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CURSO DE GESTÃO EMPRESARIAL

ECONOMIA

Profº Dr Marco Antonio Dias


Fundamentos de Economia

Marco Antonio S. Vasconcellos


Manuel Enriquez Garcia

3º Edição | 2009 |
Fundamentos de Economia
- Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos é bacharel, mestre e doutor
em Economia pela FEA-USP e professor da FEA-USP e de especializações,
MBA e pós graduação da FIPE e FIA. Ex-membro da Comissão de Avaliação
de Ensino de Economia e conselheiro do Conselho Federal de Economia.

- Manuel Enriquez Garcia é bacharel, mestre e doutor em Economia pela


USP. É professor da FEA-USP e advogado, inscrito na OAB. Leciona na FIPE,
nas áreas de Economia, Direito e Negócios Internacionais.
Introdução

Esta obra pretende fornecer uma visão abrangente das


principais questões econômicas gerais, para estudantes e
profissionais da área de Ciências Humanas. Trata-se de um
livro de introdução à Economia Aplicada, que busca explicar
conceitos e problemas econômicos fundamentais de forma a
fazer o leitor compreender melhor a realidade econômica atual.

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Capítulo 1

Introdução à Economia
1.1 Introdução

Questões econômicas do dia-a-dia:

• aumentos de preços;
• desemprego;
• setores que crescem mais do que outros;
• dívida externa; dentre outros.

1.2 Conceito de Economia: ciência social que estuda como o


indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos
escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los
entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.

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Conceitos importantes:

• escolha: de alternativas e distribuição de resultados.


• escassez: recursos limitados contrapõem necessidades humanas
ilimitadas.
• necessidades: como alocar recursos limitados para satisfazê-las ao
máximo?
• recursos: recursos produtivos são limitados.
• produção: fatores de produção empregados são limitados.
• distribuição: dos resultados da atividade produtiva entre os grupos
da sociedade.

1.2.1 Os problemas econômicos fundamentais


• o quê e quanto produzir?
• como produzir?
• para quem produzir?

Fatores resolvidos de acordo com organização econômica do país.


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Bens livres e econômicos

A satisfação de uma necessidade – mesmo a mais simples


requer a existência de um bem. O ar, por exemplo, é o bem
que satisfaz a necessidade de respirar.

Quando há abundância, este e outros bens, como a água do


mar e a luz do sol, são considerados bens livres.

Não constituem, portanto, um problema cuja solução esteja no


âmbito da análise econômica.

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Bens livres e econômicos
A maioria das necessidades dos indivíduos será satisfeita por
bens escassos, cuja obtenção irá requerer certa quantidade de
trabalho e, muito provavelmente, também de outros fatores de
produção.

Estes bens são denominados bens econômicos e compreendem:


§os bens tangíveis: materiais
§os bens intangíveis, que não são de natureza física - os
serviços

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Bens finais
Bens de consumo: produtos que se destinam ao consumo

§não-duráveis: existência muito limitada no tempo e


geralmente desaparecem ao satisfazer a necessidade –
alimentos.
§duráveis: utilização é prolongada - eletrodomésticos,
automóveis etc.

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Bens de consumo

Promovem a atividade econômica, utilizando produtos/bens


intermediários, máquinas, fornecimentos de terceiros, além de
pessoas - direta ou indiretamente - que, auferindo rendimento,
poderão adquirí-los, realimentando o processo de produção de
toda a sociedade

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Bens de capital
Também fazem parte do grupo de bens finais e compreendem os
bens destinados à produção de novos bens - conhecidos por
“bens de produção” - máquinas industriais, ferramentas etc.

Um mesmo bem pode ser classificado em grupo distinto, segundo a


categoria uso, por exemplo:
Um automóvel pode ser um bem de consumo durável;
Para quem o utiliza como forma de prestação de um serviço (táxi),
pode ser um bem de capital ou de produção

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Bens intermediários

Certos bens, como o aço, o cimento, a cal e uma infinidade de


outras mercadorias, requerem transformações antes de se
converterem num bem de consumo ou bem de capital.

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Classificação geral dos bens
Bens Econômicos Bens
Livres
Bens Tangíveis Bens
Intangíveis

Bens finais Bens


intermediários

Bens de Consumo Bens de


Capital

Bens de Bens de
Consumo Consumo
Não- duráveis
duráveis

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1.3 Sistemas econômicos

Forma política, social e econômica da organização da sociedade, cujos


elementos básicos são:
• estoque de recursos produtivos ou fatores de produção;
• complexo de unidade de produção;
• conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais.

Classificações:
• sistema capitalista ou economia de mercado;
• sistema socialista ou economia centralizada/planificada.

1.4 Curva de produção

Mostra a capacidade máxima de produção da sociedade, ilustrando


como a escassez de recursos impõe um limite à capacidade produtiva
de uma sociedade.
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Tabela 1.1 Possibilidades de produção

Alternativas de Máquinas Alimentos


produção (milhares) (toneladas)
A 25 0

B 20 30,0

C 15 47,5

D 10 60,0

E 0 70,0

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1.4.1 Custo de oportunidade

A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir


um bem Y implica um custo de oportunidade que é igual ao
sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para se produzir
mais do bem Y.

1.4.2 Deslocamentos da curva de possibilidades de produção

O deslocamento da CPP par a direita indica que o país está


crescendo, o que pode ocorrer em função do aumento da
quantidade física de fatores, progresso tecnológico, maior eficiência
produtiva e organizacional e melhoria no grau de qualificação da
mão-de-obra.

18
Custo de oportunidade

19
1.5 Funcionamento de uma economia de mercado:
fluxos reais e monetários

Figura 1.4 Fluxo real da economia

Mercado de bens e serviços

Demanda Oferta

Famílias Empresas

Oferta Demanda

Mercado de fatores de produção


20
Figura 1.5 Fluxo monetário de economia

Pagamento dos bens e serviços

Famílias Empresas

Remuneração dos fatores de produção

Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o


fluxo circular de renda.

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Figura 1.6 Fluxo circular de renda

Mercado de bens de serviços Oferta


Demanda
de bens e de bens e
serviços serviços
O que e quanto produzir

Famílias Como produzir Empresas

Oferta de Demanda
serviços de
dos Para quem produzir serviços
fatores dos
de fatores
produção de
Mercado de fatores de produção
produção
22 Fluxo monetário
Fluxo real
1.5.1 Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários
e fatores de produção

• Bens de capital: são utilizados na fabricação de outros bens, sem


desgaste total no processo. Ex: máquinas, equipamentos, etc.

• Bens de consumo: buscam atender as necessidades humanas,


podendo ser duráveis (geladeira) ou não-duráveis (alimentos).

• Bens intermediários: são transformados e agregados na produção


de outros bens, sendo consumidos no processo produtivo.

• Fatores de produção: recursos humanos, terra, capital e


tecnologia.

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1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos

Argumentos positivos: não envolvem juízo de valor e referem-se a


proposições objetivas, tipo se A, então B. É uma análise do que é.

Argumentos normativos: relativos a uma análise que contém um juízo de


valor sobre alguma medida econômica. É uma análise do que deveria ser.

1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do conhecimento

1.7.1 Economia, Física e Biologia


• Concepções organicistas: comportamento da Economia como órgão
vivo, por isso, uso de termos como órgãos, fluxos, circulação, funções.

• Concepções mecanicistas: leis da Economia se comporta como


determinadas leis da Física, por isso, uso de termos como equilíbrio,
estática, dinâmica, aceleração, velocidade, força, etc.

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• Concepção humanística: predominante, coloca em plano superior os
móveis psicológicos da atividade humana.

1.7.2 Economia, Matemática e Estatística

Matemática: permite escrever resumidamente conceitos importantes,


relações de Economia e analisar economicamente na forma de modelos
analíticos.

Estatística: recorre-se a ela, pois as relações econômicas não são exatas.

Regularidades da Economia:
• consumo nacional depende diretamente da renda nacional;
• quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente
proporcional com seu preço, tudo o mais constante;
• exportações e importações dependem da taxa de câmbio.

Econometria: área voltada para a quantificação dos modelos.


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1.7.3 Economia e Política

Política: fixa instituições sobre as quais se desenvolverão atividades


econômicas, subordinadas ao poder político, mas a estrutura política pode
muitas vezes se subordinar ao poder econômico. Exemplos:
• política do café com leite (1930);
• poder econômico dos latifundiários;
• poder dos oligopólios e monopólios;
• poder das corporações estatais;
• poder do sistema financeiro.

1.7.4 Economia e História

Pesquisa histórica: facilita a compreensão do presente e ajuda nas


previsões.

Fatos econômicos: afetam o desenrolar da História.


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1.7.5 Economia e Geografia

Geografia: permite avaliar fatores úteis à análise econômica como


localização das empresas, posição setorial, etc.

- estão relacionadas a ela a economia urbana, regional, as teorias de


localização industrial e a demografia econômica.

1.7.6 Economia, Moral, Justiça e Filosofia

Antes do séc. XVIII: atividade econômica era vista como parte da


Filosofia, Moral e Ética.

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1.8 Divisão do estudo econômico

• microeconomia ou teoria de formação de preços: exame da formação de


preços em mercados específicos.

• macroeconomia: estudo da determinação e comportamento dos grandes


agregados nacionais.

• economia internacional: análise das relações econômicas entre


residentes e não residentes do país.

• desenvolvimento econômico: preocupação com padrão de vida coletiva.

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Capítulo 2

Evolução do Pensamento
Econômico: Breve Retrospecto
2.1 Introdução

Início da teoria econômica de forma sistematizada a partir da


publicação de “A riqueza das nações” de Adam Smith (1776).

2.2 Precursores da teoria econômica

2.2.1 Antiguidade: Aristóteles, Platão e Xenofonte, na Grécia Antiga.

2.2.2 Mercantilismo: séc. XVI nasce primeira escola econômica


voltada para a acumulação de riquezas de uma nação.

2.2.3 Fisiocracia: séc. XVIII nasce a escola de pensamento francesa


que coloca que a terra é a única fonte de riqueza e há uma ordem
natural que faz o universo ser regido por leis naturais, absolutas,
imutáveis e universais. (Dr. François Quesnay)
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2.2.4 Os clássicos

Adam Smith: O mercado é como que guiado por uma “mão invisível”, a
partir da livre iniciativa (laissez-faire), do trabalho humano, levando em
conta a produtividade e a proteção à sociedade.

David Ricardo: todos os custos se reduzem a custos de trabalho e


mostra como acumulação de capital, acompanhada de aumentos
populacionais, provoca uma elevação da renda. Desenvolve estudos
sobre comércio internacional e teoria das vantagens comparativas,
dando origem às correntes neoclássica e marxista.

John Stuart Mill: sintetizador do pensamento neoclássico, consolidando


o exposto anteriormente e avançando ao incorporar elementos
institucionais e ao definir melhor restrições, vantagens e funcionamento
de uma economia de mercado.
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Jean-Baptiste Say: subordina o problema das trocas de mercadorias a
sua produção e populariza a lei de Say, “a oferta cria sua própria
procura”.

Thomas Malthus: sistematiza uma teoria geral sobre a população,


assinalando que o crescimento da população dependia da oferta de
alimentos, dando apoio à teoria dos salários de subsistência e
levantando o problema do excesso populacional.

2.3 A teoria neoclássica (1870)

Alfred Marshall: publica “Princípios da economia” e levanta questões do


comportamento do consumidor, teoria marginalista e teoria quantitativa
da moeda.

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2.4 A teoria keynesiana: “Teoria geral do emprego, dos juros e da
moeda”, o teórico vive na época da Grande Depressão e constrói uma
teoria que acredita na crise como problema temporário, mostrando
combinações políticas econômicas e soluções para a recessão.

• nível de produção nacional;


• demanda agregada ou efetiva;
• fim do laissez-faire;
• monetaristas: privilegiam o controle da moeda.
• uso de políticas fiscais e certo grau de intervenção do Estado na
economia;
• pós-keynesianos.

2.5 Período recente: mudanças na teoria econômica, principalmente,


após duas crises do petróleo. Pontos: existe uma consciência maior das
limitações e possibilidades de aplicações da teoria; avanço do conteúdo
empírico da economia; e consolidação das contribuições anteriores.
33
2.6 Abordagens alternativas

• marxistas e institucionalistas: criticam a abordagem pragmática da


economia e propõe enfoque analítico.

• marxista: “O Capital” de Marx, conceito de mais-valia, aspecto


político, conceito de valor-trabalho.

• institucionalistas: Veblen e Galbraith, dirigem críticas ao alto grau de


abstração da teoria econômica e ao fato de ela não incorporar em sua
análise as instituições sociais.

1969 - Prêmio Nobel da Economia: teoria econômica como corpo


científico, seus primeiros ganhadores foram Ragnar Frisch e Jan
Tinbergen.

34
Capítulo 3

Economia e Direito
3.1 Introdução: conceitos da teoria econômica são relacionados ou
dependentes do quadro de normas jurídicas do país. O aumento do
papel regulador do governo na economia chamado neoliberalismo
visa garantir a defesa da concorrência e os direitos dos consumidores.

3.2 O Direito e a teoria dos mercados: defesa do consumidor e


da concorrência

• foco econômico: comportamento dos produtores e consumidores.


• foco jurídico: agentes das relações de consumo.
• estudo do estabelecimento comercial e do empresário: análise
econômica e jurídica.
• imperfeições do mercado e intervenção do Estado.
• economias externas;
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• agentes econômicos e suas falhas de informação.
• poder de monopólio;
• leis de defesa da concorrência;
• lei Sherman contra trusts, 1890;
• Clayton Act, 1914;
• lei Celler-Kefauver, 1950;
• no Brasil, Constituição Federal de 1988;
• Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC);
• Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE;
• controle das estruturas de mercado: quanto a concentração econômica;
• controle de condutas: apuração de práticas anticoncorrenciais;
• ação governamental: coibição e repressão dos abusos no mercado.
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3.3 Arcabouço jurídico das políticas macroeconômicas

• políticas monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior são


de competência da União.
• política fiscal é de competência da União, Estados e Municípios.
• papel da defesa do governo: aumento da demanda agregada.
• processo de globalização: integração econômica global sobre bases
econômicas e jurídicas.

3.4 O Estado promovendo o bem-estar da sociedade

Ação do Estado: voltada para o bem-estar da população.


John Locke: direitos naturais sob controle do governo parlamentar,
cuja finalidade seria promover e ampliar direitos do homem à vida, à
liberdade e à prosperidade.
38
Artigo 170 da Constituição de 1988:

“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na


livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I. soberania nacional;
II. propriedade privada;
III. função social da propriedade;
IV. livre concorrência;
V. defesa do consumidor;
VI. defesa do meio ambiente;
VII. redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII. busca do pleno emprego;
IX. tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País.

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Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente da autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei”.

Há ligação entre Economia e Direito também na análise:

• dos princípios gerais da atividade econômica;


• dá política urbana, agrícola e fundiária;
• do Sistema Financeiro Nacional;
• das políticas monetária, de crédito, cambial e de comércio exterior;

Os governos também criam normas jurídicas que protejam o meio


ambiente, como o Protocolo de Quioto.

As normas jurídicas buscam regularizar as atividades econômicas


buscando tornar os mercados mais eficientes e melhor qualidade de
vida para a população como um todo.
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Capítulo 4

Introdução à Microeconomia
4.1 Introdução

A microeconomia ou teoria dos preços analisa a formação de preços de


bens e serviços e de fatores de produção em mercados específicos. É o
estudo do funcionamento da oferta e da demanda na formação do
preço, predominando a visão de mercado como um todo.

Abordagem econômica:

• custos de oportunidade ou implícitos;


• agentes da demanda;
• empresa: capital, trabalho, terra e tecnologia;
• empresário: sujeito da atividade econômica;
• objeto: complexo de bens corpóreos e incorpóreos;
• empresa: complexo de relações jurídicas que unem o sujeito ao
objeto da atividade econômica.

42
4.2 Pressupostos básicos da análise microeconômica

4.2.1 A hipótese coeteris paribus: ao analisar um mercado


específico parte-se da hipótese de que tudo o mais permanece
constante.

4.2.2 Papel dos preços relativos: são mais importantes os preços


de um bem em relação aos demais do que os preços absolutos das
mercadorias.

