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Marcelo Gonzalez é detetive no departamento de inteligência de

Chicago. Adorável e muito carinhoso, ele não busca o amor, mas sua vida
muda ao conhecer Elizabeth, a garota que vai morar com ele e vira sua
cabeça e coração de cabeça para baixo.
Elizabeth Miranda é uma jovem moradora de rua que sonha em ser
dançarina. Vítima de uma bala perdida num tiroteio entre a polícia e
criminosos, ela conhece Marcelo, o policial que quer ajudá-la. Lizzie não
imagina que pode se apaixonar, até se encantar com o belo homem que
tomou seu coração com seu jeito doce de ser.
Marcelo e Elizabeth viverão momentos tensos e prazerosos e a única
certeza que eles têm é de que sempre estarão nos braços um do outro.
Este é um romance erótico e pode conter gatilhos e temáticas
delicadas como álcool, drogas, depressão, abusos, violência, incluindo temas
de consentimento questionável, linguagem imprópria e conteúdo sexual
gráfico. A autora não apoia e nem tolera as ações e comportamentos dos
policiais retratados neste livro. A atenção do leitor é aconselhada. Não leia se
não se sente confortável.
Esta é uma obra de ficção destinada a maiores de 18 anos.

Este livro é a extensão do conto “Em Meus Braços”, também da autoria


de Caroline Santana, publicado na antologia “Hot com Amor”, pela CK
Books, que conta com a participação de Déborah Felipe, Nancy Scarlett-
Hayalla e Mari Canan.
Este livro é para todas as pessoas que buscam o amor e desejam estar
nos braços da pessoa amada. Não desistam nunca dos seus sonhos, porque
eles podem se tornar realidade. Aproveitem as boas notas de blues e uma
ação interminável. Se deliciem com esse romance quente e sensual, que irá
tirar seu fôlego à cada página lida.
“Em meus braços é o seu lugar.”
— Caroline Santana
Meu corpo doía por conta do frio exagerado que fazia naquele local.
Há exatos trinta minutos, esperávamos nosso fornecedor de armas para um
encontro e nada dele aparecer. Antonio se aproximou de mim e esfregou as
mãos, tentando esquentá-las e pela fumaça que saiu de sua boca, ele devia
estar congelando.
— Cacete, aquele cara está atrasando nosso esquema. — Reclamou.
— Tony, respira fundo.
— Respira fundo o caralho, Marcelo, temos prazo.
— Eu sei, mas o que podemos fazer? — Tentei manter a calma. Eu
não podia fazer nada até ver as armas ilegais que chegariam e as mesmas
fossem entregues. Estava trabalhando a meses infiltrado naquele caso, não
podia pôr tudo a perder.
— Eu vou meter bala na cara daquele idiota! — Respirei fundo.
— Ele está chegando. — Informei, apontando para um carro vindo
devagar em nossa direção com os faróis acesos. Estava tudo correndo como o
esperado. A minúscula câmera estava dentro da minha jaqueta, onde a
inteligência de Chicago conseguia ver tudo o que acontecia ali e somente
aguardavam a ordem de nosso sargento para que pudéssemos entrar em ação.
— Maurice… — Antonio se aproximou quando o rapaz ruivo de
óculos escuros e jaqueta de couro, estilo bad boy, saiu do carro com uma
arma na mão, travada, querendo apenas se garantir, junto com seus dois
comparsas que serviam de segurança para ele naquele momento.
— Quem é o garoto? — Apontou para mim.
— Ele é meu parceiro. Trouxe o produto?
— Coloca a mão no carro! — Ele apontou a arma para mim.
— Qual é Maurice, não confia mais em mim? Já disse, o cara é do
bem.
— Em você eu confio, não nele. James, revista ele. — Coloquei a
mão no capô do carro e deixei que o homem moreno, mais alto que eu,
procurasse por alguma arma ou escuta. Era sempre dessa forma, já estava
acostumado.
Encarei a fundo e sem medo, os olhos do grandalhão, que abriu o
porta malas do carro, onde lá, continham diversas malas, tipo aquelas de
viagem.
Não esbocei reação alguma, diferente de Antonio, que abriu um
sorriso, empolgado com a situação e se aproximou, vendo as muitas armas
dentro das malas.
Faltava pouco.
— Oi belezinhas, seu novo papai está aqui… — Quase revirei os
olhos. Filho da puta, desgraçado. Que vontade eu tinha de socar a cara de
Tony e de todos que estavam ali por estarem cometendo crimes. Respirei
fundo, ainda quieto. — Marcelo, vem ver.
— Anda logo com isso, cara, não temos a noite toda. — Disse ao meu
amigo e ele me olhou.
— Temos sim…
— Não, não temos. — Maurice falou mais grosso e tocou em meu
ombro, apertando-o com força. — Escuta seu amiguinho e vai logo, Antonio.
Cadê a grana?
— Está no carro, eu vou buscar. — E assim ele foi. Maurice ainda
olhava para mim e mantinha sua mão em meu ombro.
— Você me parece familiar.
— Todos dizem isso, deve ser porque meu irmão mora na rua. Somos
muito parecidos. — Aquela enrolação básica que me enchia todas as vezes,
mas meus olhos estavam atentos ao movimento.
— Pronto… aqui está sua grana… novecentos mil em dinheiro vivo,
amigão.
James pegou a pasta da mão de Tony e abriu no exato momento em
que pude ouvir meus amigos policiais gritarem, engatilhando suas armas
correndo na direção onde estávamos. Não pude deixar de fazer o mesmo ao
ver Maurice, James e Antonio sacando suas armas também.
— Polícia de Chicago, mãos para cima. — Gritei.
— Cara, você armou pra nós… — Maurice correu e um dos meus
parceiros atirou contra ele, sem sucesso ao acertar. Deixei para eles a tarefa
de pegar Maurice, eu queria mesmo era Antonio, que me olhava assustado
com sua arma engatilhada em minha direção.
— Eu confiei em você e você é da polícia?
— É, nem sempre dá para ser do mesmo time. — Ironizei. — Abaixe
essa arma agora, Tony. Não piora as coisas para você.
— Piorar? Você já fodeu com tudo. Eu não vou voltar para a cadeia,
Marcelo, sinto muito.
— Tony, não!!!
O disparo foi dado no mesmo momento em que corri em sua direção e
mirei seu braço para cima, fazendo ele atirar no ar, mas como se isso não
bastasse, um dos capangas começou a atirar, fazendo minha equipe revidar.
Tony já estava no chão sendo imobilizado por mim e carregado por
Ryder, meu parceiro, para o carro. Eram se ouvidos gritos e lá no fundo, pude
ouvir a voz de uma mulher. Pensei na hora ser Luna ou Allie, nossas
detetives, mas ao olhar na direção delas e ver que estavam intactas, meu
sangue gelou e a única coisa que eu consegui pensar foi: acertamos um civil
da comunidade ao lado.
Merda.
Meus olhos correram pelo local e então eu a vi, caída no chão com a
mão em seu peito e a mancha de sangue em seu casaco azul claro sujo e
imenso para o seu pequeno corpo.
— Marcelo, temos um ferido. — Lev gritou e dois bandidos foram
baleados nos segundos seguintes, cessando a troca de tiros de polícia contra
os marginais.
Corri em direção à moça caída no chão, buscando ajuda médica no
meu rádio acoplado no colete a prova de balas.
— 50-13 George, envie uma ambulância para Hyde Park Blvd,
esquina com a Lakeshore Drive. Temos três feridos e policiais à paisana no
local.
— Entendido 50-13 George, enviando ambulância para Hyde Park
Blvd, esquina com a Lakeshore Drive.
Me abaixei diante do corpo daquela moça de cabelos escuros e franja
caindo no rosto e pressionei o local do ferimento que antes ela pressionava.
— Moça, consegue me ouvir? Eu sou o detetive González, vai ficar
tudo bem.
— Eu… estava andando e caí… eu… não quero morrer… — O
desespero e dificuldade em sua voz eram massacrantes e ela queria chorar, o
que tornava tudo mais sofrido de ver.
— Vou fazer de tudo para te ajudar, apenas fique acordada e olhe para
mim. Eu não vou te deixar aqui, entendeu? Fica comigo.
O erro era nosso ou dos nossos rivais.
Uma bala perdida em um civil não era algo comum de ocorrer na
nossa equipe, então quando acontecia, era desesperador.
Trabalhamos com o mesmo propósito dos médicos, salvar vidas, da
violência, dos abusos, caos e tirar uma vida inocente, era um fardo pesado
para se carregar e eu não queria ter de carregá-lo.
Eu estava ali, pressionando o ferimento de bala dela, ouvindo as
sirenes das ambulâncias se aproximando enquanto encarava seus olhos e não
os desviava para nada. Seu rosto era tão delicado e mesmo com marcas de
sujeira de pó, que devia ser do chão, ela era a mulher mais linda que eu já
havia visto na minha vida.
Eu não conseguia, ou não queria, parar de olhá-la e quando os
paramédicos se aproximaram e me distanciaram dela, foi o fim.
Meu mundo se acabou, mas nossos olhares não foram perdidos.
Eu estava perdido, temendo pela vida daquela garota que, mais parecia
uma criança de tão delicada que era e a única coisa que conseguia pensar era:
aquilo tudo era culpa minha?
Meus pés batiam impacientemente no chão daquele gelado corredor
de hospital no tardar da noite. A garota cujo ainda não sabia o nome, estava
em cirurgia há duas horas e eu não tinha nenhuma resposta.
Estava aflito com a situação.
Desde o ocorrido, não havia colocado uma migalha sequer de comida
na boca e não estava pensando em fazer isso tão cedo.
Eu fui o único que teve disposição para ficar ali a noite.
Na verdade, me sentia na obrigação de fazer aquilo.
Eu tinha que estar no comando aquele dia, a falha havia sido minha
por não ter interrompido aquele quase massacre, que ocorreu bem na frente
dos meus olhos. Eu teria uma linda e sincera conversa com o sargento, que
impôs uma ordem daquelas e não é que existia mesmo um Deus disposto a
atender nossos pedidos? Porque Jonas caminhava em minha direção, trajando
agora sua roupa casual, sem o colete que eu ainda vestia. Me levantei e fui
para perto dele, irritado e já falando:
— Que merda de ideia foi aquela? Eu tinha tudo sob controle,
tínhamos um plano acordado.
— O acordo já era, o superintendente deu ordens para avançarmos.
— E você não fez nada?
— Eu fiz o que ele mandou, afinal, ele é o meu chefe e seu também,
só quero que lembre caso tenha esquecido, Marcelo.
— Qual é Jonas, essa é a nossa unidade. — Resmunguei.
— Sim e eu tenho três filhos para alimentar, não posso simplesmente
fazer o que você quer.
— Por mais que seja o certo?
— Por mais que seja certo! — Disse por fim e bufei em desagrado.
— Acho melhor você ir para casa, tomar um banho, esfriar a cabeça,
antes que faça alguma merda.
— Eu não saio daqui até ter respostas daquela garota. — Ele respirou
fundo, sabia que eu não ia desistir.
— Que se dane! — Jonas sentou em uma cadeira e fiz o mesmo,
soltando um longo suspiro. — Prendemos aqueles vagabundos, agora vamos
deixar a poeira abaixar para poder falar com o superintendente, essa não é
uma boa hora. Se tudo der certo com essa garota, e eu espero dar, vamos
conseguir resolver nossos problemas. Enquanto isso não acontece, só nos
resta aguardar.
— É o que espero.
E esperava mesmo.
Jonas era meu chefe, meu sargento. A 13° unidade era nossa, mas não
queriam que trabalhássemos como sabíamos, como sempre fazíamos e dava
certo. Diziam que agíamos fora da lei, mas quem se importava com a lei,
quando conseguíamos prender dezenas de traficantes e pessoas perigosas,
fazendo de Chicago uma cidade segura, livre de violência, mortes e pessoas
má intencionadas?
Balancei a cabeça, constatando que o destino não estava mesmo ao
nosso favor, mas tudo o que eu conseguia me concentrar agora, era naquela
garota e se ela iria sobreviver. Tudo o que eu queria, era poder ver aqueles
belos olhos azuis mais uma vez e confirmar que ela estaria bem.

Quando a garota acordou, eu não estava ao seu lado para ser a


primeira pessoa que ela iria ver, mas assim que os médicos liberaram a visita,
depois de uma sequência de exames, eu entrei e lá estava ela.
Seus olhos estavam perdidos em algum lugar daquela enfermaria e eu
não sabia o que ela estava pensando. Será que ao me ver sentiria medo? Ao
menos se lembraria de mim e do que fiz?
Me aproximei em passos silenciosos e ela nem pareceu notar minha
presença. O barulho do aparelho que estava ligado a ela, indicando que seu
coração batia na mais perfeita naturalidade, era o único som escutado ali,
dentre os demais hospitalizados.
Na parede, em cima da cama, tinha uma ficha com nome e dados que
estavam sem serem preenchidos, mas havia um pequeno rabisco ali, em um
pedaço daquela folha, que indicavam um nome.
Elizabeth Miranda.
Elizabeth seria o nome dela ou o da enfermeira que havia lhe
atendido? Não pensei duas vezes em chamar sua atenção para mim. Eu
precisava ouvir sua voz e encarar seus lindos olhos azuis.
— Elizabeth? — Chamei e ela olhou instantaneamente em minha
direção. — Meu nome é Marcelo, eu sou…
— Detetive da polícia. É, eu me lembro. — Fiquei surpreso com
aquilo. Ela se lembrava de mim, mas será que me odiava? Era o que suas
atitudes diziam quando a vi virar seu rosto contra mim.
— Sinto muito pelo que houve, como se sente?
— Quero ir para casa!
Exclamou sem ao menos responder minha pergunta.
— Você vai, assim que estiver melhor.
— Eu estou bem, mas esses incompetentes não me deixam sair. —
Espera, ela estava mesmo esnobando a ajuda médica prestada a ela?
— Foram esses incompetentes que salvaram sua vida. — Respondi,
ríspido. Eu não ia levar patada por algo que não era culpa minha.
Tecnicamente era, eu estava lá na hora e não pude impedir que o acidente
acontecesse, mas eu tinha a ajudado. Claro, que não fiz mais que minha
obrigação policial, mas ela poderia mostrar um pouco de amor pelo que
fizemos.
— Se está tão bem para não aceitar minha ajuda, estou indo embora.
Acho que passei a noite acordado, com fome, sujo de sangue e preocupado
com você à toa. — Dei de ombros, fazendo meu típico drama convincente de
policial para ela, mas não estava mentindo, havia feito tudo aquilo mesmo.
Estava com a calça marcada com o sangue dela e o colete à prova de balas em
minhas mãos, onde o segurava já cansado. — A conta do hospital está paga.
Ligue para a sua família, eles precisam vir te buscar.
Me virei para ir embora e contados cinco passos ela me chamou, com
sua doce voz embargada e suave, que era música para meus ouvidos.
— Me desculpe. — Finalizou, com o semblante também cansado. —
Eu só estou cansada de ficar aqui. Não queria ter sido grossa com você.
Baixou as armas que estavam apontadas para mim e relaxei até
mesmo no meu respirar. Seu peito subia e descia conforme Elizabeth
respirava calmamente e a roupa do hospital estava um pouco desajeitada em
seu corpo. Seu rosto já não estava mais sujo como me lembrava da noite
passada, e isso me permitia vê-la com clareza. Sua pele era clara, os olhos
brilhosos e a boca tinham um nuance lindo.
Ela era mesmo uma mulher bonita, não dava para negar.
— Tudo bem.
Pude vê-la dar um imperceptível sorriso a mim. Era tímido, porém
sincero.
— Você deve estar com fome.
— Faminta. — Respondeu e eu sorri.
— Vou trazer algo para você comer.
— Marcelo. — Chamou e me virei novamente para ela. — Você vai
voltar?
Que pergunta era aquela?
— Sim, claro que vou voltar. Vou te trazer comida.
— Tudo bem. — Ela parecia ter medo de alguma coisa e eu não sabia
o que podia ser, mas era o que pretendia descobrir o mais rápido possível.
Cinco dias se passaram e Lizzie, como decidi chamá-la, havia
ganhado alta do hospital. Em nenhum dos dias em que esteve internada,
recebeu alguma visita, o que me deixou triste pela garota. Que tipo de família
ela tinha para poderem ser tão frios a um acidente, a ponto de não visitarem
seu próprio sangue?
Ao contrário deles, eu estava ali, todo santo dia, estando ao lado dela,
apoiando e por incrível que parecesse, ganhando sua confiança. Não era certo
um policial se aproximar tanto assim de uma vítima, mas eu me sentia no
dever de proteger e estar ao lado daquela linda mulher.
— Pronta para ir para casa? — Perguntei ao apoiar sua cintura para
ela conseguir se manter em pé com mais facilidade e ganhar estabilidade para
andar, já que havia ficado alguns dias sem andar.
— Não precisa me levar até lá, eu vou sozinha, já disse isso.
— Até parece que vou deixar você ir para casa sozinha. — Lizzie
suspirou, algo parecia incomodá-la.
— Por favor, não me leve até lá. — Abaixou a cabeça, envergonhada
por algo e ao mesmo tempo triste. — Eu te imploro. — Finalizou, quase que
em um sussurro.
— Ei… — Aproximei minha mão de seu rosto e o ergui para me fitar.
— O que aconteceu? — Ela balançou a cabeça, negando qualquer tipo de
resposta que pudesse me dar. — Lizzie, não precisa ter vergonha. Você é
uma garota muito especial e isso é o mínimo que posso fazer depois do que
aconteceu.
— Eu sei, mas é que…
— Mais nada, vou te levar para casa e não se fala mais nisso, tudo
bem? Vamos para o carro. — Elizabeth balançou a cabeça, cabisbaixa e
suspirou. Segurou minha mão e a apertou com força, e como em todas as
vezes que ela fazia aquilo, meu peito apertava e meu coração acelerava, me
trazendo a vontade de abraçá-la e de levá-la para longe, para ficar comigo
pelo resto da vida.
Droga, isso não podia estar acontecendo, não mesmo.
Marcelo, ela é vítima, uma civil, não pode pensar nessas coisas, seu
idiota.
Me repreendi por ter outros tipos de pensamentos com ela além de
uma simples amizade, mas o que poderia fazer? Estava sozinho há um ano e
o máximo de contato com uma mulher que tinha era com a sargento
Morrisson, da narcóticos, que vez ou outra, me permitia dar uns amassos nela
no vestiário do distrito da sua unidade.
Quando eu estava em bares, chovia olhares desejosos e interessados
para cima de mim, mas era eu quem não queria. Estava cansado daquilo tudo,
de toda aquela pegação sem compromisso. Não era mais o que eu queria, não
na idade em que me encontrava. Já estava velho e precisava pensar em algo
sério, mesmo achando que amor era coisa de criança.
Elizabeth me tirava o senso com aquele jeito meigo e inocente de ser,
e todas as vezes que ela mordia os lábios envergonhada, me fazia ter vontade
de encostá-la contra a parede e beijá-la, até seu corpo cair sobre o meu e
fazermos amor até o dia clarear.
Por Deus, ela é só uma criança.
Forcei os olhos, apagando da memória qualquer tipo de imagem,
enquanto dirigia para o endereço que ela havia dito para mim.
— Se quiser, pode ligar o rádio. — Disse quebrando o silêncio no
carro, querendo quebrar minha cara também com tamanha indecência.
— É… — Ela respirou fundo. — Tudo bem! — Esperei Elizabeth
fazer o que tinha que fazer, mas seus dedos passaram por entre os botões do
rádio fixado no painel do veículo e nada apertaram. Ela parecia estar perdida
e confusa sobre o que fazer, mas era tímida demais para pedir ajuda.
— Precisa de ajuda? — Perguntei calmo e vi ela assentir, abaixar a
cabeça envergonhada e levar a mão até sua perna. Sorri, sendo compreensivo
e segurei em sua mão. Senti a mesma tremer debaixo da minha e a guiei até o
botão que fez o aparelho ligar, permitindo o som de um belo blues adentrar
nossos ouvidos de forma incrivelmente suave.
— Aqui você muda de estação e aqui aumenta ou diminui o volume.
— Mostrei a ela, em todo o momento guiando seus dedos pelo espaço, de
forma delicada, como ela era.
— Assim está bom, é uma bela música.
— B. B. King era um dos melhores guitarristas do mundo. Ele
inspirou diversos artistas dentro do meio rock, porque era muito bom no que
fazia. E não é à toa que se tornou um astro, olha só essa perfeição de música!
Ela sorriu e Deus, que sorriso lindo era aquele? A franja reta que caía
em seu olho, a fazia fechar os olhos e pelo sorriso contínuo que continha em
seu rosto, Lizzie estava apreciando a bela melodia tanto quanto eu.
Por um momento, tudo aquilo se tornou único para mim e nada mais
existia ao nosso redor, apenas eu, ela e a música do famoso guitarrista.
Queria saber qual botão eu apertava para poder ter Elizabeth ao meu
lado sempre e esse momento nunca se acabar.
Suas pernas se movimentavam levemente no ritmo da música e achei
aquilo lindo, ela estava mesmo perdida no meio daquela perfeição e eu aqui,
perdido na beleza da mulher sentada no banco do meu carro.
O que estava acontecendo comigo?
Diminui a velocidade de aceleração, para poder ao menos ter mais um
tempo com ela antes de chegar ao seu destino, mas isso pareceu não
funcionar, pois chegamos em uma rua, que dava acesso a um beco imundo,
onde haviam vários moradores de rua e um lixão visível, bem onde estavam
acomodados em colchões velhos e sujos.
Eu conhecia aquele lugar, estava ali perto algumas noites atrás, bem
no dia em que ela havia sido baleada. Não era coincidência, a garota morava
pela região e fazia sentido ter me trazido de volta para cá.
Lizzie pareceu notar o carro perder movimento e suas mãos se
contraíram. Ela não abriu os olhos, com medo do que pudesse acontecer.
Decidi quebrar o silêncio, mas aquilo foi uma péssima ideia.
— Em qual casa você mora, eu te levo até lá. — Ela começou a
chorar e as lágrimas que escorriam com precisão de seu rosto eram puras e
verdadeiras e eu me vi perdido em um caminho sem volta, sem saber o que
fazer. — Lizzie, está tudo bem?
— Você não devia ter vindo aqui. — Tentei tocar seu braço, mas ela
se afastou e tirou o cinto, mas ao tentar abrir a porta, não conseguiu, porque
ainda estava travada pelo sistema inteligente. — Pode abrir a porta, por
favor?
— Não, você está chorando, o que aconteceu? — Minha voz
transmitia desespero e tudo o que eu queria fazer, era abraçá-la e tomar suas
dores para mim, qualquer que fosse.
— Por que está sendo legal comigo? Eu não mereço isso tudo, vai
embora, por favor.
— Elizabeth, me conte o que está acontecendo? Me deixa te ajudar.
— Quando segurei seu braço, ela balançou a cabeça negativamente e fungou,
tentando cessar o choro, mas foi em vão. — Ao menos me deixe te levar até a
porta de casa em segurança.
— Não existe casa, Marcelo. Agora abre essa porta e me deixa sair.
— Elizabeth gritou, me empurrando, e jogou seu corpo para cima do meu, na
tentativa de acionar a liberação da porta, mas foi eu mesmo que fiz aquilo
sem querer, quando bati o braço no botão, destravando assim, a porta para ela
sair. Ela não perdeu tempo e abriu a porta, saindo rápido do carro antes
mesmo de eu imitá-la.
— Lizzie. Elizabeth… — Gritei, dando a volta no veículo e segurei
em seu braço, a puxando para mim e pressionando seu corpo contra a lataria
do carro preto. Senti meu corpo se arrepiar por inteiro ao ter aquele contato
tão de perto com ela e meu coração falhou a batida, por ver aqueles lindos
olhos azulados marejados, olhando diretamente para os meus.
Seu peito subia e descia com força, conforme seu coração batia por
estar ali comigo, mas eu não podia perder o foco.
— Para de fugir de mim, por favor.
— Me solta, Marcelo, só te peço isso.
Sussurrou e se debateu, mas a segurei.
— Não, eu não vou te soltar até você me contar o que está
acontecendo.
— Apenas me esquece, eu não sou uma pessoa que você vai gostar de
ter por perto.
— Deixa que eu decido isso, porra!
Estava me irritando e a qualquer momento, poderia beijá-la para
mostrar o que meu coração sentia naquele momento, o que era uma loucura e
eu precisava me controlar ou minha carreira estaria destruída.
— Eu só quero te levar em casa, para você poder descansar, é difícil
de entender isso? Se não quiser nunca mais me ver depois disso, escolha sua,
mas me deixa cuidar de você nesse maldito momento e te levar para casa.
— Estou em casa. Era a verdade que você queria? — Elizabeth gritou
comigo, me tratando do mesmo jeito que a tratei e sequer havia percebido.
— Está vendo essas pessoas? Elas são meus vizinhos, ou melhor,
aqueles que estão comigo todos os dias e aqui é meu lar. Eu não tenho um
teto e uma cama quente como você tem todos os dias, Marcelo. É aqui que eu
moro, do lado desse lixão, às vezes nem tendo um colchão sujo para poder
me deitar. Não tenho irmãos, não tenho pais, tudo o que eu conheço está aqui,
em volta desse mísero lugar onde a cada dia que passa, perdemos alguém que
aprendemos a amar, para o frio, para a fome, para a solidão.
Seus olhos estavam cheios de água e enquanto ela falava, nem me dei
conta de que havia tirado as mãos de seus braços, que antes a seguravam.
Estava estático, olhando para ela, tentando processar tudo o que havia sido
jogado pra cima de mim.
Elizabeth não tinha nada, por isso o medo, o jeito de agir no hospital,
o jeito que comeu quando lhe trouxe comida e a gratidão quando lhe dei
roupas novas, limpas e quentes, para poder vestir depois do banho tomado.
Por isso ela estava suja quando foi baleada. Há quantos dias não
comia uma comida ou tomava um banho decente como foi lhe proporcionado
no hospital?
Em minha cabeça se passaram tantas coisas que mal podia contar.
Era demais para processar de uma única vez.
— Agora entende por que eu não queria que me trouxesse aqui?
Nunca mais vai olhar para mim como antes, vai me ver como uma moradora
de rua suja, como todos os outros.
A dor em sua fala era tamanha, que foi como se tivesse sido enfiada
uma faca em meu peito. Era verdade, todos olhavam para as pessoas que
moravam na rua da mesma forma, com atribulação, repulsa, mas eu… eu não
sabia o que pensar naquele momento.
Lizzie saiu de perto de mim, passou a manga da blusa de frio que
vestia por seu rosto e se abraçou, andando para longe, enquanto eu conseguia
ouvir seu soluço ainda em meus ouvidos.
Era massacrante, agoniante.
Eu não queria mais ouvir, não podia mais deixá-la sofrer daquela
forma.
Ao contrário do que disse, eu não me importava por quem ela era, ou
foi um dia, apenas precisava senti-la em meus braços mais uma vez. Eu não
sabia o que estava acontecendo, apenas que era extremamente errado, mas eu
gostava de coisas erradas, principalmente quando eram favoráveis a mim.
Me virei, vi a pobre moça correndo para longe e não pensei duas
vezes, corri em sua direção até alcançá-la, tomá-la em meus braços e sentir
sua respiração contra a minha, enquanto Elizabeth se debatia na tentativa de
me fazer soltá-la, coisa que eu não pensava fazer em momento algum.
— Me escuta. — Disse firme, encarando-a nos olhos. — Não adianta
me pedir para te soltar, porque não vou. Eu quero te ajudar e eu não me
importo quem você seja, ou o que foi da sua vida até hoje, eu ainda te vejo
com os mesmos olhos. A mesma garota doce que conheci naquela noite, que
tentou me afastar desde a nossa primeira conversa e que está fazendo meu
coração errar as batidas desde o primeiro sorriso lançado a mim. Lizzie, eu
não sei o que é isso, mas estou gostando e sei que você sente o mesmo que
eu, porque dá pra sentir seu coração acelerado daqui.
Eu ri de nervoso, porque ela ainda estava com o nariz vermelho por
conta do choro e mais lágrimas se formavam em seus olhos, esperava que
fossem lágrimas de alegria. Eu não podia e nem iria esperar uma reação dela,
então aproximei meu rosto do seu, cautelosamente e tomei seus lábios para
mim, de maneira doce, suave e convidativa.
Seu corpo se aproximou do meu e a envolvi em meus braços com
mais precisão, mostrando a ela que nunca iria soltá-la. Era loucura, mas eu
sabia o que estava sentindo, apenas queria mentir para mim mesmo, dizendo
não ser real, mas era. Seria amor à primeira vista?
Nossas bocas se encaixaram tão bem e seu beijo era gostoso. O gosto
do chá de morango que eu havia servido à ela ainda estava ali, e misturado ao
sabor da sua boca, se tornou algo viciante.
Segurei em seu rosto com precisão e a beijei com mais vontade,
mostrando ali, tudo o que eu estava sentindo. Nossos rostos se afastaram em
busca de ar e encostei minha testa na dela, encarando seus olhos tímidos que
não me olhavam.
— Lizzie, olha pra mim. — Pedi, vendo-a olhar no fundo dos meus
olhos. Seus braços em volta da minha cintura e seu peito subindo e descendo
conforme a respiração ia ficando mais forte.
— Está mesmo apaixonado por mim? — Me perguntou. Mal dava
para ouvir, mas era para ser assim, uma conversa íntima entre nós dois e nada
mais.
— Eu acho que sim, eu não sei o que é, mas acho que é. — Me
enrolei todo nas palavras e fiz ela sorrir, encostando a cabeça no meu peito.
Suspirei, aquilo era tão gostoso. Poder sentir alguém comigo… eu queria ter
isso mais vezes.
— E o que vamos fazer agora?
— Vamos para a minha casa, posso te dar um lar.
— Ficou louco? — Ela me olhou. — Eu não posso deixar tudo isso…
e outra, eu mal te conheço.
— Podemos fazer isso acontecer, por isso vamos morar juntos. — Ela
ergueu uma sobrancelha. — Tudo bem, eu durmo no sofá. — Resmunguei e
ela sorriu de novo, me pegando de surpresa quando colou seus lábios nos
meus mais uma vez, e me fez sentir a mais pura vontade de tê-la para mim,
quando suas mãos foram caindo aos poucos por minhas costas, me
provocando um terrível e gostoso arrepio, fazendo todo meu corpo se
ascender. Era isso que ela fazia comigo, me deixava em chamas, sempre que
estava em meus braços.
Elizabeth aceitou a proposta de ir para casa comigo e parecia estar
mais à vontade com a ideia de morarmos juntos, ter um lar e ter alguém para
se preocupar com sua vida. Ela parecia gostar de mim, da mesma forma que
eu dela. O carinho que havia se formado entre nós era gostoso de sentir e
queríamos sempre mais.
Não era apenas troca de carícias que queríamos e buscávamos, mas
sim, beijos ardentes e completamente excitantes, tudo isso, sendo provocado
por ela.
Parecia que alguém tinha perdido a vergonha e ganhado a
intimidade e eu estava adorando ver esse seu lado.
Vez ou outra era surpreendido por seus beijos, quando nos
esbarrávamos no corredor de casa e sempre era recebido com o melhor
humor, quando chegava do distrito.
Haviam se passado apenas quatro dias que estávamos oficialmente
juntos, mas tudo passou tão rápido, que não percebemos o tempo voar. Sorri
com as lembranças e olhei para o lado, Lizzie estava sentada no chão da sala,
com seu costumeiro coque mal feito nos cabelos castanhos que deixavam
uma mecha cair sobre seus olhos, se deliciando com um generoso pedaço de
pizza.
O short que havia comprado para ela era tão justo, que me fazia ter a
visão perfeita de suas pernas, que parte estavam expostas, dobradas enquanto
estava sentada. Não pude deixar de olhar, claro, o corpo dela era lindo. Subi
os olhos pela linha de suas grossas e deliciosas coxas, lentamente, me
deliciando com a visão. Passei a língua por meu lábio, estando perdido com
aquele momento.
Lizzie apertou uma perna na outra e aquilo quase me fez engasgar
com tamanho desejo que havia naquela mulher. Pude ouvir o risinho dela
ecoar pelo ambiente e olhei em seus olhos lindos, que me olhavam de forma
travessa.
— O que estava fazendo, posso saber?
— Pensando…
Fui rápido na resposta e mordi um pedaço grande da pizza.
— Em que? — Perguntou calma, sensata e pensativa. Eu tinha que ter
uma bela desculpa nesse momento, porque contar a verdade, não seria uma
boa ideia.
Ah, estava olhando suas coxas e imaginando o quanto você deve ser
gostosa sem essa roupa te cobrindo.
Não, essa desculpa não era a melhor.
Pensa Marcelo, pensa!
— Em como você veio parar em casa, e claro, no motivo que fez você
ficar.
— E vai me revelar qual é esse motivo? — Ela limpou a boca com um
guardanapo de papel.
— Eu, teria outro motivo? — Lizzie me olhou, parando de comer.
Ergui a sobrancelha. — Que foi? Tem motivo melhor? Um homem grande,
lindo e policial, nem você resistiu.
Estava convicto daquilo, só podia ser isso. Ela sentia a mesma atração
que eu sentia por ela. Eu não era de me gabar, mas era um homão da porra.
Loiro, olhos verdes, uma musculatura impecável, com um sorriso galanteador
e com tudo em cima em plenos trinta e sete anos de idade. Se eu fosse
mulher, até eu me pegava.
Ela sorriu, eu sorri e nós dois caímos na gargalhada.
— Como você pode ser policial? Devia ser ator ou comediante.
— Comediante? Para, agora você não me levou a sério.
— Eu tinha que te levar? — Balancei a cabeça, ainda sorrindo.
Aquele sorriso.
— Claro, baixinha. — Provoquei e vi ela morder o lábio.
— Baixinha? Você que não está me levando a sério, detetive Marcelo.
Detetive Marcelo. Como meu nome soava sedutor na sua boca e as
curvas que seus lábios faziam quando falava, me deixavam louco.
Eu poderia cometer uma loucura agora que não iria me importar.
Aproximei minha mão da sua, que estava em cima da mesinha de
centro onde estávamos sentados ao redor e toquei o dorso da mesma,
acariciando logo em seguida, com carinho, afeto e compreensão.
— Me fale mais de você. — Ela desviou o olhar e também puxou sua
mão para si. Suas bochechas estavam rosadas e Elizabeth abaixou o olhar.
Estaria com vergonha de mim? Eu não queria que ela sentisse aquilo, mas
será que eu estava indo rápido demais?
— O que você quer saber? — Perguntei baixo, comendo o último
pedaço da minha fatia que estava no prato.
Agora, ela apenas mexia com o garfo na comida dela.
— Sei lá… amigos, família, cor favorita, nome da namorada…
— Oi? — Eu havia escutado direito? Ela havia mesmo perguntado o
nome da minha namorada? Elizabeth não tinha percebido que eu não tinha
namorada, ou então não teria a beijado?
— Eu te beijei, como me pergunta ainda sobre namorada?
— Eu sou moradora de rua, Marcelo, não sou idiota. Não quero ficar
bancando a outra nessa história, isso pode me machucar.
— A outra? Lizzie... — Me aproximei mais dela, me sentando ao seu
lado no chão. — Nesses quatro dias morando aqui comigo, você viu alguma
mulher entrando nessa casa que não fosse você? — Ela negou com a cabeça.
— Então, meu amor. Não há ninguém na minha vida, ao menos que você
queira que tenha.
— Como isso é possível? Um homem assim como você, estar
sozinho?
— Da mesma forma que uma mulher linda como você, também está
sozinha.
Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, com delicadeza e
meu dedo tocou sua bochecha, deslizando-o pela região macia que era. Lizzie
fechou os olhos, se deliciando com aquela sensação.
Beijei sua testa, mostrando meu carinho e respeito e abaixei meu
olhar, descendo-o para seus olhos claros, lindos e convidativos.
Meus lábios encostaram nos seus e pedi passagem com minha língua,
o que ela cedeu de bom agrado. Sentir o sabor dela mais uma vez era
fantástico, como em todas as vezes que isso acontecia. Foram quatro dias
doídos para um homem como eu, sem poder tocar essa menina como
gostaria, mas eu pretendia acabar com essa falta de toques que tanto
almejávamos.
Elizabeth se aproximou de mim, pegando impulso com o corpo no
mesmo instante em que a segurei pela cintura. Passei suas pernas em volta do
meu corpo e ela sentou no meu colo, abraçando meu pescoço e intensificando
nosso beijo, que não foi interrompido em momento algum. Nós precisávamos
daquilo, tanto eu quanto ela, porque estava tudo ficando louco, extasiante.
Minhas mãos percorreram sua nuca, bagunçando seu cabelo preso e
deslizei os dedos por seu ombro, abaixando a alça da regata que ela vestia.
Interrompi nosso beijo para poder dar atenção ao seu pescoço, enquanto
ambos buscamos ar para poder continuar aquele momento.
Sua pele era tão macia e gostosa de sentir, que eu poderia ficar horas
ali, me perdendo no doce sabor e o acentuado aroma de baunilha e morango
que ela tinha.
Elizabeth era definitivamente perfeita.
Meus beijos foram parar em seu ombro, na região de seu corpo onde
havia exposto para que pudesse tocar e Lizzie mexeu seu corpo em cima do
meu, se esfregando numa forma de me provocar e me deixar fora de mim.
Meu pau já estava latejando de desejo e aquela mulher me levando a loucura.
Eu precisava foder com ela hoje, agora… não, eu precisava fazer
amor, da forma mais intensa e gostosa que ela nunca esqueceria, nem mesmo
eu.
Suas mãos foram de encontro à minha camiseta e mordi seu pescoço,
podendo ouvir ela gemer no meu ouvido.
Porra, aquilo me deixava com muito tesão. Eu não sabia se iria
aguentar muito tempo sendo carinhoso com Elizabeth me provocando
daquele jeito.
— Lizzie… não provoca. — A voz rouca e excitada se fez presente e
ela riu baixinho, tirando minha camiseta, deixando meu corpo exposto para
fazer o que quisesse comigo. Suas unhas passaram pela região do meu peito,
arranhando e arrepiando minha pele, fazendo meu amigo se atiçar ainda mais.
Sua voz soou sensual e Elizabeth mordeu os lábios logo em seguida.
— Ou você vai fazer o que?
— Não vai querer saber. — Sussurrei sendo empurrado por ela, ficando
com a cabeça e costas encostadas no sofá, enquanto ela fazia o seu
showzinho de strip-tease para mim.
— Pode apostar que eu vou sim, detetive Marcelo.
Ela sabia que me excitava falando meu nome, então iria proferir
quantas vezes fossem necessárias. Sua regata e sutiã foram retirados por ela.
Lizzie passou as mãos em seus seios, e como desejei que aquelas fossem as
minhas mãos, ou melhor, minha língua explorando cada pedaço de carne
daquela mulher.
Mordi os lábios e ela se aproximou, encostando seus dentes em meu
peito, me fazendo arfar de tanto tesão.
Segurei seu cabelo, que estava parcialmente solto e ela olhou para
mim, erguendo seu olhar como se fosse um gatinho pedindo carinho e eu
sorri.
Porra, ela era tão linda.
Segurei seu rosto e o ergui para mim, tomando sua boca mais uma
vez. Eu não ia deixá-la comandar nossa noite de sexo, não mesmo.
Eu tinha tanta coisa para mostrar a ela, para essa criança…
Criança… aquilo me afetou a cabeça como se tivesse caído um
asteroide em cima de mim. Ela era uma criança? Se comparar com minha
idade, Elizabeth era bem mais nova que eu, o que fazia de mim um
pervertido?
Não, ela era maior de idade, só tinha esse jeitinho meigo e novo de
ser, mas… será que já havia transado na sua vida? Eu seria o primeiro?
Achava que não, tendo em vista as coisas que estava fazendo comigo,
como por exemplo, arrancando minha roupa por completo e massageando
meu membro por cima da cueca.
Ah, essa garota era boa e sabia o que estava fazendo.
— Marcelo… — Sussurrou, me tirando dos devaneios impróprios que
vieram em um momento como esse.
— Você tem certeza de que quer fazer isso, Lizzie?
— Sim, eu tenho e quero com você.
Ela olhou em meus olhos de maneira delicada e assenti com a cabeça,
a segurando no meu colo e levantando com ela calmamente. Elizabeth
segurou em meu pescoço, depois de prender as pernas em volta do meu corpo
com mais força e gemer, ao sentir meu pau duro quase rasgando sua calcinha.
Eu quase ri com a carinha que ela fez, arregalando os olhos ao sentir o
volume.
Caminhei em direção ao quarto, encostei a porta com o pé e a deitei
na cama, delicadamente, vendo-a ficar tímida e voltar a ser aquela mulher de
antes, de quando a conheci. Toda aquela soltura havia se esvaído e Lizzie
estava com vergonha de mim novamente. Seu olhar desceu por todo meu
corpo e parou no volume que estava formado na cueca, quase que apontando
para ela. Mordi o lábio.
— Você já fez isso antes? — Precisei perguntar, afinal, não queria
machucá-la em momento algum e queria entender o motivo dessa timidez,
sendo que Lizzie não a tinha minutos atrás. Ela apenas balançou a cabeça,
negando o que havia questionado e suspirei assentindo.
— Eu quero muito transar com você, Elizabeth, desde o primeiro
momento em que te vi, mas…
— Não vai transar comigo porque sou virgem? — Ela se sentou,
estando com as bochechas rosadas.
— Não, eu não disse isso. É só que… você precisa confiar em mim.
Eu não vou te machucar, vou ir devagar e você pode pedir para parar se sentir
dor ou se sentir desconfortável. Mas eu só vou fazer se você pedir e
realmente quiser.
— Confio em você, Marcelo. Você salvou a minha vida! — Sua voz
saiu determinada e confiante. Ela sabia bem o que queria e aquilo me fez feliz
e mais calmo, afinal, eu não precisaria relaxar no banheiro sem ela, mas sim,
poderia estar dentro dela.
— Sim, eu salvei sua vida, mas agora pretendo te matar de tanto
prazer. — A voz rouca se fez presente e o tesão aumentou ao ver que o bico
dos seus seios estava duro e bem rígido, olhando diretamente para mim.
— Preciso de você. Preciso que transe comigo, Marcelo. — Elizabeth
gemeu baixinho quando subi na cama e me deitei por cima dela, fazendo sua
cabeça encostar no travesseiro e calei sua boca com a minha, num beijo
ardente e apaixonante, completamente excitante, como vinham sendo dias
atrás.
Nós precisávamos desse fogo e desse momento há dias, mas sabíamos
a hora certa, e esse era o momento certo e perfeito para nos amarmos.
Suas mãos repousaram em meu peito e aquilo me arrepiou, o que me
fez morder levemente sua boca e suspirar ao sentir seu corpo por completo.
Minhas mãos passavam por sua cintura, busto, barriga e seios. Finalmente eu
estava os tocando e conforme os apertava, Lizzie gemia baixo e esfregava
uma perna na outra. Eu não queria ir rápido, queria que ela sentisse todas as
sensações, mas também não estava aguentando esperar.
— Está pronta para provar do amor de um homem? — Eu estava
mesmo falando de amor? Aquilo era loucura, conhecer uma pessoa e amá-la
tão rápido assim, mas eu sabia o que meu coração sentia e sabia que aquilo
era amor e ninguém no mundo ia me fazer pensar o contrário. — Está, meu
amor?
— Estou, Marcelo. Me deixe sentir o seu amor!
Pediu e assenti, levando minha boca para seu pescoço, passando a
língua pela região, logo dando mordidinhas de leve, marcando o caminho que
eu fazia até chegar em seus seios, onde beijei o bico.
O chupei com tanta vontade que ele ficou mais duro do que estava.
Enquanto minha boca trabalhava em um, minha mão dava atenção ao
outro, lhe proporcionando prazer mútuo. Inverti as posições, tocando o seio
que eu chupava e agora chupando o outro, que ficou duro igual ao anterior.
Lizzie suspirou e olhei para ela. Seus olhos estavam fechados e
aproveitava as boas sensações que sentia e que eu podia lhe proporcionar.
Desci meus beijos por sua barriga, me aproximando do local que eu mais
queria e ela sentiu, abriu os olhos e arqueou o corpo ao passar minha língua
perto do cós de sua calcinha.
Sua pele se arrepiou e gostei daquilo, Elizabeth estava reagindo a
mim.
Lentamente fui abaixando sua calcinha, expondo sua intimidade para
mim e retirei a peça fina que lhe cobria, trilhando o caminho com minha
boca, com beijos pelas coxas, pernas e pés, onde dei o destino da pequena
peça no chão.
Não perdi mais tempo, já estava nu igual a ela, pois tirei minha cueca
e vi meu membro saltar da mesma, estando completamente excitado e louco
para estar dentro daquela garota, mas eu precisava me controlar, primeiro o
prazer dela.
Minha língua passou por entre suas coxas até chegar em sua virilha,
onde parei e ergui o olhar para Lizzie, que me olhou também com a
respiração acentuada. Sorri e mergulhei de cabeça na sua intimidade,
passando a língua por toda aquela região e me concentrei em seu clítoris, a
região mais sensível de uma mulher e a que mais as deixavam loucas de
prazer.
Elizabeth agarrou os fios do meu cabelo com força, os puxando para
si, quando suguei sua intimidade e depois a beijei, como se beijasse sua
própria boca, explorando o local com minha língua quente e cheia de desejo.
Ela gemeu meu nome e se contorceu na cama, tateando meu corpo em
busca de algo, que eu sabia bem o que era e ele estava ali, pronto para poder
ser tocado por ela.
Por um movimento, senti meu membro pulsar, ao sentir o leve toque
de seus dedos, quase alcançando minha intimidade, mas não iria deixar isso
acontecer.
Eu queria gozar metendo forte nela, não sendo tocado.
Me levantei voltando a beijar seu corpo, ouvindo-a reclamar e sorri.
— Você está toda molhadinha, pronta para me receber.
Sussurrei em seu ouvido quando me aproximei e mordi o lóbulo de
sua orelha, tateando a mesinha de cabeceira ao lado da cama, até conseguir
abrir a gaveta e tirar de lá uma embalagem de preservativo.
Lizzie me olhou e depois olhou para o meu pau.
Sua língua passou pelos lábios, como quem estivesse sedenta para
molhar a boca com sede. Ela o queria e mesmo sem experiência alguma,
estava querendo aprender, eu via no seu olhar e ela sabia que eu iria ensinar o
que ela quisesse. A garota se inclinou, mas a impedi, segurando seu rosto e
balançando a cabeça, negando seu pedido.
— Agora não, bebê. Deixa-me te dar prazer primeiro.
— Mas eu…
— Shh, eu estou aqui para te ajudar. Apenas relaxa, e relaxa de
verdade para você não sentir dor, porque depois que se acostumar, você não
vai sentir mais nada, porque suas pernas vão ficar bambas e estará clamando
por mais.
Mordi seu lábio com certa força, vendo ela dar um mínimo sorriso e
sorri também. Coloquei o preservativo e a deitei novamente na cama, com
calma, sem pressa, embora estivesse explodindo. Passei a mão em seu rosto,
sentindo o macio que ele era e vi Elizabeth fechar os olhos.
Beijei cada um deles e depois sua testa, finalizando o beijo em sua
boca, na tentativa de relaxá-la ao notar que estava um pouco tensa.
Suas mãos passaram em volta do meu pescoço, me levando para mais
perto dela e me posicionei entre suas pernas, sentindo-a tremer embaixo de
mim. Olhei em seus olhos, tentando acalmá-la.
— Eu estou aqui, Lizzie e não vou fazer nada que você não queira,
nem mesmo para te machucar.
— Eu sei, eu quero…
— Tem certeza? — Ela balançou a cabeça e depois sussurrou:
— Sim, eu tenho.
Fechou os olhos, sabia que eu iria deslizar para dentro dela e queria
não ver, apenas sentir. Entendi aquilo como um sinal verde e meu membro
apontou à entrada de sua vagina, devagar, pulsante.
Forcei a entrada, ouvindo Elizabeth suspirar em meu ouvido e apertar
meu pescoço, com medo. Eu não faria nada para prejudicá-la e não queria
machucá-la, mas isso iria doer se ela realmente quisesse fazer.
Me movimentei devagar, ganhando espaço aos poucos, para não a
fazer sentir muita dor. Elizabeth estava encharcada, o que ajudava muito
nosso momento. Logo, ouvi um gemido, seguido de um aperto de unhas em
minha pele e meu membro entrou dentro dela.
Havia acontecido.
Ela era marcada por mim, eu havia feito aquilo.
Elizabeth era minha.
Meus movimentos eram lentos, até ela se acostumar com a dor e
também com meu tamanho. Em todo momento eu estava ali, olhando para ela
como se fosse uma obra de arte, feita para se apreciar os mínimos detalhes.
Lizzie abriu os olhos, os lábios estavam rosados de tanto mordê-los e as
bochechas vermelhas, dando mais brilho para seu rosto.
Seus olhos estavam marejados, mas ela não se abalou com aquilo,
mordeu o lábio mais uma vez e gemeu quando me afundei mais uma vez.
Acho que Lizzie estava gostando, porque abriu mais as pernas para eu ter
acesso completo e conseguir ir mais fundo.
Minhas mãos estavam uma de cada lado do seu corpo, me apoiando
no colchão da cama, enquanto colocava pressão nas pernas, para poder
penetrá-la de forma gostosa e intensa.
Lizzie me puxou mais para perto, balbuciando alguma coisa que não
consegui entender. Eu estava lotado, quase gozando, mas seria uma puta
sacanagem gozar em um momento como esse e eu seria um tremendo filho da
puta se gozasse agora. Precisava me segurar para não gozar, mas não para
fazer o que tinha em mente com ela.
Segurei em suas costas e a trouxe para cima do meu corpo ao me
sentar na cama e ter a bela visão de seus seios, bem perto da minha boca.
Elizabeth sabia exatamente o que fazer, nem precisei falar. Ela subiu e desceu
no meu pau, enquanto eu segurava em sua cintura, auxiliando-a e sentia seus
beijos em minha boca, que eram completamente provocativos.
Aquela menina ia me levar a loucura.
Sua língua se enroscou com a minha e ela gemia ao mesmo tempo que
me beijava, eu era obrigado a aumentar aquele nosso contato, eu precisava de
mais. Apertei minha mão em sua cintura, ditando os movimentos rápidos e
precisos que ela fazia em cima de mim, sentindo as paredes internas de sua
intimidade se alargarem a cada investida do meu membro dentro dela.
Ela era muito apertada e aquilo estava pulsando dentro de mim, me
fazendo querer mais dela, daquele sexo maravilhoso que estávamos tendo.
Elizabeth mordeu minha boca, arrancando um pouco de sangue que só
percebi quando ela se afastou e olhou pra mim, com aqueles lábios pintados
pelo meu sangue. A adrenalina era tanta, que nem senti dor e aquilo pra mim
soou como uma provocação. Ela tirou minhas mãos de sua cintura, apoiou as
suas em meu ombro e subiu e desceu em seu ritmo, conforme ela queria.
Eu não ia apenas ficar olhando, não conseguia.
Toquei seus seios, apertando ambos ao mesmo tempo, ouvindo-a
gemer mais alto e ir mais rápido nos seus movimentos. Suas bochechas
estavam muito mais vermelhas que antes e sua respiração falhada entre um
gemido e outro.
Eu sabia o que estava por vir, seu ápice estava chegando e Lizzie
parecia que iria explodir da forma mais maravilhosa que uma mulher já havia
feito comigo.
— Ma... Marcel… Marcelo… — Tentou chamar meu nome, ofegante,
me olhando como se não soubesse o que estava por vir.
— Apenas continua… — Respondi, apertando o bico do seu seio e a
vi fechar os olhos no mesmo instante em que sua vagina apertou meu pau.
Seu gemido se tornou alto, contagioso e seu corpo estremeceu, amolecendo
em cima de mim, me dando a mais bela visão de seu rosto após um orgasmo
daqueles.
Eu não havia gozado ainda, e por isso, segurei seu corpo com mais
força e movimentei ele para cima e para baixo e mesmo estando sem forças,
ela me ajudou, sabendo que eu precisava daquilo e quando Lizzie menos
esperou, gozei forte, gemendo também, tendo o orgasmo mais maravilhoso
da minha vida.
Lizzie caiu ao meu lado na cama, logo depois que eu saí de dentro
dela e tirei o preservativo, amarrando o mesmo e jogando-o na pequena
lixeira que tinha perto da escrivaninha que utilizava para o trabalho.
Sua respiração estava forte, descompassada e suas bochechas rosadas,
mas o sorriso estava ali, satisfeito, empolgante. Pensei em dizer alguma coisa,
mas preferi apenas o silêncio para poder ouvir nossas respirações e o bater de
nossos corações, apressados.
Me virei para ela, que encarava o teto com tanta atenção, como se ele
fosse a coisa mais importante naquele momento.
Era vergonha de mim, mas eu pretendia mudar aquilo.
— Pequena… — Sussurrei e toquei sua bochecha, fazendo um
carinho leve naquela região e a vi fechar os olhos.
— Isso foi fantástico, você é perfeita.
— Eu amei, Marcelo. Foi… a melhor sensação que eu já tive.
Finalmente olhou para mim e de seus olhos saíram faíscas, quando se
encontraram com os meus. Lizzie virou para mim, se aninhando em meu
corpo e a abracei, sentindo sua cabeça repousar em meu peito.
Puxei o fino lençol para cima dos nossos corpos, vendo-a se encolher
levemente e se apertar contra mim. Pude ouvir sua respiração, era tão calma e
me trazia paz, a paz que eu tanto buscava há anos e não conseguia encontrar.
Finalmente havia encontrado.
Elizabeth era a mulher perfeita para mim, eu sabia daquilo.
Beijei sua testa, acomodando-a em meus braços, lugar de onde ela
nunca sairia e então a chamei pelo seu nome, vendo-a não responder. Havia
pegado no sono em meu colo e aquilo era lindo, mas precisei engolir as
palavras que tive vontade de dizer a ela e aquilo doeu.
Queria que ela soubesse, mesmo sendo cedo o bastante e eu estivesse
indo rápido demais, que ela era a mulher que, se dependesse de mim, sempre
estaria em meus braços.
Dez dias depois da primeira vez de Lizzie, ela ainda morava em casa e
não perdia certos costumes da época em que morava na rua. Pouco a pouco,
eu conseguia tirar essas manias dela, mas era difícil, afinal, foi uma vida
inteira sendo rejeitada por tudo e por todos, uma vida difícil e turbulenta, que
ela teria que deixar de lado para poder viver o novo, o bem, ao meu lado,
tendo cama, comida e um teto para se abrigar.
Era tudo muito novo para ela, mas iria se acostumar, eu sabia daquilo.
Comigo ela havia se acostumado muito bem, principalmente com meu corpo.
Lizzie era sedenta, sempre queria mais e mais e não me dava descanso
durante a noite. Havia vezes que eu ia trabalhar virado e por sorte nesses dias
os casos não eram tão puxados no distrito.
Meus amigos a conheceram e amaram a garota, assim como ela
também os amou. No começo ficou meio acanhada, mas quem não ficaria?
Com o bando de loucos que eu chamava de amigos e parceiros de trabalho,
qualquer um se assustaria, ainda mais uma menina que nunca teve o carinho
de ninguém.
Conforme os dias passavam, íamos nos conhecendo muito mais. Ela
me contou como foi parar nas ruas e eu contei como entrei para a polícia e
nossas conversas eram gostosas, aliás, com Elizabeth tudo era gostoso, desde
um simples silêncio, até uma boa foda de horas.
Ensinei a ela muitas coisas que me pediu, como cozinhar, cuidar da
casa e também algo que mais desejava, como aprender a ler e escrever. Não
que ela não soubesse, era diferente, só que Lizzie não havia terminado os
estudos, o que fez com que não aprendesse tudo e uma dessas coisas era
escrever e ler bem. Comprei um celular pra ela, para podermos nos falar
sempre que precisássemos.
Ela era um doce de pessoa e eu não conseguia parar de pensar nela em
momento algum. Lizzie tomava parte dos meus pensamentos diários e parecia
que ia ser sempre assim.
— Você está mesmo caidinho pela moça. — A voz de Luna se fez
presente e me tirou dos devaneios. Olhei para a detetive da nossa unidade
quando adentrou à sala em que eu estava e sorri.
— O que? Não… — Fingi que estava escrevendo alguma palavra nos
papéis que estavam em cima da mesa, mas não se podia mentir para um
policial, nós sempre descobríamos.
— Então vai me dizer que o relatório está pronto? — Ela deu um
risinho. — Você estava aéreo quando cheguei aqui, nem notou minha
presença e outra, estava quase babando. — Revirei os olhos e acompanhei a
loira de olhos verdes na risada.
— Vou ter que concordar com você. Elizabeth está tirando o meu
senso.
— Isso tem cara de amor. — Olhei para Luna, que tinha um sorriso
triste e aquilo me fez ficar confuso. — Eu sempre fui apaixonada por você,
sei ver o brilho nos olhos de alguém que está amando.
— Espera, como? — Ela era apaixonada por mim? Por que nunca
havia dito nada, por que… E como se lesse pensamentos, a resposta veio logo
na sequência.
— Sabe que o Jonas não aprova relacionamentos entre detetives da
mesma unidade. — Ela deu de ombros, sentando na ponta da mesa para me
olhar mais de perto. — Eu sabia do seu caso com a sargento Morrisson e isso
me deu esperanças de um dia você poder olhar para mim, mas isso se esvaiu
quando você conheceu essa garota. Acha mesmo que isso vai dar certo? Eu e
você temos um futuro brilhante juntos, Marcelo.
— Luna, pode parar. Eu não sinto nada por você. Me desculpa se
nunca percebi suas investidas em mim, mas eu não estou a fim.
— E vai adotar uma criança? Vai ensiná-la a ler, a escrever, a se
comportar como uma garota comum, com classe como você? Você está
disposto a isso mesmo, ser babá de uma garota que nunca teve nada na vida?
— Se isso significar ter o amor de Elizabeth, sim, eu estou disposto a
fazer o impossível para vê-la sorrir. — A olhei com repulsa. — O que houve
com você? Não era assim, não discriminava as pessoas por sua índole ou
aspecto de vida. Eu não estou te reconhecendo.
— Você fez isso comigo quando me beijou naquela noite e depois
destroçou meu coração, dizendo as mesmas palavras que disse agora.
— Eu estava bêbado, Luna. — Me levantei, vendo-a se aproximar de
mim e me colocar contra a parede, sem ter chance de recuar. Olhei em seus
olhos, tinham lágrimas, mas eu não podia fazer nada para ajudá-la. — Sinto
muito não sentir o mesmo que você, mas eu e você, nunca vai acontecer.
— Eu te amo, pode dar a chance para uma mulher de verdade e não
para uma criança?
— Não, eu não posso. — Quase gritei, só não o fiz porque estávamos
no trabalho. — Agora se me dá licença, eu preciso trabalhar. — Senti sua
mão encostar em meu peito e no mesmo instante, um barulho de caixa caindo
no chão e junto dela, vidro se quebrando ecoou em meus ouvidos. Olhei para
a porta e Lizzie estava lá, parada, com os olhos fixos na cena à sua frente,
sem dizer nada, mas não precisava, seus olhos expressavam exatamente o que
estava sentindo.
— Elizabeth. — Empurrei Luna para longe de mim, que protestou
meu ato e Lizzie se afastou, mas fui mais rápido e segurei em seu braço.
— Me solta, por favor.
— O que veio fazer aqui? Está precisando de alguma coisa?
Aconteceu algo?
— Eu só vim te entregar isso. — Ela me entregou um envelope
fechado. — O carteiro deixou isso comigo junto com a caixa e achei que
poderia ser importante e vim te trazer, mas vejo que está bem ocupado no
trabalho. — Sua voz chorosa e seca ao mesmo tempo me fez entender que ela
estava magoada com o que tinha visto, mas não era nada do que ela estava
pensando.
— Lizzie, não é o que você está pensando. — Ela puxou o braço, se
soltando de mim e segurei seu rosto. — Me escuta.
— Eu não quero ouvir. Volta para o seu momento de amor com a
loira gostosa e finge que o que rolou entre a gente, nunca aconteceu. — As
palavras amargas e as lágrimas que escorreram em seu rosto me partiram o
coração.
O que aquela garota estava fazendo comigo, droga?
— Não dá, tá bom? Não dá! Se o que você queria ouvir era que eu
poderia cogitar a ideia de te esquecer, pode esquecer, eu não vou. O que você
viu lá dentro, não passou de uma tentativa falha de uma mulher me
conquistar, de ser a mulher errada e dizer que está apaixonada por mim,
quando na verdade, eu quero ouvir isso da mulher certa para mim. Mas eu
não ligo, porque eu amo a mulher que está parada na minha frente e venho
querendo dizer isso a ela desde o dia que transamos pela primeira vez, mas
não encontro a oportunidade perfeita.
— Vai se ferrar! — Exasperou me empurrando pelo peito, mas a
puxei de volta para mim, tomando seus lábios e sentindo-a se derreter, ao
sentir o doce sabor da minha boca. A sua tinha um gosto salgado por conta
das lágrimas e mesmo assim era bom.
Beijar Elizabeth era bom.
Deixei o envelope cair no chão e segurei em sua cintura, com firmeza,
assim que ela passou os braços por meu pescoço, me tomando para si com
amor, de forma forte e para sempre. Pude sentir mais lágrimas escorrerem em
seu rosto, então a apertei contra mim e beijei sua testa.
— Eu te amo, Elizabeth e quero te amar e te foder por todo o resto da
minha vida. — Eu sabia que ela iria rir, por isso falei aquilo. E o pior era que
eu estava certo, ela deu uma gargalhada e encostou a cabeça em meu peito
novamente.
— Eu também te amo, Marcelo e eu e você, vamos foder pelo resto da
vida.
— Essa é minha garota. — Respondi rindo e nossas línguas se
encontraram mais uma vez, em um beijo veneroso, quente e delicioso. —
Preciso que me encontre em casa.
— Agora?
— Daqui uma hora. — Disse com os lábios ainda grudados nos seus e
Lizzie balançou a cabeça, concordando.
— E o que você quer em casa?
— Acabar com sua vida na cama. — Disse em seu ouvido e ela se
arrepiou.
— Até daqui uma hora, então. — Ela se afastou de mim, me deixando
para trás por um bom motivo. Passei a mão em meu cabelo loiro e sorri,
vendo-a me olhar mais uma vez. Eu estava caidinho por ela, como minha
colega havia dito e era a forma mais bonita de estar “caído”.
Por Elizabeth, eu estaria de todas as formas possíveis na minha vida.

