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Sinopse

Uma história de amor evocativa

Todos os irmãos Daxon têm empregos diurnos.

À noite, eles são acompanhantes.

Mas um tipo diferente de acompanhante.

Eles trabalham com um centro de violência doméstica local.

Como um ladrão na noite.

Eles roubam mulheres espancadas de seus agressores.

Não é um trabalho fácil.

E às vezes não é legal.

Ainda assim, eles fizeram um juramento.

Nunca deixe uma mulher para trás.

Esta é a MINHA História

Há um ano, ele me salvou.

Agora, posso salvá-lo?


Capítulo Um
Cassie

— Oi, aqui é Cassie, — eu sussurro, colocando minha mão sobre o


celular enquanto olho para a porta. — Estou pedindo uma escolta.

— Ok, Cassie, onde você está? — a voz feminina na linha pergunta


calmamente.

— Estou em 1349 Miller Lane.

— Entendi, — diz ela ao telefone. — Você está machucada? Você


precisa que eu chame uma ambulância ou a polícia?

Eu olho no espelho, tocando o corte na minha bochecha esquerda do


enorme maldito anel que ele usa na mão direita. Eu acho que ele usa para
momentos como estes. Então o bastardo pode deixar sua marca.

Eu limpo o sangue e levanto o queixo.

— Não. — Ando até a porta aberta. Não vendo Glenn em lugar


nenhum, eu silenciosamente a fecho. — Basta enviar a escolta.
— Então você está preparada para partir? Você não pode levar muito
com você.

— Sim. Eu entendo. Tudo me foi explicado.

Quando eu estava pronta, a mulher me disse para fazer a ligação, e um


homem apareceria para me retirar de casa com segurança. Ela me informou
que eu nunca poderia falar sobre ele ou contar a ninguém sobre o que
acontece enquanto ele está lá.

Sempre me considerei uma pessoa forte. Nunca pensei que permitiria


que alguém como Glenn me machucasse. Estamos juntos há apenas oito
meses. Ele foi incrível, atencioso e não pareceu intimidado pela minha
independência nos primeiros seis meses.

Eu fui uma tola.

Mudei-me com ele muito rápido.

Pouco depois que eu fiz, as coisas mudaram.

O sexo era violento. Eu gosto assim. No começo, foi


emocionante. Então, uma noite, ele me sufocou com tanta força que quase
morri. Achei que era minha culpa por ser tão agressiva na cama. Talvez eu
o tenha pressionado demais. Ainda assim, nunca chegou ao ponto de temer
pela minha vida.

Ele me deixou ir antes que eu desmaiasse.

Claro, ele se desculpou e agiu genuinamente arrependido, mas da


próxima vez, ele me agarrou com tanta força que deixou hematomas em
meus braços e pernas. Quando tentei falar com ele sobre isso novamente,
ele se desculpou.

As coisas foram boas por algumas semanas. Até que saí com umas
meninas do trabalho e cheguei tarde em casa. É a primeira vez que ele me
bateu. Ele me deu um soco no estômago. Eu vomitei por todo o chão da
sala. Então o filho da puta ficou em cima de mim com as mãos nos quadris
enquanto eu o limpava.

Cheguei em casa no dia seguinte e disse a ele que estava me


mudando. Ele me bateu um pouco mais e ameaçou me matar se eu tentasse
sair. Eu lutei, mas rapidamente percebi que não importa o quão forte eu
seja uma mulher, fisicamente, não sou páreo para ele.

Foi quando procurei ajuda. Encontrei-me com uma mulher chamada


Lisa no serviço de linha direta. Estamos conversando desde a semana
passada. Ela me encorajou a ir para um abrigo ou chamar a polícia. Eu não
queria envolver a polícia, nem estava pronta para ir para um abrigo. Eu
pensei que tinha controle sobre as coisas.

Eu estava errada.

Estou pronta agora. Fiz uma mala e escondi no armário. Eu preciso de


uma pausa limpa.

Planejei sair depois do trabalho na segunda-feira, mas é apenas sexta-


feira e, pelo olhar dele, talvez não chegue até lá.

De jeito nenhum vou sair daqui sem ajuda. Eu quero sair. Tenho
dinheiro suficiente no banco para começar em algum lugar novo.
Mas primeiro, devo sair daqui.

Foi quando me lembrei dela mencionando o serviço de


acompanhantes. Ela me deu um número e disse que se eu estivesse em
perigo ou temesse por minha vida, e eu relutasse em chamar a polícia, eu
deveria ligar e dizer que precisava de uma escolta. A mulher ao telefone
não é Lisa. Eu conheço a voz dela. Esta senhora parece mais velha.

Eu não me importo com quem ela é. Só sei que preciso dela.

— Eu vou fazer a ligação, — diz ela. — Seu agressor está em casa?

— Sim.

— É só você e o agressor?

— Sim. — Eu olho para a porta.

— Ok, então não há crianças em casa?

— Não. — Graças a Deus! E se eu tivesse filhos? Deve ser aterrorizante


para aquelas pobres mulheres que os tem. Eu nem sou casada com Glenn
nem nada. Eu não conseguia imaginar se tivéssemos coisas juntos ou
tivéssemos filhos. Isso tornaria toda essa situação muito mais difícil.

Eu devo sair daqui.

— Há alguma arma na casa?

— Não. Não que eu saiba, — eu digo, insegura. Até um mês atrás, eu


achava que conhecia o homem com quem morava, mas agora tudo é
possível.
— Tudo bem, — diz a mulher. — Envie-me uma foto sua com seu
agressor e exclua esta ligação do seu telefone.

— Ok.

— Pode levar até uma hora para sua escolta chegar aí. Você vai ficar
bem até lá?

Espero que sim. — Sim. Apenas diga a ele para se apressar.

— Eu vou, Cassie. Vou ficar ao lado do telefone. Entre em contato se


precisar que eu chame a polícia ou algo assim, ok?

— Sim. — Eu ouço passos. — Eu tenho que ir. — Finalizo a ligação e


jogo meu telefone na gaveta de cima da cômoda. Os passos param na porta.

Prendo a respiração, rezando para que ele vá embora.

Minhas orações são atendidas quando ouço seus passos se afastando.

Pego meu celular, envio as fotos e verifico a hora.

Uma hora. Eu tenho isso. Eu posso sobreviver por uma hora. Apago o
histórico da ligação e aperto o telefone na mão.

Eu só preciso ficar longe dele por uma hora.

Estou no meio do caminho, ainda sentada na cama, esperando.

A porta do quarto se abre. Os olhos de Glenn disparam para minhas


mãos, apertando meu celular. Sua cabeça se inclina.

— Com quem você estava falando?

— Ninguém. — Eu o agarro com mais força.


Ele se aproxima e arranca o telefone de mim.

Ele olha para baixo, fazendo-me sentir menor do que já me sinto na


minha posição.

Eu não vou mentir.

Eu estava atraída por seu corpo. Seu corpo musculoso, malhado todos
os dias, maciço.

— Qual é a sua senha?

Eu levanto meu queixo e encontro seus olhos escuros e ameaçadores. —


Eu não estou te dando minha senha. — Agarro o edredom, me preparando
para o golpe.

Está chegando. Eu vejo isso se contorcendo em seus dedos.

Ele não gosta quando eu o enfrento.

Não mais.

Não desde que o filho da puta me mostrou o verdadeiro ele.

Sua mão se levanta.

Meu corpo fica tenso.

Ele me dá um soco no rosto. Duro. Agarro-me com força ao


edredom. Minha cabeça se encaixa para o lado. O corte na minha bochecha
se abre e o sangue escorre pelo meu rosto.

— Agora. — Ele levanta meu celular e olha para mim. — Dê-me a porra
da senha.
— Foda-se! — Eu puxo meu braço para trás e dou um soco nas bolas
dele.

Ele se inclina com um grito alto. Sem esperar, pulo da cama e vou para
a sala. Vejo a porta da frente a três metros de distância. Eu corro para
ele. Quase lá! Estendo a mão para a maçaneta...

Ele me puxa de volta pelo meu cabelo.

— Solte! — Estendo a mão para trás, lutando para tirar suas mãos de
mim.

É impossível. Ele tem uma boa pegada.

Foda-se. Ele pode ter todos os fios da minha cabeça. Eu não estou
desistindo!

Eu giro e bato meu salto no topo de seu pé descalço.

Ele me joga contra o balcão. Meu lado atinge a borda. A dor ricocheteia
através de mim.

Eu não posso respirar. Ele quebrou uma costela?

Ele bate minha cabeça contra o tampo do balcão. Tudo fica confuso.

Ele me arrasta pelo cabelo e bate o outro lado do meu rosto contra a
geladeira. O sangue mancha o aço inoxidável.

Agarrando seu rosto, eu cavo minhas unhas em sua pele. Eu seguro,


recusando-me a deixar ir.
— Sua puta do caralho! — Seus olhos combinam com os meus
enquanto ele cospe cada palavra na minha cara.

Eu não estou deixando ir. Isso é tudo que eu tenho! Ele é mais forte do
que eu. Ele está me machucando. Não vou largar a carne dele. Agarro com
mais força.

Ele vai ter que me matar primeiro. Eu nunca vou deixar ir!

Seu punho pisca na minha frente. A dor instantânea vibra do meu olho
esquerdo para o resto do meu corpo.

Tudo fica preto.


Capítulo Dois
Brett

Meu celular toca. Eu olho para o painel. O nome de Cole acende. Clico
no botão verde de resposta.

— E aí?

— Onde você está? — A voz do meu irmão explode nos alto-falantes,


cancelando a música que eu estava ouvindo antes de sua interrupção.

— Acabei de sair daquela reunião para o trabalho de Wilson.

— Isso é em Sarasota, certo?

— Sim. — Paro no sinal vermelho.

— Ainda estou no trabalho de Belling em Miami. Julia ligou, — diz ele.

O codinome muda meu modo. — Qual é o endereço?

— Miller Lane. Você está mais perto. Você tem isso?

— Estarei lá em dez. Mande-me a merda.

Eu ouço um ding. — Acabei de fazer.


— Vou mandar uma mensagem quando terminar. — Desligo meu
celular.

Encosto no acostamento e abro o porta-luvas. Pego o gravador e


verifico a mensagem: Cassie. Dois. Abusador e Vítima. Endereço 1349
Miller Lane. Nenhuma arma conhecida.

Clico na foto e vejo a foto do casal feliz, provavelmente antes de o


agressor mostrar seu lado mais sinistro. A mulher, Cassie, é linda. A foto
dela retrata uma pessoa forte, mas é uma foto. A percepção é uma
merda. Tenho certeza que quando ela começou a namorar o cara da foto,
ela nunca imaginou que ele a machucaria. Elas nunca imaginam.

Eu coloco o celular descartável de volta, pego meu arsenal e viro o


carro.

São dez horas. As luzes da rua indicam meu caminho até o endereço na
tranquila área residencial. Eu estaciono uma casa abaixo e saio.

Estalando o pescoço, cerro os punhos.

Nunca sei no que estou prestes a entrar, mas me certifico de entrar


sempre. Se eu não fizer isso, ela pode se machucar ou coisa pior.

Se ela fez a ligação, então eu sou o último recurso dela.

Algumas mulheres vítimas de abuso têm muito medo de chamar a


polícia ou não querem envolver a família ou os amigos. Algumas têm
filhos.

Estou aqui por essas mulheres.


Subindo os degraus, paro na porta e procuro por alguma testemunha.

Tudo limpo.

Eu bato meus dedos na porta. Espero. E faço de novo. Mais duro. Mais
alto.

A porta se abre. Eu sou recebido com olhos escuros. Eu tomo uma nota
rápida do sangue e corte marcas no rosto do filho da puta.

Nós temos uma lutadora. Bom para ela. Às vezes, porém, é pior para as
lutadoras.

Eu preciso entrar.

Examino sua mão visível no batente da porta em busca de qualquer


arma.

Tudo limpo.

Confiante de que posso aguentar o filho da puta, eu sorrio. — Cassie


está aqui?

O rosto do homem se contrai em sua feiura natural. — Quem diabos é


você?

Empurrando meu pé contra a porta, eu igualo seu olhar ameaçador. —


Estou aqui para pegar Cassie.

Eu empurro a porta aberta. Ele tropeça para trás e eu entro.

Meus olhos se voltam para o banquinho no chão, o sangue na geladeira


e a pequena mão saindo do fundo do balcão no chão.
Meus punhos mantêm sua posição de prontidão.

Eu me viro para o idiota. Ele está olhando para mim como se estivesse
tentando descobrir o que fazer.

A maioria dos agressores são covardes quando se trata de outros


homens. O que esse filho da puta não sabe é que não sou igual a ele.

— Agora... — Eu abaixo minha voz, manobrando meu corpo em sua


direção. — Isso pode acontecer de duas maneiras. Você pode sair por
aquela porta. — Eu sorrio, esperando que ele escolha a opção número
dois. — Ou você pode desejar ter feito isso.

Escolhendo o número dois, ele puxa o braço para trás e dá um soco em


mim. Eu viro para a esquerda. Errando o alvo, meu rosto, ele cai para
frente. Eu o agarro pelo pescoço. Meu punho encontra seu lado. Sim, mais
algumas vezes do que o necessário, mas ele merece cada soco.

Anos de luta livre me ensinaram como subjugar meu


oponente. Agarrando seu braço, eu o torço em suas costas e o jogo contra o
balcão.

Eu quero esmagá-lo e fazê-lo doer por dias.

Mas não sei em que estado ela está, então devo chegar até ela o mais
rápido possível.

Alcançando meu bolso, eu puxo meu Taser e o enfio em seu lado. Eu


aperto o botão permitindo que os dois pequenos eletrodos parecidos com
dardos façam o que meus punhos tão desesperadamente desejam.
Ele convulsiona por alguns segundos. Eu o viro e jogo o pedaço de
merda no chão. Levantando seus braços, eu amarro suas mãos acima de
sua cabeça em um dos bancos. Não é uma correção permanente, mas ele
não vai muito longe amarrado a um banquinho.

Isso me dará algum tempo para checar a vítima.

Eu me movo ao redor do balcão - cabelos loiros escuros espalhados no


azulejo de cerâmica branca. Ela está machucada por toda parte, gordura
nos lábios e sangue manchado em seu rosto irreconhecível. E ela está
inconsciente.

Agachando-me, verifico o pulso. Eu libero minha respiração.

Tudo bem, aí.

Pego o sal aromático do bolso, eu o quebro e agito o bastão alguns


centímetros abaixo do nariz dela.

Sua cabeça sacode para trás com o cheiro forte. Grandes olhos azuis se
abrem para mim. Seu corpo se levanta do chão e as unhas vêm para o meu
rosto.

— Cassie! — Eu pego seus braços voando. — Está bem. — Eu a seguro


firmemente, baixando meu tom. — Você está segura.

Com a respiração pesada, ela encolhe os braços.

— Vou tirar você daqui. Você está bem?

Ela olha para mim de seu olho direito. O esquerdo está inchado. —
Quem é você?
— Eu sou sua escolta.

Seus músculos relaxam sob meu aperto. Sua cabeça aparece com um
olhar de terror. Ela vira à esquerda e depois à direita. — Onde ele está?

— Ele está ali no chão. Não vou deixar que ele te machuque mais. — Eu
examino seu corpo. — Você vai ficar bem aqui por um minuto?

Ela acena com a cabeça. Seu corpo relaxa em meus braços, então eu a
coloco de volta no chão.

— Você tem uma mala pronta?

— Sim. — Ela acena com a cabeça. Uma única lágrima cai de seu olho
machucado. — Último quarto à direita. Está no armário.

— Ok. Fique aqui. — Eu me levanto. Verifico o filho da puta no


chão. Ele está voltando, mas ainda um pouco desorientado.

Desço o corredor, e pego a bolsa dela e volto para a cozinha.

— Que tal uma bolsa?

Ainda deitada no chão, ela aponta para a mesa. Eu ando até ele,
olhando para o pedaço imóvel de merda no chão. Pego a mala dela, coloco-
a no ombro junto com a bolsa dela e volto para Cassie.

Eu me inclino. — Você pode se levantar?

— E-eu... — Ela pisca. — Eu acho que sim. — Ela pressiona a palma da


mão no chão.
Ajudo-a a ficar de pé, dou-lhe alguns segundos para recuperar o
equilíbrio e partimos para a porta.

Ela para e fica de pé sobre seu agressor.

Eu espero. Ele não é uma ameaça para ela. Não comigo aqui e não
preso ao banquinho.

Ele olha para ela. Ela passa por cima de seu corpo ágil. Eu avanço para
ficar perto dela.

— Cassie. — Eu olho para a porta da frente aberta. — Temos de ir.

Seu corpo se contorce. Colocando cada pé em cada lado do corpo dele,


ela lentamente abaixa e se senta.

Olhos fixos em seu agressor, ela pega a mão dele e puxa o anel de seu
dedo. Ela o coloca no dedo e fecha o punho.

Ela se aproxima do rosto dele. — Vamos ver se você gosta disso, idiota.
— Ela se move para trás e bate o punho em seu rosto.

A cabeça do filho da puta vira para o lado. Eu sinto o golpe em meus


ossos. Mesmo em seu estado enfraquecido, esta mulher é forte.

Os olhos escuros do idiota se movem, encontrando os dela. Seu pescoço


se estica quando ele levanta a cabeça do chão. — Eu vou te encontrar,
vadia.

Seu corpo estremece.

Eu piso em seu ombro, prendendo-o de volta no chão.


Ela puxa o braço para trás e o acerta no rosto novamente. A pequena
lutadora não para. Sua bochecha se abre e o sangue jorra de sua boca.

Nenhuma parte de mim vai impedi-la. Depois do que ele fez com ela,
não posso negar sua retribuição. A maioria das mulheres só quer ir
embora. Corre. Afastar-se o mais rápido possível do atacante.

Ela não.

Ela quer vingança.

É perigoso.

Ainda assim, eu me recuso a pará-la.

Olho inchado, lábio rachado combinando com o dela, a cabeça dele cai
para trás contra o chão.

Sem fôlego e tremendo, ela rasteja para fora de seu corpo. Ela puxa o
anel de seu dedo e joga nele.

Seu rosto espancado aparece. Ela me olha com seu olho bom.

— Ok. — Ela coloca a mão machucada e ensanguentada no chão. —


Estou pronta.

Ela tenta se levantar do chão. Exausta da noite, da luta, ela volta a cair.

Reconhecendo sua derrota, ela está pronta para minha ajuda. Eu me


inclino e a pego seu corpo flácido em meus braços. Eu a carrego para o meu
carro, coloco-a no banco do passageiro, coloco suas coisas no banco de trás
e entro.
Ela estende a mão para o cinto de segurança com os dedos trêmulos,
mas tem dificuldade em prendê-lo. Eu me inclino e a ajudo.

Ela cai para trás, permitindo-me ajudá-la.

Eu clico no cinto e olho para ela. — Você precisa ir ao hospital?

— Não. — Sua cabeça balança.

— Tem certeza? Posso levar você, se...

— Estou bem. Só me tire daqui. — Seus olhos se fecham. — Por favor.

Ligo o carro e olho ao redor, certificando-me de que ninguém nos


viu. Eu puxo para a rua e dirijo.

Alguns minutos se passam. Ela está quieta. Eu olho para ela. Olhos
fechados, lágrimas escorrendo pelo rosto, ela está descomprimindo.

Concentro-me na minha condução e deixo-a ter o seu tempo.

— E agora? — Eu a ouço sussurrar no carro escuro e silencioso.

— Eu estou levando você para alguém. Ela vai te ajudar a partir


daí. Levará cerca de uma hora para chegar até ela. Então sente-se e tente
relaxar. — Eu aperto o volante, mantendo meus olhos na estrada à
frente. — Você tem certeza que está bem?

— Sim. Posso ter uma costela quebrada, mas estou bem. Eu não preciso
de um hospital.

Meus olhos se voltam para ela. E se ela perfurasse um pulmão?

Ela está respirando bem.


Uma costela quebrada também pode causar danos a outros órgãos. Eu
sei.

Se fez algo sério, não vejo nenhum sinal disso.

Ela deu alguns socos poderosos em seu agressor lá atrás. Poderia ter
sido sua adrenalina no trabalho.

Paramos em um sinal vermelho. Eu a examino mais enquanto espero


que o sinal mude.

Eu já a vi antes. Bem, não ela. As mulheres gostam dela. Não posso me


preocupar com elas. O que acontece quando eu as deixo? Como era a vida
delas? Elas estão seguras? Elas voltaram? Elas estão vivas?

Não consigo pensar nessas coisas. Tudo o que posso fazer é ajudá-las e
seguir em frente. Eu faço o que posso, e isso é tudo. O que acontece depois
é com elas.

Ela é forte. Ela me mostrou. Eu tenho que acreditar que ela estará
segura.

A luz fica verde.

— A mulher vai verificar você quando chegarmos a ela. Ela decidirá o


que fazer a seguir— digo, me convencendo de que estou fazendo a coisa
certa ao não a levar ao hospital.

Esta vai ficar bem.


Chegamos ao local de entrega. Eu saio e ela já está abrindo a
porta. Querendo correr para ajudá-la, dou-lhe algum tempo. Ela precisa se
sustentar sozinha. Pego a merda dela no banco de trás.

Descansando a mão no topo do carro, ela espera por mim.

Willa sai das sombras. Seus olhos gentis pousam na vítima, que está
tentando como o inferno se manter firme contra o meu carro.

Willa olha para mim. Eu concordo.

— Olá, Cassie. Pode me chamar de Jane. Willa caminha até Cassie.

— Oi, — diz Cassie com a voz trêmula.

Meu coração se parte, mas aprendi a manter o estilhaço dentro de mim.

— Vou levar você para um lugar seguro e podemos conversar lá.

— Tudo bem, — Cassie sussurra.

Eu entrego as malas para Willa. Ela as leva. Seus olhos gentis


contemplam os meus.

— Eu tenho daqui, — Willa diz com um sorriso pequeno e caloroso.

Concordo com a cabeça e dou a volta no carro.

— Obrigada. — Eu ouço Cassie dizer enquanto abro a porta.

Erguendo os olhos para ela, deixo-a com as mesmas palavras que deixei
com todas as outras. — Vá embora, Cassie, e nunca olhe para trás.
Capítulo Três
Cassie

Um Ano Depois

Observando o carrossel fazer seu trabalho, procuro minha mala. Eu


olho para o meu celular. Merda! Devo estar lá em dez minutos.

Eu deveria ter comprado uma mala roxa ou rosa. Inferno, neste ponto,
eu estaria bem com bolinhas. Eu gosto de bolinhas. Qualquer coisa que não
seja preto.

Pego outra que se parece com o meu e coloco de volta no cinto para que
possa ser entregue ao seu legítimo dono.

É isso. Vou comprar uma mala nova. Eu devo. A última vez que usei a
maldita coisa foi há um ano, quando saí da Flórida. Nunca pensei que
voltaria.

Nunca!
Eu não poderia deixar passar a oportunidade. Meus quatro anos de
faculdade finalmente valeram a pena. Depois de me mudar para New
Hampshire e passar por alguns empregos sem futuro, consegui este. Sou a
diretora de marketing da GrandMark. Abriu todos os tipos de portas para
mim.

Infelizmente, essa porta se abre na Flórida.

Eu não poderia recusar. Estou aqui para supervisionar a inauguração


do mais novo local do GrandMark. Eles prometeram que eu ficaria aqui
apenas dois, talvez três meses. Eles me instalaram em um apartamento e
me deram um grande bônus. Isso se eu conseguir fazer o trabalho no
tempo projetado.

A confiança que eles têm em mim é esmagadora, mas justificada. A


receita que acrescentei à empresa não passou despercebida.

Outra mala sai do buraco negro. Parece a minha. Correndo para o outro
lado, esbarro em uma mulher.

— Desculpe, — eu digo, com os olhos fixos na bagagem.

Eu o pego do cinto.

Sim!

Deixando-a cair no chão, puxo a alça e sigo meu caminho.

Eu saio e o ar quente me atinge. Paro, fecho os olhos e, por um breve


segundo, absorvo a única coisa que senti falta na Flórida, o calor do sol
quente brilhando em meu rosto.
Fazia um grau quando entrei no avião em New Hampshire. O clima
frio lá é a única coisa que eu não gosto no lugar.

Balançando a cabeça, me aproximo da rua para acenar para um


táxi. Um puxa para cima. O homem sai e coloca minha mala no porta-
malas enquanto eu subo na parte de trás.

Ele entra. — Para onde?

— O Emerald Hotel em Westchester, por favor.

Ele clica no taxímetro e segue para o trânsito.

Eu pego meu celular da minha bolsa e procuro o número de Matthew,


meu cara no novo local.

— Matthew, — eu digo, interrompendo seu olá. — É Cassie


Redmon. Acabei de sair do aeroporto. Meu voo atrasou. Estarei aí em... —
Olho para o taxista. — Com licença, senhor, quanto tempo vai demorar
para chegar lá?

— Doze minutos, — ele responde.

Eu gosto que ele não disse dez ou quinze. Ele não completou.

— Estarei lá em quinze minutos, — digo a Matthew, me dando três


minutos extras para me arrastar para a reunião.

— Sem problema, — diz Matthew. — Vou dizer a eles que seu avião
atrasou e...

— Não. Não dê desculpas. Apenas diga a eles que estarei aí em quinze


minutos.
— Sim, senhora.

Merda! Boa maneira de começar com seu novo assistente. Eu pareço


uma cadela real. Ah bem. Ele vai se acostumar comigo.

— Obrigada, Matthew. Vejo você em breve. — Desligo o celular.

Na minha experiência, as pessoas não gostam de ouvir desculpas, não


importa a situação. Não tenho nenhum problema em deixá-los
esperando. Eles estão lá para mim, para a empresa. Eles precisam de nós,
então podem esperar.

Entro pela porta da frente e a secretária me cumprimenta com um


sorriso.

Eu ando em direção a ela. — O Salão?

— À sua esquerda. — Ela aponta com a cabeça, sorrindo como se eu


não fosse a primeira mulher a invadir as portas como se minha bunda
estivesse pegando fogo.

— Obrigado. — Eu aceno com um sorriso rápido.

Corro pelo saguão do hotel, procurando a sala. Vejo o letreiro folheado


a ouro, arrumo o cabelo, levanto o queixo e entro na sala.

Um jovem de vinte e poucos anos corre até mim.

— Sra. Redmon?

— Senhorita, — eu o corrijo.
— Senhorita Redmon, eu sou Matthew. É tão bom finalmente conhecê-
la. Posso pegar um café ou algo assim?

— Um café seria ótimo. — Eu sorrio, acenando para Erica Tate, nossa


gerente regional, sentada à mesa.

— Aqui, deixe-me pegar sua bagagem, — diz Matthew, estendendo a


mão para a maçaneta.

— Obrigada. — Eu me viro para ele com meu sorriso posicionado.

Pobre rapaz. Ele provavelmente não está feliz por ter que lidar comigo
nos próximos meses.

— Erica— ... vou até a mesa ... — espero não ter feito você esperar
muito tempo.

— Não. Não. — Ela acena com a mão. — Estávamos apenas nos


conhecendo. Por favor sente-se.

— Obrigada. — Sento-me e olho para a única outra pessoa na mesa.

Meu coração para no meio da batida.

Meus pulmões se fecham, impedindo a entrada de ar.

Aqueles olhos!

Gotas de suor na minha pele.

Essa boca!

O calor inflama meu sangue.

É ele!
— Cassie, este é Brett Daxon, gerente de projeto da Daxon
Construction, — diz Erica.

Tudo volta correndo. A noite em que ele me encontrou. A dor. A


raiva. O medo. A razão pela qual deixei este lugar. Seu rosto traz todas
aquelas memórias sombrias de volta.

Guardei-os, não querendo nunca mais pensar neles. Eu sobrevivi. Eu


escapei. Estou em um bom lugar.

E eu pude fazer isso por causa dele. Estou dividida pelo que devo sentir
agora.

Fragmentado até o âmago!

— Senhorita Redmon, — ele diz meu nome.

A voz dele. Oh, aquela voz envolvente, segura e convincente.

Eu nunca esqueci.

Ele está de terno como na noite em que o conheci. Ele estava de


terno. Achei estranho. Agora faz sentido. Este é o seu trabalho diário. Isso é
o que ele faz quando não está resgatando mulheres de monstros.

Seus olhos pousam em mim. Eu os sinto alcançando minha alma. Ele é


exatamente como eu me lembro. Maior que a vida. Lindo e inquebrável, ao
contrário do bastardo de quem ele me salvou.

— Você precisa de alguns minutos? — ele pergunta, olhando para mim


enquanto testemunha meu colapso.
Ele deve se lembrar de mim, certo? Eu poderia estar errada. Talvez ele
não se lembre. Eu estava machucada e irreconhecível naquela noite. Levei
semanas para cicatrizar antes que eu pudesse procurar um emprego. Antes
que eu pudesse seguir em frente com a minha vida. Antes que eu pudesse
parar de me olhar no espelho sem me lembrar do que deixei Glenn fazer
comigo.

Nunca mais!

— Vejo que você acabou de chegar de um voo. — Ele faz uma pausa,
apenas o suficiente para eu me convencer de que ele sabe quem eu sou. —
Podemos remarcar para amanhã, — diz ele, oferecendo-me uma saída.

Ou talvez tentando sair da situação sozinho. Seja qual for o motivo,


devo me recompor e restaurar a catastrófica desmontagem do meu cérebro.

— Cassie? — Ouço Erica dizer meu nome.

Saia dessa! Você não pode estragar este trabalho! Lide com
isso! Empurre tudo de volta para aquele lugar escuro onde ele pertence e
junte tudo!

— Não. — Eu limpo minha garganta e sorrio para Erica. — Estou


bem. Por favor. — Eu me viro para Brett.

O nome dele é Brett.

Encontro seus olhos, aqueles olhos cinzentos de aparência tempestuosa


que me salvaram várias vezes dos meus pesadelos mais sombrios.
Engulo a saliva que se acumula em minha boca. — Senhor Daxon, estou
interessada em ouvir sua proposta.

Desvio o olhar de seus olhos assertivos para suas mãos.

Minha tia foi modelo de mão durante anos. Ela me ensinou o que
procurar em mãos perfeitas. Não preciso procurar nada quando se trata
das mãos deste homem porque conheço sua força. Eu sei do que elas são
capazes. E eu sei, olhando para a perfeição delas, que as quero em meu
corpo.

Não estive com um homem desde Glenn. Não é que eu tenha medo de
homens. Eu não tenho. Passei por aconselhamento suficiente para saber
que nem todos os homens são criados como Glenn. Muitas mulheres fortes
compartilharam suas histórias de sobrevivência. Algumas agora estão
casadas em relacionamentos saudáveis e amorosos.

Então, a única coisa que aprendi com todas aquelas mulheres corajosas
é que nem todos os homens querem machucar as mulheres.

Alguns homens são confiáveis.

Alguns homens são bons.

Estou ansiosa para estender a mão e tocar aquelas mãos perfeitas.

Elas estão ligadas a um homem bom.


Capítulo Quatro
Brett

No momento em que ela entrou na sala, eu a reconheci.

Eu não penso nelas.

Faço o que Cole sugere e esqueço as mulheres que ajudamos assim que
saio de carro.

Mas ela é diferente.

Naquele dia, ela não apenas deixou sua marca em seu agressor, mas
também em mim.

Eu sinto isso no meu âmago.

Eu deveria ter me levantado e saído da sala. Mesmo se eu tivesse, ela


teria me visto.

Era tarde demais.

Quando seus olhos encontraram os meus, percebi que ela se lembrava


de mim.
Porra! Venho fazendo essa merda há quase quatro anos, e esta é a
primeira vez que encontro uma delas. E de todas as mulheres, tinha que ser
a única em que eu não conseguia parar de pensar.

Meu irmão mais novo, Lix, estava certo. Devíamos usar máscaras ou
algo assim. Ele sempre disse que voltaria para nos morder com força na
bunda.

Levanto o copo de uísque e viro de volta.

Cole entra no escritório.

— Droga! — Ele olha para a garrafa de uísque na minha mesa. — Foi


tão ruim assim? — Ele tira o cinto de ferramentas e o joga na cadeira. Sua
cabeça se inclina. — Foda-se, nós não entendemos. — Ele caminha até a
janela e coloca as mãos nos quadris. — Demos um lance muito alto? — Ele
olha para mim por cima do ombro. — Precisamos dessa porra de trabalho,
Brett. Isso nos colocará no mapa. A porra dos Build It Brothers, continuam
pegando tudo. Porra, eu gostaria que tivéssemos pensado nesse nome. Isso
arrasa. — Ele solta um suspiro agravado. — Precisávamos disso para a
mamãe.

Coloquei o copo sobre a mesa. — Não podemos aceitar.

Seus olhos piscam para mim. — O que você quer dizer com nós não
podemos aceitar isso? — Ele se vira. — Eles nos ofereceram?

— Ainda não.

— Bem, então... — seus braços tatuados e trabalhados se estendem


— ...qual é a porra do problema?
— Simplesmente não podemos. — Abro a garrafa de uísque e encho
meu copo.

Ele caminha até a mesa e coloca as palmas das mãos sobre ela,
inclinando-se para mim. — Desculpe, idiota, mas você vai ter que se
explicar um pouco melhor do que isso. Precisamos desse trabalho.

Eu olho para ele. Foda-se. Eu vou ter que dizer a ele. Cole não é um
homem que deixa as coisas correrem facilmente. Ele precisa de respostas e,
se não as conseguir, irá procurá-las.

— A mulher comandando a coisa. — Eu levanto meu copo. — É ela.

— Sua? — Seu rosto se contrai, observando-me o tiro de dois dedos.

As sobrancelhas de Cole se curvam e a cicatriz sob seu olho esquerdo


estremece.

— Quem diabos é ela? — Ele está ficando chateado.

— Miller Lane ela, — eu digo antes de tomar outro gole de uísque.

— Miller Lane? — Seus olhos se abrem. — Cara morto? Aquele Miller


Lane? — Ele levanta as mãos e as coloca na cabeça. — Porra!

— Certo. — Eu levanto meu copo. — Porra! — Eu concordo e finalizo o


resto do uísque, sentindo o álcool tomando conta. Eu preciso parar.

— Ela te reconheceu? Talvez ela não saiba que foi você. Pode ser...

— Ah, ela sabe. — Eu explodo. — Estava na porra dos olhos dela. Eu vi


isso claro como o dia.
— Filho da puta! — Cole balança um punho no ar.

— Certo. — Eu concordo. — Filho da puta.

— Ok. — Seus olhos deslizam para mim. — Eu entendi. — Ele balança


um dedo. — Eu vou assumir a partir daqui. Você não precisará vê-la
novamente. Se ela vai explodir você, ela já sabe o seu nome. Já estamos
fodidos aí. Nós vamos lidar com isso. Mas... — seus olhos brilham — ... se
ela não quiser, se ela decidir ir conosco para o trabalho, então eu posso me
encontrar com ela. Eu vou fazer isso.

Apoio os cotovelos na mesa e aperto as mãos. Descansando meu queixo


sobre eles para considerar o que ele está dizendo. Ele me encara, esperando
uma resposta.

Meu celular interrompe meu pensamento.

Olho para o número, sem reconhecê-lo. Eu levanto um dedo. — Sim?

— Olá, é o Sr. Daxon?

— Sim. —

— Olá, Sr. Daxon, meu nome é Matthew Yates. Eu trabalho para


GrandMark. A senhorita Redmon me pediu para ligar para você. Ela
gostaria de encontrá-lo no The Red Door para jantar amanhã às seis para
discutir sua proposta.

Merda! Eu olho para Cole. — Infelizmente, tenho um compromisso


prévio amanhã, mas posso pedir ao meu supervisor de empreiteira, Cole
Daxon, que se encontre com ela. — Eu aceno para meu irmão, sabendo que
ele vai me matar se eu largar o trabalho, e ele está certo. Se ela vai me
explodir, não há nada que eu possa fazer a respeito.

— Ok, você poderia esperar um momento, por favor?

— Claro. — Eu cubro minha mão sobre o celular. — É GrandMark. Ela


quer se encontrar comigo amanhã para discutir a proposta.

— Confirme. Eu irei. — Ele concorda.

— Sr. Daxon, desculpe por isso. Acabei de falar com a Srta. Redmon, e
ela insiste em se encontrar com você e somente com você. Devo dizer a ela
que você estará lá?

Que porra! O que eu vou fazer? Eu olho para os olhos esperançosos do


meu irmão. Merda! Preciso atender o cara no telefone. O que quer que eu
faça a seguir, sei que vai me foder de qualquer maneira.

— Você pode dizer à Srta. Redmon que estarei lá.

— Eu vou ter certeza de fazer isso. Obrigado, Sr. Daxon. Tenha uma
boa noite.

— Sim. — Desligo o celular.

— Bem? — A sobrancelha de Cole se levanta. — O que aconteceu?

— Ela só vai se encontrar comigo, porra.

— Porra. — Os ombros de Cole caem.

— Sim. — Levanto a garrafa e encho o copo de novo.

— O que você vai fazer?


— O que você quer dizer? Eu vou. Você disse isso. Precisamos deste
trabalho. Essa merda estava prestes a acontecer. — Eu balanço minha
cabeça.

Por que tinha que ser ela?

Forte, corajosa, linda ela.

— Nós vamos descobrir isso, — diz Cole com um golpe confiante de


sua cabeça.

— O que há para descobrir? Eu fui lá naquela noite. Fui eu. Agora ela
está de volta e ele está morto.

— Você não acha que ela vai procurá-lo. Você acha?

— Não sei.

A porta se abre. — Ei, meus grandes irmãos, — Lix diz, entrando pela
porta coberta de poeira e sujeira. — O que está acontecendo? — Ele olha
para Cole e para mim.

Vendo o brilho em seus olhos, eu faço uma careta. — Onde você


estava?

Ele engancha o polegar para trás. — Acabei de terminar a demolição no


trabalho de Weaver. Você me pediu para desmontar o banheiro, lembra? —
Ele se aproxima, pega meu copo e termina os últimos goles.

Ele levanta a garrafa e para e então olha para nós. — Que porra está
acontecendo aqui? — Ele começa a servir o uísque. — Oh sim. — Ele olha
para mim. — Conseguimos o emprego na GrandMark? — Ele pega o copo
e o leva à boca. — Isso foi hoje, certo?

De um só gole, ele bebe o álcool. Ele limpa a boca com o antebraço


coberto de gesso, olhando de mim para Cole.

— Eles acabaram de ligar, — diz Cole, sabendo que estou muito


chateado para falar com meu irmãozinho.

Sua bebida está ficando fora de controle. O idiota tem sextas e segundas
de folga para atender as ligações de Julia. Então ele tem algumas noites
para relaxar.

Todos nós queremos relaxar.

As ligações de Julia são mais importantes do que essa merda. No


entanto, deixamos o idiota ter suas noites para ficar com a cara de merda.

— Sim, — diz Lix, acenando com a cabeça. — Então nós conseguimos?

— Não, Félix. Nós não conseguimos, — eu digo entre os dentes


cerrados, sabendo que ele odeia ser chamado pelo nome completo.

É do nosso pai. O filho da puta decidiu dar para o último filho nascido.

Os olhos de Lix se estreitam.

Cole caminha até ele, pega o copo de sua mão e se serve de uma
bebida. Ele toma um gole e se vira para Lix. — Brett tem que se encontrar
com eles amanhã.

— Parece promissor. — Lix dá de ombros. — Estou indo tomar um


banho. Tenho um encontro esta noite. — Ele sorri e sai do escritório.
Eu aponto meu dedo para Cole. — Não mencione nada a ele sobre isso.

— Eu não vou. — Ele abaixa o copo. — Eu nunca disse a ele. Você já?

— Foda-se não. Eu confio no merdinha com a minha vida, mas é


melhor mantê-lo fora disso.

— Bom. Sim, eu sei que você teve dificuldade em trazê-lo a bordo com
as ligações de Julia, mas Willa diz que ele é bom. Ele faz o trabalho e as
mulheres não reclamam. Elas confiam nele.

— Eu não entendo. — Eu balanço minha cabeça.

— Então você vai ficar bem com amanhã? Quer que eu vá junto?

— Não. Eu tenho que lidar com essa merda. Além disso, ela disse que
queria se encontrar comigo e só comigo.

— Sim. Isso é uma merda. — Cole pega seu cinto de ferramentas. — E


se ela quiser falar sobre isso. Sabe, sobre aquela noite?

— Eu vou lidar com isso.

— Sim, tudo bem. Vejo você mais tarde. — Ele sai do escritório,
deixando-me pensando sobre isso.

E se ela mencionar a noite em que a escoltei para fora de casa?

E se ela perguntar sobre seu agressor?

Porra!

Pelo menos, eu sei que não preciso me preocupar com ele vindo atrás
dela.
Capítulo Cinco
Cassie

— Obrigada. — Eu sorrio para a garçonete enquanto ela me entrega


minha segunda taça de vinho.

Está ajudando.

Eu me troquei cinco vezes na minha cabeça, mas acabei com o que


coloquei originalmente. Um macacão marinho sem mangas de pernas
largas e salto alto.

Por que estou nervosa?

Ele é apenas um homem.

Um homem que ajuda mulheres abusadas.

Por que ele faz isso? É honrado. Eu entendo essa parte.

Mas que motivo ele teria para entrar em uma situação dominada pela
violência? Por que ele faria isso por um estranho sem qualquer
reconhecimento? É altruísta.
Talvez seja por isso que não consigo parar de pensar nele ou naquela
noite.

Tenho certeza de que outras mulheres que ele salvou também pensam
nele. Eu não posso ser a única.

Glenn poderia ter uma faca ou uma arma.

Ele poderia tê-lo machucado.

Brett parece que pode cuidar de si mesmo.

Ele parece forte.

Confiante.

Poderoso.

Implacável.

E ele é um bom homem.

Um homem sexy e incontrolável que faz meu sangue fluir.

Eu não sei se estou atraída por ele porque ele entrou e me resgatou do
bastardo ou se é... meus olhos pousam em sua presença chamando por
atenção total enquanto ele se pavoneia em minha direção com uma ampla
quantidade de inegável confiança. Seu terno preto sob medida se agarra a
ele, fazendo seu trabalho de transmitir seu corpo musculoso e em forma.

Minhas palmas umedecem junto com minha calcinha. O que diabos


está errado comigo?
Eu lambo meus lábios secos. Pegando minha taça de vinho, tomo um
gole e, por cima da borda, observo toda a sua sensualidade enquanto ela se
dirige diretamente para mim.

Sim. Este homem acena para que as coxas se contraiam e os corações


pisem no freio.

