrialização no Brasil". (EREsp 1403532/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015,
DJe 18/12/2015)
OBS: Incide IPI na importação de veículo por pessoa física para uso próprio
110
Conceito de produto industrializado: para os fins do IPI, é o produto que tenha sido submetido a
qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade ou aperfeiçoe para o consumo,
tais como a transformação, o beneficiamento, a montagem etc.
O art. 4º do Regulamento do IPI amplia tal conceito – inclui o simples acondicionamento ou
embalagem.
BASE DE CÁLCULO: variará conforme a hipótese de incidência. Pode ser (art. 47 do CTN):
a) o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte (inclui-se
as despesas acessórias). STJ: descontos incondicionais não integram a BC do IPI, por não
fazerem parte do valor de saída da mercadoria (MC 15.218 - SP)
b) o preço normal + imposto de importação + taxas aduaneiras + encargos cambiais. A
inclusão do II na BC do IPI é meio de proteção à indústria nacional.
c) o próprio preço da arrematação: diante do produto apreendido, abandonado e levado a
leilão.
ALÍQUOTAS:
É imposto proporcional já que sua alíquota varia de forma constante em função da
grandeza econômica tributada.
Além disso, sujeita-se à seletividade, uma vez que os produtos são tributados em
proporção inversa à sua essencialidade.
OBS: Despesas com transporte (frete) não podem ser incluídos na base de cálculo do IPI, por ofensa ao art.
146, III, da CFRB, já que o art. 47 do CTN prevalece sobre a Lei nº 7.798/89.
OBS: na aquisição de bens do ativo permanente e uso de energia elétrica não se autoriza o
creditamento.
111
Correção monetária do crédito de IPI: como regra, não incide correção monetária sobre os
créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade, por ausência de
previsão legal.
Exceção: Haverá correção se o ressarcimento do contribuinte sofre demora em virtude da oposição
injustificada da Fazenda Pública.
Aquisição de bens de capital (Art. 153, § 3º, IV, CF): O IPI terá reduzido seu impacto sobre a
aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
Crédito presumido IPI (art. 1º da Lei 9.363/96): refere-se ao direito de crédito presumido como
ressarcimento de contribuições para PIS/PASEP e COFINS, para empresas produtoras e
exportadoras de mercadorias nacionais, sobre as aquisições no mercado interno de
matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados no processo
produtivo.
Súmula STJ 494 - O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às
exportações incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa
física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP.
Imunidade: os produtos industrializados destinados ao exterior estão imunes ao IPI (art. 153, § 3º,
III, CR c/c súmula 536 STF).
IPI na base de cálculo do ICMS: não integrará a BC se (requisitos cumulativos – art. 155, §2º, XI,
CF):
a) realizada a operação entre contribuintes (do IPI);
b) relativa a produto destinado à industrialização/comercialização;
c) configurar FG dos dois impostos.
OBS: Inclui-se IPI na base de cálculo do ICMS sujeito a regime de substituição tributária (ARE
714.647)
112
Princípio da autonomia dos estabelecimentos: cada estabelecimento, para fim de IPI, embora não
tenha personalidade jurídica própria, é considerado como “contribuinte autônomo”.
Classificação do IPI:
a) Real;
b) Indireto;
c) Proporcional;
d) Extrafiscal;
e) Seletivo (obrigatoriamente);
f) Não cumulativo (o imposto pago em uma operação é compensado nas seguintes).
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3. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO OU
RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS
Sujeito ativo: União (art. 153, V, CR).
Sujeito passivo (art. 66 do CTN e Dec. 6.306/67): qualquer das partes da operação tributada,
conforme dispuser a lei. O Decreto detalha:
114
BASE DE CÁLCULO:
Art. 64. A base de cálculo do imposto é:
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o
principal e os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional,
recebido, entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa,
como determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.
Classificação:
a) Real (incide sobre coisas);
b) direto ou Indireto;
c) Proporcional;
d) Extrafiscal (predominantemente, pois é um fonte considerável de arrecadação – função
fiscal);
e) cumulativo (o imposto pago em uma operação não é compensado nas seguintes);
Imunidade do OURO:
O “ouro”, como ativo financeiro ou instrumento cambial, é devido na operação de origem e
se sujeita à tributação exclusiva do IOF (Princípio da Unicidade).
Assim, o IOF será cobrado uma única vez, no local da extração.
Todavia, é o negócio jurídico que enseja o IOF e não a simples extração. Assim, se ele for
destinado a outro fim (confecção de joias/odontologia), incidirá exclusivamente o ICMS (art. 1º Lei
7.766/89 e art. 153, § 5º, CR).