Terminei meu trabalho do dia na delegacia e levei para casa a caixa


que minha garota havia derrubado no chão. Era um globo de neve pequeno de
Nova Iorque, cidade que ela dizia ter vontade de conhecer e o envelope, eram
duas passagens para a Big Apple, que havia comprado para dar de presente a
ela.
Lizzie não estava errada, era realmente algo importante, mais para
mim do que para ela, porque eu não via a hora de poder ver seu sorriso e sua
felicidade ao descobrir que estaria naquela cidade.
Cheguei em casa com as coisas na mão. O globo havia se quebrado,
mas o envelope estava lá, pronto para ser entregue a ela.
Elizabeth estava sentada no sofá, com as pernas em cima dele,
assistindo a um programa de culinária na TV local, tão focada, que não havia
notado minha presença. Me aproximei e agarrei seu corpo por trás, beijando
seu pescoço, fazendo ela ronronar como se fosse um gato, gostando das
carícias.
— Você demorou. — Resmungou.
— Estava arrumando a bagunça que minha menina encrenqueira fez
na delegacia. É feio derrubar presente no chão.
— Espera, era um presente?
— Era, mas não se preocupa, eu…
— Não, eu o quebrei. Sou uma idiota mesmo. É que eu não suportei a
ideia de ver as mãos daquela garota em você. — Elizabeth fez cara de brava e
aquilo foi fofo, ao mesmo tempo que sexy para mim.
— Ciúmes? — Mordi sua bochecha e ela sorriu. Lhe entreguei o
envelope e ela me olhou confusa. — É muito importante, mas é para você.
— Sabe que eu não sei ler o que está escrito aí.
— Eu vou te ajudar, apenas abra.
E então ela abriu e de lá as palavras saíram.
Lizzie conseguia ler algumas coisas, o que a ajudava muito, mas
precisaria de ajuda para realmente entender o que estava escrito por trás da
palavra “Nova Iorque” que ela havia pronunciado em voz alta ao ler.
— O que isso significa?
— Significa que eu e você, vamos conhecer a cidade que não dorme.
São passagens para duas semanas em New York, New York, I wanna wake up
in that city, that doesn’t sleep...— Cantei um trecho da música tema da
cidade e ela sorriu, se emocionando com minhas palavras.
— Como você fez isso?
— Ué, comprei com dinheiro. — Eu era um desastre, acabava com
climas em todo e qualquer lugar. Lizzie bateu em meu ombro e logo pulou no
meu colo, assim que me sentei no sofá. — Seu sonho vai se tornar realidade,
amor.
— Eu te amo tanto. Obrigada por existir na minha vida. — Elizabeth
me beijou e levei minha mão para sua cintura, e lá íamos nós mais uma vez
viver uma aventura de amor e sexo, beijos e carícias, orgasmos e gemidos
suspirantes que apenas nós dois conseguíamos entender. Era a nossa vida,
nossa bagunça e nosso amor e, nada e nem ninguém iria tirá-la de meus
braços.
1 ano depois...
A bebida no bar parecia ser a coisa mais importante para ele naquele
momento. Os ombros caídos, cotovelos encostados no balcão de madeira
escura e a mão direita, com o polegar rodeando o topo do copo de uísque
intocável, mostravam quem ele queria ser naquele momento:
Um homem isolado, vivendo sua dor, seja ela qual for.
Algumas mulheres o rodeavam, tentavam puxar assunto, mas ele nem
fazia questão de olhá-las, apenas as dispensavam com um aceno de cabeça.
A música que tocava de fundo mostrava o quanto ele estava mal.
Jonny Lang era um bom musicista. O som de Darker Side, um lindo blues
que ecoava por todo o bar com a melodia aconchegante, fazia a gente viajar
em boas vibrações e momentos. Não devia ser fácil perder um caso, estava na
cara que ele era policial, mas eu pretendia acalmá-lo.
O vestido vermelho decotado, onde a saia trazia uma fenda grande
mostrando minha perna, estava presente em meu corpo. O batom vermelho
vivo para combinar com o vestido, me deixava sexy e eu não estava mais
parecendo a garota inocente que conheciam, não mais.
Os cabelos soltos e ondulados traziam um ar harmonioso, me
deixando com cara de mais velha e os saltos que faziam o barulho ecoar pelo
bar de forma sigilosa, eram lindos, iguais ao par de brincos que combinavam
com o sapato. Me aproximei em passos curtos, exuberante e me sentei no
banco ao seu lado.
— Um apple martini com gelo, por favor. — Pedi ao barman e olhei
de relance para o lindo homem que estava ao meu lado. — Dia ruim no
trabalho?
Ele me olhou como se nunca tivesse me visto e seus olhos se
escureceram com o imperceptível sorriso dado, mas que consegui ver
perfeitamente. O homem apenas deu de ombros com minha pergunta e bebeu
do líquido quente que estava em seu copo. Finalmente.
— O que uma moça como você faz aqui, sozinha?
— Sozinha? Quem disse que estou sozinha?
— Me desculpe, não sabia que estava acompanhada. — Abafei um
riso quando recebi meu drink e bebi uma quantidade razoável do mesmo.
— Você está me fazendo companhia, então não estou sozinha.
— Creio que não sou uma boa companhia para ninguém no dia de
hoje.
Bebeu mais e estreitei os olhos para poder analisar toda sua feição e
ele era um homem muito bonito. Cabelos loiros, olhos claros e uma barba
bem feita, faziam dele um puta homem. O distintivo da polícia da cidade
pendurado em seu pescoço não era muito visível, mas como eu estava ali para
poder conquistá-lo, reparei em tudo e iria mostrar a ele que era observadora.
— A propósito, sou Elizabeth, e você é o detetive…? — Perguntei e
ele lançou seu olhar para mim tão rápido que quase cai apenas com ele.
Olhou para seu peito e viu que era notável a insígnia que brilhava no local.
Respirou fundo.
— Marcelo, meu nome é Marcelo.
— Não está a fim de dar uma volta, detetive? — Mordi os lábios e vi
que ele fechou os olhos quando toquei propositalmente sua perna.
— Posso te levar presa se tocar em mim mais uma vez.
— Então me prenda, vou adorar estar sob sua proteção.
Seus olhos se abriram e lá tinha um brilho nunca visto antes. Amor,
ódio e puro tesão. O frio percorreu minha espinha e arrepiou meu corpo, mas
não desviei meus olhos do seus. Meus lábios se separaram sedutoramente e
ele se levantou.
Havia perdido.
Terminou sua bebida, pegou sua jaqueta de couro que estava em cima
do balcão, tirou duas notas do seu bolso e colocou perto das nossas bebidas.
Me virei entristecida, havia acabado de levar um fora do homem mais bonito
e gostoso que tinha naquele bar e não iria esquecer aquilo facilmente. Senti
sua mão em meu cabelo, afastando o mesmo para poder sussurrar as palavras
mais lindas daquela noite em meu ouvido.
— É melhor não fazer eu me arrepender dessa decisão… dois
minutos, no banheiro. — Fechei os olhos sentindo o quente de sua boca em
contato com meu ouvido e minhas pernas falharam. Me segurei no balcão e
as movimentei, incomodada.
O calor havia se instalado na minha região íntima e podia sentir ela
umedecer só de pensar naquele homem. Me recompus, passei a mão na nuca
e respirei fundo. Eu havia mesmo sido convidada para uma foda no banheiro?
Aquilo me excitou, eu precisava ir até lá, não ia recusar seu convite.
Com as bebidas pagas por ele, me levantei, ajeitei o vestido e
caminhei para perto do banheiro. Olhei para trás, discretamente para ver se
não tinha ninguém olhando e abri a porta do banheiro masculino devagar.
Mal tive tempo para pensar e meu corpo foi puxado para dentro e logo
prensado contra a porta de madeira. Sorri e mordi o canto do lábio ao sentir a
boca de Marcelo entrar em contato com meu pescoço. Minha pele se arrepiou
e passei as mãos em seus ombros.
— Pensei que você não fosse vir.
— Eu demorei? — Perguntei com a voz um pouco rouca, estava com
um enorme desejo de senti-lo dentro de mim, não escondia isso.
— Estava quase indo te buscar e te arrastar aqui para dentro… — Não
o deixei terminar de falar.
— Estava pensando se era uma boa ideia.
Ele riu, abafado e segurou meu pescoço, me impedindo de movê-lo e
apenas consegui encarar seus olhos. Minha respiração ficou alterada, mas a
postura ainda estava dentro de mim, forte.
— Você não sabe o quanto me deixou louco te esperando, quase tive
que brincar sozinho.
— E me deixar sem a melhor parte? — Ele apertou meu pescoço e
roçou seu lábio no meu, passando a língua por ele, me deixando apenas na
vontade.
— Gosta de me provocar… quero ver se vai me aguentar.
— Sou mais forte do que pareço.
Com um gesto, ele me virou de costas e me fez dar um gritinho, me
pegando de surpresa com o ato. Encostou seu corpo no meu e pude sentir o
volume em suas calças e o quão duro ele estava. Ahh, aquele homem dentro
de mim, me preenchendo até o fundo, duro daquele jeito… anda logo,
Marcelo.
— Vamos ver se é mesmo.
Com a voz rouca e carregada da luxúria, ele sussurrou em meu
ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha logo em seguida, fazendo meu
corpo todo estremecer. Passou a boca por meu pescoço, chegando logo no
meu ombro, onde o deixou exposto para poder percorrer com sua língua. Não
podíamos demorar, mas ele parecia querer fazer tudo demorar.
Gemi baixinho quando sua mão passou por entre minhas pernas e lá
ele afastou minha calcinha para o lado, colocando um dedo dentro de mim,
me fazendo fechar os olhos e arfar, encostando mais na porta.
— Eu quero que você implore para eu te foder.
— Marcelo… — Ele estava selvagem e eu gostando daquilo.
— Implore! — Enfiou mais um dedo, me abrindo aos poucos com a
força que fazia e eu estava quase me derramando em sua mão.
— Me fode, com força.
Pedi e ele sorriu. Mesmo de costas, pude perceber isso. Notei que
Marcelo se afastou e olhei para trás por cima dos ombros, vendo ele abrir sua
calça, abaixando-a o suficiente para ter seu amigo confortável para entrar em
contato comigo. Marcelo desenrolou o preservativo em seu membro e assim
me penetrou, sem aviso prévio, do jeito que eu queria. Eu gemi, não tinha
como não gemer com aquele homem delicioso dentro de mim.
Sua mão segurou a minha e a apoiou na porta, pegando impulso com
a mesma para poder bombear com mais precisão dentro de mim. Eu sentia-
me abrir a cada investida e aquela sensação era maravilhosa. O que sentia era
um prazer profundo e parecia que com Marcelo não era diferente. Nossos
corpos se encaixavam com tanto afinco, que parecíamos ter sido feitos um
para o outro. Minha respiração estava acelerada, descompassada e cada vez
mais ofegante. Aquilo estava muito bom e o calor entre nós apenas
aumentava.
— Acaba comigo. — Pedi, baixinho, desconexa em minhas palavras.
— Eu sou um agente da lei, não recebo ordens, eu dou ordens...
Um arrepio subiu da minha intimidade até minha espinha e quase
gozei apenas com aquela fala.
Aquele homem estava me levando à loucura.
Mais investidas, gemidos, xingamentos e um jato forte me atingiu em
cheio, se misturando com minha respiração ofegante. Marcelo colocou sua
mão em minha boca, para eu não gemer mais alto e atrair atenção para quem
estava do lado de fora.
Ele continuou me penetrando depois de eu gozar, o que fazia meu
corpo ter mais espasmos que o normal. Logo, Marcelo gozou, me
preenchendo com algo a mais do que sua intimidade e meu corpo amoleceu,
somente agora.
O homem saiu de dentro de mim, jogou a camisinha fora e ajeitou sua
calça. Se afastando, caminhou até a pia para se encarar no espelho. Tentei me
recompor e fiz o mesmo que ele. Ajeitei o vestido, o cabelo e minha
aparência em frente ao espelho. Limpei com água, o borrado que tinha em
meu rosto por conta da maquiagem e sorri, vendo-o secar seu rosto pré
lavado e arrumar o cabelo.
Marcelo estava tão lindo.
— Valeu a pena? — Ousei perguntar e ele me olhou devagar.
— Não me faça querer te colocar em cima da pia e começar tudo de
novo.
Mordi o canto do lábio. Sabia que homens ficavam loucos quando
fazíamos aquilo e ele se aproximou de mim, feito um animal feroz e apertou
minha cintura.
— Não me provoca.
Foi minha vez de falar, tirando as palavras de sua boca.
— Eu nunca te obedeço! — Respondeu.
Capturei seus lábios com os meus em um beijo ardente, preciso, e
cheio de glamour. Eu estava com muita vontade de beijar sua boca desde que
o vi sentado naquele balcão do bar e finalmente havia conseguido. Seus
lábios eram tão carnudos e deliciosos, que eu podia ficar ali, perdida o resto
da noite sentindo o gosto bom que ele tinha.
Depois de uma boa foda, nada melhor que um beijo, um carinho e um
aconchego, que teria se prolongado se não fosse um cliente entrando no
banheiro e se assustando conosco ali. Nos afastamos rápido, como se nada
tivesse acontecendo e o rapaz segurou um riso, logo, caminhando para onde
devia ir.
— Eu vou na frente.
Disse a ele, que assentiu e passou a mão na boca, tirando o excesso de
batom que tinha na mesma.
Sorri e passei por ele, que deu um tapinha em minha bunda, me
fazendo rir. Marcelo saiu logo atrás de mim, estragando nosso disfarce,
porque todo mundo percebeu o que tinha acontecido e as mulheres que antes
haviam dado em cima dele, me olhavam com puro ódio, ou então, com inveja
por eu ter conseguido ficar com o homem e elas não. Dei uma piscadela para
elas e sai do bar rumo ao carro, sendo seguida pela minha sombra, que
lindamente se chamava Marcelo.
Eu não conseguia parar de rir e parecia que Marcelo também não,
porque ele estava ficando vermelho enquanto dirigia o carro até nossa casa.
Havia sido a primeira vez que fazíamos aquilo e devo confessar que foi
divertido e completamente excitante. Precisávamos repetir a dose mais vezes.
— Você precisava ter visto a cara daquelas garotas quando me viram
saindo do banheiro com você no meu encalço.
— Se estivesse sozinha, tenho certeza que elas iriam te bater. — Ele
riu e me olhou rapidamente, para não desviar cem por cento sua atenção da
rua.
— Mesmo acompanhada, já vi aqueles olhos emanando fogo por todo
o caminho que fiz naquele bar. Gente, como as pessoas são más.
— Sou uma delícia, o que você quer? — Arqueei uma sobrancelha.
— Uma delícia? Não está se achando demais não, detetive?
— Não, eu sei que sou.
Sorriu debochado e balancei a cabeça em negativo, não crendo que
ele estava mesmo dizendo aquilo. Era verdade, eu bem sabia, mas não podia
dar o braço a torcer agora, então decidi provocar também.
— Você viu aqueles dois caras que me olhavam? Só faltaram me
comer com os olhos. — Seu semblante mudou de alegre para sério, segurei o
riso.
— Hm. — Disse, apenas.
— Hm, o que?
— Hm.
Revirei os olhos. Ele não me olhava, mantinha o olhar fixo na estrada,
quase chegando em casa. Suspirei e apoiei minha mão em sua perna,
apertando a região levemente. Marcelo não esboçou reação alguma, então
minha mão foi parar em seu volume, que já crescia dentro da calça. Queria
entender o poder que nós tínhamos para fazer o amigo se manifestar tão
rápido e fácil. Sorri, vendo-o suspirar quando massageei seu membro por
cima da calça e Marcelo respirou fundo.
— Elizabeth, eu estou dirigindo.
Ele estava mesmo dizendo aquilo? Não podia acreditar.
— Qual é Marcelo, vai ficar emburrado só por uma brincadeira? Você
dizer que as meninas estavam quase te comendo é normal, agora eu brincar
dizendo que tinha homens me olhando é o cúmulo da noite inteira?
— Não é brincadeira, eu sei que tinha. — Ele bufou.
— E eu sei sobre as meninas, isso me dá o direito de ter ciúmes tanto
quanto você, porque eu vi, ao contrário de você, que não viu nenhum homem
dando em cima de mim.
— Nem precisou. — Resmungou baixo, quase não dando para ouvir.
— Como é que é? — Fingi que não tinha escutado.
— Nada. — Finalizou, ainda sem me olhar.
Eu o conhecia, iria ficar de cara fechada por mais alguns minutos e
logo iria voltar ao normal. Já havia se passado um ano desde que nos
conhecemos e começamos a viver nosso romance e isso era tempo suficiente
para conhecer de todas as formas, aquele homem marrento e lindo que eu
decidi amar.
Sabia seus gostos, vontades e sempre procurava fazer de tudo para
agradá-lo, afinal, graças a ele eu tinha mudado de vida e encontrado o
verdadeiro amor.
Eu não gostava de ficar brigada com ele e quando me dei conta,
estávamos estacionando na garagem do apartamento. Marcelo não tirou o
cinto, apenas respirou fundo e ficou lá, parado, pensativo.
Um dos dois teria que puxar assunto, ou então, sair logo do carro e
entrar, mas como eu era a mais sensata entre os dois, fui logo falando:
— Me desculpa, eu não sabia que a brincadeira era tão séria para
você.
— Eu que peço desculpa, Lizzie. Não estamos acostumados com isso,
foi nossa primeira vez nos arriscando dessa forma, sabe, te expus a algo que
eu sabia que teria consequências.
— Amor, tudo bem. Não precisa ficar chateado. É normal ter ciúmes,
eu tive vendo aquelas garotas quase se esfregando em você.
Acariciei seu rosto.
— Eu sei, mas… não suporto a ideia de outro homem te tocar.
Fechou os olhos.
— Ei, calma aí. Ninguém vai me tocar, a não ser que esse alguém seja
você.
Um sorriso surgiu em seus lábios, mesmo que mínimo e eu gostei.
— Estamos bem?
— Não sei, estamos?
— Por mim sim, odeio ficar brigada, ainda mais por besteira.
— Eu também odeio, meu amor.
Sorri sem deixar ele perceber e me aproximei devagar, beijando seus
lábios saborosos. Marcelo segurou em meu rosto, logo levando as mãos
habilidosas para meu cabelo, quase o bagunçando.
— Por falar em tocar… — Ele resmungou porque interrompi nosso
beijo. — O que foi aquilo dentro daquele banheiro?
— Uma coisinha nova, meu amor.
— Eu quase gozei apenas com a frase sobre ser agente da lei e não
receber, mas sim dar ordens. — Me arrepiei apenas ao lembrar e fechei os
olhos, ouvindo-o rir baixinho.
— Quem manda você provocar o policial aqui?
— Pelo que eu sei, o policial aqui, adora ser provocado.
— Sim, eu adoro mesmo. — Seus olhos se escureceram.
— Qual será nosso próximo personagem?
— Já está pensando no próximo? A moça desconhecida do bar não foi
o suficiente? — Me ajeitei no banco, sorrindo com cara de quem ia aprontar.
— Não, ela não foi o suficiente. Sei que existem muitos outros
personagens excitantes em você. — Ele apertou minha mão que segurava a
sua.
— Existem sim.
— Acho que podemos abusar das minhas aulas de dança e tudo o que
aprendi até agora, para criar novos personagens.
— Vou adorar te ter em meus braços em uma dança.
— Também vou. — Me aproximei devagar, passando a mão no seu
peito por cima da camiseta, criando um caminho por todo seu corpo até
alcançar a fivela do cinto do carro. Retirei e afastei o mesmo de seu corpo,
pegando o impulso e logo subi em seu colo.
Marcelo deitou vagarosamente o banco do carro, agarrando minha
cintura logo depois que atacou minha boca com sua língua, me envolvendo
em um beijo excitante e perigoso, onde buscamos por liderança e prazer.
Aquilo não fazia parte de uma encenação gostosa, não haviam personagens,
apenas um casal apaixonado querendo mostrar o amor para o outro.
Nossa noite terminaria muito bem, entre beijos e amassos dentro de
um carro na garagem de casa.

