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CARTILHA2 14.10.

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SEGURANÇA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL

DIREITO
DIREITO
HUMANO À
HUMANO À
ALIMENTAÇÃO
ALIMENTAÇÃO
Foto: MDA.
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DIRETRIZES
VOLUNTÁRIAS
PARA O DIREITO
À ALIMENTAÇÃO
ADEQUADA
Versão Resumida

Brasília, DF – 2005
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Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos – ABRANDH


Foto: MDA.
SCLN 215 – Bloco D – Sala 17
CEP 70874-540 – Brasília/DF
Fones: 61 3340-7032 / 3272-8705
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SEGURANÇA É permitida a reprodução total ou parcial da publicação, desde que citada a fonte de referência. Publicação editada com o apoio do Ministério
ALIMENTAR Eda Saúde.
NUTRICIONAL
Distribuição gratuita.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Coordenação: Equipe ABRANDH


Texto e projeto gráfico: Elaina Daher e Reynaldo Jardim

Sumário
Apresentação.......................................................................................... 7 Para começo de conversa ......................................................................
9 O que é DHHA? ...................................................................................... 10 Direitos Humanos
.................................................................................. 12 A Declaração Universal dos Direitos Humanos........................................ 12 Artigo 11
................................................................................................ 13 Diretrizes Voluntárias .............................................................................. 14
Vamos às diretrizes ................................................................................ 16 Diretriz 1 – Democracia, Boa Gestão Pública, Direitos Humanos e o
Estado de Direito ................................................................ 18 Diretriz 2 – Políticas de Desenvolvimento Econômico ............................ 19 Diretriz O
3 – Estratégias............................................................................ 19 Diretriz 4 – Sistemas de Mercado .......................................................... 21
Ã
Diretriz 5 – Instituições .......................................................................... 21 Diretriz 6 – Partes Interessadas
A sociedade e o governo brasileiro há já algum tempo tomaram a decisão políti ca de garantir o direito
.............................................................. 22 Diretriz 7 – Marco Legal.......................................................................... 22 Diretriz 8 – Acesso aos
humano à alimentação adequada para todos os habi tantes do nosso território. Esta versão resumida das
Recursos e Bens.................................................. 22 Diretriz 9 – Segurança dos Alimentos e Proteção ao Consumidor .......... 24 Diretriz 10 –
Diretrizes Voluntárias para a Promoção do Direito à Alimentação Adequada* tem por objetivo deixar mais
Nutrição.............................................................................. 24 Diretriz 11 – Educação e Conscientização .............................................. 25 Diretriz
claro quais são os passos necessários para que a garantia deste direito humano se transforme em
12 – Recursos Financeiros Nacionais .......................................... 26 Diretriz 13 – Apoio aos Grupos Vulneráveis............................................ 26
realidade para todos.
Diretriz 14 – Redes de Proteção .............................................................. 27 Diretriz 15 – Ajuda Alimentar
Internacional............................................ 27 Diretriz 16 – Catástrofes Naturais e Provocadas pelo Homem ................ 28 Diretriz 17 –
Esta publicação é dirigida a gestores públicos, funcionários públicos, ope radores e defensores de direitos,
Monitoramento, Indicadores e Marcos de Referência ........ 28 Diretriz 18 – Instituições Nacionais de Direitos Humanos ...................... 28 Diretriz
parlamentares, juízes, promotores e pro curadores, conselhos, organizações da sociedade civil,
19 – Dimensão Internacional...................................................... 29
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movimentos sociais,
sindicatos, cidadãos e cidadãs, profissionais de comunicação e outras pessoas e instituições interessadas
em participar ativamente do processo.

