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DR.

JONAS MALHEIRO SAVIMBI

COMO HOMEM DE LETRAS

O ano de 2019, foi designado pelo Partido, como o Ano da Consagração da Memória do
Dr JONAS MALHEIRO SAVIMBI-

17 anos após o seu desaparecimento físico, pelo seu percurso político dinâmico, na
história de Angola dos ùltimos 60 anos, o Dr. savimbi continua vivo, por tudo que
realizou e protagonizou mas também, pela visão incomum que sempre indicou aos
angolanos, independentemente das suas opções partidárias, os melhores caminhos para a
Liberdade e Democracia.

O desiderato de um país democrático, está inserido na Carta Magna do Partido desde a


sua fundação aos 13 de Março de 1966, ao referir nos seus princípios basilares e nós
citamos: “....A democracia deve ser assegurada pelo voto do povo, através de vários
partidos políticos” Fim de citação.

O proselitismo revolucionário do Dr Savimbi, mudou o curso da luta de libertação


nacional no combate às teses coloniais do consulado de Salazar na República
portuguesa.

Dr. Jonas Malheiro SAVIMBI, Homem de Letras, traz-nos mais uma faceta deste líder
que no meio da luta, do trabalho diplomático e da orientação política, conseguia
encontrar espaço e tempo para traduzir em versos e prosa o seu pensamento e as linhas
força da sua força anímica.

Com um lugar merecido na plêiade de poetas angolanos, o Dr Savimbi se inspirou e


traduziu para a literatura o que vivenciou e o que sempre sonhou para Angola e os
angolanos.

Numa obra dedicada ao seu pai Loth Malheiro Savimbi, falecido nas masmorras da
PIDE em 1973 e também aos jovens militantes consequentes que deram a vida na sua
juventude no chamado da Pátria para a sua libertação, a Editora portuguesa Perspectivas
e Realidades, publicou uma colêctanea de poemas de rico teor histórico e filosófico com
o título:

Quando a Terra Voltar a Sorrir Um dia, um conjunto de 29 poemas que espelham a


beleza e a leveza do seu punho e da sua pena.

O primeiro poema que o livro apresenta, escrito em Dar Es Salam, dedicado ao jovem
Arão Kunga preso e morto pela PIDE, polícia secreta do regime colonial podemos ler:

“.....Adeus Pai, amigo e mestre....


Contigo já foram muitos mais

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Crentes na liberdade dos demais
Liberdade exige mártires para durar
Foi contigo que aprendi a crer e a esperar......”
Ciente do papel incomensurável que representa a União, o companheirismo e o espírito
colectivo, em 1977, na província do Kuando Kubango, escreveu o poema Regressar
onde extraímos o seguinte trecho:
“Agora vamos regressar até Luanda
Luanda que nos acolheu e recompensou
Luanda que será o fim da nossa jornada...
Regressamos porque nunca fomos para ficar....”
A dureza da luta muitas vezes ficou impressa na nostalgia da trilogia
passado/presente/futuro para juntar forças e galvanizar esperanças.
“Entardeceu......A juventude queimada na luta
Não entardeceu outro rítmo de vida
Passou para os mais jovens, o alento na tempera da mesma lida
Mas entardeceu para a vida normal do comum
Para a família deixada só
Entardeceu para os projectos desfeitos e
As aventuras irrealizadas
Entardeceu para o amor profundo
Que fere e engana
Entardeceu...........

...Entardeceu no chamamento dos que já não andaram


No consolo dos que continuaram a chorar
Entardeceu sobre a coragem dos nossos heróis
Que ficaram para a coluna prosseguir
Entardeceu sobre os nossos mortos ultrajados
Que não podemos enterrar
Entardeceu para despedir aqueles

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Que jamais voltaram
Para encorajar os que conpreenderam
Para apertar a mão num adeus
Para quem só nós somos os seus
Entardeceu para virmos juntos até aqui
Num tempo longo e inclemente, juntos até aqui,
Numa esperança refeita
Para um amanhã que nos pertence
Mas entardeceu
Entardeceu com a nossa aurora à vista, nossa conquista
ENTARDECEU”
Feito aos 24 de Junho de 1985, na Etalala, K. Kubangu
Este e outros quatro poemas não estão incluidos na coletânea de poemas da editora que
já referimos.
No calor da luta, a orientação política constituiu sempre uma preocupação do timoneiro.
Assim sendo, em 1976 apareceram os primeiros livros com instruções específicas aos
quadros políticos, administrativos, comandantes graduados e soldados. Eram duas obras
foemato de bolso que introduziam de uma forma muito clara as razões da resistência dos
Angolanos à invasão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e de Cuba. A
disciplina partidária, para o sucesso dessa luta, o caracter da guerra prolongada, a
necessidade de proteger as populações. São famosos os doze pontos de atenção que
fizeram parte da memória de todos os resistentes:
As regras fundamentais da disciplina onde os 12 pontos de atenção ocupavam um lugar
de primazia:
- Falar com delicadeza
- Pagar honestamente tudo o que se comprar
- Devolver tudo o que se pedir emprestado
- Pagar tudo o que se estragar
- Não faltar respeitoàs outras pessoas
- Não estragar as culturas do povo
- Não tomar liberdade com as mulheres alheias
- Não roubar e nem desviar os bens gerais
- Não utilizar drogas

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- Não abusar as bebidas alcoólicas
- Amar e respeitar acima de tudo o seu Partido
- Ser responsável e consciente da sua missão

Como se deve agir perante um conflito?


