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Otamar de Carvalho
1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................. 3
1. O NORDESTE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
6
2. PLANEJAMENTO E POLÍTICAS DE
DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTADAS..................................... 15
2.1 PLANEJAMENTO COMO HIPÓTESE DE TRABALHO .............. 15
2.2 POLÍTICAS DO GTDN E DA SUDENE.......................................... 17
2.3 ESTRATÉGIAS CONCEBIDAS FORA DA ÓRBITA DA SUDENE
18
2.4 FRAGILIDADE INSTITUCIONAL.................................................. 22
3. PROBLEMAS PERSISTENTES E EMERGÊNCIA DE
NOVOS 26
3.1 O PLANEJAMENTO EM SEGUNDO PLANO................................ 26
3.2 (DES)ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NO SEMI-ÁRIDO .... 30
3.3 MUDANÇAS NOS QUADROS DEMOGRÁFICOS ....................... 33
3.4 ESPAÇOS BENEFICIADOS PELO CRESCIMENTO
ECONÔMICO............................................................................................................... 37
3.5 ÁGUA MAIS DIFÍCIL........................................................................ 40
3.6 POR ONDE PASSAM AS SOLUÇÕES............................................ 43
4. DISCUTINDO O FUTURO................................................... 44
4.1 POSSIBILIDADES ATUAIS ............................................................ 44
4.1.1 Estrutura Econômica................................................................... 44
4.1.2 Atividades Tradicionais.............................................................. 47
4.1.3 Atividades Dinâmicas ................................................................. 48
4.1.4 Atividades Não-Convencionais ............................................... 48
4.1.5 Especificidades Sub-Regionais ............................................... 49
4.2 POSSIBILIDADES DE MÉDIO PRAZO........................................ 52
4.2.1 Decisões de Investimento e Financiamento do
Desenvolvimento ..................................................................................................... 52
4.2.2 Projeto de Transposição de Águas do São Francisco .... 54
5. GRANDES QUESTÕES PARA O NORDESTE DO
TERCEIRO MILÊNIO ............................................................................ 62
5.1 PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS 62
5.2 NOVAS FORMAS DE CIDADANIA: DA POSSE DA TERRA À
ORGANIZAÇÃO SOCIAL ......................................................................................... 64
5.3 NOVA INSTITUCIONALIDADE ..................................................... 65
5.4 PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
SUSTENTÁVEL............................................................................................................ 72
5.5 POBREZA COMO PRIVAÇÃO DE CAPACIDADES .................... 75
BIBLIOGRAFIA CITADA............................................................ 77
2
NORDESTE: A FALTA QUE O PLANEJAMENTO FAZ 1
2
Otamar de Carvalho
INTRODUÇÃO
1
Texto preparado em apoio à palestra proferida no dia 05 de abril de 2001, em Campinas-São
Paulo, no Seminário Nacional: Regiões e Cidades, Cidades Nas Regiões - A
Espacialidade do Desenvolvimento Brasileiro, promovido pela Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional-ANPUR.
Agradeço os comentários e sugestões que me foram feitos por Antonio Carlos F. Galvão
(do IPEA), José de Castro Moreira Filho (da Sudene) e Margarida C. L. Mattos (do Senado
Federal). Utilizei-os no todo ou em parte, no que reconheci de oportuno neles. Assim, os erros
e omissões decorrentes continuam sendo meus.
2
Eng. agrônomo, economista e doutor em economia pela Unicamp. Foi técnico e Diretor da
Assessoria Técnica da Sudene; Secretário Geral-Adjunto do antigo Ministério do Interior;
Coordenador de Planejamento Regional do IPEA; Secretário de Agricultura e Abastecimento do
Ceará; e técnico e Coordenador de Planejamento da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e Parnaíba-Codevasf. Como consultor independente, tem trabalhado para
instituições como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD, Instituto
Interamericano de Cooperação para a Agricultura-IICA, Organização dos Estados Americanos-OEA,
Organização Meteorológica Mundial-OMM, Secretaria de Recursos Hídricos-SRH do Ministério do
Meio Ambiente-MMA, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-DNOCS, Codevasf,
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste-Sudene, governos dos Estados da Bahia,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí e empresas privadas. É autor, dentre outros, do
livro A economia política do Nordeste; secas, irrigação e desenvolvimento. Rio de Janeiro,
Campus, 1988, além de vários artigos em revistas técnicas.
3
Guilherme Schuh Capanema, Barão de Capanema, Chefe da Seção Geológica e Mineralógica da
Comissão Científica de Exploração. (Braga, 1962.)
3
“A palavra ‘Nordeste’ é hoje uma palavra desfigurada pela expressão “obras do
Nordeste” que quer dizer: ‘obras contra as secas’. E quase não sugere senão as secas. Os
sertões de areia seca rangendo debaixo dos pés. Os sertões de paisagens duras doendo nos
olhos. Os mandacarus. Os bois e os cavalos angulosos. As sombras leves como umas almas do
outro mundo com medo do sol. (...) Mas esse Nordeste de figuras de homens e de bichos se
alongando quase em figuras de El Greco é apenas um lado do Nordeste. O outro Nordeste. Mais
velho que é o Nordeste de árvores gordas, de sombras profundas, de bois pachorrentos, de
gente vagarosa e às vezes arredondada quase em sanchos-panças pelo mel de engenho, pelo
peixe cozido com pirão, pelo trabalho parado e sempre o mesmo. (...) Um Nordeste onde nunca
deixa de haver uma mancha de água: um avanço de mar, um rio, um riacho, o esverdeado de
uma lagoa.” (Freyre, 1937:21.)
4
ii. Planejamento e Políticas de Desenvolvimento Experimentadas;
Vários temas são desdobrados a partir desses cinco tópicos, mas dois
Sudene.
5
1. O NORDESTE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
4
Uma comparação da espécie “fiel de balança”, fundamental nesses casos, poderia referir-se
ao exame dos dados básicos utilizados pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do
Nordeste-GTDN, para o final dos anos de 1940, constante do Relatório do GTDN (MINTER.
Sudene, 1967: 15). Naquela época, a renda média per capita do nordestino correspondia a
cerca de 40% da auferida, em termos médios, por um brasileiro. No ano de 2000, a relação
passou para aproximadamente 60%. Dá para comparar esses valores percentuais, mas não
convém fazer o mesmo com os números absolutos, mesmo que eles estejam referidos a preços
constantes. Isto porque é preciso ter clareza quanto à utilização dos números-índice. Nesses
casos, é sempre importante ter em conta a escolha adequada dos anos-base de uma dada série
estatística. Como diz o prof. Dércio Garcia Munhoz, essas comparações são feitas comumente
“tendo em conta o número-índice da observação mais recente, mas em relação ao período
inicial.” Ao mudar o ano-base, muda tudo. Daí a prudência em comparar a renda per capita de
um nordestino (em 1950, no caso) com a renda per capita total de um brasileiro (em 2000),
utilizando o recurso de comparar os valores em termos percentuais, ou seja, a quanto
corresponde a renda do nordestino em relação à do brasileiro, em qualquer um dos anos dos
extremos de uma série. (Munhoz, 1989: 157-158.)
5
O IDH é construído considerando a esperança média de vida, o nível de educação e a renda
média per capita.
