Cece Fells é uma das jovens confeiteiras mais talentosas de Londres.
Quer dizer, era, até o proprietário do imóvel, Brenton Maslow, demolir sua confeitaria para montar a porcaria de um estacionamento! Agora, a revoltada criadora de cupcakes tem a missão de destruir o insuportavelmente atraente CEO da Maslow Enterprises - se ela não se apaixonar por ele primeiro. Classificação etária: 18+
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros Capítulo 1 Cece O “plim” do forno trouxe um sorriso ao meu rosto. Finalmente, os cupcakes estavam prontos. Usando minhas luvas de cozinha, tirei a bandeja de cupcakes do forno e a coloquei na bancada. O pedido da minha cliente deveria estar pronto em duas horas e eu tinha que fazer o meu melhor para torná-lo o mais atraente possível. Um sorriso no rosto do cliente era como um bônus financeiro para mim. Ele provava que meu trabalho árduo tinha dado frutos. — Cece! — Eu revirei os olhos quando ouvi a voz da minha vizinha. Se tem uma coisa que dá para ter certeza no meu dia, é de que Sra. Druid vai vir me irritar. A mulher tinha quarenta anos, mas agia como se tivesse vinte. E eu não vou nem comentar sobre sua escolha de roupas. — Sim, Sra. Druid? — Eu sorri, enquanto preparava meu glacê para fazer a decoração dos cupcakes. Eu precisei fazer muito esforço para não lançar um olhar feio à sua roupa escandalosa do dia. Lá estava ela, com um vestido amarelo neon e saltos altos vermelhos que poderiam ser confundidos com armas - e eu acreditava que eram, pois deviam estar matando seus pés. Sua cara firme - graças ao Botox - estava coberta de maquiagem, como se ela estivesse se arrumando para ir a um pub. E não dava para ignorar o penteado elaborado que ela exibia na cabeça. — Cece, minha querida! Como tem passado? Minha nossa, você por acaso sai e aproveita a vida? Toda vez que venho à sua loja, eu te vejo trabalhando sem parar. Por que você não contrata outra pessoa? Você vai morrer de exaustão se continuar fazendo tudo sozinha, — sugeriu ela. Talvez a mulher tivesse um senso de moda estranho, mas ela tinha um bom coração. — Sra. Druid, eu lhe disse várias vezes que gosto de fazer as coisas sozinha. E eu não confio nas pessoas facilmente. Estou acostumada a fazer o trabalho e gosto dele imensamente, — respondi enquanto fazia uma curvinha de glacê azul perfeita no cupcake. — Eu sei, minha querida, mas eu me preocupo com você. Você é tão jovem; tem que sair e aproveitar como eu, — ela falou, seus olhos cinzentos-claros tremeluzentes de preocupação. — Eu gosto de trabalhar, e é isso que eu quero fazer pelo resto da minha vida. — Continuei a fazer curvinhas de glacê enquanto falava, vendo os bicos cremosos em cima dos cupcakes como se fossem coroas. — Você é estranha. — Ela fez uma pausa. — Espero que sua loja não seja demolida. — Suas palavras fizeram com que minhas curvinhas parassem no meio. — O que você quer dizer? — Ah, nada. Ouvi de um dos meus amigos que um magnata está querendo comprar uma área grande de terrenos. Se ele optar por comprar esta, então sua pequena confeitaria vai ser demolida e você não vai ter mais trabalho, — ela me informou. — Não! Não é possível. Ele não pode demolir minha loja. Eu paguei por ela e ninguém pode tocar num único tijolo sem minha permissão escrita e verbal. Quem é esse magnata? De jeito nenhum, esse homem iria destruir meu negócio. Eu tinha trabalhado muito para isso e não ia deixar que ninguém viesse e derrubasse. — Brenton Maslow. — Era só o que ela precisava dizer. Essas duas palavras eram suficientes para deixar meu sangue fervendo. Brenton Maslow, o filho mais novo da família mais poderosa do o país. Eu nunca tinha visto sua cara, mas sabia que ele era arrogante e poderoso. Mas sem problemas; se ele se atrevesse a arruinar meus negócios, eu era quem ia arruinar sua vida. Terminei as curvinhas em meus cupcakes e coloquei pérolas comestíveis em cima antes de pôr cada um cuidadosamente na caixa. — Não importa. Ele não pode tocar na minha loja. Eu vou caçá-lo se for preciso, — eu disse, enquanto retirava meu avental e me preparava para ir entregar os cupcakes. — Agora, se você não se importa, eu tenho cupcakes para entregar e você tem uma festa para ir. — Tudo bem, eu entendo. — Ela começou a recuar para fora da loja. — Tenha cuidado, Cece. Não deixe aquele homem te meter em problemas. Eu revirei os olhos ao sair da loja, certificando-me de trancá-la. Até parece que um homem ia se atrever a me meter em alguma coisa. Coloquei a caixa de cupcakes no recipiente que estava preso na parte traseira da minha scooter para que eles ficassem seguros antes que eu sentasse e desse a partida. Assim que o motor ligou, coloquei meu capacete e saí voando pelo ar pesado de inverno que era a regra nessa cidade. Brenton Maslow podia escolher comprar qualquer pedaço de terra que desejasse; ele não precisava comprar o que era meu. Mas se essa fosse sua opção, então ele não ia se importar com as vidas das pessoas que tinham lojas ao redor da minha. Ele não ia se preocupar com seu sustento ou como sobreviveriam. Mas independentemente do que acontecesse, eu não ia deixá-lo tomar minha confeitaria. Ele não sabia o quanto eu tive que trabalhar duro para essa confeitaria. Ninguém sabia que eu tinha economizado dinheiro ao assumir vários empregos. Eu tinha que ter cuidado onde gastava meu dinheiro porque cada centavo contava. E mesmo agora que eu tinha minha confeitaria, eu ainda tinha que ter cuidado. Eu não podia comprar coisas que não precisava. A maior parte do que eu ganhava era gasto na confeitaria. Quando cheguei ao meu destino, estacionei a scooter, tirei meu capacete e fui até o recipiente que mantinha meus cupcakes seguros. Com a caixa em mãos, fui até a porta e toquei a campainha. Rapidamente, passei a mão pelo meu cabelo loiro para me tornar apresentável enquanto esperava a cliente. Após alguns segundos, a porta se abriu para revelar uma mulher que parecia ter cerca de dezoito anos, com olhos azuis sorridentes e cabelos pretos com mechas roxas. — Olá. Seus cupcakes chegaram, — eu disse, entregando-lhe a caixa com um sorriso no rosto. A mulher sorriu. — Muito obrigada. Se você puder esperar apenas alguns segundos, eu vou buscar o dinheiro. — Claro. Sem problemas, — respondi. Olhei para a rua, observando alguns ciclistas contornarem os pedestres como se estivessem fundidos às bicicletas. Crianças andavam tomando sorvete, uma mão firmemente presa na mão de um dos pais. Acima de mim, eu via nuvens se formando, o que significava que eu devia me preparar para a neve. A vida se tornava difícil nos invernos, mas eu conseguia me manter firme e continuar com meu trabalho. Ninguém ia aceitar mudança de estação como uma desculpa para não trabalhar. — Aqui está. — Olhei para a porta e vi a mulher de pé, segurando uma nota de vinte libras. — Muito obrigada. Tenha uma boa noite, — disse eu antes de voltar para a minha scooter. Não ouvi a resposta da mulher; só coloquei meu capacete e pilotei rua afora. Assim que eu voltasse, teria que começar a preparar o próximo pedido, que deveria ser entregue em quatro horas. A viagem de volta deveria ter sido relaxante, mas não consegui deixar de pensar na Sra. Druid e no que ela havia me contado sobre Brenton Maslow. Ele não tinha motivos para comprar o terreno; sua família já possuía o bastante. E meu bairro não era nada chique, então um bilionário como ele não deveria ter nenhum interesse ali. Mas por mais que eu tentasse me convencer de que Brenton não se tornaria meu maior pesadelo, meu coração estava estranhamente pesado. O que me obrigou a acelerar, mas eu ainda tinha que ter as leis de trânsito em mente. Voltei o mais rápido que pude, meu coração me incitando a ir mais rápido. Eu não sabia por quê, mas tinha a sensação de que não ia gostar do que estava para acontecer. Entretanto, eu me recusei a ter medo porque sabia que, o que quer que acontecesse, eu seria capaz de lidar. Mas eu estava errada. Não sei o que eu vi primeiro. Era a fumaça que subia como nuvens sinistras, ou eram os escombros empilhados para parecer uma montanha? Ou talvez tenha sido a ausência da confeitaria que saltou aos meus olhos assim que virei a esquina da minha rua. — N-Não, — eu disse enquanto via um trator gigante parado ali, com homens de chapéu amarelo andando e dizendo ao povo para se afastar. Tentei procurar minha confeitaria, mas não consegui encontrá-la. E eu sabia que meu pior pesadelo tinha se tornado realidade. Jogando a scooter no estacionamento, corri até onde minha confeitaria deveria estar. — Senhorita, você não pode ficar aqui, — eu ouvi um homem dizer, mas me recusei a ouvi-lo. Minha confeitaria tinha desaparecido. Todo o dinheiro que eu tinha ganho e meu sangue e meu suor tinham sido transformados em pedra e pó. Todo o tempo que eu tinha investido estava me encarando sob a forma de detritos. Já tinha desaparecido. Tudo tinha desaparecido. — Senhorita, eu lhe disse, você não pode ficar aqui Você tem que sair. — Desta vez, ouvi claramente o homem e me virei para enfrentá-lo. — Como vocês se atrevem? — Eu falei, entre dentes. Seus olhos maliciosos se arregalaram. — Perdão? — Como vocês se atrevem?! Como vocês se atrevem?! — Eu gritei com a força dos meus pulmões, sem me importar com quem me ouvia ou com o que iam pensar de uma mulher gritando no meio da rua. — Senhorita, acalme-se, — disse o homem. — Como vocês se atrevem a demolir minha confeitaria?! Quem deu a vocês o direito de vir aqui e fazer isso?! Responda! — Eu continuei, gritando. É melhor que ele tenha uma boa desculpa para ter feito isso, ou juro que vou esfaqueá-lo. — Se você se acalmar, eu explico tudo, — disse o homem, seus olhos me implorando para cooperar, mas ele não me conhecia. Eu nunca ia cooperar. — Diga agora mesmo ou eu vou tacar fogo em você, e juro por Deus que não estou fazendo ameaças vazias, — rosnei, querendo apertar minhas mãos em tomo de seu pescoço gordo. — Ei, ei! O que está acontecendo aqui? — Uma voz aguçada cortou a névoa de fogo que estava brilhando em minha mente. Um homem que parecia estar na casa dos trinta anos caminhou até nós e ficou na minha frente. — Por que você está gritando como uma louca? — Você destruiu minha confeitaria e espera que eu fique calma?! — Eu queria esbofetear esse homem, e se ele não entendesse porque eu estava irritada, eu ia dar um tapa de verdade na cara dele. — Estamos só cumprindo ordens. Se você tiver algum problema, fale com o chefe, — respondeu o homem. — Quem mandou vocês demolirem minha confeitaria? Eu era a dona. Tenho toda a documentação legal necessária. Você ou seu chefe não tinham o direito de destruir minha propriedade, — eu disse. Eu via as pessoas chegando perto, mas não me importava. Nesse momento, tudo o que me importava era meu trabalho árduo e como ele não tinha mais nenhum valor ou existência. — Ouça, senhora... — O homem tascou um cartão de visita na minha mão. — Você pode entrar em contato com meu chefe aqui. Pare de gritar, porque você não está fazendo nada além de criar confusão. Nós só tínhamos ordens para demolir as lojas aqui; é isso, e nós fizemos. Se você tem um problema com isso, pode resolver com o homem que organizou tudo. Amassei o cartão em minha mão enquanto observava o homem se afastar. Ele estava dizendo a seus homens para irem embora agora porque tinham outros locais para trabalhar. Eu olhava para as pessoas que tinham destruído tudo, sabendo que eu não iria parar até ter minha confeitaria de volta. — Cece? Cece?! — Eu ouvi a Sra. Druid correr em minha direção naqueles saltos altos ridículos. — O que aconteceu? E o que aconteceu com sua confeitaria? — Já era, Sra. Druid. Tudo se foi, — murmurei enquanto observava os homens partirem. Como eles podiam ir embora como se não tivessem feito nada? Não se importavam de ter roubado a vida de uma mulher? Como eu ia ganhar meu sustento agora? Eu odiava trabalhar para outras pessoas; preferia ter meu próprio negócio, por menor que fosse. — Oh, querida. — Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me puxou para seus braços, proporcionando o conforto que eu não tinha percebido que precisava. — Lamento muito, Cece. Você sabe quem fez isso? Eu me afastei dela enquanto abanava a cabeça. — Não. Não sei quem é o responsável e ele não está aqui. Esses homens tinham ordens para vir e destruir todas as lojas, e apenas um homem é responsável por isso, mas não sei quem é. — É Brenton Maslow. Tem que ser. Não há mais ninguém, — respondeu ela, tirando um pacote de lenços de papel de dentro de sua bolsa e entregando-o a mim. — Aqui. Enxugue suas lágrimas, Cece. — Eu não estou chorando, Sra. Druid, — eu disse, pensando no que fazer. — Eu só não sei o que vou fazer agora. — Por que não vamos para casa e discutimos isso, — sugeriu ela. — Vou fazer um chá para te ajudar a relaxar, e então podemos decidir o que fazer. Eu balancei a cabeça. — Não. Não vou me mover um centímetro desse lugar até que eu tenha um plano. Vou descobrir quem é esse homem, e irei vê-lo agora mesmo. O único problema era que eu não tinha como descobrir quem era o responsável por isso. — Você não perguntou àqueles homens? — ela questionou. — Mesmo assim, você não pode ficar aqui. O canal do tempo previu neve, e não quero que você congele só porque é teimosa demais para ouvir a voz da razão. Foi enquanto ela murmurava que percebi que minha mão estava cerrada em um punho. Quando abri os dedos, vi o cartão que o homem tinha me dado, agora amarrotado. Era isso. O homem me disse para entrar em contato com seu chefe. Entretanto, quando vi o nome inscrito no cartão em caligrafia chique, senti como se um vulcão tivesse explodido dentro de mim. Brenton Maslow. Foi Brenton Maslow. Aquele que tinha esmagado meus sonhos até se transformarem em nada. E agora eu o destruiria. Capítulo 2 Cece A Maslow Enterprises era um edifício intimidante, mas isso não significava que eu ia me virar e fugir. Não, o homem que tinha destruído minha vida estava lá dentro e eu não ia sair até que ele devolvesse minha loja. Eu tinha trabalhado demais para isso, e se eu tivesse que lutar contra todos os seguranças do edifício, eu o faria. Com esse único propósito em mente, eu arrumei meus ombros e entrei no que sabia ser o covil do leão. A maioria das pessoas pode ter medo de entrar nesse prédio, mas eu não. Eu era forte e feroz, e nenhum leão tinha o poder de me assustar. Os pisos de mármore polido e as paredes imaculadas foram o que me chamou a atenção primeiro. Esse lugar era para os ricos; não tinha espaço para pobres aqui. No entanto, ninguém podia ser rico roubando coisas daqueles que não tinham poder. Isso não era justo, e eu me certificaria de que Brenton Maslow entendesse. — Desculpe-me, senhorita? Onde você vai? — perguntou a recepcionista, torcendo o nariz enquanto corria os olhos pelo sobretudo que eu tinha comprado em um brechó. Eu sabia exatamente que tipo de pessoa ela era, o que me dava uma pista de como seria meu inimigo. Pessoas como essa recepcionista arrogante, com seu cabelo penteado por uma centena de produtos diferentes, só se sentiam confortáveis com aquelas semelhantes a seu próprio status e posição; qualquer coisa abaixo disso e elas te tratam como insetos que precisam ser esmagados imediatamente. — Tenho que encontrar o Sr. Maslow, — eu lhe disse, odiando o fato de que ela estava me fazendo perder tempo. O escritório de Brenton ficava no terceiro andar, o que significava que seus irmãos tinham escritórios nos outros andares. — Qual deles?, — perguntou ela em seu terno azul claro, que demonstrava que ela tinha poder. — Brenton, — respondi-lhe, me segurando para não revirar os olhos para ela. Por que eu estava perdendo meu tempo falando com ela? — Receio que você terá que esperar. O Sr. Brenton Maslow está em uma reunião agora mesmo. Além disso, ele não vê ninguém sem hora marcada. Portanto, sugiro que você saia e volte depois de marcar uma reunião com ele, — ela me disse com um sorriso maldoso. Quem ela achava que eu era? Só porque era um pouco rica, pensava que podia me dizer o que fazer. Ela estava muito errada. Eu tinha vindo aqui com um propósito, e não ia embora até que esse propósito fosse cumprido. E quanto ao fato de Brenton estar em uma reunião, eu não poderia me importar menos. Ele ia ter que falar comigo, e eu não estava nem aí para quem estivesse presente. Ele ia falar comigo, e ia ser agora. — Que tal você marcar uma consulta com um dermatologista? Seu rosto parece que foi pisoteado por alguém. Até a Lua tem menos manchas, por isso não precisa se cobrir com camadas e mais camadas de maquiagem. Eu sorri quando ela ficou de queixo caído e caminhei em direção aos elevadores, deixando a recepcionista esnobe congelada, em estado de choque. Eu esmurrei o botão até as portas do elevador abrirem. Se a recepcionista se recuperasse do choque, teria que mandar os seguranças atrás de mim, e eu não ia deixar que nada ou ninguém me impedisse de encontrar Brenton. Ele tinha que devolver meu negócio; eu não o deixaria passar por cima de mim. Assim que as portas se abriram, entrei e apertei o botão para o andar certo. O tapete vermelho abafou o som dos meus sapatos no elevador, na esperança de que a recepcionista esnobe não tivesse alertado as pessoas do outro andar sobre a minha presença. Se eu tivesse que sair na porrada para conhecê-lo, eu o faria. Assim que as portas do elevador abriram, eu me dirigi para a única sala existente nesse andar. No entanto, a recepcionista sentada à escrivaninha me parou. Eu precisei me segurar para não nocauteá-la com um soco. Por que as pessoas estavam me impedindo de atingir meu objetivo? — Perdão, senhorita? Mas você não pode entrar aí. O Sr. Maslow está em uma reunião e ninguém está autorizado a perturbá-lo em nenhuma circunstância, — disse a mulher, seus cabelos castanhos claros amarrados em um rabo de cavalo arrumado. — Escute aqui. Brenton Maslow arruinou minha vida. Ele destruiu meu negócio tomando posse da terra. Não vou só ficar sentada e deixá-lo pensar que suas ações não têm consequências. Eu tenho que falar com ele agora mesmo porque ele me deve a porcaria de um negócio, — eu disse, esperando que ela entendesse e me deixasse ir. Seus lábios se crisparam. — Lamento muito o que aconteceu com seus negócios, mas o Sr. Maslow me deu ordens estritas para não perturbá-lo durante toda a reunião. Por favor, sente-se e espere que ele termine, e então você poderá falar com ele. — Olhe aqui, só porque ele é rico e poderoso não significa que seu tempo seja mais precioso que o meu. Eu vim aqui agora porque tenho outras coisas para fazer mais tarde. Então, por favor, diga que eu preciso falar com ele agora mesmo, — retruquei, ficando irritada. A mulher estava desperdiçando meu tempo; eu já estava com medo de ter que fazer algo de que me arrependesse. Ela balançou a cabeça e eu sabia que não tinha escolha. — Sinto muito, senhorita, mas não posso fazer isso. Você pode ir fazer as outras coisas que precisa e voltar mais tarde. — Sinto muito também. — Dei-lhe um soco sem pensar duas vezes, meus nós dos dedos colidindo com o nariz dela. A recepcionista grunhiu antes de cair no chão, inconsciente. Uma vez que ela estava fora do caminho, eu olhei as portas duplas antes de marchar em direção a elas. Empurrei a porta de vidro para o lado e entrei, parando nos trilhos quando vi um bando de homens sentados ao redor de uma mesa com papéis e pastas espalhadas ao redor. No entanto, era o homem sentado à cabeceira da mesa que era minha principal preocupação. Brenton Maslow. Embora eu nunca tivesse tido o azar de encontrá-lo até hoje, eu tinha feito questão de pesquisar sua foto no Google. Com cabelos loiros encaracolados e olhos verde-mar, Brenton Maslow era um homem que podia ter mulheres caindo de joelhos apenas por um simples vislumbre. No entanto, ao olhar para ele, percebi que suas fotos não lhe faziam justiça. Ele era muito mais bonito do que parecia nas fotos. — O que significa isso?! — Brenton se levantou quando me viu, com seus olhos verdes brilhando de fúria. — Quem te deixou entrar? Onde está Mariam? — Olá. — Eu fingi um sorriso alegre para irritá-lo. — Meu nome é Cecelia. — Não me interessa a porra do seu nome. Saia do meu escritório! Mariam! Mariam! — Ele gritou para a recepcionista. Os homens sentados na sala permaneceram em silêncio, com os olhos baixos como se estivessem acostumados a que seu chefe perdesse a calma. — Não há necessidade de perturbar os outros, Sr. Maslow. Entretanto, acho que sua recepcionista está muito ocupada para escutá- lo agora, — disse eu. — Saia da porra do meu escritório ou chamarei a segurança, — ele ameaçou, suas mãos pousadas sobre o tampo da mesa de vidro. — Você pode chamar a segurança depois que eu terminar de falar. — Ligue para eles antes de eu terminar e juro por Deus que não hesitarei em arruinar sua reputação na frente de seus funcionários, — eu atirei de volta, mantendo minha voz firme. Os olhos de Brenton se arregalaram como se eu o tivesse esbofeteado, antes de se estreitarem em fendas. — Quem diabos você pensa que é? Você acha que pode me ameaçar? — Como eu disse, meu nome é Cecelia. A razão de eu estar aqui é porque você destruiu meu negócio quando tomou o terreno ontem. Seus homens foram lá e demoliram minha loja. O senhor não tinha o direito de fazer isso, Sr. Maslow, especialmente quando eu sou legalmente a dona daquela propriedade. O senhor não tinha o direito de demolir minha confeitaria sem o meu consentimento. O que você fez é ilegal e quero que me pague por isso, — disse eu. Parecia que ele queria me esbofetear. — Você claramente não sabe com quem está lidando. — Não me importa o quão poderoso você é. Você é humano, assim como eu sou. E suas ações têm consequências, Sr. Maslow. Você me deve uma confeitaria, e eu não vou embora até que você me devolva o que me roubou, — eu lhe disse. — Eu vou contar até cinco. Se você não sair daqui, chamarei a segurança e mandarei expulsá-la. Pessoas como você não têm dinheiro ou prestígio. A única coisa que vocês têm é sua dignidade; estou certo? Então estou lhe dando uma chance de salvar essa dignidade, porque depois que eu contar até cinco, não só terei roubado seu negócio, como também sua dignidade, — ele me advertiu. Eu sorri. — Posso entender que um ladrão como você não sabe mais nada além de roubar. Entretanto, estou disposta a lhe dar o benefício da dúvida. Não tenho nenhum problema em falar com você de forma civilizada. — Não, você não entendeu. — Eu observava enquanto ele caminhava até mim, seu andar predatório, como se eu fosse sua próxima refeição. Ele parou a alguns centímetros de mim, tão perto que pude sentir o cheiro do seu perfume. — Eu não perco meu tempo falando com pessoas como você. E o fato de você estar me forçando a falar não é menos que um crime para mim. Você deveria ser presa por isso. Eu sorri. — Projetando seus crimes em mim agora, é? Tudo bem; você acha que pode escapar projetando seus crimes em mim, mas eu não vou deixar você escapar tão facilmente, Brenton... — É Sr. Maslow para você, — ele replicou. — O respeito é conquistado, Brenton. Você pode usar o medo para obter o respeito das pessoas, mas isso não vai funcionar comigo. Você cometeu um crime, e a menos que concorde em devolver minha confeitaria, eu irei à polícia e contarei tudo o que você fez, — eu lhe disse. Essa gente poderosa achava que era dona do mundo, mas eu não a deixaria me pisotear. — Sério? — Ele deu mais um passo à frente, nossos narizes quase se tocando. — Vá em frente, fogueteira, vá a quem você acha que pode ajudá-la. Mas se você acha que pode me vencer, está enganada. — Não vou a lugar algum até que você me dê o que eu quero. Não me importo se você tiver que encurtar sua reunião para concordar com minhas exigências. Você vai fazer o que eu disser, porque posso acabar com a sua reputação em dois segundos. Isso foi um exagero, mas eu esperava que ele fosse um esnobe superficial que só se importava com sua imagem diante do mundo. Eu engasguei quando ele apertou meu pescoço com a mão e me empurrou contra a parede. — Como eu disse, não perco meu tempo falando com pessoas que estão abaixo de mim. — Portanto, saia do meu escritório. Poupe o pouco de respeito que você tem e vá procurar um emprego. Pessoas como você não servem para nada, a não ser para servir aos outros. Você deveria me agradecer por ter te salvado do incômodo de dirigir um negócio. Ele me soltou e limpou a mão com um lenço como se tivesse tocado em algo sujo. — Eu trabalhei muito por aquela confeitaria. Assumi inúmeros trabalhos para dar início ao meu negócio. Você não pode tirar isso de mim, Brenton, — eu rosnei. Em resposta, ele agarrou meu pulso firmemente e me arrastou para fora de seu escritório. Ele era surpreendentemente forte, porque tentei resistir cravando meus calcanhares no carpete, mas foi inútil. Assim que saímos do escritório, ele me empurrou com força, fazendo com que eu caísse no chão. — Eu lhe disse, você não serve para nada, a não ser para servir aos outros. Esse é o seu lugar neste mundo - no chão. E eu queria aquela terra, então eu a tomei. Não dou um iota para quem quer que tenha se dado mal. Sou dono deste mundo; portanto, tudo o que faço, cada pedaço de terra que compro é legal. Porque no final das contas, eu vou ganhar e tudo será meu. Agora saia daqui, porra, e não se atreva a me mostrar sua cara novamente, — disse ele antes de voltar para dentro, e desta vez ele fez questão de trancar a porta do escritório. As palavras de Brenton foram duras e teriam feito uma pessoa comum chorar. Mas eu não era uma pessoa comum. Eu sabia que tais pessoas existiam; eu havia trabalhado com algumas quando trabalhava na minha confeitaria. Portanto, suas palavras não eram nada que eu não tivesse ouvido antes. E eu também sabia que o que quer que ele dissesse era falso. Eu não estava destinada a servir os outros. Todos tinham um propósito neste mundo e eu sabia que o meu não era servir. A razão pela qual eu havia iniciado um negócio era para que eu pudesse me tornar uma chefe bondosa e justa, e era exatamente isso que eu faria. Não me importava com o que ele dizia sobre mim; ele teria que me devolver minha confeitaria, mesmo que eu tivesse que destruir sua família para isso. Respirando fundo, levantei-me e lancei um último olhar para as portas duplas. Eu vou voltar, Brenton. Você não vai se livrar de mim tão fácil, eu pensei antes de pegar o elevador para descer. Eu ia fazer os meus corres e depois disso viria visitá-lo novamente. Eu não o deixaria em paz até que ele me desse o que eu queria, mesmo que ele me insultasse da pior maneira possível. Assim que as portas do elevador abriram, fui cumprimentada por dois policiais corpulentos. Que tipo de negócio ele tinha com esses seguranças tão lentos? E ele disse que eu não estava apta para ser dona de um negócio? Brenton realmente estava projetando suas inseguranças em mim. Mas tudo bem; ao menos eu sabia qual era seu mecanismo de defesa; talvez eu pudesse usá-lo em meu benefício no futuro. — Não se incomodem em me prender; estou saindo, — disse eu aos guardas enquanto saía do prédio. Mas, no último momento, senti pena de que eles estivessem trabalhando para um homem tão péssimo, então decidi lhes dar um conselho. — E a propósito, existem empresas melhores para as quais homens como vocês podem trabalhar. Empresas que pagariam bem e tratariam vocês bem. Tchau, — eu disse antes de finalmente sair. Para algumas pessoas, uma resposta como essa teria sido o fim. Mas não para mim. Para mim, foi apenas o começo. Capítulo 3 Cece Movendo meu dedo sobre o touchpad, analisei o perfil de Brenton e tentei recolher o máximo que pude sobre ele e sua família. Ele pode ter me expulsado de seu escritório, mas isso não significa que ele poderia me expulsar de sua vida, não sem me devolver minha padaria. Assim que eu tivesse o que ele me devia ficaria feliz em sair de sua vida, mas não antes disso. — Olá, Cece, querida. Como você está? Não me diga que ainda está procurando por Brenton Maslow..., — a Sra. Druid disse ao entrar em meu apartamento, que ficava ao lado do seu prédio. Hoje, ela escolheu usar um vestido rosa choque com detalhes em azul, combinado com saltos plataforma também em rosa choque. — Eu disse a você, não vou parar até que ele me dê o que eu quero, — eu a espiei por cima da tela do meu laptop. — Sra. Druida, mesmo se eu tiver que chantagear Brenton para recuperar minha padaria, eu o farei. — Cece... Tenha cuidado, querida. Eu não quero que você se machuque. E Brenton Maslow é muito bom em machucar pessoas, — ela avisou. — Ele já me machucou quando destruiu minha padaria. Não tenho nada a perder agora, o que significa que estou pronta para combater fogo com fogo, — afirmei, tentando descobrir exatamente onde ele morava. — Por que você tem que ser teimosa, Cece? Em vez de perder tempo e energia lendo sobre ele, por que você não começa a pensar em abrir um novo negócio?, — ela sugeriu, se jogando no sofá ao meu lado. — Farei isso, mas preciso de justiça primeiro. Se eu deixar isso passar, Brenton não sentirá remorso por suas ações e continuará a prejudicar outras pessoas só porque é rico e mimado. E eu não vou permitir que ele machuque outras pessoas inocentes, — rebati, fechando meu laptop e me levantando do sofá. — Para onde você está indo agora?, — a Sra. Druida perguntou. Seu rosto parecia estar franzido, mas era difícil dizer por causa do Botox. — Vou atrás do Brenton. Já são cinco horas da tarde e tenho certeza de que ele estará livre. Preciso falar com ele, — eu respondi, caminhando até o cabide e puxando meu casaco. Se eu estivesse com sorte, ele estaria disposto a me ouvir agora que não estava em uma reunião. Às vezes fico pensando que mesmo que o mundo o retrate como um homem cruel, talvez haja de fato alguma humanidade nele. Eu sabia que este era um pensamento idealista, mas agora esta era minha única esperança. — Garota, você endoidou. Não entende que Brenton vai esmagá-la como um inseto se você o deixar com raiva? Seja inteligente pelo menos uma vez e pare de perder tempo com ele. Você sabe que ele pode mandá- la para a cadeia se ficar com raiva, — ela avisou. Revirei os olhos e peguei minha bolsa. — Vou tomar minha padaria de volta, Sra. Druida, e será Brenton quem me devolverá, não importa o que eu tenha que fazer por isso. Deixando-a no sofá, saí do meu apartamento e subi na minha scooter. Só Deus sabe o que farei se Brenton se recusar a me ouvir agora. Eu teria que simplesmente incomodá-lo em sua casa, mas o problema era que eu não tinha ideia de onde ele morava. Consegui encontrar no Google apenas o endereço da casa de sua família, e eu duvidava que ele ainda morasse lá. Mas, se ele se recusasse a me ouvir, eu estaria disposta a ir até a casa de sua família se necessário. O ar frio de Londres não fez nada para acalmar o fogo que ardia dentro de mim enquanto eu corria em direção ao meu inimigo. Todos os Maslows eram assim ou seria o Brenton especial? Eram todos eles um bando de esnobes superficiais que consideravam e tratavam os pobres pior do que animais? Alguém precisava ensiná-los a serem mais gentis e compassivos... Assim que a Maslow Enterprises entrou em minha linha de visão, rapidamente estacionei minha scooter e corri em direção à entrada. O sol não estava mais forte, substituído pela escuridão que parecia dominar o coração de Brenton também. Eu o vi caminhando em direção a um carro prateado lustroso, cujo nome eu não tinha ideia e nem me importava em saber. Ele parecia tão profissional agora quanto de manhã; suas roupas não estavam nem um pouco amassadas. E mesmo que estivesse escuro, eu ainda podia ver o contorno demarcado de sua mandíbula, fazendo-o parecer majestoso e bonito. — Ei! — eu gritei, correndo até ele. Ele olhou para mim com uma carranca no rosto, como se eu o tivesse desrespeitado ao me referir a ele diretamente. — Não posso acreditar que você teve a audácia de aparecer na minha frente de novo! Você realmente quer que eu a jogue na prisão? Será que isso vai te fazer entender que você não deve mexer comigo?, — ele perguntou desafiadoramente, seus olhos me encarando. — Acredite em mim, também não tenho prazer em ver seu rosto feio, mas não tenho escolha. Você me deve uma padaria e lamento dizer que terá que lidar com a minha presença até que me devolva o que roubou de mim, — falei. Embora eu tivesse mentido sobre seu rosto ser feio, imaginei que insultá-lo o faria devolver minha padaria mais rápido. — Eu não roubei nada de você. A sua padaria estava no meu terreno e eu só mandei demolir porque não quero nada desnecessário em minhas terras, — afirmou, abrindo a porta do carro. — Tenho os documentos legais que confirmam que a minha padaria era legítima e que ninguém além de mim era dono daquele terreno. Você não pode dizer que é sua terra sem nenhum documento legal, — eu respondi. Se ele pensava que eu o estava incomodando apenas para ganhar algum dinheiro, ele estava errado. — Bem, esses documentos são nulos e sem valor porque agora eu sou o dono daquela terra. Então, pare de perder tempo e saia da minha frente, senão vou conseguir uma ordem de restrição contra você. É a última vez que estou repetindo isso, foguete; se eu voltar a vê-la, não me responsabilizarei por minhas ações, — ele avisou ao entrar no carro; no entanto, agarrei seu braço antes que ele fechasse a porta e fosse embora. — Não! Você não pode fazer isso! — Eu não o deixaria escapar assim... — Sua camponesa imunda, como ousa me tocar?! — Brenton arrancou o braço do meu aperto e me deu um empurrão forte, fazendo- me cair com força na estrada. Eu gemi quando a dor formou um arco em meus braços e pernas. Quando vi os arranhões sangrando, percebi a causa do meu incômodo. Observei seu carro prateado ser ligado rapidamente e partir acelerado pela movimentada estrada de Londres, me deixando com frio e sangrando na noite gelada de inverno. Eu nunca vou te perdoar por isso, Brenton. Uma vez que ele estava fora da minha vista me forcei a me levantar, ignorando a agonia ardente em meus membros. Talvez eu devesse ir ao hospital e ser examinada por um profissional. Mas eu não tive tempo. Raiva e determinação pulsaram em minhas veias, me forçando a ignorar a dor e planejar uma ida à casa dos Maslow. Se ele se recusasse a falar comigo, eu teria que encontrar alguém que estivesse disposto a me ouvir. A viagem de volta ao meu apartamento foi dolorosa e fria. Eu estava amaldiçoando Brenton em todos os tipos de línguas diferentes, mas eu sabia que isso não o afetaria. Como pode um homem ser tão teimoso? Ele sabia que estava errado; por que ele simplesmente não admitia? Eu não iria me gabar ou esfregar isso na sua cara. Seu ego era tão grande assim? Estacionei minha scooter assim que cheguei em casa e quase corri para o meu apartamento. Eu precisava de uma boa dose de sorvete; caso contrário, eu explodiria. Brenton não estava me tratando bem e eu não toleraria isso. Se ele esperava que eu o respeitasse, deveria me respeitar também.. — Cece, querida, porque está de volta tão cedo? O que aconteceu? Você viu o Sr. Maslow?, — a Sra. Druida perguntou. O que diabos ela ainda estava fazendo no meu apartamento? E por que ela estava na minha cozinha? — Ele não quis me ouvir. Teve a coragem de dizer que eu estava errada em ter minha padaria ali. E então ele me empurrou e eu caí, — eu disse a ela enquanto dava uma boa olhada em meus ferimentos. Meus dois joelhos estavam machucados e sangrando, enquanto meus braços haviam sido arranhados até os cotovelos. Deus, o que ele fez comigo? Como um mero empurrão poderia resultar em tantas feridas? — Eu disse para você não perder seu tempo, querida. Você simplesmente não me escuta., — pude ouvir seu tom de decepção através da cozinha, mas não me importei; Eu não desistiria da minha padaria. Não desistiria da justiça. — O que você está fazendo na minha cozinha, Sra. Druida?, — eu quis saber, me perguntando se eu ousaria buscar o kit de primeiros socorros e se meus ferimentos permitiriam que eu me movesse. — Pensei em fazer uns biscoitos para você, — respondeu ela, saindo da cozinha carregando um prato cheio de biscoitos de chocolate. — Por que?, — eu gemi quando meus joelhos doeram. — Ah meu Deus! — os olhos da Sra. Druida se arregalaram quando pousaram em meus braços e pernas. Ela rapidamente colocou o prato na mesa e se sentou ao meu lado. — O que aconteceu com você? — Eu te disse, Brenton me empurrou e eu caí na estrada. Graças a Deus não havia um carro por perto, caso contrário, eu teria sido esmagada, — murmurei, falhando em ignorar meus ferimentos horríveis. Eu precisava colocar um pouco de pomada nisso antes que as feridas infeccionassem. — E em vez de ir para o hospital você escolheu voltar para casa? Cece, o que vou fazer com você? Agora fique aqui enquanto vou buscar o kit de primeiros socorros, — disse ela antes de se levantar. — Uh, obrigada, mas... Não, obrigada. Fique aqui e coma os biscoitos enquanto eu limpo isso, — eu disse a ela. — Ah não, você não vai deixar este lugar. Sente-se aqui e eu pegarei os primeiros socorros.. — Ela me lançou um olhar severo, o que me deixou sem escolha a não ser fazer o que ela disse. Assim que percebeu que eu não me moveria, a Sra. Druida foi ao meu quarto pegar o kit de primeiros socorros. Três dias depois, finalmente tive coragem de visitar a casa de Brenton. Eu queria visitar a casa de sua família mais cedo, mas meus ferimentos e a Sra. Druida me impossibilitaram de ir a qualquer lugar. Mas agora, eu estava me sentindo muito melhor e pronta para enfrentar Brenton Maslow outra vez. No entanto, enquanto olhava para o castelo gigantesco, comecei a me perguntar se vir aqui teria sido um erro, pois estava certa de que Brenton não morava mais ali.. Mas se ele não morava aqui, quem morava? Eu podia ver luzes brilhando através das janelas e homens guardando o perímetro, o que significava que o local não estava abandonado. — Bem, só há uma maneira de descobrir... É hora de entrar e ver, — disse a mim mesma enquanto me esgueirava sorrateiramente por trás. Eu não sabia por quê, mas tive a sensação de que Brenton teria alertado os guardas para ficarem de olho em mim, já que eu não o deixaria em paz. Razão pela qual eu estava vestida de preto e tentando me camuflar no cenário ao meu redor. A hora do dia estava a meu favor, pois era noite, o que tornava mais fácil me esconder nas sombras. Meus olhos seguiram os guardas que patrulhavam o terreno. A porta da frente não ficava muito longe do arbusto atrás do qual eu estava me escondendo, e eu não poderia me permitir ser vista. Se eles me vissem, não hesitariam em me expulsar e me rotular como invasora. Haviam três guardas parados na entrada do castelo. Quanto tempo demoraria para eles deixarem seus postos? Minha bexiga estava explodindo e eu precisava chegar em casa o quanto antes. Eu tinha esperanças de não me envergonhar na frente de Brenton ao pedir que ele me devolvesse minha padaria. Eu realmente precisava parar de reclamar tanto da minha padaria, mas não conseguia evitar. Em apenas um dia, Brenton Maslow destruiu todos os meus anos de trabalho árduo. Como eu poderia não reclamar? Quando finalmente dois dos três guardas deixaram seus postos, eu tive uma esperança. Agora eu precisava que o último saísse do meu caminho e então faria minha jogada. Minha bexiga tentou chamar minha atenção novamente, mas eu ignorei pensando em Brenton e em como ele era um idiota. Deus sabe o quanto eu o amaldiçoei, mas não foi o suficiente. Cada vez que pensava nele, surgia uma nova gama de palavrões. Brenton Maslow certamente sabia como mostrar meu lado criativo. O engraçado sobre esses guardas é que todos estavam vestidos de preto também, o que me deu uma ideia. Talvez eu pudesse fingir ser um dos guardas e dispensar o homem de seu dever. Então, quando a barra estivesse limpa, eu entraria. Cece, você é um gênio! Puxando o boné para esconder meu rosto, endireitei os ombros e caminhei em direção ao guarda, certificando-me de andar como um homem. Assim que o alcancei, minhas habilidades de atriz entraram em ação. — Quanto tempo você vai ficar parado aqui?, — eu perguntei, certificando-me de falar com uma voz pesada, como se tivesse fumado muitos cigarros. — Estou esperando que Ty volte, então vou fazer meu intervalo, — respondeu o guarda. Minha atuação foi tão boa que ele não percebeu que eu era uma mulher? — Por que você não tira seu intervalo? Posso te dar cobertura, — eu sugeri. — Mesmo? Obrigado, cara. Vejo você mais tarde — ele disse e se afastou, me deixando em pé na entrada. — Bem, isso foi fácil, — eu comentei e entrei pela porta da frente. Eu estava finalmente dentro da mansão Maslow. Capítulo 4 Cece Assim que entrei na residência Maslow, soube que era hora de mudar minha aparência. Não queria dar a Brenton nenhum conhecimento sobre mim, e como este lugar era grande e deserto, decidi me esconder atrás de um vaso gigante e trocar de roupa. Não demorei muito para tirar minha camisa e calça pretas e revelar o que estava vestindo por baixo, que era um vestido azul. Estava um pouco enrugado, pois havia sido esmagado sob meu traje preto, mas não me importei com isso. Assim que terminei de me trocar, escondi a camisa e a calça dentro do vaso antes de dar uma olhada no grande palácio. Então, era aqui que ele morava; patético. Por que eu tive que destruir minha vida quando ele tinha um lar perfeitamente bom? Por que ele teve que destruir minha padaria se poderia comprar dez padarias em qualquer outra parte do mundo? Quanto mais eu pensava nisso, mais minha fúria crescia. Brenton Maslow me enganou profundamente e não havia como ele escapar impune. Se ele pudesse viver em um palácio, ele poderia me devolver minha padaria. Ele me devia muito. Caso ele não concordasse, eu colocaria fogo nesta casa. Estava disposta a destruir sua vida se necessário. Tentando em vão controlar minha raiva, comecei a procurar pelas pessoas que moravam aqui, mais especificamente, Brenton Maslow. Ele me fez passar frio enquanto morava aqui, neste lugar quente e aconchegante; o quão egoísta ele poderia ser? Assim que eu o encontrasse, acabaria com ele, porque era exatamente disso que ele precisava. Certificando-me de que estava escondida, me esgueirei ao redor do palácio tentando ouvir vozes. Mas o lugar parecia estranhamente silencioso, assim como o homem que eu tinha vindo encontrar. Teria sido um erro? Não haveria ninguém aqui? Se Brenton não morava aqui, então onde ele morava? Mesmo que eu tivesse sido facilmente capaz de enganar os guardas, me esconder atrás dos arbustos não tinha sido fácil, especialmente quando eu sentia que congelaria até a morte e que minha bexiga reclamava a cada fração de segundo. Eu me movi de corredor em corredor, mas era como se nenhuma alma existisse neste lugar assustadoramente lindo. Se minha viagem até aqui for um desperdício, então meu rosto seria o primeiro que Brenton veria pela manhã. Eu ficaria do lado de fora de seu escritório se fosse necessário, mas não o deixaria me ignorar de jeito nenhum. Eu sabia que ele não precisava realmente das terras que acabara de comprar porque era rico e porque sua família era dona deste palácio gigantesco, então ele teria que me devolver o que tirou de mim. Não se podia ter novas ideias para negócios todos os dias; minha padaria exigiu muito trabalho e investimento. Foi enquanto eu estava deixando minha raiva ferver que ouvi o som de vozes: e não apenas uma, mas várias, como se houvesse uma pequena reunião de pessoas ou algo assim. Elas pareciam vir de trás das portas duplas com entalhes estranhos. Orando a Deus para que Brenton estivesse presente, corri para as portas duplas e as abri antes de marchar para dentro. O que vi apenas adicionou combustível ao vulcão que já explodia dentro de mim. De onde eu estava, parecia um jantar de família. Três casais estavam sentados ao longo de uma longa mesa de jantar. Um homem de aparência mais velha estava sentado à cabeceira. Um garoto de cerca de quatorze anos e alguns outros jovens também estavam presentes na sala. No entanto, foi o homem sentado de cara amarrada que realmente me fez desejar ter garras no lugar das unhas para que pudesse arrancar sua beleza. Brenton Maslow estava sentado com sua família, rindo e falando como se não tivesse acabado de destruir a vida de alguém, como se não tivesse tirado meu sustento e o esmagado sob seus pés e escavadeiras. Ele teria que pagar por tudo isso. Teria que me pagar de volta. Eu estava tão cega pela fúria que não percebi o que estava fazendo, até que um som agudo rasgou a névoa de raiva e me dei conta de que tinha ido até Brenton e lhe dado um tapa forte no rosto. Bem, ele mereceu. — Seu filho da puta nojento! Como você pôde fazer isso?! Como você ousa destruir minha vida?! — eu gritei, olhando para ele e me sentindo satisfeita quando sua bochecha corou. Bom, eu deveria deixar minha marca nele, assim como ele havia deixado sua marca feia em minha vida. Sua família sabia que tipo de bastardo ele era? Eles o criaram para ser assim? — Com licença, mocinha..., — o homem mais velho sentado na cabeceira da mesa disse, sua voz cortando a tensão na sala. — Quem é você, e como se atreve a invadir minha propriedade e estragar um jantar de família? Quem te deixou entrar? Olhei para o homem que presumi ser o pai de Brenton. — Não preciso da permissão de ninguém para ir a lugar nenhum; especialmente depois do que esta... — - dei uma olhada em Brenton -... — criatura sem coração fez comigo. O silêncio se espalhou por toda a sala, mas eu não me importei. Eu estava aqui apenas para uma coisa e não iria embora até que a conseguisse. — O que diabos você pensa que está fazendo aqui? Você ainda não aprendeu sua lição? — Brenton finalmente disse. Uau, esqueci totalmente que ele tinha a capacidade de falar. Eu zombei. Por quem ele me tomou, uma donzela em perigo? — Se você acha que vou apenas sentar e chorar sobre o que você fez, então você está redondamente enganado. Eu não perdoo aqueles que me prejudicaram; Eu sempre me vingo, — rosnei. Meu coração palpitou quando ele deu um passo em minha direção, como se planejasse me atacar. — Dê o fora da minha casa! Saia agora e guarde aquele pouquinho de dignidade com que fui misericordioso o suficiente para deixá-la, ou então também vou te tirar isso e mandar você ser expulsa. Se ele pensou que eu iria me encolher de medo diante dele, então estava errado. Brenton não percebeu que havia tirado tudo de mim. A dignidade que ele falava em me deixar não existia, porque fora demolida junto à minha padaria. Eu não tinha mais nada a perder. Em vez de recuar, me aproximei. Essas pessoas ricas pensavam que detinham todo o poder, mas não sabiam nada sobre pessoas que eram determinadas, pessoas que exigiam justiça. — Faça o seu pior, Brenton Maslow. Eu não tenho medo de você. Eu não vou recuar e deixar que você pise em mim, — afirmei. Percebi sua mandíbula se apertar, como se ele estivesse rangendo os dentes. Os músculos de seu corpo ficaram tensos, se preparando para uma luta. Eu não sabia muito sobre artes marciais, mas tinha vivido nas ruas, então poderia me controlar se alguém ousasse vir até mim. — Mordomo! Mordomo! — Fiquei surpresa quando ele gritou por seu mordomo. O que ele pretende fazer? — Sim, senhor? Você me chamou? — Um homem de cerca de um metro e setenta imediatamente parou na frente de Brenton, usando o uniforme de mordomo típico. Ótimo, Brenton tinha fantoches por todo lado. — Mordomo, quem deixou essa... coisa entrar? Você não está ciente das regras? Qualquer pessoa que não seja da família deve ficar de fora, onde ficam todas as pessoas e coisas indesejadas. Brenton olhou para mim enquanto dizia tudo isso. Eu teria rido se não estivesse com tanta raiva. Se ele pensasse que eu iria me sentir insultada e chorar na sua frente, então eu deveria colocar um pouco de bom senso nele. Quanto tempo demoraria para ele perceber que eu não era como as outras mulheres frágeis, que choravam por coisas menores? Eu já tinha chorado muito na minha vida... mas agora não mais. — Perdoe-me, senhor, mas eu não sabia que ela havia entrado na propriedade Maslow. Vou cuidar disso imediatamente. O mordomo agarrou meu braço com a intenção de me arrastar para longe, apenas para falhar enquanto eu arrancava meus membros de seu alcance. — Não me toque, sua marionete estúpida! Estou aqui para falar com seu chefe e não vou embora antes de terminar, — eu disse. — Não vou perder meu tempo com alguém como você, — Brenton retrucou. — Você não tem escolha; a não ser que sua reputação seja importante para você, — respondi. Como ele poderia pensar que eu não o arruinaria? Ele arqueou uma sobrancelha. — Você se atreve a me desafiar? — Como eu disse, nunca desisto. — Olhei em seus olhos, desejando que ele cedesse. Por que ele tinha que lutar comigo? Pessoas como ele deveriam ser inteligentes o suficiente para saber quando estavam diante de uma batalha perdida. Achei que ele era um idiota. Brenton ficou em silêncio por um minuto antes de falar. — Mordomo, mudei de ideia. Não a arraste para fora da mansão; leve-a para a masmorra; Eu cuido dela lá. Ele se afastou de mim depois disso, deixando o mordomo seguir suas ordens. Desta vez, quando o mordomo agarrou meu braço, foi como se uma faixa de ferro tivesse sido presa em volta do meu membro, sendo impossível arrancá-la. Não, eu não o deixaria fazer isso. Brenton tinha que falar comigo, e ele tinha que fazer isso agora. — Me solte! Brenton, você vai falar comigo! — gritei com toda a força dos meus pulmões enquanto era arrastada para fora da sala de jantar pelo fantoche estúpido. — Juro por Deus que vou te matar se você não me soltar agora! Onde diabos você está me levando?! — Sr. Maslow me disse para levá-la à masmorra, então é isso que estou fazendo, — o mordomo me respondeu enquanto começava a me conduzir escada abaixo. — Eu gostaria que seu precioso Sr. Maslow mandasse você pular de um penhasco para que você pudesse me deixar em paz. Como você pode simplesmente fazer o que ele diz? Você não tem uma mente própria? Você não sabe como tomar suas próprias malditas decisões? Você não sabe a diferença entre certo e errado? Minha garganta estava começando a doer de tanto gritar, mas não me importei. Eu queria perturbar a paz desta família, assim como Brenton havia arruinado minha vida tranquila. E eu nem tinha feito nada contra ele. O mundo ao meu redor escurecia quanto mais descíamos as escadas. Parecia que eu estava num abismo, porque os degraus pareciam durar para sempre. O que eu encontraria quando chegasse ao fundo? Ficaria trancada aqui pela eternidade? Era isso que Brenton estava planejando fazer? Se eu estivesse presa, não seria capaz de chamar sua atenção e arruinar sua vida como prometi. Não, não! Eu não podia deixar este homem me prender! — Sr. Maslow me paga generosamente por seguir suas ordens, — o mordomo respondeu. — Então? Você está disposto a fazer coisas erradas apenas por dinheiro? Você sabe, as pessoas estão certas quando dizem que o dinheiro é tóxico. Isso pode te levar a fazer as coisas mais indescritíveis, — eu murmurei ao chegarmos no final da escada, meus pés tocando o chão sólido.. — Quando você tem uma esposa e dois filhos para cuidar, muitas pessoas estão dispostas a fazer as coisas mais hediondas, senhora, — respondeu ele, antes de me conduzir ao que só poderia ser descrito como uma cela de prisão. A porta gradeada parecia ser feita de latão caro. Ou seria cobre? Ou talvez outro material? Eu não era muito boa em química e, portanto, não tinha muito conhecimento sobre metais. O mordomo abriu a grade e gentilmente me empurrou para dentro, antes de fechar a porta e trancá-la, prendendo-me ali. Eu estava prestes a exigir que ele me deixasse sair, mas não tive a chance pois Brenton vinha descendo as escadas como um furacão. Como ele desceu aqui tão rápido? A escada demorou uma eternidade para terminar. De qualquer forma, eu fiquei feliz por ele estar aqui. Assim eu poderia falar com ele, e se eu tivesse que insultá-lo para mantê-lo aqui, eu o faria. — Mordomo, pode ir embora. Eu vou cuidar disso, — ele ordenou. O mordomo se curvou e saiu sem dizer uma palavra. Tive pena deste homem, porque os Maslows pareciam ter feito uma lavagem cerebral nele. — Qual o significado disso?! Deixe-me sair agora! — sacudi, as barras da porta, esperando que a velha manufatura cedesse para escapar, mas não, a coisa estúpida nem se mexeu. — Qual é a porra do seu problema? Você não entende que você não é nada para mim?, — ele perguntou, olhando-me diretamente. — Você destruiu minha padaria; essa é a porra do meu problema! E eu não poderia me importar menos com o que você pensa de mim porque, acredite ou não, o sentimento é mútuo. Eu não perderia um segundo falando com um idiota como você se pudesse evitar, — respondi. — Deixe-me sair daqui! — Não acredito que você está reclamando e me fazendo perder tempo com uma padaria idiota. Você acha que tenho tempo para pessoas como você e suas reclamações mesquinhas? Sou um empresário, lido com pessoas importantes! E quanto à sua padaria, eu a destruí porque era tão inútil quanto você, — ele retrucou. Como ele ousa chamar minha padaria de inútil? Como ele se atreve, porra? — Quando eu destruir sua carreira, Brenton Maslow, e marque minhas palavras, eu o farei, então você saberá como é. Você tem uma empresa multinacional e um palácio como casa, então não sabe como é o trabalho duro. Você é um pirralho mimado que não sabe o que significa trabalho duro porque tem tudo em uma bandeja de prata. E eu sinto pena de você porque você nunca saberá o valor do que você tem; no entanto, terei misericórdia de você e mostrarei exatamente como é quando tudo pelo que você trabalhou é reduzido a nada. Vou destruir você, Brenton Maslow. E isso é uma promessa, — eu terminei, respirando pesadamente após o longo discurso. Brenton sorriu como se minhas palavras não o tivessem perturbado, mas eu sabia o contrário. Havia raiva em seus olhos e estava claro que eu havia atingido um ponto nevrálgico. — Foguete, suas palavras significam tão pouco para mim quanto sua preciosa padaria. E me ameaçar só trará guerra à sua porta. Tem certeza de que realmente quer isso?, — ele perguntou, aproximando-se de mim. — Se você trouxer guerra, então é uma que eu vencerei, — eu disse. Brenton encolheu os ombros. — Tudo bem. Se é a guerra que você quer, foguete, então é exatamente o que você vai conseguir. E querida, eu nunca perco. Ele não me deu chance de responder, apenas se virou e marchou de volta escada acima... Me deixando sozinha na masmorra. Capítulo 5 Cece Em que século essas pessoas viviam? Quem no mundo mantinha masmorras em casa hoje em dia? E o idiota teve a audácia de me trancar e me deixar aqui para sofrer. Eu o faria se arrepender de ter demolido minha padaria assim que encontrasse uma maneira de sair daqui. Havia muito que eu precisava fazer, e se ele continuasse a ignorar minhas exigências eu não teria escolha a não ser procurar um novo emprego, pois precisava de dinheiro para estabelecer meu negócio novamente. O som de passos me alertou da presença de alguém. Foi Brenton? Ele veio aqui para me dar dinheiro e se desculpar por ter arruinado minha vida? Revirei os olhos com o absurdo dos meus próprios pensamentos. Nunca em um milhão de anos Brenton se desculparia comigo; mesmo agora, quando a culpa era claramente dele, ele me culpava por ter uma padaria em suas terras. Mas, para minha surpresa, um homem e uma mulher apareceram em frente à minha cela. Eu os tinha visto no refeitório, mais cedo, quando invadi o jantar de família. — Olá, — o homem sorriu. Ele era corpulento, com feições juvenis e parecia ser apenas um pouco mais velho do que Brenton. — Eu sou Kieran, irmão mais velho de Brenton, e esta é minha adorável esposa, Strawberry. A mulher revirou os olhos. — Meu nome é Jenny. — Ela sorriu para mim, e que sorriso lindo ela tinha! — Mas ela é ainda mais deliciosa do que um morango, daí o nome... — Kieran interrompeu, fazendo Jenny corar. — Kieran! — Ela deu um tapa no braço dele, com as bochechas vermelhas. — Eu odeio quebrar a conexão amorosa, mas por que vocês estão aqui?, — perguntei. Se todos eles fossem malvados e me dissessem para sair de suas vidas, então eu não estaria lidando apenas com um homem, mas toda sua família. — Estamos aqui para libertá-la, — anunciou Kieran, — E, a propósito, aquele tapa na cara do meu irmão... foi bem elegante. — Ele destrancou a porta e me permitiu sair. Ele realmente acabou de me elogiar por dar um tapa em seu irmão? Isso foi inesperado. — Vocês sabem que estamos no século vinte e um, certo? Masmorras estão tão fora de moda, — comentei enquanto tirava o pó do meu vestido - não que houvesse poeira, nele para começar — Dez gerações da família Maslow viveram aqui. E por isso que temos masmorras. Você está bem?, — ele perguntou. Foi impressão minha ou havia de fato uma preocupação genuína em seus olhos? — Sim. Estou bem, Sr. Maslow. Eu só tenho alguns negócios a tratar com seu irmão, e ele está fazendo tudo que pode para me ignorar, — eu murmurei. — Eu te aconselharia a parar de desperdiçar sua energia com Brenton; ele só vai machucar você.. Isso veio de Jenny, que parecia ter sido arrancada diretamente de uma história de fantasia. A inocência irradiava dela em ondas, e eu estava feliz por ela ter um homem como Kieran para cuidar dela, porque ele era muito melhor do que Brenton. — Eu não me importo com isso. Já passei por coisas piores, então não há nada que ele possa fazer comigo. Não consigo deixar de lado meu problema com ele porque ele me deve uma padaria. Trabalhei muito para isso e não vou deixá-lo passar por cima de mim, — declarei. — Se é dinheiro que você quer, podemos te fazer uma proposta, — Kieran ofereceu. Aceite a oferta. Pare de perder seu tempo com aquele idiota. — Obrigada, mas eu quero que ele pague. Vocês podem não precisar lutar por justiça porque vocês são a lei, mas eu acredito na justiça. Obrigado por sua oferta, mas não posso aceitar seu dinheiro quando é seu irmão, e não você, quem me deve. Vou lutar pela minha padaria, o tanto quanto for preciso. Não me importo com o que Brenton faz comigo, — eu disse a eles. — Obrigada por me tirar daqui. Agora eu vou embora — Você não precisa fazer isso, — disse Jenny. — Ir contra Brenton só resultará em seu sofrimento. Pegue o nosso dinheiro e construa sua padaria novamente. Não lute uma batalha que você nunca vai ganhar. — Determinação e trabalho árduo nunca falham. Tenho vivido por esse princípio toda a minha vida e não vou parar agora. Se Brenton vai me destruir, ele também não sairá ileso. Desejo a todos uma boa noite, — eu disse antes de sair da mansão Maslow com minha cabeça erguida. Esta guerra tinha acabado de começar, e eu não deixaria que Brenton vencesse de modo algum, independente do que acontecesse. Assim que saí, apoiei minhas costas contra a parede e respirei fundo algumas vezes. Demorei uma eternidade para subir a escada e minhas pernas doíam. Agora eu teria que sair furtivamente, da mesma maneira que entrei; será que nada poderia ser fácil com os Maslows? — Está tudo bem, Cece; você consegue fazer isso. Você é uma lutadora e sempre será, — eu murmurei para mim mesma enquanto me escondia atrás de um arbusto e esperava os guardas passarem para que eu pudesse sair sem ser detectada. Felizmente, isso não demoraria tanto. O dia seguinte trouxe uma nova onda de determinação e esperança de que eu seria capaz de sobreviver ao Brenton. Ele era um homem inteligente; ele deveria ser capaz de entender meu ponto de vista. E seguramente a quantidade de dinheiro que eu precisaria para reconstruir minha padaria era menor do que a quantia que ele pagava aos seus funcionários. Hoje eu iria novamente ao seu escritório e tentaria falar com ele mais uma vez. — Você ainda vai visitá-lo?, — a Sra. Druida perguntou ao entrar no meu apartamento carregando uma cesta de frutas. — Claro que vou. Tenho grandes esperanças de que ele me escute hoje, — eu sorri, animada. Se ele me desse uma chance de falar com ele, então eu tentaria o meu melhor para ser respeitosa. — Você precisa comer algumas frutas, porque seu cérebro claramente não está funcionando. Vamos, coma uma banana, — a Sra. Druida pegou uma fruta amarela e me entregou. Revirei os olhos antes de colocá-la de volta na cesta. — Não fico esperançosa sem motivos, Sra. Druida, você sabe disso. Se estou tendo um bom pressentimento, significa que algo bom vai acontecer. — E eu acreditaria em você, se você não estivesse lidando com Brenton Maslow. Pare de ter esperança sobre isso, porque essa situação vai acabar te machucando, — ela argumentou. — Eu não tenho escolha, a não ser ter esperança. Tive uma conversa com o irmão dele ontem à noite e, com sorte, ele terá falado um pouco com ele. Tenho certeza de que Brandon vai ao menos me ouvir, — eu disse a ela enquanto pendurava minha bolsa no ombro. — Tenho que ir agora. Te vejo na hora do almoço, se tudo der certo — Você está perdendo seu tempo, — ouvi-a dizer enquanto saía, mas não prestei atenção às suas palavras. Talvez Kieran tivesse falado com Brenton e ele estivesse disposto a me ouvir agora. A viagem até o escritório de Brenton foi longa e fria, mas não deixei que isso apagasse o calor da esperança em meu coração. Talvez eu devesse levar uma caixa de chocolates para ele como uma oferta de paz; isso poderia amolecê-lo um pouco. Verifiquei meu relógio de pulso e vi que faltavam cinco para as nove, o que significava que não haveria muitas pessoas presentes dentro do prédio. Isso era uma coisa boa, já que Brenton não estaria ocupado. Estacionei minha scooter e saí. Assim que comecei a andar em direção à entrada, vi um carro luxuoso estacionar. A porta se abriu e Brenton Maslow saiu de dentro do carro, vestindo um terno cinza claro e uma camisa branca. Seu feitio belamente esculpido junto ao seu traje caro o faziam parecer um príncipe. E eu esperava que esse príncipe me ouvisse hoje. — Bom dia, Sr. Maslow. — eu sorri enquanto corria até ele. Quando ele me viu se aproximando, seus olhos brilharam de fúria antes que dois homens corpulentos parassem na frente dele. Eu franzi a testa ao parar a poucos metros de distância, me perguntando o que estaria acontecendo. No entanto, não tive que esperar muito pela minha resposta, porque um policial se adiantou e me entregou um pedaço de papel. — Bom dia, policial, você se importa de me dizer o que está acontecendo aqui?, — perguntei ao belo homem de uniforme que tinha cerca de um metro e oitenta de altura, olhos azuis e cabelos loiros. — Esta é uma ordem de restrição contra você, Srta. Fells. Em resposta ao comportamento inadequado, o Sr. Maslow entrou com um pedido de restrição. De acordo com isso, você não deve ficar a menos de 1500 metros de distância de Brenton Maslow e também está proibida de dirigir nesta estrada porque a Maslow Enterprises está estabelecida aqui. Se você não cumprir essas regras, não hesitaremos em colocá-lo na prisão e seus amigos poderão ou não conseguir resgatá-la. Este aviso entrou em vigor imediatamente, portanto, por favor, deixe a vizinhança antes que eu a prenda, — o policial me informou. Meus olhos saltaram e meu queixo caiu quando olhei para a ordem de restrição. Então ele realmente iria se esforçar mais ainda para provar que era o maior babaca do mundo. Tudo bem então; se era isso que ele queria, era exatamente isso que eu daria a ele. O carma certamente o apanharia, mesmo que eu não conseguisse. Com meus olhos colados em seu rosto bonito, observei Brenton se afastar de mim e desaparecer dentro do prédio, seus guardas parando na porta e assumindo sua posição. Então é isso que ele faz depois que eu apareço e exijo que ele pague pelo que fez. Ele escapa como um covarde e obtém uma ordem de restrição ao invés de me encarar de frente. Patético. E eu não podia acreditar que perdi meu tempo com um covarde tão patético. A Sra. Druida estava certa; Eu estava perdendo meu tempo e era uma idiota em pensar que ele me ouviria. — Srta. Fells, estou lhe pedindo que deixe a vizinhança. Você está indo contra a lei por estar aqui, — repetiu o policial, me retirando dos meus pensamentos. — Certo. Minhas desculpas, oficial. Eu vou embora agora. — Dobrando a ordem de restrição ao meio, coloco-a na bolsa antes de me arrastar de volta para a minha scooter. Lançando uma última olhada no topo do prédio onde ficava o escritório de Brenton, liguei minha scooter e fui embora, minha mente procurando por alternativas. Era evidente que Brenton Maslow não estava disposto a me ajudar. Ele havia destruído meu negócio e agora controlava os escombros. Com essa ordem de restrição que estava em minhas mãos sabia que tinha sido proibida de vê-lo e de falar com ele. Portanto, não tive escolha a não ser começar do início. Eu iria para casa e começaria a ler jornais; Eu tinha certeza que encontraria um lugar para trabalhar. Mesmo que meu coração estivesse pesado, e que derramar algumas lágrimas fizesse eu me sentir melhor porque era frustrante começar do zero, eu sabia que não havia tempo para isso. Minhas lágrimas podiam esperar, mas minha padaria não. Eu começaria a assar as massas de casa e entregaria eu mesma os cupcakes caso não conseguisse encontrar um emprego. Eu