4.2.3 Objetivos da empresa: análise tradicional aponta para o


princípio da racionalidade, a busca do empresário pela maximização
dos lucros, mas outras correntes apontam para aumento da
participação nas vendas do mercado ou maximização da margem
sobre os custos de produção.

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4.3 Aplicações da análise microeconômica: preocupa-se em
explicar como se determina o preço dos bens e serviços e dos fatores de
produção. Também busca responder questões como: por que, quando o
preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve
cair, coeteris paribus?

Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as


seguintes decisões:

• política de preços da empresa;


• previsões de demanda e faturamento;
• previsões de custos de produção;
• decisões ótimas de produção;
• avaliação e elaboração de projetos de investimentos;
• política de propaganda e publicidade;
• localização da empresa;

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• diferenciação de mercados;
• avaliação de projetos de investimentos públicos;
• efeitos de impostos sobre mercados específicos;
• política de subsídios;
• fixação de preços mínimos na agricultura;
• fixação do salário mínimo;
• controle de preços;
• política salarial;
• política de tarifas públicas;
• política de preços públicos;
• leis antitruste.

4.4 Divisão do estudo microeconômico

4.4.1 Análise da demanda: teoria da demanda divide-se em teoria


do consumidor e teoria da demanda de mercado.

45
4.4.2 Análise da oferta: teoria da oferta de um bem ou serviço
subdivide-se em oferta da firma individual e oferta de mercado.
Abordagens:

• teoria da produção: analisa as relações entre quantidades físicas do


produto e fatores de produção.

• teoria dos custos de produção: incorpora quantidades físicas e preços


dos insumos.

4.4.3 Análise das estruturas de mercado: determina-se preço e


quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço, a partir da demanda e
da oferta de mercado.

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Estrutura dos bens e serviços:

• concorrência perfeita;
• concorrência imperfeita;
• monopólio;
• oligopólio.

Estrutura do mercado de fatores de produção:

• concorrência perfeita;
• concorrência imperfeita;
• monopsônio;
• oligopsônio.

Neste último, a busca de fatores produtivos é chamada demanda


derivada.

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4.4.4 Teoria do equilíbrio geral: leva em conta inter-relações entre
todos os mercados.

• teoria do bem-estar: estuda como alcançar soluções socialmente


eficientes para o problema de alocação ou distribuição dos recursos.

• análise das imperfeições de mercado: situações nas quais os preços


não são determinados isoladamente em cada mercado.

• teoria do equilíbrio geral e teoria do consumidor são abstratas, pois


utilizam modelos matemáticos de razoável grau de dificuldade.

48
Capítulo 5

Demanda, Oferta e Equilíbrio de


Mercado
5.1 Introdução

5.1.1 Breve histórico: início da evolução do estudo da teoria


microeconômica foi com a análise da demanda de bens e serviços.

Utilidade: grau de satisfação do consumidor com os bens e serviços


que podem ser adquiridos no mercado.

Teoria do valor-utilidade: contrapõe-se à teoria do valor-trabalho,


pressupondo que o valor de um bem se forma por sua demanda,
sendo portanto subjetiva e leva em conta que o valor nasce da relação
do homem com os objetos.

Visão utilitarista: prepondera a soberania do consumidor.

Valor de uso: utilidade que o produto representa o consumidor.

Valor de troca: se forma pelo preço do mercado.


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5.1.2 Utilidade total e utilidade marginal

Utilidade total: tende a aumentar quanto maior a quantidade


consumida do bem ou serviço.

Utilidade marginal: é a satisfação adicional obtida pelo consumo de


mais uma unidade do bem, é decrescente, pois o consumidor vai
perdendo a capacidade de percepção da utilidade.

Ex: Paradoxo da água e do diamante.

5.2 Demanda de mercado

5.2.1 Conceito: quantidade de certo bem ou serviço que os


consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.

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TEORIA DO CONSUMIDOR
A teoria da Demanda, baseia-se na Teoria do Valor Utilidade. Supõe-se
que, dada a renda e dados os preços de mercado, o consumidor, ao
demandar um bem ou serviço, está maximizando a utilidade ou satisfação
que ele atribui ao bem ou serviço. É também chamada de Teoria do
Consumidor.

CONCEITO DE UTIILIDADE TOTAL E UTIILIDADE MARGINAL


Do conceito de Utilidade Marginal, derivam a curva da demanda e suas
propriedades. Tem-se que a Utilidade Total tende a aumentar quanto
maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a
Utilidade Marginal, que é a satisfação adicional, obtida pelo consumo de
mais uma unidade de bem, é decrescente, porque o consumidor vai
saturando-se desse bem, quanto mais o consome.

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MATEMATICAMENTE
= acréscimos finitos.
Umg = UT / q

Sendo “q” a quantidade que o consumidor deseja consumir.


Utilidade Total Utilidade Marginal

q q

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PARADOXO

O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância


do conceito de Utilidade Marginal. Por que a água, mais
necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão
elevado? Ocorre que a água tem grande Utilidade Total, mas,
como é encontrada em abundância, tem baixa Utilidade
Marginal, enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande
Utilidade Marginal.

54
5.2.2 Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a
lei geral da demanda

Lei geral da demanda: relação inversamente proporcional entre


quantidade procurada e o preço do bem, que pode ser expressa pela
curva ou escala de procura, revelando as preferências dos
consumidores.
Qd=f(P)

Qd= quantidade procurada de determinado bem ou serviço, num


dado período de tempo
P= preço do bem ou serviço.

Efeitos que causam a queda da quantidade demandada:


• efeito substituição;
• efeito renda.
55
5.2.3 Outras variáveis que afetam a demanda de um bem

• renda dos consumidores: bem normal, bens inferiores, bens


superiores e bens de consumo saciado.

• preços de outros bens e serviços: bens substitutos ou concorrentes e


bens complementares.

• hábitos e preferências dos consumidores.

• outros fatores específicos: efeitos sazonais, localização, condições de


crédito, etc.

Demanda do bem X = f (preço X, preços dos bens substitutos do bem


X, preço dos bens complementares do bem X, renda dos
consumidores, preferências dos consumidores)

56
5.2.4 Distinção entre demanda e quantidade demandada

Demanda: escala ou curva que relaciona os possíveis preços a


determinadas quantidades.
Quantidade demandada: ponto específico da curva relacionando um
preço a uma quantidade.

5.3 Oferta de mercado: várias quantidades que os produtores


desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo,
dependendo de inúmeros fatores (preço, custo, fatores de produção,
etc.).
Q =f (P)
0

Q = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período


0

57 P= preço do bem ou serviço


Oferta do bem ou serviço= f (preço de X, custos dos fatores de
produção, nível de conhecimento tecnológico, número de empresas
no mercado)
5.3.1 Oferta e quantidade ofertada

Oferta: escala.
Quantidade ofertada: ponto específico da curva da oferta.
O aumento no preço do bem provoca um aumento da quantidade
ofertada, enquanto uma alteração nas outras variáveis desloca a
oferta.
5.4 Equilíbrio de mercado
5.4.1 A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio
A interação das curvas da demanda e de oferta determina o preço e a
quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado
mercado.
58
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio
teremos uma situação de escassez do produto.

Se quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio


haverá excesso ou excedente de produção.

Tendência natural: ocorre quando há competição tanto de


consumidores como de ofertantes.

5.4.2 Deslocamento das curvas de demanda e oferta

Há vários fatores que podem provocar o deslocamento das curvas de


oferta e demanda, com evidentes mudanças no ponto de equilíbrio.
Um deslocamento na curva de oferta afetará a quantidade de
mercado e o preço de equilíbrio.

59
5.5.2 Política de preços mínimos na agricultura: visa dar
garantia de preços ao produtor agrícola, com o propósito de protegê-
lo das flutuações dos preços no mercado.

Quando os preços mínimos são superiores aos preços de mercado, o


produtor prefere vender sua produção ao governo do preço fixado
anteriormente, quanto a isso o governo pode estipular:

• política de compras: comprar o excedente ao preço mínimo.

• política de subsídios: pagar subsídio no preço.

5.5.3 Tabelamento: intervenção do governo no sistema de preços


de mercado para coibir abusos por parte dos vendedores, controlar
preços de bens de primeira necessidade ou refrear o processo
inflacionário.

60
5.6 Conceito de elasticidade: mede a sensibilidade ou reação do
produto em relação às variações de preços e renda.

5.6.1 Elasticidade-preço da demanda:


• Demanda elástica: quando a variação da quantidade demandada
supera a variação do preço.
• Demanda inelástica: ocorre quando uma variação percentual no
preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas
quantidades procuradas.
• Demanda de elasticidade-preço unitária: variações percentuais no
preço e na quantidade são de mesma magnitude, porém, em sentido
inverso.
• Número puro: é fornecido pelo conceito de elasticidade.

61
Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da
demanda:

• existência de bens substitutos;


• essencialidade do bem;
• importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do
consumidor.

Formas de cálculo:

• elasticidade num ponto específico: quando calculamos a elasticidade


apenas para um dado preço e quantidade.

• elasticidade no ponto médio: em vez de utilizar apenas um ponto,


consideram-se as médias de preços e de quantidades em um dado
trecho da demanda.

62
Relação entre receita total do produtor e o grau de elasticidade:

• receita total do produtor: gasto total dos consumidores.


A receita total para uma dada mercadoria é igual à quantidade vendida
vezes seu preço unitário de venda. Dada uma variação no preço do
produto pode acontecer com a receita total:
• demanda elástica;
• demanda inelástica;
• demanda de elasticidade unitária.

Incidência tributária e elasticidade-preço da demanda:


• quanto mais inelástica for a demanda maior será a proporção do
imposto repassada ao consumidor.
• quanto mais elástica for a demanda, menor será a proporção
repassada ao consumidor e maior a parcela paga pelo produtor.
63
5.6.2 Elasticidade-renda da demanda

O coeficiente de elasticidade-renda da demanda mede a variação


percentual da quantidade da mercadoria comprada resultante de uma
variação percentual na renda do consumidor.
• bem inferior: quando a elasticidade-renda da demanda é negativa.
• bem normal: quando a elasticidade-renda é positiva, mas menor que 1.
• bem superior: quando a elasticidade-renda é positiva e maior que 1.

Discussão na literatura econômica: deterioração dos termos de troca no


comércio internacional.
5.6.3 Elasticidade-preço cruzada da demanda: mede a mudança
percentual na quantidade demandada do bem quando se modifica
percentualmente o preço de outro bem.

64
• bens substitutos: elasticidade-preço cruzada da demanda é
positiva.

• bens complementares: elasticidade-preço cruzada da demanda é


negativa.

5.6.4 Elasticidade-preço da oferta

• resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço


e quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a
quantidade disposta para se ofertar.

• Pode ser calculada em um ponto específico ou em um ponto médio.

• Corrente estruturalista: aponta a elasticidade da oferta de produtos


agrícolas como principal causa da inflação.
65
VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA

1. Riqueza ( e sua distribuição)


2. Renda ( e sua distribuição)
3. Preço dos outros bens
4. Fatores climáticos e sazonais
5. Propaganda
6. Hábitos, gostos, preferências dos consumidores
7. Expectativas sobre o futuro
8. Facilidades de crédito (disponibilidade, taxa de juros, prazos)

66
FUNÇÃO DA DEMANDA
Tradicionalmente, a função demanda é colocada como dependente das seguintes
variáveis, consideradas as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas na
maioria dos mercados de bens e serviços;

d
q = f (pi, ps, pc, R, G ) Função Geral da Demanda
Onde:
i
d
q = quantidade procurada (demanda) do bem i/t (t significa num dado período)
i
Pi = preço do bem i/t
Ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes/t
Pc = preço dos bens complementares/t
R = renda do consumidor/t
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor/t

67
Fatores que afetam a demanda por bens e serviços

Preço do Produto

Fatores aleatórios Preço de outros produtos


complementares
Demanda
do
Produto
Preço de outros
Renda do Comprador produtos substitutos
ou de demanda
derivada

Preferências do
Consumidor
68
VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA

São as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de


qualquer bem ou serviço. Agora, o mercado de cada bem tem suas
particularidades, e algumas dessas variáveis podem não afetar a
demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por variáveis não
incluídas nessa relação ( por exemplo, localização dos consumidores,
influência de fatores sazonais).

Para estudar o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a procura


de determinado bem ou serviço, recorremos à hipótese de Coeteris
Paribus ( todas as demais variáveis permanecem constantes).

69
RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DEMANDADA E O PREÇO
DO PRÓPRIO BEM

É a função convencional da demanda:

d
q = f (Pi ) supondo Ps, Pc, R e G constantes
i
d
Sendo i q / Pi < 0 , que é chamada LEI GERAL DA DEMANDA: a quantidade
demandada de um bem ou serviço varia na relação inverso de seu preço,
Coeteris Paribus.

70
Por que ocorre essa relação inversa entre o preço e a
quantidade demandada de um bem ou serviço?
A resposta está na ocorrência dos chamados efeitos substituição e
renda, que agem conjuntamente. Suponhamos uma queda do
preço do bem. Podemos dividir o efeito dessa queda de preço
sobre a quantidade demandada ( que chamaremos de efeito preço
total ) assim:
1. efeito substituição - o bem fica mais barato relativamente aos
concorrentes, com o que a quantidade demandada aumenta.
2. efeito renda - com a queda de preço, o poder aquisitivo do
consumidor aumenta, e a quantidade demandada do bem deve
aumentar. Isto é, ao cair o preço de um bem, mesmo com sua
renda não variando, o consumidor pode comprar mais
mercadorias.

71
A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente
inclinada. Ela expressa qual a escala de procura para o
consumidor, ou seja, dados os preços, quanto o consumidor deseja
adquirir. Por exemplo:

Preço ( $ ) (Qt) Demandada(um)


1,00 50
2,00 45 (Qd 0)
3,00 40
4,00 35
5,00 30
72
Pi Graficamente, teremos:

Função Linear

Di

d
q
0 i
Curva de demanda linear
73
Essa função indica qual a intenção de procura dos
consumidores quando os preços variam, com tudo o mais
permanecendo constante. Ou seja, ela revela o desejo, a
intenção de compra do consumidor, mas não a compra
efetiva. A compra efetiva é um único ponto da escala
apresentada.

No gráfico anterior, supusemos, por simplificação, que a relação


matemática entre quantidade demandada e preço seja uma função
linear, do tipo

d d
q = a – b pi , (por exemplo: q = 55 – 5p).
i i

Obs: A função potencia será vista em outros módulos.


74
d d

Q 0 = a – b pi , (por exemplo: q 0 = 55 – 5p).


i i

75
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

76
77
78
79
DEFINIÇÃO DE OFERTA

Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os


produtores desejam vender em determinado período. A oferta
representa os planos dos produtores ou vendedores, em função
dos preços de mercado. Considera-se que os produtores são
racionais, já que estão produzindo com o lucro máximo, dentro da
restrição de custos de produção.
VARIÁVEIS QUE AFETAM A OFERTA DE UM BEM OU SERVIÇO
As principais variáveis que afetam a oferta de dado bem ou serviço
são:
s
q = f ( Pi , Pm , Pn , O ) Função Geral da Oferta.
i

80
Onde:
s
i q = quantidade ofertada do bem i/t
Pi = preço do bem i/t
Pm = preço dos fatores e insumos de produção “m” (mão-de-obra,
matérias-primas etc.)
Pn = preço de outros “n” bens, substitutos na produção
O = Objetivos e metas do empresário
Sendo o sobrescrito “s” derivado do inglês supply (oferta).
É a chamada função geral da oferta, onde
s
q / P > 0 : se o preço do bem aumenta, estimula as empresas
i i
a produzirem mais. Para produzir mais, os custos de produção
serão maiores, e o preço do bem deve ser aumentado, coeteris
paribus.
81
Assim, como definimos uma escala de procura, tem-se também
uma escala de oferta, que mostra como os empresários
reagem, quando se altera o preço do bem ou serviço, Coeteris
Paribus. Por exemplo:

Preço ($) Quantidade Ofertada ( un )

1,00 30
2,00 35 (Qo 0)
3,00 40
4,00 45
5,00 50

82
P S
i i

Função linear

s
q
i

Curva de oferta de um bem ou serviço


Obs: A função potencia será vista em outro módulo
83
Essa função indica qual a intenção de oferta dos produtores
quando os preços variam, com tudo o mais permanecendo
constante. Ou seja, ela revela o desejo, a intenção de venda
do produtor, mas não a venda efetiva. A venda efetiva é um
único ponto da escala apresentada.

