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FERNANDO COROMINAS

COMO EDUCAR
A VONTADE
FERNANDO COROMINAS, é Doutor em Engenharia naval pela Universidade de Madri. Presidente da
Associação Panamericana de Estudos Sociais. Está há mais de vinte e cinco anos pesquisando no
campo da Educação Familiar. Percorreu Europa, Ásia e América para pronunciar mais de mil
conferências em quinze países. É autor de vários livros sobre temas de Empresas e de Pedagogia.
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 1

1 - A EDUCAÇÃO DA VONTADE .................................................................................................................... 3


As novas tendências.......................................................................................................................................... 3
As seis áreas da educação da vontade ............................................................................................................. 4
A educação precoce .......................................................................................................................................... 4
A educação efetiva ............................................................................................................................................ 4
A educação preventiva ...................................................................................................................................... 5
A educação com o exemplo ............................................................................................................................... 5
A educação motivada ........................................................................................................................................ 5
A educação personalizada ................................................................................................................................ 5
Os Planos de Ação ............................................................................................................................................ 5
DIÁLOGOS FAMILIARES .................................................................................................................................. 6
A Família Mathias .............................................................................................................................................. 6
Uma troca de cultura educativa ......................................................................................................................... 6
Um sistema em experiência: As Novas Pedagogias ......................................................................................... 7
Um caso: um erro de currículo........................................................................................................................... 8

2 - A EDUCAÇÃO PRECOCE ........................................................................................................................... 11


O cérebro e a educação .................................................................................................................................. 11
A influência dos pais........................................................................................................................................ 12
A estimulação física ......................................................................................................................................... 13
A estimulação intelectual ................................................................................................................................. 13
A educação da vontade ................................................................................................................................... 14
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 15
Não se conduz ................................................................................................................................................. 16
Os superdotados e os filhos prodígios ............................................................................................................ 17
UM PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................................... 18
Um caso real:” Minhas duas filhas maiores” .................................................................................................... 18

3 - A EDUCAÇÃO EFICAZ ............................................................................................................................. 21


O processo interno da aprendizagem.............................................................................................................. 21
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 22
A Sinergia Positiva e a Sinergia Negativa ....................................................................................................... 23
Como potenciar a inteligência ......................................................................................................................... 25
O método do “SIM, SIM...E” ............................................................................................................................. 27
PLANOS DE AÇÃO ......................................................................................................................................... 28
UM PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................................... 29
Um caso real: “Você é o melhor” ..................................................................................................................... 29
Uma lista de boas ações. ................................................................................................................................ 31
Caso: “Uma filha que chega tarde” .................................................................................................................. 31

4 - A EDUCAÇÃO PREVENTIVA ................................................................................................................... 33


Mais vale prevenir que remediar ..................................................................................................................... 33
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 34
O valor da amizade.......................................................................................................................................... 34
Em educação não invente, informe-se antes................................................................................................... 35
Objetivos de Planos de Ação ........................................................................................................................... 37
PLANOS DE AÇÃO ......................................................................................................................................... 38
Um caso real: Crescer na confiança ................................................................................................................ 38
UM PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................................... 38
Um caso real: Os sapatos de Marta ................................................................................................................ 39
UM PLANO DE AÇÃO: .................................................................................................................................... 39
5 - A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO ............................................................................................................ 41
Que tipo de exemplo devemos dar .................................................................................................................. 41
Mas, como dar esse exemplo? ........................................................................................................................ 41
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 42
A Teoria “Z” na família ..................................................................................................................................... 42
A reunião periódica é básica ........................................................................................................................... 44
UM CASO REAL: ELENA E A ORDEM ........................................................................................................... 45
PLANO DE AÇÃO ............................................................................................................................................ 45
2° PLANO DE AÇÃO ....................................................................................................................................... 46
Um caso real: “Plantão por um dia” ................................................................................................................. 46

6 - A EDUCAÇÃO MOTIVADA ...................................................................................................................... 49


Importância da Motivação Nivelada: ................................................................................................................ 49
Problemas no nível material ............................................................................................................................ 49
Problemas no nível da inteligência .................................................................................................................. 50
Problemas no nível da vontade ....................................................................................................................... 50
Educar em virtudes .......................................................................................................................................... 50
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 52
Motivações por níveis ...................................................................................................................................... 53
UM PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................................... 55
Um caso real: "Premiando com dinheiro" ........................................................................................................ 55
UM PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................................................... 57
Um caso real: "Tinham-no claro" ..................................................................................................................... 57

7 - A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA ........................................................................................................... 59


Como é uma criança desta idade? .................................................................................................................. 60
Como ele é na realidade?................................................................................................................................ 60
Quais são seus pontos fortes? ........................................................................................................................ 60
Quais são suas fraquezas? ............................................................................................................................. 60
De que oportunidades disponho? .................................................................................................................... 61
Que perigos externos devo evitar? .................................................................................................................. 61
DIÁLOGOS FAMILIARES ................................................................................................................................ 62
Falemos dos ciúmes ........................................................................................................................................ 62
Diálogos sobre a inveja ................................................................................................................................... 63
PLANOS DE AÇÃO ......................................................................................................................................... 65
Um caso real: "O filho problema" ..................................................................................................................... 65

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS ...................................................................................................................... 67

ANEXO
GUIA DE TRABALHO A ................................................................................................................................... 71

GUIA DE TRABALHO B ................................................................................................................................... 72

GUIA DE TRABALHO C ................................................................................................................................... 73


INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

Com este livro da coleção “Fazer Família”, queria poder ajudar os pais em um campo concreto e
importantíssimo da formação de seus filhos: a educação da vontade: conseguir que nossos filhos sejam
pessoas de vontade forte e sadia, capazes de querer de verdade. Capazes de:

- Querer ser pessoas responsáveis;


- querer aos demais;
- querer estudar.

Os profissionais da educação, por sua parte, encontrarão uma exposição simples e prática das novas
tendências em Pedagogia, que os ajudará a formar com mais eficácia seus alunos e a colaborar melhor com
os pais na difícil e apaixonante tarefa de educar.

Educar hoje é diferente. Os meios de comunicação: a imprensa, a televisão, o rádio e o cinema têm
uma influência crescente e nem sempre transmitem os valores que os pais desejam que seus filhos vivam. Do
mesmo modo, o ambiente, os amigos, os colégios, a rua...tão pouco oferecem sempre o exemplo desejado.
Estas influências externas são tão importantes que exigem dos pais responsáveis uma maior preparação como
educadores e estimulam os profissionais da educação a desenvolver “Novas Pedagogias”, que abrem
horizontes otimistas para os pais.

Portanto, nós, os pais, devemos rebater a tentação do pessimismo e, com entusiasmo, esforçar-nos
por conhecer todos aqueles avanços que, no campo da educação familiar, podem ajudar-nos a conseguir os
melhores resultados. Devemos aprender a educar melhor, de forma que os bons resultados sejam o normal
em nossa família e o futuro seja aquele pelo qual lutamos e não uma consequência do acaso.

Nossos filhos merecem o esforço. E, durante o caminho, a família viverá mais feliz e unida no
empenho comum por melhorar.

Vivemos uma época de mudanças, também no campo da cultura educativa. Até ontem, primavam os
valores da inteligência: saber idiomas, defender um título de “mestrado”... Hoje são também muito importantes
os valores intrínsecos da pessoa: o ser livre e responsável com uma vontade forte e sadia. Para conseguir
este objetivo, foi escrito este livro.

A exposição está dividida em três partes:

A primeira, nos introduz na matéria e descreve o que é um PLANO DE AÇÃO.

A segunda, tratará dos QUANDOS.

Quando educar a vontade?:

Em seu momento oportuno:

A EDUCAÇÃO PRECOCE

Quando exista “Sinergia Positiva”:

A EDUCAÇÃO EFICAZ

Chegando antes com o bem:

A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

1
INTRODUÇÃO

Na terceira parte, se desenvolverão os COMOS.

Como educar a vontade?

Como sempre ... a Teoria “Z”:

A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Nivelando prêmios e castigos:

A EDUCAÇÃO MOTIVADA

Educando diferentemente a cada um:

A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Educar bem é possível, mas não é simples. O esforço em comum e a transmissão de experiências
entre famílias ajuda a manter a constância e aumenta a eficácia, se torna mais fácil.

2
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

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A EDUCAÇÃO DA VONTADE

As novas tendências

O século XXI será o século dos serviços; mais de 80% da população do mundo civilizado trabalhará
em serviços.

Os serviços não se medem por sua estética nem por sua técnica, não são verdadeiros ou falsos.

Os serviços são bons ou maus; se medem em função de sua qualidade, em função de como estão bem
feitos.

• Servir bem a outros é dar-se.

• Para servir bem ... tem que querer servir.

• Servir ... é fazer um bem aos outros.

O bem é próprio da Vontade ou em outras palavras: a tendência natural da Vontade é fazer o bem. E
quando não o faz se autojustifica, dizendo: “Não está tão mal.” “Todos o fazem.” “Para mim é bom.”

No campo da educação familiar, as mudanças já começaram a se produzir. Até agora, os objetivos


principais de alguns pais, preocupados pela educação de seu filho, foram:

• Que tire boas notas.

• Que saiba matemática.

• Que aprenda idiomas.

E quando for maior

• Que termine um bom curso universitário.

• Que obtenha um título de "mestrado”.

• Que saiba...

O SABER é o objetivo e o SABER tem sua sede na INTELIGÊNCIA.

Os novos tempos nos trazem objetivos mais amplos que incluem e superam os anteriores. Para saber,
tem que querer saber.

O objetivo estará centrado no QUERER. Que nossos filhos:

• Queiram estudar.

• Queiram ser constantes.

• Queiram ser ordenados.

• Queiram ser obedientes.

• Queiram ser responsáveis.

3
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

Se se consegue isto, não haverá problema com o saber. Se querem estudar e têm hábitos de ordem,
constância e responsabilidade, as boas notas serão uma consequência e os títulos acadêmicos outra.

A PESSOA QUER
POR MEIO DA VONTADE

O querer tem sua sede na VONTADE. Com uma vontade sadia e forte é mais fácil alcançar o que nos
propusemos.

O importante é que nossos filhos sejam:

PESSOAS LIVRES
E
RESPONSÁVEIS

E se o são, serão capazes de estudar e obterão os reconhecimentos acadêmicos necessários que


asseguram os estudos feitos.

A inteligência se desenvolve na família, com mais intensidade durante os oito primeiros anos de vida,
e na escola.

A vontade é educada basicamente no seio da família. Os valores se adquirem na convivência familiar.


Os pais passaram a ser os protagonistas da formação de seus filhos.

As novas pedagogias nos fornecem meios que tornam mais simples educar. Mas, educar não é fácil.
Alguns destes meios são tão antigos como o próprio homem. As ciências souberam racionalizá-los e dar-lhes
forma para poderem ser aprendidos facilmente. Nos ensinaram o porque da mudança.

As seis áreas da educação da vontade

As Novas Pedagogias desenvolvem a educação da vontade em seis áreas:

1. - A educação precoce.

2. - A educação eficaz.

3. - A educação preventiva.

4. - A educação com o exemplo.

5. - A educação motivada.

6. - A educação personalizada.

As três primeiras respondem a “quando” é o momento mais propício para educar a Vontade e as três
seguintes a “como” tem que educá-la:

A educação precoce

Baseia-se no conhecimento dos Períodos Sensitivos. Nos oito primeiros anos, se desenvolve 90% do
cérebro, e nesses anos ficam definidos os alicerces sobre os quais crescerá a pessoa.

A educação efetiva

Nos ensina a criar Sinergia Positiva no interior da pessoa. Se apóia na atitude positiva do educando.
Se alguém se esforça em educar, os resultados sempre serão melhores.

4
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

A educação preventiva

É melhor prevenir que remediar. Adquirir um hábito novo antes que se estabeleça um vício, nos vacina
contra ele. É mais fácil adquirir uma VIRTUDE quando não existe o vício.

A educação com o exemplo

A educação com o exemplo foi e continua sendo necessária em uma boa educação; sem ela, não é
possível educar bem. O melhor exemplo é que nossos filhos vejam que nos esforçamos para sermos melhores.
Quando toda a família luta por melhorar, com os mesmos objetivos, se faz Teoria “Z”, e é o melhor exemplo.

EDUCAR EM TEORÍA “Z”


É O MELHOR EXEMPLO

A educação motivada

Os prêmios e castigos têm que corresponder com o que queremos premiar ou castigar. Premiar com
algo material - dinheiro ou coisas - uma boa ação, um bom comportamento, produzem no filho o desejo de
ganhar mais dinheiro em vez de vontade de ser melhor.

O melhor prêmio a uma boa ação é a ação em si mesma e seu reconhecimento. Não é fácil praticá-lo,
tem que aprendê-lo.

A educação personalizada

Todas as pessoas são diferentes. Educar de igual forma a filhos diferentes é prejudicar a uns em
benefício de outros, é uma injustiça. Temos que conhecer bem como são nossos filhos e, a seguir, aprender a
educar a cada um conforme convenha à sua forma de ser.

Os Planos de Ação

Um hábito bom se adquire por repetição de atos bons relacionados com esse hábito. Os filhos não
costumam fazer atos bons por acaso, devemos ensiná-los, motivá-los e ajudá-los a fazê-los para que a seguir
os façam eles próprios.

Ao conjunto destes atos, chamamos Planos de Ação. Os Planos de Ação são as ferramentas
utilizadas para ajudar nossos filhos a adquirirem hábitos e virtudes. Podem-se classificar em três planos
diferentes, de acordo com a intenção da pessoa que o pratica:

1° Planos de Ação “consequência “ de um passado.

São Planos de Ação que surgem em um momento determinado, não previsto, como consequência de
uma ação mal feita, um mal comportamento ou atitude. Os pais atuam sobre um fato passado que devem
corrigir.

2° Planos de Ação “vividos” no presente.

São Planos de Ação que perseguem o melhor cumprimento de algumas normas, costumes ou
afazeres, estabelecidos ou que se estabeleçam com o propósito de facilitar uma boa convivência e estimular as
virtudes da família cada dia presente.

3° Planos de Ação dirigidos ao futuro.

São Planos de Ação estabelecidos pelos pais e que não obedecem a um fato ocorrido ou a um defeito
já existente que se fosse corrigir, mas constituem um “investimento”, mais a médio ou longo prazo, para
conseguir um hábito ou virtude determinada previamente.

5
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

DIÁLOGOS FAMILIARES

A Família Mathias

Em uma cidade da Espanha, Madri, vive o casal Mathias, Maria e João. João é cientista e trabalha na
universidade em um programa de pesquisa. Maria é enfermeira e trabalha meio período das 9 às 13:00 hrs,
em um hospital perto de sua residência.

Se casaram há dezessete anos. Faz um ano que regressaram de Curitiba, onde passaram nove anos;
ali nasceram Diego, que tem um ano e Patrícia, com sete. Os dois filhos maiores nasceram em Madri. Daniel
tem onze anos e Ana é uma adolescente que, com seus dezesseis, já sabe “de tudo”.

Dois bons amigos seus de Curitiba, Tom e Virgínia, vieram passar um mês em Madri, por uma viagem
de trabalho de Tom. Acompanham dois de seus filhos: Henrique, de oito anos, e Hilda, de dezoito; os outros
dois pequenos, ficaram no México, com os avós. Tom é professor universitário na Universidade de Curitiba,
mas sua verdadeira afeição é a educação dos filhos e em especial as Novas Pedagogias.

João e Tom trabalham em um programa de pesquisa, patrocinado pelas Nações Unidas, sobre o Fator
Humano.

* * *

Maria: Virgínia, Tom, que alegria vê-los outra vez!

Virgínia: Desde o Natal. Mas agora Tom vem para trabalhar.

João: Espero que o trabalho se prolongue.

Tom: Devemos regressar logo, tenho muito trabalho em Curitiba.

Maria: Jantamos em casa, o jantar está pronto e depois conversaremos.

Uma troca de cultura educativa

As duas famílias jantam juntas na casa dos Mathias. Terminado o jantar, tomam café e começa a
tertúlia.
João: Ontem li no jornal:

“Estamos vivendo uma troca de cultura educativa tão profunda que se deve considerar como
uma mudança de tempo.”

E acrescenta o autor do artigo:

“No século XXI, as famílias educarão seus filhos de forma diferente de como sempre fizeram.”

O que sabe sobre isto, Tom?

Tom: É certo, estamos no começo, dentro de dez anos, mais da metade das famílias do mundo
desenvolvido estarão educando de outra forma.

João: O autor faz uma comparação muito original. Falando de laranjas diz que durante milhares de
anos foram transportadas em carros, puxados por animais e, em um prazo muito curto, menos de cem anos, os
transportes são feitos em aviões, caminhões... movidos por energia; mas as laranjas continuam sendo as
mesmas, antes e agora.

Virgínia: E isso o que tem a ver com a educação?

João: É uma mudança forte, sempre se fez de uma maneira, e agora se faz de outra completamente
diferente: mudaram os meios de comunicação, mas “a laranja” continua sendo igual.

6
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

A laranja são os valores que permanecem constantes. Os meios de comunicação na família, a forma
de dizer as coisas, de mandar, de conversar, isso é o que vai mudar definitivamente. Da mesma forma que
hoje não tem sentido transportar laranjas de Valência a Paris com carroça, também não tem sentido, se
existem sistemas mais modernos a nosso alcance, querer educar nossos filhos como nos educaram. Em
ambos os casos seríamos irresponsáveis.

Tom: As circunstâncias sociais, hoje, são diferentes das de antes: os meios de comunicação, a
televisão, a rua, os amigos..., não são como antes.

Maria: E as famílias também não; minha mãe estava todo o dia em casa e, além disso, tinha ajudante.
Eu trabalho fora de casa e não tenho ninguém que me ajude.

João: E eu então! Meu pai não ajudava e eu sim.

Maria: É verdade!, mas a mudança é maior a meu favor.

Um sistema em experiência: As Novas Pedagogias

Tom: Nos últimos anos, foram descobertas Novas Pedagogias que mudam a forma de educar na
família.

Virgínia: Tom sempre disse que se nós, os pais soubéssemos fazê-lo, não haveria fracasso escolar
nas famílias.

Tom: Além disso, os filhos se comportariam como pessoas livres e responsáveis. E poderiam ter um
coeficiente intelectual alto.

Maria: Quero saber mais sobre isso para colocar em prática!

João: Quando começamos?

Tom: Não é fácil, mas também não é tão difícil; está ao alcance de qualquer casal que queira fazê-lo.
Temos quatro fins de semana pela frente para comentar.

Maria: Tom, as Novas Pedagogias e a mudança de cultura educativa me dão um pouco de medo.
Estão comprovados esses sistemas?

João: Não estaremos testando com os filhos como se fossem cobaias?

Maria: E se não funcionar... Com os filhos não se devem fazer provas!

Tom: Fiquem tranquilos. Não há nenhum perigo, em todo momento vocês comprovarão que não
arriscam nada.

Maria: E como saberemos?

Tom: Por duas razões: Primeira, apenas deve fazer o que pensa que é bom, e na dúvida, não o faça.
Segunda, a própria realidade da vida nos confirmou que estamos no caminho certo.

João: Como se confirmou?

Tom: Há séculos sempre existiram famílias que souberam educar muito bem seus filhos.

Maria: Conheço algumas que o fazem de forma excelente.

Tom: Se têm seis filhos, cinco são excelentes e o sexto, que segundo eles tem algum problema, eu o
queria para mim! Os seis são os primeiros da classe.

Maria: E o que isso tem a ver com o nosso?

7
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

Tom: Se escolherem cem famílias, de diferentes países e de distintas classes sociais, e se estudaram
com detalhe como educam. Surpresa! Em linhas gerais, coincide o que eles fazem com o que as Novas
Pedagogias dizem que se deve fazer.

João: Mas eles não sabiam nada de Períodos Sensitivos, de Instintos-Guia, nem de neurônios. Como
o faziam?

Tom: Citarei um caso:

Uma família educa dando exemplo e exigindo de seus filhos: ordem nas coisas, obediência, ajuda na
casa, responsabilidade nos afazeres, horários de estudo. Não costumam gritar, nem bater. Reconhecem os
esforços por serem melhores e existe alegria na família.

Se fazem isto normalmente, como um costume, quando chegar o período sensitivo, o filho recebe os
mesmos estímulos de sempre, mas os aproveita melhor, e adquire o hábito que, a seguir, em um ambiente de
carinho e amor, ele mesmo converte em virtude. A família vive em um clima propício para o desenvolvimento
de valores.

Maria: E onde o aprenderam?

Tom: Em quase todos os casos estudados, encontramos uma mãe e uma avó que o transmitem de
pais a filhos. Quase sempre por via materna. É um exemplo que se transmite de geração em geração e que a
própria experiência demonstra que é válido.

Virgínia: O que dizem as Novas Pedagogias, especialmente no que se refere à educação da vontade,
coincide com a experiência recolhida nestas famílias que o fazem bem, e sempre o fizeram assim.

João: Realmente é uma boa comprovação.

Tom: Não se deve provar coisas novas com os filhos. Neste caso, não existe esse perigo, tudo que se
sugere vem garantido pela experiência.

Virgínia: Falando da importância de educar a vontade, Tom, por quê não conta aquela história que
tinha como título “Um erro de currículo”?

Tom: Sim, pode nos esclarecer conceitos, a li em um jornal de New York, e era uma história real sobre
como deve preparar-se um currículo para encontrar trabalho.

Virgínia: Se referia melhor ao futuro.

Tom: A história aconteceu faz alguns meses mas, segundo o autor, será algo muito frequente na
sociedade futura.

Maria: A de nossos filhos!

Tom: Se a memória não me falha...

E Tom contou a seguinte história:

Um caso: um erro de currículo

Pedro procura trabalho, é engenheiro industrial e dirigiu um departamento de solda nos últimos cinco
anos, é um especialista em soldadura.

Lendo o jornal, descobre que uma empresa multinacional necessita cobrir dois postos de trabalho.

Posto A = Especialista em soldadura, nível universitário.