ainda tinha algum dinheiro sobrando das vendas recentes que fiz. Assim que cheguei em casa, larguei minha scooter no estacionamento e corri escada acima para o meu apartamento. Graças a Deus a Sra. Druida tinha ido embora, porque eu não queria que ela esfregasse na minha cara o fato de que ela estava certa o tempo todo. Jogando minha bolsa para o lado, peguei meu laptop e comecei a procurar por empregos. Mandei meu currículo por e-mail para algumas empresas, depois fechei meu laptop e peguei o jornal para tentar a sorte. Assim que terminei de examinar as oportunidades de emprego, catei minha bolsa e desci as escadas mais uma vez. Quanto mais cedo eu conseguisse um novo trabalho, melhor seria, porque não esperaria uma eternidade para reabrir meu negócio. Ligando minha scooter, dirigi até o primeiro local que havia assinalado no jornal. Depois de sair do quinto restaurante que se recusou a me contratar eu queria simplesmente chorar e matar Brenton pelo que ele tinha feito. Aparentemente, ele usou sua influência para convencer os cafés e restaurantes a não me contratarem, contando-lhes todo tipo de mentira sobre como eu havia cumprido pena na prisão por lavagem de dinheiro. Eu não podia acreditar que ele se rebaixaria tanto a ponto de manchar a reputação de uma anônima como eu. Mas fosse o que fosse, ele havia conseguido e agora ninguém estava disposto a me contratar. Se eu tivesse dinheiro para contratar um assassino para matar Brenton Maslow, eu teria contratado. Mas, novamente, eu estaria desperdiçando dinheiro com um covarde patético que nem mesmo tinha forças para enfrentar sua oponente de frente, e que teve que se esconder atrás de seus diamantes e dinheiro. Não admira que ele fosse solteiro; que mulher gostaria de namorar um homem tão monstro? Isso mesmo, ninguém. — Espero que você engasgue com sua riqueza, Brenton. Essa provavelmente será a maneira mais tranquila de você morrer, porque o que eu planejo para você será muito pior, — murmurei para mim mesma enquanto ligava minha scooter pela vigésima vez hoje. Não importa o que acontecesse, eu não desistiria. E daí se todos em Londres se recusassem a me contratar? Eu simplesmente sairia da cidade e começaria uma nova vida em outro lugar. Brenton tinha coisas melhores para fazer do que dizer ao mundo inteiro para não me contratar. Foi enquanto eu pensava nisso que me deparei com um restaurante que nunca tinha visto antes. Era pequeno, mas parecia elegante do lado de fora. Será que ouso tentar a sorte aqui? Que mal isso poderia ter, já que o pior que eles poderiam fazer seria não me contratar? Rezando para meus anjos da guarda, que pareciam estar adormecidos atualmente, desci da minha scooter e entrei sorrateiramente no restaurante, o que me fez sentir como se eu estivesse invadindo a casa de alguém. Então vi uma mulher de cerca de quarenta anos gerenciando o balcão - Seria ela a dona? Eu não sabia. Mas só havia uma maneira de descobrir. Respirei fundo com coragem antes de caminhar até ela, esperando que Brenton não a tivesse atingido também. Capítulo 6 Cece — Você está falando sério? — Eu não pude acreditar no que estava ouvindo. Ela realmente disse o que eu pensei que ela disse? Talvez eu precisasse de alguém para me beliscar, porque isso parecia um sonho louco. A dama à minha frente, Sra. Hampton, sorriu. — Sim, querida, você está contratada. Você pode começar a trabalhar imediatamente ou amanhã de manhã, se preferir. — Vou começar imediatamente. Muito obrigada! Eu teria abraçado a Sra. Hampton imediatamente, se isso não fosse antiprofissional. Eu não podia acreditar que ela havia me contratado. Finalmente encontrei alguém que estava livre da influência de Brenton. Eu queria saudar essa mulher por não ceder à riqueza e ao poder que Brenton possuía. — Não precisa me agradecer. Estou feliz que alguém veio. Este restaurante é meio escondido, então muitas pessoas não sabem dele. E estou tentando contratar alguém há alguns meses, — ela respondeu. — Desde a morte de Tom, tem sido meio difícil administrar tudo sozinha.. — Não se preocupe, Sra. Hampton. Estou aqui agora e vou trabalhar muito para garantir que os clientes fiquem satisfeitos. Você não precisa se preocupar com mais nada, — eu disse a ela, enquanto ela me entregava um avental que amarrei rapidamente em volta da minha cintura. — Estou ansiosa por isso, querida, — ela sorriu, e eu sabia que teria uma incrível experiência trabalhando aqui. Como eu precisava ganhar dinheiro para minha padaria, teria a certeza de ser a melhor garçonete da cidade para que me pagassem bem. Eu ficaria feliz em esfregar meu sucesso na cara de Brenton, mas então percebi que ele não valia meu tempo e que eu deveria apenas me concentrar em viver minha vida. Ele poderia se banhar com seu dinheiro e rubis o quanto quisesse. Com um sorriso para minha nova patroa, peguei o mini tablet e me dirigi aos clientes que tinham acabado de chegar. O casal parecia ter cerca de trinta anos. O homem estava vestido impecavelmente, com um terno e uma camisa sem rugas. A mulher, por outro lado, usava um vestido rosa com uma pulseira de diamantes no pulso. — Boa noite. Meu nome é Cecelia e serei sua garçonete esta noite. Vocês estão prontos para fazerem o pedido? Eu segurei meu dedo a alguns centímetros da tela do tablet, esperando para anotar tudo. O casal sorriu e então o homem enunciou o pedido. Mantendo minha mente focada nessa tarefa específica, anotei o que eles falaram e disse- lhes que traria tudo em meia hora. Entreguei o pedido ao chef, enquanto trabalhava para lidar com todos os outros clientes, esquecendo-me completamente de Brenton pela primeira vez desde que soube que ele destruiu minha padaria. O tempo passou voando enquanto eu continuava a trabalhar, e comecei a gostar cada vez mais do meu trabalho. Minha chefe era legal e os clientes foram gentis e generosos. Eu recebi cada gorjeta como se fosse a última e as mantive seguras comigo mesma. Eu continuaria trabalhando até ter o suficiente para alugar um prédio. E quando chegasse em casa, faria cupcakes e os entregaria aos meus clientes. Eu alertaria a todos que a loja seria transferida para um novo local, de forma que eles não precisassem fazer a viagem desnecessária e pudessem fazer o pedido diretamente. Brenton pode ter destruído minha padaria, mas isso não significa que ele destruiu meu negócio completamente. Eu ainda poderia salvá-lo. Eu não desistiria. Assim que o último cliente da noite saiu do restaurante, não pude deixar de sorrir de satisfação. Eu não podia acreditar que esta noite acabou sendo tão boa. Depois de ser rejeitada por tantos restaurantes, esta linda senhora finalmente me contratou. E eu tinha certeza de que ela me manteria por perto e não me despediria. — Bom trabalho, Cecelia. Devo dizer que você é uma bênção. Você assumiu tudo tão facilmente que me impressionou. Vou conversar com meu filho sobre mantê-la como gerente nos próximos dias, — ela elogiou, me deixando radiante. — Muito obrigada, Sra. Hampton. Você confiou em mim ao me contratar, então como eu não poderia dar o meu melhor? Não sabia que você tinha um filho, — respondi. — Ah, sim. Ele está na Irlanda, lidando com o lado paterno dos negócios. — Perdoe-me por bisbilhotar, mas este restaurante não era do seu marido?, — perguntei. — Este restaurante nasceu do amor e do trabalho árduo do meu marido e de mim. A comida era algo a que ambos nos sentíamos ligados, por isso decidimos abrir este restaurante, — respondeu ela. Era possível perceber que a Sra. Hampton realmente sentia falta do marido pelo brilho em seus olhos. Deus sabe como deve ser difícil perder a pessoa que você ama em tão tenra idade. — Isso é muito bonito, — eu disse, sem saber o que mais dizer. Já que eles trabalharam tanto, eu faria questão de trabalhar tão duro quanto pudesse para que mais e mais pessoas viessem aqui. — Sim.. Então, meu filho vai chegar daqui a alguns dias e vou falar com ele sobre você, — afirmou. — Muito obrigado, Sra. Hampton. Significa muito para mim. Essa mulher foi realmente uma bênção para mim, porque se ela não tivesse me contratado eu estaria fazendo as malas para me mudar para outra cidade e começar uma nova vida. — Claro, querida, você mereceu. Agora está ficando tarde e é melhor você ir para casa. Espero você aqui, por volta das nove da manhã de amanhã, então não se atrase, — ela disse enquanto me entregava minhas gorjetas. — E aqui estão suas gorjetas. Você fez um ótimo trabalho para alguém que acabou de ser contratada. — Eu não me atrasarei; não se preocupe com isso. E obrigado pelas gorjetas. Te vejo amanhã. Boa noite, Sra. Hampton. Sorri e acenei para ela ao sair do restaurante, finalmente me sentindo feliz depois de tanto tempo. Eu não podia acreditar no tanto que Brenton era um parasita, tendo sugado minha vida e felicidade. Bem, tanto faz; eu agora podia comemorar o fato de que ele estava fora da minha vida agora. Caminhei em direção à minha scooter com um sorriso no rosto e rapidamente iniciei os motores. Se não houvesse tráfego, eu conseguiria chegar em casa a tempo de fazer algumas fornadas de cupcakes. Depois eu dormiria e então acordaria cedo para não me atrasar para o meu turno no dia seguinte. A viagem de volta ao meu apartamento foi gelada, mas tranquila; no entanto, a paz não durou muito, pois um sentimento estranho perturbou meu coração. Senti como se alguém estivesse me observando e um calafrio subiu pela minha espinha. Parei em um sinal vermelho e olhei por cima do ombro, mas só vi uma estrada vazia atrás de mim. O silêncio dobrou suas asas e se instalou ao meu redor. Nem uma única alma estava presente. Um solitário carro preto de vidros escuros estava estacionado perto da calçada. Não havia nada além disso acontecendo ao meu redor. Minhas sobrancelhas franziram quando a sensação se intensificou, fazendo-me sentir como se alguém estivesse parado a poucos metros de mim, me analisando. Por que diabos eu teria um perseguidor? Eu recebi uma ordem de restrição porque estava perseguindo alguém. O perseguidor não poderia se tornar o perseguido — É apenas a escuridão e sua imaginação pregando peças em você, Cece; não se preocupe, — murmurei para mim mesma enquanto tentei me livrar da sensação desconfortável, e então continuei meu caminho. Eu precisava parar de me preocupar com essas bobeiras porque eu tinha coisas muito mais importantes com as quais lidar. Assim que cheguei ao meu prédio, estacionei minha scooter e subi correndo as escadas para assar alguns cupcakes. Cozinhar sempre me deixava feliz e me ajudava a relaxar, então essa seria a maneira perfeita de esquecer o desconforto que me incomodava desde quando eu havia deixado o restaurante. Tinha sido uma sensação estranha, eu nunca havia me sentido assim antes e essa estranha paranoia era perturbadora. Quando cheguei à cozinha, comecei a trabalhar. Peguei os ingredientes que precisava para os cupcakes e, na hora seguinte, esqueci todas as minhas preocupações enquanto fazia o que mais gostava de fazer. Eu só esperava que houvesse pedidos pela manhã para que eu pudesse ganhar algum dinheiro. Enquanto os cupcakes estavam no forno, verifiquei meu laptop para ver se alguma das empresas para as quais havia enviado o meu currículo tinha me respondido ou não, e fiquei desapontada quando vi que não recebi nenhum e-mail. Ótimo. Tudo que me restava era seguir trabalhando como garçonete em um restaurante. Nesse ritmo, levaria cerca de cinquenta anos para que eu ganhasse o suficiente para alugar um prédio para minha padaria, quem dirá comprar um. Eu odiava Brenton e o amaldiçoei até não conseguir mais. Um homem tão mesquinho. Desejei que ele ficasse solteiro para sempre, porque me preocupava com a população feminina e não queria que ninguém sofresse em suas mãos. Depois de tirar os cupcakes do forno, rapidamente coloquei o glacê sobre eles e os reservei na geladeira. Eu poderia dar alguns para a Sra. Druida, já que ela tinha sido tão gentil comigo nos últimos dias. Ela me trouxe biscoitos e frutas, então seria legal se eu desse algo em troca. Depois de empacotar cupcakes para ela, decidi ir para a cama. Eu não me importava com quem me observava; Eu tinha uma vida para viver e não deixaria ninguém destruí-la. Eu me deitei rapidamente e puxei meu cobertor floral até o pescoço. Este era meu cobertor favorito junto com o travesseiro em que eu estava dormindo. Tive a sorte de topar com eles enquanto comprava roupa de cama e desde então nunca estive longe deles. Assim que me cobri com cobertor o sono me envolveu em seus braços, libertando-me assim que cheguei ao mundo dos sonhos. Pelo menos era para ser o mundo dos sonhos, mas Brenton transformou meu sonho em um pesadelo. Ele estava sentado em um trono, muito parecido com o que ele acreditava estar sentado no mundo real. Ele segurava um tridente em sua mão enquanto uma coroa de joias repousava em sua cabeça. As pessoas se ajoelhavam à sua frente, implorando por misericórdia. Por algum motivo essas pessoas estavam me deixando com raiva. Por que eles precisavam da misericórdia de um homem tão patético? Brenton não sabia o que significava empatia ou perdão. Eu assisti, paralisada, enquanto Brenton se levantava de seu trono e descia até ficar de pé ao lado dos homens ajoelhados à sua frente. Meu queixo caiu e meus olhos quase saltaram quando ele ergueu seu tridente e golpeou o homem que estava ajoelhado a dois centímetros dele, matando-o instantaneamente. Assim que o homem caiu morto, Brenton levantou a cabeça e seus olhos se encontraram com os meus, me colocando sob um feitiço e me impedindo de correr para qualquer lugar. Brenton marchou em minha direção, e quanto mais ele se aproximava, mais eu pensava sobre a ordem de restrição e em como nós deveríamos manter uma distância de 150 metros. Mas se era ele quem vinha até mim, essa ordem de restrição ainda contava? Quero dizer, foi ele quem quebrou a condição, então... Engoli em seco quando ele parou a poucos centímetros do meu rosto. Será que ele me apunhalaria com um tridente também? Talvez fosse melhor que ele fizesse logo isso. E por que diabos ele estava tão bonito? — Você acha que pode fugir de mim, foguete?, — ele disse. — Uh, você não quer que eu faça exatamente isso?, — perguntei. Este Brenton era confuso. — Você não pode fazer isso, — afirmou. — Não posso fazer o quê? — No momento, a única coisa que eu não podia fazer era me mover ou fugir. Minha respiração se prendeu quando ele chegou assustadoramente mais para perto de mim. — Estou indo atrás de você, foguete. Acordei assustada, segurando meu coração, que ameaçava pular para fora do meu peito. O que diabos foi isso? Eu realmente sonhei com Brenton Maslow? De todas as pessoas com quem eu poderia sonhar, tinha que ser ele? Não era ruim o suficiente que ele estivesse arruinando minha vida no mundo real; agora ele tinha que fazer o mesmo no mundo dos sonhos? Eu não estava autorizada a ter paz? — Isso é ridículo..., — resmunguei, enquanto olhava para o meu telefone e via que eram 5 da manhã Ótimo, minha noite foi oficialmente arruinada graças ao sonho sobre o idiota que tornou impossível para mim recuperar minha padaria. Não perca seu tempo chateada por causa dele. Ele não vale a pena. Meu subconsciente estava certo. Hoje era meu segundo dia de trabalho e não iria estragá-lo pensando num homem que obviamente não merecia estar em meus sonhos. Tentando ignorar todos os pensamentos sobre Brenton, levantei-me da cama e me preparei para o turno no restaurante. Mesmo que minha noite tivesse sido um desastre, eu não poderia dizer o mesmo sobre o meu dia, e fiquei feliz ao pensar nisso. Meu turno no restaurante estava indo bem e a Sra. Hampton estava claramente feliz. Ela sorria e conversava com os clientes. Contava a eles sobre seu filho, e era óbvio o quão animada estava em revê-lo. — Espero que gostem da comida, — eu disse a um grupo de homens, colocando os pedidos diante deles. — Obrigado. Tenho certeza que vamos, — um homem de cabelo preto e olhos castanhos calorosos me disse. Ele era uma gracinha, com traços suaves que irradiavam uma inocência infantil. Se ele fosse solteiro - o que parecia não ser o caso-eu estaria totalmente disposta a namorá-lo. Ele dava a impressão de ser bom e gentil, o tipo de homem que eu gosto, apesar de só ter encontrado idiotas. Sorri para ele antes de correr meus olhos por todo o restaurante, checando se alguém precisava de alguma coisa. Este dia estava sendo tão agradável... eu esperava que continuasse assim. Amanhã o filho da Sra. Hampton chegaria, e isso significava que eu teria que estar no meu melhor comportamento se quisesse essa promoção. — Cecelia, querida? Temos outro cliente, — a Sra. Hampton anunciou assim que a porta se abriu. Foi quando meu pesadelo se concretizou. E pensar que eu estava realmente comemorando... Eu sabia que era bom demais para ser verdade. Como eu pude pensar que teria um dia perfeito? Não... Conhecendo a minha sorte, eu deveria saber que algo poderia sempre piorar, assim como agora. Mesmo que a Sra. Hampton estivesse esperando que eu fosse cuidar do cliente, me virei e corri para a parte de trás do restaurante, me jogando no banheiro e trancando a porta com chave. Eu não poderia voltar para o salão. A lei me impedia de chegar perto daquele homem. Oh, por que ele tinha que estar aqui? Por que Brenton Maslow teve que vir aqui? Capítulo 7 Cece O banheiro era o pior lugar do mundo, mas eu não tinha outro local para me esconder. Se Brenton me visse aqui, ele chamaria a polícia. Eu seria demitida e presa... Não poderia deixar que isso acontecesse. Eu precisava desse trabalho e não deixaria um idiota completo tirar isso de mim. Mas o problema era que eu não poderia ficar aqui no banheiro para sempre, já que a Sra. Hampton só tinha a mim como garçonete e ela não podia fazer todo o trabalho sozinha - ainda que ela tivesse trabalhado exatamente assim antes de eu aparecer No entanto, o que eu não conseguia entender era como Brenton estava aqui. A Sra. Hampton tinha me dito que este restaurante era escondido de vista, então muitas pessoas não sabiam de sua existência, e um esnobe como Brenton certamente estaria entre a maioria das pessoas que não conhecia este lugar. Então como é que ele decidiu aparecer aqui? Eu sabia que não poderia me esconder por muito mais tempo. Em breve a Sra. Hampton viria aqui, exigiria uma explicação e me mandaria voltar ao trabalho. Deus sabe o que ela faria quando descobrisse que seu cliente havia entrado com uma ordem de restrição contra mim. Se ela não me demitisse ao me ver sendo presa, certamente ela o faria ao saber que alguém tem uma ordem de restrição contra mim. Ninguém queria que seu restaurante tivesse má reputação; ela estava simplesmente fadada a me despedir. Pensar em Brenton e minha possível demissão me fez esquecer o fato de que estava no banheiro do restaurante, até que a Sra. Hampton bateu na porta, o que me fez levar um susto. — Cecelia? Você está bem? Temos dois clientes aqui, e um deles é muito querido para mim. Então, por favor, saia para que eu possa apresentá-lo a você, — disse ela. Meu coração bateu forte contra minha caixa torácica e eu queria fugir quando ouvi suas palavras. Alguém querido para ela? A porra do Brenton Maslow era especial para ela? Alguém por favor corte minha garganta com uma serra elétrica, porque isso era uma loucura! De todas as pessoas que podiam ter um lugar especial em seu coração, ela havia escolhido alguém que nem tinha coração? Tipo, que porra é essa? — Uh, Sra. Hampton... Eu não posso... sair, — eu disse, tentando encontrar uma boa desculpa. — Por que não? Está tudo bem com você? — ela perguntou, parecendo preocupada. Pense, Cece, pense. — Uh... cólicas, Sra. Hampton. É aquela época do mês. — Ah, os milagres dolorosos, mas de vez em quando úteis para evitar de ver pessoas que você não gosta, de ser mulher. — Oh céus. É ruim?, — ela questionou. — Sim, é. Está doendo muito, — eu gemi baixinho para adicionar efeito. — Você gostaria de um remédio?, — ela perguntou. — Umm, não, obrigada. A Sra. se importaria se eu tirasse o resto do dia de folga? Sinto muito por isso, mas acho que não vou conseguir trabalhar nesta condição, — eu disse a ela. — Ah, claro. Você pode sair pela saída dos fundos, querida. Não se preocupe. Vou cuidar de tudo por aqui, vá para casa e descanse, — ela disse, me fazendo suspirar de alívio. Ainda bem que eu não teria que ver aquele idiota e que ele não teria que me ver. — Muito obrigada, Sra. Hampton. Eu realmente sinto muito por ter que ir assim, mas esqueci que estava nessa época do mês, — expliquei, ansiosa para que ela fosse embora e que eu pudesse escapar. Felizmente, a Sra. Hampton não me apresentaria ao seu precioso cliente. Dessa forma, meu trabalho estava seguro. — Não se desculpe, essas coisas são normais. Vá para casa, descanse e só venha amanhã se estiver se sentindo melhor. Tenho que ir agora, pois preciso atender os clientes, — disse ela. — Ok, obrigada novamente. — Eu me senti culpada por mentir, mas não tinha outra escolha. Neste momento mentir era melhor do que perder meu emprego por causa de um maluco que tinha um rancor mesquinho contra mim só porque eu não era tão rica quanto ele. Assim que tive certeza de que a Sra. Hampton não estava mais presente, lentamente abri a porta e dei uma olhada do lado de fora, para garantir que estava realmente sozinha. Satisfeita, saí do banheiro e corri em direção à saída. Assim que peguei minha scooter e saí, fui capaz de relaxar. Essa foi uma decisão difícil. O aparecimento de Brenton foi inesperado, mas, com sorte, não aconteceria novamente. Ao chegar no meu apartamento, me joguei no quarto e tranquei a porta como se Brenton estivesse me seguindo como um perseguidor louco, o que era estúpido, já que supostamente era eu quem o estava perseguindo. Ele estava muito ocupado cuidando de seu dinheiro para se importar comigo. — Ok, o que eu vou fazer agora?, — me perguntei enquanto ligava meu laptop. Recebi minha resposta quando vi alguns pedidos de cupcake no meu site. Meu coração pulou de alegria, sabendo que meu negócio de cupcake não havia acabado. Eu rapidamente enviei a eles uma mensagem explicando que os pedidos estariam prontos e seriam entregues em poucas horas. Então desliguei meu laptop e fui em direção à cozinha. Assim que terminei de assar e decorar os cupcakes, olhei para a lista de endereços antes de sair. Apenas um dos três endereços ficava longe de onde eu morava, mas tudo bem. Eu não poderia mais ser exigente; o que quer que eu recebesse, receberia com alegria. Entregar as caixas de cupcakes me fez sorrir internamente, e fiquei me perguntando o porquê. Talvez porque isso me dava esperanças de que nem tudo estava perdido e que eu poderia salvar o que restou do meu negócio. Ou talvez eu estivesse feliz porque, apesar dos esforços de Brenton, eu ainda tinha o meu negócio. Talvez também pudesse ser porque eu adorava cozinhar, e ficava feliz quando as pessoas gostavam da minha criação e queriam mais. Fosse o que fosse, eu estava feliz. Toquei a campainha do terceiro endereço de entrega, que acabou sendo um loft. Eu me perguntei qual seria a pessoa rica que queria meus cupcakes; esperava que eles dessem boas gorjetas. A porta se abriu para revelar um rosto familiar, e não apenas qualquer rosto familiar - era Jenny, a esposa de Kieran, que era o irmão mais velho do homem que eu odiava profundamente. Por que diabos ela pediu meus cupcakes? E como ela sabia que eu tinha um negócio? — Olá, Cecelia, — ela sorriu, o que a fez parecer uma fada descendo do céu. — Hum, olá? Eu tenho seu pedido.... — Mostrei a caixa para ela, na esperança de acabar logo com isso. Eu não queria nada com Brenton e sua família. — Sim, eu posso ver isso. Por que você não entra enquanto eu vou pegar o dinheiro? — Ela abriu mais a porta, obviamente esperando que eu fizesse o que ela sugerira. O que ela faria se eu simplesmente recusasse o convite? Ela era uma mulher rica e poderosa; será que eu poderia me permitir correr este risco depois do que havia acontecido com Brenton? — Obrigada, — eu disse enquanto entrava. Meu coração desmaiou quando vi Kieran junto com outro casal sentado na sala. O que estava acontecendo aqui? Eles estavam todos aqui? Isso significava que Brenton estava aqui também? Não, Brenton estava no restaurante; ele tinha que estar. — Sente-se. Fique à vontade. Eu volto já. — Deixando-me com os outros, Jenny subiu as escadas e desapareceu pelo corredor. — Então, Cecelia, — o homem que se parecia com Kieran e Brenton se levantou, — Como você está hoje? Engoli em seco enquanto tentava encontrar uma resposta razoável. Esta era uma pergunta capciosa? O que eu deveria dizer? Não tenha medo. Mostre a eles como você é forte. Claro. Por que eu estava com medo deles? E daí se eles tivessem riqueza e poder? Eu tinha minha coragem e força, e ninguém poderia quebrar isso. — Eu estou bem; muito obrigada por perguntar, Sr. Maslow, — eu disse. — E como está meu irmão mais novo?, — o homem perguntou. — Gideon, deixe-a sentar. Você pode fazer suas perguntas mais tarde. — Isso veio de uma mulher com cabelo loiro avermelhado que estava sentada no sofá. Por que essas mulheres eram tão bonitas? Foi o dinheiro ou foi natural? — Não, pombinha, acho que não. Gideon voltou sua atenção para mim. — Então, Cecelia, onde é que você está trabalhando agora, ou você pelo menos tem um emprego? Porquê da última vez que verifiquei, nenhum lugar está disposto a contratá-la. — Eu não vejo como isso é da sua conta, Sr. Maslow. Depois do que seu irmão fez, eu não acho que você deveria me fazer perguntas que não são da sua preocupação, — respondi, mantendo minha voz firme. — Acho que estou bem ciente do que é minha preocupação e do que não é. E quando faço uma pergunta, espero uma resposta adequada, Sra. Fells, — afirmou, suas palavras carregando o peso de uma ameaça. — E eu esperava que seu irmão fosse civilizado e agisse decentemente, mas veja o que ele fez, — eu sorri zombeteiramente para ele, o que o fez estreitar os olhos. — Você deveria controlar essa sua língua afiada; nós, Maslows, não gostamos disso, — disse ele. — Gideon! — a mulher advertiu. — E eu não gosto de alguém pisoteando minha padaria. Portanto, se seu irmão me der o que eu gosto, posso apenas considerar retribuir o favor, — respondi assim que Jenny retomou. — Aqui está, Cecelia. — Ela me entregou o dinheiro. — Você teve uma boa conversa com todos? Eu sorri. — Claro, — disse. Olhei para todos os presentes, um por um. — Esta família é absolutamente adorável. Eu esperava que eles pudessem ouvir o sarcasmo em minhas palavras. Com um último olhar para todos eles, me virei e saí, satisfeita por ter corrido bem. Eu não sabia o que faria se tivesse que enfrentar essa família novamente. Eu estava fazendo o meu melhor para evitá-los, mas simplesmente não conseguia me desvencilhar deles. A volta para casa foi perturbadora. A conversa com Gideon não parava de se repetir em minha mente. Porque eu tinha a sensação de que aquela conversa não era o fim? Suas palavras não necessariamente significavam que nos encontraríamos novamente, mas de alguma forma era exatamente como eu me sentia. Deus, este dia estava além da loucura e eu precisava de uma pausa. Com sorte, Brenton nunca mais apareceria no restaurante depois de hoje e eu poderia continuar trabalhando lá em paz. Mas, por enquanto, eu só queria ir para casa e tentar normalizar minha vida. Voltando ao meu apartamento, mal pude conter um gemido de frustração quando vi a Sra. Druida sentada na minha sala de estar. Por mais que eu a amasse, às vezes ela me irritava ao tentar ficar tão próxima de mim. — Ei, querida, você já voltou?, — a Sra. Druida disse enquanto eu jogava minha bolsa para o lado. — Quando você chegou? A Sra. Druida tinha a chave do meu apartamento porque ela estava acostumada a aparecer na minha porta em horários estranhos - às três da manhã, por exemplo - o que significava que eu não podia abrir a porta para ela, então decidimos que ela teria uma chave própria. — Há um tempo atrás. Eu reabasteci sua geladeira.. A propósito, sua marca favorita de açúcar estava esgotada no supermercado, então comprei a sua segunda favorita, — ela me disse. Deixa pra lá: eu amava essa mulher, e ela poderia vir aqui quando quisesse. — Muito obrigada, Sra. Druida. Só Deus sabe o que eu faria sem você. Você se importa se eu tirar uma soneca?, — perguntei a ela. — De jeito nenhum. Vá dormir um pouco. Vou sentar aqui e assistir alguns filmes, já que meu marido está ocupado jogando golfe com os amigos, — ela resmungou, o que me fez rir. No dia seguinte, entrei no restaurante com um sorriso no rosto. Não haveria nenhum Brenton hoje, e por isso eu já sabia que este seria um bom dia. Hoje, eu trabalharia duas vezes mais para compensar eu ter deixado a Sra. Hampton na mão. — Bom dia, Sra. Hampton, — eu a cumprimentei enquanto me preparava para ir para a sala dos fundos para colocar meu uniforme. — Oh, Cecelia, como você está se sentindo hoje, querida?, — ela perguntou. — Estou muito melhor, obrigada. Peço desculpas por ter ido embora ontem, — respondi. — Ah, que bobagem. Pare de ser tão formal. Acontece. Agora sente-se aqui, tenho algo muito importante para te contar. — Minhas sobrancelhas se franziram quando me sentei. — O que é?, — perguntei a ela. — Meu filho está aqui. E eu gostaria que você o conhecesse, — ela respondeu. Eu sorri. — Uau! Isso é maravilhoso! Onde ele está? — Olhei em volta, mas não havia ninguém presente. — Ele está falando com um amigo. Os dois saíram há alguns minutos, mas eles já devem estar voltando, — disse ela. — Oh? Então, quando ele chegou? — Eu questionei. — Ontem. É por isso que eu estava pedindo para você sair. Meu filho decidiu me surpreender voltando um dia antes, e eu queria que você o conhecesse. Mas você não estava bem. Então eu disse a ele que o apresentaria quando você viesse, — ela explicou, o que me intrigou. Se seu filho era justamente a pessoa que ela queria que eu conhecesse, então porque Brenton esteve lá? Eu claramente o tinha visto entrando no restaurante. — Qual é o nome de seu filho?, — perguntei. — O nome dele é Clayton. — Suspirei quando ela não disse — Brenton, — mas ele tinha estado lá; eu estava certa disso. Então, ouvi o som de passos. Eles estariam de volta? Eu estava ansiosa para conhecer Clayton. Esperava que ele fosse tão gentil quanto sua mãe. — Olá de novo, mãe. Eu olhei para cima e vi um homem bonito, de cerca de um metro e oitenta de altura, com olhos azuis cintilantes e cabelo castanho claro. O sorriso que ele deu para mim, literalmente, me fez querer rir como uma colegial. Porra, o que há de errado comigo? — E você deve ser a nova funcionária de quem minha mãe não consegue parar de falar. Sorri ao me levantar, mas aquele sorriso morreu quando olhei para o homem parado ao seu lado. Oh não, de novo não. Eu não deveria vê-lo hoje. Ele não deveria estar aqui hoje. Mas... Aqui estava ele, em toda a sua riqueza e glória, parado na minha frente, apenas a meio metro de distância... Brenton Maslow. Capítulo 8 Cece Tentei evitá-lo, realmente tentei. Deus foi testemunha de que eu fiz meu melhor para ficar não apenas a quinhentos, mas a 1.500 metros de distância de Brenton Maslow. Mas mesmo assim, aqui estava ele, com seu rosto estupidamente bonito diante de mim. Com um sorriso estranho para o sorridente Clayton, sem sequer me preocupar em lançar um olhar para Brenton, dei um passo rápido para trás de modo que fiquei a três metros de distância dele, ao invés de dois. Eu só rezava para que Brenton esperasse até o final do meu turno para chamar a polícia e me prender, mas tentar prever suas ações era como desejar ter chuva no deserto. — Eu - eu sou Ce - Cece - Cecelia, — eu disse a Clayton, enquanto fingia que Brenton não existia. — Bem, eu posso definitivamente dizer que é um prazer absoluto conhecê-la, Cecelia. Seu nome é tão bonito quanto você, — Clayton comentou com um lindo sorriso que me fez corar instantaneamente. Inferno sangrento, este homem é um bom falador. Eu teria derretido em uma poça de hormônios se meu arqui-inimigo não estivesse bem na minha frente. — O-obrigada-você, — eu gaguejei, odiando o fato de que meu coração estava batendo mais rápido do que minha mente conseguia processar informações. Eu não tinha medo de Brenton. Tinha medo que ele contasse aos Hamptons sobre a ordem de restrição que ele impetrou contra mim e que eu fosse demitida. Se isso acontecesse, então eu não teria escolha a não ser deixar a cidade para sempre e começar de novo em outro lugar, o que seria difícil. — Clay, você só vai continuar a bajular esta senhorita ou vai me apresentar a ela também?, — perguntou Brenton. Era só eu ou ele parecia estar irritado? Talvez ele não estivesse feliz por um homem estar me tratando bem. Brenton romperia sua amizade com Clayton só porque estava sendo legal comigo? Considerando o quão mesquinho ele era, eu não ficaria surpresa se fizesse isso. — Eu preciso ter certeza de que você não vai acabar roubando a atenção dela. A propósito, Cecelia, este é meu amigo Brenton. Não se deixe enganar pelas aparências: ele é um demônio absoluto por dentro. Os milhares de corações partidos são a prova de seus caminhos malignos, — Clayton comentou com um brilho sarcástico em seus olhos. Ele poderia estar brincando sobre Brenton, mas nenhuma de suas palavras era uma mentira para mim. Da minha visão periférica, pude ver Brenton revirando os olhos. — Você não precisa se preocupar comigo roubando mulheres, Clay. Nós dois sabemos como elas vêm naturalmente em minha direção, — disse ele. — Rapazes, rapazes, não vamos brigar para ver quem é mais bonito, — a Sra. Hampton interrompeu, me fazendo suspirar de alívio. Eu realmente queria me esconder no banheiro mais uma vez, mas seria inútil agora. Ele já sabia que eu estava aqui, e tudo o que ele precisava fazer para que a Sra. Hampton me demitisse era contar para ela sobre a ordem de restrição. — Você está absolutamente certa, Sra. Hampton, porque claramente não há dúvidas de que eu seja mais bonito do que Clay, — Brenton disse, sorrindo. — Independente de quem seja mais bonito, acho que a pessoa deve ter um coração lindo, uma personalidade linda. Pelo menos, esse é meu critério para julgar quem é a melhor pessoa, — eu disse, o que matou o sorriso de Brenton mais rápido do que eu poderia ter matado um inseto. Eu estava apenas sendo honesta, mas parecia que estava incitando minha morte por meio de Brenton a chegar mais cedo do que eu gostaria. — Finalmente, alguém que não é superficial. Devo dizer, mãe, você escolheu bem desta vez, — Clay elogiou com um sorriso. Se ele continuasse sendo gentil comigo eu teria dificuldade em agir profissionalmente perto dele. Por mais legal que ele fosse comigo, eu precisava lembrar que ele era meu empregador e que não era profissional ter um relacionamento com ele. — Vamos, Clay, estamos ficando atrasados para nossa reunião, — Brenton disse de repente. Talvez ele estivesse ficando cansado de estar na minha presença, e por isso parecesse tão mal-humorado. Eu esperava que ele não passasse aqui com frequência, porque isso colocaria meu emprego em perigo. Talvez ele estivesse levando Clay embora para que pudesse contar a ele sobre a ordem de restrição. — Claro. Por que você não vai em frente? Eu já te alcanço, — Clay disse, o que fez Brenton franzir a testa. — Uh, eu acho que não. Estamos saindo daqui juntos. Não vou deixar você aqui, — afirmou Brenton, me surpreendendo com suas palavras. Eu não conseguia acreditar que ele realmente se importava com outra pessoa além de si mesmo. Foi um choque, um grande choque. — E porque não?, — Clayton perguntou. — Sem ofensa, Sra. Hampton, mas este lugar é meio claustrofóbico, — Brenton comentou, desfazendo um botão de sua camisa. Isso era para ser um insulto dirigido a mim? Ou eu estaria ousando demais ao supor isso? E se ele estivesse tentando me insultar? A Sra. Hampton se levantou e deu um tapa na nuca de Brenton, o que fez meu queixo cair em choque. Como ela pôde fazer isso? Brenton tinha muito mais poder do que ela; ele poderia fechar este restaurante com um telefonema. — Pode dizer o que quiser; Não vou aumentar este restaurante! — ela afirmou, o que deixou Brenton emburrado como um menino de escola. — Vamos! Venho lhe sugerindo nos últimos três anos que você compre o lugar ao lado do seu. Este restaurante vai ganhar muito dinheiro se você simplesmente expandi-lo, — argumentou. — Eu não me importo quanto dinheiro isso faz. Eu gosto do restaurante do jeito que é, — a Sra. Hampton respondeu com uma expressão teimosa em seu rosto adorável. — Mas você está desperdiçando potencial, — protestou. — Não se trata de potencial, Brenton. Este restaurante nasceu do amor, e quero que continue assim. Este restaurante não é um investimento, é um sentimento. Ela segurou seu rosto e sorriu para ele como se ele fosse um garotinho. — Você não vai entender até que esteja apaixonado. — Nesse caso, ele nunca vai entender, — Clay murmurou, o que lhe rendeu um soco de Brenton. — Isso não é verdade, — ele retrucou, fazendo Clay rir em voz alta. — Sim, veremos quando você estiver sentado em um pub sozinho, vendo os casais passarem por você, — disse Clay. — Vou me apaixonar quando a pessoa certa aparecer, — disse Brenton. Eu tive que me conter para não rir quando vi suas bochechas ficando levemente rosadas. Eu não conseguia acreditar que um homem como Brenton Maslow pudesse se envergonhar de alguma coisa. — Se você está esperando um alienígena pousar na terra, então irmão, você terá que esperar muito tempo. Clay riu e se esquivou de um soco que Brenton lhe deu, o que fez a Sra. Hampton explodir em gargalhadas. — Eu acho que vocês dois deveriam ir antes que se atrasem para sua reunião, — a ela os lembrou. — Claro, mãe. Nos vemos daqui a algumas horas. Inclinando-se para frente, Clayton beijou a bochecha de sua mãe antes de lançar um lindo sorriso para mim, e então deixou o restaurante. — Eu a verei em breve, Sra. Hampton. Cuide-se e me ligue se precisar de alguma coisa, — disse Brenton. — Eu vou, não se preocupe, — ela respondeu. Prendi a respiração quando Brenton passou por mim sem nem me olhar. Oh bom, talvez ele tenha se esquecido de mim. Isso significa que ele não vai me fazer perder o emprego? Mas, pouco antes de abrir a porta, ele virou a cabeça e fixou seus olhos nos meus, e as palavras que ele me transmitiu com aquele único olhar foram suficientes para aterrorizar todas as células do meu corpo. Para outros, pode parecer que ele está apenas olhando para mim, mas eu entendia o significado daquele olhar e fiquei sem saber o que fazer — Cecelia? Você está bem, querida?, — a Sra. Hampton perguntou muito depois de Brenton ter saído. — Sim, claro, — eu me virei para ela. — Você está olhando para a porta há um bom tempo, — ela comentou, o que me fez morder o lábio. — Ah, não, eu só estava pensando em algo. Não se preocupe, — eu a assegurei, — Seu filho é um homem maravilhoso. — Ele é, não é? Oro para que ele seja sempre feliz, e também para Brenton. Ele é como um filho para mim. Às vezes, esqueço que ele realmente não é, — disse ela com um sorriso suave. — Eles são amigos há muito tempo?, — perguntei, esperando ter um vislumbre da vida do homem que queria me matar. — Eles são amigos desde que aprenderam a andar. Eu costumava ser amiga da mãe de Brenton. Mas eu o criei como se fosse meu, já que Teresa tinha muitas coisas acontecendo com as outras três crianças. Então Brenton é como um filho para mim, independente de eu ter dado à luz ele ou não, — ela respondeu. — Isso é incrível, — eu comentei, sem saber o que mais dizer. Uma pessoa como Brenton ter um amigo e realmente sentir amor era algo que eu não entendia. Por que ele escolheu ser um monstro para os outros, quando era tão gentil com algumas pessoas? O que aconteceria com ele se escolhesse ser gentil com estranhos? — Rezo para que ele encontre logo uma mulher e se apaixone. Ele está perdendo muitas coisas, — ela me disse, o que me fez rir. — E que tipo de coisas ele está perdendo?, — eu quis saber. — O amor muda a gente, querida... De maneiras que nem esperamos. E acho que todos deveriam experimentar isso pelo menos uma vez na vida. — Assim que ela terminou de falar, a porta se abriu, sinalizando a chegada de alguns clientes na hora de eu parar de fazer perguntas e começar a trabalhar. Quem sabe - este pode ser meu último dia aqui. — Bem, é hora de fechar?, — perguntei à Sra. Hampton quando o último dos clientes saiu do restaurante. — Sim, acho que devemos fechar agora. — Sua resposta me fez caminhar até a porta e girar as fechaduras, então apaguei as luzes para que apenas a luz do balcão ficasse acesa. — Então o que você fará agora? Eu acho que você deveria comer alguma coisa, — eu sugeri, enquanto caminhava até ela. — Estou esperando o retorno de Clayton e Brenton. Vou jantar com eles, — ela respondeu. — Uh, Brenton está vindo também? Oh não, eu tenho que sair antes que ele apareça. Se ele me visse ainda de pé aqui, tentaria se livrar de mim contando tudo aos outros dois. Ele já tinha me lançado um olhar de advertência, e eu seria inteligente em tomar cuidado. Na melhor das hipóteses meu trabalho aqui era, no mínimo, frágil. — Claro, ele virá. Fiz sua comida favorita hoje, — disse ela. Isso significava que eu tinha que sair daqui agora. — Oh, tudo bem. Então acho que devo ir para casa. Se cuida, viu? Tenha uma boa noite, — eu disse, me preparando para sair. — Por que você não se junta a nós?, — ela perguntou, o que fez meu coração quase pular pela boca. — Não, não... É a sua família. Seu filho voltou depois de muito tempo e você deveria passar um tempo com ele, — respondi, esperando que ela não insistisse. — Tenho certeza de que ele não se importaria. E ele gosta de você, então você está convidada a jantar conosco. — Era difícil recusar a esta proposta ao ver seu sorriso gentil. Mas eu só tinha um emprego e precisava dele, então não podia arriscar ver Brenton novamente. Ele pode ter deixado passar uma vez, mas eu tinha certeza de que ele não faria isso de novo. — Ah não, eu realmente não deveria. Talvez outra hora. Seu filho voltou depois de muito tempo, tenho certeza de que você gostaria de passar algum tempo de qualidade com ele. Esse era o único argumento que eu tinha, e o usaria em meu máximo proveito. — Passar um tempo de qualidade com quem? — Eu enrijeci quando ouvi a voz de Clayton. Oh não, eles estão de volta; o que vou fazer agora? Eu não esperava que Brenton permanecesse quieto agora. Tinha certeza que ele contaria tudo à Sra. Hampton e que ela me despediria. Eu me virei, com uma ponta de esperança de que aquela voz não fosse dele, mas eu já deveria saber que minha sorte nunca funcionou, especialmente quando eu realmente precisava que funcionasse. Quando o vi parado ali, decidi enterrar minha sorte, porque ela estava praticamente morta. — Ah, bom, vocês dois finalmente estão aqui. Eu estava pedindo a Cecelia para ficar para o jantar, — a Sra. Hampton disse. Eu sabia que agora não sairia tão facilmente daqui. — Ah, isso é maravilhoso! O que você cozinhou? — Clayton perguntou, tirando o paletó e colocando-o em uma cadeira. — Todos os seus favoritos. — O sorriso em seu rosto poderia ter iluminado o céu noturno e encheu meu coração de emoções. — Obrigado, mãe. Amo você. — Clayton olhou para mim. — Cecelia? Por que você não se junta a nós? — Obrigada, mas eu realmente deveria ir, — eu respondi. — Ah, mas nós insistimos. Tenho certeza de que não vou comer toda a comida que mamãe cozinhou, porque ela cozinha muito..., — Clay comentou. — Eu entendo, mas realmente preciso ir para casa. Há algumas coisas que preciso fazer, — expliquei a eles, evitando olhar para Brenton. Por que ele ficou quieto quando estava parado a cinco metros de mim? — Você pode fazer essas coisas mais tarde. Seremos apenas nós quatro. Você não é mais uma estranha, apesar de termos acabado de nos conhecer. Mamãe já te conhece há alguns dias e você a ajudou muito, então acho que você deveria ficar para o jantar, — ele rebateu. Que tipo de chefe ele era? Como podia ser tão informal com uma funcionária? — Acho que agora está resolvido. Cecelia, você vai ficar para o jantar; todos nós insistimos. Vou ver se está tudo pronto! Clay, venha comigo. Sem esperar pela minha resposta, a Sra. Hampton e Clayton foram embora, deixando-me sozinha com Brenton. — Bem, bem... Parece que você ainda está aqui, — Brenton disse, enquanto dava alguns passos em minha direção. — Por que você está se aproximando de mim quando deveria ficar a 1.500 metros de distância?, — eu perguntei enquanto dava um passo para trás. — Eu não deveria ficar longe de você; você é quem deve ficar longe de mim. E só estou me aproximando porque quero te dar um aviso, foguete, — disse ele. — Avise-me, então. Eu não tenho medo de você! — rebati. — É exatamente sobre isso que preciso avisá-la, foguete, — ele parou a apenas a alguns centímetros de mim. — Tenha medo... Porque eu vou destruir você. Capítulo 9 Cece Sério? Me destruir? Ele realmente pensou que poderia fazer comigo o que eu planejava fazer com ele. Será que Brenton não tinha nada melhor para fazer da vida? Ele havia conseguido uma ordem de restrição contra mim, mas agora ele mesmo estava violando essa ordem, ao mesmo tempo em que me dizia que contaria às autoridades que quem agiu contra as regras fui eu.. Ainda por cima estava parado na minha frente, avisando que iria me destruir. Este homem precisava se ocupar com alguma outra coisa. Eu arqueei uma sobrancelha. — Desculpe? — Você tem um problema de audição agora, foguete? Deveria marcar uma consulta médica, ou é muito pobre para pagar?, — ele perguntou, num tom venenoso. — Pobre para pagar? Se você conseguir sair um pouco desse seu casulo rico, verá que este país tem serviços para - como você diz - pobres como eu, — respondi. Seus olhos se estreitaram. — Veja bem como fala comigo. — Não. Acho que não quero fazer isso, — eu disse a ele. — Como você ousa?, — ele perdeu se enfezou. — Me dê uma boa razão para eu fazer o que você diz? E, só para ficar claro, nenhum motivo que venha de você será um bom motivo, — respondi. — Você está terrivelmente tagarela hoje. Será que é porque está trabalhando para os Hamptons? Não acredite nem por um segundo que eles podem protegê-la. Tudo o que tenho que fazer é contar a verdade sobre você... E então você realmente não terá para onde ir, porque ninguém vai te contratar, — ele afirmou com arrogância. — Só estou dizendo como são as coisas. E não perca seu precioso tempo pensando que estou contando que os Hamptons me protegerão de você. Somos diferentes, Brenton. Eu não dependo de nada, nem de ninguém. Sou dona de mim. Eu dei um passo em direção a ele. — Vai! Vá em frente. Conte toda a história a eles; faça-me ser despedida. Isso não vai me mudar. Não vou chorar e implorar por misericórdia, se é isso que você pensa. — Você deveria ficar longe de mim, — ele murmurou, atirando seu olhar sobre mim como uma adaga. — Ah, eu sei disso. É exatamente isso que eu faço. E adivinhe? Eu realmente amo ficar longe de você, — eu sorri quando terminei de falar. Pela minha visão periférica pude ver Clayton caminhando até nós, e soube que logo eu e Brenton não estaríamos mais sozinhos. Seu olhar intimidador estremeceu ligeiramente, e eu sabia que havia atingido um ponto nevrálgico. — Mesmo? Quando você estava me perseguindo não era isso que parecia. — Isso porque eu queria justiça. Você me prejudicou e eu queria que você reparasse o que havia feito. No entanto, o fato é que essa ordem de restrição acabou sendo o maior presente que você poderia me dar: a sua ausência. Naquele momento, me senti orgulhosa de mim mesma. Finalmente disse a este bastardo rico que não me importava que ele estivesse vivo ou morto. E antes que ele pudesse responder, sorri para o homem que estava parado atrás dele. — Oi, Clayton. No mesmo instante, Brenton se virou e deparou-se com seu amigo parado com um sorriso no rosto. — Você está de volta..., — comentou ele, como se estivesse desapontado. — Eu vim buscar vocês. Vamos? Senão a comida vai esfriar, — disse Clayton. Dei um passo para o lado e me coloquei diante de Clayton. — Sim, finalmente. Estou faminta. Quando Clayton segurou minha mão, eu meio que congelei, mas não demonstrei. Queria que Brenton visse que, independente do que ele dizia sobre me fazer ser demitida, os Hamptons gostavam de mim e me ajudariam. Estava na hora dele entender que eu não era uma menina boba que se apaixonaria por um homem arrogante e cruel. Em vez disso, eu escolheria alguém que fosse gentil e doce comigo. — Espero que você goste de frango frito com macarrão e arroz, Cecelia, — Clayton disse quando começamos a caminhar em direção à parte de trás do restaurante. — Eu faço. Gosto de tudo o que é feito com amor, — respondi, sem me preocupar em ver se Brenton estava nos seguindo. Já que Brenton queria que eu ficasse longe dele, era exatamente isso que eu faria. Eu só o havia perseguido antes porque queria justiça para minha padaria. Mas agora eu sabia que homens como ele nunca consertavam seus erros. Continuar esperando essa atitude dele seria inútil, uma perda de tempo. Era melhor eu começar a construir para mim uma nova padaria. — Mesmo? Então você certamente vai adorar a comida da minha mãe. Tudo o que ela faz é por amor, — disse Clayton. — Eu definitivamente concordo com você nisso. Sua mãe faz tudo por amor, e isso é algo único no mundo de hoje, onde as pessoas estão sempre correndo atrás de dinheiro. Fazer as coisas por amor é algo verdadeiro e revigorante, — concordei, esperando que Brenton entendesse o que eu estava insultando. — Mamãe sempre ensinou a fazer as coisas com amor. Ela diz que quando se faz algo com amor, o trabalho duro e a determinação vêm automaticamente. Se Clayton continuar a ser legal comigo, terei muita dificuldade em ficar longe dele e manter um relacionamento profissional. — Tenho certeza de que você pode ver a prova das palavras de sua mãe em todos os lugares, — eu disse ao entrarmos no que parecia ser uma pequena sala de jantar. No centro da sala havia uma mesinha redonda com cinco cadeiras ao redor. A comida na mesa me deu água na boca, e me perguntei se seria capaz de comer sem parecer um animal faminto. — Finalmente, todos estão aqui! Agora, venham comer antes que a comida esfrie. Clayton, eu fiz sua massa favorita, e Brenton, eu sei o quanto você gosta de frango frito, — a Sra. Hampton disse enquanto puxava as cadeiras. — Sra. Hampton, você poderia ter me pedido para te ajudar, — eu disse enquanto ela nos conduzia aos nossos devidos lugares. Clayton se sentou ao meu lado e Brenton se colocou à esquerda do amigo, o que acabou fazendo com que sentasse de frente para mim. A Sra. Hampton se colocou entre Brenton e eu. — Bobagem, querida, eu tinha Clay para me ajudar a pôr a mesa. E você tem me ajudado desde de manhã, — ela comentou. Eu observava Clayton se servir de um pouco da massa, que parecia estar deliciosa. — Esse é o meu trabalho, — argumentei, embora achasse fofo que ela se importasse tanto. — Trabalho ou não, você deve estar cansada, — afirmou ela, o que foi uma dica suficiente para eu que eu parasse de argumentar. — Cecelia, experimente um pouco deste macarrão. Mamãe faz as melhores massas do mundo! — Sem esperar pela minha resposta, Clayton começou a colocar macarrão no meu prato. Embora eu pudesse ter me sentido desconfortável por alguém estar fazendo por mim algo que eu poderia fazer sozinha, no fundo achei fofo. Ainda mais vindo de alguém que era amigo de um esnobe como Brenton. — Brenton? Querido, está tudo bem com você?, — Clayton e eu voltamos nosso olhar para Brenton, que nos encarava duramente. O que havia de errado com ele? Por que estava com raiva? Talvez ele estivesse preocupado que Clayton me desse todo o macarrão e que não sobrasse nada para ele. — Sim, Sra. Hampton, está tudo bem. Porque haveria algo de errado comigo?, — ele sorriu para ela. Embora eu não o conhecesse muito bem, pude perceber que aquele sorriso era forçado. Brenton não tinha motivos para estar zangado, pois parecia estar bem há poucos minutos atrás. — Escuta, eu posso entender por que você hesitaria em falar sobre o que está te incomodando agora, mas você terá que me dizer mais tarde, está claro? Sem discussões sobre isso. Meus olhos se arregalaram quando vi a Sra. Hampton ordenando Brenton assim. Será que eu me acostumaria a vê-la tratando-o desse jeito? Isso não era normal para mim. Sempre o considerei alguém que pensava que todos eram seus escravos. Ver alguém o repreendendo foi uma grande surpresa. — Eu direi a você mais tarde, — Brenton respondeu, exalando notoriamente. Como ele pretendia me destruir se não conseguia nem se controlar na minha frente? Quanto mais tempo eu passava nesta mesa de jantar, mais percebia que ele não era alguém para se temer. — Bom. Agora comecem a comer, todos vocês, — a Sra. Hampton nos ordenou com um sorriso. — OK. — Sem perder um segundo, Clayton comeu seu macarrão, o que me deu uma deixa para começar a comer também. Quando a garfada de macarrão com frango entrou na minha boca meus olhos se fecharam ao mesmo tempo que os sabores explodiram em meu paladar como fogos de artifício. Esta comida era celestial, e eu não podia acreditar que um humano a tivesse preparado. A Sra. Hampton era nada menos que um anjo quando se tratava de cozinhar. — Sra. Hampton, isso é delicioso, — elogiei, enquanto continuava a comer mais macarrão. Se eu pudesse comer assim todos os dias, seria uma mulher feliz. — Mesmo? Fico feliz que você pense assim, Cecelia. Por favor, não seja tímida; coma o quanto quiser. Fiz uma quantidade farta, já que Clayton come muito, — disse ela. — Mãe! Não diga isso a Cecelia. — Eu suprimi uma risadinha com seu comentário. Clayton parecia adorável quando ficava envergonhado, e percebi que ele estava evitando me olhar. — Por que? Está com medo que a verdade seja revelada?, — Brenton zombou, o que me deixou com raiva. Não queria que ele insultasse o homem que estava me tratando com bondade e respeito. — E daí se a verdade vier à tona? Isso faz parte de quem você é. Você não precisa ter vergonha. É só comida, — eu disse, certificando-me de encarar o homem que parecia querer quebrar meu pescoço. — E se a verdade vier à tona? Às vezes, a verdade destrói você da pior maneira, — respondeu Brenton. Ele poderia lançar todos os tipos de comentários para mim, mas eu não reagiria. Nunca daria a ele essa satisfação. Eu deveria ficar a 1.500 metros de distância dele, e era exatamente isso que eu faria. — Então, Cecelia, conte-nos sobre seus interesses, — Clayton disse após o silêncio que se seguiu às palavras de Brenton. — Eu sou uma mulher muito simples e tenho interesses simples, — respondi. Se Clayton não fosse meu chefe, eu teria ficado feliz em torná-lo meu namorado. Ele parecia realmente interessado em me conhecer melhor. — Diga-nos. Tenho certeza que todos nós queremos saber, — disse ele com o seu sorriso usual. Eu ri suavemente. — Não, eles não são tão interessantes assim... As pessoas não precisam saber... — Bem, nós queremos saber. Não nos deixe no escuro, conte logo, — ele persistiu. — A minha maior paixão é assar bolos e tortas. Quando tenho tempo livre também gosto de fazer palavras cruzadas, — disse a ele. — Uau! Se você é tão apaixonada por panificação e confeitaria, por que não abrir uma padaria?, — ele quis saber. Aquela menção à padaria fez com que tudo viesse à tona de uma só vez, como se uma barragem tivesse se rompido. A quem eu estava enganando? Eu não havia superado o que Brenton tinha feito comigo. E eu sabia que não ficaria bem até que ele pagasse o preço por ter destruído tudo aquilo por o que trabalhei tanto. Ele me disse para ficar longe dele, mas como eu o faria pagar por tudo que havia feito se eu o deixasse escapar? — Uh... Estou pensando em abrir uma assim que tiver dinheiro suficiente, — respondi, sem me preocupar em olhar para o outro homem sentado à mesa de jantar. — Se você precisa de um investidor, Cecelia, basta pedir. Tenho uma multinacional, então eu poderia investir se você quiser, — Clayton ofereceu. Embora eu apreciasse sua oferta, teria que recusá-la porque eu acreditava no trabalho árduo. — Clay, não se esqueça do negócio que acabamos de fechar com a empresa alemã, — interrompeu Brenton. — Então? O que isso tem a ver com alguma coisa?, — Clay perguntou. — Estou apenas te lembrando, para você não perder o foco com coisas menos... importantes. Desta vez, Brenton olhou para mim, e eu juro que queria dar um tapa forte em seu rosto, assim como fizera na casa de sua família. — Como investir em uma pequena padaria me faria perder o foco? Financiamos muitos pequenos negócios, então mais um não deve doer, certo?, — Clayton comentou. — Oh, não faria mal, — respondeu ele, enquanto colocava uma garfada de arroz na boca. — Mas você precisa ter em mente quais negócios são válidos e quais não... — Cecelia é uma mulher trabalhadora e tenho certeza de que investir em sua padaria seria uma decisão sábia, — declarou Clayton, e juro que queria abraçá-lo naquele momento. — Então, Cecelia, você gostaria de um investidor? Eu sorri para ele porque realmente apreciei sua bondade. — Obrigado pela oferta, Clayton. Significa muito para mim. Mas terei de recusar porque tenho alguns princípios em minha vida e acredito seriamente no trabalho árduo. No passado, isso nunca me falhou, e eu sei que não me falhará também no futuro. Obrigado pela oferta, mas continuarei trabalhando até ganhar dinheiro suficiente para abrir minha própria padaria. Ter um investidor não vai me dar a mesma satisfação. Um silêncio se seguiu às minhas palavras, e me perguntei se eu teria ferido seus sentimentos. Porém me surpreendi ao ver a Sra. Hampton me olhando com uma emoção estranha em seus olhos. No que ela estaria pensando? Será que ela me achava ingrata? Eu apenas tinha princípios fortes na vida; o que havia de tão errado nisso? — Clay, querido? Você está pensando o que eu estou pensando?, — ela perguntou ao filho, que sorriu para ela e acenou com a cabeça. Eu olhei para os dois, tentando descobrir o que se passava em suas mentes. — Cecelia, — Clayton disse, — você tem um emprego permanente neste restaurante agora. Você foi promovida ao cargo de gerente e não precisa mais se preocupar em perder o emprego porque minha mãe e eu jamais vamos te demitir Suas palavras me atingiram como flechas que eu não sabia da onde vinham. — Inde... independente de qualquer coisa?, — perguntei de novo, só para ter certeza. Clayton balançou a cabeça. — Independente de qualquer coisa. Você é uma funcionária permanente e valiosa deste restaurante agora. Depois de ouvir as palavras de Clayton, só havia uma coisa a fazer, e foi exatamente o que eu fiz. Olhei Brenton nos olhos... E sorri. Capítulo 10 Cece Sua fúria teria sido forte o suficiente para me queimar viva. Percebi isso quando me despedi dos Hamptons e saí do restaurante. Eu sabia que Brenton estava me seguindo, mas não poderia me importar menos. Eu tinha, a partir de agora, um emprego permanente no restaurante como gerente, e não havia nada que Brenton Maslow pudesse fazer a respeito disso. Seus planos de me destruir haviam ido pelo ralo, e eu não pude deixar de querer comemorar. Abrindo a porta dos fundos do restaurante, fui recebida por um sopro de vento frio que teria me feito tremer e bater os dentes se eu não estivesse usando dois suéteres e um paletó. — Pare aí, — Brenton ordenou em uma voz afiada, mas eu não queria ouvi-lo. Ele não era ninguém para me dar ordens, e já era hora de ele perceber isso. — Você entrou com uma ordem de restrição contra mim, Brenton. Por favor, deixe-me honrar as condições estabelecidas no documento que me foi dado pela polícia, e permita-me ficar a 150 metros de você. Eu nem me preocupei em me virar para olhar para ele enquanto dizia tudo isso. Não havia necessidade. — Quando eu digo 'pare de andar', significa que você precisa parar de andar. E você não tem a decência básica de olhar um homem nos olhos quando está falando com ele? Ele parecia irritado, o que era bom, já que satisfação e superioridade não eram sentimentos que eu queria que ele sentisse quando estava perto de mim. — Quando eu estiver diante de um homem de verdade e falar com ele, irei olhá-lo nos olhos, — eu disse quando avistei minha scooter no canto. Antes que eu pudesse alcançar minha scooter, Brenton agarrou meu braço e me empurrou contra a parede. Oh meu Deus, como ele ousa me tratar assim? Reunindo toda a força que pude, puxei meu braço de seu alcance. — Não se atreva a me tocar, — eu rosnei, olhando para ele. Eu juro que se a rua não estivesse deserta, eu teria gritado por ajuda para que alguém pudesse repreender esse homem por ter assediado uma mulher, mas não havia ninguém à vista. — Oh? O que você vai fazer se eu te tocar?, — Brenton perguntou, dando um passo mais perto de mim. — Você vai se arrepender da pior maneira possível, Brenton, e isso não é uma ameaça vazia. Não sou uma de suas garotas baratas, que você pode maltratar quando quiser. Você me disse para ficar longe de você, então tenha a cortesia de ficar longe de mim também. Tenho uma boa vida e não preciso que você a estrague para mim: você já estragou muita coisa até agora Com um último olhar feroz, dei um passo para o lado e me afastei, sem me preocupar em olhar para ele. Quando alcancei minha scooter, subi e coloquei meu capacete. Embora pudesse sentir os olhos de Brenton em mim, o ignorei e liguei a scooter. Estava ficando tarde e eu estava feliz por não haver tráfego, então lentamente dei ré, saindo do estacionamento do restaurante. Acelerei e fui embora, deixando Brenton para trás. Eu tinha um emprego permanente. Isso era suficiente no momento. Os próximos dias foram pacíficos e interessantes. Não havia sinal de Brenton, e meu novo emprego parecia estar começando bem. A Sra. Hampton foi gentil como sempre, e fiquei surpresa com o comportamento de Clayton, pois ele sempre agia como um cavalheiro. Ele era gentil e respeitoso, o que contrastava completamente com Brenton. Todos os dias ele vinha ao restaurante e ficava conversando comigo. Era o homem mais doce que já havia conhecido. Estava ficando cada vez mais difícil para mim manter esse relacionamento num nível apenas profissional. Quer dizer, como ele poderia saber que eu gostava de homens assim, gentis e respeitosos com sua mulher? — Bom Dia! Como você está?, — Clayton perguntou com um sorriso ao entrar no restaurante. Hoje ele estava vestindo um terno azul marinho e seu cabelo estava penteado perfeitamente. Forcei meu sorriso a ser neutro e tentei não agir como se fosse uma colegial. — Bom dia. Estou bem, muito obrigada, e você? Clayton algum dia me levaria para um encontro? Ou ser gentil com todos fazia parte de sua natureza? Não havia como eu saber, pois tinha acabado de conhecê-lo, mas esperava que com o tempo eu descobrisse. — Tudo bem também. Escute, gostaria que você reservasse uma mesa para mim e meu amigo às duas da tarde. Precisamos discutir algo, — disse ele. — Tudo bem. Uma mesa para dois?, — perguntei enquanto esperava para digitar as informações no computador. Clayton acenou com a cabeça. — Sim. Brenton e eu precisamos resolver algumas coisas. — Minha respiração engatou quando escutei seu nome. Eu não o via há dois dias e agora teria que encará-lo novamente. Por que não consigo me afastar dele? — Brenton? Ele é seu amigo que está vindo? — Essa era uma pergunta ridícula, mas queria ter certeza de que havia ouvido direito. Ele acenou com a cabeça mais uma vez. — Sim. — Clayton fez uma pausa, verificando algo em seu telefone celular. — E, por falar nisso, você deve colocar a placa de 'Procura-se Ajuda' na janela também. Meu coração gaguejou. Do que ele está falando? Ele mesmo disse que meu trabalho aqui é permanente, então por que ele quer que eu coloque aquela placa de novo? Ele vai me despedir? Brenton finalmente falou com ele e o convenceu a me despedir? — Se você não se importa que eu pergunte, por que você quer que eu coloque a placa de 'Procura-se Ajuda' na janela? — Eu estava quase com muito medo de saber a resposta. — Porque precisamos de alguns garçons. Você é a gerente agora, então seu trabalho não é mais servir as mesas, — ele respondeu, e eu juro que meus pulmões murcharam como um par de balões enquanto o medo e o estresse se expeliam para fora. — Ah, entendi. Mas eu conseguiria tranquilamente servir as mesas e administrar o resto das coisas ao mesmo tempo. A Sra. Hampton havia sido muito gentil em me dar este trabalho, e Clayton também me mostrou sua generosidade tornando-o permanente para mim. Então eu faria tudo o que pudesse para tornar este restaurante um sucesso estrondoso e não dar a eles qualquer motivo para se decepcionar. Mesmo se eu tivesse que fazer tudo sozinha, eu faria. — Pode ser, mas agora essa já não é mais sua responsabilidade. Então coloque a placa, certo? Precisamos de mais ajuda por aqui, — Clayton respondeu. Eu balancei a cabeça com um sorriso. — Certo. Vou fazer isso. E sua mesa foi reservada para dois. — Excelente. Tenho que ir agora. Nos vemos às duas. — Ele sorriu enquanto se virava para sair. — Tenha um bom dia. — Você também, — eu disse enquanto