No gráfico anterior, supusemos, por simplificação, que a relação


matemática entre quantidade ofertada e preço seja uma função
linear, do tipo

o o
q = a – b pi , (por exemplo: q = 25 + 5p).
i i

Obs: A função potencia será vista em outros módulos.

84
o o

Q 0 = a – b pi , (por exemplo: q 0 = 25+5p).


i i

85
O Equilíbrio de Mercado de um Bem ou Serviço
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta
como pela procura. Colocando em um único gráfico, as curvas de oferta e de
procura de um bem ou serviço qualquer, a intersecção das curvas é o ponto
de equilíbrio “E”, ao qual correspondem o preço P e a quantidade q .
0 0

S
E

D
q
86 Equilíbrio de mercado de um bem ou serviço
Este ponto é único: a quantidade que os consumidores desejam comprar é
exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender. Ou
seja, não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Existe
coincidência de desejos.

P Excesso de oferta
S

P E
0

Excesso de demanda D

0 q

Qualquer preço superior a P0 a quantidade que os ofertantes desejam


vender é maior do que os consumidores desejam comprar. Existe um
excesso de oferta. Qualquer preço inferior a P , surgirá um excesso
de demanda. 0
87
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.1.2 Numa economia em concorrência perfeita, as curvas de


oferta e procura de determinado bem são Qs = 4P + 4 e Qd = 16
– 2P, onde Qs, Qd e p são, respectivamente, quantidades
ofertadas e demandadas eP o preço. Neste caso, o preço e a
quantidade de equilíbrio são, respectivamente:

a) 120 e 20,00;
b) indeterminados;
c) 12 e 2,00;
d) 10 e 15,00;
e) 2,00 e 12

88
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
a) 120 e 20,00;
b) indeterminados;
c) 12 e 2,00;
d) 10 e 15,00;
e) 2,00 e 12

Solução: Em equilíbrio, a Qs =Qd; assim, fazendo as devidas


substituições, teremos:

4P +4 = 16 – 2P
6P = 12
P=2

Substituindo o valor de P encontrado, nas equações originais,


encontramos os valores de Qs e Qd, ou seja: Q =12.
A resposta então é P = 2 e Q = 12.
89
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.1.3. Suponha que a curva de demanda por um produto X seja


Qd = 800 - 20P, e que sua curva de oferta seja Qs = 80 + 20P.
Encontre o preço de equilíbrio de X nesse mercado.

a)720.
b)72
c)18
d) 20
e)880

90
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

a)720.
b)72
c)18
d) 20
e)880

800-20p=80 + 20p
40p = 800-80
40P= 720
P= 18

91
ELASTICIDADES

Sabemos que, quando aumenta o preço de um bem, a quantidade


demandada deve cair, coeteris paribus. Ou seja, conhecemos apenas
a direção, o sentido, mas não a magnitude numérica: isto é, se o
preço aumenta em 10%, quanto cairá a quantidade demandada?
O conceito de elasticidade fornece essa resposta numérica.

Elasticidade, em sentido genérico, é a alteração percentual em


uma variável, dada uma variação percentual em outra, coeteris
paribus. Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta,
reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis.

92
ELASTICIDADES

Trata-se de um conceito de ampla aplicação em economia. Vejamos alguns


exemplos:
Exemplos da Microeconomia
1. Elasticidade-preço da demanda: é a variação percentual na quantidade
demandada, dada a variação percentual no preço do bem, Coeteris Paribus.
2. Elasticidade-renda da demanda: é a variação percentual na quantidade
demandada, dada uma variação percentual na renda, Coeteris Paribus.
3. Elasticidade-preço cruzada da demanda: é a variação percentual na
quantidade demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem,
Coeteris Paribus.
4. Elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na quantidade
ofertada, dada a variação percentual no preço do bem, Coeteris Paribus.

93
ELASTICIDADES

Exemplos da Macroeconomia
1. Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: é a variável
percentual nas exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio,
coeteris paribus.
2. Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros: é a
variação percentual da procura de moeda, dada a variação percentual da taxa
de juros, coeteris paribus.

Enfim, sempre quando tivermos uma relação entre variáveis em


economia, podemos calcular a elasticidade.

94
Elasticidade-preço da demanda

Elasticidade: mede a sensibilidade ou reação do produto em


relação às variações de preços e renda. Isto é, a resposta dos
consumidores, quando ocorre uma variação no preço de um
bem/serviço.

95
Demanda & Oferta: elasticidade

üDemanda elástica: quando a variação da quantidade demandada


supera a variação do preço. Em outros termos, a qtde demandada
reage BASTANTE às variações do preço.

üDemanda inelástica: ocorre quando uma variação percentual no


preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas
quantidades procuradas. Em outros termos, a qtde demandada NÃO
RESPONDE muito às variações do preço.

üDemanda de elasticidade-preço unitária: variações percentuais


no preço e na quantidade são de mesma magnitude, porém, em
sentido inverso.
96
Representação gráfica

A elasticidade varia
de acordo com a
inclinação da curva
da demanda.

97
Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da
demanda:

ü existência de bens substitutos;


ü essencialidade do bem;
ü importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do
consumidor.

Formas de cálculo:

ü elasticidade num ponto específico: quando calculamos a


elasticidade apenas para um dado preço e quantidade.

ü elasticidade no ponto médio: em vez de utilizar apenas um ponto,


consideram-se as médias de preços e de quantidades em um dado
trecho da demanda.
98
Relação entre receita total do produtor e o grau de elasticidade:

ü receita total do produtor = gasto total dos consumidores.

RT = Q x P

Dada uma variação no preço do produto pode acontecer com a receita total:
ü demanda elástica (RT e P inversamente relacionados);
ü demanda inelástica (RT e P diretamente relacionados);
ü demanda de elasticidade unitária (RT permanece inalterada).

Incidência tributária e elasticidade-preço da demanda:

ü quanto mais inelástica for a demanda maior será a proporção do imposto


repassada ao consumidor.
ü quanto mais elástica for a demanda, menor será a proporção repassada ao
consumidor e maior a parcela paga pelo produtor.

99
Outros tipos de elasticidade...

Elasticidade-renda da demanda
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda mede a variação
percentual da quantidade da mercadoria comprada resultante de
uma variação percentual na renda do consumidor.

100
Elasticidade-preço cruzada da demanda: mede a mudança percentual
na quantidade demandada do bem quando se modifica
percentualmente o preço de outro bem.

ü bens substitutos: elasticidade-preço cruzada da demanda é positiva.


E>0
ü bens complementares: elasticidade-preço cruzada da demanda é
negativa. E<0

Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: é a


variação percentual nas exportações, dada a variação percentual da
taxa de câmbio, coeteris paribus.

Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros: é a


variação percentual da procura de moeda, dada a variação percentual
101 da taxa de juros, coeteris paribus.
Elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na
quantidade ofertada, dada a variação percentual no preço do
bem, coeteris paribus.

Fatores que afetam a elasticidade da Oferta:

ü O tempo disponível para ajustar o preço,


ü A facilidade de armazenar o produto,
ü Quão barato fica elevar a produção.

102
Representação gráfica da Elasticidade-preço da oferta

103
104
ELASTICIDADES

ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA


É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma
variação percentual no preço do bem, Coeteris Paribus. Mede a
sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma
variação no preço de um bem ou serviço.

d
E = variação percentual q = q0 –q1
pp variação percentual p q0

105
Imaginemos um grupo de compradores formado pelos indivíduos
A, B, C e D, cada um deles tem um sentido de valor diferente,
com relação a o que bem ou serviço a ser adquirido lhe
proporcionará, o que poderá ser expresso em unidades
monetárias.

106
As preferências dos consumidores

O indivíduo A está disposto a pagar no máximo $100.


B, por sua vez, pagaria até $80.
Já o indivíduo C quer negociar o bem ou serviço pagando no
máximo $70.
Ao final, constatamos que o indivíduo D quer desembolsar só $50
para adquirir o produto.

Estas informações foram dispostas na tabela a seguir:

107
As preferências dos consumidores

Preços idealizados pelo comprador


Comprador Disposição para pagar
(máximo de unidades monetárias)
A 100
B 80
C 70
D 50

108
As preferências dos consumidores

Observa-se, portanto, que a disposição para pagar depende


fundamentalmente das preferências individuais.
Significa que cada consumidor tem determinada renda e
preferências relacionadas, por exemplo, à forma, cor, qualidade,
tecnologia envolvida na produção, características técnicas do
produto, além de sentimentos e emoções que diferem entre um e
outro indivíduo.

109
As preferências dos consumidores

Se A está disposto a pagar até $100, obviamente ele também


está disposto a pagar qualquer quantia inferior a este valor.
Portanto, ele se soma a todos os demais na faixa de preço
estabelecida inferiormente ao valor de $100.

O mesmo ocorre com o indivíduo B, que se junta àqueles que


se posicionam abaixo de $80, que é a sua máxima disposição
para pagar e também com o C, na faixa que vai até $70,
ficando D posicionado na disposição a pagar até $50.

110
As preferências dos consumidores

Vamos considerar que as faixas de preço extraídas da


observação inicial sejam dispostas lado a lado com o número
de compradores potenciais e a quantidade demandada, ou
seja, a quantidade do produto que poderia ser adquirida pelo
total de compradores, conforme tabela a seguir:

111
As preferências dos consumidores

Preço e Quantidade Demandada

Faixa de Preço Número de potenciais Quantidade


compradores demandada
Acima de $100 0 0
Entre $81 e $100 1 1
Entre $71 e $80 2 2
Entre $51 e $70 3 3
Até $50 4 4

112
As preferências dos consumidores

Podemos registrar as informações da tabela vista anteriormente


num gráfico cartesiano, ou seja, as quantidades no eixo
horizontal (abscissa) e os preços no eixo vertical (ordenada).

Com esse sistema de coordenadas cartesianas, poderemos


posicionar os indivíduos A, B, C e D num determinado plano.

113
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.1.4 Considere um mercado competitivo no qual as quantidades


anuais demandadas e ofertadas a diversos preços sejam as que
aparecem no esquema no final deste exercício:

Preço Demanda Oferta


($) (milhões) (milhões)

60 22 14
80 20 16
100 18 18 PE

120 16 20

114
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.1.4 Considere um mercado competitivo no qual as quantidades


anuais demandadas e ofertadas a diversos preços sejam as que
aparecem no esquema no final deste exercício:

Preço Demanda Oferta


($) (milhões) (milhões)

60 22 14
80 20 16
100 18 18
120 16 20

115
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

a. Calcule a elasticidade-preço da demanda quando o preço for $80 e


também quando o preço for $100.Sabemos que a elasticidade-preço da
demanda pode ser calculada por meio da equação 2.1 expressa no livro:
DQ D
QD P DQ D
ED = = .
DP Q D DP
P
Com um aumento de $20 em cada preço, a quantidade demandada
diminui em 2. Logo,
æ DQD ö -2
ç ÷= = -0,1
è DP ø 20
Ao preço P = 80, a quantidade demandada é igual a 20 e
æ 80 ö
E D = ç ÷(-0,1) = -0,40
è 20 ø
Similarmente, ao preço P = 100, a quantidade demandada é igual a 18 e
æ 100 ö
116 ED = ç ÷(-0,1) = -0,56
è 18 ø
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
b. Calcule a elasticidade-preço da oferta quando o preço for $80 e
também quando o preço for $100. A elasticidade da oferta é dada por:
DQS
QS P DQS
ES = = .
DP QS DP
P
Com um aumento de $20 em cada preço, a quantidade ofertada
aumenta em 2. Logo,
æ DQS ö 2
ç ÷= = 0,1
è DP ø 20

Ao preço P = 80, a quantidade ofertada é igual a 16 e


æ 80 ö
E S = ç ÷(0,1) = 0,5
è 16 ø
Similarmente, ao preço P = 100, a quantidade ofertada é igual a 18 e
æ 100 ö
117 ES = ç ÷(0,1) = 0,56
è 18 ø
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1.1.4 Considere um mercado competitivo no qual as quantidades


anuais demandadas e ofertadas a diversos preços sejam as que
aparecem no esquema no final deste exercício:

Preço Demanda Oferta


($) (milhões) (milhões)

60 22 14

æ DQD ö - 2 80 20 16
ç ÷= = -0,1 æ DQS ö 2
è DP ø 20 ç ÷= = 0,1
100 18 18 è DP ø 20

120 16 20
æ 100 ö
ES = ç ÷(0,1) = 0,56
æ 80 ö è 18 ø
118 E D = ç ÷(-0,1) = -0,40
è 20 ø
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

c. Quais são o preço e a quantidade de equilíbrio?

O preço e a quantidade de equilíbrio são dados pelo ponto em que a quantidade


ofertada é igual à quantidade demandada. Como vemos na tabela, o preço de
equilíbrio é $100 e a quantidade de equilíbrio é 18 milhões.

d. Suponha que governo estabeleça um preço teto de $80. Haverá


escassez? Em caso afirmativo, qual será sua dimensão?

Com um preço teto de $80, os consumidores desejam adquirir 20 milhões;


entretanto, os produtores fornecerão apenas 16 milhões. Isso resultará em uma
escassez de 4 milhões.

119
120
121
122
Preço
do Livro

$30 $30

3
Quantidade de livros

123
124
125
126
Preço
do
Livro

$30 $30

3
Quantidade de livros

127
128
3

129
130
3

(-) 3 (+)

131
132
133
Capítulo 6

Produção e Custos
I – Teoria da Produção

6.1 Introdução

A teoria da produção e a teoria dos custos de produção constituem a


teoria da oferta da firma individual, seus princípios são importantes
para a análise dos preços, do emprego dos fatores e de sua alocação.
As teorias servem de base para a análise das relações entre produção
e custo de produção.

Teoria da produção: preocupa-se com a relação técnica ou


tecnológica entre a quantidade física de produtos (outputs) e de
fatores de produção (inputs).

Teoria dos custos de produção: relaciona a quantidade física de


produtos com os preços dos fatores de produção.
135
6.2 Conceitos básicos da teoria da produção

6.2.1 Produção: processo de transformação dos fatores adquiridos


pela empresa em produtos para a venda no mercado.

• processos de produção: intensivos em mão-de-obra, intensivos em


capital ou intensivos em terra.

• processo de produção simples: produção de um único produto.

• processo de produção múltiplo: quando é mais de um produto.

• eficiência do método: uso de menor quantidade de insumos para


produzir uma quantidade equivalente de produtos.

• eficiência econômica: é associada ao método de produção mais


barato para produzir uma determinada quantidade de produto.

136
6.2.2 Função de produção: relação que mostra quantidade física
obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de
produção em determinado período de tempo.
q= f (N, K)
N= quantidade utilizada de mão-de-obra;
K= quantidade utilizada de capital.

6.2.3 Fatores fixos e fatores variáveis de produção > curto e


longo prazos

• fatores de produção variáveis: quantidades utilizadas variam quando se


altera o volume da produção.
• fatores de produção fixos: quantidades não muda quando a quantidade
do produto varia.

137
Relações entre quantidade produzida e quantidade utilizada dos fatores:

• curto prazo: período em que pelo menos um fator de produção se


mantém fixo, na função de produção.

• longo prazo: quando todos os fatores da função de produção são


considerados variáveis.

6.3 Análise de curto prazo: a curto prazo, a quantidade produzida só


depende de uma variação da quantidade usada do fator variável.

6.3.1 Conceitos de produto total, produtividade média e


produtividade marginal

• produto total: quantidade de produto obtido da utilização do fator


variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores.

138
• produtividade média do fator: resultado do quociente da quantidade
total produzida pela quantidade utilizada desse fator.

a) produtividade média da mão-de-obra= quantidade de produtos


sobre/número de trabalhadores

b) produtividade média do capital= quantidade de


produto/quantidade de máquinas

• produtividade marginal:

a) Produtividade marginal de mão-de-obra= variação de


produto/acréscimo de 1 unidade de mão-de-obra

b) Produtividade marginal do capital= variação de produto/acréscimo


de 1 unidade de capital

139
No caso da agricultura:

c) produtividade média da terra= quantidade produzida/área cultivada


d) produtividade marginal da terra= variação de produto/acréscimo de
1 unidade de área cultivada

6.3.2 Lei dos rendimentos decrescentes: elevando-se a


quantidade do fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos
demais fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas
crescentes;
• e depois de certa quantidade do fator variável, continuará a
crescer, mas a taxas decrescentes;
• continuando o incremento da utilização do fator variável, a
produção total chegará a um máximo, para então decrescer.