Posto B = Especialista em computadores, nível universitário.

8
A EDUCAÇÃO DA VONTADE

Para o posto A, oferecem algumas condições econômicas aceitáveis. Pedro apresentou seu currículo
para o posto A. Foi aprovado em todo tipo de entrevistas, pesquisas e exames psicotécnicos...

Ao final de um mês recebeu a carta. Havia sido aprovado, lhe haviam concedido um posto de trabalho:
o posto B. Pedro pensou: “Deve ser um erro de currículo. Em computadores não tenho experiência...”

Pedro solicitou uma entrevista com o Diretor do Departamento Pessoal e foi revisado seu processo.
Não havia nenhum erro! O posto B era para Pedro! O posto A haviam dado a outro candidato que superava a
Pedro.

Esta foi a explicação que deram a Pedro:

“Para nossa empresa, a contratação de pessoal novo é muito importante, fazemos o possível
para não equivocar-nos.

Analisamos sua vida e sabemos que você:

• é trabalhador;
• é leal à sua empresa;
• trabalha bem em equipe;
• é constante e organizado.

Além disso possui um nível acadêmico universitário e tem cinco anos de experiência em empresas.
Com este currículo, lhe oferecemos o posto B. Você o quer?”

Pedro: Mas eu não tenho experiência em computadores.

Diretor do Departamento Pessoal: Em quatro meses, nós o ensinamos os conhecimentos necessários


e em um ano terá a experiência que pedimos. Em um ano e meio, você será a pessoa ideal para ocupar esse
posto.

As características que você tem como pessoa não podem ser adquiridas em dois anos, e, às vezes,
nem em toda a vida! É um posto de grande responsabilidade! Não nos equivocamos. Você é o melhor.

***

Tom: Procuravam uma pessoa com uma vontade sadia e forte.

João: As novas tendências vão por esse caminho.

Tom: No século XX, o principal foram os conhecimentos, as especialidades e os títulos. No século XXI,
se apreciará mais o que uma pessoa é, seus valores como pessoa.

9
Anotações:

10
A EDUCAÇÃO PRECOCE

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A EDUCAÇÃO PRECOCE

A educação precoce está na moda. Mas tratando o tema da vontade, o que é a educação precoce?

“É estimular especialmente um valor ou uma virtude em seu período sensitivo.”

“É conseguir uma melhora pessoal no momento idôneo.”

O que é um Período Sensitivo?

É o momento em que o desenvolvimento evolutivo das capacidades da pessoa facilitam e potenciam


certas aprendizagens, para as quais, biológica e psicologicamente, se esteja em melhores condições.

O cérebro e a educação

Uma pessoa adulta é o resultado da livre aceitação e do livre desenvolvimento da estimulação,


recebidas desde que nasceu. Hoje em dia, como já dissemos, a contribuição genética é inferior a 20% dos
resultados finais.

A pessoa não pode aceitar, nem desenvolver-se sobre estímulos não recebidos.

Daqui se deduz a importância da educação precoce. Desde a gestação até os oito anos,
aproximadamente, o enriquecimento do cérebro é uma consequência das conexões que se efetuam entre os
neurônios. Estas conexões se realizam ao estimular o cérebro no momento da maturação dos neurônios.

Em outras palavras:

Quanto maior o número de estímulos e melhor a qualidade dos mesmos haverá mais conexões entre
os neurônios e, como consequência, maior enriquecimento do cérebro.

O cérebro também pode enriquecer-se aperfeiçoando suas conexões neuronais. Este segundo
processo é o que caracteriza os períodos sensitivos na segunda parte do desenvolvimento da pessoa - desde
os nove anos - até sua maturidade.

Cada hábito tem seu melhor momento, o mais oportuno, no qual sua aceitação é mais fácil. Educar
conhecendo estes dados e potenciando-os é ao que se dá o nome de Educação Precoce.

Não é condição suficiente receber os estímulos. A pessoa - ser livre e responsável - tem que querer
aprendê-lo, tem que facilitar a melhora pessoal. Por meio das motivações, pode se tornar mais fácil o desejo
de aprender algo, em especial quando se trata de um estímulo bom para quem o recebe e o ajuda a melhorar
como pessoa.

A vontade tende a querer a beleza, a verdade e o bem. É uma tendência natural que levamos todos
dentro de nós. É um Instinto-Guia herdado, próprio de nossa natureza humana.

No sentido figurado, podemos dizer que os neurônios são grandes ou pequenos, ricos ou pobres,
como resultado de uma herança genética. Sabemos que apenas utilizamos, como valor médio, 10% de sua
capacidade. Este valor pode oscilar, em condições normais, entre 5 e 25%.

Um neurônio rico por nascimento que foi estimulado, depois de nascer, em 7%, está em piores
condições que um neurônio mais pobre, mas que foi estimulado em 18%. A resposta desta última, na área
estimulada, será superior à primeira. A estimulação pode realizar-se em duas formas diferentes:

Primeiro, aumentando as conexões entre neurônios. Ao nascer, não existem conexões. Este processo
de aprendizagem se realiza com mais intensidade até os oito anos.

11
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Segundo, fortalecendo e enriquecendo as conexões já estabelecidas. Desta forma, se aumenta a


velocidade de informação entre os neurônios, processo que se realiza com maior intensidade nos períodos
sensitivos, entre os 9 e os 18 anos.

A influência dos pais

De acordo com o exposto se pode dizer: Em grande parte, está nas mãos dos pais a possibilidade
de que seus filhos sejam:

- Músicos.
- Poliglotas.
- Organizados.
- Inteligentes.
- Esportistas.
- Generosos...

Sempre dependerá que eles queiram sê-lo; mas a influência dos pais, na forma de motivar, tornará
mais fácil a decisão de seus filhos.

OS PRIMEIROS ESTÍMULOS,
DÃO OS PAIS

Não é fácil que uma mesma pessoa se destaque ao mesmo tempo em campos diferentes:

- Um famoso pianista.
- Um grande matemático.
- Excelente tenista.
- Pintor de fama...

Cada uma destas especialidades necessita de muito tempo de aprendizagem e concentração, e


ambas as coisas são limitadas.

Não devemos esquecer que a capacidade das pessoas para aprender é limitada, e quando nos
aproximamos a este limite, a própria pessoa se nega a continuar aprendendo.

Não se pode abranger tudo. Devemos escolher. A maior parte dos períodos sensitivos acontece antes
dos dez anos. E, com maior intensidade e riqueza de assimilação, antes dos seis anos.

As crianças, nesta idade, não estão em condições de decidir, livre e responsavelmente, o que querem
ser quando forem adultos. São os pais, portanto, os que têm a livre responsabilidade de escolher por seus
filhos.

Os filhos, em qualquer momento, poderão querer ou não querer fazer o que os pais propõem, ainda
que dependa, em grande parte, da forma como são motivados.

Pelo contrário, nesta idade, não têm capacidade de decisão, nem são livres para aprender algo que
seus pais não queiram. Não podem aprender uma coisa se não recebem os estímulos apropriados. Diferente é
o fato de que uma vez recebidos, queiram aceitá-los ou não. Mas a primeira condição não tem alternativa.

Propomos alguns exemplos:

12
A EDUCAÇÃO PRECOCE

A estimulação física

“Alguns pais querem que seu filho, quando for maior, nade bem.”

Com quatro ou cinco anos, contratam um professor de natação. O professor sabe motivar
corretamente. A criança nadará melhor que outras, ele sabe, e fazer as coisas bem lhe agrada, ficar bem
diante de seus amigos também lhe agrada. Normalmente, se a oportunidade for facilita, nadará. Quando for
maior, será um dos que melhor nadam em sua classe. Se os neurônios e aptidões genéticas forem favoráveis,
pode chegar a campeão de sua cidade ou a medalha de ouro; mas, em qualquer caso, será dos melhores de
seu colégio.

Podemos dizer o mesmo do futebol ou de qualquer esporte. Se seu pai, desde os três anos, lhe ensina
a jogar com uma bola, a criança o fará cada vez melhor. A toda pessoa agrada fazer o que faz bem, não será
difícil entusiasmá-lo, teremos que facilitar-lhe os meios. É muito provável que forme parte da equipe do
colégio, e que seja dos melhores. A posição dentro da equipe dependerá também de suas características
naturais genéticas: alto ou baixo, destro ou canhoto, etc...

A estimulação intelectual

Luís é filho de pais alemães, vivem na Espanha, estuda em um colégio inglês. Em sua casa, fala
alemão, no colégio, inglês e, com seus amigos e vizinhos, espanhol. Aos cinco anos falará corretamente três
idiomas, e dificilmente os misturará.

Foi o resultado de ter alguns estímulos e uma motivação correta. A possibilidade que se negue a fazê-
lo é muito pequena, ainda que possa acontecer.

As conexões dos neurônios que governam a fala são mais numerosas e ricas que o normal. A criança,
quando for maior, terá pouco trabalho em aprender um quarto idioma. Seu coeficiente intelectual, na área de
idiomas, será muito alto. No colégio, será um dos melhores nesta matéria.

Este resultado é independente da genética dos neurônios. Se em vez de ser filho do casal alemão,
fosse adotado desde seu nascimento, o processo seria mesmo. Se, além disso, acrescentamos uma genética
rica em seus neurônios, será dessas pessoas privilegiadas que fala seis ou sete idiomas corretamente.

Como proporcionar-lhe uma boa audição:

- Colocá-lo para ouvir música desde os seis meses antes de nascer até os dois anos e meio.
Estamos lhe potenciando:
- A afeição à música;
- entender melhor os idiomas;
- falar os idiomas com melhor pronuncia;
- ter menos erros de ortografia; percebe melhor a entonação das sílabas de cada palavra.

Dos dois anos e meio até os quatro, é melhor diminuir as audições musicais a um tempo normal. Neste
período, devemos deixar que se potenciem, com caráter prioritário, as áreas cerebrais correspondentes à fala.
A partir dos 4-5 anos, pode-se voltar a insistir nas audições musicais.

A título de exemplo, trataremos alguns dos períodos sensitivos, referidos à vontade, que representam
o momento mais adequado para ajudar a potenciar um hábito, um valor ou uma virtude.

Hábito ou Virtude Período Sensitivo


A ordem De 1 a 3 anos
A obediência 3 a 6 anos
Generosidade 6 a 9 anos
Laboriosidade 8 a 12 anos
Solidariedade 12 a 15 anos
Lealdade 14 a 18 anos

A vontade se apóia na inteligência para adquirir hábitos e virtudes.

13
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Quando falamos do desenvolvimento do corpo ou da inteligência, nos referimos à Estimulação


Precoce, reservando à vontade o termo de Educação Precoce.

As pessoas não nascem esportistas, inteligentes e generosas. Tornam-se esportistas, inteligentes e


generosas, graças aos estímulos recebidos e à sua capacidade de serem livres e responsáveis.

Os filhos de pais inteligentes ou músicos não são normalmente inteligentes e músicos por serem filhos
de seus pais, mas porque conviveram com eles desde pequenos. Quando não houve uma convivência viva e
estreita, não veremos necessariamente nos filhos as aptidões dos pais.

As aptidões e a forma de ser das pessoas, em sua maior parte, não são hereditárias. São adquiridas
na convivência, graças aos estímulos recebidos, principalmente durante os períodos sensitivos.

Nota: Para mais detalhes, ler, Educar Hoje.

A educação da vontade

No campo da vontade, a situação é mais complexa, mas se rege por princípios similares.

Ao ser próprio da vontade a capacidade de decidir, se uma pessoa quer, é mais fácil modificar os
resultados. Como podemos adquirir a habilidade de nadar ou de falar três idiomas, também podemos adquirir
o hábito de sermos organizados, estudiosos ou constantes...

Suponhamos que queremos que nosso filho seja organizado:

Nos primeiros meses, cuidamos da ordem em seu asseio pessoal, na alimentação e no sono. Desde
os dois anos, o ensinamos que cada coisa tem seu lugar, e combinamos com ele para ser organizado com
seus brinquedos e suas roupas.

O período sensitivo da ordem os filhos o vivem em seus primeiros três anos. Se “sabemos motivá-los”,
condição importante, será fácil que adquira o hábito. Até os cinco anos o ajudaremos a viver a ordem e cada
vez lhe será mais fácil.

Quando tiver uso de razão, o motivaremos a querer ser organizado, porque é bom. É bom para seus
pais e irmãos e lhe causa alegria sê-lo...; estamos no caminho de que adquira a virtude da ordem. A partir de
então, gostará mais de organizado e lhe dará menos trabalho que a outros sê-lo.

Em qualquer momento de sua idade, porque é livre, pode conscientemente não querer ser organizado;
mas como sua estrutura cerebral a tem preparada, será fácil recuperá-lo. Uma criança educada na ordem, o
mais provável é que goste de ser organizado.

De forma semelhante, ainda que diferente no tempo e na forma, podemos ajudá-lo a ser: estudioso,
obediente e responsável...

Até a adolescência, os hábitos podem atuar no cérebro como os idiomas; uma criança pode aprender
dois idiomas em ambientes diferentes, sua casa e o colégio e, em cada lugar, falar o idioma correspondente.

Da mesma forma, uma criança pode aprender a ser no colégio:


- Organizada.
- Generosa.
- Obediente...

e ao mesmo tempo ser em sua casa com sua família:


- Desorganizada.
- Egoísta e
- Desobediente...

No Período Sensitivo correspondente, recebeu estímulos diferentes no colégio e em sua casa, e


aprendeu a comportar-se de forma diferente em ambientes diferentes.

14
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Quando essa criança vai à casa de um amigo, ele, inconscientemente, escolhe um dos dois
comportamentos. Se é amigo do colégio, é mais provável que se comporte perfeitamente como está
acostumado a fazê-lo no colégio. A mãe de seu amigo ao recebê-lo em sua casa dirá à sua mãe:

- Você tem um filho ótimo! Se soubesse como é organizado e obediente, nos ajudou em tudo!

E a mãe até pode sentir o orgulho de dizer: aqui não se comporta bem!, mas, eu devo educá-lo muito
bem! Sem chegar a perceber que seu filho tem dois tipos diferentes de comportamento e não é ela a que
educa bem, mas seu colégio.

Este comportamento irregular costuma terminar entre os 12 ou 14 anos, e em qualquer caso, antes
dos 20. Nesta idade, a criança é mais consciente de seu próprio comportamento; seu interior exige coerência
em sua forma de atuar, deve escolher um dos dois e adotá-lo como sua forma normal de ser; neste momento,
depende de sua motivação interna e de sua formação moral que escolha um dos dois.

Também é certo que se, num momento de sua vida, queira mudar para outro comportamento lhe é
mais fácil por havê-lo vivido em seus primeiros anos, e isto é válido para melhorar ou para piorar sua forma de
atuar.

DIÁLOGOS FAMILIARES

Maria está contente e ao mesmo tempo preocupada. É domingo e lhes espera uma tarde com uma
tertúlia tranquila. O tema de hoje, não o vê claro, há coisas nas quais não está de acordo. Ontem, João e ela
discutiram. A João também não lhe convencem.

Tom e Virgínia ficaram de vir às quatro, lancharão juntos. As duas filhas maiores, Hilda e Ana, saíram
de excursão, não regressarão até as oito. Escolhemos um bom vídeo para as outras crianças: Mary-Poppins.
Depois brincarão de “supermercado” que é a brincadeira preferida de Dani. Patrícia e Dani, passaram a
manhã preparando-a. Horas e horas pintando tudo o que se pode comprar em um supermercado: frutas,
carne, pescado... O dinheiro, pegaram de outra brincadeira... Bateram à porta.

Maria: Abre, João. Com certeza são eles. São quatro horas.

Virgínia: Tens notícias dos filhos? Terão chegado bem?

Tom: Leram as anotações que lhes deixei a semana passada?

João: Henrique, venha até a sala, que hoje preparamos um filme muito bonito.

As crianças, depois dos cumprimentos de praxe, se sentam para assistir ao vídeo. Os dois casais se
acomodam na varanda. Hoje, lhes espera uma tarde tranquila, mas - como dizíamos - o tema que Tom propôs
não é fácil.

Maria: Não estou de acordo com esses textos que nos deixou, Tom.

João: A Educação Precoce não é fácil.

Tom: Vamos tirando as dúvidas que tenha, pouco a pouco. Maria, o que é que não entende?

Maria: Entendo tudo, mas não estou de acordo. João, lia as perguntas que preparamos ontem.

João: Lerei uma a uma, ou todas seguidas?

Tom: Prefiro conhecê-las todas, assim as organizamos e as vamos discutindo pouco a pouco.

João: A idéia de poder fabricar os filhos conforme meu desejo não nos agrada. Onde está sua
liberdade? As crianças superdotadas nem sempre são felizes.

Maria: Às vezes são inadaptadas e até maus estudantes.

15
A EDUCAÇÃO PRECOCE

João: Ao você escolher o que vão fazer bem: pintar, música, um esporte...,
assim está determinando o que vão ser quando forem maiores. E se não querem?... Não terão perdido seu
tempo? Como sei o que devo escolher entre tantas alternativas? Como vou decidir por ele? E se ele não quer
durante a aprendizagem?

Maria: Eu prefiro filhos normais, nada de filhos prodígios.

João: E por último, não estaremos caindo na condução?

Virgínia: Não esperava vê-los tão negativos. Em tudo isto há muitas coisas positivas que é muito bom
conhecer.

Tom: Iremos analisando os problemas um a um.

A EDUCAÇÃO PRECOCE
É VERDADE

Tom reflete por alguns minutos e continua:

Tom: A primeira coisa que quero deixar claro é a Educação Precoce na verdade. Tudo o que está
escrito nas anotações que lhes dei outro dia é certo e está suficientemente contrastado com a realidade. E se
é verdade, por que não conhecê-lo? Por que não usá-lo corretamente? São magníficas ferramentas para
ajudar-nos a educar melhor.

João: É tão antigo...?

Tom: O que é muito recente, em educação, é conhecer o processo interno da aprendizagem, as


conexões dos neurônios, os períodos sensitivos... Hoje se sabe que a maturação dos neurônios são processos
naturais; insisto: processos naturais que realizam em todas as aprendizagens. É a forma natural que tem a
pessoa para aprender.

- Se aprende por estímulos.


- E os estímulos nos Períodos Sensitivos são mais eficazes.

Este é todo o segredo.

Não se conduz

João: Mas não estaremos conduzindo?

Tom: Quando educa empregando métodos naturais, buscando em todo momento o bem da pessoa e a
verdade, não existe a condução nem tão pouco manipulamos.

Maria: E quando sei que estou buscando o bem e a verdade?

Tom: Darei a você um conselho para sempre. Normalmente nós, os pais, quando educamos, sabemos
o que está certo e o que está errado; mas se alguma vez tenha dúvidas, o conselho é claro: Não o faça!

João: Na dúvida, abstenha-se, não é isso?

Tom: Exatamente. Assim terá a segurança de não equivocar-se.

João: E se se equivoca sem sabê-lo?

Tom: Educando seus filhos, não é fácil que aconteça, mas se acontecesse, não está manipulando,
somente está cometendo um erro. Eu aconselho que atue apenas onde esteja “bem” seguro. É fácil!

16
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Os superdotados e os filhos prodígios

Tom: Falemos dos superdotados.

Maria: E dos filhos prodígios.

Virgínia: Tom não é muito adepto os filhos superdotados e entende perfeitamente o que você diz,
Maria. Em muitas ocasiões não são felizes e até têm problemas com os estudos.

Tom: É certo que estas pesquisas servem para ter filhos prodígios. A mim também não agradam os
prodígios. Maria, eu prefiro perguntar, como você gostaria que fossem seus filhos?

Maria: Normais.

Tom: Tudo bem, mas efetive algo mais.

Maria: Se me permite escolher...

- bons estudantes;
- esportistas;
- responsáveis;
- bons cristãos...

Tom: Suponho que também...

- que tenham força de vontade;


- que sejam “boas” pessoas;
- trabalhadores, alegres;
- que tenham valores...

Maria: Do mesmo modo. Dou por certo!

Tom: Pois bem, hoje em dia, graças aos estudos feitos sobre a Educação Precoce, sabemos o que
temos que fazer para ajudar nossos filhos para que se pareçam bastante com isso que você quer.

João: Será se ele quiser, é claro!

Tom: Evidentemente, mas sabemos como lhe dar os estímulos necessários para que seja mais
provável que ele queira.

Maria: Quer dizer que jogarei muitas fichas a meu favor?

Virgínia: Algo parecido. Você o faz bem e o mais provável é que saia bem. As pessoas são livres e
certeza absoluta não existe nunca.

Maria: Entendo o que me diz, agora apenas necessito que me convença. Dê-me algum exemplo.

João: Pode-se evitar o fracasso escolar?

Tom: A resposta é sim, com uma probabilidade muito alta. A certeza absoluta não a temos nunca.

João: Dependerá que seus neurônios sejam ricos?

Tom: Depende muito mais dos estímulos que lhe dê. A mim, os neurônios não me importam! Não
pretendo que meu filho seja um Prêmio Nobel.

Maria: Também posso conseguir que, quando for adolescente, se comporte como uma pessoa livre e
responsável?

Tom: Vamos por partes. Quando vejo pais muito preocupados que seus filhos aprendam matemática,
física ou um idioma, e gastam o dinheiro em bons professores particulares, penso: Esse não é o melhor
caminho!

17
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Maria: Mas se tiram más notas?

Tom: Se você gasta o esforço e o dinheiro para que seu filho aprenda matemática, ou aprenda física,
apenas consegue que saiba mais matemática ou física, e isso no melhor dos casos.
João: Pois terá conseguido o que quer, não?
Tom: Se você gasta o esforço para que seu filho:
- Queira estudar;
- queira ser constante;
- queira ser organizado;
- queira ser responsável;

em uma palavra, em que tenha valores e, como consequência, força de vontade, o resultado é que lhe será
mais fácil aprender matemática ou física sozinho. Provavelmente nem sequer no caso de tirar algumas notas
ruins.
Conclusão: Educar a vontade é o princípio de uma boa educação. Para uma pessoa com virtudes é
muito mais fácil.