Sugere-se que gestores públicos, entidades da sociedade civil e outros atores sociais diretamente
envolvidos com a promoção de políticas públicas e com a
7
Ç alimentação adequada e outros
promoção e proteção do direito humano à
A S

T
E

N
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E
P
S

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A

Foto: MDA.
direitos humanos econômicos, sociais e culturais façam uma leitura cuidadosa do texto completo N

das diretrizes, que pode ser encontrado na página:


O
https://www.planalto.gov.br/consea/static/documentos/dietrizesvoluntarias.pdf
C

Toda pessoa tem direito humano a um padrão de vida que lhe assegure saúde e bem-estar.
Flávio Luiz Schieck Valente
Relator Nacional para o Direito Humano à Alimentação, Esse direito começa com o dever do Estado e a responsabilidade da sociedade de assegurar
Água e Terra Rural – Plataforma DHESC
a todos – indistintamente – condições para produzir ou ter acesso a uma alimentação
nutritiva e saudável.

As normas e recomendações orientando a sociedade e seus governantes como promover e


proteger o direito à alimentação adequada foram estruturadas em um conjunto de medidas
* As Diretrizes Voluntárias em apoio à realização progressiva do direito à alimentação adequada no contexto da segu rança alimentar nacional foram
aprovadas pelos 151 países que compõem o Conselho da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), em novembro de intitulado Diretrizes Voluntárias.
2004.
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Veja nesta publicação por que e como você
deve participar.

Foto: MDA. Foto: MDA.


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humano a uma alimentação saudá
vel, fácil de ser conseguida, de
qualidade, em quantidade sufi
ciente e de modo permanente.

Esse direito chamamos de Direito


Humano à Alimentação Adequada
(DHAA).

Ele é composto de duas partes

11
Q
inseparáveis:

O
Foto: Tânia Brito Foto: Tereza Sobreira

Todos nascemos com o direito


toda pessoa tem o direito a uma
• a primeira é que toda pessoa alimentação adequada. Cada uma
tem o direito de estar livre da fome das partes não pode ser garantida
e da má-nutrição; e sem a realização da outra.

• a segunda é que, além disso,


CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 12 promulgou a Declaração Universal dos Direitos sua família, inclusive à alimentação, • Preparo.
tos foram estabelecidos em declarações Humanos, um ideal comum a ser perseguido pela • Consumo.
vestimenta e moradia adequadas, assim • Utilização pelo organismo.
e tratados internacionais negociados hu manidade.
Seu surgimento é conseqüência de uma grande
como a uma melhoria con tínua de suas
mobilização pela internaciona condições de vida. Os Estados-Partes
tomarão medi
O que são direitos humanos?
b) Assegurar uma repartição eqüi tativa
dos recursos alimentícios mundiais em
Direitos humanos são aqueles que todo A Declaração Universal dos Artigo 11 relação às necessi dades, levando-se em
Sistema alimentar conta os problemas tanto dos países im
Direitos Humanos
ser humano tem única e exclusivamente portadores quanto dos exporta dores de
1. Os Estados-Partes no presente pacto • Produção.
por ter nascido ser humano. Esses direi reconhecem o direito de toda pessoa a um •Distribuição.
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Elaboração de uma alimen tação adequada e segura. • gêneros alimentícios.
Geral da Organização das Nações Unidas
nível de vida adequado para si próprio e • Comercialização.
mente seu potencial humano. A Decla protegida contra a fome, ado tarão, proteínas e outros nutrientes específicos. A
ração Universal dos Direitos Humanos adequação também deve-se dar no que se refere
U individualmente e mediante à segurança do alimento (não-contaminação), à
entre todos os povos do mundo e Os direitos humanos são tenta harmonizar a garantia das liber Alimentação adequada qualidade, à diversidade, à sustentabilidade das
dades fundamentais com a busca da
firma dos pelos representantes universais, in divisíveis, eqüidade econômica, política e social. O DHAA e a realização da SAN (Segurança
práticas produtivas e ao respeito às culturas
alimentares tradi cionais.
Alimentar e Nutricional).
S
desses povos. Esses tratados interdependentes e inter das apropriadas para assegurar a
definem a obrigação dos lização dos direitos humanos desde o fim consecução desse direito, reco Quando cada homem, mulher e criança, sozinho
nhecendo, assim, a importância ou em companhia de outros, tem acesso físico e
O
da Segunda Guerra Mundial contra os
econômico, ininterruptamente, à ali mentação
Estados de respeitar, proteger, horrores das violações da dignidade essencial da cooperação interna adequada ou aos meios para sua obtenção,
N humana ocorridas durante a guerra. cional fundada no livre consen concretiza-se o direito humano à alimentação
promover e prover os direitos Estão previstos, na declaração, um con adequada.
A junto de direitos civis, culturais, econô
timento.
humanos. micos, políticos e sociais que de forma 2. Os Estados-Partes no presente Esse direito não deve ser interpretado em um
articulada devem garantir que todas as pacto, reconhecendo o direito fun sentido estrito ou restritivo, que o equaciona em 13
termos de um pacote mínimo de calorias,
M
pessoas possam desenvolver plena damental de toda pessoa de estar
E
tica pessoal ou social, são portadores de de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais conservação e distribuição de gêneros
(Pidesc), que cria obrigações legais às nações alimentícios pela ple na utilização dos
direitos humanos. Qualquer tipo de dis visando à respon sabilização internacional em
RI