6
populacional em condição de pobreza e indigência da ordem de 19 milhões
de seus habitantes (cerca de 43% da população total do Nordeste, calculada
como correspondendo, naquele ano, a 44 milhões de pessoas). Nos estudos
realizados sobre o assunto são consideradas pobres as pessoas que não
conseguem atender as necessidades de alimentação, vestuário, moradia,
educação e despesas pessoais. E como indigentes os que são incapazes de
atender as necessidades alimentares. Destaque-se, ademais, que o Nordeste
abrigava, em 1996, 45% do número de brasileiros em condição de pobreza e
55% dos caracterizados como indigentes. (Rocha, 1995: 368.) A pobreza incide
sobre cerca de 40% da população do semi-árido (cerca de 7,5 milhões de
pessoas em 1996). Nas cidades, essa incidência é da ordem de 35% (3,5
milhões de pessoas). A pobreza no meio rural é de cerca de 4,0 milhões de
pessoas (45% do total). A pobreza rural já foi maior. Em 1970, ela alcançava
cerca de 60% da população do semi-árido. (Albuquerque, 2000-b: 64.)
7
fruticultura, em decorrência do alto valor de mercado que possuem. Foi o que
aconteceu em áreas dos vales úmidos (como o Vale do São Francisco, em
vários estados; o Vale do Açu, no Rio Grande do Norte; e o Vale do Jaguaribe,
no Ceará), com lavouras frutíferas como a uva, o melão, a manga e a melancia,
e em manchas favoráveis do Agreste (com o tomate, o café e a soja). Ora, em
1970, esses produtos contribuíam com apenas 3% do valor da produção
agrícola do Nordeste, elevando-se dita participação para 13,5% no final dos
anos oitenta. (Araújo, 2000: 206-207.)
“Em que pese o fato de certos países do centro dominante, nos primórdios do
desenvolvimento capitalista, terem efetuado parte de sua acumulação primitiva às custas do
mundo colonial, não foi esse o ‘caso paulista’. Certamente não às custas do excedente do Piauí,
Minas Gerais ou do Rio de Janeiro, é que se implantou a moderna indústria paulista.”
8
assim como sobre a forma tomada pela articulação entre as regiões. Realizou,
desse modo, segundo a leitura de Guimarães Neto, “uma periodização da
economia brasileira que considerava como ponto central a industrialização”.
Salientou, ademais, na perspectiva do recorte que apresentamos
anteriormente, “questões relacionadas ao caráter complementar e competitivo
das demais regiões relativamente a São Paulo e, neste contexto, os momentos
nos quais prevaleciam os efeitos inibidores, de estímulo ou destruidores”.
Para Guimarães Neto, Redwood III (1977) chegou a mostrar “que parte
importante das explicações para a concentração da atividade econômica no
território brasileiro estaria associada a momentos de expansão ou retração da
economia regional, em particular de sua indústria”. Para Redwood – que
trabalhou durante parte dos anos de 1970 no Nordeste, como professor e
pesquisador do Programa Integrado do Mestrado em Economia e Sociologia-
PIMES, da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE –, “as fases de
concentração estariam associadas a momentos caracterizados pela expansão da
economia, enquanto que as de desconcentração estariam vinculadas a
momentos de menor intensidade na atividade produtiva.” (Guimarães Neto,
1998: 316.)
Gustavo Maia Gomes, Carlos Osório & Ferreira Irmão (1985) levantaram
dois aspectos importantes sobre a questão tratada por Leonardo Guimarães.
Esses aspectos foram referidos ao ajustamento do mercado de trabalho ao
movimento da economia, em particular do que ocorreu durante a crise dos anos
80 do século passado. Destacaram, a propósito: “(i) o ‘padrão temporal de
difusão regional da crise’ e (ii) o processo de informatização das relações de
trabalho”, sendo este segundo aspecto considerado como o de maior relevância
para o desenvolvimento de crises responsáveis pela “destruição” de postos de
trabalho. (Guimarães Neto, 1998: 317.)
7
Sabe-se agora que a taxa média de crescimento do PIB real do Nordeste foi de apenas 1% no
período 1990-99, vis-à-vis a taxa de 1,7% para o PIB real do Brasil, no mesmo período. [MI.
Sudene (2000: 320)].
9
da década de 80.” Salientam também que a taxa de crescimento do PIB da
economia do Nordeste nunca fora negativa por um período tão longo (menos
0,5% ao ano) como o de 1987-93. (Maia Gomes & Vergolino, 1995: 15.)
Talvez por não disporem de dados adequados, Maia Gomes & Vergolino
deixaram de assinalar que esse comportamento deveu-se, em grande medida, à
ocorrência do velho e conhecido problema das secas. De fato, as taxas de
crescimento do PIB do Nordeste foram negativas nos anos de 1987 (menos
1,0%), 1990 (menos 5,9%), 1992 (menos 1,5%) e 1993 (menos 1,8%),
todos eles anos de seca. Em 1991 também houve seca, mas a taxa média de
crescimento do PIB da economia do Nordeste foi de 2,4%. Deve-se, assim,
reter a evidência que não pode deixar de ser referida: a economia do Nordeste
continua vulnerável aos efeitos das secas, embora a contribuição do setor
agropecuário – historicamente o mais atingido pelos efeitos da variabilidade
climática – para a geração do PIB seja cada vez mais baixa e decrescente. Com
efeito, de uma participação de 30,5%, em 1960, o setor agropecuário do
Nordeste diminuiu sua participação no PIB total do Nordeste para 9,7%, em
1999. (MIR. Sudene, 1994.) Isto significa que a agropecuária do Nordeste, em
particular na Zona Semi-Árida e na Zona do Agreste, desorganiza-se quase que
integralmente nos anos de seca, exceção feita a algumas “ilhas de fertilidade ou
de tecnologia” encontradas em áreas das serras úmidas e nos espaços onde à
custa de grandes investimentos do setor público vem sendo possível instalar
uma agricultura moderna baseada na irrigação.
Mesmo assim, Maia Gomes & J. R. Vergolino terminam por dizer que
“Apesar dos acontecimentos recentes não confirmarem a generalização feita
10
(em 1983, ou 1984) 8 por Guimarães Neto, permanece sendo verdadeiro,
entretanto, que as variações da taxa de crescimento nordestino têm (quase
sempre) acompanhado as que ocorrem no Brasil, no sentido de que, quando o
crescimento brasileiro se acelera, o nordestino também o faz – e vice-versa
para as desacelerações.” (Maia Gomes & J. R. Vergolino, 1995: 16-17.)
Ainda que haja “divergências”, por parte de Maia Gomes & Vergolino,
sobre a análise de Leonardo Guimarães, a concordância daqueles dois outros
autores sobre a “generalização de Guimarães Neto”, ainda que parcial, é
importante, porque aproxima compreensões de correntes distintas do
pensamento econômico nordestino, em matéria crucial ao entendimento dos
fatores que têm determinado e estruturado o processo de desenvolvimento da
Região, vis-à-vis o do País.
8
A constatação de Guimarães Neto foi publicada em 1984 e elaborada em 1983, no curso dos
estudos realizados sobre o chamado Projeto Nordeste, iniciativa concebida pela então
Secretaria de Planejamento da Presidência da República (SEPLAN-PR), da qual a Sudene
participou como personagem secundário, pois a execução dos estudos foi comandada mesmo
pela SEPLAN-PR.