Três dias se passaram desde nossa primeira noite de personagens, o


que gostamos de fazer, afinal, cada dia realizamos uma fantasia diferente.
Marcelo tinha seus fetiches e eu também, e com isso, ousamos tentar de tudo
o que era novo. Era interessante pensar ser outra pessoa, porque o jogo ficava
perigoso e excitava ainda mais. Tínhamos que fingir que não nos
conhecíamos, que éramos meros estranhos que sempre terminavam gozando
juntos em algum canto de um lugar.
O dia de hoje havia sido tranquilo. Marcelo tinha ido trabalhar cedo e
fiquei em casa lendo um livro que ele me recomendou. Agora que eu já
estava craque nas palavras difíceis, conseguia compreender melhor o que
estava escrito naquelas folhas amareladas tão gostosas de sentir e com cheiro
maravilhoso.
O livro contava a história de uma mulher que havia perdido seu irmão
de coração e na semana seguinte, perdido seu marido em um acidente no
trânsito e mostrava o outro lado da vida dela sem as duas pessoas que mais
amava, ou seja, a vida que nós somos obrigados a ter quando perdemos
alguém que amamos.
Respirei fundo, contendo as lágrimas que queriam me atingir, pois,
não era uma leitura fácil, mas era gostosa e bem convidativa, te fazia querer
ler mais e mais para descobrir o final.
Me perdi nos pensamentos, interrompendo a leitura para pensar na
minha vida, tudo o que tinha acontecido até ali, com a bolsa de estudos na
faculdade de dança, o aparecimento de Marcelo e o resgate que fez, me
trazendo para perto dele, me permitindo participar da sua vida.
E se um dia eu o perdesse? Como seria?
Eu já não sabia como era viver a vida sem ele, então me coloquei no
lugar da protagonista do livro, em perder a única pessoa da minha vida, a
pessoa que amo e viver condenada a nunca mais vê-la. Eu voltaria para as
ruas, teria que desistir da dança, que agora fazia parte de mim, não teria mais
minha família e nem mesmo… o homem que decidi amar. Balancei a cabeça,
afastando aquele pensamento, não podia pensar naquilo. Não iria perder o
Marcelo, não agora, eu não podia perdê-lo.
Passei a mão no rosto, secando as lágrimas que ali escorreram por
aquele pensamento e fechei o livro, colocando-o em cima da mesinha de
centro da sala.
Respirei fundo mais uma vez.
— Chega disso, eu não aguento ler esse livro, dói demais pensar que
meu Marcelo pode não estar aqui um dia.
Peguei meu celular, abri o aplicativo de mensagens e escrevi uma
bem fofinha para ele, que continha diversos emojis, como eu gostava de
enfeitar ao enviar:

“Está tudo bem? Sinto sua falta, meu amor. =(


Podemos jantar hoje? Posso pedir aquele camarão que você tanto ama. =)
Te amo. Lizzie ♥”

Não demorou muito para receber a resposta e gargalhar com o que


estava escrito ali. Marcelo não existia.
“Estaria melhor se você estivesse aqui comigo. Sinto sua falta também.
Gosto da ideia dos camarões, mas gosto ainda mais de você cozinhando-os.
Adoro uma mulher na cozinha, me deixa excitado.”

“É um homem muito depravado, rsrsrs”

“Você me faz ser assim, delícia. Te amo, logo vou para casa.”

Suspirei e sorri com nossa conversa. Será que eu daria conta de


cozinhar camarões para ele? Não, eu não seria tão boa assim na cozinha, por
isso, achei melhor ligar no restaurante do centro e encomendar parte do nosso
jantar com eles, pois iria me encarregar de fazer um arroz à grega como
acompanhamento e também, uma torta de limão, coberta com merengue suíço
que havia aprendido a fazer e queria testar, garantindo uma boa nota com o
paladar impecável do meu namorado.
Espero que ele goste de tudo.
Ri com o pensamento que tive e me levantei para fazer os pedidos.
Marcelo com certeza ia querer brincar com esse merengue mais tarde, ou até
mesmo, com os suspiros que eu ia colocar como decoração.
Aquilo me arrepiou e excitou de uma forma, que desejei que a noite
chegasse o mais rápido. Eu precisava me controlar ou iria atacar meu homem
assim que ele entrasse pela porta.
O cheiro de comida ainda estava na casa e o jantar havia sido tão
harmonioso e gostoso, que dava vontade de repetir aquela dose mais uma
vez. Marcelo adorou a comida e a surpresa que fiz para ele, cozinhando
coisas simples, mas muito apetitosas. Ele dizia que eu estava melhorando a
cada dia na cozinha e eu estava achando o mesmo.
A torta doce estava divina e custava a acreditar, que eu mesma tinha
feito aquela maravilha. Ainda bem que resolvemos guardar ou então, eu teria
acabado com pelo menos metade sozinha.
Conversamos sobre seu dia, como fazíamos em todo jantar e Marcelo
perguntava sobre o meu. Contei sobre o que aprendi na aula de dança e ele
me disse que eu seria uma grande dançarina se continuasse tendo força e
determinação para alcançar meus objetivos. O dia dele havia tido ação, como
em todos os outros e eu adorava ouvir as histórias dos casos de polícia que
podia me contar, era emocionante.
Marcelo me ajudou com a louça, a organizar a cozinha e disse que ia
tomar banho. Até me convidou, mas recusei, fingi estar cansada e ele parecia
realmente estar, pois nem mesmo insistiu. Vi ele ir para o quarto e o segui
com o olhar, observando a curvatura de seus braços naquela camiseta
apertada que vestia e que o deixava extremamente sexy.
Mordi o lábio, ele era tão gostoso… tinha uma bundinha tão…
delícia, eu acabo com esse homem na cama hoje.
Desviei o olhar e fui até a adega, precisava de uma taça de vinho antes
de dormir ou não conseguiria dormir bem. Me servi e caminhei em direção ao
quarto, mas ao passar pela sala, uma foto me chamou atenção. Éramos nós
dois abraçados, felizes na primeira viagem que fizemos juntos, a viagem à
Nova Iorque, onde meus sonhos começaram a se tornar realidade.
Sorri me lembrando exatamente daquele momento mágico. Demos
uma paradinha na Time Square, que a noite é um show de cores, antes de
podermos ir para Madison Square ver o jogo da NBA, do New York Knicks.
— Lizzie, vem aqui! — Marcelo me chamou vendo que eu estava
deslumbrada com tantas cores e beleza à minha frente. Definitivamente
aquele era o coração de Nova Iorque e o lugar mais bonito que tínhamos
visitado até o momento. Senti sua mão me puxar pela cintura e olhei para
ele, que tinha um sorriso no rosto.
— Você está feliz, não?
— Nunca estive mais feliz em toda minha vida.
— Adoro ver um sorriso em seu rosto, meu amor.
— Você é o responsável por cada sorriso que dou, sabe disso!
Sorri para ele, que deu um beijo delicado em meu nariz, me fazendo
sorrir ainda mais. Marcelo pegou seu celular e abriu a câmera para poder
tirar uma foto.
— Quero um sorriso lindo para essa foto, ein!
Concordei com o que disse e sorri, posando para a foto, estando
abraçada nele com o mais sincero sorriso que podia dar. Eu estava
empolgada, feliz e me sentindo realizada, não tinha como não estar bem.
Era um sonho realizado e ter Marcelo do meu lado fazia tudo aquilo
ser real.
Sorri me lembrando dos dias na cidade que não dorme e tive saudade,
vontade de estar lá mais uma vez e até mesmo, de viajar com Marcelo. Ele
estava trabalhando muito nos últimos meses, os casos no distrito estavam
intensos e ele tinha que se dedicar por inteiro para poder resolvê-los, mas eu
tinha planos ao menos para o fim de semana onde iríamos comemorar seu
aniversário.
Devolvi a foto no expositor de fotos na parede e peguei a taça mais
uma vez na mão. Caminhei em direção ao quarto, colocando a taça em cima
da mesa de cabeceira e fui pegar uma camisola para vestir.
O barulho de água vindo do banheiro era notável e por um momento
pensei em dar uma espiada no meu homem, mas isso resultaria em outras
coisas das quais eu não pensava em fazer no banheiro.
Me vesti com a camisola branca de tecido fino, quase que
transparente, e me ajeitei na cama. Tomei um gole do vinho de gosto doce e
agradável e sorri, aquilo era maravilhoso. Ao lado, na mesinha de cabeceira,
liguei o som em uma altura adorável e apreciei da boa bebida com olhos
fechados.
Longos minutos se passaram e Ten long years do Eric Clapton, junto
do B.B. King começou a tocar. Era um blues admirável, que fazia a gente
viajar em sua melodia e se perder por entre os acordes de guitarra, o que me
fez fechar ainda mais os olhos e curtir a música em bom som.
Eu nem fiz questão de saber quanto tempo passou, estava tão entretida
na melodia que quando abri os olhos, vi Marcelo abrir a porta do banheiro e
sair com a toalha enrolada no corpo.
Bebi mais um pouco do vinho e mordi o lábio, encarando-o de uma
forma tão fixa e pensando no quão sortuda era por ter um homem como ele.
Que homem.
— O que você está olhando? — Perguntou, passando a mão no
cabelo, tirando o excesso de água que ali tinha e assim, o bagunçou.
Que homem, que homem, voltei a pensar.
— Estou aqui pensando… se… caso essa toalha caísse!
— Desse jeito?
Marcelo tirou a toalha, expondo todo o seu corpo nu e o grande
membro que já dava sinal de vida. Molhei os lábios com minha língua,
sedenta por aquilo e ele sorriu, mais do que eu sorri com a surpresa bem na
minha frente.
Ele se aproximou de mim em passos curtos.
Apertei minha perna uma na outra, desconfortável e Marcelo ao notar
aquilo, sorriu e mordeu o lábio como eu havia feito. Se aproximou de mim e
tirou a taça que quase caía da minha mão. Me encarou esperando uma
resposta, visto que eu havia ficado sem palavras e sorriu, balançando a
cabeça em negativo, mordendo o lábio agora de forma excitante.
— Acho que foi bem melhor do que eu estava imaginando.
Respondi devagar. Meus olhos não conseguiam desviar do seu corpo
e a vontade de tê-lo dentro de mim, era extremamente grande. Tentei me
levantar, mas ele impediu meu ato, segurando meus ombros e ajoelhando na
cama. Me ajeitei, o mantendo entre as minhas pernas e senti sua mão em
minha nuca.
Marcelo me puxou para um beijo, do qual aproveitei ao máximo.
Como era bom sentir aqueles lábios junto aos meus. Seu gosto era
bom e tinha um sabor tão marcante, que Marcelo me fazia sua, apenas com o
beijo.
Eu era do Marcelo e sempre seria, se dessa forma fosse para ser.
Levei minha mão para suas costas e dedilhei o local até chegar em sua
bunda, local que tive o prazer de apertar contra meu corpo, sentindo o seu
tremer com aquele ato. Eu estava tão próxima do seu membro, que poderia
abocanhá-lo ali, em segundos e ele nem teria como protestar. Senti meu lábio
ser mordido e o cabelo puxado. Ele estava me provocando, me excitando.
Marcelo não comandava apenas a equipe do distrito, ele me liderava e
eu adorava receber suas ordens.
Sua boca passou por minha bochecha e parou em meu pescoço, onde
ele mordeu de leve, me fazendo arfar. Sorriu e olhou em meus olhos,
enquanto abaixava a alça da minha camisola. Nossos olhares não se
desconectavam em momento algum e aquilo só servia para tornar tudo mais
quente.
Meu corpo estava fervendo e o dele em combustão, porque a força
que fez para me puxar e beijar meu ombro, me fez perceber isso. Arfei com o
prazer que senti ali, seus dentes roçaram minha pele que se arrepiou e
suspirei, deixando ele fazer o que quisesse comigo.
Suas mãos contornaram meu corpo em um ritmo sensual e logo, ele
conseguiu retirar a última peça de roupa que nos impedia de nos sentir. Como
em todos as vezes que Marcelo tirava minha roupa na cama, ele me olhava
por inteiro, analisava cada detalhe do meu corpo e proferia as mesmas
palavras de amor:
— Você é perfeita!
Eu não acreditava ser perfeita, mas se com isso ele queria dizer que eu
era boa para ele, tendo o amor que sempre desejou e também, o corpo que
sempre sonhou, eu ficava feliz por aquilo.
Senti seus beijos descerem por todo meu corpo até chegarem nas
minhas pernas, local que Marcelo fez questão de dar uma mordidinha. Dei
um gritinho baixo, rindo logo depois e ele me olhou, sorrindo.
Aquele sorriso que fez eu me molhar inteira.
Deitei, me aconchegando nos travesseiros da cama e Marcelo tirou
minha calcinha. Ele não me deu tempo, abriu minhas pernas e mergulhou sua
cabeça por entre elas, enfiando sua língua em minha intimidade.
Segurei na cabeceira da cama, aquilo era muito bom. Meu corpo se
movia a cada movimento de Marcelo dentro de mim e gemi alto, quando ele
passou seu dedo por meu clítoris, me proporcionando um prazer altamente
duplo.
A única coisa que saía da minha boca, eram os gemidos e minha
respiração estava extremamente alterada. O prazer era grande e Marcelo sabia
fazer um oral muito bem feito. Meu peito subia e descia e eu pedia para ele
não parar, à medida que aumentava o ritmo dos movimentos, que ora eram
dentro de mim, ora na região mais sensível do lado de fora.
Aquele homem ia me levar ao inferno.
Meu corpo estava quente e minhas bochechas ficaram mais vermelhas
do que já estavam. Eu me tremi toda ao alcançar o meu clímax e aquela
sensação boa me atingiu. Pensei que fosse parar, mas não, Marcelo estava me
torturando e logo subiu em cima de mim, movimentando seus dedos ainda
dentro de mim e me beijou, me fazendo ficar quieta e não mostrar a ele meus
gemidos de prazer.
Aquele homem era louco e eu o amava.
— Marcelo….
— Shh, apenas sinta!
Ordenou e estremeci, sentindo-o se afundar dentro de mim com todo
aquele tamanho. Mordi seu lábio em resposta a um gemido e ele sorriu,
interrompendo nosso beijo para poder me olhar.
Meus olhos estavam fechados e meu corpo se balançava junto com a
força que ele colocava para entrar mais em mim. Não tinha como não
aproveitar aquele momento junto às boas sensações que ele trazia.
Meu amado arfava com o prazer que também estava sentindo e eu
bagunçava seu cabelo, até que Marcelo segurou minha mão e a colocou
acima da minha cabeça. Logo, ele fez o mesmo com a outra e eu estava
entregue a ele de vez, por inteiro.
Seu olhar intenso e o sorriso safado que lançou para mim, me deu um
tesão enorme e quase gozei só com aquilo, só de imaginar o que ele poderia
fazer comigo, mas não, eu fui forte e depois de mais investidas em mim, nós
dois gozamos, juntos.
Marcelo não escondeu o prazer que sentiu ao atingir o ápice e gemeu
ao meu lado, deitando junto comigo com a respiração alterada.
Eu não estava diferente, mas fui capaz de abraçar seu corpo e lhe dar
um beijo no peito, onde ali, dedilhei e fiz um desenho de um coração com os
dedos.
Enquanto descansávamos, olhei para ele e fiquei encarando-o até que
fizesse o mesmo e assim que fez, falei:
— Eu te amo! — Ele sorriu.
— Eu também te amo, Lizzie.
— Está muito cansado?
— Por que?
Perguntou inocentemente e sorri no mesmo estilo safada quando ele
sorria para mim. Me levantei e deixei que ele visse todo meu corpo.
— Porque eu ia tomar um banho e… achei que você quisesse vir
comigo.
Passei a mão no meu corpo e ganhei a atenção dele. Marcelo respirou
fundo e se sentou na cama, me olhando.
— Só vou com uma condição.
— E qual é essa?
Eu já não tinha mais medo das condições de Marcelo, pois todas me
traziam prazer e levava ainda mais a ele. Eu gostava de explorar novas coisas
e sempre fazer ele bem.
— Se toca para mim.
Em todo esse um ano de namoro, ele nunca havia pedido aquilo para
mim, o que me fez ficar surpresa com o pedido inusitado, mas tentada a
realizar.
— Marcelo, eu…
— Lizzie, mostra pra mim como você gostaria que eu fizesse, vai…
se toca para mim.
Sussurrou a última parte, falando pausadamente e aquilo me arrepiou.
Apenas balancei a cabeça, concordando com o que me pediu, estava excitada
e louca para uma segunda, terceira e quarta rodada de sexo e aquilo me
motivou.
Marcelo bateu a mão no colchão da cama, indicando para me sentar
ali e assim eu fiz. Ainda estava um pouco tímida de me tocar na frente dele, e
ele pareceu perceber aquilo, pois logo quando me sentei, Marcelo me abraçou
e começou a beijar todo o meu corpo.
— Se solta… eu sei que você se toca quando eu não estou aqui.
Falou entre os beijos, o que me trazia ainda mais arrepios no corpo.
— Mostra pra mim como é que você faz quando não estou aqui. Eu
quero ver você gozar, chamando meu nome.
— Amor…
Marcelo me calou com um beijo, segurando meu rosto e me levou
para perto dele. Cada vez mais, eu juntava meu corpo no seu, que queria dar
sinal de vida.
Ele queria que eu me tocasse, eu iria me tocar.
Iria fazer como se ele não estivesse ali.
Como em todas as vezes que me tocava e que ao invés de ter seu pau
para me satisfazer, tinha meus dedos, tocando o mais profundo, como ele
fazia comigo.
Engoli em seco e balancei a cabeça, indicando que iria começar o
“show”. Ele se levantou e sentou na poltrona perto da porta que acessava o
closet.
Marcelo queria me ver por inteiro e assim ele faria.
Respirei fundo e fechei os olhos, deitando na cama. Me esqueci de
tudo o que tinha ali e agi como se realmente ele não estivesse em casa.
Comecei imaginando seus dedos passando por meu corpo, e assim, fiz com
que meus dedos tocassem cada parte do meu corpo e parassem no meio das
minhas pernas, onde acariciei minha virilha, sentindo meu corpo se arrepiar e
se elevar.
Aquela sensação era gostosa.
Abri minhas pernas e logo, passei um dos dedos em meu clítoris,
sentindo a umidade exalada que tinha na região, ao descer para a abertura da
minha vagina. Enfiei um dedo, dois dedos e fiz movimentos de entra e sai,
suspirando entre eles. Enquanto eu fazia esses movimentos, minha mão livre
massageava meu seio, apertando-o com força e arfei alto com prazer.
Movimentei meu corpo junto aos movimentos, sentindo a fundo
dentro de mim e aquilo foi muito bom. Marcelo sempre gostava de me
preencher até o fundo com seus dedos. Ah, não apenas com os dedos, mas
com aquele membro copioso e venerável.
Mordi o lábio com força me lembrando da boa sensação de ser
preenchida por meu homem e pelo prazer que estava sentindo. Levei meus
dedos até a boca e os chupei, exorbitantemente sensual. Pude ouvir um som
de prazer vindo da boca de Marcelo e abri os olhos, levando-os até ele e vi
que também estava se tocando.
Me ver fazendo aquilo, fez Marcelo se excitar ainda mais e se
masturbar, pensando e olhando para mim. Era uma troca de prazeres
incrivelmente boa.
Me sentei na cama e esfreguei dois dedos em meu clítoris, me
incentivando a atingir o clímax logo e poder dar atenção ao mais belo daquela
casa.
— Ahh, Marcelo… como isso é bom!
Sussurrei, chamando por ele e mostrando que era bom, por estar
pensando demais em suas investidas e no oral que fazia em mim.
Era daquela forma que eu me satisfazia todas as vezes que ele não
estava em casa e Marcelo assistia de camarote todo o meu show, apenas para
seu prazer.
Marcelo não tirava os olhos de mim e os movimentos que fazia em
seu membro, me deixavam com vontade de ir até lá e terminar o trabalho para
ele.
Com aqueles pensamentos, deixei escapar um gemido mais alto e
sorri logo em seguida, sendo surpreendida pelo sussurro de meu namorado
chamando pelo meu nome.
Até mesmo se masturbando o homem era bonito.
Ele me levava à loucura.
Seus olhos estavam fechados e logo, nossos gemidos se misturaram
um com o outro. O clímax logo me atingiu, mas com ele foi diferente, ainda
se tocava de olhos fechados e quando os abriu, se deparou comigo à sua
frente, tocando sutilmente suas coxas com a ponta dos dedos.
Seu corpo tremeu e sua pele se arrepiou. Era lindo ver as reações que
ele tinha sobre mim e saber que se excitava com minha presença.
Eu era desejada por um homem de caráter e aquilo me enchia de
felicidade.
Fui para cima dele, minhas pernas abraçaram seu corpo, que já estava
desencostado da poltrona, agarrei seu rosto e o beijei com todo meu amor,
mostrando a ele que não estava ali para brincar.
Tínhamos pressa, ele precisava gozar, sentir meu corpo, o calor um do
outro e não medimos esforços para aquilo acontecer.
Marcelo me segurou pela bunda, apertando a região depois do tapa
que deu e me fez sentar em seu membro grosso.
Aquilo me fez gemer em seu ouvido e repousar a cabeça em seu
ombro.
Como era bom senti-lo dentro de mim.
Fiz movimentos para poder sentir seu pau entrar e sair de dentro de
mim e aquilo foi me extasiando, me preenchendo de maneira doce e ao
mesmo tempo intensa. Eu me segurava em seus ombros e pegava impulso na
poltrona, mas também, era auxiliada pelo homem que segurava minha cintura
e me fazia sentar com mais força.
O clímax não demorou para chegar e gozei antes mesmo dele, logo,
caí cansada em seu corpo, mas Marcelo não parou, ele começou a bombear
para dentro de mim, na tentativa de alcançar o limite do seu prazer.
Nossos corpos estavam suados, a respiração estava ofegante e os dois
gemiam freneticamente, até que ele gozou, como um jato de uma mangueira
para dentro de mim. Marcelo gemeu, com força, se inebriando com o prazer e
abraçou meu corpo, me aninhando para perto dele.
Me preocupei naquele momento, estávamos sem camisinha e ele tinha
gozado dentro, não era a primeira vez, então apenas o olhei e ele entendeu o
que queria dizer.
— Eu te amo, estou pronto para seguir nossas vidas! Não se preocupa.
Eu tinha medo, não queria ter um filho à essa altura da minha vida,
ainda mais com o teste para uma apresentação de dança que ia acontecer em
dois meses, mas se fosse para acontecer, que fosse com Marcelo.
Me acalmei ao olhar em seus olhos e ser beijada pelo homem que me
amava. Fomos nos acalmando aos poucos, até que o único som que dava para
ouvir ali, era nossas respirações, calmas e completamente adocicadas.
— Lizzie, eu te amo!
— Eu também te amo, Marcelo.
Respondi olhando em seus olhos e ele sorriu.
Ali, nós dois confidenciamos o amor um ao outro e mostramos que o
que vivemos, era mais sério do que qualquer coisa. Eu estava pronta para dar
o próximo passo e aproveitaria o aniversário dele que estava chegando para
lhe fazer uma surpresa. Só esperava que ela fosse boa o bastante para fazê-lo
decidir passar o resto da sua vida ao meu lado, como meu marido.
Meus pés batiam incansavelmente dentro daquele carro, esperando o
trânsito da cidade melhorar para podermos sair das ruas e finalmente
chegarmos ao destino, que era o barzinho que a equipe do distrito sempre se
reunia após o expediente.
Naquele dia, convenci Marcelo a ir tomar uma cerveja com os
amigos, afinal, queria ele inteirinho em casa na noite seguinte, para
comemorarmos juntos, seu aniversário, do jeitinho que adorávamos. Presos
entre quatro paredes, ofegantes e cheios de prazer. Era assim que ia ser.
Olhei no relógio mais uma vez e respirei fundo, vendo o motorista do
táxi tentando sair do trânsito horrível que estava naquela noite. Meu celular
vibrou e vi que era uma mensagem de Allie, uma das detetives da inteligência
que trabalhava com Marcelo.

“Onde você está? Já tá todo mundo aqui.”


“Presa no trânsito, socorro!
Segura o Marcelo aí mais um pouco que já, já chego.”

Não estávamos tão longe assim do bar e decidi que iria pegar o metrô
até a próxima estação e seguir a pé para lá. Paguei a devida quantidade ao
motorista e desembarquei perto da parada de ônibus. Caminhei para o metrô e
fiz todo o trajeto até o barzinho quase correndo para não atrasar.
Ao chegar na porta do estabelecimento com porta de madeira, respirei
fundo e adentrei o local, vendo muitas pessoas lá dentro. Realmente era um
bar movimentado. Pelo que lembro de Marcelo dizendo, muitas pessoas da
cidade iam naquele bar por ser aconchegante e cheio de vida, e eles não
estavam errados, o clima aqui dentro era muito bom.
Notei ao fundo daquele local iluminado, uma mesa rodeada pelos
amigos do Marcelo, melhor dizendo, seus parceiros, as mesmas pessoas com
quem ele trabalhava todos os dias no distrito e sorri ao vê-lo conversando
enquanto tomava uma cerveja.
Como podia ser tão lindo?
Estava tão despojado com aquela camiseta preta colada no seu corpo,
que evidenciava aquele pedaço de mal caminho que só eu conhecia. Mordi os
lábios e balancei a cabeça, afastando os pensamentos naquele momento.
Me concentrei apenas em me aproximar e parei atrás dele, que não
notou minha presença, estava distraído conversando com Ryder.
— Posso atrapalhar um pouco a conversa para beijar meu namorado?
Entrei na conversa deles dois e Marcelo se virou para me olhar. Seus
olhos demonstraram surpresa e ele não perdeu tempo, agarrou meu corpo e
me deu um beijo daqueles que se eu não estivesse sendo segurada por seus
braços, com certeza teria ido ao chão.
— O que você está fazendo aqui?
— Achei que ia ficar feliz em me ver, quis fazer uma surpresa.
— Eu estou feliz, Lizzie! Só achei que estaria em casa descansando.
— E perder a farra do seu aniversário? Nem pensar nisso! — Olhei
para Allie que me lançou um sorriso e vi o garçom servir a mesa inteira com
uma rodada de cerveja. Marcelo arqueou a sobrancelha, peguei uma garrafa
para mim e entreguei-lhe a dele. — Feliz aniversário adiantado, meu amor!
Ergui a garrafa imitando o gesto para brindar com todos da mesa e a
equipe inteira me imitou. Marcelo balançou a cabeça, descrente com aquilo e
sorriu, brindando com todos nós.
Bebi um pouco daquela bebida gelada e olhei para meu namorado.
— Você não existe mesmo, planejou uma comemoração do meu
aniversário?
— Não fiz isso sozinha, Allie e Ryder são meus cúmplices. — Dei de
ombros, rindo ao ver o leve soco que deu em Ryder e senti Marcelo me
abraçar pela cintura.
— Ainda mato vocês dois. — Apontou para os dois detetives e ambos
demos risada. Estava gostando de estar ali, ao lado de Marcelo e de seus
amigos, descontraindo e vivendo a noite da melhor maneira que podíamos.
Eu me dava bem com todos os detetives do 13° distrito, o que faziam deles
meus amigos também.
— Lizzie, queria saber de você, o que foi que viu nesse cara, ein? —
Ryder perguntou e todos levaram a atenção para mim. Minhas bochechas
coraram na hora e fui incentivada por todos a falar. Eu estava com muita
vergonha.
— Ah, o Marcelo é a melhor pessoa que conheço. Sabe, é bom saber
que tem alguém do meu lado, que sei que sempre vai me apoiar quando eu
precisar. O Marcelo é um daqueles caras mágicos que vem para transformar
sua vida. Eu sempre brinco que ele foi feito para me resgatar e feito
exclusivamente para mim, não tenho dúvidas disso.
— Você tá puxando saco só porque ele está do seu lado e é seu
namorado.
— Não, pior que não estou. Ele é um homem incrível, além de ser
lindo, claro, e tenho a mais pura certeza que é o homem ideal para mim. Ele é
o grande amor da minha vida, o que posso fazer?
— Awwwwn, que lindo. — Allie se derreteu e Marcelo beijou minha
bochecha, arrancando um suspiro meu.
— Eu te amo!
— Também te amo, Marcelo.
— Então, já que vocês se amam, vamos brindar mais uma vez, agora,
por esse casal maravilhoso à nossa frente, que ainda tem muita coisa para
viver e ser feliz. Um brinde à felicidade de Marcelo e Elizabeth!
Brindei junto com a galera e sorri, tendo na minha mente que era
exatamente aquilo que iria acontecer.
Marcelo e eu estávamos destinados à felicidade e nada e nem
ninguém, poderia mudar os planos do destino para nossas vidas.
Me levantei cedo no dia seguinte para começar os preparativos da
surpresa que iria fazer para Marcelo. Era um dia especial, o aniversário do
meu namorado e queria que tudo fosse perfeito.