o observava se afastar. Meu sorriso morreu depois que ele saiu do restaurante, pois uma nova preocupação se instalou em minha cabeça. Brenton Maslow. Eu só esperava que ele tivesse aprendido uma ou duas coisas sobre respeito, porque eu nem mesmo olharia para ele caso ele não tivesse. O dia passou rápido com minhas tarefas. Tentei ao máximo me certificar que os clientes estavam felizes. Ver o sorriso de satisfação em seus rostos fazia meu trabalho árduo valer a pena. A Sra. Hampton deu uma olhada no restaurante duas vezes e me perguntou se eu estava bem ou se precisava fazer uma pausa. Naquele momento esta não era uma opção, pois haviam muitos clientes ali. Então eu disse a ela que comeria mais tarde, quando tudo estivesse mais calmo. Embora a Sra. Hampton tivesse sugerido que ela poderia lidar com os clientes por mim, eu educadamente neguei sua proposta porque, como gerente, era meu trabalho garantir que tudo corresse bem. Como eles haviam sido gentis o suficiente para me dar uma promoção, eu faria questão de que eles não se arrependessem dessa decisão. Eu estava tão ocupada com tudo no restaurante que perdi a noção do tempo, e foi só quando vi Clayton entrar no com Brenton que me lembrei de sua reserva. Ótimo, agora vou colocar um sorriso falso e cumprimentar Brenton. — Boa tarde, sua mesa está pronta, — eu disse a Clayton assim que ele se aproximou. Sem olhar para Brenton, deixei o balcão e os levei para a mesa com os cardápios em minhas mãos. — Espero que vocês estejam confortáveis com o local. Caso contrário, posso arranjar outra mesa para os senhores. Quase engasguei ao usar essa palavra, porque Brenton não estava nem perto de ser um cavalheiro. — Está tudo bem. Obrigado, Cecelia, — Clayton disse enquanto eu colocava os cardápios diante deles. Ignorar Brenton era divertido e relaxante. Eu deveria ter feito isso com mais frequência, em vez de me preocupar com a ideia de ele aparecer em minha vida repetidamente. Se eu continuasse a reagir cada vez que ele estivesse perto de mim, estaria me fazendo mal, pois estaria desperdiçando minha energia com alguém que não merecia. Deixando os homens decidirem sobre o seu almoço, voltei ao balcão para poder respirar. Eu estava com fome, mas poderia evitar a fome até que Clayton e Brenton fossem embora. Uma vez no meu lugar, dei uma olhada ao redor do restaurante, verificando se as pessoas estavam comendo e se sentindo satisfeitas. No entanto, não conseguia evitar de voltar meus olhos para a mesa onde Clayton estava sentado com Brenton. Por que eu estava olhando para aquela mesa? Havia apenas um homem que tinha se comportado bem comigo, e ele estava ocupado discutindo Deus sabe o que com seu amigo que me odiava profundamente. Brenton estava vestindo um terno cinza ligeiramente prateado, e seu cabelo parecia ter sido ligeiramente despenteado por seus dedos, mas ele estava bonito mesmo assim. Capturei os olhos de Clayton quando ele olhou para mim com um sorriso no rosto e me chamou para ir até sua mesa com um leve aceno de cabeça. Tomando isso como minha deixa, fui até eles com o tablet na mão, pronta para anotar seus pedidos. — Senhores, vocês estão prontos para fazer o pedido? — Essa foi uma pergunta retórica, mas os dois acenaram com a cabeça de qualquer maneira, Brenton sem olhar para mim. Assim que recebi os pedidos, corri para a cozinha e os passei pro chef. Era estranho porque eu não fazia ideia de quem era o chef. Quer dizer, eu o tinha visto bem rapidamente, já que ele nunca saía da cozinha, mas nunca o encontrava entrando ou saindo do restaurante. Ele não falava, não interagia com ninguém, apenas focava em seu trabalho. A Sra. Hampton uma vez me disse que seu nome era Chester e que ele tinha cabelo preto curto, encaracolado e olhos castanhos quentes que estavam sempre focados na grelha. Ele para deixar todos os clientes felizes. Embora não o conhecesse, sentia certa admiração por ele, porque ele era o motivo pelo qual tantas pessoas vinham comer aqui. Pensar em Chester me fez esquecer o fato de que haviam outras pessoas presentes dentro do restaurante, até que uma delas se aproximou e postou-se bem na minha frente. Poderia ter sido a velha senhora que estava sentada com sua neta na mesa do canto, ou o homem sentado com sua esposa na frente do salão, mas não. Era ninguém menos que Brenton Maslow. — Eu posso te ajudar com alguma coisa?, — perguntei a ele, fazendo o meu melhor para ser educada. — O que você está fazendo?, — Brenton indagou, olhando para todos os lugares, menos para mim. Eu franzi a testa, intrigada com seu comportamento. Por que ele estava agindo dessa maneira? Onde estava o babaca presunçoso e arrogante que havia demolido minha padaria e obtido uma ordem de restrição contra mim? E por que ele estava perguntando sobre o que eu estava fazendo, já que ele sabia claramente a resposta? — Eu... estou trabalhando... Por que pareço tão insegura? Talvez eu ainda estivesse surpresa com seu comportamento. — O que mais você faz? O que havia de errado com ele? Por que esse interesse repentino pela minha vida? — Evito você. Isso é o que eu faço, além de trabalhar aqui, — respondi com um sorriso azedo. Eu não tinha certeza se essa era a maneira de Brenton ser legal comigo, mas não o deixaria tirar vantagem da minha bondade. — Por causa da ordem de restrição? — Ele não me olhou diretamente nos olhos como fez alguns dias antes, quando tentou agarrar meu braço e me manter no lugar. O que mudou nele? Quem era esse homem que estava parado na minha frente? — Onde está o Sr. Clayton?, — perguntei a ele ao invés de responder sua pergunta. — Ele queria falar um pouco com a mãe. Estará de volta em breve. Por que você está perguntando sobre ele? Desta vez, sua voz estava cortante, como se ele não gostasse do fato de eu ter perguntado sobre seu amigo. — Porque você está falando comigo em vez de discutir coisas com seu amigo. E Clayton é meu chefe — É 'Sr. Hampton' para você, foguete. — Suas palavras foram como o estalo de um chicote na minha pele. Então ele estava de volta aos seus sentidos, finalmente! — Você é funcionária dele ou esqueceu-se disso só porque foi promovida? Meus olhos se estreitaram quando a fúria arranhou minha garganta, ansiosa para atacá-lo. — Você não pode me dizer como me comportar ou me dirigir ao meu empregador. Usei seu nome e já fiz isso antes, ao falar com ele. Clayton não tem nenhum problema com isso. Então, por que você não volta para a sua mesa e espera pelo seu amigo? Tenho outras pessoas com quem me preocupar. — Oh, sério?, — ele arqueou uma sobrancelha, — Você ousaria se afastar de um cliente? — O que você está falando? Porque será que ele parecia estar prestes a me atacar de alguma forma? Foi então que Clayton se aproximou, colocando-se ao lado de Brenton. — O que está acontecendo aqui? — Sua gerente se recusa a me ouvir, Clay. É esse o tipo de funcionário que você contrata e promove? Os que não sabem como tratar um cliente? Brenton me olhou e sorriu. A realização me atingiu como vidro no chão, quebrando minhas esperanças e confiança. Agora eu sabia o que Brenton estava tentando fazer. Ele não ia deixar isso passar. Ele não desistiria. Ele se certificaria de que eu fosse demitida. Capítulo 11 Cece — I-Isso não é verdade..., — eu expliquei a Clayton, que estava olhando para Brenton e eu. Ele não poderia acreditar mais nele do que em mim, não podia fazer isso! Trabalhei muito para garantir que os clientes ficassem satisfeitos, e Clayton sabia disso. Ele não podia simplesmente acreditar em Brenton. — Não é? Estou falando com você e você está me dizendo para voltar e esperar meu amigo. Se isso não é rude, então me diga, foguete, o que é? Brenton sorriu enquanto eu lhe lancei um olhar furioso. Ele não arruinaria meu trabalho novamente. Eu não o deixaria. Ele já tinha destruído minha vida o suficiente. Agora eu não tinha nada a dizer para me defender, porque ele tinha razão, eu havia falado aquilo. E eu queria me punir por ter dado uma munição ao inimigo que, mais tarde, poderia ser usada para destruir minha vida. Eu não deveria ter sido tão descuidada e estúpida em relação a Brenton. Só porque Clayton confiava em meu trabalho não significava que Brenton recuaria. — Cecelia? Você realmente disse tudo isso para um cliente? Para uma pessoa que é um amigo querido para mim? A mudança na voz de Clayton era evidente, e eu sabia que esse era o tipo de problema que eu definitivamente não estava procurando. — O silêncio dela nos diz tudo, não é, Clay? — A vitória brilhou nos olhos de Brenton enquanto a fúria nublava os de seu amigo. Oh não, ele vai me despedir. Quem no mundo me contrataria se eu perdesse este emprego? Eu mal tinha começado a economizar dinheiro para a padaria e estava prestes a ser demitida. Meu Deus, para onde eu iria? — Brenton? Por que você não vai e espera por mim enquanto eu converso com ela? — Esta era mais uma ordem do que um pedido, e Brenton ficou mais do que feliz em atender. Ele tinha conseguido o que queria. A forma como ele sorriu para mim antes de ir embora me fez entender que ele estava comemorando em sua mente. — Cecelia? Você se importa de me explicar o que aconteceu? — Clayton se virou para mim quando seu amigo finalmente já estava fora do alcance de sua voz. Olhei para o chão enquanto tentava encontrar uma explicação razoável. — Eu-eu-eu não quis dizer p-para... — Então por que você fez isso? — Ele deu um passo mais perto de mim. Como eu poderia dizer a ele o que estava acontecendo entre Brenton e eu? Se eu contasse a ele, ele me despediria porque saberia da ordem de restrição. — Sr. Hampton..., — comecei a dizer, mas ele ergueu a mão indicando para eu ficar quieta. Oh não, isso é ruim. Eu precisava pensar sobre onde eu iria em seguida, antes que ele me despedisse. — Não se preocupe. Você nunca, jamais, falará com um cliente dessa maneira novamente, você entende? Posso ter dito que seu trabalho aqui é permanente, mas não pense que você pode tirar vantagem de sua posição e ser rude com os clientes, — ele advertiu num tom gelado. Mordi meu lábio e balancei a cabeça, sem palavras para me defender. — Sim. Eu entendo. — Agora vá se desculpar com o Sr. Maslow e certifique-se de não cometer o mesmo erro novamente. — O pedido de Clayton caiu em meu estômago como um peso de chumbo caindo. Pedir desculpas? Ao Brenton? Ele estava falando sério? Como ele podia esperar que eu me desculpasse com o homem que deveria se desculpar comigo? Se eu pedisse desculpas a Brenton, ele consideraria isso uma grande vitória e esfregaria isso na minha cara pelo resto da minha vida. E era eu quem deveria ter esfregado a vitória em seu rosto. Isso não era justo! No entanto, a ordem de Clayton era definitiva e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito disso se quisesse manter meu emprego e o pouco de respeito que meu chefe tinha por mim. Eu certamente precisava desse trabalho, independente do quanto eu tentasse me convencer de que ficaria bem sem ele. — Sim, Sr. Hampton. Farei isso imediatamente. Embora eu quisesse responder o contrário e dizer a ele para mandar suas ordens para onde Judas perdeu as botas, engoli meu orgulho - o que era difícil - e me desloquei até a mesa onde Brenton estava sentado. Seus olhos me seguiram enquanto eu caminhava em direção a ele, um tipo estranho de cautela nadando em suas íris atraentes. Eu pediria desculpas a ele, pois não tinha escolha, mas se Brenton acreditasse no que eu estava prestes a dizer, então ele era ainda mais idiota do que eu pensava. Porque eu, de fato, não tinha a menor vontade de dizer as palavras que estava prestes a proferir. — Sr. Maslow. — Seu nome teve um gosto de remédio amargo quando saiu da minha boca. Eu não podia acreditar que finalmente teria que ser respeitosa com ele. Assim que eu terminasse, iria ao banheiro para lavar a boca com água sanitária. Brenton arqueou uma sobrancelha elegante. — Então, você finalmente aprendeu a falar com as pessoas? Eu juro por Deus... Se Clayton não fosse meu chefe e eu não trabalhasse para voltar a ter minha padaria, teria esbofeteado seu rosto com força suficiente para quebrá-lo. Mas como eu mesma havia causado isso, não tive outra escolha a não ser engolir. Ignorando essa ironia, me concentrei em fazer as palavras saírem corretamente. — Lamento muito a forma como falei com você. Foi errado da minha parte fazer isso. Por favor, aceite minhas desculpas. Prometo que isso nunca vai acontecer novamente. Meus olhos seguiram Brenton quando ele se levantou. Eu podia sentir Clayton parado atrás de mim, então não podia liberar minha fúria sobre esse idiota que me causou tantos danos. O que ele vai fazer agora? Quando é que esse sofrimento vai terminar? — Você está certa, foi errado você falar comigo dessa maneira. Quanto a aceitar seu pedido de desculpas, não acho que apenas algumas palavras resolverão o problema. Eu queria que o chão se abrisse e o engolisse. Ele sentia emoção em tomar minha vida miserável? — Então o que você acha que será o suficiente, Brent?, — Clayton perguntou, quase me fazendo pular. Por que ele tem que ficar do lado dele? Ele deveria ficar do meu lado, Já que trabalho duro para ele e ele estava sendo legal comigo. Sim, e você se aproveitou da bondade dele, e agora ele te odeia. Bom trabalho! Minha própria mente parecia estar contra mim. Eu estava realmente sozinha. Revirando os olhos para chutar meu eu dramático para o fundo da minha mente, me concentrei no que Brenton tinha a dizer. Quanto menos poder eu queria dar a ele sobre mim, mais ele parecia ter. — Eu não sei, Clay. Isso é você quem decide, já que ela é sua funcionária, — disse ele. — Mas ela se comportou mal com você. — Clayton fez uma pausa. — O que você teria feito se ela fosse sua funcionária? Oh meu Deus, eles estão falando como se eu não estivesse aqui. Eu podia ver o interesse que de repente pintou as feições de Brenton. Oh não, isso não é bom. O que quer que ele estivesse pensando nunca era bom. Ainda mais sendo sobre mim: definitivamente estaria no lado extremo do mal. — Se ela estivesse sob meu emprego, eu a faria trabalhar até que ela estivesse tão cansada que não conseguia nem ficar em pé. Isso iria mostrar a ela como se comportar com os clientes, isso a faria perceber que uma funcionária nunca pode agir com soberba quando se trata de clientes, — afirmou ele, seu olhar frio me congelando. Eu tinha grandes esperanças em relação a Clayton. Esperanças de que ele fosse um homem honesto e justo, e que soubesse respeitar as pessoas e ser bondoso com elas. Esperança de que um dia, quando eu estivesse desempregada, nós namorássemos porque eu gostava dele o suficiente para namorar com ele. Mas depois de ouvir Brenton e Clayton refletindo sobre suas sugestões, minhas esperanças despencaram. — Mas ela já está fazendo a maior parte do trabalho aqui. O que mais posso obrigá-la a fazer? — Se ele não estivesse atrás de mim, teria olhado para ele como alguém que acabara de ser traída. Isso não é Justo. Talvez seja hora de eu ter uma conversa com os Maslow s sobre seu filho mimado. Você é forte o suficiente para lidar com isso sozinha. Você não precisa depender das pessoas que criaram esse idiota. Ah, certo! O que eu estava pensando?! Eu não precisava da ajuda deles. Eu estava em guerra com Brenton desde que ele demoliu minha padaria; por que diabos eu procuraria a ajuda de outra pessoa quando eu poderia lutar contra ele sozinha? Não, não, eu posso fazer isso. Esta era uma guerra e eu tinha toda a intenção de vencer, mesmo que Clayton fizesse o que Brenton sugeriu e me obrigasse a trabalhar até minhas costas quebrarem. — Talvez um segundo emprego ajude. — Brenton inclinou a cabeça para a direita enquanto me examinava. — Um segundo emprego? — Clayton parecia confuso, mas eu sabia que havia algo cozinhando na mente do diabo. — Sim. Talvez você possa fazê-la trabalhar para nós. No escritório? Ele colocou isso como uma pergunta, mas eu sabia que ele queria que Clayton fizesse exatamente isso... O que me soou extremamente estranho, pois deste modo ele mesmo estaria indo contra a ordem de restrição que havia estabelecido para mim. Por que ele fez suas próprias regras apenas para quebrá-las? — Por que? E quando ela vai fazer isso? — Clayton perguntou. A essa altura, eu já estava farta desses dois falando sobre mim como se eu fosse uma criança invisível ou burra demais para entender a conversa. Eu não conseguia lidar com isso: definitivamente não aguentaria. — Com licença? Sr. Hampton?, — eu me virei para encará-lo, com total intenção de ignorar Brenton. — Se há algo que você tem a dizer para mim, agradeceria se falasse diretamente comigo, ao invés de fingir que não estou aqui. Se ele me despedisse depois disso, eu estava pronta para aceitar, mas não permitiria que esses dois homens me desrespeitassem dessa forma. Os olhos de Clayton se arregalaram enquanto ele me olhava, mas depois de alguns segundos, ele pareceu se recompor. — Claro. Mas estou apenas discutindo as demandas de um cliente. — Você pode discutir isso quando eu não estiver aqui. — Nesse momento, o casal sentado na esquina sinalizou para que eu me aproximasse. — Como agora mesmo. Com um sorriso gelado para meu chefe, caminhei até as pessoas que realmente queriam falar comigo. Não me preocupei em falar com Clayton e Brenton durante o resto do meu turno. Foi estranho porque esses dois homens teimosos nem sequer saíram do restaurante. Eu podia entender porque Clayton tinha ficado, uma vez que ele era o proprietário, mas qual desculpa Brenton tinha? Quando chegou a hora de fechar o restaurante, não pude evitar sentir um peso no meu coração enquanto me aproximava cada vez mais da demissão de Clayton. Eu voltaria para o meu apartamento e começaria a fazer as malas, porque precisaria sair da cidade pela manhã para chegar a um novo lugar - que Deus sabe o que seria - para procurar trabalho. Eu sentiria falta da Sra. Hampton e até mesmo de Clayton que, no final das contas, era um bom chefe à exceção de quando estava sendo influenciado por seu amigo. Não fiquei feliz ao ver os últimos clientes indo embora. Queria trancar as portas do restaurante e não deixar que meu turno acabasse, mas no fundo isso não seria bom para mim. Eu não tinha escolha, era inevitável. — Cecelia? Venha aqui, precisamos conversar. — Clayton ordenou. Respirei fundo antes de caminhar em direção ao homem que decidiria meu destino. Sentei-me em frente a ele, odiando o fato de que Brenton ainda estava aqui. Sobre o que esses dois conversaram enquanto eu estava ocupada lidando com os clientes? — Então, finalmente decidimos o que fazer. — Isso veio de Brenton, e eu tive que usar todas as minhas forças para permanecer sentada e não destruir seu rosto. Como ele ousa agir como meu Juiz, Júri e carrasco? Se não fosse por ele, eu não estaria nessa confusão. — E o que vocês, cavalheiros, decidiram?, — perguntei, implorando ao meu coração que parasse de bater tão fortemente. — Você terá trabalho extra, como Brenton sugeriu antes... Mas esse trabalho não estará relacionado apenas ao restaurante. Pode estar relacionado a qualquer coisa, — Clayton disse, finalmente me dando o veredicto. E não pude evitar o alívio que tomou conta de mim como uma casa na árvore atingida por um tornado. No entanto, meu alívio durou pouco, pois Clayton tinha mais a dizer. — Suas ordens não virão apenas de mim. Você fará qualquer coisa que Brenton lhe disser para fazer. Eu não quero você desobedecendo a ele de forma alguma. E se eu ouvir a menor reclamação dele a seu respeito, então Cecelia, não terei escolha senão demiti-la. Por alguns minutos, eu não disse nada enquanto sentia essas palavras se afundando dentro de mim. Mas depois de algum tempo, fui capaz de entender como minha vida seria a partir de agora e não pude deixar de olhar para o homem que seria o governante dela. Brenton tinha seus olhos em mim, e quando meus olhos encontraram os dele, ele sorriu. Eu sabia que ele iria gostar de me torturar. Ele tinha encontrado a maneira perfeita de me destruir. Mas eu não o deixaria me quebrar assim. — Você entende, Cecelia?, — Clayton perguntou, me trazendo de volta ao presente. Eu balancei a cabeça e forcei um sorriso. Pelo menos ele não estava me despedindo, o que era um motivo para sorrir. — Eu entendo. E vou tentar o meu melhor para fazer todo o trabalho que você me der. Mais uma vez, peço desculpas, Sr. Maslow, por ter falado desta forma com você. Não foi fácil engolir meu orgulho e me curvar a Brenton, mas isso era algo que eu tinha que fazer. Eu poderia ter perdido essa batalha, mas não perderia a guerra. Brenton encontrou uma maneira de me destruir. E agora eu usaria esse caminho para destruí-lo. A guerra começou oficialmente. Capítulo 12 Cece — Você deveria se demitir, — afirmou a Sra. Druida quando terminei de contar a ela tudo o que havia acontecido no restaurante. Graças a Deus era fim de semana, o que significava que eu não precisava trabalhar. Pela primeira vez desde quando comecei meu emprego, fiquei feliz por isso. — Estou pensando nessa opção. Mas não terei para onde ir se eu desistir. Este foi o único lugar que quis me contratar. Não terei um emprego se me demitir, — respondi, mostrando-lhe o desespero de minha situação. Meu maior problema não era Clayton me punindo ou me dando todo o trabalho do restaurante para fazer, mas o fato de que Brenton havia entrado na equação. Por que diabos Clayton eu teria que seguir as ordens de Brenton a partir de agora? Se eu não fizesse isso, seria despedida. Tipo, que porra é essa? — Mas isso não significa que você pode aceitar tudo o que eles estão fazendo com você, Cece. Você não é alguém que aceita ser pisada por outras pessoas. Você é forte e feroz, e só porque está tendo problemas para conseguir um emprego aqui não significa que deveria se render e se permitir sofrer desse jeito, — afirmou ela, seu vestido verde neon tão impactante quanto suas palavras, que atingiram meu coração profundamente, me fazendo perceber tudo o que eu havia esquecido. A Sra. Druida era excêntrica, mas ela estava certa. Eu não era uma mulher que simplesmente se sentaria e permitiria que o mundo a tratasse como uma merda. Não! Eu era forte e independente, e a injustiça era algo que nunca toleraria. O que havia de errado comigo? Eu era uma mulher maluca que havia perseguido o homem que demoliu minha padaria porque eu queria justiça, mas agora eu simplesmente não conseguia reagir a esta flagrante demonstração de abuso. Franzi a testa ao pensar em tudo isso. — Você tem razão. Não sou tão fraca ou dócil a ponto de simplesmente sorrir enquanto o mundo me atira pedras. Não vou tolerar esse desrespeito. Mas Sra. Druida... Se eu me demitir, onde vou encontrar outro emprego? — Nós podemos resolver isso. Talvez você possa trabalhar para meu marido. Eu posso perguntar a alguns conhecidos meus também, — ela ofereceu, seu cabelo desarrumado voando por todo o lugar. Como ela não se irritava com aquele cabelo? — Não. Quero conseguir um emprego com base no meu próprio trabalho árduo. Obrigada pela oferta, Sra. Druida, mas isso é algo que preciso fazer sozinha e sem pedir favores. Vou me demitir, mas você não precisa pedir um emprego para mim. Procurarei outros empregos, embora duvide que alguém vá me contratar. Mas tudo bem. Vou me mudar para outra cidade, — eu disse, finalmente chegando a uma decisão. Recomeçar era difícil, mas não impossível, e desta vez eu não teria que lidar com Brenton. — Você tem certeza, Cece querida?, — ela franziu a sobrancelha, claramente não convencida pela minha resposta. — Onde você vai conseguir um emprego, então? — Vou me mudar para uma cidade diferente; talvez Yorkshire ou algo assim. — Dei de ombros, sem ter uma ideia clara de para onde iria a seguir. Seus olhos se arregalaram. — Absolutamente não! — A Sra. Druida se levantou e cruzou os braços na frente do peito. — Você não deixará esta cidade, muito menos este prédio. A reação dela me pegou desprevenida. O que aconteceu com ela? — Sra. Druida? Você está bem? Você sabe que não posso ficar aqui. Eu preciso de um trabalho. Preciso sobreviver e economizar dinheiro para minha padaria, e não posso fazer isso se não tiver emprego. — Então você trabalhará para meu marido. Mas não há como você sair da cidade. Seja prática, Cece, você não pode simplesmente recomeçar sua vida porque tem um emprego péssimo e porque um magnata dos negócios demoliu sua padaria. Você é uma mulher inteligente e não vai desistir e fugir. O que havia de errado com ela hoje? Será que ela estava numa missão para me mostrar um caminho onde eu simplesmente não via nada? — Não estou fugindo, Sra. Druida. Só sei o tipo de merda que preciso na minha vida e o tipo que não preciso. E o que Clayton e Brenton Maslow fizeram comigo, esse é o tipo de merda que eu definitivamente não preciso na minha vida, — eu expliquei. Se Brenton não tivesse se metido nisso, eu não teria nenhum problema em sofrer nas mãos do meu chefe. O mundo inteiro sofre nas mãos de seus chefes, eu não seria a única. Mas o envolvimento do diabo que tinha arruinado tudo pelo que eu havia trabalhado foi a razão pela qual eu queria jogar tudo pela janela e ir para um lugar onde a influência de Brenton não existisse. — Fugir para uma nova cidade é simplesmente estúpido. Pense nisso... Você não tem dinheiro agora para alugar uma moradia. Você mal tem comida suficiente, e ainda por cima quer economizar para a sua padaria... Ela parou, deixando suas palavras abertas para eu interpretar. Suspirei. — Então o que você sugere que eu faça? Você disse para eu me demitir, mas também não quer que eu me mude para outra cidade.. — Esta mulher era gentil, mas confusa. — Ou você desiste ou luta pelo seu direito. E se você decidir desistir, pode trabalhar para meu marido até encontrar outro emprego. Mas fugir para outra cidade, ah não, isso não vai acontecer enquanto eu estiver viva, Cece. Você entende?, — ela esclareceu, e senti que finalmente suas palavras começavam a fazer sentido dentro da confusão na qual minha mente estava. — Como eu luto pelo meu direito? — Eu não podia acreditar que estava pedindo um conselho a ela. Como Cheguei ao ponto de ter que confiar nos outros? — Fale com Clayton. É assim que você luta pelo seu direito, — ela se sentou no sofá ao meu lado. — Em minha opinião, ele não deveria estar ouvindo Brenton Maslow, já que aquele homem nunca terá algo produtivo para dizer. Há um motivo pelo qual ele é famoso... Justamente por ter as ideias mais ridículas para sua empresa, e Deus sabe como elas acabam sendo bem- sucedidas... Eu ri enquanto ela discursava sobre o homem de quem eu queria ficar longe. — Mas ele tomou uma decisão, e agora você tem que ser inteligente e fazê-lo perceber que o que ele decidiu em relação a você é extremo e errado em todos os sentidos. O silêncio se instalou ao nosso redor enquanto eu pensava sobre a melhor forma de fazer isso. Jurei a mim mesma que destruiria Brenton e isso era exatamente o que faria, mas como? Falar com Clayton era uma coisa, mas lidar com Brenton era um jogo completamente diferente. E se eu fizesse algo que Brenton não gostasse - o que com certeza faria, já que era muito tentador - então Clayton me despediria. Foi enquanto eu pensava nisso que a campainha tocou. Quem será que era? Por que alguém viria me visitar neste momento? — Que é? Você está esperando alguém, Cece?, — a Sra. Druida perguntou quando eu me levantei do sofá. — Não que eu saiba. — Não havia razão para não ser honesta com ela. — Verifique quem é enquanto eu pego meu casaco. Meu marido vai acordar logo e eu não quero ter que fazer o café da manhã para ele, — a Sra. Druida resmungou enquanto se levantava para sair. Com curiosidade e frustração borbulhando num coquetel nojento dentro de mim, eu caminhei até a porta da frente e a abri. A pessoa de pé era a última que eu esperava - inferno, eu não esperava por ela de jeito nenhum. Cabelo loiro e olhos brilhando de felicidade, a cunhada de Brenton era alguém que eu não esperava ver. — Uh, oi? — Eu não sabia como reagir, pois ainda estava digerindo o fato de que ela estava realmente aqui. — Olá, — ela sorriu. — Estou feliz por ter vindo ao lugar certo. Como você está? Qual era o nome dessa mulher? Ela alguma vez tinha me dito? Eu me lembrava de Gideon Maslow falando com ela quando acabei trazendo cupcakes para o loft, mas por tudo que era mais sagrado eu não conseguia lembrar seu nome. Antes que eu pudesse perceber que ela havia me feito uma pergunta, a Sra. Druida saltou ao meu lado. — Oh, olá! Como você está? Cece, convide-a para entrar, o que você está fazendo? Meus sentidos me atingiram como uma pilha de pedras. — Claro - claro. Eu sinto muito, por favor entre. — Abri mais a porta e permiti que a esposa de Gideon entrasse em meu apartamento. O que essa mulher rica estava fazendo no meu pequeno apartamento? Com seu vestido azul-marinho chique, safiras e sapatos de salto alto, ela parecia deslocada aqui. — Que legal seu apartamento, muito melhor do que aquele em que eu morava antes de me casar, — ela comentou enquanto olhava ao redor. Ela acabou de dizer que morou em um pequeno apartamento antes de se casar? Não, não, esta mulher não tinha visto pobreza. Ela parecia muito elegante para ter visto. — Hum, obrigada. — Eu observei, surpresa, a Sra. Druida basicamente sair correndo do meu apartamento. Que covarde! Como ela pôde me deixar aqui sozinha? — Você pode fechar a porta, ninguém mais está vindo, — disse ela. — Uh, desculpe por perguntar isso, mas você poderia me dizer seu nome? Não me lembro se já o ouvi antes ou não. Eu dei a ela um sorriso tímido para que ela tivesse misericórdia de mim e não me constrangesse. Ela riu, um som suave que me fez pensar quantos anos ela teria. — Está tudo bem. Meu nome é Alice, por falar nisso. E eu sou a esposa de Gideon. — Certo. Obrigada por me dizer. Por favor, sente-se. Você gostaria de comer ou beber algo? — Eu disse tudo isso enquanto corria para a cozinha para pegar alguns cupcakes para ela. O mínimo que eu poderia fazer seria presenteá-la com alguns cupcakes em troca por não lembrar seu nome. — Não, não, está tudo bem. Vim aqui para falar com você sobre uma coisa, — disse Alice. Eu nem me incomodaria em perguntar como ela conseguiu meu endereço, porque, vamos encarar os fatos, eu estava contra a família mais poderosa da Grã-Bretanha: eles sabiam de tudo. — Claro, o que é?, — eu perguntei enquanto colocava o prato de cupcakes na mesa diante dela e me sentava. — Mais como 'quem é', — ela esclareceu, um olhar enigmático em seus olhos. — Perdão? — Onde ela estava indo com isso? — Estou aqui para falar sobre Brenton. — Assim que ouvi o nome, congelei. Por que ela estava aqui para falar sobre ele? — O que tem ele? — Ela me daria um sermão sobre respeitá-lo novamente? Não precisava de mais palestras sobre respeitar um homem que não merecia. — O que você fez com ele? — Alice questionou, o interesse brilhando como estrelas em seus olhos. — Do que você está falando? — Eu estava confusa. Eu não tinha feito nada com ele, então por que ela estava me perguntando isso? — Estou dizendo que tudo o que Brenton faz agora é falar sobre você, — disse ela. Por alguns minutos, não acreditei nas palavras que ouvi. Do que ela está falando? Porque Brenton falaria sobre mim? Não, não, Alice está exagerando. — O que? Ela acenou com a cabeça. — Sim. Tudo o que ele faz é falar sobre você... embora não de uma forma positiva... Mas sim, é isso que ele está fazendo. Então, estou aqui para perguntar o que você fez com ele. Eu balancei minha cabeça quando a campainha tocou pela segunda vez. Agora quem será? Eu Juro que este dia está ficando cada vez mais estranho. — Com licença por um segundo, — eu disse a Alice, dando a ela um sorriso de desculpas quando me levantei e corri para a porta. E tive outro choque quando vi Brenton parado lá, vestindo uma camisa polo e um par de jeans. Para ser honesta, esta foi a primeira vez que eu o vi vestido tão casualmente, e oh meu Deus, ele parecia delicioso. Você o odeia. Você o odeia. Isso era verdade, eu o odiava, mas isso não significa que ele não parecia delicioso. — O que você está fazendo aqui?, — eu perguntei, esquecendo o fato de que eu deveria ser legal com ele. Mas como eu não estava trabalhando, isso significava que eu não precisava seguir as novas regras estabelecidas para mim. — Você deveria me deixar entrar, — Brenton disse, seu rosto estoico. — Não. Devo ficar a 150 metros de você, — respondi. Minha boca encheu de água ao vê-lo - literalmente - e foi muito difícil para mim me controlar. Brenton sorriu. — Claro. Por que você me deixou entrar quando este é o único lugar seguro que você tem, foguete? — Desculpe? O que ele quis dizer com isso? Ele estava me ameaçando? — Não é verdade? Eu controlo o mundo, o que significa que você não pode fazer nada. Você pensou que finalmente tinha conseguido um emprego em que eu não tivesse influência, mas eu te provei que você estava errada, não foi? Que tipo de jogo ele estava aqui para jogar comigo agora? E será que ele sabia que Alice estava aqui? Eu revirei meus olhos. — Não tenho tempo para suas besteiras. Alice está aqui, você veio buscá-la? Os olhos de Brenton se estreitaram. — Cuidado com a boca, foguete, ou juro por Deus que você vai se arrepender. Agora eu estava cansada de sua atitude. — Não tenho nada a perder, Brenton, porque o que eu tinha você tirou de mim. Mas você, por outro lado, tem muito a perder. Portanto, tome cuidado, você pode ser aquele que controla o mundo, mas eu posso facilmente virá-lo contra você. — É assim mesmo?, — ele voltou a sorrir para mim. — Porquê da última vez que verifiquei, você estava à minha mercê. — Eu não estou à mercê de ninguém. Você não tem poder sobre mim, Brenton, mesmo que pense o contrário, — eu disse. — Oh sério? Observei quando ele enfiou a mão nas costas e puxou um envelope. E como meus olhos estavam focados nele, quando ele atirou o envelope em mim os papéis se soltaram. Eu os observei caindo diante dos meus pés, e liberei um suspiro de choque enquanto olhava para a minha destruição. — Estes são seus documentos, foguete, — disse Brenton. — E vou usá-los para expulsá-la deste país. Capítulo 13 Cece Peguei os papéis que Brenton tinha jogado em mim, esperando de todo o coração que ele estivesse blefando. Mas quando vi minhas certidões de nascimento e meus relatórios escolares e universitários, meu coração afundou, fazendo emergir um iceberg de fúria. — E o que exatamente você está planejando fazer com isso?, — eu perguntei, surpresa por me ouvir soar tão fria. Mas isso era bom. Ser fria era bom. Fraqueza e rendição não eram uma opção para mim. Não quando Brenton pensava que tinha controle sobre mim. Ele encolheu os ombros e sorriu. — Posso fazer o que quiser com eles; tudo depende do seu comportamento. Alice provavelmente estaria se perguntando quem era na porta, e eu estava me sentindo culpada por fazê-la esperar. Especialmente quando meu tempo estava sendo ocupado por esse idiota. Eu concordei. — Tudo bem então. Faça o que quiser com meus documentos. Preciso cuidar de um convidado e você está consumindo meu tempo desnecessariamente. Portanto, se você não tem mais nada a dizer, sugiro que pegue esses documentos e saia. Você pode fazer o que quiser com eles, eu honestamente não me importo. E quanto a me expulsar do país, você estará me fazendo um favor, porque assim não terei que lidar com você pelo resto da minha vida. Então, sim, me expulse se for preciso. Como eu disse, sua ausência é o maior presente que você pode me dar. Com essas palavras, bati a porta, sem me preocupar em esperar sua resposta. Quando voltei para a sala de estar onde havia deixado Alice, dei-lhe um sorriso de desculpas, esperando que ela não ficasse com raiva de mim. Talvez eu deva dar a ela mais alguns cupcakes grátis como uma forma de compensar meu comportamento rude. — Está tudo bem?, — Alice perguntou, seu colar cintilando chamativamente. — Uh, sim, eu acho que sim. Você disse que ninguém a estava esperando, mas era com Brenton que eu estava falando, — expliquei a ela, esperando que ela me contasse por que ele estava aqui e se eu deveria ou não convidá-lo para entrar. Ela franziu o cenho. — Mesmo? Ele não deveria estar aqui. Eu vim com o chofer... Alice se virou para olhar para a porta da frente como se esperasse que seu cunhado estivesse ali. Eu dei de ombros e sorri. — Oh, bem, não precisa se preocupar. Ele se foi agora. Por que você não prova um cupcake? Alice sorriu enquanto pegava um cupcake com glacê rosa e o colocava no prato. — Espero que você não se importe, mas gostaria de levar alguns cupcakes comigo quando eu for embora porque meus filhos parecem amá-los. Pisquei algumas vezes. Ela estava falando sério? Os filhos dela realmente gostaram dos meus cupcakes? Por que tive o desejo repentino de conhecê-los? Talvez eu tenha ficado lisonjeada e quisesse ver por mim mesma se os filhos dela gostavam dos cupcakes ou não. Sim, provavelmente foi esse o motivo. — Claro que você pode. Na verdade, eu guardei isso para você. Espero que você me perdoe pelo pequeno inconveniente, — eu disse, falando sobre o que tinha acabado de acontecer com Brenton. — Oh, não se preocupe com isso. Deus sabe por que Brenton estava aqui, mas eu não me importo..., — ela fez uma pausa, um sorriso enigmático curvando seus lábios. — Agora você entende por que eu perguntei sobre Brenton? A ficha finalmente caiu. Se era disso que Alice estava falando, e se tudo o que ela dizia era verdade, então o comportamento de Brenton era de fato alarmante. Por que ele falaria sobre mim para sua família quando ele me odiava? O homem estava falando sobre me expulsar do país, pelo amor de Deus. — Eu não entendo por que ele faria isso... Ele me odeia. Não havia sentido em esconder esse fato porque Alice estava lá quando Brenton fez seu mordomo me jogar na masmorra. Deus, eu não conseguia acreditar que ele tinha me humilhado daquele jeito na frente de sua família, mas eu não me importava. O que ele fez foi errado e eu queria que ele pagasse por isso. — Sim, os homens são estranhos. E no caso dos Maslows, eles são completamente bizarros. Gideon e Kieran ainda são... normais, mas Brenton é... Bom Deus, não tenho palavras. A risada de Alice foi seguida pela minha risada, porque ela acabara de dizer tudo o que eu estava sentindo. — Sim, você está absolutamente certa. Não tenho ideia de por que ele está fazendo tudo isso. Por mais que gostasse de ter alguém com quem conversar sobre o homem que deixou meu mundo de cabeça pra baixa, eu sabia que não poderia me permitir chegar perto de Alice ou de qualquer outra pessoa da família Maslow. Essa era minha luta contra Brenton, e não dependeria de mais ninguém. Eu lutaria e venceria sozinha. — Talvez esse seja o jeito Maslow, — ela disse, mas suas palavras não faziam muito sentido para mim. Qual era o jeito Maslow? Ela quis dizer que tudo o que eles fizeram foi roubar os negócios das pessoas e ameaçar arruiná-las de todas as formas? Se era isso que eles faziam, então eu teria que bolar um plano de jogo para conter seu ataque. — O que você quer dizer?, — eu esperava que ela fosse um pouco mais clara, mas aparentemente eu estava errada. Alice sorriu. — Você saberá em breve. Eu tenho que ir agora. — Ah, Bem, deixe-me embalar alguns cupcakes para você, então. Forçando um sorriso brilhante no rosto para esconder minha decepção, levantei-me e fui até a cozinha para colocar os cupcakes em uma caixa para Alice. Um dia eu saberia o que ela quis dizer com suas palavras e, com sorte, quando isso acontecesse eu teria derrotado Brenton. — Muito obrigada, — Alice disse enquanto eu lhe entregava a caixa. — Que nada. Espero que seus filhos gostem deles. Eu a levei até a porta da frente e abri a porta para ela. Se eu tivesse uma conversa civilizada com toda sua família, com certeza gostaria de conhecer seus filhos. — Tenho certeza que sim. Obrigada pelo seu tempo, Cecelia. E você tem um apartamento lindo. Cuide-se e, com sorte, nos veremos em breve. — Alice disse antes de se afastar, lançando-me um sorriso final. — Bem, os Maslows são pessoas estranhas com certeza, — murmurei para mim mesma antes de fechar a porta, trancá-la e me preparar para passar o resto do meu dia sem que Brenton o interrompesse. A semana seguinte à chegada de Alice ao meu apartamento passou como um borrão. Apesar de Clayton ter ameaçado me dar muito mais trabalho para me punir, isso não aconteceu. Minhas tarefas no restaurante eram as mesmas de sempre, nada mais, nada menos. No entanto, eu acreditava que isso se devia especialmente a Brenton não estar presente. E que alívio foi para mim poder trabalhar sem que ele aparecesse e tornasse minha vida um inferno. Só Deus sabia o que ele faria com meus documentos, mas por enquanto eu estava feliz por ele não estar me incomodando. — Bom dia, Cecelia, — Clayton cumprimentou quando saiu da sala dos fundos onde sua mãe estava. — Bom dia, Sr. Hampton, — eu sorri enquanto o cumprimentava. Quando Clayton não tinha Brenton flanqueando-o de lado, ele era gentil e doce. Mas eu não entendia por que ele ficava frio quando seu amigo estava por perto. Que tipo de influência Brenton teria sobre Clayton para fazê-lo mudar de personalidade tão rapidamente? — Como você está? Está tudo bem com você?, — ele quis saber enquanto digitava uma mensagem em seu telefone. Hoje ele usava um terno preto e seu cabelo estava arrumado tão perfeitamente quanto seu terno. — Eu estou bem, obrigada. E todo o resto está bem também. Os clientes estão felizes e, se precisarem de alguma coisa, procuro providenciar a eles imediatamente, — respondi. Desde o dia em que ele me contou sobre a chamada punição, eu havia erguido uma parede ao redor do meu coração e agora tinha um controle melhor sobre minhas emoções. Portanto, não precisava me preocupar em me apaixonar por ele. Mas isso não significa que eu não gostasse quando ele era gentil e generoso comigo. — Hmm, é bom ouvir isso, — ele parou por alguns segundos. — Logo haverão algumas pessoas vindo aqui. Mamãe e você podem entrevistá-los para o cargo de garçom, e vocês duas podem decidir quem contratar. — Ah, tudo bem. Sim, claro. Farei de tudo para contratar o melhor. Você não precisa se preocupar com nada, — eu disse com convicção. Esta era minha chance de me redimir - não que eu tivesse feito algo errado em primeiro lugar, mas graças a Brenton, Clayton não confiava mais em mim como antes - e eu faria questão de contratar a melhor pessoa para este restaurante. — Tenho certeza que você vai. Verei você à noite e, com sorte, você me dirá o nome do nosso novo funcionário. — Ele sorriu, seus olhos brilhando de felicidade. Os homens pareciam muito mais bonitos quando estavam felizes e sorridentes do que quando eram rudes e agressivos. Eu não entendia por que as mulheres escolhem homens agressivos, quando, em minha opinião, homens gentis e compassivos são mais sexy. — Claro. Tenha um bom dia. Vejo você à noite, — eu disse a ele antes de caminhar até o cliente que estava me chamando para que eu anotasse seu pedido. Quando a primeira pessoa chegou para a entrevista, não pude deixar de sorrir ao vê-la. Ela tinha cerca de um metro e meio de altura, com cabelos castanhos tão cacheados que pareciam um ninho intrincado em sua cabeça. Seus grandes olhos castanhos observavam tudo ao seu redor, maravilhados, como se ela tivesse entrado em um mundo totalmente novo. Ela vestia uma camisa bege com calça jeans enquanto caminhava até o balcão onde eu estava. — Olá. — Ela sorriu, um pouco forte demais. — Meu nome é June. Posso falar com a Sra. Hampton, por favor? Estou aqui por causa da entrevista de emprego. — Certo. Por que você não espera aqui enquanto eu vou buscá-la? Dando a ela um sorriso tranquilizador, fui para a sala dos fundos, onde a Sra. Hampton estava sentada folheando seu livro de receitas. — Sra. Hampton? Uma senhora chamada June está aqui para a entrevista, — eu disse a ela. — Ah, bem. Vamos ver se ela consegue trabalhar neste restaurante. — A Sra. Hampton fechou seu livro de receitas e se levantou. Juntas fomos entrevistar o primeiro candidato. June parecia uma mulher doce, mas a Sra. Hampton não achava que ela era adequada para trabalhar aqui. Mais tarde, quando perguntei por que ela não a contratou, a Sra. Hampton não me respondeu. Eu queria pressioná-la, mas percebi que não era minha função perguntar-lhe essas coisas. Se ela não a achava adequada para o restaurante, então ela não era a certa. No entanto, o segundo candidato acabou conquistando o coração da Sra. Hampton. Ele tinha cerca de um metro e meio de altura, olhos azuis e cabelos loiros. Ele parecia que ia para a academia eventualmente e seu sorriso parecia conter muitos segredos, o que me deixava desconfiada, mas de qualquer forma tive que esperar para ver o que aconteceria. — Quando Clayton disse que voltará?, — a Sra. Hampton me perguntou quando eu me preparei para sair. Clayton me disse que voltaria à noite, mas era quase meia-noite e ele ainda não tinha aparecido. A Sra. Hampton tentou ligar para ele, mas ele não atendeu. — Ele disse que viria à noite para discutirmos quem contratar, — respondi enquanto pegava minha bolsa e me preparava para sair. Clayton poderia falar sobre o novo funcionário sem mim. Ficar aqui por muito tempo era inútil, já que o restaurante havia fechado meia hora antes. — Bem, eu espero que sim. Ele provavelmente está em uma reunião, por isso está atrasado, — disse ela. — Sim, talvez ele esteja ocupado em uma reunião. Te vejo amanhã. Boa noite, Sra. Hampton. Com um sorriso, saí do restaurante e subi na minha scooter. Pilotar à noite era desconfortável, já que o silêncio ao meu redor era assustador. E os semáforos eram os piores, pois eu parecia ser a única de pé. Parar em um semáforo não teria me incomodado tanto se meu pescoço não tivesse escolhido aquele momento para formigar, dando-me a sensação de que eu estava sendo observada. Fechei os olhos e respirei fundo, mas a sensação de formigamento não foi embora. Quando o sinal ficou verde eu acelerei, ansiosa para fugir, chegar ao meu apartamento e me sentir segura. Por que eu estava tendo essa sensação quando não havia ninguém que perderia seu tempo me observando? Brenton fora o único com tempo suficiente para irritar alguém como eu, e mesmo ele não estava fazendo nada. Bem, eu estava errada. Estava tão ocupada olhando para a frente que não notei um sedan preto vindo da lateral. E se eu tivesse olhado ao menos uma vez, teria sido capaz de me salvar do colapso. Mas do jeito que estava, o sedan bateu na minha scooter com tanta força que eu voei da scooter e caí no asfalto duro. Um barulho de rompimento indicou a quebra de um osso. A dor explodiu em meu corpo. A escuridão caiu sobre mim, prendendo-me em suas garras... Me levando para baixo. Me levando embora. Capítulo 14 Cece As vozes cantaram um murmúrio aborrecido em meus olhos. A luz se tornou um estímulo doloroso, do qual eu queria ficar longe, mas me forcei a enfrentá-la. Com a consciência voltando, a dor resolveu aparecer, se refletindo em cada poro do meu corpo como se este fosse uma casa de espelhos. — A polícia está investigando. Não se preocupe, Sra. Hampton. — Era só eu, ou aquela era a voz de Brenton? Não, provavelmente algo estava errado com meus ouvidos. Meu arqui-inimigo não estaria aqui. E o que diabos aconteceu comigo de qualquer maneira, porque eu estava em tanta agonia? Você está no inferno. Ah, isso explicaria a voz de Brenton. Eu tinha morrido e ido para o inferno. Isso foi rápido. Achei que teria que esperar na fila, mas acho que meus pecados foram ruins o suficiente para me dar um passe expresso. Eu não tinha certeza se isso era bom ou ruim. — Ela está voltando, — disse uma voz desconhecida. Se estou no inferno, por que a Sra. Hampton está aqui? Ela é uma mulher gentil, então o que ela está fazendo no inferno? — Vou chamar o médico. Por que o governante do inferno vai chamar o médico quando todos aqui estão mortos? Oh Deus, talvez esta seja uma versão diferente do inferno. Quando meus olhos perceberam a vista ao meu redor, o pânico me acometeu como um vício. Que porra é essa? Isso é um hospital! O que diabos estou fazendo em um hospital? Oh não, este é o pior lugar. Preciso sair daqui antes que algum médico maluco venha e tente me sedar. Reunindo toda a força que pude, tentei me sentar, mas uma mão firme apareceu na minha visão antes que ele pressionasse meu peito, empurrando-me para baixo até que eu estivesse deitada na cama novamente. — Oh não, Cecelia, não tente se levantar. Você não está em condições de fazê-lo. Agora que eu tinha minha orientação - um pouco - sob meu controle, eu podia reconhecer o rosto e a voz de Clayton. O que havia de errado com ele? Ele não entendia que eu odiava hospitais e precisava ficar longe deles? — O que aconteceu?, — estremeci com a dor que explodiu na minha garganta quando falei. Puta que pariu, o que aconteceu comigo? — Você não lembra? Você sofreu um acidente que te causou muitos ferimentos. O médico disse que levaria algum tempo até que você voltasse à consciência, mas estou feliz que tenha acontecido mais cedo do que o previsto, — ele me informou. Um acidente? Tive um acidente? E as imagens foram voltando pouco a pouco. Eu dirigindo minha scooter, o semáforo, o carro entrando pela lateral e colidindo contra mim, eu voando no ar antes de atingir o solo e, finalmente, a dor. Puta merda! Como isso pode ter acontecido? Eu tinha sido cuidadosa na estrada, então por que o carro batera em mim? Foi de propósito? Mas então, por que alguém tentaria me matar? Não, deve ter sido um acidente. Não havia como alguém tentar me matar. Eu era uma mulher simples que cozinhava e vendia cupcakes para viver porque era apaixonada por panificação. E as pessoas sempre sorriam ao comer meus cupcakes, então não é que alguém não gostasse dos meus cupcakes e ameaçasse me matar. Eu não tinha inimigos, exceto Brenton, que era muito rico e orgulhoso para se incomodar em contratar um assassino para me matar. Portanto, não havia nenhuma maneira ou razão para que isso fosse feito de propósito. Mas o acidente tinha de fato acontecido, e agora eu estava com dor. — Q-Quando posso sair? — Mesmo que meu corpo estivesse quebrado, eu não aguentaria ficar no hospital por muito tempo. Isso era ridículo. Eu precisava sair daqui. No entanto, antes que eu pudesse fazer outra tentativa de me levantar e escapar daqui, meu pior pesadelo entrou no quarto ao lado do meu arqui-inimigo. Jalecos brancos eram matéria de filmes de terror para mim, e com Brenton caminhando ao lado do médico, eu senti como se estivesse tendo uma parada cardíaca. — Srta. Fells, é bom ver que você está acordada. Você sofreu um acidente e tanto, e o fato de não ter quebrado uma perna é um milagre, — disse o médico. Ele tinha cerca de um metro e oitenta de altura, cabelos loiros desgrenhados e olhos cinza-claros. Mesmo que seu sorriso fosse gentil, ele ainda assim me deu arrepios. E não era só ele; todo médico tendia a me dar arrepios. Eu não gostava de sentir arrepios. — Eu percebi isso. Mas quando posso ir embora? — Estava ficando difícil para mim falar, mas eu precisava. De jeito nenhum eu ficaria neste lugar, muito menos com Brenton presente em meu quarto. Eu realmente queria ir embora. Mas, por enquanto, escolhi ignorá-lo. — Você não pode sair por pelo menos três dias. Teremos que mantê- la sob observação e seu corpo precisa de descanso. Você está com algumas costelas quebradas, então é melhor apenas relaxar e descansar, — ele respondeu, dando-me a notícia mais horrível desde quando Brenton havia destruído minha padaria. — Uh... você não pode simplesmente me deixar ir? Eu tenho..., — levei um tempo para pensar em uma desculpa válida. — Eu tenho um cachorro para cuidar em casa. — Tenho certeza de que seu cachorro ficará bem, Sra. Fells. Você não tem um vizinho com quem possa entrar em contato para pedir que cuide do seu cachorro por alguns dias? Por que ele estava propondo uma sugestão tão ridícula para mim? Como outra pessoa poderia cuidar do meu cachorro? — Não. Eu não tenho vizinhos. Por favor, doutor, estou bem. Apenas me dê um remédio e eu irei embora. Prometo descansar bem até estar curada, — jurei. — Cecelia, bobagem! Seu corpo está gravemente ferido e você deve seguir as ordens do médico. Seu corpo não está em condições de deixar esta cama, então tente relaxar, querida, — a Sra. Hampton pediu. Eu ainda não tinha ideia do que ela estava fazendo aqui. — Srta. Fells, temos que mantê-la aqui por alguns dias para garantir que você se recupere adequadamente. Existe alguém para quem você queira ligar? Não há contatos de emergência escritos em seu perfil, — disse o médico. Um silêncio baixou sobre o quarto enquanto eu tentava pensar numa pessoa para eu ligar. Não havia contatos de emergência escritos porque eu não tinha ninguém com quem contar ou que se preocupasse o suficiente para me ajudar. A Sra. Druida era a única amiga que eu tinha, mais ou menos, e ela me disse que estaria ocupada com o marido nos próximos dias. — Ah não. Estou bem. Não há necessidade de ligar para ninguém. Nunca precisei que alguém viesse cuidar de mim antes. O que quer que eu tenha feito, eu sempre fiz por conta própria. Então, como eu poderia simplesmente ignorar isso e agir como se, agora que estava quebrada precisasse de ajuda? Não, eu precisava aguentar esses três dias sozinha. Eu odiava hospitais, mas parecia que não tinha escolha. Sinceramente, não tinha ideia de por que todas essas pessoas estavam aqui, mas não permitiria que me tratassem como se eu estivesse destruída. — Tudo bem, um de nós pode ficar aqui com ela, — sugeriu Clayton e, antes que o médico pudesse responder, interrompi. — Não. — Estremeci e desejei que minha garganta não fraquejasse, — Não, absolutamente não. Você tem que trabalhar e a Sra. Hampton precisa cuidar do restaurante. Engoli a seco e tentei não mostrar quanta dor estava sentindo. — Vou ficar bem. Vocês não precisam se preocupar. — Mas alguém precisa vir e verificar você, querida. Por mais que apreciasse a preocupação da Sra. Hampton comigo, eu sabia que ela tinha coisas melhores para fazer. Fiquei feliz por ela ter contratado outro funcionário, caso contrário, teria sido difícil para ela administrar tudo sozinha. Ela não precisava se preocupar comigo. — Não, não, está tudo bem. Eu vou ficar bem, Sra. Hampton. Posso cuidar de mim mesma, — reiterei. — Clay? Posso trocar uma palavra com você? É sobre a reunião de amanhã, — disse Brenton, inclinando a cabeça para o lado e indicando que Clayton o seguisse para fora da sala. Quando aqueles dois saíram, eu relutantemente voltei minha atenção para o médico. Eu odiava médicos. Eles eram assustadores. E o lugar em que trabalhavam era mais assustador ainda. — Acho melhor aumentar a dose de morfina. Vejo que você está com dificuldade para falar, — disse ele. — Não, não. Estou bem. É só um pouco de dor. Mas eu posso lidar com isso, doutor. Este lugar não era para mim. Só Deus sabe como eu conseguiria dormir sem ser entorpecida por drogas. E eu não gostava de ser entupida de drogas. Eles controlavam você, e eu não queria ser controlada. Depois de um minuto, Brenton e Clayton voltaram. Fui só eu ou houve uma mudança no comportamento de Clayton? Talvez as drogas estivessem me deixando paranoica. Por que ninguém dizia a essas pessoas que eu não precisava de médico? — Mãe? Acho que devemos ir agora, o restaurante vai ficar cheio pois é quase a hora do almoço. Podemos voltar à noite para verificar Cecelia, — disse Clayton. — Mas quem vai ficar com ela? E se ela tentar escapar? Oh meu Deus! Eu não estava trabalhando para ela nem há um mês, e ela já sabia o que eu planejava fazer. — Ela não vai fazer isso, mãe, — disse Clayton. O médico deu uma risadinha. — Não se preocupe, temos um forte sistema de segurança aqui. Ninguém entra ou sai sem as câmeras de CFTV capturando-os. E se temermos que haja perigo de ela escapar ou se machucar de alguma forma, ligaremos para vocês se isso lhes tranquilizar. — Tudo bem, sim, isso será apreciado. Obrigada, doutor., — a Sra. Hampton sorriu antes de olhar para mim. — Cuide-se, querida Cecelia. E não se preocupe, esses médicos são boas pessoas. Boas pessoas minha bunda! Eles eram totalmente aterrorizantes. — Tente descansar, Cecelia. Mamãe e eu tentaremos vir à noite. — Com um sorriso, Clayton e a Sra. Hampton saíram do meu quarto, deixando-me sozinha com Brenton e o médico. Por que diabos ele está mesmo aqui? E por que ele ainda não foi embora? — Tudo bem, Sra. Fells, seus sinais vitais parecem bem para mim agora. Eu voltarei mais tarde para verificar você. Sugiro que descanse um pouco porque seu corpo precisa disso. Quanto mais cedo você melhorar, mais cedo poderá ir embora. Com um sorriso gentil, ele saiu da sala. Achei que Brenton também iria embora, mas franzi a testa quando ele fechou a porta e se virou para me olhar. Um sorriso curvou seus lábios, e eu sabia que o que quer que estivesse acontecendo em sua mente, não era nada bom. Mas só porque eu estava ferida não significava que estava fraca e que ele poderia jogar seu domínio sobre mim. — O que?, — eu virei a cara, esperando que ele fosse embora como um sonho ruim. — Você tem medo de hospitais, foguete. Juro por Deus que o odiei tanto naquele momento que poderia ter saído da cama só para dar-lhe um tapa. — Eu não tenho medo de nada, — sibilei. Se eu admitisse meu medo de hospitais e médicos, ele esfregaria isso na minha cara e zombaria de mim para sempre. — Sabe, eu também costumava pensar assim. Achei que você não tivesse medo. Louca e estúpida, mas destemida. E hoje, finalmente sei que você não é tão destemida quanto parece. Ele fez uma pausa e bateu palmas. — Mas eu tenho que te dar alguns créditos, foguete, você quase conseguiu me enganar. — O que você quer, Brenton? — A essa altura, minha garganta doía muito e era frustrante ter que lidar com ele, entre todas as pessoas. Devo seguir o conselho do médico e dormir. — Oh, eu não quero nada agora, foguete, porque tudo o que eu queria, você me deu. Nunca pensei que uma camponesa pudesse me dar qualquer coisa, mas me enganei, — afirmou, caminhando até mim. Eu Fingi surpresa. — Oh sério? Você realmente conseguiu tirar sua cabeça da sua bunda rica para admitir o fato de que está errado? Agora estou surpresa, Brenton. — Cuidado com a boca ou vou quebrar sua traqueia, — ameaçou. — Cuidado, aí. Você não ouviu o médico dizer que este hospital tem segurança rígida? Você já está quebrando as regras que estabeleceu para mim, e agora se você me matar irá direto para a cadeia, mesmo que seja por apenas cinco minutos... Porque um pirralho mimado como você pode sempre ser solto. Que tragédia é este mundo: os ricos fogem enquanto os pobres sofrem. — A dor na minha garganta tinha se intensificado, mas eu estaria condenada se eu o deixasse dar a última palavra. — Oh, tenho certeza de que posso fazer com que pareça um acidente, foguete. — Ele se abaixou até que seu rosto estava a poucos centímetros do meu. — Por que você está aqui, Brenton? Você não tem uma reunião para ir? — Era só a minha impressão ou ele se tornou ainda mais irritante? — Eu disse a Clay que ficarei e cuidarei de você. O que ele acabou de dizer? Eu ouvi direito? Oh Deus, esses ferimentos estão atrapalhando meus sentidos. Estou ouvindo todas as coisas erradas. — Quer saber, Brenton. Faça o que você quiser. Me mate, me torture, mas me deixe dormir. A dor é demais agora. Me deixe em paz e vá fazer seu trabalho. Não se preocupe, em três dias você vai me ver trabalhando no restaurante novamente, então você pode me atormentar, — eu disse a ele enquanto fechava meus olhos. — Certo. Descanse um pouco, foguete... — O jogo apenas começou. Capítulo 15 Brenton Eu deveria ter ido para casa. Teria sido muito melhor do que passar a maldita noite no hospital e cuidar de uma pessoa que eu preferia morta, porque ela era muito irritante. Mas Deus sabe o que me deu para dizer a Clay que cuidaria dessa mulher insuportável para que ele e sua mãe pudessem voltar ao trabalho. Você é o homem mais ocupado do planeta e está perdendo seu tempo como babá; é isso que significa manchar o nome Maslow. Minha voz interior estava certa. Eu tinha coisas muito melhores e mais importantes para fazer na vida, como ir para casa e dormir, ao invés de ficar sentado neste hospital nojento. Então, por que diabos eu ainda estava aqui? Essa mulher era apenas um incômodo para mim, e eu não conseguia acreditar que havia me oferecido para ajudar. Alguém me foda! Eu era um empresário, não um voluntário, e por mais que eu buscasse, não conseguia encontrar uma razão lógica para estar aqui cuidando de Cecelia. Ainda que eu tentasse me convencer de que isso era inútil, não conseguia sair daquela sala. — Isso é loucura, — murmurei para mim mesmo enquanto corria a mão pelo meu cabelo. Se algum dos meus irmãos pudesse me ver agora, estariam fazendo piadas às minhas custas até que eu não pudesse fazer nada além de socar os dois na cara. Suspirando profundamente, me levantei e fui até onde Cecelia estava dormindo. Eu pensei que vê-la machucada e ferida me satisfaria, sabendo que ela não era tão invencível quanto parecia ser. Mas tudo que eu conseguia pensar enquanto olhava para seu corpo maltratado era: Como ela podia ser tão frágil? A primeira vez que vi Cecelia foi depois de ter destruído sua padaria. Eu estava em uma reunião muito importante quando ela invadiu meu escritório e exigiu que eu a ouvisse. Dizer que eu fiquei chateado seria um eufemismo. Como essa mulher teve a audácia de invadir um lugar onde ela se encaixaria melhor como parte da equipe de limpeza e de me desrespeitar na frente dos meus funcionários? Mas não, parecia que o medo era uma emoção com a qual ela não estava familiarizada, do contrário ela teria ficado com medo de mim e não teria feito metade das coisas estúpidas que fez para me provocar. Jogá-la fora do meu escritório havia sido uma coisa... Mas nunca pensei que ela fosse aparecer na casa da minha família. Naquela época, aceitei o fato de que essa mulher não era apenas ignorante, mas também estúpida. No entanto, ela conseguiu atrair a atenção da família toda. Movimento ousado para uma mulher. Total idiotice tentar ir contra mim. E toda vez que eu a via, minhas mãos ansiavam para se envolverem em sua garganta e estrangulá-la até a morte, apenas para que ela pudesse saber quem estava no poder... Apenas para que ela entendesse que ela estava à minha mercê. Então decidi destruí-la. Porque somente através dessa destruição é que uma nova vida nasceria. Na morte havia vida. — Nunca uma mulher me fez pensar em pensamentos tão perversos, — murmurei enquanto olhava para sua forma adormecida. Uma mulher tão corajosa, mas tão frágil. Como ela podia ser assim? Não era uma pergunta que exigisse muita reflexão; realmente não era. Os seres humanos eram criaturas frágeis, todos sabiam disso. Mas por alguma razão inexplicável, eu não podia aceitar que Cecelia fosse tão delicada. E se assim fosse, então ela estava melhor morta do que deitada aqui se curando. Você a odeia quando ela está viva. Você a odeia quando ela está à beira da morte. Decida-se! Sim, eu a odiava quando estava viva e me importunava por causa de sua padaria idiota. E eu detestava sua existência quando ela fingia ignorar meu poder e quando falava comigo como se ela fosse minha igual. Mas eu absolutamente também a desprezava enquanto estava deitada aqui, com os olhos fechados, dando a seu corpo o descanso que precisava para se recompor. Fodidamente patético! O zumbido do meu celular me alertou para uma mensagem de texto. Mantendo meus olhos na ameaça adormecida, peguei meu telefone a fim de ver quem havia me enviado uma mensagem. Clayton: Como ela está? Como ela estava? Por que diabos ele estava perguntando sobre ela? Ele não tinha uma reunião para assistir? Se ele estivesse ocupado se concentrando em Cecelia, ele estragaria tudo - outra razão para eu odiar Cecelia: ela distraía as pessoas de fazerem seus trabalhos porque ela mesma não tinha nada para fazer. Brenton: Ela está bem. Dormindo. Mandei uma mensagem rápida antes de colocar meu telefone no bolso. Se olhares matassem, essa mulher não estaria respirando agora. Por que ela estava dormindo? Ela veio para cima de mim com tanta força, então por que diabos estava sendo tão fraca agora? Sim, ela teve um acidente, mas se ela realmente fosse tão forte quanto afirmava ser, teria feito um esforço para acordar e lutar contra isso. Mas não, ela escolheu dormir. O que há de errado comigo? Eu não deveria deixar meus pensamentos correrem soltos assim só por causa dela. Ela não era nada além de um inseto que eu precisava esmagar porque se recusava a me deixar em paz. Não, eu não deveria sentar nesta sala deprimente e esperar que ela acordasse. Eu deveria simplesmente matá-la agora, enquanto todo mundo está ocupado fazendo tudo, exceto cuidar dos pacientes. Vê-la assim me irritou mais do que vê-la sorrindo e andando por aí como se tivesse algum poder contra mim. Cecelia não tinha forças para me opor. O único poder que ela tinha era sua vontade, que eu não poderia transformar em nada mesmo se quisesse. Por outro lado, eu queria que ela pensasse que poderia lutar contra mim porque essa falsa sensação de