Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA


DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Física Experimental II

PÊNDULO FÍSICO
Leonardo Paiva Contreras, Miguel Lima da Silva,
Pietra Forli Braz e Rafael Oliveira Alves

Resumo. O relatório aborda o estudo do pêndulo físico, investigando seu comportamento e propriedades.
O experimento foi realizado repetindo as oscilações (com inclinação fixa), analisando o período de
oscilação e o momento de inércia através dos pontos P e O. Desse modo, os resultados evidenciaram a
influência desses parâmetros nas características do movimento pendular, confirmando as relações teóricas.
Além disso, observou-se o movimento simples com base na posição inicial. O estudo contribui para a
compreensão das leis físicas que regem pêndulos e fenômenos relacionados.

1. Palavras chave: período, oscilação e inércia.

1. Introdução determinou-se o período (T) do movimento.


Subsequentemente, repetiu-se o procedimento no
Este relatório descreve o desenrolar de ponto O, também calculando o período das
um experimento conduzido no laboratório da oscilações, que, conforme mencionam Halliday
Universidade Federal de Pelotas, focado na & Resnick [2], é "o tempo necessário para
análise das médias das oscilações de um pêndulo completar uma oscilação completa (ou ciclo)".
físico em duas situações. O conceito de um O termo "pêndulo" é definido de acordo
pêndulo físico é definido como "(...) um corpo com Halliday & Resnick [2] como:
rígido capaz de oscilar em torno de um eixo de "um corpo rígido que pode rodar em
rotação que não passa pelo próprio corpo" torno de um eixo que passa por ele
(pêndulo simples) ou em torno de um
conforme elucidado por Halliday & Resnick [2]. eixo que não passa por ele (pêndulo
No decorrer deste experimento, um físico)".
objeto transparente e delgado em formato de A diferença entre essas categorias de
régua, com cerca de cinquenta centímetros de pêndulos é destacada pelos autores, afirmando
extensão (L), foi empregado para realizar que "ao contrário do pêndulo simples, um
oscilações a partir de um pequeno ângulo pêndulo real, frequentemente chamado de
(aproximadamente dez graus). Este corpo pêndulo físico, pode ter uma distribuição
apresentava dois pontos distintos, denominados 0complicada de massa". Esta diferenciação se
como P e O, com um furo em cada um deles. O torna clara com o auxílio das palavras de
ponto G, por sua vez, representava o centro de Halliday & Resnick [2].
massa (CM) do corpo. De acordo com as palavras Após as medições das oscilações, os
de Halliday & Resnick [1]: cálculos foram realizados para determinar o
"A oscilação do centro de massa é desvio padrão σT (s) e comparar os resultados
semelhante à oscilação de um pêndulo
simples de comprimento L igual à
dos períodos experimentais (Texp) com os
distância do centro de massa ao eixo de valores obtidos por meio da expressão do
rotação". momento de inércia (I) em relação a um eixo que
Ao localizar o ponto P a vinte e quatro passa pelo CM. O teorema de Steiner dos eixos
vírgula cinco centímetros do centro de massa CM paralelos foi utilizado para relacionar o período
e o ponto O a oito vírgula três centímetros do do pêndulo físico, levando ao cálculo do desvio
CM, diferentes situações foram exploradas. percentual D% (Halliday & Resnick, [2]).
Inicialmente, o corpo foi posicionado no ponto P, Em síntese, este relatório explora um
no qual as oscilações foram induzidas com um experimento que investigou as oscilações médias
ângulo próximo a dez graus em relação ao CM. de um pêndulo físico em duas situações distintas.
Medindo o tempo de cinco oscilações do corpo As definições e conceitos apresentados por
por meio de um equipamento adequado, Halliday & Resnick são cruciais para a
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Física Experimental II

compreensão dos fenômenos observados, Todavia, com o propósito de refinamento dos


enquanto a análise e comparação dos resultados cálculos e da composição da tabela, optaremos
fornecem uma abordagem analítica dos por considerar apenas as últimas 5 leituras,
comportamentos estudados. visando a redução das imprecisões. É crucial
salientar que a ativação desse aparato coincide
2. Metodologia exatamente com o início das oscilações do
Começamos o procedimento pêndulo. (O dispositivo em questão é aquele
experimental com a utilização de uma trena representado na Fig. 3)
métrica para mensurar o comprimento L do corpo
destinado às oscilações, obtendo-se um valor de
50 cm. O corpo em questão apresentava três
pontos distintamente marcados em azul, cada um
com um furo correspondente: ponto P, ponto O e
ponto G. É relevante destacar que o ponto G
corresponde ao centro de massa (CM) do corpo,
conforme representado de maneira elucidativa na
Figura 1.