Unidade/ Crítica/autocrítica/Unidade, conceitos válidos até aos nossos dias e que bem
aplicados aprimoram o bom relacionamento e a unidade necessária para a consolidação
da Democracia interna evitandoa intriga e outros males que devem ser erradicados
usando metodologias que provaram ao longo do tempo a sua eficiência.
Os discursos do Dr. Savimbi, foram ao longo do seu consulado, aulas magnas para
todos aqueles que participaram nos comícios, Palestras,ou reuniões de trabalho.
Possuidor de um dom discursivo invulgar, esteve sempre contextualizado às
circunstâncias concretas com uma visão esclarecedora para todos,sobre as perspectivas
futuras numa leitura messiânica do futuro do País.
Do seu punho temos as seguintes obras:

1- Quo Vadis Angola Nossa


2- A Cartilha do Guerrilheiro
3- A Resistência em Busca de Uma Nova Nação. Primeira edição em 1979, pela
Agência Portuguesa de Revistas. Segunda edição em 2017 pelo Centro de
Estudos e Documentação Dr Jonas Malheiro Savimbi para assinalar os 50 Anos
da Fundação do Partido
4- Quando a Terra Voltar a Sorrir um Dia, pela Editora portuguesa Perspectivas e
Realidades em 1985
5- Por um Futuro Melhor, pela Editora Nova Nórdica/Tempo em 1986
6- Guia Prático do Quadro, uma compilação das aulas ministradas pelo Dr Jonas
Savimbi no Primeiro Curso da Escola Superior no Centro de Estudos
Comandante Kapessi Kafundanga em Agosto de 1982, logo após a realizção do
V Congresso Ordinário do Partido. Este trabalho foi realizado pela Gráfica
Central da Jamba.
Fazemos neste espaço uma referência à única obra escrita pelo Dr. Savimbi, durante a
luta anti-colonial intitulada: Angola Sétimo Ano. Esta obra foi editada na Base Central
da 1ª Região, aos 21de Agosto de 1973 depois da realização do III Congresso Ordinário
do Partido. Como aspectos principais, podemos destacar a caracterização da colonização
portuguesa, a criação da O U A e o problema Angolano, o papel da imprensa mundial e
as actividades do Partido assim como a unidade Genuína para o alcance da vitória final
sobre os colonialistas.
Conhecer a Obra do Dr.Jonas Savimbi é uma obrigação para todos os angolanos que se
embrenham nos meandros da Política, Filosofia, Sociologia, História, Psicologia e
Estratégia Militar. É acertar no compasso da verdadeira História de Angola, sem
parcialidade, nem estereótipos pré- concebidos que desvirtuam a heroicidade de

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milhares de angolanos que atenderam ao chamado do Mestre e deram o seu saber e
querer para que hoje o nosso País tenha na sua constituição a palavra DEMOCRACIA.
A obra escrita e documentada em filmes do Dr. Jonas Malheiro Savimbi é vasta e está
espalhada pelos quatro cantos deste nosso planeta. Desde as histórias da sua meninice
na família, com os colegas de Escola até à Europa onde continuou os Estudos e concluiu
a formação superior, a sua obra transcende as fronteiras restritivas e se irradia para um
círculo mais amplo. A sua luta pela independência de Angola ficou bem patente quando
na Igreja Evangélica da Kanata, no Lobito na despedida para a prosseguir com os
estudos afirmou que o grupo estava de partida para a sua capacitação com o firme
propósito de regressar á terra natal com novos conhecimentos para servir Angola e os
Angolanos.
Os possuidores do acervo e outros materiais estão bem identificados e acreditamos que
pelo seu valor histórico, pelo interesse nacional e no quadro de uma verdadeira
Reconciliação Nacional, devem ser devolvidos ao Partido para se acabar com alguns
aproveitamentos que se tem feito com esta matéria.
Só a U N I T A poderá contextualizar cada acto e cada passo da sua caminhada, a
intensidade de cada momento, o suspiro colectivo e o pranto individual-----
Ao honrarmos a memória do Mestre, curvamo-nos perante a História do nosso País e do
nosso continente, unindo o passado ao nosso presente para que as gerações vindouras
mantenham a chama da Glória e as Luzes da nossa Escola, jamais se apaguem.
O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, merece um lugar no seio da União dos Escritores
Angolanos e uma cadeira de Honra na recém-criada Academia de Letras.

MUITO OBRIGADA

GRUPO DE TRABALHO
Adélio Chitekulo
Clarisse Kaputu
Constantino Zeferino

Luanda, 13 de Março de 2019

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