Princípio da não-afetação dos impostos: o art. 67 do CTN (previa destinação do IOF para formar
reservas monetárias ou cambiais) não foi recepcionado pela atual Constituição (art. 167, IV,CF).
115
116
4. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL
Sujeito passivo: é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a
qualquer título (art. 31 do CTN).
Titular do domínio útil é quem recebeu do proprietário o direito de usar, gozar e dispor da
propriedade, conservando o domínio direto. É o caso do enfiteuta ou foreiro nos casos de
constituição de enfiteuses.
OBS: Não obstante o proprietário ser contribuinte do ITR, o STJ considera que, se o imóvel
encontra-se invadido, a propriedade deixa de ser plena, pois fica tolhida de praticamente todos os
seus elementos, não podendo o Estado cobrar o imposto (REsp 1.144.982).
Para o STJ, não é contribuinte do ITR quem exerce a posse sem o ânimo definitivo, como é o caso
da locação ou comodato. Exige-se posse ad usucapionem.
Fato gerador:
É a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil,
localizada fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29).
Bens imóveis por natureza: compreende o solo com a sua superfície, os seus acessórios e
adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
Atenção: os bens imóveis por acessão física não são FG do ITR.
O ITR incide sobre zuna rural, mas seu conceito é por exclusão. Assim, será zona rural o que não for
urbana.
Entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da
existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos
ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.
OBS: Art. 15 do Decreto-Lei 57/66. No imóvel situado em área urbana que seja utilizado em
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incide ITR e não IPTU. O STJ,
REsp. 1.112.646 – SP, sistemática dos Recursos Repetitivos, entendeu que tal dispositivo foi
recepcionado pela Constituição. O critério adotado pelo CTN é da localização e o do DL 57/66 (15)
é o da destinação.
117
Base de cálculo:
É o valor fundiário, que é o valor da terra nua tributável (art. 10, § 1.º, I, da Lei 9.393/1996).
Excluem-se desse valor: construções, instalações, benfeitorias, culturas permanentes e
temporárias, pastagens cultivadas e melhoradas, florestas plantadas.
Alíquotas:
Tendo em vista que a finalidade do ITR é marcantemente extrafiscal, suas alíquotas serão fixadas
de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. As alíquotas são
inversamente proporcionais ao grau de utilização de cada imóvel rural (Lei 9.393/1996, art. 11 e
Anexo).
Imunidades de pequenas glebas (CF, § 4º, in fine). São imunes em virtude da função social da
propriedade. Os requisitos para ter tal benefício são:
exploração somente pela entidade familiar;
não ter outro imóvel (rural ou urbano).
se tratar de pequena gleba: 100ha (Amazônia Ocidental ou no Pantanal), 50ha (Polígono
das Secas ou na Amazônia Oriental) ou 30ha (qualquer outro município) – art. 2º da Lei
9.393/1996.
É constitucional a progressividade das alíquotas do ITR previstas na Lei nº 9.393/96 e que leva em
consideração, de maneira conjugada, o grau de utilização (GU) e a área do imóvel. Essa
progressividade é compatível com o art. 153, § 4º, I, da CF/88, seja na sua redação atual, seja na
redação originária, ou seja, antes da EC 42/2003. Mesmo no período anterior à EC 42/2003, era
possível a instituição da progressividade em relação às alíquotas do ITR. (STF. 1ª Turma. RE
1038357 AgR/ SP, Rel. Min Dias Tóffoli, julgado em 6/2/2018).
118
5. IMPOSTO SOBRE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA
COMPETÊNCIA: União.
(2) Por outro lado, há quem trabalhe com a ideia de renda adquirida em conformidade
com o Direito (lícita); quando o adquirente possui a titularidade jurídica da renda ou
dos proventos que acrescem ao seu patrimônio.
STJ. Inf. 257 - Disponibilidade “financeira” (existência de recurso em caixa) não é sinônimo de
disponibilidade “econômica” (a incorporação de rendas ou proventos ao patrimônio resultando em
crescimento econômico), mas a lei pode agregar o elemento “financeiro” respeitando os demais. Não
configura disponibilidade econômica ou jurídica de renda/proventos a simples posse de numerário alheio.
119
O fato gerador é o acréscimo patrimonial havido em determinado período, não
alcançando a mera expectativa de ganho futuro ou em potencial. No IRPF, p. ex., o FG é a receita
líquida (total das receitas experimentadas e deduzidas das despesas e gastos autorizados em lei).