11
“especificidades que se devem não só à divisão regional do trabalho um grande
centro industrial e regiões com suas ‘especializações’ mas sobretudo à forma como, no
decorrer do tempo, nas distintas fases do desenvolvimento da economia nacional, vão-se
inserindo mais fortemente no movimento cíclico da economia brasileira. As regiões periféricas,
com estruturas produtivas bem menos complexas que a da região mais industrializada, podem
traçar trajetórias diferenciadas na medida que se constitui, ou fronteira onde se dá o avanço da
exploração de recursos naturais (solos para agricultura ou recursos minerais) e de suas
potencialidades, ou, ainda, em razão da localização de determinados investimentos que mesmo
de reduzido porte provoca impacto considerável sobre sua economia.” 9
12
econômicos, produzidos sob o mando do capital industrial ou do capital
mercantil que (ainda) atua em função do capital industrial. É o que ocorre com
as frações de capital que entram no Nordeste pelas portas dos incentivos fiscais
e facilidades creditícias diversas, para serem aplicadas em diferentes negócios
imobiliários, mormente dos que têm feito a “beleza” dos calçadões das
principais capitais da Região, densamente enfeitados pelos “espigões” que
impedem a penetração – cidades adentro – da brisa marinha trazida pelos
ventos alísios.
13
área, cerca de 1.514.000 hectares podem ser irrigados com recursos hídricos
locais, já armazenados ou por armazenar. Constata-se, assim, um déficit hídrico
de 2.663.500 hectares, cujo aproveitamento requer a transposição de águas de
outras bacias hidrográficas, como a do São Francisco. Ao longo de todo esse vale,
há um potencial de três milhões de hectares de terras irrigáveis, do ponto de vista
da disponibilidade de solos. (Sudene, 1985; MINTER. DNOS, 1983; e MME.
DNAEE, 1983: 35 e 60.)
14
2. PLANEJAMENTO E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO
EXPERIMENTADAS
15
francês consistia em mobilizar toda a sociedade para discutir os objetivos de
interesse global; depois, o financiamento era estipulado em função da sua
capacidade de endividamento externo.” (Furtado, 1999: 77-78.)
11
Daí porque a participação dos atores sociais no processo de planejamento passou a assumir
maior importância concreta, embora as experiências a este respeito ainda sejam
numericamente escassas. O planejamento no Brasil só começou a ganhar esses foros a partir
do final dos anos 80 do século XX, ainda assim de forma bastante incipiente, restrito a
iniciativas locais (municipais) conduzidas sob a inspiração de organizações partidárias como o
Partido dos Trabalhadores e algumas organizações não-governamentais, com atuação no meio
rural.
12
A Fantasia Desfeita (1989) é o segundo de um conjunto de três livros autobiográficos de
Celso Furtado. O primeiro foi A Fantasia Organizada (1985) e o terceiro Os Ares do Mundo
(1991).
16
rever o Nordeste, mostrando como afinar evidências e hipóteses de trabalho,
para que se possa compreender melhor o que acontece hoje na Região.
17
Os planos, programas e projetos de desenvolvimento concebidos não
“Enfim, não se trata de satanizar o GTDN, nem de deificá-lo. Não existe evolução sem
tradição: trata-se de revisar os seus equívocos e fortalecer os seus avanços. (...) Trata-se de
deixar explícito (e agir em função da coisa explicitada) que o objetivo central de qualquer
acumulação do capital. E a disparidade distributiva (uma vez que o Estado está se retirando da
arena, enquanto locus de realização do “valor agregado”) trava essa reprodução. Não se pense
aqui que Deus nos defenda! de algum modelo de redistribuição ad hoc, tipo tomar dos ricos
para dar aos pobres; ao contrário: no popular, seria algo como, ao longo do tempo, enriquecer
os pobres sem empobrecer os ricos. A forma de engenheirar e tornar operacional uma
estratégia desse tipo é algo que leva mais espaço do que [o utilizado aqui].” (Nunes, 1998.)
Sei que não estou deificando o GTDN ou a Sudene. Pelo que foi discutido
no item 1 anterior, dá para afirmar que as bases capitalistas da economia do
Nordeste de hoje foram construídas, em boa medida, como resultado do
esforço dos que fizeram a Sudene – quer se trate dos que a conceberam,
conduziram e sustentaram durante mais de quarenta anos, com certeza com
mais acertos do que erros. Os resultados alcançados até poderiam ter sido mais
eficazes, v. g. em termos sociais, não tivessem as formulações da
Superintendência sido tão influenciadas pela tecnocracia brasiliense. A força
desta emanava das concepções do “Projeto Brasil Grande”, formuladas pelo
Ministério do Planejamento, em suas diferentes denominações, com o reforço
do Ministério do Interior, ator coadjuvante dotado de poderosos instrumentos
de política econômica. Nos anos de 1970 e 1980, ambas as pastas pautaram
todas as iniciativas praticadas na Região, divulgando-as ou caracterizando-as,
vez por outra, como originadas do Nordeste, sob inspiração da Sudene. Quem
tiver olhos para ver verá que a paternidade da Sudene sobre as orientações
concedidas ao desenvolvimento do Nordeste mal chegou a alcançar o início dos
anos de 1970. Verá, ainda, que nas décadas de 1980 e 1990 a perda de espaço
18
institucional por parte da Superintendência caminhou de forma acelerada para
o seu limite. 13
13
Este assunto está tratado com detalhes em Carvalho, 1994.
14
A Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste-Sudeco e a
Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul-Sudesul haviam sido extintas em 1990, no
curso do processo de desmonte da máquina de Estado posto em prática já no primeiro ano do
governo Collor de Mello.
19
pelos seguintes Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento (vide
Cartograma 2.1):
i. Araguaia-Tocantins;
iii. Madeira-Amazonas;
iv. Oeste;
v. Rede Sudeste;
vii. Sudoeste;
viii. Sul; e
ix. Transnordestino.
20
Na prática, o governo federal pretendia substituir as cinco macrorregiões
conhecidas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) pelo conceito das
regiões representadas pelos nove eixos mencionados. Nesta perspectiva,
pretendia constituir “uma nova geografia do País, a partir dos Eixos
Nacionais de Integração e Desenvolvimento, idealizada para orientar o setor
público e o setor privado na alocação dos investimentos produtivos, sociais,
ambientais e de informação e conhecimento. O novo mapa permite projetar,
num horizonte de dez anos, uma distribuição espacial mais eqüitativa dos
benefícios do crescimento econômico. Permite, igualmente, fortalecer a noção
de um mercado interno revigorado, com economias regionais dinâmicas e
complementares, e de uma competitividade sistêmica que prepare o País para
as ameaças e oportunidades de uma economia globalizada.” (MPO, 1999: 4-5.)
21
previstos foram orientados, fundamentalmente, para a expansão da economia
das regiões dotadas de maior potencial. Praticamente, não havia investimentos
previstos para as regiões carentes, agora diluídas nas “novas nove regiões”.
15
Os estudos do “Novo Modelo de Irrigação” estão consolidados em quatro volumes,
elaborados pelo Banco do Nordeste. (França, 2000.)
16
A Sudene não chegou praticamente a participar desses programas, assim como o DNOCS e a
Codevasf, pelas razões alinhadas no item 2.4.
22
Cartograma 2.1
! Capitais Estaduais
!
!
Unidade da federação
!
!
!
!
!
!
Areas de Influencia
!
!
! Arco Norte
! !
!
Madeira-Amazonas
!
Araguaia-Tocantins
!
Oeste
!
%
!
Transnordestino
São Francisco
!
!
!
Rótula
!
! Sudoeste
! Sul
!
km
!
0 300 600
23
A Sudene foi sendo empurrada para o caminho do ostracismo forçado, com
perda crescente de sua capacidade de articular interesses. Terminou por ser
extinta pela Medida Provisória nº 2.145, de 02 de maio de 2001, sob o argumento
Adene.