caso de vio lação dos direitos por ele


conhecimentos técnicos e científico, pela
relacionados em sua realização. Todos criminação que mantenha ou promova consagrados. difusão de princípios de educação nutri
O Brasil aderiu ao Pidesc em 12 de de zembro cional e pelo aperfeiçoamento ou
H

os seres humanos, independentemente desigualdades consiste em uma viola


de 1991. reforma dos regimes agrários, de
S de sua idade, sexo, raça, opção em rela Entre os acordos estabelecidos no pacto, maneira a que se assegurem a ex
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, cooperação internacional, as medi das,
ção a religião, etnia, ideologia, orienta Sociais e Culturais (Pidesc)
O
inclusive programas concre tos, que se O direito à alimentação adequada terá de ser realizado
de maneira progressiva, no entanto o Estado tem a
ção sexual, ou qualquer outra caracterís façam necessárias para: obrigação de implementar as ações necessárias para
TI

Em 1966, a ONU adotou o Pacto Inter nacional


a) Melhorar os métodos de pro dução, mitigar e aliviar a fome de forma ime diata.
prazos para o cumprimento de suas obrigações, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso ao
A realização progressiva do direito à alimentação virtude do direito internacional, relativas aos direitos Segurança alimentar e nutricional Consiste na realização do direito de todos ao acesso atendimento de outras necessidades essenciais. A base
adequada exige que os Estados estabeleçam planos e humanos. regular e per manente a alimentos de qualidade, em da segurança alimentar e nutricional são as práti

Da questão da alimentação é destacada: ção de direitos humanos. trizes Voluntárias é proporcionar


ploração e a utilização mais efi cazes dos recursos naturais;
cas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam
ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Foto: Tânia Brito
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As Diretrizes Voluntárias
Da mesma forma, todos os di reitos humanos são inseparáveis do
direito à liberdade. Um escra vo nunca terá seu direito humano

Em novembro de 2002, a Organização


das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura (FAO) criou um grupo de
trabalho intergovernamental para ela O objetivo fundamental das Dire
S
Voluntárias em apoio à realização pro humanos são universais, indivisíveis, realização de qual quer direito humano
gressiva do direito à alimentação ade interdependentes e relacionados en tem de ser desenvolvida de forma interde As diretrizes foram elaboradas por um
A quada no contexto da segurança ali à alimentação garantido, na me dida em pendente e inter-relacionada com a grupo de trabalho inter governamental,
I mentar nacional. Esse documento re que não é livre, ou seja, a promoção da promoção de todos os direitos humanos. sob a facilitação
presenta a primeira iniciativa de gover do Conselho da Organização das Nações
R
nos em interpretar um direito econômi co, Unidas para a Alimen tação e Agricultura
social e cultural e recomendar ações para (FAO). Con tou com a participação ativa
apoiar a sua realização. de
ÁT