poder era uma ideia que eu nunca pensei que iria gostar. Mas gostava. E quando eu finalmente destruísse essa mulher, eu celebraria. Enquanto eu estava pensando sobre minha vitória iminente, senti meu telefone vibrar, sinalizando uma chamada recebida. Desta vez era meu investigador particular. Bom. Eu estava esperando uma ligação dele. Com um olhar para a mulher ferida, saí da sala para atender a chamada. — O que você tem para mim?, — eu perguntei. Conversa fiada era uma merda desnecessária para a qual eu não tinha tempo. — Não é ninguém que você conheça ou qualquer coisa relacionada a você, — disse ele. Essa informação foi inútil, porque eu já sabia disso. — E com quem está relacionado?, — perguntei. Se ele não me dissesse o que eu queria saber nos próximos dez segundos, eu certamente o despediria. — Os Hamptons. A resposta me surpreendeu, porque nunca pensei que os Hamptons teriam inimigos. A Sra. Hampton era como uma mãe para mim porque ela praticamente me criou, então um inimigo dela seria automaticamente um inimigo meu. — Conte-me tudo, — pedi. Meu investigador particular era o melhor, e portanto ele me deu o melhor. Depois de ouvir tudo o que ele tinha a me dizer, eu sabia que isso só poderia acabar de uma maneira... Morte. Eu não sabia qual era o nome da pessoa que havia feito isso, mas o saberia na manhã seguinte. No entanto, era óbvio que este acidente não havia sido trabalho de um homem só. A pessoa que o causou certamente trabalhava para alguém que era inimigo dos Hamptons. E eu tive a estranha sensação de que ele não iria parar até que conseguisse o que queria. Colocando meu telefone no bolso mais uma vez, entrei na sala, meus olhos pousando imediatamente na mulher adormecida: observar seu peito subir e descer no ritmo de sua respiração era hipnotizante. Ela era um alvo pretendido para prejudicar os Hamptons, ou apenas um dano colateral? Muitas perguntas e quase nenhuma resposta. Mas uma coisa era certa: até que eu soubesse quem estava por trás de tudo isso, eu teria que ficar de olho não apenas nos Hamptons, mas em Cecelia também. O que significava que eu não tinha escolha a não ser suportar sua presença. — Você continua criando problemas para mim, foguete, — murmurei, tendo um forte desejo de acariciar o lado de seu rosto para ver se a pele era tão fina quanto parecia ser na penumbra da sala. Isso era loucura. Quanto mais eu tentava esmagá-la para me livrar dela, mais difícil se tornava para mim. Pensei que dizer a todas as empresas do país para não contratá-la faria com que ela aceitasse a derrota, mas não: ela acabou conseguindo um emprego no restaurante do meu amigo. Então pensei que se pudesse adquirir seus documentos e usá-los para controlá-la, eu a teria submetido a mim, mas não: ela teve a audácia de jogá-los na minha cara e me dizer que eu podia fazer o que quisesse com eles. O quão estúpida ela poderia ser? Ela não entendia como era perigoso quando outra pessoa estava com seus documentos? Fodidamente louca! Bem, ela poderia ser tão louca quanto quisesse... Eu seria o mais esperto aqui e me certificaria de que ela não acabasse quebrada assim nunca mais, pois isso era terrivelmente irritante. Ela não estava com medo de mim, mas um carro se chocou contra ela e quase a matou. Se agora ela continuasse a afirmar que não tinha medo, eu iria estrangulá-la seriamente. Embora eu tivesse o cuidado de ficar de olho nela para garantir que ela ficasse longe dos carros, não podia ignorar o fato de que precisava ensinar a essa mulher uma lição que ela jamais esqueceria. Afinal, eu lhe havia dito que o jogo estava apenas começando. E assim foi. Eu sabia que ela não era invencível, e agora poderia usar esse conhecimento a meu favor Além disso, seu medo de hospitais era algo que definitivamente viria a calhar. Oh, foguete, a diversão que vou ter com você. Enquanto eu estava contemplando todas as maneiras de atormentar essa alma frágil, o som de seus gemidos trouxe uma suspensão inesperada e indesejada aos meus pensamentos. Ótimo, essa mulher não pode nem me deixar pensar em paz. Que ameaça! — Ah, então você finalmente acordou..., — encharquei minhas palavras em zombaria antes de jogá-las contra ela. — Sim, para sua consternação. Não posso dizer que estou desapontada por vê-lo chateado, — ela resmungou. Merda! Até sua voz está quebrada. Por que vê-la ferida me deixa tão inquieto? Eu deveria estar em paz sabendo que poderia machucá-la se ela me pressionasse. — Como posso ficar chateado quando estou em um hospital?, — o sono deixou seus olhos e foi rapidamente substituído por raiva. Lá vamos nós, pelo menos o espírito dela não está quebrado. — Por que você ainda está aqui? Você não tem uma empresa para administrar? Oh, espere, uma criança mimada como você não precisa se preocupar em dirigir uma empresa ou trabalhar duro porque você tem pessoas fazendo tudo isso por você, não é mesmo? — Diga-me, foguete, como está sua garganta agora? Ainda dói? — Eu não sabia que olhar para ela com simpatia poderia lhe evocar uma reação tão forte. O fogo brilhou em seus olhos, e me perguntei se me queimaria caso chegasse mais perto. Eu nunca tinha visto tanta fúria nos olhos de uma mulher antes, e isso quer dizer algo, porque muitas mulheres já me olharam com raiva nos olhos no passado. — Sabe, eu posso tolerar você quando está sendo um filho da puta desagradável, mas não se atreva a entrar na minha linha de visão com essa pena nojenta em seus olhos, — ela rosnou, me surpreendendo com sua escolha severa de palavras. Quanto veneno essa mulher tinha dentro dela? Será que eu poderia pressioná-la a revelar tudo? Isso seria algo interessante de ver. Já que eu estava cuidando dela agora, talvez fosse bom fazer uma pesquisa pessoal sobre ela. — É melhor você falar comigo direito, ou juro por Deus que vou pegar um bisturi e cortar sua língua, — ameacei. Por mais que eu gostasse de ver tal reação, eu sabia que tinha que mantê-la na linha. Mas eu manteria isso em segredo porque esse tipo de informação era importante para o futuro. — Me morda, — ela sibilou. Agora, minha mão coçava para envolver sua garganta e fazê-la implorar por misericórdia, mas como ela já estava ferida, eu me contive. — Quando você sair deste hospital te mostrarei exatamente o que farei, — eu disse a ela. — Você não me assusta. Você é apenas mais um humano, você não é Deus, — ela respondeu. A coragem dessa mulher! Ela não tinha ideia do que eu poderia fazer com ela? Tudo bem então, vou lidar com ela de uma forma que ela veja meu poder. E a primeira coisa que eu teria que fazer seria arranjar um guarda- costas para ela. — Vamos ver quem tem o poder e quem está à mercê de quem, foguete. Tudo que vou dizer agora é que você pode esperar certas mudanças nos próximos dias, — eu disse a ela, sabendo que não importa o que ela pensasse de mim ou dela mesma, havia coisas que só eu tinha o poder de fazer... E ela não tinha como impedir isso. — Que tipo de mudanças?, — seu rosto franzido me dizia que ela não havia gostado do que eu dissera. No entanto, aquela testa franzida me fez fazer a coisa mais inesperada, sem saber que era a única coisa que a deixaria sem reação. Sem deixar que ela tivesse a chance de responder, me abaixei e dei um beijo em sua testa, bem onde estava franzida. O enrijecimento de seu corpo foi uma bela surpresa para mim, e eu sabia... Eu sabia que a tinha em minhas mãos. Capítulo 16 Cece Ele acabou de... Não, ele não... Mas ele fez... Brenton Maslow me beijou. Por que ele me beijou? Será que ele finalmente perdeu o juízo e decidiu beijar uma mulher que estava bem abaixo dele na escala socioeconômica? Talvez alguém o tenha desafiado a me beijar? Não, mas quem o desafiaria em um hospital? Eu o encarei com os olhos arregalados, enquanto tentava processar o beijo. Ele realmente tinha feito isso, ou as drogas estavam me causando alucinações? Mas mesmo se eu fosse psicótica, não teria alucinações com Brenton me beijando. Eu podia até imaginar o diabo me beijando, mas não Brenton. — Uau, então eu finalmente encontrei uma maneira de calar sua boca?, — Brenton perguntou, um sorriso se formando em seus lábios quando ele olhou para mim. Eu me odiava por estar tão ferida que não conseguia nem me levantar sem estremecer de dor. Deus, eu odiava hospitais. E eu odiava estar ferida. — Vá embora. Minha testa foi infectada por seus germes, e acho que o médico vai decidir me manter aqui por mais alguns dias só por causa disso. Eu te odeio tanto, — eu gemi enquanto fechei meus olhos para não ter que ver a expressão presunçosa em seu rosto. Caramba, onde está Clayton quando você precisa dele? — Sua imbecil. Você tem ideia de quanto tempo as mulheres esperam só para receber um beijo meu? Este homem e sua atitude narcisista iriam me matar mais rápido do que qualquer bactéria ou machucado. — Por que alguém seria estúpido o suficiente para esperar por um beijo seu?, — eu lancei a ele um olhar cheio de nojo. — A menos que eles estejam beijando um sapo para finalmente encontrar seu príncipe, nenhuma mulher se dará ao trabalho de respirar o mesmo ar que você, muito menos esperar que você a beije. — Oh sério? Minha respiração falhou quando ele trouxe seu rosto tão estranhamente perto do meu que parecia que ele estava prestes a me matar com um beijo. — Então por que você está respirando o mesmo ar que eu? — Eu não escolhi fazer isso. Estou ferida e presa aqui. Mas você, por outro lado, se ofereceu para ficar. Então é você quem está respirando o mesmo ar que eu, e não o contrário, — eu respondi, deixando-o nervoso. — Sabe de uma coisa, foguete? Vou falar com o médico e dizer que você precisa ficar aqui por mais duas semanas, — disse ele, com o mal dançando em seus olhos. — Não se atreva. Você não pode falar com ele! — Elevar minha voz causou dor em minha garganta. Por que diabos eu estava tendo problemas para falar quando não havia nada de errado com minha garganta? — Claro que posso. E como estou aqui cuidando de você, o médico provavelmente vai me ouvir e concordar com a minha sugestão, — afirmou. — Faça isso e eu tornarei a sua vida um inferno, — ameacei, embora não tivesse ideia de como faria isso. — Não há nenhuma maneira no mundo de você fazer isso. Porque eu sou o diabo, não você, — ele disse com um sorriso maligno. — Brenton, pelo amor de Deus, vá e faça seu trabalho. Por que diabos você está perdendo seu tempo aqui?, — murmurei, sabendo que seria sensato eu parar de falar porque minha garganta estava prestes a desistir de mim. — É a minha hora e eu posso decidir o que fazer com ela. Você deve seguir as orientações do médico e voltar a dormir. Já que o mundo inteiro sabe o quão fraca e patética você é, é melhor se você se concentrar na sua recuperação ao invés de falar comigo, — ele rosnou. Fraca e patética? Isso doeu. Como ele ousa dizer isso para mim? Brenton não tinha ideia de quem eu era, então ele não tinha o direito de me chamar de fraca e patética. Só porque sofri um acidente e me machuquei não significava que eu era frágil. — Eu não sou frágil, — rosnei, ignorando a dor na minha garganta. Eu não o deixaria escapar impune de jeito nenhum. Só porque ele me odiava, não significava que ele poderia dizer qualquer merda que viesse à sua mente. Brenton deu um sorriso sinistro antes de se inclinar e sussurrar: — Sim, você é. E vou tirar o máximo proveito disso. Vantagem disso? Como diabos ele poderia tirar vantagem da minha fraqueza? Isso foi covardia absoluta. Se ele pensava que governar uma pessoa fraca o tornaria forte, então ele teria que pensar novamente, porque significava apenas o oposto. Mas se ele realmente decidisse fazer isso, eu ficaria mais do que feliz em mostrá-lo a realidade. — E como você vai fazer isso?, — eu o encarei com olhos estreitos, esperando que pudesse queimá-lo com o meu olhar. Só que isso não teve efeito nenhum. — Tenho algumas surpresas alinhadas para você. Depois de se recuperar e o médico deixar você ir para casa, só então você saberá o que eu tenho em mente, — ele me respondeu. A confiança que emanava dele fez meu coração estremecer de ansiedade. Eu sabia que se Brenton Maslow estava planejando uma surpresa para mim, nada de bom poderia vir disso. — Depois de te escutar, posso dizer com segurança que não estou animada com essas surpresas. Talvez você possa dá-las a alguém de quem realmente goste, — sugeri. — Isso não é possível. No entanto, você não precisa se preocupar com isso agora. Você deveria voltar a dormir enquanto eu vou falar com o médico, — ele respondeu, não me tranquilizando nem um pouco. Assim que estivesse livre para ir para casa, sairia furtivamente do hospital para evitar qualquer surpresa que esse idiota tivesse reservado para mim. Estava prestes a mandá-lo ficar onde eu pudesse vê-lo, assim eu poderia me imaginar atirando nele de centenas de maneiras diferentes, quando ele se virou e saiu do quarto. Suspirei e fechei os olhos, xingando baixinho sobre o porquê de estar presa a ele, entre todas as pessoas. O que eu fiz para sofrer daquela maneira? O médico realmente não daria ouvidos a Brenton, não é? Eu odiava os hospitais do jeito que eram, e ficar aqui pelos próximos dias já estava me dando arrepios. Eu não aguentaria duas semanas. Não, eu tinha que fazer algo. Precisava me recuperar rapidamente e sair logo desse inferno. No entanto, agora eu estava machucada e com muita dor, e ficar acordada pensando em Brenton não ajudaria ninguém, especialmente a mim mesma, pois estava doida para escapar daqui. Então, com um olhar severo para a porta, fechei meus olhos e voltei a dormir, esperando que Brenton não voltasse na forma de um pesadelo vivo. Não sei o que me acordou. Foi o sonho estranho que eu estava tendo, ou foi a voz profunda que me fez sentir como se estivesse presa, mas segura por algum motivo estranho? Eu não sabia. Eu só sabia que quando abri meus olhos, Brenton foi a primeira pessoa que vi, o que me fez xingar de novo. Por que ele ainda estava aqui? E que horas eram? Este quarto branco assustador já era ruim o suficiente para eu ter que lidar com uma pessoa assustadora também. — Achei que você estar aqui fosse um pesadelo, mas eu estava errada, — eu disse como forma de saudação, odiando minha voz por soar tão estranha. Onde estavam Clayton e a Sra. Hampton? Achei que eles viriam me visitar. Quer dizer, não que eu estivesse desapontada ou algo assim... — E pensei que você fosse quebrar mais um ou dois ossos, mas não parece ser o caso, — respondeu ele. — Vá embora. Você tem uma empresa para administrar, — eu retruquei, irritada. — Eu não posso e não vou. Ao contrário de você, que tem que se preocupar em chegar no horário ou não vai conseguir sobreviver, tenho mil funcionários que fazem o trabalho para mim, então tenho muito tempo livre, — respondeu ele com um sorriso vitorioso. — Estou me sentindo muito melhor agora. Quando virá o médico? Tenho que dizer a ele que posso ir para casa agora. — Tentei me sentar, dando o meu melhor para não estremecer enquanto meu corpo protestava. Não importa o que acontecesse, eu sairia daqui hoje. Brenton deu uma risadinha. — Você realmente acha que irá a algum lugar com tantos ferimentos? Eu fiz uma careta. — Eu estou bem. Não há nada de errado comigo. Uma noite de descanso era tudo que eu precisava. Agora estou perfeitamente bem e pronta para continuar minha vida. Só então o médico entrou, e eu estava mais do que pronta para dizer a ele que estava bem e poderia ir para casa. Mas como de costume, Brenton Maslow teve que intervir e estragar tudo para mim. Por que, oh, por que ninguém nunca me ouve? — Bom dia, Sra. Fells, como você está se sentindo hoje?, — perguntou o médico. Mesmo que ele tenha deixado claro que eu ficaria aqui por alguns dias, eu ainda não me preocupei em perguntar seu nome, simplesmente porque não queria ter nada a ver com ele ou com o hospital. — Eu estou perfeitamente... — Shawn? Já falamos sobre isso, não é? Shawn? O nome do médico era Shawn? Era seu primeiro nome ou sobrenome? A julgar pela maneira como Brenton estava falando com ele, eu não tinha dúvidas de que era seu primeiro nome, o que suscitava a pergunta: por que diabos Brenton estava falando com meu médico usando seu primeiro nome? — Eu sei, mas ainda é meu trabalho perguntar à minha paciente como ela está, — o médico, Shawn, respondeu enquanto me deu aquele sorriso gentil mais uma vez. — Só estou dizendo, não acredite em tudo que ela te diz. — Eu olhei para o homem que estava decidido a fazer da minha vida um inferno. Qual era o problema dele? Se eu saísse do hospital, ele não teria que se preocupar em ficar aqui e ficar de olho em mim. Para alguém que alegou odiar minha existência, ele estava se comportando de forma muito estranha. — Como ia dizendo, doutor, estou perfeitamente bem agora. Será que você poderia pedir à enfermeira para me dar os papéis da alta? Assim estarei fora de sua mente na próxima hora, — eu disse, quando Shawn olhou para mim. — Como está sua garganta? Alguma dor ou desconforto? Só para deixar claro, Srta. Fells, mentir não vai ajudá-la a sair daqui antes do necessário, — disse Shawn, mas eu não era de desistir. — Minha garganta está bem. Agora posso ir? — Foguete, pare de falar porque todos os presentes nesta sala sabem que você está tudo, menos bem, — Brenton ordenou, e se eu fosse uma menina de seis anos, então eu teria mostrado minha língua para ele. — Isso não é verdade! — Eu nem me importava em soar como uma garotinha... Queria sair daqui. Os hospitais eram os únicos lugares onde eu não me sentia nem um pouco corajosa. Toda a minha coragem parecia me abandonar sempre que entrava no espaço de paredes estéreis e desinfetantes. — Srta. Fells, posso entender sua hesitação em ficar. Muitas pessoas têm medo de hospitais, e esse medo é muito mais comum do que você imagina. No entanto, estou ciente dos seus ferimentos e vai demorar mais de uma noite para eles sararem o suficiente e para que você possa andar sem estremecer de dor, — afirmou o médico. — Tenho certeza de que não são nada além de pequenos hematomas, — argumentei, sabendo que já havia perdido essa batalha antes mesmo de começar. Shawn balançou a cabeça. — Qualquer coisa menos contusões menores. Portanto, é melhor você ficar calma, descansar e permitir que seu corpo se recupere. Sair para o mundo não vai te ajudar neste momento. — Não se preocupe com isso, Shawn. Vou me certificar de que ela não saia desta sala em nenhuma circunstância, — afirmou Brenton, fazendo- me pensar em como ele faria isso. Por que ele desperdiçaria seu tempo e energia com alguém que odiava? Não fazia sentido. — A sala? Então isso significa que posso sair da cama, certo? Eu faria qualquer coisa para sair desta cama horrível. Qualquer coisa para fazer minhas pernas se moverem. Eu não sabia se era por causa dos analgésicos ou o quê, mas senti um peso em todas as partes do meu corpo, como se uma parede de tijolos estivesse sobre mim. — Só para ir ao banheiro. Mas isso será depois de três dias ou mais, dependendo de como você está se curando, — Brenton interrompeu. — Ele está certo, — Shawn concordou com ele. Ok, eu precisava ter uma palavra com Brenton sobre tudo isso, porque era totalmente estranho. Por que ele estava tão íntimo do meu médico assim, de repente? — Entendo. Bem, eu poderia tomar café da manhã? Na verdade, é possível que eu possa ir buscar meu próprio café da manhã? Prometo que voltarei a esta sala, — eu quis saber. — Srta. Fells, acabei de dizer que você não pode ir embora. E quanto ao seu café da manhã, ele será trazido para você. Agora, se você não tem outras perguntas, vou me despedir e voltarei para vê-la à noite. Com um sorriso, Shawn saiu do meu quarto, deixando-me com Brenton mais uma vez. — Quando os Hamptons vão chegar?, — eu perguntei assim que a porta se fechou atrás dele. — Eles não estão vindo. Eu disse a eles para se concentrarem em seu trabalho e que estou aqui para ter certeza de que você está bem, — respondeu ele. Eu revirei meus olhos. — Eu te odeio tanto. Você disse a eles para se concentrarem no trabalho, porque não segue seu próprio conselho? — Eu disse que posso fazer meu trabalho de qualquer lugar do mundo. E quanto a sair e trabalhar, irei por algumas horas, pois tenho uma reunião muito importante para participar, — disse-me ele. — Oh, agradeço ao Senhor por Sua misericórdia. Você está saindo! — Mesmo que minhas cordas vocais protestassem, não me arrependi de ter gritado a plenos pulmões. — Não comemore tão cedo, foguete, porque vou deixar um presente para você. O sorriso no rosto de Brenton estava sempre presente quando ele abriu a porta e entraram dois homens que pareciam comer prédios no café da manhã. — Que porra é essa... — Surpresa... Foguete, conheça seus novos guarda-costas. Capítulo 17 Cece Guarda-costas? Mas que caralho, guarda-costas?! O que diabos havia de errado com Brenton? Ele iria realmente me deixar com guarda-costas? E por que ele estava fazendo isso, em primeiro lugar? Desculpe? O que você acabou de dizer? Eu não pude acreditar em meus olhos e ouvidos. Por que diabos eu precisaria de um guarda-costas para me proteger? Brenton estava preocupado comigo fugindo deste lugar terrível? Nesse caso, ele tinha todos os motivos para me deixar com seus cães de guarda. Mas eu poderia me proteger sozinha, então não havia necessidade de deixá-los aqui se fosse por proteção. — Esses dois vão ficar de olho em você enquanto eu vou para minha reunião. Agora, seja uma boa menina, foguete. Não quero ouvir queixas quando voltar, — ele disse, como se eu fosse uma garotinha. Eu o observei sair do meu quarto, deixando os guarda-costas como minha única companhia. Brenton precisava me dar uma explicação para tudo isso, porque nada fazia sentido. — Vocês podem sair do meu quarto. Ao contrário do que seu chefe disse, estou perfeitamente bem e não preciso de guarda-costas para me proteger, — eu disse a eles, esperando que escutassem e fizessem o que eu havia dito. Mas eu deveria ter previsto o que eles me disseram, já que foram contratados pelo teimoso Brenton. — Estamos sob ordens estritas de não deixá-lo fora de nossa vista nem por um segundo. O Sr. Maslow foi extremamente específico a esse respeito, então não temos a liberdade de desobedecer a uma ordem direta, — disse o guarda à esquerda. — Algum de vocês tem um telefone celular com você? Eu preciso ligar para o seu chefe. — Isso era uma loucura. Eu confiei em mim mesma durante toda a vida e não conseguia lidar com a presença daqueles guardas. Eu precisava falar com Brenton e me livrar dessas pessoas. Desta vez, o guarda à direita veio e me entregou seu telefone celular. Este tinha um rosto mais suave em comparação ao outro, o que me fez gostar dele instantaneamente. Se Brenton insistisse em manter apenas um, eu o escolheria. — Já estou ligando, — ele disse enquanto eu pegava o telefone de sua mão e o colocava no meu ouvido. A ligação tocou três vezes antes de Brenton atender a chamada. — Ela está bem? E sério? Ele não sabe dizer olá? — Brenton? Sou eu, — eu disse. — Por que você está ligando do telefone dele? Você sabe que fugir do hospital resultará em consequências graves. E, apenas para sua informação, há guardas postados fora do hospital e todos os membros da equipe estão em alerta máximo em relação a você. Então nem pense em fugir, porque você falhará, — ele me informou. Meu sangue ferveu e pensei em várias maneiras de torturá-lo e desmembrá-lo. O que havia de errado com ele? Se ele me odiava tanto, então por que diabos estava indo tão longe para garantir que eu recebesse o tratamento adequado? Ele não fazia sentido. — Eu liguei porque quero mandar esses guardas embora. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma. Você não tem que fazer tudo isso, — eu disse a ele, olhando para minhas unhas. Depois que eu conseguisse minha padaria, iria me presentear com um salão de manicure e faria uma bela manicure. Fazia muito tempo que minhas unhas não pareciam boas. — Esqueça. Isso não vai acontecer. O que eu disse continua a valer. Esses guardas ficarão de olho em você por quanto tempo eu quiser. Então, por que você não dorme um pouco? Foi isso que o médico te mandou fazer. Deixe que eles façam o trabalho deles, que é te vigiar, — respondeu ele. Eu sabia que discutir com ele seria inútil, pois ele não iria ceder. — Brenton Maslow. Vou fazer você se arrepender de tudo isso. Marque minhas palavras, — eu disse com convicção. Ele lamentaria o dia em que havia destruído minha padaria e todos os outros depois disso. De jeito nenhum eu o deixaria escapar impune. Ele não podia me controlar e precisava entender isso. Só porque eu não era tão poderosa quanto ele, não significava que ele pudesse me tratar como uma pessoa impotente. — Veremos, foguete. Veremos. — Com isso ele desligou, deixando-me segurando o telefone com força. Se este fosse meu telefone, eu o teria jogado na parede, mas como era uma propriedade emprestada, relutantemente o devolvi ao dono. Não sabendo mais o que fazer, uma vez que estava presa nesta cela de prisão - sim, eu chamaria de cela de prisão porque não podia sair e me sentia enclausurada - decidi ceder às ordens do médico e dormir até a hora de finalmente deixar este inferno. Os próximos dias passaram de maneira semelhante. Brenton não me deixou nem por um segundo. Sempre que recebia uma chamada para uma reunião, dizia ao seu assistente para cancelar a reunião ou transferi-la para outro dia. Esse comportamento estranho dele me intrigou, me deixando ainda mais ansiosa para descobrir o que estava acontecendo em sua cabeça. Clayton e a Sra. Hampton vieram fazer uma visita, mas Brenton foi rápido em fazê-los partir. Talvez ele não quisesse que ninguém me amasse ou se importasse comigo, e era por isso que ele estava se certificando de que ninguém se aproximasse de mim. No quarto dia, eu estava farta deste hospital horrível. E quando o médico, que agora era amigo de Brenton, veio me examinar, exigi que ele me deixasse partir. — Srta. Fells, talvez seja bom para você ficar mais uns dias aqui, — ele sugeriu. Eu balancei minha cabeça. — Não. Absolutamente não. Eu quero sair agora. Você disse três dias e eu não disse uma palavra. Mas agora quero ir embora. Posso descansar em casa, se é isso que o preocupa. — Sim, entendo, mas eu ficaria mais confortável se pudéssemos mantê-la sob observação por mais alguns dias, — ele insistiu, mas eu não iria ceder. — Não. Posso descansar em casa e me recuperarei mais rápido num lugar onde me sinta confortável, — argumentei. — Shawn, não dê ouvidos a ela. Se você acha que mantê-la aqui por mais dois dias é melhor, então faça isso, — Brenton disse a seu amigo, me olhando de cara feia. — Receio não poder fazer isso, Brenton. Ela é adulta e tem todo o direito de decidir o que é melhor para ela. Se ela fosse menor de idade, então esse seria um cenário diferente, — Shawn respondeu, fazendo Brenton franzir a testa. — Então está resolvido. Eu estou indo para casa. Por favor, peça à enfermeira que me traga os papéis de alta para que eu possa assiná-los e ir embora, — pedi, meu coração pronto para explodir de emoção. Eu finalmente estava indo para casa. Não teria mais que olhar para aquelas paredes brancas miseráveis. — Shawn? Tem certeza de que não há nada que você possa fazer para mantê-la aqui? — Brenton perguntou, parecendo frustrado. — Não, Brenton, você sabe que não há nada que eu possa fazer quando se trata da vontade do paciente. E a recuperação dela é minha prioridade máxima, então se ela disser que pode se curar mais rápido em casa, é isso que ela deve fazer, — ele respondeu, me agradando com suas palavras. — Eu concordo com você de todo o coração, doutor. — Precisei de todas as minhas forças para não sorrir tão abertamente quanto eu queria. Eu estava finalmente saindo daqui! Com sorte, não teria mais que me preocupar em ver o rosto de Brenton a cada segundo que passava acordada. — Srta. Fells, vou pedir à enfermeira que traga os papéis da alta em alguns minutos, junto com a receita e as roupas. Se você sentir que sua dor não está diminuindo, entre em contato comigo imediatamente. Se perceber que a dor está fixada em uma determinada área, então me chame também... Concordei com tudo o que ele disse, sabendo que eu faria qualquer coisa para ficar longe do hospital, mas ele não precisava saber disso. Depois que Shawn saiu do meu quarto, sorri para Brenton e ergui minhas sobrancelhas. E a careta que recebi em retorno me fez suspirar de satisfação. Finalmente, eu me livraria dele. E por falar em me livrar de Brenton, eu tinha que falar com a Sra. Druida e conseguir um advogado Apesar de ele me dizer que eu não tinha poder, ainda precisava tentar fazer com que a lei ficasse do meu lado. Eu não estava tão desesperada quando se tratava do governo, então tinha que pelo menos tentar obter justiça para mim e minha padaria. — Pare de sorrir ou vou levá-la ao dentista, — Brenton rosnou enquanto olhava para mim. — Claro que quero sorrir. Vou para casa depois de todos esses dias! — disse a ele. Talvez fosse hora de fazer novos amigos. Esse acidente me fez sentir como se eu tivesse ganhado uma nova vida, e queria viver essa nova vida de uma maneira muito melhor e produtiva. Brenton veio até mim. — Você não entende? Você precisa descansar em algum lugar, e pretende fazer isso naquele minúsculo lixão que você chama de apartamento Está louca? Quem pode se curar num lugar tão miserável? Agora ele estava realmente sendo rude. — O que... Mas antes que eu pudesse continuar, a porta se abriu e entraram duas enfermeiras carregando minhas roupas e os papéis de alta. — Perdoe-nos por interrompê-la, Sra. Fells, mas o Dr. Mace nos enviou aqui com sua receita e os papéis de alta. Por favor, assine-os para que você possa voltar para casa, — a enfermeira loira me disse enquanto eu pegava os papéis dela. Não querendo perder um tempo precioso discutindo com Brenton, eu rapidamente assinei os papéis e os devolvi a ela. Agora eu só precisaria colocar minhas roupas e partir. E meu apartamento não era um lixo miserável. Era aconchegante e confortável. Como Brenton ousava usar essas palavras para falar de um lugar onde eu era feliz? A enfermeira saiu depois de alguns minutos, mas não antes de me dar a receita e indicar a bolsa que continha minhas roupas e acessórios. — Finalmente posso sair, — disse a mim mesma enquanto lentamente saía da cama. Ignorei Brenton porque minha principal preocupação agora era trocar de roupa e escapar rapidamente para fora deste lugar. No entanto, antes que eu pudesse fazer isso, meus joelhos tremeram, incapazes de suportar o peso do meu corpo, e eu teria caído se um par de braços fortes não tivesse me segurado. — E você fala sobre sair daqui. Você nem consegue andar! Como você espera se manter? Você não tem ninguém, — Brenton exclamou, seu olhar disparando agulhas de fogo. A raiva finalmente pegou fogo, tentei afastá-lo, mas ele me segurou com força. — Solte-me. Eu não sou uma inválida. E para sua informação, não preciso de ninguém para cuidar de mim. Eu sou forte e independente! Então me solte, porque eu posso andar sozinha. E mesmo se eu não pudesse, certamente não é do seu apoio que eu precisaria. — Você precisa de uma porra de um teste de realidade, se acha que pode andar sozinha. E quanto a ser forte e independente, diga a alguém que seria estúpido o suficiente para acreditar, — ele respondeu, com o aborrecimento fervendo em seus olhos. — Quem diabos é você para me dizer o que fazer? Se eu precisar de alguém para me agarrar, acredite em mim, Brenton, nunca será você. Inferno, eu ficaria com Clayton, mas nunca com você. Fiz questão de manter minha voz firme e clara para que ele entendesse cada palavra que eu dizia. Os olhos de Brenton se estreitaram em fendas, e se olhar pudesse matar, eu seria um monte de cinzas agora. Eu não tinha medo dele ou de sua riqueza. Ele poderia virar o mundo inteiro contra mim, mas eu não me encolheria diante dele. — Você. Seria. Segurada. Por. Clayton?, — ele enunciou cada palavra. Eu concordei. — Ao menos que você tenha um problema de audição, foi exatamente o que eu disse. — Por que?, — se ele fosse um lobisomem, estaria uivando para a lua, mas agora ele apenas rosnava. — Por que você preferiria ser segurada por alguém que não cuidou de você ao invés de alguém que cuidou? — Porque esse alguém me respeita e me trata bem, o que você nunca fez. Então, sim, Brenton, se eu tivesse que ser segurada por alguém eu escolheria Clayton, não você, e isso não tem nada a ver com você ter ficado aqui comigo, — eu respondi. Eu não tinha ideia de por que Brenton estava tão preocupado que alguém me segurasse. Ele estava agindo de forma estranha desde quando cheguei aqui, e essa discussão parecia não ter fim. — Você vai se arrepender, foguete, — disse ele antes de me soltar. Tropecei antes de recuperar o equilíbrio, agradecendo aos meus anjos da guarda por não cair de novo, porque tive a sensação de que ele não me pegaria uma segunda vez. — Eu nunca me arrependo de nada, Brenton. Agora, se me dá licença, tenho que ir trocar de roupa. — Esperei que ele se afastasse antes de fazer meu caminho lentamente para o banheiro, segurando nas paredes para me apoiar. Eu poderia fazer isso. Ao contrário do que Brenton havia dito, eu não precisava de ninguém para me sustentar. Eu mesma o faria. Depois que eu estava vestida e me sentia eu mesma novamente, saí do banheiro, apenas para encontrar Brenton parado na minha frente. Sua presença repentina me assustou tanto que tropecei mais uma vez, e ele agarrou meu braço. — Considerando o fato de que seu homem de escolha não está aqui, pois ele claramente tem suas prioridades, você não tem escolha a não ser lidar comigo. Agora, não me dê uma de suas respostas absurdas e deixe-me levá-la de volta ao seu apartamento, — Brenton anunciou enquanto começava a me conduzir para fora da sala. — Desculpe, mas eu posso ir sozinha, — eu disse, mas não o impedi quando saímos do hospital. — Como eu disse, guarde essas palavras para alguém que é estúpido o suficiente para acreditar em você. Ele parou quando emergimos ao ar livre e se virou para mim. — E para sua informação, ficarei com você até que cada hematoma em seu corpo esteja curado, então você pode muito bem se acostumar com a minha presença e esquecer Clayton. Sua declaração me deixou chocada e confusa. Não, ele não faria isso... Mas ele acabou de dizer que faria. Oh não, eu pensei que finalmente me livraria dele... Mas eu estava tão, tão errada. Capítulo 18 Cece — Você sabe que isso é um grande erro, certo?, — eu disse a Brenton enquanto estávamos sentados no carro. Estávamos voltando para o meu apartamento e eu estava fazendo o possível para convencê-lo a não ficar comigo por tantos dias. — Se fosse um erro, eu não o estaria cometendo, — ele respondeu sem olhar para mim. — Você pode fingir ser um sabe-tudo, mas isso ainda não muda o fato de que o que você está planejando fazer é um erro. Vou arruinar sua vida e você não está me levando a sério, — protestei, me perguntando como fazê-lo entender que eu não era tão impotente quanto ele pensava. — Vou te levar a sério quando você me mostrar que se garante sozinha. Ações falam mais alto que palavras, foguete. Ninguém nunca te disse isso? Como ele poderia agir tão indiferentemente? Ele deveria ter ficado com medo de mim, mas não: estava agindo como se eu fosse uma criança tendo um acesso de raiva que ele não estava interessado em ouvir. Se ele queria ação, então era exatamente isso que eu o daria. Assim que chegasse em casa, ligaria para a Sra. Druida e pediria que ela me contratasse um advogado, e então levaria Brenton ao tribunal. Já chega dessa situação. No entanto, franzi a testa quando o carro fez uma curva fechada à esquerda, entrando em uma área que eu nunca tinha visto antes. Para onde estávamos indo? Este não era o caminho para o meu apartamento. — Onde estamos indo?, — perguntei, me sentindo insegura e um pouco ansiosa. Casas extravagantes se alinhavam dos dois lados da estrada, e eu sabia que estávamos muito, muito longe de onde eu morava. — Para sua casa, — ele respondeu simplesmente. — Não é assim. Você sabe onde eu moro, então por que estamos aqui? Estamos fazendo um pit stop ou algo assim? Nesse ponto, eu estava sentindo muita falta da minha cama e só queria me deitar. Eu estava cansada e meu corpo estava começando a doer. O carro parou e eu olhei em volta, tentando descobrir em qual casa havíamos chegado. Eu nunca tinha estado nesta parte da cidade, e estava me xingando porque era linda e eu não deveria ter passado tantos anos sem vir aqui. — É claro que sei onde você mora, e estamos no lugar certo, — afirmou ele quando o motorista abriu a porta. Brenton saiu, e assim que eu tentei me arrastar para fora, ele segurou meu braço e me ajudou a sair. Tive de admitir que estava grata pelo apoio, mas isso não significava que eu não ligaria para meu advogado. — Como assim, estamos no lugar certo? Onde estamos? — Isso era uma loucura. Eu não tinha forças para falar com gente nova. — Na sua casa. — Essa deveria ser a resposta correta? Ele tinha acabado de dizer que sabia onde eu morava, então por que me trouxe até aqui? — O que você está falando? Eu moro em um apartamento que fica do outro lado da cidade. Isso era exaustivo pra caralho. Por que ele não me entendia? — Correção: você morava lá. É aqui que você vai morar de agora em diante. Ele sorriu ao apontar para uma vila gigantesca com capacidade para vinte apartamentos. Não. Ele está brincando. Por que diabos eu iria morar em um lugar tão gigantesco? Eu amava meu pequeno apartamento e estava confortável lá. Nunca gostei de casas grandes, muito menos de morar nelas. Então, como no mundo ele esperava que eu morasse aqui quando esta não era minha casa? — Do que diabos você está falando, Brenton? Eu não moro aqui. Nunca morei e nem irei, — eu disse a ele, desejando desesperadamente por uma cama; especificamente a minha cama. — Ok, deixe-me soletrar para você, já que seu QI é consideravelmente negativo, o que significa que você nem deveria existir porque a humanidade não tem uso para pessoas assim. Mas a natureza tem sido gentil com você até agora, embora eu não entenda o porquê. De qualquer forma, o que estou dizendo é que você vai morar aqui de agora em diante porque eu não vou ficar naquela caixinha que você chama de apartamento - aquilo lá é claustrofóbico pra caralho. É por isso que vamos ficar aqui, — explicou. Respirei fundo algumas vezes para controlar minhas emoções depois de ouvir tudo o que ele acabara de me dizer. Brenton Maslow iria morrer, e morreria em breve e dolorosamente, porque eu não poderia viver mais um dia sabendo que ele estava vivo e respirando. Ele pensou que poderia me controlar. Ele pensou que poderia me dizer onde morar. Oh, como ele estava errado, e já era hora de ele perceber isso. E eu sabia exatamente o que fazer. A melhor maneira de destruir o inimigo era atacá-lo em seu território, e era exatamente isso que eu faria. Respirando fundo e engolindo as palavras que ameaçava vomitar como lava da minha boca, eu disse: — Em circunstâncias normais, eu te estaria insultando como ninguém nunca fez antes. Mas como estou cansada e quero dormir, vou guardar minha fúria para depois. Até lá, você pode relaxar. Apenas me dê uma cama para dormir e saia da minha frente. — Deus, você fica ainda mais irritante quando está cansada. Vamos, deixe-me levá-la para a cama para que eu possa realmente fazer algo significativo em vez de lidar com seus acessos de raiva, — ele murmurou enquanto segurava meu braço e me conduzia em direção à casa que parecia estar pronta para me engolir inteira. — Ninguém pediu para você ficar, então pare de reclamar. Estou mais cansada de você do que você de mim, — eu resmunguei quando ele abriu a porta e me levou para dentro. Assim que entrei, parecia que estava numa casa de espelhos. Nunca tinha visto tantos espelhos num só lugar, mas tinha que admitir que era lindo. Espelhos de todas as formas e tamanhos me cercaram, refletindo os raios de luz emitidos pelo lustre descolado que caía graciosamente do teto como se fosse uma escultura de cristal. Móveis de madeira preta foram colocados estrategicamente ao redor da casa. — Porque há tantos espelhos?, — perguntei a ele. Embora ver tantos espelhos me assustasse, não pude deixar de ficar fascinada por eles. Eram lindos, mas seria estranho se eu andasse por aí e visse meu reflexo em todo lugar. — Eu sou um homem paranoico. Por isso todos esses espelhos. Agora não me faça mais perguntas antes de tirar sua soneca, foguete. Ainda bem que os remédios que o médico te receitou são fortes. Eles vão deixá- la inconsciente por algumas horas, — ele comentou quando entramos no primeiro cômodo, que parecia ser o único quarto neste andar. A sala era maior do que eu esperava e estava acostumada. Uma cama king-size feita de madeira preta brilhante coberta por uma roupa de cama prateada dominava o quarto. Cortinas cinza e pretas estavam abertas, bloqueando a pequena quantidade de luz solar que entrava ali, permitindo às pessoas identificarem que ainda era dia. — Sabe, este lugar é assustador, mas de um jeito lindo, — eu comentei enquanto Brenton me levava para a cama e me acomodava. O colchão macio parecia o paraíso, e infelizmente não pude conter o suspiro de felicidade que me escapou. — Sim, bem, você vai se acostumar com isso. E você não precisa se preocupar com sua privacidade, porque ninguém vai perturbá-la aqui, — ele disse enquanto puxava o edredom prateado sobre mim. Ele se sentou na beira da cama e pegou minha receita médica. Juntou alguns comprimidos e me entregou. — Até você?, — eu perguntei enquanto pegava os comprimidos de sua mão. Ele poderia fingir ser bom comigo o quanto quisesse, mas eu ainda o levaria ao tribunal e faria com que ele me devolvesse minha padaria. — Claro. Você acha que eu tenho tempo para sentar e pensar em maneiras de irritá-la? Quer dizer, você é quem está me irritando. Então, enquanto você está ocupada se recuperando, cuidarei do mundo como normalmente faço, — disse ele enquanto eu colocava os comprimidos na boca e pegava o copo de água para engoli-los. — Para ser honesta, eu realmente pensei que era tudo o que você fazia. — Dei a ele um sorriso atrevido em troca da careta que ele fez para mim. — Vá dormir. Finalmente terei um pouco de silêncio aqui, — ele murmurou enquanto se levantava e saía da sala, fechando a porta atrás de si. — Homem louco, — disse para mim mesma antes de fechar os olhos e permitir que os comprimidos me levassem para longe de todas as coisas relacionadas a Brenton. Foi o toque incessante do telefone que me acordou do sono mais profundo que já tive. Brenton estava certo: os comprimidos me derrubaram. Que horas são? É dia ou noite? Como o quarto estava escuro, era impossível saber a hora. O telefone continuou a tocar, não me deixando escolha, a não ser atender. Mas quando verifiquei o identificador de chamadas, não havia número, apenas a palavra desconhecido piscando. Franzindo a testa, atendi a ligação, me perguntando quem estaria me ligando de um número desconhecido. — Olá? — Eu esperava que fosse alguém conhecido me ligando de um número desconhecido, mas estava errada. — Você quer destruir Brenton Maslow? A voz do outro lado era fria e rouca, com veneno parecendo escorrer de cada sílaba. Mas era difícil saber se a voz pertencia a um homem ou a uma mulher. — Q-quem é?, — perguntei, me despertando rapidamente. Quem era essa pessoa e por que ele ou ela estava me perguntando se eu queria destruir Brenton? Como poderia saber disso? — Um amigo. Um cúmplice. O que você quiser me chamar. O que quero dizer é que posso dar o que você deseja. Tudo o que você precisa fazer é aceitar, — disse a voz. — E por que eu faria isso? Como você conhece Brenton? Agora, eu estava totalmente acordada e pronta para exigir respostas. Quem era essa pessoa e como ela conseguiu meu número? — Não importa como eu conheço ele ou você. Você quer destruí-lo, e estou lhe dizendo, você não encontrará uma pessoa melhor do que eu para ajudá-la nisso. Além disso, todos nós sabemos o quanto você está desesperada por sua padaria. Você pode consegui-la de volta facilmente com a minha ajuda, — respondeu a voz. — Você está delirando se pensa que acredito em uma palavra que você diz. Não tenho ideia de quem você é, ou do que está falando. Portanto, pare de me fazer perder tempo e não se preocupe em ligar para este número novamente. Eu estava quase desligando quando a voz me parou. — Ao contrário, eu sei tudo sobre você. E vamos encarar os fatos, Cecelia, você não tem poder contra Brenton, não importa o quanto você tente acreditar que tenha. Você quer sua padaria de volta, e eu posso ajudá-la nisso. Caso contrário, você pode passar o resto de sua vida trabalhando em empregos miseráveis tentando reconstruir outra padaria. A resposta foi tão confiante que parecia que essa pessoa, quem quer que fosse, morava comigo e sabia tudo sobre mim. Isso era... assustadoramente estranho. — Escute, stalker, eu não tenho ideia de quem você é e também não me importo. Deixe-me em paz e nunca mais me ligue, — ordenei. A pessoa riu. — Não posso prometer isso, Cecelia. Logo você entenderá que sou o único que pode ajudá-la. Até lá, cuide-se e faça uma recuperação rápida. Entrarei em contato. Antes que eu pudesse responder, a linha foi desconectada, deixando- me com o coração pesado e lentamente afundando na boca do meu estômago. Quem era essa pessoa e como ele ou ela sabia tudo sobre Brenton e eu? Com meu coração batendo forte, tentei sair da cama e sair em busca de Brenton, mas por algum motivo meus membros se recusaram a se mover, me fazendo entrar em pânico. Deus, eu precisava falar com Brenton sobre isso. Eu não podia acreditar que tinha um stalker. Essa pessoa era um perseguidor ou um espião? Eu não sabia, mas certamente ele ou ela tinha muitas informações sobre mim. Já que meu corpo teimosamente se recusava a me obedecer, não tive escolha a não ser ficar parada e pensar sobre isso. Não era segredo que eu queria me vingar de Brenton por tudo o que ele tinha feito contra mim, mas será que eu poderia realmente procurar ajuda nesse assunto? Essa pessoa sabia claramente que eu era impotente contra Brenton, mas se ofereceu para me ajudar a se vingar. Será que eu poderia aceitar isso? Deveria dizer que sim? Você não pode destruir Brenton sozinha. Ele te fez mal. Ele arruinou sua vida. Minha voz interior estava certa em todos os aspectos, mas ainda não me sentia confortável pedindo ajuda a outra pessoa. Ainda mais porque não sabia quem ela era, então confiar cegamente nela não era uma opção. Até aonde eu saiba, esse stalker poderia estar me fazendo de idiota Talvez essa pessoa quisesse me usar como uma ferramenta para chegar a Brenton. Não, eu não deixaria isso acontecer. Eu não permitiria que alguém me usasse para ganho pessoal, não importavam as circunstâncias. E quanto a Brenton, eu lidaria com ele sozinha, independente do quão poderoso ele era. Eu não aceitaria a ajuda de um estranho. Mas eu tinha que admitir que a oferta era tentadora. A vida seria mais fácil se alguém destruísse Brenton por mim, mas eu não obteria o mesmo nível de satisfação com isso. Eu mesma o derrotaria. Eu queria que ele se encolhesse diante de mim. Mas o que eu faria se essa pessoa ligasse novamente? E o mais importante, a quem essa voz pertencia? Capítulo 19 Cece — Ah, que má sorte, você voltou! — eu sorri no final do meu comentário dramático quando Brenton entrou no quarto. — Por que diabos você está acordada? Esses remédios deveriam ter nocauteado você por muito, muito tempo, — ele disse enquanto se aproximava de mim. Eu não sabia se estava aliviada ou preocupada em vê-lo novamente, considerando o telefonema que havia recebido pouco tempo antes. — Porque ver alguém dormir é assustador, e eu não queria que você se assustasse. Então, te fiz um favor ao ficar acordada, embora meus músculos pareçam me desobedecer, já que não consigo me mover. Com sorte, ele manteria seu comportamento sarcástico de lado e apenas me daria as respostas adequadas. — Esses são os medicamentos. Seus ferimentos não são leves, então você precisa descansar o tanto quanto possível. É por isso que Shawn prescreveu remédios tão fortes, — ele explicou enquanto se sentava na beira da cama e olhava para mim. Eu não sabia o que era, mas ele nunca tinha me olhado assim antes... Isso fez eu sentir como se ele quisesse ver minha alma exposta. — O que? Por que você está olhando assim para mim? — Você está bem?, — suas palavras me chocaram. Ele acabou de me perguntar sobre minha saúde? Ele nunca tinha falado comigo civilizadamente. O que havia de errado com ele? E mesmo que eu quisesse perguntar, preferi aproveitar a oportunidade e dar início a uma conversa. Eu acenei positivamente com a cabeça. — Penso que sim. Mas, para ser sincera, odeio o fato de estar ferida porque não posso fazer nada. E odeio ser dependente de qualquer pessoa, especialmente quando sei que posso fazer as coisas sozinha. — Não se preocupe, você logo estará de pé. Permita que seu corpo se cure, e então você pode voltar a incomodar o mundo com sua presença, — ele respondeu, me fazendo querer jogar um tijolo em sua cabeça. Eu o odiei. — Em pensar que eu estava começando a crer que você é humano. — Você e suas suposições, — ele revirou os olhos como se eu fosse louca de ter pensado isso.. — Sim, eu sei que estou louca, — concordei. O silêncio se estabeleceu calmamente entre nós. Mesmo que houvesse muitas perguntas nadando em minha mente, optei por permanecer em silêncio e pensar sobre tudo o que tinha acontecido desde que cheguei a este lugar enorme. Quem era a pessoa ao telefone? Por que ele queria destruir Brenton e, o mais importante, por que ela queria me ajudar a derrotá-lo? Era evidente que Brenton tinha um inimigo, mas quem era este inimigo e porque odiava Brenton? — No que você está pensando?, — ele me perguntou, puxando-me para fora dos meus pensamentos. — Nada importante. — Claro, eu sei disso. Se você alguma vez pensasse em algo importante, não seria uma camponesa. Se ele continuasse falando assim, então eu certamente aceitaria a oferta do stalker e o destruiria. Eu estava tentando ser civilizada aqui, mas ele não conseguia manter sua decência nem por duas frases. — Você é um ser humano terrível. E eu pergunto a Deus por que Ele escolheu fazer alguém como você. Se você fosse um inseto teria sido muito melhor, porque seria mais fácil de esmagá-lo, — eu retruquei. Ele deu uma risadinha. — Seu desamparo é divertido, foguete. Você quer me destruir, mas não tem como fazer isso. Por outro lado, eu escolhi ter misericórdia de você, deixando você viver sua vida de uma maneira normal. — Não existe normalidade quando se trata de você, Brenton. E você pode pensar nisso como um ato de misericórdia, e achar que está me deixando seguir em frente com minha vida, mas sei que no fundo você não tem nada melhor para fazer do que me atormentar, — eu resmunguei. Embora eu odiasse o fato de ter sido amarrada a esta cama por causa dos meus ferimentos, não podia negar que o colchão era extremamente macio e confortável. — Não se iluda, foguete. Tenho um bilhão de outras pessoas com quem lidar. Você é apenas um incômodo, — seus olhos se endureceram com a raiva revestindo a beleza deles. — Então vá e lide com essas pessoas. Por que você está perdendo seu tempo aqui?, — questionei, exasperada com seu comportamento rude. — Oh, eu vou. Foi estúpido vir aqui e tentar falar com você, — ele murmurou antes de se levantar e sair do meu quarto, batendo a porta com força suficiente para fazer os porta-retratos chacoalharem. O que diabos havia de errado com este homem? Primeiro ele tentou me perguntar se eu estava bem, e depois começou a me insultar. Na melhor das hipóteses, ele era maluco e claramente precisava de um hobby, porque isso o manteria ocupado e o impediria de sair por aí exibindo sua riqueza e status para os outros. Louco. E eu tinha que continuar presa a ele... A irritação com Brenton me fez pegar meu celular e ligar para a única pessoa com quem eu podia contar. Vamos combinar... Eu tinha uma séria falta de amigos. — Cece? Você está bem? O que diabos aconteceu? Fiquei sabendo que você sofreu um acidente? Onde está você? No hospital? Diga-me onde eu posso te buscar! E por que você não pediu para aquelas pessoas me ligarem? Diga-me, como você está? Você consegue falar? Talvez eu possa rastreá-la. Não, não, basta! Dê o telefone ao médico, deixe-me falar com ele... — Sra. Druida?! Fique calma. Estou bem... eu acho. E não, não estou no hospital. Estou em um novo lugar. Você pode me fazer um favor e vir me buscar?, — perguntei a ela. — Claro! Apenas me mande uma mensagem com o endereço e logo estarei aí, — disse ela. — Hum, não sei onde exatamente fica esse lugar. — Odiava essa área desconhecida onde ficava a casa. — Oh, garota boba, use o Google Maps para te ajudar. Então me envie a captura de tela da sua localização e pronto, — ela instruiu. — Certo, ok, eu farei isso. Obrigada, Sra. Druida, — eu disse e desliguei, indo rapidamente para o Google Maps e fazer o que ela me dissera. Não importa o que Brenton dissesse, eu não moraria aqui. Eu não me sentia confortável na casa de outra pessoa, não importava quanta privacidade eu tivesse. Depois de receber uma mensagem da Sra. Druida dizendo que estava vindo me buscar, suspirei de alívio e tentei relaxar. Eu precisava me levantar o mais rápido possível, pois havia uma chance de perder meu emprego. Mesmo que os Hamptons tivessem me dito que meu trabalho no restaurante deles era permanente, eu ainda não podia arriscar. Quanto tempo eles esperariam por mim? Uma semana? Talvez duas, no máximo, antes de contratarem outra pessoa. Não, não, eu tinha que melhorar e voltar ao trabalho. Esse era o único emprego que eu tinha e não podia me dar ao luxo de perdê-lo. E eu sentia falta de ver o mundo. Deitar na cama era chato, e eu temia que meus músculos começassem a atrofiar. Eu sabia que estava sendo paranoica, mas não pude evitar. Não fazer nada além de estar aqui sozinha estava começando a bagunçar minha cabeça. Talvez um cochilo fosse a melhor coisa para eu fazer agora. Mas antes que eu pudesse fechar meus olhos, a porta foi aberta e Brenton entrou, com um brilho assassino em seus olhos. O que teria acontecido agora? — Por que uma tal de Sra. Druida está à minha porta?, — ele perguntou, respirando pesadamente como se apenas um fio o impedisse de liberar sua ira sobre mim. — Oh, ela está aqui? Isso foi rápido... Excelente! Estou indo para casa, eu a chamei aqui para vir me buscar porque, infelizmente, estou ferida, — eu murmurei enquanto tentava me levantar. — Qual parte do 'Você não vai sair daqui até que todas as contusões do seu corpo estejam curadas' você não entendeu?, — ele perguntou, trazendo seu rosto para perto do meu. Eu podia ver a irritação e a raiva nadando em seus olhos como tubarões. — Eu não posso e não vou ficar aqui, Brenton. Quero voltar para o meu apartamento e é exatamente isso que farei. Você não pode me impedir, não importa o que aconteça, — eu disse, esperando que ele não dificultasse as coisas para mim. — Se você acha que vou ficar com você naquela caixa minúscula, então você realmente precisa verificar sua cabeça, porque isso nunca vai acontecer, — respondeu ele. — Novidade: eu não quero que você fique comigo. Você tem uma ordem de restrição contra mim e eu devo ficar longe de você. Então, por que diabos você está me fazendo violar os termos de novo e de novo?, — perguntei a ele. Este descanso parecia ser bom para o meu corpo, já que continuar a discutir com ele não me afetou fisicamente. — Foda-se a ordem de restrição, — ele rosnou, olhando para mim. — Você entendeu. Então, acabe com isso, — eu rebati. — Certo. A maneira como ele se virou e saiu furioso foi tão rápida que eu tive que piscar algumas vezes para ter certeza de que ele estava realmente aqui. O que ele quis dizer com certo? Ele iria retirar a ordem? Eu finalmente estaria livre para vagar por onde eu quisesse? Ou ele estava planejando outra coisa para substituir isso? Meu Deus, este homem era imprevisível. No momento em que eu estava pensando em sair da cama, já que era evidente que a Sra. Druida não subiria aqui para me buscar, Brenton voltou, parecendo bastante calmo e composto. — Não se preocupe em se levantar. Mandei seu amigo embora. Eu disse a ela que você vai ficar aqui até que esteja bem. Portanto, deite-se e relaxe. Posso enviar algum entretenimento para você mais tarde, — disse ele. Meu sangue ferveu quando olhei para ele. Quem ele pensava que era, controlando minha vida assim? Só porque eu estava ferida não significava que ele poderia sair por aí fazendo o que quisesse. E se ele pensava que eu ficaria bem com isso, então era melhor mudar de ideia. E desta vez eu iria mostrar a ele. Eu parei de falar com ele porque estava claro que ele não entendia o que eu dizia. Então, eu lidaria com ele por meio de minhas próprias ações agora. — Chega — era chega! — Ah, entendo. Bem, você vai se arrepender de me manter aqui. Eu sou uma péssima companheira de casa. Então, se eu fizer algo que você não gosta, culpe a si mesmo e não a mim, — eu disse, embora eu quisesse afundar minhas unhas em seus olhos. Brenton sorriu. — Você não fará nada neste estado, foguete. Portanto, não tenho nada com que me preocupar. — Ele fez uma pausa. — Agora me diga, que tipo de entretenimento você prefere, filmes ou livros? — Eu prefiro que você não esteja aqui. — Dei a ele um sorriso meloso, que o fez carrancudo. — Isso não pode acontecer, você sabe. — Ele sorriu. — Vou pegar alguns livros e filmes para você. Qual gênero você prefere? — Apenas saia daqui, — eu rebati. Este homem teria que me aguentar agora. Eu escaparia deste lugar, só precisava esperar ele sair ou talvez dormir para que eu pudesse sair daqui e voltar para minha casa. E como ele odiava meu pequeno apartamento, ele não me incomodaria lá. Meu apartamento era minha paz. — Eu voltarei com seu entretenimento. — Ele me deixou depois disso e felizmente não voltou mais. A noite caiu e eu não tinha nada para fazer. Estava sozinha e Brenton não estava à vista. Eu teria saído, mas não tinha certeza se ele estava em casa ou não. Porque se ele estivesse aqui, me pegaria e não me deixaria ir. Se ele sequer suspeitar, todos os meus planos irão por água abaixo. Mas eu não posso simplesmente sentar aqui e esperar por um sinal de fumaça. Eu deveria pelo menos tentar. Este enorme quarto era assustador, não importa o quão confortável fosse. O silêncio era insano, e a pior parte é que eu não podia fazer nada a respeito. Foda-se. Estou saindo daqui, mesmo que Brenton esteja em casa. Joguei as cobertas para o lado e arrastei meu corpo até ficar de pé. O fato de eu ter que me segurar na cabeceira da cama para me apoiar não ajudou. Uma vez que tive certeza de que minhas pernas poderiam me sustentar, larguei o apoio e preparei minha jornada em direção à porta. Isso era uma loucura. Com sorte, eu encontraria um táxi a esta hora. Assim que saí do meu quarto, fui recebida com mais silêncio e me vi cercada de espelhos. Cada centímetro estava coberto com espelhos. Pequenos e grandes. Largos e estreitos. Altos e baixos. Quadrados e redondos. Todos ali, me cercando, me mostrando meu reflexo enquanto eu passava. E cara, eu parecia horrível. Eu precisava desesperadamente de um banho e de uma consulta no salão. Foda-se economizar dinheiro para a padaria! Eu marcaria uma consulta com o salão de beleza em alguns dias. Minutos pareceram horas enquanto eu lentamente me arrastava até a porta da frente, agarrando a parede para me apoiar. Cada passo que eu dava, agradecia a ausência de Brenton. Com sorte, ele não estaria aqui. Minhas suposições se provaram corretas quando cheguei à porta da frente e continuava sem ter sinais dele. Isso significava que ele não estava em casa. Eu daria uma festa se conseguisse chegar no meu apartamento sem nenhum problema. Quando finalmente saí, chamei um táxi. Meu coração batia forte de entusiasmo e expectativa. O carro chegou mais cedo do que eu esperava, mas ainda parecia uma eternidade porque meu corpo começou a desejar pela cama confortável que eu estava deixando para trás. Entrei rapidamente e disse meu endereço. Em pouco tempo já estava deixando aquela mansão gigante para muito, muito longe, e finalmente voltando para casa. Eu estava deixando o silêncio para trás. E acima de tudo... Estava deixando Brenton Maslow para trás. Capítulo 20 Cece — Ah! Lar doce lar, — eu disse a mim mesma enquanto arrastava meu corpo surrado para dentro do apartamento. Finalmente, cheguei em casa e pude dormir na minha própria cama, onde não havia ninguém para me incomodar. Embora meu apartamento fosse pequeno em comparação com a casa grande em que Brenton esperava que eu ficasse, me senti muito mais confortável aqui e já estava melhorando das dores. Não querendo perder mais um segundo, me arrastei por todo o caminho até o meu quarto e, com um pouco de esforço - quer dizer, na verdade senti que iria quebrar se me movesse para o lado errado - eu deslizei na minha cama e fui dormir, me sentindo segura e feliz depois de muito, muito tempo. Eu deveria ter acordado sorrindo e feliz. Eu deveria ter acordado com o sol brilhando no meu rosto. Mas, em vez disso, acordei com fortes batidas na minha porta e muitos xingamentos de uma voz que parecia muito com a de Brenton. Oh não, ele já está aqui? Achei que ele iria me deixar em paz. O que é preciso para ele entender a mensagem? — Cecelia, abra esta porta agora! — Sim, a gritaria definitivamente pertencia a Brenton. Mas eu não conseguia sair da cama porque estava muito confortável e tinha certeza de que meu corpo não ficaria muito feliz se eu me mexesse. No entanto, eu sabia que este homem não iria parar até que eu desse a ele o que ele queria, então peguei meu telefone e disquei seu número. Graças às informações que havia descoberto anteriormente sobre ele, eu tinha seu contato. — Olá?, — Brenton falou, parecendo irritado. — Por que você está tentando arrombar minha porta? Você não entende que as pessoas estão dormindo? Pessoas ricas nunca dormem, ou é só você?, — quis saber enquanto me sentava na cama. — Abra a porta e eu mostrarei a você exatamente o que pessoas ricas como eu fazem. — A ameaça estava clara em suas palavras, e eu não era estúpida o suficiente para ignorá-la. — Eu já sei, você já fez tudo que queria comigo, — respondi. — Abra. A. Porcaria. Da. Porta. — Eu podia ouvi-lo cerrar os dentes e, por alguma razão estranha, isso me fez sorrir. Eu não sabia por que, mas gostava de irritar Brenton. Isso me causava uma emoção que era estranha, mas que eu apreciava. — Não. Esta é minha casa, e apenas aqueles que eu aprovo podem entrar. Além disso, estou me recuperando do acidente, então é melhor ficar de cama e descansar... O próprio médico disse isso..., — lhe expliquei. Não havia como ele entrar na minha casa. Talvez fosse hora de eu conseguir uma ordem de restrição contra ele. Eu teria que investigar esta opção. — Eu não tô nem aí para as suas aprovações. Deixe-me entrar, — ele ordenou, mas eu não estava apta para me mover, de acordo com as instruções do médico. E como uma paciente obediente, tive que seguir o que o médico disse. Sim, eu me comportaria. — Você pode não ligar para as minhas aprovações, mas estas são ordens do médico. Agora me deixe em paz, Brenton. O doutor médico me mandou descansar, e você está me impedindo de seguir ordens como a boa paciente que sou, — eu argumentei enquanto olhava para minhas unhas - minhas pobres unhas que estavam precisando urgentemente de cuidados. — Boa paciente nada! Tenho certeza de que Shawn pensa que você é a pior paciente de todos os tempos, — rosnou ele. Deus, ele realmente era um pirralho mimado, e agora estava agindo como um. — Bem, Shawn não está aqui, e você deveria ir para casa e fazer seu trabalho. Você mesmo disse que tem coisas melhores para fazer do que cuidar de mim. Por que ele não me deixou sozinha por um dia? Eu poderia fazer muita coisa boa num dia sem ele. — Guarde minhas palavras, foguete. Isso não acabou... nem de longe. Você vai se arrepender de ter saído da minha casa. — Ele desligou, me deixando de boca aberta. A coragem desse homem em me ameaçar enquanto estava do lado de fora do meu apartamento era inacreditável Antes que eu pudesse bater o telefone na mesa de cabeceira, ele voltou a tocar. Oh céus, quem está me ligando agora? É melhor não ser aquele número desconhecido assustador, porque eu mostraria a esta pessoa o que é alguém estressado. Quando o identificador de chamadas exibiu o nome de Clayton, relaxei e me recompus antes de atender a ligação. — Olá? — Oi Cecelia. Como você está? É o Clayton aqui. — Era só eu ou ele parecia nervoso? — Sim, olá, Clayton. Eu estou bem, como vai você?, — perguntei a ele. — Eu - eu estou bem, obrigado. Como vai sua recuperação? — Sim, ele estava definitivamente nervoso, mas por quê? — Está tudo bem, eu acho. Só preciso relaxar e permitir que meu corpo se cure, e é meio difícil fazer isso, já que estou sempre me movendo. — Eu ri para melhorar o clima, já que a ansiedade de Clayton irradiava pelo telefone e me deixava inquieta. — Sim, por favor. Você precisa deixar seu corpo