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Componente curricular: Psicoterapia Fenomenológica Existencial

Professor: Felipe Zeferino Pê


Aluno: Yasmim Arielly Dos Anjos Confessor

Relato de Leitura: Merleau-Ponty e o corpo


A partir da conceituação de Merleau-Ponty de que cada percepção tem o seu horizonte (SILVA,
2015), talvez, com outras palavras remontasse o treinamento por trás de cada olhar, como é
feita a leitura dos gestos, sobre o percurso trilhado a observar cada mínimo movimento e tomar
nota do significante por trás desse. Impassível de não observação, o ato de cruzar os braços
durante uma fala pode dizer mais que mil palavras diriam e de riso em momento descabido é
feita a análise do que o sujeito quer dizer e enclausura no corpo.
Do que pontua-se acerca do discurso humano se não o retorno das coisas as mesmas, do que ele
é, como é feita a construção de sentido para si e como de maneira simbiótica o ser atue no
mundo e o mundo atue de volta no ser, é inegável que isto é a unidade fundamental do ser
humano, seja em psicanálise, Abordagem Centrada na Pessoa ou Terapia Cognitiva
Comportamental, qualquer uma das abordagens da psicologia em si, nada é sem abordar o
contexto social em que o sujeito está inserido. É de suma importância ressaltar como
Merleau-Ponty traz a relação íntima do corpo e do mundo, onde o espaço revela-se a si mesmo
através dos gestos corpóreos (SILVA, 2015), outras palavras, onde a sutileza do olhar deve
repousar, logo que, cada corpo conta uma história, tem sua etnicidade descrita e da relevância
desses trejeitos para a práxis psicológica, considerando que isso demonstra algo sobre certas
fragilidades estruturais na sociedade.
Ademais é retomado a teoria sócio-interacionista de Vygotsky a partir de que segundo Moreira
(2009) aprende-se por meio da interação social e apesar de que Vygotsky aborde sobre o estágio
do desenvolvimento infantil, o que é o ser humano sem a sociedade que o cerca, sem as trocas
constantes de aprendizagem a partir dessa convivência, sobre os hábitos que compartilhamos e a
linguagem ensinada, a troca cultural e diante disso, a influência do visão de mundo que nos
atravessa, logo, “O mundo é aquilo que nós percebemos, não é aquilo que eu penso, mas aquilo
que eu vivo” (MERLEAU-PONTY, 1999: 14).
Toda compreensão é única e deve ser levada em consideração de tal maneira mesmo que exista
fatores influenciadores desta, assim como nada se é experienciado da mesma maneira duas
vezes, Merleau-Ponty (1999) pontua sobre a posição pela qual as coisas se torna possível, tudo é
percebido de maneira como o corpo nos permite, de acordo com o conteúdo estabelecido
previamente, com isso é dado a interpretação que nos convem da experiência no mundo e desde
então, existe o ponto onde toca a psicologia, quais são essas interpretações e o que fez-se com
essas, seriam estas possíveis demandas de amor? Como está a nossa relação com o outro? E os
significantes construídos? São todas demandas do sujeito que devem ser captadas a partir da
corporalidade, da sexualidade e da existência espacial partindo do pressuposto que somos seres
além de pensantes e também atuantes. De acordo com o que conceitua a sexualidade do filósofo,
jaz então nesse conceito a relação com o outro e como isso traz à tona certas emoções, o que
poderia facilmente tornar-se alvo de estudos da psicologia, considerando que muitas as relações
societais são adoecedores e resultam em afetos negativos.
Pontuo que o melhor trecho de Merleau-Ponty é este onde ele compara o corpo a arte, onde me
recordo dos esforços renascentistas para representar o corpo em toda a sua devida glória, devido
ao movimento antropocêntrico.
[...] um romance, um poema, um quadro, uma peça musical são indivíduos,
quer dizer, seres em que não se pode distinguir a expressão do expresso, cujo
sentido só é acessível por um contato direto, e que irradiam sua significação
sem abandonar seu lugar temporal e espacial. É nesse sentido que nosso
corpo é comparável à obra de arte. (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 210).

Referências

MERLEAU-PONTY, Maurice. A fenomenologia da percepção. 2 ed. São Paulo: Martins


Fontes,1999.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Epu, 1999. 195 p.
REIS, Nayara Borges. O corpo como expressão segundo a filosofia de Merleau-Ponty. Kínesis -
Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia. Marília. v. 3, n. 6, p. 137-153, dez.
2011. Disponível em: <https://doi.org/10.36311/1984-8900.2011.v3n06.4429>. Acesso em 16
out 2023.
SILVA, Marcia Alves Soares Da. Por uma geografia das emoções a partir da proposta de
Merleau-Ponty em “A fenomenologia da percepção”. In: SEMANA DE GEOGRAFIA, 22;
SEMANA E JORNADA CIENTÍFICA DE GEOGRAFIA DO ENSINO A DISTÂNCIA DA
UEPG, 4; JORNADA CIENTÍFICA DA GEOGRAFIA, 16; ENCONTRO DO SABER
ESCOLAR E CONHECIMENTO GEOGRÁFICA, 9., 2015, Ponta Grossa. Anais [...]. Ponta
Grossa, 2015. Disponível em:
<https://sites.uepg.br/semanadegeografia/wp-content/uploads/2017/04/ANAIS-SEMAGEO-201
6-FINAL.compressed.pdf>. Acesso em 16 out 2023.

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