Maria: E então?

Tom: Aplica seu esforço prioritariamente em conseguir hábitos bons em seus filhos e, a seguir, motiva-
os para que os convertam em VIRTUDES.

João: E da inteligência, nos esquecemos?

Tom: Não! Algo teremos que fazer com a inteligência. Ainda não respondi à sua pergunta do fracasso
escolar. Importa que tratemos disso outro dia? Hoje perguntou-me tarde e quero comentar um problema que
tenho que resolver amanhã. Espero uma chamada de Curitiba e gostaria de consultar algo antes.

Maria: Vejo que nos ensina as dicas e não nos deixas provar, nos dá água na boca e não nos dá de
comer.

Tom: Creio que já saíram muitas coisas.

Virgínia: Estes temas são simples; mas, às vezes, até que não se tenta com os próprios filhos, a
pessoa não se convence de sua eficácia.

Tom: Prometo-lhes continuar com estes temas até que fiquem totalmente claros; nas próximas três
semanas não regressaremos a Curitiba. Temos tempo suficiente.

João: Tom, o que queres comentar comigo?

Tom: Maria, toma (lhe dá uns papéis), esta tarde leia este Plano de Ação que trouxe. Assim iremos
adiantando a matéria.

Maria: Obrigado, Tom.

Virgínia: Vamos terminar já para não ficar cansativo.

UM PLANO DE AÇÃO

Um caso real:” Minhas duas filhas maiores”


SITUAÇÃO: Temos três filhos: Luís com oito meses, e minhas duas filhas maiores de três e seis anos,
Natália e Ângela. Ficamos um ano praticando a Educação Precoce, que aprendemos no colégio. Já fizemos
vários Planos de Ação sobre a obediência, a televisão, a sinceridade... Mas, desta vez, queremos melhorar a
ordem e a responsabilidade. Queremos fazer o plano para as duas filhas. Pensamos na ordem para a
pequena Natália e na responsabilidade para Ângela. Meu marido é dentista, tem pacientes às tardes em casa
e eu sou sua atendente.

18
A EDUCAÇÃO PRECOCE

OBJETIVOS:

Geral:

- Natália (3 anos): melhorar na ordem.

- Ângela (6 anos): responsabilidade.

Concreto:

- Natália: Organizar sua roupa e seus brinquedos.

- Ângela: Vigiar os horários.

Meios:

- Natália, todos os dias ao tomar banho, levará a roupa suja ao cesto. Organizará sua roupa limpa e
terá todos os seus brinquedos em seu lugar.

Apenas poderá brincar com um brinquedo, o que ela escolhe. Para pegar outro, deixará este em seu
lugar.

- Ângela é uma fanática do relógio. Seus avós lhe presentearam um em seu aniversário, será a
responsável de avisar-nos para que cumpramos o horário:

- Almoço às 13:00 hrs.


- Lanche às 17:00 hrs.
- Deveres e jogos às 18:00 hrs.
- Às 20:00 hrs ler histórias.
- O jantar às 20:30 hrs.
- O banho às 21:00 hrs.
- Ir deitar-se às 21:30 hrs.

O horário é válido para minhas duas filhas maiores, e Ângela também cuidará da ordem de sua roupa
e de seus brinquedos.

MOTIVAÇÃO: Não foi difícil. A Natália apresentamos como um jogo divertido. Para Ângela, ajudar
mamãe em casa era sua principal motivação. O relógio era um prêmio. Nada mais a dizer, estava esperando
que chegasse o dia seguinte para começar.

A fim de manter viva a motivação, na porta do quarto colocamos um papel grande com duas escadas
de sete degraus e recortamos dois bonecos. Um era Natália e o outro Ângela. Pregamos na porta e cada dia
que cumpriam seu dever subiam um degrau. Quando chegarem em cima, toda família estará muito contente, e
mamãe fará uma sobremesa especial para agradar a todos.

UMA MOTIVAÇÃO CONTÍNUA


TEM MAIS FORÇA

HISTÓRIA:

Desenvolvimento: Com os filhos nunca se sabe. O Plano de Ação do mês passado, sobre a
obediência, foi uma luta permanente e o de agora foi uma seda.

Segunda-feira: As duas cumpriram. A pequena se esquecia de levar a roupa ao cesto depois do


banho; mas depois de um “sim, mamãe!”, o fez em seguida. Ângela passou o dia com o relógio. Nos fez
cumprir o horário. Quem passou o dia pior fui eu. Tudo deve estar no ponto!

Terça-feira: Os brinquedos bem e o horário regular, por minha culpa. As duas filhas subiram um
degrau. Já foram dois.
Quarta-feira: Outro degrau cada uma.

19
A EDUCAÇÃO PRECOCE

Quinta-feira: A pequena deixou desarrumados os brinquedos e como não a subíamos o degrau não
quis dormir até organizar tudo e ver como subia seu degrau.

Sexta-feira: Regular. Deixamos as duas sem escada. Como eram as duas, não reclamaram.

Sábado e Domingo: Tive que mudar os horários. A ordem funcionou.

Resultado: Melhor do que se esperava. A partir de agora, será mais difícil, especialmente com a
maior; não é muito constante. Natália aprendeu muito bem.

OS PLANOS DE AÇÃO REQUEREM


PACIÊNCIA E CONSTÂNCIA
DOS PAIS

COMENTÁRIO: É um Plano de Ação de Futuro, aplicado em seu Período Sensitivo. É importante a


escada, por ser uma forma de fazer o reconhecimento. As crianças se sentem capazes de fazê-lo.

AS CRIANÇAS DEVEM SENTIR


QUE SÃO CAPAZES

20
A EDUCAÇÃO EFICAZ

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A EDUCAÇÃO EFICAZ

Existe Educação Eficaz quando no processo educativo se gera uma “Sinergia Positiva” que
potencia os resultados obtidos.

É no próprio filho que se gera esta Sinergia Positiva, que o ajuda a melhorar como pessoa. A
Sinergia Positiva se produz quando, aos esforços normais para conseguir um objetivo, se somam uma força,
gerada dentro do próprio sistema, a pessoa neste caso, que potencia por si própria o resultado final obtido.

O cérebro é a base orgânica do desenvolvimento de nosso corpo e de nossa inteligência. A vontade


se apóia na inteligência para decidir nossos atos; é, portanto, o cérebro um elemento fundamental no
desenvolvimento das pessoas. Aproveitar nosso cérebro eficazmente supõe utilizá-lo em uma porcentagem
superior a 10%. A Educação Eficaz nos ensina a aproveitar melhor o potencial de nosso cérebro, nos ensina
a gerar a Sinergia Positiva suficiente que nos levará a conseguir melhores resultados educativos com menor
esforço.

Para que o cérebro trabalhe com eficácia, devem dar-se três premissas:

1) - Que receba a informação necessária.


2) - Que a receba em condições adequadas para sua correta assimilação.
3) - Que a processe corretamente, na mesma linha dos objetivos que se querem obter.

O processo interno da aprendizagem

A aprendizagem, em condições normais, se desenvolve segundo um processo interno que fica


representado pela seguinte função:

APRENDER = f (Estímulo) (Atitudes) (Vontade)

Fórmula experimental e aproximada que nos ajuda a explicar os processos de aprendizagem.

Desenvolveremos as três premissas:

1) - Receber a informação necessária

Se quisermos promover uma melhora pessoal em um filho, a primeira coisa a fazer é comunicar-lhe o
que esperamos dele, dando-lhe a informação necessária para que promova um estímulo positivo em sua
próxima atuação. Por exemplo:

a - Não volte a deixar seu quarto desarrumado.

b - Arrume seu quarto, nesta casa todos devem arrumar os quartos e fazer as camas.

c – Agradar-me-ia que arrumasse seu quarto; estou segura de que você é capaz de fazê-lo.

Estes estímulos estão ordenados de menor para maior eficácia.

Nos três casos, demos a informação necessária para que arrume seu quarto, mas foi recebida em
condições diferentes.

2) - Condições adequadas para uma boa assimilação da informação

A informação nos chega do ouvido ao cérebro, através dos filtros de atenção.

Uma mesma informação pode ser bem ouvida ou não ser escutada, desde que a pessoa que a recebe
esteja ou não nas condições adequadas para sua assimilação.

21
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Existem cinco condições que ajudam a uma melhor assimilação da informação, já que predispõem ao
ouvinte a prestar mais atenção:

1) - A Alegria.
2) - A Tranquilidade.
3) - A Confiança.
4) - A Delicadeza.
5) - O Carinho.

Nestas condições, os FILTROS DE ATENÇÃO favorecem a chegada da informação ao cérebro para


ser processada. Desde que a informação entra no ouvido até que chegue ao cérebro, passa por uma série de
filtros que podem admiti-la ou recusá-la.

As duas primeiras condições, a Alegria e a Tranquilidade, correspondem à pessoa que as recebe, os


filhos.
A terceira, a Confiança, deve dar-se entre as duas pessoas: a que estimula, um dos pais, e a que
escuta, o filho. Existe Confiança quando acreditamos que a pessoa que se dirige a nós é sincera e justa.

As duas últimas, a Delicadeza e o Carinho, se referem, principalmente, à forma em que se dá o


estímulo ou, o que é o mesmo, à maneira de dirigir-se dos pais aos filhos.

É aconselhável que as cinco condições atuem positivamente; apenas uma contrária dificulta a
chegada correta da informação. Ou, inclusive, pode bloqueá-la por completo.

3) - A informação deve ser processada corretamente

É condição necessária que a informação chegue bem ao cérebro, mas não é suficiente para que a
pessoa melhore. A pessoa deve estar adequadamente motivada para que queira fazer sua a informação
recebida e atue.

Não basta que os filhos saibam que devem ser organizados; é necessário que arrumem seu quarto,
que o arrumem bem e, além disso, que o façam porque querem fazê-lo. Somente assim começarão a melhorar
como pessoas. Devem, portanto, realizar um ato bom, fazê-lo buscando o bem e fazê-lo livremente. Se arruma
seu quarto debaixo da ameaça de um castigo ou para conseguir um prêmio, a melhora é de muito baixa
qualidade.

A pessoa deve estar corretamente motivada. Deve saber o porque tem que fazer esse ato bem feito e
as consequências de fazê-lo bem. Esta situação o move a querer fazê-lo e além disso a fazê-lo realmente.
Somente neste caso existe melhora pessoal; se isto não ocorre, terá a informação, mas não chegará a
processá-la e, portanto, não existirá a melhora pessoal.

DIÁLOGOS FAMILIARES
É sábado, as duas famílias estão passando o dia no Clube de Tênis. Acabam de almoçar. Os filhos
desapareceram, comeram rapidamente para continuar brincando com seus amigos.

Os dois casais tomam café e iniciam uma tertúlia com muitos temas pela frente:

Maria: Tom, quero que me explique melhor o que é Educação Eficaz.

Tom: Você leu as anotações que lhe dei a semana passada?

Maria: Sim, creio que estão claras, mas na hora de dar exemplos, surgem as dúvidas.

João: Maria gosta de buscar um exemplo para cada coisa; melhor se o exemplo pudesse ser aplicado
a nossos filhos.

Virgínia: Creio, João, que os exemplos são a melhor forma de não esquecer e facilitam sua colocação
em prática.

22
A EDUCAÇÃO EFICAZ

A Sinergia Positiva e a Sinergia Negativa

Tom: Hoje temos tempo, estou disposto a revisar todas as anotações e a buscar os exemplos
necessários... Por onde começamos?

João: Comecemos pelo princípio. Dando um exemplo de Sinergia Positiva.

Tom: Matematicamente, é muito simples: se somamos um esforço de 4 mais um esforço de 7 e o


resultado é de 11, não existiu Sinergia; o resultado foi o normalmente esperado. Se 4+7 fosse igual a 16, quer
dizer que existiu uma força interna que forneceu 6 pontos a mais, existiu Sinergia Positiva. Se um esforço de
4 mais um esforço de 7, produz um resultado de 3,7 + 4 = 3, quer dizer que existiu uma força interna que foi
capaz de neutralizar um esforço de 8, existiu Sinergia Negativa.

Maria: Eu não estou aqui para que me dê uma aula de matemática, explique-me o mesmo, mas com
meus filhos de protagonistas.

Tom: Suponha que você diz a seus filhos:

- Arrume seu quarto!


- Não deve ver televisão antes de estudar!
- Tire a mesa depois de comer!

Se o diz dez vezes e não ligam, no dia seguinte terá que lhes repetir o mesmo.

Maria: Isso é o que costuma me acontecer.

João: É um claro exemplo de Sinergia Negativa, você coloca o esforço e o resultado é pequeno.

Maria: A mim não interessa o negativo, eu quero saber o que tenho que fazer para ter Sinergia
Positiva.

Tom: Tem razão, Maria. Vou explicar com todos detalhes, e com exemplos.

Virgínia: Tom, por que não lhe explica o que comenta aos dirigentes na Universidade?

João: Acho ótimo, Virgínia , isso também interessa a mim.

Tom: Nas Escolas de Negócios, na área de Recursos Humanos, é importante saber como tem que
dizer as coisas para mudar a conduta de alguma pessoa. Por exemplo, Maria, suponha que eu sou o chefe de
seu marido, e quero convencê-lo para trabalhar mais e perca menos o tempo no escritório. Sei muito bem o
que devo dizer-lhe mas, como o digo para que queira retificar-se?

Maria: A João não é necessário dizer nada, trabalha demais.

Virgínia: É uma hipótese, Maria.

Tom: Para que me ouça, o que é melhor, dizê-lo quando está alegre ou quando está triste?

Maria: Alegre, claro!

Tom: E... em um momento no qual João esteja tranquilo ou intranqüilo?

Maria: Tranquilo.

Tom: Escolheria, para dizê-lo, uma pessoa em quem João tivesse confiança ou não?

Maria: Conheço bem João, se não confia nela, nem a escuta; não perde seu tempo.

Tom: E a forma de dizê-lo? Será melhor com delicadeza ou bruscamente?

Maria: Essa é fácil, o primeiro.

23
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Tom: Não é certo que será melhor falar-lhe dando-lhe mostras de amizade?... Com os filhos, o
chamaremos carinho.

Maria: Eu o faço assim sempre.

João (olhando a Maria): Sempre, sempre...?

Maria: Bom, sempre não...; Mas...

Tom: Você mesma escolheu o melhor. Quando quiser que alguém a escute e faça caso, não se
esqueça que é mais eficaz:

1) - Dizê-lo quando esteje a-legre.


2) - Esperar até que esteje tra-nquilo.
3) - Criar um clima de con-fiança.
4) - Dizê-lo com de-licadeza.
5) - Que note que diz com carinho.

O MELHOR PARA EDUCAR É UM


ATRACON DE CARINHO

Alguns assessores americanos, para chegar a estas conclusões, escreveram dois livros e empregaram
uma boa quantidade de dólares.

Maria: Para mim, quanto vão me dar?

Tom: Se não se cumprem algumas destas condições, os Filtros de Atenção tendem a bloquear-se, e
a pessoa NÃO se inteira do que estão lhe pedindo ou, se se inteira, NÃO o suficiente para dar a atenção.

Virgínia: Recordo que, em uma ocasião, em Campinas, estando Tom explicando este tema, simulou o
que faziam algumas mães ao longo de um dia qualquer de colégio:

Pela manhã (A mãe atuando):


- Levante-se, que vai chegar tarde!
- Lave-se bem, parece que não se lavou!
- Não brigue com seu irmão! Pronto, já começou!
- Esqueceu os cadernos! Como sempre!
- Apresse-se que o ônibus está saindo!

Ao voltar do colégio:
- Mas como vem sujo! Não tem nenhum cuidado!
- Não grite com sua mãe e obedeça!
- Coma tudo, não deixe nada no prato!
- Desligue a televisão, agora mesmo! Você está proibido...!
- Recolha tudo...,venha já!
- Não minta! Você sempre diz mentiras!
- Apague as luzes! Que eu não tenha que repetir!

Certamente alguma vez tenha atuado assim.

Maria: Quase sempre, como todo mundo, o que tem de mau?

Tom: Quando você atua e repreende algo malfeito está em plena Sinergia Negativa.

Maria: Explique-me.

Tom: Quando seu filho faz algo de ruim e você trata de corrigi-lo - todos os exemplos de Virgínia
estão nestas condições - acontece o seguinte:

Maria: Não fale depressa pois quero anotar.

24
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Tom: Toda pessoa, depois de fazer algo de ruim, tende a ficar: triste. Se a surpreende fazendo-o mau,
além disso está: intranquila.

A base da confiança está na sinceridade e na justiça, quando você diz a seu filho:

- Não bata em seu irmão!

Ele pensa: “Não fui eu, ele quem começou...”

Seu filho acredita que você não está dizendo a verdade, e é injusta, porque está repreendendo-o
mesmo sendo inocente, em resumo: não há confiança.

E, além disso, é provável que não o diga com muita delicadeza.

Para seu filho, o carinho não comparece quando é esperado.

Maria: Está me insinuando que tudo o que faço é ruim?

Tom: Está criando um clima de Sinergia Negativa; o que você diz a seu filho entra por um ouvido e sai
pelo outro; os filtros de atenção os tem fechados, as condições de recepção não são as adequadas e não fará
caso.

Maria: Como devo fazê-lo?

Tom: Mude as condições, espere que aconteça ou atue quando seu filho tiver feito algo bom, crie
Sinergia Positiva.

Maria: Não é tão fácil. Dê um exemplo.

Tom: O exemplo me deram na Universidade de Chicago. E se refere ao jogo de xadrez. É útil para
desenvolver a inteligência, pode aplicar-se para fomentar um esporte e para melhorar em uma virtude.

Maria: Prefiro que estudem a que joguem xadrez.

Virgínia: Maria, o xadrez se pratica em muitos colégios anglosaxões, alemães e russos; dizem que é
muito bom para a inteligência, serve para pensar, raciocinar, prevenir e decidir.

João: Continue Tom.

Tom: Também enriquece a imaginação e a memória, é um jogo completo.

Como potenciar a inteligência

Tom: Suponha, Maria, que seu filho “Samuel”, de 9 anos, se inscreva na aula de xadrez no colégio das
5:00 às 6:00 horas da tarde. O professor, “Sr Joaquim”, o leva muito a sério. Samuel, como todo mundo,
algumas vezes joga bem e outras mal. Vou lhe mostrar dois acontecimentos diferentes e você mesma julgará.

Estimulação positiva sobre uma ação negativa: SINERGIA NEGATIVA.

Samuel joga com Mauro, Sr. Joaquim e seis alunos presenciam a partida. Estão na aula de xadrez.

Sr. Joaquim: Muito mau, Samuel, deixou que comessem sua rainha, é um distraído, nunca deveria ter
movido essa torre; lhe disse ontem...

Samuel: Sr. Joaquim, é que...

Sr. Joaquim: Nada de desculpas, seus pais gastam o dinheiro para seu bem, eu passo a aula
ensinando-lhe e você nem escuta.

Samuel: É que... (todo vermelho). ( As demais crianças riem.)

25
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Sr. Joaquim: Samuel, faço isso para seu bem, o xadrez serve para ser mais inteligente, espero que
amanhã faça melhor.

Samuel volta para casa.

A mãe: Como foi no colégio?

Samuel (Com cara amarrada): Mal.

A mãe: O que aconteceu? Conte-me. Jogou xadrez?

Samuel: Não quero voltar à aula de xadrez. Tire-me da aula. Não me agrada e não aprendo nada.

A mãe: Mas você sabe que é um jogo que...

Samuel: (Saindo pela porta): Já sei, mas não me agrada.

Samuel vai até seu quarto, pega o xadrez e para que não haja dúvidas o joga no lixo e começa a ler
uma história.

Tom: Neste caso, o professor atuou depois que Samuel fez algo mal, e o ridicularizou diante de seus
amigos. Qual era a disposição de Samuel? Alegre? Tranquilo? Não parece.

Existiu confiança no diálogo?... não o deixou falar. Com certeza, Samuel pensou: o professor foi
injusto! a delicadeza e o carinho não compareceram onde eram esperados.

Resultado: O esforço do professor foi em vão, no interior de Samuel se gerou uma Sinergia Negativa
que o fez reagir contra. A auto-estima de Samuel baixou. O xadrez não era para ele.

Estimulação positiva sobre um ato positivo: Sinergia Positiva.

Repete-se a mesma situação que antes. Samuel joga com Manoel e novamente erra, mas desta vez:

Sr. Joaquim ( piscando um olho a Samuel ): A torre, não é mesmo?

(Samuel, sem dizer nada, admitiu com a cabeça. A advertência a Samuel passou inadvertida às outras
crianças. Samuel se deu conta de que havia se equivocado.)

Outro dia, Samuel jogava com Augusto. Samuel estava inspirado e em poucas jogadas deu xeque-
mate.

Sr. Joaquim: Muito bem Samuel, o fez excelentemente.

As outras crianças olharam para Samuel, admiradas. Samuel se encheu de satisfação.

Samuel volta para sua casa:

Samuel: Mamãe!, mamãe! Ganhei, o professor me cumprimentou...o fiz muito bem!

A mãe: Dê-me um beijo. Eu também o cumprimento.

Samuel foi até seu quarto, pegou o xadrez e começou a jogar sozinho.

Samuel: Papai!, quer jogar xadrez comigo?

No sábado, levou o xadrez ao clube, cada vez jogava melhor. O xadrez era seu jogo preferido.

Tom: O caso é um pouco exagerado, mas fala por si próprio. Sr. Joaquim, no segundo caso, deixou
claro o erro, piscou o olho, mas sem insistir nem ofender. Esperou uma boa ocasião e elogiou Samuel, desta
vez havia: alegria, tranquilidade, confiança, delicadeza e carinho. Tudo a favor. Gerou Sinergia Positiva. A
auto-estima de Samuel cresceu. O tempo destinado pelo professor, nos dois casos, foi parecido, os resultados
foram bem diferentes.

26
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Maria: Está claro, apenas tenho uma dúvida.

João: Eu tenho várias.

Tom: Vejamos uma a uma.