Então há aquele toque de escuridão em seus olhos. Um que me atrai. Eu


não posso evitar. Algo nele me faz querer abrir mão de todos os meus bons
sentidos e me render aos meus travessos.

Das formas mais eróticas, ele viveu em meus sonhos no ano passado.

— Senhorita Redmon. — Ele concorda.

Sua voz me corta como uma faca afiada para aquecer o pão, e eu sou a
manteiga derretida esperando para ser espalhada sobre ele.

— Senhor Daxon. — Eu coloquei meu copo para baixo, meus olhos


treinados em cada movimento composto dele. Música que só meus olhos
podem ouvir. — Obrigada por me encontrar em tão pouco tempo.

Ele puxa a cadeira e se senta. Não há como mexer em seu terno ou


procurar seu celular. Ele descansa as mãos firmes na mesa à sua frente.

Seus olhos descontentes encontram os meus.

Sim. Nós dois sabemos a verdade. Não lhe dei escolha a não ser
vir. Entrei em pânico quando Matthew me disse que Brett não estava
disponível e que seu parceiro se encontraria comigo.

Eu queria vê-lo, não seu parceiro.


Ele provavelmente pensa que eu sou uma vadia. Talvez eu seja.

Glenn pode ter colocado suas mãos revoltantes em mim por um curto
período de tempo, mas eu sou e continuarei a ser uma vadia forte.

O garçom aparece a tempo de me dar mais alguns segundos para


examinar seu comportamento finamente orquestrado.

Ele pede um uísque e então seus olhos astutos se voltam para os meus.

O que eu digo agora? — Você está longe daqui?

— Meia hora, — ele responde com voz rouca.

— Ah, onde você mora?

— Ruskin.

— É lá que fica o seu escritório também?

— Sim. Meus irmãos e eu temos um apartamento em um prédio de três


andares atrás dele. Nós o construímos há alguns anos.

— Então três de vocês são os donos do negócio?

— Sim, — diz ele, acenando para a garçonete enquanto ela coloca a


bebida na frente dele. Sua visão volta para mim. Minha pele fica
vermelha. — Temos uma boa equipe e contratamos as coisas conforme
necessário.

Eu olho em seus olhos e pisco quando fica estranhamente quieto. — Há


quanto tempo você possui o negócio?

— Dez anos, — diz ele, mantendo suas respostas curtas.


Esqueça o elefante. Há um maldito navio ancorado na sala, a água
jorrando e se acumulando por todo o chão.

— Bem... — Eu coloco meus antebraços na mesa para correr um dedo


pela haste do copo de vinho. — Eu apenas quero dizer...

— Não, — ele interrompe secamente.

Eu olho para cima, e o cinza em seus olhos escurece.

Não?

Ele não quer falar sobre aquela noite, mas eu devo! Ele não pode me
impedir. Inferno, eu não consigo me conter. — Jane me levou para um
hotel. Ela ficou comigo a noite toda. Na manhã seguinte, ela perguntou
onde eu queria ir. Eu escolhi New Hampshire. Eu fui para a faculdade com
uma garota de lá. Ela fez parecer um bom lugar. Eu não a procurei quando
cheguei lá. É bom, mas frio, — eu paro. Nem um único músculo reage em
seu corpo rígido. — Eu só queria dizer que estou bem e obrigada pelo que
você fez por mim naquela noite. Não sei o que teria acontecido se você não
tivesse aparecido.

Seus olhos cinzentos e impassíveis pousaram pesadamente em mim por


alguns segundos. Sinto o peso de sua frustração.

Ele se levanta.

Oh não!

Não o que eu estava tentando fazer.


— Sinto muito, senhorita Redmon. — Ele olha para mim com uma
afirmação formidável. — Isso não vai funcionar.

— Não. Espere! — Eu pulo, corro para ele e agarro seu braço. Músculos
flexionam sob meu toque. Sua força carrega através do meu corpo.

Ele olha para a minha mão. Em seguida, para a minha boca.

— Por favor, não vá embora. — Eu levanto meus olhos. Não posso


perdê-lo agora. Não quando acabei de encontrá-lo.

Ele está focado em meus lábios. Meus lábios morrendo de vontade de


serem tocados. Faz tanto tempo desde que toquei em um homem. O último
homem que me tocou foi ele quando me carregou até seu carro.

Eu não quero deixá-lo ir.

Eu faço, no entanto. Não querendo assustá-lo, aperto minhas mãos


livres na minha frente. Proibindo-lhes o que eles querem.

O que está acontecendo na minha cabeça não é o dilema dele. Minha


falta de interesse por homens, até agora, não é problema dele.

— Eu não vou mencionar isso de novo, — eu sussurro. — Por favor,


não vá embora.

Seus longos cílios escuros se erguem. A tempestade que espreita neles,


sem dúvida que empurrou aquele maldito navio para dentro da sala, se
chocou contra mim.

— Por favor sente-se. — Eu aceno minha mão.


Eu vim por dois motivos. A primeira está feita. Eu queria dizer a ele
que estava bem e agradecê-lo.

Agora, preciso convencê-lo a aceitar o emprego.

Depois de um aperto de mandíbula visível, ele se senta.

Eu planto minha bunda de volta na cadeira e puxo minha pasta.

Hora de começar a trabalhar.

— GrandMark gostaria de contratar a Daxon Construction para o


trabalho. — Pego a papelada. — Adicionamos algumas coisas ao
contrato. Eu os destaquei. — Eu entrego a ele.

Ele olha para ela como se não tivesse certeza se deveria estender a mão
e tocar o que estou oferecendo.

Eu espero, segurando-o no ar. Eu me recuso a permitir que ele desista


disso. — É um bom contrato, e qualquer empreiteiro seria louco de não o
aceitar.

Sua mão se fecha sobre a mesa.

Ele gradualmente levanta o outro e pega o contrato.

Oh, essas malditas mãos! Por que eu os quero em cima de mim? Devo
parar de fantasiar sobre como eles se sentiriam, especialmente se ele aceitar
o trabalho.

Ele coloca o contrato na mesa. Vai buscar sua bebida e engole o restante
do uísque dourado.
— Se tudo parece bem, quando você acha que poderia começar?

Seus olhos permanecem em seu copo. — Você tem todas as licenças em


ordem?

— Sim.

— Segunda-feira, — ele diz ao vidro.

— Sério? Tão cedo?

Seus olhos se erguem para os meus. — Sim. Para cumprir a data


projetada, começaríamos a demolir o prédio na segunda-feira.

— Oh. — Eu não estava esperando isso. Pego meu cartão de visita e


anoto meu endereço. — Aqui.

Ele olha para ele como se fosse o contrato, relutante.

— Revise. Se você e seus irmãos estiverem satisfeitos com o contrato,


podem entregá-lo neste endereço até domingo.

Ele pega meu cartão e, sem olhar para ele, o enfia no bolso do paletó.

Ele se levanta.

— Você está indo? Achei que iríamos jantar?

Seus olhos se movem sobre mim. O empreendimento lento e deliberado


espeta minha carne aquecida. — Eu não vim para o jantar.

— Sim. Presumo que você conseguiu o que queria.

— Eu consegui, — diz ele com voz rouca, seu significado interpretado


por meus pensamentos impuros e imaginários.
Eu olho para ele como fiz na primeira noite em que nos conhecemos,
atordoada e impotente. — Obrigada, Sr. Daxon.

— Boa noite, senhorita Redmon, — diz ele com um leve aceno de


cabeça.

— Cassie, por favor, me ligue, Cassie.

Sua visão cai para a minha boca, fazendo-me apertar por dentro com
uma necessidade insaciável.

— Cassie. — Meu nome saindo de seus lábios faz mais cócegas em


minha pele intocada e ruborizada.

Ele deve pensar que sou sem vergonha. Ou pior, tenho a síndrome do
cavaleiro branco. Talvez eu tenha. Só o tempo irá dizer. Se ele aceitar o
trabalho, eu vou conseguir esse tempo.

Eu sorrio, fazendo contato deliberado com seus olhos escuros e


misteriosos antes de ele sair, deixando um rastro de gostosura a cada
passo.
Capítulo Seis
Brett

— Foda-se, Cole. O que aconteceu?

Meu irmão está sentado em sua mesa no escritório com um olho roxo e
lábio partido.

— Julia ligou, — diz ele, folheando sua correspondência.

— Você conhece a porra das regras. Você deveria me dizer quando fizer
uma escolta.

— Eu sabia que você jantou hoje à noite. Eu avisei Lix. — Ele dá de


ombros. — O agressor era um filho da puta com uma boca estúpida. Eu o
avisei. — Ele olha para mim com uma sobrancelha levantada. — Mais de
uma vez. — Ele sorri, revelando seus dentes brancos e brilhantes. — Eu vi.
— Ele acena com dois dedos para os olhos.

Cole possui a arte de ler as pessoas. Ele sabe quando uma briga de bar
vai acontecer bem antes do tumulto. Ele geralmente é certeiro quando se
trata de adivinhar a profissão de alguém ou se eles dormem no lustre. Ele é
meticulosamente observador.
A arte de Lix é foda. Ele vai escapar de problemas com palavras, mas
não me preocupo com meu irmão mais novo se isso não funcionar. Ele é
rápido com os punhos e pés. A maioria dos caras não sabe o que os atingiu
até que sua bunda esteja no chão.

Eu. Minha arte não é matá-los, e não aprendi isso com minha mãe.

Ela está cumprindo vinte e cinco anos de prisão perpétua por matar
nosso pai.

É o que nos leva a salvar as Júlias do mundo. Pelo menos, as do nosso


distrito. Não conseguimos salvar a mamãe. Então tentamos muito ajudar
mulheres como ela na mesma situação.

Eu odeio quando não sou eu.

Sempre que um dos meus irmãos atende à ligação de Julia, eu me


preocupo com eles. Mesmo que eles possam cuidar de si mesmos. Cole é
faixa preta em artes marciais e Lix frequenta a academia. Ele está no ringue
desde que entrou no sistema. Eu estava no topo do ranking do estado em
luta livre no ensino médio. Todos nós ensinamos uns aos outros o que
sabemos, mas isso não acaba com a preocupação.

Eles são meus irmãos mais novos. Eu sempre vou querer protegê-
los. Eles são tudo que eu tenho e me importo.

— Então. — Ele joga o envelope em sua mão sobre a mesa. —


Conseguimos o emprego?

Revogo o contrato. — Ela corrigiu algumas merdas, mas é nosso se


quisermos. — Eu o largo na minha mesa e me sento na minha cadeira.
— O que eles estão pedindo?

Eu coloco minhas mãos atrás do meu pescoço e me inclino para trás. —


Ainda não olhei. — Eu cutuco. — Você está bem?

— Sim, um pouco machucado, mas nada que eu não possa lidar.

Eu explodo. — Felizmente, a previsão é de sol a semana toda. Você vai


ter que usar óculos escuros.

— Ou posso apenas dizer que fui atingido no rosto por uma viga. — Ele
pisca.

— Isso vai funcionar.

— Eu cuidei disso, mano. — Ele aponta para mim.

Percebo os cortes e contusões nos nós dos dedos. — Como você vai
explicar isso? Beam atingiu você lá também?

Ele olha para sua mão. Abre e fecha, fechando o punho. Ele olha para
mim. — Eu vou descobrir isso.

— Eu disse para você usar luvas.

— Sim, mas emburrece o soco. Não vai machucar tanto o filho da puta
quando eu bater na cara dele. — Ele sorri.

— Você precisa proteger essas coisas. Precisamos deles para o negócio.

— Sim. Sim. Eu sei, — diz ele.

Ele não vai me ouvir. Nenhum deles. — Onde está Lix?


— Na Academia. Deve estar em casa em breve. — Ele me encara. Eu
vejo suas pequenas rodas mudando de direção em sua cabeça. — Ela disse
alguma coisa?

— Porra. — Soltei minha nuca. — Sim, e eu tentei ir embora, mas ela


não aceitou. Acho que estamos bem, no entanto. Ela disse o que
precisava. Espero que seja o fim disso.

— Isso é uma merda. Eu não saberia o que faria se visse uma Julia na
rua ou na loja ou algo assim. Foi estranho?

Estranho? Não.

Fodido? Sim.

A maneira como meu corpo reagiu a ela me irritou. Ela é uma


vítima. Um homem a atacou brutalmente. Magoa-a. A fazia se sentir
indefesa, despojando-a de sua força e poder.

E sentado em frente a ela no restaurante, tudo que eu conseguia pensar


era transar com ela.

Eu sou um idiota egoísta.

— Foi uma bagunça, — eu digo, não prestes a dizer ao meu irmão que
ela fodeu com o meu controle.

Todos nós temos o coração de nossa mãe, mas herdamos a raiva de


nosso pai. Deve ser por isso que nenhum de nós tem namorada. Confiamos
em nós mesmos para salvá-las, mas não para estar com elas. Não
permanentemente. Não que tenhamos machucado uma mulher. Nós
morreríamos primeiro.

É mais como um passeio de montanha-russa. A primeira vez que você


sobe em uma, não sabe se vai cagar nas calças ou fazer o melhor passeio da
sua vida.

Temos medo da parte de cagar.

E se o que nosso pai nos deu, se concretizar no relacionamento? Eu


nunca poderia viver comigo mesmo se assustasse uma mulher ou a fizesse
se sentir ameaçada. Tenho certeza de que controlaria meu temperamento e
o manteria protegido dela, mas nenhum de nós jamais o testou.

Em vez disso, pegamos o que o querido pai nos deu e usamos para
proteger as mulheres de merdas como ele.

Nunca vou entender o que um homem ganha batendo em uma mulher.

Espero que Cole tenha esmagado aquele cara esta noite.

— Mas você aceitou o trabalho?

— Eu vou superar isso. Levará apenas alguns meses. Vou ficar longe
dela. — Pego uma caneta e bato na mesa, ciente de que a proclamação será
mais difícil do que impossível. — Começamos segunda-feira. Eu quero
todos nisto. O trabalho da Weaver está quase pronto?

— Eu tinha Joe e Erickson lá com Lix e eu hoje.


— Veja se você consegue fazê-los trabalhar no fim de semana. Pague-
lhes o dobro do tempo. Se vamos fazer isso a tempo, precisamos terminar o
trabalho da Weaver. Vamos precisar de todos no GrandMark.

— Você vai estar lá neste fim de semana também, chefe?

— Foda-se, idiota. — Jogo minha caneta nele.

Ele ri, esquivando-se.

Ele está sempre me criticando quando se trata do meu papel na


empresa. Eu consigo os empregos. Essa é a minha parte. Eu sei o que
precisamos. Eu calculo quanto tempo levará para realizá-lo. Tudo é
pensado antes de enviar uma oferta e fechar o negócio. Volto com os
detalhes e estratégias.

Mas somos todos iguais. Cole sabe disso, mas ele gosta de foder
comigo. Isso me irrita.

E isso é duas vezes hoje.

Chega de chatices para mim. Eu não estou no clima.

— Eu estarei lá. — Eu pego o contrato. — Só preciso entregar isso até


domingo.

— Tudo bem, dê uma olhada e deixe-me saber se você prevê algum


problema. Vou ligar para os caras, tomar um banho quente e consertar essa
cara.

— Não há como consertar esse rosto. — Eu sorrio, já folheando as


páginas.
— Mas posso tentar, — ouço-o dizer enquanto sai do escritório.

Olho para o contrato. Daxon Construction é digitado na parte superior.

Não queríamos que nada nos ligasse ao nosso pai, então adotamos o
sobrenome da nossa mãe. Cole recebe seu volume do lado da mãe. Lix, ele
é mais magro, mas tem apenas 27 anos. Ele está apenas começando a
crescer. E eu, tenho uma mistura do lado da mamãe e do nosso doador de
esperma. Peguei minha altura com o filho da puta.
Capítulo Sete
Cassie

Olho para os parafusos, placas de metal e buchas espalhados pelo


chão. Geralmente não tenho problemas para seguir as instruções, mas essas
instruções para a mesa do computador me deixaram perplexa. Segurando
os dois pedaços de madeira juntos, dou uma olhada nas instruções.

Como vou parafusar agora?

O que estou fazendo errado?

O apartamento que GrandMark me arranjou estava faltando uma


coisa. E essa coisa está me frustrando pra caralho.

Ouço uma batida firme na porta e solto a madeira.

Meu coração falha uma batida e dispara como se estivesse em uma


corrida de longa distância.

Eu sei quem é.

Esperei o fim de semana inteiro ansiosamente pela chegada dele. E,


claro, ele aparece agora.
Eu me levanto do chão e limpo os pedaços de isopor da minha calça de
ioga. Arrumando meu cabelo, eu o empurro do meu rosto para trás das
minhas orelhas, respiro algumas vezes e caminho até a porta, embora nada
possa me preparar para ele.

Abro a porta.

Atingida primeiro por seus olhos comoventes. Em seguida, seu


perfume revigorante. Por fim, meus olhos devoram os músculos do braço
revelados por sua camiseta apertada.

Ele fica delicioso de terno, mas caramba, ele fica ainda mais gostoso de
jeans.

Sua presença interrompe e inflama tudo em mim ao mesmo tempo.

— Oi. — Eu sorrio.

— Olá, Cassie, — diz ele, e como o resto dos meus sentidos, ele provoca
meus ouvidos. — Passei pelo contrato. Tudo parece bem. — Ele estende
um envelope pardo.

— Excelente. — Eu levo. — Entre.

Ele engancha o polegar. — Eu tenho que voltar para...

— Só vai levar um minuto, — eu digo, interrompendo sua desculpa,


não dando a ele a oportunidade de sair. — Eu tenho as licenças. Você vai
precisar delas para começar amanhã. — Eu me viro e caminho até o balcão.

Eu paro.
— Merda! — Eu olho para a mesa da cozinha. — Onde eu as coloquei?
— Eu giro.

— Eu não sei, — diz ele, fechando a porta atrás de si.

Seus olhos percorrem meu pequeno apartamento, parando na bagunça


no chão da sala.

Eu levanto um dedo. — Eu volto já.

Corro para o meu quarto e pego as licenças na cômoda.

— Aqui estão elas. — Eu os aceno na minha mão, entrando novamente


na sala.

Ele me dá um olhar de soslaio. — O que está acontecendo aqui? — Seus


olhos firmes se movem para a bagunça no chão.

— Oh, minha empresa me forneceu este apartamento, mas não há lugar


para eu trabalhar. Então eu comprei uma mesa na internet. Eu só não sabia
que ia ser um pé no saco para montar. É um trabalho em progresso.

Ele vai até a madeira problemática, pega uma, inspeciona e então olha
as instruções. Ele encaixa as duas peças como eu tinha feito antes de sua
visita.

— Venha aqui. — Ele cutuca.

Eu coloco as licenças no sofá e vou até ele. Se ele está se oferecendo


para ajudar, eu aceito!

— Segure este. — Ele indica com a cabeça. — Sim, é isso. Mantenha-o


contra lá.
Ele segura a outra peça e começa a aparafusá-la.

— Ok. Eu não sou uma idiota. — Eu ri. — São necessárias duas pessoas
para montar a maldita coisa.

Ele olha para mim com um pequeno sorriso, o primeiro que vejo nele.

É eufórico.

Vinte minutos depois, ao contrário de mim, a mesa está montada. Ele


pega as ferramentas e as coloca sobre a mesa.

Seus olhos finalmente encontram os meus. — Para onde está indo?

— Bem ali. — Aponto, incapaz de desviar o olhar, querendo ver aquele


sorrisinho mais uma vez.

Quando tenho toda a sua atenção, quando sua visão pertence a mim,
não quero deixá-la ir.

Brett Daxon é definitivamente algo com o qual eu poderia ser egoísta.

— Pegue do outro lado.

Eu vou para o meu lado. Levantamos e carregamos a mesa até seu


destino.

— Obrigada.

— Sem problemas. — Ele balança a cabeça, deslizando as pontas dos


dedos nos bolsos da calça jeans. Músculos estalam e se projetam em seus
braços definidos, alimentando meus olhos famintos.
— Eu sinto muito. — Meus olhos errantes se voltam para os dele. —
Você veio para entregar o contrato e eu já coloquei você para trabalhar. —
Eu rio, indo até o sofá para pegar as licenças.

— Eu não me importo, — diz ele, sua voz calma bate na minha espinha
até meu pescoço aquecido.

Eu me movo em direção a ele, segurando as licenças.

Ele as pega, mantendo a outra mão no bolso da frente da calça jeans.

Seus olhos pousam em mim. — Você é a diretora de marketing da


GrandMark, certo?

— Sim.

— E você está supervisionando o projeto de sua nova localização?

— Eu estou. — Eu sorrio, entendendo onde ele quer chegar. — Está fora


do normal, mas quando souberam que organizei a abertura em uma das
empresas em que trabalhei, acharam que eu seria uma boa opção para fazer
esta. Ainda sou obrigada a fazer meu trabalho regular de adquirir novas
contas na área.

— Você tem família aqui?

— Não. Eu sou da Califórnia. Meus pais e meu irmão ainda moram


lá. Eu vou para casa na maioria dos feriados importantes, mas, como você,
presumo que seja dono do seu próprio negócio, sou movida pelo trabalho.

Seus olhos escuros se lançam sobre mim, e seu rosto endurece. — Por
que você voltaria?
— Foi uma boa oportunidade para mim. — Então isso me atinge. —
Oh, você quer dizer Glenn?

Sua sobrancelha se levanta.

— Não tenho medo dele. Sim. Ele me machucou. Foi a primeira vez que
um homem fez isso comigo. Foi a primeira e a última, — enfatizo. — Mas,
acredite em mim, não é o tipo de cara que estou tentando atrair nem
nada. Depois que começou, demorei algumas semanas para sair dela. Mas
ele está a uma hora daqui. Ele não sabe que estou na cidade, então não é
como se ele viesse me procurar.

— Sim, — diz ele, os olhos fixos nos meus. — Eu não acho que você
precisa se preocupar com ele.

— Eu não estou. — Eu levanto meu queixo. — Ele não me assusta. Eu


nunca vou deixar ninguém fazer comigo o que ele fez. Levei um ano para
superá-lo. Fui ao aconselhamento e conheci muitas mulheres fortes. Estou
pronta para seguir em frente.

— Bom. — Seu olhar firme permanece comigo.

Deus! Eu poderia desaparecer na tempestade à espreita em seus olhos.

— A única coisa que ainda não fiz é namorar. — Que diabos?

— Isso é compreensível.

— Sério? Você acha? — Eu rio, digo isso ao meu pobre vibrador usado
demais. — Também não fui tocada, muito menos beijada.
Eu mordo meu lábio inferior, para que mais merda desesperada não
saia dele.

Não sei por que confessei isso a ele.

Pode ser que ele esteja parado aqui e ouvindo sem nenhum julgamento
aparente gravado em seu lindo rosto. Ou porque ele é a única pessoa, além
do grupo que eu frequentava em New Hampshire, que sabe o que
aconteceu com Glenn. Nunca contei à minha família ou amigos. Eu sou o
tipo de pessoa que cuida de mim mesma.

Pelo menos, pensei que era até ir ao aconselhamento. Foi quando


percebi o que Glenn tinha feito comigo. Não era algo com que eu pudesse
lidar sozinha. Eu não fui apenas espancada pelo meu namorado. Eu fui
abusada. Foi real e acontece com as mulheres mais do que deveria.

Eu precisava de ajuda e minha mãe ficaria orgulhosa de mim porque eu


pedi. Fui ao aconselhamento.

Seus olhos caem para meus lábios intocados.

Eu o observo olhar para minha boca. Esqueço por um momento o que


Glenn fez comigo.

Eu me perco em como seria ter a boca de Brett pressionada contra a


minha.

Prová-lo. Senti-lo de forma saudável. De certa forma, um homem deve


me fazer sentir.
— Você me beijaria? — As palavras saem da minha língua como se não
houvesse problema em dizê-las em voz alta.

Que porra! Por que diabos eu disse isso? Ele provavelmente pensa que
estou desesperada! Eu estou, mas... o que eu estava pensando?

Merda! OK. Está lá fora. Tarde demais para recuperá-lo. Eu mantenho


meu queixo erguido.

Eu disse. Agora devo possuí-lo.

Seus olhos se levantam lentamente para os meus. Ele silenciosamente


me mantém prisioneira de uma forma que eu estou bem. Ele poderia me
deter, fazer o que quisesse, e eu deixaria. Eu confio neste homem, embora
não o conheça.

Bem, acho que sim. O suficiente para eu beijá-lo. Não há mal nenhum
em um beijo, certo?

Ele dá um passo mais perto. Meus joelhos relaxam e minha respiração


fica presa na garganta.

— É isso que você quer? — Sua cabeça se inclina. Seus lábios quase
tocam os meus.

Hipnotizada por sua boca, nunca quis mais nada.

Eu levanto meus olhos para os dele. — Sim.

Ele olha para mim. Sua boca se abre. Eu espero um fôlego por sua
resposta. Ele vai fazer isso? Oh Deus! Espero que ele continue com isso.

— Por que? — ele pergunta em um tom profundo e rouco.


Porque quando olho para você, me sinto mulher de novo. Uma mulher
desejada de uma forma sexual, mas saudável. Não me sinto assim há anos.

Felizmente, essa merda não saiu da minha boca.

— Depois... bem, você sabe. — Eu dou de ombros. — Isso pode me


ajudar a seguir em frente nessa área. — Sim. Isso parece bastante
razoável. Não pareço muito idiota, certo?

Ele permanece a um centímetro de distância enquanto prendo a


respiração, ficando azul por dentro.

— Sinto muito, Cassie. — Seus olhos firmes permanecem fixos nos


meus. — Acho que você está me confundindo com outra pessoa.

— O que você quer dizer?

— Seu próximo beijo deveria vir de alguém mais…— Ele faz uma
pausa como se procurasse a palavra certa. — Gentil.

— Gentil? — Minhas mãos se apertam. — Eu não quero gentil. Eu não


sou uma boneca frágil. Eu não estou quebrada. Eu estava em uma situação
ruim e saí dela. Claro, com sua ajuda, mas sobrevivi.

— Sim. Estou feliz por poder estar ao seu lado e por você estar
seguindo em frente. Você passou por algo horrível.

— Certo. E eu me recuso a deixar aquele monstro tirar quem eu sou e o


que eu quero de mim. Eu não estou procurando ser mimada. Não era eu
antes de Glenn, e certamente não sou eu agora. Não é justo. Ele não deveria
definir minha vida.
— Não. — Ele se endireita, distanciando sua boca da minha. — Não
deveria ser e, pelo que vejo, não foi. — Ele levanta as autorizações. —
Obrigado por isso. Minha equipe e eu estaremos lá para iniciar o projeto às
sete horas. Se precisar de alguma coisa antes disso, você tem meu número.

Eu apenas disse a ele o que precisava dele, e ele me negou!

— Obrigada, — eu sussurro, envergonhada até os ossos por sua


rejeição.

— Tenha uma boa noite, Cassie. — Ele acena com a cabeça e sai pela
porta.

Eu balanço minha cabeça.

Eu pedi a ele para me beijar! Eu sou uma idiota.

Agora, serei forçada a passar os próximos dois ou três meses com


ele. Como vou superar isso? Como posso olhá-lo nos olhos novamente sem
voltar à sua rejeição?

Eu levanto meu queixo. Eu vou superar isso. Já passei por coisas piores.

Sim. Eu estarei bem. Sou uma mulher forte e independente.

Vou superar esse momento embaraçoso e trivial também.


Capítulo Oito
Brett

— Puta merda. — Cole está de pé, de boca aberta com um martelo na


mão.

Lix e eu seguimos seus olhos.

Eles piscam para mim.

— Essa é ela? — Cole olha para trás, para Cassie, fazendo seu caminho
majestoso entre os escombros. — Mano, ela é linda pra caralho.

— Ela? Quem? — Lix vai até Cole para ver por que ele está babando.

Pego o pedaço de madeira que acabei de cortar. — Ela é a chefe,


Lix. Portanto, não tenha ideias. — Eu lanço a ele um olhar firme.

— Droga, ela está bem. — Lix assente.

Eu empurro a madeira para ele. — Aqui.

Sem tirar os olhos de Cassie, ele agarra o pedaço de madeira.

— Oi, — diz Cassie, cumprimentando a todos nós com seus lindos


olhos azuis cristalinos. Eles param em mim. — Como vão as coisas?
— Bem. — Passo por cima de uma parede de gesso quebrada no chão e
vou até ela. — Senhorita Redmon, estes são meus irmãos, Cole e Lix. — Eu
aponto.

— Prazer em conhecê-la. — Cole aperta a mão dela, todo cavalheiro.

— Olá, senhorita Redmon. Eu sou Lix. Esse é Cole. — Lix indica com a
cabeça enquanto ele estende a mão para pegar a mão dela.

— Prazer em conhecê-los e, por favor, me chame de Cassie.

— Sim, senhora, — Lix diz com um sorriso suave.

— Então seu nome é Lix?

— Sim, é a abreviação de Felix.

— Ah, Lix. Agora eu entendi. — Ela sorri.

Foda-se se esse sorriso não ilumina todo o rosto dela. Eu não achava
que ela poderia ser mais bonita até que ela atirou em mim em plena
floração outra noite enquanto estávamos construindo a mesa. E a risada
dela deve ser o som mais doce que meus ouvidos já ouviram.

Como não beijei essa mulher quando tive a chance?

Seus olhos se voltam para mim. — Parece que as coisas estão indo
muito bem.

— Sim, — Lix entra na conversa. — Este edifício tem bons ossos.

Cassie se vira para ele. — Foi construído em 1987 por um homem


chamado Clement Putnam.
— Era uma escola para cegos, certo, — Lix responde em um tom mais
de não tentar transar.

— Sim. — Sua cabeça se inclina enquanto ela inspeciona meu


irmãozinho. A maioria das pessoas não sabe que há mais do que aparenta
quando o vê. Ele é um garoto bonito, mas também é superinteligente. —
Está correto. Eles construíram um novo em Newkirk Drive. Este está
abandonado há três anos. Você conhece suas coisas.

— Sou o demolidor da equipe. — O peito de Lix incha. — Gosto de


saber a história do que estou destruindo. Você sabe, me certificar de dar o
respeito que merece. Putman construiu alguns outros na área. São todos
edifícios sólidos. Bonito também. Você escolheu um bom aqui.

— Tenho certeza de que vai ficar ainda mais bonito quando terminar.
— Ela sorri.

— Sim. Será. — As sobrancelhas de Lix movem-se com confiança. Seus


olhos demoram um pouco demais.

Os olhos sorridentes de Cassie se movem para Cole. — O que


aconteceu com o seu rosto?

— Uma viga acertou, — diz ele com um sorriso.

Ela olha para as mãos dele. — Acertou você aí também?

— Sim. — Ele mantém seu sorriso, não olhando na minha direção.

Eu disse ao idiota para inventar uma história melhor.


— Bem, — ela o estuda como ela tinha feito com Lix. — Deve ter sido
uma viga e tanto. —

— Era, mas eu cuidei disso.

Suas sobrancelhas se juntam. — Como assim?

— Eu cortei e usei como lenha.

— Eu vejo. — Ela acena com a cabeça. — Bom para você. Tenho certeza
de que aquela viga teve o que merecia.

— Com certeza, — diz ele com um sorriso revelador dos dentes.

— Você precisa de alguma coisa, Cassie? — Eu entro na conversa antes


de Lix tentar atacar nossa nova chefe, e os eufemismos de Cole ficam mais
óbvios.

— Não. Eu só queria parar para ver como as coisas estavam indo. Estou
feliz por ter conhecido todos vocês.

— Estamos fazendo um bom tempo. — Viro a cabeça e digo por cima


do ombro: — Lix, a ala oeste está pronta?

— Sim, Erickson está arrumando tudo agora.

— Por que você e Cole não lhe dão uma mão, e eu vou levar Cassie
para fora. — Eu volto, meus olhos pousando nos dela.

— Mas eu...

— Nós temos isso. Prazer em conhecê-la, Cassie, — Cole diz, então


ouço um tapa no peito antes de seus pés se arrastarem atrás de mim.
— Eles parecem legais.

Eu levanto meus ombros e sigo em direção à saída. Legal, não é assim


que eu os descreveria.

Ela segue ao meu lado até o estacionamento.

— Seus irmãos, você sabe...? Eles também são acompanhantes?

Porra Cole! Vou dar a ele outro olho roxo para combinar com o que ele
já tem.

Eu paro e olho para o estacionamento. — Meus irmãos são bons


trabalhadores e farão um excelente trabalho na conclusão do projeto.

— Ok, — diz ela, obviamente entendendo.

Não vou dizer mais nada a ela.

Omissão é foda. Deixa portas indesejadas abertas.

Eu deveria mentir para ela.

Algo dentro de mim me proíbe de fazer isso.

— Sobre a outra noite...

— Não se preocupe com isso, — eu a interrompi, verificando os


veículos, qualquer coisa menos ela e aqueles olhos explícitos. — Não vai
causar nenhum problema entre nós enquanto eu estiver trabalhando. Eu já
tinha esquecido disso.

— Você tinha esquecido?

Meus olhos se fixam nos dela. — Sim.


Não quero que ela pense que não pode trabalhar comigo porque está
envergonhada por causa da outra noite. Não vou deixar que ela se sinta
humilhada ou desconfortável. Ela já passou por bastante.

— Bem, eu não fiz. — Seu queixo levanta enquanto ela mantém suas
gemas azuis firmes em mim. — Eu queria te dizer que não vou desistir.

— De que?

— Você, — diz ela em um tom mais rouco. Um que ondula através de


mim. — Eu entendo que você acredita que estou quebrada, e talvez eu
esteja procurando você porque você me faz sentir segura. Isso
provavelmente é parcialmente verdade. Sinto que posso confiar em
você. Eu não tenho medo de você... — Ela faz uma pausa como se estivesse
coletando suas palavras seguintes, mas eu ainda estou preso em que ela
não tem medo de mim. — Sinto-me atraída por você e gosto de conseguir o
que quero. Então não vou desistir de você, Brett Daxon. Eu vou chegar até
você com tudo o que tenho. A menos, é claro, que você não se sinta atraído
por mim? — Seus olhos piscam para mim, esperando pela minha resposta.

— Eu te disse antes. Eu não sou o cara para você.

— Sim. Eu ouvi o que você disse. Então você não se sente atraído por
mim? Você não queria me beijar?

Porra, ela é franca e tempestuosa. Isso só está me fazendo desejá-la


mais. Porra!

Eu olho para ela.

— Você não pode me definir por aquela noite.


— Eu também não posso ignorar isso, — eu respondo a verdade.

— Justo. — Seus lábios finos.

Meus malditos pés, como dois idiotas com vontade própria, me


aproximam dela.

Ela olha para mim, mantendo-se firme enquanto move a terra para que
eu acabe mais perto dela.

Eu reconheço dois lados de Cassie Redmon. A mulher exposta daquela


noite terrível e a mulher determinada que é por causa disso. Inferno, não
há dúvida em minha mente, ela sempre foi aquela mulher.

Essa é a que eu quero foder.

— Sim. — Eu me inclino, aproximando seus lábios e testando meu


controle. — Vejo que você não tem medo de ir atrás do que quer. E embora
eu não seja como Glenn, — eu paro, dizendo seu nome parecendo errado,
mas eu preciso fazer meu ponto. — Meu apetite é muito difícil de
alimentar. Então você vê, você pode acabar mordendo mais do que pode
mastigar.

Ela olha para mim, provavelmente digerindo o que eu disse. Talvez eu


a tenha assustado. Eu estou bem com isso. É melhor do que dar a ela o que
ela quer. Ela não sabe o que está pedindo. Ela só conhece a parte de mim
comprometida em ajudar mulheres na mesma situação em que minha mãe
se encontrava.

Há mais em mim do que aparenta, como meu irmãozinho.


— Então... — sua cabeça se inclina e os olhos semicerrados — ...você se
sente atraído por mim?

Minha mandíbula aperta. Ainda assim, sou incapaz de mentir para


ela. — Não importa, — eu digo, rangendo os dentes.

— Oh. — Ela se inclina perto da minha orelha esquerda. Seu cabelo


macio escova meu rosto, provocando minha pele. — Mas isso importa, —
ela sussurra.

Seu hálito quente e sua voz rouca causam arrepios na minha


espinha. Seu delicado perfume feminino provoca minha determinação
insensível. Com as mãos ansiosas para pegar o que ela está oferecendo,
desligo qualquer resposta tentadora.

Grandes olhos azuis balançam até mim. Um sorriso surge em seus


lábios como se ela soubesse que cada parte de mim está acesa para ela. —
Tenha uma boa noite, Brett.

— Você também. — Eu sorrio, desejando que a rigidez que ela causou


em minhas calças relaxe enquanto a vejo ir embora.

Espero o carro dela sair do estacionamento e desço a rua para dar ao


meu pau, junto com o resto do meu corpo, tempo para se recuperar antes
de voltar para meus irmãos.

Cole se aproxima com um sorriso enorme em sua caneca. — Oh-oh,


mano. Ela definitivamente dorme no lustre.

— Foda-se! — Eu o empurro no peito.


A última coisa em que preciso pensar é Cassie Redmon nua.

— Merda! Eu não a esperava. Porra, ela é linda, — Cole me dá um soco


no braço. — E ela é gostosa para você. — Ele ri.

— Cale a boca, — eu advirto com um dedo apontado.

— Sério, você está fodido. — Balançando a cabeça, ele se move para


pegar uma parede de gesso do chão.

Não, merda! Cassie Redmon é corajosa, sexy, inteligente e determinada.

Devo ficar longe dela.


Capítulo Nove
Cassie

— Olá, Shelby. Como você está?

— Oh meu Deus! Cassie! Não tenho notícias suas há quase duas


semanas. Tanta coisa aconteceu no pouco tempo que você se
foi. Assinamos contrato com uma nova gráfica e eles simplesmente não
conseguem acertar os vermelhos. É como se eles tivessem suas
configurações em RGB ou algo assim. Ah, e Chad e Lucy. Sim, eles
finalmente ficaram juntos. Não que a gente não tenha visto isso vindo
depois da festa de Natal e um cara passou no escritório outro dia te
procurando, ele era gostoso, mas não deixou cartão. Disse que voltaria e
por falar em gostoso. Ouvi dizer que sua assistência Matthew é lindo...

— Shelby, — eu interrompo.

— Sim?

— Você está divagando.

— Oh, desculpe por isso, chefe, — ela diz com uma risadinha. — Você
me conhece. Eu sempre tenho algo a dizer. O que você precisava?
— Folhetos. Você pode me enviar as provas de Amber Skin Care e,
vamos ver, Beauty Proxy? Tenho que me encontrar com um cliente em
potencial e queria mostrar algumas das nossas coisas.

— Claro, e que tal TrueNorth Beauty. Eu amo esse. As cores são


incríveis, a impressão era da nossa antiga empresa e estão recebendo muita
exposição. Agora me fale sobre aquele assistente, Matthew. Você o está
usando como deveria? Na verdade, ele não deveria estar pedindo essas
coisas? Eu me lembro quando comecei e você...

— Shelby?

— Sim, chefe.

— Você está divagando de novo.

— Bem, se você não esperasse tanto para me ligar, eu não teria tanto a
dizer. Você pode ligar apenas para conversar. Você sabe, eu estou aqui
para você.

Ela está sempre tentando ser minha amiga, mas aprendi a nunca
misturar vida pessoal com negócios.

Embora eu esteja quebrando essa regra para Brett Daxon, por mais
confuso que seja, temos história. Seja curto ou breve. É eterno.

Preciso saber mais sobre ele. Eu farei qualquer coisa para fazê-lo.

— Eu sei. — Eu sorrio, imaginando seus grandes olhos castanhos


piscando para mim, esperando por uma resposta. — Tenho estado ocupada
me instalando aqui. Você poderia enviar o material para Matthew? Vou
enviar uma mensagem de texto com o endereço do escritório?

— Vou fazer.

— Então, como vão as coisas por aí?

— Tudo está bem. Estou mantendo seu assento bem


aquecido. Encontrei-me com a Amber Skin Care ontem e eles ficaram
impressionados com as estratégias e relatórios de marketing. E eu sei que te
dei um empurrão, mas Kim se encaixa perfeitamente. Ela está indo muito
bem como minha assistente.

— Fico feliz em saber que Kim está fazendo um bom trabalho


mantendo seu assento aquecido. — Eu ri. — Devo estar de volta no
máximo em três meses, e todos os nossos traseiros estarão em seus devidos
lugares.

— Mal posso esperar! Não que eu não esteja me divertindo


comandando o show aqui. Tem sido incrível e todos aqui são muito
prestativos, exceto Karen. Não sei como você trabalhava com ela
diariamente. Eu me imagino esfaqueando o olho dela pelo menos dez
vezes por dia, mas...

— Divagações, — enfatizo na cela.

— Sim. Estou trabalhando nisso, mas como disse, não falo com você há
semanas. De qualquer forma, ouvi dizer que os empreiteiros já estão no
local e se movendo rapidamente.

— Sim, eles devem cumprir a data de projeção.


— Então, como é estar de volta à Flórida? Ficando com algum
namorado antigo? Ou algum amigo? Está quente? Nunca estive na Flórida,
mas dizem que lá sempre faz sol. Oh. — Uma risadinha vem da cela. —
Estou divagando de novo, não estou?

— Sim, Shelby. — Eu ri.

— Tudo bem, vou falar com seu assistente e pegar esses folhetos. Não
seja uma estranha, ok?

— Eu não vou. Falo com você mais tarde. — Eu termino a chamada.

Se ela soubesse. Ela é provavelmente a coisa mais próxima que tenho


de uma amiga agora, e isso é triste, considerando que nunca saímos para
jantar ou beber juntas.

Eu tinha amigos na Flórida. Beca e Lexi. Elas começaram como colegas


de trabalho como Shelby, mas eu as deixei entrar. Elas eram meu
pessoal. Minhas garotas. Amigas de bebida e guardiões de segredos. Mas
quando saí da Flórida, tive que deixá-las para trás.

Eu não poderia ter Glenn me encontrando através delas.

Matava-me ignorar as suas chamadas.

Não é como se Glenn não as conhecesse. Saímos para jantar com Lexi e
seu noivo, Drake, algumas vezes.

Sim, eu perdi o casamento deles. Foi há três meses.

Tenho certeza de que Alley estava lá, sozinha. Nos três anos que a
conheci, ela era solteira. Ela nunca gostou muito de Glenn. Ela disse que
havia algo nele que parecia estranho. Eu deveria ter prestado mais atenção
aos instintos da minha amiga.

Rezei para que Glenn não mantivesse contato com elas. Espero que ele
tenha deixado minhas amigas em paz. Espero que ele tenha seguido em
frente, mas se o fez, isso significa que ele pode estar por aí fazendo com
outra mulher inesperada o que fez comigo.