descansar e se curar. Quanto mais cedo você melhorar, mais rápido voltará a trabalhar no restaurante. Mamãe sente sua falta... e..., — Ele parou, me deixando confusa. — E? — Por que ele simplesmente não terminou a frase? — E eu... sinto sua falta também, — ele disse, o que me fez sorrir. Ele sentia minha falta? Alguém realmente sentia minha falta. Nunca pensei que isso aconteceria, mas este homem maravilhoso estava com saudades de mim. — Ah... Obrigada. — Eu não tinha ideia de como responder, então tudo que pude fazer foi agradecer a ele, pois estava me sentindo toda confusa e feliz por dentro. Eram palavras tão simples, mas me fizeram sentir muito melhor, o que era exatamente o oposto do que as palavras de Brenton causavam em mim. — De nada. Se você não se importa... Será que eu poderia ir visitá-la? Não quero que você venha até aqui porque sei que está se recuperando, e eu mal pude ir te ver no hospital porque eu tinha muito trabalho... Finalmente decidi ter pena dele. — Claro que pode. Eu quase não tenho visitantes, então vai ser bom. — Mesmo? Isso é ótimo. Então irei visitá-la em algumas horas, pode ser? Ele era tão gentil e respeitoso, por que todos os homens do mundo não poderiam ser como ele? — Claro. Tá perfeito, — eu disse, sorrindo amplamente. — Excelente. Nos vemos logo então. Assim que a ligação terminou, relaxei na minha cama e esperei Clayton chegar. Tinha muita vontade de conversar com ele, principalmente sobre o restaurante. Queria perguntar sobre o novo funcionário que eles contrataram e sobre o progresso geral do local. A Sra. Hampton provavelmente teve que administrar o restaurante sozinha nos últimos dias, e pensar nisso me fazia mal pois eu sabia que ela já trabalhava demais. Eu deveria ter tirado todo este peso de suas costas e ter-lhe dado tempo para relaxar, mas me envolvi no acidente... Pensar nisso me fez questionar quem teria me atropelado, já que não houve investigação policial ou qualquer coisa do gênero. No entanto, em vez de me concentrar no que era negativo, quis dedicar algum tempo para me concentrar nas coisas positivas, já que estava cansada da negatividade que me havia cercado nos últimos dias. Clayton seria uma boa mudança de todo o drama de Brenton, e eu tinha que admitir que sentia falta dele também. Depois de fazer o meu melhor para sair da cama e me preparar para ficar semi-apresentável para Clayton, me arrastei até a sala de estar e me sentei no sofá. A Sra. Druida viria me ajudar com as coisas assim que Clayton fosse embora porque havia coisas que eu não podia fazer agora, como ir às compras e levantar objetos. Ao meio-dia a campainha tocou, e quando fui atender vi Clayton parado lá, vestindo um terno azul-claro com uma camisa branca e segurando o buquê de flores mais bonito que eu já tinha visto. — Olá! Por favor entre. — Abri a porta para que ele entrasse, mas fiquei surpresa quando Brenton apareceu atrás dele, vestindo um terno azul escuro. Ele acenou com a cabeça antes de entrar, e uma arrogância presunçosa brilhava em seus olhos. De onde diabos ele veio? Achei que fosse apenas Clayton na porta. — Brenton? — Ele estava realmente aqui, ou meus olhos estavam me pregando uma peça? Deus, este homem era persistente - e muito irritante. — Aí sim. Esqueci de contar, Cecelia, mas Brenton queria me acompanhar. Achei que você não se importaria, já que está tão familiarizada com ele quanto comigo, — disse Clayton. Ele estava errado. Eu estava mais familiarizada com Brenton do que com ele. — Não, está tudo bem. Eu não me importo. — Minha voz soou estridente porque eu estava tentando descobrir o que fazer com este maníaco que se recusava a me deixar em paz. Os dois homens se sentaram enquanto eu colocava as flores lindas no único vaso que eu possuía. A mudança na minha sala de estar foi instantânea: as flores iluminaram o lugar, o que colocou um sorriso no meu rosto. — Cecelia, por favor, sente-se, — disse Clayton, gesticulando em direção ao sofá. — Não, está tudo bem. Eu vou me sentar daqui a pouco. Vocês dois gostariam de comer ou beber alguma coisa?, — eu perguntei a eles, não esquecendo minhas maneiras, embora com Brenton eu quisesse jogar a civilidade pela janela. — Não, obrigado. Estou aqui apenas para ter certeza de que você está bem e não quero que você ande muito. Por favor, sente-se, — Clayton insistiu, então eu não tive escolha a não ser fazer exatamente isso. Embora eu estivesse tentando o meu melhor para evitar Brenton, tinha que admitir que era muito difícil. Havia algo tão onipresente e proeminente nele que era quase impossível fingir que ele não existia. Assim que me sentei, Clayton falou. — Como você está se sentindo agora? Você está com dor? Está tomando os remédios? — Estou me sentindo muito melhor hoje. Estar na minha própria casa ajuda muito, e eu tenho certeza que estarei bem em alguns dias e poderei voltar ao trabalho logo, — respondi, animada com a perspectiva de trabalhar novamente. — Isso é bom de ouvir. E fora isso, você está bem? Precisa de alguma coisa? Você pode me dizer sem hesitar, farei o que você precisar, — Clayton disse, e se eu não tivesse olhado para Brenton, teria perdido o irritado revirar de olhos que ele lançou ao amigo. Claro que ele reviraria seus olhos para Clayton, pois ele estava sendo realmente legal comigo e Brenton não queria que ninguém fizesse isso. — Estou bem, obrigada. E não, não há nada que eu precise. Além disso, tenho a Sra. Druida que me ajuda com as coisas, então você não precisa se preocupar, — eu respondi. — O que você precisa é de conforto, e duvido que possa encontrá-lo aqui nesta caixa de apartamento. Seria bom também ter algumas empregadas à sua disposição para que você não tenha que se levantar da cama. Mas não, você tem que ser estúpida o suficiente para jogar tudo isso fora por este armário que você chama de casa, — Brenton retrucou, acendendo minha ira. — Se você não pode respeitar minha casa, então você não tem o direito ou razão para ficar aqui. Você é muito bem-vindo a vir, mas se você estiver aqui respeitará meu lugar e também me respeitará porque este território é meu, e não seu. Nem me importei que Clayton ficasse ofendido por eu estar falando com seu amigo daquela maneira. Brenton não tinha o direito de falar assim comigo. — Tente me expulsar. Apenas tente, foguete, e você verá exatamente em qual território estou. — A dureza de seus olhos me fez engolir em seco. Brenton definitivamente tinha algo na manga, e eu tive a sensação de que ele queria que eu o pressionasse para que ele pudesse dar início a seu plano maligno.. — Brenton, acalme-se. Você não vê que este não é um bom momento para ameaçá-la assim? — Clayton era o único com cérebro, isso era óbvio. — Ela precisa saber seu lugar, e vou lembrá-la disso sempre que ela esquecer, seja na hora certa ou não..., — Brenton sibilou, antes de se recostar no sofá e suspirar de frustração. Clayton balançou a cabeça antes de me dar um sorriso suave, tentando me dizer que tudo ficaria bem. — Cecelia, por que você não se esquece de Brenton por um tempo e se concentra em mim? Tenho uma coisa importante para te perguntar. — Claro! O que é? — Talvez esse fosse o motivo pelo qual ele parecia tão nervoso ao telefone. Clayton de repente ficou tímido, e eu tenho que dizer que foi uma mudança drástica em relação ao homem confiante que eu estava acostumada a ver. Um leve rubor apareceu em sua bochecha enquanto ele pensava no que estava prestes a revelar. — Bem... Pode parecer que estou falando algo sem contexto mas, acredite, tenho pensado muito sobre isso. E só quando eu eliminei todas as dúvidas de minha mente que decidi vir aqui lhe pedir isso. Ele me deu um sorriso tímido. — Entendo... E sobre o que você pensou muito, com tanto afinco?, — eu cutuquei. — Não tenho certeza se deveria fazer isso ou não, mas, como já disse, pensei muito sobre o caso e decidi que deveria tentar, — continuou ele. — Dar uma chance ao que? — Por que ele não podia simplesmente ir direto ao ponto e me dizer? O que era tão grande que ele tinha tanta vergonha de me contar? — Ok, aqui vai..., — Clayton olhou para Brenton antes de fixar seu olhar em mim, e a emoção nadando em seus olhos me surpreendeu porque eu nunca pensei em ver toda essa intensidade naqueles olhos. — Sim? — Cecelia, você me daria a honra de sair comigo num encontro? Capítulo 21 Cece Encontro? Ele realmente me convidou para sair? Oh meu Deus. Eu não conseguia acreditar que Clayton estava me convidando para um encontro. E ele estava sendo tão gentil ao fazer isso. Nunca pensei que Clayton me convidaria para sair com ele, sabendo que ele era amigo do homem que me considerava um inseto irritante. — O que?! — O rosnado de Brenton me assustou ao fixar meu olhar nele, e a fúria que vi lá me fez engolir em seco enquanto as sementes do medo começaram a brotar novas folhas em mim. Eu deveria estar me regozijando agora, e não sentindo medo desse homem que parecia estar prestes a matar alguém - neste caso, poderia ser Clayton ou eu. — O que há de errado, Brent? — As sobrancelhas de Clayton franziram em confusão. — Você acabou de convidá-la para um encontro? — Ele estava furioso, seu corpo inteiro tremendo, pronto para atacar. — Sim. Eu fiz. O que há de errado nisso? — Era como se Brenton não pudesse ouvir Clayton. Ele olhava para mim como se fosse me atacar a qualquer segundo e só pararia quando me matasse. Onde está a coragem que você se orgulha em ter? Use-a! Coragem? Coragem? Que coragem? No momento, não consegui encontrar nada parecido com a bravura e a coragem que me ajudaram a enfrentar esse homem antes. O que há de errado comigo? Brenton não poderia me matar, poderia? Quero dizer, ele não faria isso, pois seria preso e sua reputação seria arruinada. Então, por que eu estava com tanto medo dele agora? — Clayton. Convidá-la para um encontro é um erro que você não quer cometer. Acredite em mim, existem mulheres melhores por aí... Mulheres que realmente valem seu tempo e esforço, — disse ele, cerrando os dentes. — E o que há de tão errado em convidar Cecelia para um encontro? O que as outras mulheres têm que ela não tem?, — Clayton perguntou ao amigo. — Etiqueta. Personalidade. Roupas decentes para vestir. Inferno, elas ao menos sabem falar. Essas mulheres são polidas e elegantes. Você merece uma mulher que seja sofisticada para complementar sua personalidade, não esta prostituta que você comprou na rua, — Brenton cuspiu. Suas palavras deveriam ter me machucado, e machucaram. Porém, mais do que me causar dor, eles me deixaram com raiva. Quem Brenton pensava que era? Ele era humano como eu. Ele não era um Deus, então por que agia como tal? — Eu discordo, Brent. Na minha opinião, Cecelia tem uma personalidade incrível, muito melhor do que as mulheres a quem você está se referindo. E tomei essa decisão depois de pensar muito sobre isso. Você pode não perceber, mas Cecelia tem todas aquelas qualidades que você acabou de mencionar sobre outras mulheres. Então, acho que Cecelia é uma ótima mulher, uma que eu gostaria de conhecer melhor, — Clayton declarou, dando uma resposta completa às observações de Brenton. Não querendo que Brenton falasse outra palavra, decidi me pronunciar. — Se os senhores não se importam, gostaria de dar minha resposta. Clayton sorriu suavemente, então acenou com a cabeça. — Claro. Diga-me, Cecelia, você me daria a honra de sair comigo em um encontro? Desta vez, eu nem me incomodei em olhar para Brenton. Eu apenas sorri para o homem que me queria. — Sim. Eu gostaria de sair com você. — Absolutamente não! — Tive a sensação de que Brenton queria gritar, pela forma como ele estava rosnando e rugindo. Se ele não fosse humano, certamente seria um lobo. Um lobo que queria me matar atualmente. — Desculpe?, — Clayton se virou para o amigo e eu tive que engolir uma risadinha enquanto Brenton tentava não explodir diante dele. — O que quero dizer é... que você está cometendo um grande erro com este. Acredite em mim, você não vai gostar disso..., — disse Brenton. Clayton encolheu os ombros. — Está tudo bem. Eu gostaria de conhecê-la melhor antes de chegar a uma conclusão. E tenho certeza que vou curtir essa experiência. A intensidade nos olhos de Clayton não era nada comparada com a de Brenton, mas isso não significava que eu não gostasse do que estava vendo. A intensidade nos olhos de Brenton era empolgante - forte o suficiente para deixar cicatrizes. A de Clayton era menos forte, me aquecendo ao invés de ameaçar me queimar. Fazia eu me sentir segura. — Você sabe que deveria ter vergonha. Você sabe que Clayton é um milhão de vezes melhor do que você. Você deveria se sentir com sorte por ele estar te dando atenção, — Brenton disse para mim, a hostilidade impregnando suas palavras. — Sim, você está certo. Eu deveria me sentir com sorte por ele estar me dando um pouco do seu tempo, e me sinto sortuda de fato. Existem milhares de mulheres que anseiam por ele, mas ele me escolheu. Então, sim, Brenton, me sinto privilegiada, — respondi, finalmente recuperando o ânimo. Eu não conseguia acreditar que Brenton pudesse ser tão hostil e assustador. Ele ficou parado ali, furioso, tentando encontrar uma maneira de arruinar meu primeiro encontro com Clayton. Mas eu não o deixaria fazer isso. Estava esperando que um homem gentil e atencioso me convidasse para um encontro há muito tempo e agora, quando isso finalmente havia acontecido, eu não podia deixar um idiota como Brenton destruí-lo. E eu escolheria um homem que me respeitasse ao invés de um homem que era rico e poderoso, sem dúvida alguma. — Isso é um erro e vocês dois vão perceber isso em breve, — disse ele. — Tudo bem, Brenton. Tenho certeza que será incrível. Agora, Cecelia, quero lhe agradecer por concordar em sair comigo. Vou levá-la para sair assim que seu corpo se curar e você puder andar sem estremecer de dor, ok?, — Clayton me contou. Eu balancei a cabeça e sorri. — Eu adoraria isso. E gostaria de te agradecer por me convidar para sair. — Acredite em mim, o prazer é todo meu, — eu disse. Clayton se inclinou e deu um beijo suave em minha bochecha. — Eu tenho que ir agora, Cecelia, mas com certeza irei te ver amanhã se você concordar com isso. — Por mim está ótimo, Clayton, — eu sorri, ignorando o bastardo furioso atrás dele. Graças a Deus Brenton estaria fora do meu apartamento em breve. Eu realmente precisava relaxar, e com ele invadindo meu espaço pessoal e me insultando ficava difícil. — Estou satisfeito em ouvir isso. Fique boa logo, Cecelia, — Clayton voltou sua atenção para Brenton, — Ligue-me se acontecer alguma coisa ou se ela precisar de algo. Espere? O que ele quis dizer com isso? — Certo. Sem problemas. E você não precisa se preocupar, tenho tudo sob controle, — Brenton disse, sua ira parecendo diminuir. — Tchau Cecelia. Me ligue se precisar de alguma coisa. Cuide-se. — Com um sorriso, Clayton saiu do meu apartamento, nem mesmo esperando que eu o acompanhasse até a porta. — Por que você não está indo embora também?, — perguntei a Brenton quando ele não fez menção de sair. — Porque eu disse que ficarei com você até que todos os hematomas em seu corpo estejam curados. Agora, como você foi estúpida o suficiente para deixar minha casa, isso não significa que eu simplesmente te deixaria ficar sozinha, foguete. Ele se aproximou de mim até que nada além de nossas roupas nos separasse. — Você é perigosa se não for supervisionada. Seu amigo tinha acabado de me convidar para sair, então por que diabos eu estava sendo afetada pela proximidade de Brenton? Isso era loucura, e eu precisava parar com esses sentimentos estranhos, já que eles contrastavam completamente com meu ódio por ele. — Então por que Clayton não ficou comigo? Ele é meu namorado agora, afinal..., — eu perguntei, sentando antes que meu corpo começasse a protestar. Brenton me lançou um olhar mortal. — Ter um único encontro não faz de vocês dois namorados. — Estou certa de que iremos a vários encontros, então Clayton é sim meu namorado, — eu rebati. — No inferno que vocês vão..., — ele rosnou. — Desculpe? E quem vai me impedir de sair com ele?, — eu o encarei com olhos estreitos, na esperança de assustá-lo. — Guarde minhas palavras, foguete. Isso não vai durar. Clayton é meu amigo, e eu não vou deixar que você arruíne a vida dele. E quanto a você, agora que estou aqui, vou lhe dar uma lição que jamais se esquecerá, — ameaçou ele. — Você não vai ficar no meu apartamento. Este lugar é meu, — eu rebati, mas sabia que dizer tudo isso era inútil. — Se você me forçar a ficar neste maldito armário, a culpa é sua, foguete, não minha. Dei-lhe um lugar para morar, mas você se recusou a ficar lá, então é melhor eu ficar aqui onde você se sente confortável. Ficar de olho em você é minha principal prioridade, — respondeu ele. Meus olhos se arregalaram. — Você acabou de dizer que ficar de olho em mim é sua prioridade? Você acabou de me rotular como sua maior prioridade? Puta merda, o homem que me chamou de inútil agora é aquele que me chama de sua prioridade. O mundo parou de girar? Júpiter não é mais um planeta? A expressão no rosto de Brenton mudou em um segundo, e ele zombou. — Claro que não. Você ouviu errado. Você acha que eu seria estúpido o suficiente para te tornar uma prioridade? — Parece que você finalmente perdeu a cabeça, porque você disse claramente que ficar de olho em mim é sua prioridade agora, — eu respondi, sorrindo para ele. — Acho que os remédios que você está tomando estão fodendo com sua cabeça, de forma que agora você está ouvindo coisas que nunca foram ditas, — disse ele, sem fazer contato visual comigo. — É melhor você dormir agora. Ficarei aqui para que você não tenha que se preocupar com nada. — Claro que não. Eu sou sua prioridade agora, então não tenho nada com que me preocupar, certo?, — me levantei e comecei a caminhar de volta para o meu quarto. Se Brenton pretendia ficar aqui de agora em diante, ele poderia dormir no minúsculo quarto de hóspedes ou no sofá, mas eu não o deixaria dormir na minha cama. — Não sei de onde você ouviu isso, mas claramente tenho coisas melhores a fazer do que ficar de olho em você. Brenton zombou de novo, como se eu fosse acreditar nele. Eu sabia o que ele havia dito, meus ouvidos não estavam enganados. — Claro que tem. Eu vou descansar, e você pode fazer o que quiser. Você sabe claramente o que ou quem é sua prioridade, então vou deixar que lide com isso sozinho. Até porque, quanto mais eu descanso, mais cedo vou melhorar e ir ao meu primeiro encontro com Clayton, — eu disse quando entrei em meu quarto e comecei a fechar a porta atrás de mim. A última coisa que ouvi pouco antes de a porta de madeira fechar para o mundo foram as palavras de Brenton... — Veremos, foguete. Vamos ver. Acordei com um sorriso no rosto, mas ele logo morreu quando encontrei Brenton no meu quarto, sentado na cadeira que estava ao lado da pequena mesa de café. Como diabos ele entrou no meu quarto quando eu o tranquei antes de dormir? Eu tinha certeza de que o havia bloqueado e que minha mente não estava pregando peças em mim. — Você tirou uma boa soneca?, — ele perguntou, seu rosto vazio de emoção. Este Brenton estoico foi o que me deixou inquieta, porque nessas horas eu não tinha ideia do que ele estava pensando. — Como você entrou no meu quarto? A porta estava trancada, — eu perguntei, colocando minha mão para cobrir minha boca enquanto bocejava, tentando me livrar do sono que ainda nublava minha mente. — Sim, sobre isso. Você claramente precisa de um sistema de segurança melhor. Uma fechadura enferrujada e meio quebrada não vai impedir ninguém, docinho, — comentou. — Você quebrou a fechadura? — Este homem não tinha vergonha? Como ele era o homem mais ocupado do planeta quando tinha tempo de invadir o quarto das pessoas? — Eu te disse, já estava quebrada e enferrujada. Com um único empurrão pude abri-la. Não se preocupe, terei um sistema de segurança instalado para você... Só Deus sabe o quanto você precisa. A última parte foi murmurada baixinho, então não tive certeza se ouvi direito. Mesmo assim, ele estava no meu quarto e eu não me sentia nada confortável. — OK, eu entendo. Agora você pode, por favor, sair daqui? Este é o único lugar que não está contaminado por você e gostaria que continuasse assim, — disse. — Eu não acho que você deveria sair com Clayton. É simplesmente errado, — ele opinou, como se não tivesse me ouvido. Eu revirei os olhos. — Sabe, para alguém que afirma não dar a mínima para mim, você está terrivelmente preocupado. — Já disse, ele é meu amigo e não quero que estrague a vida dele, — respondeu ele. — Certo. E eu prometo a você, farei o meu melhor para não arruinar a vida dele. Então pode relaxar, — eu respondi. — Ele pode encontrar outra mulher para namorar. Não entendo por que escolheu você. Eu nem tinha certeza se ele estava falando comigo agora. Era como se ele estivesse perdido em seus próprios pensamentos. — Porque ele realmente tem cérebro e não pensa com seu pau como você?, — ele parecia não ter me ouvido. — Não está certo. É muito perigoso. Estar com ele é muito perigoso. Como posso assumir uma tarefa tão difícil? Meu coração disparou ao ouvir suas palavras. O que ele quis dizer com isso? Como namorar Clayton seria perigoso para mim? Ele era um cavalheiro, não me machucaria. Então, do que Brenton estava falando? — O que você quer dizer com isso ser muito perigoso para mim? E de que tarefa difícil você está falando?, — eu quis saber enquanto saía da cama e caminhava até onde ele estava sentado. Desta vez, ele parecia estar presente e, quando olhou para mim, sorriu suavemente antes de se levantar. Isso era estranho. Eu nunca tinha visto Brenton assim. O que estava acontecendo com ele? O que o estava incomodando? — Você vai se arrepender desta encontro, foguete. Você vai se arrepender de tê-lo escolhido.. Antes que eu pudesse responder, ele saiu, deixando-me confusa Porque ele de repente se preocupava com quem eu namoraria? Brenton Maslow, o que está se passando em sua mente? Capítulo 22 Cece Eu sorri enquanto me olhava no espelho, passando minhas mãos pelo meu vestido marrom enquanto me preparava para o meu encontro. Finalmente, depois de um mês, consegui andar por aí sem estremecer ou gritar de dor. Os hematomas finalmente sumiram e eu conseguia respirar sem me preocupar com a dor nas costelas. O mês passado havia sido terrivelmente difícil para mim. Estava feliz por finalmente não me sentir debilitada pelos meus ferimentos. — O médico não disse que você poderia andar saltitando assim que conseguisse respirar livremente. — Meu sorriso morreu quando ouvi Brenton atrás de mim. Ele fora fiel à sua palavra e havia, de fato, ficado comigo durante todo o mês. Embora eu tenha tentando fazer de sua vida um inferno - e acredite em mim, eu o torturei bastante - ele se recusou a ir embora. O que me surpreendeu, considerando que ele não suportava me ver e me insultava a cada oportunidade. — Claro que ele disse. E estou muito feliz por começar a trabalhar amanhã. Por que você ainda está aqui? Estou bem agora, você não precisa mais ficar no meu apartamento minúsculo. Você pode voltar para o seu castelo gigantesco, — eu disse quando comecei a ajeitar meu cabelo. Clayton chegaria a qualquer minuto e eu não queria que ele esperasse por mim em nosso primeiro encontro. Desejei que meu corpo tivesse se curado antes, porque um mês havia sido uma espera muito longa. — Por que você está tão ansiosa para ir nesse encontro? Este é o primeiro encontro da sua vida? Nenhum homem jamais considerou você digna de seu tempo, nunca te convidaram para sair?, — Brenton perguntou com um sorriso de escárnio. Minhas sobrancelhas franziram enquanto eu contemplava sua declaração. — Não, isso não é verdade. Tive muitos namorados. Especialmente quando eu estava na escola. — Você sabe que existe uma palavra para mulheres que abririam as pernas para qualquer homem. A raiva em seus olhos e o veneno em suas palavras eram claros. Qual é o problema dele? E como ele ousava se referir a mim como uma mulher desprezível que abriria as pernas para qualquer homem? — Qual é a porra do seu problema, Maslow?, — eu me virei para encará-lo. — Não vou sair com você, então cuide da sua maldita vida. — Você está saindo com meu amigo, o que torna isso da minha conta, — afirmou ele, suas palavras como lâminas afiadas ameaçando me cortar. — Quando Clayton estiver sem problemas, aí você meterá o nariz nos negócios de outra pessoa, — rebati. Meu coração deu um pulo quando ele apareceu de repente diante de mim, porque ele estava parado perto da porta apenas dois segundos antes. — Você não pode me dizer o que fazer e o que não fazer, foguete. — Então não me incomode. Assim eu não te direi o que fazer, — eu disse a ele, virando-me para escovar meu cabelo. Mas ele agarrou meu braço e me virou. — Estou avisando, docinho, não vá nesse encontro. Ainda há tempo. Se você disser que não quer ir, posso arranjar uma desculpa para Clayton e me certificar de que ele não tenha ressentimentos por você, — disse ele. Arrancando meu braço de seu alcance, eu olhei para ele. — Vou neste encontro porque é isso que eu quero, e não vou deixar ninguém me impedir. — Você vai se arrepender. Confie em mim, você não precisa fazer isso. Existem outros homens lá fora, — disse ele. — Eu não quero nenhum outro homem. Eu quero Clayton, e não deixarei passar a chance de sair num encontro com ele, — eu disse. A mudança em seus olhos me assustou. Eles endureceram até parecerem pedaços de gelo. E, naquele momento, o Brenton que eu conhecia não existia mais. Este homem diante de mim não hesitaria em cometer um assassinato. Este era o Brenton que eu tinha visto em meus sonhos, que matou sem pensar duas vezes, e vê-lo na realidade... Isso me assustou. — Se você acha que eu vou deixar você ter este encontro, foguete, então você está enganada. E quanto a desejar Clayton, você não o desejará. Vou me assegurar disso. Assim que ele terminou de falar, Brenton saiu do meu quarto, batendo a porta com tanta força que fiquei surpresa dele não ter quebrado as dobradiças. O que ele quis dizer com essas palavras? Ele estava planejando sabotar meu encontro? O toque da campainha interrompeu minha linha de pensamentos a respeito de um certo Maslow. E quando olhei para o relógio, percebi que seria Clayton, pronto para me levar em nosso encontro. Esqueça Brenton agora, Cece. Você esperou muito tempo por isso. Não estrague tudo. Ouvindo minha voz interior, empurrei todos os pensamentos sobre Brenton para o fundo da minha mente e coloquei um sorriso no rosto, porque não queria que Clayton soubesse que eu estava chateada com alguma coisa. Eu não faria nada para comprometer este encontro. Dando-me uma última olhada no espelho, fui abrir a porta, meu coração sentindo-se animado por sair com um homem que me respeitava e era gentil comigo. — Boa noite, — eu disse ao vê-lo. Clayton estava bonito em seu terno azul marinho e camisa branca. Ele estava segurando um buquê de flores gigante. Assim que ele me viu, seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu, tornando extremamente difícil para mim conter uma risada. — Uau. Você está linda. Estas flores não são adequadas para você. Eu deveria ter comprado algo mais bonito..., — ele comentou. — Muito obrigada, e essas flores são perfeitas. — Peguei o buquê e não pude deixar de apreciá-lo. — Você está bonito esta noite. — Estou feliz que você gostou. Vamos? Nossa reserva é para às oito horas em ponto, — disse ele assim que coloquei as flores num vaso. Se ele continuasse a me dar flores, eu precisaria sair e comprar alguns vasos porque precisava de um lugar decente para colocá-las. — Certo. Não queremos chegar atrasados. Onde estamos indo?, — perguntei quando saímos do prédio e entramos em seu carro. Eu odiava admitir, mas estava disfarçadamente olhando ao meu redor, procurando algum sinal de Brenton. Mas ele não estava em lugar nenhum. Para onde ele teria ido? Será que voltaria? E por que eu estava tão preocupada com isso? — É um restaurante especial. Só os mais ricos podem pagar, — ele me informou enquanto ligava o carro e dava partida. A ideia de ir a um restaurante caro deveria ter me animado, mas só me deixou inquieta. Clayton estava me levando para um lugar que era exatamente o oposto do que eu estava acostumada, e eu não tinha certeza se gostava disso. Quero dizer, o que havia de errado em ir a um restaurante local? Não teria tomado este encontro menos especial. — Cecelia? — Huh? O que? Me desculpe, você disse alguma coisa?, — perguntei, odiando o fato de que eu tinha passado alguns segundos divagando. — Estou perguntando se você gosta de frutos do mar, — disse ele. — Pode ser. Não sou muito ã, mas eu como ocasionalmente, — respondi. — Você está bem? Está sentindo algum desconforto por causa dos ferimentos?, — ele perguntou, olhando para mim com o canto dos olhos. — Sim. Estou perfeitamente bem. Meus ferimentos foram curados completamente, está tudo bem, — eu disse a ele. Se eu estivesse com dor, não teria concordado em sair neste encontro. — Ok, que bom! Tenho que ser honesto, Cece, você me deu um grande susto. Mas estou feliz que você esteja melhor agora. Só tome cuidado da próxima vez, ok? Ele me deu um sorriso doce, que retribuí. — Obrigada. Sei que não foi fácil para você e a Sra. Hampton administrar o restaurante sem mim. Mas voltarei ao trabalho amanhã, e assim espero ser capaz de melhorar a situação, — eu disse, vendo as luzes passarem por nós num borrão. Havia tanta atividade acontecendo ao nosso redor, mas onde estava Brenton? O que ele estaria fazendo? É melhor ele não fazer nada para sabotar meu encontro, ou vou começar a insultá-lo nas redes sociais. — Tenho certeza de que você será capaz de fazer isso. Chegamos, — ele anunciou antes de parar o carro e sair. Ele deu a volta para abrir a porta para mim, entregou as chaves ao manobrista e então me levou para dentro do restaurante. O interior do restaurante tirou meu fôlego, mas ao mesmo tempo, fez meu coração afundar. Lustres elaborados se projetavam do teto, equidistantes uns dos outros. Cristal e prata forneciam as mesas, cobertas com as melhores toalhas. Não havia pessoas presentes, o que me fez pensar se o restaurante estava fechado, mas se tivesse, não teríamos sido autorizados a entrar. — Onde está todo mundo?, — perguntei enquanto olhava ao redor, me sentindo extremamente deslocada neste lugar ostentoso. — Reservei o restaurante inteiro para que ninguém nos incomodasse. Eu não queria que você se concentrasse em ninguém além de mim. É por isso que está vazio, — Clayton respondeu, me pegando desprevenida. Quanta riqueza esse homem tinha? Quero dizer, é claro que ele era amigo do homem mais rico do mundo, então ele estava fadado a ser tão rico quanto Brenton. — O que faz você pensar que eu estaria me concentrando em outra pessoa além de você?, — perguntei quando nos sentamos. Embora não houvesse ninguém aqui para me julgar, ainda não gostava muito deste lugar. Mas eu não queria ser ingrata. Eu tinha certeza de que muitas mulheres me invejariam agora: um homem que reservava o restaurante inteiro apenas para poder ficar com você, sem ser perturbado pelos barulhos externos... Quero dizer, quem não gostaria disso? — Eu não quero correr nenhum risco, — ele riu, o que inadvertidamente me fez sorrir. — Então, Cecelia, o que você gostaria de comer esta noite? — Hum, o que há no menu? — Assim que terminei de falar, um garçom apareceu ao meu lado como num passe de mágica. De onde ele veio? Eu não o vi entrar. Ele me entregou o cardápio e eu lhe lancei um sorriso agradecido antes de abrir o menu e examinar os itens. — Então? Há algo que você goste?, — Clayton me perguntou enquanto olhava seu próprio cardápio. — Fajita de frango com arroz parece ótimo para mim, — eu disse. — Perfeito. Pedirei a mesma coisa, — ele fechou o cardápio e o entregou ao garçom logo depois que devolvi o meu também. O garçom saiu após nos informar que nossa comida estaria aqui em vinte minutos, o que nos deixou com bastante tempo para conversar. — Então, no que você está pensando?, — perguntei a Clayton uma vez que ficamos sozinhos. — Posso apenas dizer que me sinto o homem mais sortudo do mundo por você ter concordado em sair comigo, — ele disse. Suas bochechas se coraram levemente, me atentando a beijá-las.. — Foi você quem me convidou para sair, e se sente com sorte por eu ter dito sim para você? Você me surpreende, Clayton, — eu ri, escondendo o fato de que eu também estava corando com suas palavras. — Claro. Uma mulher do seu calibre não diz sim para qualquer homem. É preciso ser realmente digno de você para obter seu tempo e atenção. Seus elogios me fizeram sentir como uma joia inatingível, e esta era uma sensação nova.. Por um lado, me senti querida, mas por outro, era como se eu não fosse eu mesma, como se Clayton não estivesse vendo meu verdadeiro eu. E eu não sabia o que fazer a respeito disso. — Você exagera. Mesmo assim, sinto-me humilde por suas palavras. Obrigada, — eu disse, me sentindo extremamente desconfortável. Brenton e Clayton estavam em dois extremos. Enquanto um me insultava como se eu não fosse melhor do que a sujeira em seus sapatos, o outro me fazia sentir como uma joia da coroa. Por que eles não podiam simplesmente me tratar como uma mulher normal? — Estou apenas dizendo como eu vejo. — A sinceridade brilhava em seus olhos, mas porque será que era tão difícil acreditar nele? Abri minha boca para pedir desculpas a ele, mas não consegui dizer nada quando o som de tiros ecoou ao nosso redor. Antes que eu pudesse pensar muito, Clayton agarrou meu braço e me puxou com força suficiente para que eu caísse no chão. Clayton me trouxe para perto dele quando balas voaram ao nosso redor e cacos de vidro choveram sobre nós, os lençóis brancos sendo a única coisa que nos protegia da multidão de balas que parecia pronta para nos matar. — Clayton? O que está acontecendo? — Eu perguntei enquanto o segurava para salvar sua vida. Não é como se eu estivesse segurando ele porque queria que ele me protegesse, não. Era porque eu não queria morrer. Estava com medo de que, se o deixasse ir, cairia na linha direta do fogo e não queria que aquelas balas atingissem o alvo - eu. — Eu não sei, — foi sua única resposta enquanto segurávamos um ao outro, esperando com a respiração suspensa que o fogo cessasse e as balas não nos acertassem. A chuva de balas terminou tão rápido quanto havia começado, deixando-nos com nada além dos ecos de tiros e o cheiro de pólvora permeando o ar. — O que... foi que... aconteceu?, — perguntei, minha voz tremendo junto ao ritmo do meu coração e membros fraquejando. — Não sei. Mas vou descobrir, — foi o que Clayton disse antes de me soltar e se levantar. Quem poderia fazer algo assim e por quê? Clayton sabia quem estava por trás de tudo isso? Alguém realmente tentou nos matar? E eu odiei dizer isso, mas... Será que Brenton esteve certo o tempo todo? Capítulo 23 Cece Ver Brenton deveria ter me irritado, mas com policiais desconhecidos me cercando, acabei sentindo alívio por saber que ele estava ali. — A julgar pela expressão em seu rosto, foguete, acho que é seguro dizer que eu avisei, — Brenton sorriu, fazendo-me fechar a cara em resposta. Ele riu antes de caminhar até onde Clayton estava conversando com um policial. — Senhorita? Você está bem?, — os paramédicos me perguntaram enquanto eu me sentava na cadeira com um cobertor enrolado em volta de mim. — Sim, eu estou bem. Obrigada, — forcei um sorriso para que eles saíssem do meu pé. Eu só queria ser deixada em paz agora, sozinha com meus pensamentos. Havia muito em que pensar. Este não era o primeiro encontro que eu esperava. Quero dizer, como alguém poderia atirar em um restaurante inteiro quando apenas Clayton e eu estávamos lá? Tudo isso me fez chegar à mesma conclusão, independente de como eu pensasse sobre a situação: alguém claramente queria ver Clayton e eu mortos. Mas quem poderia querer isso? O que tinha feito? Eu nem conhecia ninguém além da Sra. Hampton e Brenton... Isso me atingiu como um tapa na cara: teria sido Brenton o responsável? Ele vinha me alertando constantemente para não sair com Clayton, e ninguém teria dito algo assim a menos que soubesse o que aconteceria ou que fosse o responsável direto pelo ataque. A ideia de que Brenton faria algo assim me perturbou da pior maneira, por motivos que não entendi. Eu simplesmente nunca esperei que ele fizesse algo assim. Achava que ele era um homem maduro, que não permitia que seu orgulho mesquinho atrapalhasse a felicidade das pessoas. Bem, considerando que ele havia destruído minha padaria, imaginei que não fosse uma revelação tão chocante que Brenton pudesse ser o responsável pelo tiroteio. Olhei para Brenton e Clayton conversando e não pude deixar de imaginar Brenton como um atirador. No entanto, não importa o quanto eu tentasse imaginá-lo como o homem por trás da arma, simplesmente não conseguia. Talvez minha cabeça estivesse fodida, ou talvez Brenton não fosse o atirador. Brenton deu a Clayton um aceno final antes de caminhar até mim, com as mãos nos bolsos, fazendo-o parecer sexy e indiferente. Como ele poderia parecer tão calmo numa situação como essa? — Clayton me disse para te levar para casa porque ele tem que ficar e lidar com a polícia. Vamos, — ele disse, sem nenhum traço de malícia em suas palavras. — Por que ele tem que ficar? A polícia já o interrogou, o que mais eles querem?, — perguntei, descartando o cobertor e me levantando. — Há muito que precisa ser feito. Ele virá e encontrará você amanhã, — Brenton me respondeu, mas eu não prestei atenção às suas palavras e marchei direto para Clayton, que sorriu quando me viu. Ele tentou esconder a preocupação nadando em seus olhos, mas falhou miseravelmente. — Por que você não vai voltar comigo?, — quis saber. — Eu tenho que lidar com algumas coisas aqui, Cecelia. Nos veremos amanhã de manhã bem cedo, Brenton não te disse isso?, — ele respondeu, segurando o lado do meu rosto. — Por que você não pode fazer essas coisas de manhã?, — questionei, não gostando do fato de que ele esperava que eu dormisse em paz enquanto ele estava ocupado lidando com problemas. Não é assim que eu queria que esse relacionamento fosse. Eu queria ser amiga de Clayton, sua confidente, a pessoa em quem ele mais confiava. Esse é o tipo de relacionamento que eu queria ter com meu namorado. — Porque não vou conseguir dormir em paz sabendo que essas coisas estão pendentes. Portanto, preciso lidar com elas agora. Espero que entenda. Te encontrarei na primeira hora da manhã. Eu realmente sinto muito por este encontro horrível. Confie em mim, vou te compensar se você me der a chance. Eu... eu não vou decepcioná-la uma segunda vez, Cecelia, — disse ele, a culpa brilhando em seus olhos. Meu coração apertou ao ouvir suas palavras, e eu não pude fazer nada exceto jogar meus braços em volta dele e abraçá-lo com força. — Não diga isso. Nada disso é culpa sua, e não há o que discutir sobre isso. Sei que você não fez nada de errado, então, por favor, não diga esse tipo de coisa. Este não foi nosso último encontro, e tenho certeza de que no próximo não teremos um atirador tentando arruinar tudo, — eu disse a ele enquanto me afastava e sorri. — Vou garantir que nada estrague nosso segundo encontro. Vá para casa, Cecelia. Vá para casa e descanse. E não se preocupe com nada, tudo vai ficar bem. — Ele me deu um sorriso tranquilizador antes de eu relutantemente me afastar. — Você está satisfeita de ter se aproximado do meu amigo? Tenho certeza de que você é a razão pela qual este encontro foi arruinado. Eu te disse: 'Fique longe de Clayton', mas você se recusou a me ouvir, — Brenton retrucou antes de me conduzir para fora do restaurante. — Você pode por favor calar a boca. Eu não tenho energia para lidar com seus comentários sarcásticos, — eu disse a ele enquanto ele abria a porta do carro para mim. Eu deslizei para dentro, surpresa com o fato de que ele realmente tinha aberto a porta para mim. — Se você apenas tivesse me ouvido em primeiro lugar, nada disso teria acontecido. Clayton não ficaria tão preocupado... Agora ele nem pode ir para casa e relaxar porque tem que lidar com tudo isso. Bom trabalho, foguete. Ele continuou lançando comentários mordazes para mim enquanto dirigia em direção ao meu apartamento. Fechei os olhos e tentei abafar suas palavras, mas falhei. Gostaria que ele mostrasse alguma compaixão e parasse de ser um idiota. Quer dizer, eu tinha lidado com muita coisa esta noite também. Brenton continuou a dirigir, ocasionalmente fazendo comentários sarcásticos sobre como ele estava certo o tempo todo e como eu era burra o suficiente para não ouvi-lo. Na verdade, me perguntei como ele tinha forças para continuar e falar sobre sua vitória. Quer dizer, ele não se cansava? O quão narcisista ele poderia ser? Assim que ele estacionou o carro, abri a porta e corri para fora, farta de ouvi-lo. Eu estava cansada e esgotada de tudo o que havia acontecido, e só queria deitar e ficar com meus pensamentos por um tempo. — Onde você está indo? Volte aqui. Eu não terminei de falar com você! — Brenton ordenou, mas eu me recusei a escutá-lo. Eu queria minha cama e não daria ouvidos a ninguém até ter minha cama e meu travesseiro debaixo de mim. Entrei no quarto, fechei a porta e me cobri com meu edredom. Eu descansaria por alguns minutos e depois ligaria para Clayton e verificaria se ele estava bem. Quem foi essa pessoa que arruinou nosso primeiro encontro assim? Poderíamos ter morrido se uma daquelas balas tivesse nos atingido. Quem poderia fazer algo assim? A resposta às minhas perguntas urgentes veio na forma de um telefonema de um número desconhecido. — Olá?, — respondi. — Você estava linda hoje, devo dizer. Uma pena que seu encontro tenha sido arruinado. Eu gostaria de me desculpar por causar tanta confusão para vocês dois, mas o que posso dizer... Isso tinha que ser feito. A voz familiar me tirou do cansaço. Era a mesma pessoa que me ligara antes. Quem este estranho, e o que queria de mim? — Por que está me ligando? Eu não disse para você nunca mais me ligar? Quem é você e o que quer de mim?, — perguntei, com meu tom de voz aumentando, mas me forcei a não gritar porque não queria que Brenton ouvisse. A voz riu. — Eu disse que ligaria de novo. E também disse que posso ajudá-la a se vingar de Brenton. Posso ajudá-la a destruí-lo. Nós dois sabemos que ele está causando muitos problemas. — O único que está me causando problemas é você. Foi você quem quase me matou e tem a coragem de me oferecer sua ajuda. Você é doente! — rosnei, querendo estrangular essa pessoa, quem quer que fosse. — Eu tenho que causar alguns problemas para chamar sua atenção. Quer dizer, vamos encarar os fatos, eu sou o único que se preocupa com você. Brenton está jogando seus próprios jogos, e eu não quero que você perca, então aceite minha ajuda e juntos poderemos derrotá-lo, — a voz disse, como se o fato de ter quase me matado não tivesse importância alguma. — Você é desprezível e eu nunca pedirei sua ajuda, não importa o que aconteça. E pare de me ligar, senão irei à polícia para que rastreiem seu número. Não pense por um momento que você pode me desafiar e se safar, — eu murmurei, meu coração acelerando com a necessidade de machucar essa pessoa. — Você vai se arrepender disso. Estou lhe dizendo, só eu posso ajudá- la a conseguir o que deseja, — disse a voz. — Eu não me importo com o que você pode ou não pode fazer. E agora, eu não poderia me importar menos em me vingar de Brenton Maslow..., — Eu parei abruptamente assim que percebi o que tinha acabado de dizer. Não diga nada a essa pessoa. Esta noite foi Clayton quem quase morreu com você, na próxima pode ser Brenton. Minha voz interior estava certa. Não importava o quanto eu odiava Brenton, não queria que ele morresse nas mãos dessa pessoa perturbada. E por que esse estranho estava tão obcecado em destruir Brenton, que não podia nem mesmo reconhecer o fato de que esta noite ele havia colocado a vida de Clayton em risco? Esse stalker precisava ser colocado em seu lugar. Eu não podia permitir que ele prejudicasse as pessoas ao meu redor, isso era muito perigoso. Eu tinha que proteger esses homens, e se eu precisava me vingar, poderia muito bem fazer isso sem a ajuda de uma terceira pessoa. — Não me arrependo e não importa o que aconteça, nunca pedirei sua ajuda. Por favor, vá se foder e nunca mais me ligue, porque esta é a última vez que atenderei sua ligação, — declarei. — Tsk. Tsk. Você não quer fazer de mim um inimigo, Cecelia, — a voz disse. — Eu não tenho medo de você. Nunca tive e nem terei. Então vá se foder, — eu disse antes de desligar e colocar meu telefone de lado. Isso era uma loucura. Eu tinha que descobrir quem era essa pessoa porque ela poderia prejudicar não só a mim, mas também a Brenton e Clayton. E eu não podia deixar que isso acontecesse. Sem saber mais o que fazer, decidi dormir um pouco, mas não antes de verificar Clayton. Rapidamente mandei uma mensagem para ele, esperando que ele estivesse bem e não mais em apuros. Cecelia: Oi. Como você está? Recebi uma resposta quase que instantaneamente e não pude deixar de sorrir. Eu gostava de um homem que respondia às mensagens de texto imediatamente, em vez de demorar horas para responder a uma única mensagem. Clayton: Estou melhor agora que recebi uma mensagem sua. E quanto a você? Cecelia: Estou bem. Você foi para casa ou ainda está preso à polícia? Clayton: Não. Estou indo para casa agora. Graças a Deus. Cecelia: Ótimo. Vá para casa e descanse um pouco. Boa noite. Clayton: Você também. Boa noite. Beijos Eu sorri antes de colocar meu telefone de lado e me virar para dormir, não me importando com o homem que agora estava compartilhando meu apartamento comigo. Sonhei com uma mulher enfrentando-me com uma arma na mão, enquanto Brenton estava caído no chão inconsciente. Eu não via Clayton em lugar algum. A mulher tinha acabado de atirar em Brenton e agora seu objetivo era me matar. Embora eu estivesse desesperada para salvar a mim e a Brenton, não conseguia fazer nada, nem mesmo me mover. O que havia de errado comigo? Eu não sabia, mas tinha certeza que morreria porque essa mulher não me deixaria viver nem mais um minuto. Quando finalmente acordei, fiquei surpresa ao perceber que meu corpo se recusava a se mover. Flashes do meu sonho deixaram meu sangue gelado de pavor enquanto eu me perguntava se esta misteriosa mulher viria atrás de mim para me matar. Onde estava Brenton? Ele já tinha levado um tiro ou estava dormindo profundamente em algum lugar do meu apartamento? No entanto, quando senti o calor penetrar em meu corpo por algo - ou melhor, alguém - que estava se pressionado contra mim, percebi que tinha companhia. Quando consegui virar para ver quem era, não pude conter meu choque ao ver Brenton Maslow dormindo ao meu lado, seus braços em volta de mim como se tivesse medo de me deixar ir. O que diabos está acontecendo aqui? Por que ele está na minha cama? Como ele veio aqui? E quando? — Brenton?, — cutuquei sua bochecha para acordá-lo. Em vez de me soltar, ele me segurou com mais força e aproximou o rosto do meu peito, o que só serviu para me intrigar. Este homem me odiava e estava me abraçando? O que havia de errado com ele? — Brenton? Acorde. Você está bêbado? É por isso que você está na minha cama?, — eu o cutuquei após cada palavra e, finalmente, ele abriu os olhos - ou melhor, ele despertou e fez uma careta. — Volte a dormir. Por que você está me incomodando, foguete?, — ele choramingou. — Por que você está na minha cama? E por que você está me abraçando? Você me odeia, lembra?, — eu disse, esperando despertar sua memória. — É sua culpa. Agora vá dormir. Não tenho tempo para lhe dar explicações e você já estragou meu sono, — reclamou antes de fechar os olhos e tentar voltar a dormir. — O que você quer dizer com 'é minha culpa'? O que eu fiz?, — perguntei. Eu gritei quando Brenton me deu um puxão forte, fazendo-me deitar de costas na cama. — Cale a boca e vá dormir. — E se eu não quiser?, — ousei perguntar. Desta vez, ele abriu os dois olhos e olhou diretamente nos meus, o calor de seu olhar quase me transformando em cinzas. — Então eu vou te beijar até que você adormeça. Essas palavras quase me desfizeram, e definitivamente mudaram minhas expectativas sobre Brenton Maslow. Isso me fez pensar se este seria seu 'eu' verdadeiro, ou se isso era o efeito do sono, brincando com sua mente. Se fosse o primeiro, então... Eu tinha com um grande problema. Capítulo 24 Cece — Então, qual foi o problema com você dormindo na minha cama na noite passada?, — perguntei a Brenton logo pela manhã. Com ele dormindo ao meu lado, pensei que não conseguiria descansar, mas dormi surpreendentemente bem, embora minha preocupação com Clayton não tivesse ido embora. Deus sabe como ele se sentiria depois do que aconteceu, e eu queria que ele estivesse aqui ao invés de seu amigo rabugento. — Você estava chorando à noite. Isso me acordou de meu sono tranquilo, então vim ver como você estava. Você resmungou em alguma linguagem maluca que só você poderia entender. Tentei te acordar, mas você estava ocupada gemendo e chutando. Então eu pensei que iria me deitar com você, e isso pareceu ter te acalmado o suficiente para que você parasse de chutar e gritar, — ele respondeu, franzindo a testa enquanto contava os eventos da noite passada. Mordi meu lábio quando a culpa tomou conta de mim. Será que ele estava falando a verdade? Nesse caso, eu o havia perturbado e arruinado seu precioso sono, e não me sentia confortável com isso. Sim, eu o odiava, mas não queria incomodá-lo e arruinar seu sono só porque não estava dormindo pacificamente. — Eu não acho que você está dizendo a verdade. Eu não grito ou falo enquanto durmo. Tem certeza de que não estava tentando fazer nada engraçado? Eu lancei a ele um olhar penetrante enquanto ele abotoava a camisa. Trocar insultos com ele era muito melhor do que me sentir culpada e vulnerável, especialmente diante dele. Brenton revirou os olhos e eu reprimi um sorriso. — Sim, como se eu não tivesse nada melhor para fazer na vida do que tentar algo engraçado com você. Tenho reuniões o dia todo... Acha mesmo que vai ficar bem agora, ou vai chorar e gemer de terror novamente? Meu olhar deveria tê-lo pulverizado, mas ele apenas sorriu. — Estarei suspirando de alívio. Isso é o que farei depois que você sair. E é bom que você fique mesmo ocupado em reuniões o dia todo. Eu estava começando a achar que você estava mentindo sobre ser o homem mais rico do planeta. — Que idiota mentiria sobre tal coisa?, — ele perguntou. Dei de ombros. — Você. — Você me irrita, — ele murmurou antes de pegar o paletó e colocá- lo. Hoje ele estava vestido com um terno cinza-carvão, o que o deixava muito sexy, eu tinha que admitir. Como ele era capaz de parecer tão sexy, apesar de ser um idiota de classe mundial? Isso estava além da minha compreensão. Com sorte, se ele continuasse sendo um pé no saco, eu seria capaz de entendê-lo melhor. — Idem. — Vá ligar para o seu namorado. Ele ficaria muito mais feliz perdendo o tempo com você, — ele retrucou. — Ah, eu vou ligar para ele com certeza. Precisamos planejar nosso próximo encontro. — A ideia de sair com Clayton novamente me encheu de borboletas no estômago. Eu não conseguia acreditar que um homem como ele gostava de mim. Brenton balançou a cabeça. — Você nunca vai aprender, — ele murmurou antes de sair do apartamento, me fazendo refletir sobre que diabos ele estaria falando. Depois de uma hora, decidi ligar para Clayton. Eu ainda tinha tempo antes de sair para o trabalho, então achei que uma ligação seria boa, considerando que ele teve uma noite difícil. Ele atendeu no terceiro toque. — Olá?, — ele disse. — Oi, Clayton... Sou eu, Cecelia, — respondi com um sorriso suave. — Sim, meu identificador de chamadas me disse que era você. — Nós dois rimos. — Como vai?, — perguntei. — Estou bem. Muito melhor agora, depois de receber sua ligação. — Corei com suas palavras e suprimi uma risadinha. Clayton sabia exatamente como me fazer sorrir. Era estranho que ele fosse amigo de Brenton. Pare de pensar naquele idiota! Sim, eu precisava parar de pensar nele. Ele só conseguia transformar meu sangue em lava. No entanto, por mais que eu tentasse esquecê-lo, acabava pensando nele ainda mais. Isso me frustrava muito porque eu queria pensar em Clayton, e não em outro homem, muito menos num esnobe. Sim, eu precisava parar de pensar nele. Ele só conseguia transformar meu sangue em lava. No entanto, por mais que eu tentasse esquecê-lo, acabava pensando nele ainda mais. Isso me frustrava muito porque eu queria pensar em Clayton, e não em outro homem, muito menos num esnobe. — Fico satisfeita de ouvir isso. Queria saber se você está livre a qualquer hora, talvez eu pudesse passar pelo seu escritório e trazer um almoço para você?, — ofereci, esperando que ele não recusasse. Achei que uma boa refeição junto com alguns cupcakes o ajudaria a esquecer o estresse da noite passada, e que talvez eu pudesse perguntar a ele sobre conseguir um advogado, já que era hora de começar a prestar atenção em tudo o que era necessário para conseguir uma nova padaria - porque certamente não receberia uma de Brenton Achei que uma boa refeição junto com alguns cupcakes o ajudaria a esquecer o estresse da noite passada, e que talvez eu pudesse perguntar a ele sobre conseguir um advogado, já que era hora de começar a prestar atenção em tudo o que era necessário para conseguir uma nova padaria - porque certamente não receberia uma de Brenton — Na verdade, nos próximos meses não estarei livre de jeito nenhum. Era por isso que planejava passar no restaurante para falar com você... Minha irmãzinha está vindo me visitar e, considerando que ela é uma princesa mimada, graças a mim, tenho que devotar todo o meu tempo a ela, ou ela teria acessos de raiva do tamanho do Monte Everest. E realmente sinto muito, Cecelia... Mas talvez eu não consiga encontrar tempo para você nos próximos meses. Espero que você entenda..., — disse ele. Meu coração afundou enquanto eu contemplava suas palavras. Se ele ficaria ocupado pelos próximos dois meses, como nosso relacionamento avançaria? Como nos aproximaríamos se quase não houvesse contato? Isso não estava certo. E se ele seguisse em frente, e depois de dois meses não quisesse mais namorar comigo? Mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer para dissuadir Clayton. Esta era sua irmã - sua família. Dizer a ele para não passar mais tempo com aqueles que amava seria cruel, e eu não queria ser essa pessoa, mesmo que estivesse me sentindo insegura no momento. — Ah, você tem uma irmã? Eu não sabia disso, — eu disse, forçando minha voz a permanecer firme e não deixá-lo saber que eu estava claramente chateada com a virada dos eventos. — Sim. Por que você não vem ao meu escritório e a conhece? Vai ser a única vez antes que ela me arraste para Deus sabe onde, — ele deu uma risadinha. Eu podia ouvir o amor e o carinho que ele sentia por sua irmã pelo telefone, e tive que admitir que a invejava. — Ahm... Você tem certeza? Quer dizer, eu não quero impor..., — eu disse. — Não tem problema, — disse ele. Mas eu tinha um problema com isso. E se a irmã dele não gostasse da minha presença? Quer dizer, eu não estava lá para roubar a atenção dele, mas só queria vê-la e conhecê-la. Depois de pensar um pouco sobre a questão, decidi seguir meu instinto. — Ok, se você diz. Mas eu não vou demorar, ok?, — eu disse. — Excelente. Você pode trazer o almoço que estava me oferecendo há alguns minutos? Por favor?, — eu ri e balancei a cabeça. — Certo. Farei isso. Nos vemos em alguns minutos. — Desliguei o telefone e me preparei para ir ao escritório de Clayton. Assim que consegui meu intervalo do trabalho, rumei para seu escritório, o que não era uma coisa boa considerando que o escritório de Brenton ficava no prédio ao lado. Eu tinha uma cesta de comida em minhas mãos e rezei para que Clayton gostasse do que eu havia preparado para ele. Voltar ao trabalho foi revigorante e me fez perceber o quanto meu corpo era importante, era meu corpo. Ficar acamada nas últimas semanas tinha me deixado infeliz, então agora que eu pude fazer tudo sozinha novamente me senti muito grata. Eu seria mais cuidadosa no futuro, pois não queria passar por isso de novo. A Sra. Hampton foi calorosa e acolhedora quando entrei no restaurante. Depois de me perguntar se eu estava bem o suficiente para continuar com minhas atividades de costume, ela me permitiu assumir o comando do restaurante. Isso foi bom, pois eu não queria que ela andasse por aí lidando com os clientes sozinha. — Boa tarde, como posso ajudá-la? — Uma recepcionista animada me disse quando eu parei diante de sua mesa. — Gostaria de ver o Sr. Clayton, — eu disse a ela. Ele tinha me dito seu nome completo, mas eu não conseguia me lembrar agora, o que me fez sentir como uma namorada ruim. Qual mulher não lembrava o nome do namorado? — Ok, deixe-me ligar e ver se ele está disponível. Por favor, espere um minuto. — Ela sorriu antes de pegar o telefone e chamá-lo. Olhei em volta, percebendo as paredes imaculadas e o piso brilhante. O lugar era claramente luxuoso, e eu me perguntei o quanto custava para fazer o chão parecer tão brilhante. — O Sr. Clayton está disponível. Você pode subir naquele elevador, — a recepcionista me informou, gesticulando na direção certa. Agradeci e fui até o elevador. A viagem até o topo foi curta e, antes que eu percebesse, as portas estavam se abrindo para revelar um amplo corredor com uma mesa de recepção ao lado e um único escritório, com o nome de Clayton escrito na porta de vidro. A mesa da recepcionista estava vazia, então segui direto para o escritório dele. Bati na porta de vidro antes de abri-la. Vi Clayton sentado atrás de sua mesa e uma mulher extremamente linda ao seu lado. A irmã de Clayton era deslumbrante, com cabelos ruivos esvoaçantes e olhos tão azuis que parecia possível nadar neles. Eu me senti extremamente humilde comparada a ela, o que me fez pensar se ela me aprovaria ou não. Caso não o fizesse, será que Clayton terminaria comigo? — Bem, bem, Cecelia finalmente chegou! — ela disse, levantando-se da cadeira e caminhando até mim. Quanto mais perto de mim ela chegava, mais bonita parecia. Como era possível? — Você sabe meu nome?, — perguntei. Ela revirou os olhos. — Claro. Quando você tem um irmão que não quer calar a boca sobre sua nova namorada, não há como não saber o nome. Corei com suas palavras. Clayton estava falando sobre mim? O que ele disse a ela? Estaria tudo bem, ou ele teria dito coisas ruins? E por que eu estava pensando demais nisso? — Uh, certo. Mas temo que eu esteja em desvantagem. Clayton nunca mencionou você até hoje, então não tenho ideia de qual é o seu nome... Olhei para Clayton e o vi suprimindo uma risada. Algo brilhou nos olhos da mulher, algo semelhante a fúria, mas passou rápido, e fiquei me perguntando se eu teria apenas imaginado. Ela sorriu para mim, mas senti como se ela estivesse escondendo algo ruim por trás. — Esse é meu irmão... Ele se lembra de todas as coisas inúteis, mas se esquece das importantes - o que não costuma acontecer com as pessoas normais disse ela. Certamente ela quis fazer uma piada, mas não pude deixar de me sentir magoada. Então eu seria uma dessas coisas inúteis? — Katerina, pare de falar bobagem. Nem todo mundo consegue entender o seu senso de humor, — disse Clayton, aproximando-se de mim e me dando um beijo na bochecha. Lágrimas arderam em meus olhos enquanto eu refletia sobre suas palavras. Ele achava que eu não era inteligente o suficiente para entender este tipo de humor? O que há de errado com você? Por que está analisando tudo? Você é forte e independente, não deve se importar com o que as pessoas pensam... Meu subconsciente estava certo. Eu nunca me importei antes, por que deveria começar agora? Se Clayton não achava que eu era inteligente o suficiente, isso era problema dele, não meu. Eu não precisava ficar chateada com coisas tão triviais. — Então, qual é o plano?, — Katerina perguntou. — Bem, vamos passar algum tempo com Cecelia e depois veremos o que acontece. — Ficou claro que eles não queriam que eu ficasse com eles por muito tempo. Eu simplesmente daria a comida a Clayton e iria embora, não queria me intrometer. — Na verdade, eu só vim te trazer um almoço. Tenho que estar no restaurante em alguns minutos, pois estamos extremamente ocupados hoje, — eu menti enquanto dava a cesta de para Clayton, com um sorriso suave. — O que? Achei que você ficaria pelo menos uma hora... Vou ligar para mamãe e pedir que ela estenda seu intervalo, — disse ele. — Não, não, tudo bem. Talvez outra hora. É meu primeiro dia de volta e não quero relaxar, — respondi. — Você não está relaxando, você nunca relaxa..., — ele argumentou. — Eu sei. Mas há muitos clientes hoje e, se eu não estiver lá, a Sra. Hampton terá que cuidar deles sozinha. Não quero que ela faça isso, pois dá muito trabalho, — rebati. Estava claro que, mesmo que Clayton quisesse que eu ficasse, sua irmã não queria. Eu podia sentir sua fúria emanando em ondas, o que me gelou até os ossos. Essa mulher claramente não gostava de mim, e isso me fez pensar o quão possessiva alguém poderia ser em relação a um irmão. Ele suspirou, e eu me senti um pouco culpada por mentir assim. Mas não tive escolha: era isso, ou lidar com a raiva de sua irmã - algo que eu não entendia, e nem queria entender. — Tudo bem, se você diz... Mas não se preocupe. Em breve, seremos apenas nós dois, — disse ele, e eu jurei que sua irmã ficou ainda mais fria depois daquelas palavras. — Vocês dois tenham um bom dia. Foi muito bom conhecer você, Katerina. Se cuidem. — Estendi minha mão para que ela apertasse, e ela o fez com um pouco mais de força do que o necessário. Acenei para Clayton antes de sair de seu escritório, me sentindo extremamente desconfortável com o encontro com Katerina. Qual era seu problema comigo? Eu não entendi. Assim que saí do elevador, meu telefone começou a tocar. Tirei da bolsa para ver Brenton me ligando. Ótimo, o que ele quer agora? Está ligando para me insultar de novo? Porque esse é o único motivo pelo qual ele liga. — Olá?, — eu disse, claramente sem vontade de falar com ele. — Olá, foguete. Como vai?, — ele perguntou. — O que você quer, Maslow?, — eu não estava com vontade de jogar seus jogos. — Ok, aparentemente alguém acordou do lado errado da cama. Não importa, venha ao meu escritório, neste instante... Há algo que precisamos discutir. Capítulo 25 Cece — O que você quer?, — perguntei a Brenton assim que entrei em seu escritório. Seu escritório estava exatamente como eu lembrava. A única diferença é que, desta vez, eu estava aqui porque ele me chamou, e não porque o estava ameaçando com um advogado se ele se recusasse a me devolver minha padaria. Mas agora eu sabia que ele nunca faria isso. Se eu quisesse outra padaria, teria que conseguir sozinha. — Onde você estava?, — ele perguntou, Virando-se para me olhar. — Fui visitar Clayton. É a minha pausa para o almoço, — respondi. Agora que não estava mais perto de sua irmã, podia sentir meu corpo esquentando novamente. Meu Deus, o quão fria era aquela mulher? — Ele não está ocupado com Kat?, — ele perguntou, caminhando até mim, bonito como sempre. Por que eu o achei tão sexy e o odiei, ao mesmo tempo? Isso claramente não era uma reação para uma mulher sã. — Ah, sim. Eu a conheci. Não sabia que Clayton tinha uma irmã, — comentei, ainda achando estranho que Clayton não me contasse sobre algo e alguém tão importante em sua vida. — Ah! Então você finalmente conheceu a rainha do gelo... Diga-me, ela te congelou até a morte? — Ele me deu um sorriso cúmplice, como se soubesse exatamente o que eu senti e pelo que passei quando a conheci. — Você a conhece, eu presumo, — comentei com um suspiro desamparado. Katerina era uma mulher estranha, extremamente possessiva com o irmão. Eu não tinha certeza se este amor entre eles era saudável ou não. — Claro. Eu praticamente cresci no Ártico, de acordo com ela. Curiosidade: ela me odeia. Ele sorriu. — Você deveria estar feliz, foguete. Há alguém que se sente por mim exatamente o mesmo que você. Será que eu realmente o odiava? Quer dizer, sim... Por demolir minha padaria e arruinar minha vida, eu definitivamente o odiava por isso. Mas como eu estava praticamente morando com ele nas últimas semanas, percebi que Brenton Maslow não era tão ruim assim. Não que eu fosse admitir isso, pois acabaria aumentando a pilha de equívocos que ele tinha sobre si mesmo. — Claro. Estou feliz que ela desconfie de você, assim como eu..., — ele nem esperou que eu terminasse. — E ainda assim, você fica perturbada depois de conhecê-la por cinco minutos, o que significa que algo está errado, — observou ele, me pegando de surpresa. — C… Como você sabe que estou perturbada?, — o questionei, meu coração pesando de repente. Como esse homem egoísta e egocêntrico poderia saber o que eu estava passando? Brenton sorriu suavemente antes de dar outro passo à frente. A eliminação da distância significava que ele estava apenas a alguns centímetros de mim, e que se ele se inclinasse para frente, poderia me beijar. Beijo? Não, não, por que eu