Maria: Quando façam algo mal, não devemos atuar?

Virgínia (Apoiando seu marido): Fazê-lo ver que está mal, sempre; mas sem aborrecer-se, nem gritar
ou envergonhá-lo diante dos outros.

João: Lembro de um pai que tinha um pacto com seus filhos quando se portava mal, o olhava, piscava
um olho e se o filho devolvia a piscada era que reconhecia sua falta e pedia perdão. Não havia castigo.

Maria: Se meus filhos descobrem o truque, passariam a vida piscando-me o olho e comportando-se
mal.

Tom: Suponho que ao terceiro aviso terá que existir algum castigo... Sempre advertindo-o antes. Os
castigos não devem ser impostos sem prévio aviso.

João: E se faz algo mau que considero, importante, também não lhe digo nada?

Tom: Pode dizer-lhe o que acha conveniente, mas espera o dia seguinte, ou quando estiver mais
tranquilo, para dizer-lhe o que fez mal.

Maria: Tom, sempre deve esperar o dia seguinte?

Tom: Não é tão drástico. Se nunca usou este sistema, não tente mudar de repente. Às vezes é bom, e
outras é melhor fazê-lo pouco a pouco. Logo se dará conta da grande diferença que há nos resultados.

O método do “SIM, SIM...E”

Virgínia: Tom, conta-lhe o método do “SIM, SIM...E”, não é tão eficaz mas permite que você atue
sobre o andamento e não esperar que passe desgosto.

João: Usa-se também na empresa?

Tom: Não sei, suponho que sim. Consiste em fazer duas ou três perguntas que devam ser respondidas
com um Sim. Serve para desbloquear os filtros de atenção para que escute melhor.

Maria: Tom, dê-me um exemplo.

Tom: Suponha que sua filha Ana se atrase em uma sexta-feira e chegue uma hora mais tarde sem
avisar. Vou representar a situação:

A mãe: Ana, lhe disse muitas vezes que tem que cumprir os horários, é uma desobediente, amanhã
não irá à festa de sua prima. E não sairá durante todo o dia.

Tom: O mais provável é que Ana não faça muito caso; pode reagir contrariamente e pensar:

Minha mãe é uma antiga! Chegarei mais tarde outro dia, até que se acostume.

Tom: Agora vou mudar a forma de agir da mãe:

A mãe: Ana!, estava preocupada com seu atraso. Você sabe que papai quer pontualidade nas saídas
noturnas.

Ana: “Sim”, mamãe.

27
A EDUCAÇÃO EFICAZ

A mãe: Aquela área é perigosa a essas horas, lembra o que aconteceu no mês passado?

Ana: “Sim”, mamãe.

A mãe: “MAS” como voltou a chegar tarde sem permissão, vai me ouvir.

Virgínia: Tom, mudou o jogo, com certeza o fez de propósito.

Tom: Claro! O que deve dizer a mãe é:

A mãe: “E” estou certa que a próxima vez que tiver problemas nos telefonará antes.

Ana: “SIM”, mamãe.

Tom: O primeiro diálogo, ao dizer Ana duas vezes “SIM”, descontrai, está em melhores condições de
escutar. Claro que a mãe ao usar a palavra MAS o estraga. É melhor usar ”E”, buscando outro “SIM” de Ana.

Virgínia: Ana com seus três “SIM” se tranquilizou, demonstrou certo acordo e com certeza sua reação
é menos brusca e mais compreensiva. Prove-o e verá!

João: Parece lógico, ainda que um pouco complicado. Você o empregou com Hilda?

Virgínia: E com os pequenos também, o método serve para qualquer idade.

Tom: E para a empresa deve servir como exemplo. João, prove-o e a seguir me conte.

Maria: “SIM, SIM...E”, não quero esquecê-lo, logo contarei os resultados, vou usá-lo primeiro com meu
marido, quando não vem comer e não me avisa.

João: Vou-me preparando, querida.

Tom toma a palavra e faz um resumo:

• É melhor elogiar o que fazem bem.


• Quando atuam mal deve comunicar-lhes.
• Trate-os como pessoas boas... e serão melhores.
• Tenderão a fazer o que você espera deles: espera o melhor.
• Os filhos devem pensar...Eu sou capaz!...me dizem meus pais.
• Eleve sua auto-estima e ficará maravilhada com os resultados.
• O que deve fazer é...

Virgínia: Pare o assunto, que já está bom por hoje.


Maria: Penso em experimentar..., lhes contarei.

PLANOS DE AÇÃO

Exemplos de Objetivos de Planos de Ação relacionados com a Educação Eficaz:

A - Proponho-me surpreender a um filho fazendo algo bem, o farei ver que dei-me conta e que o
valorizo. Algumas ocasiões propícias:

• Fechar bem uma porta.


• Ajudar um irmão a estudar.
• Arrumar seu quarto.
• Começar a estudar sem assistir à televisão.

28
A EDUCAÇÃO EFICAZ

B - Se seu filho é um pouco “EGOÍSTA” e quer ajudá-lo para que se corrija, o melhor caminho é
esquecer-se de que é egoísta e elevar sua generosidade, isto se chama:

AFOGAR O MAL
EM ABUNDÂNCIA DO BEM

• Faça-o ver as vantagens de ser generoso.


• Diga-lhe: “Ajudar os amigos o ajuda a ter mais amigos.”
• “Quando ajuda os demais, se sente mais alegre, comprove-o.”
• Todos devemos pensar nos demais.
• A casa é de todos. Ajudar é bom para todos e nos dá alegria.

C – Propusemo-nos que nossos filhos melhorem a imagem que têm de si próprios, que aumentem sua
auto-estima.

• Fazemo-los ver que eles... são capazes.


• Quando se comportam bem... o reconhecemos.
• Quando fazem algo mal:
Disseram uma mentira mas eles não são mentirosos.
Deixaram sem arrumar seu quarto, mas eles não são desorganizados.
Gritaram uma vez, mas eles não gritam sempre.

Não coloque em seus filhos o sobrenome de: mentirosos, vagabundos, desorganizados... A única
coisa que consegue é fortalecê-los no mal, ajudá-los a ser mais mentirosos, vagabundos e desorganizados:

- Mamãe, já disse! Sou mentirosa.

UM PLANO DE AÇÃO

Um caso real: “Você é o melhor”

SITUAÇÃO:

A família Souza, Fernando e Ana, têm quatro filhos: Márcia de 5 anos, Sílvia de 7, Alberto e Carlos de
10 e 11. Ambos trabalham fora de casa. Estão inscritos na Escola de Famílias do colégio das crianças e, em
sua reunião de grupo, contaram o seguinte Plano de Ação:

OBJETIVO:

GERAL: Melhorar a auto-estima dos filhos.

CONCRETO: Brincar de dizer coisas boas uns dos outros.

Cada um, por ordem, dirá algo bom do outro e perde o que não souber dizer nada. Não é válido
mentir.

MEIOS: Brincar no carro e aos domingos depois de comer.

29
A EDUCAÇÃO EFICAZ

MOTIVAÇÃO:

Jogar em família une a família, é uma forma de querer-se mais.

Conhecer o quanto somos bons nos dá força para sermos melhores.

Às vezes, fazemos coisas boas sem saber, é bom que nos lembrem.

Todos lutaremos por sermos melhores.

UMA HISTÓRIA:

DESENVOLVIMENTO:

O primeiro domingo, depois de uma sobremesa especial feita por mamãe, começamos a brincar “Você
é o melhor”. Uma espécie de “De Havana veio um barco carregado de...”; mas dizendo coisas boas uns dos
outros. Cada vez saiam mais coisas boas.

O segundo domingo, para torná-lo mais difícil, dividimos o jogo por áreas:

- Coisas boas dentro de casa.

- Coisas boas durante uma excursão.

- Coisas boas sobre temas do colégio.

Na próxima semana jogaremos no carro, enquanto vamos ver os avós.

Algumas das coisas que se disseram:

- Márcia tomou banho sozinha ontem.

- Carlos ajudou-me a fazer contas.

- Sílvia me deixou brincar com sua boneca.

- Papai ajudou mamãe a fazer a comida.

- Alberto não me bateu hoje.

- Mamãe me deu um beijo forte.

- Carlos foi comprar um jornal.

- Márcia comeu tudo sem chorar.

A lista foi interminável.

RESULTADO:

Extraordinário. Nós não o esperávamos! Meus filhos ficaram admirados das coisas boas que seus
irmãos pensavam deles. Criou-se uma autêntica competição para descobrir ações boas dos outros.

Em casa se nota que todos tentam comportar-se melhor, para que possam dizer mais coisas deles. De
verdade, um êxito!

30
A EDUCAÇÃO EFICAZ

Uma lista de boas ações.

Maria: Este Plano de ação me agradou, João! No próximo fim de semana nós o provaremos.

João: Creio que será melhor explicar-lhes bem o jogo antes, para irem se preparando.

Virgínia: Tom e eu o fizemos com todos os filhos; foi algo diferente, cada um escrevia uma lista de
coisas boas do outro e ganhava aquele que tinha a lista maior.

Tom: Ao final, líamos as listas e aplaudíamos os resultados um a um. A satisfação que demonstravam
era incrível.

João: Quem ganhou?

Tom: A mãe foi a mais aplaudida.

Virgínia (Toda envergonhada): Não prossiga Tom.

Tom: A Educação Eficaz está virando moda.

Maria: É a primeira vez que ouço, é um sistema lógico.

João: Quando pensamos que algo não é possível, é inútil que tentemos, não sairá. Se ignoramos que
foi impossível para outros e tentamos, acreditando-nos capaz de consegui-lo, podemos fazer o impossível.

Tom: Isso que você diz é muito certo: pensar que somos capazes, nos faz colocar um esforço maior
para consegui-lo. Por este caminho bateram-se muitos recordes esportivos e se fizeram proezas impensáveis.

João: E grandes negócios e empreendimentos importantes.

Tom: As pessoas de êxito vêem oportunidades até em seus próprios fracassos, acham-se capazes de
tudo e por isso triunfam.

Virgínia: Não é o triunfo o importante. Tem que ensiná-los a ser melhores pessoas e buscarem o Bem.
Não nos esqueçamos que o caminho da felicidade passa primeiro por buscar o Bem.

Maria: Antes de ir-nos, Tom, gostaria que me repetisse o caso de Ana, que chega tarde, sem usar o
“SIM, SIM, E”.

Tom: Apresentarei aplicando a Teoria da SINERGIA:

Caso: “Uma filha que chega tarde”

São três da madrugada e sua hora de chegada era à meia noite.

1ª) - Situação:

Os pais a esperam acordados. Ao chegar, a filha um pouco alegre, vem a bronca e se anuncia o
castigo; o sermão vem a seguir; são 3:30 horas.

O resultado é quase nulo; estamos atuando em plena Sinergia Negativa. A filha faz pouco caso e
pensa que o castigo é injusto, ela já é adulta...! Todas as suas amigas o fazem! Até pode reagir
contrariamente.

2ª) - Situação:

Os pais a recebem acordados, sua mãe lhe diz: Aconteceu alguma coisa? Estávamos preocupados
pela hora! A mãe a ajuda a deitar-se com carinho, e espera o dia seguinte.

No dia seguinte pode acontecer:


31
A EDUCAÇÃO EFICAZ

A - Que peça perdão por chegar tarde, é um reconhecimento do erro. Não é necessário fazer mais, é
possível que se corrija.

B - Que não diga nada. Sua mãe fala com ela então, e pergunta: Qual sua opinião sobre o que
aconteceu ontem à noite? Talvez reconheça que o fez mal. Pode ser suficiente.

C- Que não reconheça sua falta e diga que agiu bem...Pense melhor, que amanhã falaremos!

Para o dia seguinte, temos que preparar uma boa motivação, porque nos será mais difícil.

Explique-lhe suas razões, deixe claro por que não deve chegar tarde; não se preocupe se não dá seu
braço a torcer, deixe-a pensar com tempo. Algo lhe fica dentro, muito mais do que se pode pensar e, em
qualquer caso, é uma solução muito mais positiva que a apresentada na primeira situação.

32
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

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A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

Mais vale prevenir que remediar

Existe um ditado em medicina que é igualmente certo em educação.

MAIS VALE PREVENIR


QUE REMEDIAR

A Teoria do Teatro nos lembra que o cérebro é como uma grande sala de um teatro cheia de cadeiras,
vazias ao nascer e cheias ao final de nossa vida. Cada cadeira está esperando uma idéia, um conceito, um
hábito bom, o seu, que lhe corresponde.

Mas se chega primeiro o hábito mau e se senta, é mais difícil mudar. Que fácil é sentar o bom quando
a cadeira está vazia! Que difícil é ocupar uma cadeira ocupada! Além disso, como cada pessoa fundamenta
suas próprias idéias, ainda que sejam más, são suas. E não nos agrada mudá-las.

As Novas Pedagogias, ou também chamadas Pedagogias de Vanguarda, nos falam de Educar no


Futuro. Educar no Futuro é adiantar-se no bem, é chegar antes com o hábito bom, é, em uma palavra,
“prevenir”. É triste adquirir um mau hábito por ignorância, começar a fazer o mal sem sabê-lo, sem conhecer
todas as suas consequências. O mal cria hábitos, costumes, e custa desprender-se deles.

PREVENIR É:

- Aprender a Educar melhor...e não improvisar.

- Conhecer os períodos sensitivos...e saber aproveitá-los.

- Saber quais são os Instintos-Guia... e apoiar-nos nos positivos.

- Saber apreciar a amizade... antes de ter um mau amigo.

- Conhecer os efeitos da droga... antes que lhe ofereçam.

- Conhecer o valor de seu corpo... antes de entregá-lo.

- Saber que com o mal não se dialoga...se escapa.

- Saber que tem que estudar... melhor que lamentar-se amanhã.

- Saber que a televisão causa dependência... e nos torna superficiais.

E também é:

- Saber que a felicidade está em fazer o bem.


- Saber que a pessoa é mais livre quando faz o bem.
- Saber que o êxito sem a felicidade não é êxito.
- Saber que o verdadeiro amor não é egoísta.
- Saber que a família é entrega e amor.
- Saber que depois desta vida existe outra.

- Saber que a outra vida é eterna e tem que ganhá-la.

33
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

DIÁLOGOS FAMILIARES

O valor da amizade

Maria: Ontem estive com os Martins, encontrei Luísa desolada. Paulo, seu filho de 15 anos, está
saindo com uns amigos que nada lhe agradam. Outro dia, chegou em casa embriagado e como se fosse
pouco, duas horas mais tarde que o combinado.

João: Não se preocupe, Maria, nossos filhos são diferentes.

Virgínia: Você lhe fala frequentemente dos perigos do álcool, das drogas, do sexo...?

Maria: Mas o que é isso? Ainda são muito pequenos e Ana é uma inocente.

Tom: Vou ter que falar a sério com você, quando menos pensar terá o problema em casa; que idades
têm seus filhos? Ana é como Hilda, não é?

Maria: Patrícia tem 5, Dani 9 e Ana um ano menos que Hilda, 16 anos.

Tom: Apenas uma pergunta para começar... Sabem o valor que tem a amizade?

Maria: São muito pequenas para isso.

João: Patrícia pode ser que sim, Dani está em seu melhor momento e à idade de Ana muitos pais já
chegaram tarde.

Maria: Não exagere!

Virgínia: Eu estou certa que com Patrícia, apesar de seus 5 anos, já pode ter uma conversa sobre o
que é uma boa amiga e como se ganham os amigos.

João: E o que mais devem saber sobre a amizade?

Tom: “Mais vale prevenir que remediar”. Devem saber o quanto antes o valor da amizade, e qual é a
diferença entre:

- um bom amigo;
- um cúmplice;
- ou um companheiro.

Maria: Lembro-me bem disso! Explicou-me outro dia, tomei nota e posso lhe repetir de cor.

Maria se concentra e diz:

Uma pessoa é teu amigo quando visa seu bem e com essa amizade melhoram os dois como pessoas.

Os companheiros se unem por uma atividade exterior, um jogo, um esporte, um clube..., quando
cessa o vínculo termina a amizade.

Os cúmplices são pessoas que se unem para fazer algo mau.

Tom: Muito bem, tudo isto deve ficar muito claro e não devem esquecer que:

“UM BOM AMIGO


É UM TESOURO”

Deve contar-lhes as consequências de ter maus amigos.


Virgínia: Desde os sete anos devem saber os efeitos das drogas, o álcool... como se chega a elas,
como são oferecidas e como é difícil deixá-las uma vez que caiu no vício.

34
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

Maria: Continuo pensando que para Dani é muito cedo.

João: Olhe Maria, pode ser que tenha razão; mas e se for Tom que tem razão?...Tom, você vê
problemas se nos antecipamos a seu momento?

Tom: Antecipar-se não é ruim, eles mesmos lhe dirão se está fazendo a seu tempo ou chegou muito
cedo...Ah! e também dizem se já chegou tarde.

Maria: Como lhe dizem?

Virgínia: Desta vez lhe conto eu. Vou lhe dar um exemplo. Suponha que lhes quer falar da participação
do pai no nascimento de um filho. Você começa a lhes falar e observar seu comportamento:

- Se se distraem e não colocam interesse no tema, mudam de assunto..., é possível que tenha
chegado muito cedo.

- Se lhe escutam atentamente e lhe fazem perguntas..., mostram muito interesse, pode estar segura de
que chegou a tempo.

- Se lhe olham com desinteresse como dizendo-lhe: “O que vai me contar que eu não saiba?”, ou lhe
dizem o que você sabe sobre isso!... chegou tarde.

Tom: Não pense que prevenir é fácil. Informem-se vocês antes, inventar é perigoso.

Maria: A que se refere, Tom?

Tom: Vocês têm quatro filhos de idades muito diferentes, em cada um deve prevenir coisas diferentes,
por exemplo: Patrícia, com seus cinco anos, deve estimular-lhe a generosidade, a alegria de fazer pequenos
serviços, a importância de ser sincera e suas vantagens... Com respeito ao desenvolvimento da inteligência, é
a idade de jogar de tudo, também o xadrez, jogos entre pequenos e maiores, que saiba ganhar e perder, que
aprenda a pensar, imaginar e raciocinar. E se falamos do corpo, começa com os jogos de bolas, o ping- pong,
os patins...

Em educação não invente, informe-se antes

Maria: Não siga! Já vejo que tenho que fazer muitas coisas, algumas realmente já as faço. E para os
outros três filhos?

Tom: Sinto dizer-lhe, Maria, que não terminei com Patrícia; não cheguei nem à metade. Também não
acredite que me recordo tudo de cor.

João: Então que nos aconselha a fazer?

Tom: Como lhes disse a princípio, não há que inventar nada, tudo está escrito. Conheço vários livros
que podem lhes ser úteis, existe uma “Coleção por Idades” que lhes dá o tema resolvido. Têm um livro para
cada idade, sua filha Ana tem 16 anos, compre o livro Sua filha de 16 anos, e nele encontrará tudo que deve
prevenir nessa idade.

Maria: Você se lembra do autor e o nome da coleção?

Tom: Amanhã me telefone e lhe dou, também lhe direi o autor de outro livro para seu filho Dani,
chama-se Seu filho de 9 anos.

Virgínia: Hoje em dia, pais responsáveis devem ler livros sobre a educação de seus filhos e não
educar de qualquer modo.

Maria: Isso mesmo já foi dito a Tom várias vezes:

35
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

PARA APRENDER A EDUCAR,


NECESSITAMOS
DE UMA FORMAÇÃO CONTÍNUA

João: Mas não basta sabê-lo, há que fazê-lo e às vezes nos dá preguiça, sempre deixamos para
depois, necessitamos reforçar a constância e combater a preguiça.

Tom: Esquecia-me de algo importante que deviam conhecer e que está diretamente relacionado com a
prevenção.

Maria: Temos pressa, está tarde e devemos voltar para casa, mas diga-me, de que se trata?

João: Continua, Tom, um tempinho a mais não vai acontecer nada.

Tom: Uma coisa é prevenir algo antes que aconteça, o que chamamos “chegar antes”, “dar-lhes
defesas contra o mal”, “dar-lhes argumentos para decidir contra”, e outra diferente é conhecer os primeiros
sintomas das graves quedas para acudir a tempo, antes de que sejam mais graves e corrigi-las.

Maria: Se refere às drogas?

Virgínia: E aos maus amigos, e a dependência à televisão, e aos problemas relacionados ao sexo, e à
falta de fé, e a...

Maria: Ficaremos mais algum tempo, sou toda ouvidos.

Tom: Não há muito o que explicar, tudo vem nos livros que antes os indiquei mas...

Maria: Explica-me o da droga, é um tema ao qual tive sempre terror.

Tom: Ainda que cada um dos problemas anteriores tem sintomas que lhe são próprios, também é certo
que há sinais gerais que nos indicam que algo está se passando.

Maria: Mas fale-me da droga.

Tom: Alguns dos sintomas gerais de que o filho tem problemas são:

- Baixa o rendimento nas notas;


- fica mais irritado;
- está menos disposto a ajudar em casa;
- fala menos com a família.

E com respeito aos sintomas que nos avisam sobre os problemas da droga, podemos falar de alguns
destes:

- Deixa de interessar-se por temas concretos, mudança de interesse;


- faz menos atividades esportivas;
- permanece mais horas no quarto ouvindo música;
- muda repentinamente de horários;
- vai da rua para seu quarto, sem jantar nem falar com ninguém;
- encontra entre suas coisas algum acessório próprio de drogas...

Maria: É mais complicado do que eu pensava.

Tom: Isto não quer dizer que se dê algum destes sintomas e não ocorra nada; podem ser próprios da
mudança da idade mas, se somos sensatos, temos que estar atentos e quando aparecer algum sintoma,
reforçar a vigilância para ficarmos tranquilos ou usar os meios necessários para corrigir o mal; é muito mais
fácil curar o problema no início.