17
O DNOCS foi extinto pela Medida Provisória n° 1.795, de 1° de janeiro de 1999. Essa MP
tratou de alterações na Lei n° 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe sobre a organização
da Presidência da República e dos Ministérios. Na referida MP, o art. 19 da lei incluiu, no inciso
XIII, a extinção do DNOCS. Essa situação perdurou por quatro meses, constando da reedição
das MPs de n°s 1.795-1, 1799-2, 1799-3 e 1799-4. Na reedição de 13 de maio de 1999, a MP
n° 1799-5 retirou a extinção do DNOCS. Dessa reedição até 31 de agosto de 2001, data de sua
última reedição (com o n° 2.216-37), a MP foi reeditada 37 vezes, ao longo das quais o DNOCS
se manteve fora da extinção. Essa é a reedição que está valendo para o DNOCS. A manutenção
do DNOCS pelo processo de reedição sucessiva da MP n° 1.795, de 1° de janeiro de 1999,
constitui o resultado da pressão exercida pelas lideranças políticas do Nordeste (integrantes de
todos os partidos políticos). A expectativa dos grupos que defendem o DNOCS consiste, agora,
em aprovar no Congresso Nacional o Projeto de Conversão de Lei que reestrutura aquele
Departamento.
24
acelerada. Na realidade, a reforma do Estado, praticada no Brasil (e no
Nordeste), de meados dos anos de 1980 para cá, não teve propósito nem
compromisso com a redução das desigualdades regionais. Ao contrário, foi
conduzida de forma a defender e apoiar processo de acumulação de capital que
atendesse melhor aos interesses dos grandes blocos de capital, nacionais e
externos. As privatizações das empresas estatais brasileiras, realizadas no País
a partir dos anos de 1990, constituem exemplo eloqüente da defesa dos
interesses maiores de grupos privados e estatais de outros países, por parte do
governo brasileiro.
25
3. PROBLEMAS PERSISTENTES E EMERGÊNCIA DE NOVOS
26
Cleantho de Paiva Leite, um dos nordestinos presentes à reunião, disse para o
Presidente que Celso Furtado era a pessoa certa para realizar aquele trabalho.
“O problema do Nordeste é social, não é econômico”, disse Celso Furtado. “Tem muita
gente rica no Nordeste. Há muito dinheiro na Região e se tira muito dinheiro de lá. O problema
é social, com muita gente passando fome e uma produção de alimentos insuficiente. Além
disso, é preciso pensar em outros problemas vitais, que são o abastecimento de água, a
habitação e educação básica. É preciso reconstruir o Nordeste. Juscelino me olhou e disse: ‘Mas
de onde você saiu com essas idéias? Por que não me disse isso antes? Perdemos muito tempo.’
Expliquei a ele que estava vivendo no estrangeiro, e então ele concluiu: ‘Você tem vinte dias
18
para botar tudo isso no papel. Vamos fazer um plano de desenvolvimento para o Nordeste’”
18
Palavras proferidas por Celso Furtado durante as homenagens que lhe foram prestadas, no
dia 10 de junho de 2000, em João Pessoa, na Paraíba, por ocasião dos seus 80 anos de idade.
In: Seminário Internacional “Celso Furtado, a Sudene e o Futuro do Nordeste”. Recife, Sudene,
2000, p. 352.
27
No primeiro ano do chamado período de redemocratização das
instituições do País (1985), foi elaborado o I Plano Nacional de
Desenvolvimento da Nova República, com vigência para o período 1986-
89. No contexto desse Plano, a Sudene elaborou “Uma Política de
Desenvolvimento para o Nordeste”, que constituiu a primeira etapa do I Plano
de Desenvolvimento do Nordeste na Nova República (I PND-NR), cuja
vigência compreendia o mesmo período do I Plano Nacional de
Desenvolvimento da Nova República. A formulação do documento Uma
Política de Desenvolvimento para o Nordeste apresentou duas novidades
em relação aos planos formulados a partir de 1970/71. A primeira dizia respeito
ao fato de sua formulação ter envolvido uma ampla mobilização de importantes
segmentos sociais do Nordeste (governos e representantes de órgãos da
28
concluída, embora a Sudene tivesse chegar a produzir documentos específicos,
em duas ou três versões.
29
favoráveis, há convergência quanto à estruturação de novos sistemas de
planejamento. Como diz o professor Paulo Haddad:
19
Veja-se, a respeito, os trabalhos de Alves, 1953; Souza Brasil Sobrinho, 1958; Rebouças, &
Marinho, 1970; Carvalho, 1973; Brasil. Sudene, 1981; Carvalho, 1988; Cavalcanti, 1988;
Carvalho, Coord., Egler & Mattos, 1994; e Maia Gomes, 2000).
30
“A seca tem de ser vencida com o trabalho metodizado, perseverante, paciente e
científico da população, porque não adianta os técnicos construírem obras hidráulicas na frente
e os habitantes continuarem a devastação atrás. Seria construir com as mãos e desmanchar
com os pés. A açudagem e a devastação são duas obras antagônicas, uma que cria e outra que
destrói, uma intensiva e outra extensiva, uma lenta, outra rápida. Não é interessante fincar
açudes em cada grota se o povo vem atrás metendo o machado na vegetação nativa, protetora
do solo e da vida. Um deserto açudado baniria o habitante. Não basta a açudagem, não é
suficiente irrigar, é preciso ir além, ir mais fundo na questão, e educar o homem para salvar
este restinho de vegetação, de cobertura verde, que mantém a vida aqui, que é a artilharia de
grosso calibre para impedir a invasão do deserto.” (Duque, 1949.)
31
arroz e mandioca. Explorando tais atividades, eles tinham acesso a uma renda
monetária, ainda que pequena, como resultado do plantio do algodoeiro arbóreo.
E davam sustentação à pecuária, que era a principal atividade econômica dos
proprietários de terra, por meio dos pastos que formavam, nas áreas cultivadas
com o algodoeiro.
32
ensejado a constituição de problemas adicionais para o semi-árido. É o caso da
violência instituída pela prática de assaltos a veículos de carga e de passageiros
nas áreas semi-áridas de todos os estados do Nordeste, complementada pelo
plantio e comercialização da maconha (Cannabis sativa Linn.) nas melhores
terras, dotadas de água, inclusive no interior de Projetos Públicos de Irrigação.
Ademais, a ausência/redução das migrações inter-regionais também tem
contribuído para aumentar o crescimento da população urbana no semi-árido.
envolvem um outro fator, de natureza qualitativa, agregável a essa variedade, cujo cultivo pode
ser realizado em moldes orgânicos, para atingir nichos diferenciados de mercado, que pagam
ágio de até 30% sobre o algodão produzido segundo práticas convencionais. (Moreira; Beltrão;
Freire; Novaes Filho; Santos; & Amorim Neto, 1995.)
21
Veja-se, a respeito, o instigante artigo “A Ilusão de um País Urbano”, do prof. José Eli da
Veiga, da Universidade de São Paulo, no qual argumenta que boa parte da população brasileira
33
A causa das restrições comentadas parece referir-se ao conceito de
domicílio urbano do IBGE. Por isso, convém deixá-lo aqui explicitado. De acordo
com o Censo Demográfico de 2000, é considerado residente em área urbana a
pessoa que vive em domicílio urbano. Na seqüência, caracterizam-se como
domicílios urbanos “as áreas urbanizadas ou não, correspondentes às
cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas
isoladas.” E como domicílio rural “toda a área situada fora desses limites,
inclusive os aglomerados rurais de extensão urbana, os povoados e os núcleos.”
(MPO. IBGE, 2000: XI-XII.)
residente em domicílios urbanos não é, necessariamente, urbana, por não ter acesso aos
serviços urbanos básicos e essenciais. (Veiga, 2000.)
