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dilerpaua@gmail.com
RESUMO
1
Estudante de Direito do 3º Ano da Universidade Católica de Moçambique - Faculdade de Direito - Nampula
1
ANALYSIS OF THE EXERCISE OF THE RIGHT TO RESISTANCE IN THE FACE
OF POLICE AUTHORITIES' OPERATING MODES
dilerpaua@gmail.com
ABSTRACT
SUMÁRIO: Introdução I.
Contextualização II; Figuras Afins do
Direito a Resistência; Exercício do
Direito á Resistência, Importância do
Direito a Resistência; Situações em que
se pode exercer o direito de resistência;
A fé Publica e Soluções efectivas;
Necessidade de regulamentação;
Considerações Finais; Sugestões;
Referências Bibliográficas.
2
3rd Year Law Student at the Catholic University of Mozambique - Faculty of Law - Nampula
2
INTRODUÇÃO
O presente trabalho inspira-se na realidade quotidiana do povo Moçambicano,
principalmente para aquela camada que de alguma forma desconhece dos seus direitos
constitucionalmente estabelecidos, e em virtude disso as autoridades policiais nas suas
incursões e no exercício das suas funções dia pós dia, tem violado os direitos fundamentais
dos cidadãos, tendo estes que acatar ordens ilegais e que ofendem os seus direitos, até a se
submeterem a corrupção para se verem livre dessas situações, por não saberem da existência
deste direito a resistência, pelo pouco difundimento legislativo, social e até doutrinal da
existência do direito á resistência e os seus modos de exercício e efectivação.
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
O direito de resistência é pouco estudado, sobretudo em seus aspectos
jurídicos. Todavia, as reflexões sobre o tema são tão antigas quanto aquelas feitas sobre o
poder, o Estado e a liberdade do indivíduo frente à autoridade estatal. O direito de resistência
pode ser visto como um mecanismo fundamental para o indivíduo, bem como para os mais
diversos grupos sociais, de protecção contra os abusos do poder. Ele é um direito que deve ser
reconhecido em decorrência da sua importância para a realização de outros direitos que o
ordenamento jurídico reconhece como fundamentais do cidadão.3
3
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. pp.17
3
resistência. Assim, apenas dentro de um modelo de Estado, onde exista uma democracia
representativa, ele pode, de facto, ser admitido na actualidade.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Posto o problema da pesquisa, o trabalho acolheu o método documental, de
forma a permitir a busca, identificação, selecção, classificação e melhor colecta de
informações, que serviram de base para esse trabalho. Aliado a isso, a Constituição da
República de Moçambique e a doutrina foram o nosso maior recurso, de forma a conhecer a
realidade do tema. Importa frisar que usamos também os métodos interactivos humanos, de
forma a perceber do próprio cidadão como esse modus operandi das autoridades policiais
impacta nas suas vidas, os seus direitos fundamentais e humanos, e dos profissionais de
direito, alternando entre a dedução e indução.
4
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
4
decorrência do princípio da soberania popular, que é um dos pilares do Estado Democrático
de Direito. Sendo este, o ponto central dos debates sobre o direito de resistência.5
Agressão ilegal em execução ou iminente, que não seja movida por provocação,
ofensa ou qualquer crime actual praticado pelo que defende;
Impossibilidade de recorrer à força pública;
Necessidade racional do meio empregado para prevenir ou suspender a agressão.
12
MACIE, Albano, Direito Penal I-Textos de Apoio, Topografica editora, 2018. p.210.
13
MACIE, Albano, Direito Penal I-Textos de Apoio, Topografica editora, 2018. p.210.
14
Cfr. Artigo n.º 53 da Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro: Aprova o Código penal, in Boletim da República.
15
Cfr. Aliena b) do n.º 1 do Artigo 51 da Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro: Aprova o Código penal, in Boletim
da República.
