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Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro

Automatização do dimensionamento de vigas de


concreto armado à força cortante

Cristiane Pegoraro Xavier(1), Paulo Sérgio dos Santos Bastos(2)


Luttgardes de Oliveira Neto(3)

(1)
Aluna de Engenharia Civil, UNESP, Bauru/SP- crispx@uol.com.br
(2)
Prof. Dr., Dep. Eng. Civil, UNESP, Bauru/SP- pbastos@feb.unesp.br
(3)
Prof. Dr., Dep. Eng. Civil, UNESP, Bauru/SP- lutt@feb.unesp.br

Endereço para correspondência:


UNESP – Dep. Engenharia Civil, Av. Luiz Edmundo Coube, s/n; 17033-360, Bauru/SP

Palavras-chave: força cortante, vigas, dimensionamento, automatização.

Resumo

Neste trabalho são apresentados os processos de cálculo utilizados no


dimensionamento das vigas de concreto armado à força cortante, segundo o projeto
de revisão da NBR 6118/2001, o EURODODE 2 e o CEB-FIB/99. São comparadas
as diferentes formulações para o dimensionamento e a taxa mínima de armadura.
Com base nas formulações contidas no projeto de revisão da norma brasileira NBR
6118/2001, elaboraram-se procedimentos com o objetivo de automatizar o
dimensionamento das vigas à força cortante na flexão simples. A automatização
torna o cálculo mais simples e rápido, facilitando o trabalho manual. No final do
trabalho é apresentado um exemplo numérico completo, feito com o propósito de
exemplificar o uso do procedimento automatizado, bem como comparar e analisar os
resultados obtidos segundo os processos de cálculo contidos nos dois códigos
europeus.

1 Introdução

A nova metodologia apresentada no projeto de revisão da NBR 6118/2001


difere significativamente daquele atualmente em vigor na NBR 6118/78. De modo
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geral, a nova metodologia segue o MC-90 do CEB-FIP e o Eurocode 2, com


algumas modificações e adaptações. Uma das principais inovações está na
possibilidade de se poder considerar inclinações variáveis (30° ≤ θ ≤ 45°) para as
diagonais comprimidas (bielas de compressão). Apesar das modificações
introduzidas foi possível simplificar o equacionamento, possibilitando a
automatização manual dos cálculos de dimensionamento, com conseqüente ganho
de tempo para este procedimento.

2 Processos de Cálculo

Neste item são descritos os procedimentos de cálculo propostos no projeto de


revisão da NBR 6118/2001, no Eurocode 2 e no CEB-FIB/99.

2.1 Revisão da NBR 6118/2001

A revisão da NBR 6118/2001 admite como hipótese básica a analogia com o


modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por
uma componente adicional Vc.
A condição de segurança do elemento estrutural é satisfatória quando
verificados os estados limites últimos, atendidas simultaneamente as duas
condições seguintes:

VSd < VRd 2 (1)

VSd < VRd 3 = Vc + Vsw (2)

com VSd igual à força cortante de cálculo (Vd).


A verificação do elemento estrutural à força cortante é sugerida com base em
dois modelos de cálculo, chamados Modelos de Cálculo I e II.

2.1.1 Modelo de Cálculo I


Admite-se que as diagonais de compressão tenham uma inclinação (θ) de 45o
em relação ao eixo longitudinal da peça, e que Vc apresente um valor constante.
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a) verificação da compressão diagonal no concreto

VRd 2 = 0,27 α v fcd bw d (3)

f ck
com α v = 1 − (MPa)
250

b) cálculo da armadura transversal

Asw
Vsw = 0,9 d f ywd (sen α + cos α ) (4)
s

f yk
onde f ywd = ≤ 435 MPa e que a inclinação dos estribos obedeça à condição:
1,15
45 o ≤ α ≤ 90 o

Na flexão simples a parcela Vc da força cortante assume o valor:

Vc = Vco = 0,6 fctd bw d (5)


com
fctk ,inf 0,7 fctm 0,7 . 0,3 2
fctd = = = 3
fck
1,4 1,4 1,4

A parcela referente à armadura transversal (Vsw) resulta da equação (2):

Vsw = VSd - Vc

2.1.2 Modelo de Cálculo II

Admite-se que a inclinação (θ) das diagonais de compressão varie livremente


entre 30o e 45o e que a parcela complementar Vc sofra redução com o aumento de
VSd.
a) verificação da compressão diagonal no concreto

VRd 2 = 0,54 α v f cd bw d sen 2 θ (cot α + cot θ) (6)


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f ck
com α v = 1 − (MPa)
250

b) cálculo da armadura transversal

Asw
Vsw = 0,9 d f ywd (cot α + cot θ) sen α (7)
s
com 45 o ≤ α ≤ 90 o

Na flexão simples a parcela Vc pode assumir os valores:

Vc = Vc1 = Vco para VSd ≤ Vco (8a)


e
Vc = Vc1 = zero para VSd = VRd2 (8b)

interpolando-se os valores intermediários de Vc1 de maneira inversamente


proporcional ao acréscimo VSd.

2.1.3 Armadura Mínima

A NBR 6118/2001 estabelece a seguinte equação para a armadura mínima:

Asw ,mín = ρsw ,mín s bw sen α (9)

fctm
ρsw , mín ≥ 0,2 f ctm = 0,3 3 fck
2
com e (MPa)
f ywk

2.2 Eurocode 2

Na verificação do estado limite último do elemento estrutural ao esforço


cortante, devem-se verificar as relações:

VRd 2 > VSd


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VRd 3 = Vcd + Vwd > VSd

O dimensionamento à força cortante, em função dos valores VSd e VRd1, deve


atender a uma das duas condições:

- quando VSd < VRd1 → utiliza-se armadura transversal mínima;


- quando VSd > VRd1 → determina-se armadura transversal, tal que VSd ≤ VRd3

sendo VRd1 dado por:

[
VRd1 = τRd k (1,2 + 40 ρ1 ) + 0,15 σcp bw d ]
onde:
(0,25 f ctk 0,05 ) Asl N
τ Rd = , ρ1 = > 0,02 , σ cp =
1,5 bw d c

e
k = 1 para elementos onde mais de 50 % da armadura longitudinal inferior é
reduzida.
Para cálculo da armadura transversal são sugeridos dois métodos, descritos a
seguir.

2.2.1 Método 1 (Standard Method)

Admite-se a inclinação das diagonais de compressão igual à 45o e Vcd com


valor igual ao de VRd1. O ângulo de inclinação α dos estribos deve estar entre 45° e
90°.
a) verificação da compressão diagonal no concreto

1 
VRd 2 =  ν f  w ,9 d 1 + cot α
2 

f ck
ν = 0,7 − < 0,5 (MPa)
200
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b) cálculo da armadura transversal

Asw
Vwd = 0,9 d f ywd (1 + cot α ) sen α
s

sendo Vcd = VRd1 nesta equação.

2.2.2 Método 2 (Variable Strut Inclination)

Admite-se Vcd com valor igual ao de VRd1 e a inclinação das diagonais de


compressão variando de acordo com a área de armadura longitudinal, segundo os
intervalos:
- 0,4 < cot θ < 2,5 para armadura longitudinal constante ao longo do eixo;
- 0,5 < cot θ < 2,0 para armadura longitudinal reduzida.
com o ângulo de inclinação α dos estribos entre 45° e 90°.

a) verificação da compressão diagonal no concreto

bw 0,9 d ν f cd (cot θ + cot α )


VRd 2 =
(1 + cot 2 θ)
b) cálculo da armadura transversal

Asw
VRd 3 = 0,9 d f ywd (cot θ + cot α ) sen α
s
Asw f ywd 0,5 ν fcd sen α
com ≤
bw s 1 − cos α

2.2.3 Armadura mínima

O Eurocode estabelece a seguinte equação para cálculo da armadura


mínima:
Asw , mín
= ρsw , mín bw sen α
s
onde, ρsw,mín tem valores tabelados conforme o fck adotado.
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2.3 CEB – FIB/99

O método de cálculo do CEB-FIB/99 estabelece uma condição fundamental


de segurança, dada por VRd ≥ VSd , sendo VSd igual à força cortante de cálculo Vd .