Como sabia as comidas preferidas de Marcelo para começar bem o


dia, corri até a padaria e peguei as encomendas que havia feito no dia
anterior, para que eu não estragasse nada que tinha dentro de casa e ele fosse
trabalhar de mau humor.
Ao voltar para casa, vi que ele ainda dormia e aproveitei para arrumar
a mesa com a cesta de café da manhã que comprei, que estava recheada de
bolos, pães e o que não podia faltar: o waffle com calda de framboesa que ele
tanto amava. Eu fui esperta e comprei tudo na padaria preferida dele, porque
era para ser um dia mais que especial.
Esquentei um pouco de leite e fiz um café fresquinho, com seu
cheirinho que já dominava a casa toda. Eu adorava o cheiro de café, sem falar
no gosto perfeito que ele tinha. Arrumei tudo na mesa e liguei para a doceria,
confirmando a encomenda do bolo, que seria entregue durante a tarde, assim,
conseguiria organizar tudo para a grande noite.
Quando nos conhecemos, Marcelo disse que não gostava muito de
festas e que seu aniversário geralmente passava sozinho, para ser mais
sincera, dividindo a cama com seus travesseiros em uma bela noite de sono.
Por mais que eu não estivesse acostumada a ter comemorações de
aniversário, queria fazer isso para ele, assim como ele havia feito comigo, no
meu primeiro aniversário junto a ele.
Embora eu não tivesse muito dinheiro, acabava pegando um pouco da
caixinha de emergências que Marcelo tinha no quarto e que sempre dizia que
eu podia usar. Ele brigava comigo? Sim, sempre, mas depois ficávamos numa
boa, porque ele via que era uma boa intenção o uso daquele dinheiro.
Essa noite eu não iria fazer nada do que ele não gostava: seriam
apenas nós dois, em uma noite romântica, com vinho, um bolinho e muito
amor na nossa cama, como ele gostava. Ah, eu não podia esquecer do pedido
que iria fazer, do qual confessava ter medo da resposta, mas não podia deixar
de tentar.
Estava tudo pronto quando ouvi ele me chamar do quarto e fui até lá.
O encontrei ainda deitado na cama, com aquela carinha de sono que eu tanto
amava e o lençol cobrindo apenas sua cintura.
— Bom dia.
— Bom dia. Posso saber onde a senhorita estava, que não está comigo
na cama? — Perguntou com a voz baixa, ainda consumida pelo sono.
— Eu estava na cozinha, fazendo café. Pode levantar para comermos
juntos?
— Amor, não quero que você fique se matando nessa cozinha.
— Não é esforço, é uma gentileza, Marcelo. Eu preciso retribuir de
alguma forma tudo o que você faz por mim.
Me sentei na beira da cama e ele se sentou, se aproximando de mim.
Sua mão foi parar em minha nuca e Marcelo me puxou, beijando meus lábios
com amor.
Era tão bom sentir seus lábios logo pela manhã.
— Você já retribui com esses beijos, com seu amor e não podemos
esquecer das noites quentes de sexo.
Sorriu e abaixei a cabeça, sorrindo também. Era tudo muito bom para
ser apenas um sonho. Esperava que não fosse.
— Quero fazer mais. Vai tomar um banho, ficar relaxado e depois,
vem tomar café da manhã comigo.
— Vem tomar banho comigo?
Pediu, passando o rosto perto da minha orelha, me provocando. Meu
corpo se arrepiou, como dizer não a Marcelo em pleno aniversário?
— O café vai esfriar.
Falhei a voz quando ele mordeu o lóbulo da minha orelha e deixei
escapar um gemido dos meus lábios entreabertos, o que fez ele rir.
— A gente se vira com ele depois, agora... — Tirou o lençol do corpo,
o exibindo para mim. — Toma um banho comigo?
Assenti com a cabeça, passando a língua no lábio, sedenta por ele. Eu
queria fazê-lo feliz naquele dia, então não negaria nada que fosse pedido. Me
levantei e Marcelo fez o mesmo. Quando me virei de costas, ele me puxou
para si, colando minhas costas em seu peito e suspirei, sentindo-o duro,
encostado em mim.
Marcelo me deixava louca com os beijos no pescoço e aquilo me
excitava.
Ele desceu sua mão por meu corpo e a enfiou dentro da minha calça.
Tocou minha intimidade por cima da calcinha e enfiou a mão lá dentro,
introduzindo dois dedos em minha vagina.
O peso das minhas pernas quase falhara, mas me mantive firme,
enquanto ele circulava minha intimidade na tentativa de me fazer gozar.
Não demorou muito para acontecer e ele riu, beijando meu rosto e
logo levando seu dedo até minha boca. O chupei com vontade e olhei para
ele. Marcelo me virou para ele e tirou minha blusa. Abri os botões da calça e
o ajudei a tirar o resto. Mal tive tempo para pensar e ele me pegou no colo.
Enlacei minhas pernas em volta da sua cintura, sentindo seu membro
roçar em minha vagina e mordi seu lábio, quando fui beijá-lo. Marcelo me
encostou na parede fria do box do banheiro e ficou ali, me beijando. Se
enfiou dentro de mim e gemi, alto.
Aquilo era bom, demais!
Me agarrei em seu pescoço, fazendo força e ele sentiu o prazer
quando puxei seu corpo, fazendo-o estocar bem ao fundo de mim.
Ele sorriu e parou de me beijar para me olhar.
Marcelo fodia tão bem que eu não queria que aquele momento
acabasse nunca e ele, com o mesmo pensamento, fazia tudo se prolongar.
Suas investidas eram tão bem feitas e intensas, que me davam energia
e vontade de ficar com ele assim para sempre.
Era tão bom sentir seu pau entrar e sair de mim.
Senti suas bombeadas mais firmes e sabia que ele estava prestes a
gozar e pensar naquilo, fez eu apertá-lo com minha vagina, atingindo meu
ponto de prazer e logo, senti ele escorregar para fora de mim, vendo-o gozar
contra a parede.
Meu corpo amoleceu e se ele não estivesse me segurando, teria ido ao
chão. Alcancei sua boca e o beijei, mais uma vez, agradecendo por aquela
boa foda e sorri, fazendo carinho em sua bochecha.
— Feliz aniversário, amor! — Marcelo sorriu e apertou minha
cintura.
— Obrigado pelo excelente presente. Quero repetir, fingir que ainda
não o abri. — Dei risada, mordendo seu lábio. Alcancei o registro do
chuveiro, precisávamos esfriar um pouco, porque estávamos pegando fogo.
— Hoje você tem o direito de pedir quantos presentes quiser e eu, vou
te dar cada um eles. — Sussurrei em seu ouvido, soando sedutora e Marcelo
me puxou para debaixo d'água. Se ele quisesse, eu ficaria ali o dia inteiro
com ele, tudo para poder ficar em seus braços, onde eu sabia que era o meu
abrigo.
— Você vai trabalhar hoje com carinha de quem fodeu muito bem
pela manhã. — Marcelo sorriu, me agarrou e tornou a me beijar. Nossa
manhã seria um pouco longa e iria adorar aquilo, desde que eu estivesse
entregue àquele homem.
Depois de uma manhã esplêndida de sexo quente, Marcelo foi
surpreendido por mim com o delicioso café da manhã, qual insisti muito para
que ele tomasse comigo. Havia comprado tantas coisas das quais ele adorava,
e ele ficou muito satisfeito com tudo. Hoje era dia de mimá-lo e era isso que
eu faria o dia inteiro.
Marcelo saiu de casa com a promessa de que quando chegasse em
casa pela noite, teria mais surpresas esperando por ele. O deixei curioso,
contando que uma delas era eu, nua na cama, o esperando. Quase que ele não
foi trabalhar depois do que disse, mas o mandei ir a protestos.
O dia passou rápido e eu tinha tudo sob controle, graças ao bom Pai,
que me olhava lá de cima e mandava suas forças para me ajudar. A casa
estava limpa, já tinha separado duas garrafas de vinho para comemorarmos e
colocado na mesa, junto com alguns petiscos e uma torta de ricota, tomate e
peito de peru, que eu mesma tinha feito. Esperava que tivesse ficado boa.
Enfeitei ao redor da mesa com alguns balões coloridos e coloquei um
castiçal com velas no centro. Não ascendi, iria deixar para a hora certa.
Olhei no relógio e faltava uma hora para entregarem o bolo. Marcelo
iria adorar, era um red velvet com nozes e cream cheese e o topo era
enfeitado com as palavras “case-se comigo”.
Era o meu pedido de casamento para ele, porque eu tinha certeza que
queria passar o resto da minha vida ao seu lado.
Aproveitei e decidi que iria tomar um banho, porque o bolo era a
última coisa que faltava, e claro, o aniversariante, que chegaria em
pouquíssimas horas.
Tomei meu banho, coloquei uma lingerie nova e um vestidinho
colado, básico, branco, que acentuava as curvas do meu corpo, me deixando
sexy e incrivelmente atraente. Soltei os cabelos e os enrolei, dando o
caimento de lado. Minha franja já tinha crescido de novo, então deixei ela
solta, também de lado.
Me maquiei muito bem e o batom vermelho foi o escolhido, como
sempre era quando queria impressionar meu namorado. Me perfumei, com o
mais gostoso aroma doce que eu tinha e me encarei no espelho.
Eu estava de matar.
Marcelo chegaria em casa e encontraria uma mulher fatal, pronta para
realizar todos os seus desejos.
Fui para a sala, vendo que já estava em cima da hora e a campainha
tocou.
Era o bolo, bem na hora.
Peguei o dinheiro que havia deixado separado na mesinha de centro e
fui abrir a porta. Encontrei com uma moça sorridente, que vestia um avental
verde musgo por cima da roupa e toucas na mesma cor, ambos com o
logotipo da padaria.
— Elizabeth?
Perguntou, confirmando se estava no apartamento certo e assenti. Ela
segurava uma caixa com o bolo. Não era muito grande, afinal, seriam só nós
dois. A parte de cima da caixa era transparente e me permitiu ver como
estava o topo do bolo, idêntico ao que pedi. Dei o dinheiro a ela e peguei a
caixa na mão.
Sorrindo, ela foi embora e suspirei, estava tudo em seu devido lugar.
Agora só faltava meu namorado, para começarmos bem a noite.
Me virei para entrar e antes que pudesse fechar a porta, senti mãos
fortes segurarem meu braço e o corpo daquela pessoa me empurrar para
dentro da casa, sendo brutal. O bolo caiu no chão, me odiei por aquilo e me
virei rapidamente com a mão fechada para socar o cretino que havia feito
aquilo, um homem encapuzado bem na minha frente. Gelei quando ele me
segurou com mais força ainda.
— Sem grito, vadia, ou vai ser pior.
— Não tem nada para você roubar aqui, a gente não tem dinheiro.
— Não quero seu dinheiro, quero seu namorado.
Marcelo? Ah, não!
Arregalei os olhos, ele não podia estar falando a verdade.
Isso não ia acontecer, não hoje, moço.
Olhei para a mesa onde tinha uma faca e quando ele menos esperou,
corri até ela e a peguei, desferindo golpes incertos contra o homem mau. Não
esperava que ele fosse tão hábil e conseguisse me machucar com minha
própria arma.
Gritei com a dor de sentir minha cintura ser rasgada com o objeto
cortante e o empurrei, levando a mão até o local, que sangrava.
— Socorro!!! — Gritei, algum vizinho tinha que escutar.
O homem correu atrás de mim e conseguiu me segurar, eu estava de
costas. Me debati e derrubamos objetos pela casa.
— Cala a boca, sua vadia. — Eu não conseguia ficar quieta, apenas
gritava.
— Desgraçada. — Me deu um belo de um soco no rosto e a dor se fez
presente. Fazia tempo que eu não sentia aquilo. Meu corpo amoleceu e ele me
empurrou contra a parede, fazendo minha cabeça bater e naquele momento eu
não vi mais nada, por um bom tempo.
O dia havia sido bem corrido no distrito, tive que fazer um relatório
completo da operação de apreensão de ontem, que ainda era notícia no dia de
hoje. Buscamos o suspeito por meses e finalmente conseguimos prendê-lo. O
desgraçado abusava de mulheres que roubava e depois, as matava para que
não houvesse queixa contra o mesmo.
Eu tinha repulsa de homens que tocavam mulheres quando elas não
queriam e como meu dever policial, tinha prazer em apreender desgraçados
como esse.
Ryder, Josh, Lev e Allie, ou seja, a equipe havia ido tomar uma
cerveja no bar para encerrar o expediente e só ficou eu, Jonas, Kevin e Luna
no distrito, o que não me deixava muito confortável, devido aos
comportamentos de Luna no passado.
Mesmo depois das chamadas de atenção do sargento, ainda ficava
com um pé atrás de estar sozinho com ela no meio da noite e ela dar em cima
de mim mais uma vez, embora tenha dito que era passado e estivesse em um
relacionamento.
Balancei a cabeça, deixando aquilo para trás quando ouvi a doce voz
que conhecia tão bem, adentrando meus ouvidos.
— Pensativo, detetive González?
Morrisson subiu as escadas que davam acesso ao nosso andar no
distrito e se aproximou de mim, me surpreendendo com sua presença, e eu
sorri, vendo a bela mulher de cabelos pretos perto de mim. Deixei os papéis
de lado, parando meu relatório e me levantei para abraçá-la.
— Pensei que nunca mais fosse frequentar nossa unidade.
A abracei pela cintura.
— E perder a oportunidade de ver esse rostinho lindo? Nunca. Ainda
mais no seu aniversário. Feliz aniversário, querido.
— Obrigado, Brenda.
Ela beijou minha bochecha, bem perto da minha boca e fiquei sem
graça. A afastei delicadamente e Brenda ficou me olhando, sem entender, tive
que justificar.
— Faz um ano que estou namorando.
E fazia um ano que eu não a via. Brenda havia sido transferida para
fazer uma investigação em um distrito fora de Chicago e perdemos o contato
nessa história. Fiquei sabendo que ela estava de enrosco com outro detetive e
deixei para lá, afinal, tinha conhecido o grande amor da minha vida.
— Eu não sabia, me desculpa.
— Tudo bem, não tinha como você saber.
Encostei na mesa e coloquei as mãos nos bolsos, a encarando.
— E como ela é? Acho que não é fácil conquistar seu coração.
Sorriu, não era mesmo, mas Elizabeth havia conseguido na primeira
tentativa. Nem podia chamar de tentativa, porque foi amor à primeira vista.
— Ela é linda, doce, tem seu jeitinho único. É um sonho, do qual eu
só tive oportunidade de conquistar agora.
Eu estava tão apaixonado, que minha voz até se adocicou ao falar.
— Uau, você apaixonado é outro nível. Marcelo, estou muito feliz por
você, de verdade. Sabe que apesar de tudo o que vivemos, somos amigos e eu
torço muito por sua felicidade.
Sorri e assenti ao que ela disse.
— O sentimento é recíproco, Brenda. Mas me diz, como estão as
coisas?
— Muito bem. Estou voltando para a narcóticos, a investigação
encerrou semana passada, só estou cumprindo com o tempo de transferência.
— Foi difícil?
— Como foi. Eu tive que começar do zero, porque os detetives de lá,
só por Deus. Não são como a gente, nem como o pessoal do 18°. Foi uma
experiência nova, mas que no fim, deu certo.
— Pelo menos tiveram uma sargento como você, ou o caso seria
arquivado.
Ela riu e se apoiou na cadeira, pensativa. Fiquei a olhando, parecia ter
tantas mágoas e queria que se sentisse à vontade para compartilhá-las
comigo, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, Kevin, nosso
especialista de tecnologia, bateu na porta e nos tirou a atenção. Ele estava
apreensivo e com medo de falar comigo.
— Detetive González, sargento Morrisson.
— Sim, Kevin. — Notei que ele respirou fundo e fiquei em alerta.
— Houve um chamado, é… disseram que parecia uma briga de casal,
não souberam explicar direito.
— Onde, Kevin?
Peguei minha jaqueta que estava na cadeira ouvindo ele dizer o local.
— Na sua casa, senhor.
Me virei para ele, olhei minha colega de trabalho e arregalei os olhos.
— Lizzie. — O coração falhou a batida, não podia acreditar naquilo.
Saí em disparada com eles dois no meu encalço. Precisava chegar
rápido em casa para saber se minha menina estava bem.
Eu mataria o desgraçado que tivesse feito qualquer coisa com ela.

Quando chegamos na casa, Jonas já estava com a equipe averiguando


o local. Entrei em disparada e fui direto falar com ele.
— Onde está a Elizabeth? Ela foi ferida?
— Marcelo, calma. — Pediu, eu não tinha motivos para ter calma.
Olhei ao redor, minha casa estava revirada e havia uma completa cena
de luta com evidências de sangue no chão. O pior já havia passado pela
minha cabeça, mas a única coisa que eu queria saber era se Elizabeth passava
bem.
— Eu não vou ficar calmo. Quero saber da minha namorada.
— Ela não está aqui. Quando chegamos a casa estava vazia, aberta e
revirada. Ela não ligou no seu celular ou coisa do tipo?
Mexi em meus bolsos procurando pelo aparelho celular e o olhei, não
havia ligação nenhuma do seu número e nem de número algum. Resolvi ligar
para ela, precisava saber onde estava.
A cada toque que escutava, meu coração se apertava por ela não
atender.
— Marcelo. — Morrisson se aproximou com o celular de Lizzie nas
mãos, merda. Ela usava luvas, era preciso, porque aquilo podia ser a cena de
um crime.
Respirei fundo, o desespero tomou conta de mim.
Onde ela podia estar? O que tinha acontecido ali?
— Merda. Elizabeth? Lizzie?
Saí pela casa, gritando o nome dela, em busca da minha menina.
Mesmo sabendo que ela não estava ali, meu coração queria acreditar que ela
podia estar escondida e os policiais não a encontraram.
Quando voltei para a sala, pude notar que Lizzie tinha montado uma
pequena comemoração de aniversário para mim. Havia comida na mesa,
balões de festa e também um bolo, caído no chão e rachado no meio. Me
abaixei para poder olhar e meus olhos encheram de lágrimas quando li o que
estava no topo.
“Case-se comigo ♥”
Ela ia me pedir em casamento? Que mulher faz isso?
Elizabeth era mesmo um anjo.
Morrisson se aproximou de mim e tocou meu ombro, me fazendo
levantar.
— Brenda. — Chamei sua atenção, vendo que bem rente ao pé da
mesa, havia uma espécie de faca. Mostrei para ela, que logo se abaixou e a
tomou em suas mãos, aproveitando que ainda usava as luvas. Havia sangue
na arma e eu torcia para que tivessem digitais, para sabermos quem fez isso
com minha menina, isso era, se o sangue fosse mesmo de Lizzie, coisa que eu
torcia para não ser. Balancei a cabeça, desviando as lágrimas para ninguém
perceber e respirei fundo.
— Sargento Miller, encontramos uma arma, isso explica o sangue no
chão. — Informou à Jonas. Fiquei apenas observando eles conversarem,
minha mente estava a mil.
— Ótimo, entregue à perícia, vamos torcer para ter digitais nessa faca.
— Estamos contando com isso. — Ela colocou a arma dentro de um
saquinho e entregou para os peritos que estavam no local. Brenda voltou a
ficar perto de mim e tocou meu ombro mais uma vez.
— Vamos encontrá-la, fica tranquilo.
— Marcelo, você tem algum inimigo em particular?
Jonas me perguntou e neguei com a cabeça.
— Eu acho que não, não sei.
— Está claro que ela foi levada por alguém, só precisamos saber
quem e por que. Vou colocar patrulheiros na rua para procurarem por ela. Eu
preciso que você pense, alguém queria te fazer algum mal?
— Não sei Jonas, eu sou policial, todos querem fazer alguma coisa.
Passei a mão no rosto, nervoso e meu celular começou a tocar. Peguei
ele rapidamente e um número desconhecido brilhava na tela.
Era ela, só podia ser.
— Lizzie? Lizzie, amor, onde você está?
— Detetive Marcelo González, é uma honra finalmente poder falar
com você.
— Quem está falando?
— O homem responsável pelos seus pesadelos. Peço desculpas pela
bagunça na casa, mas a vadia não ficava quieta, eu precisei dar um jeito.
— Seu desgraçado, onde está a Elizabeth?
Gritei, atraindo atenção do meu sargento, que olhou para mim.
— Eu não vou te falar. Ao menos que tenhamos um acordo.
— Quem é você e o que você quer?
— Quero que libertem John Ortega. Sabe, os negócios estão caindo
desde ontem, não é bom para ninguém, se é que me entende.
— Soltar o Ortega? Nem pensar. Seu chefe vai apodrecer na cadeia.
— Sua namorada também e vou entregar a cabeça dela como presente
para você na sua casa. — Fechei os olhos, precisava ceder. Precisava de
Elizabeth viva.
— Eu vou tentar, não é fácil tirar alguém da cadeia, preciso falar com
o promotor e…
— Você tem seis horas, detetive, ou vai encontrar sua namorada com
uma bala no meio da testa.
Ele desligou antes que eu pudesse responder e encarei Jonas e Brenda,
que me olhavam esperando que falasse alguma coisa.
— Era o sequestrador, ele está com a Lizzie e quer que soltemos o
Ortega.
— Ortega? Caçamos ele a meses.
— Eu sei, mas… A Lizzie está nas mãos desses caras, sargento. Mais
uma mulher inocente nas mãos sujas desses monstros.
Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo.
— Por que eles estão atrás de você, Marcelo? — Brenda perguntou.
Olhei para Jonas, que deu sinal verde para eu prosseguir.
— Um ano atrás prendi um cara, Antonio Ramirez. Eu me infiltrei em
uma operação para apreender armas ilegais e o Tony era o meu comparsa. Ele
acreditou que eu estava do mesmo lado, e, quando fui desmascarado, ele
tentou tirar sua própria vida, mas nossa equipe foi mais rápida e conseguiu
prendê-lo. A questão era que, não estávamos atrás apenas das armas.
Investigamos por tanto tempo, para descobrir que havia uma quadrilha por
trás disso, comandada por John Ortega. Ele lidera uma equipe de filhos da
puta que assaltam, abusam e matam mulheres, sem o menor escrúpulo.
— Que horror. — Concordei com ela e prossegui.
— Eu fiquei marcado nas mãos daqueles caras. Antonio comprava as
armas para os assaltos e John era o que realizava os abusos e as mortes. Ele
fazia questão de cometer esses crimes, era o único que tinha sangue frio o
suficiente. É bom em liderar, roubar, abusar e matar e agora é a única solução
para salvar minha namorada.
— Marcelo, eu sinto muito.
Brenda disse e me abraçou. Eu estava de mãos atadas, mas não iria
deixar minha garota pagar por algo que não tinha feito. Eu tinha que dar um
jeito de tirar Elizabeth das mãos desses maníacos, nem que eu tivesse que
matar alguém para conseguir fazer isso.
A investigação seguia e já fazia uma hora que não tínhamos notícias
de Lizzie e nem mesmo uma ideia do que fazer sem estragar tudo. Depois que
saímos, os policiais reviraram minha casa, em busca de mais alguma pista
que pudesse nos levar ao local onde haviam levado minha menina.
Colocamos um grampo no meu celular, para o caso de o sequestrador ligar de
novo, podermos rastreá-lo.
Eu encarava o quadro à minha frente, onde tinha fotos de todos os
envolvidos nesse sequestro e ao lado, a foto de Lizzie, como vítima.
Aguardávamos o resultado da perícia na arma para poder ligar o sequestrador
nessa história, e enquanto isso, encarava a imagem de John Ortega naquele
quadro.
A única coisa que tínhamos era ele e Antonio, mais nada.
Se continuássemos assim, eu teria que fazer uma visitinha a um dos
dois.
Minha cabeça estava a mil e não sabia mais o que pensar. Respirei
fundo e pude ouvir a voz de Brenda se aproximando de nós. Ela segurava
uma pasta nas mãos, era um arquivo e só podia ser da pessoa que havia me
ligado.
Ela havia conseguido.
— Sargento, descobrimos de quem são as digitais encontradas na
arma. O nome dele é Jaycen Dallas, 29 anos, antecedentes por roubo de
carros e assalto a mão armada, ambos há dois anos, depois disso o cara se
tornou um fantasma, pelo menos até agora. O último endereço que temos dele
é 1639 North Park Avenue, a casa está registrada no nome de Stela Dallas,
mãe dele.
Disse ela enquanto colava a foto de Jaycen no quadro e escrevia o
nome dele, junto com todas as informações que tínhamos.
Desgraçado, te pegamos.
— Ótimo, Brenda, você e Josh, tragam ela. O resto de vocês, quero
saber tudo sobre esse cara. Kevin, quero monitoramento do celular dele,
quero saber com quem ele fala, de onde fala, só assim podemos encontrar
essa garota.
Quando Jonas terminou de dar as ordens, me aproximei para falar
com ele.
— Sargento, podemos repensar a ideia da troca?
— Marcelo, eu entendo que ela é sua namorada, mas sabe que trocas
nunca dão certo. — Respirei fundo, ele tinha razão. A chance de ocorrer uma
troca bem sucedida era muito pequena e aquilo me deixava atordoado, eu não
sabia mais o que fazer. — Se acalma, vamos encontrá-la, enquanto isso,
porque você não vai para casa?
— Eu não vou me afastar do caso, quero encontrar a Lizzie. — Jonas
sabia que eu não ia ceder, iria até o fim naquela investigação para colocar o
canalha que havia feito mal à Lizzie atrás das grades.
Ele não disse nada, apenas me deixou ali, parado. Respirei fundo mais
uma vez, era a única coisa que conseguia fazer. Saí dali e desci as escadas
indo em direção à carceragem, precisava falar com Ortega e arrancar alguma
informação daquele cretino.

Me aproximei com sangue nos olhos, vendo John sentado e algemado


com as mãos para trás. Seu semblante me trazia repulsa e quando me viu, deu
um sorriso do qual tive vontade de quebrar com um belo soco.
John Ortega estava na gaiola, como chamávamos o local onde
deixávamos nossos suspeitos. Tínhamos uma igual no 18°, longe de câmeras,
escutas, de tudo. Um lugar para pressionarmos nossos suspeitos como
achávamos que mereciam e também, sem ter o superintendente no nosso pé
por conta disso. E era por causa disso, que tínhamos tantas apreensões nas
nossas costas, diferente das outras unidades. O 13º CPD, era uma unidade de
elite e nós a fazíamos ser assim.
— Onde está a Elizabeth?
— Detetive, finalmente nos conhecemos. Belo corte de cabelo.
— Responda minha pergunta. — Gritei com ele, perdendo a
paciência.
— Sabe, eu não sei o que está acontecendo, mas acho melhor você dar
a eles o que estão pedindo, não acha? Todo mundo sai ganhando. — Sorriu,
ele queria me tirar do sério e ganhar tempo, falando sobre qualquer coisa,
menos o que eu queria. Balancei a cabeça, dando um risinho a ele e peguei a
chave em meu bolso. Abri a gaiola e tomei minhas algemas nas mãos.
A posicionei de forma que imitasse um soco inglês e parei na sua
frente. Eu não estava raciocinando, queria apenas saber da Elizabeth e tê-la
de volta para mim e eu faria de tudo para isso acontecer.
— É melhor você começar a falar tudo o que tenho para perguntar,
Ortega.
— Ou o que? Vai me bater com isso? — Deu risada, mas dava para
ver nos seus olhos que ele tinha medo e eu podia usar isso a meu favor.
— Sabe qual é o bom desse lugar? Ele não tem câmeras, então
ninguém nunca vai saber o que aconteceu aqui e mesmo que você conte, em
quem você acha que irão acreditar? Em um criminoso como você ou em
mim, que sou policial?
Seus olhos se fixaram nos meus e nada saiu dali. Quando menos
esperei, John cuspiu na minha cara e aquela foi a gota d'água. Agarrei seu
cabelo, o puxando para trás para ele ter plena visão do meu rosto.
— Desgraçado! Fala onde ela está agora ou eu te mato.
— Eu quero um acordo, um acordo. — John estava alterado, era medo
e aquilo me fez rir internamente. Eu podia considerar um acordo se ele me
desse algo. — Quero imunidade total e garantias.
— Imunidade total? Vai sonhando.
— Então sua namorada vai apodrecer nas mãos deles e você receberá
um belo de um presente.
— Não ouse falar dela! — Aproximei minha mão para bater nele, mas
senti Jonas me puxar e Ryder me segurar do lado de fora. — Me solta, Ryder.
— O que está fazendo?
— Ele ia me dar um local. Me solta, eu estou bem. — Ryder me
soltou e ajeitei a jaqueta no corpo. Olhei para Ortega, que tinha um sorriso
nos lábios.
— Acredita mesmo nele, Marcelo? — Jonas o olhou e tornou a me
encarar.
— Estávamos fazendo um acordo, pode ser que ele nos leve à
verdade. Sargento, ele está com medo, pude ver isso em seus olhos. —
Guardei as algemas, encarando meu chefe, que pensava se aceitava ou não o
que tinha dito.
Eu sabia que era um risco a correr e que John poderia não estar
falando a verdade, mas para quem não tinha muita coisa, não custava nada
tentar.
— Tudo bem, acho que não custa nada tentar. — Balancei a cabeça
diante do que Jonas falou e fui falar com John do lado de fora da gaiola.
— Vamos aceitar o acordo, mas preciso de um local.
— Eu tenho um endereço em Little Village, um galpão que foi onde
mandei deixar sua garota. Mas acho bom correr, detetive, ou pode ser tarde
demais. — John riu e me controlei para não entrar lá de novo e começar tudo
outra vez. Deixei Ryder e Jonas lá embaixo e fui falar com Kevin, para ele
rastrear o local, irmos chamar a equipe e finalmente, buscarmos minha
menina.

Quando chegamos no endereço que John nos passou, o galpão estava


vazio, como esperávamos. Vasculhamos tudo e encontramos sangue em um
colchão jogado no canto do que parecia um quarto, o que me preocupou.
Lizzie estava machucada e não estava recebendo os cuidados necessários. Eu
precisava encontrá-la o mais breve possível, precisava salvar a vida do meu
amor.
Me aproximei de Allie, quando ela me chamou e apontei minha
lanterna para o local indicado, vendo um colar jogado no chão. Me abaixei,
coloquei a luva e o peguei nas mãos. Ele tinha um coração em ouro e era
igual ao que tinha dado para Lizzie quatro meses atrás e ela não tirava do
pescoço.
Fechei os olhos, não querendo imaginar o que havia acontecido ali. O
coloquei no saquinho plástico e entreguei para levarem à perícia.
— 50-13 aqui é o Sargento Miller, quero patrulheiros nos quarteirões
da S St Louis Ave, sujeito fugiu com uma garota ferida. Estamos agora no
local.
Jonas informou à Central no rádio e meu celular tocou no instante
seguinte, alertei a todos, pois era de um número desconhecido.
— Deve ser o Jaycen ligando. — Informei vendo Lev se aproximar
com seu rádio na mão para avisar Kevin sobre a ligação em tempo real
— Coloca no viva voz, agora. Envia para o Kevin rastrear.
— Alô. — Atendi, sério, temendo o pior na minha vida.
— Detetive González, seu tempo está se esgotando e John ainda está
preso. Será que vou ter que apertar a situação?
— Não. Eu te disse que não era fácil, mas estou tentando.
— Faltam quatro horas, preciso do meu chefe, os negócios estão
caindo.
Desgraçado, filho da puta.
Ele ria, como se o que fizesse, fosse a coisa mais normal do mundo.
— Eu vou conseguir o que você quer, só preciso que me dê um pouco
mais de tempo. O superintendente não aceitou a proposta, vou falar com ele
novamente.
— Tic tac, tic tac, o relógio está contando os minutos, detetive
González, ou devo te chamar de Marcelo?
— Estamos entrando na madrugada, o que você quer que eu faça?
— Apenas solte o meu chefe, porra, ou sua namoradinha vai encontrar
o inferno antes mesmo do que vocês esperavam.
— Espera, não desliga. Deixa-me falar com ela?
— O que? Claro que não.
— Como vou saber se não está mentindo? Preciso saber se ela está
bem.
Eu quase implorei por favor, mas seria fraco demais, ainda mais na
frente da equipe. Aproveitei para enrolar e ter o tempo necessário para
conseguirem o rastreamento. Eu só torcia para Jaycen não ser inteligente
como o resto da quadrilha e usar um celular não descartável, pois só assim
poderíamos encontrá-lo.
Logo, escutei a voz de Lizzie, desesperada, ela chorava e gritava para
eu ir buscá-la e tirá-la de todo aquele trauma.
— Lizzie, me escuta amor. Vai ficar tudo bem, ouviu, eu vou te
encontrar e te levar para casa. Lizzie, eu te amo! Me escuta, eu vou te tirar
daí.
— Marcelo, me ajuda, por favor…
O choro era livre e eu não consegui esconder minhas lágrimas, até que
escutei um tiro do outro lado da linha e ela ficou muda. Meu coração quase
errou a batida naquele momento e olhei para Ryder, esbravejando.
— Ele atirou na Elizabeth.
— Ele só está jogando com a gente, calma, Marcelo. — Allie passou
a mão em meu ombro, tentando me acalmar. Fazia sentido, ele precisava da
minha menina viva para ter o que queria.
Vi que Lev negou com a cabeça sobre a localização e ouvi ele dizer
que o aparelho era descartável. Fechei os olhos e os punhos, controlando
minha raiva.
Voltamos à estaca zero e eu só torcia para Lizzie estar viva quando a
encontrássemos. Era algo que eu só saberia quando os achassem.

Li mais uma vez tudo o que estava escrito no mural e todas as


ligações que nossos suspeitos e envolvidos tinham e que, há alguns minutos,
haviam sido apresentadas para a equipe com novas provas.
Josh e Brenda já haviam retornado da casa da mãe do Jaycen e a
intimado por terem encontrado algumas gramas de cocaína na casa. Era o
suficiente para colocá-la no jogo e usar a boa moça para nos dizer onde
estava seu filho.
Morrisson não tinha nada a ver com nossa investigação, mas estava
ali, nos ajudando no caso e ficando do meu lado o tempo todo. Ela era mesmo
uma boa amiga, e eu ficava feliz em saber que Brenda decidiu não me
abandonar, ao descobrir que estava namorando e não ficaríamos mais como
antes.
Era algo bom em meio à todo aquele inferno de vida.
A imagem do bolo rachado no chão não saía da minha cabeça.
Elizabeth ia fazer algo lindo, era uma bela surpresa, que me emocionava.
Ninguém sabia que isso iria acontecer e o que mais me machucava, era que
ela estava nessa emboscada por minha causa, então eu tinha que resolver.
Caminhei até a sala ao lado da sala 1, onde faziam o interrogatório de
Stella Dallas e encontrei Jonas e Brenda, observando pelo grande espelho
falso que sempre nos permitia observá-los, sem saber que estavam sendo
observados.
— Alguma coisa?
— Não, como sempre eles não sabem de nada. Mas estamos com
nossas melhores detetives lá dentro, elas vão conseguir arrancar alguma
coisa.
Eu sabia que sim, Luna e Allie eram ótimas e um nome seria
arrancado daquela conversa, quando a acusassem de cúmplice de sequestro e
tráfico de drogas. Todo mundo sempre abre a boca quando nota que a corda
está estourando do seu lado.
— Stella, queremos apenas saber onde seu filho está.
— Seu filho sequestrou uma pessoa e a senhora por acobertá-lo, pode
ser presa como cúmplice de sequestro e as drogas que achamos na casa, não
ajuda em nada. Vai pegar de 3 a 15 anos. Mas se nos ajudar a achá-lo,
podemos conversar com o promotor e reduzir a pena.
— Meu filho é um bom menino, vocês não sabem o que estão falando.
— Então nos ajude a entender. — Luna pediu e suspirou. Stella
estava chorando e ficou um tempo calada, até perceber que não tinha coisas
boas para falar do filho. Ela sabia que Jaycen estava metido com coisas
erradas e que a melhor forma de o ajudar, era contar toda a verdade.
— Jaycen era um bom garoto, até se envolver com um homem que lhe
apresentou John Ortega. Ele ficou diferente, agressivo e começou a levar
drogas para dentro de casa. Eu tentei pará-lo, pedi para ele mudar, mas
Jaycen não me ouviu. Foi piorando a cada dia que passava. Eu não
reconheço mais meu filho, ele é outra pessoa. Eu não sei o que esse Ortega
faz, mas ele muda as pessoas e as transforma em algo que não é bom.
— Qual o nome desse homem, Stella? — Torcia para ser quem
procuramos.
— Ele se chama Niko Bennett, ele é da zona sul.
— Pode ser perto do galpão do Ortega. — Allie comentou.
— Jaycen comentava sobre esse galpão, ele dizia que ia até a casa do
Niko e depois no galpão buscar bebidas, com certeza era mentira. — As
detetives se levantaram, fechando a pasta que continha algumas provas para
mostrar à mãe e caminharam até a porta.
— Vocês precisam me prometer uma coisa. Quando acharem meu
filho, faça-o pagar pelo mal que têm feito à essas pessoas, mas não o matem,
por favor.
Elas não responderam, apenas saíram da sala e encontraram com a
gente do lado de fora.
— Todo mundo se arrumando, vamos sair. — Jonas deu a ordem e
fomos nos equipar. Precisávamos encontrar Elizabeth agora ou então eu iria
implorar por uma troca, da qual eu sabia que não seria boa coisa.
Eu era um bom policial, sabia daquilo, mas minhas mãos estavam
tremendo enquanto nos dirigíamos, em alta velocidade, pelas ruas da cidade.
Estava frio naquela noite, mais que o normal, e tudo o que eu conseguia
pensar, era se Elizabeth estava bem, viva e aquecida.
Morrisson estava no carro comigo, dirigindo e colocou a mão na
minha perna, atraindo minha atenção para si e a olhei.
— Ela está bem, você vai ver. Em alguns minutos, você terá sua
namorada em seus braços.
— Espero que sim.
A localização do GPS mostrava que estávamos chegando e eu torcia
para aquele desgraçado do Jaycen estar mesmo na casa do Niko. Jonas pediu
para desligarmos as luzes dos carros da inteligência, para não chamar atenção
quando chegássemos. Paramos os carros em locais estratégicos, formando
uma emboscada para eles, afinal, os patrulheiros estavam vindo atrás de nós.
Quando Brenda parou o carro, fui o primeiro a sair, dando de cara
com Jonas do lado de fora.
— Marcelo, acho melhor você ficar aqui e aguardar.
— Chefe, eu sei que tô envolvido demais, que é minha namorada, mas
vou usar a razão para terminar isso tudo. Nem você, nem o superintendente
vão conseguir me impedir de entrar lá dentro.
De acordo com a lei, eu devia ter sido afastado do caso logo no
começo, por ter envolvimento familiar nele, para não agir com a emoção, mas
fui contra e o sargento aceitou. Era o nosso jeito de trabalhar e ele sabia que
eu daria conta.
— Faça apenas o que eu mandar, se tiver um dedo seu nesse caso e
esse cara morrer hoje, posso te proteger depois, então por favor, Marcelo.
— Se eu encontrar esse desgraçado na minha frente, o mato.
Saquei minha arma e fui andando junto com o resto da equipe, que
estavam com as armas na frente do corpo, indo em direção à casa. Não falei
mais nada para Jonas e ele também não, sabia do que eu era capaz e sabia da
minha competência.
Subimos as escadas do apartamento e paramos na porta, eu queria
arrombar, ser o primeiro a entrar, mas sabia que mataria Jaycen se isso
acontecesse. Jonas deu sinal para entrarmos e usaram um aríete para derrubar
a porta. Entramos todos com a arma apontada e já dando voz de polícia.
— Polícia de Chicago, no chão, no chão!
— Encosta na parede.
Pude ver dois sendo enquadrados quando entrei e andei junto à
Morrisson pela casa, atrás de outros comparsas. Chegamos em um quarto, a
porta estava entreaberta e Brenda a abriu. Ela me chamou e quando entrei, vi
Elizabeth deitada no chão, amarrada e cheia de sangue.
— Lizzie.
Corri até ela e toquei seu corpo. Ela não reagiu, o que me desesperou.
— Lizzie, amor, está me ouvindo? Lizzie, fala comigo.
Quase chorei e chequei seu pulso, estava fraco, mas havia. Informei
Jonas pelo rádio e quando ia pedir uma ambulância, vi Jaycen sair de dentro
do armário e correr. O quarto era grande e ele não se intimidou com a arma
de Brenda sendo apontada para ele, apenas saiu pela porta, que era a fuga
mais rápida para ele.
— Vai, vai.
Brenda me deu carta branca e a deixei com a garota.
Eu precisava prender aquele desgraçado.
Ainda pude ouvir sua voz quando saí do quarto, ela tinha solicitado a
ambulância e pude respirar mais calmo.
— Polícia de Chicago, coloca as mãos onde eu possa ver.
Gritei, indo atrás dele e Jaycen disparou dois tiros na minha direção.
Me escondi atrás de uma parede e ele correu, entrando em outro
quarto e pulou pela janela. Peguei o rádio e informei.
— Aqui é 50-13 George, 10-1, 10-1, disparos contra a polícia,
suspeito fugindo pelos fundos da residência, policial à paisana em
perseguição.
— Marcelo, não!
Escutei Jonas me impedir, mas não liguei. Pulei a janela e corri atrás
dele. Não podia disparar nenhum tiro contra o desgraçado, ou então, iria ser
investigado e não era uma boa hora para ter uma reunião com a junta. Jaycen
disparou mais tiros contra mim e vi que foi acertado por outro, o que fez ele
falhar as pernas e cair.
Um tiro certeiro para fazê-lo parar, mas quem teria disparado?
Jonas, merda.
Corri até o homem caído no chão e chutei a arma de perto da sua mão.
Jonas se aproximou com a arma apontada para ele e o olhei. Respirei fundo,
já tirando meu distintivo e entreguei junto com a arma para meu sargento.
Eu sabia bem o que queria fazer e não voltaria atrás na decisão.
— Não, você não vai fazer isso.
— Dois minutos. Jonas, por favor.
— Você é melhor que isso, Marcelo.
— Sargento...
Jonas respirou fundo, pegou o distintivo e arma da minha mão e deu
um passo para trás. Gostei de ele ter aceitado meu pedido e não perdi tempo,
me abaixei, desferindo inúmeros socos contra o rosto daquele cretino, que
ainda tentava contra mim. Mesmo machucado, o filho da puta me bateu e isso
só fez minha raiva crescer ainda mais. Eu o socava tanto, e a cada soco,
pensava em Lizzie e em tudo o que ela passou nas mãos dele. Jaycen iria
pagar muito caro pelo que havia feito.
Minha mão sangrava e meu sargento tocou meu ombro, me trazendo
de volta para a realidade. Eu não queria parar, queria apenas matar aquele
homem, seria um a menos que causaria o mal para as mulheres, mas tinha
uma promessa a cumprir com meu sargento e então parei
Me levantei e limpei o rosto com o braço. Jonas me olhou.
— Está tudo bem?
— Está. Ele é todo seu. Apenas faça ele apodrecer na cadeia.
— Ele vai, mas me escuta. — Jonas tocou meu peito, me empurrando.
Um patrulheiro havia chegado no local para cuidar do cara caído no chão e
escondi minha mão, para que não visse os machucados e ligasse os pontos, de
que quem havia dado uma boa surra em Jaycen, havia sido eu. — A
corregedoria vai vir atrás de você, porque sabe do seu envolvimento no caso.
Esse filho da mãe não vai ficar quieto e vai te foder. Você precisa fazer o que
eu mandar.
— Eu vou enfrentar, sei me cuidar sozinho. — Ele me empurrou de
novo.
— Essa é minha unidade, Marcelo, eu cuido de você e se você fizer o
que eu mandar, posso salvar sua carreira e a todos nós. Ele vai dizer que não
foi legitima defesa, mas podemos criar um plano e fazer ser.
— Sargento, eu…
— Já te disse que tenho filhos para criar. Se você cair, eu caio junto,
estávamos os dois na cena.
Ficamos um tempo em silêncio, os dois se olhando. Respirei fundo e
balancei a cabeça, era o mais sensato a fazer.
Bancar o herói não era a melhor das escolhas agora.
Embora não aceitasse algumas coisas que Jonas propunha, sabia que
era o melhor a fazer, devido às circunstâncias e também, quem ia ligar?
Estávamos tirando mais um lixo das ruas.
— Tudo bem, é só me falar o que dizer.
— Eu vou te falar, filho, mas antes, vá ver sua garota.
Lizzie, pensar nela fazia meu coração disparar.
Assenti e saí correndo em direção às luzes vermelhas piscantes da
ambulância, que davam para ver de longe. Minha namorada estava ali e eu
precisava estar ao lado dela, não importava o que acontecesse.
Quando ia entrar na casa, vi que os paramédicos saíam com uma maca
e no rosto da minha Lizzie, estava um balão de oxigênio, que era usado nos
casos de emergência, sendo manuseado por um dos paramédicos e me
aproximei.
— Eu sou o namorado dela, sou detetive da polícia e vou com vocês.
— Ok detetive, então vamos.
Colocaram ela na ambulância e subi, olhando para fora uma última
vez e encontrei com os olhos de Brenda, que balançou a cabeça para mim,
indicando que tudo ficaria bem, e era com isso que eu estava contando,
porque não sabia o que fazer caso as coisas fugissem do controle.

Encostei no batente da porta daquela sala de hospital e fiquei ali,


observando Lizzie deitada, dormindo serenamente, com curativos espalhados
pelo corpo, mas estabilizada para não sentir dor.
Aquilo parecia até mesmo um déjà-vu da primeira vez que nos vimos.
Elizabeth estava na mesma condição e tive que levá-la para o hospital e por
horas, observei seu sono, torcendo para ela acordar o mais rápido possível.
A única diferença de agora para aquele dia, era que há um ano atrás,
Lizzie era apenas a garota por quem meu coração havia errado uma batida e
hoje, era a mulher que amava e queria viver para o resto da vida.
Soltei o ar com força, impaciente e fui para o lado de fora, onde pude
ver Morrisson se aproximando com dois copos de café. Ela entregou um para
mim, do qual não rejeitei e bebi uma grande quantidade. Eu precisava ficar
acordado naquela madrugada para estar com Elizabeth assim que ela
acordasse.
— Como ela está?
— Na mesma ainda. Os remédios estão fazendo ela dormir, mas…
quando acordar, vai surtar.
— Eu sei, mas tenta relaxar.
— Não dá para relaxar. Tem um policial que não sai daqui querendo
coletar informações e estou incomodado com isso.
— É o nosso trabalho, sabe como funciona.
— Eu sei, mas quero falar com ela, apenas eu. — Ela se sentiria mais
à vontade, eu sabia daquilo.
Passei a mão no rosto e me sentei numa poltrona na sala de espera.
Brenda se aproximou e fez um carinho gostoso em meu ombro.
— Por que você não vai para casa, toma um banho, come e dorme um
pouco? Eu vou ficar aqui com a Elizabeth.
— Eu não vou. Quero estar aqui quando ela acordar.
— Você mesmo disse que ela só acorda amanhã. Já está
amanhecendo, você precisa descansar para depois conseguir cuidar dela.
Ela tinha razão, mas como partir e deixar minha Lizzie sozinha num
momento como esse? Eu não era assim e sabia que era errado, mas não podia
deixar minha mulher sozinha depois de ter se machucado por minha causa.
— Eu vou dormir no quarto dela e comer alguma coisa na lanchonete
do hospital mesmo. Você vem comigo?
Morrisson sabia que eu era teimoso e cabeça dura e quando colocava
uma ideia na cabeça, não tirava mais.
— Tudo bem, eu te acompanho sim. Mas vai me prometer que vai se
cuidar.
— Uhum. — Resmunguei.
— Marcelo, promete!
— Eu prometo. — Suspirei. Antes, eu iria cuidar da Lizzie.