Figura 1: corpo homogêneo para representação do


pêndulo físico.
Na sequência, utilizando da trena métrica,
efetuamos a aferição da distância entre o ponto P
e o centro de massa (CM), resultando em uma Figura 2: disparador óptico assume a função de
medida de 24,5 cm. Além disso, procedemos à monitorar o movimento do corpo de maneira
controlada após cada oscilação.
medição da distância entre o ponto O e o centro
de massa (CM), registrando um valor de 8,3 cm.
Com as dimensões em mãos,
posicionamos o corpo na vertical de um
dispositivo equipado com um disparador óptico
(que pode ser visto na figura 2). A fixação inicial
ocorre por meio do encaixe no furo
correspondente ao ponto P, exatamente a 24,5 cm
do CM. Posteriormente, deslocado por seu
próprio CM em torno de um ângulo de
aproximadamente 10° em relação à vertical, o
corpo é liberado, dando início às suas oscilações
diante do sensor de movimento (que pode ser
visto na figura 3), como ilustrado de forma vívida
na figura 4.
Ademais, no dispositivo de disparo Figura 3: sensor óptico desempenha o papel de
óptico, previamente configurado para registrar o registrar e monitorar as oscilações do corpo de
forma precisa, captando as variações de posição
período de 10 oscilações, o acionamento ao longo do movimento.
desencadeia a apresentação do valor, em
segundos, correspondente a essas 10 oscilações.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Física Experimental II

A partir das informações colhidas no


desenrolar do experimento abordado neste
relatório, no qual temos o X para cada ponto
referente a distância ao ponto do centro de massa
do pêndulo, logo, prosseguimos para a realização
do cálculo da média dos cinco períodos derivados
do experimento envolvendo o pêndulo físico,
aplicando essa análise ao ponto P.
Analogamente, executamos a mesma
operação para calcular a média dos cinco
períodos relativos ao ponto O. Nesse contexto,
nomearemos essas médias temporais como Texp,
tanto para P quanto para O, conforme claramente
evidenciado na tabela subsequente:

Tabela 1: correlação dos períodos (T) e seus


pontos P e O, além do tempo médio experimental
(Texp).
P O
X(x10-2 m) 24,5 8,3
Figura 4: aparelho que foi utilizado durante o T1(s) 1,15330 1,16040
experimento. T2(s) 1,15390 1,16130
T3(s) 1,15385 1,16115
T4(s) 1,15395 1,16100
3. Resultados e Discussão T5(s) 1,15345 1,16100
Texp(s) 1,15369 1,16097
Cada iteração do pêndulo físico
traduz-se em uma série de medidas, Por meio da utilização da média dos
revelando o valor individual de cada períodos e das informações presentes na tabela 1,
oscilação, convertido no período (T) torna-se viável a realização do cálculo do desvio
correspondente em segundos. padrão σT para os pontos P e O. Esse
Posteriormente, o mesmo protocolo foi procedimento requer uma compreensão sólida do
meticulosamente replicado para o ponto conceito de desvio padrão amostral.
O.
∑5𝑛=1(𝑇𝑖 − 𝑇𝑒𝑥𝑝)2
Uma vez com os resultados em 𝜎𝑇 = √
nossa posse, procedemos ao cálculo 𝑛(𝑛 − 1)
preciso da média dos cinco períodos. Ti → Valor de cada período em cada oscilação;
Com todos os dados, oriundos de ambas Texp → Média dos períodos;
as localizações, devidamente coletados, n → número total de períodos para seus
avançamos para o preenchimento referentes oscilações;
minucioso de uma tabela de registros.
Essa tabela, abrangendo variáveis
essenciais, também engloba o desvio
padrão σT, conferindo uma abordagem
mais abrangente à análise dos resultados.