140
• A lei do rendimento crescente é um fenômeno de curto prazo, com
pelo menos um insumo fixo.
• desemprego disfarçado: agricultura de subsistência.

6.4 Análise de longo prazo: hipótese de que todos os fatores são


variáveis. A suposição de que todos os fatores de produção variam dá
origem aos conceitos de economias ou deseconomias de escala.
q= f (N,K)

6.4.1 Economias de escala: resposta da quantidade produzida a


uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de
produção.
a) rendimentos crescentes de escala: quanto a variação na
quantidade do produto total é mais do que proporcional à variação da
quantidade dos fatores de produção.
141
Causas dos rendimentos crescentes de escala:

• maior especialização no trabalho;

• existência de indivisibilidades entre os fatores de produção.

b) rendimentos constantes de escala: quando a variação do produto


total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de
produção.

c) rendimentos decrescentes de escala: quando a variação do produto


é menos do que proporcional à variação da utilização dos fatores.

Pode ocorrer uma descentralização das decisões que faça com que o
aumento de produção não compense o investimento feito.

142
I – Custos de Produção

6.5 Introdução

O objetivo básico de uma firma é maximizar os resultados quanto da


realização da atividade produtiva, podendo ser conseguida quando for
alcançada a:

• maximização da produção para um dado custo total; ou


• maximização do custo total para um dado nível de produção.

Equilíbrio da firma: situação de maximização dos resultados.

6.6 Custos totais de produção: total das despesas realizadas pela


firma a partir da combinação mais econômica dos fatores que
resultará em determinada quantidade de produto. CT=CF+CV

143
• custos variáveis totais (CVT): parcela dos custos totais, que
dependem da produção e por isso muda com a variação do volume de
produção. Representam as despesas realizadas com os fatores
variáveis de produção (custos diretos).

• custos fixos totais (CFT): parcela dos custos totais que independe
da produção, decorrentes dos gastos com fatores fixos de produção
(custos indiretos).

Divisão da análise dos custos de produção:

• custos totais de curto prazo: compostos por parcelas de custos fixos


e de custos variáveis;

• custos totais de longo prazo: formados somente por custos variáveis.

144
6.6.1 Custos de curto prazo

Custos Médios e Marginais:

• custo total médio: é obtido por meio do quociente entre o custo total
e a quantidade produzida. CTme=CT/Q

• custo variável médio: é o quociente entre o custo variável total e


quantidade produzida. CVme=CV/Q

• custo fixo médio: é o quociente entre o custo fixo total e a


quantidade produzida. CFme=CF/Q

• custo marginal: é dado pela variação do custo total em resposta a


uma variação da quantidade produzida. CV

145
Lei dos custos crescentes: lei da teoria dos rendimentos
decrescentes, da teoria da produção, aplicada à teoria dos custos da
produção.

6.6.2 Custos de longo prazo: o comportamento do custo total e do


custo médio de longo prazo está ligado ao tamanho ou dimensão da
planta escolhida para operar em longo prazo.

6.7 Diferenças entre a visão econômica e a visão contábil-


financeira dos custos de produção:
6.7.1 Custos de oportunidade versus custos contábeis:

• custos contábeis: custos explícitos, que envolvem dispêndio


monetário;
• custos de oportunidade: custos implícitos, relativos aos insumos que
pertencem à empresa e que não envolvem desembolso monetário.
146
6.7.2 Custos privados e custos sociais: as externalidades ou
economias externas

• Externalidades: alterações de custos e benefícios para a sociedade


derivadas da produção das empresas ou das alterações de custos e
receitas de fatores externos.

• Externalidade positiva: quando uma unidade econômica cria


benefícios para outras, sem receber pagamento por isso.

• Externalidade negativa: quando uma unidade econômica cria custos


para outras, sem pagar por isso.

• Ótica privada: custos efetivos como mão-de-obra, materiais, etc.

• Ótica social: externalidades provocadas pelo empreendimento.

147
6.7 Custos versus despesas

Custos: gastos associados ao processo de fabricação de produtos.

• custos diretos: custos variáveis;


• custos indiretos: custos fixos.

Despesas: associadas ao exercício social e alocadas para o resulta do


geral do período.

Conceito fixos também engloba as despesas financeiras, comerciais e


administrativas.

Exceção: teoria da organização industrial.

148
III – Maximização dos Lucros

6.8 Maximização do lucro total: no curto ou no médio prazo.

Lucro total= receita total de vendas – custo total de produção LT=RT-CT

Maximização do lucro em um nível de produção que:

• RMg da última unidade produzida = CMg da última unidade produzida

RMg = RT CMg = CT

6.9 Conceitos de lucro normal e lucro extraordinário: ganho


alternativo que os proprietários aufeririam se empregassem o capital em
outra atividade ou aplicação.

149
Conceitos:

• lucro contábil: diferença entre receita e custos efetivamente


incorridos;

• lucro normal: custo de oportunidade de capital;

• lucro extraordinário: diferença entre receita e total dos custos


contábeis e custos de oportunidade.

6.10 O conceito de break-even point: ponto de equilíbrio


representa o nível de produção em que a receita total é igual ao custo
total e a partir do qual a empresa passa a gerar lucros.

150
Fronteira das Possibilidades de Produção

Possibilidades de Produção, conhecidos os fatores.


Alternativa Quando a produção do ...a produção do bem
bem alfa é... beta é...
A 0 20
B 1 19
C 2 17
D 3 13
E 4 8
F 5 0

151
Fronteira das Possibilidades de Produção

O slide a seguir apresenta, graficamente, as quantidades do bem


beta no eixo dos y e as de alfa no eixo dos x.

A curva mostra a combinação ótima de produção dos dois bens,


representadas pelas possibilidades (A a F).

Unindo-se os pontos A a F, que representam as alternativas


constantes da Tabela, tem-se a Curva de Possibilidades de
Produção (CPP).
No ponto A, por exemplo, todos os fatores são utilizados para a
produção do bem beta

152
Fronteira das Possibilidades de Produção
Economia de Mercado

Disposição dos dados

Bem beta
A
B
20
C
D
15

E
10

5
F
0
1 2 3 4 5
Bem alfa

153
Fronteira das Possibilidades de Produção
Entre os dois pontos extremos existem outros, intermediários,
que revelam a escassez dos recursos e a imperiosidade de
sacrifício de unidades de produção de um bem quando se
aumenta a produção de outro.

A produção pode ficar aquém desta fronteira (pontos localizados


não em cima, mas dentro da curva), não sendo empregados
todos os recursos disponíveis, ocorrendo desemprego de fatores.

Podemos expandir a produção de um ou de ambos os bens até os


limites das possibilidades de produção, indicado pela CPP.

154
Fronteira das Possibilidades de Produção

155
Fronteira das Possibilidades de Produção

Um deslocamento da CPP para cima e para a direita, denota o


crescimento da produção devido a alterações positivas na
composição e no volume dos fatores de produção.

Estas alterações geralmente são decorrentes de um aumento na


quantidade do fator capital, uma melhoria qualitativa na força de
trabalho, e, ainda, do progresso tecnológico, responsável por
novos métodos de produção.

156
Custo de oportunidade

157
Fronteira das Possibilidades de Produção

O deslocamento da CPP para a esquerda indica uma anormalidade


no funcionamento de todo o sistema econômico, como uma guerra
ou uma epidemia, que podem causar grande redução na
quantidade e qualidade do fator mão-de-obra, por exemplo.

158
Custo de oportunidade

É a renúncia ou sacrifício de um bem em prol da obtenção de


outro.

A obtenção da segunda unidade de alfa leva ao sacrifício de mais


duas de beta; a terceira de alfa exige um custo de oportunidade
de mais quatro de beta, e assim por diante.

159
Lei dos Rendimentos Decrescentes

Trata-se de outro comportamento observável na economia.

À medida que, mantidos todos os demais constantes (coeteris


paribus) se introduz mais quantidade de um fator, menor será o
incremento na produção de um bem (ou serviço).

No caso de uma produção agrícola, por exemplo, teremos que,


com o acréscimo continuado de lavradores, a terra apresentará
cada vez menos rendimento

160
Lei dos Rendimentos Decrescentes

Quantidade de Produção (toneladas de Acréscimos


trabalhadores milho

10 100 ---

11 109 9

12 116 7

13 100 -16

161
Como produzir?

A resolução à esta questão ocorre no âmbito tecnológico.

Competirá à sociedade como um todo a adoção de técnicas de


produção que procurem combinar, da forma mais adequada
possível, seus recursos humanos e patrimoniais.

“...a sociedade deverá saber graduar a absorção de


tecnologia, de tal forma que a penetração da técnica no
aparelhamento produtivo não implique desperdício do
potencial humano, pelo desemprego tecnológico” ... (e
nem) recusar o emprego de técnicas que realmente lhe
possibilitem máxima eficiência produtiva.” (ROSSETTI,
pg. 174)
162
Para quem produzir?
Aqui, a solução da questão está relacionada com o aspecto social
da vida em sociedade.
Consiste em decidir de que forma será distribuída, por toda a
sociedade, a produção obtida - solucionar o problema da
distribuição da renda.

“...nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz se a


maioria dos que a constituem são pobres e miseráveis.”
(SMITH, Adam. A Riqueza das Nações, 1776)

163
Para quem produzir?

“...a incapacidade para garantir o pleno emprego e a


arbitria e desigual repartição da riqueza constituem os
dois principais defeitos do mundo em que vivemos.”
(KEYNES, J.M, Teoria Geral do Emprego, da Moeda e do Juro,
1936 )

É importante maximizar o produto, mas, também é distribuí-lo de


forma satisfatória entre aqueles que participam do processo
produtivo.

164
Conceitos Identificações Comportamentos típicos a curto prazo

Não se altera em função das quantidades


CUSTO FIXO TOTAL CFT produzidas. É representado por uma reta
paralela ao eixo das quantidades.

Aumenta em função do aumento das


quantidades produzidas, mas não na
mesma proporção. Inicialmente, os
aumentos são menos que proporcionais,
CUSTO VARIÁVEL TOTAL CVT possibilitando retribuições crescentes. A
partir de certo nível, seus aumentos
passam a ser mais que proporcionais,
conduzindo a retribuições decrescentes.

É a soma, para cada nível de produção, dos


CUSTO TOTAL CT = CFT + CVT custos fixos e variáveis.
Resulta da divisão do custo fixo total pelas
quantidades produzidas. Inicialmente,
CUSTO FIXO MÉDIO CFMe = CFT /Q declina acentuadamente. Mas a intensidade
do declínio se amortece à medida que
aumentam as quantidades produzidas.

165
Resulta da divisão do custo
variável total pelas quantidades
CUSTO VARIÁVEL MÉDIO CVMe = CVT /Q produzidas. Mostra um pequeno
declínio inicial e, a partir de
certo nível, uma ligeira
tendência à expansão.
Resulta da divisão do custo total
pelas quantidades produzidas. É
ainda dado pela soma dos custos
fixo médio e variável médio.
CUSTO TOTAL MÉDIO CTMe = CFMe + CVMe Decresce acentuadamente no
início, mas passa a aumentar a
partir do ponto em que os
aumentos do custo variável
médio se tornam maiores do que
as reduções do custo fixo médio.
É o custo em que a empresa
incorre para produzir uma
unidade adicional. Situa-se
abaixo do custo variável médio
CUSTO MARGINAL CMg até o ponto em que este alcança
seu nível mínimo. A partir daí
revela uma tendência à
expansão particularmente
acentuada.

166
Capítulo 7
Estruturas de mercado
7.1 Introdução

As estruturas de mercado dependem de três características:


• número de empresas que compõem esse mercado;
• tipo do produto: idênticos ou diferenciados;
• se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse
mercado.
7.2 Concorrência pura ou perfeita: tipo de mercado em que há
grande número de vendedores que uma empresa isoladamente não
afeta a oferta do mercado, nem seu equilíbrio, elas são apenas
tomadores de preços.
• mercado atomizado;
• produtos homogêneos;
• não existem barreiras para novas empresa;
• transparência do mercado.
168
Características básicas

Mobilidade de firmas: não há barreiras para o ingresso de empresas no


mercado.

Racionalidade :os empresários sempre maximizam lucro e os


consumidores maximizam satisfação ou utilidade derivada do consumo
de um bem, ou seja, os agentes agem racionalmente.

Transparência do mercado: consumidores e vendedores têm acesso a


toda informação relevante, sem custos, isto é, conhecem os preços,
qualidade, os custos , as receitas e os lucros dos concorrentes;

169
Características básicas

Obs.: Uma característica do mercado em concorrência perfeita é que, a


longo prazo, não existem lucros extras ou extraordinários (onde as
receitas supram os custos), mas apenas os chamados lucros normais,
que representam a remuneração implícita do empresário (seu custo de
oportunidade, ou o que ele ganharia se aplicasse seu capital em outra
atividade.

170
7.3 Monopólio

Mercado monopolista: apresenta condições opostas às da


concorrência perfeita, não há concorrência, nem produto concorrente.

Barreiras para novas empresas:

• monopólio puro ou natural;


• patentes;
• controle de matérias-primas básicas;
• monopólio estatal;

Os lucros extraordinários devem persistir também no longo prazo em


mercados monopolizados.

171
7.4 Oligopólio: estrutura formada por pequeno número de empresas
que dominam a oferta de mercado.

• cartel: organização de produtores dentro de um setor que determina


política de preços para todas as empresas que a ela pertencem;

• liderança de preços: empresas líderes e empresas satélites.

• oligopólios com produtos diferenciados;

• oligopólios com produtos homogêneos;

• objetivos: na teoria marginalista é a maximização de lucros e na


teoria da organização industrial é maximizar o Mark-up.

Mark-up= receita de vendas – custos diretos


172
Preço calculado no modelo de mark-up: p= (1+m)C

Taxa de mark-up: fixada de forma a cobrir custos diretos e custos fixos


e atender a certa taxa de rentabilidade desejada pelos acionistas.
Teoria: as empresas não conseguem prever a demanda por seu
produto e, portanto, suas receitas, mas conhecem bem seus custos.
Elas fixam preços a partir de uma base mais objetiva, nos seus custos.
7.5 Concorrência monopolística: estrutura de mercado
intermediária entre concorrência perfeita e monopólio. Características:

• número relativamente grande de empresas com certo poder de


concorrência, porém com segmentos de mercados e produtos
diferenciados;

• margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma
vez que existem produtos substitutos no mercado.

173
Características básicas

Obs.: Como não existem barreiras para a entrada de firmas, a longo


prazo há tendência apenas para lucros normais (RT=CT), como em
concorrência perfeita, ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo
atraem novas firmas para o mercado, aumentando a oferta do
produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão lucros
normais, quando então cessa a entrada de concorrentes.

174
7.6 Estruturas do mercado de fatores de produção: mão-de-
obra, capital, terra e tecnologia, apresenta diferentes estruturas e
possui demanda derivada.

7.6.1 Concorrência perfeita no mercado de fatores: mercado


cuja oferta do fator de produção é abundante, tornando o preço
desse fator constante.

7.6.2 Monopólio no mercado da fatores: quando há um


monopolista na venda de insumos.

7.6.3 Oligopólio no mercado de fatores: quando poucas


empresas produzem um determinado insumo.

7.6.4 Monopsônio: forma de mercado na qual há somente um


comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos.
175
7.6.5 Oligopsônio: mercado em que há poucos compradores
negociando com muitos vendedores na compra de insumos.

7.6.6 Monopólio bilateral: quando um monopsonista, defronta com


um monopolista na venda de um fator de produção.

7.7 Grau de concentração econômica no Brasil: para verificar o


grau calcula-se a proporção do faturamento das quatro maiores
empresas de cada ramo de atividade sobre o total faturado no ramo
respectivo. Quanto mais próximo de 100%, maior o grau de
concentração do setor.

7.8 A ação governamental e e os abusos do poder: Sistema


Brasileiro de Defesa da Concorrência é constituído de órgãos (Cade,
SDE, SEAE) que julgam processos administrativos relativos a abusos
de poder econômico e analisa fusões de empresas.