Embora muitas vezes utilizadas como sinônimas, receita e renda não se confundem. O
sentido de receita, advindo do latim, é muito mais amplo que o de renda. Numa primeira acepção,
receita significa res cepta - coisa recebida, ou seja, qualquer ingresso obtido pelo contribuinte.
Renda, por sua vez, é o lucro; deve implicar acréscimo patrimonial.
A referência que o CTN faz a “acréscimos patrimoniais” (art. 43, II) descarta quantias
preexistentes, bem como valores indenizatórios destinados a recompor o patrimônio do
contribuinte, objeto de alguma violação anterior.
Produto do trabalho: Salários pagos por força de reintegração, abono salarial, adicional de
insalubridade etc.
Súmula 584/STF: Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei
vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
OBS: Em precedente de 2014 (RE 183.130/PR), o STF afastou a aplicação da Súmula 584/STF à
hipótese de majoração da alíquota incidente sobre o lucro, apesar de ocorrida no mesmo
exercício. Entendeu que como a legislação havia conferido tratamento fiscal favorecido (para
incrementar as exportações), a utilização do IR com função extrafiscal afastaria a aplicação da
Súmula 584/STF, devendo ser aplicada a alíquota vigente no momento da realização da operação
incentivada.
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BASE DE CÁLCULO:
A incidência adota o critério global ou unitário, i.e., ocorre sobre o crédito líquido do
contribuinte.
Contudo, sendo omisso o recolhimento pela fonte pagadora, o contribuinte não tem sua
responsabilidade excluída, devendo declarar o valor no ajuste anual. A multa, neste caso, é de
responsabilidade da fonte pagadora.
Servidores federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal não devem pagar Imposto de
Renda sobre os juros de mora que receberam em decorrência de reposição salarial atrasada, uma
vez que tais valores nada acresceram ao patrimônio do credor (STF, RE 855.091, 2021).
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ISENÇÃO DO IR INCIDENTE SOBRE PENSÕES E PROVENTOS DE PESSOAS COM DOENÇA GRAVE:
“O acórdão recorrido está em sintonia com o entendimento desta Corte segundo o qual a isenção
do imposto de renda para portador da moléstia grave, prevista no art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88,
se estende ao resgate de contribuições para complementação de aposentadoria feitas a fundo de
previdência privada.” (AgInt no REsp 1481695/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 23/08/2018, DJe 31/08/2018)
Súmula 598/STJ: "É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento
judicial da isenção do imposto de renda, desde que o magistrado entenda suficientemente
demonstrada a doença grave por outros meios de prova".
122
PESSOA JURÍDICA:
A base de cálculo é, além das hipóteses tributadas exclusivamente “na fonte”, o lucro, sendo de
periodicidade trimestral. O lucro da pessoa jurídica (ou equiparada) pode ser obtido pelos critérios
de apuração real, presumida ou arbitrada.
Lucro presumido: empresas com receita até determinado patamar, e que atendam a
outras condições e optem pelo lucro presumido, ficam dispensadas de escrituração e o IR
é calculado sobre um percentual da receita bruta mensal.
Lucro arbitrado: essa apuração tem caráter excepcional, ocorrendo apenas quando não
for possível por meio de lucro real ou presumido (erros, vícios, fraudes). A própria pessoa
jurídica, de per si, pode informar a impossibilidade de apuração, sujeitando-se ao
arbitramento. O montante arbitrado será um percentual sobre a receita bruta (se
conhecida) ou outros elementos (conhecidos ou não).
123
CRITÉRIO TEMPORAL:
A verificação do quantum devido pelas pessoas físicas ocorre até 30/04, compensando-se
o montante já recolhido, restando um saldo a pagar ou restituir. O prazo para pagamento é o
mesmo da obrigação acessória (declaração de ajuste e de bens).
No IRPJ, o período de apuração é trimestral, podendo a pessoa que apurar com base no
lucro real optar pelo período anual, com antecipações mensais. No imposto trimestral,
considera-se ocorrido o FG ao final de cada trimestre civil; no anual, em 31/12. As pessoas
jurídicas estão obrigadas à apresentação da Declaração de IRPJ até o 31/03 do ano subsequente.
ATUALIZAÇÃO DOS LIMITES DE DEDUÇÃO: Não tem sido acolhida no âmbito jurisprudencial, pois
não há fundamento constitucional para a indexação generalizada da economia; a irredutibilidade
de vencimentos não vai além da manutenção do valor nominal; sem lei que determine, não há
como alterar a base de cálculo do IR.