Meu corpo repousava no estofado ao lado da cama em que ela estava


e minha mão não soltava a sua. Eu não conseguia dizer a que momento
peguei no sono, mas foi o melhor sono da minha vida. Eu sequer tinha
percebido que estava tão cansado e mesmo sendo pouco tempo, consegui
descansar o suficiente para encarar os dias que viriam.
Lizzie estava quieta, devia estar dormindo ainda.
Me levantei devagar, tentando fazer o mínimo barulho possível para
não a acordar. Embora quisesse que acordasse logo, tinha hora que queria que
ela permanecesse anestesiada de tudo o que aconteceu.
Como se o destino estivesse contra mim, ela se mexeu e pude ouvir
sua voz, e como senti falta dela por essas horas.
— Onde você vai?
— Lizzie, calma. Eu só ia... Meu Deus, você acordou. — Me
aproximei dela, segurei em seu rosto e fiz um carinho. Ela fechou os olhos e
deitou o rosto em minha mão. Meu coração se apertou ao lembrar do que ela
passou, vendo ali, os hematomas em seu rosto.
Como pude deixar isso acontecer com uma garota como ela?
— Como você está?
— Não sei. — Suspirei e ficamos ali, olhando um para o outro em
silêncio.
— Como me achou? Por que aquele cara foi atrás de mim? Onde ele
está?
O medo era nítido em sua voz e ela se alterou, não tirava sua razão.
Tinha sido sequestrada e queria respostas.
Sentei novamente no estofado e respirei fundo.
— Eu sou policial e as pessoas que eu prendo, algumas, tendem a ter
comportamentos desse tipo. Eles só querem machucar quem eu amo. Ser da
família de um policial, faz você correr riscos. Eu te achei porque não
descansamos até te encontrarmos e o cara que fez isso, ele está preso. Não vai
ver o sol outra vez tão cedo. — Respondi tudo o que ela queria saber, mas
seus olhos se estreitaram e ela balançou a cabeça.
— Como tem tanta certeza? Por que ele fez isso?
— Lizzie, melhor termos essa conversa outra hora. Você precisa
descansar.
— Eu preciso de respostas. Merda, eu fui sequestrada, machucada e
não tenho o direito de saber?
— Tem, você tem sim. — Ficar adiando a conversa não ia ajudar
nada. — Mas só acho que esse não é o melhor momento para falarmos sobre
isso.
— E quando vai ser? Quando você tentar me fazer esquecer?
— Não, Lizzie, o que… você não é assim, por que está me tratando
dessa forma? — Suspirei. Embora o que tivesse acontecido tenha sido culpa
minha, não ia deixá-la gritar ou me tratar dessa forma, atirando sete pedras
logo ao acordar.
— Eu sei que o que você passou foi traumático e muito ruim, mas eu
quero conversar com você quando estiver mais calma. É nítido que ainda está
nervosa e não tiro sua razão de estar brava comigo, mas gritar aqui no
hospital não vai ajudar.
Elizabeth não respondeu, apenas balançou a cabeça e cruzou os
braços. Seu olhar se perdeu por entre aquela sala e eu fiquei ali, a olhando em
silêncio, até que ela também me olhou e nossos olhares conversaram entre si.
Ela estava machucada, não apenas fisicamente, mas emocionalmente
e eu também estava, porque me culpava por tudo aquilo.
Ficamos dessa forma por alguns minutos até que Lizzie tocou minha
mão e me puxou para perto. A abracei e ela chorou no meu colo. Acariciei
seus cabelos e beijei sua testa, suspirando diante daquilo.
— Me perdoa. Eu não queria ter sido grossa com você, é que… eu…
estou nervosa, com medo, Marcelo. Estou com medo desse cara me
encontrar, de vir atrás de mim de novo.
— Ele não vai encontrar você. Confia em mim quando digo que ele
está no distrito uma hora dessas, sendo interrogado pelo melhor sargento de
Chicago, o Sillas. Levamos ele para o 18°, lembra do que te falei sobre o 18°
CPD?
Ela balançou a cabeça e sorri de leve.
— A equipe do Sillas vai garantir que esse cara passe o resto da vida
dele atrás de uma grade. Ninguém nunca, nunca mais vai tocar em um fio de
cabelo seu, meu amor, eu te prometo.
Eu podia mesmo prometer aquilo?
Poderia cumprir?
Sim, eu podia pagar proteção vinte e quatro horas para Elizabeth e
assim, ela ficaria segura, pelo resto de sua vida. A questão ali era: ela iria
querer ficar comigo depois de saber que poderia correr perigo mais vezes?
A luz da sala estava apagada e eu não conseguia parar de esfregar os
dedos na minha mão. A ansiedade tomava conta de mim e minha respiração
não conseguia se estabilizar. Ora eu estava calma, e do nada, me desesperava,
com medo do que podia acontecer.
Meus pés estavam em cima do sofá, junto ao corpo enrolado pelo
cobertor de pelinhos que Marcelo me deu. Meu olhar não desviava momento
algum da porta, temendo que em algum momento, ela fosse aberta e de lá,
entrasse alguém para me levar embora de novo.
Eu devia estar ficando paranoica, já se passaram tantos dias.
Os machucados não eram mais visíveis, mas dentro do meu peito,
ainda vivia a maior dor, que era emocional. Emocionalmente falando, ainda
estava abalada e ninguém conseguiria mudar isso.
A luz foi acesa e olhei para trás, encontrando com o belo par de olhos
claros que tanto amava, mas que agora, me deixavam confusa.
— Lizzie, já é de madrugada, vem pra cama.
— Eu quero ficar aqui.
Seus cabelos estavam bagunçados, o que indicava que estava deitado,
dormindo e se levantou para me procurar.
Voltei a encarar a porta e ouvi ele suspirar.
— Ficar aqui não vai te ajudar a esquecer o que aconteceu, nem
mesmo ficar olhando para a porta, ninguém vai entrar para te fazer mal, amor.
— Você tem muita certeza sobre o que diz.
— Eu tenho porque estou aqui, para te proteger.
Aquilo era mesmo o suficiente? Marcelo estar ali, impediria alguém
de me fazer mal? Senti sua mão tocar meu rosto, me fazendo olhar para ele e
assim eu o fiz. Seu olhar transmitia tanta preocupação e arrependimento, que
me senti mal por estar tratando-o tão mal, como estava fazendo nesses dias.
— Eu não posso mudar o que aconteceu, mas posso te proteger, para
isso nunca mais acontecer novamente.
— Você não tem como saber. — Seu carinho estava tão gostoso, que
tudo parecia ser como era antes, mas nada mais seria como antigamente.
Suspirei, os olhos se encheram de água e abaixei a cabeça.
— Confia em mim uma vez na vida.
— Confiei, e olha o que aconteceu. Eu posso estar sendo egoísta, mas
não foi você quem passou um terror nas mãos daquele maníaco.
— Eu sei, tá bom? E te peço perdão mais uma vez, porque isso só
aconteceu porque você namora comigo e… — Ele respirou fundo, abaixando
a cabeça. Estaria pensando a mesma coisa que eu? Marcelo me olhou e uma
lágrima escorreu de seu rosto. Ele balançou a cabeça negativamente e se
aproximou de mim.
— Eu não vou desistir de você por isso, porque eu te amo.
— Você vai desistir da sua carreira? — Perguntei, confusa.
— Não, não. Eu amo ser policial e proteger as pessoas do mal desta
cidade.
Balancei a cabeça. Sabia que não podia privá-lo de continuar sendo
policial, mas tinha medo de continuar nesse relacionamento e ser vítima de
alguma outra pessoa que ele tenha prendido.
Ser da família de um policial não era fácil, era a mesma coisa de
colocar um alvo em suas costas, porque os criminosos estavam sempre de
olho, apenas esperando uma oportunidade de ganhar um acordo fácil com
eles.
Quando eu morava na rua, estava sujeita a passar por dias difíceis,
mas nada comparado ao que passei. Suspirei e olhei para nossas mãos, que
estavam entrelaçadas em cima da minha perna. Eu não podia fazer aquilo,
precisava tomar uma difícil decisão que poderia machucar a ele e também a
mim.
— Marcelo…
Sussurrei e ele segurou minha nuca. Encarou meus olhos marejados,
iguais aos seus. Engoli em seco, eu o amava mais que a mim mesmo, mas
não sabia quando ficaria curada de tudo aquilo. Me aproximei devagar e
beijei seus lábios com muita vontade, como se fosse a última vez que fosse
fazer aquilo.
As lágrimas escorriam em meu rosto e no seu também, porque ele
sabia muito bem o que aquilo significava.
Ambos sabíamos, mas não estávamos prontos para aceitar.
— Por favor, não diz o que você quer dizer.
Ele encostou sua testa na minha e ficamos ali, de olhos fechados,
apenas aproveitando a presença um do outro, refletindo sobre tudo. Eu não
conseguia parar de chorar, porque um turbilhão de sentimentos e
pensamentos invadiam meu corpo e não sabia o que fazer. Nada do que eu
pensava parecia ser o certo.
— Me desculpa…
— Lizzie, não! — Sussurrou de volta. Soltei sua mão e abaixei a
cabeça.
— Amanhã de manhã, não vou estar mais aqui. Eu não consigo
continuar com isso, sabendo que a qualquer momento, pode ter uma arma
apontada para a minha cabeça.
— Elizabeth, eu te amo e posso te proteger.
— Eu também te amo, Marcelo, mas não dá. Me perdoa!
Ele balançou a cabeça e não se importou em mostrar as lágrimas, que
molhavam seu rosto. Eu sabia que estava partindo seu coração, mas era
demais para mim. Em pensar que há alguns dias eu estava querendo um
casamento com ele, viver ao seu lado para sempre e agora queria distância,
mostrava o quanto eu havia mudado em apenas algumas semanas. Eu não
estava me reconhecendo, mas achava ser o melhor a fazer, não apenas por
mim, mas por nós dois.
— O que eu faço para fazer você ficar?
— Nada… você não precisa fazer nada. — Sussurrei de volta para
ele, que me puxou para seu colo e me abraçou, com toda sua força. Me
permiti chorar e tirar de dentro de mim, toda dor que estava instalada. Não
conseguia suportar, mas precisava ser forte na decisão que havia tomado.
— Você não pode simplesmente ir, por que está fazendo isso? Lizzie,
me escuta. — Marcelo me segurou pela nuca e me fez encará-lo. — Eu te
amo muito, não quero que vá embora, quero que se case comigo. Quero que
seja feliz ao meu lado, assim como sou do seu lado.
— Marcelo, não começa… — Se ele falasse mais, corria o risco de
mudar minha ideia e não queria que aquilo acontecesse.
Eu estava definitivamente com medo.
— Por favor…
— Me perdoa.
Desviei o olhar de seus olhos, para não me perder naquela imensidão
que tanto gostava e ele abaixou a cabeça. Sabia que nada do que dissesse
mudaria minha opinião. Não estava fazendo aquilo por ele, mas sim por mim.
— Pelo menos me prometa que não vai desistir do seu sonho, da
dança.
— Não vou.
Me afastei e devagar me levantei, precisava arrumar minhas roupas
antes que ele me impedisse de fazer aquilo. Sem olhar para trás, fui para o
quarto. Eu precisava partir e colocar minha cabeça no lugar, mesmo que
aquilo partisse o meu coração e me machucasse, era o melhor que podia fazer
por Marcelo e também por mim. Era o certo a se fazer com nossas vidas.

O dia clareou, eu não tinha dormido ainda e não pretendia fazer tão
cedo. Passei a noite em claro, pensando no que estava fazendo e na decisão
que tomei. Machuquei o homem que mais amava e feri meu coração de uma
forma que não poderia voltar a remendar para curá-lo.
Marcelo tinha ido para o quarto assim que saí de lá com minhas coisas
arrumadas dentro de duas bolsas. Ele insistiu para que eu colocasse em uma
mala, mas não quis. A última vez que o vi, foi quando ele me abraçou e me
deu um beijo no topo da cabeça, dizendo que me amava e que não ia desistir
de mim.
Eu não podia fazer nada para mudar sua ideia, porque nem mesmo eu
tinha certeza do que queria, e era por isso que ainda estava sentada no sofá da
sala, pensando sobre os próximos minutos.
Deixá-lo era o certo a se fazer?
Não tinha outra forma de superar meu medo?
Enquanto eu soubesse que, há qualquer momento poderia estar na
mira de criminosos, não havia outra forma e nem solução para esse problema.
Respirei fundo e me levantei, tomando a coragem que faltava, até
agora. Pensei em passar no seu quarto para lhe deixar um beijo, talvez
estivesse dormindo, nem iria me ver, mas julguei não ser a melhor opção.
Peguei uma caneta e um bloquinho de papel perto do aparelho de som e o
levei para a cozinha, onde havia preparado café para ele e deixei as únicas
palavras escritas naquele papel:

“Aproveite o café! ♥”

Fiz um coração abaixo da frase e decidi parar ali. Peguei minhas


coisas na sala e sai do local, sem olhar para trás. Eu iria recomeçar minha
vida, sabia que conseguiria. O pouco dinheiro que tinha de alguns bicos que
fiz de trabalhos pela cidade, não era suficiente para me permitir pagar diárias
em um hotel, por mais vagabundo que fosse, então, mesmo sem querer, o
único destino que poderia caminhar em direção era as ruas, de onde eu vim.
Só de pensar que tinha saído daquela vida e estava voltando para ela
por vontade própria, me apertava o peito e me fazia ter mais vontade de
chorar.
Meu peito doía por ter deixado Marcelo, e pensando nele, me abaixei
no chão em uma rua afastada, depois de caminhar por alguns minutos e
encostei na parede, me sentando. Fechei os olhos e me permiti chorar mais.
Queria colocar toda a dor para fora, para que ela fosse embora logo e eu
voltasse a ser a mesma garota de antes. Queria poder esquecer Marcelo, só
assim sofreria menos, mas não conseguia tirar aquele maldito homem da
minha cabeça.
Eu queria mesmo esquecê-lo?
As lembranças invadiram minha mente e sorri por aquilo. Mesmo
longe, Marcelo me confortava e me fazia acreditar que estava em seus braços.
Passei a mão no rosto, secando as lágrimas que ali escorriam e respirei fundo,
precisava ser forte e basear minha vida no futuro, porque era dele que eu
dependia.
O sono começou a tomar conta de mim, mas eu não podia dormir ali.
O que podia fazer? Era o que me restava. Encostei a cabeça na parede,
abracei as bolsas para ter sustentação no corpo e ali mesmo apaguei,
pensando no meu homem e desejando não ter mais medo, para poder estar
logo em seus braços, onde era meu lugar.
Não consegui dormir, quem conseguiria? Elizabeth e eu éramos
teimosos demais e quando um colocava uma ideia na cabeça, o outro era
incapaz de fazê-la mudar e foi isso que aconteceu. De repente, minha Lizzie
resolveu ir embora de casa e não pude fazer nada para mudar aquela situação.
Ela estava com medo, a entendia, mas fugir não ia mudar as coisas.
Queria ter impedido seu sequestro, para que ela não tivesse um
trauma tão grande em sua vida, mas nada pude fazer. A única certeza que
tinha era que John Ortega e Jaycen Dallas, iriam passar o resto de suas vidas
mofando atrás de uma grade, Sillas me garantiu aquilo.
Ainda podia sentir os toques de Elizabeth em meu rosto e ouvia sua
voz sussurrar meu nome em meio ao choro.
Deus, aquilo estava me doendo tanto.
Eu estava sofrendo igual a um adolescente ao terminar o
relacionamento.
Não sabia mais o que fazer, nem mesmo o que pensar.
Respirei fundo e me levantei, decidido a sair do quarto, mesmo
sabendo que não iria mais encontrá-la em casa. Caminhei para a sala, que
estava vazia e logo fui até a cozinha. Ela gostava tanto daquela cozinha, que
podia estar lá.
Meu maior sonho naquele momento, era que Lizzie tivesse mudado
de ideia e estivesse vestindo uma camisa minha, com um short curto
enquanto preparava ovos e bacon, café que ela adorava.
Não encontrei minha garota lá também e aquilo me apertou o peito.
Elizabeth havia mesmo ido embora.
Me odiei por aquilo e tive vontade de quebrar tudo o que estava à
minha frente, mas não o fiz. Notei que perto da garrafa de café tinha um
papel escrito: Aproveite o café. Ri de forma amarga, era impossível
aproveitar o café em uma circunstância como aquela.
Eu estava magoado, com raiva e ouvi meu celular vibrando no quarto.
Voltei para lá, sem ânimo e vi que era uma mensagem de Ryder, me avisando
de um novo caso, já que meu afastamento tinha acabado. Não estava com
ânimo algum para poder trabalhar, mas precisava ir.
Fazer do mundo um lugar melhor e tentar de todas as formas, garantir a
segurança da minha garota, para ela poder voltar para mim.

Adentrei à delegacia e mal falei com os patrulheiros que encontrei no


meio do caminho. Definitivamente eu estava diferente do que era antes. Subi
as escadas para o andar da inteligência e bebi um pouco mais do café que
havia comprado, notando que minha chegada acabou interrompendo a
apresentação do caso que estava sendo feita pela equipe.
Todos olharam para mim e apenas acenei com a cabeça.
— Bem vindo de volta! — Josh foi o primeiro a se manifestar e lancei
um sorriso fechado para ele.
— Que bom que voltou, Marcelo. O distrito não é o mesmo sem você.
— Jonas brincou, se aproximando e me cumprimentou com um aperto de
mãos, sorrindo. — Vamos para a minha sala.
— Ok. — Foi o que disse e caminhei com ele para a sala fechada.
— Vocês, continuem com as investigações. Quero o máximo de
provas que tiverem para ligar esse desgraçado com a morte da mãe daquela
criança. Allie e Lev, vão até o hospital coletarem informações.
— Sim, sargento. — Lev comentou e passou por mim tocando meu
ombro.
— Bem vindo Marcelo. — Allie falou e sorriu, saindo com o parceiro
para fazer o que lhe foi delegado.
— E o caso? — Perguntei entrando na sala.
— A mãe de um garotinho de quatro anos foi morta na frente do filho
por um desgraçado. Temos um suspeito não fichado, mas que tem motivos
suficientes para a causa da morte.
— Deixa eu adivinhar, não aceitou a separação?
— É sempre dessa forma.
— Ele é o pai do garoto? — Jonas negou.
— Só um ex namorado da mãe. É difícil entender o fim de um
relacionamento? Não é não e “não vai ficar com mais ninguém se não for
ficar comigo”.
— A vida não é fácil mesmo. O homem não falou nada?
— Não, mas vamos conseguir arrancar a verdade dele.
— Eu o interrogo. — Sabia da minha competência e se tinha uma
pessoa que conseguiria fazer aquele desgraçado falar, esse alguém era eu.
Não desmerecendo o trabalho e influência de nenhum dos meus colegas, mas
eu era bom em interrogatórios e era o braço direito do sargento, tinha que ser
eu.
— Depois. Quero saber, como você está?
— Estou bem. — Eu ainda sabia mentir? Esperava que sim. Jonas
estreitou os olhos na minha direção e o encarei, sério.
— E a Elizabeth?
— Melhorando… ela vai ficar bem. Ela decidiu que queria ir embora
e não morar mais comigo, nem mesmo namorar, então…
— Espera, como assim?
— Ela está com medo, Jonas. Medo de ter uma arma apontada para
ela e ela entende muito bem que, ficando comigo, o risco é muito grande.
Tivemos um ótimo momento juntos e eu me apaixonei mesmo por essa
garota. Não sei o que fazer sem ela, mas vou colocar minha cabeça no lugar e
seguir minha vida.
— Nossa, Marcelo, eu sinto muito.
— Eu também, mas não quero falar sobre isso com mais ninguém,
ok?
— As notícias correm neste distrito como um maratonista.
— Irá correr se você contar. — Ele sorriu e espalmou a mão em sua
perna.
— Se alguém perguntar sobre ela, digo para falar com você, afinal,
ela virou notícia aqui dentro depois do que aconteceu, todos querem saber.
— Eu sei.
Meu celular vibrou e nele tinha uma mensagem de Brenda, da qual
ignorei por ora. Olhei para Jonas e esperei ele terminar de falar o que
começou. Sendo sincero, eu não estava prestando atenção em nada, mas sabia
que era sobre Lizzie.
Não me sentia confortável falando dela em um momento como esse.
Talvez fosse pela falta que aquela garota estava fazendo em minha vida ou
pela forma que tudo aconteceu. Meu único desejo era que ela fosse feliz e se
essa decisão a fazia feliz, iria respeitar mesmo que não concordasse.
— E então?
— Hã? Desculpe, não ouvi o final.
— É claro que não. Perguntei se você está bem para poder trabalhar,
porque quero você cem por cento focado aqui e não em seus problemas
pessoais. Eu te respeito muito, Marcelo, mas se me disser que não vai
conseguir ficar focado, te deixo mais uns dias em casa.
— Eu estou bem e muito bem focado! — Era o que eu acreditava.
— Ótimo, então vamos trabalhar. Levanta, temos um caso para
resolver.

A segunda cerveja já estava em cima da mesa e nada de Brenda


chegar. O bar estava movimentado hoje e meus colegas de trabalho
conversavam animadamente, sobre coisas aleatórias e vez ou outra,
mencionavam alguma coisa do expediente, afinal, o dia hoje havia sido
puxado.
Voltei com tudo para a delegacia e não tive tempo para ocupar minha
mente com outros problemas, que não fossem pertinentes à minha função, o
que era bom.
Bebi mais um gole da bebida gelada e ouvi a voz de Brenda ecoar
perto da nossa mesa. Levei meu olhar para lá e vi seu sorriso se encurtar, o
que me fez ter certeza que aquele convite para conversar, não era uma coisa
muito boa, era problema.
Ela se aproximou, me deu um beijo e um abraço incrivelmente
reconfortante.
— Como você está?
— Caminhando… — Brenda era a única que sabia o que tinha
acontecido com Lizzie, com exceção de Jonas.
— Vamos para outra mesa? Queria falar com você em particular!
— Claro, vai beber alguma coisa?
— Uma cerveja está ótima. — Assenti e caminhei na direção do
balcão, fiz o pedido da cerveja dela e fomos juntos para uma mesa afastada,
onde não tinha ninguém. Me sentei na cadeira à frente da sua e esperei que
ela soltasse a bomba, independente de qual ela fosse.
— E então, o que me traz aqui para essa conversa?
— Elizabeth está lá em casa.
— O que? Como? O que aconteceu?
— Eu não sei, precisei ir para casa mais cedo hoje e quando
estacionei o carro, a vi sentada na escada. Estranhei aquilo, nós conversamos
e… merda, eu prometi a ela que não ia te contar sobre isso.
— Você não pode esconder isso de mim, Brenda.
— Ela perguntou se não tinha um espaço em casa para acolhê-la.
Sabe, em todos esses anos de polícia, isso nunca aconteceu comigo. A garota
é especial e o brilho nos olhos dela, me fez entendê-la. Elizabeth me explicou
que não tinha onde ficar, disse que tinha saído da sua casa e acabou pegando
no sono perto de um beco qualquer, mas que não queria a vida das ruas
novamente. Ela me disse que era temporário, apenas até ela conseguir o
dinheiro da apresentação de dança.
Mesmo com toda essa facada de descobrir que minha garota ficou na
rua e estava desesperada por um lar, sofrendo, me orgulhei dela pela
confiança que tinha no seu talento com a dança, confiante de que iria ganhar
o dinheiro da apresentação da faculdade e mudar de vida com o dinheiro que
eles ofereciam.
— A imagem dela chorando e dizendo que não tinha mais ninguém
para pedir ajuda, fica aqui, rodando em minha mente.
— Ela tem sim pra quem pedir ajuda, tem a mim. Porra, você também
é policial e ela preferiu ir morar com você do que ficar comigo? — Me
alterei. Estava irritado e muito puto com a situação.
Que merda era aquela?
O que Elizabeth estava pensando fazendo isso?
O problema não era a minha profissão, devia ser eu mesmo.
— Marcelo, calma. Ela está com medo e…
— E foi pedir abrigo para uma sargento da polícia? Não tem
justificativa. Ela deixou bem claro que não queria ficar comigo, porque
estava com medo de acontecer o que aconteceu, ser um alvo fácil na mão de
bandidos, por namorar um policial. Qual a diferença entre eu e você? Você
não tem um pau no meio das pernas, é essa não?
— Para de ser chulo, respira um pouco. Entenda o lado dela.
— Não dá pra entender.
Bati a mão na mesa e Brenda ficou em silêncio, esperando-me me
acalmar.
Meus olhos estavam marejados, vermelhos, consumidos pela raiva e
dor.
— Vocês dois estão machucados e precisam colocar a cabeça no
lugar. Sim, a Lizzie está com medo, até mesmo de morar comigo, ela deixou
isso claro, mas enquanto meus inimigos não souberem que moro com uma
garota que gosto, ninguém irá fazer mal a ela e você, mais do que ninguém
devia saber disso.
— Eu sei, mas é só que… — Respirei fundo. — Me desculpe,
Brenda, não devia ter me alterado e falado assim com você. Eu realmente
estou nervoso e não sei como consertar tudo o que aconteceu.
— Somente o tempo irá consertar o que aconteceu, meu amigo. Você
não pode fazer nada por ela nesse momento.
Suspirei, eu tinha tanta culpa. Devia ter protegido Elizabeth, ter ficado
com ela naquele dia, iria evitar tantas coisas.
— Eu posso ir vê-la?
— Não. Ela precisa se sentir pronta para te ver novamente e esse não
é um bom momento. Se ela se afastou, é porque queria um tempo e ir até lá,
vai pôr todo o futuro de vocês em risco.
Balancei a cabeça, concordando com o que disse, mas não aceitando.
Já estava com saudades da minha menina e sabia que aquilo ia aumentar a
cada dia.
— Tudo bem, eu não vou.
— Ok. Você precisa me prometer que vai ficar bem.
— Vou tentar. Eu não vejo minha vida longe dela, mas vou me
acostumar.
Ela segurou minha mão e me deu um sorriso acolhedor. Brenda
balançou a cabeça me dando a confiança e carinho que precisava naquele
momento.
— Ela vai voltar para mim, não vai? — Minha voz estava chorosa.
— Não sei Marcelo, é o que queremos, não é? — Era o que eu mais
queria e torcia para que acontecesse. Nos amávamos e eu sabia que Lizzie
voltaria para mim, porque seu lugar era nos meus braços.
O cheirinho de comida no ar estava delicioso. Brenda iria ficar
satisfeita com o prato que estava preparando, que embora simples, tinha um
gosto muito bom. Ajeitei o último item na mesa e fui desligar o forno, a
lasanha estava pronta.
Nunca que em minha vida, imaginei um dia saber cozinhar. Não era
uma tarefa difícil, mas se não fosse Marcelo me estender a mão e abrir a porta
da sua casa para mim, eu não saberia fazer absolutamente nada em minha
vida.
Suspirei pensando nele. A saudade batia forte, mas o que podia fazer?
Não voltaria atrás na minha decisão, não nesse momento. Ouvi o barulho da
porta se fechar, o passar de chaves na fechadura e caminhei em direção à sala,
para encontrar com Brenda, que havia chegado do distrito.
— Boa noite, Lizzie.
— Boa noite, Brenda. Como foi o dia no trabalho?
— O de sempre. A diferença é que hoje estou mais cansada.
Ela sorriu e fiz o mesmo. Ainda estava tímida por estar ali, mas queria
ser sua amiga e faria de tudo para me abrir e relaxar ao seu lado.
— Espero que não se importe, mas tomei a liberdade de cozinhar.
Acabei de desligar o fogo com o jantar, deve estar com fome.
— Estou faminta. Só vou lavar as mãos e venho comer com você.
Assenti ao que disse e a acompanhei com o olhar, vendo Morrisson
sumir para o seu quarto. Voltei à cozinha e tirei com cuidado a lasanha do
forno. Havia feito um arroz fresquinho e uma salada de folhas mistas. Peguei
na geladeira o suco que preparei e coloquei tudo na mesa.
Me sentei e esperei por Brenda, que não demorou.
— Como foi seu dia aqui?
— Tranquilo, não tinha muito o que fazer, sua casa é muito
organizada.
— Você não é minha empregada para fazer serviços domésticos,
Lizzie.
— Mas também não custa nada eu te ajudar, já que me abriu as portas
para morar com você. Eu não sei nem como te agradecer, Brenda, foi muita
gentileza.
— Sobre isso… Elizabeth, eu contei para o Marcelo que você está
aqui.
Me levantei, não acreditando naquilo e balancei a cabeça, descrente
com a constatação que me fez. Ela não podia ter feito aquilo, não tinha o
direito. Eu pedi para não fazer, não contar para o Marcelo onde eu estava.
— Por que fez isso? Eu te pedi para não contar.
— Eu sei que pediu, mas eu não podia ficar quieta. Ele estava
andando de rua em rua te procurando, só quis acalmar seu coração. — Ela me
olhou. — Não precisa se preocupar, ele não vai vir aqui.
— Como tem tanta certeza?
— Eu disse a ele para não vir e o Marcelo sabe respeitar os pedidos de
uma mulher. — Ela balançou a cabeça, me garantindo que aquilo não iria
acontecer, mas não sabia se podia confiar. Talvez eu devesse, nesse tempo ao
lado dele, nunca o vi desrespeitar um desejo meu.
— Tudo bem.
— Sério? Achei que você fosse pirar muito mais.
— Estou quase nesse ponto.
Forcei um sorriso e ela ficou ali, parada, me olhando em silêncio.
— Lizzie, eu sei que você está com medo de ficar perto do Marcelo e
dos bandidos fazerem a mesma coisa de novo, mas você precisa enfrentar
seus medos. Viver com ele, não vai fazer você seguir em frente. Eu sei o que
está passando.
— Você não faz ideia do que estou passando. — Resmunguei.
— Eu sei porque já passei pelo que está passando.
Levei meu olhar a ela. Do que Brenda estava falando?
— Foi antes de eu virar policial. Meu pai era detetive e se meteu com
bandidos que um dia invadiram minha casa. Minha mãe estava sozinha
naquele dia, eu estava na escola, último ano. Eles me pegaram na saída, três
caras, não tive como me defender. Quando acordei, estava amarrada, jogada
em um quarto escuro, sujo e com mal cheiro. Eu estava bem, mas não
estavam satisfeitos, ligaram para o meu pai e ali começaram a me machucar.
Vi que ela fechou os olhos e respirou fundo. Deu para perceber que
não era fácil falar sobre aquilo, mas Brenda estava ali, sendo forte para me
dar coragem e eu admirava sua força.
— Eu quase não sobrevivi e não foi por conta das agressões, mas sim
porque eles me drogaram. Oxicodona é viciante e pode ser letal. Eu tive uma
overdose e se não fosse meu pai e seus colegas do distrito terem me
encontrado, eu teria morrido naquele dia.
Ela bebeu um pouco de suco e voltou a me olhar.
— Eu passei anos da minha vida com medo, mas tomei uma decisão
importante e foi assim que me tornei policial. Se eu tivesse me escondido,
deixado meu medo e aqueles bandidos tomarem conta do meu futuro, eu teria
entrado em depressão e por sorte, estaria viva hoje. O que eu quero dizer para
você é que, você tem escolhas na vida. Você pode escolher viver bem ou
deixar o medo e o que fizeram com você, tomarem conta da sua vida. Só
precisa escolher, tomar as rédeas da situação.
Ela sorriu e só então percebi que segurava minha mão. Brenda estava
sendo tão boa para mim, mesmo sem muito me conhecer.
— Você tem amigos, Lizzie, pessoas que se importam com você e
querem te ajudar. Dê uma chance para sua vida, seja feliz.
— Sinto muito pelo que aconteceu com você, Brenda e agradeço seus
conselhos. Vou pensar muito nisso.
— Pensa sim, menina. É tão nova, tem muito o que viver.
Eu iria pensar mesmo. Seguir meu sonho era uma forma de seguir em
frente, não era? Sorri e agradeci a Deus por ter colocado aquela mulher na
minha vida.
— Agora me diz, como foi na faculdade? Você foi hoje, não?
— Sim eu fui, eles foram compreensíveis com o sequestro e o trauma
dos machucados e vão me deixar voltar a estudar dança sem custo algum.
— Lizzie, isso é maravilhoso.
— É sim, estou tão empolgada para voltar! — Eu estava muito feliz.
Somente duas coisas me deixavam feliz na vida: dançar e estar ao lado de
Marcelo.
O sonho de ser dançarina surgiu quando eu era criança e ainda
ignorava os perigos para quem mora na rua. Minha mãe tinha engravidado
pela segunda vez e havíamos sido acolhidas em um abrigo, numa igreja
abandonada. Lá perto, em um dos anos em que morei no abrigo, houve um
festival gratuito de música e de longe, pude observar os garotos e garotas
dançando de forma tão linda, seguindo o ritmo da melodia que a banda
tocava e ali me encantei.
Comecei tentando imitar os passos deles em algumas vezes e quando
me dei conta, estava dançando na frente da minha mãe e das pessoas do
abrigo. Mamãe nunca gostou do que eu fazia, sempre me dizia que eu era
ruim. Eu aprendi sozinha, mas as palavras dela me desanimaram.
Eu disse que podia dançar no centro para poder ganhar algum
dinheiro e ela disse que ninguém queria ver uma menina como eu dançando,
e nunca iriam me dar uma moeda pelo trabalho na rua.
Me contentei com aquilo, mas nunca deixei de amar a dança.
Quando fui morar com Marcelo, ele me incentivou a buscar meu
sonho e foi o que fiz. Com seu apoio, consegui entrar numa faculdade de
dança e ser bolsista. Eles disseram que eu era boa no que fazia e até me
perguntaram se já tinha estudado antes, mas neguei e eles acharam bacana eu
ter esse dom para a arte.
Antes do sequestro, estávamos ensaiando uma música para a
apresentação do encerramento do primeiro ano, qual não sei se iria poder
participar, mas só deles terem deixado eu voltar para a faculdade com minha
bolsa integral, já me deixava animada.
— E a apresentação, vai conseguir fazer? — Brenda me chamou a
atenção.
— Eles ainda não falaram, mas espero que sim. Eu aprendo rápido,
lembro dos passos, acho que dá certo.
Eu amava tudo o que fazia e com certeza daria o meu melhor naquela
apresentação.
— Pode reservar meu lugar na primeira fileira.
— Pode deixar que reservo sim.
Dei risada junto com ela e suspirei. Era uma grande oportunidade.
Embora não fosse uma faculdade tão renomada do estado, iríamos para uma
apresentação com boas faculdades e também, com diversos empresários do
ramo da arte e da dança. Era uma oportunidade para mostrar meu talento, que
veio de berço e conseguir finalmente, ser feliz. Sem contar no prêmio em
dinheiro que havia para os três primeiros colocados, que iria me ajudar muito
na vida.
— Vamos comer então, porque essa dançarina precisa ficar forte para
arrasar em uma apresentação no fim do ano.
— Uhuuulll, eu vou arrasar!
Estava convicta daquilo, iria realizar meu sonho e queria que em
breve minha vida voltasse a ser o que era, quando eu estava nos braços de
Marcelo.