Eu me sinto mais culpada por isso. Não considerei Glenn responsável


pelo que ele fez comigo.

Eu corri.

Ele pode estar lá fora machucando outra pessoa, e a culpa seria toda
minha.

Eu tento não pensar sobre isso.


Capítulo Dez
Brett

Eles chamam meu nome.

Eu me levanto, passo pelo detector de metais, seguro meu passe e


espero que o guarda me chame para entrar. Uma vez dentro da grande sala
sombria, vou direto para a máquina de venda automática para pegar um
refrigerante para mamãe e alguns de seus lanches favoritos...

Encontrando um assento, sento-me na cadeira de plástico frio que


parece gramado à mesa para esperar por ela.

Cole, Lix e eu nos revezamos para visitá-la todo fim de semana. Não
importa o que está acontecendo em nossas vidas. Nós vamos.

Estou feliz que é a minha vez. Eu preciso de uma pausa de


tudo. Preciso ver o rosto da minha mãe.

Tem sido uma semana infernal.

Cassie esteve no local todos os dias esta semana para verificar as


coisas. É difícil ignorar o que ela faz com meu corpo quando está por
perto. Ainda mais difícil resistir a seus olhos errantes. Ela não “veio para
cima de mim” como alegou que faria.

Não deliberadamente, de qualquer maneira.

Ainda assim, é como se ela soubesse que apenas estar por perto fode
comigo.

Isso me faz querê-la mais.

Não tenho certeza do que fazer com ela. Ela é uma vítima. Ela é
vulnerável. Ela pode pensar que sabe o que quer, mas não posso depender
disso se ceder a ela.

As mulheres não necessariamente me chamariam de doce ou


gentil. Quer ela queira acreditar ou não, depois do que ela passou, é o tipo
de homem que Cassie precisa.

Tive alguns relacionamentos, mas nenhum durou mais do que alguns


meses. As mulheres com quem namorei sempre quiseram mais do que eu
poderia dar. Elas querem uma parte de mim que me recuso a
compartilhar. Elas querem transparência e honestidade. Minha vida é
muito foda. Entre o meu passado e o serviço de acompanhantes, as coisas
que faço para ajudar as mulheres, não posso confiar essa merda a ninguém.

A porta se abre e as internas saem.

Meus olhos encontram os de mamãe. Ela sorri para mim. É como se eu


fosse criança de novo. Dentro de seus olhos afetuosos, sinto-me amado e
seguro. Ela se sacrificou tanto pelos meus irmãos e por mim. Durante anos,
suportando todo o abuso, ela tentou nos manter seguros. Até que, um dia,
ela não foi suficiente para o bastardo, e ele se virou para nós. Cole e eu
sempre conseguimos mantê-lo longe de Lix. Com apenas oito anos na
época, Lix saiu ileso.

A visão de mamãe não se afasta da minha quando ela se senta na


cadeira à minha frente. Olhos brilhantes e sorriso caloroso, mesmo em um
lugar escuro como a prisão, sou grato por vê-la.

— Oi, mãe, — eu digo, colocando um sorriso. — Você parece bem. Você


fez algo diferente com o seu cabelo.

— Sim. — Ela o toca com uma leve felicidade. — Minha nova


companheira de cela, Jazmine, trançou para mim. Ela é uma garota
doce. Eu gosto dela.

— Parece legal.

— Obrigada. — Sua mão abaixa enquanto ela olha para os lanches na


mesa. — Você não precisa continuar me comprando essas coisas toda vez
que vier. — Seus olhos se erguem para mim.

— Eu não me importo. — Porra. Eu odeio que ela esteja aqui. — Temos


uma nova advogada olhando para o seu caso.

— Brett, — seu rosto endurece como costumava ser quando Cole e eu


brigávamos por algo estúpido quando crianças. — Eu lhe disse para não
desperdiçar seu dinheiro com outra advogada.

— Não está sendo desperdiçado, mãe. — Coloquei minhas mãos sobre


a mesa, juntando-as, preparado para a luta. — Ela é muito boa. Dê uma
chance a ela.
— Estou quase terminando, querido. — Seus olhos suavizam. — Só
tenho mais alguns anos pela frente. Você precisa parar de gastar dinheiro
com advogados para mim.

— Eu não me importo. Não quero você aqui nem mais um dia, muito
menos mais oito anos. — Eu suspiro. — Ela está mandando a
papelada. Apenas assine. Ok?

Ela respira fundo e solta. — Ok.

— Obrigado, — eu digo, feliz por não ter que desperdiçar a visita em


uma discussão.

— Então... — Ela pega seu refrigerante. — O que há com seu irmão,


Cole?

— Ele está bem. Por que?

— Quando ele veio nos visitar na semana passada, seu rosto estava
todo machucado. Ele entrou em uma briga? — Ela segura a lata, sem abri-
la.

— Sim, com uma viga. — Eu ri.

— Uma viga? — Suas sobrancelhas se curvam. — Eu sou sua mãe,


Brett. Eu sei quando você está mentindo para mim.

— Ele está bem, mãe. De verdade. Eu diria a você se houvesse algo com
que se preocupar.

Ela me encara por um longo tempo. — E Félix?


— Ele está bem também. — Eu arqueio uma sobrancelha. — Você ainda
não o chama assim, chama?

— O que? Félix?

— Sim, ele atende por Lix. Ele não gosta de ser chamado de Felix
porque, você sabe.

Seu nariz enruga. — Eu sei, mas parece tão, não sei, obsceno? — Ela ri.

— Acredite em mim. Combina com ele. — Eu rio.

— Sim, ele é meu filho selvagem. — Ela inclina a cabeça com um


pequeno sorriso e olha ao redor da sala. — Então, ouvi dizer que vocês,
rapazes, conseguiram um novo emprego. Cole disse que isso ajudará o
negócio a obter algum reconhecimento.

— Estamos reformando um prédio antigo para o GrandMark. É uma


empresa de marketing. Eles são nacionais, então sim, é um grande negócio.

— Isso é ótimo. Estou tão orgulhosa de vocês, rapazes. E essa tal de


Cassie?

Pego de surpresa, minha cabeça se inclina para trás.

— Sim. Seu irmão também a mencionou. — Ela sorri.

— Ela está no comando de tudo.

— Ele disse que você gosta dela.

— Ela é legal o suficiente, — eu digo, não prestes a mentir para ela.


Suas sobrancelhas se erguem. — Há algo mais acontecendo entre vocês
dois?

— Não, — eu digo, feliz por não ter que mentir sobre isso também. Eu
não dei uma mordida na maçã tentada. Pelo menos, ainda não.

— Por que não?

— Ela é nossa chefe.

— Então você está tentando mantê-lo profissional?

— Estou mantendo isso profissional.

Ela abre o refrigerante. — A vida é curta, Brett. Eu só quero que você


seja feliz. Então, se você gosta dessa mulher, não tenha medo de ficar com
ela.

— Tenho trinta e um, mãe. Eu não estou com medo. Ela simplesmente
não é para mim.

— Por que não?

— Ela precisa de alguém que eu não sou.

— Alguém que não é você, ou alguém que você tem medo de ser? E não
me venha com essa merda de não ter medo. Tenho cinquenta e quatro anos
e as coisas ainda me assustam.

— Que coisas? — Meu corpo fica tenso. — Você está bem? Alguém está
te ameaçando aqui? Juro...
Sua mão pousa na minha. — Não filho. — Ela olha para o guarda e
puxa a mão para trás. — Estou aqui há tempo suficiente para saber como
me comportar, mas me preocupo com você e seus irmãos.

— Não se preocupe conosco. — Meus ombros caem, sabendo que ela


pode se virar na prisão. Ela não deveria estar aqui. Ela não pertence a este
lugar. — Estamos bem, mãe.

— Bem? Tenho três filhos lindos e inteligentes que são donos de seus
próprios negócios e cuidam de si mesmos, mas nenhum de vocês tem
namorada ou namorado, aliás.

Eu rio. — Mãe, nenhum de nós é gay.

— Eu não me importo com o que você é. Estou preocupada com todos


vocês. Eu quero que você ame alguém, alguma coisa. Não estive ao seu
lado durante sua adolescência, quando você mais precisava de mim. Eu
não estava lá para ajudá-lo com garotas e encontros e coisas para as quais
uma mãe deveria estar lá, — ela diz, com os olhos marejados.

Eu odeio essas visitas mais. Ela tenta fazer uma boa cara, mas às vezes
ela desiste. Ela tem tanta culpa. Isso me mata.

— Não é sua culpa que você não estava lá para nós. É dele. Nós não
culpamos você, — eu digo, estudando-a e esperando que ela aceite a
verdade.

Culpamos nosso pai e homens como ele. Nenhuma mulher deveria ter
que passar pelo que ela passou. Nenhuma mulher deveria ter que se
preocupar com seus filhos. Nenhuma mulher deveria tê-los tirado dela por
se defender ou tentar mantê-los seguros.

É por isso que meus irmãos e eu vamos sozinhos. Para que possamos
continuar ajudando mulheres espancadas como mamãe. Se estivéssemos
em um relacionamento, seria difícil explicar as ligações noturnas, os
hematomas e a raiva que sentimos por tudo isso.

Não é fácil ver o espírito espancado e quebrado de uma mulher, o


medo das crianças ou saber que, quando nos afastamos de seu agressor,
não podemos impedir que o merda faça isso de novo.

Minha mãe fez. Ela parou seu agressor, mas isso lhe custou.

Claro, em oito anos, ela pode pedir liberdade condicional. Isso não
significa que ela vai conseguir.

Não se a rica família do meu pai tiver algo a ver com isso.

Felizmente, mamãe se aventurou longe de todo o assunto namorada, e


o resto da visita se transformou em uma conversa mais leve e confortável.

Chego em casa, tomo um banho, coloco uma calça jeans e vou até a
cozinha tomar uma cerveja.

O elevador para o meu apartamento apita. É Cole ou Lix. Ninguém


mais tem o código para subir aqui.

O ding é o único aviso que recebo antes que um dos meus irmãos
invada minha casa.
Toalha secando meu cabelo, eu olho para as portas quando elas se
abrem.

A respiração é suspensa. Minha mão cai da minha cabeça. Agarro a


toalha molhada antes que ela caia no chão.

Os olhos azuis brilhantes de Cassie fixam-se nos meus quando ela entra
no meu apartamento.

De pé em nada além de um par de jeans desabotoados, eu a encaro


enquanto as portas se fecham atrás dela.

— Como você chegou até aqui? — Eu pergunto, encontrando minha


voz enquanto ainda estou seminu.

E vulnerável.

Seus olhos reviram meu corpo exposto. — Cole estava no escritório. Ele
me deixou entrar.

Claro, ele fez isso, porra, e ele fez isso sem me avisar. Eu vou chutar o
traseiro dele.

Eu jogo a toalha molhada em uma cadeira.

— Lugar legal. — Ela balança a cabeça, olhando ao redor do meu


apartamento de prestígio.

Eu sou meio que uma aberração por limpeza. Gosto de ordem,


inclusive em casa. Agora, eu sou grato por isso.
— Obrigado, — resmungo, desconfortável por ela estar sozinha
comigo. Estou com medo de que ela venha até mim com todas as suas
forças.

— Então o quarto fica nos fundos?

— Sim, — eu digo, ainda mais desconfortável. — E o banheiro. Cada


um de nós tem um apartamento.

— Sim. Você mencionou isso. — Ela volta para mim.

Seus olhos passam pelo meu peito nu, demorando-se por alguns
segundos antes de voltar para o meu rosto.

Sem saber o que fazer a seguir e me perguntando por que ela está aqui,
cruzo os braços sobre o peito. — Está tudo bem?

— Sim. — Ela ajusta a bolsa no ombro.

Observo cautelosamente enquanto ela caminha em minha direção com


uma blusa branca transparente e calças de cintura alta. Ela dominou a arte
de fazer trajes de negócios modestos parecerem sexy pra caralho.

Ela para na minha frente. Dando outra inspeção ao meu peito nu, ela
inclina a cabeça para trás até que seus olhos brilhantes encontrem os
meus. — Tenho um jantar amanhã com um cliente em potencial em
Sarasota.

Eu olho para ela, não perdendo o tom em sua voz quando ela
mencionou Sarasota, onde ela morava com Glenn.
É o primeiro vislumbre de medo que vejo em seus olhos desde aquela
noite terrível.

Ela está com medo de voltar lá.

— Você não precisa se preocupar com ele, — eu digo, incapaz de dizer


a ela a verdade desta vez.

Glenn está morto. Ele nunca mais vai machucá-la.

Ela olha para mim por alguns segundos.

O silêncio aumenta meu batimento cardíaco trovejando em meus


ouvidos. Sempre que estou perto dela, meus sentidos ficam fora de
sintonia. Eu não consigo pensar direito. Meu corpo fica quente e úmido ao
mesmo tempo. Isso me fode.

Seus olhos baixam para minha boca, parando por um momento antes
de se aventurar no meu pescoço e peito.

Ela é ousada. Destemida. E não tem medo de olhar para mim.

Porra. Eu quero estender a mão e puxá-la para mim. Sentir cada parte
de seu corpo moldado ao meu.

Desde a noite em que a conheci, senti essa conexão com ela. Eu não
conseguia parar de pensar nisso ou nela. Eu sempre me perguntei o que
aconteceu com ela.

Surpreendeu-me que, mesmo em seu estado mais fraco, ela era


forte. Sou atraído por sua força e excitado por seu poder de superar o que
ele fez com ela.
— Você poderia... — seus cílios longos se levantam — ...vir comigo?

Incapaz de desviar o olhar de seus olhos grandes e lindos, penso em


convencê-la de que ela não precisa se preocupar com seu agressor vindo
atrás dela. — Que horas?

— Sete.

— Eu vou buscá-la às seis, — eu digo contra o meu melhor julgamento.

Passar mais tempo com essa mulher é perigoso. É melhor deixar para
amanhã. Eu vou lidar com isso então.

— Obrigada, — diz ela com um pequeno sorriso. — Agora... — Seu


sorriso se alarga e se torna perverso. — Você gostaria de me mostrar o resto
do seu lugar? Eu adoraria ver.

Sem saber se ela está tentando entrar no meu quarto ou se estou


pensando demais no comentário, balanço a cabeça. — Talvez outra
hora. Está tarde.

Sua cabeça se inclina. Seus olhos caem para a minha boca, então
lentamente se movem de volta para cima. Sentindo o olhar aquecido direto
no meu pau, eu aperto minha mão.

— É isso mesmo, — ela diz em um tom rouco e encrespado.

Ela se vira e se dirige para o elevador.

Eu a sigo, pressiono o código e as portas se abrem alguns segundos


depois. Ela entra e se encosta na parede, segurando a barra atrás dela.

Ela respira fundo.


Seus seios empurrados para fora, provocando meu pau ainda mais.

— Você sabe, — ela me inspeciona com olhos ardentes. — Estou


começando a achar que te assusto. — Ela abrange meu corpo com olhos
astutos uma última vez. — E talvez seja você quem precisa ser tocado com
mãos gentis, Sr. Daxon.

Meus olhos encapuzam.

— Oh, senhorita Redmon, você não poderia estar mais errada, — eu


digo antes que as portas se fechem.
Capítulo Onze
Cassie

A reunião com a Blush Works correu bem.

Brett sorria com frequência e interagia com profissionalismo. Ele era


charmoso, amigável e sincero, o que é um cento e oitenta de seu habitual eu
sombrio, taciturno e quieto.

Não há dúvida sobre isso. Ele me ajudou a fechar o negócio.

Ele era perfeito.

Até esqueci onde estava e com quem estava preocupada.

A ameaça de Glenn era a última coisa em minha mente. Brett se


certificou disso. Só a presença dele já era o suficiente para eu me sentir
segura.

Saindo para o estacionamento, ele desabotoa o paletó e afrouxa a


gravata.

Ainda mantendo a fachada de cavalheiro, ele abre a porta para mim.


Eu olho para ele. Seus olhos cinzentos refletem a escuridão da noite
enquanto ele olha por cima do meu ombro, sem fazer contato visual.

Entro e ouço um ding como um alerta de mensagem em um celular,


mas não é meu.

Meus olhos se voltam para o para-brisa enquanto Brett se move na


frente dele. Ele tira a gravata e o paletó antes de entrar no veículo. Ele fecha
a porta e joga suas coisas no banco de trás.

Há outro ding.

Seus olhos se voltam para o porta-luvas, depois para mim.

— Não sou eu, — eu digo, levantando minhas mãos.

Seu celular toca. Depois de algumas semanas perto dele, eu conheço o


tom.

Ele estende a mão para trás, recupera o telefone de sua jaqueta e


atende.

— Sim? — Ele olha pelo para-brisa, ouvindo. — Espere.

Ele chega na minha frente e abre o porta-luvas. Ele puxa um celular,


aquele que está tocando, e fecha o porta-luvas. Ele verifica o novo telefone.

— Onde você está? — ele pergunta à pessoa ao telefone. — Estou em


Sarasota. — Seus olhos piscam para os meus. — Não. Eu não posso fazer
isso. — Ele concorda. — Vou enviar agora. — Ele desliga o celular e digita
algo no porta-luvas antes de jogá-lo de volta de onde veio.
Toda vez que ele se inclina sobre mim, sinto o cheiro de seu perfume
masculino. É quase o suficiente para me desviar da chamada obscura.

Quase.

Ele olha para mim. — Pronta?

Sobrancelhas levantadas, eu respondo: — Claro.

Ele coloca o carro em movimento, e vamos para a estrada.

Permanece em silêncio durante a maior parte do passeio. Meu cérebro


divaga para a primeira vez que estive neste veículo com ele.

Eu estava tão assustada e ferida. Cada músculo do meu corpo doía. Eu


sabia que a vida que tive nos últimos três anos estava prestes a mudar. Eu
não sabia o que ia fazer ou para onde iria.

Ainda assim, como agora, eu me sentia segura.

Algo nele me acalma.

Ele não precisa dizer nada.

Sua companhia é tudo que eu preciso.

Isso me leva a acreditar que é daquela noite terrível.

Como um cavaleiro de armadura brilhante, ele veio em meu socorro.

Não. Deve haver mais do que isso. Não sou uma donzela em
perigo. Concedido, eu estava naquela noite, mas não estou hoje.

Então, novamente, talvez eu seja.


Pedi a ele que viesse comigo.

Embora eu não precisasse dizer isso em voz alta, nós dois sabíamos o
porquê.

Eu estava com medo de encontrar Glenn.

Mais uma vez, Brett veio em meu socorro.

Porquê?

Ele poderia ter me recusado. Disse que estava ocupado.

Ele não me deve nada.

Eu é que estou em dívida com ele. Ele me deu a oportunidade de sair


com segurança de um relacionamento abusivo sem envolver a polícia,
minha família ou amigos. Consegui mantê-los a salvo de Glenn e do que
ele fez comigo.

Brett conhece meu segredo.

Ao contrário de qualquer outra pessoa neste mundo, ele me viu


vulnerável. Ele sabe que sou quebrável. Ele conhece minha força e o que ela
pode suportar.

Ou, melhor ainda, como esmagá-la.

Eu nunca vou deixar ninguém me machucar assim novamente.

Ainda assim, quando estou perto dele, é como se ele fosse minha
fraqueza.
— Então... — Eu limpo minha garganta. — Isso foi uma chamada para
o seu serviço de acompanhantes?

Observo sua mão apertar o volante. — Achei que tínhamos concordado


em não falar sobre isso. — Ele se vira para mim com um olhar severo.

— Não me lembro dessa conversa. — Ele pode assustar os outros com


essa expressão, mas não vai funcionar comigo.

— O tema não está em discussão. Nunca. — Seus olhos se movem de


volta para a estrada. — O que você viu naquela noite, o que você acha que
pode saber, esqueça.

— Por que?

— Porque... — seu olhar sombrio desliza para mim — ...as mulheres


dependem disso. Portanto, mantenha sua boca fechada. Você
entende? Você nunca pode falar sobre aquela noite. Não comigo ou com
qualquer outra pessoa.

A culpa se esgueira dentro de mim.

Ele tem razão. Ele tem todo o direito de ser duro comigo.

Estou sendo egoísta. O que ele faz e o que seus irmãos podem estar
fazendo é importante. Quero respostas, mas não posso procurá-las à custa
de outras mulheres que precisam dele.

— Eu sinto muito. — Eu concordo. — Não vou mencionar isso de novo.

Paramos no meu prédio.


— Obrigada, — eu digo no silêncio escuro, esperando que ele me
ofereça aqueles olhos cinzentos penetrantes.

Eles mudam meu caminho. A luz da rua os traz à vida enquanto seu
brilho reluzente examina meu corpo ansioso.

Eu olho para ele, descaradamente. — Você me acompanharia até a


minha porta?

A linha forte de sua mandíbula se aprofunda. Ele olha para o meu


prédio.

Eu vejo a luta dele.

Eu espero, segurando minhas entranhas retorcidas onde elas pertencem


na boca do meu estômago.

Eu não quero que ele vá embora.

Eu quero apenas um pouco mais de tempo com ele.

Ele estende a mão para a maçaneta, sai e abre minha porta.

Eu sorrio para ele quando saio do carro. Ele voltou a ser sombrio e
taciturno enquanto pegamos o elevador para o meu apartamento. Eu não
sou dissuadida. Vai ser preciso mais do que isso para me abalar.

Reajustando o lenço de seda em volta do pescoço, saio do elevador. Ele


me segue até a porta.

Eu paro, pego minhas chaves e olho para ele. — Obrigada por vir
comigo esta noite. Eu realmente não conheço ninguém aqui. Não mais. Foi
bom sair.
— Foi um prazer, — diz ele, não parecendo nem um pouco satisfeito.

Eu levanto meu queixo, exigindo contato visual.

Ele não me nega o que eu quero.

Ele me vê com olhos velados. Eu gostaria de saber o que ele estava


pensando sob aqueles misteriosos olhos semicerrados.

— Quer entrar? — Eu pergunto com uma voz firme.

— Eu acho que é melhor você entrar e ir para a cama, Cassie.

— Eu sei o que é melhor para mim, e não é isso, Brett.

Suas pálpebras pesadas abaixam. — Então o que é?

Aposto seu desafio. — Uma bebida e alguma companhia?

— Está tarde. — Seu tom rouco, como seus olhos brilhantes, perscruta
meu corpo pronto, me convencendo de que ele não está pronto para ir. Por
mais que ele esteja tentando lutar contra isso, ele também não quer que
acabe.

— Sim. — Eu engulo minha apreensão. — É, mas eu ainda gostaria que


você entrasse. — Eu o encaro, desconfiada de que ele recusará o convite,
mas não desanimada.

Vou concordar com a luta dele. Se não for hoje, um dia irei.

Eu me inclino para frente, absorvendo sua essência. — Eu não mordo,


— eu digo com uma leve risadinha, tentando quebrar seu comportamento
firme. — Pelo menos, não no primeiro encontro.
Sua sobrancelha escura arqueia. — Isso foi um encontro?

— Sim. — Eu sorrio. — Foi para mim.

Seu lábio superior se curva como se estivesse reprimindo um sorriso.

Seus olhos se movem para minha boca, depois para a pele nua exposta
em meu peito logo acima do meu vestido, e de volta para minha boca.

Porra, eu amo o jeito que ele olha para mim. É intenso, deixando-me
com tantas perguntas sem resposta. Boas que não quis me perguntar no
ano passado.

— Ok, Cassie. — Seus olhos se levantam lentamente de volta para os


meus. — Vou ficar para um drinque.

— Excelente. — Eu me viro e rapidamente destranco a porta, não


dando a ele a chance de mudar de ideia.

Ele me segue para dentro. Sinto minha sombra se fundindo com sua
presença próxima. Minha silhueta escura anseia por alcançá-lo e tocá-lo.

Eu o coloquei na porta. Agora, o que eu vou fazer?

Ele não é como nenhum outro cara que convidei para um drinque.

Ele é mais complexo, dobrado com uma abundância de substância


avassaladora.

Ele representa mais do que qualquer homem que encontrei.


Olhando para ele, você não saberia que ele está em uma missão para
ajudar, salvar e dar esperança às mulheres que sentem que não têm
nenhuma.

Colocando minha bolsa na mesa, eu pego dois copos e me viro. — O


vinho está bom? Não tenho cerveja nem nada.

— Vinho é bom. — Sua presença grande e sombria preenche minha


pequena cozinha enquanto ele me observa enquanto cuido de nossas
bebidas.

— Aqui está. — Estendo o copo, tentando esconder meus nervos


trêmulos.

Ele pega e olha ao redor da minha casa.

— Obrigada novamente por ter vindo esta noite. Normalmente fico


confinada neste minúsculo apartamento.

— É por isso que você está sempre aparecendo no canteiro de obras?

— Sim, — eu admito, minhas bochechas esquentando. — Eu fico


entediada. Espero que não seja um problema.

— Não. Não me importo com a distração.

— Eu te distraio? — A resposta surpresa surge antes que eu possa


desligá-lo.

— Sim, Cassie. — Como seu tom, a linha em sua mandíbula se


aprofunda. — Você me distrai.

— Parece que é uma coisa ruim?


Sua cabeça se inclina levemente. — Defina ruim.

— Você acabou de dizer que não se importa com a distração, mas


realmente parece que te incomoda.

— Sim.

— Por que?

— Gosto de ver você trabalhando. — Ele faz uma pausa e seus olhos
pesados deslizam sobre minha pele exposta. — É como me sinto quando
estou olhando para você que me incomoda.

— Como o que?

— Você é uma mulher inteligente. Você sabe como eu me sinto.

— Sim. Eu sei. — Eu coloco meu copo na mesa e caminho até ele,


pronta para mostrar a ele como estou feliz por ele reconhecer minha
inteligência. Pelo menos quando se trata dele. — Da mesma forma que me
senti ontem à noite quando estava na sua casa. — Pego o copo dele, coloco
no balcão e pego o primeiro botão de sua camisa.

Eu libero.

Ele olha para mim através das fendas de seus olhos sem emoção.

Eu libero o segundo.

— Isso é longe o suficiente. — Ele agarra meu pulso e o segura no ar.

— Não, não é, — eu digo com determinação, a força de seu aperto me


excitando.
Ele me estuda. — Eu quero que você se sinta segura.

Inclinando minha cabeça para trás, eu olho para ele, tentando entender
o que ele quer dizer.

Eu me sinto mais segura com ele.

— Ok. — Tiro o lenço de seda do pescoço. — Estenda as mãos.

Seu olho estremece.

— Vá em frente, — eu insisto, segurando o cachecol.

— Você acha que isso vai te deixar segura? — Ele estende as mãos com
um sorriso torto, mas obviamente está disposto a entrar no jogo.

— Não. — Eu amarro seus pulsos juntos. — Mas pode fazer você se


sentir seguro.

— Quando se trata de você... — ele se inclina, baixando a voz — ...nada


poderia me fazer sentir seguro.

O comentário me joga fora. Eu levanto minha cabeça, e nossos olhos e


boca ficam alinhados.

Em posição perfeita para um beijo.

Eu me contenho.

Não estou pronta para saber como seria a sensação de sua boca contra a
minha.

Ainda não.
— Vamos ver se podemos mudar isso, — eu digo, concentrando-me em
seu peito.

Meu desejo de tocá-lo reúne minhas forças. Termino de desabotoar sua


camisa e a puxo para fora de sua calça. Eu o arranco de seus ombros largos,
expondo seus músculos e carne bronzeada.

Arrastando meus olhos de sua perfeição, eu olho para ele. — Ontem à


noite, quando eu vi você... — Faço uma pausa, mantendo minhas forças
travadas e carregadas. — Eu queria saber como você se ficaria em minhas
mãos. Não toco em um homem há mais de um ano. — Eu o procuro. Ele
permanece estoico e silencioso, quase como se me desafiasse. — E agora eu
vou descobrir.

Sem esperar por uma resposta, coloco minhas mãos em seu peito,
atraída pela necessidade irresistível de senti-lo. Sua força irradia através de
mim, encontrando e amarrando meu desejo.

Amarrando-me com necessidade e desejo.

Eu corro minhas mãos sobre a extensão de seus ombros e desço seu


peito. Deslizo minhas pontas dos dedos ao longo de seus músculos
ondulantes do abdômen. Tudo nele, desde seu cheiro inebriante até a
sensação de sua pele macia e viril sob meus dedos, é impecável.

Eu não entendo isso. É como se ele tivesse sido criado para mim. Nós
nos encaixamos, e esse ajuste é incrível.

Eu inclino meu rosto contra seu peito quente, embelezado com a


quantidade certa de cabelo. Inspirar seu aroma enquanto ouve seu
batimento cardíaco constante. Meus sentidos sintonizam cada aspecto de
seu ser.

Perdida para uma intimidade que não sentia há muito tempo. Talvez
nunca. Minhas pálpebras abaixam.

Eu esfrego minha bochecha contra a suavidade de seu poder e escovo


meus lábios trêmulos sobre sua carne quente e acolhedora. A conexão
desperta as partes sensuais de mim - a mulher que ignorei por muito
tempo.

Eu me movo em sua pele com os olhos fechados. Minha boca explora


seu corpo.

Encontrando um mamilo, coloco meus lábios em torno dele.

— Cassie. — Ele diz meu nome em um sussurro rouco, quase


desesperado.

Eu lambo, mordo e chupo, querendo tirar tudo dele e tomá-lo bem no


fundo.

Sua mão desliza até a parte de trás do meu pescoço. Ele agarra meu
cabelo e puxa minha cabeça para trás.

Eu olho para seus olhos escuros encapuzados, sentindo o puxão firme


em minha boceta.

Como ele libertou as mãos?

Honestamente, eu não me importo.

Aquelas mãos lindas e poderosas estão finalmente me tocando.


— Pare, — diz ele em tom severo, embora isso me dê vontade de tirar a
roupa.

Suas narinas dilatam e seu peito sobe. Ele olha para mim com uma
mistura de raiva e desejo.

Eu aprecio a sensação de ser capturada por ele. Sua mão me


segura. Seus olhos perigosos me alertam sobre suas aspirações
provocativas.

— Faça-me, — eu desafio, permitindo que ele me domine com seu


aperto firme.

— Porra. Eu não posso, — ele murmura pouco antes de seus lábios


esmagarem contra os meus.
Capítulo Doze
Brett

Ela tem gosto de perigo.

Ignorando o claro aviso, eu devoro sua boca. Procurando por sua


língua, eu a atraio para mais perto com o beijo ilícito.

Eu agarro seu vestido e o arrasto para baixo de seu ombro. Minha boca
desliza ao longo de seu pescoço macio e esguio.

Com a língua provando sua carne, eu saboreio cada gosto.

Seus doces gemidos, o calor queimando sob meus lábios e o gosto de


sua pele proibida, ela é bem temperada.

É um salgado que meu pau não pode ignorar.

— Foda-se, Cassie, — eu assobio, olhando em seus olhos de pálpebras


pesadas.

Respirando com dificuldade, ela olha para mim com uma necessidade
desenfreada.
Eu testo sua disposição e pressiono minha dureza contra ela. Meus
quadris moldam seu corpo flexível.

Segurando a parte de cima do vestido dela em minhas mãos ansiosas,


eu digo: — Quero ver mais de você.

Aguardo qualquer hesitação. Quando nenhum dado é concedido,


lentamente puxo seu vestido para baixo, revelando um exuberante mamilo
rosa. Meu pau bombeia, engrossando e lutando contra minha carne
apertada.

Eu sofro por ela em todos os lugares.

— Você mentiu, você sabe. — Eu sorrio com sua aprovação.

— Como assim? — Ela respira as palavras.

O sussurro rouco envolve meu pau, dando-lhe um bom empurrão forte


e encorajador.

— Você disse que não morde no primeiro encontro. Mesmo assim você
me mordeu... — belisco seu mamilo — ...bem aqui.

Aperto com mais força a ponta rosa entre meus dedos, apreciando o
prazer em seus olhos.

— Sim. E eu gostei, — afirma com um aceno de cabeça confiante. —


Você gosta?

— Imagino qualquer coisa que envolva sua boca em meu corpo. — Eu


belisco com mais força, adicionando pressão a cada puxão. — Eu acharia
acolhedor.
Mantendo nossos olhos fixos, alcanço entre suas pernas e empurro
minha mão entre suas coxas macias. — Apenas diga quando.

Pesada de desejo, ela me incita a continuar com os olhos, deixando-me


sem vontade de parar.

Meus dedos deslizam em sua calcinha. Sou recebido por uma umidade
quente e escorregadia.

Ela agarra meu braço enquanto outro gemido doce e encorajador


escapa de seus lábios franzidos.

— Você está tão fodidamente pronta, não é?

— Sim. — Sua cabeça cai para trás contra a parede, seus lindos olhos
me agraciando com sua necessidade.

— Bem, então, estou entrando. — Enfiei um dedo dentro dela.

— Oh sim. — Suas unhas cavam em meu bíceps, encorajando-me a dar


a ela o que ela precisa.

— Mais? — Eu sorrio em seus olhos. — Você quer mais?

— Oh Deus! — Seus olhos vibram. — Sim.

Enfiei dois dedos dentro dela. Suas entranhas se comprimem ao meu


toque. Eu mergulho dentro e fora, lutando contra seu aperto enquanto fico
mais duro e a quero mais a cada estocada.

Eu preciso dessa mulher. Cada aspecto dela. Eu quero tudo isso.


— Você é linda, Cassie. — Incapaz de me afastar de seus olhos
vigilantes, inalo sua essência e absorvo sua beleza indomável. — Deixe-me
mostrar como você me faz sentir.

Eu passo a ponta do meu polegar sobre seu clitóris macio.

Seu corpo treme. Seus olhos se arregalam.

— Sim. — Eu esfumo sua protuberância receptiva. — Você sente isso? É


assim que você me faz sentir.

Eu abaixo minha cabeça e coloco minha boca em torno de seu mamilo


ereto de ponta rosa enquanto eu a fodo com meus dedos e brinco com seu
clitóris, provocando e insultando meu pau. Eu a toco assim como desejo
desesperadamente ser tocado por ela até que ela se debata embaixo de mim
e grite de prazer.

Eu faço isso até ouvir os sons ofuscantes de seu glorioso orgasmo.

Seu corpo convulsiona sob meu toque.

Eu estou tão duro. Tão pronto. Eu a quero bem aqui. Agora mesmo. Eu
não posso esperar mais.

— P-Pare! — Ela me empurra. — Pare! Pare!

Eu congelo. Meus olhos se fixam nos dela.

E eu vejo isso.

Medo.
— Ok. — Eu lentamente me retiro de seu corpo enquanto meu pau se
retrai. — Está bem. — Eu levanto minhas mãos e dou um passo para
trás. — Você está segura.

Com os olhos fixos no chão, ela puxa o vestido sobre o peito. Ela afunda
contra a parede. — Sinto muito, — ela sussurra para o chão.

— Foda-se, Cassie. — Eu cerro meus punhos. Eu olho para o teto,


recuperando meu controle. — Está bem. — Eu explodo e olho para ela. —
Você simplesmente não está pronta.

— Sim. — Ela respira fundo e levanta o queixo, encontrando meus


olhos baixos. — Eu estou.

Seus olhos determinados se conectam com os meus.

— Seu corpo pode estar, mas seu cérebro não está. — Eu balanço minha
cabeça. — Isso não vai funcionar.

— Espere! — Ela levanta a mão. — Sei lá! Eu não sei o que


aconteceu. Eu estava bem, e então...

— Você precisa aceitar o que ele fez com você. — Eu passo a mão pelo
meu cabelo. — Ele pegou você de surpresa. Você confiou nele, e ele te
machucou.

— Estou bem! — Ela fica ereta.

— Escute, eu sei que você é uma mulher forte. Foda-se, é uma das
coisas que me atrai para você. Mas, querida, não importa o quanto você
tente se convencer, você nunca será a mulher que era antes dele.
— Eu te disse. Ele não vai me definir!

— Não. — Eu expiro, querendo alcançá-la, mas permaneço a uma


distância segura. — Não é isso que estou dizendo.

— Não foi minha culpa.

— Oh Deus. Cassie, eu sei. — Eu arrisco e dou um passo em direção a


ela. — Você está tentando empurrar isso, e você realmente não me
conhece. Claro, você vai ficar hesitante. É uma reação normal.

Ela não vacila. Estendo a mão e coloco algumas mechas de seu cabelo
atrás da orelha. Sem empurrá-lo, deixo cair minha mão de volta para
baixo. — Bastardos como ele, é isso que eles fazem. Eles gostam de fazer
você se sentir fraca. — Eu a estudo. — É só que se você continuar
ignorando que ele tirou algo de você, ele vai ganhar se você não reconhecer
isso. Ele também tirará seu poder de você.

Seu rosto endurece. — Fui ao aconselhamento. Eu lidei com isso. —


Suas mãos voam no ar. — Eu não sei o que há de errado comigo. Eu queria
isso. Quero você.

— Está tudo bem, — eu digo em voz baixa e calma. — Você precisa


aprender a confiar novamente.

Ela não está pronta. É a verdade.

No fundo da minha mente, eu sabia disso.

Meu pau escolheu ignorá-lo.


— E sim. Você lidou com ele e o que ele fez com você. Agora você deve
lidar com você. Você mudou. Antes, você era forte porque queria ser. Você
se definiu assim. Agora, você deve ser forte porque você é.

— Você não está fazendo nenhum sentido.

— Eu sei. — Eu balanço minha cabeça. — Acho que talvez você precise


descobrir por que me quer. Eu entrei na sua vida em um momento em que
tudo estava fodido, e você pode ter consertado essa parte, mas não posso
ficar com você do jeito... — hesito em dizer a ela a verdade.

— Do jeito o quê? — Ela agarra minha camisa e me puxa para ela. Força
recarregando em seus olhos azuis apaixonados. — Como você me quer? O
que você quer?

Eu olho para ela. — Tudo, — eu admito mais para mim mesmo. — Eu


quero saber que quando eu rasgar sua roupa, empurrá-la contra a porra da
parede, enfiar meu pau dentro de você, e foder você sem sentido... eu
preciso saber que você não está com medo. Que você confia em si mesmo
para estar comigo. Preciso saber que você me quer e não o homem que te
salvou. Porque, embora eu possa foder com você, Cassie, não posso salvar
você. — Tiro suas mãos da minha camisa e começo a abotoá-la.

— Eu não quero ser salva. — Suas mãozinhas se curvam ao lado do


corpo. — Eu quero transar!

— Sim. — Eu enfio minha camisa em minhas calças, mantendo meus


olhos fixos nos dela. — Eu posso ver isso, mas talvez você precise reavaliar
com quem você quer foder. — Arregaço as mangas. — Porque não pode ser
eu, — eu digo antes de sair pela porta.
Capítulo Treze
Cassie

Observo Lix manobrar o gesso na espátula para a parede.

Ele olha para mim. — Você sabia que a arte do reboco não mudou
muito em milhares de anos? Ela remonta a 7500 aC? Os minerais mais
utilizados, cal e gesso, são brancos. Bem, algumas argilas também são
usadas. Mas eles são cinza claro, facilitando a pintura.

— Não. — Ele é conhecedor e apaixonado pelas coisas que faz.

Ele está sempre oferecendo história ou explicando por que fazemos as


coisas de determinada maneira. Eu gosto de estar perto do irmão Daxon
mais novo.

Claro, não faz mal que ele seja bonito de se olhar. Todos eles são, mas
Brett é o único que faz meu coração parar de bater.

— Eu nunca fiz nada assim antes, — confesso. — Meu trabalho me


mantém grudada em um laptop. Minhas mãos são usadas principalmente
para digitar ou clicar no teclado. É revigorante fazer algo
diferente. Obrigada novamente por me deixar ajudá-lo esta
semana. Aprendi muito. — Para não mencionar, isso manteve minha mente
longe da rolha no meio do batimento cardíaco.

O episódio no meu apartamento na semana passada me destruiu.

Eu pensei que estava pronta. Eu queria Brett até os ossos. Eu queria o


que estávamos fazendo ainda mais profundo. Ainda assim, quando gozei,
liberando mais de um ano de tensão sexual, isso me assustou pra caramba.

Algo dentro desligou.

Não sei por que o impedi.

Eu estava envergonhada e confusa.

Temo que Brett possa estar certo. Posso não estar pronta para qualquer
tipo de intimidade, seja em um relacionamento completo ou em um caso de
uma noite.

Embora, eu acho que ele estava me oferecendo o último. Não considero


Brett Daxon como o tipo de relacionamento. Não completo ou não.

— Sem problemas. Você aprende rápido. — Ele sorri.

— Não sei. — Eu rio, apontando minha espátula e comparando nosso


trabalho.

— Como todas as grandes coisas, leva tempo. Bem…— Sua cabeça se


inclina, inspecionando a parede. — Não tenho certeza se este é o meu
melhor trabalho, mas... — ele dá de ombros — ...vai servir.

— Eu acho que parece perfeito.


— A perfeição está nos olhos de quem vê. Enquanto você vê um
acabamento impecável, eu vejo cada erro que deixei para trás. — Ele limpa
a espátula com um pano, estendendo a mão para a minha. — Mas,
novamente, sem nossos erros, como alcançaremos a perfeição? Como
Aristóteles disse uma vez, o prazer no trabalho coloca a perfeição no
trabalho.

— Você acha que as imperfeições podem ser consertadas?

— Hum. — Ele olha para a parede, esfregando o queixo. — Você disse


que isso parece perfeito?

— Para mim, sim.

— Vamos colocar isso à prova. — Ele pega a espátula e passa na


parede, espalhando o acabamento plano, deixando marcas e linhas. —
Pronto, não é mais perfeito. — Sua sobrancelha levanta quando ele me vê
com o canto do olho.

— Não. Não é. — Eu ri.

— Você pode consertar qualquer coisa. — Ele passa a espátula


suavemente sobre as marcas. — Você só precisa das ferramentas certas
para fazer isso. — Ele coloca um pedaço novo de gesso na espátula e
trabalha na parede. — Aí. — Ele fica para trás. — Está consertado. — Ele
sorri.

— Sim. Está de volta ao perfeito. — Eu olho para a parede lisa,


desejando ser tão facilmente consertável.
— Qualquer coisa quebrada pode ser consertada. Você só precisa das
ferramentas certas e da vontade de fazer. Concedido, você pode ver as
rachaduras ou as imperfeições, mas eu não sei. Se você me perguntar, isso
lhe dá caráter. Feridas de batalha e cicatrizes devem ser vistas. Escondê-las
apenas os enfraquece. Torna-os vulneráveis à reabertura. Você sabe?

Eu o espio com o canto dos olhos. — Quantos anos você tem?

— Velho o bastante. — Ele ri, fazendo com que uma covinha apareça
em sua bochecha.