176
Características Nº de Empresas Produto Controle de Preços Ingresso

Concorrência Sem
Muito grande Homogêneo Rigidez
Perfeita barreiras

Só há uma Não há Empresa Há barreiras


Monopólio empresa substitutos com poder p/ as novas
próximos

Oligopólio Pequeno Pode ser Há


Poder c/
homogêneo ou barreiras
Interdependência
diferenciado p/ as novas

Concorrência
Monopolística Grande Pouca margem de Sem
Diferenciado
manobra barreiras

177
178
179
180
Características Exemplos

Concorrência
Perfeita Paradigma (referencial de perfeição) – Ex.: Trigo

Monopólio Petróleo, energia.

Algumas rotas aéreas. Concessionárias de veículos.


Oligopólio

Concorrência Software (Editor de Texto, planilhas, etc.)


Monopolística

181
Capítulo 8
Introdução à Macroeconomia
8.1 Introdução

Macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a


determinação e o comportamento de grandes agregados, como renda
e produtos nacionais, nível geral de preços, desemprego e emprego,
etc.

Ela trata o mercado de bens e serviços como um todo, assim como o


mercado de trabalho, e preocupa-se com aspectos de curto prazo ou
conjunturais.

8.2 Objetivos de política macroeconômica:


8.2.1 Alto nível de emprego: preocupação com o fator surge após
a Grande Depressão, com o teórico Keynes, pois antes predominava o
pensamento liberal.

8.2.2 Estabilidade de preços: inflação é o aumento contínuo e


generalizado do nível geral dos preços.
183
8.2.3 Distribuição eqüitativa de renda: disparidade acentuada no
nível de renda brasileiro, tanto entre diferentes grupos
socioeconômicos como entre regiões do país.

8.2.4 Crescimento econômico: aumento do produto nacional por


meio de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva.
Aumentar o produto além do limite de quantidade exigirá:

• ou um aumento nos recursos disponíveis;


• ou um avanço tecnológico.

8.2.5 Dilemas de política econômica: inter-relações e conflitos


de objetivos

Conflitos: metas de crescimento e eqüidade distributiva devido ao


fator educacional, com maioria da mão-de-obra de baixa qualificação
e baixos rendimentos.
184
8.3 Instrumentos de política macroeconômica:

8.3.1 Política fiscal: instrumentos que o governo usa para arrecadar


tributos e controlar suas despesas, por meio da manipulação da
estrutura e alíquotas de impostos, para estimular os gastos de
consumo do setor privado.

Princípio de anterioridade: implementação de uma medida só pode


ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação pelo Congresso
Nacional.

8.3.2 Política monetária: atuação do governo sobre a quantidade


de moeda e títulos públicos na economia.
• emissões;
• reservas compulsórias;
• open market;
• redescontos;
• regulamentação sobre crédito e taxas de juros.
185
8.3.3 Políticas cambial e comercial:

Cambial: atuação do governo sobre a taxa de câmbio;

Comercial: instrumentos de incentivos às exportações e/ou


estímulo/desestímulo às importações.

8.3.4 Política de rendas: intervenção direta do governo na


formação de renda com o controle e congelamento de preços.

8.4 Estrutura de análise macroeconômica:

8.4.1 Mercado de bens e serviços: demanda agregada depende da


evolução da demanda dos quatro grandes setores:
• consumidores;
• empresas;
• governo;
• setor externo.
186
Condição de equilíbrio de mercado:
Oferta agregada de bens/serviços= demanda agregada de
bens/serviços
Variáveis:
• nível de renda e produto nacional;
• nível de preços;
• consumo agregado;
• poupança agregada;
• investimentos agregados;
• exportações totais;
• importações totais.
8.4.2 Mercado de trabalho: determina as taxas de salário e nível
geral de emprego. A demanda e a procura por mão-de-obra depende da
taxa de salário real e do nível de produção desejado pelas empresas.
187 Oferta de mão-de-obra= demanda de mão-de-obra
8.4.3 Mercado monetário: existência de uma demanda de moeda e
de uma oferta de moeda, determinada pelo BC e pela atuação dos
bancos comerciais.

Oferta de moeda= Demanda de moeda

Variáveis desse mercado:


• taxa de juros;
• estoque de moeda.

8.4.4 Mercado de títulos: análise do papel de agentes econômicos


superavitários e deficitários e como eles se interagem.

Oferta de títulos = Demanda de títulos

Análise do mercado monetário e de títulos é chamado de mercado


financeiro.

188
8.4.4 Mercado de divisas: devido as transações econômicas com o
resto do mundo.

Oferta de divisa: depende das exportações e da entrada de capitais


financeiros.

Demanda da divisa: determinada pelo volume de importações e


saída de capital financeiro.

Oferta de divisas = Demanda de divisas

Banco Central: pode interferir nesse mercado a partir de taxas de


câmbio e da taxa de equilíbrio.

Variáveis determinadas institucionalmente: gastos do governo e


oferta de moeda.

189
Mercado de capitais físicos: está embutido no mercado de bens e
serviços por meio dos investimentos e da poupança.

Mercado de capitais financeiros: estudo a partir do mercado


monetário e de títulos.

190
Capítulo 9
Contabilidade Social
9.1 Introdução

Contabilidade social: relativa à medição dos agregados econômicos


nacionais, trata-se do registro contábil da atividade produtiva de um
país ao longo de um dado período de tempo.

9.1.1 Sistemas de contabilidade social: sistema de contas


nacionais e a matriz de relações intersetoriais.

9.1.2 Sistema de contas nacionais: usa o método tradicional das


partidas dobradas, discriminando transações dos grandes agentes
macroeconômicos, cada um representado por uma conta específica.
Mede-se nele as transações com bens e serviços finais.

9.1.3 Matriz de relações intersetoriais: inclui transações


intermediárias, permitindo analisar também as relações econômicas
entre os vários setores de atividade, fornecendo informações
completas ao exigir dados mais detalhados.
192
9.2 Princípios básicos das contas nacionais
• consideram-se apenas as transações com bens e serviços finais;
• mede-se apenas a produção corrente do próprio período;
• as transações se referem a um fluxo;
• a moeda é neutra;
• não são considerados os valores das transações puramente
financeiras.
9.3 Economia a dois setores: famílias e empresas
9.3.1 O fluxo circular de renda: análise da ótica do produto e da
despesa e da renda: quantificação do fluxo para avaliar o
desempenho da economia no período:
• ótica do produto: produção e vendas de bens/serviços finais na
economia;
• ótica da renda: renda gerada no processo de produção que vem a ser
a remuneração dos fatores de produção.
193
Produto Nacional (PN): valor de todos os bens e serviços finais,
medidos a preços de mercado, produzidos num dado período de
tempo.

Despesa Nacional (DN): gasto dos agentes econômicos com o


produto nacional. Revela quais são os setores compradores do produto
nacional.

Renda Nacional (RN): soma dos rendimentos pagos aos fatores de


produção no período.(salários, juros, aluguéis e lucros)

Valor adicionado: aquele adicionado ao produto em cada estágio de


produção, somando o valor adicionado em cada estágio de produção,
chegaremos ao produto final da economia.
valor adicionado = valor bruto da produção – compra de bens e
serviços intermediários

194
9.3.2 Formação de capital: poupança, investimento e
depreciação

Poupança agregada: é a parcela da renda nacional não consumida


no período, que é S=RN – C.

Investimento agregado: gasto com bens produzidos, mas não


consumidos no período, e que aumentam a capacidade produtiva da
economia nos períodos seguintes.

Investimento total = investimentos em bens de capital +


variação de estoques

Bens de capitais nas contas nacionais: formação bruta de capital


fixo.

Investimento em ativos de segunda mão não entra como


investimento agregado.

195
Depreciação: desgaste do equipamento de capital da economia num
dado período.

investimento líquido = investimento bruto – depreciação

produto nacional líquido = produto nacional bruto – depreciação

9.4 Economia a três setores: agregados relacionados ao setor


público: União, Estados e Municípios.

9.4.1 Receita fiscal do governo:


• impostos indiretos: incidem sobre bens e serviços;
• impostos diretos: incidem sobre pessoas físicas e jurídicas;
• contribuições à previdência social;
• outras receitas: taxas, multas, pedágios, aluguéis.

196
9.4.2 Gastos do governo:

• gastos dos ministérios e autarquias, cujas receitas provêm de


dotações orçamentárias. O produto gerado pelo governo é médio por
suas despesas correntes e despesas de capital.

• gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista:


receita advêm da venda de bens e serviços no mercado, são
consideradas dentro do setor de produção com empresas privados e
não como governo.

• gastos com transferências e subsídios: considerados como


transferências, não são computados como parte da renda nacional,
pois representam apenas uma transferência financeira do setor
público ao setor privado.

197
9.4.3 Superávit ou déficit público: quando a arrecadação supera o
total dos gastos públicos ou quando os gastos superam a arrecadação.
• superávit/déficit primário;
• superávit ou déficit total/nominal: juros nominais;
• superávit ou déficit operacional: juros reais.
9.4.4 Renda nacional a custo de fatores e produto nacional a
preço de mercado: impostos está incorporado no valor do produto,
quando ele é essencial o governo pode subsidiar o preço.
• custos de fatores: o que a empresa paga aos fatores de produção,
salários, juros, aluguéis e lucros;
• preço de mercado: preço final pago pela venda, adiciona ao custo de
fatores de produção os impostos indiretos e subtrai os subsídios.
PNL a preços de mercado = RNL a custo de fatores+
impostos diretos + subsídios

198
9.4.5 Renda pessoal disponível: mede quanto da renda gerada no
processo econômico fica em poder das família.

Renda pessoal disponível = RNLcf – lucros retidos – impostos


retidos – contribuições previdenciárias – outras receitas
correntes do governo + transferências do governo às famílias

9.4.6 Carga tributária bruta e líquida: total da arrecadação fiscal


do governo.

Carga tributária líquida = carga tributária bruta –


transferências e subsídios do governo ao setor privado

9.5 Economia a quatro setores: agregados relacionados ao


setor externo

199
9.5.1 Exportações e importações: compra pelos estrangeiros, de
mercadorias produzidas por empresas que pertencem ao nosso país;
e despesas que fazemos com produtos estrangeiros.

9.5.2 Produto interno bruto, produto nacional bruto e renda


líquida do exterior

PIB – somatório de todos os bens e serviços produzidos dentro do


território nacional num dado período.

PNB = PIB + renda recebida no exterior – renda enviada ao


exterior

PNB = PIB + Renda Líquida do Exterior (RLE).

200
9.6 PIB nominal e PIB real

9.6.1 PIB nominal: é medido a preços correntes do próprio ano.

9.6.2 PIB real: mede o crescimento do produto físico pressupondo


que os preços foram constantes no período.

9.7 O PIB como medida do bem-estar:

• não registra a economia informal;


• não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico
(poluição, piora do meio ambiente, etc.);
• não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários
grupos da sociedade.

9.8 PIB em dólares: usado para comparações internacionais, dólar


PPP, criado pela ONU, representa a paridade do poder de compra.

201
Capítulo 10
Determinação da Renda e do
Produto Nacional: O Mercado de
Bens e Serviços
10.1 Introdução

A partir da crise de 29, a economia sofreu mudanças com as teorias


de Keynes, cuja base se assenta no pressuposto de que é necessária a
intervenção do governo para regular a atividade econômica.

Teoria de determinação do equilíbrio da renda nacional: se


divide em lado real e lado monetário.

10.2 Hipóteses do modelo básico

10.2.1 Economia com desemprego de recursos: a economia deve


estar em equilíbrio abaixo do pleno emprego, produzindo abaixo de
seu potencial.

10.2.2 Nível geral de preços constante: as empresas, estimuladas


por um aumento da demanda, procuram elevar a produção e não os
preços, porque têm capacidade ociosa.
203
10.2.3 Curto prazo: análise da teoria de determinação da renda no
curto prazo.
10.2.4 Oferta agregada potencial fixada a curto prazo: valor total
da produção de bens/serviços finais à disposição da coletividade num
dado período. Ela varia em função da disponibilidade de fatores de
produção.
• Oferta agregada potencial: produção máxima da economia;
• Oferta agregada efetiva: produção que está sendo efetivamente
colocada no mercado, o que pode ocorrer sem que os fatores de
produção estejam sendo plenamente empregados.
10.2.5 Princípio da demanda efetiva (DA): soma dos gastos
planejados dos quatro agentes macroeconômicos: despesas das
famílias com bens de consumo (C), gastos das empresas com
investimentos (I), gastos do governo e despesas líquidas do setor
externo (X – M).
DA = C+I+G+(X – M)
204
Princípio da demanda efetiva: as alterações do nível de equilíbrio
da renda e do produto nacional devem-se exclusivamente às variações
da demanda agregada de bens e serviços.

10.3 O equilíbrio macroeconômico


10.3.1 Análise gráfica: o diagrama pode ilustrar a situação de
equilíbrio utilizando o nível geral de preços e produto real.
Produto real = produto nominal/ nível geral de preços
Formado da curva de oferta agregada depende da hipótese sobre o
nível de produto corrente da economia:
• economia com desemprego de recurso;
• economia com pleno emprego de recurso;
• economia com alguns setores em desemprego e outros em pleno
desemprego.
205
10.4 Comportamento dos agregados macroeconômicos no
mercado de bens e serviços

10.4.1 Consumo agregado: é influenciado por fatores como renda


nacional, estoque de riqueza, taxa de juros de mercado, etc.
C = f (RND)
C= consumo agregado;
RND= renda nacional disponível.

Propensão marginal a consumir:

Propensão marginal a consumir = variação no consumo


agregado/ variação na renda nacional disponível seus recursos
em aplicações financeiras.

206
10.4.2 Poupança agregada: parte residual da renda nacional
disponível.
S= f(RND)
S= poupança agregada;
RND= renda nacional disponível.

Propensão marginal a poupar: relação entre variação da poupança


e variação da renda disponível.

10.4.3 Investimento agregado: acréscimo ao estoque de capital


que leva ao conhecimento da capacidade produtiva, podendo ser
interpretado sob dois ângulos.
• no curto prazo: investimento afeta apenas a demanda agregada.
• no longo prazo: afeta produção e oferta agregada.

207
Taxa de rentabilidade esperada: é calculada a partir da estimativa
do retorno líquido esperado pela aquisição do bem de capital.

• O investimento tem uma relação inversamente proporcional com as


taxas de juros de mercado.

Para tomar decisões sobre as despesas de investimento, o empresário


compara, então, as duas taxas:

• se a taxa de retorno supera a taxa de juros de mercado, ele investirá


na compra de bens de capital;

• se a taxa de retorno for inferior à taxa de juros de mercado, ele não


investirá, preferindo direcionar seus recursos em aplicações
financeiras.

Disponibilidade de fundos de longo prazo também podem afetar a


demanda de investimentos.
208
10.5 Vazamentos e Injeções de Renda Nacional

• fluxo básico de renda: o que se estabelece entre famílias


(proprietários dos fatores de produção) e empresas (unidades
produtoras), o nível de renda nacional dependerá de vazamentos e
injeções nesse fluxo.

• vazamento de rendas: ocorre quando parcela da renda recebida pelas


famílias não é gasta com as empresas nacionais.

vazamentos = poupança agregada + total de impostos + importações

• injeções de renda: recursos injetados no fluxo básico.

injeções = investimento agregado + gastos públicos + exportações

209
10.6 O multiplicador keynesiano de gastos: mostra que se a
economia estiver com recursos desempregados, um aumento na
demanda agregada provocará o aumento da renda nacional mais que
proporcional ao aumento da demanda.

Ele é expresso genericamente por:

k = variação da renda nacional/ variação da demanda agregada

Mais conhecidos:

kI = variação da renda nacional/ variação dos gastos de investimentos

kG = variação da renda nacional/ variação dos gastos do governo

210
10.7 Política fiscal, inflação e desemprego

10.7.1 Economia com desemprego de recursos: insuficiência da


demanda agregado e relação à produção de pleno emprego.
Instrumentos de política fiscal:
• aumento dos gastos públicos;
• diminuição da carga tributária;
• subsídios e estímulos às exportações;
• tarifas e barreiras às importações.