LANÇAMENTO: É feito por homologação. Será de ofício se a declaração de rendimentos não for
entregue ou for feita de forma incorreta.
124
Súmula 585/STF - Não incide o Imposto de Renda sobre a remessa de divisas para pagamento de
serviços prestados no exterior, por empresa que não opera no Brasil.
Súmula 586/STF - Incide Imposto de Renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base em
contrato de mútuo.
Súmula 587/STF - Incide Imposto de Renda sobre o pagamento de serviços técnicos contratados
no exterior prestados no Brasil.
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6. Impostos estaduais. Impostos municipais. Impostos distritais.
Simples Nacional.
IMPOSTOS ESTADUAIS
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Sujeito ativo
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
OBS: É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o ITCMD nas hipóteses
referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal sem a intervenção da lei
complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional. STF. Plenário.
ADI 6828/AL, Rel. Min. André Mendonça, julgado em 28/10/2022 (Info
1074).
Alíquotas
Imunidade
126
Sujeito passivo
o Transmissão causa mortis → herdeiro ou legatário
Fato gerador - Nas transmissões causa mortis ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos
sejam os herdeiros ou legatários (CTN, 35, pu).
Base de cálculo = Valor venal dos bens ou direitos transmitidos e da doação (CTN, 38).
127
ICMS (CF,155, II, e LC 87/1996)
Sujeito ativo
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
(...)
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3,
de 1993)
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado
ou pelo Distrito Federal;
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações
seguintes;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;
Alíquotas:
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço
e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva
interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois
terços de seus membros;
128
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as
alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não
poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final, contribuinte ou não do
imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização
do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a
alíquota interestadual; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87, de 2015) (Produção de
efeito)
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a
interestadual de que trata o inciso VII será atribuída: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 87,
de 2015) (Produção de efeito)
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 87, de
2015)
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 87, de 2015)
IX - incidirá também:
a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que
não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o
serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não
compreendidos na competência tributária dos Municípios;
X - não incidirá:
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a
destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
42, de 19.12.2003)
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos
e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando
a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;
129
XII - cabe à lei complementar:
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações
relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos
mencionados no inciso X, "a";
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o
exterior, de serviços e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que
seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 33, de 2001) (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do
exterior de bem, mercadoria ou serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro
imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados
de petróleo, combustíveis e minerais do País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado
onde ocorrer o consumo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e
combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de
origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as
demais mercadorias; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não
incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de
origem; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
130
IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos
termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001)
b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor
da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em
condições de livre concorrência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
III, b. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
131
IPVA (CF, 155, III)
(...)
(...)
Alíquotas
Poderá ser exigido em 1º. de janeiro de cada exercício, sendo devido no local em que o
veículo deva ser registrado e licenciado, inscrito ou matriculado, perante as autoridades
de trânsito.
Sujeito passivo
Proprietário de veículo automotor – pessoa física ou jurídica, presumindo-se como tal
aquele em cujo nome o veículo esteja licenciado.
Fato gerador
É a propriedade (e não o “uso”) de veículo automotor de qualquer espécie (automóvel,
motocicleta, caminhão etc.).
Prevalece o entendimento de que não é legítima a cobrança sobre embarcações e
aeronaves, mas tão somente sobre os veículos de circulação terrestre.
Base de cálculo
Valor venal do veículo ou preço comercial de tabela.
132
IMPOSTOS MUNICIPAIS
IPTU (CF, 156, I, e CTN, 32 e seguintes)
CF, 156
CTN
II - abastecimento de água;
133
Alíquotas
CF, 182
CF, 156
§ 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não incide sobre
templos de qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela
imunidade de que trata a alínea "b" do inciso VI do caput do art. 150 desta
Constituição sejam apenas locatárias do bem imóvel. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 116, de 2022)
134
ITBI CF, 156, II e CTN, 35 a 42
(...)
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
(...)
Sujeito passivo:
CTN, Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação
tributada, como dispuser a lei.
Geralmente, a legislação municipal indica o adquirente do bem como
sujeito passivo.
Fato gerador
Onerosidade
Bens imóveis por natureza (formados por força da natureza: solo e seus acessórios e
adjacências naturais) ou bens imóveis por acessão física (tudo que o homem incorpora
permanentemente ao solo).