34
quem mais evoluiu entre esse período e 1981/1985 (28%). No outro extremo, a
oitava colocada, Salvador ficou praticamente estagnada (0,6%).” (Ryff, 2001:
C-8 a C-10.)
35
crescimento da população rural, que foi de – 1,73% ao ano, no período 1991-
2000.
TABELA 3.1
POPULAÇÃO TOTAL, POPULAÇÃO URBANA E POPULAÇÃO RURAL DO NORDESTE E DA REGIÃO
SEMI-ÁRIDA DO FNE, NOS ANOS DE 1991 E 2000
ANO POPULAÇÃO POPULAÇÃO (Habitantes)
URBANA/POPULAÇ
ÃO TOTAL (%)
TOTAL URBANA RURAL
NORDESTE, 1991 60,52 43.751.261 26.477.750 17.273.511
NORDESTE, 2000 69,04 47.679.381 32.919.667 14.759.714
Taxa de Crescimento da População do Nordeste: 1991-2000 (%) 0,96 2,45 – 1,73
REGIÃO SEMI-ARIDA DO FNE, 1991 48,56 17.847.287 8.666.912 9.180.375
REGIÃO SEMI-ARIDA DO FNE, 2000 56,52 19.326.007 10.922.370 8.403.637
Taxa de Crescimento da População do Nordeste Semi-Árido: 1991-2000 (%)
0,89 2,60 – 0,98
FONTES DOS DADOS BÁSICOS: IBGE. Censo Demográfico de 1991 e Resultados Preliminares
do Censo Demográfico de 2000.
36
cidades de porte médio e, em seguida, para as cidades de qualquer tamanho. A
partir desses movimentos nasceram e cresceram as pontas-de-rua, como já foi
referido no item 1 anterior. Os problemas enfrentados pelos migrantes
tornaram-se mais graves, pois os locais de destino a que eles chegavam
também não dispunham de oportunidades de trabalho para oferecer. 22
22
A singularidade, em termos nacionais, do elevado processo de crescimento urbano observado
no Nordeste semi-árido tem a ver com a frágil base de recursos naturais dessa região,
potenciada pelos impactos socioeconômicos e político-institucionais das secas. Pode-se
argumentar que a Região de Brasília e Entorno do Distrito Federal também passa por intenso
processo de crescimento urbano. É verdade. Mas o crescimento urbano que ali se observa é de
outra natureza. Seus determinantes fazem parte da lógica de expulsão e atração populacional
que caracteriza as migrações em geral, e em particular das realizadas em direção às capitais e
regiões metropolitanas do País.
37
chegavam à Região. Neste sentido, foram mais privilegiados os grupos
econômicos e sociais de alta e média renda, residentes em capitais como
Salvador, Recife e Fortaleza, vindo na seqüência grupos da mesma categoria
residentes nas demais capitais de estado. O processo de desenvolvimento em
curso no Nordeste também propiciou benefícios aos grupos econômicos e
sociais liderados por oligarquias políticas fortes, dotadas de grande capacidade
de aglutinar interesses, destacando-se os de captação e realização de
investimentos públicos.
23
As informações sobre os Índices de Potencial de Consumo, calculados pela Gazeta Mercantil e
divulgados nos Balanços Anuais dos Estados, oferecem resultados semelhantes aos obtidos a
partir do PIB municipal, utilizados nos estudos da rede urbana brasileira. Pode-se chegar a
resultados de concentração similares utilizando os dados de arrecadação do ICMS para os
municípios dos diferentes estados do Nordeste. A situação examinada por essa última variável
(ICMS) mostra uma alta concentração atividades econômicas nas capitais, havendo aquelas que
arrecadam mais de 90% de toda a receita do ICMS estadual, como acontece com Fortaleza,
Natal e João Pessoa. Talvez se possa argumentar que esse resultado se deve à melhor
estrutura da máquina arrecadadora daquelas capitais, vis-à-vis à estrutura existente na grande
maioria dos municípios dos Estados respectivos (Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba). Mas as
evidências são muito fortes para deixarem de constituir motivo de preocupação, no que se
refere ao fato de a renda e a riqueza do Nordeste estarem fortemente concentradas nas
capitais dos estados da Região..
38
A economia do Nordeste está, assim, assentada sobre esses 25 núcleos
urbanos. Isto mostra porque ela continua frágil às crises, dentre as quais
continua cabendo papel destacado às secas. O crescimento das cidades na
Região tende, portanto, a ter escassa sustentação, porque se processa mais às
custas da expansão populacional do que do nível de atividade econômica. De
uma certa forma, as cidades nordestinas têm crescido como se fossem “cidades
feitas e refeitas” segundo a lógica do velho capital agrário-mercantil, rentista, 24
que ali vem exercendo seu domínio há quase dois séculos. Dominando o
aparelho de Estado, em escala local, os coronéis – velhos e novos – refazem
suas cidades. Ou, como diz, a profª Maria do Livramento Clementino, da UFRN,
refazem “uma certa cidade: nela as funções são variadas, porém, difusas,
indistintas. São ao mesmo tempo centros de controle da produção agrícola
voltada para a exportação, mercados para manobras especulativas e centros
participacionistas, clientelistas, de marcada estrutura burocrática,
administrativa. Enfim, cabide de emprego, campo aberto para os embates
decisórios de qualquer campanha eleitoral.” (Clementino, 1995: 93.)
24
Na linha também salientada, dentre outros, por Tânia Bacelar de Araújo. (2000: 390.)
39
3.5 ÁGUA MAIS DIFÍCIL
40
O desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos hídricos no Nordeste
pode ser demonstrado comparando a disponibilidade de água de suas
Unidades de Planejamento – ou Bacias Hidrográficas – com a capacidade de
armazenamento (ou de açudagem e de águas subterrâneas) de todos os
reservatórios e poços nelas construídos. De acordo com os estudos realizados, em
1991, pelo Projeto Áridas, o Nordeste contava com uma disponibilidade de 97,3
bilhões de metros cúbicos, para uma capacidade de açudagem de 85,1 bilhões de
metros cúbicos. (Gondim Filho, 1994: 10 e 78.) A diferença, em termos médios, é
de mais 12,1 bilhões de metros cúbicos. Esse número representa o excedente
total, médio, de recursos hídricos, naquele momento. O volume da oferta pode
ser ampliado, mediante a utilização de outros recursos hídricos locais,
mobilizando-se parte da potencialidade dos recursos hídricos existentes, ou
ampliando a disponibilidade, recorrendo, por exemplo, a estruturas de
transposição de águas de bacias hidrográficas de fora do Nordeste, como as
Bacias do Tocantins e do São Francisco.
Por haver mais oferta do que demanda, não significa que todas os espaços
do Nordeste disponham da água de que necessitam. A distribuição espacial da
oferta pode não ser, necessariamente, compatível com a localização dos
diferentes tipos de demanda. De fato, a distribuição espacial da demanda reflete
a dinâmica da urbanização observada no interior da Região, o que reforça as
evidências de conflitos entre oferta e demanda de água em várias sub-regiões
do Nordeste. Esse desequilíbrio resulta mais das escassas disponibilidades de
recursos hídricos e da distribuição espacial dos açudes, do que da capacidade
25
A demanda ecológica, de acordo com os estudos do Projeto Áridas foi considerada como
correspondendo a 10% do escoamento superficial disponível.