Por que ele é tão fácil de conversar? Falar com Brett é como tentar ficar
sem internet por um mês. É impossível.

— Ei. — Ele limpa a espátula e a coloca na escada. — Você quer ir para


uma bebida ou algo assim?

— Ah... — Eu procuro minhas próximas palavras.

— Está bem. — Ele acena com a mão. — Eu vejo o jeito que você olha
para Brett, mas pensei em tentar, de qualquer maneira.

— Brett e eu, nós não somos...

— Você não precisa explicar. — Ele joga o pano por cima do


ombro. Dando de ombros, ele pega o balde de gesso e o leva até a porta.

— Lix.

— Sim? — Ele se vira e olha para mim.

Eu provavelmente não deveria. Fui avisada para não fazer isso. — Você
é um acompanhante?
— O que? — Seu rosto alegre desaparece.

— Eu, ah. Um ano atrás, Brett, ele veio para a casa do meu ex, e ele... eu
sei sobre o... — Eu paro, reconhecendo a perplexidade em seus olhos
vigilantes.

Talvez ele não saiba sobre o serviço de acompanhantes. Ele é o mais


novo. Talvez ele não esteja nisso com seus outros irmãos. Ou Brett está
fazendo isso sozinho.

Merda!

— Você conheceu Brett há um ano?

— Esqueça. — Balanço a cabeça, percebendo meu erro.

Ele caminha até mim. Suas sobrancelhas se inclinam para dentro. — Por
que você voltaria?

Sua pergunta valida o que eu pensava. Ele faz parte disso. Caso
contrário, ele não me perguntaria isso. — Eu tive que fazer pelo meu
trabalho. Está bem. Ele está em Sarasota, a uma hora daqui. Ele não sabe
que voltei.

— Você morou em Sarasota? Onde?

— Miller Lane. Por quê? Brett lhe contou sobre mim?

— Não. Não falamos assim sobre as Julias.

— Júlia? Quem é Júlia?


— Você é. Todas elas são. — Seus olhos saltam ao redor da sala como se
ele estivesse tentando juntar o que eu disse. — Não acredito que ele nunca
disse nada.

— Então você faz o que ele faz?

— Sim. — Seus olhos pousam em mim.

A fachada de sua tenra idade diminui. Seu sorriso fofo se desintegra e


eu o vejo com novos olhos. Ele é como Brett. Ele é um homem forte e
fisicamente capaz. Sob aquele sorrisinho sexy e palavras inteligentes, há
um ser humano honesto, forte e honrado.

— Obrigada, Lix. — Eu toco seu braço. — Não sei onde estaria sem
você e o serviço de escolta de seu irmão. Brett me salvou naquela
noite. Não sei se Glenn tem isso nele, mas pensei que ele poderia me matar.

— Sinto muito que você teve que passar por isso. — A escuridão em
seus olhos clareia. — Estou feliz que Brett estava lá para você.

— Eu também. — Eu sorrio. — Você poderia, por favor, não mencionar


isso a ele? Prometi que não falaria sobre isso, nem com ele nem com
ninguém.

— Não posso fazer isso, Cassie. Para que tudo isso funcione, para que
possamos fazer o que fazemos, meus irmãos e eu devemos ser honestos
uns com os outros. Mas, aparentemente, Brett quebrou essa regra e mais de
uma vez.

— Acho que ele fez isso porque estava tentando salvar a cara para mim.
— Não. — Seus lábios finos. — Eu sei por que ele fez isso, e não é isso.

Com os ombros erguidos, ele sai da sala.


Capítulo Quatorze
Brett

Ela não olhou para mim, muito menos falou comigo em uma
semana. Ela está no local de trabalho todos os dias com Lix. Isso está me
irritando.

Eu a rejeitei. Entendo. Essa merda dói. Não era minha


intenção. Porra. Não sei quais eram minhas intenções, mas sabia que não
poderia transar com ela.

Sem mencionar que ela me rejeitou quando me empurrou. Disse


parar. Tudo dentro cessou. Eu me senti como o monstro do qual a
salvei. Como se eu estivesse fazendo algo que ela não queria. Apanhado no
momento, perdi os sinais.

As emoções ofuscaram meus instintos. Nenhuma mulher jamais fez


meu corpo tremer como ela. Ela me transformou deste mundo a partir de
um mero beijo.

A merda passando pela minha cabeça, o que eu queria fazer com ela, a
teria assustado mais. Fico feliz que ela tenha parado com isso.
Isso confirmou o que eu pensava antes de colocar minhas mãos em seu
belo corpo.

Ela não está pronta.

— Você ligou de volta para Ramsey sobre o trabalho de Skyler?

— Não. — Deixo cair as notas na minha mão sobre a mesa e me inclino


para trás na cadeira, olhando para Cole. — Acho que não conseguiremos
terminar a tempo, com o projeto GrandMark.

Cole se inclina contra o arquivo. — Estamos dentro do cronograma.

— Sim, mas eu não quero me apressar.

— Eu ouvi você. — Ele concorda. — O GrandMark é um grande


negócio.

— Vou ligar para Ramsey. Veja se ele atrasa a data em um mês.

— Soa bem.

A porta do escritório se abre e Lix invade, olhos em chamas e punhos


cerrados. Não o vejo tão chateado desde nossa primeira corrida de
Julia. Droga, isso foi uma bagunça. Quase matamos o cara. Todos nós
concordamos que apenas um de nós faria a escolta daquele ponto em
diante. A raiva de ver uma mulher nesse tipo de situação é um gatilho
definitivo para nós. Isso nos lembra de nossa mãe e do que todos nós a
vimos passar, muito jovem e fraca para salvá-la.

— Que porra! — Lix para e bate os punhos na minha mesa. — Ela é a


porra de uma Julia!
Cole agarra seu braço. — Que porra é essa, Lix?

Lix se solta do aperto de Cole, dando-lhe um olhar mortal.

Ele se vira para mim. — Ah, ele sabe do que estou falando. — Seus
olhos se abaixam, as narinas dilatadas. — Cassie, — ele diz o nome dela
com convicção. — Ela é a porra de uma vítima!

— Porra. — Eu caio para trás na cadeira. Ela deve ter dito algo para Lix.

—Bem? Que porra! — Ele joga as mãos para o ar.

Melhor isso do que na minha cara. Eu odeio brigar com qualquer um


dos meus irmãos, mas às vezes acontece. Desta vez, eu sei que estou
errado.

— Você não pode ficar com ela, Brett.

— Eu sei! — Sento-me na cadeira, cerrando as mãos.

— Você sabe? Você está certo pra caralho, você sabe. — Ele olha para
mim.

— Ok, vamos nos acalmar e conversar sobre isso, — Cole diz em um


tom neutro.

— Você sabe, — Lix ferve. — Eu descarrego minha raiva nas


demolições. Cole, ele lança sobre os agressores, mas você. — Ele se inclina
para mais perto de mim. — Você, irmão, você guarda tudo dentro de si, e
um dia você vai explodir, e eu não quero Cassie no meio do fogo cruzado
quando isso acontecer. Ela é uma boa pessoa.

— Eu sei, — eu digo entre os dentes rangendo.


— Pare de dizer isso, porra! — Ele fica ereto, peito bombeado e lábios
rosnando. — Veja, é exatamente disso que estou falando. Você está
chateado agora. Você quer sair dessa cadeira e chutar minha bunda, mas
não, você se senta aí. Toda aquela raiva ignorada, está fodendo com você.
— Ele aponta para mim. — E isso o torna perigoso.

— Foda-se.

Ele balança a cabeça. — Você não tem o direito de estar com nenhuma
mulher até descobrir o que está acontecendo.

Eu pulo da minha cadeira - seus punhos travam no modo de luta.

Seu queixo levanta enquanto ele me observa cautelosamente. — Eu sei


quem ela é.

Eu olho para ele. O comentário atormentando meu cérebro. — O que?

— Ela é a Julia de Miller Lane em Sarasota. — Ele acena com a cabeça,


olhando para Cole, depois para mim. — Sim, vocês idiotas pensam que eu
sou um idiota. Acho que não vejo as coisas. Acho que não sei o que está
acontecendo. Mas enquanto o Cole aqui está detonando todo mundo e você
está ocupado controlando tudo, eu estou observando. Eu não sou idiota. E
vocês dois vão foder com isso!

Como ele sabe sobre Miller Lane? Ou melhor ainda, o que ele acha que
sabe?

Eu olho para Cole. Ele dá de ombros.


O celular de Lix toca. Ele deixa soar algumas vezes antes de tirá-lo do
bolso e atender.

— Sim, — diz ele, seus olhos em um impasse com os meus. —


Ok. Obrigado. — Ele o enfia de volta no bolso.

— Era Willa, — diz ele.

— Eu posso ir, — Cole diz, dando um passo em direção à porta.

Sim, tenho certeza que ele quer sair da conversa. O osso de Lix está
comigo, e com razão. Não tenho nada que fazer com Cassie. O merdinha
está certo sobre isso.

— Não. — Lix levanta a mão. — Eu vou, mas você... — ele aponta para
mim — ... você descobre sua merda e deixa Cassie fora disso. Está me
ouvindo?

— Primeiro de tudo, irmãozinho... — Eu ando ao redor da mesa,


observando suas mãos se soltarem e voltarem para cima. — O que quer
que eu decida fazer com Cassie é problema meu, não seu. Em segundo
lugar, o que diabos você sabe sobre Miller Lane?

Seus olhos saltam para frente e para trás entre os meus e os de Cole,
debate persistente em cada piscar. — Machuque-a e irei atrás de você.

— Eu nunca a machucaria, — eu digo com minha própria convicção.

— Não intencionalmente. — Ele se move em minha direção até nossos


peitos baterem.
— Não. — Eu sorrio e faço o que ele me acusou. Eu seguro o desejo de
reorganizar seu rosto. — Não intencionalmente. Mas o estrago já está
feito. Ela sabe sobre nós. Ela sabe o que fazemos. Não posso tirar isso dela.

— Não. — Ele me agarra com olhos inabaláveis. — Você poderia pegar


outra coisa.

— O que?

— A segunda chance dela, — diz ele, acertando em cheio com o


comentário. — Eu tenho que ir. — Ele passa por mim e sai pela porta.

A cabeça de Cole volta para mim. — Como ele sabe sobre Miller Lane?

— Porra. — Eu passo a mão pelo meu cabelo. — Eu não contei a ele.

— Nem eu. — Ele olha para mim por um segundo. — Você acha que
Cassie sabe?

— Não. — Eu balanço minha cabeça. Ela não teria me pedido para ir


com ela na outra noite se soubesse que seu agressor estava morto.

Ela não pode saber.

— O que você vai fazer com ela?

Eu olho para Cole. — Nada. Você ouviu a merda. Ele virá atrás de mim
se eu fizer isso. — Eu ri.

— Sim, como se isso fosse parar você. Não me impediria. — Cole ri. —
Por que você simplesmente não a convida para um encontro normal ou
algo assim.
— Eu não faço normal. Inferno, nenhum de nós sabe. Como podemos
com a vida que vivemos?

— Não agimos normalmente porque temos medo de ser pegos. Mas


Cassie já sabe sobre nós, o que elimina esse motivo.

— Sim, é como ela sabe que é difícil de ignorar. — Vou até minha mesa
para pegar alguns papéis.

— Entendo. — Ele concorda. — Mas isso não muda o fato de que você
gosta dela, e tenho certeza de que ela sente o mesmo por você. Por que
outra razão Lix ficaria tão chateado? Eles têm passado muito tempo
juntos. Ela provavelmente contou a ele como vocês dois se conheceram.

— Não duvido. — Eu me viro.

— Poderia ser o que ele quis dizer quando mencionou Miller Lane? —
Ele levanta a sobrancelha.

— Espero que sim. Não quero que ele saiba nada do que aconteceu
naquele dia.

— Sim. — Cole acena com a cabeça.

— Bem, estou indo para minha casa. Avise-me quando Lix fizer o
check-in depois da escolta. — Eu bati no peito dele com os papéis antes de
sair pela porta.
Capítulo Quinze
Cassie

Pego meu celular tocando, lendo o nome da chamada recebida - Lix.

— Olá?

— Ei, Cassie. É Lix, — ele diz em uma voz lenta e arrastada.

— Lix? Você está bem? — Ele parece bêbado ou algo assim. Não é o seu
jeito alegre e pronto para conquistar o mundo.

— Sim. Sim. Estou no hospital.

— É tudo...

— Oh sim. Estou bem. Verdade. Eu só preciso de uma carona. Você


pode vir me buscar?

Pelo que parece, ele não vai me dar mais nenhuma informação por
telefone. — Em que hospital você está?

— St. Petersburgo. Estou no pronto-socorro.

— Ok, — eu me levanto da minha mesa. — Estarei aí assim que puder.


— Obrigado. Ah, e Cassie, por favor, não conte aos meus irmãos sobre
isso. Ok?

— Vejo você em breve.

Uma hora depois, entro no pronto-socorro. Sou direcionada ao hub 17.


Vejo-o na cama pela porta de vidro. Ele está sentado sorrindo para uma
jovem enfermeira mexendo em seu soro.

Eu deslizo a porta aberta.

— Oi, Cassie. — Ele sorri, descansando a cabeça no travesseiro. —


Conheça minha nova amiga, Kristen. — Sua cabeça se vira na direção da
enfermeira. — Ela não é linda, Cassie?

— Oi, — diz a enfermeira com um pequeno sorriso.

— Ele está bem?

— Sim, nós demos a ele um pouco de morfina. É por isso que ele me
acha tão bonita. — A enfermeira pisca para Lix. — Daqui a pouco volto
para ver como está a dor dele.

— Obrigada. — Ando até a cama, examinando seu corpo, notando os


hematomas em seu rosto e o corte em seu lábio superior. — O que
aconteceu, Lix?

Seus olhos sorridentes se movem sobre meu ombro.

Eles escurecem.

— Eu disse para você não ligar para eles, — diz ele entre os lábios finos.
Eu olho para trás. Meus olhos se encontram com os de Brett. Porra, o
homem é lindo. A tempestade em seus olhos poderia derrubar um trem
dos trilhos.

Eu me viro para Lix e me inclino. — Você me disse antes que, para tudo
isso funcionar, você e seus irmãos precisam ser honestos um com o outro.
— Eu me levanto e dou um passo para trás, permitindo que Cole e Brett
entrem.

Seus olhos fazem o mesmo que os meus no segundo em que entrei na


sala.

Eles fazem uma rápida inspeção em seu irmão.

O rosto de Brett endurece. — Que porra...

Há uma batida baixa no vidro, e todos nós viramos.

— Olá. — Um policial entra na sala. — Eu sou a oficial Selina Starr.

— Selina Starr? Uau, esse é um nome único. — Lix sorri, verificando


descaradamente o oficial.

— Vou dizer aos meus pais que você disse isso. — Ela caminha até a
cama.

— Selina. — Lix semicerra os olhos para ela. — Acho que é um nome


grego para uma estrela no céu.

O policial o encara por um segundo. — Você está bem, Sr. Daxon?

— Me chame de Lix.
— Licks? Bem, parece que nós dois temos nomes únicos.

— É Felix, — diz Cole.

A policial olha para Cole, tirando um bloco de papel e uma caneta de


sua jaqueta. — Estou aqui para obter sua declaração sobre o que aconteceu.
— Ela volta sua atenção para Lix. — Você foi assaltado?

— Sim, eu estava fora para uma corrida...

Seus olhos deslizam para baixo em Lix. — Você corre de jeans?

— Eu com certeza faço. Eu gosto do desafio. Você já correu de jeans,


policial Starr? Não é uma tarefa fácil.

— Imagino que sim.

Ele ri. — Gosto de você.

Tenho que dar crédito ao policial por tolerá-lo. Pelo que parece, Brett
quer estender a mão e estrangular seu irmão.

— Então você estava correndo e...?

— Um cara veio por trás de mim e me bateu na cabeça. Lutei com ele,
mas ele tinha uma faca. — Ele levanta a camisa revelando suturas em seu
lado.

Eu estremeço do site vermelho musculoso. Vai deixar uma cicatriz.

— Você conseguiu ver o rosto dele?

— Não. — Ele abaixa a camisa. — Ele estava de moletom. Estava


escuro.
— Hum. — Ela acena com a cabeça. — Ele tirou alguma coisa de você?

— Não, como eu disse, eu lutei e, sabendo o que era bom para ele, ele
decolou.

— Eu vejo. — Ela encara Lix por um longo e duro segundo. — Isso


aconteceu na Steller Road, correto?

— Sim.

— Você viu mais alguma coisa acontecendo?

— Não. Eu estava meio ocupado me defendendo. — Ele sorri. — Por


que?

— Na mesma hora em que você foi atacado, enviamos um carro para


uma ligação doméstica na Steller Road.

Sua cabeça se inclina. — Ah, então é por isso que os policiais chegaram
tão rápido. O que aconteceu?

— Não temos certeza. Quando eles apareceram, não havia ninguém em


casa. Por isso perguntei se você viu alguma coisa.

— Não, desculpe.

Ela o estuda por mais um momento. — Tudo bem. — Ela enfia a mão
na jaqueta e tira um cartão. — Se você puder pensar em mais alguma coisa,
me ligue.

Lix pega o cartão. — Farei isso, Oficial Starr.


Ela examina cada um de nós antes de sair do pequeno cubículo de
vidro.

— Cole. — O sorriso de Lix diminui. — Eu joguei uma arma em uma


das latas de lixo. Era em frente a uma casa amarela com ah, venezianas,
azuis. Sim, eram azuis. Quem diabos acha que azul e amarelo combinam?
— Ele ri.

— Estou cuidando disso, — Cole diz e sai.

Braços cruzados sobre o peito. Brett se aproxima. — Você está bem? É


apenas um ferimento de faca?

— Sim. — A cabeça de Lix cai para trás no travesseiro. — É isso.

— O que aconteceu?

— Cheguei lá, mas a vítima não estava dentro de casa. Ninguém


estava. Então saí pelos fundos para vigiar o quintal. Eu estava chegando na
frente da casa quando o filho da puta pulou em cima de mim. Nós... — Ele
faz uma pausa para olhar para mim. — Tivemos uma pequena discussão e
ele finalmente confessou que ela havia saído. Eu estava voltando para o
meu carro quando ele me alcançou com a faca. Logo depois que o filho da
puta me pegou de lado com isso, vi luzes piscando e ele fugiu.

Os olhos de Brett se estreitam. — Tem certeza de que ela ainda não


estava lá?

— Como eu disse, tivemos uma discussão. Acredite em mim... — ele ri


— ...ele teria me contado. Eu liguei, ah…— Seus olhos piscam para os
meus. — Jane. Ela iria investigar.
Jane? Eu sei quem é Jane. Ela é a mulher que Brett me trouxe quando
ele me resgatou de Glenn.

— Você poderia ter se machucado de verdade, — eu digo.

— É o nome do jogo. — Lix sorri.

— Não é um jogo, Lix, — diz Brett. — E você tem que parar de tratá-lo
como um.

— Pelo menos eu sei quando terminar, mano, — Lix diz, olhando para
ele.

A enfermeira entra sorrindo, quebrando a tensão crescente entre os dois


irmãos. — Como está sua dor, Sr. Daxon?

— Eu te disse, linda, — a cabeça de Lix rola no travesseiro enquanto


seus olhos seguem a enfermeira. — Me chame de Lix.

Brett balança a cabeça. — Sinto muito pelo meu irmão.

— Está bem. Como eu disse a sua amiga antes. É só a morfina falando.


— Ela sorri.

Dando a Lix mais uma carranca, Brett olha para a enfermeira. — Ele vai
receber alta em breve?

— Sim. Interrompemos a morfina e, se a dor estiver sob controle,


daremos alta.

— Tudo bem, obrigado. — A voz de Brett fica mais alta. — Lix?

— Sim, — seus olhos semicerrados se movem para Brett.


— Vou levar Cassie até o carro dela. Eu voltarei.

— Espero que você se sinta melhor. — Eu sorrio.

Os olhos pesados de Lix balançam em minha direção. — Eu vou ficar


bem. — Ele pisca.

Brett coloca a mão no meu cotovelo. — Vamos lá.

Caminhamos até o meu carro no estacionamento.

Eu paro e olho para cima. Brett olha para mim através daqueles olhos
misteriosos, nublados e de parar o coração. — Obrigado por me ligar.

— Sem problemas. Ele vai ficar bem?

— Sim. — Um sorriso lento se espalha em seus lábios

— Bom. — Eu concordo. Sem dúvida, esta não é a primeira corrida de


emergência para os irmãos Daxon.

— Ele ficará fora de ação por alguns dias, mas não se preocupe. Não vai
atrasar o trabalho.

— Eu não me importo com o horário. Eu só quero que ele fique bem.

— Vocês dois têm passado muito tempo juntos, — diz ele, a irritação
latejando em sua voz baixa e profunda.

— Ele está me ensinando sobre gesso e tinta. Ele é divertido. Eu gosto


dele. — Eu inclino minha cabeça para trás. Às vezes, onde não há fogo,
você deve acender uma chama. — Talvez eu o convide para sair. Ele é
legal.
— Claro, você poderia. Mas... — — seu sorriso se alarga — ...você não
quer ser legal.

Eu levanto uma sobrancelha e inclino minha cabeça para o lado. — Eu


não?

— Não. Você não vai se apaixonar por um cara legal de novo. — Ele se
aproxima.

Seu corpo mal roça o meu.

Meu batimento cardíaco acelera.

— É por isso que você me quer. — Sua mão desliza até a parte de trás
do meu pescoço.

Ele agarra meu cabelo como fez na outra noite, acendendo tudo dentro
de mim.

— Você sabe que não vou tentar te enganar com essa merda. — Ele se
abaixa até nossos lábios quase se tocarem. — Você sabe que eu vou te dar
outra coisa. — Sua visão cai para a minha boca.

A queima lenta do fogo que comecei encontra seu caminho para dentro.

— Algo que você precisa, — diz ele.

Suas palavras quase tocáveis provocam minha boca.

Eu encaro seus lábios. — E o que é isso?

— Quando você estiver pronta— - seus olhos piscam para os meus - —


eu vou te mostrar.
Seus lábios pressionam contra os meus por um mero segundo, mas
quando ele se vira e se afasta, como brasas sem chama, o beijo casto e
ardente permanece comigo por muito tempo depois que ele sai.
Capítulo Dezesseis
Brett

Entro no escritório nos fundos do prédio.

Lix está observando Cassie rolar um pouco de tinta na parede. — Sim


isso está bom.

— Obrigada. — Ela sorri para ele.

A raiva funde meu cérebro.

Raramente sinto ciúmes de alguma coisa, especialmente quando se


trata de meus irmãos. É estranho e não está certo. Eu afasto isso.

— Ei, — eu chamo. Ambos olham para mim. — Erickson está


procurando por você. Ele está na frente.

Lix se vira para Cassie. — Isso está bom para hoje. Podemos terminar o
resto amanhã.

— Soa bem. — Ela passa o antebraço no rosto, espalhando um pouco de


tinta ali.
Porra, ela é adorável.

Lix ri, balançando a cabeça enquanto se move em minha direção.

Estendi minha mão, parando-o. — Você vai ver a mamãe amanhã?

— Sim.

— Certifique-se de que ela assine os papéis que Sofia enviou a ela.

— Vou fazer, — ele acena com a cabeça e sai da sala.

Cassie embrulha o rolo em um saco plástico e o coloca no chão. — Seus


pais moram por aqui?

— Minha mãe está a cerca de uma hora de distância.

— E quanto ao seu pai?

— Ele está morto.

— Oh. — Seus olhos suavizam. — Eu sinto muito.

— Não sinta. — Eu dou de ombros. Ninguém deve sentir nada pelo


homem, desculpe ou não. — Nos revezamos no fim de semana para ir vê-
la. Você sabe, check-in e merda.

— Muito legal.

— Ela é uma boa mãe.

— Minha mãe também é boa, mas só saio para vê-la algumas vezes por
ano.

— Por que?
— Vida? — Seus ombros se erguem quando ela enfia as mãos no bolso
de trás da calça jeans.

Ela é tão sexy em uma camiseta e jeans respingados de tinta quanto em


seu traje de negócios. Estou me acostumando a vê-la assim. Ela é acessível,
e é provavelmente por isso que estou prestes a fazer o que vou fazer.

Claro, vou me chutar na bunda por isso mais tarde. Mas não posso
deixar passar mais um dia sem estar mais perto dela.

Porra. Não consigo dormir e, sempre que a vejo no canteiro de obras,


quero ir até ela e beijá-la. Está uma bagunça.

— Você quer ir comer alguma coisa?

— O que? — Seus olhos se arregalam. — Agora?

— Claro, podemos pegar uma pizza, ou você pode ir para casa, se lavar
e eu posso te levar a algum lugar legal. Você decide.

Suas sobrancelhas pressionam juntas. Ela me olha com o canto dos


olhos. — Por que, Sr. Daxon, você está me convidando para um encontro?

— Estou, senhorita Redmon.

— Bem, então eu aceito. — Ela sorri para mim. — Você pode me pegar
às sete.

Levo um momento para memorizar seu rosto. — Vejo você então.

Estranhamente nervoso, chego dez minutos antes e bato na porta com


os nós dos dedos. Ele se abre para revelar a mulher mais sexy em um
vestidinho preto que eu já vi, esclarecendo meu nervosismo.
Em que diabos estou me metendo aqui? Esta mulher poderia me
destruir. Arrastar-me amarrado à traseira de um caminhão através de um
leito de rochas, destruir-me.

— Você está linda, — eu digo, incapaz de manter a verdade para mim


mesmo.

— Obrigada. — Um pequeno sorriso aparece em seus lindos lábios.

Aparentemente, ela teve a reação que desejava.

Sua cabeça se inclina. — Pensei em mostrar meu poder esta noite.

— Está irradiando de você, senhorita Redmon.

— Por favor. — Ela toca meu ombro e sinto o toque em minha alma. —
Vamos ficar com Cassie. É mais informal e, esta noite, não pretendo ser sua
chefe.

Eu mordo meu lábio inferior. — Cassie. — Eu corro meus olhos ao


longo dela. — Você definitivamente é a chefe de alguém. Mas eu garanto a
você... — eu levanto meu olhar para ela — ... você não é a minha.

— Bom. — Suas sobrancelhas movem-se com malícia. — Agora, — diz


ela com um sorriso torto. — Estou pronta.

— Sim. Você retrata uma semelhança de pronta. — Estendi o


cotovelo. — Vamos?

— Tenha cuidado, Brett. — Ela envolve seu braço no meu. — Posso


confundi-lo com um cavalheiro.
Eu deslizo meus olhos para ela, sentindo um puxão no canto da minha
boca. — Oh, Cassie, isso nunca vai acontecer. — De braços dados,
caminhamos até o elevador. — É outra coisa que posso garantir a você.

Paro e aperto o botão do elevador. — Especialmente enquanto você está


exibindo seu poder.

A porta se abre e nós entramos.

— Onde estamos indo?

— No Red Door. Achei que te devia um jantar lá, já que te abandonei


na última vez que estivemos no restaurante.

— Sim. — Ela se vira para mim quando as portas nos fecham. — Eu


deveria ter percebido então. — Ela se move para frente até que seus seios
quase tocam meu peito. — Você não é um cavalheiro.

Eu olho para os lábios dela. — Os sinais de alerta estiveram lá o tempo


todo. — Eu me contenho de tomá-la em meus braços e dar a sua boca uma
chicotada bem merecida. — Você simplesmente não estava prestando
atenção neles.

— Eu estava. — Ela toca a gola do meu paletó, passando os dedos


lentamente por ela. — Mas lembre-se— ...ela coloca a mão no meu peito...
— eu não quero ser legal. — Seus olhos se levantam para os meus. —
Quero você.

Salvo por um ding, as portas se abrem. Eu levanto minha mão para


conduzi-la para fora.
Meus olhos seguem os dela enquanto ela sai do elevador.

— Por que não nos concentramos no nosso encontro e não no que


queremos?

Ela sai do prédio ao meu lado. — Você pode fazer isso. — Abro a porta
do carro para ela. — Mas enquanto estamos batendo papo, bebendo e
comendo, a única coisa em que vou pensar é em você... — ela inclina a
cabeça para trás para me conceder acesso total a seus olhos determinados...
— rasgando minhas roupas.

Ela entra no banco do passageiro e olha para mim com outro sorriso
atrevido.

Eu bato a porta fechada. — Porra. — Dou a volta no carro, tentando me


convencer a não a levar de volta ao apartamento e dar o que ela quer.

Mas não vai cair assim. Ela precisa me conhecer e eu a ela. Devemos a
nós mesmos fazer isso. Nós nos conhecemos em circunstâncias
fodidas. Precisamos fazer isso direito.

Eu pressiono o botão de partida do meu carro e olho para a frente. —


Pelas próximas duas horas, por favor, evite dizer coisas assim.

— Só nas próximas duas horas?

Eu viro minha cabeça na direção dela, encontrando seus olhos sensuais


e astutos esperando por mim. — Sim.

— Claro. — Ela pisca os cílios longos. — Eu posso fazer isso.


Capítulo Dezessete
Cassie

Eu levanto minha taça de vinho, sem saber como consegui deixá-lo


sozinho em meu apartamento novamente.

No entanto, aqui está ele, sentado à minha frente na mesa da cozinha


enquanto me dá aquele sorriso lindo.

É a terceira vez que ele o exibe esta noite.

É um belo sorriso com uma pitada de sensualidade e mistério por trás


dele. Eu quero saber tudo sobre ele. Ele é um bebedor de café? Qual é a
comida favorita dele? Ele corre de manhã para ficar em forma? Se não, o
que ele faz para manter sua bela bunda em forma? Ele prefere tomar banho
à noite ou pela manhã? Com quantos travesseiros ele dorme? Que tipo de
pasta de dente ele usa? Ok, talvez isso não importe, mas eu quero saber
tudo.

— Então. — Ele se recosta na cadeira. Seus olhos sorridentes e


tempestuosos permanecem em mim. — Você mencionou antes que tem
uma boa mãe.
— Oh-ho, ela é boa. — Eu coloquei meu copo para baixo. — Mas ela
também é rigorosa. Meu irmão e eu tínhamos o toque de recolher mais
cedo de todos os nossos amigos, não tínhamos permissão para dormir na
festa do pijama e eu não poderia namorar até os dezessete anos.

— Parece que ela estava tentando proteger você.

— Sim, eu acho. Você conhece aquele ditado, 'pais rígidos são os


melhores mentirosos'. — Eu sorrio. — Bem, por mais rigorosa que ela fosse,
ela tirou de mim o papel da mentirosa. Todo mês, mais ou menos, minha
mãe me pedia para regar o jardim com ela e, enquanto fazíamos isso, eu
podia contar qualquer coisa a ela, e quero dizer qualquer coisa. Não
importava o que era. Depois que eu dizia a ela, eu conseguia um passe. Eu
poderia contar a ela sem qualquer repercussão.

Sua sobrancelha se levanta. — Você dizia a ela a verdade?

— Sim. Claro, comecei com pequenas coisas, como joguei a gordura do


bacon no ralo e como nem sempre vou para a cama quando as luzes se
apagam. Às vezes, eu lia embaixo do cobertor do meu quarto.

— Essas são mentiras inocentes.

— Sim, mas eu tive que testar a água antes de trabalhar para matar aula
e beijar meninos. — Eu ri. — Depois, houve a embriaguez e a vez em que
quebrei o carro.

— E ela nunca puniu você?

— Não. Ela é psicóloga.


— Sério?

— Sim. — Ela sorri. — Mas demorei um pouco para entender. Veja, ela
devia saber sobre aquele ditado, 'pais rígidos são os melhores mentirosos',
então ela me deu uma maneira de dizer isso sem ser um pai ruim. Foi
engenhoso, realmente, porque não importa o que eu fizesse, eu sabia que
teria que contar a ela enquanto regíamos as plantas, então, de certa forma,
ela me impediu de fazer coisas realmente ruins, como drogas pesadas e
dormir por aí quando eu era mais jovem.

— Mãe esperta.

— Sim, ela é. E você? Sua mãe era rígida? Quero dizer, criando três
meninos, ela provavelmente tinha que ser.

— Minha mãe não era rigorosa, — diz ele, tomando um gole de água.

Sua expressão muda de feliz para sombria. A mudança de humor me


fez investigar mais.

— Você disse que ela mora por aqui? — Pego minha taça de vinho.

— Ela mora na instituição correcional feminina em Parrish.

Copo de vinho a meio caminho da minha boca, eu congelo. — O que?

— Ela está cumprindo vinte e cinco anos de prisão perpétua por matar
meu pai.

Tiro o copo da boca, que ainda está parcialmente aberta.

Não tenho certeza do que dizer, mas um pedido de desculpas sai dos
meus lábios. — Eu sinto muito.
— Não sinta. Meu pai abusou dela por anos. Uma noite, ela tentou se
proteger e atirou nele.

— E ela foi para a cadeia por isso?

— Sim. Meu pai vem de dinheiro antigo. O defensor público da minha


mãe não era páreo para seus advogados caros.

Ainda com a boca aberta, eu o encaro. — O que aconteceu com você e


seus irmãos?

— Entramos no sistema. — Ele se recosta na cadeira. — Moramos com


uma boa família durante o primeiro ano e meio, mas então nosso pai
adotivo ficou doente com leucemia e, entre as contas médicas e sua saúde,
eles tiveram que desistir de nós. Na época, eu tinha quatorze anos. Foi
difícil colocar todos nós juntos. Um casal legal de Miami me acolheu. Cole
acabou ficando com um casal rico em Hollywood. Lix, bem, ele nunca
conseguiu sair de Fort Lauderdale. Ele pulou em diferentes lares adotivos
até ser preso por uma contravenção e acabou no reformatório.

— Ah, isso é horrível. — Estou chocada com o que ele disse e que ele
me disse. — Sinto muito que você teve que passar por isso.

— Nós sobrevivemos. Não foi de todo ruim. Meu pai adotivo, Callen,
era dono de uma construtora e me ensinou tudo o que sabia. Ele é um bom
homem, mas também é um alcoólatra funcional. Não interferiu com seu
trabalho ou comigo. Ele era bom para mim. Ele só gostava de beber.

— Então você manteve contato com seus irmãos ao longo dos anos?
— Não. Perdemos o contato no meio do caminho. — Ele parece estar
debatendo se deve continuar.

Esqueça a pasta de dente. Quero saber mais sobre sua vida e o que o
tornou o homem que é hoje.

Está tudo fazendo mais sentido. Sua infância e quem ele se tornou por
causa disso. Ele responde à pergunta de por que ele faz o serviço de
escolta.

Eu libero minha respiração e, para minha total surpresa, ele começa a


falar novamente.

— Quando me formei no ensino médio, economizei dinheiro suficiente


para comprar uma casa hipotecada. Eu me formei. Então comprei outra e,
quando fiz vinte anos, me mudei e abri minha própria construtora. Um dia,
Cole apareceu na minha porta. Ele se mudou e começamos a trabalhar
juntos. Ensinei-lhe tudo o que sabia. Procuramos Lix, encontramos ele na
detenção de menores, e quando ele completou dezoito anos, estávamos lá
esperando por ele quando ele foi solto. Estamos juntos desde então.

— Estou feliz que todos vocês conseguiram se encontrar. Sua mãe, é


por ela que você começou o serviço de acompanhantes?

— Nós meio que caímos nisso. Eu estava fazendo uma adição para uma
mulher. — Ele faz uma pausa. — Jane.

Jane? Lá está ela de novo. Como Brett, ela parece ser uma grande parte
do que eles fazem.
— Ela é uma conselheira. Ela tinha reuniões em sua casa para mulheres
abusadas. Fiquei lá um mês trabalhando no local. Às vezes, eu ouvia as
reuniões.

— Deve ter sido difícil o que aconteceu com você quando era mais
jovem.

— Sim, eu não falo sobre o que aconteceu. Mas Jane é boa. Ela me fez
falar sobre o que meus irmãos e eu passamos.

— Isso é bom. Você provavelmente precisava falar com alguém.

— Sim, acho que meio que sim. — Ele acena com a cabeça, sentando-se
para a frente e descansando as mãos sobre a mesa. — Um dia, ela me ligou
e disse que deu meu nome para uma mulher que estava procurando uma
reforma no banheiro. O nome da mulher era Julia. Eu aceitei o
trabalho. Uma semana depois, percebi que o marido de Julia estava
abusando dela. Para sua sorte, ele nunca estava por perto quando eu estava
lá. Especialmente no dia em que apareci para o trabalho e Julia estava tão
machucada que mal conseguia andar. — Sua mão se fecha sobre a mesa.

— Ele a machucou muito. Liguei para Jane e ela me disse que estava
tentando convencer Julia a deixar o marido, mas Julia estava com muito
medo dele. Jane poderia afastar Julia e levá-la para algum lugar seguro,
mas Julia precisava concordar em partir. Tentei convencer Julia a deixá-lo,
mas Jane estava certa. A pobre mulher estava apavorada com o marido.
Terminado o trabalho, disse a Julia para me ligar a qualquer hora, dia ou
noite, e eu iria buscá-la, quer o marido estivesse lá ou não. Eu prometi a ela
que ela estaria segura. Duas semanas depois, Julia ligou. Ele a espancou
tanto. — Ele balança a cabeça.

— Ela estava com medo de morrer. Ela estava com muito medo de
chamar a polícia, com medo de chamar uma ambulância. Ele tinha saído e
ela não tinha certeza de quando ele voltaria. Peguei meus irmãos e fomos
buscá-la. O idiota apareceu e quase o matamos. Foi como se tivéssemos
entregado toda a agressão que sentíamos por nosso pai ao agressor dela
naquele dia. Mas nós a tiramos de lá. Nós nos encontramos com Jane, e ela
a levou para um lugar seguro. Algumas semanas depois, Jane ligou e me
disse que havia dado meu número para outra mulher, e foi assim que tudo
começou. No começo, faríamos trabalhos para elas, encorajaríamos a
mulher abusada a sair, mas agora, Jane dá nosso número para mulheres
que se recusam a chamar a polícia ou estão com muito medo de envolver
suas famílias. Nós as pegamos e as deixamos com Jane. A primeira, fizemos
juntos, mas foi perigoso por causa da nossa história. Nossa raiva era
demais. Então resolvemos fazer as escoltas sozinhos e revezar. Dessa
forma, não matamos ninguém. — Ele ri como se estivesse relembrando as
memórias.

Como se ele tivesse que encontrar algo divertido nas situações


tremendas. Como se fosse assim que ele lidasse com isso.

— Você não está preocupado que um de vocês se machuque se estiver


sozinho?

— Não. Cole é faixa-preta em artes marciais, Lix, ele frequenta


academia, boxe e gosta de luta de MMA, e eu lutei durante todo o
colégio. Ao longo dos anos, treinamos juntos, ensinando um ao outro o que
sabemos. Fizemos cursos defensivos e carregamos, você sabe, para proteger
a nós mesmos e à mulher.

— Você não tem medo de ser pego?

— Não é ilegal ir à casa de alguém quando você foi convidado e, se as


coisas ficarem difíceis, o que o agressor vai dizer aos policiais? — Ele dá de
ombros como se fosse apenas mais um dia no escritório. — Eles geralmente
não envolvem a polícia porque sabem que o que estão fazendo é contra a
lei. Nenhuma pessoa tem o direito de ferir outra pessoa. Eu sei disso, mas
também sei que uma mulher pode ser presa por se defender, e é por isso
que faço isso. Não quero que nenhuma mulher se sinta impotente como
minha mãe se sentiu por tantos anos.

Sento-me de boca aberta. É difícil imaginar tudo o que ele está me


contando. Sua infância deve ter sido difícil. Em uma idade tão jovem, ele
viveu no inferno. Como pode alguém tão marcado, tão danificado, sair tão
bem? Sua escuridão aparece do lado de fora. Sua luz brilha por
dentro. Como não me apaixonar por esse homem? Como devo me afastar
dele? Quando tudo que eu quero é abraçá-lo até sentir o calor de sua luz
dentro de mim.

— Bem— ... ele bate na mesa ... — acho que é hora de ir embora. — Ele
se levanta.

Sem palavras, eu olho para ele. Não quero que ele vá embora, mas
imagino que o que ele me confessou custou muito dele. Sem falar que
ainda estou tentando processá-lo.
— Obrigada por esta noite. — Seus olhos brilham sobre mim.

Eu o encaro, incapaz de encontrar a resposta certa.

Eu não perguntei, mas ele me forneceu as respostas para minhas


perguntas candentes. Eu o entendo um pouco melhor agora. Mas esse
entendimento está quebrando meu coração.

— Você sabe, Cassie. — Ele toca levemente minha bochecha. — Eu não


saberia que você precisava de mim. Eu não teria vindo naquela noite se
você não tivesse encontrado forças para pedir ajuda.

Ele se inclina. Nossos rostos se alinham e meu coração se abre.

— Não fui eu quem te salvou. — Seu polegar rola pela minha


bochecha. — Você se salvou quando fez aquela ligação.

Ele me beija na testa e sai pela porta, deixando-me sentada na cadeira


com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Capítulo Dezoito
Brett

Com os olhos brilhando de desejo e a boca pronta para provar, era


difícil deixá-la na cozinha.

Porra. Por que eu disse a ela toda essa merda?

Foi bom enquanto eu estava fazendo isso.

Mas quando a deixei, transformei toda a sua paixão em empatia.

Não sei se poderei olhar para ela novamente sem ver aquela expressão
de coração partido em seu lindo rosto.

Incapaz de dormir, vou até a cozinha para beber algo. Não sei bem o
quê, mas licor soa bem.

Meu celular toca no balcão. Eu o pego e olho para a mensagem de


Cole. Acho que você tem companhia.

Eu respondo: O quê?

Cassie acabou de estacionar.

Eu ando até a janela e vejo o carro dela.


Porra? É uma hora da manhã.

O que diabos ela está fazendo aqui?

Entro no elevador e espero que chegue ao andar térreo.

As portas se abrem e a brisa quente roça meu peito nu.

— Oi. — Ela sorri. Seus olhos passam por mim como o ar quente da
noite.

— Está tudo bem?

Sua cabeça se inclina. A luz da lua atinge seus olhos azuis. — Por que
você sempre me pergunta isso?

— Está tarde.

— É isso. — Ela segura o sorriso. — Você vai me convidar para subir?

— Cole sabe que você está aqui.

— De novo... — ela dá um passo mais perto — ...você vai me convidar


para subir?

Eu a encaro, pesando minhas opções. Aparentemente, ela não se


importa com quem sabe que ela está aqui ou por quê. Eu gostaria de saber
a resposta para isso.