pensaria sobre ele me beijando? — Foguete, estou morando com você há bastante tempo e sei o que você está sentindo e passando a cada hora, — afirmou, como se essa fosse a maior verdade do universo. — Isso não é verdade, — eu disse, odiando o fato de parecer tão insegura. Por que minha voz não podia ser normal? Brenton acariciou o lado do meu rosto com o dedo. — Claro que sim, e você concorda comigo. Eu sei quando você está chateada e quando está com raiva ou feliz. E mesmo que você pense que eu não sei nada, ao menos sei mais do que Clayton. — Este filho da mãe estava certo. Ele sabia mais sobre mim do que Clayton, mas apenas porque estava morando comigo. Se Clayton morasse comigo, ele saberia. — Só porque você mora comigo. Minha respiração engatou quando seus dedos acariciaram a coluna do meu pescoço, tornando extremamente difícil para mim reprimir um arrepio. Por que seu toque me afetava assim? Não deveria estar me afetando. Eu deveria ser imune a seus encantos venenosos. — Porque me esforço para te conhecer. Para te ver. Para estar com você..., — ele disse, sua voz suave como uma carícia honesta. Seus dedos continuaram a deslizar sobre minha pele até chegarem ao topo da minha camisa. Se ele abaixasse os dedos um pouco mais, estaria acariciando meus seios. — Por que você está me tocando?, — eu teria me punido se gaguejasse nesse momento. — Porque eu quero, — foi sua resposta. Eu deveria ter me afastado. Ele não podia tomar tais liberdades com meu corpo. Mas por que eu não saía do lugar? Por que minhas pernas se recusaram a se mover, para que eu recuasse? — Você não deveria. Clay - Clayton não vai gostar, — gaguejei. Para ser honesta, eu não me importava com o que Clayton gostava, e isso não tinha nada a ver com ele ser meu namorado. Eu não estava brava com ele por não passar tempo comigo e, em vez disso, escolher agradar sua irmã. Acontece que eu era muito independente para me importar. E estava usando Clayton como desculpa para impedir Brenton de me tocar, porque eu sabia que ele não se importaria se eu pedisse. — Eu não me importo com o que ele gosta ou não gosta. E tenho certeza de que você também não. Então, por que diabos você está dizendo isso?, — ele me perguntou. — Porque ele é seu amigo, e eu sou namorada dele, — respondi. Aparentemente, essa foi a coisa errada a se dizer. Assim que as palavras deixaram meus lábios, Brenton me puxou para ele. — Cale a boca, porra. E esmagou seus lábios nos meus. Seu aperto em tomo da minha cintura me deixou imóvel, e ele me machucou com seu beijo. O fogo que acendeu dentro de mim foi inesperado, porque eu não esperava que Brenton Maslow pudesse causá-lo. Ele me beijou como se nunca tivesse a chance de fazê-lo novamente. A forma como seus lábios se moveram sobre os meus, persuadindo- me a abri-los para ele, fez minha cabeça girar. Como ele poderia me beijar assim? Como se eu fosse a mulher mais importante em seu mundo? Ele deveria estar me insultando, me desprezando; não me beijando até a morte. Depois de quase me beijar até o esquecimento, Brenton finalmente se afastou, mas não antes de salpicar mais alguns beijos em meus lábios. Ele se segurou em mim enquanto eu tentava recuperar o equilíbrio, sem perceber que meus joelhos estavam gelados graças a ele. Por que ele me beijou assim? Esse homem sempre falava em me odiar e sabia que eu era namorada de Clayton. Então por que ele tinha feito isso? E o que aconteceria agora? Será que ele vai voltar a me odiar, agora que me beijou? Talvez ele só tenha feito isso para matar à vontade Eu li algumas histórias em que o herói costuma fazer isso - transar com a protagonista feminina apenas para matar à vontade quando ele estava frustrado sexualmente mas eu não acreditava que Brenton faria tal coisa. Ou talvez sim, só para depois procurar alguém melhor. Mas se ele sempre falou em namorar mulheres elegantes e com classe, então por que me beijou? — O que foi isso?, — finalmente consegui falar depois de Deus sabe quanto tempo. Isso foi constrangedor... Porque eu perdia a capacidade de falar quando ele estava por perto? — O quê?, — ele perguntou, agindo indiferente. — Você sabe exatamente do que estou falando. Por que você me beijou?, — perguntei, me sentindo frustrada. Eu deveria ter odiado o beijo, deveria ter me dado vontade de esfregar os lábios com sabonete antibacteriano até tirar a camada superior da pele. Eu deveria estar me sentindo culpada por beijá-lo de volta, porque isso significava que eu estava traindo Clayton, e não queria fazer isso. Isso deveria estar errado. Não havia nada certo sobre esse beijo. E, no entanto, tudo estava certo sobre esse beijo. E isso estava errado. — Não vou dizer por que fiz o que fiz. Eu te beijei, apenas aceite e siga em frente, — ele respondeu com um encolher de ombros. Aceitar e seguir em frente? Como ele esperava que eu fizesse isso, quando ele fez a única coisa que eu jamais imaginei que faria? — Oh sério? Então eu acho que quando Clayton te socar na cara por beijar a namorada dele, você vai aceitar e seguir em frente também, certo?, — eu atirei de volta. — Você não é namorada dele, por que você não entende isso?, — ele retrucou, claramente irritado. — Nós saímos em um encontro. Isso significa que somos um casal. — Até aqui, eu não tinha ideia do que estava falando. Eu só sabia que tudo que acontecera tinha sido errado, embora por algum motivo fodido tudo parecesse certo para mim. — Ter um encontro desastroso não faz de vocês um casal. Não sei por que você está delirando, mas você e Clayton não são um casal, — afirmou. — Eu não concordo com você. — Eu cruzei meus braços na frente do peito. — E o que quer que tenha acontecido hoje, é melhor não acontecer de novo, ou juro que vou expulsá-lo do meu apartamento! Assim você pode voltar a morar em seu palácio, com sua família. — Se você me chutar para fora do seu apartamento, te chutarei para fora do país. Nem pense em brincar comigo, foguete, porque isso não vai acabar bem, — ele argumentou. — Você nunca vai me beijar de novo, — eu disse a ele, mantendo minha voz firme para mostrar que eu estava falando sério. — A única maneira de não te beijar de novo é se você encontrar um modo de me impedir. E não, alegar ser namorada de Clayton não vai funcionar, — ele respondeu, antes de se afastar de mim. Que tipo de humano horrível ele era? Que tipo de amigo beijava a namorada de outro? Ele estava louco. — Você é impossível. Vou fazer você se arrepender desse beijo, — ameacei. — Sim, assim como você planeja fazer eu me arrepender de demolir sua padaria? Assim como você planeja fazer eu me arrepender de ter arruinado sua vida? A lista está ficando mais longa, docinho. Quando você vai começar a me fazer pagar por tudo isso?, — ele perguntou. Minhas bochechas aqueceram com suas palavras. Ele estava certo, eu ainda precisava fazê-lo pagar por muita coisa. Quando e como eu faria isso? Talvez eu devesse procurar um advogado imediatamente, mas então chegaria atrasada ao trabalho. E eu não queria me atrasar logo no primeiro dia. — Farei isso quando você menos esperar, Breton Maslow, — eu disse, antes de me virar e deixar seu escritório. Isso era uma loucura. Por que eu estava demorando tanto para fazê-lo pagar por todo o mal que tinha me causado? E agora havia mais uma coisa na lista. Assim que saí do prédio, meu celular começou a tocar. Era um número desconhecido. Deus, eu não queria lidar com isso agora. Este dia estava começando a se tornar uma bagunça fodida, e ainda tinha um longo caminho a percorrer. Levando alguns minutos para mim mesma, tentei voltar ao normal. Meu telefone parou de tocar, mas poucos segundos depois começou novamente. Deus, essa pessoa era persistente. Por que ele não podia me deixar em paz, quando sabia que eu não estava interessada em sua ajuda? Puxando meu telefone da bolsa, esperei que parasse de tocar antes de bloquear o número. Agora vamos ver como ele vai me incomodar. Sabendo que essa pessoa maluca não me incomodaria mais, voltei para o restaurante, tentando o meu melhor para deixar o beijo de Brenton para trás. Mas foi impossível. De jeito nenhum eu seria capaz de pensar em outra coisa nos próximos dias. Eu nem tinha certeza se conseguiria manter uma cara séria perto dele, já que estava claro que ele não tinha intenção de se comportar. Assim que comecei minha jornada de volta ao restaurante, xinguei quando meu telefone começou a tocar novamente. E fiquei chocada ao ver que era outro número desconhecido. Puta merda, como essa pessoa sabia que eu o bloqueei? — O que?, — gritei para a pessoa na outra linha. — Você acha que bloquear meu número irá mantê-la longe de mim? Você é uma idiota se pensa assim, — disse a voz. — Que porra você quer? Já disse que não preciso da sua ajuda para destruir ninguém, — reclamei, odiando essa pessoa profundamente. — Claro que não, vendo como Brenton Maslow acabou de unir sua boca com a dele, posso entender claramente por que você não quer mais destruí-lo, — foi a resposta que me fez parar no meio da rua. Como essa pessoa sabia que Brenton me beijara? A voz riu. — Seu silêncio me diz que você não esperava que eu soubesse esse seu segredinho. Agora, eu me pergunto como seu novo namorado Clayton vai se sentir quando descobrir que você estava beijando o melhor amigo dele. — Cuide da sua vida, seu filho da mãe! — quase gritei, odiando que essa pessoa pudesse me irritar tão facilmente. — Ei, ei, não precisa se sentir mal por isso. Na verdade, estou feliz que você o beijou, e você me perguntar, acho que deveria namorar Brenton ao invés de Clayton. Você ficará muito melhor com ele..., — disse a voz. — Quem é você, e por que diabos está interferindo na minha vida? Não tem nada melhor para fazer?, — perguntei, forçando meu temperamento a tomar um banho de água fria. Eu não reagiria a essa pessoa, isso não era a coisa mais inteligente a se fazer. — Tenho, na verdade. Mas preciso tirar Brenton do caminho. Minha lealdade está com Clayton, e vou garantir que ninguém tente machucá- lo, — respondeu a voz. — O que meu namoro com Brenton tem a ver com alguma coisa?, — eu questionei. — Claro, você se tornar sua namorada vai manter Brenton ocupado. Na verdade, Cecelia, seu namoro com Brenton resolverá todos os meus problemas e tornará extremamente fácil para mim destruí-lo. Portanto, é uma situação ganha-ganha para todos. Então, faça um favor a si mesma e esqueça Clayton. Você pode se divertir tanto namorando Brenton Maslow... Eu estava prestes a responder, mas a linha ficou muda, deixando-me num redemoinho de cenários imaginários. Havia muitos pensamentos girando em minha mente para dar sentido a qualquer coisa. Mas uma coisa estava clara para mim. Se essa pessoa queria que eu namorasse Brenton porque assim seria mais fácil destruí-lo, então eu não poderia ser sua namorada. Seria muito perigoso. Capítulo 26 Cece Hoje seria um bom dia. Hoje eu faria tudo o que quisesse, sem me preocupar com coisas do meu trabalho ou sem ter que lidar com um homem louco e sexy que agora estava morando comigo. Duas semanas se passaram desde que voltei a trabalhar, e desde então eu não tinha conseguido passar mais de duas horas com Clayton. Por isso, não pude evitar que as palavras de Brenton continuassem ressoando em minha cabeça, dizendo que Clayton não era meu namorado e nunca seria, o que deixava meu coração pesado. Já que Clayton estava ocupado e não tinha tempo para mim, eu passaria um tempo comigo mesma. Eu tinha vivido sozinha praticamente toda a minha vida. A presença de Clayton não significava que tinha me esquecido de como passar um tempo comigo mesma. Fiz isso por todos esses anos, e fazê-lo de novo não seria diferente. Então hoje eu decidi me presentear com um dia de spa - especialmente fazer uma boa manicure - e provavelmente ir a um bom restaurante depois, para me mimar com uma boa refeição. Quanto tempo teria se passado desde a última vez que eu fui a um bom restaurante e comi uma refeição adequada? Provavelmente uma década seria meu melhor palpite. Quando eu tinha minha padaria, tudo o que eu ganhava era para o progresso e promoção do meu negócio. Mas como eu não tinha mais um negócio próprio, decidi me mimar um pouco e simplesmente me entregar a tudo que vinha ignorando nos últimos anos. — O que você está fazendo?, — Brenton enfiou o rosto na porta do meu quarto assim que terminei de amarrar meu cabelo num rabo de cavalo. — Porque quer saber? Não está vendo que estou arrumando meu cabelo?, — respondi. — Quando eu faço uma pergunta, espero que você responda com uma resposta real, não com outra maldita pergunta, — ele retrucou. — Bem, quando eu considerar sua pergunta digna de uma resposta, lhe darei uma, — respondi com indiferença. Este era meu novo jogo favorito nos últimos dias: irritar Brenton até que ele quisesse arrancar os próprios cabelos. E embora eu gostasse de seus cabelos - que pareciam ser bem macios - adorava perturbá-lo até ele se debater se me estrangulava, ou se arrancava os próprios cabelos. Para ser honesta, eu preferia a última opção. — O que você vai fazer hoje?, — ele perguntou depois de revirar os olhos. — Vou passar o dia comigo mesma. Então, estou me preparando para sair..., — respondi. Esconder certas informações de Brenton - especialmente as que ele mais queria saber - era uma grande emoção para mim. Ele dizia que eu era só conversa e pouca ação quando ameaçava fazê- lo pagar pelo que tinha feito a mim, mas ele agia da mesma forma em relação a sua promessa de tornar minha vida miserável. Ele sorriu e balançou a cabeça. — Patético. Você não tem nada melhor para fazer na sua vida? — Acredite em mim, é muito melhor do que passar o dia olhando para o seu rosto, — retruquei. — Você sabe que está falando besteira. Como você pode sair e passar o dia com você mesma? Não se sente ridícula?, — ele me perguntou. — Já fiz isso antes e não tenho nenhum problema em fazer de novo. Por que você está perguntando isso de repente?, — quis saber. — Há um baile, — ele disse, me pegando de surpresa. Por que ele estava me contando isso? — E por que você está me dizendo isso? — Eu me olhei no espelho, certificando-me de que parecia boa o suficiente para sair e me divertir. Sempre que decidia passar um dia comigo mesma, fazia questão de ficar bem bonita, porque isso me fazia bem. — Vá comigo, — afirmou ele, me fazendo parar e observá-lo. — Desculpa, o que você disse? — O que ele estava falando? Para onde ele queria que eu fosse? — Vá comigo... Para o baile. Seja meu par, — ele repetiu, desviando o olhar assim que ele terminou de falar. Havia algo de errado com meus ouvidos, com certeza, porque eu certamente não tinha escutado bem. Tinha certeza de que Brenton Maslow não havia me convidado para ser seu par e ir ao baile com ele. — Uh... O que você disse? — Talvez se ele falasse claramente desta vez, eu entenderia. Devo marcar uma consulta com o médico; meus ouvidos estão com problemas. Brenton respirou fundo, como se isso o fizesse perder um milhão de calorias, apenas para repetir as mesmas palavras. — Seja meu par esta noite. Quero que você vá a este baile comigo. Eu quero... eu quero que você seja meu par. Havia algo de errado comigo ou com ele? Por que diabos ele estava me convidando para ir a um baile com ele? Algo não estava certo aqui... Brenton nunca faria isso, mesmo se estivesse desesperado. — Porque eu faria isso? Você não tem nenhuma mulher com classe e elegância que queira levar? — Então era por isso que ele queria que eu fosse com ele... O fato dessa ideia ter me machucado me surpreendeu. Quer dizer, o que eu esperava de um homem como Brenton: alguém que me odiava e que de repente queria me levar para um encontro? Ele nunca me escolheria para um encontro, mesmo quando o inferno congelasse. — Não é isso. Eu quero... eu quero que você vá comigo ao baile, — ele disse, travando seus olhos nos meus. — E por que você quer isso? A última vez que verifiquei, você não sairia comigo mesmo se eu fosse a última mulher na Terra e implorasse por seu tempo e atenção, — eu respondi. Isso não deveria ter me afetado tanto quanto estava, e eu não entendia o porquê. — Não foi minha intenção. Olha, eu prometo não te insultar a noite toda se você concordar em ser meu par no baile, — ele disse, o que quase me fez rir alto. Ele pensou que uma noite sem me insultar compensaria todos os dias em que ele literalmente me humilhou, até que eu não passasse de uma poça de vergonha? — Não estou interessada. Você pode ir com outra pessoa. Tenho outras coisas para fazer, — respondi, desviando o olhar. — Vamos, foguete. Eu disse que Clayton não é seu namorado, e sair comigo não é o mesmo que traí-lo, — disse ele, claramente irritado. — Não é sobre Clayton. É sobre meu respeito próprio. Por que devo sair com um homem que não me respeita? Clayton pode não ser meu namorado, mas pelo menos ele me tratou com gentileza e respeito. Você nunca tentou ser respeitoso, então não vejo por que deveria sair com você para este baile, — eu disse, me preparando para sair. Mas ele deu um passo na minha frente, bloqueando meu caminho. — Eu sei. Entendo o que está dizendo, e você..., — ele respirou fundo como se estivesse prestes a dizer algo que lhe causaria uma dor extrema, — Você tem razão. Eu estava sonhando ou Brenton Maslow realmente admitiu que eu estava certa? Segundo ele, eu não tinha cérebro para tomar decisões sensatas, mas aqui estava ele, diante de mim, admitindo que eu estava certa. Meu Deus, ele realmente deve estar desesperado para me levar a este baile, se ele está disposto a deixar de lado seu ego a fim de impulsionar o meu. O que me fez pensar, Porque diabos ele quer me levar lá? — Certa sobre...?, — eu perguntei. — Tudo o que você acabou de dizer. Clayton foi bom com você, então obviamente você o escolheu. Se eu tivesse sido legal com você, de jeito nenhum você o teria escolhido ao invés de mim, — ele murmurou. — Desculpe?! Quem diabos ele pensa que é, deus do mundo? Que nenhuma mulher em sã consciência iria rejeitá-lo? Oh meu Deus, essa aberração narcisista precisa ser derrubada com um ou dois golpes. — Você nunca foi uma opção, para começar. Eu gostei de Clayton desde que falei com ele pela primeira vez. Você nunca passou pela minha cabeça. A chama que ganhou vida em seus olhos me disse que eu tinha atingido um ponto nevrálgico, mas não me importei. Eu tinha perdido tempo suficiente aqui discutindo com ele. Eu tinha um dia para passar comigo mesma, e era exatamente isso que faria. Não esperei que ele respondesse. Eu apenas dei a ele um sorriso suave e saí do meu apartamento, deixando um Brenton Maslow pasmo para trás. Não pude evitar o suspiro de alívio que me escapou assim que mergulhei meu corpo na água, sentindo o estresse deixar meu corpo. Essa era a vida que eu queria. Agora eu entendia por que os ricos eram tão viciados em spas e banhos luxuosos. Era como estar submerso no céu e ter toda a população de anjos o adorarem e o servirem em capacidade máxima. No entanto, eu sabia que esse era um luxo que eu não podia pagar o tempo todo. Mas estava feliz por poder sentir o gosto desta conquista depois de ter pensado nisso por tanto tempo. Eu nunca tinha ido a um spa antes. Sempre me perguntei por que mulheres e homens davam tanta importância a um dia de spa. O que há de tão especial em um lugar que te faz querer dedicar um dia inteiro a ele? Muitas vezes me perguntei como as pessoas podiam perder tanto tempo sem fazer nada, apenas sendo mimadas. Mas agora eu sabia o porquê. Agora eu entendia. O sorriso não saiu do meu rosto enquanto eu pensava em como era bom ter escolhido passar o dia comigo mesma, ao invés de ir para um baile com o Brenton. Fiquei rindo enquanto minha mente voltava para uma hora antes, quando Brenton me pediu que o acompanhasse num baile onde eu encontraria pessoas que eram diferentes de mim. Eu simplesmente não tinha paciência para isso. Pensando em tudo o que acontecera nas últimas semanas, percebi que merecia este dia no spa mais do que Brenton merecia um par para o baile. Ele poderia conseguir qualquer mulher que quisesse, desde que ela não tivesse um cérebro totalmente funcional. Talvez ele tivesse que arranjar uma mulher que estava em coma, porque nenhuma pessoa consciente sairia com ele. Você estava pensando em dizer sim para ele. Isso foi só quando eu não sabia que ele estava me usando como um último recurso. Eu não queria ser o último recurso de ninguém, mesmo que algumas pessoas pensassem em mim desta forma. Prefiro permanecer solteira pelo resto da minha vida. — Srta. Fells? — Abri os olhos e vi a senhora encarregada do meu tratamento de spa a poucos centímetros da minha banheira. Ela era uma mulher doce, de olhos cinzentos e cabelos castanhos presos num coque, e falava de maneira educada, o que admito ter preferido, já que as pessoas dificilmente eram educadas ao falar comigo. — Sim?, — eu sorri pra ela. — Você está confortável? Gostaria de mais alguma coisa?, — ela perguntou. — Não, não, isso é maravilhoso! Muito obrigada. Estou bem confortável aqui, — respondi a ela. — Tudo bem, se você tem certeza disso... Mas se precisar de alguma coisa, por favor, não hesite em dizer a uma das meninas, e providenciaremos para você, — afirmou, — Vou deixá-lo com seu banho, então. — Obrigada. — Fechei os olhos e relaxei, deixando a água e as bolhas dissiparem o estresse e a confusão do passado. Assim que saísse deste local, deixaria o passado aqui e esqueceria tudo o que tinha acontecido. Eu não sabia ao certo se eu e Clayton estávamos na mesma página, mas por algum motivo tive a sensação de que as coisas entre eu e Brenton estavam prestes a mudar... Mas não tinha certeza se esta era uma mudança boa ou ruim. Com sorte, se as coisas mudassem para melhor, então aquela pessoa que me ligava de um número desconhecido pararia de me incomodar e de tentar arruinar minha vida. Eu estava mais uma vez perdida em meus pensamentos quando ouvi uma das mulheres dizendo algo para mim. Sua voz parecia distante, indicando que eu estava prestes a adormecer se não abrisse os olhos agora. — Você disse alguma coisa?, — perguntei a ela, esperando não tê-la irritado por não prestar atenção ao que ela estava dizendo. — Srta. Fells, sinto incomodá-la, mas há alguém que gostaria de falar com você, — disse a senhora. Ela não tinha mais de 25 anos, cabelos pretos e olhos castanhos. Quem no mundo queria me encontrar num spa? — Quem é?, — perguntei. — Um homem. Vi suas fotos no Google. Sra. Fells, ele é realmente bonito... — ela comentou, corando. — Se você não se importa, poderia me dizer seu nome?, — eu pedi. — Brenton Maslow. — Meus olhos se arregalaram quando a senhora cobriu a boca com a mão, parecendo claramente chocada. O que diabos Brenton estava fazendo aqui? Ele estava louco? Ele não entendeu que eu não queria sair com ele? O que eu poderia fazer para me livrar desse homem? Ele era terrivelmente persistente. — Você pode, por favor, dizer a ele que não desejo ser incomodada, — eu disse a ela. Não havia nenhuma maneira dele arruinar meu dia no spa. Este foi meu primeiro, e provavelmente único, dia de spa na minha vida! E eu queria que fosse perfeito. Pude ouvir a mulher saindo, e passos entrando em minha pequena bolha de paz. Provavelmente era a mesma mulher. Mas Fiquei surpresa quando ouvi uma voz inesperada, mas tão familiar para mim... — Que merda você pensa que está fazendo?, — disse Brenton. Meus olhos se abriram e eu o encontrei olhando para mim, enquanto eu estava deitada na banheira... Totalmente nua. Capítulo 27 Cece Se houvesse um deus estritamente responsável pelas bolhas, eu o teria adorado totalmente agora, porque as bolhas eram as únicas coisas que estavam me protegendo do olhar extremamente intenso e curioso de Brenton. Ele não sabia que não deveria estar aqui quando eu estava nua e relaxando na banheira? E como o pessoal do spa poderia deixá-lo entrar? Isso era uma loucura... Ou melhor, Brenton era louco. — O que você está fazendo aqui?! — eu quase gritei. Se houvesse pássaros sentados aqui, eles teriam voado com medo da morte iminente. — Estou nua! Ele revirou os olhos. — Eu posso ver isso. As bolhas aqui são extremamente grossas. — Era só eu, ou ele parecia estar reclamando disso? — O que você está fazendo aqui?, — exigi saber enquanto afundava mais na água, grata pelas bolhas. Ele olhou para as senhoras que estavam ao nosso redor. — Deixem- nos. — Seu comando foi obedecido imediatamente, como se ele fosse um rei. Por que ele tinha que agir como um rei, quando era tão terrível nisso? Uma vez que a sala ficou vazia, ele se virou para mim. — Eu quero que você seja meu par para o baile esta noite, — ele disse. Meu Deus, ele não iria parar de falar disso? Por que tinha que ser tão inflexível? — E eu já disse que não quero ser seu par, a menos que você me dê um motivo válido, — falei, observando as bolhas para me certificar de que elas não começariam a estourar. Precisava mantê-las ali pelo máximo de tempo possível, pois sua sobrevivência protegia minha nudez. Eu gritei quando ele marchou até mim e se abaixou, até que seu rosto estava no nível do meu a apenas a alguns centímetros de mim. E céus, como ele cheirava bem. Minha boca se encheu de água. — Eu disse para você ir comigo. Isso deve ser o suficiente para você concordar, — afirmou ele, fazendo-me cair na gargalhada. — Q-Quem você pensa que é? Você sabe, o fato de você me dizer para ir com você é o suficiente para eu não ir. Eu estava rindo, até perceber que tinha jogado minha cabeça para trás, o que fez meus peitos emergirem da água, alcançando a linha de visão de Brenton. Ele olhou para mim antes de agarrar meu pescoço, fazendo-me engasgar e meus olhos se arregalaram. No entanto, ele não apertou, apenas manteve a mão em volta do meu pescoço. Era essa a sua maneira de me ameaçar? Nesse caso, lamento admitir, mas estava funcionando. — Sua flagrante demonstração de desrespeito comigo já dura o suficiente. Você. Irá. Ao Baile. Comigo. Esta noite. Está claro? Não percebi que ele estava aproximando seu rosto do meu, até que pude sentir sua respiração soprando em meu rosto. Mas antes que eu pudesse dar uma resposta sábia, ele eliminou a distância entre nós e me beijou. O beijo foi forte e apaixonado. Era como se ele estivesse tentando dominar meu ser me beijando, como se ele fosse destruir qualquer um que ousasse me beijar além dele. Resistir era inútil, pois ele me possuía completamente. Quando sua língua separou meus lábios, dando-a espaço para deslizar e assumir o controle de mim, eu me encontrei respondendo ao beijo, sabendo que lutar contra ele resultaria em muita exposição indesejada. No entanto, minhas preocupações eram injustificadas porque poucos minutos depois, senti a mão de Brenton serpentear para baixo até alcançar meus seios. Eu engasguei, mas isso só fez com que ele aprofundasse o beijo enquanto beliscava meu mamilo, para logo depois apertar meus seios suavemente. Eu gemia enquanto Brenton brincava com eles, sua mão se alternando entre os dois, aumentando o calor dentro de mim e me fazendo ansiar por mais. Como ele pode brincar com o meu corpo tão habilmente? Era como se ele conhecesse cada ponto que me deixava louca de luxúria e desejo, e ele estava apertando todos os botões certos. Foi um ataque duplo ao meu corpo: a maneira como sua boca devastou a minha e a maneira como sua mão brincava com meus seios, como se eu fosse seu instrumento favorito, estava me empurrando cada vez mais alto em direção a algo familiar, mas algo extremamente inesperado. Nunca pensei que um homem como Brenton Maslow me levaria ao orgasmo. Mas eu explodi sob seu toque, meu corpo pulsando de felicidade enquanto eu cavalgava onda após onda de prazer entorpecente. Como eu podia sentir um prazer tão intenso? Não entendi, mas depois de me banhar, quis mais. Brenton parou de me beijar, e senti meus lábios formigarem quando o fluxo de sangue retomou a para eles. Puta merda! Eu nunca tinha sido beijada assim na minha vida, especialmente por alguém que dizia me odiar tanto. Por que, oh por que ele continua fazendo isso comigo? Odiá-lo estava se tornando um desafio. Considerando o fato de que você o beijou de volta, não acho que você o odeie. Se eu o beijasse de volta, isso significava que não o odiava? Talvez eu o estivesse usando para ganho pessoal, para suprir minhas necessidades biológicas. Sim. era isso mesmo. Quer dizer, por que eu gostaria de um homem que me tratou de maneira tão horrível? — Esteja pronta às sete. Use o vestido que escolhi para você e iremos ao baile juntos. Ele acariciou meu pescoço com a ponta do polegar, sua mão já não brincava mais com meus seios macios. Com um beijo no canto da boca, Brenton se levantou e saiu da sala sem olhar para trás, deixando-me submersa na água, sabendo que não tinha escolha a não ser ir ao baile com ele.
Eu encarei o relógio, observando o tique-taque dos segundos, fazendo
o ponteiro dos minutos e das horas se moverem. Em dez minutos, Brenton esperava que eu estivesse pronta com o vestido que estava deitado na cama ao meu lado. Por que ele queria que eu fosse ao baile com ele? Que tipo de pessoas estariam lá? Como seria esse baile? Como ele vinha morando comigo nos últimos dois meses, eu sabia que seria melhor colocar logo vestido, caso contrário Brenton me incomodaria até que eu fizesse o que ele queria. E considerando o que ele fez comigo no spa, eu não poderia correr esse risco. Eu ainda ficava molhada só de pensar em como ele me tocou e me beijou. Não, eu tinha que me preparar. Levantei-me da cama e fui ao banheiro me arrumar. Depois de colocar o vestido, comecei a ajeitar meu cabelo e rosto, esperando parecer elegante e com classe depois de colocar a maquiagem e fazer meu penteado. Embora não me importasse com o que as outras pessoas pensavam de mim, também não queria ser humilhada publicamente. Ele invadiu meu quarto assim que o relógio marcou sete horas. Olhei para Brenton do espelho, e o vi vestindo um smoking. Estava sexy e delicioso. Eu odiava admitir, mas Brenton realmente era o rei que dizia ser. E se chegasse o momento em que ele teria que dominar o mundo, eu tinha certeza que ele o faria magnificamente. — Uau. — Virei meu rosto para olhar para ele, apenas para vê-lo respirar fundo enquanto me olhava. Uma onda de autoconsciência passou por mim ao ver sua expressão. Eu não estava bem? Havia algo de errado com meu vestido? Meu cabelo? Maquiagem? — O que há de errado?, — perguntei, piscando rapidamente e tentando me livrar da confusão que fervilhava em mim. — Você está linda. Mais do que eu jamais imaginei que você fosse. — Ele se aproximou de mim, pegou minha mão e me ajudou a levantar. Então deslizou aqueles olhos verdes como o mar sobre mim, e eu juro que senti como se ele estivesse realmente me tocando toda, embora estivesse apenas segurando minha mão. — Você continua me surpreendendo, foguete. Como consegue fazer isso? Reunindo rapidamente meu juízo, arranquei minha mão de seu aperto e fiz uma careta para ele. Eu não o deixaria ver o quanto suas palavras me afetaram. Se ele estava me elogiando agora, isso não significava que continuaria a fazê-lo. Brenton Maslow não conseguiu passar trinta minutos sem me insultar. — Sim, bem, você continua a me irritar, então o mínimo que posso fazer é surpreendê-lo. Agora se apresse e vamos. Quanto mais cedo formos, mais cedo voltaremos e eu poderei tirar esse vestido, — eu disse, parecendo exasperada. Brenton riu e balançou a cabeça, o que me deixou preocupada. — Tudo bem, foguete, o que quer que você diga. Pegando minha mão mais uma vez, ele me levou para fora do apartamento e para a limusine que estava estacionada diante do complexo de edifícios. — Por que estamos viajando numa limusine? Onde está o seu carro?, — perguntei a Brenton assim que a limusine entrou na garagem. — Decidi viajar de limusine, pois é um baile, — respondeu ele. — Mas por que você não poderia usar seu próprio carro? Não é menos chique..., — eu quis saber. — Sim, mas quando você vai a um baile, deve-se chegar de limusine. — Suas respostas não fizeram sentido para mim. — Quem disse? — Foguete, cale a boca e aproveite o passeio, — ordenou Brenton. — Mas você não respondeu minha pergunta, — argumentei. — Vou te beijar se você não calar a boca, — ele ameaçou, me calando imediatamente. O resto da viagem foi passado em silêncio. Frequentemente, pegava Brenton olhando seu telefone, mandando mensagens de texto só Deus sabe a quem, e me perguntei como seria o baile. Era o primeiro baile que eu participaria, e eu estava nervosa, para dizer o mínimo. O que era uma loucura, já que eu não tinha motivos para ficar nervosa, mas não pude evitar. Uma coisa estava clara, porém: se alguém tentasse me humilhar, ele ou ela iria ver só... Eu não me importava se estivéssemos em público. Ninguém conseguiria me envergonhar e se safar. A limusine parou e o motorista abriu a porta para nós. — Obrigada, — eu disse ao homem de uniforme quando Brenton e eu saímos. — Por que você agradeceu a ele?, — Brenton perguntou enquanto me conduzia em direção ao jardim da propriedade Maslow, onde o baile estava sendo realizado. — Porque ele abriu a porta para nós, — respondi, observando os homens vestidos imaculadamente em smokings, enquanto as mulheres ostentavam joias e elegância. Oh, sim, definitivamente não pertenço a este lugar. — Bem, tente evitar isso. É seu trabalho abrir a porta para nós, — afirmou ele, enquanto nos aproximávamos cada vez mais da festa. — Mesmo assim, devemos agradecê-lo. Só porque você paga a ele, não significa que não deva respeitar e apreciar o que está fazendo por você. Isso fará com que eles te respeitem mais, — afirmei assim que vi a esposa de Gideon em pé com ele, e ela estava deslumbrante num vestido verde claro que fazia seus olhos se destacarem. — Brenton. Você finalmente conseguiu, — disse Gideon, enquanto Brenton acenava com a cabeça em reconhecimento. — Onde está Kieran?, — ele perguntou, procurando por seu irmão. — E a Lizzy? — Eles ainda não chegaram. Mas papai está lá, conversando com os amigos, — Gideon o informou. — Cecelia, você está linda. Como vai?, — Alice me perguntou. Eu sorri pra ela. — Obrigada. Estou bem, e você como está? Onde estão seus filhos? — Eu estou bem. Quanto aos meus filhos, posso dizer com segurança que não tenho ideia do que estão fazendo agora, mas eles estão aqui, em algum lugar. Ela riu, suas bochechas ficando rosadas enquanto seus olhos procuravam por seus filhos. — Ah, bom. Acho que é hora de apresentar Cecelia a ele de maneira adequada. — Ele pegou minha mão mais uma vez. Por que continuava fazendo isso? — Vamos, foguete, é hora de apresentá-la ao meu pai. — Ah não. — Eu cavei meus calcanhares no chão, tentando resistir ao seu puxão. — Eu não vou conhecer seu pai. De jeito nenhum! Você está falando sério?! — Por que não? Você vai conhecê-lo mais cedo ou mais tarde... — Eu prefiro mais tarde. Vamos para algum lugar longe dele. — Mas Brenton não me ouviu. Ele continuou a me arrastar em direção a seu pai, o que fez meu coração bater forte contra o peito, meu corpete apertado dificultando minha respiração quanto mais perto chegávamos dele. — Por que você me odeia tanto? Você não se preocupa mais com sua reputação? Como você pode pensar em apresentar uma camponesa como eu ao seu pai?, — perguntei a ele, exigindo uma resposta. — Foda-se minha reputação. Isso não é importante agora. — Quem é você e o que fez com Brenton Maslow?, — questionei, chocada com suas palavras. Como ele poderia ser tão casual sobre a coisa que mais valorizava, sua reputação? No entanto, acabei tendo problemas em dobro quando Brenton e eu paramos na frente de um grupo de homens bem vestidos. — Pai. — Imediatamente, todos eles pararam de falar e voltaram sua atenção para nós. — Eu gostaria de apresentá-lo ao meu par, Cecelia. Quando ousei olhar para o homem a quem estava sendo apresentada, não esperava ver ao seu lado a única pessoa que eu jurava não estar presente esta noite. O homem que deveria estar aqui comigo. O homem que eu achava que passaria um tempo comigo, e não com sua irmã. Quando olhei para o grupo de homens, vi o pai de Brenton junto a Clayton... Um do lado do outro. Capítulo 28 Cece Se eu pudesse resumir toda a situação em uma palavra, seria esta: Desajeitada. Ter que encarar Clayton e o Sr. Maslow observando Brenton e eu juntos me fez desejar que o chão se abrisse e me engolisse por inteiro. Eu queria fugir, mas o braço de Brenton me impedia. Por que Clayton estava aqui? Quer dizer, eu teria entendido se Brenton o tivesse convidado, já que Clayton era o único amigo que ele tinha, mas porque Clayton não me convidou para sair ou me disse que estaria presente no baile? Ele não queria me contar? Talvez fosse esse o motivo. Caso contrário, eu tinha certeza que ele teria me contado. Oh sério? Você tem certeza? Ele não poderia te levar para um encontro decente. Não tinha sido culpa dele termos acabado como alvo de algum maníaco, mas eu não conseguia encontrar uma justificativa para sua presença neste baile sem meu conhecimento. — Cla-Clayton? — Eu não conseguia fazer minha voz funcionar corretamente, o que me fez imaginar o que havia de errado com meu cérebro. Ele é quem deveria estar se sentindo culpado, não eu. Foi Clayton quem mentiu para mim. Será que ele veio acompanhado? Eu tinha o direito de ficar com ciúmes e com raiva? De acordo com Brenton, eu não deveria estar me sentindo culpada porque mal havíamos saído em um encontro, e isso não significava que éramos um casal. Não importa o quanto eu tivesse tentado negar isso antes, ele estava certo. Talvez eu estivesse tão desesperada que queria entrar em um relacionamento, mesmo quando não havia nenhum. Mas agora eu sentia vergonha de mim mesma. Eu tinha sido independente e sozinha por quase toda a minha vida e me orgulhava disso - não depender de ninguém para suprir minhas necessidades básicas. Mas sim, não havia relação entre Clayton e eu e, embora fosse uma pílula difícil de engolir, fiquei feliz por ter aceitado esse fato. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas por enquanto não havia nada entre ele e eu. O choque preencheu seu rosto enquanto ele estava com o pai de Brenton. Se eu o odiasse e quisesse me vingar dele, poderia ter sorrido ao ver sua expressão, mas agora tudo que eu podia sentir era dor, como se meu coração tivesse se partido. Clayton não parecia querer que eu estivesse aqui. Agia como alguém que estava traindo a namorada, e isso doía. Porque se ele realmente sentia que estava me traindo, então ele realmente estava, e eu fui estúpida o suficiente para colocar minha fé nele. — Eu não estava esperando você aqui, — eu disse, minha voz voltando à sua confiança usual, o que me fez sentir muito melhor. No entanto, quando Brenton apertou minha mão, injetando uma dose de segurança em mim, olhei Clayton nos olhos e sorri. Sim, eu não tinha nada com que me preocupar. Eu era forte o suficiente para superar isso, e Deus abençoe Brenton Maslow por me apoiar. — Nem... Nem eu. Vo... Você veio com o Brent?, — Clayton me perguntou, uma emoção estranha rodando em seus olhos. Ele se incomodava com a minha presença aqui, ou ele teve um problema com o fato de eu estar aqui com Brenton? — Sim. Ele é meu par esta noite, — senti Brenton enrijecer ao meu lado. O que havia de errado com ele? Ele havia insistido fortemente para que eu fosse seu par esta noite, então por que ele não estava confortável? — Com licença, senhores... Acho que devo levar meu par e apresentá- la a todos. Tenham uma boa noite. Sem esperar que eu falasse, Brenton praticamente me arrastou para longe da multidão. — Por que diabos você fez isso? O que você tem?, — perguntei assim que paramos em um canto que ficava longe da festa e fora do alcance dos ouvidos alheios. — Por que você disse àqueles homens que você é meu par esta noite? Por que não esperou que eu falasse com eles?, — ele perguntou, claramente perturbado. — Então? Qual é o problema em contar para eles?, — eu atirei de volta. — Você não entende que tipo de pessoas eles são. Existe uma certa maneira de você apresentar alguém a eles, — respondeu ele, vagamente. — Desculpe? Isso não faz sentido! — eu protestei. — Claro que não faz sentido para você. Você nunca foi a festas tão luxuosas. Você não sabe como se apresentar e interagir com essas pessoas, — afirmou. Suas palavras doeram. — Só porque não pertenço à mesma classe socioeconômica, não significa que não tenha a menor ideia de como interagir com eles. O olhar que ele me lançou foi equivalente à sua vontade de me estrangular. — Claro que você não tem noção. Se não fosse, você saberia o que dizer. Deus sabe o que essas pessoas estariam pensando. Minha vinda aqui com você... E então isso me atingiu com a força de um tapa na cara. Eu não pude acreditar. Como ele poderia pensar nessas coisas? Como ele pode ser tão superficial? Mas era com Brenton Maslow que eu estava lidando, é claro que ele era superficial. O quão estúpida eu poderia ter sido? Como poderia ignorar um fato tão fundamental sobre ele? — Você não queria me apresentar como seu par, certo?, — eu tive que forçar as próximas palavras da minha boca. — Você não quer que as pessoas saibam que eu sou seu par, porque não sou rica como vocês. — Eu não estava mais perguntando, estava apenas declarando os fatos, — Você... você tem vergonha de mim. Brenton não encontrou meus olhos, e essa foi a resposta que eu precisava. — Não é assim, foguete. — Ele deu um passo para mais perto de mim, o que me fez recuar. — Claro que é assim! Por que mais você me magoaria tanto, do nada? Você me pediu para ser seu par esta noite. Você arruinou minha noite porque insistiu que eu fosse seu par. Se você tinha tanta vergonha que as pessoas soubessem que estamos juntos, então por que me forçou a vir aqui como você?, — eu exigia saber. Meu coração estava partido. Estava doendo. Mas eu iria ignorar até que estivesse sozinha. Nunca me atreveria a desmoronar na frente deste homem. Depois de receber silêncio por tudo o que havia dito, soube que não ficaria mais um minuto naquele lugar. — Quer saber, foda-se! Não preciso de suas explicações patéticas. Se um homem não se orgulha de eu estar ao meu lado, então esse homem não me merece. E se você acha que sua riqueza e status são muito mais importantes, que seja. Mas não se atreva a vir atrás de mim. Eu nunca chamaria um tipo tão patético de homem de meu namorado. Lançando-lhe um último olhar fulminante, tentei me afastar, mas ele bloqueou meu caminho. A coragem desse homem em ousar me impedir. — Cecelia, escute — eu não o deixei terminar. A raiva que estava borbulhando como lava dentro de mim finalmente me quebrou, e tudo que eu pude fazer foi levantar meu braço e dar um tapa forte em seu rosto. — Não se atreva a bloquear meu caminho nunca mais. Eu não quero ver você nunca mais. Saí correndo da festa e chamei um táxi, que demorou cinco minutos para chegar. Era isso: eu estava farta de Brenton Maslow para sempre. Ele poderia pegar sua riqueza e enfiá-la no rabo! E se ele ousasse cruzar meu caminho, se arrependeria. Assim que entrei no carro e narrei meu endereço ao motorista, percebi que não deveria estar esperando que ele cruzasse meu caminho para destruí-lo. O que ele havia feito comigo hoje era imperdoável, e eu não toleraria. Atacar minha padaria era uma coisa, mas atacar o meu caráter? Ah, isso eu não deixaria passar. Durante todo o trajeto de volta para casa meu telefone continuou zumbindo, mas eu o ignorei. Brenton poderia continuar me ligando e mandando mensagens o tanto quanto quisesse, mas não arrancaria uma única palavra de mim. Eu tinha acabado com ele de uma vez por todas. Só porque eu não era tão rica quanto ele, não significava que não merecesse respeito. Como ser humano, era meu direito falar e ser tratada com respeito, e se alguém não pudesse me dar isso, então eu não tinha motivos para manter essa pessoa em minha vida. Eu merecia coisa melhor. Eu sei que sim. Quando cheguei em casa, certifiquei-me de trancar a porta e deslizar o ferrolho. De jeito nenhum eu deixaria que Brenton continuasse a ficar aqui. Ele poderia ir para sua grande mansão da qual ele tanto se orgulhava. Ele poderia mostrá-la a seus amigos ricos. Minha casa era muito apertada e claustrofóbica para ele, de qualquer maneira. Só Deus sabia como ele havia conseguido sobreviver aqui por tanto tempo. Furiosa com minha idiotice, corri para o meu quarto e bati a porta. Puxando um moletom do meu armário junto com uma blusa, tirei o vestido que Brenton tinha me dado e troquei para minhas roupas normais. Então, peguei uma tesoura e fiz um rápido trabalho de cortar o lindo vestido até que não sobrasse nada além de fitas. Isso é o que sua riqueza significa para mim, Brenton Maslow. Brenton pensava que era o rei do mundo e que as pessoas aceitariam o que quer que ele fizesse, como se sua palavra fosse lei. Bem, era hora de mostrar a ele a realidade. A mulher que ele pensava ser uma idiota se foi. E graças à sua pequena façanha, eu estava agora mais ciente de todos os seus atos, de todos os insultos, e agora eu estava finalmente pronta para me vingar. Ele não queria me reconhecer como sua namorada? Ele queria que eu implorasse por misericórdia? Agora seria sua vez de implorar. E eu o faria implorar. Eu devia isso a mim mesma: colocá-lo de joelhos. A batida na porta da frente me tirou de meus planos sinistros. Se fosse Brenton, então de jeito nenhum eu a abriria. De agora em diante, não queria mais nada com ele ou com qualquer coisa relacionada a ele. Assim que me vingasse, deixaria este país e tentaria algo novo, mesmo que tivesse que começar do zero. As batidas na minha porta se transformaram em fortes pancadas, o que me fez xingar em voz alta antes de marchar para fora do meu quarto e em direção à causa do barulho. Isso era uma loucura. Quem quer que fosse, esta pessoa estava louca. Quando olhei pelo olho mágico, vi alguém que jamais imaginei encontrar diante da minha porta. Sr. Maslow. Tentando acalmar minha ira, respirei fundo e abri a porta. Por que diabos o pai de Brenton estaria parado aqui? Esta cena era semelhante a uma fantasia impossível. — Sr. Maslow? Como você está? Considerando o fato de que ele era o pai do meu inimigo - e que estava atualmente na minha lista de alvos - decidi não convidá-lo a entrar. No entanto, ficaria mais do que feliz em ter uma conversa civilizada. — Estou bem. Você, por outro lado, deve estar sentindo o contrário, — disse ele. Ele ainda estava usando o mesmo terno do baile. Perguntei-me se ele teria vindo diretamente de lá. — O que te faz pensar isso?, — perguntei com as sobrancelhas levantadas. — Depois de como meu filho tratou você, qualquer mulher deve estar se sentindo perturbada, — comentou ele. Eu atirei a ele um sorriso meloso. — Pelo contrário, Sr. Maslow, eu não esperava mais nada de seu filho. E eu nunca me importei realmente com o que Brenton disse ou fez, então ele ter me tratado assim não importa. Se eu fosse estúpida o suficiente para me importar, então talvez as coisas fossem diferentes, e sua suposição estaria certa. Seus olhos brilharam, e eu soube que tinha atingido um ponto nevrálgico. — Sentir o coração partido e angustiado é o que as mulheres costumam sentir depois que Brenton as trata de forma horrível. — Então, talvez você deva olhar para si mesmo e para a maneira como criou seu filho. Se ele tivesse sido criado da maneira certa, ele não iria partir o coração das mulheres e tratá-las como se não fossem nada. Mas suas libras e diamantes o cegaram para o que realmente importa e para as coisas em que você deveria realmente se concentrar. É por isso, Sr. Maslow, que seu filho nada mais é do que uma doença que anda infectando outras mulheres... Daí a razão pela qual você usou a frase 'é o que as mulheres geralmente experimentam'. A mandíbula do Sr. Maslow relaxou e seus olhos se arregalaram infinitesimalmente. — Você devia ter cuidado ao falar comigo, mocinha. Eu balancei minha cabeça. — Não, Sr. Maslow. É você e seu filho pródigo que devem ter cuidado ao falar comigo e com os outros. Fiz uma pausa, deixando minhas palavras afundarem antes de continuar: — Pessoas pobres como eu não possuem riquezas como você. Mas temos nosso respeito e nossas emoções. E assim como sua riqueza é algo pelo qual você está disposto a matar, respeito e sentimentos são coisas pelas quais estou disposta a matar. — Mocinha, você está me ameaçando?, — parecia que ninguém nunca tinha falado com este homem dessa maneira, mas fiquei mais do que feliz em lhe proporcionar essa experiência. — Estou apenas declarando um fato, Sr. Maslow. No entanto, tenho um pedido a fazer a você. Quando for para casa e seu filho lhe pedir uma explicação, diga a ele para tomar cuidado. Porque eu vou me vingar. Dê a ele este aviso, para que ele possa se preparar de acordo, — eu disse a ele. — Como você ousa falar comigo dessa maneira? Como você ousa me dizer o que fazer?, — eu sabia que tinha atingido o alvo na mosca, e estava orgulhosa de mim mesma. — Você tem feito isso a vida toda. Vocês, Maslows, precisam provar do seu remédio. Só então vocês saberão o que fizeram de errado. E não se preocupe, Sr. Maslow, terei o maior prazer em lhe contar tudo. Por favor, transmita minha mensagem a Brenton. Tenha uma boa noite, Sr. Maslow. Diga a seu filho para se preparar bem. Fechei a porta sem esperar sua resposta. Era isso. A hora da vingança havia chegado. E esta noite, eu tinha muito o que preparar. Brenton prepararia seu caminho, mas eu faria do meu jeito. Apenas um lado venceria. E pelo bem deste mundo e de todas as boas almas que ainda residem aqui... Rezei para que fosse eu. Pelo menos, eu merecia muito. Capítulo 29 Cece O advogado olhou para mim com terror nos olhos. O suor escorria de sua testa enquanto ele refletia sobre o meu pedido. Não o culpei, pois vim a ele com uma exigência que poderia muito bem destruí-lo. Ir contra Brenton Maslow. — Srta. Fells..., — ele não conseguiu terminar a frase. Eu poderia entender suas inibições. Nenhum homem são se atreveria a ir contra os Maslows, mas eu não tinha escolha. Eu precisava de um advogado para tudo o que Brenton tinha feito de errado comigo, e era melhor que eu fizesse isso rapidamente, quando minha cabeça estava no lugar certo. Eu faria isso antes de vê-lo, porque sabia que logo o veria no tribunal se esse advogado concordasse em me representar. Este era o quarto advogado que eu consultava, e rezei para que ele não me recusasse como os outros três haviam feito. — Eu vou te pagar tanto quanto você pedir, mas ele não me deixou terminar. — Sinto muito, Sra. Fells, mas não poderei aceitar o seu caso. Por mais que aprecie sua oferta de me pagar mais, simplesmente não posso fazer isso. Tenho um longo caminho pela frente na minha carreira e não posso permitir que ela acabe só porque ousei enfrentar o homem mais poderoso do país. Por mais que eu seja um defensor da justiça, temo mais pela minha carreira porque tenho uma família para cuidar. Espero que você possa entender, — afirmou. Meu coração desabou depois de ouvir sua recusa. O que eu faria se ninguém estivesse disposto a me representar? Eu entendi que ele estava com medo de ter sua carreira encerrada pelos Maslows, mas isso não significa que ele se afastou da justiça. Eu dei a ele um sorriso forçado. — Eu entendo. Tudo bem, você não tem que se sentir mal. Eu sei que não é fácil quando você tem uma família. Obrigada pelo seu tempo. Sem me preocupar em esperar por sua resposta, deixei seu escritório e me dirigi para casa. A volta foi sombria, cheia de decepção. O que eu vou fazer? Nenhum advogado estava disposto a lutar no meu caso simplesmente porque temia o poder que Brenton tinha. E eu sabia que Brenton tinha os melhores advogados do país ao seu alcance, mesmo que eu conseguisse um advogado, minhas chances de ganhar eram mínimas. Estacionando minha bicicleta no lugar, caminhei até meu apartamento, refletindo sobre as maneiras pelas quais eu poderia destruir Brenton e buscar justiça sem um advogado. Talvez eu pudesse humilhá-lo nas redes sociais. Mas como eu faria isso se não tinha seguidores que me apoiassem? Eu ainda poderia tentar... Quem sabe, talvez as pessoas compartilhassem minha postagem, e em breve o mundo inteiro saberia que tipo de idiota Brenton Maslow era. Parei de divagar quando vi o homem culpado pelos meus problemas parado na soleira do meu apartamento, bonito como sempre em sua camisa abotoada e jeans. Escolhendo ignorá-lo, tentei passar por ele, mas ele bloqueou meu caminho. Não querendo desperdiçar minhas palavras, cruzei os braços na frente do meu peito e olhei para todos os outros lugares, exceto para ele. — Foguete, por favor, me escute. Você precisa me dar uma chance de explicar, — disse ele. — Sr. Maslow, não tenho tempo para te ouvir. Por favor, afaste-se para que eu possa fazer meu trabalho, — eu disse, minha voz fria. Mas foi tudo culpa dele. Ele não merecia bondade quando não podia me dar o mesmo. — Eu não me moverei um centímetro até você me escutar, — ele afirmou. — Ok. Então eu não tenho razão para estar aqui, — virando-me rapidamente, corri escada abaixo, desejando não estar na mesma vizinhança que ele. Eu podia ouvi-lo vindo atrás de mim, e isso só me fez andar mais rápido. De jeito nenhum eu falaria com ele, e ele não poderia me obrigar. Ele não poderia tirar minha liberdade de expressão. Eu não o deixaria. — Cecelia, porra, me escute! — Brenton me chamou, mas não me permiti vacilar. Eu tinha dado a ele o poder de me machucar: isso foi culpa minha e de mais ninguém. De agora em diante, Brenton Maslow, ou qualquer outro homem, não teria o poder de me machucar. No entanto, foi quando Brenton finalmente me alcançou e agarrou meu braço para me virar que eu finalmente gritei e arranquei meu membro de seu alcance. — Não me toque! — gritei, esfregando meu braço onde ele tinha me agarrado, como se estivesse tentando me livrar dos germes que poderiam me machucar. — Pelo amor de Deus, Cecelia. Apenas me dê cinco minutos para me explicar, e eu juro que não vou incomodá-la novamente, — ele disse, seus olhos implorando para que eu ouvisse. — Não há nada para explicar. Você me explicou tudo ontem à noite. E eu disse que não quero ver você nunca mais, então por que você está aqui? Vá embora. Não quero ter nada a ver com você, — respondi. — Olha, só me dê cinco minutos para explicar tudo. Não pude te contar ontem à noite, porque havia pessoas por perto, mas você precisa saber por que eu disse o que disse... Eu balancei minha cabeça. — Me poupe, Brenton. Não me importo com o que você tem a dizer e não quero saber. Por favor, não me incomode nunca mais. A única vez que nos veremos de novo será no tribunal. Você me deve uma padaria, e eu vou conseguir isso de você, não importa o que aconteça. — Mas não irei embora antes de dizer o que queria dizer. Portanto, a escolha é sua, foguete. Estava claro que ele não iria embora até que conseguisse o que queria de mim. Com um suspiro, aceitei a derrota. — Vai Fala. Você tem cinco minutos. Vai. Ele balançou sua cabeça. — Aqui não. Vamos para algum lugar privado e poderemos conversar lá. — Não. Vamos conversar aqui. Não vou a lugar nenhum com você, — protestei. Ele não conseguiria o que queria sempre. — Por favor, Cecelia, eu conheço um lugar onde podemos conversar em privado. Pode haver muitos ouvidos aqui, — ele implorou. Fiquei surpresa com a mudança nele. Eu não conseguia acreditar que Brenton Maslow estava implorando para mim. O que isso significava? Que ele gostava de mim? Ou isso era apenas um truque para me atrair para sua armadilha, como ele tinha feito antes? — Ou falamos aqui ou não estamos falando nada, — eu disse a ele, minha voz firme. De jeito nenhum eu cederia a ele agora. Ele suspirou e beliscou a ponta do nariz. — Foguete, por favor, seja razoável. Não é seguro para nós falarmos aqui, assim como não era seguro no baile. Você precisa confiar em mim e acreditar que tudo o que estou fazendo é para mantê-la segura. Fiquei surpresa com suas palavras. Quem diabos ele pensa que é, me dizendo que tudo que ele fez foi para me manter segura? O que havia de errado com ele? Se essa era sua maneira de me manter segura, então ele realmente precisava pesquisar o significado da palavra. — Oh? Quer dizer que me insultar é à sua maneira de me manter a salvo? Uau, essa é uma forma fodida de fazer isso. Vou te dizer uma coisa, por que você não volta para a escola, aprende o significado de palavras como 'seguro', e depois vem conversar comigo. OK? Tentei me virar, mas mais uma vez ele me impediu de fazê-lo. — Olha, eu sei que estraguei tudo... — Totalmente, — eu comentei. — E eu sei que você está chateada... — Você não tem ideia. — Mas, por favor, me dê uma chance.. — Não. — Pelo amor de Deus... — Não. — Puta merda, foguete... — Não. — Você poderia apenas me deixar... — Não. — Se eu pudesse apenas... — Não. — Você vai me deixar terminar?, — ele rosnou, irritado. — Não. — Eu sorri, minhas mãos coçando para envolver seu pescoço e estrangulá-lo. Achei que ele continuaria a implorar e implorar, mas aparentemente eu o havia pressionado o suficiente para que ele não quisesse mais ser paciente comigo. Uma mudança repentina o atingiu, e ele voltou a ser o Brenton Maslow que eu sabia que ele era. — Não me empurre, foguete, senão as coisas vão ficar feias, — ele me avisou. — As coisas ficaram feias quando te conheci. E já que você nunca parou de me empurrar, acho que é hora da carma aparecer e te dar uma mordida na bunda, — eu disparei. Seus olhos se estreitaram em fendas quando ele deu um passo mais perto de mim. — Só porque estou aqui e sendo civilizado, não significa que não posso usar o poder que tenho contra você. Mas se você continuar me pressionando, não terei escolha a não ser tornar as coisas difíceis para você. Eu zombei. — E quando foi que você facilitou alguma coisa para mim? Desde o dia em que te conheci, tudo o que você tem feito é dificultar as coisas. Inferno, você dificultou as coisas antes mesmo de eu te conhecer. Então, não me venha com sua merda, porque eu não vou aceitar. — Preciso explicar tudo, mas não posso fazer aqui. Venha comigo para que eu possa lhe contar tudo o que aconteceu ontem à noite, — ele repetiu. — Eu disse que não vou a lugar nenhum com você. Então pare de desperdiçar nosso tempo e vá embora, — eu disse a ele. — Se você vier comigo, então... Eu lhe darei sua padaria. Será maior, com eletrodomésticos de última geração, e garantirei que nunca te faltem ingredientes. Mas só se você concordar em passar um tempo comigo, — disse ele. Ok, ele me pegou. Mas eu ainda estava me perguntando se deveria aceitar sua oferta ou não. Ele pediu apenas cinco minutos. Em troca, ele devolveria minha padaria, e eu não sairia por aí implorando a advogados que lutassem por mim. Mas ele me machucou e me insultou, por que eu deveria dar a ele uma segunda chance? Quanto à padaria, conseguiria construir uma nova, como já havia feito antes. No entanto, isso demoraria muito, e eu sempre estaria preocupada com a falta de ingredientes. Brenton estava se oferecendo para me dar tudo em uma bandeja de prata, então talvez não fosse tão ruim se eu aceitasse sua oferta. Afinal, ele me devia uma padaria. — Tudo bem. Mas você tem que me dar os documentos legais antes de eu ir com você para onde você quer me levar, — eu disse, esperando não estar cometendo o maior erro da minha vida. — Os papéis ainda não estão prontos. No entanto, meus advogados estão trabalhando nisso. Mas você os terá assim que estiverem prontos. Eu balancei minha cabeça. — Não. Eu os quero agora, ou então não irei a lugar nenhum com você, — respondi. — Cecelia, por favor, seja razoável. Os documentos serão entregues a você assim que estiverem prontos. Você tem minha palavra. — E não confio na sua palavra, — afirmei. Normalmente eu me sentiria culpada por ser tão fria com uma pessoa, mas este homem não merecia nenhum calor de minha parte. — Apenas confie em mim desta vez, e nunca pedirei sua confiança novamente, — disse ele. Algo estava acontecendo com ele, caso contrário, ele nunca falaria comigo assim. Brenton Maslow era um homem implacável que pegaria o que quisesse sem nenhuma consideração por qualquer coisa ou pessoa. No entanto, ele estava parado na minha frente, querendo desesperadamente falar comigo, e isso foi o suficiente para eu saber que algo estava errado. — Você promete que vai me dar os documentos legais quando eles estiverem prontos? E a padaria seria tudo o que você prometeu que seria?, — eu quis confirmar. — Juro por minha linhagem que darei a você os documentos legais assim que meus advogados os prepararem, e a padaria será muito mais do que prometi a você agora, — disse ele. Eu procurei naqueles olhos hipnotizantes por qualquer sinal de engano ou malícia, mas não encontrei nenhum. Eu concordei. — Tudo bem. Cinco minutos é tudo o que você terá. — Eu entendo. Vamos agora. Não há tempo a perder, — disse ele, e começou a me levar para seu carro. Meu sexto sentido estava formigando, o que significava que algo estava errado. Brenton estava agindo de forma estranha, mais estranha do que o normal, e isso me preocupou. — Onde estamos indo?, — perguntei quando estávamos sentados em seu carro e ele estava dirigindo na estrada principal. — Você saberá em breve. Fique atenta aos carros; certifique-se de que não estamos sendo seguidos, — ordenou. Eu franzi a testa, claramente desconfortável com o que ele estava dizendo. Ele estava apenas paranoico ou havia alguém realmente nos seguindo? Brenton era um homem famoso, então imaginei que ser seguido era normal para ele, mas ele nunca havia comentado sobre essas coisas antes. — Estamos sendo seguidos?, — olhei para os retrovisores laterais para ver se havia algum carro suspeito atrás da gente. — Não, mas não quero correr nenhum risco, — respondeu ele enquanto acelerava e fazia uma curva acentuada à esquerda. — Que diabos está errado com você?! Você está tentando me matar para não ter que me dar a padaria?, — eu olhei para ele. — Sua padaria é a menor das minhas preocupações, foguete. Estou mais preocupado em mantê-la segura, — afirmou. — Seu pai não lhe deu minha mensagem? Eu disse a ele que o verei no tribunal. — Oh, ele me deu sua mensagem. Mas ao contrário dele, sei que suas ameaças são vazias porque você é impotente, — ele respondeu, virando à direita. — Eu não sou impotente, — argumentei. — Claro que você é. Diga-me, foguete, você conseguiu um advogado que está disposto a lutar pelo seu caso? Ele sorriu quando eu olhei para ele. — Exatamente como eu pensava. Ninguém ousará ir contra mim e arriscar a perda de sua carreira. — Você é um idiota, — eu rosnei. — E para onde você está me levando?, — perguntei. — Veja por si mesma. Meus olhos se arregalaram quando vi Brenton empurrando pelo campo e sendo cercado por árvores. Não, não... O que ele estava fazendo? Ele deveria me levar a um restaurante ou café, não para o meio do nada. — O que é isso? Para onde você está me levando?, — perguntei. — O único lugar onde posso mantê-la segura, foguete. Eu estou levando você... — Para tão distante. Capítulo 30 Cece — Isso é sequestro! — reclamei enquanto Brenton continuava a dirigir cada vez mais para dentro do campo. Só Deus sabia para onde ele estava planejando me levar. Talvez ele estivesse me sequestrando para que pudesse me matar, e essa coisa toda sobre me manter segura era um monte de besteiras. — Não é sequestro. Eu disse que preciso levá-la para longe da cidade para que eu possa mantê-la segura, — ele argumentou, claramente irritado comigo. — Você disse que queria conversar por cinco minutos. Isso já ultrapassou o limite de tempo, senhor, — rebati. — Claro. E vou falar com você por cinco minutos apenas quando chegarmos ao nosso destino, — ele respondeu, despreocupado. — E quando será isso?, — questionei. — Em cerca de doze horas, — foi a resposta. Meus olhos saltaram. Doze horas? Ele estava planejando me manter no carro com ele por doze horas? Como diabos eu sobreviveria doze horas no mesmo lugar que ele? Brenton estava planejando me matar, eu tinha certeza disso agora. Eu precisava encontrar uma maneira de escapar, eu tinha uma padaria construir. Eu tinha certeza de que ele estava fazendo isso porque havia mentido sobre devolver minha padaria. — Eu não vou ficar neste carro com você por doze horas, — resmunguei. Ele deu uma risadinha. — Você, minha querida, não tem escolha. Sem dizer uma palavra a ele, me virei para a porta e tentei abri-la, apenas para encontrá-la trancada. Abrindo a fechadura, tentei empurrá-la, mas falhei novamente. O que havia de errado com essa porta estúpida? Minha pergunta foi respondida por ninguém menos que o dono do carro. — Não se preocupe. Eu ativei a trava para crianças, então você está segura aqui comigo, — ele me informou, contentamento brilhando em seus olhos enquanto ele continuava a dirigir. — Deixe-me sair neste instante. Eu quero voltar para casa, — eu rosnei para ele. — Foguete, pare de falar e me deixe dirigir. Você já é uma grande distração para mim quando não está dizendo nada, então isso está me deixando louco. Vou explicar tudo quando chegarmos ao nosso destino, mas por enquanto, aceite o fato de que você não vai a lugar nenhum e pare de falar, — Brenton disse. — Não. Eu não vou calar a boca. Você não tinha o direito