26
Dentre os dez açudes e barragens com essa capacidade, destacam-se os seguintes:
Sobradinho (que pode acumular 34,7 bilhões de metros cúbicos), Itaparica (com cerca de 15
bilhões de metros cúbicos), Xingó (com cerca de 5 bilhões), Armando Ribeiro Gonçalves (com
2,2 bilhões) e Orós (com 2,1 bilhões).
41
de armazenamento. A concentração de uma grande parte do volume de água
armazenável em um reduzido número de açudes constitui indicador de
inadequação da distribuição de água em várias sub-bacias do semi-árido
nordestino. As evidências a este respeito são mais efetivas nos estados
caracterizados pela presença de bacias carentes, como ocorre nos Estados do
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Os maiores problemas de
atendimento da demanda de água estão referidos ao abastecimento da
chamada demanda rural difusa (água para consumo doméstico e dos
animais, ao nível das fazendas) e da demanda urbana municipal (água para
consumo doméstico e para os serviços urbanos das capitais e cidades do
interior).
“O mesmo canal que alimenta as terras dos Coelho cruza os 615 hectares da fazenda
Mapel, que, há um mês, foi invadida por 500 sem-terra. A invasão foi inspirada no exemplo da
fazenda Catalunha, 2.500 hectares de terra irrigados no município de Santa Maria da Boa Vista
(BA) pertencentes ao genro do senador Antonio Carlos Magalhães, César Matta Pires, um dos
donos da empreiteira OAS. O Incra comprou a fazenda e fez o assentamento. Os novos
invasores não querem apenas a terra. Querem água de graça e financiamento para a irrigação.
27
“Aqui todo mundo toma dinheiro emprestado para irrigar. Por que nós não podemos fazer
isso também?”, pergunta-se Antônio Félix, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
27
Os grupos aqui referidos têm força considerável. Mas não utilizam água gratuitamente. A
menos que se considere gratuita a água produzida por meio da construção de um açude em rio
ou riacho localizado no interior de uma propriedade privada, por seu dono. Há um evidente
exagero nessa informação. O acesso às águas captadas do São Francisco por meio de
estruturas públicas é feito mediante o pagamento de uma tarifa de água cobrada, diretamente,
pela Codevasf ou pelos Distritos de Irrigação.
42
Petrolina e líder da invasão. Ele é mais um dos que temem a privatização da Chesf. “Se é difícil
conversar com o governo, imagine com os estrangeiros.” (Fernandes, 1999.)
43
rurais; programas de habitação popular; programas de geração de emprego e
renda; programas de educação ambiental; programas de apoio a micro e
pequenos empresários, ligados a atividades artesanais, industriais e de serviços,
inclusive modernos, como os ligados à área de informática; constituição de
associações de usuários da água; constituição e operação de cooperativas de
produção de negócios rurais e pequenos negócios não-agrícolas; constituição e
operacionalização de serviços de assistência técnica a pequenos produtores
rurais; constituição e operação de organizações não-governamentais
prestadoras de serviços de assistência técnica e de proteção e conservação
ambiental.
4. DISCUTINDO O FUTURO
44
absoluto de US$ 354,0 bilhões e um aumento percentual de 492,6%. O
crescimento relativo do PIB do Brasil, entre os dois anos referidos, foi superior
ao do Nordeste em 25,3 pontos percentuais. Por esse indicador, a economia do
Nordeste apresentou dinamismo considerável. A participação do PIB do
Nordeste no PIB do Brasil manteve relativa constância, tendo se situado nos
limites de 12 a 17% nos anos do período 1965-1999, como mostram os dados
da tabela 4.1. 28
28
Os maiores valores médios da relação “PIB do Nordeste/PIB do Brasil”, que aparecem nos
cálculos da Sudene, vis-à-vis os calculados pelo IBGE, são devidos a diferenças nos deflatores
implícitos utilizados pela Sudene e pelo IBGE.
45
TABELA 4.1
INFORMAÇÕES SOBRE O PRODUTO INTERNO BRUTO-PIB DO NORDESTE
46
A contribuição antes referida pode ser mais ampliada na dependência da
utilização produtiva que vier a ser dada às terras ociosas existentes na Região.
Essa ociosidade seria alterada incorporando-se tal recurso mediante a execução
de programas dinâmicos de reforma agrária. Trata-se de questão antiga, mas
não ultrapassada, que deve estar referida ao contexto de uma nova política,
orientada para a constituição de novas atividades econômicas, das quais
dependerá a geração de mais emprego e renda. Fazemos em relação ao
Nordeste a mesma indagação feita por Celso Furtado, no tocante ao Brasil:
haveria outras opções de emprego tão fácil, como as da agricultura, para
milhões de nordestinos? (Furtado, 1999: 100.)
TABELA 4.2
NORDESTE. PARTICIPAÇÃO DO PIB SETORIAL NO PIB GLOBAL DA REGIÃO, EM ANOS DO
PERÍODO 1960/1999
ANO PARTICIPAÇÃO (%)
AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS TOTAL
1960 30,5 22,1 47,4 100,0
1970 21,0 27,4 51,6 100,0
1980 17,3 29,3 53,4 100,0
1990 13,3 28,5 58,2 100,0
1999 (1) 9,7 26,0 64,3 100,0
FONTE: SUDENE. Boletim Conjuntural Nordeste do Brasil, nº 07. Recife-PE, SUDENE,
agosto, 2000. (Tabela 55, p. 322.)
29
Cf. expressão utilizada por Maia Gomes. (2001: 148-149.)
47
recursos são administrados com um mínimo de eficiência, dando lugar à
estruturação de pequenos negócios não-agrícolas, assentados na criatividade da
população, especialmente da urbana.
48
carga e de passageiros em áreas semi-áridas de vários dos estados do Nordeste,
complementada pelo plantio e comercialização da maconha (Cannabis sativa) nos
espaços dotados de melhores recursos de solo e água. A maconha tem chegado a
ser plantada no interior de Projetos Públicos de Irrigação, sem que os
administradores públicos possam coibir tal prática, com medo de represálias por
parte dos que ali atuam ao arrepio da lei. Contribuindo para ampliar o
crescimento da população urbana no semi-árido, a ausência/redução das
migrações inter-regionais também tem favorecido para jogar nos braços da
violência pessoas sem acesso ao mercado de trabalho formal.
TABELA 4.3
NORDESTE. SETORES SELECIONADOS DA ECONOMIA DO SERTÃO. VALORES APROXIMADOS
DA RENDA APROPRIADA LOCALMENTE, REFERIDOS AO ANO DE 1999
49
também teve perda de posição entre os mesmos anos de 1990 e 1995, perda,
aliás, que se manteve durante toda a década de 1990. A participação do PIB do
Nordeste no PIB do Brasil foi crescente de 1960 (com 13,2%) a 1989 (com
18,6%) e decrescente de 1990 (16,7%) a 1999 (17,2%), em relação a 1989,
como se vê na tabela 4.1, anterior.
De certa forma, esses novos espaços têm sido considerados nos estudos
e propostas de desenvolvimento para a Região. A última contribuição
importante a este respeito corresponde ao documento produzido, em 1999,
pela antiga Secretaria Especial de Políticas Regionais: Nordeste – uma
Estratégia para Vencer o Desafio da Seca e Acelerar o
Desenvolvimento (Albuquerque, 2000-b), publicado pela Sudene. Captando
as particularidades da dinâmica das economias brasileira e nordestina, aquele
documento propõe uma regionalização programática para o Nordeste,
estruturada em torno de seis Áreas Estratégicas, assim denominadas:
ii. Pré-Amazônia;
iv. Semi-Árido;
vi. Cerrados.
50
cada uma daquelas seis Áreas Estratégicas, embora elas estejam referidas a um
ano apenas – o de 1996.