Para elementos estruturais onde os esforços cortantes são resistidos apenas


pelos estribos e pelas bielas de compressão, situação que está a favor da
segurança, o CEB-FIB/99 estabelece para o cálculo:
a) verificação da compressão diagonal no concreto

 A σ sen α z cot α 
Vsd −  sw sw 
σ cw =  s  ≤f
cd
bw z sen θ cos θ

com 18,4 o ≤ θ ≤ 45 o ou com um valor de θ para a situação limite σcw = fcd, z = d 1,15

e 45 o ≤ α ≤ 90 o .
b) cálculo da armadura transversal

VSd s
σ sw = ≤ f yd
Asw sen α z (cot α + cot θ)

com z = d 1,15 , 18,4 o ≤ θ ≤ 45 o e 45 o ≤ α ≤ 90 o .

2.3.1 Armadura Mínima

Para esse método, tem-se que:


2
0,06 3 fck Asw , mín
ρw ,mín ≥ e = ρw , mín bw
f yd s

3 Equações Simplificadas

Com base nas formulações contidas no projeto de revisão da norma brasileira


NBR 6118/2001, elaboraram-se equações simplificadas com o objetivo de
automatizar o dimensionamento das armaduras transversais para as vigas de
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concreto armado, submetidas à flexão simples. A automatização torna o cálculo


mais simples e rápido, facilitando o trabalho manual. Na seqüência, as equações
segundo os modelos de cálculo I e II são remanejadas e simplificadas.

3.1 Modelo de Cálculo I


3.1.1 Força Cortante Última

Para a verificação do esmagamento das bielas de compressão, considera-se


a situação limite VSd = Vd = 1,4 Vk ,u = VRd 2 , a partir da equação (3).

fcd
1,4 Vk ,u = 0,27 α v bw d
10
f ck
Com α v = 1 − , resulta a equação para Vk,u :
250

0,27 α v fcd bw d
Vk ,u = (10)
14

com fcd em MPa e Vk,u em kN.

Se Vk < Vk,u não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão.

3.1.2 Força Cortante Correspondente à Armadura Mínima

A força cortante correspondente à armadura mínima (Vk,mín) pode ser obtida


por meio da igualdade:

Asw , mín Asw


=
s s

Remanejando-se adequadamente as equações (4) e (9) alteradas visando-se


esta igualdade, resulta:

Asw , mín Asw Vsw


= ρsw , mín bw sen α e =
s s 0,9 d f ywd (sen α + cos α )
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Substituindo-se as expressões obtidas, para α = 90°, tem-se:

1,4 Vsw ( k ),mín


ρsw , mín bw sen 90 = (11)
0,9 d f ywd (sen 90 + cos 90)

ou ainda,
1,4 Vsw ( k ),mín = ρsw ,mín bw 0,9 d f ywd (12)

Sendo a taxa de armadura mínima dada por:

2
fctm 0,3 3 fck
ρsw ,mín ≥ 0,2 = 0,2
f ywk f ywk

a equação (12) passa a ser escrita em função das resistências características do


concreto e do aço:
3 2
fck f ywk
Vsw ( k ), mín = 0,06 bw 0,9 d (13)
10 f ywk 1,15 . 1,4

Fazendo-se as simplificações na equação (13), obtém-se a equação (14),


referente à parcela de resistência da armadura transversal do elemento de viga,
correspondente à armadura mínima, em função da resistência característica do
concreto:

Vsw ( k ), mín = 0,0034 bw d 3 fck


2
(14)

Remanejando-se agora a equação (2), de verificação do estado limite último,


tem-se:
1,4 Vk , mín = Vco + Vsw ( k ),mín

Substituindo-se as expressões de Vco e de Vsw(k),min, (5) e (14)


respectivamente, resulta:

2  0,6 . 0,7 . 0,3 


Vk , mín = bw d 3
fck  + 0,0034 
 1,4 . 1,4 . 10 
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ou ainda,

Vk , mín = 0,010 bw d 3 fck


2
(15)

com fck em MPa e Vk,min em kN.