Direito real sobre bem imóvel (CC, 1.225), exceto os de garantia: propriedade, superfície,
servidões, usufruto, uso, habitação, direito do promitente comprador do imóvel. Ficam
excluídos penhor, hipoteca e anticrese, por serem direitos de garantia.
Cessão de direitos: atos que podem levar a pessoa que recebe tais direitos à aquisição do
imóvel, podendo ocorrer por meio de sentença judicial, de lei ou de livre acordo de
vontades.
Imunidade
135
Base de cálculo: valor venal (CTN, 38)
(...)
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Fato gerador
Base de cálculo
Alíquota
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
136
IMPOSTOS DISTRITAIS
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica,
votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços
da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
137
SIMPLES NACIONAL:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir
um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:
É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios.
A partir de 2016 considera-se ME, para efeito da Lei Complementar nº 123, de 2006, a sociedade
empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o
empresário que aufiram, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00
138
(trezentos e sessenta mil reais). Considera-se EPP, para efeito da Lei Complementar nº 123, de
2006, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade
limitada e o empresário que aufiram, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e
oitocentos mil reais).
Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria,
o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, excluídas as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos. (Base legal: art. 3º, § 1º, da Lei
Complementar nº 123, de 2006.)
139
7. Noções de Direito Financeiro: conceito; objeto; fontes;
princípios. Finanças públicas. Patrimônio público:
administração; controle; inventário. Atividade financeira do
Estado: crédito; receitas; despesas. Orçamento público:
elaboração; execução; controle. Leis orçamentárias. Sistema
financeiro: estrutura e composição. Moeda: emissão e
circulação.
Direito Financeiro: conjunto de normas que tem por objetivo regular as formas de obtenção de
recursos pelo Estado. Além disso, regula as formas e condições de gastos.
Assim, DF tem por objeto a regulação da atividade financeira do Estado, visando à satisfação das
necessidades públicas.
Fontes:
CF (165/169)
* Normas gerais de DF
LRF (LC101/2000)
Lei 4320/64 (recepcionada como LC, trata de normas gerais de DF)
Chamado de orçamento programa Visa à realização (concretização do Visa a estabelecer os recurso que
(abstrato) PPA) permitirão a concretização dos
objetivos/metas
Ex: promover o desenvolvimento Ex: como promover o
sustentável desenvolvimento sustentável
140
Receita pública
Entrada definitiva de recursos nos cofres públicos
Entradas não definitivas são consideradas como fluxo de caixa ou simples ingresso.
Entrada de recursos
Derivadas
Resultado do constrangimento do patrimônio do particular → decorrem de uma relação de
imposição entre Estado/particular (relação vertical) → subordinação do particular
Transferidas
Decorrentes de transferência de recursos entre os entes da federação.
141
Despesa pública
Formas de autorização:
Havia despesa prevista, mas o Despesa não computada Despesa não computada de
valor se mostra insuficiente caráter imprevisível (não usual)
– guerra / comoção interna /
calamidade pública
Não há discricionariedade,
como ocorre com “relevância e
urgência” como requisitos da
MP.
142
Classificação legal das receitas e despesas (Lei 4.320/64)
143
Fiscalização das contas públicas – TCU na Constituição
Objetivo → cumprimento de 3 princípios:
Modalidades de controle
Aspectos gerais do TC
Órgão auxiliar do PL
Não é órgão jurisdicional → órgão administrativo com função de tomada de contas
144
Competências:
Contas Julgar as contas de administradores de
dinheiro público (II), salvo chefe do PE
(parecer prévio)
145
Precatórios
PE faz o repasse (depósito judicial) dos valores disponíveis no orçamento em nome do Presidente
do Tribunal
146
Sistema financeiro: estrutura e composição
SFN – conceitos básicos
✗ Intermediação financeira = realocação de recursos na economia, canalizando tais recursos
dos agentes econômicos superavitários (poupadores) para os agentes econômicos
deficitários (com carência de caixa).
✗ Poupadores de recursos ou agentes econômicos superavitários = fluxos de entradas de caixa
(rendimentos) > fluxos de pagamentos
✗ Tomadores de recursos ou agentes econômicos deficitários = disonibilidades de caixa <
gastos de consumo e investimentos
✗ Intermediários financeiros = realocam os recursos na economia (bancos, companhias de
seguro etc.)