Tom: Um último conselho, deixar bem claro os filhos que:

36
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

COM O MAL
NÃO SE DIALOGA

Terá que fugir desta área de dúvida entre o mal e o bem, estas fronteiras são muito arriscadas e se
termina caindo facilmente. Não devemos cair na tentação de nos perguntar: “Até onde posso fazê-lo sem que
esteja agindo mal? ”Insisto, fugir das situações duvidosas..., fugir das áreas de perigo, também é válido para
os adultos.

Maria: Tom, muito obrigado, vamos pois já é tarde, Ana!, Patrícia!, Dani!, vamos.

João: Tom, não se esqueça que no próximo dia falaremos sobre “a educação com o exemplo.”

Virgínia: Não se preocupe, João. Encanta, a meu marido, falar de educação, não se esqueça que é
seu hobby preferido.

Objetivos de Planos de Ação

Sobre o desenvolvimento de hábitos.

- Os hábitos se desenvolvem com repetição de atos, se adquirem a qualquer idade, mas nos períodos
sensitivos é mais simples.

- Ajudá-los a ser pontuais (6 a 10 anos).

Está diretamente relacionado com a ordem com respeito ao tempo:


Pontualidade:
- Para começar a estudar;
- para chegar ao colégio;
- para tomar banho;
- para dormir.

Se o vivem agora, quando crescerem será mais fácil aproveitar o tempo.

- Acostumá-los a obedecer de imediato.

Para isso, teremos que pedi-lo poucas vezes, mas exigi-lo até que se torne um hábito. Quando
ajudamos a conseguir um hábito, estamos fazendo Educação Preventiva, se faz mais fácil a aquisição da
virtude correspondente. É conveniente apoiar-se na Educação Eficaz. Faremos elogiando-o ou reconhecendo-
lhe os êxitos que ele mesmo obtém com esse hábito.

- Acostumá-los a dizer sempre a verdade.

1°) Devemos considerar por certo que nós esperamos que nosso filho não mente.
2°) Os pais dão exemplo.
3°) Mostramo-lhes nossa alegria e satisfação quando em algum momento difícil ou fácil, nos disse a
verdade, especialmente se notamos que custou fazê-lo.

37
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

PLANOS DE AÇÃO

Um caso real: Crescer na confiança

SITUAÇÃO: Os pais, Antônio e Sofia, têm quatro filhos, em dois turnos. Os pequenos 2 e 4 anos e os
maiores, Sílvia e Enrique, 9 e 11, respectivamente. O pai é economista, trabalha todo o dia, e a mãe está
desempregada há um ano, sem encontrar um trabalho que lhe agrade; trabalha somente em casa.

PLANOS DE AÇÃO: Leram em um livro que os pais que têm confiança em seus filhos adolescentes a
ganharam antes, quando pequenos. A confiança entre pai e filho, na idade adolescente, é de uma grande
ajuda para ambos.

Antônio e Sofia decidiram fazer um:

UM PLANO DE AÇÃO

OBJETIVO:

GERAL: Aumentar a confiança e a amizade entre os pais e seus dois filhos maiores.

CONCRETO: Conversar com frequência com Sílvia e Enrique sobre o que fizeram, e contar-lhes
também o que fizemos.

MEIOS: Sofia procurará falar com os dois separadamente, todas as noites antes de deitar-se; eles lhe
contarão o que fizeram no colégio e ela lhes falará de suas coisas.

Antônio levará Enrique, nos fins de semana, para fazer esporte ou a seu escritório, e conversarão
juntos.

MOTIVAÇÃO:

Explicar-lhes a importância que tem a família esteja mais unida e se queiram mais entre eles. Se
sentirão melhor e serão mais felizes. Contaremos uns aos outros as coisas que fazemos, as alegrias e os
problemas: nos conheceremos melhor. Viveremos unidos e nos sentiremos mais queridos. Comentar-lhes as
vantagens de ajudarmos uns aos outros.

TODOS NECESSITAMOS
DA AJUDA DOS DEMAIS

A união faz a força e reforça a família. Estaremos mais tempo juntos para poder falar de nossas coisas
de família. Fomentar as tertúlias nos ajuda a estar mais unidos.

HISTÓRIA:

Desenvolvimento: Faz doze dias que decidimos este Plano de Ação, foi num domingo à noite:

Segunda-feira: Eu comecei a bater papo com Sílvia. Sílvia aproveitou contando-me o que fez no
colégio. Eu não tive tempo de contar nada.

Terça-feira: Tentei falar com Enrique, mas não encontrei o momento oportuno.

Quarta-feira: Sílvia e eu falamos outra vez, nesta ocasião sim, contei-lhe o que fiz durante o dia, ela
aproveitou e eu também.

Quinta-feira: Enfim bati papo com Enrique. Como são diferente os dois! Enrique demora a abrir-se. Eu
fui a que mais falou.

Sexta-feira: Falei com os dois. Enrique contou-me uma briga que teve no colégio.

38
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

Sábado: Antônio levou Enrique ao escritório e me disse que conversaram muito. Antônio contou-lhe o
que fazia em seu trabalho.

Domingo: Tivemos a tertúlia depois de comer, nunca nos havíamos dado tão bem!

RESULTADO: Ganhar a confiança dos filhos costuma ser lento; esperamos ter constância e mantê-la.
O começo foi melhor do que Antônio e eu esperávamos... No próximo dia lhes contaremos mais.

COMENTÁRIO: É um Plano de Ação de Futuro e de Educação Preventiva a longo prazo: “Ganhar a


confiança de uns futuros adolescentes.” Está bem estabelecido. Terão êxito se forem perseverantes, os pais,
claro! A experiência nos indica que cada vez as conversas sairão de forma mais espontânea. Uma coisa é
certa. A “quase” todos os filhos agrada falar com seus pais.

Um caso real: Os sapatos de Marta

SITUAÇÃO: Marta é a maior de dois irmãos, o casalzinho. Marta acaba de completar 2 anos e meio e
seu irmão Álvaro ainda não anda, tem 10 meses. No próximo mês fará quatro anos que seus pais, Alícia e
Ricardo, se casaram.

Alícia estudou a educação preventiva e, além disso, está entusiasmada com os Períodos Sensitivos:
Para Álvaro, colocam música clássica e para Marta lêem contos repetidas vezes. Alícia quer começar com os
hábitos de Marta.

Uma noite, Ricardo e Alícia conversaram sobre a quantidade de possibilidades que tinham pela frente,
não querem desperdiçar ocasião alguma. Começariam pela ordem.

UM PLANO DE AÇÃO:

OBJETIVO:

GERAL: Começar pelo hábito de ordem com Marta.

CONCRETO: Com uma única coisa: os sapatos de Marta.

MEIOS: O faremos como um jogo. Marta gosta de brincar de esconde-esconde. Brincaremos de


esconder os sapatos, os da escolinha. Marta começou este ano, já faz dois meses que vai à “escolinha”.
Escolheremos um pequeno caixote que ela possa abrir, e procuraremos que faça-o todos os dias. No princípio,
teremos que ajudá-la.

MOTIVAÇÃO:

No domingo pela manhã, Alícia propôs a Marta brincar de esconde-esconde. O esconde-esconde é um


de seus jogos preferidos. Alícia lhe disse que brincariam de guardar os sapatos do colégio. Pegou os sapatos,
diante dela, foi a seu quarto, abriu o pequeno caixote e os enfiou dentro, no canto esquerdo com as pontas
próximas à tampa. Fechou cuidadosamente, pegou a mão de Marta, a levou à cozinha e lhe disse:

Marta, escondi seus sapatos. Procure-os!

Marta saiu correndo, chegou em seu quarto, foi diretamente ao caixote e o abriu. Sua cara brilhou de
entusiasmo ao ver que ali estavam. Pegou-os e deu-os a sua mãe. Estava feliz!

Repetiram a brincadeira várias vezes; se fosse por Marta, teriam passado todo o domingo procurando
seus sapatos. Sempre estavam no mesmo lugar! E cada vez que os encontrava, Alícia dava um grande beijo
em Marta e dizia-lhe muito bem! Estou muito contente!

UMA HISTÓRIA:

DESENVOLVIMENTO: Na segunda-feira Alícia, depois de almoçar, voltou a brincar de esconder os


sapatos, o fez duas vezes, e à terceira disse:

39
A EDUCAÇÃO PREVENTIVA

Pegue teus sapatos, esconda-os e avisa-me, que eu irei procurá-los.

Marta saiu da cozinha correndo com os sapatos na mão para escondê-los... Onde os guardou?... No
pequeno caixote, na ponta da esquerda, juntos e com as pontas viradas para a tampa. Fechou o caixote e
voltou à cozinha correndo.

Marta: Mamãe! Mamãe! Pronto, agora você.

Alícia foi ao quarto e olhava e olhava sem encontrá-los. Marta com um dedo apontava-lhe o pequeno
caixote e Alícia não os encontrava, por fim abriu o pequeno caixote e ali estavam os sapatos. Marta deu-lhe
um beijo e disse: Muito bem! Marta lhe propôs repetir o jogo e escondê-los outra vez. Na terceira vez, os
deixou guardados e foi para a cama.

Na terça-feira, ao acordar a primeira coisa que fez foi abrir o pequeno caixote e oh!, surpresa!, ali
estavam seus sapatos. Mamãe deu-lhe um beijo...

Ao chegar do colégio, tirou os sapatos e a primeira coisa que fez foi guardá-los, Alícia brincou com ela
mais duas vezes.

E assim brincando, Marta guarda quase todos os dias, os sapatos em seu lugar, e os retira pela
manhã.

Ricardo: No próximo mês repetiremos a brincadeira com os brinquedos.

RESULTADO: Um pouco trabalhoso, lhes custou algo além do normal, mas os resultados foram os
esperados. Agora é necessário muita paciência por parte de sua mãe para que realmente se converta em um
hábito. Mas tudo o que vale a pena, custa.

COMENTÁRIO: As crianças de 2 a 3 anos estão em pleno Período Sensitivo da ordem. É fácil que
saia bem se se faz com carinho, como um jogo e muita paciência, depois deve-se repeti-lo: com seus
brinquedos, a roupa, os lápis e cadernos... Não é difícil.

Se conseguimos que o façam como costume, estamos fazendo com que Marta tenha atitudes para a
ordem que lhe durarão por toda sua vida. A isto se chama Educação Preventiva e educar frente ao futuro. Vale
a pena!

40
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

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A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO
A primeira regra do “COMO” em educação é:

DEVEMOS EDUCAR
DANDO EXEMPLO

Esta premissa é tão antiga como a própria vida, é muito difícil pregar sem praticar o que se prega; os
filhos são máquinas de copiar, especialmente de pequenos, e se fixam em tudo, ouvimos muitas vezes que:

MAIS VALE UM BOM EXEMPLO


QUE CEM PALAVRAS

Que tipo de exemplo devemos dar

Os filhos se fixam em nós, no que fazemos e como o fazemos, muito mais do que podemos pensar,
somos seus modelos permanentes. São testemunhas de tudo o que fazemos, sabem que seus pais têm
defeitos e se equivocam, como resistir a esse mal exemplo?
O exemplo mais importante que os pais podem dar a seus filhos é:

QUE NOS VEJAM LUTAR


PARA SEREM MELHORES PESSOAS

Que vejam nosso esforço por fazer as coisas cada vez melhor, nosso desejo de superar-nos, não
importa que nos surpreendam fazendo algo maL, o reconheceremos e lutaremos para evitá-lo.

- Papai e mamãe gritaram. Não está certo, pediremos perdão, não devemos fazê-lo. (Se eles viram,
claro!).

- Papai hoje não fez a cama, tinha pressa para ir ao trabalho; tenho que lhe dizer que se levante um
pouco mais cedo. Recorda-me, está bem?

- Mamãe levou-os tarde ao colégio; devo me arrumar mais depressa e não perder tempo tomando café
da manhã, amanhã chegaremos cedo.

- Mamãe está lhe dizendo as coisas gritando e devo falar baixo e mais tranquila. Outro dia terei mais
cuidado. Vocês me ajudem e não briguem.

Mas, como dar esse exemplo?

Uma forma direta é:

- Envolver-se nos mesmos objetivos que exigimos deles.


- Colocar-nos metas comuns de progresso.
- Lutar juntos para melhorar.
- Ajudar-nos uns aos outros.

Proporemos realizar reuniões onde se conte como foi a luta. Descobrimos a Teoria “Z” aplicada à
família. A Teoria “Z” é comprometer-se uma parte da família, ou toda, em alguns objetivos comuns e lutar
juntos para consegui-los.

41
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Formamos um grupo, mínimo de duas pessoas, marcamos os objetivos comuns, concretizamos


algumas normas que nos ajudem a fazê-lo melhor e nos esforçamos para cumpri-los, mas:

- Todos lutamos para melhorar.


- Todos nos ajudamos, os pais ajudam os filhos e os filhos ajudam os pais.
- E todos controlamos nossos progressos... ou retrocessos.

Em resumo, uma vez que nos incluímos em um grupo de qualidade, Teoria “Z”, todos temos as
mesmas obrigações e devemos cumpri-las.

De pequenos, se faz como um jogo. De maiores, com a consciência de que estamos aprendendo algo
que logo necessitaremos realizar em nosso trabalho profissional:

A TEORÍA “Z”
UNE À FAMÍLIA

Resumindo:

- O exemplo continua sendo o primeiro.


- O melhor exemplo é que nos vejam lutar para fazer as coisas bem.
- Lutar em equipe aumenta a motivação para atuar.
- Quando fazemos algo ruim, na presença de nossos filhos, devemos nos corrigir diante deles.
- E se for necessário pedir perdão... se pede.

Em uma família numerosa, devemos cuidar do comportamento dos irmãos maiores. Os irmãos maiores
devem saber o que esperamos deles e valorizar a importância que seu bom exemplo tem para o
comportamento dos outros irmãos. É sua responsabilidade como maiores que são e serão, sem dúvi da,
capazes de assumi-la.

DIÁLOGOS FAMILIARES

A Teoria “Z” na família

Maria: Tom, continuemos com nossos temas. Hoje vamos falar de...

João: Da Educação pelo exemplo.

Virgínia: E da Teoria “Z”. Sabe o que é a Teoria “Z”?

João: A Teoria “Z” aplicada à empresa eu a conheço mas, também se pode aplicar à família?

Tom: Iremos por partes.

Maria: Não é necessário que nos fale da primeira parte, eu já sei.

Virgínia: Qual é a primeira?

Maria: Já o ouvi de Tom milhares de vezes. O exemplo é o primeiro! O exemplo é a base da educação!
Sem um bom exemplo não se pode educar! Isso pode pular. Qual é a segunda parte?

Tom: Maria, não fique assim, não é para tanto. Pularei a primeira parte, prometido, mas não esqueça
que o que disse é verdade.

Virgínia: Tom, João perguntava como se pode aplicar a Teoria “Z” à família.

Maria: Eu prefiro que me dê primeiro um exemplo. E menos teorias.

Tom: Vamos com o exemplo: Podemos aplicá-lo para melhorar em algo, educar em futuro: ou para
corrigir algum defeito concreto de uma pessoa ou um hábito mal vivido pela família.

42
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Maria: Sejamos mais práticos: para arrumar algo que não funciona.

Virgínia: Será mais prático, Maria, mas também os resultados são menos eficazes. Corrigir algo é
educar em passado.

Tom: Que problemas quer que resolvamos, Maria?

João: (Adiantando-se) A falta de pontualidade é um problema generalizado em nossa família, se perde


muito tempo! Pode-se aplicar a isto.

Tom: Claro que sim! Uma família quer melhorar sua pontualidade. É uma família de seis membros: os
pais e quatro filhos de idades compreendidas entre 7 e 14 anos.

- Todos devem lutar para ser pontuais.


- Devem existir metas comuns.
- É necessário conhecer os êxitos.
- Tem que ser muito concretos.
- Realizarão reuniões de controle para ver os avanços.

Maria: Ou os retrocessos, não?

Virgínia: Mulher! Se há luta, esperemos que haja progressos.

João: Maria, não interrompa. Continue Tom.

Tom: Continuo concretizando: O domingo, por exemplo, aproveitando a tertúlia depois do almoço, um
dos pais expõe o problema e a necessidade, pelo bem de todos, de lutar para resolvê-lo. Deve preparar antes
a motivação e os exemplos que vai colocar, dando aos filhos a oportunidade de melhorar ou criticar suas
propostas. Todos devem opinar e é bom que o façam, assim se envolvem mais na luta.

Maria: Mas caia na real e dê-me exemplos bem concretos.

Virgínia: A mim me ocorrem alguns.

Tom: Devem ser muito concretos e possíveis de cumprir.

Virgínia: Por exemplo: levantar-se quando o despertador tocar.

Tom: É bom que seja um despertador único e que alguém desperte aos demais.

Virgínia: Tom, deixe-me continuar e não me interrompa, que perco o fio da meada:

- Chegar ao colégio 5 minutos antes que toque o sinal.


- As sextas-feiras, que não há ônibus, ir pegá-los mais cedo; antes que saiam e fiquem
esperando.
- Começar a estudar às 6:30 em ponto.
- Jantar às 9:00.
- Luzes apagadas: os pequenos às 10:30 e os maiores às 11:00.

Tom: Muito bem Virgínia, podem-se acrescentar outros como:


- Quando se fixa uma hora para sair em excursão, se cumpre!
- Nos dias de festa se começa a almoçar às 14:30.
João: Fixamos oito objetivos, creio que é suficiente.
Tom: Na teoria “Z” todos os membros da família são igualmente responsáveis de cumprir o acordo.
João: E quem controla? O pai ou a mãe?
Virgínia: Todos controlam e todos ajudam a cumpri-lo.
Tom: Mas terá que marcar algumas datas para reunir-se outra vez e analisar os resultados.

* * *

43
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Nesse momento, entre Dani chorando e interrompe a conversa.

Dani: Mamãe, mamãe! Patrícia é uma boba, uma mentirosa.

Patrícia: Mamãe! Dani me bateu.

Dani: Claro, lhe bati para educá-la, porque é boba e mentirosa; além disso, ela me chamou de bobo
primeiro.

Mamãe: Dani, por que você diz que ela é boba e mentirosa?

Dani: Ela disse que hoje é domingo e não é verdade e, além disso, tinha me chamado de bobo.

Mamãe: Dani, lembre disso: Patrícia não é tonta nem mentirosa, Patrícia se enganou ou pode ter dito
uma mentira e uma bobagem, mas ela não é mentirosa nem tonta.

Patrícia: Eu sou muito boa e obediente, minha professora me disse.

Mamãe: Sim, Patrícia, você é boa e obediente.

Dani: Papai, pegue a bola que está no carro.

João: Tudo bem vou pegar a bola para você, mas deixe-nos em paz por um tempo.

* * *

A reunião periódica é básica

Maria: Tom, perdoa, pode continuar; falava de...”reunir-se outra vez”.

Tom: Sim, claro! Uma solução é combinar que em todas as tertúlias dos domingos se analisem os
resultados. Devem ser anotados os oito objetivos e ver como foram cumpridos dia-a-dia.

Maria: Ora que chateação!, estou certa que ninguém concordará.

Virgínia: Uma vez, Tom assinalou em uma lousa na cozinha todos os objetivos a cumprir e diariamente
controlava, cada dia competia a alguém opinar como havia sido cumprido.

João: E então, para que serve a reunião semanal?

Tom: A reunião periódica é básica. Nela se analisam os resultados, se avalia o cumprimento, se


estudam os problemas e se tomam novas medidas para fazê-lo melhor na próxima semana.

João: Podem-se mudar os objetivos?

Tom: Sim, mas o melhor é mudá-los quando já se tenham cumprido bem várias semanas.

Maria: E quanto tempo dura?

Tom: Pode-se decidir no princípio, por exemplo, um mês.

João: E é correto repeti-lo depois de certo tempo.

Tom: Mais que correto, eu diria conveniente.

Virgínia: Na Teoria “Z” todos temos as mesmas obrigações a cumprir, e se analisam todas as falhas.

Tom: Principalmente fala-se dos êxitos obtidos, é melhor fixar-se no que conseguimos do que no que
fizemos mal.

44
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Virgínia: E os filhos também podem chamar a atenção dos pais ou felicitá-los pelo que fizeram.

Maria: Dani gostará disso.

João: Tom, tem que estar envolvida toda a família?

Tom: Não é necessário, pode-se formar um círculo de qualidade, assim se chama à reunião, apenas
com duas pessoas, mas convém que haja pessoas de classe diferente.

- Mamãe com uma filha.


- Papai com dois filhos.
- Um filho maior com outro menor.
- Um dos pais com todos os filhos.

Todos têm a mesma responsabilidade de melhorar e todos têm o direito de controlar e ajudar a
melhorar os outros.

* * *

UM CASO REAL: ELENA E A ORDEM

SITUAÇÃO: Pedro e Maria se casaram há quatro anos, têm uma filha, Elena, de 3 anos. Na Escola de
Pais do colégio seguem um programa de Educação Familiar. Acabam de lhes falar dos círculos de qualidade e
da Teoria “Z” aplicada à família.

Pedro: Estou ansioso por chegar em casa para colocar em prática a Teoria “Z”.

Maria: É um exagero fazê-lo com nossa pobre filha de 3 anos, não vai entender nada.

Pedro: A ela não há que explicar nada, apenas se faz e basta; lembra que há que começar a explicar o
que é a Teoria “Z” a partir dos 7 anos. Hoje nos disseram que o que nossa filha vier a ser quando adulta,
depende de nós.

Maria: Bom, faça o que quiser.

Pedro: Hoje mesmo começo. Farei um Plano de Ação.

PLANO DE AÇÃO

OBJETIVO:

GERAL: Adquirir o hábito da ordem.

CONCRETO: Organizar seus brinquedos e seu armário de roupa.

MEIOS: Utilizaremos a Teoria “Z” entre mim e minha filha; a mim competirá lutar por ter arrumada
minha mesa de escritório e as gavetas.

MOTIVAÇÃO:

Estabelecerei isto como um jogo. Às quartas-feiras, que costumo vir cedo para casa, será o dia
escolhido para reunir-me com minha filha e ver os resultados. Falarei a ela como é divertido jogar e arrumar,
que jogaremos os dois juntos, a sós.