de fazer isso comigo. Você me enganou, — eu acusei. — Culpado. Agora cale a boca, — ele ordenou. — Não. Vou chamar a polícia agora mesmo. Puxando meu celular da bolsa, comecei a ligar para a polícia, mas Brenton arrancou o telefone das minhas mãos. Qual era o problema com este homem? Primeiro ele me sequestrou, e agora não estava me deixando pedir ajuda. Quem faria uma coisa dessas? — Eu disse cale a boca, — ele comandou, sua voz subindo um tom. — Não! — gritei. Sem me dar um aviso, Brenton puxou o freio, fazendo com que o carro parasse repentinamente. Antes que eu pudesse pedir uma explicação para sua ação, Brenton agarrou meu rosto e esmagou seus lábios nos meus. O beijo me deixou paralisada enquanto cada célula do meu corpo se sobrecarregou, querendo dançar e se alegrar, mas sendo incapaz devido à falta de espaço disponível dentro de mim. Ele continuou a me beijar, me empurrando para trás até que minhas costas encontrassem a maciez do assento, me prendendo no lugar. Como ele poderia me controlar de tal forma quando ele próprio estava preso pelo cinto de segurança era algo que eu não conseguia entender, mas não pude pensar muito nisso, pois os pensamentos fugiram de mim assim que ele separou meus lábios e enfiou sua língua entre eles. Brenton me segurou com força enquanto sua boca me dominava, efetivamente extinguindo a luta e a raiva dentro de mim. Não sabia se ele havia percebido que eu não estava mais resistindo, ou se de repente lembrou que tinha que dirigir porque estava me sequestrando, mas ele parou de me beijar inesperadamente, me deixando inebriada, com as pálpebras pesadas. — Durma um pouco, meu foguete, e quando você acordar, estaremos onde deveríamos estar, — ele murmurou enquanto beijava meus lábios mais algumas vezes antes de me soltar e se concentrar no volante novamente. Permitindo-me recuperar após o súbito ataque de prazer e excitação, recostei-me e olhei pela janela, vendo a natureza passar por mim e me perguntando como seria viver aqui no campo.. Onde não precisaria me preocupar em ter um negócio, ou em fazer os Maslows pagarem por arruinar minha vida. Onde eu não precisaria implorar aos advogados para lutarem contra a família mais poderosa do mundo. Sim, a vida seria consideravelmente mais tranquila se eu ficasse aqui, longe da agitação da cidade. — Eu disse a você que minhas habilidades de beijo eram fora de série. Você perdeu a capacidade de falar e possivelmente a capacidade de pensar. No entanto, não me sinto culpado de ter feito isso.... Agora sei que há pelo menos uma coisa que posso fazer para te calar, — ele se gabou enquanto continuava a dirigir. Fiquei em silêncio, não cedendo à isca. Eu sabia que ele queria me fazer acreditar que ele era poderoso e que eu não tinha chance contra ele, mas isso nunca aconteceria. Ele era humano, como qualquer pessoa. Só porque tinha mais riqueza não significava que era mais poderoso. Aposto que eu poderia enfrentá-lo numa luta corpo-a-corpo. — Do que você está tentando me proteger?, — perguntei a ele, meus olhos grudados na janela. A atmosfera no carro mudou repentinamente. O ar lúdico desapareceu, substituído por uma mistura sufocante de angústia e expectativa. — Você saberá em breve. Não estamos seguros na cidade, é por isso que eu tive que trazê-la para fora. Estaremos seguros aqui, e quando for seguro voltar, o faremos, — ele respondeu enigmaticamente. — Você deveria estar acostumado com esses empecilhos, sendo tão poderoso e conhecido. Então, por que você está fugindo por segurança?, — eu perguntei. Era estranho que o homem que constantemente se gabava de ser o rei do mundo fugisse por motivos de segurança, quando poderia ter o mundo inteiro protegendo-o com um estalar de dedos. — Estou acostumado com essas coisas. Mas você não, — afirmou. Dei de ombros. — O que importa se eu estou acostumada ou não? É você quem as pessoas procuram, não eu. Então, por que eu deveria estar preocupada? Se o perigo vier, ele virá para você, não para mim. — É aí que você está errada, foguete. E a pior parte é que não posso fazer nada a respeito. O que é uma pena., — ele suspirou, — E eu nem sei de quem é a culpa: minha ou sua. Eu fiz uma careta, perplexa com suas palavras. — Desculpe? O que você quer dizer com isso? Me culpar pelo quê? — Por entrar na minha vida, ou talvez eu na sua. Não sei. Mas não deveria ter acontecido. Nós dois estamos em perigo agora, e por isso temos que fugir, — ele murmurou. Apesar de dizer a mim mesma que suas palavras não me afetavam, não pude evitar o aperto que fez meu coração estremecer quando ele disse que não deveríamos ter entrado na vida um do outro. Quem diabos ele pensava que era, me dizendo o que deveria ter acontecido e o que não deveria? Foi culpa dele. Eu estava vivendo minha vida em paz, mas ele tinha que vir e estragar tudo. Na minha opinião, a única coisa que não deveria ter acontecido foi ele destruir minha padaria ilegalmente. — Você deveria se culpar. Eu estava vivendo minha vida em paz e não tinha ideia de sua existência até que um dia você decidiu demolir ilegalmente minha padaria, — respondi. — Eu destruí muitas outras propriedades também. Mas sim, você foi a única que veio atrás de mim, me ameaçando com um processo... O que nunca vai funcionar, aliás, — disse ele. Suspirei e balancei minha cabeça. — Quando chegaremos ao nosso destino? Estou cansada de ficar sentada neste carro respirando o mesmo oxigênio que você. Brenton deu uma risadinha. — Acostume-se com isso, foguete. Na verdade, você já deveria ter se acostumado, uma vez que estamos morando juntos há algum tempo. — Eu tinha meu próprio apartamento, e não te dei permissão para entrar... — Mas isso não me impediu, — disse ele. — Infelizmente. — Não é minha culpa eu gostar de estar perto de você. Meus ouvidos se animaram. — O que você disse? — Brenton piscou algumas vezes enquanto engolia em seco. — O que? Eu não disse nada. — Sim, você disse. Agora mesmo. Diga de novo, — eu ordenei, meu coração dançando devido a algum motivo desconhecido. Meu coração tinha vontade própria, eu tinha certeza disso. — Você está ouvindo coisas, eu não disse nada. Vá dormir; sua mente precisa, caso contrário, você ouvirá outras coisas. Ele não me olhou nos olhos, e isso só provou que o que eu ouvi estava certo. Ele confessou que gostava de estar perto de mim. Isso significava que ele não me odiava como dizia. No entanto, se ele gostava de estar comigo, então por que tinha vergonha de mim? Ele tem vergonha de ser visto com você em público e está apenas dizendo tudo isso para continuar a prendê-la. O que havia de errado em sermos vistos juntos em público? Não havia nada de errado em ser visto com pessoas que não pertenciam à mesma classe socioeconômica que você. — Certo. Não é como se eu acreditasse em você ou algo assim. — Eu fechei meus olhos, — Acorde-me quando chegarmos, — pedi. Acordei com alguém cutucando meu braço. Forçando-me a despertar, vi que estávamos cercados por árvores até onde a vista alcançava. Árvores grossas e exuberantes nos envolviam por todos os lados, fazendo-me sentir como se estivesse em uma caverna feita de árvores. Depois que meus sentidos voltaram ao normal, pude ver uma pequena cabana num canto, sem qualquer outro sinal de civilização. — Onde estamos? — Vamos passar a noite aqui. Ainda temos um longo caminho a percorrer. Partiremos pela manhã assim que estivermos descansados. Venha, — Brenton disse ao sair, deixando-me sem outra opção além de segui-lo. Estiquei meus braços, me espreguiçando e ignorando Brenton, que continuava a me encarar sem qualquer motivo aparente. — O que você está olhando?, — perguntei duramente. Ele sorriu, o calor inundando seus olhos. — Você é linda, foguete. Agora eu tinha certeza de ter ouvido bem. — O que você disse? — Você me ouviu. Agora entre. Revirando os olhos, entrei na cabana e parecia que estava vivendo uma vida de conto de fadas, já que as cabanas eram uma ocorrência bastante comum nestas histórias. A única diferença é que eu estava entrando na cabana com o vilão, e não com meu Príncipe Encantado. — Onde vou dormir?, — perguntei assim que entramos na sala de estar. Pude ver que o quarto e a cozinha eram os únicos cômodos. — Você quis dizer onde nós vamos dormir, certo?, — Brenton me corrigiu enquanto voltava da cozinha com duas garrafas de água tiradas da geladeira. — Não, eu certamente não quis dizer isso. Quis dizer eu, sozinha, — afirmei. — Não há eu no quarto. Agora sente-se, precisamos conversar, — ele declarou, se jogando no sofá e dando um tapinha na lateral para que eu sentasse ao seu lado. — Ainda não terminamos de falar sobre isso, — eu bufei, antes de me sentar ao lado dele e pegar uma das garrafas de água. Depois de tomar um gole saudável da bebida gelada, me senti mais acordada e pronta para ouvir o que ele queria me dizer. — É melhor que seja importante. — Isto é. É por isso que estamos no meio do nada agora, — finalmente ele estava falando. — Excelente, — coloquei a garrafa na mesa de centro na nossa frente e me virei para encará-lo. — Então, Sr. Maslow, diga-me por que você decidiu me enganar para entrar no carro com você apenas para me trazer à Terra do Nunca? — Estou feliz que você perguntou. E não tem nada a ver comigo, mas tudo a ver com seu ex-namorado, Clayton, — ele disse com um sorriso jovial. Por que ele estava tão feliz com isso? Não importa, eu tinha coisas mais importantes com que me preocupar. — O que você quer dizer? O que Clayton tem a ver com tudo isso?, — perguntei. — Ele é o responsável por tudo, foguete. Bem, na verdade a família dele, — Brenton me informou. — Responsável pelo que?, — por que ele não podia simplesmente me explicar tudo de uma vez? — Por tudo. Todas as merdas acontecendo em nossas vidas: seu acidente, o tiroteio no primeiro encontro de vocês - embora eu tenha que admitir que gostei disso ter atrapalhado o encontro, mas não dos tiros, obviamente E todas as ligações..., — ele parou, mas a última parte foi o suficiente para fazer meus olhos se arregalarem. — Ligações? Que ligações? Brenton sabia que eu estava recebendo ligações de um número desconhecido que estava me coagindo a destruí-lo? Se ele sabia, também devia saber que não concordei em ficar do lado do desgraçado que estava me chamando. — Tenho recebido chamadas de um número desconhecido. Ameaças. — Ao invés de olhar para mim, seu foco estava em suas mãos, como se estivesse falando com elas e não comigo. — Que tipo de ameaças? Por que Clayton ameaçaria seu melhor amigo? Eu não podia acreditar que os Hamptons estivessem envolvidos nisso. A Sra. Hampton amava Brenton como seu próprio filho, então por que ela o machucaria? — Ameaças de morte. Eles querem que eu entregue minha parte da propriedade Maslow para eles, ou então vai matar a mim e a todos os meus entes queridos. Ele respirou fundo. — E é por isso... — E é por isso o quê, Brenton?, — perguntei. — E é por isso que eu disse todas aquelas coisas para você no baile... Meu coração deu um pulo como se tivesse sido eletrocutado. O que ele estava tentando dizer, que me insultou porque estava sendo ameaçado por ninguém menos que seu melhor amigo? Como isso pôde acontecer? O que significava tudo isso? Não importa o quanto eu tentasse procurar qualquer sinal de mentira ou trapaça, não havia nada além de honestidade e sinceridade em seus olhos. Brenton não estava mentindo. Mas como era possível? Não, não... Deveria haver algo de errado nisso! Eu conhecia os Hamptons, eles eram boas pessoas, jamais fariam algo assim. Mas Brenton também não estava mentindo. Será que o anônimo que estava me ligando era a mesma pessoa que ameaçava Brenton? Isso era tão fodido... Capítulo 31 Cece — Eu não entendo o que você está dizendo. Explique claramente, — afirmei, embora eu tivesse uma ideia relativamente boa sobre porque ele estava me contando sobre os Hamptons. Eu só não queria que houvesse mal-entendidos. — Está tudo bem, foguete. Clayton e a Sra. Hampton não são os culpados. É uma outra pessoa, mas ela também pertence à família Hampton. Meus investigadores estão trabalhando nisso e, com sorte, eles terão um nome para nós em breve, — respondeu ele. — Você já tentou rastrear o número?, — perguntei. Brenton me deu um olhar carinhoso antes de segurar o lado do meu rosto. — Eu disse a você que tenho meus homens trabalhando nisso. Era um número desconhecido, por isso está demorando um pouco, mas tenho certeza que descobriremos sua identidade em breve. Por favor, não se preocupe. Eu estava preocupado com a sua segurança, então achei melhor tirar você da cidade, mas logo voltaremos e começaremos nossas vidas juntos. — Se você acha que estou concordando em respirar o mesmo ar que você quando estivermos de volta em Londres sem um pedido de desculpas e sem a minha padaria, então você está enganado. Posso até entender que você estava sob ameaça, e que por isso me humilhou em público, mas não vou perdoar e concordar em seguir em frente com você até que me peça desculpas, — eu disse a ele. Ele suspirou, a culpa brilhando em seus olhos, e para ser honesta esta foi a primeira vez que vi tal emoção refletida neles. Tive que me conter para não me sentir mal por ele. Brenton tinha me causado muito mal, e eu merecia ao menos um pedido de desculpas de sua parte. — Vou me desculpar, mas não agora, — disse ele. — Então quando?, — eu soava tão ansiosa... Porque estava tão desesperada em arrancar dele este pedido de desculpas? — Quando toda essa bagunça acabar. Agora eu quero é comer, — ele respondeu, levantando-se do sofá e indo em direção à cozinha. — Existe alguma comida disponível? Considerando o fato de que estávamos no meio do nada, e a cabana estava vazia quando chegamos, eu não tinha certeza se haveria comida. — Claro. Mas você pode sentar e relaxar. Deixe-me cozinhar para você, — anunciou Brenton, começando a tirar os ingredientes da geladeira. — Uh... Tem certeza de que quer fazer isso? Sem ofensas, mas estamos no meio do nada, e se o local pegar fogo o corpo de bombeiros não virá nos resgatar. Acho que é melhor se eu cozinhar, — sugeri. Ele me lançou uma careta antes de seu rosto se suavizar novamente e ele sorrir. — Eu sei cozinhar, foguete; só nunca disse que podia. — E porque você agiu assim? Fui sempre eu quem cozinhou para nós dois no meu apartamento, você nunca se ofereceu para ajudar. Isso não é justo, — reclamei. Ele deu uma risadinha. — Isso é porque eu amo sua comida. A comida que você faz é absolutamente maravilhosa. Portanto eu nunca te contei sobre as minhas habilidades. Estreitei meus olhos para ele. — Tudo bem, você cozinha. Só espero que você não me envenene. — Não vou te envenenar. — Ele revirou os olhos quando começou a cortar os vegetais, antes de colocar um pouco de óleo na frigideira. — Eu sei lá... Vai que você decide me matar porque não quer me dar uma padaria?, — eu zombei. Ele revirou os olhos novamente. — Você sabe que isso não me causa nem um pingo de ansiedade. Conseguir sua padaria é a coisa mais fácil que posso fazer. — Então por que ainda não fez? Ao contrário de você, não tenho um exército de lacaios dispostos a trabalhar por mim. Sou uma pessoa independente e prefiro fazer meu trabalho sozinha. Então, agradeceria muito se você me desse minha padaria o mais rápido possível, — concluí enquanto o observava fritar os vegetais na panela. Eu me perguntei o que ele estava planejando cozinhar, porque se pensava em me servir apenas vegetais, então teríamos um problema. Minha fome não seria tão facilmente saciada. Em resposta, Brenton parou de cozinhar e se colocou bem na minha frente. Repousou as mãos nos meus ombros e se inclinou para frente, perto o suficiente para que eu pudesse sentir seu cheiro inebriante. — Porque eu queria que você se concentrasse em mim. Eu queria que sua atenção estivesse em mim, e apenas em mim. Se eu tivesse te dado a padaria, você estaria focada no seu trabalho, e não se ocuparia comigo. Eu deliberadamente mantive sua padaria fora do seu alcance, mas não te disse que estava construindo uma padaria ainda maior para você, — ele afirmou. Suas palavras atingiram as paredes do meu coração com a força de pedras, lentamente quebrando o muro ao redor deste coração que eu tanto tentava proteger. — O que?! Você tem preparado minha padaria por todo esse tempo? Por que você não me contou antes? Eu não pude acreditar. Eu pensei que ele estava arruinando minha vida, mas na verdade ele estava melhorando minha padaria. Como ele pôde fazer isso? Porque estava sendo tão bom comigo? Espere um minuto - por que ele está sendo legal? — Eu já te disse: queria você só para mim. Mas agora que tenho você só para mim, já posso te contar que sua padaria ficará pronta em breve. Logo logo você poderá recomeçar seu negócio, — ele respondeu, voltando para os vegetais que tirava do fogo. — Desculpe? O que te faz dizer que você me tem para si? Eu nunca concordei em ser sua, — eu apontei, me sentindo presunçosa. — Isso é porque eu nunca pedi que você fosse minha. Eu simplesmente fiz você minha, — ele encolheu os ombros com indiferença, deixando-me boquiaberta. — I-Isso é... I-isso não... Como você pôde fazer isso? Não é justo. Você não pode tomar alguém seu sem que a pessoa queira, — eu protestei. — Olha, foguete, não sou nenhum Clayton que vai sentar e convidar você para sair. Eu sou um Maslow, e como um Maslow, se eu quero algo, simplesmente vou e pego. Ninguém pode me impedir de pegar o que quero, docinho. Você entende isso? Ele fez uma pausa enquanto tirava um pouco de frango da geladeira. Depois se virou para mim novamente. — Além disso, tive que recuar e ficar quieto por causa de Clayton, já que você foi tão rápida em dizer 'sim' a ele quando ele te pediu em namoro. Eu sabia que você e Clayton não durariam muito, então não me incomodei em interferir. Ainda bem que Katerina apareceu na hora certa, porque senão teria sido bem difícil para mim. Eu não pude acreditar no que estava ouvindo. Ele estava falando sério? Durante todo este tempo Brenton teria se sentido assim, enquanto eu estava ocupada amaldiçoando sua existência e odiando o fato de Clayton ter escolhido ficar com sua irmã e não comigo? Brenton estava dizendo a verdade agora, ou seria este mais um de seus truques malignos? — Então por que você estava sendo tão desagradável comigo? Se você realmente me queria, por que me tratou como uma merda?, — eu questionei. — Você esperava que eu fosse legal com você enquanto você estava namorando meu amigo? Por acaso tenho cara de louco? Não sou uma daquelas pessoas altruístas que ficam felizes quando os outros estão felizes. Se eu não tiver o que quero, fico de mau humor, emburro a cara e sou desagradável, — respondeu ele. Suspirei e refleti sobre tudo o que ele acabara de dizer. Se ele estava falando a verdade, então eu tinha sido uma idiota por não ter percebido. Mas como eu poderia ter imaginado? Brenton tinha destruído minha padaria. Para mim, ele era um inimigo. Embora ele estivesse me dizendo que estava comprando uma nova padaria para mim, não gostei de como ele afirmava que eu era sua, quando nem mesmo me perguntou se eu queria ficar com ele. Não gostava disso. Eu merecia ser consultada sobre passar meu tempo com alguém. Este era um direito básico. — Bem, você foi incrivelmente rude, e eu não gosto disso. Você devia se desculpar comigo por seu comportamento. Depois disso, considerarei a possibilidade de estar com você, — eu disse a ele, me contendo para não jogar meu cabelo. Brenton, que estava ocupado cortando o frango, parou e me olhou. — O que eu disse a você sobre eu ser um Maslow? — Não importa para mim. Você deve se desculpar comigo, e só então considerarei ser sua. Eu sou um ser humano, Brenton. Os dias de escravidão acabaram. Se você quer alguém, então tenha a decência de proteger os direitos básicos dessa pessoa, — declarei. Ele não me respondeu, apenas continuou a cozinhar. Não tinha certeza se ele concordava comigo ou não, mas eu senti que precisava dizer aquelas coisas. Se ele apenas se desculpasse de maneira sincera, eu consideraria seriamente a possibilidade de ficar com ele. Eu não queria que ele pedisse mil desculpas, apenas uma. Duas palavras, isso era tudo que eu queria. — E se você escolher não ficar comigo?, — ele perguntou enquanto cozinhava o frango, adicionando uma pitada de sal. Dei de ombros. — Então você deve aceitar minha decisão e respeitá- la. Você não pode me forçar a ficar com você, Brenton. Você precisa entender isso. Ele não respondeu, apenas colocou o frango num prato e arranjou os vegetais ao redor. Em seguida, me serviu. — Aproveite seu jantar, — disse ele, e se afastou em direção ao quarto, fechando a porta delicadamente. O que aconteceu? Eu pensei enquanto olhava da comida para a porta fechada. Ele não iria comer comigo? O que ele comeria, então? Se fôssemos embora pela manhã, ele estaria com fome e não poderia dirigir direito. Não querendo comer enquanto ele passava fome, peguei o prato e fui atrás dele. Não me incomodei em bater, simplesmente abri a porta. Não era uma sala grande, mas era confortável. Uma cama king-size estava encostada numa parede. Diante dela havia uma tela plana junto de um sofá e uma mesa de centro. Brenton se sentou na cama, com as costas contra a cabeceira, enquanto mudava os canais da televisão sem pensar. Ele não olhou para mim quando entrei, mas sabia que eu estava lá. — Você não vai comer?, — perguntei, caminhando até ele e me sentando na beira da cama. — Não estou com fome agora. Mas coma, você precisa de força, — ele disse secamente. — Oh, qual é? Porque está de mau humor? Posso ver claramente você fazendo beicinho como uma criança, — eu provoquei, mas seus lábios nem mesmo se contraíram em um sorriso. Uau, ele está realmente chateado e é tudo culpa minha. Mas eu estava certa quando disse que merecia ser consultada, e não controlada. Mas então, por que meu coração se apertou ao vê-lo assim? — Termine sua refeição e vá dormir. Temos um longo dia amanhã e você precisará de sua força, — disse Brenton num tom de desprezo. Sentindo-me irritada, coloquei o prato na mesa e subi na cama para encará-lo. Ele não conseguiria me dispensar assim, eu não era um de seus empregados. — Não me rejeite assim, você não pode fazer isso. Olhe nos meus olhos quando falar comigo. Não se atreva a me desrespeitar, Brenton, — eu disse, minha voz dura. E antes que eu pudesse piscar, ele me agarrou e me empurrou contra o colchão. Ele prendeu meus braços sobre minha cabeça e olhou para mim. Incapaz de acreditar no que tinha acontecido, tentei me libertar, mas seu corpo me manteve presa no lugar. — Você precisa calar a boca e fazer o que eu digo. — Ele se aproximou de mim até sua respiração parecer um sopro em meu rosto. — Nunca! Você não pode me tratar como uma escrava, eu não vou aceitar isso! — gritei, mas ele me silenciou, beijando-me com uma paixão que me deixou paralisada e à sua mercê. O beijo foi diferente de tudo que eu já tinha experimentado antes quando estive com ele. A forma como seus lábios se moviam sobre os meus e a forma como suas mãos percorriam meu corpo, acariciando minha pele nua, me fez odiar o fato de que estávamos usando roupas. Eu queria sentir seu corpo, ansiava por sua pele pressionada contra a minha. Não reconheci essa mudança repentina em mim mesma, nem sabia como superá-la. Eu só sabia que se não o tocasse, ficaria louca. Mas antes que eu pudesse fazer isso, ele se afastou de mim e se recostou. Q... que diabos aconteceu? Por que ele se afastou? Ele deveria estar me beijando e não se afastando de mim. Ele ia tirar a roupa? No entanto, ao invés de tirar a camisa, Brenton sorriu. — Termine sua refeição, foguete, e então vamos dormir. — O que? — O que ele estava falando? Que comida? Depois de alguns segundos eu finalmente entendi o que ele estava fazendo. Aquele bastardo! Como ele ousa fazer isso comigo?! Ele se arrependeria disso. Se ele podia usar a sedução como arma contra mim, eu também poderia. Ele me pegou desprevenida quando me beijou, o que me deixou vulnerável, dando-lhe uma vantagem, mas esta seria a primeira e a última vez que isso aconteceria. Nunca mais eu permitiria que ele me colocasse nesta posição. — Você sabe de uma coisa? Eu me senti mal por você ir dormir com o estômago vazio, mas agora estou feliz que você não terá nada para comer. Saí da cama e peguei o prato de comida. — Vá se foder, Brent! — rosnei antes de sair do quarto, batendo a porta ao sair. Não, eu não vou deixá-lo escapar impune, pensei enquanto engolia a comida rapidamente, ignorando o fato de que estava deliciosa. Assim que terminei de comer, coloquei o prato na pia e me preparei para a minha vingança. Tirei minha calça jeans e minha camisa, ficando só de lingerie. Então me dirigi para o quarto. Se Brenton queria usar seu corpo contra mim, então eu também usaria... Só que eu podia fazer isso melhor que ele. Capítulo 32 Cece Virei a maçaneta e empurrei a porta antes de entrar cambaleando para dentro, apenas de calcinha e sutiã. Fiquei feliz por ter escolhido usar um dos meus conjuntos de lingerie sexy naquele dia, pois caso não tivesse teria sido um pouco mais complicado. Brenton estava exatamente onde eu o havia deixado, só que desta vez ele estava fazendo algo em seu iPad. Foi só quando ouvi uma voz familiar vinda do dispositivo que entendi que ele estava de plantão com seu irmão. — Sim, isso seria... — Ele parou quando seus olhos pousaram em mim. Parecia que um interruptor tinha se acionado dentro dele, como se ele tivesse perdido controle sobre seu funcionamento. Com um sorriso safado, entrei na sala, tentando não olhar para ele. Queria chamar sua atenção e finalmente consegui. Agora o daria um gostinho de seu próprio remédio. Com tanta graça sedutora quanto pude reunir, me sentei na cama, certificando-me de dar a ele uma visão completa do meu corpo nu. O que ele fez comigo um pouco antes não era justo, e eu iria fazê-lo entender isso. — Brent? Você está bem?, — a voz do iPad falou. Parecia familiar, e depois de alguns segundos, eu sabia que era com Kieran que Brenton estava falando. Bem, isso deve ser divertido. Eu poderia matar dois coelhos com uma cajadada só, escandalizando toda a família. Isso era melhor do que vingança. Demorou um pouco para Brenton se concentrar em seu irmão novamente e, quando o fez, eu apenas redobrei meus esforços para manter sua atenção em mim. — Sim, Kieran, estou aqui. Há algo estranho neste lugar, — disse Brenton. Eu não tinha certeza se Kieran podia ouvir a tensão em suas palavras, mas eu certamente podia e isso me fez querer rir como uma colegial. — Não se preocupe, os investigadores estão trabalhando nisso e em breve terão algo para nós. Eu preciso saber quem é essa pessoa. Ameaças de morte são preocupantes, — afirmou Kieran. — Eu sei..., — Brenton parou bruscamente e olhou para mim enquanto eu gemia alto como se estivesse experimentando o orgasmo mais intenso da minha vida. — Uh... Brent? O que foi isso?, — Kieran perguntou. Não precisei olhar para ele para saber que estava corando. — Não - nada Kieran. Discutiremos isso mais tarde, — Brenton disparou. Comecei a respirar alto e pesado, esperando que Kieran pudesse me ouvir. — Oh, Brenton. Oh, oh, oh..., — eu gemi novamente. — Que porra é essa?, — Kieran parecia confuso. — Eu vou falar com você mais tarde. Sem esperar por uma resposta, Brenton desligou seu iPad e o colocou na mesa. Então me encarou com um olhar que poderia ter me encolhido, caso eu tivesse medo dele. — Que. Porra. Você. Pensa. Que. Está. Fazendo? —, ele enunciou cada palavra como um cachorro raivoso. Dei de ombros. — Eu não tenho ideia do que você está falando. Seus olhos se estreitaram e eu sabia que ele entendia o que eu estava tentando fazer. Era ainda melhor assim: queria que ele soubesse que não poderia se safar tão fácil. Agora era hora de levar este jogo a um nível mais alto. — Ei. Meu sutiã está me incomodando, — alcancei atrás de mim para puxar os ganchos do sutiã que estavam mantendo meus seios no lugar. — Você pode me ajudar com isso? Oops, — desabotoei o sutiã, sentindo-o afrouxar em torno de mim e meus seios suspirarem com um doce alívio. — Pa... pare com isso. Eu sei o que você está fazendo, — disse ele. — Estou pedindo ajuda. Não consigo alcançar os ganchos, — virei minha cabeça para olhar para ele e pisquei, dando-lhe um olhar sedutor. Brenton engoliu em seco e eu sorri. Isso vai ser divertido. O homem que afirmava ser o dono do mundo seria uma massa de vidraceiro em minhas mãos. Talvez eu pudesse fazê-lo se apaixonar por mim e depois abandoná- lo, diante de todo o mundo. Era tentador. E apesar de eu detestar sua existência, não conseguiria ser cruel o suficiente para brincar com os sentimentos dele. Mas brincar com seu corpo, por outro lado... Eu dei uma olhada em suas calças para ver uma protuberância muito grande e proeminente. Essa foi boa. Eu estava obtendo a reação que queria. Vamos ver como Brenton consegue dormir com bolas azuis. — Eu vi você desfazendo os ganchos, — ele murmurou. — Eu estava tentando consertar, mas acabou desenganchando. Você pode por favor ajudar? — Vamos, seu covarde! Toque-me para que eu possa fazer você implorar! — Tudo bem. Você quem pediu. Envolvendo seus braços em volta da minha cintura nua, Brenton me puxou para ele antes de inclinar minha cabeça e juntar seus lábios com os meus pela segunda vez naquela noite. Mas desta vez, eu é quem ditaria as regras deste jogo. Permiti que ele me beijasse, abrindo meus lábios para ele enquanto sua língua deslizava para dentro da minha boca. Suas mãos percorriam meu corpo como se ele estivesse tentando memorizar cada centímetro, cada curva. Ele tem que fazer isso, porque esta será a primeira e a última vez que ele poderá me tocar assim. Enquanto continuávamos nos beijando ele me tocava de uma forma que me fazia querer implora-lo por mais. Mas felizmente eu não disse nada. Curvei-me por baixo dele, tentando ficar por cima para que pudesse controlá-lo. Se eu ficasse sob seu comando, ele teria todo o poder, e não era isso que eu queria. Talvez ele estivesse perdido na névoa da luxúria, ou talvez ele quisesse que eu assumisse o controle, porque Brenton foi rápido em ceder o poder para mim, permitindo-me montar nele enquanto ele me beijava e me acariciava, o que eu certamente gostei. Antes que eu pudesse me perder em seu toque mais uma vez, parei de beijá-lo e me afastei. Ele estava respirando pesadamente, seus olhos nublados com luxúria, as pupilas dilatadas. Eu o tinha bem onde o queria. Antes que ele pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, saí de cima dele e fui para o banheiro colocar minha roupa de dormir, rindo de mim mesma enquanto colocava minhas roupas e me preparava para a cama. Isso foi o que chamei de vingança, e fiquei muito feliz por ter rido por último, enquanto ele só conseguiu ficar de pau duro. No entanto, quando abri a porta, pulei para trás quando vi Brenton parado ali, uma emoção estranha em seus olhos. Meu Deus, ele está aqui para se vingar? O que ele iria fazer agora? Ele já tinha me beijado. — Não foi uma atitude sensata, foguete, — disse ele. Eu sorri e passei um dedo pelo lado de seu rosto. — Por que? Você nunca teve uma mulher que não quisesse ir até o fim com você? — Sim. Você está absolutamente certa. E o que você fez agora..., — ele se aproximou, — Terá que pagar por isso. — Certo. Envie-me a conta e verei se devo pagar em dinheiro ou em cheque. Tentei evitá-lo, mas ele bloqueou meu caminho, deixando-me saber que eu estava em apuros e não sairia dali tão facilmente. Bem, ele mereceu. — O que você fez não exige pagamento em dinheiro. No entanto, exige que você pague de outras maneiras, — disse ele, sua voz assumindo um tom perigoso. — Chame uma prostituta e ela pode lhe dar o pagamento. Eu não sou uma prostituta, então não posso, — eu disse a ele. — Cuidado com a boca, Cecelia, — rosnou Brenton, os olhos brilhando de fúria. Eu fiz uma careta, confusão tomando conta de mim. — Do que você está falando? — De você, dizendo tudo isso! Como ousa se chamar assim?, — disse ele, levantando a voz. — O que foi que eu disse? Eu apenas disse que não sou uma prost... — Não faça isso. Não se atreva a dizer isso, ou juro por Deus que vou te foder com tanta força que você só vai gemer de dor pelas próximas duas semanas, — ele ameaçou. Agora foi a minha vez de engolir em seco e meu coração bater incrivelmente rápido. Ele realmente não faria isso, certo? Ele não podia fazer isso. Não seria humanamente possível. — Saia do meu caminho, Brenton. Nós dois estamos cansados e precisamos dormir. Precisamos acordar cedo amanhã para que possamos ir para qualquer lugar que você pretende me levar, — eu disse. — Não. Ainda não estamos cansados, foguete. — Ele me puxou para ele. — Mas ficaremos. Desta vez, quando ele me beijou, eu cedi simplesmente porque eu estava muito cansada para lutar agora. Meu corpo estava muito cansado para resistir. Agora eu passaria para o plano B, que seria transar com ele uma vez para nunca mais fazê-lo novamente. E se ele não quiser dormir com você? Isso não foi possível. Ele era Brenton Maslow, a pessoa mais superficial do mundo. Ele dormiria com qualquer mulher. Ele me empurrou para trás até que caímos na cama, e foi quando eu tentei assumir o controle mais uma vez rastejando em cima dele, mas ele me manteve presa embaixo. — Ah não, foguete. Você nunca vai subir em cima de mim de novo, — disse ele antes de puxar minha camisa pela cabeça, seguida por minhas calças, que acabaram em Deus sabe em que canto da sala. Brenton tirou suas roupas rapidamente e finalmente pressionou seu corpo contra o meu até que eu não pudesse me mover. Esta não era uma posição muito boa para mim, já que eu não podia fazer nada além de ficar à sua mercê, e eu odiava isso. — Você realmente acha que eu iria deixá-la escapar depois do que você fez comigo, foguete?, — Brenton perguntou, como se eu fosse uma idiota por ter pensado numa coisa tão ridícula. — O que eu fiz? Eu estava falando sério quando disse que precisava de ajuda, — respondi enquanto ele segurava meu seio e acariciava o mamilo com o polegar, fazendo-me morder o lábio para evitar um gemido de prazer. — Ah, sério? Então, talvez você queira me ajudar com um grande problema meu. Ele esfregou seu pau para cima e para baixo na minha fenda, fazendo- me chiar enquanto o prazer carnal explodia em meu corpo. Fiquei extremamente molhada, banhando seu pau. — P-Por que você precisa da ajuda?, — consegui perguntar, odiando o fato de querer sentir mais de seu comprimento grosso e duro dentro de mim. — Eu apenas estou te responsabilizando pelo que você fez. Quando você faz algo errado, docinho, precisa confessar e sofrer as consequências. No entanto, neste caso, você não fez muita coisa errada, mas vai sofrer, — ele murmurou antes de se abaixar e tocar meu mamilo, o que me fez arquear as costas para fora da cama enquanto eu gemia alto. Oh meu Deus, ele vai me deixar louca se continuar assim. Brenton continuou a brincar com meus seios enquanto seu pau duro estava me torturando em outro nível. Por que ele não pode simplesmente me foder? Eu pensei, me odiando por me sentir tão fraca contra seu toque. Eu era mais forte do que isso. O que estava errado comigo? — Brenton, — eu gemi seu nome, — Vo... você está me deixando louca! — Você tem me deixado louco desde o momento em que coloquei meus olhos em você. Acredite em mim, foguete, você não tem ideia do quanto sofri vendo você beijar Clayton e andar por aí alheia ao olhar lascivo dos homens que a observavam. Mas eu vi tudo. Eu sofri com tudo isso. — Isso me quebrou, foguete, — finalmente senti a ponta de seu pau entrar em mim, me esticando e abrindo. — Você... — Porra... — Me destruiu, Cecelia. Eu gemi quando gozei forte assim que seu pau deslizou completamente dentro de mim. Meu orgasmo me atingiu com força total, destruindo meu corpo enquanto eu tremia sob o homem que parecia estar numa missão. Ele me fodia como se estivesse liberando toda sua raiva reprimida e paixão em cada impulso que me empurrava para outro orgasmo. Ele brincou com meu corpo enquanto seu pau continuava a se esfregar dentro de mim; o prazer me fazendo gemer e respirar pesadamente, me fazendo esquecer tudo, exceto ele e a sensação de ser penetrada por ele. A forma como minhas paredes internas agarravam o comprimento do seu membro como se tivesse medo de deixá-lo ir era prova suficiente de que meu corpo saboreava a atenção que ele estava dando, e que eu queria mais. — Tive que me policiar. Eu nunca tive que me controlar assim em minha vida. Mas você me obrigou a fazer isso, — ele confessou, enquanto me penetrava forte e rapidamente. — Eu tive que me impedir de cometer assassinato quando você concordou em ser a namorada de Clayton. Tudo que eu podia fazer era gemer enquanto me aproximava cada vez mais de outro orgasmo alucinante. Eu estava quase com medo de alcançá-lo, sabendo que me deixaria completamente desfeita. Mas, como uma viciada, estendi os braços abertos, pronta para abraçá-lo. E eu abracei. Soltei um grito profundo quando o orgasmo rasgou minha alma, me dilacerando. Ele cortou cada canto e fenda, iluminando meu corpo como uma árvore de Natal, me deixando gemendo e me contorcendo embaixo do homem que se acalmou em cima de mim. Brenton também gemeu quando atingiu seu próprio orgasmo, derramando seu gozo dentro de mim, aumentando o meu prazer. Ficamos assim por um bom tempo, aproveitando nosso prazer e nos aquecendo no brilho do que eu gostaria de chamar de o sexo mais arrasador da minha vida. Eu não podia acreditar que tinha feito sexo com o homem que pretendia destruir. Nunca pensei que faria sexo com Brenton Maslow, mas era exatamente o que havia feito. E a verdade é que eu quis fazer isso. — Você está tomando pílula, certo?, — ele perguntou com um murmúrio, beijando minha bochecha enquanto deitava em cima de mim. — Sim, — suspirei. Pensar em crianças me assustou. — Bom. Quero mergulhar fundo em sua alma antes de impregnar você, — ele murmurou, antes de fechar os olhos e dormir em cima de mim. O que eu poderia dizer agora? Capítulo 33 Cece Impregnar? Ele realmente disse isso? Eu pensei, vestindo minhas roupas na manhã seguinte enquanto Brenton tomava banho. Eu queria tomar um banho, mas ele chegou antes de mim, então tive que esperar ele sair. No entanto, eu não o deixaria me ver nua depois que ele saísse do chuveiro, então eu rapidamente vesti minha camisola e esperei. Ele estava apenas brincando quando falava sobre me engravidar Quero dizer, um homem como Brenton Maslow nunca se estabeleceria e teria filhos, então por que diabos ele me disse que me engravidaria mais tarde? Não, ele definitivamente estava fodendo com minha mente novamente. Este era o seu truque para me atrair para sua armadilha e depois me destruir, assim como ele alegou que eu o havia destruído. Não pude acreditar que ele disse isso, pois era algo inesperado vindo de um homem que afirmava governar o mundo. Como ele poderia admitir que eu o havia destruído? A menos que eu realmente o tivesse? Mas então, por que ele confessaria? Ele é um homem. Por que você acha? Meu subconsciente me dizia que era melhor não me envergonhar agindo como uma estúpida agora, quando eu finalmente havia entendido o motivo disso. Sexo. Tudo se resumia a sexo. A única razão pela qual ele confessou foi porque não tinha ideia do que estava dizendo, pois estava perdido nas garras da paixão. Sexo fazia as pessoas dizerem todo tipo de coisas malucas, e graças a Deus Brenton não fez algo tão estúpido quanto confessar seu amor por mim. Bom Deus, isso teria sido uma torta de climão. Considerando o meu ponto de vista, diria que eu estava perdida na névoa da luxúria e por isso acabei dormindo com ele. Era evidente que eu não estava com a mente no lugar certo, senão por que teria dormido com meu inimigo? — Que bom que nunca mais vai acontecer, — disse para mim mesma enquanto me esticava na cama, pensando no que fazer a seguir e para onde iríamos agora. Só Deus sabia para onde ele estava me levando. Eu só esperava que o sexo não tornasse as coisas estranhas entre nós. Eu era extremamente difícil para mim lidar com situações estranhas. Eu não queria ser uma estranha. Depois de alguns minutos, ouvi o chuveiro desligar, o que significava que a qualquer momento Brenton chegaria e eu poderia finalmente me lavar, livrando-me dos restos da noite anterior. Quanto mais cedo eu me esquecesse do que aconteceu, melhor seria. No entanto, quando a porta se abriu e Brenton me apareceu com nada além de uma toalha enrolada em sua cintura e água escorrendo por seu corpo esculpido, basta dizer que eu tive que forçar meu corpo a cooperar e a não ser afetado pelo homem delicioso que estava diante de mim. Quanto mais cedo eu me esquecesse do que aconteceu, melhor seria. Sim, definitivamente não vou fazer sexo com ele nunca mais. Achei que meu coração fosse protestar... Ou que minha mente me diria a coisa certa a dizer... Mas nunca esperei que minha vagina exalasse um suspiro de decepção. Que porra é essa? Por que ela estava reclamando? — Foguete, por favor, você pode parar de me cobiçar? Por mais que eu ame a atenção, temos que ir, — disse ele, tirando-me de meus pensamentos. Melhor assim, porque não queria perder tempo olhando para seu corpo delicioso. — O que te faz pensar que estou te cobiçando?, — eu levantei a mão em uma indicação de silêncio. — Não responda porque não tenho tempo para te ouvir. Agora saia para que eu possa ir e me limpar. Brenton inclinou a cabeça para a direita. — Por que? Eu gosto de você suja. — Saia. — Eu fiz cara de enfezada, ignorando sua risada enquanto batia a porta na cara dele. Ele queria sujo? Eu mostraria a ele o que era sujo... Ligando o chuveiro, lavei tudo relacionado à noite passada. Lavei seu cheiro, a sensação de seu corpo no meu, a suavidade de suas respirações profundas e gemidos altos quando ele gozou dentro de mim. Lavei tudo, esfregando meu corpo até minha pele ficar vermelha, e mesmo assim eu não sentia como se tivesse me livrado dele. Maldito seja, Brenton. Embora eu quisesse ficar no banho até que eu estivesse satisfeita de que ele não estava mais em mim - ele ainda estava, infelizmente desliguei o chuveiro e coloquei um novo conjunto de roupas que Brenton tinha me dado, pois já estavam preparadas no armário. Como ele sabe que tamanho eu uso? E por que diabos ele manteria roupas para mim aqui, se esta tiver sido uma fuga improvisada? A menos que não seja... Não querendo perder tempo pensando nisso, rapidamente coloquei minhas roupas e saí do banheiro. O aroma de comida deliciosa invadiu meu nariz, fazendo minha barriga roncar. Saí do quarto para ver Brenton mais uma vez em pé na cozinha preparando o café da manhã. — O que você está cozinhando agora?, — perguntei enquanto me sentava no banquinho para que eu pudesse ver o que ele estava fazendo. Brenton me deu um sorriso tão sexy que meus ovários suspiraram. Porra de ovários! — Apenas algo para colocar um sorriso nesse rosto lindo. Revirei os olhos e proibi minhas bochechas de corarem, embora eu não estivesse certeza que elas me obedeceram. — Bajulação não levará você a lugar nenhum comigo, Brenton. — Isso é o que eu costumava pensar também, e é por isso que nunca me preocupei com as besteiras sentimentais que Clayton usou com você. Mas estou apenas sendo honesto aqui, foguete. Você não sabe o que seu sorriso faz comigo, mas espero que isso possa lhe dar um vislumbre. Ele colocou um prato na minha frente que continha panquecas com xarope de bordo escorrendo pelas laterais. — Panquecas? — Panquecas com gotas de chocolate. Espero que você goste. Vou verificar o carro. Quando terminar, me avise para que possamos fechar a casa e irmos embora, — disse ele antes de me deixar com as panquecas. Hesitei por apenas alguns segundos antes de mergulhar nas panquecas e encher meu estômago queixoso. Embora eu tivesse experimentado a comida de Brenton na noite passada, ainda estava maravilhada com o fato de que ele cozinhava magicamente bem. Eu nunca esperei que ele cozinhasse assim, e isso apenas provou o quão pouco eu sabia sobre ele. Será que eu teria a chance de descobrir ainda mais? E será que eu realmente queria? Quando terminei de comer as panquecas, Fiquei sentada lá por alguns minutos, deixando minhas papilas gustativas dançarem de felicidade e querendo mais da comida de Brenton, o que imediatamente me fez desejar ter mais refeições preparadas por ele. Quem o teria ensinado a cozinhar? A Sra. Hampton? Ou outra pessoa? Se a Sra. Hampton o tivesse ensinado, isso provava que os Hamptons não eram maus e não eram uma ameaça para Brenton e para mim. Mas então por que os investigadores os culpavam? Meu celular havia ficado em silêncio por alguns dias pois estava fora de sinal, e eu estava feliz que o número desconhecido não havia me ligado mais. Eu não queria ouvir a voz daquela pessoa e precisava descobrir quem ela era antes que fosse tarde demais e Brenton fosse prejudicado por isso. Mas como faria para descobrir? Antes que eu pudesse mergulhar mais fundo no cerne da solução, lembrei que Brenton estava do lado de fora e que deveríamos ir logo se quiséssemos chegar ao nosso destino a tempo. Pegando meu telefone da mesa, saí da cabana para ver o homem que tinha me fodido na noite passada verificando o carro. Como ele podia se comportar tão normalmente agora, quando há poucas semanas ele havia agido como se fosse um rei e como se tarefas do tipo verificar o carro e cozinhar estivessem abaixo dele? Quem é você, Brenton Maslow? Este homem complexo parado diante de mim me fez sentir coisas que nunca pensei que sentiria. Antes de ele entrar na minha vida, eu fazia tudo sozinha e estava bem com isso. Vivendo em meu próprio mundinho e vendendo cupcakes, minha vida era boa. Mas então ele apareceu, e foi como se uma tempestade tivesse caído sobre mim, deixando-me confusa, com ossos quebrados, minha mente e corpo se recusando a cooperar. Como ele pôde fazer isso comigo? Ele teria causado esse mesmo efeito em todas as mulheres que conhecera? Brenton ergueu os olhos e sorriu para mim. — Pronta para ir? Você gostou das panquecas? Não seja legal com ele, ele não merece isso. Ele está se comportando, então você também deveria. Os dois aspectos guerreavam em minha mente, e decidi que, enquanto ele não dissesse ou fizesse nada para me provocar, eu também não o faria. Eu simplesmente responderia tudo com a mesma moeda. — Sim, elas estavam deliciosas. Obrigada, — eu disse quando me juntei a ele. — O carro está pronto. Por que você não entra enquanto eu vou e tranco a casa? — Sem esperar pela minha resposta, ele caminhou até a cabana, deixando-me sentado no carro. Por que ele estava sendo tão bom? Era como se Brenton fosse um homem totalmente novo, um que eu não havia conhecido antes - um estranho. Por que ele não estava me insultando? Porque estava sendo gentil comigo? Eu sabia que deveria ser grata por ele não estar me machucando com suas palavras, mas por outro lado isso era esquisito. Será que ele estava planejando algo? Seria este novo Brenton um disfarce para motivos ocultos? Você pensa demais. Como eu poderia não pensar demais quando o homem que estava me insultando desde que me conheceu agora estava sendo legal comigo e me fazendo café da manhã? Algo estava acontecendo. Talvez eu deva perguntar a ele. Depois de alguns minutos nadando com meus próprios pensamentos, ouvi a porta do carro se abrindo e Brenton deslizando no banco do motorista ao meu lado. Ele me lançou um sorriso que fez meu coração disparar antes de ligar o carro e dirigir de volta para a estrada. — O que você tem?, — perguntei, depois de dez minutos debatendo comigo mesma se eu deveria ou não perguntar a ele a verdade. — O que você quer dizer?, — ele me lançou um olhar perplexo antes de se concentrar na estrada novamente. — Você sabe exatamente o que quero dizer. Eu sei o que você está fazendo. Então, pare de fingir ser inocente e me diga o que há de errado com você, — eu ordenei. Em resposta, Brenton parou o carro e se virou para mim. — Foguete, do que você está falando? Não há nada de errado comigo. — Sim, há algo de errado e nós dois sabemos disso, — afirmei. — Ok, já que um de nós sabe que algo está errado, por que você não me diz então? Porque eu realmente não tenho ideia, — respondeu ele. Eu revirei meus olhos. — Você está sendo legal comigo, o que não é normal. Então me diga por que você está sendo legal comigo e se você tem algum motivo oculto. Brenton riu, o que me deixou irritada. — Motivo? Você acha que estou sendo legal com você porque tenho algum motivo oculto? — Sim, — nem me incomodei em disfarçar esse fato. — Você tem razão. Definitivamente, tenho segundas intenções, mas não é por isso que estou sendo bom com você, — admitiu. — Então me diga por que você está sendo legal. Porque falando francamente, você está me assustando um pouco... O Brenton que eu conheço nunca seria bom comigo, — eu confessei. Minha respiração engasgou quando ele se inclinou para perto de mim, apesar do cinto de segurança que estava fazendo o trabalho de protegê-lo em caso de acidente. — Você não me conhece de jeito nenhum, foguete. — Ele deu um beijo suave na minha têmpora antes de voltar a dirigir. Fiquei sentada ali, congelada por alguns minutos, tentando entender o que tinha acontecido. Porque ele não respondia minha pergunta? Eu o culpei por beijar minha têmpora e me fazer esquecer o que eu queria que ele me dissesse. Se ele pensava que poderia fingir que os últimos meses não haviam acontecido só porque tivemos uma noite de sexo quente e fumegante, então ele precisava de um choque de realidade. Como eu poderia fazer isso? Talvez o deixando louco ao flertar com outros homens... Foi uma excelente ideia, mas eu não sabia flertar. Além disso, não sei para onde ele me levaria e se haveriam outras pessoas ali... O que eu poderia fazer então? Eu precisava deixá-lo com ciúmes, mas não usaria Clayton para isso. Clayton e eu tínhamos terminado. — O que está acontecendo nessa sua mente enigmática?, — Brenton me perguntou enquanto continuava a dirigir na estrada vazia. — Estou me perguntando para onde você está me levando. Não vejo ninguém por perto, então parece que você está me levando para um lugar isolado para me matar, — respondi secamente. — Se você acha que esse é o meu motivo oculto, então você está errada, docinho. Estou levando você para um lugar que foi mantido em segredo de toda a minha família. — O que você quer dizer com isso?, — questionei. — Quer dizer, comprei este lugar para que possa ser meu lugar seguro. Quando preciso ficar sozinho, é para lá que vou, — esclareceu. — E ninguém além de você veio aqui antes? Ele balançou sua cabeça negativamente. — Não. Ninguém até hoje. — Ele me lançou um olhar terno, que fez meu coração derreter. Como ele conseguiu continuar fazendo isso? E por que diabos meu coração conseguia ser afetado por isso todas as vezes? — Bem, então é algo que eu tenho que ver, — comentei antes de olhar para fora e ver o campo passar por nós. — Ah, você vai. — Ele fez uma pausa, — E que fique claro que estou feliz por você ser a primeira a ver isso. Antes que eu pudesse pensar muito no que ele disse, o telefone de Brenton começou a tocar. Ele o pegou do console e atendeu a chamada. — O que é? — Infelizmente, só conseguia ouvir um lado da conversa. — Sim? — Você tem certeza? Entendo. Envie-me todos os detalhes e agende uma reunião daqui a três dias. Já era hora de acabarmos com isso. Ele encerrou a ligação e colocou o telefone de volta no console, com o rosto tenso. — O que há de errado? Está tudo bem? Ele suspirou e continuou dirigindo. Achei que ele não responderia à pergunta, mas ele provou que eu estava errada. — Era meu investigador. Eles têm uma nova pista sobre quem está por trás das ameaças. E ele está otimista de que eles serão capazes de encontrar o culpado agora. — Essa é uma ótima notícia. Devemos voltar à cidade e descobrir quem é, certo?, — eu disse. — Iremos depois de três dias. Por enquanto, só quero esquecer tudo e passar os próximos dias com vocês, — afirmou. Se os investigadores descobrissem quem estava ameaçando Brenton, eles seriam capazes de encontrar a pessoa que estava me ligando? Devo contar a Brenton sobre as ligações que tenho recebido? Não, eu não posso. Não queria que Brenton pensasse que eu queria destruí-lo. Não... não. Estava claro que eu nunca poderia dizer isso a Brenton. Eu só esperava que esta minha decisão não se voltasse contra mim. Capítulo 34 Cece — O que é este lugar?, — perguntei enquanto Brenton e eu saíamos do carro. Estávamos diante de um castelo gigante que ficava bem ao meio do que só poderia ser descrito como uma vila moderna. Por que ele me trouxe para outro castelo? Qual era a relação entre os Maslows e os castelos? Por que eles não podiam viver em casas normais, como pessoas normais? — Esta será a nossa casa pelos próximos três dias, foguete, — anunciou Brenton ao se postar ao meu lado. — Você espera que eu more em um castelo por apenas três dias? O castelo parecia adequado para ser a casa de alguém, não um lugar temporário onde alguém poderia apenas passar alguns dias e partir. Ele merecia um residente permanente, pelo amor de Deus! — Você quer ficar mais tempo? Isso pode ser arranjado. Você pode ficar aqui o tempo que quiser, doçura, mas eu tenho que voltar e resolver as coisas com esse inimigo que parece decidido a arruinar minha vida. Então, partirei depois de três dias e você poderá ficar aqui se quiser, — respondeu ele. — Ah, não. Você não vai se divertir sozinho enquanto eu fico presa neste castelo como uma donzela em perigo. De jeito nenhum! Eu vou com você e juntos descobriremos quem é que quer me matar também, — eu disse a ele, certificando-me de que ele entendera que não iria se livrar de mim, não importava o que acontecesse. Eu tinha que saber quem tinha tido a audácia de ameaçar Brenton Maslow e, quem sabe, eu poderia igualmente descobrir quem estava me ameaçando e ligando para mim de um número desconhecido. — Mas você acabou de dizer que não quer morar aqui por apenas três dias. E, além disso, vai me dar um pouco de paz de espírito saber que você está segura aqui enquanto eu lido com o culpado, — ele argumentou. — Desculpe? Eu não sou feita de vidro, entendeu? Sou forte e capaz de me defender e cuidar de mim, muito obrigada. Nós vamos ficar aqui por três dias e depois vamos embora juntos, — eu disse antes de marchar em direção ao castelo, me perguntando como seria por dentro. — Sim, eu sei muito bem que você pode cuidar de si mesma, e quando eu disse isso, não estava de forma alguma insinuando que você é frágil ou fraca. Só não quero que aquele bastardo toque em um fio de cabelo da sua cabeça, — ele explicou. Juro que nunca entenderia por que houve uma mudança tão repentina na personalidade de Brenton. Era como se ele nunca tivesse me odiado ou se importado com o fato de eu ter invadido sua casa e o envergonhado diante de sua família. No entanto, eu não baixaria a guarda, porque sabia que o homem que me odiava ainda estava lá. Eu só tinha que fazer algo para trazê-lo para fora, mas não tinha certeza se queria isso. — Se ele se atrever a tocar em um fio de cabelo da minha cabeça, então vou esmagar suas bolas de maneiras que ele nunca imaginou e de maneiras que serão muito, muito dolorosas, — eu pensei ao entrar no saguão e olhar ao redor para a beleza exibida diante de mim. Paredes vermelhas, lustres dourados e móveis antigos enfeitavam o ambiente, fazendo-me pensar se meus pés estariam limpos o suficiente para andar sobre o chão brilhante e os tapetes, que sem dúvida eram feitos dos melhores materiais. — Mesmo no campo, você não hesita em exibir sua riqueza. Pode me dizer por quê?, — eu perguntei. — Porque eu gosto de coisas boas. E se eu posso pagar, por que não? É meu lugar, e eu me certifiquei de que tudo o que eu gostasse e quisesse estivesse aqui, — respondeu. — Que ostentoso, — eu comentei amargamente, — O que eu não entendo — fui até uma pintura antiga pendurada na parede, sua moldura embelezada por um brilho opaco — é como você sempre consegue o que quer. Brenton riu e eu o ouvi vindo atrás de mim. — Sempre consigo o que quero, foguete, e acho que você está começando a entender isso. Suspirei e revirei os olhos. — Só porque você tem dinheiro e opta por gastar consigo mesmo ao invés de ajudar os outros. — Por enquanto, sim. Mas recentemente, eu mudei de ideia e agora quero compartilhar minha riqueza com outra pessoa. Eu parei de respirar quando ele envolveu seus braços em volta da minha cintura e me puxou para perto, de forma que minhas costas estivessem coladas nas suas. Eu tinha que admitir: seu peito parecia uma parede de granito. — Mesmo? Deus finalmente abençoou os pobres com os quais você escolheu esbanjar sua riqueza. Eu não posso acreditar que estou dizendo isso, mas Brenton Maslow, mas estou orgulhosa de você, — eu disse, minhas palavras embebidas em diversão. — Desculpe desapontá-la, docinho, mas quando eu disse que estou pronto para compartilhar minha riqueza, não estava falando sobre os pobres, — respondeu ele. Eu deveria tê-lo empurrado para longe de mim, mas por algum motivo gostei de ter seus braços em volta do meu corpo. O calor de seu peito me protegia do frio. Desculpas, desculpas. Tsk. Tsk. Peguei minha voz interior e a enfiei em uma caixa de papelão, antes de depositar a dita caixa no canto mais distante da minha mente. Brenton era idiota, mas era um idiota com um belo peitoral. — Então, com quem você está planejando compartilhar sua riqueza? Quem é essa pessoa de sorte? Eu não tinha certeza do que aconteceria com minhas palavras se eu as mergulhasse ainda mais em sarcasmo. Ele deu uma risadinha. — Você saberá em breve. Por enquanto, deixe- me mostrar onde iremos dormir. Essas palavras foram como um balde de água fria e me afastaram de Brenton em menos de dez segundos. — Uau, espere aí, senhor. Concordei em dividir a cama com você na cabana porque só havia um quarto disponível. Você não pode esperar dormir comigo agora que estamos em um lugar que tem pelo menos cinquenta quartos, — eu protestei. — Vamos tentar economizar espaço ao invés de desperdiçar quartos e dificultar para os servos que limparão depois de nós, — argumentou. Do que diabos ele estava falando? E como diabos ele esperava fazer sentido? — Meu Deus, Maslow, saia dessa. Você é dono da maior empresa do mundo, aja como tal, — retruquei enquanto tentava descobrir o que fazer com suas ideias malucas. — Não vamos dividir um quarto e ponto final. — Então não vou dividir meu quarto com você, — disse ele com petulância, fazendo com que parecesse uma criança mimada de cinco anos. Eu zombei. — Não importa se você divide seu quarto comigo ou não. Eu vou dormir em outro quarto de qualquer maneira. — Você não pode. Todos os quartos estão trancados e só eu posso abri-los. Então, tecnicamente, você não tem um quarto para dormir, — ele afirmou com um sorriso que fez parecer que ele havia entrado em sua loja de chocolates favorita. Soltei um suspiro indignado quando percebi o que ele estava tentando fazer. Bem, se ele pensava que era inteligente, então eu era teimosa, e ele não tinha ideia de como eu poderia ser teimosa. Uma noite foi tudo que me permiti ceder aos meus desejos femininos, mas só. Eu não fraquejarei uma segunda vez. — Vou dormir no sofá, então, — eu disse com um sorriso malicioso. Não há como você me colocar na cama, Brenton. Ele franziu os lábios antes de deixar escapar uma risada simpática. — Temo que você não possa fazer isso. Veja, os sofás são feitos com os melhores tecidos e eu odiaria que eles se arruinassem. Você não pode dormir nos sofás. Meus olhos se estreitaram ao imaginar-me espremendo seu pescoço com minhas mãos. — Certo. Então vou dormir no chão. Sinceramente, não me importo. Não sou tão superficial e materialista quanto você. O chão está bom para mim. — Mas o chão está limpo e brilhante, e se você dormir, o brilho vai embora e então.... — A essa altura eu já estava farta de suas bobagens. — Então o que? Você tem medo de não ser capaz de ver seu reflexo toda vez que colocar os pés neste lugar?! — quase gritei. Ele fixou seus olhos nos meus e acenou com a cabeça. — Exatamente. Fico feliz que você me entenda tão bem, foguete. Agora você entende por que não poderá dormir em nenhum outro lugar, a não ser comigo no quarto. E como a cama é grande, é perfeita para nós dois. — Oh. Meu. Deus, — eu gritei para os céus. — Como? Como você consegue ser tão irritante? Suas sobrancelhas se franziram como se minhas perguntas o tivessem confundido. — Irritante? Eu não sou chato. — Sim, você é. Estou ficando com enxaqueca só de falar com você. Onde fica o quarto? Eu preciso de um cochilo, — reclamei, enquanto apoiava minha cabeça em minha mão, olhando para o homem irritante diante de mim. Como sua família tolerava sua presença? Como? — É lá em cima, primeira porta à direita, — ele respondeu com um sorriso. — Se você quiser, posso te levar lá. Eu levantei a mão na frente de seu rosto. — Nem pense nisso. Já que você não vai me deixar dormir em nenhum outro lugar, vamos nos revezar para dormir no mesmo quarto. Vou dormir algumas horas, e depois de acordar, e só então você terá permissão para dormir. Antes que ele pudesse pensar em outro motivo ridículo pelo qual não podíamos dormir separados, subi correndo as escadas e quase me joguei no quarto. Fechei a porta e tranquei, para ter certeza de que ele realmente havia ficado de fora. Então eu desabei na cama e caí num sono profundo e exausto. Quando acordei, estava enlaçada por um corpo que parecia terrivelmente com o de Brenton. Quando eu tentei me mexer, ele apenas apertou seu abraço e me puxou mais para perto. — Não vá, — ele murmurou docemente. — Como você chegou aqui?, — perguntei, tentando o meu melhor para não deixar a irritação tomar conta de mim. Eu tinha acabado de acordar e optei por não agarrar as emoções negativas agora. — Eu tenho uma chave, — ele respondeu. — Mas eu usei a trava, — eu rebati. — As portas são operadas por controle remoto. Então eu usei para deslizar para baixo a trava e ir até você, — ele respondeu, colocando um beijo carinhoso no meu pescoço. — Eu não gosto de ficar longe de você. Eu levantei uma sobrancelha com sua confissão. — E quando você teve essa revelação? — Eu sei disso há muito tempo. Eu simplesmente nunca disse a você, — disse ele. — E por que você não me contou?, — perguntei. — Porque eu sempre te trouxe de volta para mim quando você tentava fugir. Mas agora você parece estar fugindo o tempo todo, e eu não gosto disso. Então, por favor, não fuja de mim. Eu prometo que vou te dar o que você quiser, — afirmou. Ok, o que diabos está acontecendo com ele? De onde vem tudo isso? E ele está falando a verdade, ou apenas mentindo para me deixar nua de novo? Pegando seu rosto com minha mão, eu o forcei a olhar para mim. — De onde vem isso? Brenton suspirou e fechou os olhos por alguns segundos. E quando ele os abriu novamente, fiquei chocada ao ver o amor e a paixão queimando naquelas íris verde-mar, o tipo de amor e paixão que eu nunca esperei que ele sentisse. — Não me deixe, foguete, — disse ele. — Sei que não sou o homem mais fácil de se lidar, e que fiz muitas coisas horríveis a você, mas prometo que vou melhorar agora e farei o possível para mantê-la feliz. Apenas pare, por favor, pare de fugir de mim... Por favor. Oh meu Deus, ele está dizendo 'por favor'! Como eu poderia dizer não a ele quando estava me implorando assim? Quão cruel eu seria se afastasse o amor e a sinceridade brilhando em seus olhos? Não, eu não poderia jogar fora seu amor... Não quando isso era a coisa mais pura que ele estava me dando. E Brenton não precisava dizer que me amava: eu podia ver em seus olhos, e dizer que isso me chocou seria um eufemismo. Ele realmente me ama? Pude ver em seus olhos que sim, mas não entendi o porquê. Ele alegou me odiar e fez da minha vida um inferno, mas então voltou atrás e me levou para um lugar seguro, pois não queria que seu inimigo me machucasse. Agora eu entendia por que ele havia me trazido até aqui, mas isso me deixou com mais perguntas do que respostas. Pare de pensar demais. Ele está dizendo para você não fugir dele. De alguma forma, minha voz interior conseguiu rastejar para fora da caixa e retomar à minha mente. — E o que vai acontecer se eu parar de fugir de você? O que você vai fazer então?, — eu questionei, curiosa para saber o que ele queria de mim. — Vou cumprir minha promessa. Eu vou te manter feliz. Vou levá-la para sair em muitos encontros até que você tenha certeza de que quer passar o resto de sua vida comigo. Vou comprar o que você quiser e todas as coisas que você não quiser. Eu prometi a você uma padaria e vou garantir que seja a maior padaria do mundo. Não vai te faltar nada, foguete, e prometo cuidar de você. Não vou permitir que eu mesmo, ou outra pessoa, te machuque de forma alguma. Vou mantê-la feliz, eu prometo, — disse ele. Eu não pude deixar de sorrir. — Você vai me levar para sair em encontros? Ele acenou com a cabeça ansiosamente. — Sim. Muitos encontros. Aonde você quiser ir, nós iremos. — Mesmo? Aonde eu quiser ir? Ele acenou com a cabeça novamente. — Sim. Eu beijei sua bochecha e sorri. Agora eu tinha a maneira perfeita de me vingar dele.