A estadia na casa da Brenda não era tão ruim como imaginei que
seria. Eu conseguia arrumar a casa, fazer a comida e ir para as minhas aulas.
Por sorte, o corpo docente da faculdade me deixou fazer a apresentação anual
e eu estava muito empolgada com aquilo. Treinava noite e dia para poder ser
boa o bastante e não errar um passo sequer.
Já estávamos em novembro e faltava menos de um mês para a
apresentação, então eu tinha que estar preparada. Desde o dia que saí da casa
do homem que amo, não falei mais com ele. Ignorei suas mensagens e
ligações, até que um dia elas pararam de chegar e aquilo de certa forma doeu.
Era bom ter ele vindo atrás de mim, mas entendia seu lado de ficar
correndo atrás de alguém que o menosprezava. Ainda bem que eu tinha
Brenda para me dar notícias. Quase todos os dias, eles se encontravam depois
do expediente e comecei a me perguntar se não estava rolando algo entre eles,
porque assim, encontraria motivo cabível para Marcelo me esquecer, afinal,
eles já tiveram um lance antes, por que não ter um de novo?
E só de pensar nessa hipótese, meu coração se apertava e meus olhos
embaçavam, com a vontade de chorar.
Por que eu estava sentindo aquilo? Não era para sentir.
Segurei com mais força a barra de ferro ao meu lado e logo relaxei o
corpo, ouvindo a voz do meu professor para encerrarmos nossos exercícios
diários. Respirei fundo e caminhei em direção ao vestiário, no intuito de secar
o suor que meu corpo produziu com o ensaio que fizemos antes de exercitar o
corpo pós treino.
Escutei os passos que me acompanhavam e senti uma mão tocar meu
braço, antes que eu pudesse entrar no vestiário. Levei um susto até ver quem
era.
— Lizzie!
— Professor Klaus, que susto.
— Quero falar com você a sós.
Ele esperou todas as meninas passarem, até restar apenas eu e ele no
estúdio. O olhei e arqueei a sobrancelha, esperando-o falar.
— Você sabe que eu acho você a melhor dançarina dessa equipe e...
— Espera, não sabia que achava isso.
— Claro que acho, Lizzie. O jeito que você movimenta o corpo, tem
tanta leveza e sensualidade, é exatamente o que o Zouk precisa. Sabe o que
acho, você pode brilhar nos palcos de Chicago e não vai parar por aí, eu
posso te fazer ser conhecida pelo mundo todo, sabe que tenho grandes
referências.
Klaus se aproximava de mim e a cada passo seu, eu me afastava mais.
Aquela conversa estava ficando estranha, mas não era de se jogar fora. Ser
conhecida pelo mundo, era mais do que realizar um sonho, era algo
fantástico, mas ele poderia mesmo fazer aquilo?
— Diga me mais. Como pretende fazer isso?
— Me deixa trabalhar, Lizzie e apenas aproveita... o seu momento.
Ele sussurrou perto do meu ouvido e fechei os olhos naquele instante.
Suas mãos já estavam em meus ombros e logo, Klaus segurou meu rosto. Sua
boca encostou na minha e sua língua forçou para se enroscar com a minha,
mas não permiti, o empurrei fazendo-o se afastar de mim.
— O que você tá fazendo? — Quase gritei.
— Ué, você não quer ser conhecida mundialmente?
— Querer eu quero, mas isso não te dá o direito de tentar me beijar.
Klaus riu e aí minha ficha começou a cair.
Ele não estava fazendo aquilo, não mesmo.
— Como você acha que as garotas crescem nesse ramo, Elizabeth?
Talento? Dedicação? Ou elas dormem com quem pode torná-las a sensação
do momento?
Ele segurou meus pulsos com força e me assustei com aquilo. Klaus
queria que eu dormisse com ele para poder crescer? Não, jamais faria isso na
minha vida.
— Me solta ou eu vou gritar.
— Grita, grita bem alto, mas apenas quando eu estiver no meio das
suas pernas te dando o maior prazer que um homem pode dar.
Tentei me soltar, mas Klaus era mais forte. Me virou contra a parede e
senti seu corpo se juntar ao meu. Seu membro estava duro e aquilo me deu
nojo. Gritei pedindo por ajuda, mas ninguém podia me ouvir por estarem
muito longe.
Meu corpo se debatia e as lágrimas que escorriam em meu rosto me
impediam de ver muito, mas consegui identificar uma brecha entre nossos
corpos e a usei para poder me livrar do seu aperto. O empurrão que dei para
trás, fez Klaus me soltar e chutei suas partes baixas, usando um golpe que
Brenda me ensinou.
O bom de morar com um policial, era aprender tudo o que ele pode te
ensinar para se defender. Corri para fora daquele lugar, usando minhas roupas
de treino mesmo e não me importei com as pessoas da recepção me
chamando, eu só queria sumir dali e evitar que aquele homem me tocasse
mais uma vez.
Como pude acreditar um segundo naquelas palavras?
Quando abri as grandes portas da faculdade, o mundo caía do lado de
fora, mas a chuva não foi capaz de me deixar com medo. Andei na chuva
mesmo, só queria ir embora e esquecer o que aconteceu, mas não conseguiria
sozinha.
Eu não conseguia parar de chorar e minhas mãos tremiam de
nervosismo e medo. As ruas estavam escuras e mal conseguia ver os nomes
das mesmas, mas eu conhecia aquele caminho de cor e salteado. Morei um
ano por ali e não podia me esquecer daquele prédio estilo antigo com uma
grande porta.
Atravessei a rua, não ia parar agora, precisava estar nos braços da
única pessoa que iria conseguir me acalmar naquele momento. Adentrei ao
prédio, subi as escadas e tremendo, bati na porta diversas e incansáveis vezes,
até vê-la se abrir e de lá, sair o homem mais lindo que eu tinha visto em toda
a minha vida: Marcelo.
— Lizzie? — Marcelo perguntou e sua cara de espanto ao me ver
encharcada, chorando e com roupa de dança, chamou minha atenção. Eu
abraçava meu próprio corpo e tremia de frio. Com o olhar, implorei por ajuda
e ele me recebeu em sua casa imediatamente.
— Lizzie, o que aconteceu?
Era bom estar de volta naquela casa, mas nem aquela sensação era
capaz de me animar naquele momento.
— Eu… estava na aula e…
Parei de falar e por um instante, me arrependi de ter ido até sua casa,
quando vi Brenda sair de dentro do banheiro e me encarar com espanto.
O que ela estava fazendo ali?
Ela… não, ela não faria aquilo comigo. Ou faria? Não dava para
conhecer as pessoas. Meu coração doeu, ainda amava Marcelo e foi ali,
naquele instante, que me dei conta do que estava acontecendo.
Havia o perdido para ela.
Balancei a cabeça negativamente e me encolhi ainda mais.
Recuei alguns passos em direção à porta.
— Eu não devia ter vindo aqui, me desculpa.
— Elizabeth, espera. — Brenda chamou e Marcelo parou na minha
frente, ficando entre a porta. Meus olhos arderam ainda mais e não consegui
esconder as lágrimas. Ele se aproximou de mim e delicadamente, me
envolveu em seus braços, me trazendo o conforto que precisava. Demorei ali,
não estava com pressa, só queria que tudo parasse de doer.
— Vem, vamos trocar essa roupa molhada para você não adoecer e
depois conversamos, tudo bem?
Assenti e deixei que me guiasse pela casa que eu conhecia como a
palma da minha mão. Marcelo me levou até seu quarto, pegou uma camisa e
uma blusa de frio e me entregou. Deixou que eu ficasse à vontade para um
banho e foi isso mesmo que fiz.
Me aqueci com a água que caía do chuveiro e me permiti desabar
ainda mais no choro. As lágrimas agora se misturavam à água do chuveiro e
eu só queria entender o porquê de tudo aquilo estar acontecendo comigo.
Os flashes invadiam minha mente e tudo o que eu queria, era esquecer
e me livrar daquele pesadelo, que me atormentava a cada passo que eu dava.
Ao terminar o banho, me vesti com a roupa do Marcelo e coloquei a
blusa para ficar quentinha. As roupas dele eram grandes para mim, o que fez
cobrir parte das minhas pernas, me deixando despreocupada quanto à isso.
Abri a porta do quarto e vi ele e Brenda, sentados na bancada da cozinha, me
esperando. Abaixei a cabeça e caminhei até os dois.
Marcelo se apressou em se levantar e caminhar de encontro à mim.
— Como você está?
— Estou bem, Marcelo.
Fui grossa sem nem perceber e meus braços não deixavam de abraçar
meu corpo em hipótese alguma. Eu não os olhava e Brenda pareceu perceber
exatamente o que me incomodava, mas preferiu se calar.
— Não é o que pareceu quando você apareceu na minha porta,
encharcada, assustada e chorando. — Marcelo segurou meu rosto e o ergueu
para olhá-lo, tentei me esquivar, mas não obtive sucesso. — Fala comigo,
conta o que aconteceu. Você estava na aula e… — Ele lembrou do que havia
falado quando cheguei e me encorajou a continuar. Respirei fundo e encarei
seus olhos.
Naquele momento, me senti bem, me perdendo naquela imensidão
que eu tanto adorava e me senti em paz, pronta para contar o que aconteceu e
não me sentir mal com aquilo, afinal, eu estava junto a ele.
— Eu estava na aula, encerramos os exercícios finais e meu professor
pediu para falar comigo. Ele disse que eu era uma ótima dançarina. — Voltei
a chorar, não era fácil falar sobre aquilo e ainda perceber que no meio de
tudo, eu não era nada além de um objeto sexual para aquele homem
repugnante, que se intitulava, meu professor.
Seriam todos os professores de dança daquela forma?
— Hey, minha menina, não precisa chorar.
Marcelo passou a mão no meu cabelo e olhou para Brenda, que já
estava tirando a água que fervia no fogão. Ela nos serviu com um chá, que
terminou de fazer logo em seguida. Bebi um pouco do líquido quente
tentando organizar minhas ideias e tomei coragem para continuar a falar.
— Ele disse que podia me tornar famosa, porque dentre todas as
garotas do grupo, eu era a melhor.
— Isso é maravilhoso, Lizzie! — Brenda comentou e balancei a
cabeça, decidindo jogar a bomba em cima deles de uma vez por todas.
— Ele tentou me estuprar.
Disse baixo, era a primeira vez que dizia algo desse tipo em voz alta
na minha vida. Nunca me imaginei dizendo isso, nem mesmo com a vida nas
ruas, mas para tudo havia uma primeira vez e essa estava sendo a primeira.
— Como é?
O olhar de espanto de ambos era constrangedor. Não me contive e as
lágrimas dobraram, nunca chorei tanto como naquele dia.
— Ele tentou me beijar, disse que era dessa forma que eu cresceria
dentro do ramo das artes. Ele me agarrou, tocou meu corpo… eu fiquei com
tanto medo.
A cada palavra dita, doía mais. Eu não parei de chorar enquanto
falava e torcia para que eles tivessem entendido. Marcelo levantou e passou
por mim, sem dizer nada. Ele foi até a sala, parecia possesso. Brenda já
estava abraçada em mim.
— Qual o nome daquele desgraçado?
— Klaus. — Respondi baixinho.
Ele fechou os olhos e bateu com a mão na parede, consumido pelo
ódio.
— Eu vou matá-lo. — Gritou, possesso.
— Marcelo, se acalma.
— Me acalmar? Brenda, ele tocou na minha menina sem ela permitir.
Quando uma mulher diz não, é não, porra!
Minha menina.
Aquilo ficou em minha mente. Era dessa forma que Marcelo me
chamava todas as manhãs e de repente, me bateu uma saudade do passado.
Fiquei ali, quietinha, observando aquele homem. A barba estava bem feita e
os cabelos maiores do que me lembrava, não fazia muito tempo que não nos
víamos, apenas alguns meses, mas que para mim, pareceram anos.
Passei a mão no rosto, enxugando as lágrimas e respirei fundo para
me acalmar, eu precisava ficar calma. Balancei a cabeça, ouvindo eles dois
conversando sobre mim e permaneci intacta.
— Eu sei que ele fez isso, mas matá-lo não vai resolver as coisas.
Vamos agradecer por ter sido apenas uma tentativa.
— Um beijo, um toque, por mais que tenha sido no braço, ele não tem
o direito de tocá-la se ela não quiser. E outra, você ouviu o que ela disse, era
o que ele queria.
— Sim, era o que ele queria, mas que não conseguiu.
— Não importa!
— Importa. Você é policial, se coloca no seu lugar de profissional e
põe a cabeça no lugar, Marcelo. — Ela se aproximou dele, calmamente. —
Eu gosto muito de você, mas não pode deixar a emoção tomar conta sempre
na sua vida. Dá vontade de matar esse homem? Sim, e muita, ele é nojento e
merece o pior na vida, mas não somos nós que decidimos isso. O máximo
que podemos fazer é investigar uma denúncia.
— Gente, é isso. Eu vou denunciá-lo para o corpo docente da
faculdade.
— Não! — Marcelo se aproximou e Brenda o seguiu.
— Você vai até a polícia.
— Eu estou com a polícia. — Era ironia, não? — E outra, não tenho
como provar, não tem câmeras naquela área. Ele vai negar.
— Ela tem razão, Marcelo. Falar com o diretor da faculdade é o
melhor que a Lizzie pode fazer no momento.
Ele tinha que se contentar com isso. Eu tinha que me contentar com
aquilo.
— Tudo bem, eu vou com você.
— Ok.
Dei um sorriso curto para ele, que me acolheu mais uma vez em seus
braços. Fechei os olhos e aproveitei o momento, estando mais calma,
sentindo seu cheiro amadeirado e seu toque que tanto me faziam falta.
Estar com Marcelo era bom demais e queria poder estar ao seu lado
mais uma vez, mas não tinha mais essa oportunidade, infelizmente.
— Bom, eu vou para casa, não quero atrapalhar vocês dois.
Me afastei de seu abraço e olhei para Brenda.
— Você não estava atrapalhando, meu amor.
Meu coração errou a batida ao ouvir Marcelo me chamar de “meu
amor” e fechei os olhos, para não mostrar as lágrimas querendo escapar mais
uma vez.
— Eu vou indo também, Marcelo, aproveito e dou uma carona para a
Lizzie.
— Vou ver se minhas roupas secaram. — Informei.
— Vai com a minha. — Marcelo segurou em meus ombros e me
virou para ele. Ficamos a poucos centímetros de distância um do outro e dava
até para sentir sua respiração um pouco alterada.
Meu coração começou a bater mais forte e parecia que minhas pernas
estavam cedendo ao peso do meu corpo, de tão mole que estava, por estar ali
com ele. Era igual a quando estávamos juntos, sempre dessa forma.
Marcelo aproximou o rosto do meu e prendi a respiração. O que ele ia
fazer?
Senti o toque leve de sua boca entrando em contato com minha
bochecha e suspirei, gostando daquilo. Sorri sem ligar se iria mostrar isso a
ele.
— Você fica linda usando minhas roupas, depois você me devolve.
Espertinho. Era uma forma dele me ver mais uma vez.
Se tinha uma coisa que Marcelo não era, era ser bobo.
Ele sabia muito bem o que fazia com sua vida.
— Vamos, Lizzie? — Brenda chamou.
— Vamos sim. Obrigada por me escutar e me abrigar hoje.
Falei com ele, de novo.
— Sempre terá abrigo comigo, Lizzie, basta você querer!
Assenti ao que disse e sorri envergonhada. Caminhei com Brenda
para fora do apartamento e olhei para trás mais uma vez, antes de descer as
escadas. Marcelo estava na porta, me olhando como sempre me olhou: com
amor e carinho. Acenei para ele e desci as escadas, decretando ali, naquele
momento, que eu podia voltar a ter uma vida com ele, era só o tempo
permitir.

A viagem dentro do carro estava fluindo em completo silêncio. Não


queria conversar com Brenda sobre o que tinha acontecido, apenas queria
manter fresco na memória, os últimos minutos ao lado de Marcelo.
O toque de seus dedos em minha pele, seu beijo em contato com
minha bochecha, as sensações que tive ao sentir aquilo e as borboletas no
estômago que a tempos não sentia mais... Era bom ter tudo aquilo comigo
mais uma vez, mas não sabia se era real e parecia até que Morrisson lia meus
pensamentos, porque foi exatamente sobre isso que ela começou a falar.
— Lizzie, eu queria falar com você sobre o que aconteceu lá dentro.
— Já conversamos sobre, não?
Ela mantinha o olhar na estrada, estava chovendo ainda e era
perigoso.
— Não sobre o que aconteceu na faculdade, mas sim sobre o que você
viu na casa do Marcelo. — Fiquei em silêncio, esperando-a chegar onde
queria.
— Olha, não é o que você estava pensando.
— E o que eu estava pensando?
— Que eu e o Marcelo estamos tendo alguma coisa. Não… eu sei que
parece isso, porque eu estava na sua casa durante a noite e você me viu
saindo do banheiro, mas não é nada disso. Eu ia encontrar com ele num
barzinho, mas estava chovendo muito forte e como estava perto do seu
apartamento, resolvi ficar por lá mesmo. Ele concordou, então subi e
bebemos algumas cervejas, como toda noite.
Por que ela estava se explicando para mim? Não havia perguntado,
mas confesso que fiquei tentada a perguntar, só que não era mais da minha
conta.
Virei meu rosto para a janela e dei apenas um suspiro como resposta.
— É tudo sobre você, todos os dias. Eu fiz uma promessa para o
Marcelo no dia que você foi morar comigo: cuidar sempre de você e dizer a
ele como você está. Eu sei, pode parecer loucura encontrar com ele todos os
dias, para lhe dar uma informação que posso dar por telefone, mas acima
disso tudo, tem minha ajuda para você, te dar um espaço para conseguir
superar seus medos e viver sua vida.
— Você me deixa sozinha de propósito?
— Tecnicamente falando, não está sozinha porque estou sempre de
olho.
Balancei a cabeça.
— Brenda, eu não sou mais uma criança para você ter que cuidar e
estar vigiando vinte e quatro horas por dia. Desculpa se em algum momento
fiz parecer que era.
— Eu sei que não, mas faço isso por respeito ao meu amigo.
— Amigo? Certo, finjo que acredito.
Cruzei os braços, aquela conversa não estava me agradando.
— Você ainda o ama, não?
Meus olhos se encheram de lágrimas. É claro que ainda amava o
Marcelo.
— Tem como deixar de amar aquele homem?
— Ah meu Deus, Lizzie. Ele também te ama.
— Não, ele não ama. Tem uma nova pessoa na vida dele e tenho que
aceitar.
— Que? Quem? — Me virei para ela a indicando com o olhar.
— O que? Não, você não está pensando que ele é apaixonado por
mim, né?
Ela parou o carro na garagem de casa e ficamos dentro dele. Brenda
ligou aquela luz de dentro do carro para poder me olhar, já que a garagem era
escura.
— Lizzie, eu te disse que não temos nada.
— Eu vi o jeito que ele olha para você. — Choraminguei.
— É carinho de amigo. Sim, antes dele te conhecer nós tínhamos um
caso, mas não era nada sério.
— Tudo bem.
Respondi, baixinho. Eu tinha que acreditar nela, não tinha?
Marcelo não me olharia daquela forma se estivesse de caso com outra
pessoa, mas não eu conseguia deixar de pensar naquela hipótese. Sequei o
rosto molhado pelas lágrimas e abri a porta do carro. Ela me seguiu, ainda
falando.
— Eu não sinto mais nada por ele, deixei de sentir no dia que ele me
contou sobre você. Eu só quero que você acredite em mim e entenda, que o
que eu estava fazendo na casa dele, era por você.
— Você já disse isso. Eu não quero mais falar desse assunto.
— É mais complicado do que imagina, Lizzie. — Sussurrou, mas
consegui ouvir. O que ela queria dizer com “é mais complicado do que eu
imagino”? Teria acontecido alguma coisa? Balancei a cabeça, espantando os
pensamentos ruins e abri a porta de casa. Eu não sabia mais o que pensar e
preferi não responder e ir direto para o quarto. A única certeza que eu tinha,
era que ainda amava Marcelo e que tudo aquilo me machucava, mesmo não
querendo que machucasse.
1 mês depois.
Eu estava ansioso e feliz demais pela minha menina. Depois do dia
que ela chegou toda molhada no meu apartamento, pedindo por ajuda, Brenda
foi até a faculdade que Lizzie estudava e ambas conversaram com o corpo
docente e conseguiram resolver a situação, sem envolver forças maiores,
afinal, Brenda já era uma policial envolvida naquele caso. Haviam outras
meninas que sofreram ameaças e abusos psicológicos pelo professor Klaus e
graças a elas, conseguiram demitir aquele homem nojento, que agora não
conseguiria arrumar um emprego tão fácil na sua área. Isso que dá se meter
em coisas erradas.
Lizzie estava feliz e nós voltamos a nos falar de vez em quando. Não
era todo dia, mas pelo menos uma vez na semana, ela atendia minhas ligações
e se permitia sair comigo e Brenda. Aos poucos, Elizabeth me dava abertura
na sua vida e cada dia que passava, eu ficava mais próximo dela.
Ela não percebia, mas estava voltando a ficar à vontade ao meu lado.
Brenda e Lizzie viraram amigas e eu não podia ficar mais feliz com aquilo,
ter minhas duas melhores amigas ao meu lado, era um sonho, não?
Hoje era o grande dia, a apresentação de Elizabeth da faculdade, o dia
que poderia mudar sua vida, que iria mostrar quem ela era e todo o seu
talento para quem entendia do assunto. Nunca vi Lizzie dançar, a não ser que
para mim, na cama, então estava ansioso para poder aplaudir minha menina.
Ela me convidou de livre e espontânea vontade para vê-la na
apresentação e estava muito feliz quando fez isso, mas a deixei triste, por
dizer que não conseguiria ir. Eu queria, de verdade, mas ter que trabalhar em
um caso de homicídio como eu estava, não me permitia aproveitar certas
coisas da vida.
Mas não importava de onde, eu sempre estaria torcendo por ela.
— Marcelo.
Ouvi Jonas me chamar da sua sala e deixei a pesquisa que estava
fazendo para depois. Era cedo ainda, não passava das duas da tarde e
estávamos nos empenhando para concluir o caso o mais rápido possível. Não
faltava muita coisa, as provas estavam reunidas e aguardávamos o mandado
para poder ir até a casa do nosso suspeito, fazer da vida dele um inferno,
assim como ele fez com a esposa do homem que estava tendo um caso. Dois
parceiros meus estavam interrogando o marido da mulher que morreu e os
demais, fazendo mais buscas sobre o caso.
Me levantei e adentrei sua sala, em silêncio.
— Fecha a porta por favor.
Respirei fundo e fiz o que me mandou. Quando Jonas mandava fechar
a porta, sabia que coisa boa não viria.
— Lexi estava grávida quando morreu. A perícia nos mandou a
informação agora, então temos dois motivos para o Javier ter matado ela para
ficar com o Billy.
— Desgraçado. Já avisou à Allie?
— Não, vou deixá-la terminar o interrogatório. À essa altura, Billy já
deve ter contado.
— Ou ele nem sabia. — Suspirei. — Vou ligar para o tribunal e pedir
que modifiquem o mandado, assim podemos agilizar o processo.
— Certo, mais uma coisa. — Olhei para ele ao me levantar.
— Hoje é a apresentação da Elizabeth, não?
— Sim, é hoje, chefe. Estou torcendo por ela.
Sorri, confiante de que tudo daria certo. Ele assentiu e pelo seu olhar,
sabia que existia alguma coisa a mais, mas que não quis me revelar.
— Torço por ela também. Pode ir.
Assenti e saí de sua sala para poder adiantar os processos e então,
prender mais um monstro que circulava pelas ruas de Chicago.

O local estava cheio e havia uma banca enorme com o que pareciam
ser jurados de diversos seguimentos da dança, entre escolas e profissionais de
agências renomadas. Para onde se olhava, tinha gente e eu me perguntava
como cabiam tantas pessoas dentro daquele teatro.
Brenda havia dito que conseguiu a segunda fileira do centro para se
sentar, e foi para lá que segui para procurá-la. O pessoal do distrito estava
comigo. Todos os meus parceiros vieram prestigiar minha menina no final do
expediente.
Tudo deu certo com a apreensão de Javier e Billy, que descobrimos
estar envolvido na morte da própria esposa. Jonas liberou a todos e os
convidou para se juntar a nós nesse programa, eles aceitaram.
Avistei Brenda sentada, mexendo no celular e me aproximei dela.
— Posso me sentar aqui?
Ela se assustou e ficou surpresa por eu estar ali.
— Marcelo, você veio?
— Não apenas eu, como o 13° inteiro. — Sorri.
— Aí, que maravilha. A Lizzie vai ficar muito feliz com todos vocês
aqui. Especialmente com você. — Brenda cutucou minha cintura, me fazendo
rir. Era bom estar ali, fazendo parte da vida de Elizabeth mais uma vez.
— Vai ser uma surpresa boa. Será que ela consegue me ver daqui?
— Claro que consegue. Senta do meu lado. Como vocês conseguiram
sair?
— Ah, somos o 13°, querida. Conseguimos fazer tudo, quando
quisermos.
— É, vocês são bons nos casos, que conseguem tirar de letra cada um
deles.
— Nem todos eles.
Peguei meu celular e decidi escrever uma mensagem para Elizabeth:

“Boa sorte na apresentação. Sei que vai arrasar. Torcendo por


você!”

Fingi que não estava ali, para ela realmente ter uma surpresa quando
me visse, assim como tinha uma surpresa para ela quando a apresentação
terminasse.

Depois de ter visto três escolas se apresentarem, anunciaram o nome


da faculdade que Lizzie estudava e meu coração acelerou. Havia chegado a
hora e eu não podia estar mais nervoso. Meus olhos não desgrudaram em
momento algum daquele palco, só esperando a hora da minha menina entrar.
As luzes se apagaram novamente e o casal se posicionou onde o feixe
de luz que iluminava pontos específicos daquele palco, brilhava. Eu sabia que
era ela que estava ali. Não tinha como não reconhecer aquele corpo, que,
mesmo com pouca luz, era lindo.
Meu coração acelerou e eles ficaram de frente um para o outro. Seus
corpos se juntaram, colados um ao outro e o homem apoiou a mão na cintura
da minha menina, a segurando com ímpeto, enquanto Elizabeth esticou o
braço na altura do ombro dele.
Logo, a música Love is a Bitch, do Two Feet começou a tocar e eles
começaram a dançar.
Seus corpos se movimentaram de maneira sensual, em ritmos
precisos, para frente e para trás. Eu não conhecia muito do Zouk, mas sabia
que era uma dança que tinha muitas transferências de peso corporal e
movimentos sensuais e estava ansioso para ver o que ia sair dali.
As mãos dos dois não se soltavam em momento algum e o corpo de
Lizzie se movimentava com precisão, rebolando e se insinuando, como nunca
havia visto antes. Ela foi apertada contra o corpo dele e logo teve o seu
virado. Elizabeth deixou sua perna esquerda deslizar pelo chão, enquanto a
direita, se curvava em direção ao meio das pernas do homem.
Seu corpo subiu lentamente e seu rosto estava próximo ao corpo do
rapaz, até que ela colou rosto com rosto. Dava para sentir a respiração um do
outro e seus olhos não desviavam a atenção para nada.
Aquilo me deu uma pontinha de ciúmes, mas eu podia aguentar.
Lizzie deu alguns passos para o lado, curvando bem o corpo e o
movimento que sua bunda fez ao cruzar os pés na frente dele, me deixou
louco. Aquela mulher sabia mesmo como levar um homem à loucura.
Passei a mão no rosto e me ajeitei na cadeira, incomodado.
Lizzie jogou o corpo para frente e se afastou do homem, que levou a
mão para a cintura descoberta pela roupa da mulher. Suas mãos se
movimentaram e ele a girou, sem soltar seu corpo. O contato pele com pele
era intenso e os movimentos, muito bem cronometrados.
O homem cruzou o corpo dela e ficou à sua frente, logo, se viraram
mais uma vez, as mãos nos corpos, os olhares vidrados e ele segurou a mão
de Lizzie.
Ele a girou pelo palco umas duas vezes, antes de ter o corpo dela
grudado ao seu mais uma vez. Lizzie estava de costas para ele e segurava sua
mão, que repousava em seu ventre.
Ambos olhavam na mesma direção e os corpos imitavam os
movimentos, era como se fosse um só corpo. Elizabeth se esfregou naquele
homem de um lado para o outro e aquilo só podia ser brincadeira.
Mas que porra era aquela?
Parecia que ela queria me provocar.
Lizzie ergueu os olhos para a plateia, sentindo as mãos dele
percorrerem todo seu corpo e pude ver ela engolir em seco quando olhou na
minha direção.
Meus olhos estavam fixos aos seus, escuros, mas ainda assim,
convidativos.
Agora ela sabia que eu estava ali.
Não desviei o olhar dela e Lizzie fez o mesmo. Ela suspirou e teve o
corpo virado pelo homem, mais uma vez, e agora o show tinha começado.
Comigo ali, ela sabia quem afetar e era exatamente isso o que estava fazendo.
Eu conhecia Elizabeth, ela não estava se insinuando tanto para o rapaz
no início da apresentação, mas depois de ter me visto, ela literalmente se
transformou. Ainda era profissional, mas todos os movimentos e rebolar de
sua bunda eram para mim. Eu sabia que todos eram para mim.
Pude notar sua mão passar pela cintura daquele homem e Lizzie
trilhou um caminho de carícias até as pernas dele, fazendo um jogo sensual
com o corpo, que excitaria qualquer um. Desviei o olhar, queria matar aquele
cara por estar se aproveitando tanto, mas sabia que era apenas uma dança e
eles eram extremamente profissionais.
Do mesmo jeito que desceram, as mãos de Lizzie subiram pelas
pernas dele e seus corpos se juntaram mais uma vez. Rosto com rosto, pele
com pele, mais alguns movimentos sensuais e um último giro, para então
poderem encerrar a dança, estando tão próximos um do outro, que se eu não
conhecesse minha menina, acharia que tivessem se beijado.
Respirei fundo, extasiado com aquela apresentação e sorri, me
levantando e aplaudindo minha menina junto com o restante da plateia. Ela
sorriu e agradeceu junto ao rapaz, curvando o corpo para frente. Seus olhos se
voltaram para mim mais uma vez e ela sorriu, gesto que retribui com carinho.
A apresentação havia sido linda e eu estava feliz por ela.
Sabia que aquele sorriso significava alguma coisa e eu estava disposto
a confirmar se era o que estava pensando, logo após o resultado das
apresentações.
Eu tinha que colocar meu plano em ação e estava ansioso por isso.
Os olhos de Elizabeth estavam em cima de mim desde que chegamos
àquele local. As apresentações haviam sido encerradas e os vencedores
anunciados. A escola que Lizzie estudava, havia ficado em segundo lugar e
embora não tivessem ganhado o troféu, uma parte do prêmio em dinheiro
seria dividida entre todos os dançarinos, o que acalmava minha menina, dava
para ver.
Eu estava tão feliz por ela, que não conseguia medir as reações e o
sorriso, estava presente em meu rosto o tempo todo. Caminhei em sua
direção, devagar. Queria entender o que era aquele olhar direcionado a mim e
também, poder convidá-la para sair, e enfim, colocar meu plano em ação.
— Lizzie? — Falei bem perto dela e encontrei com seus olhos mais
uma vez. Ela sorriu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Marcelo, que bom que veio. Foi uma surpresa te ver na plateia.
— Não podia perder sua apresentação, inclusive, você arrasou, estava
linda!
Sorri para ela, que fez o mesmo. Estava tão envergonhada perto de
mim.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer. Sabe, eu estava pensando, podíamos sair
para comemorar. Sair um pouco dessa multidão, ficar só nós dois, o que
acha?
— Marcelo, não sei se seria uma boa ideia.
— Vou entender perfeitamente se não quiser, mas estaria perdendo
uma boa noite comigo. — Lizzie deu risada e desviou o olhar de mim.
— Já te disse que é muito convencido?
— Você sempre diz isso. Pensa com carinho, somos dois solteiros,
não têm motivo para não nos divertirmos e você não tem nada a perder, é só
um jantar.
— Tá me convidando para jantar? — Ela estreitou os olhos e o
movimento que sua boca fez, me deu vontade de beijá-la.
Nossa, como estava com saudades daquela mulher.
— Estou sim. O que me diz?
— Bom, como você disse, não tenho nada a perder. Contanto que
você não me leve naquele restaurante japonês, vou com você para onde
quiser.
Ah, para onde eu quisesse?
Isso sim era uma mudança repentina de ideia.
Assenti ao que disse e estendi meu braço para que pudesse segurá-lo.
Assim que ela fez, Brenda se aproximou de nós dois e Lizzie ficou muito sem
graça.
Ela mordeu o lábio.
— Vou mais tarde para casa hoje, se não se importar.
— Claro que não, espero que vocês se divirtam. E parabéns pela
apresentação, depois falo com você.
— Tudo bem, obrigada. — Brenda piscou para ela e deu dois tapinhas
no meu ombro. Ela era a única pessoa que sabia meus planos da noite e torcia
por nós dois, por esse motivo, não prolongou o assunto.
Pude ler seus lábios e Brenda me desejou sorte, e isso era tudo que eu
precisava naquele momento. Eu precisava reconquistar Elizabeth e ter meu
grande amor de volta na minha vida.

Escolhi um restaurante com clima agradável e que fosse de bom


agrado para minha pequena menina. Não era nada tão exuberante, mas o
suficiente para fazê-la sorrir ao entrarmos no local. A mesa que escolhemos,
era perto da janela e dava para ver o Millennium Park sendo iluminado pelas
luzes da cidade.
Realmente era uma visão de tirar o fôlego de qualquer um.
— Uau, que visão maravilhosa. — Lizzie comentou quando afastei a
cadeira para ela se sentar. Dei a volta na mesa, me sentando de frente para
ela.
— Fico feliz que tenha gostado. Podemos dar uma volta no parque
depois, se quiser. — Ela sorriu e meu coração se aqueceu, era assim em todas
as vezes que recebia um sorriso sincero e acolhedor da mulher que amava.
— Mas então, me diz, o que você tem feito?
— Nada de especial. Estou trabalhando em mais casos no distrito e no
tempo livre, assistindo beisebol na televisão. — Dei risada, após ela ter feito
o mesmo.
Isso era uma piada para ela.
— Beisebol? Você nunca assistiu isso quando morávamos juntos.
— Não mesmo, mas às vezes a gente precisa tomar outro rumo na
vida, não acha? — Ela balançou a cabeça e mordeu o canto do lábio. Eu
ainda me lembrava, Elizabeth fazia isso quando estava com vergonha. Sua
mão estava em cima da mesa e repousei a minha em cima da sua. Lizzie não
hesitou, o que foi bom, então fiz um carinho na região, encarando seus olhos
no mais profundo que conseguia, querendo ler aquela menina como fazia no
passado. — Mas e você? Me fala o que mudou na sua vida. — Eu precisava
ganhar sua confiança de novo e pouco a pouco, Lizzie ia se abrindo comigo.
— E tem alguma coisa que você não sabe? A Brenda não te conta
tudo? — Brincou e deu um sorrisinho de lado. Ela ficava tão fofa assim.
— Muitas coisas que não sei, Lizzie.
— Eu só estou estudando mesmo, e… ah! Segunda é meu primeiro
dia de trabalho fixo naquela padaria da esquina do distrito.
Espera aí, ela ia trabalhar perto de mim?
— Aquela que só tem coisa gostosa e que a gente engorda só pelo
olhar?
— A própria.
— Então quer dizer que você sente tanto minha falta, que foi procurar
emprego bem pertinho de mim? Bom saber… — Lizzie ficou corada na hora
e abaixou o olhar, envergonhada.
— Eu… eu não…
— Estou brincando, Lizzie! — Gargalhei. — Você devia ver sua cara.
— Você é um idiota mesmo. — Resmungou e apertei sua mão, vendo
os pelos do seu braço se arrepiarem. Seu corpo ainda reagia ao meu toque,
isso era muito bom. — Isso é uma mera coincidência, mas todas as vezes que
você for para o trabalho, me verá lá, servindo às mesas e limpando o chão. —
Sua voz ficou tristinha e eu sabia bem o que aquilo significava. Não era
muito, nem mesmo o que ela sonhava, mas era o que tinha para o momento.
— E você deve se orgulhar desse trabalho. Não é muito, Lizzie, mas
você mesmo sempre me disse, que é de baixo que a gente começa. Você
começou assim e está prestes a se tornar uma dançarina profissional, então se
orgulhe das suas conquistas, estarei sempre aqui para comemorá-las com
você, amor.
Ah, que saudade de a chamar de amor todos os dias.
Seus olhos estavam brilhando e havia resquício de lágrimas ali.
— É, vamos fazer o pedido? Estou faminta. — Sorriu sem graça,
afastando sua mão da minha e colocou uma mecha do cabelo, que havia
soltado, atrás da orelha. Tomou o cardápio em suas mãos e lendo atentamente
às palavras que tinham ali, escolheu seu prato. Não demorei para fazer o
mesmo e aproveitei para pedir uma garrafa de vinho, era uma noite especial e
queria que ela fosse perfeita.
Conversamos mais um pouco até a comida chegar e fizemos nossa
refeição, animados, como fazíamos todos os dias antes dela ir embora. Nem
parecia que estávamos em um restaurante, pois ficamos tão à vontade com a
presença um do outro, que agíamos como se estivéssemos em casa.
Lizzie estava um pouco mudada, mas ainda conseguia encontrar
pedaços da menina doce e apaixonada que conhecia e eram esses pedaços,
que me davam mais vontade de tê-la por perto.
Quando pedimos a sobremesa, achei que não devia mais perder tempo
e colocar meu plano em ação. Se eu queria mesmo ter Elizabeth Miranda de
volta na minha vida, eu tinha ao menos que tentar, mesmo que essa tentativa
pudesse estragar nossa noite inteira.
— Mudando um pouco de assunto, quando eu disse mais cedo que
éramos solteiros, não errei nisso, não é? — Ela desviou o olhar e bebeu mais
um gole do vinho. Estava enrolando para me dar a resposta e a cada segundo
de demora, meu coração falhava com o medo de ouvir o que não queria.
— Você acertou. Se o que quer saber é se não encontrei ninguém para
amar, acertou sim. — Ufa, não consegui esconder o alívio que aquela
revelação me trouxe e esfreguei as mãos uma na outra, nervoso.
— Lizzie, eu não quero mais esperar por isso. Você pode se assustar,
mas vou ser direto. Eu ainda te amo e todos os dias penso em você e no que
nossa vida se tornou, desde que tudo aconteceu. Eu sei que você tem medo de
ficar comigo, de morar comigo, mas sei também que agora você entende que
posso e vou te proteger com a minha vida, coisa que não fui capaz de fazer no
passado. Nós nos conhecemos quando você estava em perigo e tanto a sua,
quanto a minha vida, não vai ser deixada de lado por esses momentos, afinal,
o que é viver a vida sem correr um pouco de perigo?
De dentro do bolso da calça, tirei um anel e mostrei para ela, que teve
os olhos molhados pelas lágrimas e a surpresa estampada em seu rosto.
— Te chamar para sair comigo não foi um acaso, eu tinha tudo
planejado e agradeça à Brenda que é minha cúmplice nesse projeto. Te
chamar para sair comigo, foi para fazer deste encontro, um marco na nossa
vida e finalizar o que você tinha começado no dia que eu quase te perdi. Eu
não quero te perder nunca e vou sempre, sempre cuidar de você e te amar
como você merece. Sei que não somos namorados, mas esses meses longe de
você, foram necessários para eu perceber que te amo mais que tudo e que
tinha perdido a única coisa que fazia sentido na minha vida, então eu te
pergunto, você me daria a honra de se tornar minha noiva e casar comigo?
Elizabeth balançou a cabeça e pude ver as lágrimas escorrerem em
seu rosto. Ela não disse nada, apenas se levantou e vindo na minha direção,
me beijou. Sentir o gosto dos teus lábios e poder abraçar seu corpo contra o
meu, depois de tanto tempo, era mágico. Aquela mulher havia sido feita para
mim e hoje eu tinha a mais plena certeza daquilo.
— Marcelo, eu quero ser sua esposa.
— Achei que não ia responder, que medo. — Brinquei, fazendo-a rir e
coloquei o anel em seu dedo, selando assim, mais um capítulo em nossas
vidas.
Elizabeth me abraçou mais uma vez e tornou a me beijar.
Naquela noite estrelada e iluminada pelo parque mais bonito da
cidade, eu refiz minha história e estava prestes a iniciar mais um capítulo
dela, que eu tinha certeza que seria o mais feliz de todos.
Eu não conseguia parar de olhar para o anel no meu dedo. Aquilo
parecia um sonho e se fosse, não queria nunca acordar, pois estava sendo uma
das noites mais felizes da minha vida. Enquanto Marcelo tinha me deixado
sentada em um dos bancos de frente para o “grande feijão espelhado” do
Millennium Park, para fazer sabe lá Deus o que, fiquei pensando no rumo que
minha vida tomou, nos últimos dias. Se eu não acreditava em sorte grande
antes, agora eu era a primeira a defender esse tipo de conquista na vida das
pessoas.
Fui tirada das ruas por esse homem que me ensinou tudo o que sei
hoje e mais, me ensinou a ter o sentimento mais belo que alguém pode ter na
vida: o amor, e hoje, estava me tornando sua noiva. Tudo bem que no
caminho para chegarmos até aqui, aconteceram diversas coisas que nos
fizeram desistir, mas a única certeza que eu tinha, era de que tinha tomado a
melhor decisão da minha vida, aceitando seu pedido de casamento.
Eu estava feliz e tinha certeza que havia feito Marcelo feliz também.
Pelo espelho à minha frente, pude ver ele se aproximando na lateral.
Olhei na direção dele e fui recebida com um sorriso enorme e um belo de um
beijo na boca. As mãos escondiam atrás de si, um lindo buquê de rosas
vermelhas e junto delas, um urso de pelúcia que me apaixonei assim que vi.
— Vou ficar longe de você mais vezes para ganhar presentes iguais a
esses.
— Não precisa ficar, te dou mais com o maior prazer. Eu te amo,
menina, te dou o mundo se você me pedir.
— Tudo que eu quero está bem aqui na minha frente. — Segurei em
seu rosto e lhe dei mais um beijo. O gosto dos lábios de Marcelo me remetia
à uma época feliz da minha vida e eu gostava de lembrar sempre dela, porque
agora estava a recomeçando. Sorri e me aninhei em seu abraço, quando se
sentou atrás de mim. Ficamos ali um tempo, encarando as estrelas, vendo as
pessoas andando pelo parque, naquela gostosa noite e aproveitando a
presença um do outro.
Estar nos braços dele novamente era como recomeçar a viver.
— No que você está pensando?
— Em nós dois. Há quatro meses eu tinha certeza que não queria te
ver nem pintado de ouro e hoje me torno sua noiva. É estranho as reviravoltas
que a vida dá.
— É estranhamente bom. — Sorriu e beijou meu pescoço, fazendo
minha pele se arrepiar. Deixei isso claro a ele, afinal, não tinha como
disfarçar quando meu corpo se encolhia ao seu toque, mordi o lábio. — Você
ainda sente cócegas no pescoço…
— Não, é impressão sua. — Respondi e dei risada, vendo que ele se
concentrou em beijar aquele local e me fazer cócegas. Meu corpo encolhia
com a sensação e tudo o que recebia em troca, era excitação, o que era
estranho, mas aquilo estava me excitando.
Sentir os toques dele me causavam isso.
— Impressão, ein… — Beijou a bochecha e me apertou no abraço,
fazendo eu me acalmar. Olhei de lado para Marcelo, que me encarava
fielmente e decidi colocar para fora o que aconteceu minutos atrás. Estava
com saudade dele e não tinha jeito melhor de matar essa saudade.
— Amor… é estranho, mas… — Me virei para ele e cheguei minha
boca bem perto da sua orelha e sussurrei em seu ouvido. — Estou excitada…
— Você quer ir para casa? Porque eu super topo se você disser que
sim.
— Tem alguma dúvida sobre isso? — Ainda sussurrando em seu
ouvido, mordi levemente o lóbulo de sua orelha e Marcelo pigarreou. Ele me
afastou e se levantou e dava para perceber a protuberância crescendo em sua
calça.
Ah, era hoje que eu seria bem fodida…
Não dissemos mais nada um para o outro, apenas caminhamos em
direção ao carro e fomos para casa. Precisávamos recuperar o tempo perdido
da melhor forma que sabíamos: entre amassos e juras de amor.