Elena verá o quanto seu papai arruma bem e eu verei a minha filha deixando tudo arrumado.
Comemoraremos lendo-lhe, antes de dormir, o conto de A babá procura emprego. É um de seus preferidos, já
li seis vezes.

45
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

HISTÓRIA:

DESENVOLVIMENTO: No domingo, expliquei-lhe em que consistia o jogo.

- Elena deverá arrumar seus brinquedos em uma prateleira de armário que tem à sua altura e, além
disso, manter organizada a roupa em seu armário.

- Papai não terá papéis em cima da mesa onde trabalha e nas gavetas, estará tudo em seu lugar.

No mesmo domingo, nós dois arrumamos todos os seus brinquedos e colocamos a roupa em seu
lugar. Depois fomos à minha mesa e, juntos, tiramos todos os papéis e arrumamos uma das gavetas. As outras
duas nem as mostrei! Era suficiente!

Na primeira quarta-feira, esquecemos de nos reunir, eu cheguei cedo, e mamãe foi a encarregada de
recordar-nos.

Pai e filha brincaram de ordenar. Na quarta-feira seguinte saiu um pouco melhor. A semana passada já
havia entendido de que se tratava: Papai jogaria com Elena se ela tivesse tudo arrumado.

Elena passou toda a semana arrumando seu quarto e entrando em meu quarto para ver se minha
mesa estava arrumada.

Na segunda-feira passada, perguntou à sua mãe impaciente:

Mamãe! hoje é quarta-feira?

Fazia esta pergunta todos os dias.

Minha mulher e eu não sabemos se está arrumando pela virtude da ordem ou para jogar com seu pai;
é mais provável que seja para jogar com o pai.

RESULTADO:

Apesar de tudo, Elena, com seus 3 anos, tem os brinquedos bem ordenados como nunca. Temos
conseguido que brinque apenas com um brinquedo e, antes de pegar outro, deixe o anterior em seu lugar.
Todos os dias vem olhar minha mesa para ver como a tenho mantido. A ordem da roupa em seu armário não
funcionou.

COMENTÁRIO:

É um Plano de Ação de Futuro, de Educação Preventiva. Para Elena, será mais fácil ser organizada
quando adulta. O pai lhe dá exemplo arrumando ele também, e pôs em prática a Teoria “Z”.

A ordem no armário não funcionou. Nesta idade, são capazes de arrumar sua roupa, mas nunca o
haviam exigido, nem era costume de sua mãe arrumar sua roupa com a ajuda dela.

PAIS,
DEIXE-OS AJUDAR!

2° PLANO DE AÇÃO

Um caso real: “Plantão por um dia”

SITUAÇÃO:

Uma família numerosa. José é advogado; sua esposa, Carmem, é professora de Inglês em um colégio
particular, trabalha das 9:30 às 11:30. Têm cinco filhos, bem próximos, Cristina e Mário já são maiores, 13 e
11 anos; os outros três, Gabriela, Lucas e Josemaria têm 9,8 e 5 anos.

46
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

José: Gostaria de fazer algo que me obrigasse a conversar mais com meus filhos; às vezes passam
semanas e fico muito pouco com eles, exceto os domingos.

Carmem: O melhor é ter projetos em comum, podemos fazer um plano de ação que inclua a todos.

Outro dia, o casal Mathias me contou um Plano de Ação que consistia em que cada dia da semana
correspondesse a um da família ajudar a todos os demais.

José: Podemos chamá-lo de “Plantão por um dia”.

Carmem: Somos sete e a semana tem sete dias, compete um dia a cada um.

OBJETIVOS:

GERAL: Melhorar na generosidade.

CONCRETO: Cada dia da semana, um membro da família ajuda a toda a família, faz plantão.

MEIOS: Entre todos, confeccionou-se uma lista com os principais encargos, a lista é muito longa:

- Atender ao telefone.
- Abrir a porta.
- Ajudar a colocar e tirar a mesa.
- Nem um papel no chão.
- Apagar as luzes que não estão sendo usadas.
- Colocar os móveis em seu lugar.
- Ajudar papai nos consertos da casa.
- Ajudar mamãe a fazer encargos.
- Ir comprar algo (apenas os maiores).
- Estar disposto para ajudar no que necessite.

Todos os dias úteis (de segunda a sexta), a hora de estudo para todos é das 6:30 às 8:30; estudar ou
brincar, mas todos em seu quarto sem passear pelo corredor e muito menos correr. Neste período mamãe fará
o plantão.

Distribuição de plantões:

- Às terças-feiras, mamãe.
- Às quartas-feiras, papai.

Nos demais dias se fará rodízio a cada semana e a primeira por sorteio.

Na primeira semana competiu o sábado a Mário e o domingo a Lucas.

Explicamos, enquanto saíamos em passeio de carro, como uma forma de colaborar na casa e de nos
ajudarmos entre nós, uma maneira de demonstrar que nos queremos e vivemos muito unidos. Estaremos mais
contentes, e a casa terá mais ordem.

Tudo eram vantagens. Temos que tomá-lo com responsabilidade.

Neste momento, Lucas nos interrompeu e disse:

Lucas: Eu acho que é um jogo muito divertido.

MOTIVAÇÃO:

Foi uma surpresa muito agradável. Para Cristina, pareceu estupendo e como ela tem personalidade e
arrasta a todos “foi sopa”. Era algo novo e parecia divertido: “De plantão por um dia.” Que responsabilidade!,
interrompeu Mário, será que Josemaria saberá fazê-lo?

47
A EDUCAÇÃO COM O EXEMPLO

Cristina: Claro que sim, não é, Josemaria? Você o fará muito bem, e se não souber algo me pergunte
que o ajudo.

A cara de Josemaria estava resplandecente, se Cristina dizia que ele era capaz, com certeza podia.

Na volta, a estrada estava congestionada mas deu tempo para tudo.

- Repartimos os dias.
- Explicamos as principais tarefas a fazer.
- E colocamos alguns exemplos das ajudas pessoais.

Tudo na medida do que podia fazer cada um!

Se a Gabriela não sabia resolver um problema, e Mário estava de “plantão”, podia pedir-lhe ajuda!

HISTÓRIA:

Notava-se um verdadeiro desejo para começar.

DESENVOLVIMENTO:

O primeiro dia competiu a Gabriela. É difícil descrever o entusiasmo que tinha; com sua
“responsabilidade”, se considerava importante, todos recorreriam a ela para pedir “ajuda”.

A terça-feira, a Cristina. Tudo transcorreu mais sério, ajudou a todos e muito bem, quase sem notar-se.
Ela sabia a importância de dar exemplo a seus irmãos. Era seu ponto forte e se notava.

A quarta-feira, a papai. Não chegou em casa até as 9:30 da noite, um pouco antes de deitar-se. Pediu
desculpas e contou uma “história verdadeira” aos três pequenos. Mário a escutou dissimuladamente.

A quinta-feira, a mamãe. Sem problemas.

A Josemaria, a sexta-feira; tivemos que ajudá-lo entre todos, mas ele se sentiu muito importante,
estava feliz. Os dois dias de festa foram os melhores. Mário e Lucas o levaram muito a sério e não deixaram
que ninguém ajudasse; era sua obrigação. Houve duas brigas por este motivo, mas se esqueceram logo.

Na semana seguinte, decidimos conservar o mesmo dia para cada um, exceto alguma falha mais ou
menos intencional, estamos contentes com o resultado. Quanto tempo durará? Não o sabemos.

RESULTADO:

Ainda que não dure muito tempo, o entusiasmo e o resultado foi bom. Sentiram a necessidade de
ajudar e de que assim tudo funciona melhor. Para Carmem e José, não poderia sair melhor. Carmem, antes de
começar, tinha sérias dúvidas.

COMENTÁRIOS:

É um Plano de Ação de futuro, José estava orgulho porque havia conseguido conversar mais com seu
filho; foi um objetivo extra. Ao estarem todos envolvidos, praticavam a Teoria “Z”. Faltou programar uma
reunião semanal entre todos para avaliar o resultado, ressaltando o que se fazia melhor. O Plano de Ação
está dentro da Educação com o Exemplo. O melhor exemplo o deu Cristina.

O EXEMPLO DOS
IRMÃOS MAIORES
TEM GRANDE VALOR

48
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

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EDUCAÇÃO MOTIVADA
Já se escreveu muito sobre a conveniência ou não dos prêmios e castigos. Realmente é uma forma
direta de motivar as pessoas a mover sua vontade em um determinado sentido. Mas é conveniente castigar?
Como devemos premiar?

Recentes pesquisas apóiam a tese da eficácia dos prêmios e castigos, sempre que sejam usados
adequadamente. E o termo “adequadamente” não é nada fácil de interpretar, e menos ainda devemos utilizá-lo
sem um conhecimento correto. Os prêmios e castigos não aplicados corretamente podem ser
contraproducentes. Podem levar-nos a conseguir o contrário do que pretendemos. Resumindo: castigar e
premiar, sim, mas antes devemos saber: quando, como e onde.

Baseando-nos em um exemplo empresarial, tiraremos valiosas conclusões para a educação na família.


A família tem algo de empresa.

As motivações humanas e a empresa.


As motivações humanas foram amplamente estudadas e experimentadas no campo empresarial.
O comportamento das pessoas na empresa foi uma preocupação constante nos últimos anos. Existe
uma relação direta entre a motivação positiva dos trabalhadores e os resultados econômicos da empresa:

Atitude na empresa: Valor:


- Trabalha-se bem em equipe companheirismo.
- Vive-se um ambiente de união lealdade.
- Ajudam-se uns aos outros generosidade.
- Não se perde o tempo laboriosidade.
- Ensina-se o que se sabe solidariedade.
- Respeitam-se os direitos das pessoas justiça.
- Cumpre-se o dever no próprio trabalho responsabilidade.

Pode-se fazer um quadro similar entre a motivação negativa e os níveis de baixo rendimento. Mas...
como conseguir a motivação correta?

Importância da Motivação Nivelada:


A maior parte dos problemas, nas Relações Humanas de uma empresa, se situam em três níveis ou na
combinação deles.

NÍVEIS SIMBOLO PROBLEMA

1° Material $ Econômico: Salário, Moradia...


2° Inteligência Eu De conhecimentos: Categoria,
Competência
3° Vontade Você De comportamento: Valores,
Relações pessoais

Quando surge um problema nas Relações Humanas, deve-se buscar a solução no mesmo nível em
que surgiu o problema: Recorrer a outro nível não o soluciona. Pode resolvê-lo a curto prazo, mas surgirá de
novo e com maior força. Estas circunstâncias se repetem na educação dos filhos com algumas características
similares. Vejamos alguns exemplos em nível de empresa.

Problemas no nível material


Se se apresenta um problema econômico, de pedido de aumento de salário, 1° nível, a solução tem
que ser buscada no mesmo nível, subir o salário. Querer solucionar o problema, oferecendo um curso de
computação (2° nível), ou apelando ao espírito de sacrifício e de lealdade à empresa (3° nível), não resolverá
o problema. Pode resolvê-lo a curto prazo, mas o problema fica latente.

49
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

Problemas no nível da inteligência

Por exemplo:
- Necessito de um curso de computação para poder desenvolver melhor meu trabalho (2° nível).
- Para cumprir bem minha missão, em Recursos Humanos, devo poder assistir às reuniões de diretoria
de recursos humanos. [Pedido de promoção, ao Diretor de Recursos Humanos (2° nível)].

Se oferecemos aumento de salário (1° nível), é possível que fiquem alegres e o aumento seja bem
recebido, mas em pouco tempo voltará a surgir o problema. Apenas uma solução no mesmo nível (2°nível),
ajustará o conflito.

Problemas no nível da vontade

O Diretor de Produção, Pedro, se reúne com o Diretor Geral e o informa sobre um assunto reservado.

Pedro: Ontem tomei conhecimento que Alberto, o Diretor Financeiro, recebe um dinheiro em sua conta
corrente por operar com o Banco “Z”. Você sabia? E como se não bastasse, Diego, o Diretor Comercial,
embolsou uma boa comissão ao fechar em uma compra com empresa Y. O que acha disto?

Pedro apresentou dois claros problemas de corrupção (3° nível). A única solução é enfrentar
diretamente o problema e falar com os interessados para que mudem de atitude ou saiam.

Tentar solucionar um problema no 3° nível, com um nível diferente, por exemplo, comprar o silêncio de
Pedro (1° nível), não soluciona nada. Pelo contrário. Pedro, ao ver-se subornado, tem duas saídas:

1ª- Se não se importa que os dois roubem, a partir de amanhã serão três. (Perde seus valores.)

2ª- Se o Diretor Geral é tão corrupto como os outros dois, procurarei outra empresa. (Perderá um bom
emprego ou atuará a partir de agora sem motivação).

Resumindo: Cada problema deve ser resolvido com uma solução no mesmo nível. Concretizando
mais: um problema na área dos valores (3° nível) não pode ser solucionado com dinheiro (1° nível); os valores
não se compram.

Voltando ao campo da Educação podemos dizer:

- Para motivar corretamente, os prêmios e os castigos devem pertencer ao mesmo nível do


comportamento que se deseja motivar.

- Comportar-se bem por dinheiro ou por uma recompensa econômica degrada o valor. O bem deve ser
buscado pelo valor que tem em si mesmo. Se se faz por dinheiro, quando não houver recompensa financeira,
não haverá razão para fazer o bem. O prêmio deve estar acima do premiado e um valor se degrada se se
compra com algo material.

- Ao educar, temos como objetivo que nossos filhos cresçam em valores positivos, virtudes, segundo
Aristóteles, mas:

- O que é uma virtude?


- O que é um valor bom?

Educar em virtudes

O que é uma virtude?


Se define a virtude como “um hábito operativo bom”. A palavra “hábito” corresponde a uma atitude
permanente da alma; não se refere ao corpo nem é um costume.
A palavra “operativo” significa que é um ato que se realiza, que se chega a terminar; portanto, não é
uma disposição da pessoa a fazer algo mas sim uma atuação em algo.

50
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

A palavra “bom” significa que o ato que a pessoa realiza é “bom em si mesmo”; em outras palavras,
bom como ato, por sua intenção e por seu fim. Portanto, não é suficiente que o ato seja bom em si, se a
intenção com que se faz não busca também a perfeição do próprio ato.

Coloquemos alguns exemplos:

Suponhamos que queiramos promover nos filhos:

- Que queiram estudar.


- Que queiram ser ordenados.
- Que queiram ajudar em casa.

Além disso, é nossa intenção que adquiram as virtudes correspondentes a estes três objetivos:

- A virtude da laboriosidade.
- A virtude da ordem.
- A virtude da generosidade.

Com a finalidade de conseguir estes objetivos, suponhamos que os prêmios ou castigos que
utilizamos, para premiá-los ou corrigi-los e potenciar estes valores, são alguns dos assinalados abaixo:

- Maior ou menor “mesada”.


- Deixá-los em casa, sem sair, um fim de semana.
- Levá-los ao cinema ou alugar um bom vídeo.
- Deixá-los sem assistir à televisão durante um tempo.
- Celebrar uma festa em casa ou deixá-los sair à noite.
- Não deixá-los sair a noite ou reduzir a hora de chegada.
- Gritar-lhes ao exercer a autoridade e repreender-lhes.
- Chegar a bater-lhes, em casos graves.

Todas estas ações correspondem ao 1° nível. São soluções do tipo material.

Vamos ver que com esta forma de atuar, não somente não conseguimos que nossos filhos cresçam em
valores mas também, em algumas ocasiões, conseguiremos o efeito contrário. No melhor dos casos, podemos
conseguir e não é pouco:

- O costume de estudar e tirar boas notas.


- O costume de ser ordenado com suas coisas.
- O costume de ajudar em casa e aos demais.

Aparentemente, pode parecer que são “hábitos operativos bons”, mas se as intenções, que os levaram
a atuar deste modo, foram os motivos acima citados, podemos afirmar que o mais provável é que não exista
virtude.

A realidade é que estamos atuando com prêmios ou castigos, referidos ao primeiro nível de motivação,
nível material extrínseco, e podemos afirmar que o fim último que os fez atuar é materialista. Com outras
palavras, colocamos como meta de um ato bom ou mau um prêmio ou castigo material.

O resultado destas atuações é que não estamos promovendo valores e, em consequência, não
estamos ajudando nossos filhos a crescerem na virtude. Quando mudam as circunstâncias, e as motivações
antes citadas deixem de atuar, a vontade deixará facilmente de atuar bem.

Vejamos um exemplo:
Um filho, educado com prêmios e castigos materiais, vai estudar um ano de inglês nos Estados
Unidos. Ou ao terminar o colegial vai a outra cidade fazer faculdade. Ao estar fora de sua casa, não existe a
motivação direta de seus pais. Também não há virtude, somente alguns bons costumes. Com certa facilidade
pode derrubar todo o esquema de valores, por não estarem fixados sobre uma base correta. Seu
comportamento pode se degradar.

51
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

Neste caso, ao regressar à sua casa, pode até ter perdido os bons costumes que tinha ao partir. Por
não ter sido educado em verdadeiras virtudes e ceder na fortaleza, os costumes caem sozinhos.

DIÁLOGOS FAMILIARES

Outra tarde no clube. Patrícia chega correndo e chora desconsoladamente.

Patrícia: Mamãe! mamãe! Dani me bateu.

Maria: Dani, por que bateu em sua irmã?

Dani: Foi de brincadeira, estávamos brincando de casinha, eu era o pai e Patrícia a filha maior.

Maria: Mas você bateu nela, não?

Dani: Claro, mamãe. Ela disse uma mentira e como eu era o pai teria que educá-la.

Maria: Bom, Dani, dê um beijo em sua irmã e conversaremos em casa.

Virgínia: Não se preocupe, Maria; todos os filhos são iguais.

Tom: (Tomando sua xícara de café): Hoje nos cabe terminar de falar da Educação Motivada. Creio que
Maria tem várias perguntas pendentes.

João: E eu também tenho algumas dúvidas.

Maria: O que tem de mau que dê a Dani uma recompensa extra por tirar boas notas?

João: Ou que o deixe assistir à televisão, depois de arrumar todos os brinquedos?

Tom: De mau, mau, tem pouco, mas não está educando em Valores a seus filhos. Está os
acostumando a estudar por um prêmio material ou a arrumar os brinquedos para assistir à televisão, que
também é algo material; pode ser que adquiram o costume, e isso não é ruim, mas não há VIRTUDE.

Maria: Não o entendo. Por que não é VIRTUDE?

Tom: Porque, para que haja virtude, há que fazer as coisas livremente e porque são boas, buscando
fazer o bem em si mesmo. Estudar é bom em si mesmo: alegro meus pais e cumpro um dever. Mas se estudo
por dinheiro, por medo do castigo ou para ir a uma festa, no dia que não houver dinheiro, medo ou festa, não
estudarei porque desapareceu o motivo pelo qual estudava.

Maria e João ficam quietos, estão preocupados, Tom continua:

Tom: Se eu estudo porque é algo bom em si mesmo e é minha responsabilidade social, esse moti vo
não se acaba nunca e o farei pelo valor que tem estudar. Se o motivo é material, reforçamos no filho o
materialismo, o consumismo ou o medo ao castigo. Além disso, este tipo de motivação necessita cada vez
mais de um prêmio maior ou um castigo mais forte. Acreditem, não é o caminho correto!

Maria: Mas se o animo a estudar é para que no dia de amanhã seja alguém importante, tenha uma boa
carreira ou simplesmente seja o primeiro da classe, o que há de mau nisso?

Tom: Aparentemente nada, mas o motivo pelo qual estudam é o orgulho: "eu" sou o melhor, ter uma
boa profissão para ganhar muito dinheiro! Estamos voltando a desviar o fim. Se seu filho vê que não vai
chegar a ser o primeiro ou se ainda está muito longe do exercício da profissão, perde a motivação para
estudar e o mais provável é que não o faça.

João: Ontem nos explicou que os problemas e as soluções deviam ser do mesmo nível. No caso da
empresa, está muito claro. Você poderia me dar um exemplo educativo? Em cada um dos níveis!

Virgínia: Eu os darei, assim Tom descansa. Tom, corrija-me se estiver enganada:

52
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

Motivações por níveis

Primeiro nível:
Dani quebra um vaso de flores jogando a bola na sala. O problema é de desobediência (3° nível) e
material (1° nível): quebrou um vaso. É correto que pague parte do vaso com sua poupança.

Dani lhe ajuda a limpar o carro; Ana dá meia hora diária de aula de aritmética a Dani; é correto premiar
com dinheiro. Fez um trabalho extra que não entra nas obrigações familiares.

Segundo nível:
Ana tirou más notas em física, e a castiga no sábado sem que saia de casa até que tenha estudado
tudo, mas quando termina a deixa sair. O problema foi que não soube a lição (2° nível) e o castigo é que a
aprenda (2° nível). Correto.

Um filho traz más notas, (2° nível), o castiga sem sair de casa no sábado e no domingo (não pode
divertir-se - 1° nível -); poderá conseguir que não saia, mas não necessariamente que estude, pode estar em
seu quarto e não estudar.

Dani tirou boas notas e lhe compra um livro ou um jogo que o agrada. Ambas as coisas servem para
aprender (tudo no 2° nível).

João: É muito difícil que um Prêmio ou Castigo sejam apenas de um nível, realmente eu vejo que todos
são um pouco de todos os níveis, os livros também custam dinheiro. O que me diz sobre isto?

Tom: Tem razão. Tirar más notas por má sorte é 2° nível e tirar más notas por comodismo ou por ver à
televisão é 3° nível. A educação não é uma ciência exata, é uma arte mas, como tendência,costuma ser certo.
Perdoa a interrupção, Virgínia; vai muito bem, continue.

Virgínia (continuando seu relato):

Terceiro nível:
Se Ana não estudou porque não quis ou deixou seu quarto sem arrumar por preguiça, ambos os
problemas são do 3° nível, terá falhado a vontade? Deve motivá-la para que mude de atitude, e raciocinar com
ela sobre seu mau comportamento. Eu lhe aconselharia o seguinte:

- Fale com ela quando a encontrar tranquila e alegre.