Se Vk < Vk,min → utiliza-se armadura transversal mínima;

Se Vk > Vk,min →calcula-se a armadura transversal para o esforço


considerado, segundo o método adotado.

3.1.3 Armadura Transversal

Para a determinação da armadura transversal necessária, também em função


da resistência do concreto, pode-se retomar a equação (11),

Asw Vsw
=
s 0,9 d f ywd (sen α + cos α )

e, como Vsw = VSd − Vc , considerando-se também fywd = 435 MPa e s = 100 cm,

obtém-se:
 0,6 f ctd bw d 
1,4 Vk − 
Asw
=  1,4  (16)
100 0,9 d 43,5 (sen 90 + cos 90 o )
o

ou, ainda, simplificando-se

Vk
Asw ,90 = 3,58 − 0,023 bw 3 2
f ck (17)
d

com fck em MPa e Asw em cm2/m.

A Tabela 1 mostra as equações (10), (15) e (17), para Vk,u, Vk,mín e Asw
respectivamente, em função da resistência característica do concreto à compressão
(fck).
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Tabela 1 – Equações simplificadas para diferentes valores de fck (Modelo de


cálculo I – estribo vertical, γc = γf = 1,4, γs = 1,15).

Concreto C-15 C-20 C-25 C-30


V V V V
Asw 3,58 k − 0,14 bw 3,58 k − 0,17 bw 3,58 k − 0,20 bw 3,58 k − 0,22 bw
d d d d
Vk,u 0,19 bw d 0,25 bw d 0,31 bw d 0,36 bw d
Vk,mín 0,061 bw d 0,074 bw d 0,085 bw d 0,097 bw d

Concreto C-35 C-40 C-45 C-50


V V V V
Asw 3,58 k − 0,25 bw 3,58 k − 0,27 bw 3,58 k − 0,29 bw 3,58 k − 0,31 bw
d d d d
Vk,u 0,41 bw d 0,46 bw d 0,51 bw d 0,55 bw d
Vk,mín 0,107 bw d 0,117 bw d 0,127 bw d 0,136 bw d

3.2 Modelo de Cálculo II

Por processo algébrico semelhante ao realizado com as equações referentes


ao Modelo de Cálculo I, montou-se a Tabela 2.

Tabela 2 – Equações simplificadas para diferentes valores de fck (Modelo de


cálculo II – estribo vertical, γc = γf = 1,4, γs = 1,15).
Concreto C-15 C-20 C-25 C-30
Asw 3,58
(V k − Vc1(k )
*
)
d cot θ
Vk,u 0,42.bw .d . sen θ. cos θ 0,56.bw .d . sen θ. cos θ 0,70.bw .d . sen θ. cos θ 0,84.bw .d . sen θ. cos θ
* Vc1 V V
Vc1 0,018.bw .d . cot θ + 0,021.bw .d . cot θ + c1 0,023.bw .d . cot θ + c1
Vk,min 0,015.bw .d . cot θ +
1,96 1,96 1,96 1,96

Concreto C-35 C-40 C-45 C-50


Asw 3,58
(V k − Vc1( k )
*
)
d cot θ
Vk,u 0,98.bw .d . sen θ. cos θ 1,12.bw .d . sen θ. cos θ 1,26.bw .d . sen θ. cos θ 1,40.bw .d . sen θ. cos θ
Vc1 V V V
Vk,min 0,026.bw .d . cot θ + 0,028.bw .d . cot θ + c1 0,030.bw .d . cot θ + c1 0,033.bw .d . cot θ + c1
1,96 1,96 1,96 1,96