Estendi minha mão, sabendo que daria a essa mulher qualquer coisa
que ela quisesse. — Suba.

Ela entra no elevador comigo. Seus olhos elegantes permanecem nos


meus enquanto ela se move.
— Obrigada, — diz ela.

As portas nos fecham juntos.

Pegamos o passeio silencioso até a minha casa. Com o coração batendo


forte no peito, fico com ela. Mantendo a visão dela com a minha, eu me
recuso a deixá-la ir. Ela veio até mim no meio da noite.

Sim. Eu sei o que ela quer.

Convidá-la apenas valida que talvez eu esteja pronto para dar a ela. Eu
ofereceria qualquer coisa a ela. Tudo o que ela precisa fazer é pedir. Eu sou
um escravo quando se trata dela. Ela tem esse poder sobre mim. Um que
eu nunca permiti que ninguém tivesse. Isso me assusta pra caralho.

Ela entra em meu lugar com um sobretudo escuro com cinto na


cintura. — Espero não ter acordado você.

— Não. — Eu esfrego a mão no meu cabelo. Seu perfume feminino me


preenche, causando estragos em meus sentidos já sobrecarregados. — Eu
estava acordado.

Ela para e se vira. — Não conseguiu dormir?

Eu tiro minha mão da minha cabeça. — O que você quer, Cassie?

— Eu queria te agradecer por se abrir comigo sobre sua vida. Não


consigo imaginar que tenha sido fácil para você.

Eu concordo.

Seus olhos suavizam. — Você pode confiar em mim.


Não sei explicar, mas acredito nela.

— Tipo... — ela sorri — ...Posso confiar em você?

— Sim, — eu confirmo.

— Bom. — Sua mão vai para o cinto em volta da cintura. — Você expôs
uma parte de si mesmo para mim esta noite. — Ela puxa o cinto. — E eu
gostaria de fazer o mesmo por você.

A jaqueta se abre, revelando sua carne nua, macia e cheia de curvas.

Eu aperto minhas mãos enquanto seus mamilos rosados e seios


carnudos flertam com meus olhos. Eu quero esbofeteá-los, mordê-los,
agarrá-los, ensinar-lhes uma lição por me provocarem. Levá-los ao meu
alcance e faça-os sentir minha ira, a dor em meu pau e o desejo em meu
coração.

A jaqueta cai de seus ombros. Ele cai no chão como um aviso silencioso
- uma premonição silenciosa do que está por vir.

Meu pau estremece em meu jeans, ansiando pelo gozo duro que tanto
precisa. Está doendo por dias por causa dela.

Ela levanta o queixo, os olhos brilhando do outro lado da sala. — Eu


não terminei de te mostrar meu poder. — Ela vem em minha direção, lenta
e constante, com nada além de um par de saltos.

Porra. Ela é sexy.


Eu me deleito com a visão dela. Devoro cada curva, engolindo-a
inteira. Absorvo cada centímetro de seu corpo requintado e bem
torneado. Levando-o profundamente dentro de mim.

O pulso em minha têmpora bate forte. Ele vibra no meu pescoço. Ela é o
polegar dedilhando minhas cordas apertadas, orquestrando uma sinfonia
fodida em minhas calças.

Ela para na minha frente. Eu poderia levantar minha mão e tocá-


la. Beijá-la. Castigá-la por foder com meu pau, bagunçar minha cabeça e
provocar meu coração vulnerável.

Eu quero mostrar a ela o meu poder. Revelar-me a ela. Dar a ela o que
eu preciso para curar a dor dentro de mim.

É um inferno manter a calma. Como quando me envolvo com um


agressor, tudo que quero é matar o filho da puta. Eu luto como o inferno
para lutar contra o desejo. Assim como estou lutando para não estender a
mão e tomá-la, reivindicá-la como minha do jeito que eu quero.

Eu olho para ela, engarrafando minha necessidade por ela dentro de


mim para mantê-la segura. — Você não precisava vir aqui para mostrar seu
poder. Eu vi isso na primeira vez que te vi. Eu olho para sua boca, seios,
seu corpo curvilíneo. — Eu arrasto meus olhos de volta para os dela. — Eu
vejo isso sempre que olho para você.

Um pequeno sorriso satisfeito aparece em seus lábios exuberantes. Ela


coloca as mãos quentes no meu peito. Meus músculos se contraem
enquanto ela corre um toque suave no meu torso, provocando minha
determinação.

A fricção da minha reação corre solta por dentro.

Eu permaneço estoico. Minhas mãos apertam com mais força, fazendo


meu pulso bater forte em meus pulsos.

Seus dedos tocam em mim, atuando sobre minha pele como uma
música que se desenvolve lentamente para o verso final. Aquele que exige
uma reação específica.

Uma vibração de liberação incontrolável.

Ela desce as mãos pelos meus braços e as empurra atrás das minhas
costas.

— O que você está fazendo? — As palavras rosnam por entre meus


dentes enquanto tento manter minha necessidade dentro de mim.

— O que eu quiser. — Sua visão cai para o meu jeans.

Ela os desabotoa e puxa meu zíper para baixo.

Olhos azuis confiantes piscam para mim enquanto sua mão desliza
para dentro da minha calça.

— Foda-se. — Eu estremeço com o calor de sua pequena mão em volta


do meu pau duro e pulsante.

Pronto para explodir minha carga aqui, eu cavo meus dedos mais
fundo em minhas palmas. A cada volta, essa mulher me desafia e coloca
meu controle à prova.
— Eu só quero saber como você se parece.

— Sua curiosidade vai te colocar em apuros, — eu assobio, lutando


para me controlar enquanto olho para o teto.

— É legal. — Ela sorri.

Eu expiro, abaixando minha cabeça. — Legal?

— Sim. — Ela me acaricia, sorrindo como se me tivesse na palma de


suas mãos.

O que ela faz.

— Estou feliz que você aprova. — Eu travo minha resistência enquanto


ela passa a mão pelo meu comprimento. — Foda-se.

— O que vai acontecer se eu continuar fazendo isso? — Ela firma seu


aperto e puxa um pouco mais forte.

Agarro seu pulso e puxo sua mão. — Desculpe, mas temo que você não
vá descobrir. — Encaro seus olhos desafiadores, incapaz de acreditar que a
estou impedindo. — Não essa noite.

Sua sobrancelha arqueia. — Eu assusto você, Brett?

— Porra. — Eu olho para baixo em seus olhos desafiadores. — Você


meio que faz.

— É por isso que você me para o tempo todo? Você está com medo?

Minha mão aperta seu pulso. — Não é comigo que estou preocupado.
Sua cabeça se inclina. Eu fico com os olhos dela, com medo de me
aventurar em qualquer outra parte do corpo dela.

— Então com o que você está preocupado?

— Estou preocupado com o que vai acontecer. — Eu puxo seu corpo


contra o meu. — Quando eu te mostrar meu poder.

Ela procura meus olhos. — O que te faz pensar que eu ainda não o
vi? Como você viu o meu?

Eu sorrio, abaixo-me, pego sua jaqueta e entrego a ela. — Ah, posso


garantir que não.

Ela arranca a jaqueta da minha mão e rapidamente a veste.

Ela amarra o cinto na cintura e levanta o queixo. — Quanto tempo


vamos jogar este jogo?

— Não é um jogo.

— Com certeza parece um.

— Talvez seja esse o problema.

— Você tem todos os tipos de desculpas, não é?

— Não.

— Com certeza. Primeiro, é que não estou pronta. Agora, é que você
não está pronta.

— Eu não disse que não estou pronto.

— Então me mostre seu poder, Brett.


— Está tarde. Que tal encerrarmos a noite?

— Dane-se! — Ela gira sobre os calcanhares, pisa no elevador, cruza os


braços sobre o peito e espera que eu digite o código.

Cassie Redmon está acostumada a conseguir o que quer. Esta noite, sou
eu. Mas eu preciso ir devagar com ela. Eu preciso tomar meu tempo.

Ela entra no elevador e se vira, o azul em seus olhos lutando para


escapar de seu modo sombrio.

— Boa noite, — eu digo com um sorriso.

— Isso ainda não acabou.

— Eu sei, Cassie. — Eu sorrio para a mal-humorada enquanto observo


as portas se fecharem.
Capítulo Dezenove
Brett

Eu começo a subir as escadas.

A raiva se espalha por mim como gelo rachado em um lago congelado.

O lugar me parece familiar. Sim, não é a primeira vez que venho a este
endereço.

Porra. Uma chamada de retorno raramente acontece. Certa vez, vi uma


das minhas Julias no noticiário depois que seu agressor a matou. Ela
voltou.

Por que elas voltam?

Sinceramente, não gosto de fazer essa pergunta.

Então eu teria que me perguntar por que mamãe ficou tanto tempo com
o doador de esperma.

Eu olho em volta enquanto bato meus dedos na porta.

Ele se abre. Olhos castanhos rodeados de preto e azul olham para mim.
Merda. Eu me lembro dela. Ela é jovem. Seu agressor era pelo menos
dez anos mais velho que ela.

— Você está bem?

— Sim. — Ela abre a porta. — Ele não está aqui. Ele saiu para fumar.

Entro na casa, inspecionando os arredores.

Eu quero gritar com ela.

Eu sei melhor, no entanto. Ela já passou por bastante. A evidência está


em todo o seu corpo machucado.

— Não diga isso. — Ela levanta uma mão machucada e trêmula. — Eu


fodi tudo. — Ela pega uma mochila do chão. — Aqui. — Ela o empurra
para mim.

Eu levo.

— Eu não deveria ter voltado. Eu sei. — Ela me entrega outra bolsa.

— Quanta merda você tem? Você conhece as regras.

— Sim, eu conheço as regras, mas... — Ela se dirige para a sala de estar.

Há um choro.

— Porra. — Eu suspiro, reconhecendo o barulho. Nessas situações, é o


pior som.

Ela pega a cadeirinha segurando um bebê. — Não sou só eu desta vez


— ... ela olha na minha direção... — e ela precisa de toda essa merda.
Aquela raiva congelada dentro de mim começa a rachar. Por que diabos
ela voltaria para seu agressor com um bebê?

Eu travo minha mandíbula, não permitindo que o gelo rache mais. —


Vamos lá.

Chego à porta e olho para fora.

Eu odeio quando as crianças estão envolvidas.

Porra odeio isso.

— Meu carro está ali. — Eu gesticulo.

Uma caminhonete desce a rua e seus pneus cantando anulam o choro


do bebê.

Merda!

Eu jogo as bolsas no meu carro. — Coloque-a no banco de trás. Eu trato


dele.

Não estou com disposição para essa merda esta noite.

Mas faz parte do trabalho.

Eu sigo em direção ao caminhão, punhos cerrados e prontos.

O idiota pula da caminhonete. — Kimmie! — Ele cobra pelo meu


veículo. — Onde diabos você pensa que está indo? — Olhos fixos em sua
vítima, ele mal me nota. — Ei, vadia!

— Ei, filho da puta, — eu grito.

Seus olhos escuros piscam para os meus. Seus ombros se levantam.


Ele redireciona seu destino.

Ele cobra de mim.

— Sim, idiota, vamos lá. — Eu sorrio. — Você a quer. Você vai ter que
passar por mim.

Seu braço puxa para trás. Eu bato o soco desleixado do meu rosto e
agarro sua camisa. Minha cabeça se afasta do golpe rápido que deixei
escapar na minha bochecha esquerda.

Porra, isso vai deixar uma marca. Bem, garanto que é a última que esse
babaca vai embora hoje.

Eu bato meu punho em seu rosto. Sem largar sua camisa, eu o puxo de
volta para mim, coloco minha mão em volta de sua garganta e aperto. Eu
faço isso até que a única luta que resta nele seja por ar. — Vá para qualquer
lugar perto dela ou daquele garoto... — eu agarro com mais força,
inclinando meu rosto para mais perto dele — ...e eu vou te matar. — Eu
olho em seus olhos. — Você me ouviu?

— Foda-se, — diz ele, sangue jorrando de seus lábios.

— Resposta errada. — Eu bato meu punho em seu lado, adicionando


mais luta por sua respiração. Não paro até ter certeza de que ele está perto
de desistir de suas últimas respirações.

Eu empurro sua bunda fraca no chão, observando-o ofegar pelo ar que


roubei antes de caminhar até o carro e entrar.

Verifico se todos estão seguros e saio.


Nós dirigimos por alguns minutos.

Eu recupero o controle sobre a raiva e a luta que sobrou corroendo meu


corpo para voltar e acabar com o filho da puta para sempre.

— Eu sinto muito. — Eu a ouço sussurrar.

Agarro o volante. Se eu olhar para ela, ela verá minha raiva e


decepção. Por mais que eu queira mostrar, ela não precisa disso. Ela está
ferida, fisicamente e mentalmente. Ele fez isso com ela. Pelo menos ela
pediu ajuda de novo, mas da próxima vez... minha mandíbula aperta. —
Estaremos lá em uma hora.

A viagem até Willa é sempre a mais longa. Eu me concentro no meu


próximo dia de trabalho. Planejo isso na minha cabeça. Penso em qualquer
coisa, menos na mulher espancada sentada no carro comigo. Não quero
pensar no que as trouxe até mim, quanto tempo elas aguentaram ou se vão
voltar a isso.

Esta garota. Ela fez o que eu mais temo por elas.

Eu balanço minha cabeça.

— E-eu não sabia que estava grávida quando o deixei. Quando eu


descobri, eu, bem, eu não fui criada assim, — ela sussurra, quebrando o
silêncio no carro. — Eu tinha que tê-la. Eu a amo. Eu amo.

Meus olhos deslizam para ela. Uma lágrima cai de seu olho.

— Eu sei. — Ela olha pela janela do passageiro, roendo o polegar. — Eu


a coloquei em perigo. Eu sei que. Eu não sou uma idiota.
Volto para a estrada. Mandíbula novamente travada.

— Mas você não entende.

— Me explique, — eu digo entre os dentes cerrados.

— Eu tinha dezessete anos quando o conheci. Ele cuidou de mim e me


ajudou a sair de uma situação ruim. Um pior que ele. Ele não é de todo
ruim. Há um lado sensível nele. Ele se importa comigo. Ele é um homem
gentil e doce, mas quando bebe, fica malvado.

Eu corro meus olhos por seu corpo machucado. — Só um monstro faz


isso com alguém. — Eu circulo de volta para a estrada. — Um homem não
machuca alguém de quem gosta, e o álcool não muda o homem. Você não
pode culpar o comportamento dele pelo álcool. Esse raciocínio é para
você. Para lhe dar uma desculpa de por que ele te machuca. Quando a
verdade é que ele é apenas um monstro. Ele se alimenta do seu medo e não
vai parar até que você pare de alimentá-lo.

— Não é tão fácil. É difícil. Tentei ver outros homens, mas tenho medo
deles. Tenho medo de ficar com outra pessoa. Pelo menos, com ele, sei o
que estou recebendo.

Eu olho para ela.

— Olhe para você. Você não entenderia como é quando não pode se
proteger. Você é um homem. Você é forte. Destemido. Eu tenho cinquenta
quilos. Não tenho chance contra um homem como ele. Você não tem ideia
de como é isso. Merda, eu tive que ligar para você para me pegar, para me
salvar dele. Além de matá-lo, não posso vencê-lo.
— A maneira de vencê-lo é não estar lá para que ele possa vencê-la.

— Dele. Alguém. O que isso importa?

Eu ouço o desespero em sua voz, e isso parte meu coração. Ela é tão
jovem.

— Sério? Você me diz? — Seu tom muda. — E se o próximo homem


com quem eu estiver não me bater quando estiver bebendo? E se ele fizer
isso sempre que quiser? Algo ruim, mas conhecido, é melhor do que algo
desconhecido.

— Existem homens bons por aí. Mais bom do que ruim.

— Sim, conhecendo-me, vou encontrar outro mau. É a minha sorte. —


Ela descansa a cabeça no banco do carro. — Depois que você passou pelo
que eu passei, todo homem te assusta. — Ela respira fundo e solta. — Eu só
quero um homem de quem não tenho medo.

Eu olho para ela. Pobre criança. Ela tem um longo caminho pela frente,
especialmente agora que ela tem um filho.

Eu entendo que ela está com medo. Tenho certeza de que todos estão...
então me lembro do que Cassie me disse.

Eu não tenho medo de você.

E se ela se sentir como essa garota? E se ela estiver com medo de estar
com outro homem?

E se eu for o único homem com quem ela não tem medo de estar?

Porra! Cassie está certa.


O problema não é ela.

Ela não tem medo.

Sou eu.

Eu tenho medo dela.

É por isso que quero ir devagar.


Capítulo Vinte
Cassie

— Você pode colocá-lo ali mesmo. — Aponto para o local onde estão os
entregadores que carregam a escrivaninha de três metros e meio.

Eu os observo colocando-o no chão.

O homem menor dos dois puxa um dispositivo eletrônico do bolso de


trás.

— Você só precisa assinar aqui, senhorita Redmon.

— Obrigada, — eu digo e rabisco meu nome no bloco.

— Tenha uma boa noite, — diz ele antes de sair pela porta com o outro
cara.

Concordo com a cabeça, inspecionando o vasto espaço aberto.

Eu escolhi a cor perfeita. A mesa de mogno aparece na sala cinza.

— Já colocando os móveis no lugar, — Cole diz enquanto entra na sala


de conferências principal.
— Sim. — Eu sorrio. — Eu queria ver como ficava.

Ele olha ao redor da sala. — Parece bom.

— Estou feliz com isso. — Eu me viro para ele. — Quando o resto será
feito?

Eu não estou com pressa. Neste ponto, não me importo se cumprirmos


a data prevista. Uma parte de mim quer ficar e ver onde as coisas podem ir
com Brett. Depois de sua confissão de infância, preciso saber mais sobre
ele. E embora ele possa ter me chutado para fora de sua casa na outra noite,
não estou derrotada. Vai demorar mais do que isso para se livrar de mim.

— Estamos dentro do cronograma.

— Excelente.

— Acabei de terminar os banheiros. — Ele gesticula dessa forma com os


polegares. — Eles estão funcionais agora.

Meus olhos se arregalam. — Não há mais banheiro externo?

— Eles estão vindo para buscá-lo amanhã. — Ele ri.

— Isso é maravilhoso.

— Sim. — Seus olhos brilham. — Estou me preparando para ir. Você


queria que eu trancasse?

— Claro.

— Ok, tenha uma boa noite. — Ele se vira para a porta.

— Cole?
— Sim? — Ele para, olhando para mim por cima do ombro.

— Onde está Brett? — Não o vejo há três dias. Não desde que apareci
em sua porta com nada além de uma jaqueta.

Não estou acostumada a ficar desesperada, mas o homem me empurra


para um ponto sem volta.

É constante. O desejo que tenho por ele. Essa necessidade de estar perto
e ansiando por tocá-lo.

Cole me encara por um segundo antes de manobrar seu corpo de volta


em minha direção.

— Ele tinha um acompanhamento em outro trabalho. — Ele enfia as


pontas dos dedos nos bolsos da frente da calça jeans. Braços tatuados
flexionam abaixo do punho de sua camiseta justa. — Ele deve estar de volta
ao local amanhã.

— Oh. — Eu sinto o calor do rubor das minhas bochechas.

É embaraçoso. Cole sabe que fui ver Brett na outra noite. Era tarde. Ele
tinha que assumir que não tinha nada a ver com o trabalho.

— Escute, eu não sei o que está acontecendo entre vocês dois. — Ele
caminha em minha direção. — Mas posso te dizer... — Ele faz uma pausa
como se hesitasse em continuar.

Eu aguento, esperando e precisando ouvir o que ele vai dizer. Ele é


irmão de Brett. Ele sabe mais sobre ele do que qualquer um.
— Eu sei que ele tem sentimentos por você, mas isso está o
atrapalhando.

— Essa não é minha intenção, — eu digo na defesa, sem saber onde ele
quer chegar com o comentário.

— Não é sua culpa. É que sua situação com ele é diferente. Ele está
acostumado a desligar o que sente antes que vá longe demais. Todos nós
fazemos. — Ele dá de ombros como se também tivesse perdido as chances
de estar com alguém.

Meu coração se parte por ele e seus irmãos e o que seu segredo deve
fazer com eles, como isso restringe suas vidas.

— Mas com você, sabendo o que você sabe, ele não precisa se
preocupar em explicar as ligações noturnas que o arrastam para fora da
cama ou o tiram do jantar. Ele não precisa se preocupar com você
descobrindo a verdade ou escondendo algo de você. E, francamente, não
acho que ele saiba o que fazer com isso.

— Eu nunca pensei sobre isso.

— Ele pensou, e como eu disse, ele está lutando contra isso. Dê-lhe
tempo. Ele nunca teve que pensar em como seria estar com uma mulher
que conhece o verdadeiro ele.

Eu olho para ele enquanto uma infinidade de coisas corre solta em


minha mente.

Poderia ser por isso que Brett continua me fechando? Por que ele se
recusa a nos levar para o próximo nível? Não é como se eu estivesse
pedindo a ele um compromisso ou algo assim. Só estou aqui por mais
alguns meses.

Tem sido apenas sobre sexo.

Pode ser esse o problema? Ele acha que é tudo que eu quero dele?

Espere. Isso é tudo que eu quero?

Honestamente, eu tenho dito a mim mesma que é.

Se estou com um homem, posso superar tudo o que Glenn me fez. É o


último passo para completar minha recuperação. Pelo menos, é para
mim. Tenho certeza de que outras mulheres podem ser diferentes. Elas
podem precisar de algo mais para curar. Eu preciso de Brett.

Honestamente, que homem melhor para estar do que ele. Eu confio


nele. Eu sempre vou confiar nele. É enervante o quanto eu confio no
homem, e mal o conheço.

Nunca dei a nenhum homem tudo de mim. Sempre segurei algumas


peças seletivas. Meu coração sendo um deles.

Para ele, porém, eu poderia sacrificar apenas uma lasca dele. Um


barbear, no mínimo.

Isso é enervante também.

Assustador como o inferno, realmente.

Então não.
Não importa o quanto eu tente me convencer, não pode ser apenas
sobre sexo.

Talvez Brett entenda isso. Talvez seja por isso que ele está se
segurando. Ele tem medo de passar para o próximo nível porque nunca
teve a oportunidade.

— Ei. — O som da voz de Brett chicoteia minha cabeça.

Ele está enchendo a porta. Nossos olhos se encontram e meu coração


para no meio da batida.

— Ei. — Eu ouço Cole responder.

Relutante e incapaz de desviar o olhar da tempestade se formando nos


olhos de Brett, na minha visão lateral, vejo Cole passar por mim.

— O que está acontecendo aqui? — Brett entra na sala, seus olhos e a


pergunta dirigida a mim.

— Eu estava saindo. — Cole dá um tapinha no ombro dele antes de sair


pela porta.

Você conhece o choque que às vezes leva ao tocar em um interruptor de


luz. É assim que me sinto quando ele olha para mim - pequenos choques
elétricos correm por mim, juntamente com o fogo em seus olhos. Estou
derretida sempre que estou perto dele.

— Oi. — Deixei a única palavra descomplicada cair de meus lábios.

Não respondendo ao meu simples gesto, ele se vira, fecha a porta e vem
até mim.
Meus pés escorregam para trás como se meu corpo tivesse sido
avisado.

A tempestade está chegando.

Quanto mais perto ele chega, mais eu me aqueço e mais molhada fico.

Eu bato na parede e respiro fundo.

Sua mão pressiona contra a parede ao lado da minha cabeça,


impedindo-o de avançar e bater em meu corpo.

O silêncio me preenche. Noto o hematoma em sua bochecha.

Cole não mencionou que o trabalho que estava fazendo era para o
serviço de acompanhantes. O pensamento dele resgatando uma mulher,
ajudando-a e colocando-a em segurança me faz desejá-lo ainda mais. Ele é
um anjo negro - um guardião vestido com o traje do diabo.

Seus olhos semicerrados me embalam, mas ao mesmo tempo me


excitam. Ele está constantemente mexendo com minhas emoções. Nunca
sei o que sentir perto dele, mas a única coisa que sei é que o único lugar
onde quero estar é com ele. Em suas mãos capazes e sob seu feitiço é onde
eu prospero.

— Oi, — diz ele em voz baixa e rouca de derreter calcinha.

Olhos fixos nos meus. Ele me captura. Me prende dentro de seu reino
enigmático. Um lugar escuro, misterioso e intrigante que me atrai para
sempre. Quero abrir a porta para sua alma, ver além da tempestade em
seus olhos e descobrir o que está por trás de seu trovão bem protegido.
Sua sobrancelha levanta quando ele coloca a outra mão na parede. Tão
lento. Tão metódico. — Você está com saudades de mim?

Eu levanto meu queixo, sem saber como responder a ele. — Não. —


Assumo uma posição de defesa.

Um pequeno sorriso atinge seus lábios perfeitos, Deus, como eu os


quero em mim.

Qualquer lugar.

Em toda parte.

— Sim. Você está, — ele diz com muita confiança.

Calor muda em meu corpo, correndo para a liberação.

O fogo precisa de um lugar para ir.

— Eu senti sua falta, — diz ele enquanto o sorriso encontra seus olhos
sombrios.

— Mentiroso. — Minha defesa dispara de volta.

Ele ri. — Eu senti. — Ele olha para a minha boca. — Tudo o que eu
conseguia pensar era em você.

Eu o observo inspecionar meus lábios, e eles me abandonam,


formigando por seu toque.

Faço uma pausa para lamber a dormência pendente dos meus lábios. —
E no que você estava pensando?
— Como é hora de eu mostrar a você... — sua cabeça abaixa — ...meu
poder. — Sua boca derrete o formigamento, acendendo uma nova chama
abrasadora.

Droga! Seu poder não apenas reivindica meus lábios, mas todo o meu
ser.

Sua língua avança e conquista minha vontade também. Eu agarro seus


ombros largos para aprofundar o beijo. Minhas pernas envolvem seus
quadris robustos. Eu me agarro à sua forma forte, lutando contra as
chamas que queimam por dentro.

— E você disse que não sentiu minha falta, — ele diz entre beijos
enquanto me carrega sem esforço para a mesa.

Minha bunda bate na madeira. Sua grande mão cobre minha


garganta. Ele me empurra para me deitar de costas na mesa dura.

Eu aprecio o poder que ele tem sobre mim. Olhos escuros e aquecidos
roçam meu corpo como o fogo que ele está gerando por dentro. Arrastando
a mão pela minha garganta, ele para na minha camisa. Ele desabotoa o
primeiro botão da minha blusa.

— Puxe a saia, — diz ele em um tom rouco e inegável.

Meu peito sobe e desce. Tento recuperar o fôlego, mas não


consigo. Como o resto do meu corpo, ele o roubou de mim.

Seus olhos piscam para os meus. — Faça isso por mim, Cassie. Agora.
Desfrutando de seu pau duro pressionado contra minha boceta e tom
severo, eu solto minhas pernas de sua cintura.

Ele solta o último botão e abre minha camisa.

Um grito de derrota sai da minha boca enquanto alcanço a bainha da


minha saia.

— Sim. Isso é bom. Eu quero tudo para cima. Sobre esses belos quadris.

Ele puxa meus seios do meu sutiã. Passo por meus mamilos eretos,
movendo minha bunda para expor a parte inferior do meu corpo.

Em exibição completa, protegida apenas por um par de calcinhas pretas


minúsculas, observo enquanto ele examina abertamente minha
vulnerabilidade.

— Agora, você está me dizendo que este corpo não sentiu minha falta?
— Sua sobrancelha arqueia.

Abro minha boca para responder a sua arrogância fluindo


descontroladamente de seus olhos escuros, mas estremeço ao sentir seu
dedo deslizando pela minha calcinha e encontrando-se profundamente
dentro.

— E esses peitos. — Ele dá um tapa no meu peito antes de agarrar meu


mamilo e apertá-lo com força. — Eles não sentiram minha falta. — Ele puxa
meu broto duro.

Eu gemo.
— Você vai ter que fazer melhor do que isso para me convencer. — Ele
bate em meu mamilo um pouco mais forte.

A dor me penetra e sobe para a dor que ele produz entre minhas
pernas.

— Eu menti. — Eu mordo meu lábio, precisando disso.

— Eu sei que você mentiu. — Seu dedo empurra mais fundo dentro da
minha boceta. — Mas você não vai mais mentir para mim, certo?

Eu olho para ele, preparada para o que quer que ele esteja prestes a
fazer comigo. Pronta para aceitar seu poder de qualquer forma torturante.

— Certo, — eu respiro a verdade.

Senti falta do toque áspero da mão de um homem. Sempre foi um tesão


para mim.

Preocupava-me que nunca mais fosse gostar. Achei que Glenn havia me
arruinado para sempre.

Não há medo quando Brett me toca. Eu quero a força dele. De alguma


forma fodida, isso me faz sentir poderosa.

— Porra. — Seu dedo trabalha mais profundamente em mim. — Você é


tão apertada, querida.

— Sim, como eu disse, já faz um tempo, — eu digo entre lábios finos,


amando o jeito que ele me chama de querida. A maneira como seus olhos
brilham para mim como se ele nunca fosse se cansar de mim.
Sua mão cobre minha garganta. Outro dedo entra em mim. — Bem,
então seja uma boa menina, Cassie. Não se segure. — Sua mão aperta em
volta do meu pescoço. — Você esperou muito tempo. Apenas deixe este ir.

Entre seu toque penetrante e sua voz rouca e persuasiva, eu faço o que
ele pede.

Seu poder me inflama. Eu preciso me foder, e se for só pelo dedo dele,


eu pego agora mesmo.

Meus quadris se movem com cada impulso. Ele vai cada vez mais
fundo até que eu o sinto através de mim.

Eu espio em seus olhos severos e provocadores. Sua mão aperta minha


garganta. A força, controle e poder inegável que ele tem sobre meu corpo
faminto é mais do que posso suportar.

Eu me rendo.

Dou a ele o que ele exige.

Eu deixei de lado o meu tão esperado orgasmo.

Meu interior se contrai. Dói, como se meu corpo estivesse me punindo


por esperar tanto, mas é incrível ao mesmo tempo.

Um grito sai da minha garganta seca. Eu tremo. Cega por um calor tão
intenso e uma sensação tão avassaladora, tudo o que posso fazer é me
render.

Tonta com a liberação, eu suspiro a cada respiração.


Abro os olhos e ele está olhando para mim com preocupação e
desejo. A estranha mudança em seus olhos me ilumina.

— Obrigado por me mostrar seu poder, — eu sussurro enquanto uma


lágrima de alegria e gratificação escapa pelo canto do meu olho.

— Oh, — ele responde apressadamente, afastando a lágrima com um


polegar gentil. — Eu ainda não terminei.

— Você não terminou?

— Não. — Ele se move para trás, agarra minha calcinha e a arranca.

— Isso foi para você.

Ele joga minha calcinha no chão e cobre meus seios com as mãos.

— Esta é para mim.

Sua cabeça abaixa entre minhas pernas, seus dedos agarram meus
mamilos, e ele começa a me dar outro orgasmo por procuração de sua boca

quente e talentosa…
Capítulo Vinte e Um
Brett

Está quente.

O calor queima minha mão.

Eu o mantenho - comprometido. Eu bato meus dedos na porta.

Ela se abre. Olhos azuis brilhantes brilham para mim. Ela move o calor
pelo resto do meu corpo.

— Oi, — diz Cassie, não impressionada com a minha tolerância à dor


ou minha visita inesperada.

— Ei. — Eu sorrio, tentando cancelar a última vez que coloquei meus


olhos nela.

O gosto dela.

O cheiro dela.
Os sons mágicos que vibraram de seus belos lábios quando a fiz
gozar. Levei tudo para não transar com ela naquela mesa. Não posso
sacrificar a necessidade de ir devagar.

É em parte por isso que estou aqui.

Tirar essa mulher da minha cabeça está se mostrando impossível.

Ela olha para a minha mão. Sua sobrancelha fina se ergue. — Pizza?

— Sim. — Eu dou de ombros. — Estou tentando fazer isso


direito. Então deixe-me entrar. — Eu dou um passo à frente.

Ela não se move.

Eu paro.

Ela descansa o lado da cabeça na beirada da porta, ficando confortável


enquanto minha mão e meu corpo queimam. A pizza está quente pra
caralho, mas eu já estou queimando por essa mulher há tanto tempo, então
o que são mais alguns minutos?

Seu lábio se curva. Seus grandes olhos olham para mim. — Tentando
fazer o que certo?

— Você sabe. — Eu dou de ombros novamente, o calor atingindo


minhas bochechas.

Eu me sinto doze.

— Não. — Seu queixo teimoso se inclina para cima junto com sua
sobrancelha. — Eu não sei.
Eu rio. É típico dela tornar isso difícil para mim. — Para, você sabe,
cortejá-la.

Ela ri. — Você não acha que está um pouco atrasado para
isso? Especialmente depois do que essa boca fez comigo ontem à noite?

Eu olho em seus olhos dançantes e dou uma espiada em sua boca


desafiadora. Eu quero agarrá-la e foder a presunção dela. — Me deixar
entrar.

Seus olhos reviram meu corpo impaciente, lentos e determinados, como


duas mãos famintas.

Eu espero, a pizza queimando minha mão.

Ela finalmente termina a tortura quando ela se move para trás e abre a
porta.

— Tudo bem, mas é melhor que haja calabresa nessa pizza.

Eu entro. — Oh, há e cogumelos.

Seus olhos se arregalam. — Sou alérgica a cogumelos.

— Você é? Merda!

— Não. — Ela me dá um tapinha no braço com uma risada. — Estou


brincando com você.

Serve-me bem. Eu sei tão pouco sobre ela. É por isso que estou aqui.

Eu preciso fazer isso direito. Preciso mostrar a ela que quero


mais. Preciso parar de ter medo dela.
— Vou pegar alguns pratos. — Ela ri, soltando meu braço.

Eu amo o som de sua risada tanto quanto a que ela faz quando está
tendo um orgasmo.

Eu sigo seus shorts curtos e regata justa até a cozinha. É como se ela
soubesse que eu estava chegando e vestisse a roupa mais quente de sua
cômoda.

Ela pega alguns pratos do armário. — Então... — Ela se vira e os coloca


sobre a mesa. — Isso é um encontro?

— Sim, — eu digo com confiança, mantendo meus olhos nela e não em


seus seios.

— Sério?

Eu concordo. — Pensei que poderíamos assistir a um filme ou algo


assim. Achei que resolvemos o problema do jantar na outra noite. Então é
hora de passar para outras coisas que as pessoas fazem quando estão
namorando.

Ela abre a caixa de pizza. — Que tipo de filme você tem em mente? —
ela pergunta a caixa de pizza.

— Sua vez.

— Eu não assisto muita TV. — Ela coloca a pizza nos pratos e me


entrega uma. — Que tal sentarmos no sofá, comer uma pizza e conversar?
— Conversar? — A última vez que conversamos, contei tudo a
ela. Derramei merda que eu não costumo contar a ninguém. Porra. Em
quantos problemas mais eu poderia me meter?

— Sim. — Ela entra na sala de estar.

Eu sigo, sem saber o que fazer a seguir.

— Ok. — Sento-me na cadeira a uma distância segura dela e de sua


roupinha sexy.

Quase posso garantir que não haverá conversa se eu chegar muito


perto, e não estou aqui para isso.

Ela dá uma mordida em sua pizza e olha para mim. Eu a observo


mastigar.

O que? Ela está esperando que eu comece a conversa? Tudo bem, essa
merda foi ideia minha.

— Você disse que sua mãe é psicóloga?

Ela assente, limpando a boca com o guardanapo.

— E o seu pai? O que ele faz pra viver?

— Ele é um operário. Um mecânico. Suas mãos estão sempre sujas.

Ela sorri como se pensar nas mãos de seu pai trouxesse boas
lembranças.

— Um psicóloga e um mecânico? Como isso aconteceu?


— Certo? — Ela ri. — Entre o traje profissional da minha mãe e as
camisetas engorduradas do meu pai, as pessoas sempre se perguntam o
que eles estão fazendo juntos.

— Como eles se conheceram?

— Minha mãe estava na faculdade. Ela sofreu um pequeno acidente e


meu pai consertou o carro dela. Ela disse que desde o momento em que o
conheceu, ela se apaixonou por ele e por suas mãos. — Ela ri como se
houvesse mais na história.

— E você tem um irmão? Ele é mais velho ou mais novo?

— Noah. Ele é mais jovem. Ele ainda está na Califórnia com meus
pais. Ele acabou de passar no NICLEX1 para se tornar enfermeiro. Ele é o
típico fanático por fitness da Califórnia, adora praia e surfe, mas tem uma
alma gentil e um grande coração. A profissão combina com ele. — A
menção de sua família traz outro sorriso caloroso ao seu lindo rosto. Eles
significam muito para ela.

— E você? Você sempre quis trabalhar com marketing? — Sim. É


melhor mantermos a conversa sobre ela. Eu não.

— Eu acho que sim. Começou quando eu era criança. — Ela cai de volta
no sofá. — Eu colecionava folhetos.

— Folhetos?

1 O National Council Licensure Examination é um exame nacional para o licenciamento de enfermeiros nos Estados
Unidos, Canadá e Austrália desde 1982, 2015 e 2020, respectivamente
— Sim. A primeira vez que fui ao dentista, eu estava tão
nervosa. Peguei um folheto. Havia uma foto de uma garota sorrindo nele, e
ver aquela garota feliz de alguma forma aliviou minha ansiedade. Então,
onde quer que eu fosse, comecei a colecioná-los. Há tanta informação neles
e tantos tipos, dobras duplas, dobras triplas, dobras z e dobras douradas.

— Dobra de ouro?

— É um método de dobragem de documentos que usa duas dobras


paralelas para criar seis painéis. Eles são um pouco mais caros, mas
bonitos. O meu preferido é o triplo. É antiquado, mas acho que é a melhor
apresentação. Tenho folhetos sobre assuntos desde doenças venéreas até os
melhores lugares para ficar enquanto visita a Califórnia e, deixe-me dizer,
há muitos lugares para visitar em Cali. Tenho centenas e continuo
contando. Meu pai construiu um baú para guardar todos eles. Eu os envio
para minha mãe e ela os adiciona à minha coleção.

— Doenças venéreas?

Ela ri novamente, acendendo o brilho em seus olhos. — Encontrei um


folheto no consultório médico quando tinha doze anos, e minha mãe, a
terapeuta, não se conteve. Ela me explicou tudo. Às vezes, eu gostaria de
ter uma mãe que não fosse tão aberta e disposta a falar coisas o tempo todo
ou me psicanalisar.

— Não sei. Acho que ela fez um bom trabalho. Você é uma mulher de
mente forte. Você não tem medo de buscar o que deseja e não foge de um
desafio.
Ela me encara por um longo momento como se não soubesse como
responder ao elogio. — E você? Você colecionava alguma coisa quando era
mais jovem?

Eu esfrego minhas mãos no meu jeans. — Bem, quando eu tinha oito


anos, meu pai me deu um taco de beisebol autografado por algum
novato. Tornou-se uma tradição. Todo Natal, ele me comprava um novo.

— Você gosta de beisebol?

— Não. Mas minha mãe me inscreveu na liga infantil e ela sorriu ao me


ver jogar. Meu pai era um grande fã de beisebol. Embora ele nunca tenha
ido aos meus jogos. Mas ele me deu um rack para aqueles malditos
tacos. Ele segurou seis. Quando eu ouvia meus pais... — eu pigarreei
— ...brigando, eu olhava para ele, prometendo a mim mesmo quando todas
as seis prateleiras estivessem cheias, eu usaria todos os bastões em meu
pai. Eu seria grande o suficiente então. Eu o machucaria como ele estava
machucando-a, mas nunca tive a chance. Havia apenas quatro tacos na
prateleira quando ele, ah. Quando minha mãe...

— Brett, — ela sussurra meu nome.

Eu pisco para afastar a memória, me sentindo novamente como uma


criança de 12 anos, mas desta vez, não de um jeito bom. Eu olho para cima
para encontrar seus gentis olhos azuis olhando para mim.

Porra! Por que eu digo a ela essa merda? Ela não precisa ouvir sobre a
minha infância fodida. Ela não precisa de um perturbado como eu. Ela
merece algo melhor. Um homem que tem sua merda sob controle. Não
aquele que está cheio de raiva e fúria. Um homem que está tentando se
redimir por não ter estado ao lado de sua mãe tantos anos atrás.

Ela merece muito mais do que eu.

Pode ser por isso que eu faço isso. Estou tentando assustá-la.

Pego meu prato e me levanto. — Desculpe, eu não queria ir contra você.


— Pego o prato dela e o levo para a cozinha.

Sinto a mão dela no meu braço. Eu me viro e ela está bem ali.

Eu poderia estender a mão e tocá-la. Segurá-la. Enterrar meu rosto em


seu cabelo e me perder para sempre.

— Você não tem que se desculpar, — diz ela. — Não para mim.

Eu olho para ela. Ela está firme, inteligente e obstinada, mas quando se
trata de mim, ela é outra coisa. Ela é suave, vulnerável e misericordiosa. É
como se ela fechasse as coisas difíceis para mim. Seus olhos estão bem
abertos, mas seu coração também.

Ela sabe muito sobre mim, as partes que escondo de todos os outros,
exceto meus irmãos, é claro. Eu não posso me esconder deles.

E, aparentemente, também não posso me esconder dela. O que eu vou


fazer? Ela quer tudo de mim. Eu vejo isso nos olhos dela. Ela quer me levar
e me manter. Todas as minhas partes, boas e más, ela vai levá-las. Se eu me
entregar a ela, ela vai estender a mão, agarrar e nunca mais soltar.

Como vou salvá-la de mim quando tudo que quero fazer é abraçá-la e
me render?
Sem palavras, eu me acomodo em seus olhos. Hesitante em
responder. Não tenho certeza de como.

Há uma batida na porta.

Minha cabeça se anima. — Você está esperando alguém?

— Não. — Ela se vira para a porta.

Há outra batida. Ela solta meu braço e eu a sigo.

Ela abre a porta. Um homem de cinquenta e poucos anos, de calça


comprida, camisa e gravata, olha para nós.

— Senhorita Redmon?

— Sim.

— Sou o detetive Sharpe. — Ele mostra seu distintivo para nós. — Eu


queria saber se você poderia reservar alguns minutos para falar comigo.

— A respeito?

— Glenn Stillwell.

Cassie olha para mim.

— A irmã dele relatou o desaparecimento dele. Eu entendo que você e


Glenn estavam em um relacionamento?

— Isso foi a mais de um ano atrás. Eu moro em New Hampshire


agora. Estou aqui apenas temporariamente para trabalhar.

— Só tenho algumas perguntas.