- Argumente-lhe sobre o que significa fazer bem as coisas.
- Reforce sua auto-estima. Ela é capaz de fazê-lo.
- Reconheça sua primeira mudança positiva.

Maria: E se, apesar de tudo, não me der atenção?


Tom: Depois de esclarecer-lhe os motivos para atuar bem, não há inconveniente em castigá-la em
algo material; mas eu lhe aconselho que o castigo não venha de surpresa. Avise-a que vai castigá-la se o
repetir, e que o fará para seu bem.

Maria: E se o repete?

Tom: Não duvide em castigá-la; não fazê-lo seria contraproducente.

Virgínia: Falta o caso positivo do terceiro nível.

João: É verdade, continue!


Virgínia: Desde pequenos, devemos acostumar os filhos que o fazer as coisas bem feitas, ser bom,
leva o prêmio em si mesmo. Meu avô dizia:

A ALEGRIA
DO DEVER CUMPRIDO

53
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

Fazer as coisas bem, além de ser uma obrigação, normalmente nos deixa contentes e torna a vida
mais feliz aos demais...Devem saber valorizar isto!

Tom: O tema de hoje é muito delicado.

João: Por que você diz isso?

Tom: Recordo um caso concreto, e frequente. Um pai leu um livro sobre como motivar bem e, na
primeira oportunidade, colocou-o em funcionamento. Seu filho de 16 anos voltou do colégio com três notas
máximas, e seu pai, cumprindo um dos níveis, deu-lhe um beijo e disse-lhe que estava orgulhoso dele, que
continuasse assim...

João: E o filho lhe disse que...

Tom: Exatamente o que está pensando:

"Papai, deixe de tolice e dê-me a "grana" como sempre; esta noite tenho uma festa e não estou
para brincadeiras."

Virgínia: Quando os filhos são adultos e estão acostumados aos prêmios materiais, não pode mudar
de tática de repente. Terá que fazê-lo pouco a pouco e conversar juntos sobre estes temas, para sensibilizá-
los.

João: Isso é muito difícil.

Tom: Menos do que se imagina. As pessoas jovens são mais idealistas que nós, mas é preciso pensar.

Virgínia: Recordo um caso de um filho de 15 anos. Estava acostumado que a “mesada” fosse
consequência direta dos estudos. Os pais, em uma escola de família, aprenderam o que era a Educação
Motivada. E chegaram a um acordo com o filho: a remuneração ia ser constante e independente das notas (o
dinheiro é uma necessidade como comer e dormir). Se tirava más notas, ficava em casa sem sair, todos os
dias, até que estudasse e fizesse os deveres do próximo dia. Neste caso, que conheço de perto, o resultado
foi um êxito, os próprios pais nem podiam acreditar.

João: Em resumo, quando levamos muitos anos educando à base de castigos e prêmios materiais, tem
que fazer a mudança pouco a pouco e conversando muito.

Maria: Creio que devemos começar a falar com nossa filha Ana, é interessada. E a Patrícia, também
não posso lhe oferecer um doce, se come inteiro.

Virgínia: Com as crianças pequenas é igual. Não se deve premiar um bom comportamento com doces
ou brinquedos, nem se deve gritar ou bater por fazer algo malfeito. A não ser que avise antes e explique a
razão de comportar-se bem.

Maria: Então nunca lhes posso comprar nada.

Virgínia: Compre-lhes o que quiser, mas a razão da compra não deve uni-la a comportar-se bem.
Comprei este brinquedo ou estes caramelos a você:

- Porque é seu aniversário;


- porque hoje é festa;
- porque gosto muito de você;
- para os dois nos divertirmos.

Mas não por serem bons... Está claro?

Maria: Não é nada fácil!

Tom: Se o tomamos como norma, espero que seja mais simples; ao final fará sem se dar conta.

Maria: Tentaremos.

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A EDUCAÇÃO MOTIVADA

UM PLANO DE AÇÃO

Um caso real: "Premiando com dinheiro"

SITUAÇÃO:

A família Álvares, Ernesto e Sofia, pensavam que agiam bem. Para Ernesto, o dinheiro era a medida
dos prêmios e castigos. Para Sofia, os presentes. Tinham cinco filhos: Suzana (6 anos), Carolina (8 anos), e
os três maiores, Letícia, Luís e Alberto com 16, 14 e 11 anos, respectivamente.

As meninas eram boas estudantes. Aos homens, especialmente a Luís, o estudo era difícil. Ernesto
era dono de uma empresa de construção: durante alguns anos teve êxito. Sofia é economista, trabalha apenas
em sua casa, mas está em dia com sua profissão, lê muito, às vezes ajuda Ernesto em sua empresa e espera
começar a trabalhar em alguns anos.

Há uma semana tiveram uma reunião com velhos amigos, e Carlos, um pedagogo que adora estudar,
esteve falando dos "sistemas modernos de educação", como ele os chamava. Ernesto, no dia seguinte,
comprou um livro com o título A Educação Motivada.

Sofia: Convença-se, Ernesto, de que temos que mudar.

Ernesto: Eu pensava que o fazíamos bem, mas este livro explica com clareza.

Sofia: Quando os filhos forem estudar fora de casa, podemos ter sérios problemas.

Ernesto: Bom, também não é para tanto.

Sofia: Os que mais me preocupam são Luís e Carolina.

Ernesto: No último curso que frequentei sobre "A missão do diretor", passamos o mês estabelecendo
estratégias e fazendo Planos de Ação. É muito fácil, fixaremos os objetivos e faremos um Plano de Ação.
Mudar é para vitoriosos.

Sofia: Sempre que for para melhorar... Você, tão otimista como sempre...De acordo!

UM OBJETIVO:

GERAL: Educar em valores verdadeiros (Virtudes).

CONCRETO: Mudar o sistema de incentivos. Não premiar e castigar com dinheiro.

MEIOS: Aos dois maiores, explicaremos a sós até convencê-los da mudança. Não temos pressa,
agimos assim durante quinze anos e pode esperar. Luís, ainda que seja mais difícil, tem bom coração e
entenderá.

Contando com Letícia e Luís, espero não ter problemas com os três menores. Aproveitaremos um fim
de semana para explicar e comentar; a seguir falaremos com cada um para conhecermos suas opiniões. Não
há pressa, mas o dia que decidirmos colocá-lo em funcionamento será imediato, em assuntos como estes as
meias palavras são perigosas, nos expomos a retroceder. Devemos passar a impressão de segurança e
firmeza.

UMA MOTIVAÇÃO:
A motivação não apresentava problemas aparentes, o faríamos como sempre, já estavam
acostumados.
- É pelo bem da família.
- Será melhor para você; é para o seu bem.
- Como pais, queremos o melhor para nossos filhos.
- Queremos fazê-lo com seu consentimento.
- Teremos mais "força de vontade".

55
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

A expressão "força de vontade", como algo bom para a vida, tinham escutado muitas vezes. Eu estava
convencido de que tudo ia sair bem, temos uma família formidável. Minha esposa tinha suas dúvidas, mas...
sairia bem.

UMA HISTÓRIA:

DESENVOLVIMENTO:

A entrevista com Letícia ocorreu aos cuidados de sua mãe. Ela soube explicar, e ainda que tenha
surgido alguma dúvida no princípio, estava disposta a aceitá-lo: a partir de agora sua remuneração seria fixa,
nem mais nem menos; isto a tranquilizou, em troca, se esforçava no estudo.

Em casa, não se pagaria nenhum encargo, todos ajudaríamos de graça. Para compensar isto,
aumentou-se a "mesada fixa".

Eu falei com Luís. Entrei direto no assunto, lhe expliquei tudo. Luís é inteligente, no final desarmou-me
com uma simples pergunta:

- Mas papai, para que tanto esforço, se vivemos tão bem assim?

A pergunta seguinte me tranquilizou um pouco mais:

- Promete que não diminuirá a minha mesada? Ainda que tire más notas?

Comentei com Sofia que Luís tinha aceitado, mas que talvez seus objetivos eram diferentes dos
nossos.

Deixamos passar duas semanas e voltamos a tocar no assunto. Desta vez o resultado foi melhor; ao
menos haviam pensado.

Durante a semana seguinte, explicaremos a todos. Aceito pelos dois maiores, os três menores não
mostraram resistência, até lhes agradava a mudança.

Hoje faz três meses que o colocamos em funcionamento. Em resumo posso dizer que o projeto
resultou bem, exceto com dois: Luís e Suzana. Para Luís, o sistema não convencia. Penso que não soubemos
motivá-los. O problema de Suzana era diferente. Menina mimada, a caçula, estava acostumada a receber
recompensas por tudo, caramelos, guloseimas... O dinheiro não lhe importa, mas os prêmios de beijos não lhe
bastam.

RESULTADO: A experiência teve menos sucesso do que se esperava. Luís é muito especial e não
gosta de mudanças. Com Suzana, terá que recuperar o caminho perdido, não será difícil. Com Luís, podem ter
problemas.

COMENTÁRIO: É um caso típico de "Mudança direta de comando". Não costuma ser fácil. Estão
praticando a Educação Preventiva. Pela história, não parece que contem com a Sinergia Positiva. Costuma ser
boa aliada.

Há algo muito positivo, Sofia e Ernesto perceberam a necessidade da mudança e colocaram os meios:
estão educando em futuro.

56
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

UM PLANO DE AÇÃO

Um caso real: "Tinham-no claro"

SITUAÇÃO: Ilma e Estevão "tinham-no claro". Desde noivos já começaram a se preparar como futuros
pais. Quando Ilma ficou grávida de Isabel, começou a aplicar a lista de Planos de Ação que tinha preparada.
Alguns objetivos:

- Ouvir música clássica.


- Não ter estresse.
- Vida tranquila.
- Falar com Isabel.

Já passaram seis anos. Depois de Isabel, vieram Lívia (4 anos), e Felipe (2 anos). Na semana
passada, na reunião de grupo, se inscreveram em um Programa de Educação Familiar. Deram-lhes uma nota
técnica sobre:

"A educação motivada"

Com este tema, não tinham começado ainda. Mas tinham que tomar medidas.

OBJETIVOS:

GERAL: Motivar em 3° nível.

CONCRETO: Não dar prêmios materiais. Premiar com carinho e reconhecimento.

MEIOS: As compras de todo tipo de guloseimas e “bugigangas” no supermercado e nas “lojinhas“ da


rua, que eram contínuas, acabariam.

O costume era dar-lhes algo, por comportarem-se bem. Precisariam da colaboração da avó e da tia
Clara; sempre que iam à sua casa lhes davam coisas e o pior é que acrescentavam:

- Isto porque foram bons.


- Isto por comportarem-se bem.
- Isto para que comam tudo.
- Isto para que amanhã ...

Tudo era para compensar algo... Justo o contrário do que ensinava a "Nota Técnica".

MOTIVAÇÃO: Dada a idade das crianças, e seguindo as instruções aprendidas, era melhor não dar
nenhuma razão para mudança. Mudaríamos e pronto. Não dissemos nada às crianças. Ilma e eu nos
motivamos mutuamente.

- O assunto era de vital importância.


- Estávamos praticando Educação Preventiva.
- Tínhamos que ter paciência.
- E constância...

Aqui está o cavalo de batalha; na constância. Nós o repetimos várias vezes: tomamos a decisão de
fazê-lo livremente e...

SEREMOS CONSTANTES

HISTÓRIA: Todos os Planos de Ação, que havíamos estudado, tinham histórias muito longas; o nosso
quase não tinha história, o colocamos em funcionamento e aí está.

57
A EDUCAÇÃO MOTIVADA

DESENVOLVIMENTO:

No princípio, nos pediam de tudo..., como sempre. Demoraram alguns meses para acostumar-se.
Agora, já não há problema. Não lhes ocorre pedir o que sabem que não daremos.

Na história, os problemas: fomos Ilma e eu por um lado, e a avó e tia Clara por outro. Mas já o
aprendemos. Ia me esquecendo: quando faziam algo bem, reconhecíamos, e isso lhes agradava:

- Que bom que comeu.


- Como é organizada.
- É um amor.
- Estou muito contente com minha filha.

Resultado: Já dissemos. Todos mais contentes.

COMENTÁRIO: É um caso típico de:

- Chegar antes.
- Educação Eficaz.
- E Educar em Futuro.

Foi bem estabelecido e sem complicações. Como disseram bem os protagonistas, nesta idade o
problema está em que os pais, "queiram fazê-lo". A paciência e a constância sempre. Mas educar é, além de
tudo, divertido... Quando se encara com bom humor!

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A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

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A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Dentro do amplo significado da palavra personalizada, trataremos, neste capítulo, somente uma parte
muito concreta. Estamos nos referindo à educação da Vontade dentro da família. Pais e irmãos serão os
principais protagonistas e a educação nas virtudes, o objetivo. Os problemas mais frequentes a corrigir serão:
o egoísmo, a inveja, a soberba e os ciúmes. Devemos ajudar nossos filhos, cada um em particular, a serem
pessoas livres e responsáveis.

Todas as pessoas são diferentes, únicas e exclusivas. Cada filho necessita receber uma educação
diferente, uma educação personalizada.

Algumas causas que determinam as diferenças pessoais são:

- A herança genética.
- As circunstâncias da gestação.
- Os estímulos recebidos.
- Ser o primeiro filho.
- Ser o segundo filho.
- ...............................
- Ser o último filho.
- Os amigos do colégio.
- Os professores.
- As doenças.
- O caráter.
- O temperamento.

Cada um destes elementos, entre outros, ajudam a configurar uma forma de ser diferente. Todos eles
estão relacionados entre si e se automodificam. O desenvolvimento evolutivo é diferente, e tudo unido
configura pessoas com diferentes aptidões, gostos, afeições...

Cada filho deve ser tratado e educado segundo as necessidades de seu próprio ser.

Para conhecer algo bem é conveniente referi-lo a um padrão; e partindo deste ponto podemos analisar
as diferenças e estudar suas causas. Quando temos o primeiro filho, é mais difícil saber como é:

- Não temos padrão direto de comparação.


- Não temos experiência própria.

Ao chegar outros filhos, comparamos uns com outros e é mais simples encontrar diferenças.

Em qualquer caso, é conveniente ter um modelo de referência. Existem livros, específicos para cada
idade, que nos facilitam um modelo de comparação, nos ajudam a conhecer melhor cada filho e nos indicam
ou aconselham diferentes formas de educar segundo cada caso.

Para poder julgar bem a forma de ser de um filho, é necessário conhecê-lo a fundo, não vê-lo apenas
externamente, e isto requer um relacionamento e uma convivência estreita, nem sempre fácil de conseguir.

Uma boa decisão é intensificar as relações pais-filhos durante os fins de semana.

Convém lembrar que os filhos não nascem estudiosos, preguiçosos, ordenados, obedientes, retraídos,
medrosos..., mas se tornam ou os ajudamos a se tornarem assim; a intervenção genética é inferior a 20%.

Daqui a importância de estabelecer-nos como educar cada filho.

59
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Na educação de um filho, é aconselhável considerar as seguintes circunstâncias:

1. Como é uma criança dessa idade.


2. Como é ele na realidade.
3. Quais são seus pontos fortes.
4. Quais são suas fraquezas.
5. De que oportunidades disponho.
6. Que perigos externos devo evitar.

Os dois primeiros nos definem o ponto de partida. Os pontos 3 e 4 correspondem a circunstâncias


próprias do filho, internas a ele, e as duas últimas são elementos exteriores que nos facilitam ou dificultam a
ação.

Como é uma criança desta idade?

É uma informação que nosso filho não nos proporciona; temos que buscá-la fora: experiências de
outras pessoas, pedagogos, livros... Quando são pequenos, é muito interessante conhecer os Períodos
Sensitivos e os Instintos-Guia.
É aconselhável informar-se e não inventar algo diferente do que ele é na realidade.

Como ele é na realidade?


Sua realidade nem sempre deve ser mudada: ele é assim, e é bom que tenha sua própria
personalidade, apenas devemos atuar para facilitar-lhe que seja melhor como pessoa. Se é pequeno, o
ajudaremos a corrigir seus maus hábitos e a potenciar os bons. Se já tem o uso da razão, esses hábitos
devem converter-se em valores positivos queridos por eles mesmos, em outras palavras, em virtudes.

Quais são seus pontos fortes?


Os filhos não nascem com pontos fortes, mas, como dizia um especialista em educação, tem que
"fazê-los crescer".

Ajudas para potenciar os pontos fortes podem ser:

- Ter uma boa imagem deles.


- Elogiá-los pelo que fazem bem.
- Aumentar sua auto-estima.
- Fazê-los ver que "sou capaz" ...

É importante que as pessoas tenham uma boa imagem de si mesmos e, neste ponto, a influência
externa é decisiva.

Quais são suas fraquezas?

É mais fácil potenciar um ponto forte que corrigir um defeito.

Outra máxima muito conhecida em pedagogia diz:

OS DEFEITOS SÃO CORRIGIDOS


PELA RETAGUARDA

Em outras palavras: "Para corrigir um defeito, potenciar a VIRTUDE contraria."


Se é egoísta fomente-lhe a generosidade.
Se é um preguiçoso ajude-o a ser laborioso.
Se é desordenado nos estudos faça-o ordenado com os brinquedos ou hobbies.
Se é um comodista potencie-lhe seu esporte favorito.

60
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Em todas as pessoas há VICIOS E VIRTUDES. Se os ajudamos a melhorar em um valor, em uma


virtude concreta, melhorarão em todas as outras. As virtudes são como as cerejas, tira uma e as demais vêm
atrás. Mas o mesmo ocorre com os defeitos.

De que oportunidades disponho?

Nem sempre está em nossas mãos dar a melhor solução a um problema. Em algumas ocasiões é mais
conveniente que seja outra pessoa que ajude um filho a melhorar, esta é uma situação normal se se trata de
adolescentes. Que oportunidades exteriores existem?

- Um orientador no colégio.
- Um bom amigo.
- Um parente próximo.
- Um irmão maior.
- Um amigo da família.

Podem ser oportunidades materiais ou de situação.

Qual é o melhor momento para falar com um filho?

- Um fim de semana tranquilo.


- Uma viagem de trabalho na qual conseguimos com que nos acompanhe.
- Um dia de compras.
- Uma partida de futebol em que jogamos juntos.

Outras oportunidades dependem das disposições pessoais. Devemos buscar o momento mais
oportuno. Lembremos que se ganha eficácia se escolhemos uma situação: alegre, tranquila, amigável...

Que perigos externos devo evitar?

É a outra face da moeda:


- Falar com ele depois de um desgosto.
- Esquecer a influência daquele amigo que não gostamos.
- As brincadeiras na rua que não facilitam a separação.
- Esse lugar de férias de verão que não é o melhor ambiente.
- A televisão pode ser um perigo externo.

Se avaliamos os perigos, estaremos em melhores condições para evitá-los.

Vem-me à memória aquela boa mãe que me disse:

Eduquei a todos do mesmo modo e o terceiro nem parece nosso filho.

Com certeza!

Outro conselho, não fácil de conseguir:

QUE CADA FILHO SE SINTA


IMPORTANTE EM CASA

Devem notar que seus pais os querem de um modo especial. Não os trate de qualquer modo. Que
cada um, ele a sós, tenha a oportunidade de contar-lhe suas coisas "importantes": o que lhe aconteceu no
colégio, seus grandes problemas... Faça a si próprio as seguintes perguntas:

Quanto tempo faz que não falo a sós com minha filha Patrícia?

Quanto tempo faz que Álvaro não me conta como vai no colégio?

61
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Não espere para falar com eles apenas quando:


- haja problemas;
- tenha que pedir-lhes algo;
- tenha que repreendê-los.
Que seus filhos se sintam importantes!
Que seus filhos pensem que seus pais os querem!

Eles precisam saber-se queridos e não você saber que os quer. O matiz é bem diferente.

FALA COM OS FILHOS


A SÓS

Se você o faz desde pequenos, estará preparando uma adolescência cheia de confiança, de
sinceridade, de amizade e, para essa idade, é importante. Esse objetivo tem que ser conquistado antes, senão
encontrará as portas fechadas, e não foram eles que as fecharam; simplesmente você não as abriu no melhor
momento.

DIÁLOGOS FAMILIARES

Falemos dos ciúmes

Hilda e Ana ficaram na casa de Ana, Diego estava mal e se ofereceram para cuidar dele. Os dois
casais saíram em excursão. As três crianças, Patrícia , Dani e Henrique, iam no carro com seus pais.

Tony e Virgínia iam sozinhos no carro. Ainda faltava meia hora para chegar ao parque Natural de
Itatiaia. Levavam de tudo para comer no campo.

Tom: João e Maria não se deram conta de que Patrícia tem ciúmes de Diego.

Virgínia: Eu creio que sabem, mas não dão importância.

Tom: Hoje deveríamos comentar o tema dos ciúmes, podem chegar a criar problemas graves.

Virgínia: Sobretudo se não damos importância. Acho Patrícia mais parada que quando era pequena,
perdeu a alegria.

Tom: Está muito magra. Maria disse que comia mal.

Virgínia: São sintomas claros de um problema de ciúmes. Precisa ver como se agarra em sua mãe
quando está com Diego.

As 12:30 chegaram à margem do rio Itatiaia. Não tinha muita gente. Um belo dia os esperava.
Montaram seu mini-acampamento. Prepararam a comida, nadaram um pouco e começaram a comer.

Maria: Espero que Diego esteja bem, como está resfriado é melhor que esteja em casa.

Virgínia: Ana e Hilda já são maiores e saberão cuidar dele, não se preocupe.

Durante a refeição:

Maria: Que bom que está comendo Patrícia.

João: Está muito contente, veio no carro cantando e brincando com Dani e Henrique.

Terminada a refeição, tiraram a mesa. As crianças foram jogar caça-tesouro e os maiores começaram
a tertúlia:
João: Ontem comentávamos, Maria e eu, o quanto estamos aprendendo. Tom parece uma
enciclopédia, e pensar que eu achava que já sabia tudo!