SFN = conjunto de instituições financeiras públicas e privadas destinado a permitir, dentro das
melhores condições possíveis, o fluxo de fundos entre tomadores e poupadores de recursos
SFN na CF
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir
aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre:
I - a autorização para o funcionamento das instituições financeiras, assegurado às instituições bancárias oficiais e
privadas acesso a todos os instrumentos do mercado financeiro bancário, sendo vedada a essas instituições a participação
em atividades não previstas na autorização de que trata este inciso;
II - autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e capitalização, bem como do órgão
oficial fiscalizador e do órgão oficial ressegurador;
II - autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, resseguro, previdência e capitalização, bem como
do órgão oficial fiscalizador. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 13, de 1996)
III - as condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições a que se referem os incisos anteriores,
tendo em vista, especialmente:
a) os interesses nacionais;
b) os acordos internacionais
IV - a organização, o funcionamento e as atribuições do banco central e demais instituições financeiras públicas e
privadas;
V - os requisitos para a designação de membros da diretoria do banco central e demais instituições financeiras, bem
como seus impedimentos após o exercício do cargo;
VI - a criação de fundo ou seguro, com o objetivo de proteger a economia popular, garantindo créditos, aplicações e
depósitos até determinado valor, vedada a participação de recursos da União;
VII - os critérios restritivos da transferência de poupança de regiões com renda inferior à média nacional para outras de
maior desenvolvimento;
VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições de operacionalidade
e estruturação próprias das instituições financeiras.
§ 1º A autorização a que se referem os incisos I e II será inegociável e intransferível, permitida a transmissão do
controle da pessoa jurídica titular, e concedida sem ônus, na forma da lei do sistema financeiro nacional, a pessoa jurídica
cujos diretores tenham capacidade técnica e reputação ilibada, e que comprove capacidade econômica compatível com o
empreendimento.
§ 2º Os recursos financeiros relativos a programas e projetos de caráter regional, de responsabilidade da União, serão
depositados em suas instituições regionais de crédito e por elas aplicados.
§ 3º As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente
referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima deste limite será
conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.
147
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem,
abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares* que disporão,
inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) (Vide Lei nº 8.392, de 1991)
148
Conselho Comissões consultivas
Monetário
Nacional
(CMN)
Banco Central
do Brasil
Subsistema
(BACEN)
Normativo
Comissão de
Valores
Mobiliários
(CVM)
Banco do Brasil (BB)
Instituições
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Especiais
Social (BNDES)
Caixa Econômica Federal (CEF)
SFN Instituições Bancos Comerciais
Financeiras
Bancos Múltiplos
Bancárias
Caixas Econômicas
Bancos de Investimento
Bancos de Desenvolvimento
Instituições
Financeiras Não Sociedades de Crédito, Financiamento e
Bancárias Investimento
Sociedades de Arrendamento Mercantil
Cooperativas de Crédito
149
Banco Central do Brasil (BACEN)
Principal poder executivo das políticas traçadas pelo CMN e órgão fiscalizador do SFN.
Seus objetivos são garantir o poder aquisitivo da moeda nacional, promover a formação de
poupança na economia e preservar as reservas internacionais.
• Fiscalizador e disciplinador do merado financeiro, ao definir regras, limites e
condutas das instituições
• Aplicador de penalidades, tais como advertências, intervenção para saneamento e
liquidação extrajudicial.
• Gestor do SFN, expedindo normas e autorizações e controlando as instituições
financeiras e suas operações.
• Executor da política monetária, exercendo o controle dos meios de pagamento e
executando o orçamento monetário.
• Banco do governo, gerindo a dívida pública interna e externa.
Atribuições principais:
➢ Fiscalização das instituições financeiras, aplicando as penalidade previstas em lei,
tais como: advertência aos administradores, intervenção para saneamento,
liquidação extrajudicial da instituição etc.
➢ Autorizar as instituições financeiras no que tange ao seu funcionamento, instalação
ou trasferência de sedes e pedidos de fusão e incorporação.
➢ Controlar as operações de redesconto e as de empréstimo das instituições
financeiras bancárias.
➢ Executar a emissão do dinheiro e controlar a liquidez do mercado. Obs: a
cunhagem (impressão) da moeda é realizada pela Casa da Moeda, enquanto a
emissão (entrega do numerário ao sistema bancário) é feita pelo Banco Central.
➢ Controlar o crédito, os capitais estrangeiros e receber os depósitos compulsórios dos
bancos (parcela dos depósitos captados pelos bancos que deve ser mantida no
BACEN).
➢ Efetuar as operações de compra / venda de títulos públicos federais.
➢ Supervisionar a compensação de cheques entre instituições financeiras.
➢ Executar operações de política monetária (venda de dólares em situações de alta do
dólar etc.).
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