— Você só pode estar brincando, — disse Brenton quando entramos
no pequeno restaurante pitoresco na esquina da vila para onde ele havia me trazido. Eu sorri enquanto nos sentamos em um canto e esperamos por uma das duas garçonetes virem até nós anotar os pedidos. O restaurante parecia que mal cabiam quinze pessoas, e as cadeiras não eram exatamente perfeitas: a minha estava balançando e a de Brenton parecia ter um prego cravado. Mas as cadeiras não eram tão ruins assim, então por que ele parecia estar com dor? — Você está com dor?, — perguntei, fingindo ser inocente. — Você não poderia ter encontrado um lugar melhor para ir no nosso primeiro encontro?, — ele perguntou, parecendo que mal estava segurando sua compostura. Dei de ombros. — Você disse que iríamos a qualquer lugar que eu quisesse, e eu escolhi vir aqui. Você tem que estar feliz, porque esse é o nosso primeiro encontro. Levou tudo em mim para não rir alto. A vingança realmente era doce. O homem que nasceu e cresceu na riqueza estava agora sentado em um restaurante humilde e iria comer uma comida que não seria preparada por chefs com estrelas Michelin. — E você escolheu vir a este restaurante ruim em vez de me deixar levá-la a um bom e chique?, — ele me olhou como se eu tivesse duas cabeças. — A maioria das mulheres adoraria ter a chance de um homem levá- las a um restaurante chique, e você escolhe vir aqui? Eu concordei. — Sim, mas não sou como a maioria das mulheres, Brenton. Você acha que dinheiro é tudo o que uma mulher deseja? Bem, você está errado. Mais do que dinheiro, quero ter um relacionamento. Eu quero amor e respeito. Não preciso do seu dinheiro, Brenton, preciso do seu coração e da sua mente. Eu preciso da sua alma. O que diabos você está dizendo a ele?! Minha boca não estava sob meu controle e nem as palavras que continuavam a jorrar dela. No entanto, eu não podia negar que era verdade. Meu coração tinha claramente assumido meus desejos e agora estava dizendo a Brenton o que eu realmente queria. Brenton apenas me encarou por um minuto, provavelmente tentando absorver tudo o que eu acabara de dizer. Talvez eu o tenha assustado, ou talvez ele não quisesse me dar nada do que eu havia pedido e agora estava pensando em maneiras de me decepcionar disfarçadamente. — Então, por que você não está disposta a me dar o mesmo, quando eu estou?, — ele questionou num tom suave. Ok. Eu não esperava que ele dissesse isso. Achei que ele iria me dizer que eu estava pedindo demais e que ele nunca concordaria em dar seu coração a uma mulher. Devo dizer que ele me surpreendeu. — Você está disposto a me dar isso?, — perguntei, incapaz de acreditar nele. Ele assentiu. — Claro. Eu estou disposto há muito tempo. Só não contei porque Clayton estava no caminho. E então as ligações começaram a chegar, e eu tive que fazer algo porque queria mantê-la segura. Trazer você aqui foi benéfico para mim, porque agora posso confessar meus sentimentos sem ter que olhar por cima do ombro e me preocupar que alguém venha e tire você de mim. — Meu coração sorriu e corou. Era difícil acreditar que um homem como Brenton Maslow estava confessando seus sentimentos para mim. Mas espere, como posso ter certeza que ele não está fingindo? Você realmente acha que alguém pode fingir que ama alguém? Sim. O amor falso estava em toda parte, e eu tinha visto muitos filmes e lido muitos livros para saber que o amor verdadeiro não era tão fácil de encontrar quanto as pessoas faziam parecer. Especialmente no que dizia respeito a homens como Brenton. O amor verdadeiro era um conceito estranho para eles. — Como posso saber se você está sendo honesto e não está mentindo na minha cara?, — perguntei, minhas sobrancelhas arqueadas em desafio. Ele estava enganando... Ele estava me enganando... — Você acha que vou fingir que te amo, foguete? Cecelia, você é a primeira mulher por quem me apaixonei e, acredite, não há nada de falso em como me sinto, — afirmou ele, seus olhos queimando de raiva e paixão. Por que ele está com raiva? Porque será? Você apenas duvidou do amor dele... Nada demais. Eu sorri e agarrei sua mão que estava sobre a mesa, cerrada num punho. — Eu acredito em você, Brenton. Eu simplesmente ainda preciso digerir a ideia de um homem como você se apaixonando por uma mulher como eu. Você sempre disse a Clayton que ele deveria namorar mulheres que tivessem classe e elegância... Eu não tenho nada disso. Na verdade, se você pensar bem, sou exatamente o oposto do tipo de mulher que você costumava namorar... E que, a propósito, você não pode mais namorar, já que não gosto de compartilhar meu homem. Ele sorriu e beijou o topo da minha mão. — Não tenho intenção de namorar mais ninguém. Agora que provei você, acho que nunca ficarei satisfeito com outra mulher. Eu só quero você, foguete. Eu preciso de você. E me assusta perceber o quão forte é essa necessidade, porque eu nunca experimentei nada assim antes, e isso é o suficiente para me dizer que meu amor por você é puro, verdadeiro, e durará para sempre. Ouvi-lo dizer tudo isso me fez sentir como se estivesse flutuando nas nuvens. Meu coração sabia como eu ansiava por ouvir essas palavras do homem com quem eu escolheria passar minha vida, como ansiava por um amor que nunca iria desaparecer. E hoje, este homem que governava o mundo agora governava meu coração também. E não tinha medo de admitir que amava Brenton Maslow. — Você se apaixonou por mim?, — perguntei, quase com medo de saber a resposta. Ele acenou com a cabeça, e a sinceridade que vi em seus olhos quase me desfez. Era como se não estivéssemos sentados em um restaurante, mas sim de volta à cama - nus. E eu queria voltar para a casa com ele, ao invés de estar aqui. O que eu estava pensando quando disse que queria vir neste restaurante? — Eu te amo, Cecelia Fells. E não há absolutamente nenhuma maneira de você se livrar de mim. Amo você e farei de você a mulher mais feliz deste universo. Não rejeite meu amor, porque você não tem a opção de fazer isso, — disse Brenton, tirando meu fôlego. Meu coração se alegrou enquanto as partes femininas do meu corpo gritavam por mais contato físico, mas não podíamos fazer isso considerando que estávamos em um lugar público. — Eu também te amo, Brenton. — Seus olhos se arregalaram com a minha confissão, e eu tive que morder meu lábio para não rir. — Não, foguete, você não precisa sentir como se tivesse que dizer eu te amo de volta para mim.... — Eu o interrompi. — Não. Não estou me sentindo forçada. Você me conhece... Eu não faria nada que não quisesse. Amo você, embora ainda esteja aceitando esse fato porque nunca pensei que algum dia iria amar assim, muito menos alguém como você. E sim, eu te odiei porque você arruinou minha vida - e é melhor você me devolver minha padaria - e eu pensei que você fosse meu inimigo... Então você começou a viver comigo. Tem noção do quanto você era chato? — Mas pouco a pouco comecei a te ver com outros olhos, a tal ponto que eu sentia sua falta quando você não estava... Mas isso era algo que eu nunca admiti para mim mesma. Por outro lado, eu também sabia que você nunca amaria alguém como eu, então tentei o meu melhor para não gostar tanto de você, — eu disse a ele. Ele ficou em silêncio por algum tempo, e eu olhei em volta para ver que a garçonete estava observando para a nossa mesa, esperando que a chamássemos. Eu sorri e sinalizei para ela esperar alguns minutos porque ter essa conversa com Brenton era mais importante do que qualquer coisa agora. — Por que você não me contou isso? Por que você escondeu seus sentimentos? Se você tivesse me mostrado ao menos um vislumbre, então eu não teria perdido tanto tempo... Teria te feito minha muito mais rápido, — respondeu ele. — Como eu saberia que você se sentia assim? Você continuou me insultando a cada chance que tinha, — me defendi. — Porque você estava planejando namorar qualquer outro homem, exceto eu. Claro que ficaria furioso! Eu queria que você fosse minha, e você ficava me dizendo como queria fugir de mim, — ele rebateu. — Bem, um pouco de gentileza não teria machucado você. Se você tivesse sido legal comigo, então eu não estaria olhando para outros homens, e não estaríamos tendo essa conversa agora ao invés de almoçar, que é a principal razão pela qual viemos aqui, — eu apontei. — Não posso acreditar que estamos discutindo em nosso primeiro encontro. Isso nunca aconteceu, — observou Brenton. — Nunca pensamos que nos apaixonaríamos um pelo outro, mas veja onde estamos agora, — eu disse. — Você se arrepende? De me amar, quero dizer, — ele perguntou. Minhas sobrancelhas franziram em confusão. — Por que eu me arrependeria de te amar? Admito que é inesperado que te ame, mas não me arrependo. Fico feliz em te amar, Brenton. — Bom, porque tudo que eu quero é que você seja feliz. E estou feliz por te fazer feliz, — disse ele. — Você sabe o que vai me deixar muito feliz? — O que? Diga-me, foguete, — ele insistiu. — Comer um pouco, porque estou morrendo de fome. Assim que a garçonete nos deixou com a comida, não perdi tempo em comer. Não me importava se as pessoas me observassem enquanto eu devorava tudo... Meu estômago exigia comida, e era exatamente isso que eu o daria. — Poderíamos estar almoçando num restaurante chique. Porque você quis vir aqui, foguete?, — Brenton perguntou enquanto cortava o frango com cuidado, como se fosse acordar e pular em cima dele. — Não estou acostumada a comer em restaurantes chiques. Pequenos restaurantes são o que eu conheço e onde me sinto confortável. Então, naturalmente, para um primeiro encontro quis vir onde eu me senti confortável, — eu o informei. Para ser honesta, eu só queria me vingar. Esse homem sempre alardeava sua riqueza para mim e desprezava as pessoas e os lugares que não correspondiam aos seus padrões. Fazê-lo almoçar em um dos lugares que não se enquadravam nos seus padrões parecia uma boa maneira de lhe ensinar uma lição. — Bem, assim que voltarmos para a cidade, vou garantir que você se acostume a estar em restaurantes chiques, porque não posso ficar sentado nesta cadeira desconfortável. Tipo, por que essas pessoas não estão sendo processadas por fazerem os convidados se sentirem desconfortáveis?, — ele reclamou. Eu revirei meus olhos. — Pare de ser esnobe. A comida é boa. Só porque não vem com talheres de ouro não significa que a qualidade seja ruim. — Mas o ambiente é tão importante quanto a comida, — argumentou. — Olhe ao seu redor, Maslow. Ninguém precisa fingir ser alguém que não é. Nesses restaurantes de luxo, dos quais você tanto gosta, todo mundo tem que fingir, e eu simplesmente não suporto a artificialidade, — rebati. — Certo. Vamos chegar num meio-termo, então. Já que nosso primeiro encontro é aqui, o próximo será num lugar de minha escolha. Então você decidirá para onde iremos no nosso terceiro encontro, e assim por diante. O que você acha? Dessa forma, você terá um pouco de exposição a restaurantes sofisticados, enquanto eu irei experimentar alguns restaurantes não tão sofisticados... Ele ficou ligeiramente verde quando disse isso, e eu não pude deixar de rir. No entanto, o que ele estava propondo fazia sentido, e ele estava me dando algum controle da situação, ao invés de me negar tudo. — Tudo bem, eu concordo. Um restaurante chique e um medíocre. Você assume o controle de um encontro e eu assumirei o controle do outro, — resumi tudo e Brenton assentiu. — Perfeito. Só então o celular de Brenton começou a tocar, e ele teve que parar de comer para atender a ligação. Eu o observei como um falcão quando ele pegou o telefone e atendeu a chamada. — Olá? Sim, o que é?, — seria seu investigador no outro lado da linha? — Agora? Isso é estranho. Então todos nós temos que ir?, — ok, este definitivamente não era seu investigador. — Tudo bem. Nós estamos indo embora agora. Devemos chegar amanhã de manhã. Sim, ok, tchau — Quem era?, — perguntei assim que ele encerrou a ligação. — Gideon. Os Hamptons estão dando uma festa e todos nós estamos convidados. E antes que você pergunte, não, não podemos cancelar. Quando os Hamptons dão uma festa, é obrigatório que compareçamos. E já que você é minha agora, terá que vir comigo. Termine sua refeição, e então iremos embora. Temos uma longa viagem pela frente se quisermos chegar a tempo. Vou comprar um vestido para você. Por favor, não se oponha, — ele me informou. — Tudo bem. Você pode escolher meu vestido para hoje, mas para a próxima festa eu vou escolher meu próprio vestido, — concedi. — Tudo bem. Se apresse. — Por que os Hamptons estão dando uma festa de repente? Eles sempre fazem isso?, — questionei. — Isso é o que está me incomodando. Os Hamptons planejam seus eventos com semanas de antecedência, então isso me parece um pouco estranho, — disse ele. — Você acha que é uma armadilha? Talvez você devesse levar segurança com você, apenas no caso. Eu não queria questionar meus patrões, mas o inimigo de Brenton era alguém da família Hampton, e tínhamos que ter cuidado. — Não sei, foguete, mas vamos descobrir quando chegarmos lá. Não tive um bom pressentimento em relação a esta festa. Eu não tinha certeza se era minha paranoia, ou se meu sexto sentido estava tentando me alertar de alguma coisa, mas o que quer que fosse, algo aconteceria naquela festa. Eu só esperava que Brenton e eu pudéssemos sobreviver a isto. Capítulo 35 Cece Voltar para Londres foi como entrar em outro mundo, o que era estranho, considerando que eu só o havia deixado por alguns dias. Como poderia perder o contato com o mundo que conheci durante toda a minha vida apenas por passar alguns dias longe dele? — Lar doce lar, — Brenton anunciou assim que entramos na cidade. — E pensar que você não planejava voltar antes de mais alguns dias, — eu comentei com um sorriso que deixou Brenton carrancudo. — É por causa da festa ridícula. Estou lhe dizendo, algo está acontecendo, — disse ele. — Sim, concordo com você. Você trará seguranças, certo? — Eu perguntei, certificando-me que ele não faria nada estúpido como enfrentar o inimigo sozinho. Brenton me deu um sorriso maroto. — Preocupado comigo, foguete? Eu o prendi, meus olhos se estreitaram como navalhas afiadas o suficiente para cortar. — Não quero que você faça nada estúpido e, considerando seu ego gigante, tenho todos os motivos para me preocupar. — Então você está preocupada, — afirmou. — Sim, — dei de ombros, — Estou. Não havia mais sentido em esconder meus sentimentos. Eu já tinha dito a ele que o amava. Não havia sentido em tentar proteger meu ego. Ele cobriu minhas mãos com as dele e deu-lhes um aperto quente. — Eu também estaria se estivesse em seu lugar. E estou fazendo isso principalmente para garantir que tenhamos um futuro brilhante e seguro pela frente. Ele fez uma pausa. Pude ver que ele estava pensando nas palavras certas para me dizer. — É a primeira vez que me apaixono e não quero que isso acabe. Tenho que ter certeza de que nossa casa está segura, para que eu possa me concentrar em amar você ao invés de me preocupar com o inimigo. Suas palavras fizeram meus lábios se curvarem em um sorriso suave e minhas bochechas se aquecerem. — Não se preocupe, você não está sozinho nisso. Estou bem aqui com você e, juntos, garantiremos que ninguém destrua nossas vidas. O carro parou de se mover e olhei para Brenton com olhos questionadores. Ele se virou para mim e a verdade crua que brilhou em seus olhos me fez engolir em seco. O que estava acontecendo com ele? O que ele queria me dizer? Pegando meu rosto com as mãos, ele trouxe seus lábios aos meus em um beijo carinhoso. — Ninguém e nada tem o poder de me destruir, foguete. Esse poder está com você e apenas você. As palavras eram como flechas, perfurando minha alma, rasgando-me com a sinceridade que era como veneno, tocando cada célula do meu corpo. Como ele pôde dizer uma coisa tão poderosa para mim? O homem que não tinha fraquezas estava me dando esse poder em plena luz do dia. Como ele poderia passar essa responsabilidade toda para mim? Você fez o mesmo, não foi? A única diferença é que você não disse isso em voz alta. Sim, eu não tinha contado a ele, mas tinha certeza de que ele sabia que eu me sentia exatamente da mesma maneira. E talvez a razão de eu não ter contado foi porque em algum lugar, bem no fundo do canto mais escuro do meu coração, eu estava com medo. Embora ele tivesse confessado seu amor por mim, eu ainda estava com medo de que ele fosse embora. Que ele fugiria para uma mulher que seria melhor do que eu. Você está sendo irracional. Talvez eu estivesse sendo irracional, mas isso não mudou a direção que meus pensamentos escolheram tomar. A julgar pela honestidade em seus olhos, eu sabia que Brenton não iria embora, porque ele realmente me amava e não me deixaria, então eu não tinha ideia de por que estava me sentindo assim. — O que você está pensando?, — Brenton perguntou, tirando-me da névoa que me cercava. Eu balancei minha cabeça e dei a ele um sorriso tranquilizador. — Nada. Só que me sinto exatamente da mesma maneira, e estou me perguntando por que não te contei isso antes. — Eu disse isso porque sei que você sente o mesmo, foguete. Ele me beijou novamente, silenciando minhas dúvidas e enchendo meu coração com um amor que só ele poderia dar. Quando ele se afastou, lançou um sorriso suave antes de dar partida no carro. — Para onde estamos indo? Quero voltar para o meu apartamento. Eu sinto falta de lá, — eu disse a ele, juntando suas palavras e colocando- as em uma arca de tesouro que tranquei dentro do meu coração. Cada grama de amor que ele me deu foi direto para o meu coração, e era onde ficaria para sempre. — Nós estamos indo lá, mas eu preciso te dar um vestido para a festa também. Então, depois de deixar você, irei ao shopping e comprarei o vestido para você, — respondeu ele. — Por que você não pode simplesmente dizer a sua assistente para comprar um vestido? Tenho certeza de que ela não vai se importar, — sugeri. Brenton balançou a cabeça. — Não. Esta é a primeira vez que você me deixa fazer algo por você e eu quero participar disso. Você não tem ideia de quanto tempo estou esperando para sair e fazer compras para você, e de jeito nenhum vou dizer a outra pessoa para fazer isso por mim. — Não. Esta é a primeira vez que você me deixa fazer algo por você e eu quero participar disso. Você não tem ideia de quanto tempo estou esperando para sair e fazer compras para você, e de jeito nenhum vou dizer a outra pessoa para fazer isso por mim. — Sabe, ainda não consigo acreditar que você está sendo tão legal comigo. Tem certeza de que não há nenhum motivo oculto?, — eu provoquei e sorri quando Brenton me lançou um olhar furioso. — É melhor você parar de duvidar de mim, foguete, — alertou. — Ou então o quê? — Ou então eu vou te foder até que não haja nenhuma dúvida em seu coração, mente e alma sobre como eu realmente sinto por você, — ele afirmou, fazendo com que minhas partes femininas se contraíssem de desejo e excitação. Maldito seja ele por me deixar toda excitada e incomodada, mas depois não fazer nada sobre isso. — Você é cruel, — eu comentei antes de voltar minha atenção para o mundo, ao lado de fora do carro, que passava por nós. Eu ouvi a risada de Brenton, e esse som foi o suficiente para acalmar meu coração... Por um tempo, pelo menos. Entrar no meu apartamento novamente me fez suspirar de alívio e felicidade. Eu estava de volta em casa e não conseguia acreditar que havia me acostumado com o castelo gigantesco da vila. Este apartamento era meu, e eu poderia fazer o que quisesse aqui. Ninguém poderia me impedir de ir a qualquer lugar e fazer o que tivesse vontade. Brenton tinha ido ao shopping e me perguntei que tipo de vestido ele escolheria para mim. A festa era à noite e eu tinha que me preparar para o que quer que fosse acontecer. Mas como eu poderia me defender do inimigo, caso ele ou ela aparecesse? Além da questão da segurança, eu precisava me proteger junto com o homem que agora significava o mundo para mim. Eu tinha que levar algo comigo que pudesse ser usado como uma arma, caso precisássemos de reforços. Acendendo as luzes da minha cozinha, vasculhei as gavetas e armários, na esperança de encontrar algo que pudesse ser útil, mas não consegui encontrar nada além de facas e um isqueiro. Talvez eu deva levar a faca comigo... Não tenho certeza se isso é uma boa ideia. Mas que outra opção eu tinha? Não era como se eu tivesse uma arma em casa para o caso de alguém invadir, então eu realmente estava sem opções. Além do mais, não podia deixar Brenton saber que eu estava escondendo uma arma debaixo do meu vestido. Ele ficaria furioso. Enquanto eu vasculhava as gavetas, meu telefone começou a tocar. O mesmo número desconhecido piscou na tela, me fazendo querer jogar o aparelho contra a parede para que eu pudesse frear este incômodo que parecia ter invadido minha vida por alguma merda de motivo. — O que?, — perguntei, minha voz afiada. A voz riu. — Ora, ora, é essa a melhor maneira de cumprimentar um velho amigo? — Amigo? Você não é nada além de um idiota. Você acha que está sendo engraçado e misterioso? Não, você não é nada além de um idiota, e quando eu te encontrar, vou fazer você se arrepender de ter me ligado em primeiro lugar, — rosnei enquanto agarrava a faca mais afiada que pude encontrar e marchei todo o caminho para o meu quarto, que não era tão longe, considerando o tamanho do meu apartamento. — Oh sério? Você me assusta, Cecelia. A voz riu, uma risada perturbadora que fez os cabelos da minha nuca eriçarem, — E você não precisa me encontrar, porque eu mesmo irei até você. Eu parei, me perguntando se ele ou ela estava dizendo a verdade. — O que você quer dizer? — Ah, finalmente eu tenho sua atenção. Bem, eu decidi que é hora de você saber com quem você tem falado todo esse tempo. E será a maneira perfeita de finalmente me vingar do seu lindo namorado, — dizia. Meu coração se acalmou enquanto o medo crescia como uma parede espessa ao redor dele. — D-Do que você está falando? Você não vai machucar Brenton! — Bem, você pode tentar me impedir. Vamos ver se você consegue, — a voz respondeu, poder e malícia envolvendo as palavras que derramaram como ácido em meus ouvidos. Eu não deixaria essa pessoa machucar Brenton. Não, nunca. — Onde você está? Diga-me para que eu possa rasgá-lo em pedaços, que se dane a lei! — eu exigi. — Calma, Cecelia. Estarei na festa esta noite e você poderá me encontrar lá, — respondeu a voz. — Que fes...?, — mas antes que eu pudesse terminar a pergunta, entendi que a festa a qual ele se referia era a que estava sendo organizada pelos Hamptons. Essa pessoa estaria lá e tentaria machucar Brenton. Não, eu não poderia deixar isso acontecer. Eu tinha que estar preparada para isso, não poderia entrar sem arma. — Ah, então você vai comparecer. Bom, estou ansioso para vê-la lá, Cecelia. E antes que eu pudesse responder, ouvi o clique da linha ficando muda, o que me encheu de um pavor gelado. Jogando meu telefone na cama, comecei a planejar o que fazer com essa pessoa maluca que estava querendo matar Brenton. Eu não tinha ideia de qual era o problema dessa pessoa e por que ela queria destruir Brenton, mas não podia deixá-la vencer. Devo ligar para Brenton e avisá-lo? Chamá-lo agora poderá gerar uma bola de neve, da qual você talvez não consiga escapar. Deus, o que devo fazer, então? Se eu não avisar Brenton, precisarei ir a essa festa sabendo que tenho que manter meu namorado seguro. Eu não tinha nenhum problema em mantê-lo seguro, mas e se eu não conseguisse? E se aquele idiota louco acabasse matando o homem que era dono do meu coração? Então é melhor você estar preparada, porque o inimigo não terá misericórdia. Minha voz interior era a única coisa em que eu podia confiar num momento como este. Pense Cecelia, pense, Eu repetia a mim mesma enquanto me jogava na cama e olhava para o teto, esperando que a resposta viesse a mim através de anjos do céu. O som da porta da frente se abrindo me fez pular. Relaxei quando vi Brenton entrando com uma caixa nas mãos. — Foguete, você está bem?, — Brenton perguntou, colocando a caixa na mesa de cabeceira e sentando na minha frente. Ele não perdeu tempo em me puxar para ele e, pela primeira vez, me cerquei em seu abraço de bom grado. — Estou bem. Só estou preocupada com o inimigo aparecendo na festa. E se ele te machucar? Não era uma mentira completa. Eu estava preocupada com o stalker matando Brenton, mas não necessariamente este era o mesmo inimigo que ele esperava. — Não se preocupe, foguete. Sei que você é uma mulher forte e corajosa, e essa pessoa - seja ela quem for - não tem chance contra sua força e coragem. Seja o que for, seja quem for, vamos enfrentá-lo juntos, — disse ele, acariciando meu cabelo de uma forma suave, ajudando-me a aliviar meus medos e ansiedade. — Sim, sou forte e corajosa. E não vamos deixar essa pessoa vencer. — Baixei meu olhar, me sentindo tímida de repente. — Você é meu, e vou garantir que ninguém o tire de mim, — eu disse. Ele sorriu e me beijou, seus braços me prendendo a ele. — Não tenho dúvidas de que você é minha e eu sou seu, mas agora acho que é hora de mostrar ao mundo que eles não podem mexer conosco. Você está pronta para isso, foguete? Eu sorri e balancei a cabeça, o amor fortalecendo minha determinação. Ele estava certo. Essa pessoa pensou que poderia nos quebrar e nos separar, mas esse nosso inimigo não tinha ideia de quão forte o poder do amor poderia ser, e é isso que faríamos para derrotá-lo. Quem quer que fosse, tinha a intenção de prejudicar quem eu amava, e mesmo se eu tivesse que me sacrificar para proteger Brenton, faria exatamente isso. Com segurança ou sem segurança, eu iria com uma arma e manteria meus olhos abertos para qualquer um que ousasse olhar para o meu homem da maneira errada. Há pouco tempo atrás eu tinha a intenção de destruir Brenton. Mas agora... Eu seria a única a protegê-lo. Ninguém mais. Só eu. — Você tem razão. Temos um ao outro. Não há motivos para nos preocuparmos e temermos. Quando isso tudo acabar, poderemos planejar nosso próximo encontro, — eu disse a ele, na esperança de melhorar o clima. Brenton riu, beijando minha bochecha. — Você conseguiu um acordo. Mas, considerando que eu decidirei o curso de nosso próximo encontro, deixe-me pensar nisso sozinho. Agora vá experimentar o vestido que eu comprei para você, para que eu possa ver como você fica deslumbrante nele... e sem ele. Eu ri e bati em seu ombro. — Tudo bem. Já que estou com um humor generoso, vou te dar o que você quer. — Pegando a caixa da mesa de cabeceira, corri para dentro do banheiro para tomar banho e me trocar. Chegou a hora de enfrentar o inimigo. E de vencer todas as adversidades. Capítulo 36 Cece Eu tinha que admitir, os Hamptons sabiam como dar uma festa. Nunca tinha visto uma exibição tão elaborada e ostentosa de riqueza e luxo antes, e ter tudo isso num só lugar era algo realmente inesperado. No entanto, apesar de querer me perder no brilho e nas flores que me cercavam, eu não pude evitar em analisar cada pessoa presente na sala, buscando descobrir quem seria o stalker desconhecido. O inimigo de Brenton estava aqui, e isso significava que nem ele e nem eu estávamos seguros. — Relaxe, foguete. Estamos numa festa e você deve fingir que está curtindo, ao invés de parecer ser hiperconsciente de tudo e todos. Isso te tornará um alvo mais fácil para o inimigo, e não queremos que isso aconteça, certo?, — Brenton me disse enquanto tirava a mão da minha cintura e para segurar a minha mão. Com os dedos entrelaçados, ele me levou mais para dentro da sala. — Como posso relaxar sabendo que o inimigo está aqui? E se ele ou ela tentar machucar você ou algo assim? Considerando o fato de que eu não tinha contado a Brenton sobre o telefonema, e que havia não apenas um, mas dois inimigos aqui esta noite, eu não pude descartar a possibilidade de que o inimigo tentaria matá-lo assim que ele o visse. — Você não tem escolha. Não podemos deixar ninguém saber o que está para acontecer aqui, — disse ele enquanto nos aproximávamos cada vez mais da Sra. Hampton e Clayton, que estavam quase no fundo da sala. A Sra. Hampton usava um vestido cor de champanhe que a fazia parecer a rainha que realmente era. Ao lado dela, Clayton estava usando um smoking, fazendo-o parecer da realeza. Mas não importava o que acontecesse, ele nunca poderia se parecer com o príncipe Brenton. Talvez eu estivesse sendo tendenciosa, mas Brenton era facilmente o homem mais bonito da sala esta noite, e me senti orgulhosa de estar ao lado dele. — Boa noite, Sra. Hampton, — eu disse bastante alegre quando paramos na frente da minha chefe. Eu não sabia por que estava sorrindo, mas não podia deixar que ela soubesse que eu estava pirando por dentro. No entanto, tive a sensação de que meu sorriso estava tendo o efeito oposto. — Boa noite, Cecelia. Você está absolutamente linda, — ela elogiou. — Obrigada, — eu disse, sem me preocupar em olhar para Clayton. Mas tive que olhar quando ele me chamou. — Olá, Cecelia, — ele sorriu. — Boa noite, Clayton. Como você está? — Surpreendentemente, achei fácil falar com ele. Era como se nunca tivéssemos namorado. — Eu estou bem. E você parece bem. Brenton, como você está?, — ele perguntou. — Estou bem.... — Talvez fosse apenas minha imaginação, mas Brenton me puxou para mais perto dele, como se tivesse medo de que eu fosse a algum lugar. — A festa está fantástica. Qual foi a necessidade repentina de fazer uma? — Ah, receio ser a razão por trás desta festa. — Nos viramos para ver Katerina caminhando em nossa direção, usando um vestido adequado para uma princesa real. Só de olhar para ela, eu poderia dizer que ela era responsável pelo luxo que me cercava agora. — Você quis dar essa festa? Porquê?, — Brenton perguntou. Eu estava muito ocupada tentando não tremer quando o olhar frio de Katerina deslizou sobre mim. Como ela poderia ser tão gélida e parecer tão quente ao mesmo tempo? Brenton podia sentir o frio toda vez que estava em sua presença, ou ela guardou o iceberg só para mim? — Claro. Voltei para casa depois de tanto tempo... E você me conhece, Brent, não posso viver sem dar uma grande festa, — disse Katerina. Achei estranho ela ter sido tão casual com Brenton. Como ela se atrevia a chamá-lo de Brent quando eu estava tão hesitante em fazer isso? O ciúme me irritou, mas o reprimi antes que fizesse uma besteira da qual me arrependeria - como dar um soco no rosto de Katerina. — Sim. Mas você costuma avisar a cidade toda com um mês de antecedência. Por que tão repentino desta vez?, — será que Brenton estava descobrindo alguma coisa? Eu sabia que o inimigo estava entre os Hamptons, mas eu pouco conhecia aquela família. Ao contrário do meu namorado. Ele provavelmente sabia de alguma coisa. Katerina encolheu os ombros. — O que posso dizer, estou tentando ser mais espontânea. Esta mulher definitivamente estava tramando algo, mas não importava o quanto eu tentasse, não conseguia identificar o que era. — Ah, sério? — Claro. E se você não se importa, posso pegar sua namorada emprestada por algum tempo? Não tive a chance de conhecê-la, e realmente quero saber mais dessa mulher que parece sair por aí roubando o coração de todos os homens, — disse ela, fazendo com que algo pesado se instalasse em meu coração. O que havia de errado com essa mulher? Ela queria provocar Brenton? Porque se sim, então ela estava fazendo um trabalho incrível. — E se eu não quiser compartilhá-la? Você sabe como sou possessivo com minha mulher, — respondeu Brenton, fazendo com que o calor se acumulasse em lugares que não exigiam calor no momento. — Oh, vamos, Brent! Tenho certeza de que você pode dispensá-la por alguns minutos. Eu prometo que não vou tomá-la por muito tempo. Katerina fez beicinho como se isso a tornasse mais bonita. E foi então que eu soube que não queria ir a lugar nenhum com essa mulher. — Na verdade, Brenton queria que eu conhecesse seus amigos. Então, vamos embora agora. Talvez eu fale com você mais tarde, — eu disse a ela. Vou evitá-la ao máximo pensei, enquanto levava Brenton para longe da mulher que fez meu sangue gelar. — Uau, você realmente não gosta dela, não é, docinho?, — Brenton riu enquanto nos afastávamos, observando as pessoas e nos certificando de que o inimigo não estava nos seguindo. — É tão óbvio? Estou feliz que seja. Eu não a suporto. Sinto frio toda vez que estou na presença dela, e não um tipo de frio agradável, — comentei, estremecendo. — Você sente frio? Eu me sinto como se tivesse espinhos me picando, — Brenton admitiu, enquanto caminhávamos até avistar a família Maslow. — Oh, olhe, seu pai e seus irmãos estão aqui. O desconforto abriu meus olhos de um período de hibernação quando percebi que teria que falar com os mesmos homens que havia inicialmente insultado de mais de uma maneira. Eu não queria estar diante do Sr. Maslow e agir como se não o tivesse desrespeitado de propósito quando ele veio ao meu apartamento. Não é que eu me arrependesse de minhas ações, só que me perguntava como os homens me tratariam agora. — Excelente. Vamos conhecê-los. Mal posso esperar para apresentá-la a eles... Da maneira adequada, quero dizer, — disse ele, mas eu não tinha intenção de ir até eles e dizer oi. — Na verdade, tenho que usar o banheiro. Por que você não vai, e eu alcanço você em alguns minutos?, — eu sugeri, esperando que ele se esquecesse disso, e que eu não tivesse que lidar com os Maslows pelo resto da noite. — Tudo bem, — ele beijou minha bochecha, — Mas não demore muito. Você sabe que não gosto de ficar longe de você por muito tempo. Eu sorri. — Claro. Eu volto em breve. — Não ousando olhar para os três homens que faziam parte da família de Brenton, corri para dentro, querendo me afastar deles o mais rápido possível. Assim que entrei, fiquei boquiaberta com o esplendor que era a residência dos Hamptons, mas não perdi tempo. Ao contrário, quis ir direto ao banheiro, mas isso se mostrou um pouco complicado, já que eu não tinha ideia de onde eles ficavam. No entanto, depois de alguns minutos correndo sem perceber, encontrei o banheiro e deslizei para dentro. Aquele lugar era como um hotel caro, e os banheiros não poderiam parecer mais chiques. Achei interessante que houvesse banheiros públicos nesta casa, pois geralmente não era o caso. Assim que fiquei sozinha, me olhei no espelho. Meus olhos me encararam de volta, junto com a ansiedade e o medo do que estava prestes a acontecer. Até agora, o inimigo não tinha se mostrado. Eu não tinha certeza se ele ou ela estava aqui, mas ele viria, isso era certo. E até que isso acontecesse, eu tinha que estar pronta. Com dedos cuidadosos, deslizei as mãos pelos lados da minha cintura, certificando-me de que a faca que eu mantinha escondida estava segura. Tudo o que eu precisava fazer era abrir o zíper da lateral do vestido para ter acesso à minha arma, e então atacaria. Com sorte, esta luta terminaria com a morte do inimigo, não com a minha. O som da maçaneta sendo sacudida me fez puxar as mãos e abrir a torneira, para que eu pudesse fingir que estava me lavando. A porta se abriu e Katerina entrou, me fazendo xingar baixinho. Por que ela teve que vir aqui? Eu precisava encontrar maneiras melhores de evitá-la... Isso era uma loucura. — Oh, Cecelia. Aí está você, estive te procurando. Finalmente você está sozinha. Achei que Brent nunca sairia do seu lado. Quero dizer, fale sobre ser possessivo... Ela revirou os olhos com um sorriso. Era estranho como ela estava agindo como se eu fosse sua amiga íntima, quando a havia conhecido apenas uma vezes. — Eu estava saindo. Vim aqui para lavar as mãos, — menti, na esperança de me afastar dela antes que ela começasse a falar sobre algo que nunca teria fim. — Oh, vamos lá, você pode passar algum tempo comigo. Eu prometo que não mordo. O que havia de errado com essa mulher? Porque ela queria ficar comigo? Será que ela não conseguia ler pelas entrelinhas? — Talvez mais tarde. Agora, eu realmente preciso ir. Brenton já deve estar procurando por mim, ele me disse para eu não demorar muito. Tentei evitá-la, mas ela bloqueou meu caminho parando na frente da porta, seus olhos duros com um propósito que parecia muito sinistro para ser normal. O que ela queria de mim? — Katerina? Você está bloqueando meu caminho, — eu apontei. — Estou bem ciente disso, Cecelia. Mas não posso deixar você ir, — ela afirmou. Meu coração afundou com suas palavras. O que ela queria de mim? Uma sensação de mal estar começou a se formar na boca do meu estômago, e eu sabia que não importava o que acontecesse, eu tinha que me afastar dela. Eu precisava estar com Brenton, para ter certeza de que ele ficaria seguro. Por que diabos eu decidi vir aqui, de qualquer maneira? Eu era uma covarde e agora tinha que pagar por minha covardia. — E porque não? Estar no banheiro é sufocante, não é?, — eu disse, tentando aliviar a tensão no ar. Katerina encolheu os ombros. — Talvez isso seja uma coisa boa. Ela olhou para mim, e a escuridão e a malícia naqueles olhos gelados me fizeram cambalear para trás, até que meu corpo entrou em contato com a pia. — Vai ser mais fácil para você morrer, então. — O que? D.... Do que você está falando? — Embora minha mente estivesse tentando me dizer a resposta, continuei me recusando a aceitá- la. Sem chance. Não havia como Katerina estar por trás de tudo isso. Não, não... Eu tinha que escapar agora e me certificar de que Brenton estava bem. E se algo acontecer com ele? Ela inclinou a cabeça para o lado como se estivesse tentando descobrir que tipo de espécie eu era. — Ah, vamos, Cecelia, não seja tão obtusa. Você sabe muito bem o que está acontecendo aqui. Afinal, passei muito tempo falando pelo telefone com você. Sua confissão me atingiu como uma pedra, tirando o fôlego dos meus pulmões. Katerina? Katerina era o stalker desconhecido? Mas como? Por quê? De todas as pessoas do mundo, por que ela iria querer machucar Brenton? E me usar para isso? Não fazia sentido. — Ah, então você finalmente entendeu. Bom, eu pensei que talvez a única razão de Brenton estar com você era por causa de seu rosto bonito e do que está entre suas pernas, mas é bom saber que você tem um cérebro escondido embaixo de algum lugar, — ela comentou com uma risada. — Foi você quem continuou me ligando? Você é quem quer destruir Brenton? Foi inacreditável. Por que Katerina iria querer machucar meu homem? Não fazia sentido. Fúria e nojo nublaram seus olhos. — E por que eu não iria querer destruí-lo? Ele foi tratado como um príncipe durante toda a sua vida. Não é minha culpa que ele perdeu a mãe, mas por que ele teve que roubar a minha? — O que? O que você está falando?, — ela parecia louca. Katerina revirou os olhos como se eu fosse idiota. — Você conhece Brenton há alguns meses, mas eu o conheço toda a minha vida. Ele roubou tudo de mim. E agora, é hora de retribuir o favor. Meu coração parou quando me deparei com uma arma apontada para mim. Ela não ia atirar em mim, certo? A faca sob meu vestido estava pronta para ser usada, mas eu sabia que se fizesse o menor movimento, ela atiraria. E eu não seria estúpida o suficiente para tentar enganá-la. — Ka... Katerina. O que você está fazendo? Abaixe essa arma, — eu disse, o pânico lentamente escorregando, fundindo-se com meu sangue, me fazendo tremer ao ver a arma. — Não. Brenton tirou tudo de mim. Minha própria mãe o amava mais do que nunca me amou. Se um de nós se machucasse brincando, ela cuidaria dele primeiro e depois de mim. Cada vez que eu precisava do tempo e da atenção de minha mãe, ela os dava a Brent. Mesmo hoje, ela se preocupa com ele mais do que jamais se preocupou comigo. Voltei para casa depois de tanto tempo e, no entanto, tudo o que ela faz é falar sobre como está preocupada com Brenton. Brenton. Brenton. Brenton! E sempre Brenton. Nunca eu! Ela estava gritando agora, e eu só orei para que alguém ouvisse e viesse me resgatar, mas a porta permanecia fechada. — Então isso é algo que você deveria conversar com sua mãe. Por que você está tentando me matar?, — eu perguntei, tentando manter a calma. — Porque Brenton te ama. E quando eu matar você, tirarei dele a coisa mais importante de sua vida. Então ele saberá o que é não ter o amor que você anseia. Ele finalmente saberá como me senti todos esses anos. Vou esperar que a dor o mate, mas se depois de alguns anos ele ainda estiver vivo, então eu vou matá-lo eu mesma, — ela afirmou, com uma expressão enlouquecida. — Cecelia? Foguete? Onde está você? Você está bem?! Meus olhos se arregalaram. Katerina sorriu quando ouvimos Brenton me chamando. Não, não, ele não poderia estar aqui. — Bem, bem, seu cavaleiro de armadura brilhante chegou. Talvez eu esteja matando dois coelhos de uma só cajadada. Deixe ele vir, Cecelia. Deixe-o vir, para que eu possa matar vocês dois. Oh Deus, não! Capítulo 37 Cece Eu deveria ter a vantagem no que dizia respeito a Katerina, mas acabei do outro lado do medo, onde ela acabou tendo poder sobre mim. Quando ouvi a voz de Brenton, deveria ter entrado em ação, mas na verdade me atordoei e permiti que Katerina colocasse meus braços num nó apertado em minhas costas e me empurrasse para fora do banheiro. Eu e ela ficamos diante de Brenton, com meus braços presos nas minhas costas - graças ao seu controle forte - e uma arma apontada para minha cabeça. Quando Brenton nos viu, seus olhos se arregalaram um pouco antes de uma máscara de indiferença deslizar sobre eles como um visor. Tudo que pude fazer foi olhar para ele com perplexidade, me perguntando o que diabos ele estava planejando fazer. — Katerina, — ele falou o nome dela como se não estivesse surpreso, o que eu sabia que não era verdade, pois desde o início estávamos em dúvida sobre quem seria o culpado de tudo. Por que ele está agindo assim? — Olá, Brenton. Surpreso em me ver?, — ela perguntou com um sorriso no rosto. Como ela podia parecer tão feliz fazendo algo tão hediondo? — Agora, por que eu ficaria surpreso em vê-la, Kat?, — ele perguntou, nenhum sinal de emoção o traindo. Como ele poderia estar tão calmo quando eu estava em um ciclone de emoções que ameaçava destruir tudo? — Talvez porque eu tenha sua namorada sob a mira de uma arma e esteja planejando matá-la. Mas se você for um bom jogador, então eu posso te matar primeiro e deixá-la para depois dela. De qualquer forma, vocês dois morrerão hoje — ela afirmou, o cano da arma cavando em minha têmpora. — E por que você está planejando nos matar? O que fizemos para você? Caso você não saiba, Cecelia nem sabia da sua existência até algumas semanas atrás, quando você veio para cá, — indagou. Tentei fazer contato visual com ele, mas ele não se atreveu a olhar para mim. Se ele me desse uma olhada, então eu não entraria em pânico agora. — Você roubou tudo de mim. É justo que eu faça o mesmo com você, — ela respondeu, e eu tinha certeza que se eu ousasse olhar para ela, veria adagas saindo de seus olhos. — O que eu roubei de você?, — ele perguntou, seu tom sugerindo confusão. Esta mulher tinha problemas e não havia nada que Brenton e eu pudéssemos fazer sobre isso. Katerina soltou uma risada. — Você finge ser ignorante ou nasceu assim? — Brenton optou por não responder, o que lhe deu a chance de continuar falando. — Bem, um pirralho mimado como você não saberia de nada quando obtivesse todo o amor e dinheiro do mundo. — Desculpe? — Eu pude perceber que Brenton não tinha ideia do que Katerina estava falando, mas ela ficou muito feliz em informá-lo. — Bem, sim. Eu quero dizer, olhe pra você. Você sai por aí roubando tudo das pessoas, para depois fingir que é inocente. Alguém precisa seriamente te ensinar uma lição, Brenton. Você não deve pegar o que não pertence a você, — afirmou Katerina. — O que eu peguei que não me pertence?, — ele perguntou. Eu gostaria que houvesse uma maneira de alcançar a faca por baixo do vestido, mas minhas mãos estavam amarradas e não pude deixar de me maravilhar com o quão forte Katerina realmente era. Se eu conseguir sair disso viva, então vou seriamente começar a ir para a academia e exercitar meus músculos. Eu nunca quis estar em uma posição tão vulnerável. Antes que ele pudesse obter uma resposta, a Sra. Hampton entrou. Seus olhos se arregalaram quando ela viu a cena exibida diante de si, fazendo com que o choque e o medo se acomodassem em seu semblante. — Oh meu Deus! A Sra. Hampton cobriu a boca com a mão, e eu não pude deixar de revirar os olhos, considerando que não era a hora de entrar em choque, mas sim de tirar essa vadia louca de cima de mim antes que ela me matasse com um tiro. — Sra. Hampton, saia. Não é seguro para você aqui, — Brenton disse a ela, mas ela parecia ter congelado no lugar. — O que está acontecendo aqui? Katerina?! Qual o significado disso? Por que você tem uma arma apontada para Cecelia?! — A Sra. Hampton gritou. A forma como sua voz ecoou dentro do corredor me deu a impressão de que todos os presentes do lado de fora teriam ouvido e que viriam correndo nos ajudar. — Mãe, por favor! Não fique tão surpresa quando você é a razão de tudo isso estar acontecendo, — Kat respondeu, intensificando seu aperto sobre meus pulsos. Como ela poderia ser tão forte e parecer uma modelo de passarela ao mesmo tempo? E por que ela saiu por aí culpando todo mundo, quando era ela quem estava prestes a me matar? A Sra. Hampton estava chocada demais para responder, então Brenton decidiu tomar iniciativa. — Abaixe a arma, Kat, e você poderá nos dizer claramente por que está fazendo tudo isso. Como você não é uma atiradora profissional, sugiro que largue a arma antes de machucar Cecelia. Katerina zombou, o que fez o medo e o pânico subirem mais outro degrau da escada que estava enterrada no fundo do meu estômago. Essa mulher tinha toda a intenção de me matar e eu odiava o fato de não poder fazer nada a respeito. Cale a boca. Não desista. Procure uma oportunidade e ataque. Minha voz interior foi rápida para dar sugestões, mas eu sabia que era mais fácil falar do que fazer. Meus pulsos estavam amarrados e havia uma arma pressionada contra minha têmpora. Se eu fizesse um movimento errado, Kat dispararia. Se uma oportunidade se apresentasse, eu teria que ser extremamente cuidadosa. — Machucá-la? Não quero machucá-la, quero matá-la, e depois vou matar você. Não pense por um segundo que você vai sair dessa vivo, — ela rosnou. — Katerina?! Qual é o seu problema? Por que você está fazendo isso?, — a Sra. Hampton exclamou, lágrimas se acumulando em seus olhos. Eu me senti mal pela pobre mulher, pois ela não esperava que sua festa se transformasse numa festa de assassinato. — Estou fazendo isso porque ele tirou tudo de mim! — ela gritou, momentaneamente tirando a arma da minha cabeça enquanto apontava para Brenton. — Do que diabos você está falando? Não tirei nada de você, — respondeu Brenton, claramente frustrado com essa mulher maluca. — Sim, você fez. Você pegou o amor que minha mãe deveria me dar e arruinou minha vida. Sempre que havia um problema, mamãe cuidava de você primeiro. Quando você ficava para dormir na nossa casa, ela o colocava na cama primeiro. Sempre fui a segunda no que diz respeito a você. Eu nunca fui uma prioridade, tudo por sua causa! Sempre era Brenton primeiro. Tudo que eu queria era minha mãe, e você tirou isso de mim, — ela explodiu, derramando sua raiva e mágoa. Katerina tinha muitos problemas acumulados e levaria mais do que algumas horas para resolvê-los. — Bom Deus, Kat, o que há de errado com você? Se você tinha um problema, deveria ter vindo e discutido comigo ou com sua mãe. Por que você está tentando matar uma pessoa inocente?, — Brenton perguntou, sua raiva vindo à tona. — Você arruinou minha infância inteira e está me perguntando por que estou tentando arruinar sua vida? Eu acho que é justo que eu mate a mulher que você ama, para que você finalmente sinta o que é não ser amado. Você recebeu amor e atenção por toda a sua vida, mas agora estou farta disso! — ela divagou. Eu gostaria que houvesse um terapeuta na festa que pudesse lidar com ela, mas aparentemente não havia ninguém. — Não se atreva! Não se atreva a machucar Cecelia. Se você machucar um único fio de cabelo de sua cabeça, juro por Deus que vou quebrar seu pescoço com minhas próprias mãos, — advertiu Brenton, o assassinato brilhando em seus olhos. — Oh sério? Antes que eu pudesse me preparar, Katerina bateu com a coronha da arma no topo da minha cabeça, fazendo com que a dor explodisse dentro de mim, me fazendo gritar enquanto meu mundo tremia por um momento antes de se endireitar. — Venha e quebre meu pescoço agora, Brenton. Mas, só para que saiba, se você der um passo vou encher seu crânio de balas. Engoli em seco e tentei descobrir uma maneira de sair do alcance dela. Eu sabia que ela estava falando sério sobre me matar, mas eu não iria deixá-la tirar o melhor de mim assim. Lidar com Brenton - o homem mais poderoso do mundo - tinha se tornado a norma para mim, então essa mulher deveria ser moleza. Não, eu tinha que pensar numa forma de me salvar. Brenton queria matar Katerina, disso eu sabia, mas com uma arma apontada para minha cabeça, ambos estávamos em uma posição comprometedora. Eu tinha que descobrir uma maneira de ficar longe dela, mas o que eu poderia fazer? Pense, Cece, pense. — Katerina? Se você tiver problemas, discuta-os com sua mãe, pois ela está bem aqui. Não vale a pena machucar os outros, especialmente quando todos nós sabemos que seu verdadeiro problema é com sua mãe, e não com Brenton, — eu disse, esperando que ela não atirasse em mim. Talvez tudo que eu precisasse fazer fosse assustá-la para que ela me soltasse. Mas também havia uma chance de que ela pudesse atirar em mim, e eu realmente não queria que isso acontecesse. No entanto, era um risco e eu tinha que correr se tivesse alguma chance de me salvar. — O que eu devo fazer e o que não devo - posso julgar isso sozinha, sem você. Apenas reze para que eu prolongue sua vida por mais alguns minutos, para que possa ver seu precioso namorado uma última vez, — respondeu ela. Eu gostaria de poder estrangulá-la sozinha. Meu Deus, há muitas coisas que estou desejando agora. Menos desejo, mais solução para encontrar. Depois de ser advertida pelo meu subconsciente, concentrei-me em encontrar uma solução para o meu dilema. Assustá-la para que me deixasse ir era um risco que eu estava disposta a correr. Eu só tinha que ser forte e gritar alto o suficiente para distraí-la, e depois fugir. Sim, eu poderia fazer isso. E eu seria rápida o suficiente para que ela não atirasse em mim. — Katerina. Estou dizendo pela última vez, deixe Cecelia ir. Você está com raiva de mim, certo? E você quer me arruinar, certo? Então atire em mim, e você não terá mais que se preocupar com a minha existência. Meus olhos se arregalaram quando Brenton disse tudo isso. Ele era maluco? O que diabos ele estava planejando fazer? Ele não sabia que o martírio não ajudava? — Não dê ouvidos a ele. Você está planejando atirar em mim, então faça isso e acabe com isso. Agora era eu quem estava falando bobagens. Ok, eu apenas gritaria e daria o fora daqui porque Brenton e eu estávamos perdendo a cabeça. Brenton pode ter decidido dar a vida por mim, mas eu não aceitaria isso, então tive que salvar a nós dois dessa prostituta demente. — Calem-se. Todos vocês, — Katerina comandou, acenando com a mão da arma no ar, o que significava que ela não estava mais pressionada na minha cabeça. Foi quando optei por gritar como se minha bunda estivesse pegando fogo, o que teve o efeito desejado. Katerina saltou, o que me fez arrancar minhas mãos de seu alcance e correr para onde Brenton estava. No entanto, coloquei meu corpo na frente de Brenton quando ela apontou a arma para ele. — Foguete, cuidado. Esta mulher é louca e eu não a quero atirando em você, — Brenton sussurrou enquanto colocava um braço em volta da minha cintura, me prendendo a ele. A tensão em meu corpo se dissipou até certo ponto, mas eu ainda tinha uma arma para me preocupar. — Bem, bem, isso vai ser interessante. Agora posso matar vocês dois de uma só vez. É bom ver Cecelia querendo proteger o namorado, mas deixe-me dizer o quão inútil isso vai ser porque vou me certificar de matar vocês dois juntos, — disse ela. Antes que eu pudesse responder, senti Brenton me puxando para trás, até que do nada ele se colocou na minha frente. Assim que abri minha boca para protestar, ouvi o som de uma bala sendo disparada antes de ouvir um grunhido de dor que veio de ninguém menos que meu namorado. — Brenton! — eu gritei quando ele caiu no chão, sangue escorrendo por seu peito. Eu o segurei com toda a força que pude, sem me importar que Katerina ainda estivesse lá e que pudesse atirar em mim a qualquer minuto. Tudo que eu podia ver e me importar era o amor da minha vida, e em como ele estava morrendo neste exato momento. — Fo... Foguete... — Não, não, não fale, — eu disse a ele enquanto segurava seu rosto. — Alguém chame uma ambulância! — gritei para qualquer um que pudesse me ouvir. — Sinto muito... — Eu disse para ficar quieto. Não se atreva a morrer em meus braços. Você não vai me deixar depois de tudo isso. Eu não vou deixar você, — eu disse a ele enquanto o segurava, tentando salvar sua vida. O que eles dizem sobre um ferimento à bala? Para colocar pressão sobre o ferimento, certo? — Sério, Cecelia? Você está prestes a morrer e está preocupada com seu namorado? Você não deveria estar me implorando para poupar sua vida?, — Katerina ronronou de onde estava. Minha visão começou a escurecer, até que tudo diante de mim ficou confuso. E foi então que meu coração desistiu, e meu corpo agiu sem receber um único comando meu. Minhas mãos abriram o zíper do lado do meu vestido e eu puxei a faca que estava escondida. Antes que ela pudesse dizer outra palavra, eu me virei e a esfaqueei. Conseguia ouvir ao fundo um contraste de duas forças opostas. Por um lado, Katerina gritava ao cair. Do outro lado, Brenton grunhia de dor... Antes de se silenciar completamente. Capítulo 38 Cece DOIS ANOS DEPOIS Estar no cemitério com James em meus braços não era algo que eu pensei que faria. No entanto, esta visita foi importante, porque era o aniversário de alguém que era especial para nós dois. — O que você acha, meu amor? Você quer dizer olá? Devíamos dizer olá, não é? — perguntei ao meu filho, que me observou com seus olhos curiosos, verdes como o mar, muito parecidos com os do pai. — Acho que James gostaria de prestar homenagem à avó, não acha, foguete? Eu sorri enquanto meu marido me abraçava por trás, beijando meu pescoço. Borboletas preencheram meu estômago, mas me forcei a ignorá-las, considerando que tinha uma criança em meus braços. — Você pode se controlar? James está aqui, — eu lembrei, mas como de costume Brenton optou por não prestar atenção às minhas palavras, simplesmente porque, de acordo com ele, eu era irresistível. — Já estou fazendo isso, foguete. Acredite em mim, James e as centenas de túmulos que nos cercam são a única razão pela qual eu não te empurrei para o chão e te peguei até... — Brenton! — eu o castiguei, cobrindo as orelhas de James com minha mão. — Quantas vezes eu tenho que dizer para você prestar atenção no que diz perto de James? Eu fiz uma careta em desaprovação, o que só pareceu fazê-lo rir. Ele beijou minha testa antes de beijar minha bochecha. — Se vocês dois já prestaram homenagem a minha mãe, devemos ir para casa. Gideon e Kieran estão nos esperando, e Lizzy ligará a qualquer minuto exigindo que cheguemos rapidamente. — Sim, já acabamos. James, diga adeus à vovó. Diga a ela que voltaremos para visitá-la em breve. Sorri quando meu filho acabou tagarelando em sua própria língua antes de eu beijar sua bochecha gordinha e permitir que Brenton nos levasse para fora do cemitério. — Você está bem?, — perguntei ao meu marido quando nos acomodamos na parte de trás do carro e Brenton sinalizou para o motorista começar a dirigir. — Sim, minha querida. Estou. Já se passaram dois anos desde o incidente, e a ferida foi completamente curada. Tudo o que tenho para me lembrar daquele dia horrível é uma cicatriz, — ele me tranquilizou, como sempre fazia sempre que eu perguntava sobre o ferimento à bala que quase o fez perder a vida. Mesmo tendo visto a cicatriz por mim mesma, não pude deixar de me preocupar. — Talvez devêssemos ir ao médico mais uma vez, só para estar segura. Ainda pode ser infectada?, — eu perguntei a ele. Embora já tivessem se passado dois anos desde que Brenton fora baleado, eu ainda tinha pesadelos com isso uma vez por semana. E até ter certeza de que ele estava bem, não consegui voltar a dormir. — O ferimento não vai mais se infectar. Tenho certeza de que a cicatriz vai desaparecer com o tempo, — ele respondeu, seus olhos me dizendo para relaxar e que não havia nada com que me preocupar. Eu não tinha certeza se a cicatriz causada pela cirurgia iria desaparecer, mas ainda tínhamos esperança. Eu não respondi depois disso, e o resto da viagem de carro foi passada em silêncio, exceto pela tagarelice de James. Quando o senti ficar cada vez mais impaciente em meus braços, transferi-o para o meu marido, que ficou muito feliz em segurar o filho. — Você não quer que sua mamãe te segure mais? Mas não devemos perturbar muito a mamãe, ela é uma mulher ocupada, — disse Brenton. Eu revirei os olhos e não pude deixar de sorrir. Eu estava ocupada, mas não tão ocupada a ponto de não dar tempo ao meu marido e filho. — Eu não estou tão ocupada, — eu ri. — Com a evolução da sua padaria, tenho a sensação de que em breve James e eu sentiremos falta da sua presença em casa, — comentou ele com um brilho de orgulho nos olhos. Meu interior estremeceu, sabendo que meu marido tinha orgulho de minhas realizações e apoiava meus sonhos. — Eu não tinha ideia de que ficaria tão ocupada. Eu tenho pedidos consecutivos, — eu concordei. — Claro que ficaria ocupada. Suas habilidades de cozinha são mágicas, — ele agarrou minha mão e a beijou. — Agora você está apenas exagerando, — corei com suas palavras. — Eu não estou, e toda Londres pode garantir isso, — ele respondeu, fazendo-me revirar os olhos. — Isso não é verdade. E você deve se dar algum crédito. Você é a razão pela qual as pessoas conhecem minha padaria. Então você não pode culpar minhas habilidades de cozimento por tudo, — eu disse. — Se você diz, — ele deu uma risadinha. Ficamos em silêncio, observando James brincar com as mãos. Depois de um tempo, Brenton quebrou o silêncio. — Os Hamptons podem estar chegando. Eu fiz uma careta e olhei para ele. — Os Hamptons? Por quê? Você os convidou? — Meu pai os convidou. Ele não pode simplesmente esquecer tudo o que a Sra. Hampton fez por nós, você sabe, me criando e tudo mais..., — explicou ele. Eu concordei. — Tudo bem. Ela virá? Brenton deu de ombros, sabendo muito bem de quem eu estava falando. — Não sei. Se eu estivesse no lugar dela, não viria. — Bem, ela não deveria vir se sabe o que é bom para ela, — eu disse enquanto o motorista estacionava o carro e nós três saíamos. Era um daqueles dias em que a família Maslow se reunia para jantar. Todos já estavam presentes, mas eu não me sentia confortável com a vinda dos Hamptons, considerando tudo o que havia acontecido no passado. — Eles podem nem vir, quem sabe? — Eu sabia que ele estava tentando ser positivo, mas não pude evitar a sensação de desconforto. Enquanto ele ajustava James em seus braços, Brenton e eu entramos na mansão Maslow, onde fomos recebidos pelo Sr. Maslow. Gideon e Alice pareciam ter assumido o trabalho de garantir que a mesa de jantar ficasse perfeita, o que era meio estranho, considerando que eles tinham um exército de criados à sua disposição. Kieran e Jenny não estavam em lugar nenhum. Eu pensei que Elizabeth e seu marido estariam aqui, mas o Sr. Maslow nos informou que eles se juntariam a nós em breve. Brenton entregou James para seu avô, antes de me conduzir para fora da sala de jantar e para seu quarto. — O que você está fazendo aqui?, — perguntei, mas minha pergunta foi respondida quando Brenton me beijou como se fosse arrancar minhas roupas e fazer o que quisesse comigo. Ele me empurrou para baixo na cama, antes de subir em cima de mim e salpicar beijos pelo meu pescoço. Eu gemi, tentando não falar muito alto, considerando que havia pessoas na casa e que eu não queria que eles soubessem o que eu estava fazendo com meu homem aqui. — Bren... Brenton, não deveríamos fazer isso, — protestei fracamente. Embora minha boca estivesse protestando, meu coração e minha mente queriam que ele fizesse muito mais do que apenas me beijar. — Eu não posso simplesmente não te beijar por tanto tempo. Eu não tenho esse tipo de autocontrole, — ele afirmou antes de morder meu pescoço, me fazendo chiar. — Estamos na casa de outra pessoa, — Indiquei. — Então? Não vamos fazer sexo, mas preciso beijar você, — respondeu ele. — Tem certeza de que vai ajudar?, — eu perguntei enquanto sentia sua dureza contra minha coxa. — Eu gosto de me torturar assim, sabendo que terei você assim que chegarmos em casa. É uma grande motivação para mim. Ele riu contra meu pescoço, e eu não pude deixar de suspirar de satisfação enquanto pensava sobre como este homem maravilhoso e complicado era meu. — Você é único, Brenton Maslow, — eu comentei quando ele parou de me beijar e descansou sua testa contra a minha. — Um homem único para uma mulher única. Você sabe, houve momentos em que eu costumava ter medo que você nunca seria minha. Você não tem ideia de quantas noites sem dormir eu passei apenas imaginando esse cenário, — ele me disse enquanto enterrava os dedos no meu cabelo e começava a acariciá-lo. — Verdade seja dita, nunca pensei que me casaria com você. Você me irritou tanto, — eu admiti, fazendo-o acenar em resposta. — Eu estou ciente disso. É por isso que me casei com você na primeira chance que tive. Embora eu nunca vá perdoar Katerina por atrasar nosso casamento porque ela atirou em mim e me fez passar uma quantidade desnecessária de tempo no hospital, — ele resmungou, seu rosto ficando amargo. — Ei! Isso não era desnecessário. Você foi ferido e precisava de tempo para se curar. Nunca diga isso. Você não tem ideia de como eu estava preocupada, e estou feliz que você teve esse tempo para se curar adequadamente. Eu fiz uma careta, pensando naquele dia fatídico quando Brenton estava deitado no hospital e tudo que eu podia fazer era orar enquanto os médicos trabalhavam para mantê-lo vivo. Eu não pude deixar de estremecer, esperando nunca ter que passar por algo assim novamente. Ele riu antes de beijar minha testa. — Acalme-se, foguete. Tudo o que quero dizer é que eu queria me casar o mais rápido possível, e nos dias que passei no hospital teria preferido que você estivesse lá como minha esposa, ao invés de minha namorada. — Eu entendo. É só de pensar em você no hospital me enche de pavor. Eu sei como foi difícil para mim quando eu tive que ver você deitado ali. Não me faça passar por isso nunca mais, Brenton Maslow, eu juro por Deus que não vou te perdoar, — eu disse, com lágrimas nos olhos. — Não, docinho, nunca. Não consigo nem pensar em fazer você sofrer assim de novo. Katerina está em liberdade condicional, mas acho que devo falar com o advogado e mandá-la embora para sempre, — disse ele. — Talvez eu devesse apunhalá-la no coração desta vez. Da última, minha faca acabou em seu estômago, e isso não foi fatal o suficiente. — Cada vez que o nome de Katerina aparecia, eu perdia o controle e queria matar a mulher que atirou em meu marido e nos causou tantos problemas. — Sim. Acho que é melhor se ela apodrecer na prisão pelo resto da vida. Fale com o advogado. Não a quero perambulando e incomodando a nós e ao nosso filho. Já que o assassinato era ilegal, a única coisa que podíamos fazer era mandá-la para a prisão perpétua. — Mas você acha que eles vão dar a ela uma sentença de prisão perpétua? — Eles deviam. Ela é acusada de tentativa de homicídio. Tenho certeza de que o advogado pode inventar algo que nos ajude a nos livrarmos dela para sempre, — respondeu ele, dando-me a garantia que eu precisava. — Bom, então você deve ligar para ele imediatamente. Eu não quero esperar, — eu disse. — Tudo bem. Mas vamos ver se os Hamptons vão aparecer ou não. — Tenho a sensação de que eles não virão. — Nesse caso, devo ligar para o advogado e fazer com que ele redija o caso contra Katerina. — Brenton pescou o celular do bolso e se levantou para fazer a ligação. Enquanto ele estava ocupado conversando, não pude deixar de olhar para o homem que virou meu mundo de cabeça para baixo com sua presença. Ele entrou na minha vida como um inimigo, mas se tornou um amante com quem eu só podia fantasiar. O homem que eu queria matar com minhas próprias mãos era o mesmo que eu agora amava e a quem entregava meu coração. Como isso pode ter acontecido? Eu não pude deixar de pensar. Eu queria destruir este homem, mas agora não conseguia imaginar minha vida sem ele. O que ele fez comigo? Eu nunca saberia. Fiquei surpresa com o quanto eu havia mudado por causa de Brenton e como ele continuava a me fazer querer ser uma pessoa melhor. — OK. Falei com ele e ele disse que vai trabalhar nisso. Agora, pare de se preocupar com Katerina e se concentre em mim. Ele subiu em cima de mim mais uma vez e descansou a cabeça no meu peito. — Você sabe que James está aí embaixo, certo? Talvez devêssemos ir ver como ele está, — sugeri, mas parecia que Brenton não concordava comigo. — Não. Deixe-o brincar com seus primos. Meu pai pode cuidar dele, e suas tias e tios se certificarão de que ele está seguro. Realmente não precisamos nos preocupar com ele agora, — respondeu ele. — Nesse caso..., — sentei-me e segurei seu rosto com as mãos. — Prometa-me uma coisa. — Qualquer coisa por você, foguete. Basta dizer e eu farei. — Nunca me deixe, — fiz uma pausa e engoli em seco. — Eu sei que já se passaram dois anos desde que nos casamos e sei que você me ama muito, mas ainda quero que me prometa que não vai me deixar. — Deixar você não é uma opção para mim, docinho. Se você não estiver presente na minha vida, não tenho razão para viver. Portanto, não me peça para prometer isso, porque para mim, estar com você é a única coisa que é aceitável. Se você não está aqui, então eu não quero viver, — ele respondeu, honestidade e amor brilhando em seus olhos. — Por que você continua falando sobre a morte? Eu disse para você não fazer isso. Pare de falar sobre sua morte! Você acha que eu quero viver se você não estiver presente na minha vida? Eu sei que queria te matar quando te conheci, mas isso não significa que você possa falar sobre morrer agora que estamos casados e temos um lindo filho, — eu o castiguei. Ele me beijou com ternura antes de me envolver em seus braços. — Lamento falar assim, foguete, mas estava apenas dizendo como me sinto. Eu não desejo morrer. Tenho a mulher que amo e tudo que quero fazer é passar a eternidade com você — Mesmo? Eu desejo o mesmo. Eu quero passar todo o meu tempo com você agora. Brenton Maslow, você é meu para sempre e eu sou a mulher mais sortuda neste planeta por ter me casado com você. — E com certeza vou fazer você se sentir a mulher mais sortuda do planeta todos os dias, foguete. Eu te amo, e embora você tenha me destruído, você também me fez inteiro. Ele não esperou minha resposta. Ele colocou seus lábios nos meus e me beijou até que tudo que eu conseguisse sentir éramos nós dois, eu e ele, e assim eu tive certeza que tinha o encontrado meu... Para sempre. Acesse… Para ler mais livros como esse acesse: Galatea Livros Star Books Digital Os Lobos do Milênio Leia Também…
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