16
MIRABETE, Júlio Fabbrini; e FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, ob. cit. p.171
6
emanados pelos órgãos da administração pública, e o cidadão se recusa a obedecer a ordem
por ser ilegal ou por ofender os seus direitos.17
No direito a resistência não se verifica como tal, uma agressão, pode se dar o
caso de o cidadão querendo exercer o seu direito a resistência haver violência, agora aqui já
são duas coisa, por conta do exercício do direito a resistência, é obrigado o cidadão a recorrer
a legítima defesa para repelir aquele mal, mas tem que se ver a questão da proporcionalidade,
porque aquele agente que esta ali, ao ter o cidadão que empreender a legitima defesa, ele ou
esta com a arma ou esta com a farda, dai que estaria agir em legitima defesa contra o Estado,
ainda que o agente esteja agir na margem da lei, mas esta agir representando o Estado, tanto é
que os actos de repercussão civil, será demandado o Estado e não aquele individuo, agora é
preciso medir, pois o principio da proporcionalidade deve ser bem observado aqui. 19
17
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
18
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
19
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência… ob. cit.
20
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência… ob. cit.
7
ou policiais, mas esta a falar naquele momento com uma autoridade pública, quer dizer esta
ali a pessoa que deveria garantir a ordem e tranquilidade naquele momento.21
Portanto, é uma questão discutível, pode, pode, mas depois pode pesar
negativamente para o cidadão. Ou seja, a questão da legítima defesa aplica-se, mas aplica-se
em situações extremas, como se diz, as vezes pode-se aplicar mecanismos, métodos
desproporcionais que depois podem pender na balança negativamente para o cidadão. Por isso
a legítima defesa seria uma figura afim do direito a resistência, porque assemelha-se. Mas
tendo por base que numa situação estamos a falar de uma ordem ilegal ou ofensa aos direitos,
e na outra de uma agressão efectiva ou iminente ilegal.22
Neste contexto, a resistência não nega o direito nem a ele se contrapõe. Por
isso, não há inconveniente de ser aceita, desde que se condicione a determinados
pressupostos. Convém reconhecê-la, mesmo havendo o perigo do abuso, porque certamente,
os abusos da tirania, o abuso das autoridades policiais e de quaisquer ordens ilegais são iguais
ou piores que os abusos da resistência.30 Ela parte das ideias de liberdade e racionalidade que
norteiam o Estado contemporâneo. 31
25
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência. ob. cit. pp.7-8
26
MELLO, Baptista de. O Direito de Resistência… Op. cit. p. 100
27
REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Lei n.º24/2019, da Revisão de 24 de Dezembro, Código Penal. In
Boletim da República. I Série, Nº248
28
ABREU, Valdir de. O Crime e o Direito de Resistência. Revista Forense. Volume 157, 1955, p. 535-537.
29
RODRÍGUEZ-CABELLO, Enrique Laraña. Un derecho no reconocido en la Constituición: el derecho a la
resistencia. Revista de la Facultad de Derecho de la Universidad Complutense (Los Derechos Humanos y la
Constitución de 1978).Madrid, 1979, p. 201-203.
30
PAUPÉRIO, A. Machado. O Direito Político de Resistência. Editora Forense, Rio de Janeiro:, 1978, p. 23.
31
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. pp.14-15
9
2. O EXERCÍCIO DO DIREITO A RESISTÊNCIA
Assim, quando se fala no direito de resistência não se está a falar numa reacção
contrária à ordem jurídica, nem mesmo à autoridade estatal; ao contrário, o objectivo da
resistência não é violar a ordem jurídica e sim restabelecer aquela violada pelo governo tirano
e da violência das autoridades policiais. A resistência não é contra a autoridade estatal em si,
mas contra a tirania do soberano e mau uso do poder. Assim, aqueles que resistem em nome
do direito e do bem comum não podem ser chamados de sediciosos, porque o regime tirânico
não é justo por se ordenar, não para o bem comum, mas para o bem particular de quem
35
MUTINIUA , Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
36
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência. ob. cit. pp.18
37
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
11
governa. Assim, o sedicioso é antes de tudo o tirano que nutre no povo discórdias e sedições
para poder governar para o próprio bem. O objectivo do direito de resistência é proteger a
ordem social conforme as exigências da natureza humana.38
Ao entender que o povo não abdica do seu poder, ocorrendo apenas uma
delegação deste aos governantes, que perderão a sua legitimidade caso desrespeitem as leis
fundamentais, a cuja defesa ficaram obrigados em decorrência de sua investidura no poder,
reconhece-se a possibilidade dos cidadãos se oporem aos actos injustos e ilegais de seus
governantes, bem como dos seus agentes, o que inclui claro, as autoridades policiais.39 Assim,
o direito de resistência passa a ter uma importância crucial nas lutas por reformas dentro do
Estado e da sociedade, na busca do exercício pleno dos direitos de cidadania, vistos de forma
ampla e não apenas formal.