— Ok. — Ela olha para mim antes de deixar o detetive entrar em seu
apartamento. — Este é Brett Daxon. Ele é meu, ah, empreiteiro.

— Sr. Daxon. — O detetive Sharpe assente.

— Detetive. — Eu aceno de volta. — Eu estava saindo. Te ligo mais


tarde, Cassie.

— Vou acompanhá-lo para fora. — Ela me dá um sorriso inquieto antes


de se voltar para o detetive. — Por favor sente-se. — Ela acena com a mão
em uma cadeira. — Eu já estarei com você.
Capítulo Vinte e Dois
Cassie

Eu torço minhas mãos enquanto ando com Brett até a porta. — Eu não
entendo o que o detetive poderia querer. Eu não sei nada. Não vejo Glenn
há mais de um ano. Ele está desaparecido. Foi isso que ele disse?

— Cassie?

— Sim? — Meus olhos de pedra piscam para seu olhar tempestuoso.

Ele segura o lado do meu rosto com a palma da mão e se inclina para
baixo, vencendo momentaneamente minha preocupação e o detetive
esperando meu retorno. — Lembre-se, você não pode falar sobre aquela
noite. Você não pode contar ao detetive o que aconteceu.

Eu procuro sua expressão, notando a pitada de preocupação que sinto


em seu toque. Ele deveria me fazer sentir melhor, não brigar mais com meu
cérebro. Claro, não vou contar ao detetive. O que isso tem a ver com o
desaparecimento de Glenn?

Parece que Brett é quem precisa acabar com suas preocupações.


— Eu não vou. — Eu encaro seus olhos indecifráveis com promessa.

Um sorriso lento e gentil se espalha em sua boca, me assegurando que


funcionou. Eu aliviei sua preocupação.

— Ouça. — Ele pressiona sua testa contra a minha enquanto seu


polegar acaricia minha bochecha. — Tudo vai ficar bem. Basta entrar lá e
responder às perguntas do detetive.

O toque fraco, mas impressionável, de seus lábios contra os meus


aniquila toda a situação.

Ele se retira, deixando minha boca formigando por mais enquanto ele
se vira e se afasta.

Quando ele desaparece na esquina, eu saio de lá com um rápido piscar


de olhos e uma sacudida do meu cérebro confuso.

De volta à tarefa em questão.

O que diabos o detetive quer?

Depois de respirar fundo, afasto a sensação estranha que tive com as


palavras insistentes de Brett e volto para o meu apartamento para lidar
com o detetive.

— Me desculpe por isso. — Vou até a mesa e me sento no assento.

— Sem problemas. — Ele pega um pequeno bloco de papel e caneta.

— Agora, o que você quer me perguntar?

— Quando foi a última vez que você viu o Sr. Stillwell?


— Ah. — Eu olho para o bloco. Ele planeja registrar isso no papel? —
Faz cerca de treze meses agora.

— Você morou com ele em Sarasota?

— Sim, por seis meses. Ficamos juntos por cerca de oito.

— O que aconteceu?

Eu dou de ombros, tentando parecer casual e confortável com a


conversa.

— As coisas não deram certo.

Não é como se o detetive precisasse saber os detalhes do que Glenn fez


comigo. Tenho certeza de que um não tem nada a ver com o outro.

— Queríamos coisas diferentes. Então decidi me mudar para New


Hampshire para começar de novo. Consegui um emprego lá e, como disse,
não o vejo desde então.

— Então você não falou com ele ao telefone?

— Não. Não tive contato com Glenn Stillwell desde que saí.

Ele me olha por um longo tempo como se esperasse que eu dissesse


mais alguma coisa.

Resolvo quebrar o silêncio com minha curiosidade. — Você mencionou


que a irmã dele relatou o desaparecimento dele.

— Sim. Hannah Jordan. Você a conhece?

— Não. Eu não sabia que ele tinha uma irmã.


Ele bate a caneta contra o bloco de papel. — Eles têm pais
diferentes. Eles não eram próximos, mas ela disse que eles se veriam a cada
poucos anos. Ela o procurou há seis meses. Quando ele não voltou para ela,
ela decidiu fazer-lhe uma visita. Disse que sua casa parecia que ninguém ia
lá há meses.

— Meses?

— Sim. Meses. — Ele descansa os braços sobre a mesa e me encara por


mais alguns segundos desconfortáveis. — Você conhece um homem
chamado Al Parks?

— Não. Quem é ele?

— Ele é um conhecido do Sr. Stillwell. Você sabe se o Sr. Stillwell teve


algum problema com alguém?

— Não que eu consiga pensar, mas para ser honesta, eu não sei muito
sobre Glenn. Namoramos apenas alguns meses. Eu sei que ele estava no
mercado imobiliário. Ele sempre parecia ter dinheiro. Ele nunca falou sobre
sua família. Ele me disse que sua mãe estava morta, ele nunca conheceu
seu pai e nunca mencionou uma irmã, ou Al Parks, aliás. Eu sinto
muito. Eu gostaria de poder ajudá-lo mais.

— Não há ninguém em quem você possa pensar que gostaria de


machucar o Sr. Stillwell?

Além de mim?

Ou qualquer outra vítima que ele possa ter tido antes de mim?
Ou Brett?

— Não. — Pisco para afastar o pensamento. Ele nunca... — Não consigo


pensar em ninguém.

Merda! Seus olhos atentos podem ter captado minha hesitação.

— OK bem. Obrigado pelo seu tempo, senhorita Redmon. — Ele enfia a


mão no bolso e me entrega um cartão. — Por favor, ligue se puder pensar
em mais alguma coisa.

— Eu vou. — Pego o cartão, me levanto e o levo até a porta.

Ele entra no corredor e se vira com o bloco ainda na mão. — Quem era
aquele homem, que esteve aqui antes?

— Meu empreiteiro.

— Sim. Qual é o nome dele mesmo?

— Brett. — Eu engulo. — Dax. Ele é dono da Daxon Construction.

— O Sr. Daxon conhecia o Sr. Stillwell?

— Não que eu saiba. Só conheci o Sr. Daxon há dois meses, quando ele
fez uma oferta para o novo local da minha empresa aqui na Flórida.

— Obrigado novamente, senhorita Redmon. — Ele acena o bloco. —


Tenha um bom dia.

— Você também, Sr. Sharpe. — Eu fecho a porta.

Meus pés me movem para o sofá. Eu caio nele.

Meses. Glenn está desaparecido há meses. E se…?


Eu coloco minha mão no meu peito sobre o meu coração. Não. Brett
não faria isso.

Ele me disse que eu não precisava mais me preocupar com Glenn. Ele
parecia tão seguro disso que quase me convenceu disso. Como se soubesse
que Glenn nunca mais me machucaria. Como se Glenn não fosse uma
ameaça. E se…

Não! Eu me recuso a acreditar. Não posso.

Eu suspiro por uma respiração gaguejante.

Mas e se ele voltasse naquela noite? E se ele…

Não! Eu pressiono minhas mãos na minha cabeça e balanço meu corpo


trêmulo.

É impensável.

Brett não é um assassino. Ele é um anjo da guarda. Ele ajuda as


pessoas. Ele não os machuca.

Tenho certeza que ele pensou sobre isso, no entanto.

Mesmo quando criança, ele se deitava na cama pensando em machucar


o pai. Ele se imaginou levando um bastão para ele quando deveria estar
sonhando em ser um jogador de beisebol da liga principal, um astronauta
ou algo diferente de esperar ser grande o suficiente para matar seu pai.

Isso parte meu coração. Ele provavelmente sentiu que não tinha o
direito de sonhar com sua infância. Ele estava muito ocupado se
preocupando com sua sobrevivência.
E se houver mais neste serviço de acompanhantes. E se eles não
estiverem apenas salvando essas mulheres espancadas, mas também
ajudando a livrar o mundo de seus agressores?

Lix e Cole, todos os irmãos Daxon. Os anos de abuso que sofreram. A


culpa como crianças vendo o que o pai fazia com a mãe e não podiam fazer
nada a respeito. Eles estavam desamparados. Muito jovem e muito fraco
para fazer qualquer coisa.

As noites de lágrimas e terror. A dor e a culpa sem fim.

O que esse tipo de merda poderia fazer com um homem adulto?

Brett disse que estão todos treinados.

São armas letais.

Cada vez que atendem a uma chamada doméstica, eles caminham


direto para o perigo. Eles não têm medo. Eles entram sem qualquer pausa.

Eu vi essa determinação desenfreada com meus próprios


olhos. Quando Brett me disse que eu estava segura e que ele me tiraria
daquele inferno naquela noite, acreditei nele. Eu olhei em seus olhos, e eu
sabia que ele faria o que fosse necessário para me colocar em segurança.

Ele não ia me deixar lá. Ele estava me tirando de lá, e ele o fez.

Oh meu Deus! Ele voltou? Ele me deixou com Jane e voltou para
terminar o trabalho?

Seu ódio por seu pai é tão profundo? Ele está descontando em todos os
agressores que encontra?
É por isso que ele me disse para não dizer nada ao detetive?

Cole disse que Brett não precisa se preocupar comigo porque conheço
todos os seus segredos. Talvez seus irmãos não saibam que ele está levando
isso para o próximo nível.

Talvez eles não voltem para terminar o trabalho.

Pode ser apenas Brett.

O que eu estou pensando?

Brett não poderia fazer algo assim. Ele pode ser destemido, mas não é
um assassino. Ele não pode ser.

Isso significaria que estou me apaixonando por um monstro.

Um ser humano sem coração e frio. Alguém como Glenn.

E eu poderia ter imaginado isso. Sonhei com isso.

Mas eu não gostaria que Glenn morresse.

Eu não desejaria isso a ninguém.

Nem mesmo Glenn.


Capítulo Vinte e Três
Brett

— Ei. — Lix entra na sala.

Eu olho para cima do azulejo na minha mão. — Você já conseguiu que


mamãe assinasse os papéis para o novo advogado?

— Não, — Lix diz, entrando na sala sem fazer contato visual.

Ele está assim há dias.

Eu sei o que está acontecendo com ele. Depende do meu também.

Não significa que eu vou deixá-lo ir. Não quando se trata do futuro da
mamãe. Desligo a lixadeira molhada. — Que porra é essa, Lix? Sofia não
pode reabrir o caso da mamãe sem ele. Eu pedi para você fazer uma coisa,
e você não pode nem...

— Vou trabalhar nela, Brett. — Cole intervém, reconhecendo a tensão


crescente entre Lix e eu.

Eu olho para o mediador Daxon antes de voltar meus olhos para Lix.

Foda-se essa merda.


Se vamos fazer isso, agora é um bom momento como qualquer outro.

Jogo o ladrilho no chão. Como a minha vida, ela se despedaça. Como


par, eu ignoro e vou em direção ao meu irmãozinho. — Qual é a porra do
seu problema?

— Ah, não sei. — Ele sorri.

Eu odeio a expressão condescendente. Ele sabe isso. Ele me dá toda vez


que brigamos sobre um emprego ou algo assim. — Por que você não me
conta?

— O que isso quer dizer, idiota? — Eu o empurro no peito.

Ele mal se move com o empurrão excessivo. Ele é um merdinha


durão. Eu não tenho medo dele. Eu não posso ter, mas isso não significa
que qualquer outro filho da puta que o encontre não deva ser.

— Cassie não vem aqui há uma semana. — Seus olhos se contraem


enquanto suas mãos se fecham em ataques. — O que você fez com ela
agora... — ele se inclina para mim — ...idiota.

Meus lábios se curvam e meu braço puxa para trás.

— Ok! — Cole pula entre nós, pegando meu braço no ar. — É o


bastante. — Ele empurra meu braço para trás, olha para Lix e depois para
mim. — Temos que fazer esse trabalho. Não temos tempo para essas
besteiras. Quaisquer que sejam os problemas que você tenha com Brett,
você precisa deixar para lá, Lix.
— Sim. Fique fora da minha vida, maninho, — eu aviso Lix, preparado
para dar pelo menos um soco para lhe ensinar uma lição.

— Sem problemas, irmão mais velho. — Lix sorri, novamente


beliscando meu punho pronto. — Do jeito que eu vejo, ela vai embora em
algumas semanas de qualquer maneira, — Lix diz, e embora saber a
verdade não seja o mesmo que ouvi-la. Especialmente vindo dele. — E
quando chegar a hora, é melhor deixá-la ir. — Ele acena com a cabeça antes
de sair da sala.

Cole se vira para mim. — Que diabos?

— Foda-se ele. — Eu aceno.

— Por que Cassie não está por perto? Aconteceu alguma coisa?

Pego o ladrilho quebrado que deixei cair no chão. — Eu fiz o que você
sugeriu. Eu a levei para um encontro. Então apareceu na casa dela com
uma pizza e tal.

A sobrancelha de Cole se ergue. — E?

— E. — Jogo os ladrilhos quebrados na lata de lixo. — Tudo estava indo


bem. — Eu limpo o pó de azulejo das minhas mãos.

— E?

— Então um detetive apareceu. — Eu coloco minhas mãos em meus


quadris para me preparar para a explosão que está prestes a estourar no
rosto de Cole.
— Um detetive? — Sua cabeça se inclina ligeiramente enquanto seus
olhos prendem os meus. — O que o detetive queria, Brett?

— Ele estava perguntando sobre Glenn Stillwell.

— Quem diabos é...

— O cara do Miller Lane.

Ambas as sobrancelhas se erguem. Seus olhos se arregalam. — O que?

— Sim, a irmã dele relatou o desaparecimento dele ou algo assim.

— Porra! — Ele passa a mão pela cabeça como se estivesse tentando


conter a explosão.

Eu tenho que entregá-lo a ele. Ele está aceitando melhor do que eu


pensei.

— Você não acha que ela disse alguma coisa a ele?

— Não.

— Mas esse detetive a estava questionando sobre ele?

— Não tenho certeza do que aconteceu. Eu saí.

Seus olhos pingue-pongue no meu rosto. — Ele sabe que o filho da puta
a estava usando como seu saco de pancadas pessoal? E se ele achar que foi
ela? E se ele juntar merda? E se ele descobrir a verdade...

— Ouça! — Pego sua camisa e dou-lhe uma sacudida necessária. — Ele


não vai. Cassie não vai dizer nada. Ela não sabe de nada.
— E se ela... — ele procura meu rosto. — Merda. — Seu medo
diminui. — É por isso que ela não está por perto. Porra. — Ele suspira.

Sim, ele é esperto. Ele está entendendo.

— Você acha que ela pode pensar que você tem algo a ver com isso?

Soltei a camisa dele. — Não sei.

— Ah, cara. — Seu rosto muda para gostar da vez em que ele arruinou
meu forte de cobertores. Ele se sentiu tão mal. — Eu sinto muito. Eu sei o
que ela significa para você. Isso pode deixar Lix preocupado, mas foda-se.
— Ele agarra meu ombro. — Estou feliz por você. Estou feliz que você
encontrou alguém.

— Não importa. — Eu dou de ombros, não querendo ser mimado pelo


meu irmão mais novo. Isto não é um forte de cobertores. Ele não pode
consertar isso. Eu preciso ficar forte... por Cassie. — Lix tem razão. Ela vai
embora em algumas semanas. Eu tenho que deixá-la ir.

— Por que?

— O que posso oferecer a ela aqui? — Eu jogo minhas mãos. — Por que
ela iria querer isso? Olhe para nós. O que nós fazemos.

Ele cruza os braços sobre o peito. — Não há nada de errado com o que
fazemos.

Eu balanço minha cabeça. — Não é seguro para ela.

— O que você está falando?


— É exatamente como Lix disse, eu mantenho essa merda dentro de
mim. Algum dia, eu vou ter que deixá-lo sair. Não posso tê-la por perto
quando isso acontecer. É melhor assim.

— Não é assim que eu vejo. Acho que você está com medo. E foda-se
essa merda. — Ele bate uma mão exagerada no ar. — Se qualquer coisa, ela
é boa para você. Coloca as coisas em perspectiva. Você merece ser
feliz. Você é um cara decente. Você a merece, Brett.

Eu o encaro, ouvindo suas palavras, mas não inteiramente. Se o fizer,


terei que reconhecer que pode haver um futuro para Cassie e para mim. Eu
teria que acreditar que tenho uma chance com ela. Até agora, eu a mantive
a salvo desse pensamento, mas se eu considerar o que Cole está dizendo,
ela pode correr o risco de eu ir atrás dela.

Ela correria o risco de eu dar a ela tudo de quem eu sou, bom e ruim.

E não tenho certeza se ela aceitaria ou desejaria tudo sobre mim.

— Não sei. — Uma coisa que eu mais detesto é a dúvida. No entanto,


quando se trata de Cassie, parece que encontro uma abundância disso
dentro de mim.

— Sim você sabe. Você precisa vê-la, descobrir o que ela disse ao
detetive. Se você fizer isso, saberá o que ela sente por você. Você saberá se
ela confia em você.

— Mesmo que ela não tenha contado a ele sobre mim, sobre aquela
noite, isso não significa que ela confia em mim.

— Porque você pensaria isso?


— Isso pode significar apenas que ela está com medo de mim, — eu
penso, a possibilidade inabalável. É a única coisa que temi durante toda a
semana.

— Bem, se você não a confrontar, você nunca vai descobrir.

— Talvez eu não queira.

— Besteira, Brett. Você precisa saber. Você não pode deixá-la sair sem
descobrir a verdade. Você não pode deixar a melhor coisa que já aconteceu
com você ir embora. Engane-se o quanto quiser, mas sei que você sabe
disso, mano.

— Foda-se.

— Sim, ok. — Ele ri, balançando a cabeça enquanto sai da sala.


Capítulo Vinte e Quatro
Cassie

— Aqui estão os arquivos que você pediu.

Matthew está na minha porta, segurando as provas finais que eu pedi.

— Obrigada. — Eu os peguei.

— Eles ficaram ótimos. A Blush Works ficará satisfeita com o produto


final, e as pesquisas de marketing estão realmente obtendo alguns
resultados positivos.

— Excelente.

Ele agarra sua mochila. — Sabe, Srta. Redmon, estou aqui para ajudá-
la. O que você precisar, é só pedir.

Sentindo-me culpada por não o ter utilizado como deveria, olho para a
pilha de pastas sobre a mesa. A empresa designou Matthew para me ajudar
a aliviar a carga enquanto estou aqui. A parte de mim que precisa estar em
constante controle rejeitou a oferta.
Pobre Matthew. Lembro-me de como era estar no lugar dele. Eu
trabalhei pra caramba para chegar onde estou hoje. E aqui estou eu,
limitando suas chances.

Eu sou uma vadia.

— Você sabe... — Vou até a mesa e pego a pasta de uma de nossas


novas contas. — Por que você não leva isso? — Eu entrego a ele. — É o que
tenho até agora sobre Hydra Skin. Deixe-me saber o que você achou.

Um sorriso se espalha em seu rosto enquanto seus olhos castanhos


brilham. — Obrigado. — Ele pega a pasta, piscando os olhos para ela como
se eu tivesse acabado de lhe entregar as chaves do reino. — Eu não vou te
decepcionar.

— Eu vou cobrar de você.

Sorrindo de orelha a orelha, ele concorda. — Ei, você já tomou uma


decisão sobre assumir o cargo aqui quando a empresa for lançada?

— Você sabe sobre isso?

— Sim, ouvi Erica conversando com o escritório regional sobre isso.

— Gosto muito de New Hampshire.

— Sim, mas sempre faz sol aqui. — Ele sorri com os braços no ar.

— Você vai ficar na Flórida?

— Sim, minha família está aqui. Bem, é melhor eu ir. — Ele coloca a
mochila no ombro, preparando-se para sair. — Ah... — Ele faz uma pausa,
levantando o dedo. — Um homem estava procurando por você no
escritório ontem.

— Um homem? O que ele queria?

— Não tenho certeza. — Ele dá de ombros.

— Ele deixou um cartão ou um nome?

— Não, apenas disse que voltaria.

— Huh, — eu mordo o interior da minha bochecha, o medo rastejando


por dentro. — Como ele era?

Matthew olha para o teto — Alto, cabelo castanho claro, em forma


como ele malha.

— Ok. — Eu o impedi de prosseguir com uma descrição que se encaixa


em Glenn. Eu abro outro pequeno sorriso, mantendo minha ansiedade
trancada dentro de mim. — Obrigado por trazer o arquivo.

— É o meu trabalho. Eu sou seu humilde servo. — Ele ri com uma leve
reverência e um aceno majestoso de sua mão. — Oh. — Ele fica de pé. — O
homem.

— Sim? — Eu me inclino na ponta dos pés, precisando saber, chutando


o não querendo saber para fora da porta.

— Agora que penso nisso. — Ele balança o dedo. — Ele poderia ser do
Axial. Erica mencionou que eles estavam bisbilhotando uma nova empresa
de marketing, e esse cara usava um enorme anel de prata esterlina com
pontas de garras de dragão segurando uma pedra de ônix no centro. Algo
que a Axial venderia.

Minha pele ganha vida com arrepios. Passo a mão pelo braço, tentando
afastar o tremor instantâneo.

Ele acabou de descrever o anel de Glenn.

Não. Não há como ele saber que estou aqui. Tenho certeza de que
outros anéis se assemelham ao que abriu minha bochecha e deixou uma
cicatriz interna.

Espere! Alguns meses atrás, Shelby disse que um homem estava


procurando por mim no escritório de New Hampshire. E se fosse ele?

Onde ele esteve? Por que ele estava escondido? O que ele quer? Eu
gostaria que ele continuasse desaparecido. Devo chamar o detetive? O que
eu devo falar? Um cara que se parece com Glenn está me
perseguindo? Parece loucura, especialmente quando não fui honesta com o
detetive Sharpe desde o início. Devia ter contado a verdade ao detetive.

— Senhorita Redmon, você está bem?

— Sim. — Eu pisco, descartando o turbilhão de pensamentos que


inundam minha cabeça. — Vou perguntar sobre a Axial. Obrigada
novamente por isso. — Pego a pasta antes de fechar a porta e fechar
Matthew.

Glenn me encontrou? Mas como? Eu tenho sido tão cuidadosa.


Eu nunca deveria ter voltado para a Flórida. Eu deveria ter recusado
este trabalho.

Não! Eu não posso pensar assim. Não posso permitir que Glenn
vença. Não vou dar a ele a satisfação de controlar o que faço. Não
mais. Nunca mais!

Mas terei que descobrir o que aconteceu com Glenn antes de decidir se
aceito o emprego aqui na Flórida ou não. Então, novamente, se ele está
procurando por mim, parece que está perto de me encontrar. Preciso parar
de correr e tomar uma posição. Eu preciso enfrentá-lo. Não posso viver
com medo para sempre.

Há uma batida na porta. Eu olho para ele, deixando cair a pasta sobre a
mesa.

Dirijo-me para a porta.

Eu abro. — Você esqueceu alguma coisa - Oh. — Encontrado por olhos


cinzentos tempestuosos, sinto minha boca afrouxar. — Brett?

Ele sorri. — Você estava esperando outra pessoa?

— Meu, ah, assistente, Matthew. — Olho para o corredor vazio. — Ele


estava aqui deixando algumas coisas para o trabalho.

O sorriso no lindo rosto de Brett não aparece em seus olhos escuros. É


como se ele estivesse lutando contra uma tempestade interna para estar
aqui. Como se ele não tivesse certeza se é onde ele quer estar – duvidando
de si mesmo, o que é diferente de Brett.
— Você vai me convidar para entrar?

Excelente! Eu nem processei toda a coisa de Glenn, e agora devo lidar


com Brett?

— Claro. — Eu dou um passo para trás. Consciente de que escapar de


Brett é quase impossível. Mesmo que minha cabeça quisesse, meu corpo
lutaria comigo e perderia.

Ele olha ao redor da minha casa, papelada e brochuras espalhadas por


toda parte. — Parece que você tem estado ocupada. — Ele circula de volta
para mim.

Seus olhos pousam em meu rosto.

Libertando-me de seu olhar, olho ao redor do meu apartamento. —


Você poderia dizer isso. — Eu sorrio com a mentira. Tenho pensado nele e
no desaparecimento de Glenn.

Ele caminha até a mesa da minha cozinha. — E aqui eu pensei... — Ele


olha para um folheto. Ele pega. — Você estava tentando me evitar.

— Porque eu faria isso?

Ignorando minha pergunta, ele abre o folheto e o examina. — Como foi


com o detetive?

OK. Ele quer ir direto ao ponto. Bem, eu também. — Ele só queria saber
se eu tinha alguma ideia de onde Glenn poderia estar.

— E? — Sem encontrar meus olhos atentos, ele fecha o panfleto. —


Você faz?
— Não. — Engulo em seco, incapaz de me impedir de fazer a pergunta
para a qual preciso saber a resposta. — Você? — Eu inalo minha próxima
respiração e prendo a respiração, esperando por sua resposta enquanto
desejo que ele olhasse para mim, mas com medo do que eu poderia ver
quando ele o fizesse.

Ele calmamente coloca o folheto de volta na mesa, demorando para


responder enquanto eu sufoco pela resposta. Ele bate na mesa com a ponta
do dedo.

— É por isso que você está me evitando? — Seus longos cílios se


levantam. Seus poderosos olhos tempestuosos encontram os meus,
empurrando o ar livre de meus pulmões.

— Não, — eu digo, a longa expiração sacudindo meu corpo. — Como


eu disse... — Faço uma pausa quando ele começa a se mover em minha
direção. — Eu estive ocupada, — eu sussurro. Seu cheiro, presença e poder
ofuscam tudo.

Como um homem pode me desligar como um eletrodoméstico


desconectado?

Ele rouba meu poder. Desliga tudo que me faz trabalhar.

Estou em conflito. Eu amo isso, mas odeio isso.

Eu gosto quando não sinto nada além dele.

Sua energia é tudo que eu preciso para funcionar.

Tudo que eu preciso para respirar.


Não estou acostumada a ter esse tipo de poder tirado de mim. No
entanto, quero entregar o interruptor quando se trata dele. Eu quero que
ele mantenha o controle. Eu quero que ele me inicie. Cada sentimento, eu
quero que venha de seu poder.

Alguns podem dizer que é perigoso, mas acho que é libertador.

Ficar longe dele na semana passada foi um inferno.

Sua intensa energia me alcança. Preenche-me em todos os lugares.

A sobrecarga empurra minhas costas contra o balcão.

Ele para na minha frente, invadindo meu espaço pessoal. Congratulo-


me com a invasão e mantenho seu olhar enquanto ele olha atentamente
para mim.

— Quando eu era mais jovem... — Ele faz uma pausa, sua visão caindo
para a minha boca. — Eu ficava no meu quarto ouvindo a briga dos meus
pais. Os gritos. O bater de portas. Às vezes durava horas. Então eu ouvia
seus passos pesados subindo as escadas. Eu rezaria para que ele não fosse a
um de nossos quartos. Eu me sentava esperando com medo. — Seus olhos
escuros erguem-se lentamente para os meus. — É assim que eu faço você se
sentir, Cassie?

Atordoada com a pergunta, imagino aquele garotinho assustado. Ele


acha que tenho medo dele como se fosse seu pai. É por isso que ele acredita
que eu fiquei longe?

É isso? Eu não sei a resposta. Eu tenho procurado por isso a semana


toda.
Sua mão se levanta. O toque suave e gentil de seu polegar correndo
pela minha bochecha me desperta para a resposta.

Eu confio neste homem com meu corpo, segredos e alma.

A ponta de seu polegar desliza sobre meu lábio seco. — Você acha que
tenho algo a ver com o desaparecimento de Glenn?

Lá no fundo. A parte ruim de mim, a parte que nunca quero que


ninguém veja, que não permito que venha à tona, deseja que Glenn esteja
morto.

E ainda mais fundo, nas profundezas daquela escuridão, gostaria que


Brett o matasse.

Está errado.

Mas quando olho para ele, quando supero a tempestade, tudo o que
vejo é sua luz.

— Não, — eu respiro a verdade.

Sua mão se move para baixo para o meu pescoço. Sua palma cobre
minha garganta. Ele aplica uma leve pressão empurrando minha cabeça
para trás. Ele se inclina perto do meu rosto, procurando meus olhos. Ele
atinge profundamente a minha alma. — Você não tem medo de mim?

Engulo em seco, sentindo seu aperto se fortalecer em volta do meu


pescoço. — Não, — eu sussurro, caindo ainda mais em sua alma virtuosa
através da luz brilhando em seus olhos atraentes.
Suas pálpebras abaixam. A linha em sua mandíbula escurece. Sua boca
se abre um pouco e depois se fecha como se ele não tivesse certeza do que
fazer. Como reagir.

Mais uma vez, tão diferente do Brett, estou acostumada.

Espere. Eu o deixo nervoso?

— Mostre-me, — diz ele em um tom rouco e provocativo.

Se ele precisar de provas, eu darei a ele.

Eu alcanço e crivo minhas mãos em seu cabelo grosso. É isso. Ele veio
aqui para alguma coisa. Respostas? Garantia? Seja o que for, vou dar a
ele. O que ele precisar de mim, estou pronta e disposta.

Eu o puxo para minha boca e pressiono meus lábios nos dele. O beijo
começa lento e suave, mas rapidamente se torna feroz, faminto e
imparável. As línguas lutam enquanto as respirações lutam para serem
tomadas. Dentes mordiscam e lábios incham - minha carne queima com
seu beijo. Uma dor implacável no fundo de mim se esforça para ser tocada
e acalmada.

Prendo a respiração quando ele sai da minha boca. Olhos brilhantes e


lábios brilhantes, ele está radiante. Expressão cheia de paixão e
necessidade, ele explora meu rosto, descansando silenciosamente em meus
olhos. Ele pressiona sua testa contra a minha.

— Cassie. — Seus olhos se fecham. — Eu vim aqui porque não posso


mais lutar contra isso. Eu preciso de você. — Seus cílios se levantam e seus
olhos brilhantes brilham através de mim, alcançando aquela dor em meu
núcleo.

Ele o toca.

— Eu preciso fazer você minha.

Ele fica em silêncio por um segundo. Suas palavras ressoam através de


mim.

— E você só tem uma chance. — Ele faz uma pausa como se quisesse
me dar essa chance. — Se não é isso que você quer, então você precisa me
dizer para ir embora agora.

Eu coloco minha mão em seu peito e o empurro para trás.

A luz em seus olhos vacila.

Eu estendo uma mão firme.

Ele olha para ela como se tivesse dúvidas.

— Está tudo bem, pegue.

Sua grande, bela, poderosa e gentil mão resgatadora alcança a minha, e


uma vez que estamos conectados, eu faço a única coisa que todo o meu ser
deseja há tanto tempo.

Eu o acompanho até o quarto.


Capítulo Vinte e Cinco
Brett

Ela drena todo o oxigênio da sala. Desenha dentro de seu belo


corpo. Fazendo-me querer tirá-lo dela. Alcance dentro e recupere o que ela
roubou de mim enquanto leva um pedaço de sua beleza com ele.

Se apenas por este momento, eu preciso roubar uma parte dela.

É egoísta. Está errado. Ainda assim, eu quero. Eu a quero e não consigo


respirar. Eu preciso das mãos dela no meu corpo. Eu quero colocar e
possuir cada choro que expele de sua boca.

Eu entendo o significado do presente que ela está oferecendo ao me


trazer para seu quarto.

Devo acreditar que ela confia em mim, e isso me assusta.

Se ela não tem medo de mim, não tenho motivos para não aceitar o
presente dela.

Não tenho motivos para não lhe dar um em troca.

Mesmo que isso custe meu coração.


Ela está com fome. Eu quero dar a ela o que ela está morrendo de
fome. Não posso sacrificar a oportunidade de acalmar a fome dentro dela.

Mas devo ir devagar.

Eu preciso permanecer no controle total. Se eu me soltar sobre ela,


posso assustá-la.

Não essa noite.

Hoje à noite, vou tomar meu tempo.

Em meus braços, ela se sentirá segura.

Ela tira a camisa e sai da calça, revelando suas curvas nuas


perfeitas. Porra. Como vou permanecer no controle?

— Sua vez. — Seus lábios se curvam em um sorriso. — Tire tudo.

Pego minha camiseta, tiro-a pela cabeça e a jogo no chão. Abro a calça e
a tiro junto com a cueca. Eu me endireito, liberando meu pênis tenso no ar.

Seus olhos famintos correm sobre mim enquanto ela se move em minha
direção.

Eu levanto uma mão. — Vai devagar.

— Não se preocupe. — Seu sorriso se torna perverso. — Eu esperei


muito tempo por isso, — ela diz, seu dedo traçando meu braço enquanto
ela se move atrás de mim. — Eu pretendo levar meu tempo investigando
seu corpo.
Sinto suas mãos quentes e macias pousarem em meus ombros. Um
arrepio de excitação percorre minha espinha. Ela os espalha sobre minha
pele, lenta e deliberadamente.

A ponta do meu pau paira no ar, demora e espera.

Eu cerro minhas mãos para manter meu controle.

Eu tenho isso.

Pelo menos, eu pensei que sim até senti-la se movendo sobre minhas
nádegas.

— Porra! — Eu olho para o teto, tentando reabastecer meu controle.

— Sim, — ela sussurra atrás de mim. — Esta noite, nós vamos foder.

Solto um suspiro trêmulo. Como vou me controlar se não consigo ouvi-


la dizer essas palavras sem perder a cabeça?

Suas mãos macias deslizam sobre minha bunda. Antecipação envia


arrepios na minha espinha.

Está bem. Eu já tive mulheres me apalpando antes.

Eu tremo em todos os lugares.

Merda! O que há de errado comigo?

Suas mãos se movem sobre meus quadris e minhas coxas. Seus seios
firmes pressionam minhas costas. Eu engulo um monte de ar enquanto eles
deslizam de volta para perto do meu pau.

Deus! Eu quero que ela toque.


Eu quero jogá-la na cama e transar com ela.

Suas mãos voltam para cima da minha barriga. Meus músculos


ondulam com o empreendimento provocador.

OK. Eu sopro o ar sugado.

Tudo bem. Entendo.

Ela está me provocando. Eu posso lidar com isso.

Sim. Estou de volta aos trilhos. Controle intacto.

— Cassie.

Seus olhos piscam para os meus.

— Eu esperei muito tempo por isso também. — Um sorriso surge em


meus lábios enquanto passo a ponta do dedo pela curva de seu seio
corado. — Vou devagar. — Faço uma pausa para um rápido aperto no
mamilo. — Saborear cada toque e... — Eu me curvo, segurando seu olhar
no meu, e puxo seu mamilo em minha boca. Seu doce gemido traz meus
olhos de volta para os dela. — Todos os gostos. — Eu me levanto. — E há
tantas partes de você que eu gostaria de provar esta noite. — Eu pressiono
meu dedo em seu peito. — Agora, coloque seu lindo corpo na cama para
que eu possa aceitar o que você me tentou nos últimos dois meses.

Ela se afasta da leve pressão do meu dedo e se senta na cama.

Seus olhos ansiosos nunca deixam os meus. Ela está deitada de costas
na cama.
Eu olho para baixo em seu belo corpo. Meu pau incha a todo vapor. —
Você é de tirar o fôlego.

Ela olha para o meu pau. — Então é você.

Eu envolvo minha mão em torno do meu eixo. — Estou prestes a


explodir. — Eu o puxo.

Ela morde o lábio inferior, me observando.

Eu levanto uma sobrancelha. — Você gosta disso?

— Sim eu faço. — Suas pernas levantam e seus quadris se movem. Ela


balança a cabeça como se mal pudesse esperar para eu entrar nela.

Deixando cair um joelho na cama, eu rastejo sobre ela. — Eu quero


estar dentro de você.

— Eu quero isso também. — Ela se abaixa e agarra meu pau. — Agora.


— Ela me guia até ela. — Eu não quero ir devagar. Eu quero você agora,
Brett.

Suas pernas se abrem mais quando ela me puxa para ela.

— Cassie. — A luta interior é real.

— Nós dois esperamos tanto por isso, — ela diz enquanto pressiona seu
calor contra a ponta do meu pau. — Sem mais provocações. Não pare
mais. Chega de se segurar. Leve-me, Brett.

Meus quadris se projetam para frente. Eu encho sua boceta apertada


com meu pau.
Meu corpo treme. Tremores e espasmos ao senti-la.

— Sim. — Ela agarra meus ombros e puxa contra mim.

— Porra. — Um rosnado profundo sai do meu peito. Eu capturo seus


lábios com os meus.

Eu me seguro dentro dela durante o beijo quente, saboreando a


sensação dela. É muito maior do que eu poderia esperar. Uma sensação de
conexão, desejo e dedicação me preenche.

Eles falam sobre quando um homem reivindica uma mulher.

Inferno, eu não estou reivindicando-a.

Ela está me reivindicando.

Ela enfiou a mão dentro e roubou um pedaço de mim.

Um que temo nunca mais querer de volta.

Livre e claro, pertence a ela.

Eu sou dela.

Eu arrasto meus lábios do beijo entorpecente. Sem fôlego e com o


coração batendo forte em meu peito, seguro seu rosto com minhas mãos
trêmulas e olho em seus olhos brilhantes. — Sou seu. — Eu mexo meus
quadris e empurro de volta para dentro, saboreando como nossos corpos se
encaixam perfeitamente. — Completamente. — Eu me retiro. — Seu.

Ela tranca as mãos atrás do meu pescoço. — Sim. Você é. — A confiança


está estampada em seu rosto. Ela se aproxima da minha boca. Outro sorriso
perverso desliza sobre seus lábios deliciosos. — Agora, chega de ir
devagar. — Suas pernas envolvem minha cintura, e ela me puxa apertado
contra ela. — Foda-me.

Ela é um sonho.

Meu sonho.

— Você conseguiu, querida. — Minhas palmas batem no colchão,


minhas costas arqueiam, e eu faço o que a senhora pede.

Eu a fodo bem e com força.


Capítulo Vinte e Seis
Cassie

Eu pressiono o código para o elevador, ansiosa com antecipação.

Ele se abre para me aproximar do homem em quem penso a cada


segundo. O homem que me faz sentir mais a mulher que sou.

Brett me mandou uma mensagem mais cedo para trazer minha bunda
sexy, linda e atrevida para sua casa às sete horas. Ele também disse para
trazer um apetite.

Ele me forneceu o código para entrar em sua casa. Isso me


surpreendeu. Eu me senti como Matthew quando dei a ele a nova conta.

Eu tenho as chaves do reino de Brett.

Eu não deveria pensar demais nisso. Não é como se ele não pudesse
mudar o código amanhã.

Mas eu tenho hoje. E hoje é tudo o que estou tentando passar. É tudo o
que tenho feito desde que voltei para a Flórida.

E com Brett, cada dia tem sido mais intenso do que o anterior.
Desde a noite em que fizemos sexo, ele tem estado muito atento e
consciente de mim e da minha presença. A maneira como ele olha para
mim do outro lado da sala. Ele faz isso sem a tempestade habitual à
espreita em seus olhos. Eles são claros como cristal, e não há mais
questionamentos.

Ele me quer e não tem medo de demonstrar.

É estranho e confuso. Claro, é o que eu pretendia.

Mas devo partir em algumas semanas.

Estou pronta para deixar a Flórida, mas não pronta para deixá-lo.

Não sei se alguma vez o farei.

Além disso, nem sei se ele quer que eu fique.

Esse novo relacionamento está apenas começando. A maioria dos meus


namorados carecia da complexidade e integridade de Brett. Sem falar em
sua sensualidade. O homem faz minha calcinha derreter com um mero
relance daqueles olhos cinzentos. Tudo nele inflama meu corpo. Nenhum
homem jamais perturbou minha linha de pensamento ou interrompeu meu
trabalho.

Eu sou orientada para objetivos. Eu sempre coloco minhas aspirações


em primeiro lugar.

Quando se trata de Brett, quero incluí-lo. Eu quero que ele faça parte do
que me motiva. O que me inspira e me move. Eu quero compartilhar tudo
com ele.
Eu nunca me senti assim antes. Ainda estou tentando descobrir como
me sinto sobre tudo isso.

Eu me preocupo em me afogar nele como faço com meu trabalho.

Eu nunca pensei que poderia controlar os dois. Eu namorei, mas nada


nunca foi sério.

Eu me segurei apenas o suficiente para o caso de precisar ir embora.

Morando com Glenn, eu sabia melhor. Tive um deslize


momentâneo. Eu estava envelhecendo e achei que era hora de dar um
pouco mais para o relacionamento.

Estava errada. Senti isso no fundo do meu estômago quando estava


fazendo isso, mas fui morar com ele de qualquer maneira. Glenn provou
que minha intuição estava certa.

Com Brett, não há sentimentos ruins na boca do estômago. Minha


intuição está me empurrando para ele, não me afastando.

As portas do elevador se abrem. Seu cheiro masculino forte e familiar


me preenche, seguido por outro aroma delicioso.

— Oi. — Seus olhos piscam para mim apenas o tempo suficiente para
enfraquecer a mulher forte e independente que reside em mim antes que
ele volte a cuidar do que está na panela no fogão.

— Oi. — Eu sorrio, caminhando em direção a ele. — Cheira bem.


— Macarrão primavera. — Um pequeno sorriso se abre em seus lábios
suculentos. Toalha jogada casualmente sobre o ombro e cabelo um pouco
bagunçado, ele levanta a colher. — Quer provar?

Esqueça o que está na colher. Eu quero provar sua boca.

— Claro. — Abro a boca e ele enfia a colher nela.

— Mmm. — Eu lambo meus lábios. Que comece a derreter as


calcinhas. — É bom.

— Obrigado. — Ele olha de volta para a panela, as bochechas ficando


rosadas.

Ele está corando? — Você é um bom cozinheiro.

Ele olha para mim com um sorriso torto. — Eu gosto


disso. Principalmente depois de um longo dia de trabalho. Isso me relaxa.
— Seus olhos brilham. — Com fome?

— Faminta. — Coloco minha bolsa no balcão e examino a mesa,


notando o cenário romântico adornado com velas acesas, flores e talheres
para dois.

Uau. Ele realmente deu tudo de si.

— O que mais te relaxa depois do trabalho?

— Um chuveiro. — Ele pisca como se eu também pudesse, mas nem


preciso dizer.

Ele leva a panela até os pratos. A manga de sua camiseta envolve seu
bíceps bronzeado. Ele tem ótimos braços. Do tipo feito para segurar uma
mulher. Sua calça jeans gruda em sua bunda firme, e pelo jeito que seu
cabelo cai na nuca, não consigo desviar o olhar. Ele me deixou entrar um
pouco, e eu sei que há muito mais em sua substância do que meus olhos
jamais poderiam devorar. Isso aperta meu coração. Quero esbofeteá-lo, mas
não posso.

Como nenhuma mulher conseguiu esta linda criatura?

Eu sei a resposta.