51
estruturada dos agentes interessados. A soldagem desses elementos continua
sendo possível, mas ela só tem sido concretizada ali onde o planejamento das
ações tem estado pressente. Em síntese, as possibilidades estão referidas ao
processo concreto de elaboração de planos de desenvolvimento sustentáveis
para um determinado espaço (região, sub-região ou município) que, ao final e
ao cabo, possam ser efetivamente implementados.
sendo comandado atualmente por iniciativas executadas em áreas:
De pólos industriais;
De agricultura irrigada;
52
construção civil e a prévia aquisição de terrenos em áreas privilegiadas – e de
muito prestígio junto à máquina de Estado.
53
estruturar decisões de investimento que interessem – economicamente – a
grupos empresariais do Nordeste do Sudeste e do Sul, em parceria com o
Estado. 30 Indo um passo adiante, é possível admitir que as decisões de
investimento caracterizam-se, neste sentido, como insumo e produto da
construção de novos e dinâmicos interesses políticos, que atuam, por sua vez,
como cimento de consolidação de uma bem concebida proposta de
desenvolvimento para o Nordeste.
30
Não estão sendo deixadas de lado as articulações de dependência entre os setores
empresariais do Nordeste e os do Centro-Sul. Reconhece-se, como tem sido assinalado por
vários economistas, que, “Por conta do sistema de incentivos fiscais, muitos empreendimentos
situados no Nordeste são controlados por empresas cujas sedes administrativas encontram-se
em São Paulo, uma vez que a Região não possui uma classe empresarial suficientemente forte.
No momento em que a crise dos anos 80 eclodiu, os empresários tentaram preservar as suas
empresas localizadas no Centro-Sul, investindo menos nas suas empresas do Nordeste.”
(Holanda, 1996: 192.)
31
A elaboração deste item beneficiou-se das informações levantadas e sistematizadas pelo
autor em estudo publicado na Revista Econômica do Nordeste. (Carvalho, 1994.)
54
pesquisar novas riquezas minerais no Nordeste (Braga, 1962), que poderiam
contribuir para a ativação da economia nacional. 32
55
Básico dos Sistemas da Transposição, estruturados de forma a permitir a
transposição efetiva de 150 m³/s de água para os Estados do Ceará, Paraíba e
Rio Grande do Norte. Aqueles estudos foram retomados pelo Ministério da
Integração Nacional, em 1999, aprofundando as alternativas técnico-econômicas
de obras e detalhando os serviços de campo, de topografia e geotecnia. Esses
novos estudos estiveram a cargo de três consórcios de empresas privadas,
adiante referidas.
35
Esse Projeto constituiu uma iniciativa de todos os estados do Nordeste, conduzida nos anos
de 1993/94, sob a coordenação da antiga Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação
da Presidência da República (SEPLAN-PR). Sua coordenação técnica esteve a cargo de Antônio
Rocha Magalhães (pela SEPLAN) e Carlos Luiz de Miranda (pelo Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura-IICA).
36
Referidas na Bibliografia.
56
a ter, com o Programa de Revitalização do Rio São Francisco, concebido
e aprovado a partir e como resultado dos estudos realizados para a viabilização
do Projeto de Transposição, exatamente em decorrência das exigências de
recuperação ambiental da Bacia do São Francisco. Sem a iniciativa do Projeto
de Transposição, com certeza, ainda não se teria podido elaborar o Programa
de Revitalização do Rio São Francisco, proposto pelo Ministério do Meio
Ambiente-MMA.
37
Em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio da Fundação de
Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais-FUNCATE, vinculada ao Instituto de Pesquisas
Espaciais-INPE.
57
pela Codevasf, no bojo do Projeto de Desenvolvimento do Semi-Árido, batizado
de Projeto Semi-Árido. (MI. Codevasf, 1999.)
38
Incluindo-se as alternativas estudadas pelo DNOS, avaliadas pelo DNAEE.
58
TABELA 4.4
DISTRIBUIÇÃO DAS VAZÕES A SEREM BOMBEADAS, POR ESTADO (m³/s), NOS EIXOS NORTE
E LESTE
ESTADO EIXO NORTE EIXO LESTE TOTAL
Paraíba 10 10 20
Ceará 40 - 40
Rio Grande do Norte 39 - 39
Total Transferido 89 10 99
Pernambuco (*) 10 18 28
TOTAL 99 28 127
FONTE: Ministério da Integração Nacional-MI. Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica-SIH (2000)-
Projeto São Francisco. Brasília-DF, MI/SIH, janeiro, 2000. Xerox.
(*) Distribuição de 8 m³/s para o Agreste e de 10 m³/s para a Bacia do Moxotó.
39
Essas obras estão previstas na alternativa de transposição/regularização de águas trabalhada
pela Codevasf no Projeto Semi-Árido.
59
problemas ambientais, mas essas questões foram ali tratadas com profundidade
e extensão suficientes para serem aprovadas. A não aprovação do RIMA pelo
Ibama não é definitiva. O assunto voltará, com certeza, a ser encaminhado ao
Órgão Nacional do Meio Ambiente, oportunamente, acrescido das informações e
esclarecimentos que eventualmente tenham sido solicitadas por aqueles OEMAs
e pelo mesmo Ibama. É uma questão de tempo e de conjuntura política.
60
setor elétrico. As empresas desse setor sempre trabalharam com horizontes de
planejamento superior a 20 anos. Puderam, inclusive, controlar situações
difíceis, como as administradas, via racionamento, em 1989, no governo do
Presidente Sarney.
61
5. GRANDES QUESTÕES PARA O NORDESTE DO TERCEIRO
MILÊNIO
No Nordeste, o preço da água ainda não é pago por todos, mas pode vir
a ser, no futuro. Enquanto isso não acontece, a produção e distribuição de água
são realizadas a custos mais elevados do que os praticados em condições de
62
maior eficiência de uso combinada com cobertura completa de custos. O
balanço hídrico entre oferta e demanda de água no Nordeste indica a existência
de uma oferta média superior à demanda. Na prática, porém, essa situação é
desfavorável em muitos espaços da Região, porque há um grande número de
bacias hidrográficas nas quais há insuficiência de oferta frente às demandas. A
busca do equilíbrio é feita por intermédio da produção adicional de água,
armazenada por meio da construção de açudes, adutoras e cisternas, além da
perfuração de poços.
63
5.2 NOVAS FORMAS DE CIDADANIA: DA POSSE DA TERRA À
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
64
político em vários municípios do Nordeste, onde estão sendo eleitos prefeitos e
vereadores de oposição. Os trabalhos de base comunitária que vão sendo ali
viabilizados favorecem a superação de algumas carências básicas na prestação
de serviços essenciais, como os de saúde e educação. Embora ainda não haja
uma maior independência dos recursos financeiros aplicados localmente pelo
governo federal e pelos governos estaduais, já é possível observar a criação de
novas forças políticas, em escala municipal.
O caráter reformista das ações realizadas pela Sudene por pouco não a
levou a ser extinta, em 1964. Sua continuidade resultou de muito esforço das
lideranças progressistas do Brasil. Esforço compensado. Por permanecer em
atividade, estudando e pensando os problemas do Nordeste no contexto
nacional, a Sudene contribuiu para que os problemas centrais da Região não
fossem relegados a plano secundário. Ainda que as situações enfrentadas
tenham sido crescentemente difíceis, a Sudene pôde produzir estudos, formular
diretamente e promover a elaboração de planos e programas para a Região
como um todo, considerando sempre as especificidades econômicas e
socioambientais do Nordeste. Neste sentido, a Superintendência manteve-se
ativa na defesa de soluções socialmente adequadas aos problemas nordestinos.