38
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. pp.25
39
CHEVALIER, Jean-Jacques. História do Pensamento Político, Editora Guanabara Koogan S.A, Tomo 2. Rio
de Janeiro: 1983. P. 50
40
CARVALHO, Pedro Armando Egídio de. Algumas Linhas sobre o Direito à Resistência. Revista Brasileira
de Ciências Criminais. 1995, p. 156-157
12
Assim, faz-se necessário, na actualidade, examinar os meios utilizados na
resistência. Enquanto no pensamento político medieval defendia- se até o tiranicídio, como
uma forma de reacção contra a tirania, e no pensamento liberal, a sublevação, como sanção ao
mau governante, na actualidade não é abatendo o Estado tirano e as suas autoridades, ou
fazendo uma revolução armada e violenta, que se vai resolver o problema da opressão. Porque
não convém, dentro do modelo de Estado democrático, a opção por formas violentas de
resistência, ao contrário, a tendência é dar uma ênfase na resistência passiva. A opção por
meios não violentos tem-se mostrado mais eficiente para atingir o objectivo do direito a
resistência.
É outra página, pelo que tem que se saber que tipo de formação, os nossos
agentes da PRM recebem em Matalane, e o que eles recebem do ponto de vista de
cumprimento e observância de direitos fundamentais, pelo que numa opinião muito vaga,
presume-se que se deia o Direito Constitucional. E o que lhes vai interessar no direito
constitucional, é saber justamente, o respeito ao conjunto de direitos fundamentais que
assistem ao Cidadão, e um deles é o direito de resistência a ordens ilegais, pelo que o Policia,
não devia se escandalizar, quando um cidadão recuse de acatar uma ordem ilegal, pois devia
ser o interesse da polícia, perceber até que ponto a sua ordem é ilegal, para se lembrar desta
prerrogativa que o legislador ao nível da constituição dá ao cidadão de resistir, nos termos do
art.º 80 da CRM.42
41
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. pp.50-51
42
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
13
E fora isso, há outro aspecto, é que o polícia tem uma disciplina militar, tudo
responde na base da força, não na base da consciência, não generalizando mas grosso número
deles. Tanto é que a posição deles tem sido esta, de autodefesa. Pelo que tem que se saber
quais são os conteúdos que se ministram lá em matalene, no centro de formação dos policiais
como se disse anteriormente, mas entende-se que tem que se dar mais de direitos humanos,
mais de constitucional porque esta na base do nosso Estado e do nosso direito.43
43
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
44
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
45
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
46
CABETTE, Eduardo Luiz Santos, Direito penal parte especial, Colecção saberes do direito São Paulo,
Saraiva, 2012, P.55
14
podem ser atingidos de forma directa, quando a conduta lesiva for direccionada à pessoa
enquanto ser vivo, ou indirecta, através de comportamentos que afectem colectivamente a
saúde e o bem-estar.
47
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
48
REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Lei n.º24/2019, da Revisão de 24 de Dezembro, Código Penal. In
Boletim da República. I Série, Nº248
49
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 1999, p. 1.090.