Eu tenho algo que outras mulheres não têm. Seus segredos. É quase
como trapacear.

Ainda assim, custou-me descobri-los.

Eu só encontrei Brett por causa de Glenn.

É fodido como as coisas funcionam às vezes.

Ele puxa a cadeira para mim.

— Tenha cuidado, Brett. Seu cavalheiro está aparecendo. — Eu me


sento.

Um sorriso sorrateiro aparece em seus lábios antes de ele se sentar na


minha frente.

Comemos e falamos principalmente de trabalho. É seguro e familiar.

O lugar dele é legal. Masculino. A mobília é escura, mas as paredes são


pintadas de branco.
Ele limpa a boca com o guardanapo. — Parece que você realmente
gosta do que faz.

— Cada parte dele. — Eu sorrio com a verdade. — Você sabe... — eu


pego minha taça de vinho, desconfiada sobre contar a ele — ...eles me
ofereceram para ficar aqui quando o escritório abrir.

Há um brilho em seus olhos, permitindo que as nuvens habituais


voltem. — Você vai aceitar?

— Estou pensando sobre isso.

Ele se levanta e pega meu prato.

— Ah, aqui. — Eu fico. — Deixe-me ajudá-lo.

— Não. — Sua mão surge como uma defesa de bloqueio em um jogo de


futebol. — Eu tenho isso. — Seus olhos se suavizam e o céu claro aparece
neles. — Você é minha convidada. Sente-se e desfrute do seu vinho. Eu
cuidarei da bagunça.

Eu me recosto na cadeira... convidada.

Eu sou uma convidada?

Isso é tudo que eu sou para ele?

Uma convidada?

Talvez ele não queira que eu fique. Talvez ele esteja contente sabendo
que há uma data de validade. É por isso que ele está tão estranho?

Ele termina de limpar e volta para a mesa.


Agora que ele sabe que há uma chance de eu ficar, ele vai me pedir
para sair?

— Mais? — Ele levanta a garrafa de vinho.

— Não. — Eu aceno com a mão. — Eu tenho que dirigir para casa. Eu já


tinha dois. — Aí eu abri a porta. Ele poderia escapar disso. Ou melhor
ainda, deixe-o aberto para eu sair.

Ele derrama o vinho no meu copo. — Você está segura. — Ele coloca a
garrafa no chão.

— Por que, você está me levando para casa? — Eu pergunto com uma
risada fraca e cautelosa.

— Não. — Ele olha para mim com os olhos semicerrados. — Você vai
passar a noite.

Eu levanto uma sobrancelha. — Eu vou?

Ele estende a mão para mim. — Venha, vamos sair para a varanda.

Eu olho ao redor. — Tem varanda?

— Sim. Se você estender a mão e pegar minha mão, eu a mostrarei a


você.

Eu deslizo minha mão na dele. Juro que nunca vou me acostumar com
a sensação dele me tocando em qualquer lugar. Tudo dentro corre
selvagem para mais. Eu me levanto da cadeira.

— Não se esqueça do seu vinho. — Ele sorri.


Pego o copo e, de mãos dadas, ele me leva até o fundo de sua casa. Ele
acende a luz do quarto.

Meus olhos deslizam para os dele.

— Seu quarto? — Eu sorrio. — Pensei que íamos para a varanda.

— Nós vamos. — Ele se aproxima e sussurra em meu ouvido. — Mas


não se preocupe, querida. Voltaremos aqui e, quando voltarmos, garanto
que o cavalheiro que você vislumbrou não estará em lugar nenhum.

Ele abre as persianas, revelando uma porta de vidro deslizante com


uma bela vista. O rio cintilante e as luzes da cidade atrás dele.

Ele abre a porta e sigo em direção ao cenário de tirar o fôlego. — É


lindo.

Apavorada, saio - o ar da noite roça minha pele. Desvio os olhos para


baixo.

— Este é o seu quintal?

— É uma das razões pelas quais comprei o lote.

A grama imaculada e duas árvores parecem quase perfeitas demais


contra a sombra do rio.

— É incrível.

— Sim, — diz ele, vindo para ficar ao meu lado. Ele coloca uma mão
gentil no meu ombro. — Poderia usar alguns arbustos e plantas. Só não
tive tempo de fazer nada com ele ainda.
— Sim. Poderia ter um pouco de cor, mas suas paredes também.

— Minhas paredes?

— Elas são todos brancas. Até o seu quarto.

— Oh, ouça você. Agora que você ajudou Lix com a pintura, você é
uma especialista.

— Estou só dizendo. — Eu sorrio, tomando meu vinho.

Eu olho para o rio com a pressão maravilhosa de seu toque no meu


ombro. Eu me viro e olho para ele. — Você acha que eu deveria aceitar o
trabalho aqui?

— Eu acho... — ele pega minha taça de vinho e a coloca na mesa ao lado


da cadeira — ...cansei de ser um cavalheiro.

Sua mão desliza até a parte de trás do meu pescoço. Ele junta meu
cabelo, puxa minha cabeça para trás e apaga quaisquer outros pensamentos
com um beijo implacável, quente e destruidor de almas.
Capítulo Vinte e Sete
Brett

Quando entro no estacionamento, vejo o carro de Cassie. Meu


estômago vibra como se houvesse um monte de borboletas nele.

Espanta-me como o pensamento de vê-la, estar perto dela, poder tocá-la


me deixa todo formigando. É como um orgasmo cerebral, começando na
minha cabeça e viajando pelo resto do meu corpo.

Eu saio e vou para o escritório, me preparando para seus olhos azuis


brilhantes e lindo sorriso - apenas algumas das coisas que me iluminam
por dentro.

A sensação de formigamento diminui quando olho ao redor,


desapontado.

Cole olha para mim da mesa.

— Ei. — Ele concorda.

— Onde está Cassie?

— Nos fundos, plantando flores.


— O que?

— Okay, certo. — Ele cai para trás na cadeira. — Ela parou há cerca de
três horas e começou a descarregar plantas e sacos de terra de seu
carro. Disse que o quintal precisava de ajuda. É estranho ter uma mulher
por perto. — Ele passa a mão pelo braço tatuado. — Vocês estão indo
bem. Eu levo?

Eu dou de ombros. Nós estamos?

Já se passaram duas semanas desde que me rendi ao que sinto por ela, e
estou mais fodido agora do que nunca.

— Onde está Lix? — Eu evito a pergunta.

— Ele está com Erickson. Eles foram praticar boxe. Acho que Erickson
não sabe no que está se metendo. — Ele ri, deixando-me fora do gancho.

— Certo, — eu rio. — Acho que nenhum de nós sabe, — digo,


balançando a cabeça. — Bem, eu vou verificar Cassie.

Ele acena com a cabeça e se senta na cadeira, voltando ao que estava


trabalhando na mesa.

Dou a volta pela lateral da casa e viro a esquina. Ela está com as mãos
enterradas no chão, flores ao seu redor, adicionando cor à cena sublime.

Eu poderia me acostumar a encontrá-la assim. Em minha casa. Na


minha vida. No meu coração.

Ela enxuga a testa e me pega vindo para ela. Ela tira os fones de ouvido
e se senta no chão. Seus olhos azuis claros brilham para mim.
— Oi, — ela finalmente diz, regenerando o formigamento de volta em
meu corpo.

Eu sorrio. — Oi. — Eu paro na frente dela. — Jardinagem?

— Isso me relaxa.

Eu me agacho até o nível dela. — Dia difícil no trabalho? — Eu limpo


uma mancha de sujeira de sua bochecha.

Ela me encara por alguns segundos.

— Trabalho. — Ela levanta um ombro. — Vida. Você. — Ela me beija na


bochecha.

— Eu? — Confusão vira minha cabeça.

— O que está acontecendo aqui?

Eu olho para as plantas. — Bem, parece que você está destruindo meu
quintal. — Eu evito a verdadeira pergunta que ela está fazendo, mas ao
contrário de Cole, eu não acho que ela vai me deixar escapar.

— Não se preocupe. Vou juntar tudo de novo quando terminar. — Ela


sorri, me surpreendendo.

Eu olho em seus olhos, confuso sobre por que ela precisa cuidar do
jardim por minha causa.

Entendo. Eu não fui aberto com o que está acontecendo entre


nós. Inferno, eu não sei. É uma pergunta que me recuso a fazer a mim
mesmo. Então eu teria que encarar a verdade.
— Precisa de ajuda?

— Não. A bagunça é minha. Vou limpá-la.

— Tem certeza? — Eu sorrio. — Não me importo de ficar um pouco


sujo.

— Sério? — Seus lábios se abrem enquanto ela toma seu tempo me


inspecionando enquanto ela remove as luvas. — Quão sujo você está
disposto a ficar?

— Por mais sujo que você precise de mim.

— Não sei. — Ela bate um dedo contra o lábio. — Até este ponto, você
tem estado bastante limpo.

— Me desculpe. — Eu rio. — Eu prometo que vou fazer melhor. —


Entendendo o que ela está insinuando.

Sexo.

Ela se apoia nas palmas das mãos e cruza as pernas na altura dos
tornozelos. — Para ser honesta, parece que você está se segurando.

— É assim que se sente?

Ela me olha diretamente nos olhos sem pausa. — Sim.

Eu a observo, totalmente ciente do que ela está falando.

— Bem... — Eu rastejo sobre ela, colocando minhas mãos no chão. Eu


seguro meu corpo sobre o dela. O calor se inflama no espaço entre nós. —
Vamos ter que mudar isso.
— Você admite isso, então? Você está se segurando?

— Eu estou, — eu digo a ela a verdade. — Como eu disse, quero ir


devagar. Preciso ter certeza de que você se sente segura e que confia em
mim antes que eu lhe dê minha sujeira.

Seus olhos caem para a minha boca. — Eu quero tudo de você, Brett.

Eu quero dizer a ela o mesmo. Admito que tenho me contido porque


temo que, se não o fizer, serei egoísta. Vou pegar tudo o que ela está
disposta a dar, pegar e guardar tudo para mim.

E a escolha precisa ser dela. Não é minha.

— Você disse antes que eu não estava pronta, e você estava certo, mas
— - seus olhos se erguem para os meus - — estou pronta agora.

— Sim. — Eu rolo de lado, descanso minha cabeça na minha mão e


corro meus olhos por seu corpo sujo e sexy. — Você retrata uma mulher
que está pronta.

— Estou falando sério. — Ela rola ao meu lado, refletindo minha


posição.

— Eu também estou. — Eu a festejo com meus olhos mais uma vez. —


E se Cole não estivesse em casa, eu aproveitaria ao máximo como você está
pronta agora.

Ela acaricia o lado do meu rosto. — Você não pode continuar fazendo
isso.
— Fazendo o que? — Eu mantenho meu sorriso, saboreando a sensação
de sua pele contra a minha.

— Se escondendo de mim. — Seu polegar roça meu lábio inferior,


provocando ainda mais minha carne. — Eu vejo através disso, e algum dia,
você vai escorregar. Esse seu véu vai cair, e então, o que você vai fazer?

Ok, a merda está ficando séria. Ela está tentando fazer uma viagem
para algum lugar que eu não estou pronto para ir.

Eu me inclino para frente e faço a única coisa que pode me salvar.

Eu a beijo.

Com cada pressão, mordida e puxão, nossos lábios provocam um ao


outro até que nossas línguas se envolvam, aumentando a brincadeira
sensual.

Eu rolo em cima dela, deslizo minha mão atrás de sua cabeça e


relutantemente afasto meus lábios dos dela.

Se não, vou transar com ela aqui mesmo na grama.

Por mais que eu queira, vai ter que esperar.

Ela teve a oportunidade de ficar na Flórida permanentemente. O


pensamento passou pela minha cabeça desde que saiu de seus lábios, e a
tentativa de violá-la na grama não vai fazê-lo desaparecer. Eu devo lidar
com isso.

Eu me levanto e estendo minha mão para ela.


Bochechas coradas e lábios inchados, ela pega minha mão. Eu a coloco
de pé.

Ela ajeita a camisa torcida e afasta o cabelo do rosto. — Quando eu


disse que você está se segurando, não é apenas sobre o sexo. Isso não é
tudo que eu quero de você. Mas acho que você já sabe disso. Ela semicerra
os olhos para mim contra o sol. — E acredite em mim, eu sei como me
segurar. É o meu MO2. Faz você se sentir seguro, sabendo que a outra
pessoa não tem todas as partes de você. — Ela olha para mim em
pensamento, e eu sou vítima de seus olhos em transe. — Talvez você não
esteja pronto para entregar aquele último pedaço de você, e tudo
bem. Tudo o que estou perguntando é se você acha que eu deveria aceitar o
emprego aqui? Devo ficar?

Eu sei o que ela quer, mas não posso dar a ela. E odeio não poder.

— Você deve fazer o que achar melhor para você, Cassie. — Eu beijo
sua testa. — Mas seja o que for, apenas faça e nunca olhe para trás. — Eu
dou um tapinha no nariz dela e vou embora antes que meu coração
exploda e todos os meus sentimentos saiam.

2 Modus Operandi ou Modo de Operação


Capítulo Vinte e Oito
Cassie

— Erica disse para lembrá-la de que ela estará aqui na próxima semana
para o exame final, — Matthew diz, pegando os documentos que ele me fez
assinar.

— Estarei pronta. — Eu sorrio.

Meus olhos seguem Brett enquanto ele passa com um dos eletricistas.

Ele está a mais de três metros de distância, e posso sentir o cheiro


dele. Do cheiro dele até aquela ruga acima do olho esquerdo que aparece
sempre que ele está se concentrando, meu corpo o aprecia.

Eu sei que a ruga está lá, e ele nem está olhando para mim.

Com todas as inspeções e retoques finais nos últimos dias, tem sido
como um circo aqui. É excitante e caótico, mas não tive tempo de falar com
Brett sobre minha permanência.

Ele pode estar se esquivando da conversa.


Eu me vesti um pouco provocante hoje, esperando que ele me notasse o
suficiente para iniciar uma conversa. É desesperador da minha parte e fora
do normal. Mas quando se trata de Brett Daxon, eu mudaria de prédio e,
aparentemente, mudaria para um estado diferente para ele.

Quero ficar e, com certeza, gostaria de me convencer de que é porque a


oportunidade de administrar o novo local seria ótima para minha
carreira. A verdade é que quero ficar por ele. Eu quero ficar porque ele me
quer aqui.

De novo, desesperada.

Que porra há de errado comigo?

Sei que não devo permitir que um homem dite meu futuro. Deixar um
homem controlar o resultado da minha vida. Ainda assim, aqui estou,
dependendo da aprovação de Brett. Dane-se isso!

Se eu ficar, vai ser o que eu quero e o que me faz bem, como ele
mencionou.

— Vou levar isso para o escritório, — diz Matthew, colocando a


proposta em sua pasta.

— Eles são muito bons, Matthew. A Hydra Skin vai ficar impressionada
e satisfeita.

— Obrigado. — Ele sorri. — Deixe-me saber se você precisar de mais


alguma coisa.

— Pode deixar. — Eu sorrio. — Bem, é melhor eu voltar ao trabalho.


Aceitando a dispensa, Matthew acena com a cabeça e se dirige para a
porta.

Meus olhos saltam para Brett. Com os braços cruzados sobre o peito,
ele está ouvindo o cara enquanto o homem divaga sobre algo que não
consigo ouvir.

Por que ele não olha para mim?

Chega dessa merda. Preciso me concentrar na tarefa em mãos. Estou


ficando sem tempo para preparar este lugar.

Pego os folhetos e os levo para o showroom.

Preciso parar de deixar Brett me distrair. Minha carreira está em


jogo. Se GrandMark não aprovar o novo escritório, talvez eu tenha que
procurar um novo emprego.

Eu balanço minha cabeça. Isso não vai acontecer. Mantive os custos


baixos e estou dentro do cronograma. O novo escritório é perfeito. Os caras
fizeram um trabalho fantástico com a reconstrução do prédio. É tudo que
eu imaginei que seria. Na verdade, os irmãos Daxon sabem o que estão
fazendo e o fazem com graça e prestígio.

— Aí. — Dou um passo para trás da banca de folhetos para investigar


meu trabalho.

Quando ouço a porta abrir, olho por cima do ombro.

Minha respiração fica presa no meu peito. Meus olhos encontram os de


Brett.
Ele empurra a porta para fechá-la e se inclina contra ela, me observando
com sua visão de tirar o fôlego.

Ele pode ter atrapalhado minha respiração, mas não vou deixá-lo saber
disso. Eu giro nos calcanhares, levanto o queixo e apresento meu sorriso
mais confiante para ele. Estou pronta para falar. Preparada para fazer com
que ele me diga como ele realmente se sente sobre eu ficar.

Nós vamos ter essa conversa. Bem aqui. Agora mesmo.

Abro minha boca, rapidamente silenciada por seus olhos sem pressa e
descarados. Eles manobram cada centímetro do meu corpo como se não
quisessem perder uma única parte de mim, e ele rouba minha respiração
novamente.

Sua sobrancelha se levanta. — Você está usando alguma calcinha?

Ok, pode não ser a conversa que eu queria. Ainda assim, eu coro - em
todos os lugares. — Não.

— Vá até a mesa, — ele insiste.

Não há como negar. Vou até a mesa, mas pergunto: — Por quê?

Ele coloca um dedo em seus lábios franzidos, novamente me


silenciando.

Ele estende a mão para trás e tranca a porta.

Silenciada com sucesso pelas promessas sensuais em seus olhos e pela


porta trancada, eu caminho lentamente até a mesa.
— Agora. — Ele empurra a porta, endireitando-se em sua forma
predominante e robusta. — Inversão de marcha.

Motivada por seu tom dominante, faço o que ele manda.

Eu o sinto atrás de mim. Pulso acelerando e calor correndo por minhas


veias, suas mãos vêm sobre meus ombros e deslizam na frente da minha
blusa. Ele puxa meus seios do meu sutiã, expondo-os ao ar e liberando-os
para seu direito.

Em antecipação, meus mamilos endurecem.

Ele se inclina perto do meu ouvido. Seu peito pressiona contra minhas
costas, aumentando seu poder e força sobre mim.

— Estive duro o dia todo vendo você andar por aí com essa camisa
transparente e saia justa. — Ele agarra meus mamilos eretos entre seus
dedos hábeis. — Você o usou para me atormentar?

Abro a boca para responder. Ele aperta meus mamilos com força. Eu
suspiro, amando isso.

— Shhh... querida. — Seu hálito quente queima meu ouvido, entrando


mais de sua influência dentro de mim. — O prédio está cheio de gente, e se
você fizer outro barulho, terei que parar. — Ele torce meus mamilos
rígidos, adicionando mais prazer. — Você não quer isso, não é?

Balanço a cabeça, cerrando os dentes para conter um gemido. Eu


preciso dele. Eu o quero. Aqui e agora. Eu não me importo com quem está
no prédio.
— Bom. Eu também não. — Ele continua com o implacável jogo erótico
dos meus mamilos. — Levante a saia.

Com as coxas trêmulas de desejo, volto a fazer o que ele me disse.

Ele passa um dedo sobre meu mamilo sensível e dolorido. — Você


gosta disso?

Concordo com a cabeça, sentindo a pressão de seu pau duro através de


seu jeans pressionado contra minha bunda nua.

— Você é uma mulher tão travessa. — Ele dá outro beliscão no meu


mamilo duro e um puxão. — Eu gosto disso. — Ele esfrega as palmas das
mãos sobre minhas pontas doloridas. — Você gosta de áspero?

Concordo com a cabeça, empurrando meus seios para mais.

— Você gosta de ser imobilizada? — Ele agarra meus ombros e me


puxa contra ele. — Espancada? — ele sussurra em meu ouvido. — Dizer o
que fazer?

— Sim, — eu digo com um gemido vibrante, imaginando-o fazendo


tudo para mim. — Eu gosto.

— Ah, então você gosta que digam o que fazer, mas se recusa a ouvir?
— Seu corpo me deixa.

Eu alcanço por trás, agarro suas coxas e o puxo de volta contra a minha
bunda. — Não vá.

— Você vai ser uma boa menina? — O calor de sua respiração desce
pelo meu pescoço. — Sem mais sons?
Eu concordo. — Eu vou ser uma boa menina, — eu sussurro,
desafiando-o a parar porque eu falei.

— Você está abusando da sorte, querida. — Ele agarra meu cabelo e o


enrola em sua mão. Ele puxa minha cabeça para trás para ter um melhor
acesso ao meu ouvido. — Agora, vou dobrar você para a frente, prendê-la a
esta mesa e depois vou enfiar meu pau dentro de você e, quando o fizer, é
melhor você estar quente, apertada e molhada. — Ele puxa minha cabeça
ainda mais para trás até que meus olhos encontrem os dele. — Se você não
estiver, então minha garota travessa, eu vou colocar você no meu joelho e
espancar a porra da sua bunda até ficar vermelha, e eu não me importo
com quem ouve.

Meus olhos vibram. Eu sufoco um grito. O pensamento do que ele


disse, a imagem me deixa encharcada.

Ele gradualmente me guia até a mesa pelos cabelos. Meus mamilos


tensos e doloridos bateram na madeira dura, aumentando a imposição que
ele deixou sobre eles.

Ele solta meu cabelo.

Eu ouço um zíper descendo antes que ele agarre minhas duas nádegas
e me abra bem. Tão quente. Ele é tão gostoso.

— Você está molhada e pronta?

Eu respondo a sua pergunta meio rosnada levantando minha bunda


para oferecer-lhe entrada.
Ele me preenche em um impulso rápido e forte. Minhas unhas
arranham a mesa de madeira, tentando se controlar.

Ele me fode rápido e forte, sem segurar nada. Ele é dono do meu corpo
e tira dele o que precisa - em troca, me dando o que eu tanto desejo.

O que eu preciso.

Corpo em chamas e alma desperta, sinto-me livre novamente.

Eu não estou arruinada.

O pensamento de Brett me espancando me excita. A imagem de sua


mão batendo em minha pele nua não me assusta ou traz lembranças ruins
de Glenn.

Faz-me sentir viva!

Mãos segurando meus quadris, pau empurrando para dentro e para


fora com tal poder e reivindicação, ele exige que meu corpo goze com o
dele. Eu ouço um som de rosnado baixo. Uma que eu conheço é por minha
causa.

Seu corpo se acalma antes que ele se solte incontrolavelmente atrás de


mim. Convulsões. Gemido. Idiotas. E ainda, novamente.

Respirações. O único som que resta na sala é a nossa respiração pesada


e difícil.

Eu coloco minhas mãos na mesa de madeira, liberando minhas últimas


forças.
Seu pau duro escorrega de mim. Sua proximidade deixa meu
corpo. Seu calor desaparece.

Tremendo por toda parte, puxo minha saia para baixo e me viro.

Ele está caminhando para a porta.

— Brett, — eu sussurro.

Ele para e olha por cima do ombro. Seus olhos cinza brilhantes cheios
de calor e desejo afundam em minha alma.

— Obrigado por não se conter.

— Eu disse a você, querida, — diz ele com um sorriso torto, — eu te


daria o que você precisa. — Ele olha para mim por mais um momento,
roubando minha alma eterna antes de sair pela porta e levá-la com ele.
Capítulo Vinte e Nove
Brett

— Vejo você mais tarde esta noite. — Cassie fica na ponta dos pés e me
beija na bochecha.

Quando cheguei em casa, encontrei-a no quintal trabalhando no


maldito jardim que ela começou.

Um sorriso rouba meus lábios, calor corando minhas bochechas


enquanto a vejo sair do meu escritório.

— Oh Ho. — Cole esfrega o queixo.

Eu olho para meus dois irmãos, que me observaram agindo como um


idiota apaixonado.

— Parece que alguém tem uma queda pela chefe. — Cole ri.

Eu me aproximo e dou um tapa no peito dele. — Ela não é a chefe por


muito mais tempo.

— Sim, mais alguns dias e o trabalho está feito. O que você vai fazer
então?
— Sim, grande irmão. — Lix sorri. — O que você vai fazer?

Eu olho para ele. Por que ele não vai deixá-lo ir? Ele está fodendo
comigo namorando Cassie, não me deu nada além de merda. Ele se
importa com ela? É isso? — Qual é a porra do seu problema?

— Eu só quero que você seja honesto... — ele se inclina para mais perto
de mim — ...com ela.

— Do que diabos você está falando?

Lix me espia com o canto dos olhos. — Eu sei o que aconteceu naquele
dia em Miller Lane. — Seus olhos saltam de um lado para o outro entre
Cole e eu.

A cabeça de Cole se inclina. Ele olha para Lix com o canto de seus olhos
curiosos. Sem dúvida, como eu tentando entender o que Lix está dizendo.

— O que você acha que sabe? — Cole pergunta, quebrando o desafio


silencioso entre nós.

— Eu sei de tudo, mas aposto que Cassie não sabe. — Lix acena com
um sorriso.

Ele é um sabichão arrogante. Ele sabe que tem toda a nossa atenção e
está tirando vantagem disso.

— Ok, espertinho. — Cruzo os braços sobre o peito e me inclino contra


a mesa. — Diga-nos o que você sabe.
Não tem como ele saber a verdade. Não é algo que alguém poderia
simplesmente descobrir, e pelo olhar distorcido no rosto de Cole, estou
convencido de que ele nunca disse nada ao nosso irmão mais novo.

— Estávamos trabalhando na casa dos Robison, lembra daquela com o


azulejo rosa no banheiro? Não sei o que aquela senhora estava pensando.
— Lix balança a cabeça. — Não era o seu rosa pó normal. Lembra, era
aquele rosa-chiclete vintage dos anos 1950?

Eu abaixo meus olhos. — Félix.

Seu rosto aperta. Estou bem com o golpe e fico feliz que isso o
enfureça. Estou chateado, então por que não o arrastar para o passeio?

— Sim, vamos lá. — Cole joga uma mão frustrada. — Que porra é essa?

— Bom. — Lix explode, mantendo os olhos em Cole. — Você recebeu


uma ligação enquanto estávamos lá. Você saiu da sala e eu pude ouvir você
falando. Você parecia preocupado. Então, quando você voltou e disse que
precisava sair por uma hora, eu o segui.

Meu corpo se endireita. Eu olho para Cole.

Lix estava lá naquele dia? Eu não o vi.

A reação de Cole prova que ele também está confuso.

— Eu vi vocês parados no gramado do lado de fora da casa na Miller


Lane, olhando pela janela e discutindo. Esperei até que vocês voltassem
para seus carros e saíssem, então fui ver o que diabos vocês estavam
olhando.
Gotas de suor na minha testa. Eu esfrego. Meus olhos disparam para
Cole.

— Não se preocupe, — Lix acena com a mão. — Eu cuidei disso.

Os cabelos do meu pescoço congelam para cima.

Ele cuidou disso?

Eu lanço para Cole. Sua boca se abre, mas nada sai.

Não recebendo nenhuma ajuda de Cole, eu me viro para Lix e limpo


minha garganta seca. — Você cuidou de quê?

— Fui até minha caminhonete e peguei uma máscara porque, como eu


disse, devemos usá-la. — Ele sorri. — Entrei em casa e resolvi o problema
que vocês dois criaram.

Cole encontra sua voz. — Você o que! — Seu rosto fica vermelho. —
Que porra você fez? — Ele segura o cabelo com as mãos. — Foda-se,
Lix! Por que você faria isso? Por que você simplesmente não o deixou lá?

— Eu tinha que cuidar da situação. Vocês dois não, — Lix diz como se
estivesse orgulhoso de si mesmo.

Não quero saber o que ele fez. Nós nem deveríamos estar falando sobre
isso, mas merda. Já entramos e agora meu irmãozinho é cúmplice. É tudo
culpa minha.

— Lix. — Eu respiro fundo. Precisamos descobrir essa merda. — O que


diabos você fez com o corpo?
— Bem, — diz ele, seu pequeno sorriso irritante se alarga. — Se você
tivesse verificado melhor a situação, teria percebido que não o matou.

As mãos de Cole se abrem. — Nós não o matamos, porra!

— Sem merda. — Lix assente. — Ele estava vivo quando cheguei


lá. Parece que o filho da puta usava um colete. Como o idiota que fica
sentado em casa usando um colete à prova de balas? Ele balança a
cabeça. — Eu acho que o idiota sabia que seus dias estavam contados.

Eu caio de volta contra a mesa. Glenn não está morto? Todo esse tempo,
pensei que ele estava morto.

Lix olha para mim. — Veja, quando você atirou nele, ele caiu para trás e
bateu com a cabeça. Isso o nocauteou, mas não o matou. Quando ele
acordou, tive uma longa conversa agradável com o filho da puta, dei-lhe
uma carona para fora da cidade e disse-lhe que, se ele voltasse, eu
terminaria o trabalho que você começou.

— Lix! — Os olhos de Cole se projetam e as narinas se dilatam. — Nós


não o matamos!

— O que você está falando? — Lix olha para Cole pela primeira vez,
registrando o que ele está tentando dizer a ele.

— Brett estava lá. — Cole aponta para mim. — Ele estava olhando pela
janela e viu um cara atirar nele. Ele me ligou. Fui até lá e decidimos ir
embora. Não tivemos nada a ver com o tiroteio ou o que estava
acontecendo.
— Oh... — Os olhos de Lix se estreitam, e seus lábios se franzem. —
Espere. — Ele coça a cabeça. — Agora que penso nisso, aconteceu meses
depois que você salvou Cassie. Então, irmão mais velho, o que você estava
fazendo lá em primeiro lugar?

Eu o encaro, sem interesse em entretê-lo com uma desculpa, mas sei


muito bem que não vou escapar disso. — Eu verificaria a casa para ter
certeza de que ela não voltaria para ele.

— Que porra é essa? Isso é algo que você faz com todas as Julias? Você
persegue todos eles?

— Foda-se!

— Ele não, — diz Cole, em minha defesa.

— Então era só ela?

Eu faço uma careta.

— Por que?

— Porra! — Eu jogo minhas mãos. — Não sei.

— Sim. Ele sabe. — Cole acena com a cabeça. Ele olha para mim. —
Apenas deixe para lá, Lix.

— Porra. — Lix balança a cabeça. — Ela não teve chance contra


você. Claro, ela vai se sentir atraída por você. Você a salvou, porra. Mas
você sabe melhor, Brett. Você está fodendo com aquela garota e mexendo
com a cabeça dela. Que porra há de errado com você? Por que você faria
isso? — Seus olhos me interrogam. — Por que?
— Não sei!

— Ah, você sabe. — Cole ri. — Apenas diga isso, idiota.

Dentes cerrados e punhos cerrados, também não vou sair dessa. Meus
irmãos merecem a verdade. — Eu me importo com ela. É isso que vocês
filhos da puta querem ouvir?

— Sim. — Com um sorriso enorme no rosto, Cole começa a bater


palmas. — Sim!

— Você o que? — Os olhos de Lix se inclinam. — Você ao menos sabe


como fazer isso? Inferno, com esta vida de merda, qualquer um de
nós? Tudo o que sempre tivemos é um ao outro. — Ele aponta para
mim. — É melhor você estar certo sobre isso. Se você a machucar, eu juro...

Meu celular toca, interrompendo suas ameaças.

Eu o tiro do bolso. — Sim.

— Brett, — sussurro baixo de Cassie vem através do meu celular. —


Acabei de chegar em casa e parece que alguém invadiu.

Todo o meu corpo fica tenso. — Não entre. Saia. Estou a caminho.

Há um grito. A chamada termina.

Eu dico o número dela novamente.

— Porra! — Eu tento de novo. Nada!

Cole caminha em minha direção. — O que está acontecendo?


Eu devo chegar até ela. Todo esse tempo, pensei que ela estava a salvo
de Glenn.

E se ele a encontrasse? E se ele voltar?

Eu disse a ela para não se preocupar. Eu pensei que ele estava morto. Se
alguma coisa acontecer com ela, é tudo culpa minha.

Eu corro para fora da porta.

Continuo tentando o celular dela, mas continua caindo direto na caixa


postal.

Eu ligo para Cole.

— Brett? Que porra está acontecendo? Você está bem?

— É Cassie. Acho que aconteceu alguma coisa. Chame a polícia. Estou a


caminho da casa dela.
Capítulo Trinta
Cassie

Estaciono meu carro, saio e vou para o meu apartamento. Meu celular
toca.

Pego da minha bolsa. É Érica. Eu sei o que ela quer, então tenho evitado
suas ligações.

Acertei o ponto verde. — Olá.

— Oi Cassie, é Erica.

— Como você está?

— Estou bem. Obrigada. Você já tomou uma decisão?

Paro no elevador. — Só preciso de mais alguns dias.

— Cassie, vamos ao ar em um mês. Eu preciso de uma resposta. Você


pode, pelo menos, me dizer em que direção está se inclinando? — Ela faz
uma pausa. — Se você ficar na Flórida, teremos que tomar providências em
New Hampshire.
— Você não manteria Shelby? Ela está fazendo um excelente trabalho
lá.

— Claro, se isso faz parte do acordo para você chefiar o local da


Flórida, certamente podemos discutir Shelby permanecendo em seu antigo
cargo em New Hampshire.

— E se eu não, ela seria uma boa opção para a Flórida?

— Ouça. — Eu a ouço suspirar no celular.

Estou empurrando com ela. Preciso decidir o que vou fazer.

— Você tem uma semana, Cassie. Corporativa está respirando no meu


pescoço. Ok?

— Sim. Eu entendo. Obrigada, Érica.

— Tudo bem, falo com você depois, — diz ela, e a ligação é encerrada.

Droga! O que eu vou fazer? Fiquei apenas um ano em New


Hampshire. Não é como se eu tivesse família ou amigos lá. Mas o que eu
tenho aqui na Flórida?

Brett.

Ele é apenas um motivo, mas esse motivo significa tudo.

Aperto o botão, entro no elevador e vou para o meu apartamento. Eu


paro. A porta está entreaberta. Eu me afasto e chamo minha única razão
para querer ficar aqui.
— Brett. — Eu coloco minha mão sobre o celular. — Acabei de chegar
em casa e parece que alguém invadiu. — Eu me viro para verificar a porta,
e uma mão se estende, agarrando meu celular.

Eu grito.

É o Glenn!

Ele esmaga meu celular contra a parede.

Eu corro.

Ele agarra um punhado do meu cabelo e me puxa para trás, assim


como fez naquela noite. Eu caio de bunda. Ele me arrasta para dentro do
apartamento pelos cabelos e bate a porta.

Eu luto para me levantar, mas ele me empurra de volta para baixo. Eu


bato minhas mãos no chão, pronta para uma luta! Eu empurro para cima,
mas sou recebido por uma arma na minha cara.

Eu congelo de medo. Punhos eu posso lidar, mas uma arma?

Com a barba por fazer e precisando de um banho, ele sorri. — Sim, isso
mesmo, vadia. Faça outro movimento sem minha permissão, e eu vou te
matar.

Endireitando minhas costas, eu levanto meu queixo. — O que você


quer, Glenn?

Olhos loucos e instáveis me encaram de volta. Eu olho para a cicatriz


em sua bochecha.
— Você vai pagar por isso. — Seu sorriso maligno se contorce quando
ele levanta a mão, fechando o punho.

Seu anel pisca na luz, as memórias inundam minha mente,


imobilizando-me para o tapa forte que ele dá com a mão aberta na minha
bochecha.

Eu tropeço para trás. Tentando respirar, ele segura meu braço antes que
eu caia. Ele me empurra contra ele.

— Você pensou que poderia se esconder de mim? — Seu aperto no meu


braço aumenta. — Você vai pagar por isso, vadia. — Ele enfia a arma na
parte de trás da calça.

Eu bato meus braços e luto para me libertar. Mas Glenn foi e sempre
será mais forte do que eu. Isso não significa que vou desistir. Nunca!

Estendo a mão e agarro seu rosto. — Foda-se.

Ele ri. Ele agarra meu pulso, não caindo nessa de novo como da última
vez.

Ele puxa minha mão.

— Foda-me? — Outro sorriso monstruoso se espalha em sua boca


nojenta. — Foda-me? — Ele me dá um tapa no rosto.

Calor espeta minha carne. Como uma boneca de pano, estou indefesa
contra ele.
— Oh. — Ele agarra meu queixo e puxa meu rosto para perto do
dele. — Você vai fazer mais do que me foder, vadia. — Seus dedos cavam
em meu rosto. — Vou fazer você pagar pelo que fez comigo. Eu perdi tudo!

Eu encaro seus olhos patéticos e sem alma. — Você vai ter que me
matar primeiro.

Ele me dá um soco no estômago. Eu me inclino para frente. Ofegando


para recuperar o fôlego, eu caio no chão.

Não! Lute! Eu devo lutar com ele! Eu puxo meu corpo trêmulo para
cima e começo a engatinhar.

Ele agarra meu cabelo e se inclina sobre mim. — Você vai me foder. —
Ele puxa meu cabelo com força. — E então eu vou te matar. — Ele me força
a ficar de pé. — Vamos lá.

Ele me empurra em direção à sala de estar.

— Eu não vou a lugar nenhum com você, seu filho da puta! — Eu giro e
bato minha mão para cima em seu queixo. Eu alcanço suas costas para
pegar sua arma.

Ele chega antes de mim.

Dou uma joelhada nas bolas dele. Quando ele se levanta, tiro a arma de
sua mão. Ele corre pelo chão e eu corro atrás dele.

Ele chuta minha perna, me jogando no chão novamente.

Nós lutamos para alcançá-lo.

O babaca vence.
Ele rola.

Eu sigo em frente, pronta para dar a ele tudo o que tenho. Preparada
para arrancar os olhos e arranhar a pele em pedaços. Faze-lo sangrar em
todos os lugares!

— Pare! — Ele aponta a arma para mim. — Não faça outro movimento,
ou eu vou atirar em você agora mesmo antes de me divertir. — Com olhos
atentos, ele se levanta do chão.

— Eu te disse. — Eu tiro o cabelo do meu rosto. — Você vai ter que me


matar primeiro.

Ele ri. O som sinistro combina com seu rosnado cínico. — O que você
vai fazer para me impedir? Espere? — Seus olhos se arregalam. Ele olha
para a esquerda e depois para a direita. — Onde está seu namorado?

— O que você está falando? — Eu olho para a porta, esperando que


Brett não entre por ela. Não enquanto Glenn estiver segurando a arma. Eu
preciso tirar isso dele. Eu preciso lutar mais. Seja mais inteligente!

— O cara que apareceu da última vez que te vi?

— Oh, você quer dizer, aquele que chutou seu traseiro? — Talvez se eu
o irritar, ele ficará nervoso o suficiente para eu tirar a arma dele.

Pode ser.

Sim, é um grande talvez, mas tenho que tentar alguma coisa. Nada.

— Veja, eu estava certo. — Ele sorri, acenando com a cabeça. — Você é


uma prostituta. Você estava me traindo.
— É isso que você pensou? Foi por isso que você começou a me bater?
— Eu sorrio. Seu rosto avermelhado prova que meu plano está
funcionando. — Uau, você é um homem grande, batendo na sua
namorada?

Suas narinas dilatam. Ele levanta a arma. — Você mereceu, puta. Além
disso, você gosta. Você sabe que sim. Todo aquele sexo violento. Você
gostou quando eu bati em você. Você queria.

— Você tem razão. Eu gosto disso bruto, Glenn. Você não é homem o
suficiente para fazer isso direito. Você confunde sexo com machucar
alguém para poder gozar. Você não é um homem. Um homem de verdade
sabe como foder uma mulher sem machucá-la. Você não. Você é fraco
demais para isso, Glenn.

— Foda-se, vadia.

— Foda-se, sua desculpa inútil de homem. — Eu levanto meu queixo e


olho para o cano. Se este é o fim para mim, que assim seja. Não estou mais
fugindo dele. Eu não estou me rendendo a ele. Ele terá que me matar antes
que eu deixe o bastardo doente me tocar novamente.

— Ei, filho da puta! — A voz de Brett envia um rápido flash quente de


esperança e medo através de mim.

Meus olhos se deslocam para a esquerda. Maior que a vida, Brett está
na cozinha. Ombros erguidos e punhos cerrados, meu anjo negro veio me
salvar. Eu não queria que caísse assim. Eu precisava me salvar. Eu não
posso ter Brett lutando minhas batalhas. No entanto, quando eu preciso
dele, ele está sempre lá para mim.

Olho para Glenn. Seus olhos fazem o mesmo. Eles mudam para o meu
Brett.

A arma continua comigo. Eu preciso mantê-lo em mim. Não posso


permitir que ele machuque o homem que amo. Eu trouxe Glenn para a
vida de Brett. Eu causei esse momento. Isso me mataria se algo acontecesse
com ele.

Os olhos de Glenn se fixam em mim por uma fração de segundo. —


Olha quem veio para salvar o dia.

Brett dá um passo à frente.

Glenn balança a arma em sua direção.

— Não! — Eu balanço minha cabeça, implorando para Brett parar.

— Sim. — Brett sorri, balançando a cabeça. Seus olhos se movem para


Glenn. — Você aponta essa porra de arma para mim, filho da puta. — Ele
bate no peito. — Você aponta bem aqui, — Brett provoca o lunático
enquanto ele dá outro passo em direção a Glenn.

— Isso é perto o suficiente, — Glenn avisa, manobrando na direção de


Brett.

— Ah, acho que não. — Brett dá outro passo.

— Brett. — Eu imploro desesperadamente. — Por favor, não faça isso.

— Sim, Brett. — Glenn rosna. — Eu ouviria sua prostituta.


O olho esquerdo de Brett estremece, mas seu sorriso não falha. Ele dá
mais um passo.

Ele está a um metro e meio da arma! Se Glenn puxar o gatilho, isso o


matará!

— Acho que depois do nosso último encontro, Glenn, — Brett diz com
um sorriso tenso e inabalável. — Você já deve ter percebido que a porra de
uma arma não vai me parar.

Não posso deixar Glenn machucá-lo. Não vou deixar Glenn tirar mais
nada de mim. Não vou permitir que ele me machuque mais e isso vai me
matar se alguma coisa acontecer com Brett. Não posso perdê-lo, não
assim. Ele não vai morrer porque me salvou. Não vai cair assim! Eu
morrerei primeiro por tentar salvá-lo.

Glenn não está prestando atenção em mim. Ele está muito preocupado
com a enorme ameaça à sua frente. Eu puxo meu braço para trás e derrubo
a arma de sua mão.

Ele dispara antes de voar de suas mãos.

Brett dá um soco no rosto de Glenn com o punho direito. Em seguida,


ele desfere outro soco tão preciso e poderoso com o punho esquerdo. Glenn
tenta acertar alguns golpes, mas Brett bloqueia todos eles.

Eles acabam no chão com Brett em cima dele, acertando o rosto de


Glenn com o punho.