Vco (VRd 2 − VSd )


Nota: *- Vc1( k ) = (kN)
(VRd 2 − Vco )
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4 Exemplo Numérico

Para uma melhor demonstração da praticidade das equações simplificadas foi


feito um exemplo de cálculo para uma viga submetida à força cortante. O exemplo é
o mesmo daquele apresentado em DUMÊT & PINHEIRO (2000).

p = 40 kN/m
5,0 m

50 cm

100 Vk (kN)

100 12 cm
seção transversal

Dados: C-20 aço CA-50 A α = 90°


d’ = 4 cm
d = h − d ' = 50 − 4 = 46 cm
Vk = 100,0 kN ⇒ VSd = Vd = 1,4 . 100,0 = 140,0 kN

4.1 Modelo de Cálculo I

a) verificação das bielas de compressão

Vk ,u = 0,25 bw d = 0,25 . 12 . 46 ⇒ Vk ,u = 138,0 kN

Vk < Vk ,u → não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.

b) cálculo da armadura transversal

Vk , mín = 0,074 bw d = 0,074 . 12 . 46 ⇒ Vk ,mín = 41,0 kN

Vk > Vk ,mín → calcular armadura transversal p/ Vk.


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Portanto:

Vk 100,0
Asw = 3,58 − 0,17 bw = 3,58 − 0,17 . 12 ⇒ Asw = 5,74 cm2/m
d 46

e a título de comparação:

0,3 3 20 2
Asw , mín = 0,2 12 . 100 = 1,10 cm2/m
10 . 50

4.2 Modelo de Cálculo II

Para utilizar esse método, adotou-se nesta demonstração o valor de 30o para
a inclinação (θ) das diagonais de concreto.

a) verificação das bielas de compressão

Vk ,u = 0,56 bw d sen θ cos θ = 0,56 . 12 . 46 . sen 30 . cos 30 ⇒ Vk ,u = 133,9 kN

Vk < Vk ,u → não ocorrerá esmagamento das diagonais de concreto.

b) cálculo da armadura transversal

fck
VRd 2 = 0,54 α v fcd bw d sen2 θ (cot α + cot θ) αv = 1 − (MPa)
250


VRd 2 = 0,54 1 −
20  2,0
 ( )
12 . 46 . sen 2 30 cot 90 o + cot 30 o ⇒ VRd 2 = 169,7 kN
 250  1,4

VSd = 140,0 < VRd 2 = 169,7 → Vc1 ≠ 0

 0,3 3 20 2 
Vco = 0,6 fctd bw d = 0,6  0,7  12 . 46 ⇒ Vco = 36,6 KN
 10 . 1,4 
 
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VSd = 140,0 > Vco = 36,6

O esquema gráfico mostra a relação inversa entre a resistência Vc1 e a


solicitação de cálculo VSd, explicitando que, quanto maior o grau de solicitação à
força cortante, menor será a contribuição da biela comprimida na composição
resistente do elemento de viga a esta força.

36,6

0 Vc1 36,6 Vc0

103,4

VSd 169,7 140,0 36,6


133,1

Gráfico 1: Interpolação para obtenção do valor de Vc1 em função de VSd .

Conforme o Gráfico 1, resulta:

36,6 x
= ⇒ x = 28,43 kN portanto,
133,1 103,3

Vc1 = 36,6 –28,43 = 8,2 kN

Assim, das expressões da Tabela 2:

Vc1 8,2
Vk , mín = 0,018 bw d cot θ + = 0,018 . 12 . 46 . cot 30 o + ⇒ Vk , mín = 21,4 kN
1,96 1,96
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Vk > Vk ,mín → calcular armadura transversal p/ Vk .