50
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/br/rj/cart_violpol.htm acesso: 4/10/2022
51
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
15
da sua imagem pública e a reserva da sua vida privada, sendo a violação deste preceito punido
nos termos do art.º 233 e ss do Código Penal.52
52
REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Lei n.º24/2019, da Revisão de 24 de Dezembro, Código Penal. In
Boletim da República. I Série, Nº248
53
IBCCOACHING, O que é Dignidade e qual sua importância em nossas vidas?
https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/o-que-e-dignidade-e-qual-sua-importancia-em-nossas-
vidas/ 2020 acesso: 01/10/2022
54
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
55
BEGALLI, Ana Sílvia Marcatto. Dignidade da pessoa humana e Direito Penal, 2010, disponível em:
https://jus.com.br/artigos/14624/dignidade-da-pessoa-humana-e-direito-penal, acesso: 05/04/2021
56
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
57
PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA DE PORTUGAL Parecer do Conselho
Consultivo da PGR. Disponível em:
http://www.dgsi.pt/pgrp.nsf/f1cdb56ced3fdd9f802568c0004061b6/b1848cc3ea6dbd7b80256f800038ec8a?Open
Document&ExpandSection=-1#_Section1 acesso: 01/10/2022
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de medida de segurança, como se vê no art.º 59, n.º 1 da CRM. 58 Sendo por isso, que os
cidadãos têm o direito de resistir contra a privação destes direitos, por parte das autoridades
policiais e de qualquer pessoa que ouse violar tais direitos, nos termos do art.º 80 da CRM.59
Primeiro, é importante dizer que andar com BI é obrigatório, mas andar sem BI
não é crime. A norma que nos obriga a andar com BI não trás consigo a sanção, é uma norma
que tem apenas a previsão e na estatuição não encontramos a sanção. Significa isso, que
ninguém poderá ser constrangido ou privado da sua liberdade ou ser exigido valores
monetários, para além que isso consubstancia no crime de corrupção, ninguém pode ser
exigido, constrangido, ou qualquer que seja a coisa, ou privado da sua liberdade e para que lhe
seja restituída, tenha que disponibilizar valores monetários ou outras vantagens que nós as
conhecemos que são tantas, isto é totalmente ilegal.60
Neste contexto, tem que se ter cultura jurídica, porque ao folhear o Código
penal, não se vê aqui que não portar o BI é Crime. No entanto, é uma pratica que reduziu nos
últimos tempos, mais ainda existem policias que fazem isso e aproveitam se disso, e olham a
58
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
59
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
60
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
61
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
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cara da pessoa, sabem que este aqui esta a vir do campo, esta aqui em termos de escolaridade
tem um nível um bocado baixo, e aproveitam se desse tipo de pessoas. Mas se o agente da
policia faz uma abordagem e pergunta o BI e a pessoa não tem, ele não tem nenhuma
legitimidade, nenhuma norma, nenhum suporte legal que lhe possa permitir, primeiro deter o
cidadão, segundo obrigar a lhe acompanhar ou exigir valores monetários, se isto acontecer,
podemos exercer o direito a resistência, embora tendo que ver a questão da
proporcionalidade.62
Mas o que falta muito nos cidadãos Moçambicanos, é essa questão de falta da
cultura jurídica, e é essa questão que faz com que os agentes da PRM continuem a fazer o que
fazem. Porque entende-se que se o cidadão começar a disciplinar os agentes da polícia que
abusam do poder, e outros agentes e funcionários públicos e não só, começariam a respeitar o
cidadão e os seus direitos fundamentais.64 Se o polícia pede documento e o cidadão não trás
consigo naquele momento e em virtude disso pede valores monetários, ai é crime de
corrupção, pelo que deve se denunciar. E se o policia pede documentos e o cidadão não tem, e
por conseguinte o policia quer lhe levar, o cidadão pode resistir, dizendo que não é obrigado
andar com documentos, e se anda com documentos é para a sua segurança, e hoje não tenho
documentos.65
62
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
63
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
64
Idem.