Marcelo me encostou com força na parede e nossos beijos passaram


de calmos para intensos. Ele apertou minha cintura e gemi, em resposta
contra sua boca, eu sentia tanta falta do seu toque, como ele do meu corpo.
Estávamos cheios de tesão. Abri os botões da sua camisa e deixei que a peça
tivesse o mesmo destino que minha blusa, o chão. Ele me agarrou e sem
interromper o beijo, caminhamos até a cama.
Sentei na mesma e desafivelei o cinto de sua calça, retirando a peça
junto com a cueca e fui surpreendida por seu membro, que quase pulou em
meu rosto.
Ele estava pronto para mim, disso não tinha dúvida.
Brinquei um pouco com seu pau na minha boca e o levei à loucura.
Marcelo enrolou meu cabelo na mão e ditou os movimentos de vai e
vem que minha cabeça fazia. Quando estava prestes a gozar, ele saiu de
dentro de mim e agarrou meu corpo, virando-o contra a cama.
Ele não soltou meu cabelo, apenas me ajudou a tirar o restante da
roupa e se afundou dentro de mim, sem aviso prévio. Precisávamos tanto
transar, que não pensamos em mais nada, apenas no prazer que nos atingia
em cada investida.
Não consegui conter meus gemidos e conforme ele estocava, pedia
para eu gemer para ele e assim eu o fazia. Marcelo puxou meu cabelo,
fazendo eu ter que encará-lo. Ele queria estar olhando nos meus olhos
enquanto eu gemia e queria ver meu rosto quando gozasse e isso só me
deixava mais excitada.
Mais algumas investidas e senti as paredes da minha vagina se
contraírem e apertarem seu pau, que logo cresceu dentro de mim e juntos,
atingimos um orgasmo maravilhoso. Marcelo me soltou e caiu deitado ao
meu lado.
Eu respirava fundo, tentando recompor meu fôlego.
Havia sido um sexo intenso, rápido e muito prazeroso.
Senti sua mão repousar na minha perna e sorri, deitando em seu peito.
— Estava com saudades disso.
— De foder comigo? — Dei risada e mordi seu peito.
— Exatamente, de foder com você.
— Te fiz uma promessa e tenho que honrá-la, não? — Fechei os
olhos, lembrando da primeira vez que fui ao distrito e ele se declarou para
mim, suas palavras não saem nunca da minha cabeça: Eu te amo, Elizabeth e
quero te amar e te foder por todo o resto da minha vida. Dei risada e balancei
a cabeça.
— Aquilo que você me disse foi muito depravante, sabia que eu era
uma menina inocente antes de te conhecer?
— Você, inocente? Eu vi sua inocência quando transamos a primeira
vez. Me agarrando, querendo meu corpo nu, todinho para você.
— Amor, ninguém em sã consciência vai negar esse corpo nu. — Fui
devagar para cima do seu corpo e me sentei em seu colo, ele ficou ali,
deitado, me olhando e aposto que tinha uma ótima visão, pois o passar da sua
língua nos lábios foi muito excitante. — E como fiquei muito tempo longe de
você, quero poder aproveitar muito bem esse corpo que foi feito para mim,
aliás, é meu!
Passei a língua em seu pescoço e depositei beijinhos pela região.
Marcelo fechou os olhos e apenas aproveitou as sensações que eu podia lhe
proporcionar naquele momento. O sexo que tivemos minutos atrás havia sido
muito rápido e meu corpo pedia por mais. Eram meses sem saber o que era
isso e o melhor disso tudo, era que eu estava recuperando o tempo perdido
com quem entendia do assunto.
— O que acha de um banho? Acho que nós dois precisamos relaxar e
outra… instalei uma banheira com jatos fortes.
Uh, jatos fortes…
Mordi o lábio e segurei em seus ombros. Aproximei minha boca da
sua e senti sua respiração se misturar junto à minha. Não o beijei, apenas o
deixei na vontade e sorri ao ver que ele já segurava em minha nuca.
— Acho que podemos ir tomar um banho. Está abafado aqui dentro,
não?
Marcelo sorriu e capturou meus lábios num beijo lento, mas
totalmente prazeroso. Ele agarrou minha cintura e levantou comigo no colo e
enquanto nos beijávamos, ele caminhava para o banheiro.
Senti meus pés tocarem o chão segundos depois e meu homem se
afastou, para preparar nosso banho. Aproveitei o momento para apreciar a
bela visão que tinha bem à minha frente. O corpo de Marcelo era tão perfeito,
até mesmo a cicatriz que tinha no ombro de um tiro que levou era bonita, pois
ela mostrava o quão forte ele era. Mordi o lábio, descendo o olhar para a sua
bunda e aquelas pernas torneadas, dignas do corpo de um detetive.
Sorri, era bom estar de volta em casa, parecia que eu nunca tinha
saído. Nossa sintonia ainda era a mesma e aquilo me deixava feliz, por saber
que não mudamos nada, apenas amadurecemos, mas ainda éramos nós.
Eu estava tão inebriada por aquela visão e seu cheiro que exalava
amor no perfume que amava quando usava, que nem me dei conta de que
Marcelo tinha terminado o que havia começado e me olhava, esperando eu
sair do meu transe.
— Você está há muito tempo me chamando?
— Toda eternidade.
— Nossa, como você é exagerado. — Dei risada, vendo-o se
aproximar de mim e passar seus braços em volta da minha cintura. Meu
corpo se arrepiou com seu toque, como em todas as vezes que ele me tocava.
— A água já está boa, você quer falar menos e entrar nela comigo?
— Isso é uma ordem, detetive? — Sussurrei, soando sensual e
Marcelo mordeu o canto do lábio.
Eu estava mesmo brincando com fogo o provocando dessa forma.
— Sim e não me obrigue a te algemar.
Fechei os olhos e foi minha vez de morder o canto do lábio.
— Não é pra tanto, policial. — Meus braços passaram por seu
pescoço e encarei seus olhos. Nossos rostos estavam bem perto um do outro e
nenhuma palavra saía da boca dele. Não precisávamos muito de palavras para
aquele momento, nossos olhos diziam tudo, e os meus estavam dizendo que
essa noite eu seria inteiramente dele.
Marcelo ergueu minha perna e a passou por seu corpo, me fazendo
sentir o roçar de seu membro diretamente na minha intimidade. Arfei com
aquela sensação, era bom sentir e saber que ele estava pronto para mim.
Sua boca beijou meu pescoço e trilhou um caminho de beijos até
meus seios, onde se concentrou em me dar prazer. Meus olhos estavam
fechados e minha respiração se tornando descontrolada. Como eu sempre
dizia, ele sabia como provocar uma mulher e levá-la à loucura.
Sua mão desceu por minha coxa e parou exatamente onde eu queria.
Eu estava encharcada e ao perceber isso, Marcelo deixou uma bela de uma
mordida no meu seio. Aquilo doeu, eu me esquivei, mas a dor se transformou
em prazer quando seus dedos inquietos, me preencheram e tive que me
segurar nele para não cair.
Os movimentos que ele fazia eram tão precisos e gostosos, que era
impossível não gemer a cada investida. Enquanto ele brincava lá dentro, seu
dedo acariciava meu clítoris e aquilo estava me levando à loucura.
Marcelo pedia para eu gemer para ele e mesmo sem pedir, eu fazia,
ainda mais com ele falando sacanagens em meu ouvido.
Ah, como eu dava conta daquele homem?
Meu corpo esquentou, eu sabia que iria gozar e isso era tudo o que
Marcelo pedia: Lizzie, goza para mim, anda meu amor, goza na minha mão!
Aquelas palavras não saíam da minha cabeça e como se fosse possível, meu
corpo teve espasmos, não consegui controlar o alto gemido que dei e com
muito prazer, gozei do jeitinho que me pediu.
Não consegui me manter de pé e meu corpo enfraqueceu em cima
dele. Marcelo me segurou e colocou meu cabelo para trás, observando
minhas reações e respiração alterada. Aquela sim tinha sido uma boa gozada.
— Adoro ver sua carinha depois de gozar.
— O que você não adora, Marcelo?
— Tudo o que se trata de você eu gosto. Vem cá, vamos tomar banho.
— Não sei se aguento mais uma rodada de sexo. — Meu corpo estava
tão mole e um sono descomunal invadia meu corpo.
— Eu vou te acender daqui a pouco, meu bem e você sabe disso.
Dei risada do que disse e entrei na banheira junto à ele. Eu sabia que
ele cumpriria com a promessa, Marcelo sempre conseguia me acender e nós
dois éramos insaciáveis. Tínhamos um fogo para sexo que não sabia de onde
saía.
Seis meses depois…
Minha vida estava uma loucura, mas eu gostava disso. Era sempre
comum eu ter uma vida agitada por conta da profissão, mas nos últimos
meses, ela parecia ter virado de cabeça para baixo, num bom sentido, desde o
dia que pedi Elizabeth em casamento e voltamos a ter uma vida normal, como
dois apaixonados.
Aquilo era bom, mas era louco.
Lizzie e Brenda não me deixavam em paz por conta do casamento,
que já tinha data marcada e eram tantos preparativos, que nem sabia mais por
onde continuar. Mas sendo sincero, eu faria isso todas as vezes, se fosse para
ficar com a garota que amo ao meu lado, junto de mim em meus braços.
Lembrava-me sempre do dia que nos conhecemos e que mesmo sem
nunca ter visto aquela mulher, me senti no dever de protegê-la e estar ao seu
lado, para o que desse e viesse e se eu não acreditava no destino antes, hoje
sou o maior fanático por ele e faria todos que conheço, acreditarem também.
Não foi por acaso que Elizabeth levou um tiro no caso que eu
comandava.
O propósito daquilo tudo, era eu entrar em sua vida e mudá-la.
Fazê-la feliz. E era isso que eu vinha fazendo nos últimos dois anos.
Sorri com aquele pensamento e assinei o relatório da investigação que
finalmente tínhamos terminado. Não era fácil pegar casos onde não se tinha
nada contra os suspeitos e quando isso acontecia, precisávamos montar e
trabalhar com uma escuta policial. Passei muito tempo longe da minha noiva
por conta disso, era dia e noite acompanhando nossos suspeitos de perto e
isso demandava um trabalho árduo e cansativo. Sem registros, arquivos,
apenas vídeos e áudios e provas escritas à mão, naquele momento. Não era
nada fácil, mas era o meu trabalho e tínhamos dado conta dele. Nem todo
distrito conseguia executar um trabalho com tanta precisão como o nosso.
Passei a mão no rosto e levantei. Caminhei para a sala de Jonas e dei
dois toques na porta, até liberar minha entrada. Ele estava no telefone, então o
esperei finalizar a ligação.
— O relatório da escuta. — Entreguei os papéis para ele assinar e
Jonas o deixou em cima da mesa. Colocou o telefone em seu devido lugar e
respirou fundo.
— O superintendente quer nos ver, nos dar os parabéns pela
apreensão.
— Precisamos ir lá? Ele sempre vem aqui. — Sorri e o sargento fez o
mesmo, sabia que estava brincando com essa história do superintendente. Ele
indicou a cadeira para me sentar e foi o que fiz.
— Toma, um presentinho que comprei para sua namorada.
— Noiva, Jonas! — O corrigi e ele riu, me entregando o embrulho
que fez. — Não precisava se preocupar com isso, sargento, mas sei que ela
vai amar.
— É sempre bom ganhar presente de aniversário, não é todo dia que
se comemora mais um ano de vida. — Não, não era todo dia e eu tinha sorte
de poder comemorar mais um aniversário ao lado dela.
— Obrigado, de verdade. — Ele sorriu e puxou o gancho para outro
assunto.
— Falta um mês para o casamento, já sabe onde vai passar a lua de
mel?
— A Lizzie quer ir para a Itália, reservei um hotel para nós no mês
passado e inventei de contar para ela, agora já sabe, está louquinha com isso.
— Jonas riu e nos serviu com uma dose de Whisky, que guardava em seu
armário.
Estávamos só nós dois no piso da inteligência e vez ou outra, ele
bebia junto dos seus funcionários durante a noite. Seu cargo demandava
muito esforço e era bom relaxar de vez em quando.
— Sabe, quando ela foi sequestrada e desistiu de você, eu não pensei
que fosse voltar, de verdade. Mas olha só onde estamos, quase casando vocês
dois.
— Vamos nos casar de frente para o mar, ao som de um bom e belo
blues, com toda a minha família reunida, quer algo melhor?
Com família eu queria dizer meus parceiros de trabalho e ele sabia
disso. Sorri olhando para ele, me orgulhando de onde havíamos chegado.
Jonas era um dos poucos chefes da polícia de Chicago que eram negros e
aquilo só mostrava o quão forte ele era, e o espaço que estava conquistando,
deixando nossa unidade orgulhosa, eu não podia estar mais feliz num
momento como esse, tendo a família que sempre quis e o apoio de todos eles
na minha vida.
Mesmo com a correria, era uma das fases mais felizes da minha vida.
— Um brinde a isso! — Brindamos e bebemos. Meu pensamento
voltou para Elizabeth e sorri mais uma vez. Tudo o que eu fazia era para ela e
precisava fazer uma coisinha para minha garota em seu aniversário. Nada
como um bom jantar, um bolo e uma noite quente, não resolvesse meus
problemas.

Olhei as horas no relógio mais uma vez, ela estava atrasada. E eu


achando que Elizabeth só ia me fazer esperar no dia do nosso casamento,
mero engano. Meus pés batiam incansavelmente no piso daquele deque de
madeira. Havia reservado uma noite ao luar com ela em um hotel no centro
da cidade, não era nada caro, mas a visão que tinha à minha frente, era
espetacular e ia deixar minha menina satisfeita. Olhei para a porta ao ver que
ela se abriu e de lá, saiu a mais bela mulher que meus olhos podiam imaginar
ver na vida.
Lizzie usava um vestido azul — presente de Brenda —, e era muito
parecido com um que ela tinha. Longo, com uma fenda na perna direita e
muito brilho na parte do busto. Seus cabelos estavam presos em um coque e a
franja estava solta. Não fazia muito frio naquela noite, então ela fez questão
de aparecer com os ombros à mostra. Mas o que…
Não acreditei naquilo, ela tinha feito uma tatuagem no ombro. Por
isso veio com eles descobertos, para poder exibir sua primeira tatuagem.
Me levantei e fui de encontro a ela, que estava deslumbrada com a
visão da cidade iluminada. Olhou para o céu e viu as tantas estrelas que nos
acompanhavam naquela noite e seriam cúmplices do que estava para
acontecer ali.
— Você está fantasticamente linda.
— Gostou do meu vestido? Escolhi especialmente para você.
— Ótima escolha, amor. — A olhei de cima a baixo e beijei sua
bochecha. Puxei a cadeira para Lizzie se sentar e me sentei ao seu lado, ainda
intrigado com a tatuagem. Indiquei com o olhar a região desenhada e resolvi
fazer a pergunta.
— Presente novo?
— Ah, pois é! Resolvi me dar uma tatuagem de presente de
aniversário.
Sorri de lado, eu não era contra, mas nunca tinha feito uma tatuagem e
nunca imaginei que Lizzie um dia fosse fazer uma. Ela era tão delicada e
frágil, que achei que não gostasse dessas coisas.
Meus olhos se fixaram no local e comecei a entender o desenho. Era
uma algema e na ligação de um lado com o outro, havia uma bailarina e uma
chave com um coração, ambos pendurados, estilo pingentes.
Por que Lizzie tinha uma algema tatuada na pele?
E como se lesse meus pensamentos, ela começou a me explicar.
— É para representar a nossa vida. As algemas são nítidas, é sobre
você. A bailarina sobre mim e a chave com o coração, é para mostrar que
nosso amor está fechado, focado apenas em nós dois. Mostra que um
pertence ao outro, ambos os nossos sonhos nos representando e mostrando
que há amor em cada um deles e acima de tudo, há amor entre nós dois e
sempre haverá. Se você olhar bem de perto, há um símbolo do infinito dentro
desse coração, o que significa que nosso amor é eterno e que o meu amor por
você, Marcelo, também é eterno.
Sorri mais uma vez com as palavras dela. Ela havia marcado nossa
vida em sua pele e aquilo era lindo. Elizabeth sempre me carregaria perto do
peito, assim como eu a carregarei em meu coração.
— Isso é muito lindo. Lizzie, é um belo presente. Vou ter que fazer
uma também? — Dei risada quando ela fez o mesmo e segurou minha mão.
— Não, você não precisa fazer uma tatuagem, bobinho. Eu sei que
você me ama e só o fato de dedicar sua vida a mim, é o suficiente para
mostrar seu amor.
— Eu te amo muito mesmo.
— Eu também te amo, Marcelo. Eu fiz a tatuagem porque queria
carregar você comigo para onde quer que eu fosse… bom, agora vou te
carregar.
— Pois é, você vai me carregar sim. — Beijei sua mão e peguei na
cadeira ao lado da minha, uma pequena caixa, entregando a ela. Era o meu
presente de aniversário e tinha o mesmo significado que sua tatuagem: ela
poderia me carregar para sempre junto a ela.
— Amor, não precisava comprar um presente.
— Abre logo, Lizzie! — Ela revirou os olhos e abriu o embrulho,
retirando de dentro dele, um colar de prata, onde o pingente era o projétil da
bala de uma .38.
— Eu… — Ela não entendeu o porquê de eu estar dando uma bala
para ela e sabia que ia surtar quando soubesse de tudo o que aconteceu, mas
eu precisava explicar meu presente.
— Dois meses antes da sua apresentação de dança, fui designado para
uma missão onde me infiltrei em uma compra de drogas pesadas que estava
rolando na cidade, você deve ter ficado sabendo do lote alterado que
provocou overdose e a morte de dezessete pessoas.
— É, a Brenda me contou por cima. Isso foi um pouco antes de eu ter
ido para a sua casa aquela noite do incidente com o professor. — Lembrou e
balancei a cabeça concordando. Literalmente naquela época, menina esperta.
— As coisas não saíram como planejadas, houve uma troca de tiros e
fui atingido. A bala atravessou meu peito, quatro centímetros para o lado e
acertaria meu coração, por sorte eu não morri. Consegui recuperar o projétil e
guardo ele comigo até hoje. Esse é o motivo de eu ter sumido e da Brenda
estar na minha casa aquela noite. Sim, ela foi beber comigo, mas foi também
ver como eu estava.
Seus olhos estavam marejados e ela estava intacta. Nada saía da boca
de Elizabeth e eu sabia que ia levar esporro, mas foi melhor não ter contado a
ela.
— Por que você não me contou? E ela, escondeu isso de mim?
— Eu pedi para ela não contar.
— Mas por que?
— Você ia surtar, igual está surtando agora. Amor, eu não queria você
preocupada comigo, já tinha tanto para se preocupar. Não foi nada tão grave.
— Você podia ter morrido e não foi grave? Você mesmo disse que se
a mira tivesse sido mais para o lado, tinha acertado seu coração. Marcelo!
— Eu sei, me desculpa, mas não queria você preocupada.
— Eu estou preocupada agora. — Ela passou a mão no rosto e
respirou fundo, apertando o colar nas mãos. — Você devia ter me contado,
Marcelo e não inventado uma desculpa para a Brenda mentir para mim.
— Desculpa, mas agora eu estou bem.
— Graças a Deus por isso. — Sorri, sempre tão preocupada comigo.
Me aproximei e roubei um beijo dela, logo, passei a mão em seu rosto,
secando as lágrimas que escorriam nele.
Não chore minha menina.
— A bala atravessou, mas carregou com ela parte de mim e por isso
estou entregando-a para você. Ela quase me matou e isso significa que não
importa o motivo, eu sempre voltarei para você, assim como voltei quando
ela me acertou.
Lizzie não esperou, simplesmente me abraçou, se jogando no meu
colo. Senti as lágrimas molharem minha camisa e a apertei, lhe trazendo
conforto. Beijei sua bochecha e pude ouvir ela falar baixinho perto do meu
ouvido.
— É bom você voltar para mim, todos os dias.
— Eu vou voltar todos os dias para os seus braços, meu amor.
Era uma promessa da qual eu iria cumprir até o último dia das nossas
vidas.
Meu coração estava acelerado e parecia que a qualquer momento, iria
saltar para fora do peito. Encarei minha imagem em frente ao espelho, eu
estava linda e ninguém podia me dizer o contrário. Meu penteado e
maquiagem eram lindos, embora simples, eram o que sempre sonhei.
O vestido que tinha acabado de colocar também era lindo e simples,
como eu queria que fosse, leve, igual o vento e como de praxe, tinha uma
fenda lateral.
Ele era rendado da cintura ao busto, onde havia uma transparência e
rendas, emoldurando as curvas daquela região. Nos braços, havia uma manga
três quartos rendada e as costas, imitava o movimento da frente, com as
rendas imitando um coração e uma linha perolada passando no centro.
Aquele vestido era meu sonho de criança se tornando realidade.
Um mês atrás, ainda pensava que era brincadeira tudo o que
estávamos organizando, mas me ver vestida de noiva nesse exato momento,
era a confirmação do meu sonho.
Eu ia me casar com o grande amor da minha vida.
Respirei fundo, estava ansiosa e minhas mãos suavam. Esperei esse
momento por anos e nunca imaginei que um dia iria acontecer, afinal, quem
olharia para uma garota de rua? Marcelo me olhou e enxergou quem eu era de
verdade.
A porta se abriu e Brenda entrou no “quarto da noiva”, carregando o
meu buquê. Ele havia ficado tão lindo com as flores que escolhi.
— Não acreditei muito na sua escolha das flores, mas vou confessar
que, lírios, hortênsias, orquídeas, lavanda e essa flor pequena roxa, ficaram
uma graça e combinaram com o seu vestido.
Sorri, ela ainda não tinha me olhado e quando fez, paralisou e sorriu.
— Meu Deus, Lizzie, você está tão linda. — A voz saiu chorosa e
meus olhos encheram de lágrimas. Eu não podia chorar logo agora e correr o
risco de borrar toda a maquiagem que fizeram em mim.
— Você gostou?
— Eu amei, você parece… uma princesa!
— Obrigada, Brenda. Nossa, eu tô chorando, meu Deus. — Passei a
mão levemente abaixo dos olhos para impedir as lágrimas de escorrerem e
sorri, sentindo seu abraço. Brenda havia se tornado a amiga que eu nunca tive
e o apoio dela era muito importante para mim.
— Hoje é o seu casamento, pode chorar, porque esse choro é de
alegria.
— Você tem razão. Mas não quero borrar a maquiagem. — Ela riu e
me entregou as flores. Estar ali, segurando um buquê no meu casamento,
fazia eu me sentir especial, afinal, todas as atenções estariam voltadas à mim.
— Dá um sorriso, ergue essa cabeça e bora casar, dançarina. Um
sonho de cada vez se realizando na vida, parabéns!
Um sonho de cada vez, o que significava que ainda tinha que realizar
o restante dos meus sonhos e era dessa forma que subimos na vida, dando um
passo de cada vez.
— Você viu se o Marcelo está no altar?
— Claro que ele está, aquele homem te ama e não te deixaria por nada
nesse mundo. Mas vem cá, ele está um pitelzinho. — Ela mordeu o lábio, me
fazendo rir.
— Para de dar em cima do meu noivo, estou prestes a me casar com
ele.
— Se não casar, eu caso. — Piscou e tudo o que consegui fazer, foi
sorrir. Brenda sabia exatamente como me levantar e colocar um sorriso no
meu rosto. — Agora vamos, está na hora.
— Dá tempo de fugir? — Brinquei, nervosa.
— Não, tempo esgotado.
E eu não via a hora de estar frente a frente com meu futuro marido e
poder lhe aceitar para sempre em minha vida e viver em seus braços, pelo
resto da vida.

A marcha nupcial começou a tocar e pude ver todos os convidados de


pé. Ao final do tapete vermelho, pude ver Marcelo, esbelto em seu terno sob
medida e meu coração acelerou.
Era verdade, aquilo estava mesmo acontecendo.
A brisa do vento que batia em meu corpo era gostosa e isso era uma
das maravilhas de se casar na praia. Era tudo tão vivo e real, que eu tinha
certeza que ficaria guardado na memória de cada convidado.
Os olhos de Marcelo estavam fixos nos meus e vice e versa.
Meu coração batia tão forte, que parecia que iria explodir.
Eu caminhava na direção daquele homem com tanta leveza e certeza,
de que aquilo, era a coisa certa a se fazer. Minha entrada foi sozinha, eu não
tinha ninguém para entrar comigo e isso não me abalou, tudo o que eu queria
era me casar com Marcelo e decretar nossa felicidade, até que a morte nos
separasse.
Marcelo esticou sua mão para que eu a segurasse e assim eu fiz.
Brenda como minha madrinha, tomou o buquê nas mãos e retornou ao seu
lugar novamente. Não conseguia desviar meus olhos daquele homem. Nossa
sintonia, conexão e amor eram tão fortes, que eu queria que fosse assim
eternamente.
— Você está linda. — Abaixei a cabeça, envergonhada e ele ergueu
meu queixo. — Eu te amo, nunca se esqueça disso.
— Te amo!
Ficamos de frente um para o outro e respirei fundo, tomando coragem
para estar ali e ser feliz ao lado do meu quase marido.

“Sejam todos bem vindos.


Estamos aqui hoje, para celebrar as melhores coisas da vida, o amor, a
confiança e a esperança, que uniram Elizabeth e Marcelo.
Hoje, eles querem atestar que o casamento não é um fim, muito
menos um começo. Eles já escolheram um ao outro como sua família e hoje
celebram, o que já começou e vai continuar crescendo ao longo dos anos.
O amor é um sentimento puro, que não escolhe hora e nem lugar para
acontecer e com esse casal não foi diferente. Elizabeth e Marcelo já foram
muitas coisas um do outro: amigos, companheiros, namorados, noivos, e até
mesmo desconhecidos, bombeiros, médicos, dentre tantos outros
personagens, que se protagonizaram na vida deles dois, mas todos com
extremo amor.
O amor lhes pegou quando estavam em perigo e ele se fortalece a
cada dia que passa e agora, com as palavras que estão prestes a trocar, vocês
se fortalecem um com o outro, pois com estes votos, estarão dizendo ao
mundo: este é meu esposo e esta é minha esposa.”

Sorri com aquelas palavras. Nossos olhos não se desviaram em


momento algum e aquilo mostrava nossa união. Estávamos emocionados,
podia ver seus olhos brilhando mais que o normal e os meus não estavam
diferentes.
“Elizabeth, é de livre e espontânea vontade que você aceita Marcelo,
como seu companheiro em matrimônio?”
Meu Deus!
Era agora, aquele momento mais esperado. Elizabeth, respira e não
pira.
— Sim, eu aceito. — Sorri logo após aceitar.
“Marcelo, é de livre e espontânea vontade que você aceita Elizabeth,
como sua companheira em matrimônio?”

Sim, sim, sim, por favor, Marcelo!


— Sim, eu a aceito como minha companheira. — Havia tanto amor e
carinho em suas palavras e por um momento me senti aliviada. Não sei, ele
podia mudar de ideia e não querer se casar comigo, mas ouvir ele me aceitar
como sua esposa, era mágico, definitivamente a realização de um sonho.

“Assim sendo, por favor, deem-se as mãos e preparem-se para dar e


receber suas juras de amor, que estão entre os maiores presentes da vida.”

Marcelo segurou minhas mãos que tremiam e as acolheu, em seu


singelo toque. Me acalmei e sorri. Ter meu corpo reagindo ao dele dessa
maneira, mostrava que eu o amava do fundo da minha alma e que ele sempre
estaria ali, para me acolher em seus braços, onde era o meu lugar.
— Lizzie, meu coração soube que você era a escolhida no momento
que te vi caída naquele chão com uma bala no peito, me implorando para não
morrer. Sabe, a vida nos deu tantos motivos para não ficarmos juntos e nós
superamos todos eles, e aqui estamos, nos casando e isso mostra que sempre
podemos superar um obstáculo se estivermos juntos. Eu já não consigo
imaginar minha vida sem você, sem poder te tocar, te abraçar e te amar.
Você, minha menina, foi uma das poucas coisas que entrou na minha vida
para fazer a diferença e que baita diferença. Eu quero poder acordar ao seu
lado todos os dias e saber que estará segura em meus braços. Você é minha
melhor amiga e tenho muito orgulho da garota que se tornou e mais orgulho
ainda, por não ter perdido sua essência e ter sido você esse tempo todo. Eu
quero te amar e te foder por todo o resto da minha vida. Eu te amo, Elizabeth
e saiba sempre, que em meus braços é o seu lugar.
Em meus braços é o seu lugar!
Abaixei a cabeça, as lágrimas não conseguiram se manter em meus
olhos.
Marcelo sabia como me emocionar e embora o que tenha dito fosse
simples, foi o suficiente para me desmontar e me fazer chorar. Eu tinha plena
certeza que queria passar o resto da minha vida ao lado desse homem.
Ele aproximou minha mão da sua boca e depositou ali, um beijo e um
carinho. Respirei fundo, era a minha vez de falar na frente das pessoas e eu
estava nervosa, mas foi só olhar para ele mais uma vez, que me acalmei e
naquele momento, só existiam Marcelo e eu.
— Marcelo, você sempre acreditou em mim quando mais ninguém
acreditou. Sempre levantou meu ânimo, me tratando como se eu fosse o
objeto mais valioso do mundo, com delicadeza e amor. Nesses últimos anos,
você dedicou sua vida à mim e eu não tenho como retribuir todo esse esforço
e amor. Você é a pessoa mais incrível que conheço e a única coisa boa que
carrego daquela noite, foi ter encontrado com o seu belo par de olhos e me
encontrado ali. Naquela noite eu encontrei o amor e ele estava destinado a me
salvar. Você me ensinou coisas que carregarei por toda minha vida, então
tudo o que tenho para te dizer, é obrigada. Obrigada por me salvar, por mudar
minha vida e acima de tudo, obrigada por me amar. Eu também quero te amar
e te foder pelo resto da minha vida. Eu te amo e te amarei por toda a minha
vida. Meu lugar é nos teus braços e quero que você também saiba, que o seu
lugar é nos meus braços, aqueles que sempre irão te acolher após um dia de
trabalho, onde estará precisando de mim. Te amo!
Sorri, era impossível não sorrir. Marcelo tinha derrubado algumas
lágrimas, das quais apenas eu consegui ver e eu não estava diferente. Falar
dele era tão fácil e gostoso, que se eu pudesse, passava o dia inteiro ali,
relatando as boas coisas que já fez por mim e pelo mundo.
Ele era um excelente policial, honesto, carinhoso e gentil e agora,
seria o melhor marido do mundo, o grande amor da minha vida.
Senti minha mão ser apertada e ele me mandou um beijo. A voz não
saiu, mas fiz a leitura labial e Marcelo dizia que me amava. Meu coração
estava quentinho e repleto de alegria. Faltava apenas um passo para
concretizarmos nosso amor. Meu coração acelerou no momento que ouvi
falar das alianças.
Era a hora, estávamos quase casados.
“E agora, as alianças. As alianças são símbolos físicos do
compromisso e união de um casal. Elas são consideradas um círculo perfeito,
sem começo e fim, e o amor é assim, tem origens humildes, pois vem de
seres imperfeitos. O amor é o processo de construir algo belo com coisas
simples.
Elizabeth e Marcelo, que estes anéis sejam um lembrete visível de seus
sentimentos um pelo outro. Ao olhar para eles, lembrem-se que vocês têm
alguém especial com quem compartilhar suas vidas. Lembrem-se de que
vocês se encontrarão um ao outro e um no outro, e de que nunca mais
andarão sozinhos.”
Marcelo pegou as alianças que Jonas, como nosso padrinho, lhe
entregou e segurou uma dela nas mãos. Ele olhou em meus olhos, sorridente
e acolhedor, e repetiu as palavras que o cerimonialista lhe indicou:
— Elizabeth, te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para
ser minha companheira e minha melhor amiga. Receba-a e saiba que eu te
amo.
Segurando minha mão, ele colocou a aliança em meu dedo e deu um
beijo no local. Aquele gesto simples e puro me fez sorrir. Peguei a outra
aliança com Jonas e repeti as mesmas palavras para o meu amor:
— Marcelo, te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para
ser meu companheiro e melhor amigo. Receba-a e saiba que eu te amo.
Coloquei a aliança em seu dedo e encarei fielmente seus olhos.
O coração estava a mil.
As palavras que tanto almejávamos estava há um passo de serem
ditas.
Íamos nos tornar marido e mulher.
Isso era um sonho realizado. E quando menos esperei, elas foram
ditas e tornaram meu mundo mais colorido.

“Eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva!”

Eu estava casada com o homem que amava.


Marcelo não perdeu tempo, se aproximou e tomou meus lábios em um
beijo gostoso e convidativo. Era lento e tinha sabor de amor. Era viciante e ao
mesmo tempo acolhedor. Naquele beijo, consegui sentir todas as emoções
dele e seu intenso amor por mim.
Aquele beijo decretava nosso futuro e nosso lindo e belo final feliz.
Podia ouvir os convidados aplaudindo nossa união e um beijo em
minha testa, encerrou aquele momento, que ainda era mágico. Meus olhos
azuis brilhavam e os de Marcelo me confortavam. Eu sabia que a partir
daquele dia, minha vida mudaria e seríamos felizes, muito mais do que já
éramos.
Seríamos um casal, marido e mulher, vivendo uma longa jornada que
escolhemos, para simplesmente nos amar.
Casamento.
Uma palavra de nove letras, que causa desespero para muitos homens,
mas que para mim, traz uma sensação de aconchego e extrema felicidade. Há
três anos atrás, não me imaginava aqui, sentado ao lado da mulher da minha
vida, que há poucas horas, havia se tornado minha esposa, viajando para a
bela e maravilhosa Veneza. Parece clichê, mas somos um casal apaixonado e
gostamos de fazer coisas de apaixonados, como conhecer a Itália, sonho de
qualquer pessoa.
Lizzie estava com a cabeça deitada no meu ombro, cochilando,
enquanto o motorista do transfer que contratamos, nos levava até um cais,
perto de um dos canais fluviais ocupantes das ruas da cidade da água. Era
noite e aquela cidade brilhava, me deixando extasiado com a visão à minha
frente. Era bom estar ali, finalmente casado com a mulher que eu amo.
Suspirei e me aproximei, depositando um beijo na cabeça de Elizabeth,
que se mexeu, mas não acordou. Ela ainda carregava o mesmo cheiro de
baunilha com morango que eu tanto adorava, o cheiro do amor, como ela
mesmo intitulava. Minha mão repousava em seu ombro e um carinho era
dado na região.
Tudo aqui era mesmo real?
Elizabeth e eu havíamos mesmo nos casado e estávamos juntos?
Sim, era a mais pura realidade, mas se fosse um sonho, não queria
acordar.
Senti seu pequeno corpo se mexer e olhei para ela, vendo seus olhos
azuis se abrirem e se encontrarem com os meus, acolhedores como sempre.
Sorri e Lizzie fez o mesmo, ainda sonolenta.
— Já chegamos? — Bocejou e se ajeitou no banco.
— De acordo com o mapa, falta pouco para chegarmos ao canal e
pegarmos um táxi aquático, que nos deixará na porta do hotel. — Respondi
olhando o mapa na tela do celular e fingindo que estava entendendo alguma
coisa. Era tudo novidade para nós, estar na cidade da água não era como estar
em nenhuma outra cidade, com transportes comuns. Olhei para Lizzie, que
segurava o riso.
— Você não está entendendo nada, não é verdade?
— Não, confesso. Se o motorista quiser nos levar para o esconderijo
da máfia italiana e nos traficar ou matar, ele consegue, porque não sei onde
estou.
— Meu Deus, como você é dramático, Marcelo.
— Realista amor, eu sou policial, sei como as coisas funcionam.
Elizabeth aproximou seu rosto do meu e depositou um beijo em
minha bochecha. Seus lábios eram tão delicados, que eu adorava senti-los
sempre num beijo, então, não perdi tempo e capturei os seus, os beijando
levemente, mas com todo o meu amor.
Elizabeth sorriu e não tive como não fazer o mesmo. Suas mãos
acariciavam minha nuca e as minhas, sua cintura. Subi as mãos para seu rosto
e ali, fiz um carinho, do qual minha menina gostou, pois se aconchegou entre
elas fechando os olhos.
— Nada vai acontecer com a gente, eu prometo!
— Está me prometendo segurança, senhora González? — Lizzie
sorriu, aproximou sua boca do meu ouvido e sussurrou de forma sensual,
algumas palavras, das quais deram sinal de vida em meu amigo.
— Aqui fora sim, mas não prometo nada dentro do nosso quarto.
— É uma moça muito má, Elizabeth González.
— Que foi? O detetive González vai me prender? — Elizabeth
segurou minhas mãos e as levou para seus seios, me fazendo apertá-los por
cima da blusa que usava. Fechei os olhos, tinha que me controlar e pensar
com a cabeça de cima num momento como esse.
— Se estiver obstruindo minha investigação, claro que te prendo.
— Espero ter um tratamento adequado dentro da prisão.
Sempre terá um bom tratamento na prisão do meu coração, Lizzie.
— Não me tente, Elizabeth! — Pedi a ela, vendo que sua mão ia de
encontro ao volume que se formava dentro da calça e agradeci mentalmente
pelo motorista que chamou nossa atenção, dizendo alguma coisa. Afastei
Lizzie de mim, me recompondo e dei atenção ao simpático homem que
estacionava o carro.
— É aqui? Ótimo, muito obrigado. Tenha uma boa noite, senhor. —
Respondi, após sua indicação de que havíamos chegado e desci do carro com
Lizzie ao meu encalço, peguei nossas malas e caminhamos juntos em direção
ao cais para podermos ir para o hotel.
É, nossa lua de mel estava apenas começando e Elizabeth ia me
consumir por inteiro se continuasse do jeitinho que estava agora.
Nossas férias seriam muito bem aproveitadas.