62
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Tom: Falta-nos o último assunto: A Educação Personalizada.

João: Está na moda, agora tudo é personalizado.

- O carro.
- As camisas.
- O computador.
- As férias.
- O perfume.

Parece que acabamos de descobrir que as pessoas são todas diferentes.

Maria: E falando de educação, o que vai nos contar?

Tom: Adianto-lhe alguns conselhos:

- Os filhos não se pode tratar de modo impessoal.


- Cada um deve sentir-se importante.
- Devemos fomentar as aptidões que os diferenciam.
- Devem ter sua própria personalidade.

Há um perigo importante que pode causar estragos: "A inveja".

Diálogos sobre a inveja

João: Como na empresa as pessoas são sempre as mesmas, sempre a mesma problemática. Não
importa a idade.

Tom: Mas somos diferentes.

Maria: Tom, por favor, não perca tempo falando da empresa, deixe isso de lado e fale-me dos filhos.
Em minha família, o problema da inveja não existe, não é, João?

Tom: A inveja é algo difícil de extirpar, a levamos dentro de nós!, o mal é que costuma vir disfarçada.

João: Em uma empresa há inveja quando se ouvem expressões como:

Isso é sua responsabilidade; para isso lhe pagam!


Isso é problema seu! Resolva-o você!
Custei a aprender meu trabalho!
O que acontece é que teve sorte!
Para uns tanto e para outros tão pouco!

Foi a nota técnica que discutimos a semana passada.

Maria: Cale-se João! Esse curso de empresa marcou o bem! Continue, Tom. E com os filhos?

Virgínia: A inveja é algo muito comum entre irmãos, e às vezes difícil de consertar mas, como a
palavra inveja não é muito bonita, a chamaremos "Ciúmes".

Maria: Creio que em casa há um pouco de "inveja", ciúmes como disse Virgínia, entre os dois
pequenos. Muitas crianças os têm, não é importante.

Tom: Eu não diria o mesmo, Maria. Pode ser que em seus filhos não tenha importância, mas o ciúmes
é algo sério e deve ser controlado.

João: Tom, eu creio que desta vez está exagerando. Virgínia! não é verdade que seu marido exagera?

Virgínia: É certo que, às vezes, Tom aumenta um pouco as coisas, mas não nesta ocasião.
Conhecemos casos de ciúmes mal curados que trouxeram consequências para toda uma vida.

63
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Maria: Dê-me um exemplo.

Tom: As crianças não podem remediar o fato de terem ciúmes, não são conscientes do que está
acontecendo. Para eles, é um problema grave, pode mudar sua personalidade se não lhe damos importância.

Virgínia: Você não sentiu ciúmes de João, Maria?

Maria: Sim, foi antes de casar-me, e lembro que me fez passar muito mal, estive a ponto de romper
com ele e arrumar outro, apenas por despeito.

Virgínia: E essa obsessão, não lhe perseguia em todas as horas?

Maria: Ainda lembro, passei algumas noites em claro..., a seguir lhe contei tudo e passou.

Virgínia: Pois com nossos filhos acontece igual ou pior:

- Pensam que sua mãe já não lhe quer.


- Pensam que vão perdê-la.
- Podem chegar a odiar seu irmão.

Mas em qualquer caso as crianças sofrem e até costumam mudar sua forma de comportar-se e seus
costumes; podem tornar-se retraídos ou extrovertidos e nervosos, há para todos os gostos.

Tom: Se não se corrige a tempo pode influenciar de forma definitiva em seu caráter, em seu
comportamento para com os demais e na própria forma de ver a vida.

João: Tom! Volta a exagerar!

Virgínia: Defendo Tom. Nos primeiros anos de vida, se forma o que será a pessoa quando adulta, a
influência é muito importante e estes problemas podem marcar para toda a vida.

Maria: Chega de negativismo. Patrícia tem ciúmes de Diego mas eu creio que muito pouco. De todas
as formas, parem de meter medo e apresentem soluções O que devo fazer para que desapareçam os ciúmes?

Tom: Não é fácil. Existem alguns livros sobre ciúmes. Não são muitos os que falam sobre eles, mas
posso recomendar algum.

Maria: Adiante-me algo, me deixa preocupada.

Tom: Estávamos comentando que não há duas pessoas iguais, todos os filhos são diferentes e se
pode afirmar que não há duas categorias de ciúmes iguais, cada caso tem suas características próprias; esta é
a razão pela qual não valem as receitas, cada situação deve ser estudada.

Maria e João: E a quem vamos consultar? Que problema!

Virgínia: Em educação, os melhores médicos são os próprios pais, vocês devem vigiar o problema,
tirar conclusões e ir aplicando soluções até que encontrem alguma que funcione. Tom sabe cerca de vinte
regras diferentes para tratar o problema de ciúmes nas crianças pequenas.

Maria: Pode ir contando-me todas.

Tom: Deixei meus papéis em Curitiba, minha memória não é boa e alguns dos conselhos já
comentamos, mas resumirei alguns mais.

Maria: Espera que vou pegar papel e lápis. Anotarei!

Tom: Não há regras fixas, são apenas conselhos. Sugiro-lhe alguns:

Os ciúmes se criam em um só sentido, de um filho para o outro, e não são recíprocos.

Na maior parte dos casos, o maior dos dois é o que tem ciúmes do outro.
Portanto, tem que tratar apenas um.

64
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

Maria: Em meu caso está claríssimo: Patrícia tem ciúmes de Diego desde que nasceu, há dois anos.

Tom: Outro conselho:

Cada vez que você fala do problema você o reforça.


Disse para não bater em Luizinho!
Não lhe tire os brinquedos!
Deve dar-lhe um beijo e querer-lhe muito!

Basta que sejam lembrados para que os ciúmes cresçam. É mais eficaz que o esqueça.

Maria: Mas, como consigo esquecer?

Virgínia: Não se preocupe, Maria; existe outra sentença, a número quinze, que diz:

OS CIÚMES
PASSAM COM O TEMPO

Maria: Que consolo! Quando já não tiver remédio.

Tom: Mas existe outra, a dezesseis, que nos indica o que temos que fazer para que esse tempo seja o
mais curto possível; para mim é uma das principais.
Maria: Podia ter começado por aí!

Tom: Suponhamos dois irmãos de 2 e 4 anos. O de 4 anos tem ciúmes do pequeno; dizem que é um
bom caminho fomentar a auto-estima do maior em algo que o de 2 anos não possa fazer, e reconhecer-lhe os
êxitos. Que se julgue o único nesse assunto, por exemplo:

- Compre-lhe uns patins e ensine-o a patinar.


- Jogue o jogo da "ilha do tesouro" ou o xadrez.
- Dê-lhe encargos importantes em casa.

Reforce-lhe seu "Eu sou capaz" nesse terreno no qual seu irmão não tem competência, e reconheça
os êxitos com carinho e abraços. Esquecerá de seus ciúmes.

Virgínia: Abraçar fortemente os filhos é importantíssimo, têm que notar que os quer fisicamente.

ABRACE SEUS FILHOS


COM FORÇA

Maria: João, esta noite falaremos sobre Patrícia, algo devemos fazer.

PLANOS DE AÇÃO

Um caso real: "O filho problema"

SITUAÇÃO: Somos uma família numerosa, cinco filhos. Felipe é o do meio, acaba de completar sete
anos. É nosso "filho problema": não se destaca em nada, passa desapercebido. Seus irmãos pequenos têm
idades muito próximas; sempre que os irmãos brigam, ele tem a culpa, pelo menos eu penso isso! O pequeno
diz: Felipe, quando mamãe chegar lhe baterá!

É retraído, triste, e suas notas são regulares... Sentimos preocupação por Felipe, cada vez mais
passivo. Estamos lendo um livro sobre os ciúmes e penso que Felipe também sofreu por ter ciúmes do irmão
posterior, isso foi há quatro anos. Não lhe demos importância, agora tem menos ciúmes.

Meu marido e eu decidimos fazer um Plano de Ação, muito parecido com um que traz o livro; apenas
tivemos que adaptá-lo a Felipe, ainda que saibamos que levará tempo conseguir resultados.

65
A EDUCAÇÃO PERSONALIZADA

OBJETIVO:
GERAL: Que Felipe cresça em auto-estima.
CONCRETO: Dar-lhe encargos fáceis de cumprir e brincar mais com ele.

MEIOS: Daremos a ele os encargos de atender ao telefone, abrir a porta e ir à mercearia da esquina
pegar o pão. Jogaremos xadrez ou futebol, receberá uma atenção muito especial de seus pais, lhe
perguntaremos todos os dias como foi no colégio. A partir de agora, Felipe será importante.

MOTIVAÇÃO: Seu pai falou com Felipe e lhe disse:

Papai: Logo completará 8 anos, já é maior, temos que prepará-lo, lhe daremos mais responsabilidade
em casa e papai jogará futebol com você aos domingos; será muito bom.

UMA HISTÓRIA:

DESENVOLVIMENTO: Faz dois meses que começamos o Plano de Ação com Felipe. As duas
primeiras semanas foram bastante tristes, Felipe mostrou muito pouco entusiasmo e lhe desagradava fazer os
encargos. Consideramos um Plano de Ação fracassado. Apesar de tudo, insistimos e nos demos conta de que
o mais positivo era jogar futebol e os jogos em casa. Decidimos reforçar estes pontos.

Há um mês nos propusemos a elogiar o que fazia bem, não era muito. Isto sim deu resultado, cada vez
tomava mais interesse por tudo, a semana passada houve um retrocesso, mas se comparamos com a situação
de dois meses atrás o avanço foi bom.

RESULTADO: Estes problemas são lentos de resolver, mas estamos contentes, estamos fazendo sem
que os irmãos saibam de nada, acreditamos que seja melhor. As últimas notas são melhores, é um sintoma.

COMENTÁRIO: É um Plano de Ação de Passado, está se resolvendo um problema que existe. Entra
dentro da Educação Personalizada, há que ocupar-se com Felipe especialmente. Está se aplicando a Sinergia
Positiva (Educação efetiva). Os pais necessitam de "paciência e constância" para conseguir que Felipe
melhore.

Este problema pode dar-se com 4 ou com 17 anos. Muitas das pessoas que chamamos inadaptadas
encontram a raiz de sua situação em um problema parecido a esse e mal resolvido. Em algumas ocasiões
pode solucionar-se sozinho, mas é mais seguro atuar.

66
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

1) Descubra seu filho fazendo algo bem e reconheça animando-o. E alguma vez diga-lhe:

MUITO BEM,
VOCÊ FOI CAPAZ

Os pequenos êxitos motivam o esforço.

2) Trate os filhos, não como são, mas como quer que sejam.

TENHA FÉ EM SEUS FILHOS

E que eles notem o que você espera deles... O farão.

3) A maior parte dos problemas dos filhos podem ser prevenidos:

POTENCIE A VIRTUDE
OPOSTA AO VÍCIO

Um problema concreto pode ser corrigido com um ideal de ordem superior.

4) Os filhos têm capacidades para entusiasmar-se por ideais de vida verdadeiros e esta capacidade
deve ser fomentada; é um instinto-guia.

APÓIE-SE NOS
INSTINTOS- GUIA

A influência da família é superior à do ambiente quando se sabe "Fazer Família".

5) O bom exemplo é a base de uma boa educação.

Mas não se esqueçam, pais:

ESFORÇAR-SE PARA MELHORAR


É O MELHOR EXEMPLO

Seus filhos vêem tudo.

6) A educação é um processo de melhora contínua. O aprender a educar melhor também é um


processo de melhora contínua. E, além disso, lembre:

SE EDUCA MELHOR COM


CONSTÂNCIA E PACIÊNCIA

67
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

7) A educação é uma arte, mas todas as artes têm ciências que as estruturam e que devemos
aprender com esforço.

TUDO O QUE VALE A PENA


REQUER ESFORÇO

8) Quando você se esforça para educar melhor, você é o primeiro a melhorar como pessoa e:

MELHORANDO VOCÊ
MELHORAM SEUS FILHOS

9) A escolha do BEM torna a pessoa mais livre e evita que a Vontade adoeça.

ENSINE SEU FILHO


A ESCOLHER O BEM

Além disso, com o esforço de fazer o bem se sentirá mais feliz.

10) O desenvolvimento das capacidades dos filhos influi mais na educação que a herança genética.
Aprende a desenvolver suas capacidades.

EDUCAR HOJE
É DIFERENTE

Basear-se somente em nossa experiência hoje não é suficiente, e com os filhos não se experimenta.
Aprende a educá-los bem.

11) A educação da Vontade é fundamento principal na formação da Pessoa. A educação da Vontade,


se efetiva através da aquisição de valores, hábitos e virtudes.

FORMA A PESSOA
EDUCANDO SUA VONTADE

12) A educação da Vontade começa desde o momento da concepção, com a aquisição de hábitos.

Ao chegar o uso da razão, se adquirem AS VIRTUDES.

A VONTADE SE EDUCA
DESDE A CONCEPÇÃO

68
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

13) Os primeiros educadores da Vontade das crianças são seus pais.

Na educação da Vontade, a escola é um complemento da educação na família.

A EDUCAÇÃO DA VONTADE
É PRÓPRIA DA FAMÍLIA

14) Na educação da Vontade a influência do ambiente, pais, colégios, amigos... é muito mais forte que
a influência por transmissão genética.

NA EDUCAÇÃO, O AMBIENTE
INFLUI MAIS QUE A GENÉTICA

15) As recentes pesquisas na área da educação nos abrem às Novas Pedagogias, as quais são o
começo de uma mudança de cultura educativa.

PREOCUPE-SE EM CONHECER
AS NOVAS PEDAGOGIAS

16) Nos primeiros dez anos de idade se realiza o principal desenvolvimento educativo, e a influência
externa, pais, colégios... é decisiva para o futuro da pessoa.

OS PRIMEIROS DEZ ANOS


INFLUEM EM TODA UMA VIDA

17) A aquisição de hábitos e virtudes requer a repetição de atos bons em forma contínua, buscando o
bem.

EDUQUE SEU FILHO


EM VIRTUDES

18) Com a aplicação das Novas Pedagogias se obtêm melhores resultados educativos com o mesmo
esforço.

AS NOVAS PEDAGOGIAS
NOS AJUDAM COM EFICÁCIA

19) A nova cultura educativa requer dos pais uma formação contínua e uma ação constante na
formação dos filhos.

PARA EDUCAR MELHOR:


FORMAÇÃO CONTÍNUA

69
Anotações:

70
GUIA DE TRABALHO

ANEXO
GUIA DE TRABALHO
Número 50 A

Compreende os capítulos I e II, páginas 1 a 20.

OBJETIVOS:

- Que meus filhos cresçam em valores.


- Aplicar o ditado: É melhor prevenir que remediar.
- Fazer cada vez melhor os Planos de Ação.

TRABALHO INDIVIDUAL:

1°- Uma leitura rápida e outra lenta marcando o importante.

2°- Anotar as dúvidas que surjam na interpretação do texto.

3°- Na pág. 13 encontrará seis valores e a idade em que se vive seu período sensitivo. Escolha um
hábito e faça um Plano de Ação para potenciá-lo em seus filhos menores.

4°- Na educação, os pais, se soubessem fazê-lo, poderiam conseguir quase tudo. Imagine como você
gostaria que fossem seus filhos. Escolha os seis valores que você considera mais importantes e anote-os.
Escolha um para começar a melhorar e faça um Plano de Ação simples. Ponha-o em prática.

5°- É melhor prevenir que remediar. Anote três temas que você deve informar a seu filho menor antes
que seja tarde. Converse com ele e informe-o.

6°- Leia a pág. 5, sobre "Os Planos de Ação". Escreva três objetivos de Planos de Ação. Um do
passado, outros dois do presente e futuro. Coloque um deles em prática.

7°- Leia devagar o Caso: "Minhas duas filhas maiores" págs. 18 a 19. Fixe-se na estrutura: Situação -
Objetivos - Motivação - Uma história... Invente uma a seu gosto com a mesma estrutura para aplicar em um
filho, melhor se tem menos de 10 anos. Coloque-o em prática.

TRABALHO EM GRUPO:

1°- Tratar de esclarecer as dúvidas de interpretação que tenham surgido ao ler o texto:

2°- É melhor prevenir que remediar. Cada família deve expor o ponto 5 do trabalho individual.

3°- Cada assistente exporá os três objetivos de Planos de Ação escritos no ponto 6 do trabalho
individual. Anotá-los todos, classificando-os em passado, presente e futuro. Completar a lista até chegar a 12.

4°- Comentar outros Planos de Ação realizados no trabalho individual e apresentar os selecionados em
outros grupos de trabalho.

5°- Selecionar os três melhores Planos de Ação dados nesta sessão.

6°- Recordar, entre os assistentes as normas que devem ser observadas em uma reunião de trabalho
em grupo segundo a Teoria "Z". Colocar vários exemplos de objetivos de planos de ação.

7°- TRABALHO OPCIONAL: Dar 5 minutos para ler individualmente o Caso: "Minhas duas filhas
maiores". Páginas 18 e 19. Analisar os fatos problemas que possam surgir. O que nós faríamos para melhorá-
lo?

71
GUIA DE TRABALHO

GUIA DE TRABALHO
Número 50 B

Compreende os capítulos III a V inclusive. (páginas 21 a 40).

OBJETIVOS:

- Educar em um clima de maior eficácia.


- Aplicar a educação Preventiva.
- Educar com o exemplo aplicando a Teoria "Z".

TRABALHO INDIVIDUAL:

1°- Uma leitura rápida e outra lenta marcando o importante.

2°- Anotar as dúvidas que surjam na interpretação do texto.

3°- Proponha-se, um dia, a educar em um clima de alegria, tranquilidade, confiança, delicadeza e


carinho. Faça um balanço com as vezes que não o fez deste modo. Repita-o vários dias até notar a melhora.

4°- Pratique um dia o método Sim, Sim...E, e anote-o.

5°- Na lista de PREVENIR É: (capítulo IV pág. 33). Escolha dois temas dos dezesseis expostos e faça
dois Planos de Ação para preveni-los.

6°- Ler devagar o Caso: "Crescer na confiança" (capítulo IV pág. 38 a 39). Inspirando-se nele, faça um
Plano de Ação parecido com seus filhos.

7°- Aplique a Teoria "Z" e dê exemplo. Estude o Caso: "De plantão por um dia". Capítulo V pág. 46 a
48. Adapte-o à sua família e faça um Plano de Ação similar.

TRABALHO EM GRUPO:

1°- Tratar de esclarecer as dúvidas de interpretação que tenham surgido ao ler o texto.

2°- Comentar a importância e a dificuldade que representa educar em um clima de: Alegria,
tranquilidade, confiança, delicadeza e carinho. Contribuir com as experiências vividas.

3°- Inspirando-se no Caso: De plantão por um dia", fazer uma lista de encargos feitos e possíveis de
fazer, próprios para a idade de seu filho, mais de vinte encargos diferentes.

4°- Comentar outros Planos de Ação realizados no trabalho individual, e contribuir com outros feitos com
outros grupos.

5°- Selecionar os três melhores Planos de Ação mencionados nesta sessão.

6°- Recordar, entre todos os assistentes: a) Perguntas que é bom fazer à pessoa que conta seu Plano
de Ação. b) Perguntas que não se devem fazer. Anote-as.

7°- TRABALHO OPCIONAL: Entre todos os assistentes, dar idéias para fazer planos de ação usando a
Teoria "Z" nestas três situações: Uma excursão familiar. Um dia de chuva em casa. Os estudos em casa.

72
GUIA DE TRABALHO

GUIA DE TRABALHO
Número 50 C

Compreende desde o capítulo VI ao final. (páginas 49 e seguintes)

OBJETIVOS:

- Premiar e castigar mais corretamente.


- Ensinar os filhos a usarem o dinheiro.
- Fomentar a auto-estima na família.

TRABALHO INDIVIDUAL:

1°- Uma leitura rápida e outra lenta marcando o importante.

2°- Anotar as dúvidas que surjam na interpretação do texto.

3°- Fazer uma lista dos prêmios e castigos materiais que costumam empregar em sua família. Não a
deve comentar em grupo. Faça um Plano de Ação para premiar corretamente.

4°- Não é simples modificar, em uma família, a forma de premiar e castigar quando não se faz bem.
Pense cinco exemplos de como premiar ou castigar no 2° e 3° nível. Faça um Plano de Ação.

5°- Ensinar a usar bem o dinheiro é educativo. Ler o Caso: "Premiando com dinheiro", capítulo VI
págs., 55 a 56, e faça um Plano de Ação para melhorar em sua família; melhorar se pode sempre.

6°- Fomentando a auto-estima se educa melhor. Faça um Plano de Ação para aumentar a auto-estima
em seus filhos. Para inspirar-se, leia novamente o Caso: “O filho problema", capítulo VII (pág. 65 a 66).

7°- Leia devagar as Orientações Pedagógicas, escolha uma delas e faça um Plano de Ação. Se
dispuser de tempo, faz o mesmo com outras.

TRABALHO EM GRUPO:

1°- Tratar de esclarecer as dúvidas de interpretação que tenham surgido ao ler o texto.

2°- Comentar primeiro as vantagens de aumentar a auto-estima nos filhos e contar os Planos de Ação
realizados.

3°- Ler individualmente as Orientações Pedagógicas e escolher, cada assistente, as duas mais
necessárias nas idades dos filhos do grupo. Apresentá-las e dar as razões da escolha. Contar os Planos de
Ação feitos.

4°- Comentar outros Planos de Ação realizados no trabalho individual e contar os feitos em outros
grupos.

5°- Selecionar os três melhores Planos de Ação sugeridos nesta sessão.

6°- Expor as razões pelas quais estamos vivendo uma mudança de cultura educativa, anotar as
principais características da nova educação e a necessidade de formar-se.

7°- TRABALHO OPCIONAL: Não é simples premiar e castigar no nível adequado. Com paciência e
tempo, ir fazendo uma lista longa, até que chegue a hora de terminar a sessão, de prêmios e castigos nos
níveis 2 e 3. Fazê-lo por turno, contribuindo todos e anotá-lo.

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