65
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
18
existe este direito, por isso, se o policial não saber que existe este direito, ele não vai encarar
aquilo como um direito, vai encarar como desacato ou desobediência as autoridades, e isso vai
criar graves problemas. Portanto, algumas pessoas que tem consciência jurídica, e que sabem
da existência deste direito, evitam exercer o direito a resistência, porque numa situação em
que temos policiais ignorantes e o cidadão ao dizer que não porta o bilhete, pode gerar
agressões, porque a resistência em si, faz com que o seu poder seja diminuído, porque se ele
sente que o seu poder esta a ser diminuído parte para a violência, sem saber que esta a
cometer um crime, e consequentemente pode o policia ser processado.66
A casa é o asilo inviolável do indivíduo, nos ternos do art.º 68, n.º 1 da CRM,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.67
Portanto, o art.º 68, n.º 2 e 3, estabelece que, a entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua
vontade só pode ser ordenada pela autoridade judicial competentes, nos casos justificados pela
lei, assim, ninguém deve entrar durante a noite no domicílio de qualquer pessoa sem o seu
consentimento. Ficando claro assim, que caso as autoridades policiais violem este direito, o
cidadão pode resistir a acatar estas ordens ilegais e que ofendem os seus direitos, nos termos
do art.º 80 da CRM.68
66
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
67
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/br/rj/cart_violpol.htm acesso: 4/10/2022
68
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
69
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/br/rj/cart_violpol.htm acesso: 4/10/2022
19
pelo Juiz, em que conste a identificação da pessoa que está prestes a ser detida, e o motivo da
prisão.70
70
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
71
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
72
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. ob. cit.
73
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. ob. cit.
20
violada pelo uso arbitrário do poder. Reage-se não contra o poder estatal ou contra a
autoridade policial, mas contra o mau uso destes. Deseja-se, ao final, o respeito à
Constituição, bem como aos princípios da justiça (liberdades iguais) aceitos pela sociedade e
reflectidos na lei fundamental.74
74
NORBERTO, Bobbio. Sobre os Fundamentos dos Direitos do Homem, in A Era dos Direitos. Editora
Campus, Rio de Janeiro: 1992. P. 24.
75
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. p.77-80
76
Idem. p.65
77
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modos operandi das autoridade policias
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
21
indivíduos. Ao contrário, no Estado actual, findos os privilégios aristocráticos, olha-se dos
cidadãos para o Estado.78
Por isso, é bom que este direito seja efectivado, pois a sua efectivação seria um
marco importante, abi nitio no conhecimento do cidadão dos seus outros direitos.79 Porque o
direito a resistência, é um direito de empoderamento do próprio cidadão, e se chegarmos a
uma fase onde temos a prerrogativa diante de uma autoridade pública, dizer que eu não vou
fazer isto porque é ilegal, ofende os meus direitos e a lei não diz isso, e o polícia encarar isso,
naturalmente, é um ganho importante na emancipação, no empoderamento do próprio
cidadão.
E isso vai ajudar a perceber como é que ele vai ajudar a perceber como é que
ele vai exigir o respeito dos outros direitos, se nós não conseguimos exigir o respeito imediato
que nos temos, é difícil exigir o respeito dos outros direitos que até nem são imediatos, porque
obrigam que o Estado faça alguma coisa, mas este não. Então seria um avanço importante,
seria uma forma de emancipação do próprio cidadão, seria uma forma de empoderamento do
cidadão para perceber as virtudes dos direitos que tem e quais são os mecanismos que tem
para puder exigir o respeito desses mesmos direitos.80 Assim, o direito de resistência exerceria
um papel fundamental na realização de outros direitos reconhecidos e positivados como
fundamentais do ser humano, não podendo, portanto, de forma alguma ser negado ao
cidadão.81
A violência policial é um dos temas mais discutidos nas últimas décadas, uma
vez que é perceptível o quanto a sociedade tem sido vítima de todo tipo de agressão e actos
violentos por parte das autoridades polícias ou de outros integrantes da Segurança Pública
Moçambicana. A média tem mostrado diariamente casos envolvendo violência policial, e as
estatísticas mostram um crescimento no número desses casos a cada ano. A violência policial
78
CARVALHO, Pedro Armando Egídio de. Algumas Linhas sobre o Direito à Resistência. Revista Brasileira
de Ciências Criminais, 1995, p. 156-157.
79
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modos operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
80
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
81
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição Federal
de 1988, Brasília DF, 2001. pp.16
22
é uma realidade fática em Moçambique, passando a ser usada, sobretudo, como instrumento
de controle social e mais especificamente como instrumento de controle da criminalidade.