Teorema do orçamento equilibrado: em uma situação de


desemprego, se os gastos públicos forem elevados no mesmo
montante da arrecadação fiscal, a renda nacional aumentará nesse
mesmo montante.
Aumento dos gastos públicos = aumento da tributação =
aumento da renda nacional
211
10.7.2 Economia com inflação: quando a demanda agregada de
bens e serviços supera a capacidade produtiva da economia.
Instrumentos de política fiscal:

• diminuição dos gastos públicos;


• elevação da carga tributária sobre bens de consumo, desestimulando
gastos em consumo;
• elevação das importações, pela redução de tarifas e barreiras.

Inflação de custos: produção abaixo do pleno emprego.

212
Capítulo 11
Determinação da Renda e do
Produto Nacional: O Lado
Monetário
11.1 Conceito de Moeda: objeto aceito pela coletividade para
intermediar as transações econômicas para o pagamento de bens e
serviços.
Economia de trocas: necessidade de dupla coincidência de desejos.
Moeda mercadoria: forma mais primitiva de moeda na economia.
Moeda metálica: originou-se da função de moeda dada aos metais
preciosos e, depois, pela implementação da “cunhagem” da moeda.
Papel-moeda: origem na moeda-papel, quando pessoas tinham ouro
e guardavam em casas especiais que emitiam um certificado de
depósito.
Bancos comerciais privados: bancos passaram a emitir notas e
recibos bancários que circulavam como moeda, dando origem ao
papel-moeda.

214
Padrão-ouro: emissão do papel-moeda lastreado em ouro, que
acabou se tornando um obstáculo para a expansão das economias
nacionais e comércio internacional.

Moeda de curso-forçado: a partir de 1920, a emissão de moeda


passou a ser livre.

Bretton Woods (1944): regime de moeda lastreada, na qual o dólar


americano passa a ser moeda internacional respeitando o padrão-ouro.
Em 1971, foi suspenso o padrão-ouro e quase todas as moedas
nacionais do mundo passaram a ser fiduciárias.

11.2 Funções e tipos de moeda

• instrumento ou meio de trocas;


• denominador comum monetário;
• reserva de valor.
215
ORGANISMOS INTERNACIONAIS
Bretton Woods

• Em julho de 1944, na Conferencia de Bretton Woods, nos Estados


Unidos, os 44 países aliados lançaram uma nova ordem econômica,
um plano que visava estimular o desenvolvimento capitalista e a
reconstrução e estabilidade econômica mundial. Apesar de vários
países participarem quem dava as regras era os Estados Unidos, e
também uma parcela o Reino Unido. Foram criados o Banco Mundial,
o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Gatt (Acordo Geral sobre
tarifas Aduaneiras e Comércio).
216
ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Bretton Woods

•Nessa reunião foi definido um novo padrão monetário, o padrão


dólar-ouro.
•O banco central norte americano (Federal Reserve Board), garantiu
uma paridade de 35 dólares por uma onça troy (31,104g) de ouro.
Ou seja, quem quisesse trocar dólar por ouro, o governo dos Estados
Unidos garantiu a troca nessa paridade. Nas duas décadas seguintes
após o pós-guerra, essa situação levou as grandes potencias a
aumentar as suas economias.

217
11.2.1 Tipos de moeda:
• moedas metálicas;
• papel-moeda;
• moeda escritural ou bancária.
As duas primeiras são denominadas moedas manuais, por estarem em
poder do público.
11.3 Oferta da moeda: suprimento de moeda para atender às
necessidades da coletividade.
11.3.1 Conceito de meios de pagamento: total de moeda à
disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata.
Liquidez: capacidade da moeda de ser um ativo prontamente
disponível e aceito para diversas transações.

218
Os meios de pagamento são dados, tradicionalmente, pela soma da
moeda em poder público mais os depósitos à vista nos bancos
comerciais:

meios de pagamento = moeda em poder público + depósitos à


vista nos bancos comerciais

Desmonetização da Economia: diminuição da quantidade de


moeda sobre o total de ativos financeiros decorrente de as pessoas
procurar e se defender da inflação com aplicações financeiras que
rendem juros.

Monetização da Economia: com inflação baixa, as pessoas mantêm


mais moeda que não rende juros em relação aos demais ativos
financeiros.

Grau de monetização ou desmonetização: M1/M4


219
Tais são os graus de liquidez desses ativos no país que o Banco Central do
Brasil institucionalizou quatro conceitos de oferta monetária. Usualmente,
como a oferta monetária é indicada pela notação M, os quatro conceitos são
diferenciados pelas notações M1, M2, M3 e M4. Os ativos financeiros que se
consideram em cada conceito são:
M1. Corresponde à versão convencional e restrita de meios de pagamento. É
resultante da soma do papel-moeda em poder do público(PMPP) com os
depósitos a vista do público no sistema bancário(DVBC,DVCE,DVBM).
M2. Inclui, além dos ativos que totalizam o conceito M1, os depósitos de
poupança(DP) e as aplicações em títulos privados (depósitos a prazo, letras de
câmbio, letras hipotecárias, letras de crédito imobiliárias, letras de crédito do
agronegócio e letras financeiras)(TD).
M3. Resulta da soma de M2 com os saldos das quotas de fundos de
investimento(QFI)(fundos cambiais, de curto prazo, de renda fixa,
multimercados e referenciados) mais as operações compromissadas com
títulos federais(OCTF).
M4. É o mais abrangente dos conceitos. Resulta da soma de M3 com as
aplicações do público em títulos federais (sistema Selic)(TSC) e em títulos de
emissão dos Estados e municípios(TEM).

220
221
Criação e Destruição de Moeda: se devem, respectivamente,
devido o aumento do volume de meios de pagamento ou quando se
faz uma redução dos meios de pagamento.

11.3.2 Oferta de Moeda pelo Banco Central: o BC regula o


montante de moeda, crédito, taxas de juros e câmbio, de forma
compatível com o nível de atividade econômica e o equilíbrio do
balanço de pagamentos. Suas funções clássicas:

• execução da política monetária;


• banco emissor;
• banco dos bancos;
• banco do governo;
• controle e regulamentação da oferta de moeda;
• execução da política cambial e administração do câmbio;
• fiscalização das instituições financeiras.

222
Instrumentos de política monetária:
• controle das emissões;
• depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias;
• operações com mercado aberto;
• operações de redesconto.
O BC afeta o fluxo da moeda pela regulamentação desta e do crédito.
11.3.3 Oferta de moeda pelos bancos comerciais. O
multiplicador monetário: parte dos depósitos à vista e compulsórios
são guardados pelos bancos comerciais, o restante pode ser
emprestado a seus clientes.
Multiplicador de base monetária: a base é a soma da moeda em
poder do público e das reservas bancárias.
Fórmula: m=saldo dos meios de pagamento/saldo da base monetária.

223
11.4 Demanda de moeda: quantidade de moeda que o setor
privado não bancário retém, em média, seja com o público ou no
cofre das empresas ou em depósitos nos bancos comerciais. Razões
pelas quais se retém moeda:

• demanda de moeda para transações;


• demanda de moeda por precaução;
• demanda de moeda por especulação.

11.5 O papel das taxas de juros

11.5.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real: medem,


respectivamente, o preço pago a poupador por suas decisões de
poupar; e mede o retorno de uma aplicação em termos de
quantidades de bens.

224
11.6 Moeda, nível de atividade e inflação: interligação entre o
lado real e o lado monetário da economia

11.6.1 Teoria quantitativa da moeda: relação entre volume de


moeda e lado real da economia.

Velocidade-renda da moeda: número de vezes que o estoque de


moeda passa de mão em mão, em certo período, gerando produção
e renda.

V = PIB nominal/ saldo dos meios de pagamento

Teoria quantitativa de moeda:

MV = nível geral de preços x nível de renda nacional

225
11.6.2 Moeda e políticas de expansão do nível de atividade

Instrumentos para promover a política monetária expansionista:

• reduzir taxa de juros básica;


• aumentar as emissões de moeda, na medida das necessidades dos
agentes econômicos;
• diminuir a taxa do compulsório;
• recomprar títulos políticos no mercado;
• diminuir a regulamentação no mercado de crédito.

Elasticidade dos investimentos em relação às taxas de juros:


resposta dos investimentos em relação à taxa de juros de mercado.

11.6.3 A relação entre a oferta monetária e o processo


inflacionário: política anti-inflacionária deve centrar-se mais no
controle da demanda agregada.
226
Instrumentos recomendados de política monetária seriam dirigidos no
sentido de “enxugar” os meios de pagamento:

• aumento da taxa de juros básica (Selic);


• controle das emissões pelo Banco Central;
• venda de títulos públicos, retirando moeda de circulação;
• elevação da taxa sobre as reservas compulsórias;
• alteração das normas e regulamentação da concessão de créditos.

11.6.4 Eficácia das políticas monetária e fiscal: pode ser avaliada


a partir de sua velocidade de implementação, pelo grau de
intervenção na economia e pela importância relativa das taxas de
juros e do multiplicador keynesiano.

227
Influência do papel da taxa de juros e do multiplicador keynesiano:

a) Quanto maior a sensibilidade dos investimentos em relação à taxa


de juros, maior a eficácia da política monetária.
b) Quanto maior a sensibilidade da demanda especulativa
relativamente à taxa de juros, menor a eficácia.
c) Quanto maior o valor do multiplicador keynesiano de gastos, maior
eficácia da política fiscal.

11.7 Sistema financeiro: deve ser forte e bem diversificado para


atrair poupanças nacionais e estrangeiras.

11.7.1 Segmentos do sistema financeiro:

Mercado monetário: são feitas operações de curto prazo com a


finalidade de suprir as necessidades de caixa dos diversos agentes
econômicos.

228
229
Mercado de Crédito: são atendidas as necessidades de recursos de
curto, médio e longo prazo, principalmente oriundas da demanda de
crédito para aquisição de bens de consumo duráveis e da demanda de
capital de giro das empresas.

Mercado de Capitais: segmento que supre exigências de recursos de


médio e de longo prazos, com vistas à realização de investimentos em
capital. São típicos desse mercado os derivativos.

Mercado Cambial: compra e venda de moeda estrangeira, para


atender a diversas finalidades.

Mercado de Seguros, Capitalização e Previdência Privada: são


coletados recursos financeiros ou poupanças destinados à cobertura de
finalidades específicas.

230
Mercados Primários e Secundários: são, respectivamente, aqueles
em que se realiza primeira compra/venda de um ativo recém-emitido e
aqueles que negociam ativos financeiros já negociados anteriormente.

Mercados à Vista, Futuros e Opções:

• à vista: negociam apenas ativos com preços à vista;


• futuros: negociam os preços esperados de certos ativos e
mercadorias para certa data futura;
• de opções: negociam opções de compra/venda de determinados
ativos em data futura.

231
232
Capítulo 12
O Sistema Financeiro Nacional
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256
Capítulo 13
O Setor Externo
13.1 Introdução

O mundo se encontra crescentemente interligado, seja por fluxos


comerciais ou financeiros. Costuma-se dividir as questões teóricas da
Economia internacional em: aspectos microeconômicos e os aspectos
macroeconômicos.
13.2 Fundamentos do comércio internacional: a teoria das
vantagens comparativas
Princípio das vantagens comparativas: sugere que cada país deva
se especializar na produção da mercadoria em que é relativamente
mais eficiente. Ele deve importar bens cuja produção implicar custos
relativamente maior. Assim, os países podem concretizar trocas.
Limitações: relativamente estática, não levando em consideração a
evolução das estruturas da oferta e da demanda, ou das relações de
preço entre produtos negociados no mercado internacional.
258
13.3 Determinação da taxa de câmbio

13.3.1 Conceito: medida de conversão da moeda nacional em moeda


de outros países. Sua determinação pode ser:

• institucional: pela decisão de autoridades econômicas com taxas


fixas de câmbio.

• funcionamento do mercado: taxas de flutuantes em decorrência das


pressões de oferta e demanda de divisas estrangeiras.

Demanda de divisas: constituída pelos importadores, que precisam


delas para pagar suas compras no exterior.

Oferta de divisas: realizada pelos exportadores, que recebem moeda


estrangeira, como pela entrada de capitais financeiros internacionais
(turistas, etc.).
259
Desvalorização cambial: aumento da taxa de câmbio;

Valorização cambial: queda na taxa de câmbio.

Taxa de câmbio é interligada aos preços dos produtos exportados e


importados e também a balança comercial.

13.3.2 Taxa de câmbio e inflação

Valorização cambial e inflação: a primeira permite ancorar os


preços internos e reduzir a taxa de inflação.

Desvalorização cambial e inflação: efeito contrário ao anterior.

Efeito da elevação da inflação interna sobre a taxa de câmbio:


pode gerar um círculo vicioso.

260
Valorização real e valorização nominal do câmbio: o primeiro é
igual à valorização nominal, menos a taxa de inflação do período.

Competitividade no comércio exterior: deve ser avaliados a partir do


câmbio real.

13.4 Políticas externas

13.4.1 Política cambial: dependem do tipo de regime cambial


adotado pelo país.

Regime de taxas fixas de câmbio: foi adotado por países com


elevadas taxas de inflação, nos anos 80 e 90, para não haver elevação
dos produtos importados de acordo com as variações cambiais.

Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de câmbio: determinada


pelo mercado de divisas, permitindo a defesa das reservas cambiais.

261
Flutuação suja: mesmo dentro do regime flutuante o Banco Central
interfere indiretamente na determinação da taxa de câmbio, por meio
da compra e venda de divisas no mercado.

13.4 Política comercial:

• alterações das tarifas sobre importações;


• regulamentação do comércio exterior.

13.5 Fatores determinantes do comportamento das


exportações e importações

13.5.1 Exportações: são influenciadas por diversas variáveis.


• preços externos em dólares;
• preços internos em reais;
• taxa de câmbio;
• renda mundial;
• subsídios e incentivos às exportações.
262
13.5.2 Importações: principais fatores determinantes.

• preços externos em dólares;


• preços internos em reais;
• taxa de câmbio;
• renda e produto nacional;
• tarifas e barreiras às importações.

13.6 A estrutura do balanço de pagamentos: registro estatístico-


contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os
residentes de um país com os residentes dos demais países.

Transações da conta Haveres e Obrigações no Exterior:


• divisas;
• ouro monetário;
• direitos especiais de saque.

263
Divisões do balanço de pagamentos:

• balança comercial;
• balanço de serviços e rendas;
• transferências unilaterais correntes;
• balanço de transações correntes;
• conta capital e financeira: contrapartidas financeiras das exportações
e importações de mercados e serviços, exceto de transferências
unilaterais; e transações financeiras puras.

Erros e omissões: diferença entre saldo do balanço de pagamentos e o


financiamento do resultado.

13.7 O balanço de pagamentos no Brasil: o país apresentava


balança comercial superavitária, historicamente, mas um balanço de
serviços e rendas deficitário, devido ao pagamento de juros da dívida
externa e à remessa de lucros e pagamentos de fretes, seguros e
royalties.
264
Após 2003, houve grande aumento de exportações principalmente de
commodities para o Sudeste da Ásia e houve a entrada de capital
financeiro associado à elevada taxa de juros do país, gerando saldo
positivo na Balança Comercial e Transferências Unilaterais Correntes,
superando o saldo negativo da Conta de Serviços e Rendas.

13.8 Organismos internacionais

13.8.1 Fundo Monetário Internacional (FMI): criado para evitar


possíveis instabilidades cambiais e garantir estabilidade financeira; e
socorrer os países a ele associados quando da ocorrência de
desequilíbrios transitórios em seus balanços de pagamento.

13.8.2 Banco Mundial (Bird): criado com intuito de auxiliar a


reconstrução de países devastados pela guerra e para promover
crescimento dos países em desenvolvimento.

265
ORGANISMOS INTERNACIONAIS

FMI - Fundo Monetário Internacional


• Criado em 1944, pelo Acordo de Bretton Woods, é o organismo
financeiro da Organização das Nações Unidas - ONU, com sede em
Washington-EUA, para corrigir desequilíbrios no balanço de
pagamentos dos 182 países-membros que possam comprometer o
equilíbrio do sistema econômico internacional.
• Geralmente, o auxílio do FMI incorre em medidas econômicas
ortodoxas de equalização fiscal e cortes de gastos públicos.
• O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos
países membros e concede recursos temporariamente para evitar ou
remediar desequilíbrios no balanço de pagamentos.
• Além disso, o FMI planeja e monitora programas de ajustes estruturais
e oferece assistência técnica e treinamento para os países membros.