 8,2 
 100,0 −
Asw = 3,58
(
Vk − Vc1( k ) )
= 3,58 

1,4 
⇒ Asw = 4,23 cm2/m
d cot θ 46 cot 30 o

Para os outros métodos de cálculo citados neste trabalho, são apresentados


os resultados obtidos na Tabela 3.

Tabela 3 – Resultados de Asw obtidos pelos códigos estudados.

CÓDIGO θ Asw Asw,mín


(o) (cm2/m) (cm2/m)
NBR 6118/78 45 6,20 1,68
NBR 6118/2001 - Modelo I 45 5,74 1,10
- Modelo II 45 7,07 1,10
40 5,95 1,10
30 4,23 1,10
Eurocode 2 45 6,18 0,84
CEB-FIB/99 45 8,04 1,22

5 Considerações Finais

Este trabalho apresentou primeiramente uma comparação entre os modelos


de cálculo utilizados pelas normas técnicas citadas e os dois modelos utilizados pelo
projeto de revisão da NBR 6118/2001, no dimensionamento de armaduras
transversais em vigas. Esta comparação foi apresentada em um exemplo numérico,
onde algumas considerações podem ser feitas.
Os resultados da Tabela 3 mostram o menor valor de armadura transversal
mínima exigida pelo projeto de revisão da NBR 6118/2001, em comparação com a
NBR 6118/78. A NBR 6118/2001 apresenta-se menos conservadora também no
cálculo da armadura transversal para valores de força cortante maiores do que o
valor mínimo, considerando-se o modelo I de cálculo. Quanto ao modelo II, pode-se
afirmar que a consideração de se interpolar o valor de Vc1 em função de VSd resulta,
conforme esperado, em uma maior armadura transversal. Ou seja, quanto maior for
a solicitação à força cortante tem-se que minorar a contribuição da biela comprimida,
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o que leva conseqüentemente a um acréscimo da armadura transversal. Neste


modelo de cálculo, há uma redução na armadura necessária conforme diminui o
ângulo θ (expressões de Asw na Tabela 2). A armadura transversal obtida para o
ângulo θ=40o se equivale à armadura obtida pelo modelo I.
Outra informação que se pode tirar dos resultados apresentados é a de que a
NBR 6118/2001 permite obter valores menos conservadores de armadura
transversal quando comparados com os das outras normas apresentadas no
trabalho. Cabe comentar que outros exemplos com situações diversas de
solicitações devem ser realizados para se obter resultados mais abrangentes e
conclusivos quanto aos apontados neste trabalho.
O trabalho também apresenta, para os dois modelos de cálculo definidos pela
revisão da norma, tabelas com expressões simplificadas de cálculo da armadura
transversal, para diferentes valores de fck. Tais tabelas foram montadas visando
agilizar o procedimento de cálculo, pois trata-se de ferramenta manual
simplificadora, podendo estas expressões inclusive serem automatizadas para
calculadoras manuais.

Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2001). Projeto de estruturas


de concreto, NBR 6118/2001, projeto de revisão, agosto, ABNT, 180p.
COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. (1991). CEB-FIP Model Code 1990.
Bulletin d’Information, n.203-205.
DUMÊT, T.B.; PINHEIRO, L.M. (2000). Verificação da inclinação mínima da biela de
concreto das peças submetidas a cisalhamento. IN: XXIX Jornadas
Sudamericanas de Ingenieria Estructural, Punta Del Este, Uruguai, CDROM.
EUROPEAN COMMITTEE FOR STARDADIZATION. (1992). Eurocode 2: Design of
concrete structures Part 1: General rules and rules for buildings, CEN, 253p.
FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON. (1999). Structural Concrete:
Textbook on Behaviour, Design and Performance, CEB/FIP, bulletins 1,2,3.
SÁNCHEZ, E. (2000). Alguns comentários sobre o projeto de revisão da NB-1:
prescrições para o dimensionamento à força cortante. IN: XXIX Jornadas
Sudamericanas de Ingenieria Estructural, Punta Del Este, Uruguai, CDROM.

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