3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Física Experimental II

Texp → Período experimental;


Dessa maneira podemos ver abaixo os valores do Tabela 3: demonstração dos tempos teóricos a
desvio padrão amostral: partir do teorema de Steiner junto do desvio
Tabela 2: desvio padrão amostral. percentual.
P O P O
X(x10-2 m) 24,5 8,3 X(x10-2 m) 24,5 8,3
T1(s) 1,15330 1,16040 T1(s) 1,15330 1,16040
T2(s) 1,15390 1,16130 T2(s) 1,15390 1,16130
T3(s) 1,15385 1,16115 T3(s) 1,15385 1,16115
T4(s) 1,15395 1,16100 T4(s) 1,15395 1,16100
T5(s) 1,15345 1,16100 T5(s) 1,15345 1,16100
Texp(s) 1,15369 1,16097 Texp(s) 1,15369 1,16097
σT(s) 0,00012 0,00014 σT(s) 0,00012 0,00014
T(s) 1,15171 1,15862
Em decorrência disso, é natural que, Dp(%) 0,17 0,20
em qualquer experimento, surjam
discrepâncias ou imprecisões, as quais podem Por fim podemos observara que há um
ser avaliadas por meio do desvio percentual. valor de X em que o período tem seu valor
Nesse contexto, utilizaremos o teorema de mínimo. Esse Xmin pode ser obtido através da
Steiner já adaptado para o período de expressão abaixo:
oscilação para calcular os tempos teóricos
correspondentes a cada ponto, possibilitando Icm
Xmin = √
assim a comparação com os tempos m
experimentais ou médios (Texp). No qual:
ml2
Icm =
𝑙2 12
(12 + 𝑋 2 )
𝑇 = 2𝜋√
𝑔𝑋 l2
Xmin = √
T → Período teórico; 12
l → Largura do pêndulo; Por conta dessa manipulação algébrica
X → Distância do ponto para o centro de massa chegamos nessa equação de Xmin, no qual,
(CM); podemos visualizar que o valor de Xmin será:
g → Aceleração gravitacional; Xmin = 0,1442m
Lembrando que os valores de cada um são Ou
respectivamente: Xmin = 14,42cm
l = 50x10-2 m Dessa maneira, notamos que há um valor
XP = 24,5x10-2 m de X no qual o período apresenta um mínimo.
Xo = 8,3x10-2 m Esse comportamento de mínimo pode ser
g = 9,81 m/s2 atribuído à interação complexa entre as
Portanto, entendemos que a fórmula do desvio características do pêndulo e as forças atuantes,
percentual se dá: resultando em uma configuração que favorece
|𝑇 − 𝑇𝑒𝑥𝑝| um período menor.
𝐷𝑝 = × 100%
𝑇

Dp → Desvio percentual;
T → Período médio teórico;
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE FÍSICA E MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Física Experimental II

relativamente homogêneas e pouco suscetíveis a


4. Conclusões variações acentuadas.
Este experimento destaca a influência
Em síntese, o experimento realizado com crucial das condições iniciais e da precisão das
o pêndulo físico, que envolveu um corpo medições na obtenção de resultados confiáveis.
homogêneo com pontos P e O, além do centro de Além disso, reforça a importância de considerar
massa G, trouxe à luz uma compreensão mais os princípios teóricos em conjunto com as
profunda do movimento oscilatório desse observações práticas, permitindo uma
sistema. compreensão mais completa dos fenômenos
Ademais, ao explorar as oscilações a físicos.
partir de um ângulo pequeno, através de Dessa forma, esse estudo não apenas
equipamentos específicos, pudemos calcular as fortalece a compreensão das leis que regem os
médias dos períodos nos pontos P e O, resultando movimentos pendulares, mas também ressalta a
nos períodos experimentais. importância da precisão e do rigor experimental
Além disso, utilizando o teorema de na investigação científica.
Steiner, derivamos valores de referência para os
cálculos do desvio percentual, conforme 5. Referências
apresentado na tabela 3. [1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.;
Consequentemente, a análise dos Fundamentos de física: mecânica. LTC Vol. 1, p.
resultados revelou desvios percentuais 241 - 251, 2006.
consistentemente, demonstrando uma notável [2] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.;
coerência entre as médias das cinco oscilações Fundamentos de física: gravitação, ondas e
em ambos os pontos. Isso sugere que as termodinâmica. LTC Vol. 2, p. 88 - 100, 2006
oscilações, em função do ângulo reduzido, foram

Você também pode gostar