266
ORGANISMOS INTERNACIONAIS
FMI - Fundo Monetário Internacional
• A lista de países representados em Bretton Woods incluía: África do Sul,
Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia,
Costa Rica, Cuba, Checoslováquia, Dinamarca, Equador, El Salvador,
Egito, Estados Unidos, Etiópia, Filipinas, França, Grécia, Guatemala,
Haiti, Holanda, Honduras, índia, Irão, Iraque, Jugoslávia, Libéria,
Luxemburgo, México, Nicarágua, Nova Zelândia, Noruega, Panamá,
Paraguai, Peru, Polônia, Reino Unido, República Dominicana, União
Soviética, Uruguai e Venezuela.
• Como se pode verificar há uma maioria (quase 30 em 44) de países
que hoje em dia se designariam por "em desenvolvimento". Os
atuais membros (182) também são, na sua maioria, deste tipo --- e,
no entanto, o desenvolvimento não é a preocupação fundamental do
Fundo, sendo-o mais do Banco Mundial.

267
ORGANISMOS INTERNACIONAIS
FMI - Fundo Monetário Internacional

• Os países que pela dimensão da sua quota têm direito a


nomear um representante são os seguintes:
• Estados Unidos (17,8% da quota e dos votos; é o país
com maior quota individual),
• Alemanha (5,54%),
• Japão (5,54%),
• França (4,98%),
• Reino Unido (4,98%),
• Arábia Saudita (3,45%),
• Rússia (2,9%)
• China (2,28%).
268
ORGANISMOS INTERNACIONAIS

BIRD - Banco Mundial

•O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) foi criado


em 1945 e conta hoje com 180 países membros.Juntamente com a Associação
Internacional de Desenvolvimento (IDA), instituída em 1960 e destinada a
prover assistência concessional aos países de menor desenvolvimento relativo,
o BIRD constitui o Banco Mundial, organização que tem como principal
objetivo a promoção do progresso econômico e social dos países
membros, mediante o financiamento de projetos com vistas à melhoria
da produtividade e das condições de vida desses países.

269
13.8.3 Organização Mundial do Comércio: primeiramente,
conhecido por Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), criado
para buscar redução das restrições de comércio internacional e
liberalização do comércio multilateral.

•A OMC, tem sua sede em Genebra, Suíça, surgiu para substituir o Gatt,
que era apenas um acordo, e passou a ter o mesmo status do FMI,
tendo maior força para finalizar o comércio e fortalecer o
multilateralismo.

• A OMC começou a funcionar em 1995 com resultados de acordos da


OMC ou de interblocos, uma coisa é certa, o comércio mundial só tende
a crescer.
270
CONSENSO DE WASHINGTON
Consenso de WASHINGTON

•John Williamson criou a expressão "Consenso de Washington", em 1990,


originalmente para significar: "o mínimo denominador comum de
recomendações de políticas econômicas que estavam sendo cogitadas pelas
instituições financeiras baseadas em Washington e que deveriam ser aplicadas
nos países da América Latina, tais como eram suas economias em 1989.

•É um conjunto de medidas que se compõe de dez regras básicas formulado


em novembro de 1989 por economistas do FMI,Banco Mundial e do
Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

•Se tornou a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990, quando


passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos
271 países em desenvolvimento que passavam por dificuldades.
CONSENSO DE WASHINGTON
Consenso de WASHINGTON
As dez regras básicas
• Disciplina fiscal
• Redução dos gastos públicos
• Reforma tributária
• Juros de mercado
• Câmbio de mercado
• Abertura comercial
• Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições
• Privatização das estatais
• Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e
trabalhistas)
• Direito à propriedade
272
CONSENSO DE WASHINGTON
Consenso de WASHINGTON
As dez regras básicas
• Independentemente das intenções originais de seu criador, o termo
"Consenso de Washington" foi usado ao redor do mundo para
consolidar o receituário de caráter neoliberal - na onda mundial que
teve sua origem no Chile de Pinochet, sob orientação dos Chicago
Boys (que seria depois seguida por Thatcher, na Inglaterra
(Thatcherismo) e pela supply side economics de Ronald Reagan
(Reaganismo), nos Estados Unidos.
• O FMI passou a recomendar (praticamente a exigir) a implementação
dessas medidas nos países emergentes, durante a década de 90,
como sendo uma fórmula infalível, destinada a acelerar seu
desenvolvimento econômico.

273
Capítulo 14
Inflação
14.1 Introdução

Inflação: aumento contínuo e generalizado no índice dos preços.

Fontes de inflação costumam variar de acordo com as condições do


país:

• tipo de estrutura de mercado;


• grau de abertura da economia ao comércio exterior;
• estrutura das organizações trabalhistas.

Forma tradicional de estudar inflação:


• inflação de demanda;
• inflação de custos;
• inflação inercial.

275
14.2 Inflação de demanda: excesso de demanda agregada em
relação à produção disponível de bens e serviços.

Curva de Phillips: mostra que existiria uma relação inversa entre taxas
de salários e as taxas de desemprego.

Trade off: relação inversa entre taxas de salários nominais e taxas de


desemprego.

Coeteris paribus: elevações da procura agregada levam as empresas a


demandar mais mão-de-obra, ocasionando aumento de salários
monetários e redução das taxas de desemprego.

276
14.3 Inflação de custos: pode ser associada a uma inflação
tipicamente de oferta, o nível da demanda permanece o mesmo, mas
os custos de certos fatores importantes aumentam.

Causas comuns do aumento dos custos de produção:


• aumentos do custo de matérias-primas;
• aumentos salariais acima da produtividade;
• estrutura de mercado.

14.4 Inflação inercial: processo automático de realimentação de


preços, provocada pelos mecanismos de indexação formal e indexação
informal.

14.5 Efeitos provocados por taxas elevadas de inflação: os


piores efeitos ocorrem da distribuição de renda, nos investimentos
empresariais e crescimento econômico, no balanço de pagamentos e
nas finanças públicas.
277
Distorção mais séria provocada por altas taxas de inflação: piora da
distribuição de renda devido à redução do poder aquisitivo da classe
trabalhadora dependente de rendimentos fixos, com prazos legais e
reajustes. Afirma-se que a inflação é um “imposto sobre o pobre”.

Imposto inflacionário: espécie de taxação que o BC impõe à


coletividade pelo fato de deter o monopólio das emissões.

14.6 A política econômica brasileira de combate à inflação

• Necessidade de o governo fornecer infra-estrutura para que o setor


privado produza o volume de bens/serviços desejados pela sociedade.

• Baixa produtividade dos serviços do governo e conseqüente


ineficiência na aplicação de seus recursos, associadas à impossibilidade
de o governo aumentar a carga tributária dado o baixo nível de renda
per capita da população.

278
Tratamento de choque: rígida política monetária, fiscal e salarial que
mudou o patamar da inflação de cerca de 100%, em 1964, para perto
de 30%, em 1967.

1964-1973 uso da linha de pensamento econômico ortodoxa para


diagnosticar as causas da inflação brasileira, atribuindo ao excesso da
demanda e ao desequilíbrio das contas públicas a causa da inflação.

Inflação inercial: todos os negócios eram firmados com base em um


índice que procurava garantir a correção monetária dos valores
envolvidos. Os aumentos de preços eram captados pelo índice e
automaticamente repassados para os demais preços da economia
realimentando a inflação.

Plano Cruzado: rompeu com o mecanismo de propagação da inflação


ao congelar preços, salários e câmbio.

279
Plano Bresser e Plano Verão e Plano Collor: congelaram os preços
e salários para tentar conter o processo inflacionário brasileiro.

Plano real: reconhece que as principais causas da inflação brasileira


estavam no desequilíbrio do setor público e nos mecanismos de
indexação.

Âncora cambial: valorização da moeda nacional ao lado de um


regime de bandas cambiais para baratear o custo dos produtos
importados.

Âncora monetária: elevação das taxas de juros e da taxa de


reservas compulsórias dos bancos comerciais, com o objetivo de
controlar a demanda agregada.

Metas inflacionárias: cumprir metas de inflação estabelecidas para o


ano corrente e próximo com tolerância e desvio de 2% para cima ou
para baixo.
280
14.6.1 A corrente estruturalista: supõe que a inflação em países em
via de desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de
custos, derivadas de questões estruturais:

• estrutura agrícola;
• estrutura do comércio internacional;
• estrutura oligopólica dos mercados.

Conflitos distributivos: são responsáveis pelas causas da inflação pois


se estabelecem na tentativa de os vários setores da sociedade
buscarem se manter ou elevar sua parcela de renda nacional.

281
Capítulo 15
O Setor Público
15.1 Introdução: discussão das atividades do Estado com destaque
em alguns aspectos da expansão estatal.

15.2 O crescimento da participação do setor público na


atividade econômica

Início do séc. XX: regulação da atividade econômica, colocando em


dúvida o papel da “mão invisível de Adam Smith”.

Participação do Estado na economia cresceu pelas seguintes razões:


• desemprego;
• crescimento da renda per capita;
• mudanças tecnológicas;
• mudanças populacionais;
• efeitos da guerra;
• fatores políticos e sociais;
• mudanças da Previdência Social.
283
15.3 As funções econômicas do setor público

15.3.1 Função alocativa: está associada ao fornecimento de


bens/serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de
mercado.

Bens públicos: impossibilidade de excluir determinados indivíduos de


seu consumo, uma vez delimitado o volume da produção.

Princípio da exclusão: quando um indivíduo pode pagar pelo consumo


de um bem e o indivíduo que não pode pagar é excluído desse
consumo.

Bem rival: quando o consumo de um bem por um indivíduo exclui o


consumo por outros indivíduos.

Bem não rival: quando o consumo de um bem por um indivíduo não


diminui a quantidade a ser consumida por demais indivíduos.
284
Bens de consumo coletivo: bem público que pode ser usado por
vários indivíduos sem excluir outro indivíduo, pois sua utilização não é
saturada.

Bens semipúblicos: satisfazem o princípio da exclusão, mas são


produzidos pelo Estado.

15.3.2 Função distributiva: governo funciona como agente


redistribuídor de renda ao tributar, retirar recursos dos segmentos
mais ricos da sociedade e transferi-los para os segmentos menos
favorecidos.

15.3.3 Função estabilizadora: intervenção do Estado na economia


para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego.

Quarta função do setor público: função de crescimento econômico,


que diz respeito às políticas que permitem aumentos na formação de
capital.
285
15.4 Estrutura tributária

15.4.1 Princípios da tributação:


• princípio da neutralidade;
• princípio da eqüidade;
• princípio do benefício;
• princípio da capacidade de pagamento

15.4.2 Os tributos e sua classificação:


• imposto direto: sobre a riqueza ou sobre a renda.
• imposto indireto: sobre transações de mercadorias e serviços.
• impostos regressivos: aumento da contribuição é proporcionalmente
menor que o incremento ocorrido na renda.
• impostos proporcionais ou neutros: o aumento da contribuição é
proporcionalmente igual ao ocorrido na renda.
• impostos progressivos: aumento na contribuição é proporcionalmente
maior que o aumento ocorrido na renda.
286
15.4.3 Efeitos sobre a atividade econômica:

• imposto proporcional sobre a renda seria neutra do ponto de vista


do controle da demanda agregada;

• imposto progressivo exerce controle quase automático sobre a


demanda;

• curva Lafer: quando a alíquota é relativamente baixa, estabelece-se


uma relação direta entre ela e a arrecadação;

• efeito Olivera-Tanzi: ocorre em períodos de aceleração inflacionária,


há uma defasagem entre o fato gerador do imposto e o momento de
seu recolhimento.

287
15.5 Déficit público: conceitos e formas de financiamento

• déficit nominal: indica o fluxo líquido de novos financiamentos obtidos


ao longo de um ano pelo setor público não financeiro em suas esferas:
União, governos estaduais, municipais, empresas estatais e Previdência
Social.

• déficit primário: medido pelo déficit total, excluindo a correção


monetária e cambial e os juros reais da dívida contraída anteriormente.

• déficit operacional: pode ser medido tanto excluindo-se do déficit total


a correção monetária e cambial ou acrescendo-se ao resultado primário
os juros reais da dívida passada.

• déficit de caixa: omite as parcelas do financiamento do setor público


externo e do resto do sistema bancário, bem como fornecedores e
empreiteiros.

288
15.5.1 Financiamento do déficit:

• emitir moeda: o Tesouro Nacional pede emprestado ao BC;


• vender títulos da dívida pública ao setor privado (interno e
externo).

Monetarização da dívida: BC cria moeda para financiar a dívida do


Tesouro.

15.5.2 Uma observação sobre o déficit público e inflação

Há países com déficit público em relação ao PIB mais elevado que o


Brasil, porém com taxas de inflação quase nula, porque as dívidas
desses países de moeda forte estão distribuídas de maneira
relativamente uniforme ao longo de um horizonte de tempo, e
nesses prazos os investidores internacionais adquirem títulos desses
países.
289
15.6 Aspectos institucionais do orçamento público. Princípios
orçamentários

15.6.1 Orçamento público:

• orçamento tradicional: disciplinar finanças públicas e possibilitar


aos órgãos de representação de controle político sobre o Executivo.

• orçamento moderno: atribui ao governo a condição de responsável


pela manutenção da atividade econômica e as alterações
orçamentárias passaram a ter grande importância.

15.6.2 Princípios orçamentários:


• princípio da unidade;
• princípio da universalidade;
• princípio do orçamento bruto;
• princípio da anualidade;
290
• princípio da não-vinculação das receitas;
• princípio da discriminação ou especialização;
• princípio da exclusividade;
• princípio do equilíbrio.

15.6.3 Orçamento público no Brasil:


• plano plurianual;
• as diretrizes orçamentárias;
• os orçamentos anuais.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): compreende as metas e


prioridades da administração pública federal.

• despesas de capital para o exercício financeiro subsequente;


• orienta a elaboração da lei orçamentária anual;
• dispõe sobre as alterações na legislação tributária;
• estabelece a política de aplicação das agências oficiais de fomento.
291
15.6.4 a Lei de Responsabilidade Fiscal: instrumento da política
fiscal implementado a partir de 1998, para proporcionar o equilíbrio
orçamentário do setor público.

• limite para as despesas com o funcionalismo público: de 50% para


a União; e de 60% para Estados Municípios.
• proibição de socorros financeiros entre União, Estados e Municípios;
• limite de despesas feitas pelos administradores em final de
mandato;
• limites de endividamento para União, Estados e Municípios, por
meio do Senado.

292
Capítulo 16
Crescimento e Desenvolvimento
Econômico
16.1 Crescimento e desenvolvimento

A teoria do crescimento e do desenvolvimento discute estratégias de


longo prazo, nela a oferta ou produção agregada joga um papel
importante na trajetória de crescimento de longo prazo.

Foco: analisar o comportamento do produto potencial ou de pleno


emprego da economia, a longo prazo.

Crescimento econômico: crescimento contínuo da renda per capita ao


longo do tempo.

Desenvolvimento econômico: alterações de composição do produto e


alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia de forma
a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social.

294
16.2 Fontes de crescimento:

• aumento na força de trabalho;


• aumento do estoque de capital;
• melhoria na qualidade de mão-de-obra;
• melhoria tecnológica;
• eficiência organizacional.

16.2.1 Capital humano: valor ganho de renda potencial incorporado


nos indivíduos e inclui a habilidade inerente à pessoa, o talento, a
educação e as habilidades adquiridas.

16.2.2 Capital físico: maquinário e equipamentos sofisticados, que


são abundantes em países ricos e escassos em países pobres. A razão
da variação do produto nacional e a variação da capacidade produtiva
resulta na relação produto-capital que envolve o capital físico no
processo de desenvolvimento econômico.
295
16.3 Financiamento do desenvolvimento econômico

Para investir um país pode usar sua poupança interna ou ter acesso à
poupança estrangeira por meio de empréstimos ou ajuda financeira.

Economias socialistas: a poupança obrigatória é uma maneira poderosa


de limitar o consumo e aumentar o nível da poupança.

Economias de mercado: se o governo coletar mais impostos do que


gasta em bens correntes e serviços, os recursos excedentes poderão
ser investidos na infra-estrutura e canalizados para empresas, via
bancos de desenvolvimento ou de fomento.