Identificou e quantificou as disponibilidades de recursos naturais, formulou
inúmeras alternativas para resolver a questão agrária, estruturou opções de
desenvolvimento global e setorial, para espaços selecionados, e colaborou
positivamente para a instituição de modernos processos de gestão, nas
diferentes esferas de governo, com ênfase, inicialmente, nas administrações
estaduais.
Mas uma das realizações essenciais da Sudene está referida ao seu papel
de unificação e integração de demandas e soluções ou alternativas de soluções
para os problemas da Região em seu conjunto. Esse papel pôde ser
desempenhado graças ao seu Conselho Deliberativo, no qual tinham assento os
governadores dos estados do Nordeste. Daí as decisões adotadas por esse
Colegiado terem podido assumir consistência política intrínseca. A Sudene, na
qualidade de Secretaria Executiva do Conselho Deliberativo, atuava como
instância técnica e o Conselho como instância política. Juntos, articulavam
processo técnico e processo político. As decisões de política econômica
eram aprovadas pelo Conselho Deliberativo, que se reunia, ordinariamente,
uma vez por mês. Por meio do Conselho, o Nordeste sempre foi ouvido em suas
horas difíceis. Muitos Presidentes da República consideraram indispensável falar
65
do palco representado pelo Conselho – inclusive durante os governos militares
–, quando queriam fazer-se ouvir em assuntos que dissessem respeito aos
nordestinos e às suas causas sociais.
66
dessa nova Agência de Desenvolvimento do Nordeste-Adene, convém refletir
um pouco sobre os seguintes aspectos:
40
A “Cassa” foi extinta sem cumprir a missão de eliminar as desigualdades regionais entre o Sul
(região do Mezzogiorno) e o Norte do Itália. Naquele país continuam sendo realizados esforços
para a criação de instrumentos extraordinários de redução das desigualdades regionais no
Mezzogiorno. A formulação de um Plano Nacional de Infra-estrutura e Segurança do
Mezzogiorno – voltado inclusive para a geração de empregos e para a gestão do território e a
segurança ambiental – a partir de Proposta de Lei (popular), formulada com apoio do Partido
da Refundação Comunista, constitui um dos exemplos recentes das medidas a este respeito.
(http://www.rifondazione.it/mezzogiorno).
67
de l'Aménagement du Territoire et de l'Environnement.
(http://www.datar.gouv.fr);
Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste-Sudene, instituída em 1959, foi extinta pela Medida Provisória nº
2.145, de 02 de maio de 2001;
68
As oligarquias – conservadoras, modernizadas ou modernas – do
Nordeste têm constituído a força motriz das instituições antes referidas. Sua
força tem sido potenciada por bem estruturadas articulações com o governo
federal e grupos privados de outras regiões. Embora seu peso político e
econômico sejam consideráveis, nem sempre têm conseguido manter seus
territórios. Por isso a Sudene foi extinta e o DNOCS ainda vai conseguindo
sobreviver. O Banco do Nordeste passou por processo de reestruturação e a
Codevasf ganhou espaço político, ampliando sua área de atuação ao Vale do
Parnaíba.
69
Nacional de Estradas de Ferro-DNEF, o Departamento Nacional de Portos e Vias
Navegáveis-DNPVN, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-
DNOCS, o Departamento Nacional de Obras de Saneamento-DNOS e o
Departamento Nacional de Endemias Rurais-DNERU.
No final dos anos 80, adentrando o começo dos anos 90, o aparelho de
Estado brasileiro passou por um grande processo de desmonte. Dali em diante,
as Empresas Públicas seriam – de alguma forma – substituídas pelas Agências
– Executivas e Reguladoras –, bem distintas dos Ministérios e Secretarias
Formuladoras de políticas públicas (as Secretarias Nacionais). As Agências
Executivas implementam as políticas e programas definidos pelo núcleo
estratégico do Estado, enquanto as Agências Reguladoras, por serem mais
autônomas do que as executivas, definem “os preços que seriam de mercado
em situações de monopólio natural ou quase natural. As Agências
Reguladoras devem ser mais autônomas do que as executivas porque não
existem para realizar políticas do governo, mas para executar uma função mais
permanente que é essa de substituir-se aos mercados competitivos.” (Bresser
Pereira, 1997: 43.)
Vive-se hoje, portanto, a fase das Agências, cuja lógica está pautada
pela presença do Estado mínimo. O discurso que defende as Agências não é
mais o da eficiência do setor público, mas o da regulação de serviços públicos,
transferidos, via privatização, ao setor privado. Foi o que aconteceu em setores
como os de telecomunicações, energia, transporte, recursos hídricos e se
começa a vislumbrar em áreas de saneamento básico.
41
O modelo nacional de empresas públicas foi replicado em todos os estados brasileiros, para
quase todos os setores.
70
capacidade de o Estado resolver os problemas identificados. Seria necessário,
ainda, examinar “se em circunstâncias nas quais há de fato uma falha de
mercado e nas quais a regulação não provoca falhas de Estado ainda mais
custosas do que as de mercado é realmente o caso de criar uma agência
reguladora.” (Oliveira, 2001: 5-2.)
71
Assim pensada, a proposta da Adene tenderia a ser mais realista. O papel da
Adene na promoção do desenvolvimento sustentável poderia, neste sentido, ser
mais efetivo, a considerar os resultados das experiências realizadas em países
industrializados, onde o poder local está ocupando progressivamente novos
espaços da ação pública.
Uma parcela dos estudos referidos sobre essa matéria sugere escassas
possibilidades de retomada do processo de planejamento regional no Nordeste.
Não há como negar isso. Mesmo assim, ali continuam sendo implementadas
várias ações de desenvolvimento concebidas como fruto do trabalho planejado.
Uma parte delas ainda constitui o resultado das políticas e estratégias adotadas
no início dos anos 60 do século passado, como as de apoio à industrialização, à
72
DNOCS e Codevasf – e dos governos estaduais. As descontinuidades
começaram nos anos 80, quando a capacidade de planejamento e de
financiamento do desenvolvimento, por parte do Estado, também já referida,
começou a perder o impulso antes observado.
Ceará: Plano de Desenvolvimento Sustentável: 1995-1998;
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte;
Paraíba: Plano de Desenvolvimento Sustentável: 1996-2010;
Pernambuco 2010: Estratégia de Desenvolvimento Sustentável; e
Bahia: Plano Plurianual: 1996-1999.
42
Esses estudos, estruturados na perspectiva regional, foram apoiados pela Secretaria de
Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República – SEPLAN/PR,
posteriormente transformada em Ministério do Planejamento e Orçamento-MPO.
73
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Sertão de Pernambuco;
43
A Sepre foi extinta em 1999, tendo seu espaço institucional sido coberto pelo Ministério da
Integração Nacional, criado pela Medida Provisória nº 1.911-8, de 29.07.99.
74
As propostas de planos e programas antes referidas poderiam ser
implementadas sem grandes esforços técnicos. Bastaria promover ajustes de
programação (de atualização e/ou aprofundamento), em articulação com os
governos estaduais e instituições federais – setoriais ou regionais. Desse
mesmo esforço deveriam participar as instâncias representativas das classes
patronais, das classes trabalhadoras e dos setores não-governamentais.
75
As questões básicas de fundamentação obrigam-nos, (...), a entender a pobreza e a privação
da vida que as pessoas realmente podem levar e das liberdades que elas realmente têm.” (Sen,
2000: 114.)
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