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SEJA
MONGE
a arte da meditação
ISBN 978-85-8439-151-6
[2019]
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Rig Ve da
o próximo buda
será um coletivo
Thich Nh a t Hanh
1. A consciência 28
2. A meditação 78
3. A atenção 116
4. A simplicidade 146
5. O agora 182
6. O ser de luz 212
7. A linguagem transcendente 236
8. Os métodos 250
9. O fim e começo 262
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definitivamente gente
Os monges com quem estudei me ensinaram a pouco falar do passado.
Isso ajuda a estar no presente.
Mas pessoas me perguntam sobre minha caminhada. Eu nasci no
Brasil, no interior de São Paulo. Ganhei nome de Davi — que significa
“amado”, e ainda me sinto assim. Cresci em uma família de classe mé-
dia, cursei um ótimo colégio. Era amigo dos livros; lia, lia, mergulhava
nas histórias e nos mundos que elas traziam.
A maioria das crianças me achava esquisito (eu era), mas sempre
fui acolhido por boas pessoas, gente de abertura e amorosidade.
Nada foi fácil; e eu sou grato até hoje pelos obstáculos.
Eu tinha uma desconfiança secreta, mesmo aos meus dez anos de
idade. O mundo criado pelos adultos parecia errado. Eu, claro, era in-
gênuo e infantil, desconhecia a complexidade. Mas não conseguia me
acostumar com os antigos e arcaicos motivos pelos quais, segundo eles,
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sendo monge
Cada pessoa estava no monastério por um motivo maior. Para alguns
era a paz que ali havia, para outros a vida de dedicação e serviço ao bem.
Eu? Queria meditar para ser a luz da qual ouvia falar.
Acordávamos todos cedo. Os monges meditam das quatro e meia
ou cinco da manhã até as sete e meia, e depois vão trabalhar. Cada um
tem uma tarefa: eu era do grupo de comunicações, criando de livros a
websites para divulgar os ensinamentos, usando computadores moder-
nos. Éramos os monges com MacBooks.
O monge mais novo de todos, eu, tinha que preparar o templo para
outros que viriam meditar muito antes do nascer do sol. Acordava às
duas e meia da manhã, colhia flores e ia arrumar a sala de meditação.
Anos mais tarde, a minha vigília aconteceria em um horário mais
ameno. Junto com todos, eu meditava na madrugada; mas à tarde vol-
tava ao templo para estudar livros antigos em sânscrito e outras línguas,
e para meditar mais.
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