Países em desenvolvimento: podem conseguir uma poupança


estrangeira por meio de investimento direto no país; tomando
emprestado nos mercados mundiais de capitais ou instituições; ou
recebendo ajuda estrangeira de países industrializados.
296
16.4 Um modelo de crescimento econômico

Harrod Domar: destaca a importância de três variáveis básicas para


o crescimento:

• taxa de investimento;
• taxa de poupança;
• relação produto-capital.

Objetivo: enfatizar a atuação das variáveis econômicas estratégicas


para promover o crescimento econômico.

297
16.5 Estágios de desenvolvimento

• sociedade tradicional;

• pré-requisitos para a arrancada;

• arrancada: mudanças na taxa de investimento líquida e surgimento


de novos segmentos industriais de rápido crescimento associados
principalmente a bens de consumo duráveis; surgimento de uma
estrutura política social e institucional.

• crescimento auto-sustentável;

• idade do consumo de massa

298
16.6 A internacionalização da economia: o processo de
globalização

1950-1960: proteção dos produtores domésticos por meio da


estratégia de substituição de importações.

1980: os produtores domésticos protegidos passaram a produzir um


volume pequeno com custo alto e pouca inovação.

Característica atual: integração econômica entre países sob aspectos


comercial, produtivo e financeiro, globalização.

Globalização produtiva: produção e distribuição de bens e serviços


dentro de redes de escala mundial, reduzindo barreiras, e ocorrendo o
aumento das tecnologias de informação.

299
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização COMERCIAL

• Globalização Comercial é a integração dos mercados nacionais


através do comércio internacional.
• A globalização comercial é mais facilmente mensurável, e sua
discussão não é particularmente controversa: se o crescimento do
comércio mundial provoca uma taxa de crescimento média
anual mais elevada do que a do PIB mundial, pode-se afirmar
que há globalização comercial.
• Finalmente, este mesmo método pode ser usado para medir a
velocidade de integração de um determinado país ou região ao
mundo através do comércio internacional.

300
301
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização TECNOLÓGICA

• A tecnologia desenvolvida durante a II Guerra Mundial estabeleceu


um novo padrão de desenvolvimento, que levou à modernização e a
posterior automatização da indústria.
• Com a automatização industrial aceleraram-se os processos de
fabricação, o que permitiu grande aumento e diversificação da
produção.

302
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização TECNOLÓGICA
• Favorecidas pelo desenvolvimento tecnológico, particularmente a
automatização da indústria, a informatização dos escritórios e a
rapidez nos transportes e comunicações, as relações econômicas
também se aceleraram, de modo que o capitalismo ingressou numa
fase de grande desenvolvimento.
• A competição por mercados consumidores, por sua vez, estimulou
ainda mais o avanço da tecnologia e o aumento da produção
industrial, principalmente nos Estados Unidos, no Japão, nos
países da União Européia e nos novos países industrializados
(NPI’s) originários do “mundo subdesenvolvido” da Ásia.

303
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO
Globalização FINANCEIRA
• A globalização financeira representa a integração dos mercados
financeiros nacionais em um grande mercado financeiro internacional.
• A globalização financeira é um fenômeno relativamente
recente,ocasionado pelas políticas de desregulamentação cambial
e financeira impostas pelas políticas neoliberais das
autoridades econômicas norte-americanas.
• Não se trata de um processo espontâneo ou "natural", mas sim de um
conjunto de políticas deliberadas dos EUA, que – a partir da forte
reversão da liquidez internacional em sua direção, iniciada em fins de
1979 como resultado da "diplomacia do dólar" – obrigaram o restante
do mundo capitalista a liberalizar os fluxos internacionais de capital (a
chamada desregulamentação financeira).

304
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização FINANCEIRA
• A integração ou globalização dos mercados cambiais e financeiros
resultante induziu por toda parte a adoção de políticas deflacionistas
e inibidoras do crescimento, desorganizou parte da divisão
regional do trabalho e da grande indústria, aumentando os
fluxos de capital financeiro "desterritorializados".
• A ruptura do sistema de Bretton Woods foi o passo prévio que
possibilitou essa mobilidade do capital financeiro.
• O papel financeiro do dólar como moeda "virtual" de referência
internacional (sem paridade fixa) e a crescente dívida pública norte-
americana, como lastro de segurança dos mercados financeiros e
monetários mundiais, são as molas-mestras do novo "sistema"
desregulado.

305
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização FINANCEIRA
• Para a maioria dos países da Europa e da América Latina, por
exemplo, a globalização financeira não tem sido benéfica, nem em
termos econômicos nacionais nem em termos sociais.
• A sobrevalorização das suas moedas em relação ao dólar só fez
diminuírem suas vantagens competitivas e de crescimento em
favor da economia americana e de alguns países asiáticos – que,
além de serem os que apresentaram maior poder de comando do
estado sobre a economia, mantêm as moedas mais
"desvalorizadas" do mundo, como a China, um dos maiores
espaços de expansão contemporâneos.
• O Brasil está inserido de forma subordinada neste novo quadro
mundial desde o começo da década 90, quando começou um
processo de liberalização financeira e comercial e de
desregulamentação cambial. Fomos um dos últimos países a entrar
306 na "ciranda financeira global".
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização FINANCEIRA
• O Brasil, como país continental e relativamente industrializado, em
princípio teria condições de posicionar-se frente ao quadro da
globalização segundo critérios relativamente autônomos, como
fizeram a Índia e a China.
• Aparentemente optou por uma adesão pura e simples aos ditames
do capital financeiro externo com o objetivo de promover uma
estabilização monetária interna "milagrosa" da noite para o
dia.
• O resultado é que somos hoje prisioneiros do câmbio e dos juros, e
mais dependentes das oscilações dos mercados internacionais, do
que qualquer país menor de economia aberta .

307
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização PRODUTIVA
• Globalização Produtiva é o processo de integração das estruturas
produtivas domésticas, em uma estrutura produtiva internacional.
• A dimensão produtiva da globalização é um de seus aspectos mais
complexos e difíceis de ser tratado. Chamamos de globalização
produtiva o processo de integração das estruturas produtivas
domésticas em uma estrutura produtiva internacional.
• Uma outra forma de apresentar o mesmo fenômeno seria vê-lo como
a relação entre a parcela da produção internacionalizada e o PIB
mundial. Vemos que este fenômeno está diretamente vinculado a
questões de tecnologia, organização industrial e investimento
internacional.

308
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO
Globalização PRODUTIVA
O processo de globalização produtiva dá-se:

Ø pelo investimento direto internacional e a reversão dos lucros desses


investimentos,
Ø pela difusão de padrões tecnológicos e modelos de organização
industrial, e
Ø pela internacionalização das estruturas de mercado e da competição
empresarial.
• Observe que o que caracteriza o investimento direto é o controle.
Este pode se dar através da aquisição de uma empresa existente,
pela criação de uma companhia nova, ou novos investimentos em
empresas coligadas. Mas a essência dessas operações é o controle
da gestão empresarial.
309
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização PRODUTIVA
• A globalização produtiva é caracterizada por sua estrutura fundada na
existência de várias unidades operacionais distintas, com diferentes
funções produtivas, que opera em conjunção atividades de distribuição
e pesquisa, administradas por uma hierarquia de executivos.
• Com o declínio dos mecanismos de regulação do investimento
internacional a partir da década de 1970, a redução dos preços e a
maior eficiência dos meios de comunicação e transporte, conduziram
aos ganhos de escala e escopo gerados com o crescimento e
diversificação dos mercados.
• Mas as ameaças, que também forçavam as empresas a reagir, foram
igualmente crescentes, na medida em que a maior competição
internacional, a velocidade da introdução de novas tecnologias e a
rápida obsolescência levaram, em alguns casos, ao desaparecimento
310 do mercado de alguns produtos.
DINÂMICA DA GLOBALIZAÇÃO

Globalização PRODUTIVA
No seu processo de crescimento, uma indústria pode atender o
mercado internacional a partir de três estratégias:
• a exportação;
• a oferta local ou
• o licenciamento.
Em função desse estilo de concorrência global, as empresas
européias e norte-americanas ampliaram o grau de integração e
divisão de trabalho da estrutura produtiva da matriz e de suas
afiliadas.
• Qualquer parte da produção, ou mesmo todo o ciclo produtivo,
poderia ser feito em um ou mais países em que a filial local da
empresa transnacional fosse competitiva no mercado interno da
empresa
311
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL
Globalização PRODUTIVA
• O processo de globalização, impulsionado pela necessidade de
surgimento de um mercado mundial único, quebra as distâncias entre
as nações e, mediante um processo ágil de transferência de capital em
todo o mundo, internacionaliza, de forma ampliada, a atividade
econômica. Destarte, o cenário internacional passa a ser cada vez
mais importante que a instância nacional,
• A globalização, desse modo, representa um desafio para os países em
desenvolvimento, principalmente, em função de sua reduzida
capacidade de tomar decisões de forma relativamente autônoma, já
que, no âmbito da sociedade global, existem organizações públicas e
privadas que influenciam o contexto doméstico, obstruindo a
autodeterminação dos governos nacionais.

312
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA

•A globalização ou “mundialização”, no entanto, constitui um


processo inacabado, cujo perfil definitivo ainda está sendo
construído, ou seja, mesmo diante de vários conceitos imprecisos, é
possível verificar que o fenômeno ora analisado reflete uma nova
etapa capitalista gerada nas últimas décadas, através do incessante
processo de acumulação e internacionalização do capital financeiro
decorrente, inclusive, da ideologia neoliberal que fundamenta todo
esse processo.
313
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA

•O fato é que o acentuado índice de automação, aliado a


“mundialização” da mão-de-obra, fez com que os trabalhadores
perdessem espaço na disputa com os detentores do poder econômico,
hoje mais interessados nos ganhos com o mercado financeiro do que
propriamente com a produção. Assim, a nova lógica capitalista, na
medida em que afastou os trabalhadores das instâncias decisórias,
tornou sem sentido a manutenção das garantias concedidas pelo
Welfare State.
314
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL
Globalização PRODUTIVA
Globalização e transformação das relações de trabalho: desemprego e
exclusão social
Atualmente, percebe-se várias transformações no mercado de trabalho que são
devidas a diferentes fatores, entre eles:
• as mudanças na economia mundial,
• a reorganização da produção,
• a revolução tecnológica e
• o desemprego.
• O capitalismo está atualmente causando ampla transformação nas relações de
trabalho desencadeada pela “desindustrialização” e pelo
“desassalariamento”.
• A diminuição dos postos de trabalho e o crescimento desenfreado dos índices
de desemprego fazem parte da nova realidade social que atinge não só os
países das economias periféricas, mas também, os desenvolvidos.
315
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA
• Aqueles que possuem grau médio de capacitação são divididos em duas
categorias: fornecedor eventual ou trabalhador temporário (subcontrato). Os
demais são descartados.
• Assim, é possível diagnosticar que esse espaço globalizado contemporâneo
trouxe à classe trabalhadora, além do desemprego, a exigência voraz de
mão-de-obra especializada, fazendo com que essa classe tenha um perfil
inteiramente novo. A informação especializada faz parte da nova era do
capitalismo.
• Detém o poder, quem possui o saber. Neste prisma é inevitável a exclusão
social, pois não há como exigir dos trabalhadores das economias periféricas
mão-de-obra qualificada, já que a maioria desses trabalhadores quando não é
analfabeta, possui baixo nível de escolaridade.

316
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL
Globalização PRODUTIVA
• A estratégia do empresariado consiste na flexibilização das relações de
trabalho, traduzidas como relações “incompletas”. Assim, existe a
preocupação em ajustar o trabalhador de acordo com as necessidades
do mercado. O panorama que se apresenta, portanto, é que o emprego
estável só será assegurado a um núcleo de trabalhadores de difícil
substituição, em função de suas qualificações técnicas.
• Ao redor deste núcleo estável gravitará um número variável de
trabalhadores periféricos, que por sua vez, estarão rodeados pela
massa trabalhadora desempregada, excluída desse processo pela lógica
imposta pelo mercado.
• No horizonte deste “tempo novo”, a economia informal se consolida
como alternativa de sobrevivência, uma vez que parcelas significativas
do contingente de desempregados passam a integrar este setor da
economia.
317
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA

• A multinacional é uma estrutura empresarial que age como se não


existissem fronteiras nacionais. Segundo Sandroni, resultam da
concentração do capital e internacionalização da produção capitalista
em fins do séc. XIX. A sua evolução para monopólios, trustes e cartéis
se tornou conhecida como imperialismo. Apresenta como efeito o
desenvolvimento do poderio econômico, político e militar das potências
industriais, ou nações de primeiro mundo.
• As multinacionais estão ligadas aos governos de forma concreta, com
o objetivo de proteger seus mercados.

318
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL
Globalização PRODUTIVA

• Após a Segunda Guerra Mundial, a economia mundial voltou a crescer


num ritmo mais acelerado do que antes. Dentro dessa nova paisagem de
prosperidade surgiram as empresas chamadas de multinacionais ou
transnacionais. Elas assumiram grandes proporções, formaram
conglomerados que se espalharam pelo mundo, até em países
subdesenvolvidos e recém-independentes, como a África do Sul.
• Mas porque essas empresas atuam fora dos limites de seus países
de origem?

319
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA

Porque querem melhores negócios, maior renda para o capital, maior


lucratividade. Isso é que explica o fato de alguns países terem se
industrializado nesse período.
• Mão-de-obra abundante e barata;
• Fontes de matéria-prima e energia estão disponíveis a baixo custo;
• Mercado interno em crescimento;
• Facilidades de exportação e remessa de lucros para as sedes no
exterior;
• Incentivo fiscais e subsídios governamentais;
• Ausência de legislação de proteção ao meio ambiente, ou facilidade
em buscá-la.
320
321
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA
• Pode-se dizer que o processo é desigual ao país desenvolvidos,
porque os tipos de industria e tecnologia empregada é inferior
aos da matriz.
• Nos países subdesenvolvidos tendem-se a se instalar
industrias poluidoras, que consomem grandes quantidades de
matéria-prima e energia, e que necessitam de muita mão-de-
obra. Isso faz com que ocorra uma mudança na organização
industrial do mundo.
• Nos países desenvolvidos ficam industrias não-poluentes, de
alta tecnologia, e nos países subdesenvolvidos industrializados,
as industrias que tem um patamar tecnológico inferior.
322
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA
• A localização das industrias também dependem do tipo de industria a
ser instalada.
• Indústria de bens de produção ou de base (pesada):
transformam matérias-primas ou energia em produtos que vão ser
usados pelas industrias de bens de capital ou de consumo.
• Indústria de bens de capital: esse tipo de indústria produz
maquinas e equipamentos que serão utilizados pelas industrias leves
ou pesadas.
• Indústria de bens de consumo (leves): produzem produtos
duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis, etc) ou não-duráveis
(alimentos, bebidas, etc).

323
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

Globalização PRODUTIVA
• Indústrias germinativas: elas geram o aparecimento de
outras indústrias, como a petroquímica.
• Indústrias de ponta: são as indústrias dinâmicas, que
comandam a produção industrial. Ex. automobilística.
• Indústrias tradicionais: são empresas que ainda estão
ligadas com a primeira revolução industrial. Geralmente são
empresas familiares, e existem algumas dessas ainda no
Brasil.
• Indústrias dinâmicas: usam muita tecnologia e capital, e
pouca força de trabalho. Está ligada com o desenvolvimento
mais recente da química e eletrônica. Operam em economia de
escala.
324
OBSTÁCULOS A GLOBALIZAÇÃO E A
SOCIEDADE GLOBAL

• Os agentes mais dinâmicos da globalização não são os governos que


formaram mercados comuns em busca da integração econômica, mas
os conglomerados e empresas transnacionais que dominam a
maior parte da produção, do comércio, da tecnologia e das finanças
internacionais.
• Em 1971, o volume de empréstimos internacionais de médio e longo
prazos efetuados em todo o mundo pelo capital privado foi de 10
bilhões de dólares. Em 1995, chegou a 1,3 trilhão.
• Cresceu 130 vezes em apenas duas décadas e meia. 0 estoque de
capital privado no mundo é de 10 trilhões de dólares.
• A circulação financeira internacional ultrapassou, em 1995, 1 trilhão de
dólares por dia, para uma base de trocas efetivas de bens e serviços da
ordem de 20 a 25 bilhões, o que significaria trocas 40 vezes maiores
do que as que seriam necessárias para cobrir atividades
325 econômicas reais.
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