Esse fato acaba por gerar efeitos negativos, tanto para a estrutura policial como
para a sociedade e para o Direito, e consequentemente para o exercício do direito a
resistência.82
A PRM tem de ser uma corporação que prima pela idoneidade, integridade e
valores patrióticos na execução das suas tarefas. Assim, a idoneidade, a integridade e os
valores patrióticos que devem nortear as actividades da PRM, incluem a observância da lei, o
respeito e a salvaguarda dos direitos fundamentais do cidadão, evitando-se atropelos, tais
como acções de violência que se distanciam dos elementos que definem um Estado de Direito
Democrático, e colocam em causa o exercício dos direitos fundamentais e consequentemente
82
CARNEIRO, Sara Bruna Silveira.. A Violação dos Direitos Humanos na Abordagem Policial. 2021
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/direitos-humanos-na-abordagem-policial/
acesso: 4/10/2022
83
ORDEM DOS ADVOGADOS DE MOÇAMBIQUE (OAM). Relatório Sobre Direitos Humanos em
Moçambique 2020 / 2021, Layout & impressão Ciedima, Lda, Maputo, 2022. p.32
84
REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Lei n.º24/2019, da Revisão de 24 de Dezembro, Código Penal. In
Boletim da República. I Série, Nº248
23
do direito a resistência.85 Entretanto, a questão da violência das autoridades policiais continua
sendo um dos principais temas que despertam medo e pavor entre a população das grandes
cidades em Moçambique, sobretudo em Nampula. Portanto, a actuação arbitrária das forças
policiais, como vem sendo constantemente relatado pelos jornais e pelas redes sociais,
demonstra como estamos ainda engatinhando na luta pela Cidadania e pelo respeito aos
Direitos Humanos. Neste contexto, violência é qualquer acto de desrespeito à pessoa, ao meio
ambiente, tanto as formas de corrupção quanto qualquer tipo de discriminação.86
85
ORDEM DOS ADVOGADOS DE MOÇAMBIQUE (OAM). Relatório Sobre Direitos Humanos em
Moçambique 2020 / 2021, Layout & impressão Ciedima, Lda, Maputo, 2022. p.33
86
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. ob. cit.
87
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
88
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. ob. cit.
89
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
90
CARNEIRO, Sara Bruna Silveira.. A Violação dos Direitos Humanos na Abordagem Policial. 2021
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/direitos-humanos-na-abordagem-policial/
acesso: 4/10/2022
24
violentas de policiais nas abordagens: tortura, agressões físicas, verbais e morais, desrespeito,
ameaças, extorsão e tratamento diferenciado em função de classe ou status social. Todas essas
acções são praticadas em grande escala por policiais em suas abordagens, emergindo
nitidamente um abuso de poder. Muitos desses profissionais aproveitam de sua função para
praticar acções que fogem do intuito inicial da abordagem, o que configura nitidamente um
desrespeito aos Direitos Humanos.91
Entre várias práticas que se enquadram na violência praticada pela polícia, tem
sido comum a agressão física, a detenção arbitrária e, algumas vezes, assassinatos. Embora
91
CARNEIRO, Sara Bruna Silveira.. A Violação dos Direitos Humanos na Abordagem Policial. ob. cit.
92
CARNEIRO, Sara Bruna Silveira.. A Violação dos Direitos Humanos na Abordagem Policial. 2021
Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/direitos-humanos-na-abordagem-policial/
acesso: 4/10/2022
25
não se tenha podido apurar a dimensão do problema incluindo dados estatísticos sobre esta
temática, vale a pena registar alguns factos relativos aos anos 2020 e 2021. Algumas OSCs
que trabalham pela promoção do Estado de Direito Democrático manifestaram inquietação
pelo facto de, em 2020, terem persistido muitas denúncias de detenções arbitrárias, incluindo
detenções de pessoas por mais de 48 horas nas celas da PRM, condução de detidos aos EPs
sem terem sido ouvidos por um juiz de Instrução Criminal, entre outros aspectos. 93 Do
exposto, é de questionar a formação dos agentes da PRM em matérias sobre os direitos
humanos e as medidas tomadas perante essas atrocidades.