Fico observando o que gostaria de ter feito sozinho.


Eu me levanto, mobilizado pela vingança.

Eu me levanto, olhando para o corpo inerte de Glenn e seu rosto


ensanguentado.

Espere! Brett vai matá-lo!

— Brett! Pare. — Eu corro em direção a ele. — Brett! — É como se ele


não pudesse me ouvir.

Ele está em uma missão para acabar com Glenn para sempre.

Levar ele pra fora.

Elimine-o permanentemente!

Não posso deixar Brett fazer isso! Não posso ser a razão pela qual ele
mata alguém. Eu nunca vou me perdoar. Ele nunca vai me perdoar. Glenn
vai conseguir o que quer. Ele vai arruinar o que poderia ter sido para Brett
e para mim. Ele nos mataria antes mesmo de termos a chance de nos amar
de maneira normal e saudável.

— Brett! — Estendo a mão para agarrá-lo.

O braço de Brett volta com muita força. Seu cotovelo se conecta com
meu olho esquerdo.

O golpe me cega. Eu caio de volta na mesinha de canto, e o abajur cai


no chão comigo.

Balanço a cabeça, tentando ver através do borrão e da dor. Olhos


escuros e tempestuosos piscam para mim. O arrependimento limpa a
tempestade ofuscante, lavando as nuvens raivosas.
— Porra! — Brett pula e corre para mim. — Cassie! — Ele gentilmente
toca meu ombro. — Eu sinto muito! Porra. Eu sinto muito. — Ele acaricia o
lado do meu rosto. — Eu não queria machucar você. Você está bem?

— Estou bem. — Sento-me e me concentro, notando a preocupação e a


culpa no rosto de Brett. — Brett, realmente estou...Brett! — Eu aponto um
dedo trêmulo.

Glenn está com a arma. Ele se levanta para a cabeça de Brett. Meu
coração para de bater. É isso. Meu pior pesadelo se tornou realidade! Glenn
vai tirar Brett de mim! Ele vai roubar algo não só de mim, mas de muitas
outras mulheres que precisam dele.

Eu ouço o tiro!

— Não! — Eu grito, um som de gelar o sangue que eu não sabia que


poderia fazer.

Eu agarro Brett. Ele continua de pé.

Glenn cai no chão.

Eu toco o rosto de Brett, seus braços e peito, procurando por algum


dano ao seu corpo. — Ele atirou em você...? — O movimento chama minha
atenção.

Eu viro.

O detetive Sharpe está segurando uma arma firme. Ele se move em


direção a Glenn deitado no chão. — Você está bem? — Ele olha para Brett e
para mim antes de chutar a arma de Glenn para longe e se abaixar para
checar o pulso de Glenn.

— Sim, — eu sussurro.

O detetive Sharpe atirou em Glenn.

Brett está seguro.

Eu caio no peito de Brett. Ouvindo seu forte batimento cardíaco, eu


choro.
Capítulo Trinta e Um
Brett

Eu perdi no filho da puta.

Libertei anos de raiva reprimida sobre ele. Como Lix avisou, eu deixei
tudo passar, e Cassie foi pega no fogo cruzado.

Não consigo me afastar do corte sob seu olho vermelho e inchado.

Eu coloquei lá - minha raiva.

Eu a machuquei com isso!

Eu não conseguia parar.

Quando vi a arma apontada para ela, rebati.

Eu o queria morto.

Suponha que ela não tivesse me parado. Ele estaria morto por minhas
mãos e não pelas mãos do detetive.

— Ele se foi. — Eu ouço o detetive dizer.


Piscando de volta à realidade, me afasto de Cassie e olho para o
detetive, depois para Glenn.

Estou feliz que ele esteja morto. Grato por ele nunca mais ser capaz de
machucar Cassie.

Acabou.

Lix e Cole correm para o apartamento e param completamente. Seus


olhos preocupados saltam ao redor da sala, ambos parando em mim.

Eu os vejo, dez e oito anos, como quando mamãe foi para a cadeia e
estávamos esperando para descobrir o que aconteceria conosco. Tão
assustados. Medo de falar. Com medo do que estava por vir do nosso
futuro e olhando para mim em busca de todas as respostas. Eu os
decepcionei assim como decepcionei Cassie.

Eu falhei com ela. Eu a machuquei. Assim como o resultado de cada


agressor que encontrei. A evidência está em seu lindo rosto.

Cole dá um passo para dentro da sala. — Você está bem?

Eu concordo.

Os olhos de Lix passam por mim antes de correr para Cassie.

— Porra. — Ele olha para os olhos dela, as mãos cerradas ao lado do


corpo, como se estivesse se segurando para não a alcançar. — Isso deve
doer?

Ela passa a mão pelo braço, seus olhos encontrando os meus. — Estou
bem.
Com o coração partido no peito, eu desvio o olhar.

— Chamei uma ambulância. Senhorita Redmon, você ainda precisa ser


examinada. — O detetive Sharpe se aproxima. — E eu vou ter que obter
uma declaração.

— Sim. Eu entendo. — Cassie assente. — Detetive Sharpe, não fui


totalmente honesta...com você da última vez que esteve aqui. — Ela olha
para mim.

— Eu vejo. — A sobrancelha do detetive arqueia.

— Glenn estava abusando de mim e... — Ela faz uma pausa.

Seus olhos se voltam para Lix. Ele olha para ela como na vez em que
ficou com medo de que Cole contasse à mamãe que foi ele quem quebrou a
foto da vovó. Ela se muda para Cole. Ele pisca para ela com um meio
sorriso, despreocupado. Seu olhar lentamente chega até mim.

Olho para ela como sempre fiz, como sempre farei, como a mulher com
quem poderia imaginar passar o resto da minha vida.

Ela junta as mãos. — Eu tinha medo dele. — Ela se vira para o


detetive. — Eu pensei que se eu ficasse com ele, ele poderia me
matar. Então, uma noite, depois que ele adormeceu, eu saí e... — ela olha
para as mãos que se torcem, então seus olhos se erguem para os meus
— ...eu nunca olhei para trás.

O detetive olha para mim, depois para Cassie. — Isso é tudo que você
deixou de fora?
É isso. Prendo a respiração.

Tem um cara morto no chão.

É o momento da verdade. Ela poderia contar tudo a ele. Contar a ele


sobre mim e o serviço de escolta. Ela poderia nos expor completamente.

Expor minha vida. Minha verdadeira identidade fodida.

Ela me mantém cativo em sua visão por um momento, e meu coração


para. Uma parte de mim quer que ela diga a verdade para que ela não
tenha que mentir por mim. A outra parte de mim está com medo de ouvi-la
dizer isso. Revelando o que estou disposto a fazer por ela. Até onde eu iria
para mantê-la segura. Eu estava preparado para matar um homem por
ela. Sacrificar minha vida por ela. Ir para a cadeia... como minha mãe, eu
faria isso por alguém que eu...

— Não, — ela diz antes de voltar sua atenção para o detetive. — Achei
que estava livre dele até hoje. Ele devia estar procurando por mim e... —
ela mostra as mãos — ...ele me encontrou.

— Bem, você não terá mais que se preocupar com ele, Srta. Redmon. —
O detetive diz sem emoção. — Sr. Stillwell era procurado em alguns
estados diferentes por agressão agravada, peculato e lavagem de
dinheiro. Seu parceiro, Al Parks, foi encontrado morto em seu apartamento
ontem, e o Sr. Stillwell parecia bem para o assassinato. Vim avisar que ele
pode estar na cidade caso tente falar com você. Ele era um homem
perigoso. Você fez bem em deixá-lo há um ano.
Cassie deu seu depoimento e o paramédico verificou seu ferimento. O
que eu dei a ela.

Felizmente, ela estava bem. Ela não precisou de pontos e disseram que
o ferimento era superficial e não deveria deixar cicatriz.

Eu, por outro lado, estou marcado para o resto da vida pelo que minha
perda de controle e minha raiva fizeram com ela. Ficará comigo para
sempre.

Eu não poderia ficar por aqui. A culpa me empurrou porta afora. Eu


queria estar lá para ela, mas Lix se ofereceu para ficar e eu aproveitei a
oportunidade. Fui covarde. Eu deveria ter permanecido com ela e a
confortado. É isso que bons namorados devem fazer. Ei, eu nunca disse que
fui feito para essa merda. Talvez seja hora de ela descobrir a verdade.

Cole sai comigo.

Eu me viro para ele. — Você sabia, não é? É por isso que você piscou
para ela.

— Sabia o quê? — Ele abre a porta do carro. — Eu vou dirigir. — Ele


estende a mão.

— Você sabia que ela não ia contar ao detetive sobre nós. — Entrego-
lhe as chaves.

Ainda estou abalado com o que acabou de acontecer, então vou para o
lado do passageiro.

— Não depois de vê-la criar raízes durante toda a semana.


— Raízes? — Abro a porta, olhando para ele de cima do carro.

— O Jardim? — Suas sobrancelhas se levantam. — No nosso quintal?

— Besteira. — Eu ri. Meu sorriso vacila. Ele poderia estar certo? É isso
que Cassie está fazendo? Criando raízes? Fazendo desta sua casa? Fazendo-
nos em casa?

— Ei, eu apenas digo como eu vejo. — Ele pisca.

— Então esse é o seu truque?

— Se você olhar para tudo e não se concentrar em apenas uma coisa,


poderá apreciar a imagem inteira, mas a maioria das pessoas não faz isso.
— Ele descansa os cotovelos no topo do carro. — Como você e Cassie,
quando você me ligou naquele dia para Miller Lane, eu não vi apenas um
cara deitado no chão através de uma janela. Eu vi o que trouxe meu irmão
àquela janela, e quando Cassie voltou para sua vida, vi meu irmão se
apaixonar por aquela mulher. Veja, Lix estava errado quando disse que
Cassie não tinha chance contra você. Ele disse que ela se sentiu atraída por
você porque você a salvou. Quando, na verdade, era o contrário. Você não
teve chance contra Cassie, ela o salvou, e é por isso que você foi atraído
para a janela. Quando você a conheceu, ela tocou uma parte de você que
ninguém mais poderia, e é por isso que você continuou voltando.

— Voltei porque queria ter certeza de que ela estava segura. — Eu tento
raciocinar. Embora, o dele faça mais sentido.

— Certo. — Ele concorda. — E quantas outras Julias você perseguiu?

— Cala a boca, — eu estalo.


— Como eu disse, você nunca teve chance contra ela.

— Vamos lá. — Eu entro no carro.

Ele tem razão. No começo, pensei que algo estava errado comigo. Eu
não conseguia parar de pensar nela depois daquela noite. Então comecei a
perseguir a casa de Glenn. Em parte, porque queria ter certeza de que ela
estava segura, mas, egoisticamente, queria vê-la novamente. O que estava
errado em muitos níveis. Se ela tivesse voltado, isso significaria que ela não
era a mulher forte e destemida na qual eu não conseguia parar de pensar.

Nos dois dias seguintes, fiquei longe de Cassie. Eu tinha que resolver
algumas coisas, e a culpa estava me comendo vivo.

Então decidi ver a única pessoa que poderia ajudar.

Sento-me na fria cadeira de plástico, com as mãos cruzadas à minha


frente e a boca apoiada nelas.

Ela entra pela porta e seus olhos encontram os meus.

Tirei a semana do Cole. Eu tinha que vê-la. Depois do que aconteceu na


casa de Cassie, estou fodido. Eu não sei o que fazer.

Eu machuquei Cassie. Deixou uma marca em seu belo rosto.

Uma marca de raiva.

Mamãe examina meu rosto enquanto se senta na cadeira à minha


frente. — Brett?

Afasto minhas mãos por tempo suficiente para dizer: — Oi, mãe.
— O que aconteceu? Você está bem?

— Não. — Eu deixo cair minhas mãos sobre a mesa, mantendo-as


juntas. — Quase matei um homem.

Ela olha para mim como se soubesse que tudo que eu preciso agora é
ver seu rosto reconfortante.

— Eu sou... — Eu limpo minha garganta, olhando para minhas mãos,


com vergonha de perguntar, mas preciso saber a verdade. — Eu sou como
ele?

— Oh, querido, — ela sussurra em um tom gentil, e, como qualquer boa


mãe, ela está ciente do que estou falando sem se explicar
completamente. — Eu sei que suas memórias de seu pai são ruins. É tudo o
que sua mente permite que você se lembre. — Ela faz uma pausa até que eu
levanto meus olhos para ela. — Mas nem tudo foi ruim. Você simplesmente
não consegue se lembrar dos bons tempos. Seu pai tinha algumas boas
qualidades. Afinal, eu me apaixonei por ele, e desse amor nasceram três
meninos lindos.

— Como você pode defendê-lo?

— Não estou defendendo-o ou dizendo que o que ele fez foi bom. Só
estou dizendo que você ficou traumatizado quando criança e não consegue
ver nada além dos maus momentos. Não sei o que aconteceu com seu
pai. Ele nem sempre foi...

— Abusivo, — eu digo para ela.

— Sim. — Ela olha para a mesa, a vergonha lavando seu rosto.


Eu não entendo como ela poderia defendê-lo. Bem, talvez eu possa. Eu
sou fraco em torno de Cassie. Não fraco em força, então não é a mesma
coisa, mas ela ainda pode me machucar de uma forma que me deixaria
marcado para sempre. E sim, eu ainda a defenderia.

— Por que, mãe? Por que você ficou com ele?

— Eu não posso responder a essa pergunta. É complicado. — Seus


olhos se erguem para mim, me enchendo de conforto novamente.

A culpa supera minha raiva. Eu sou um idiota por questioná-la. Como


todas as mulheres que tento ajudar, não faço ideia do que ela estava
sentindo. Eu não entendo nada disso. Talvez a Julia que acabei de resgatar
com aquela criança esteja certa. Eu não temo nada. Eu não poderia
imaginar algo ou alguém tendo esse tipo de controle sobre mim e
brutalmente tirando meu poder de mim, despojando-me de minha força e
independência.

— Brett, quero que você saiba, você e seus irmãos, você pode ter
herdado algumas coisas de seu pai, mas não herdou as partes ruins dele.

— Como você sabe? — Claro, ela vai dizer isso. Ela é minha mãe.

Ela sorri. — Lembra daquela vez que você voltou para casa com o lábio
inchado, Felix com o nariz sangrando e Cole. Ele tinha o mesmo junto com
um olho roxo?

Eu aceno, recordando a memória. eu tinha onze anos.

— Quando eu perguntei o que aconteceu, você me disse que os irmãos


Gillian estavam pegando no pé do filho dos Keller.
— Sim, eles quebraram os óculos dele. Ele não conseguia ver nada. Eles
continuaram empurrando-o e derrubando-o no chão. Isso me irritou.

— Sim. Tenho certeza que sim. Você estava sempre ajudando os


oprimidos, e aqueles meninos Gillian eram alguns anos mais velhos que
você e muito maiores, mas vocês os enfrentaram. Posso ter te deixado de
castigo por uma semana, mas secretamente, não poderia estar mais
orgulhosa de você. Você não machucaria uma pessoa inocente. Você não é
nada como seu pai quando se trata disso. Todos os meus filhos são
protetores.

— Acho que herdamos isso da nossa mãe, — digo com um sorriso


orgulhoso.

— Eu não sei sobre isso, — diz ela com um sorriso fraco. — Querido,
me escute. Eu sei em meu coração que se você quase matou um homem,
então você deve ter tido uma razão muito boa e justificável.

Eu olho para ela. Se não for por um momento, ela tem uma maneira de
tornar as coisas melhores.
Capítulo Trinta e Dois
Cassie

Erica e os outros estarão aqui em dez minutos. Passei a noite toda no


escritório me preparando para a visita de hoje. Lix apareceu para consertar
uma das luminárias e Cole ficou para me ajudar a mover alguns móveis.

Brett. Não o vejo desde que Glenn me atacou. Estou hospedada em um


hotel. Não suporto voltar para o meu apartamento. Lix me ajudou a
empacotar algumas coisas e depois me deixou no hotel mais próximo de
sua casa. Disse que se sentiria melhor sabendo que eu estava perto. Caso eu
precise de alguma coisa.

Tudo que eu quero é Brett.

Liguei para o GrandMark e disse que alguém invadiu o apartamento,


que ele tinha uma arma, e a polícia atirou no homem. Eles disseram que
cobririam as despesas do hotel e enviariam alguém ao apartamento para
limpar o local.
Eu parei mais cedo esta manhã para pegar alguns documentos para a
reunião de hoje. Fiquei na sala. O tapete havia sido limpo e não havia
evidências do que aconteceu.

Peguei o que precisava e vim para o escritório.

Não quero voltar para o lugar onde quase perdi Brett.

Parando em um espelho, verifico meu cabelo e toco o leve hematoma


em meu olho esquerdo. A maquiagem fez um trabalho decente em
esconder o que aconteceu, mas eu sinto do mesmo jeito. É por isso que
Brett não apareceu. Ele se sente mal. Eu vi isso naquele dia em seus olhos.

— Ei. — Eu ouço Cole.

Eu me viro, esperando que Brett esteja com ele. Meu coração afunda no
meu estômago. A dor sobe através de mim enquanto o ácido a engole.

Os ombros de Cole caem. — Ele não vem, Cassie.

— Está bem. — Eu arrumo meu cabelo, tentando anular a dor.

— Ele se culpa.

Eu paro de me arrumar. — O que?

— Glenn. — Ele caminha em minha direção. — Brett pensou que você


estava a salvo dele.

— Ele não poderia saber que Glenn viria atrás de mim.

— Essa e a coisa. — Ele para na minha frente. — Ele achava que não
conseguiria.
— Não entendo.

— Brett pensou que Glenn estava morto.

— O que você está falando? Por que ele pensaria isso?

Ele olha para o chão. — Depois que Brett conheceu você... — seus olhos
se erguem para os meus... — ele ia à casa de Glenn a cada poucas semanas
para garantir que você não voltasse.

— Por que ele faria isso?

— Não sei. — Ele dá de ombros. — Acho que ele não conseguiu tirar
você da cabeça.

Eu o encaro, deixando o que ele disse ser absorvido e percebendo que


eu tinha o mesmo problema. Eu não conseguia tirar Brett da minha
cabeça. Eu pensei que era porque ele me resgatou. Como poderia não haver
uma parte dele que estaria sempre comigo. Mas e se houver mais do que
isso? Mais para nós do que aquela noite? E se sempre estivéssemos
destinados a ser, e o como não importasse?

— O que aconteceu... — eu pisco — ...que, ah, fez Brett pensar que


Glenn estava morto?

— Brett assistiu um cara atirar em Glenn. Glenn caiu. Brett me ligou. Eu


fui lá e Glenn não se levantou. Então nós partimos.

— Espere! Brett viu alguém atirar em Glenn?

— Sim, Brett estava lá olhando pela janela. Você sabe, para ter certeza
de que você não estava lá, e foi quando ele viu isso acontecer. — Ele
levanta a mão como se para acalmar a merda em meu cérebro confuso. —
Agora, eu sei que pode parecer estranho, assustador até mesmo que ele
estivesse espionando Glenn, mas não acho que ele poderia evitar. Ele
precisava ter certeza de que você estava bem.

— Por que?

Ele ri. — Eu acho que você sabe a resposta para isso. — Ele sorri. —
Você acredita em coincidência?

Eu balanço minha cabeça. — Não sei.

— Bem, eu não. Acredito que você e Brett deveriam se conhecer. Acho


que ele sentiu isso na noite em que te viu pela primeira vez, e ficou com
ele. Você ficou com ele. Ou, pelo menos, o pensamento de você fez. Ele
pode até ter se permitido sonhar com uma vida com você. — Ele dá de
ombros. — Você brilhou alguma esperança na escuridão da vida do meu
irmão.

Eu pressiono meus lábios juntos. Suas palavras cruas. Sua


suposição. Ele poderia estar certo?

— Cassie! — Eu ouço Érica.

Eu me viro e coloco meu melhor sorriso profissional.

— Érica. — Eu me aproximo, me recompondo e tentando distinguir a


merda que Cole acabou de plantar na minha cabeça. — Aqui é Cole Daxon,
supervisor de empreiteiros da Daxon Construction.
Cole aperta a mão dela enquanto nos apresenta aos outros dois
representantes da GrandMark.

Visitamos o local e Cole responde a todas as perguntas. Estou grata por


sua presença porque meu cérebro está frito por pensar demais no que ele
disse sobre Brett.

Todo esse tempo, Brett pensou que Glenn estava morto. A vez que ele
foi comigo à reunião em Sarasota. Ele achava que Glenn não era uma
ameaça. Quando o detetive apareceu, pensou que Glenn estava morto. Mas
ele não o matou. Ele não estava preocupado em ser um suspeito. Ele estava
preocupado comigo revelando-o e o serviço de acompanhantes. Ele deve
saber que eu nunca faria isso. Por que ele não me contou sobre Glenn?

Ele não confia em mim. É isso?

É difícil de engolir. Imagine ele voltando para a casa de Glenn para me


ver. Isso é algo que ele faz com todos as suas acompanhantes? Eu era
diferente ou era apenas um sonho para ele, como Cole disse? É um pouco
diferente de quando Brett era mais jovem, esperando o pai passar pelo
quarto, pensando no dia em que fosse grande o suficiente para pegar um
de seus tacos e bater nele. Esse era o tipo de sonho que Brett tinha quando
criança. Talvez o sonho de que Cole está falando seja o sonho adulto de
Brett.

Eu perguntei se ele queria que eu ficasse, mas ele nunca me deu uma
resposta.

Do que ele tem medo?


Ele teme, como a chance de vingança contra seu pai, que seu sonho
conosco não se torne realidade? Ele está preocupado que, se nos tornarmos
reais, ele terá que se render ao seu sonho e, ao contrário do garotinho nele
segurando o bastão e esperando, tem medo de perder de novo?

Oh não. Estou pensando como minha mãe agora. Não que haja algo de
errado nisso. Mamãe salvou muitas almas e ela é boa no que faz. Não tenho
certeza se posso salvar a alma de Brett. Não quando estou inventando
motivos para ele. Eu preciso perguntar a ele. Preciso descobrir o que ele
sente por nós.

— Bem, — Erica diz enquanto voltamos para a frente do prédio. —


Tudo parece ótimo.

— Obrigada. — Eu sorrio.

— Sr. Daxon. — Erica se vira para Cole. — Você fez um excelente


trabalho na construção e a GrandMark estou satisfeita por ter conseguido
cumprir a data projetada.

— Estamos felizes por você estar satisfeita com o produto final. — Cole
olha para mim. — Eu vou sair se você estiver pronta aqui.

— Sim. Obrigada Cole.

Ele acena com a cabeça e sai pela porta. Esta é a última vez que o
verei? A última vez que verei um irmão Daxon. O que acontece a partir
daqui?

— Encontro vocês lá fora em alguns minutos, — Erica diz aos dois


representantes.
Eles acenam com a cabeça, se despedem de mim e saem pela porta
também.

— Bem... — Erica junta as mãos. — Eu preciso de uma resposta, Cassie.


— Suas sobrancelhas escuras e bem cuidadas arqueiam. — O que vai
ser? Você vai ficar aqui?
Capítulo Trinta e Três
Cassie

Eu ando até o escritório de Brett. Cole sai pela porta.

— Onde ele está?

Cole sorri, levantando o polegar enquanto passa por mim em direção a


sua caminhonete.

— Obrigada! — Eu agarro a porta do escritório e a abro.

Brett está curvado em sua mesa, mexendo em uma pilha de papéis.

Ele olha para mim. Há uma tempestade se formando em seus olhos.

Pronta para lutar contra aquela tempestade, paro em sua mesa e coloco
minhas mãos nos quadris. — Sentimos sua falta hoje no passeio.

— Estava ocupado. — Ele segura um dos papéis, alegando mantê-lo


ocupado. — Cole disse que tudo correu bem.

— Sim. — Vou até o balcão, e pego a cafeteira e a encho de água. Não


vou embora até conseguir o que vim buscar.

Eu me viro.
Ainda segurando o papel na mão, ele ergue a sobrancelha.

— Vamos lá. — Aponto para a porta.

Ele olha para a cafeteira cheia de água na minha mão. — Onde?

— Levanta, que eu te direi.

Ele deixa cair o papel, recosta-se na cadeira e coloca as mãos atrás do


pescoço. — Você não quer terminar de fazer o café primeiro?

— Isto não é para café.

Um sorriso torto surge de um lado de sua bochecha. — Para que serve


então?

— As plantas. — Eu sorrio. — É hora de ir regar o jardim. Então vamos.

Ele solta o pescoço e lentamente se senta na cadeira. — Como quando


você e sua mãe regaram o jardim?

— Exatamente assim. — Eu concordo. — Agora, vamos. Vamos lá. —


Eu aceno.

Ele encara a cafeteira como se fosse uma sentença de morte.

Quando tudo que eu quero é a verdade.

— Brett, — eu digo, esperando que seus olhos alcancem os


meus. Quando o fazem, vejo uma pitada de apreensão neles. Ele tem medo
de me dizer a verdade.

Eu não me importo.
Estamos fazendo isso hoje. Se ele não quiser que eu fique. Se ele não me
quer, então eu vou lidar com isso. Eu só preciso ouvi-lo dizer isso. — Não
vou embora até que aquele jardim seja regado.

Seu olho esquerdo estremece.

— Aqui. — Estendo a cafeteira. — Hoje, você está fazendo a rega.

Ele se levanta. — Por que eu?

— Tenho feito isso a semana toda.

Seus olhos se estreitam. — Eu não sou bom em regar plantas. É por isso
que não há ninguém por aqui.

— Bem, você os tem agora. — Eu levanto o pote um pouco mais alto. —


Então tente.

Um rosnado opressivo ressoa dele antes que ele pegue o pote de mim,
saia e vá para o quintal.

Ele para no hibisco, segurando a cafeteira em sua mão grande. — Então


eu conto a você todas as coisas ruins que fiz e recebo um passe. É assim que
funciona?

— Certo. — Concordo com a cabeça, entendendo que o estou


pressionando, mas é hora. É agora ou nunca. — Você pode me dizer
qualquer coisa, e eu não vou usar isso contra você.

— Ok. — Ele derrama um pouco da água nas flores. — Vamos ver. —


Ele se concentra na planta. — Quando eu tinha oito anos, entrei na sala
com lama nos sapatos. Quando eu tinha dez anos, roubei uma barra de
chocolate da loja da esquina. E quando eu tinha quinze anos, joguei um
colega de classe pela janela por xingar minha mãe. — Ele levanta a jarra e
olha para mim. — Estou fazendo certo, Cassie? Eu deveria dizer a verdade,
certo?

— Sim. A verdade. — Observo-o caminhar até as gérberas cor-de-rosa.

— Bem, que tal eu contar sobre a vez em que Cole apareceu na minha
porta. Eu descobri que ele tinha uma bolsa de estudos para a faculdade e
não o encorajei a ir. Você sabe porque? — Ele derrama o resto da água nas
flores.

A cafeteira parece pequena em suas mãos lindas e perfeitas.

Eu engulo a inquietação alojada na minha garganta. — Por que?

— Porque. — Ele joga a cafeteira no chão. — A verdade é que sou


egoísta.

Egoísta? Isso é um absurdo. Se Brett é alguma coisa, egoísta não é um


deles. — É isso que você acha?

— É o que eu sei. — Ele sorri, não permitindo que a expressão alcance


seus olhos cinza escuro. — Ei, você pediu a verdade.

Eu o encaro. Por que ele está fazendo isso?

— Por que não vi você na semana passada, Brett?

— Você sabe por quê, — diz ele em um tom afiado.

Entendo. Ele não gosta do jogo que estamos jogando. Mas ele me
empurrou. Eu não tenho outra escolha. Eu preciso ouvir a verdade dele.
— O que aconteceu comigo não foi sua culpa. — Eu abaixo minha
voz. — Você não me machucou. Estou bem.

— Não tente me psicanalisar como sua mãe.

— Eu não estou. — Eu dou um passo em direção a ele. — Por que você


não me disse que voltou para a casa de Glenn depois que nos conhecemos?

Ele levanta a mão para me impedir de chegar mais perto. — Tudo bem,
se você quiser fazer isso, nós faremos. — Ele cruza os braços sobre o
peito. — Quando fui para a escolta naquela noite. Quando eu vi você caído
no chão, meu trabalho era tirá-la de lá e colocá-la em segurança. É sempre o
mesmo. Estou lá para ajudar a vítima. Dar a elas a oportunidade de
fugir. Mas naquela noite foi diferente.

— Como?

— Eu não queria apenas ajudar você. Eu queria salvar você.

— Você fez.

— Não. Pela maneira como você enfrentou Glenn e esmagou a cara


dele, percebi que não precisava ser salva. Como todo o resto, você só
precisou da minha ajuda para tirá-la de uma situação ruim.

— Eu precisava de você, Brett. — Eu dou mais um passo em direção a


ele.

— Não. — Ele levanta a mão e dá um passo para trás.

— Ok. — Eu paro, reconhecendo sua necessidade de espaço.


— Tento não pensar no que um agressor fez à sua vítima. — Ele fica
quieto por um segundo, e seus olhos caem no chão. — Eu tento manter isso
separado do motivo de eu estar lá. Para fazer a escolta, levá-las com
segurança do ponto A ao ponto B. Não olho para elas. Não assim, mas com
você, eu olhei. — Seus olhos se erguem para os meus. — E eu vi você toda,
cada parte. Sua força. Sua beleza feroz. Sua vontade de permanecer no
controle. Eu não conseguia parar de pensar em você, me perguntando se
você estava bem. Se você seguiu em frente. Se você estivesse segura.

— Você é um bom homem, Brett.

— Não. — Ele balança a cabeça. Os lábios se achatam. O rosto fica


vermelho. — Você me entendeu errado. Não sou quem você pensa que sou.

— Então quem é você? Por que você foi para a casa de Glenn?

Ele esfrega a nuca como se tentasse acalmar a fúria interior. — Eu disse


a mim mesmo que fui lá para ter certeza de que você não tinha voltado,
mas a verdade é que também fui lá porque, por mais fodido que pareça,
queria ver você de novo. Eu esperava que você estivesse lá. E isso é egoísta
pra caralho. — Seu rosto endurece novamente. — Você acha que eu sou
esse cara moral que salva mulheres, mas o que você não sabe é que eu não
faço isso apenas por elas. Eu também faço isso por mim. Tenho satisfação
em roubar essas mulheres de seus agressores, assim como meu pai roubou
minha mãe de mim. E isso é egoísta. Então você vê, eu não sou o herói que
você me representa. Eu sou apenas um bastardo egoísta.

— Eu não acredito nisso. Acho que você racionaliza o que sente. Você
acha que há algo errado com você porque faz você se sentir bem ao tirar
essas mulheres de seus agressores. Não há. A gratificação que você está
sentindo vem do ato de fazer algo bom. Isso não é ser egoísta. É o
contrário. É humilde.

— E agora, — diz ele, ignorando minhas palavras. — A única coisa


altruísta que posso fazer por você. É dizer para você sair daqui porque se
eu pedir para você ficar, isso é egoísmo. Não quero ser egoísta quando se
trata de você.

— Seja egoísta, — eu digo, com lágrimas brotando em meus


olhos. Como esse homem pode pensar que é egoísta?

— Eu não posso, não com você.

Seus olhos se suavizam enquanto ele fica parado, o que parece estar a
quilômetros de distância. Eu não posso tocá-lo. Segurar ele. Expressar o
amor que sinto por ele a esta distância. Ele não vai me deixar. É como se ele
estivesse se punindo.

— A única pessoa que vai machucar é você. Cansei de fazer isso. Não
importa onde você está, se fica ou se vai, porque você sempre estará aqui.
— Ele bate no peito. — E eu não posso parar, — diz ele, mudando de
marcha.

— O que? — Levo um segundo para entender. — A escolta? Você acha


que eu pediria para você fazer isso? — Eu me movo em direção a ele, desta
vez sem que ele me pare. — Brett. — Eu toco seu braço e procuro seus
olhos cautelosos. — Você quer que eu fique? Não há problema em me dizer
o que você quer.
— Cassie. — Ele passa os dedos pelo meu cabelo. Ele embala minha
cabeça com as mãos trêmulas. — Eu quero que você faça o que é melhor
para você e não olhe para trás.

Eu olho para ele. Aceitando a verdade, ele não vai me dizer o que
quer. Ele não vai se permitir.

Ele está me afastando.

— Eu já tomei minha decisão, — eu digo, observando sua expressão


resoluta. — Eu planejo fazer o que é melhor para mim, mas não posso
prometer que nunca vou olhar para trás porque tudo o que aconteceu me
trouxe até você. — Eu o beijo nos lábios, lento e suave como se fosse o
último que eu teria, porque provavelmente é.

Eu me viro e vou embora, sentindo as lágrimas queimando meus olhos


e lutando como o inferno para sair.

— Cassie. — Eu o ouço dizer meu nome. Meu coração para.

Eu paro, sem me virar. Não suporto vê-lo se não posso tê-lo.

Eu fico e espero.

— Preciso te contar uma última verdade.

Enxugando uma lágrima que escapou do meu olho, eu me viro.

Ele está caminhando em minha direção.

Eu fico.

Incapaz de se mover, com medo de que ele não volte para mim.
Onde ele pertence para sempre.

— A verdade é que eu pararia se você me pedisse. — Ele segura minhas


bochechas e levanta minha cabeça, forçando meus olhos ardentes a olhar
para ele. — Porra. — Ele enxuga uma lágrima do meu olho. — Eu faria
qualquer coisa por você. Tudo. — Ele se abaixa e me beija.

Ao contrário do meu beijo de despedida, este é cheio de paixão e


promessa.

— Fique, — ele sussurra contra a minha boca. — Não vá. — Ele


pressiona sua testa contra a minha. — Eu sinto muito. — Ele se afasta e
olha nos meus olhos. — Não sou bom nessa merda, mas vou tentar
melhorar. Eu prometo. Eu serei o que você precisar que eu seja. Apenas
fique.

— Eu disse que estou fazendo o que é melhor para mim. — Um


pequeno sorriso se espalha em meus lábios formigando. — E você, Brett
Daxon, é o que é melhor para mim. E eu não quero que você seja outra
coisa senão o que você já é. — Eu sorrio para ele. — Porque esse é o homem
por quem me apaixonei.
Epilogo

— Não. — Cassie me verifica. — Vou fazer o jantar hoje à noite. — Ela


ri enquanto carregamos as sacolas de compras para minha casa. — Tudo o
que você precisa se preocupar é tomar um banho.

— Você está dizendo que eu cheiro mal?

— Sim. — Ela acena com a cabeça, sorrindo. — Mas é um fedor bom. —


Seu nariz franze da maneira mais adorável.

— Sério? — Eu sorrio para ela, amando o jeito que ela olha para mim e
que ela me quer mesmo depois de um dia duro de trabalho.

Ela ilumina tudo dentro de mim, e sempre fica acesa por muito tempo
depois.

— Ei, — Cole chama.

Afasto meus olhos dos dela e olho para meu irmão. — E aí?

Eu mudo a sacola de compras para o outro quadril.

Ele levanta o celular com um movimento do pulso. — Julia ligou.


— Ok. Eu entendi.

— Não. — Ele acena. — Eu aguento. Vocês dois pombinhos parecem


estar ocupados.

— Tem certeza? — Eu franzo a testa. Ele e Lix continuam assumindo


minha vez sempre que Cassie está por perto, o que tem acontecido bastante
no último mês. — Você pegou a última e...

— Eu tenho isso. — Ele me dá um tapinha no ombro, piscando para


Cassie enquanto caminha para sua caminhonete.

Cassie digita o código no elevador e espera por mim.

Balanço a cabeça e caminho até ela. — Então, o que você está fazendo
para o jantar? Queijo grelhado e batatas fritas de novo, — eu digo, me
sentindo desconfortável por Cole atender a ligação.

— Ei, eu nunca disse que era cozinheira. — Ela ri. Entramos no


elevador. — Esta noite, estou fazendo hambúrgueres na grelha.

— Você não sabe cozinhar, mas sabe grelhar?

— Meu pai era o churrasqueiro e me ensinou bem.

— Parece bom. — Inclino-me, beijo-a e entro no elevador com ela. —


Mal posso esperar para conhecê-lo.

Seus olhos voam para os meus. — Você quer conhecer meus pais?

— Claro. — Eu dou de ombros.


— Tudo bem, — ela diz lentamente, parecendo surpresa, me espiando
pelo canto do olho enquanto entramos no meu apartamento. — Apenas
deixe as compras no balcão. — Ela sorri, olhando para mim como se nunca
quisesse me deixar ir, e eu estou bem com isso.

E eu estou bem em conhecer os pais dela. Eu quero cada parte dela.

— Vá tomar um banho. — Ela coloca a bolsa no balcão. — Vou guardar


isso.

— Eu posso ajudar.

— Trabalho em equipe. — Ela me dá um tapinha no peito. — Você vai


lavar esse seu corpo sexy, e eu vou trabalhar para fazer algo para alimentá-
lo quando você terminar.

— Ok. — Eu a seguro pela cintura e a puxo para mim. — Mas eu tenho


sobremesa. Tenho algo delicioso em mente para você esta noite. — Eu a
beijo e vou para o chuveiro.

Ela me dá um tapa na bunda. — Provocação.

Saio do chuveiro, coloco uma calça jeans e vou para a cozinha. Ela está
tirando condimentos da geladeira. Eu a observo por alguns segundos,
agradecendo a minha estrela da sorte por ela ter me escolhido.

Ela ficou não só no meu coração, mas na minha vida.

— Ei, — eu digo.

Ela olha para mim, e algumas mechas de seu cabelo caem sobre seu
rosto. Ela os sopra para longe, colocando a mostarda no balcão. — Sim?
— Tenho um presente para você hoje.

Ela inclina a cabeça e aperta os olhos para mim. — O que?

Suas bochechas ficam rosadas. Eu gosto que eu a coloque lá. Eu


pretendo fazer novamente mais tarde esta noite.

Tiro minhas mãos de trás das costas e seguro o presente dela.

— Folhetos! — Ela bate palmas e grita como se eu tivesse acabado de


lhe dar brincos de diamante ou algo assim.

Ela galopa e os arranca de mim. Ela os abre. — Eles são lindos. Olhe
para todas as cores. — Ela passa a mão no papel. — Acho que não tenho
folhetos de pintura. Eles são incríveis.

Eu ri. — Já que você está aqui a maior parte do tempo, pensei que você
poderia adicionar um pouco de cor às minhas paredes.

— O que? — Seus olhos saltam para os meus. — Sei que já estive muito
aqui. Eu sinto muito. Não quero voltar para o apartamento. Não desde o
que aconteceu com Glenn e...

— Cassie. — Eu toco seu braço. — Eu entendo. Você é bem-vinda aqui


sempre que quiser. Na verdade, eu ia te dar uma chave, e se você quiser
mudar suas coisas para cá até descobrir alguma merda, ou o que quer que
seja, estou bem com isso também.

— Como se mudar?

— Claro. — Eu dou de ombros. Embora eu não tivesse pensado nisso


até agora. Mas sim. Como conhecer os pais dela, quero acordar com ela
todas as manhãs. Quero ser abençoado por seus lindos olhos todos os
dias. — Mas eu tenho que falar com meus irmãos.

— Claro, você deve perguntar a eles.

— Não. — Eu rio. — Eu não preciso da permissão deles. Só não quero


que pensem que, se estivermos juntos, não atenderei as ligações de Julia.

— Sim. — Ela abaixa o folheto. — Eles parecem estar passando por sua
vez.

— Você vai ficar bem com isso? É pedir muito, e eu entenderia se fosse
demais.

— Não. — Ela descansa as mãos nos meus ombros como se


pertencessem ali. E eles fazem. — Eu disse a você antes que nunca pediria
para você parar.

Eu levanto minhas sobrancelhas. — Nunca?

Ela inclina a cabeça e olha nos meus olhos pensativamente. — Bem. —


Ela morde o lábio inferior. — Só consigo pensar em uma coisa que pode me
fazer mudar de ideia.

— O que é isso?

— Se, e este é um enorme se... — Ela faz uma pausa. — Mas se você me
engravidar, posso mudar de ideia.

— Grávida, — eu digo com uma risada nervosa.

— Ei! — Ela me golpeia com o folheto. — É você quem está sugerindo


que moremos juntos. — Ela segura o folheto com as duas mãos e olha para
ele. — Estou apenas dando alguns passos adiante em minha mente e
dizendo em voz alta. — Seus olhos se levantam para os meus. — Ou você
não quer ter filhos?

— Crianças? — Eu olho para ela. — Do jeito que eu vivo, nunca pensei


em filhos. — Isso é uma mentira. Quando entrei no apartamento dela e vi a
arma apontada para ela, vi minha vida com ela passar diante dos meus
olhos. Incluía um altar, votos e crianças.

Ela salvou minha vida, novamente, naquele dia.

— Bem... — ela sorri para mim — ...acho que está na hora de você
começar a se permitir sonhar, Brett Daxon. Sonhe com crianças e um felizes
para sempre comigo.

— Crianças? — Eu concordo. Ouvir em voz alta torna tudo mais real e


viável com ela, a mulher que amo. — Eu sabia que estava ferrado no dia
em que você me disse que estava vindo para mim com tudo o que tinha.

— A única coisa que eu não tinha era você, — diz ela, com os olhos
brilhando para mim.

— E sua bunda determinada conseguiu isso também. — Eu me inclino


para um beijo. — E eu sou grato por isso todos os dias.

Meu celular toca.

Com os olhos fixos nos dela, pego meu celular. — É Cole. Eu tenho que
atender. — Deslizo a tela. — Sim?

— Brett, — diz ele, com a voz embargada.


Sentindo que algo não está certo, eu estalo minha coluna reta. — Cole, o
que há de errado?

— É Julia, Brett. Ela está morta, porra.

— Onde você está? Você está na escolta?

— Sim, — ele respira a palavra trêmula na cela.

— Você está bem?

— Sim. Mas ela está morta.

Eu aceno para Cassie para aliviar a preocupação em seus olhos.

— Tem certeza Cole? Você a examinou?

— Não.

— Como você sabe que ela está morta?

Cassie se aproxima de mim e coloca sua mão gentil em meu ombro


como se sentisse o medo em meu irmão através de mim.

— Lembra daquela noite em que descemos as escadas e vimos papai


deitado no sofá depois que mamãe atirou nele.

— Sim. — Eu concordo.

— Lembra dos olhos dele?

— Sim, Cole. — Faço uma pausa, relembrando o dia terrível que


mudou nossas vidas. — Eu me lembro, — eu respondo, olhando nos olhos
de Cassie. O lugar onde encontrei a luz para ofuscar minha escuridão.
Com cada parte de mim, eu a amo...

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