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JUSTIÇA E VIGILÂNCIA: SUPER-HERÓIS REAIS COMBATEM O CRIME

por Neal Karlinsky e Jessica Hopper, para a ABC News


07/01/2010

Trajando roupa colante e cinto, uma capa e um chapéu elegante, Phoenix Jones enca-
ra mais uma noite de combate ao crime nas ruas de Seattle. Ele é o líder de um movimento
de super-heróis reais. “Não vou permitir que as pessoas sofram ataques e nada seja feito”,
promete. Ele comanda o Rain City Superheroes (super-heróis da cidade da chuva), grupo de
dez lutadores que encarnam vigilantes na cidade. “A mensagem é simples. Cidadãos mere-
cem mais atenção. Até podem ligar para o 911, mas às vezes isso não é suficiente”, explica
Jones. “Criminosos se sentem livres para agir na minha cidade, e isso é algo que não vou to-
lerar”.
Super-homem pode voar, Batman tem os acessórios e o Homem Aranha, suas teias e
sentidos super apurados. Red Dragon e Buster Doe têm apenas seus trajes legais e o entusi-
asmo sem fim para proteger Seattle. Dragon veste kimono vermelho e porta uma espada de
madeira. Buster cobre o rosto com um cachecol branco. Jones explica que criou seu traje e
seu nome de combate quando suas maneiras de combater o crime o fizeram ser reconhecido.
“Quando comecei a separar brigas, não me vestia de herói, não tinha nome, nem símbolo. As
pessoas começaram a me reconhecer enquanto eu seguia com minha vida normalmente. Por
isso ficou perigoso e desconfortável. Esta roupa de herói é o que faz as pessoas me reconhe-
cerem. Quando estou sem ela, vivo minha vida do modo mais normal possível. Quando visto
ela, estou pronto para defender os habitantes de Seattle.
Jones não dispõe de um Alfred, assim como Batman, para ajudá-lo ou construir no-
vos acessórios legais, mas adaptou seu carro e traje para protegê-lo. Ele veste colete à prova
de bala e carrega uma arma de choque, um canhão que dispara redes e um gancho com cor-
da. Seu carro é equipado com computador que imprime todas as mensagens enviadas.
Na noite em que a reportagem da ABC News esteve ao lado de jones, o herói mascarado dis-
parou em forma de alerta com a arma de choque durante uma perseguição tensa a um homem sus-
peito de dirigir bêbado. “Pare com isso! Diminua a velocidade! Tenha cuidado! Eu não quero ter
que usar esta arma em você”, gritou Jones para o suspeito.

“Eu sei o que vocês estão fazendo. Ok. Mas se um sujeito está bêbado e repentinamente per-
cebe alguém mascarado perseguindo-o...”, um policial alertou Jones. A polícia está perplexa e preo-
cupada com este grupo de pessoas que se transformaram em vigilantes. Eles duvidam que os supos-
tos atos de super-heróis tenham evitado qualquer crime. “Nossa preocupação é que se algo der erra-
do, seremos acionados do mesmo jeito, e podem haver mais vítimas”, explica o detetive Mark Jami-
eson. Jones conta que ele sempre liga para a polícia com antecedência para informar onde estará pa-
trulhando. Diz ainda que o traje de super-herói é crucial para ajudar a polícia a reconhecê-lo e inti-
mida a ação de alguns dos criminosos.

“Se você combate o crime à paisana, a polícia não te reconhece, não sabe quem é bom e
quem é mal. Este meu traje, que é bem chamativo, é um recado às pessoas, traficantes e criminosos.
Quando eles virem alguém vestido assim, seja eu ou qualquer outro do grupo, estamos dizendo que
somos contra os crimes que eles estão querendo praticar”, explica Jones.
A polícia de Seattle esclarece que não é ilegal se vestir como um super-herói, mas teme liga-
ções excessivas para o 911 se residentes confundirem Phoenix Jones e os outros super-heróis da
vida real com criminosos. Consideram que agir como super-herói pode ser perigoso, mas Red Dra-
gon discorda, dizendo que as pessoas que eles confrontam raramente reagem. “Se você se aproxima
de alguém com a atitude certa, este não vai querer complicar as coisas. Na maioria das vezes, foge”,
explica.

A rotina de Jones para ajudar seus conterrâneos parece ter saído do filme “Kick Ass - Que-
brando tudo”, cujos personagens se vestem como super-heróis para combater crimes. Jones tem um
emprego comum e trabalha das nove às cinco. É casado, pai de duas crianças e conta à reportagem
que um incidente com um de seus filhos o inspirou a encarnar um super-herói. Certa noite, alguém
quebrou a janela do carro dele e ele estava dentro. Os estilhaços feriram seu filho, o que resultou
numa ida urgente ao hospital. Quando contaram a ele que várias pessoas testemunharam o que
aconteceu e ninguém interferiu, ficou perplexo. “Moleques andam por aí roubando carros e nin-
guém faz nada? Como é que fica isso?”, desabafa. E enfatiza que sua missão é ajudar as pessoas.
Ele também entrega alimentos a moradores de rua. Na noite que a reportagem da ABC News
esteve com ele, o grupo distribuiu lanches do Taco Bell (rede de fast food popular nos EUA) para
pessoas em situação de rua sentadas à calçada. Enquanto a polícia se mantém cética, Jones e sua
turma de heróis não pensam em parar. “Eu tenho dois filhos”, explica. “Eu falo para eles a mesma
coisa toda vez que saio para a rua: ‘isso é a única coisa que o papai pode fazer para fazer um mundo
melhor. Vejo vocês assim que eu voltar”.

Link para texto original, em inglês:

https://abcnews.go.com/US/real-life-superhero-phoenix-jones-tackles-streets-seattle/story?id=12562715

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