Com isso, nos poucos dados existentes sobre esse tema em Moçambique, em
todos eles apontam-se as questões económicas e de escolaridade como razões para que a
abordagem policial seja imediata e truculenta. Perfis de indivíduos considerados pobres e de
baixa escolaridade, são mais vulneráveis a sofrerem uma abordagem policial do que em
outros perfis.94 Portanto, é obrigação de todo o policial, nos termos do art.º 253 da CRM,
respeitar a dignidade da pessoa humana; respeitar a integridade física, moral e psíquica da
pessoa; agir com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser humano, não usando sua
autoridade pública para a prática de arbitrariedades.95
93
ORDEM DOS ADVOGADOS DE MOÇAMBIQUE (OAM). ob. cit. p.34
94
CARNEIRO, Sara Bruna Silveira.. A Violação dos Direitos Humanos na Abordagem Policial. ob. cit.
95
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
26
2.4.2. O Que Acontece do Ponto de Vista Legal e Prático?
Para que não aconteça do jeito que poderá acontecer hoje, se nós estimularmos
as pessoas a resistir a essas ordens, é que enquanto não tiver havido, sensibilização e
disseminação desta prerrogativa que assiste aos cidadãos, teremos sérios problemas sociais
resultantes disso, sem se esquecer do facto, que esses maus comportamentos resultantes
nesses maus tratos perpetrados pelos agentes da policia aos cidadãos, também são passíveis de
responsabilização, desde a responsabilidade criminal, disciplinar e até a responsabilidade civil
do Estado, por conta desse mau comportamento, que é a responsabilidade civil extracontratual
do Estado.96
Isto poderá ter fóruns diferentes, primeiro vai correr nos tribunais comuns,
começando da Procuradoria como detentora da acção penal e terminar no tribunal com
julgamento e uma sentença, o outro, poderá correr lá junto ao comando geral no departamento
dos recursos humanos entre outros vai surgir um processo disciplinar e por fim poderemos ter
a responsabilidade civil do Estado, que vai correr um processo próprio no tribunal
Administrativo.97
É ter que ver a eficácia desta fé pública, porque a fé pública esta entre eles,
naquele momento, porque se nós vamos a legalização da acusação, em caso de prisão ilegal,
temos a presença de um juiz, procurador e até de um defensor, o polícia tem que provar que a
96
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modos. ob. cit.
97
LANGA, Alberto. O Exercício do Direito a resistência face ao modos operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
27
sua alegação, acusação realmente se verificou para que aquela detenção seja legalizada em
prisão.98
O único empecilho que se pode ter nesse momento é de ficar sob detenção da
polícia. Na legalização ao não existirem provas, o cidadão vai ser restituído a liberdade e é
neste momento onde o cidadão consciente juridicamente poderá intentar uma acção contra
aquele agente, um processo-crime, abuso de autoridade, porque se mostrou claro evidente que
não existiam elementos para uma detenção, ainda que seja polícia da PRM, que goza desta fé
pública, esta fé pública tem que ser provada a posterior. Porque naquele momento para o
polícia, em termos de segurança, era conveniente que se realizasse a detenção. Porém, nos
momentos posteriores, será que se deve manter aquela detenção? É ai que a fé pública coloca-
se em causa nas fases posteriores da tramitação processual, primeiro a legal, apresentação do
detido, arguido ao juiz, ai a fé pública é abalada, porque se não for acompanhada de provas,
não procede.99
98
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modos operandi das autoridade policias
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
99
Idem.
100
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modos operandi das autoridade policias,
(Entrevista) in VIII Jornadas Científicas – Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique,
Nampula, 2022
101
Idem.
28
4. Soluções Efectivas para o Exercício do Direito a Resistência face as Autoridades
Policiais
102
DHNET, Cartilhas de Defesa dos Direitos Humanos contra a Violência Policial. ob. cit.
103
Idem.