As luzes estavam apagadas e a única iluminação que havia no local,


era a dos abajures das mesinhas de cabeceira ao lado da cama. O quarto
cheirava a morango e se misturava a um outro cheiro exótico, do qual não
consegui identificar.
Passei a mão no cabelo, retirando o resquício de água que continha e
olhei ao redor, tentando entender o que Elizabeth tinha aprontado para nossa
noite de núpcias, mas que eu já estava adorando.
Pude ouvir a música Sacrifice, do Black Atlass e Jessie Reyes ecoar
pelo quarto e logo, as luzes se acenderam, revelando minha mulher trajando
apenas um espartilho preto sensual, com alças e bordados rendados e uma
meia calça, que tinha a ligadura para a lingerie, o que a deixava muito sexy.
Elizabeth estava muito excitante e eu queria devorá-la o mais rápido
possível.
Minha menina caminhou até mim, lentamente, me dando o empurrão
que faltava para me sentar na cama e assistir de camarote a todo aquele show.
Seus cabelos estavam presos e todo movimento que fazia era sensual.
Aquele seria um belo strip-tease.
O show mal tinha começado e eu já estava sendo levado às alturas.
Suas mãos passaram por seu corpo, no ritmo da música e ela desceu
até o chão, subindo com os olhos vidrados nos meus, que não desviavam a
atenção dela para nada. Lizzie estava muito gostosa naquela roupa, eu já
estava ficando louco.
Havia uma cadeira atrás dela, que eu sequer havia notado e Elizabeth
deu a volta nela, a acariciando como se fosse outro corpo ali, eu desejava que
fosse o meu. Ela colocou uma perna em cima da cadeira e dedilhou pouco a
pouco sua pele, até alcançar os saltos pretos, que a deixaram incrivelmente
esbelta.
Seus movimentos eram precisos, iguais aos de quando dançava e foi
isso que ela começou a fazer para mim.
Lizzie se virou de costas e rebolou, logo, se sentando na cadeira e virou
de frente novamente, abrindo as pernas, puxando com a boca, a alça da
lingerie, com carinha de safada. Meu pau pulsou naquela hora, quanto tempo
mais eu iria aguentar sem poder tocar seu corpo?
Elizabeth se levantou, virou de costas e soltou a cinta, retirando
lentamente a peça do espartilho, que escorregou por seu corpo, até chegar no
chão. Agora ela estava apenas de calcinha, sutiã e meias, que eu fazia questão
de estar sem elas.
A queria nua, rápido na cama.
Novamente a cadeira foi seu alvo e ela se sentou, fazendo
movimentos como se estivesse cavalgando e desejei mais uma vez, ser eu ali.
Porra, aquela menina me deixava louco. Fechei os olhos por um segundo e
quando os abri, Elizabeth estava na minha frente e passava a mão em meu
peito, devagar, provocante. Ela aproximou o rosto do meu, bem perto da
minha boca. Eu queria beijá-la, mas ela me deixou na vontade e se afastou,
ditando os movimentos ainda sensuais.
Lizzie se abaixou no chão, levou sua mão até o meio de suas pernas e
a subiu devagar, até alcançar os cabelos, onde os soltou com sutileza e
sensualidade, jogando os de maneira sedutora.
Logo, desabotoou lentamente o sutiã, mexendo os quadris e deslizou a
peça vagarosamente, mantendo seu olhar nos meus. Uma parte do corpo já
estava exposto para mim e mordi os lábios, vendo a peça voar em minha
direção.
Segurei o sutiã nas mãos e o cheirei, delicadamente, sentindo o doce
cheiro da mulher que existia ali. As mãos de Lizzie passaram por seus seios,
brincando com eles e subiram em seu pescoço, logo, bagunçando os cabelos e
mordeu os lábios. Sorri, mordendo os meus também e ameacei me levantar,
mas parei assim que ela fez um gesto com o dedo para eu ficar.
Nossos olhares não se desgrudaram, estava tudo sintonizado e suas
pernas muito bem destacadas. Elizabeth rebolou, mexeu os quadris e ergueu a
perna na cama, ficando bem perto de mim.
Ela escorregou a mão na região, sem desviar os olhos dos meus.
Tive as mãos levadas até sua perna, local onde beijei deliciosamente.
Lentamente, retirei uma das meias que cobriam sua pele e Lizzie trocou a
perna para eu fazer o mesmo na outra.
Assim que fiz, me aproximei, vendo que em sua calcinha, havia uma
algema pendurada na lateral. Elizabeth se sentou no meu colo, arranhou
minha nuca e me beijou, mordendo meus lábios, que estavam sedentos por
ela. Logo, minha menina colocou as mãos para trás e me olhou: eu sabia
exatamente o que fazer.
A algema já estava na minha mão e sutilmente, a prendi nos pulsos da
minha esposa. O barulho da algema travando, fez Lizzie suspirar e fechar os
olhos. Sorri com aquela visão, ela estava inteiramente entregue a mim.
Deslizei a mão lentamente por seu corpo, sendo sensual como ela. Sua
pele se arrepiava, conforme meus dedos passavam por suas costas e agarrei
sua nuca com uma das mãos, enquanto a outra, agarrou um dos seus braços
presos pelas algemas. Elizabeth arfou quando sentiu minha boca entrar em
contato com seu busto e beijar a região. Ela arqueou o corpo, deixando seu
pescoço exposto para mim, onde não perdi tempo para explorar com minha
língua.
Podia ouvir gemidos soando baixinho dos lábios da minha mulher, eu
estava a deixando louca. Lizzie movimentava o corpo, tentando me provocar
mais do que já me sentia provocado. Perdi um bom tempo a provocando
naquela posição, deixando beijos quentes em seu corpo, dos quais ela jamais
se esqueceria.
Ergui o corpo de Elizabeth para poder virá-la na cama e a deitei,
delicadamente no móvel acolchoado. Suas mãos estavam algemadas, o que
significava que eu podia fazer o que quisesse com aquela mulher.
Ela estava presa sob minha jurisdição.
Era minha responsabilidade fazê-la feliz e matá-la de tanto prazer.
Eu ainda estava com a toalha enrolada no corpo e subi na cama,
segurando delicadamente uma das pernas daquela mulher. Beijei devagar a
região, trilhando um caminho de beijos por toda a extensão do corpo, até
chegar de volta em seu busto, e logo sua boca.
Elizabeth mantinha a respiração alterada e eu adorava aquilo.
Ela tinha os truques para mim e mal sabia que tinha guardado uns
para ela.
Alcancei sua boca e rocei o lábio no dela, que se esforçou para me
beijar, mas não permiti, apenas provoquei o máximo que pude. Debaixo do
travesseiro, retirei uma venda e mostrei a ela, que mordeu os lábios e
movimentou o corpo.
Elizabeth estava presa e eu era o único que poderia libertá-la…
… Só depois do prazer.
Passei a venda por seus olhos e vi que minha menina sorria. Virei seu
corpo, a colocando de costas para mim e sua cabeça repousou no travesseiro.
Podia ouvir sua respiração aumentar por não saber o que eu iria fazer.
Aproveitei a visão que tinha e demorei um tempo, apreciando aquele belo
corpo na cama.
Minha mão tocou a pele de suas costas e Lizzie tremeu o corpo, sorri
com aquilo. Um segundo toque, agora mais abaixo, perto da sua bunda e mais
uma arqueada do corpo. Seu corpo reagia aos meus toques da forma mais
bonita e aquilo me deixava louco.
Segurei na barra da sua calcinha e delicadamente, retirei a peça,
passando-a por suas pernas, salto alto e a joguei no chão. Me juntei à Lizzie,
abraçando seu corpo junto ao meu. Minhas mãos acariciavam seu ventre,
indo em direção à sua intimidade encharcada que estava pronta para mim.
Perdi meus dedos pelo local, ouvindo seu alto suspirar e gemer logo
em seguida, com o prazer que a invadiu.
Enquanto brincava com Lizzie com os dedos, beijei sua nuca, costas e
bunda, local que logo dei um tapa e ouvi um gritinho por aquilo. Eu precisava
estar dentro daquela mulher ou iria gozar apenas com seus gritos.
Elizabeth movimentava o corpo com precisão e eu sabia que ela
buscava mais do prazer e que logo, iria gozar, e era em busca disso que eu
estava caminhando. Mais alguns movimentos e pude sentir seu corpo
estremecer e o grunhir de minha mulher contra o travesseiro.
Era lindo ver os espasmos do seu corpo após atingir um belo orgasmo.
O corpo de Lizzie amoleceu e levei os dedos encharcados até sua
boca, e sem pensar duas vezes, ela os chupou de forma sedutora.
Eu não podia esperar mais um segundo sequer.
Retirei a toalha do meu corpo, a única peça que impedia de nos
sentirmos por completo e segurei nas mãos algemadas de Lizzie, as apertando
contra o próprio corpo. Me posicionei na sua entrada e delicadamente,
empurrei para dentro dela, ouvindo seu respirar se misturar com o meu de
forma integralmente deliciosa.
Os movimentos que fazia dentro dela eram precisos e a cada
investida, podia sentir prazer e notar que também lhe dava muito prazer.
Elizabeth gemia e vez ou outra, chamava por meu nome, o que me excitava
ainda mais.
Uma mulher, deitada na cama, chamando meu nome comigo
enterrado dentro dela? Isso é o que todo homem quer ter. É isso que
chamamos de boa foda.
Minha respiração estava alterada e a dela não estava diferente. Meu
corpo se movimentava e como sempre, eu gostava de olhar para ela enquanto
gemia e pedia por mais. Segurei seu cabelo, o enrolando na mão e puxei seu
rosto para mim. Como estava vendada, a única visão que tive foi de sua boca,
que estava entreaberta e de lá, escapavam os mais belos gemidos que uma
mulher podia dar.
Porra, aquilo estava me deixando ainda mais duro.
— Lizzie, geme mais para mim. Minha menina, grita meu nome.
Pedi, sussurrando em seu ouvido, vendo-a forçar seu corpo contra o
meu, em busca de me sentir mais por completo.
Meu pau estava inteiro dentro dela e Elizabeth queria mais.
Lizzie queria ditar os movimentos, então eu a deixaria comandar.
Aproximei minha boca da sua e a beijei, sentindo todo o sabor intenso
e delicioso que eu amava, não tinha uma parte sequer do corpo dessa mulher
que eu não amava. Elizabeth era linda e sempre seria.
Senti ela morder minha boca e sorri com o sorriso que me deu, ela era
insaciável, mas se tinha alguém que conseguia apagar seu fogo, esse alguém
era eu. Tirei a venda de seus olhos e segurei seu rosto, fazendo ela me olhar.
Eu sabia que Elizabeth estava prestes a gozar e não demorou muito para suas
paredes apertarem meu pau, me fazendo aumentar os movimentos e sentir ela
gozar, gritando por meu nome como havia pedido anteriormente.
Lizzie fechou os olhos e eu sorri, era sempre dessa forma e sempre
seria.
Eu adorava estar olhando em seus olhos quando alcançava seu ápice.
Meu corpo não parou de se movimentar em momento algum e o dela
tinha espasmos a cada bombeada que dava para dentro de si.
Eu ia gozar a qualquer momento, nós sabíamos daquilo.
— Marcelo… — Lizzie gemeu meu nome, ainda ofegante e tentou se
livrar das algemas, mesmo sabendo que não teria sucesso. Ela olhou para
mim, deu o mais belo sorriso que podia me dar e mordeu os lábios, me
permitindo ainda, escutar seus gemidos que se tornavam cada vez mais
sensuais.
Meu nome não parava de sair de sua boca e aquilo me deixava louco.
Ouvir meu nome saindo da sua boca era motivo de me levar ao
delírio.
E como esperado, acabei alcançando o limite do prazer, após ouvir
Elizabeth gemer um pouco mais para mim. Aquela havia sido uma boa foda,
como imaginava.
Meu corpo caiu, cansado, ao lado de minha mulher e abracei seu
corpo, respirando forte, olhando no fundo dos seus belos olhos. Eles eram
como oceanos, azuis, brilhosos e sem fim, capazes de carregar o mundo sem
esforço algum e Lizzie era dessa forma, forte, determinada, cheia de brilho,
com um coração gigantesco e amor sem fim, ela era boa e sempre seria, desde
que eu estivesse no fim do oceano para abraçá-la.
Sorri vendo seus olhos molhados e me aproximei para beijá-los.
Beijei cada um deles e aproveitei o caminho para beijar sua testa, lugar que
dei mais atenção, mostrando meu respeito por sua pessoa.
— Por que você está chorando?
— Eu estou feliz, Marcelo. — Lizzie sorriu, seu sorriso chegava aos
olhos e aquilo era belo. Minha menina estava literalmente chorando de
alegria.
— Sempre será feliz ao meu lado, meu amor.
— Eu sei disso, mas, poxa, eu nunca imaginei ter a vida que tenho e
poder estar aqui, vivendo ela da melhor maneira que posso é algo mágico.
Estamos casados, sabe o que é isso? É meu sonho de menina se tornando
realidade. Eu finalmente encontrei, meu príncipe encantado.
— Sou seu príncipe encantado?
— Sim, você é. Você me salvou, tornou e ainda torna meus dias mais
coloridos. Ah, e não podemos esquecer o beijo de amor verdadeiro, que é
literalmente fadado ao sucesso. Meu amor, seus beijos… uaaaau!
Ela suspirou e dei risada do jeitinho meigo que falou.
Aquela era minha esposa, a mulher que jurei amar pelo resto da minha
vida.
— Eu vou te soltar apenas por um motivo… — Elizabeth me olhou,
como quem não tivesse entendido os motivos que meus olhos transmitiam a
ela. — Quero sentir suas mãos no meu corpo quando eu te beijar.
Afastei minhas mãos de seu corpo para alcançar as chaves que
estavam na mesinha de cabeceira e abri as algemas, libertando minha mulher
do aperto que seu fetiche causou a ela. Lizzie sorriu ainda encarando meus
olhos.
— E quando é que você vai me beijar?
— Neste instante, estava só esperando você sorrir para mim.
Lizzie sorriu mais uma vez e aproximei meu rosto do seu, capturando
seus lábios em um beijo lento, quente e muito excitante. Sua boca sempre
tinha sabor de amor, mas dessa vez, havia um misto de desejo e excitação que
borbulhavam, prontos para me atingirem.
Eu sabia exatamente o que aquilo significava, Lizzie era fogosa
demais e eu não deixaria minha mulher esperar muito tempo. Hoje a noite era
nossa, e como em nossos sonhos, ela seria uma das melhores noites das
nossas vidas, afinal, estávamos nos braços um do outro.
Não existia lugar melhor para estar.
Acordei com os poucos raios de sol batendo em meu rosto e só então
percebi, que ventava dentro do quarto e havíamos dormido com a janela do
hotel entreaberta. Bocejei e vi que Marcelo ainda dormia, lindo como sempre.
Como podia um homem daquele tamanho dormir feito um bebê?
Sorri com o pensamento e desejei que Marcelo nunca o descobrisse
ou então, eu estaria frita. A noite de ontem havia sido bem proveitosa e ainda
podia sentir isso em meu corpo, pois uma sensação muito boa o invadia e me
extasiava.
Eu iria adorar repeti-la hoje e aposto que Marcelo não ia contestar.
Levantei devagar para não o acordar e corri para um banho, precisava
despertar rápido para aproveitar o belo dia que estava do lado de fora. Veneza
era incrivelmente linda e não perderia a chance de conhecê-la por nada nesse
mundo.
Liguei o chuveiro e deixei que a água morna caísse em meu corpo e
levasse com ela, toda a indisposição, os olhos estavam fechados e sorri,
lembrando da noite anterior e de todas as outras. Era bom estar nos braços de
Marcelo, ainda mais agora, com ele sendo meu marido.
Eu nunca imaginei que a sensação fosse tão boa.
Realizar um sonho era bom, mas ser capaz de realizar todos eles, era
maravilhoso e ao lado daquele homem, eu era capaz de realizar meus sonhos.
Não havia nada melhor no mundo, que poder compartilhar seus
desejos com uma pessoa que te compreende e Marcelo, para mim, era uma
dessas pessoas, que você pode confiar de olhos fechados, porque ela estará lá,
te esperando no final, para comemorar com você. Eu havia tirado a sorte
grande por ter Marcelo González ao meu lado e ter me tornado a senhora
González.
Elizabeth Miranda González, dava para acreditar que agora era meu
nome?
Sorri ainda mais com aquele pensamento ao finalizar o banho e
enrolei a toalha em meu corpo, caminhando até a mala para poder pegar uma
roupa para mim. Encontrei um vestido soltinho e decidi que iria colocá-lo,
para aproveitar a época de calor daquela cidade. O clima estava gostoso,
então tinha que aproveitar.
Dentro da mala, notei que ainda havia deixado os papéis que Brenda
tinha me entregado um dia antes e decidi que não iria lê-los até o casamento.
Bom, já era hora de abri-los e folheá-los um pouco.
Respirei fundo, o medo tomava conta de mim, mas eu precisava saber
o motivo do meu corpo estar reagindo tão mal à certas coisas e eu torcia para
não ser o que eu estava pensando.
Abri a pasta de papel que envolvia aqueles papéis que ditariam o
destino da minha vida e levei a mão até a boca, ao constatar que, o que eu
mais desejava havia acontecido. Marcelo iria ficar muito feliz com a
novidade e eu não poderia estar mais feliz naquele momento. Algumas
lágrimas escorreram do meu rosto, estava aliviada e coloquei os papéis de
volta na mala, escondidos de Marcelo para que não pudesse ver.
Me vesti rapidamente ao ouvir ele me chamar, enxuguei as lágrimas e
caminhei de volta ao quarto, prendendo meus cabelos em um rabo de cavalo
alto. Ele sorriu e aquele sorriso me desmontou na hora. Como era lindo.
— Bom dia, esposa!
— Bom dia, amor. — Respondi ainda com um sorriso bobo e Marcelo
se levantou, caminhou até mim e me deu um beijo deliciosamente bom.
— Já tomou banho? E nem me esperou.
— Precisava despertar.
— E tem forma melhor de despertar que com seu marido?
Marido… uma palavrinha tão pequena, mas que causava um grande
estrago de felicidade no meu coração. Eu estava casada, era real, era um
sonho…
— Vamos tomar café e ir conhecer a cidade, temos um longo dia pela
frente.
E tínhamos mesmo, o melhor estava reservado para o final, onde eu
lhe daria uma grande novidade que mudaria nossas vidas.
Só esperava que desse tudo certo.
— Lizzie, vem cá. Temos muito tempo ainda, é cedo. — Ele me
puxou delicadamente pelo braço, me fazendo entrar com ele no banheiro. Seu
cheiro me inebriava e meus olhos já estavam fechados, aproveitando a boa
companhia dele.
— Já está tarde, vamos perder o passeio de gôndola no canal.
— Não vamos não, confia em mim. — Marcelo beijou meu pescoço e
minha pele se arrepiou. Safado, ele sabia que beijar meu pescoço era um
caminho sem volta e definitivamente iria me conquistar. Abaixei a guarda e
deixei que Marcelo me pegasse no colo e me sentasse na bancada de
mármore do banheiro.
Seu corpo instintivamente se juntou ao meu e minhas pernas
enlaçaram sua cintura. Sua boca veio de encontro à minha e nos beijamos de
uma forma muito boa. As mãos de Marcelo estavam em minhas costas,
acariciando a região, enquanto seu corpo fazia movimentos de vai e vem, me
provocando com seu membro que já dava sinal de vida.
Aquilo iria me deixar louca.
Não conseguia controlar os baixos gemidos que escapavam da minha
boca sempre que sentia seu pau forçar minha vagina por cima da calcinha,
iríamos transar e perder o passeio, mas quem se importava?
Eu só queria ter prazer com meu amado e ele pensava o mesmo.
Marcelo me deixou sem ar com aquele beijo e se afastou, apenas para
tirar sua cueca, erguer meu vestido e afastar minha calcinha para o lado. Ele
não esperou e nem avisou, apenas se afundou dentro de mim, fazendo com
que minha boca encostasse em sem seu ombro, para conter a vontade de
gritar que tive.
Seus movimentos eram lentos, o que me deixava louca, mas intensos
o suficiente para me fazer gemer e morder seu ombro, a cada investida que
dava.
Meus olhos estavam fechados e eu apenas aproveitava as boas
sensações que seu corpo podia me proporcionar. Marcelo se aproximou e
sussurrou algumas coisas no meu ouvido, que surtiram efeito e arrepiaram
toda minha pele. Seu hálito quente era bom e foi responsável pelos arranhões
que dei em suas costas.
Marcelo bombeava para dentro de mim num ritmo gostoso, mas que
era capaz de tirar a sanidade de qualquer um. Deus, o que era aquilo?
Que homem maravilhoso era aquele?
Não conseguia conter meus gemidos e na tentativa de me calar, ele
me beijou e me senti como na primeira vez que transamos, uma mulher
ingênua, tendo sua primeira vez com um homem que havia descoberto amar e
que definitivamente, queria fazer aquilo outras vezes. Essa era eu anos atrás e
hoje também, tendo certeza que queria amar e transar com Marcelo muitas e
muitas vezes na vida.
Marcelo manteve meu lábio entre seus dentes e o puxou, levemente,
enquanto mantinha contato visual comigo, sem desviar em momento algum,
querendo estar olhando em meus olhos quando eu chegasse lá.
Era quente, intenso e insano.
O sexo que Marcelo fazia me surpreendia todas as vezes.
Fechei os olhos mais uma vez e apertei seus ombros, sentindo-o se
enfiar mais a fundo dentro de mim e meu corpo esquentou mais que o
normal, eu sabia que iria gozar, mas não conseguia manter meus olhos
abertos, eu só queria sentir.
Nossos corpos suavam, o clima era gostoso e mais algumas
investidas, senti minhas paredes apertarem seu pau com muita vontade e
gozei de uma forma deliciosa, sentindo meu marido se derramar em mim
logo em seguida, com um jato daqueles de tirar o fôlego.
Marcelo me surpreendia a cada dia que passava.
Sua cabeça repousava na curvatura de meu pescoço e ele puxava o ar
com força, cansado, ofegante, mas intensamente satisfeito.
A gente sempre se satisfazia no sexo e sempre seria assim.
— Eu te amo!
— Também te amo, Marcelo. — Respondi baixinho, ofegante e ele
beijou meu rosto, se afastando de mim. — Vou precisar de outro banho
agora.
— Isso não é problema, podemos tomar um, juntos.
Sorri, sentindo-o me pegar no colo e me descer da bancada. Aquele
banho não prestaria e se não nos controlássemos, iríamos passar a lua de mel
inteira dentro de um quarto, sendo testemunhas um do outro entre quatro
paredes, como gostávamos de estar.

O vento que batia em meus cabelos, me trazia a sensação de liberdade


e era bom ser livre, ao mesmo tempo que estar nos braços do único homem
que amei na vida. Marcelo me abraçava e beijava meu rosto, enquanto
viajávamos pelo canal de Veneza, apreciando o belo cenário que a cidade
trazia e que era muito romântico.
A câmera fotográfica não saía de sua mão e Marcelo registrava cada
momento como único, do jeitinho que estava sendo. Aquela era a melhor
viagem que havíamos feito e sabia que não seria a última que nos
proporcionaria momentos tão bons. Aquela cidade era deslumbrante e me
encantava a cada pedaço de água que era aproveitado, apreciando os belos
prédios coloridos e antigos, que traziam Roma para dentro de uma cidade tão
pequena e a tornava muito romântica.
O sorriso em meu rosto era único e eu não conseguia desfazê-lo por
nada.
— Isso é tão lindo.
— A cidade é linda mesmo, mas não mais que você.
Marcelo era sempre tão romântico e atencioso, que meu coração se
esquentava facilmente com suas palavras. Sorri e me sentei de novo, sendo
recebida por seus braços quentinhos e aconchegantes. Beijei seu rosto e
fiquei ali, encostada em seu corpo, olhando a cidade enquanto velejávamos e
ouvíamos o gondoleiro cantar, o que achamos fofinho e ficamos prestando
atenção.
Por um momento, me distraí e me vi pensando no futuro. Eu daria
conta do meu futuro, ou melhor, do nosso futuro? Seria uma boa esposa?
Uma boa…
— Lizzie? — Marcelo me tirou dos meus pensamentos e olhei para
ele, vendo que segurava a câmera à nossa frente e me pedia para dar um
sorriso. Essa seria uma das muitas fotos que emoldurariam nossa casa, para
nos lembrar dos bons momentos. Aproveitei e roubei um beijo do meu
marido, dizendo que era apenas para uma foto, mas aproveitei cada segundo,
sentindo o doce gosto daqueles lábios que me traziam paz e aconchego nos
dias mais difíceis.
— Te amo!
— Eu também te amo, Lizzie.
— O que você acha de passarmos a noite na Ponte de Rialto?
Eu tinha uma surpresa para ele e esperava não deixar tão na cara.
— Ponte de Rialto? Não é um dos pontos mais altos da cidade?
— Sim, acho que vai ser bom para nós e fora que, renderá boas fotos
de toda a cidade iluminada e fiquei sabendo que há umas barraquinhas e
lojinhas ao redor.
— Ah, por isso você quer ir até lá. Fazer compras, como não me
toquei?
— Não é nada disso, claro que podemos fazer compras, mas quero
passar um tempo com você, na noite, conversar…
Fechei os olhos e mordi os lábios, ele ficaria com medo dessa
“conversa”.
— Conversar? Meu Deus, o que foi que eu fiz?
— Nada, calma. Não posso conversar com meu marido? — Beijei sua
bochecha mais uma vez e sorri para ele, lhe dando um abraço confortante.
— Pode, mas sempre que vocês, mulheres, pedem uma conversa, não
é só isso, significa que tem alguma coisa.
— Desencana com isso, é só colocar as fofocas em dia.
— Fofocas, Lizzie? Estamos em lua de mel, o que você sabe de
fofoca?
— Esquece, tá bom? Vai até a ponte comigo ou não?
Agora ele não tinha volta, ou ia ou ficava sozinho no hotel.
— O que você me pede sorrindo que não faço chorando?
— A frase é ao contrário, amor. O que você me pede chorando que
não faço sorrindo? Você está mesmo tão incomodado assim de sair comigo
na nossa lua de mel? — E começou o drama e a chantagem emocional que
ele teria que presenciar muitos dias da sua vida. Eu tinha dó do Marcelo num
momento como esse.
— Claro que não, você não notou meu sorriso no rosto o tempo todo?
Eu estava brincando. Claro que vou com você, meu amor, vou até o inferno
se você me pedir. Por você eu faço qualquer coisa, Elizabeth!
— Qualquer coisa é? — Estreitei os olhos na sua direção e fiz um
biquinho fofo para ele poder beijar. Marcelo não perdeu tempo e me deu uma
bitoquinha.
— É, não me pede o impossível, mas o restante estou aqui para fazer.
Estou aqui para te fazer feliz, Lizzie e é isso que irei fazer todos os dias da
minha vida.
Sorri com o que ele disse e fechei os olhos, aproveitando o momento
a dois.
Marcelo já me fazia feliz, ele só não percebia aquilo.

A noite havia chegado e eu não podia estar mais nervosa. Nosso dia
havia sido fantástico, conhecemos muitos lugares e aproveitamos o momento
a dois que tanto precisávamos há tempos. Marcelo era uma ótima companhia
e se eu pudesse, ficaria com ele o dia inteiro, apenas para apreciar sua beleza
e jeito de ser.
Marcelo era um sonho do qual eu havia realizado.
Estávamos no hotel, nos arrumando para poder sair à noite, já que
estava mais friozinho e tínhamos que nos agasalhar. Eu já tinha tomado outro
banho, do qual Marcelo também fez parte e agora, o esperava terminar de se
arrumar e apreciar sua beleza em frente ao espelho, se gabando dela para
mim.
— Fala sério amor, você diria não a um rostinho lindo como o meu?
— Marcelo, sério isso? Vai ficar se gabando pela sua beleza?
— Claro, o que é bonito precisa ser gabado e espalhado pelo mundo
todo. Mas responde vai, eu já me imaginei várias vezes me pedindo em
casamento e eu sou um homem muito lindo, não tem como resistir.
Revirei os olhos e me deitei na cama.
— Eu não estou ouvindo isso, mesmo.
— Lizzie? Elizabeth? Senhora González? — Arqueei a sobrancelha e
abri os olhos, vendo que Marcelo estava perto de mim na cama e sorria
travesso, como muitas vezes ele fazia. Ele não estava querendo mais uma
rodada de sexo, estava? Eu estava cansada e se ele demorasse mais um
minuto se exibindo para mim na frente do espelho, eu desistiria desse passeio
para dormir.
— Fala comigo, amor.
— Amor, se você não terminar de se arrumar agora, eu vou dormir e
vamos fazer esse passeio na ponte amanhã ou no último dia da nossa viagem.
— Está falando sério?
— 10...9...8...7...6… — Iniciei a contagem e o tempo foi passando.
Eu sabia que ele também estava cansado e que não queria sair naquela noite e
o enrolar de suas ações demonstravam isso. Talvez ficar no hotel não seria
tão ruim assim, só estragaria os planos de lhe dar uma baita novidade, com
Veneza iluminada sendo nossa testemunha.
Mas ainda tínhamos dois dias na cidade da água para aproveitar.
— 5...4...3...2...ah, desisto, você está aí parado, não quer sair. Boa
noite!
Me virei de costas para ele e coloquei um travesseiro no rosto,
cobrindo minha cabeça. Senti a cama se mexer e seu corpo vir para cima de
mim.
— Marcelo, para de fogo, depois eu que sou insaciável na cama.
— Essa noite não vamos sair, sinto muito. Eu preparei uma surpresa
para você aqui no quarto e não posso deixar que ela seja estragada.
E quanto à minha surpresa, idiota?
Sorri com o pensamento e virei para ele, podendo encontrar com seu
belo sorriso. Marcelo me estendeu a mão para que eu pudesse me sentar na
cama e assim eu o fiz. Fiquei ali, parada, olhando para ele sem dizer nada.
— Eu pedi comida, eles vão entregar aqui no quarto. Pedi um filme
também, quem sabe você não quer assistir um romance leve ou quem sabe
um pornô.
Dei risada, sabia que ele estava brincando, queria apenas me fazer rir.
— É sério, já assistiu aos filmes da Clarissa Anderson e Bernardo
Sanches? Eles dois arrasam na atuação e… — Eu estava séria, ele não estava
mesmo falando de filmes pornô, estava?
— Então quer dizer que você assiste pornô?
— Você não? Lizzie, amor, eu, eu…
— Estou brincando com você, é gostoso, não?
— Você me paga. — Riu e apertou meu nariz, me fazendo sorrir
também, mas se bem que fiquei tentada a conhecer essa tal Clarissa e
Bernardo, iria procurar sobre eles depois para poder brincar com meu marido.
— Podemos dormir?
— Não, eu te disse que tinha uma surpresa.
— Nós dois nus na cama, ofegantes, gemendo para acordar meia
Veneza?
— Eu não tinha pensado nisso, mas já que deu a ideia… — Ele
mordeu o lábio, sabia que eu não conseguia resistir quando fazia aquilo, mas
seria forte o bastante para não cair na tentação. Marcelo se aproximou e
beijou meu pescoço.
Lá íamos nós mais uma vez…
Maldita tentação…
Levei meus braços até seu pescoço, sentindo suas mãos habilidosas
retirarem as peças de roupa que estavam em meu corpo. Pensando bem, ficar
mesmo no hotel era melhor do que estar na rua, aqui pelo menos, estaria nos
braços de Marcelo, onde era o meu lugar.
Estávamos no nosso último dia de viagem e quase nos despedindo da
linda e bela Veneza. As surpresas haviam sido feitas, eu havia jantado com
minha esposa no quarto e lhe dado mais um presente, um vestido do qual
queria que ela usasse na noite seguinte em um jantar romântico, que havia
reservado em um restaurante chique. No restaurante, aproveitamos a noite e
depois fomos até um dos museus da cidade, apreciar a bela paisagem e
história que o local contava e aqui estávamos nós, hoje, na Basílica de São
Marcos de Veneza, registrando muitos momentos bons, não apenas em fotos,
mas também na memória.
Lizzie não havia me contado o que queria quando me pediu para
irmos até a Ponte de Rialto, mas insistia muito para irmos lá hoje antes de
irmos para o aeroporto e como um bom marido, precisava agradar minha
esposa, que estava feliz por estar ali comigo.
A viagem havia sido ótima e eu não via a hora de poder fazer mais
uma dessas com minha menina, mas neste momento, a correria de Chicago
nos esperava e ela ainda tinha uma carreira pela frente no mundo da dança
para conquistar, tudo o que eu podia fazer, era lhe apoiar.
Elizabeth se aproximou de mim com um salgadinho na mão e o
colocou na minha boca, me forçando a comer o alimento. Olhei para ela.
— Espero que isso não seja nada exótico.
— É comida normal, amor, eu não comeria nada exótico, você sabe.
— Sim eu sei. Mas me diz, vai sentir saudades de Veneza? — A
abracei por trás, olhando ao fundo, a cidade e sorri, feliz por estar ali com ela.
— Claro que vou, tem como não sentir saudade de um lugar lindo
desse?
— Obrigado.
— Pelo que?
— Por me tornar o homem mais feliz do mundo ao aceitar se casar
comigo e vir viajar comigo na nossa lua de mel, está sendo tudo mágico,
Lizzie.
— E você pensando que ia ser um tio cinquentão solteiro, fala sério.
Elizabeth adorava tirar sarro de mim sobre as histórias que contava a
ela e eu me perguntava sempre o motivo de contar essas coisas para ela.
— Você poderia parar de me zoar por isso, foi apenas um pensamento
antes de você chegar, é passado. — Respondi, rindo e ela me apertou em seu
abraço, se virando pra mim e me dando um beijo no nariz.
— Eu te amo, o que seria de você sem eu na sua vida para te zoar?
— Um homem inocente, com certeza.
— Se você seria inocente, eu seria virgem, entendeu onde quero
chegar?
— Quer transar comigo aqui na Basílica?
Eu sabia que ela ia se irritar e segurei a risada pelo olhar mortal que
Elizabeth me lançou. Fechei os olhos, me preparando para o tapa que
receberia no ombro e ele foi um belo de um tapa, ardeu.
— Eu estou brincando, amor, me perdoa.
— Idiota, isso que você é. Um idiota viciado em sexo.
— Só um louco não seria viciado em sexo quando se tem você para
transar.
— Chega desse assunto, vamos fazer nosso último tour para irmos
embora.
Antes que ela pudesse se afastar de mim, a segurei pelo braço e puxei
seu corpo para se colar no meu. Lizzie encarou meus olhos e ficamos ali
alguns segundos, sentindo a respiração um do outro e aproveitando o brilho
dos nossos olhos. Elizabeth era linda e eu não queria me cansar nunca da sua
beleza.
— Eu te amo, menina, sempre será meu porto seguro.
— Você sempre será meu porto seguro também, Marcelo. Te amo.
E como se fosse possível, eu amava aquela menina mais que a mim
mesmo, o que chegava a ser loucura, mas uma loucura boa, da qual eu não
queria nunca me ver longe. Elizabeth era e sempre seria o meu porto seguro,
o único lugar que eu encontraria paz em meio a toda turbulência do mundo.

As malas estavam prontas e a noite havia chegado. Caminhávamos


em direção à Ponte de Rialto para nosso último passeio. Lizzie já havia feito
algumas compras e eu carregava as sacolas do que também havia comprado.
Era uma tentação e a vontade de levar cada pedacinho de Veneza para casa,
era enorme.
Andávamos de mãos dadas, como um verdadeiro casal de
apaixonados e nenhuma palavra saía da boca de nenhum de nós. Não
tínhamos o que falar, apenas o que apreciar, a beleza da cidade, a presença
um do outro e a vida, que era a mais bela paisagem a ser apreciada.
Pude sentir Lizzie apertar minha mão quando paramos no alto da
ponte e olhamos para a cidade à nossa frente, era extremamente linda, de tirar
o fôlego. Eu não sabia o que se passava na sua cabeça, mas seus olhos me
escondiam alguma coisa e ela transparecia isso, queria que eu soubesse.
O rosto de Elizabeth continha um misto de medo e felicidade do qual
eu não conseguia explicar e muito menos entender, mas eu sabia que o que
quer que ela tivesse para me contar, ela queria que fosse ali, com a cidade, a
lua e as estrelas sendo nossas testemunhas e confidentes do nosso amor.
Minha esposa se virou pra mim, respirou fundo e segurou minha mão.
— Marcelo, eu… — Lizzie interrompeu sua fala por conta de um
grande trovão que escutou e fechou os olhos, encolhendo seu corpo pelo
susto.
Ela odiava trovões.
Senti as gotas de água caírem em meu corpo e não pude acreditar
naquilo. Era sério? A vontade da minha menina de ir até aquela ponte era tão
grande e o destino iria mesmo acabar com esse sonho?
— Lizzie, melhor a gente procurar um abrigo ou vamos ficar
encharcados.
Seus olhos estavam molhados e não era a água da chuva que os
molharam, mas sim, lágrimas e eu só queria entender o motivo dela estar
chorando.
— Eu não quero mais adiar essa conversa.
— Tá, mas não pode ser em um lugar sem chuva? — A chuva
aumentava e quando me dei conta, sua roupa estava encharcada e a minha
também. As sacolas estavam bem vedadas, então não se tornou um problema,
as coisas que compramos estavam bem protegidas. Parecia até mesmo que
estávamos em um filme clichê romântico: dois apaixonados no meio da
chuva para conversar.
Eu amava demais aquela mulher, só sabia disso.
— Eu quero te contar isso desde o dia que chegamos aqui, mas queria
que fosse um momento especial, com uma bela vista que sempre ficaria
marcado na sua cabeça e seu coração, eu só não contava com a chuva.
— Pode falar meu amor, estou te ouvindo.
— Um dia você me disse que estava pronto para dar um passo na
nossa vida e que se fosse para acontecer, estava pronto para seguir com elas,
lembra?
— Claro que lembro, Lizzie. Eu sempre estarei pronto para dar um
passo à frente na nossa vida, meu amor. — Ela balançou a cabeça, a
respiração estava mais aliviada pelo que havia constatado a ela. Eu só não
podia acreditar que ela estava falando aquilo naquele momento. Eu estaria
entendendo errado?
— Nós vamos voltar para casa, com a certeza de que seremos uma
família e sempre vamos estar nos braços um do outro. Nossa história era para
ter dado certo e no fim, deu. Quem diria que uma bala perdida nos traria a
esse momento mágico? Marcelo, nós três vamos ser muito felizes daqui para
frente.
— Nós três? Lizzie, o que você…
Não, não podia ser o que eu estava mesmo pensando.
Meus olhos se encheram de lágrimas, Elizabeth chorava sem medir.
Naquele momento, a lua, as estrelas, a cidade e a chuva, eram
testemunhas desse nosso amor, como ela queria que fossem. Naquele
momento, minha vida mudava e eu não me importava, só queria que ela me
dissesse o que estava entalado em sua garganta.
— Marcelo, eu estou grávida.
Ah não! Isso era mesmo real?
Sorri, não conseguia ter outra reação.
Abracei minha mulher, sentindo seus lábios se juntarem aos meus e a
chuva que caía em cima de nós, não era mais um problema. Eu estava feliz.
Aquela era a melhor notícia que eu podia receber.
Eu não podia estar mais feliz na vida.
Obrigada por ter chegado até aqui e dado uma chance para Elizabeth e
Marcelo. Se você se apaixonou por esse casal na Antologia Hot com Amor,
agradeço por ter vindo até este livro, descobrir mais da história desse casal
lindo, cheio de superação e que são muito quentes.
Esse casal chegou na minha vida num momento muito importante e
me sinto como eles, querendo estar em seus braços e espero que tenha se
sentido dessa forma também.
Gostaria de agradecer primeiramente à Deus, por sempre me permitir
finalizar uma história com honra, sem o dom que Ele me deu, nada fluiria
dessa cabecinha e vocês não teriam como se divertir com um bom livro.
Agradeço também à minha mãe, que me deu o apoio necessário,
ouvindo-me falar tanto desse livro e tendo que me escutar, lendo páginas e
mais páginas para ver se estava bom o bastante. Existe beta melhor? Não, te
amo, mãe.
Minha filha de 4 patas, por me permitir sempre estar em seus braços e
ficar nos meus, encontrando o abrigo necessário para ser feliz, obrigada!
Cenna Nunes, minha capista que arrasou na confecção dessa capa,
obrigada meu amor, você é demais e sabe que sempre irei enaltecer seu
maravilhoso trabalho em todas as minhas obras.
Meus parceiros, obrigada por serem estarem comigo, lado a lado,
fazendo de um sonho, a realidade. Sem vocês eu não estaria onde estou.
Leitores, vocês são minha base e definitivamente, se não fosse por
vocês, eu não estaria aqui, escrevendo mais um livro. Obrigada.
Você, leitor, obrigada por manter Marcelo e Elizabeth em seus braços.
Muito obrigada, por tudo.
Caroline Santana.
Caroline Santana nasceu em São Paulo e é formada em Multimídia.
Encontrou na sua vida a paixão pela escrita em 2014. Apaixonada por
romances, ela retrata a vida como ela é, abordando temas reais dentro da
ficção e mundos paralelos que suas histórias e personagens contam. Hoje, ela
vive com sua mãe e sua filha de quatro patas, que são inspirações para ela
seguir em frente e trazer sempre mais para seus leitores.
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