104
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
29
corrupção praticada pelos agentes da policia (numa clara violação dos direitos fundamentais,
o que obsta ao exercício do direito a resistência), nos diversos cantos da cidade e nem abolirá
as desigualdades na nossa sociedade, mas servirá sim como um instrumento do qual se
poderá utilizar para fazer melhor uso da Cidadania, e consequentemente do exercício do
direito a resistência, que se consubstancia na efectivação dos demais direitos fundamentais e
humanos.
4.1. Necessidade de Regulamentar o Direito a Resistência pelos Entraves ao
Exercício deste Direito
105
COSTA, Nelson Nery. Teoria e Realidade da Desobediência Civil.: Editora Forense, Rio de Janeiro 2000.
P.59.
106
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho, Constituição da República de
Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115 de 12 de Junho.
30
modalidades do exercício do direito a resistência.107 Por isso tem que se estudar este direito e
sugerir formar para o exercício deste direito a resistência, porque existem dificuldades.108
107
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus… ob. cit.
108
PEREIRA, Farci. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
109
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
110
MUTINIUA, Olvanio. O Exercício do Direito a resistência face ao modus. ob. cit.
31
resistência à opressão não mais como um direito e sim como um dever. Assim, o fez
não para diluir a sua importância, ao contrário, para lhe conferir maior força, uma vez
que o direito de resistência é fundamental para a efetivação de outros direitos
inerentes à natureza humana ali arrolados.111
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fundamental deixar claro que em relação ao exercício do direito a resistência
face ao modus operandi das autoridades policiais, esta sempre no centro, a ideia de que a
resistência imposta não é contra o Direito, muito pelo contrário, deve-se resistir para preservar
e restaurar a ordem jurídica violada. O direito de resistência, fundamenta-se num respeito
profundo ao Direito. Nesta senda, o direito a resistência exerce um papel fundamental na
111
ARAÚJO, Cláudia de Rezende Machado de. O Direito Fundamental de Resistência na Constituição
Federal de 1988, Brasília DF, 2001. p.65
112
COSTA, Nelson Nery. Teoria e Realidade da Desobediência Civil.: Editora Forense, Rio de Janeiro 2000.
P.59.
113
NORBERTO, Bobbio. Sobre os Fundamentos dos Direitos do Homem, in A Era dos Direitos. Editora
Campus, Rio de Janeiro: 1992. P. 24.
32
realização de outros direitos reconhecidos e positivados como fundamentais do ser humano,
não podendo, portanto, de forma alguma ser negado ao cidadão.
SUGESTÕES OU RECOMENDAÇÕES
De modo a frear esses abusos das autoridades policiais, sugere-se uma maior
difusão deste direito importantíssimo, no seio da comunidade, legislativo e doutrinal de
modo a possibilitar meios e conhecimentos eficazes para o exercício do direito a resistência
face aos modus operandi das autoridades policiais;
Por ser um exercício de mão dupla, sugere-se que nas formações policiais
devem proporcionar a estes agentes, as noções básicas dos direitos, liberdades e garantias
fundamentais dos cidadãos, para que respeitem o exercício desses direitos constitucionais, no
exercício das suas funções. O que vai consubstanciar na introdução ou incremento nas
temáticas em matalane, de matérias relativas aos direitos humanos e fundamentos, direito
constitucional e de direito penal, para saber quais são os tipos legais de crime.
33
Refinamento dos requisitos de admissão de candidatos a agentes da PRM,
garantindo que sejam admitidas apenas pessoas, que mostrem estar comprometidas com a
causa da defesa da lei, ordem e segurança pública, respeitando a dignidade do ser humano na
sua actuação.
Por fim, tem que se ter cultura jurídica tanto pra o cidadão, saber que tem
direito, saber como, quando e onde exercer estes direitos. E cultura jurídica tanto para o
próprio agente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 12/2018 de 2018 de 12 de Junho,
Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República, I série n.º 115
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Entrevistas:
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https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/o-que-e-dignidade-e-qual-sua-
importancia-em-nossas-vidas/ 2020 acesso: 01/10/2022
PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA DE PORTUGAL, Parecer do
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http://www.dgsi.pt/pgrp.nsf/f1cdb56ced3fdd9f802568c0004061b6/b1848cc3ea6dbd7b
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03/10/2022
36