uma orientação prática a todas as 15


N nações, em tudo o que se refira aos
esforços para implementar a realiza ção
U
progressiva do direito humano à
L alimentação adequada, de acordo com a
política de segurança alimen tar nacional.
O

borar um conjunto de diretrizes para As diretrizes levam em conta princí pios


apoiar os esforços das nações para a fundamentais dos direitos hu manos,
realização progressiva do direito à ali como a não-discriminação, a
mentação adequada. igualdade, a participação, a inclusão
social, a obrigação de prestar contas e o
O resultado deste trabalho foi consoli princípio de que todos os direitos
dado em um documento: Diretrizes
dois anos de intensas e construtivas negociações e
V
T

discussões entre os mem bros do grupo de


E
trabalho intergover
S namental e sua mesa diretora, assim como
R
representantes de partes inte ressadas e da
sociedade civil. A íntegra do texto está disponível
E I

São essas diretrizes que pretendemos


Z
tornar conhecidas nesta cartilha. De forma na internet, na página:
simplificada, aqui estão as 19
I

https://www.planalto.gov.br/consea/static/
R
diretrizes que foram estabelecidas após documentos/dietrizesvoluntarias.pdf
tre si. de, sexo, raça, opção religiosa, etnia, ideologia, pessoa que se alimenta do lixo, ou de restos da ali
orientação sexual ou qual quer outra). mentação de outros, mesmo que não A implementação das diretrizes é de
Universais: comuns a todos os seres humanos, organizações internacionais, or ganizações responsabilidade das nações, mas será favorecida
independentemente de qualquer característica Indivisíveis: todos os direitos huma nos são não-governamentais e representantes da pela con tribuição de todos os membros da
pessoal (ida indivisíveis entre si e do direi to à dignidade. Uma sociedade civil. sociedade civil.

D
esteja mal-nutrida, não tem seu direi to humano à alimentação realizado.
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eles, para que possam receber os
benefícios que derivem desses
recursos.

Vamos às diretrizes Se a participação da sociedade estiver presente em todos os momentos A educação e a conscientização,
decisórios, é certo que o setor agrícola, incluídas pecuá ria, silvicultura e em todos os níveis, são pilares
As Diretrizes Voluntárias indicam os deveres das nações com a par pesca, ganhará considerável dimensão. fundamentais dessas diretrizes,
ticipação da sociedade civil e da iniciativa privada na luta contra a desde a inclusão de direitos
fome e a má-nutrição e por uma alimentação adequada. Leia os 19 itens Recursos produtivos, como terra, água, emprego, sementes, crédi to e humanos (incluído o direito à ali
das diretrizes e verifique quais são esses deveres. Antes tecnologia, também devem ser acessíveis e disponíveis sem qualquer mentação adequada) nos currí
disso, conheça as bases que são discriminação. culos escolares, até a conscienti
comuns a todas as diretrizes. zação que leve órgãos e enti
Os grupos vulneráveis devem receber atenção especial por parte dos
Considerações gerais governos. Devem ser
adotadas medidas para que os membros desses grupos possam ter
Há pontos que devem ser espe acesso a oportunidades e recursos econômicos que lhes permitam
cialmente enfocados no conjunto participar plenamente e em pé de igualdade na econo mia. Nas
das diretrizes aqui resumidas. situações especiais (co mo catástrofes e emergências) é necessário que
as necessidades dos grupos vulneráveis sejam consideradas em
A proteção dos recursos naturais e particular.
seu uso sustentável para assegurar
maior e melhor produção de ali Devem ser adotadas medidas para eliminar qualquer prática discrimi
natória, particularmente contra a mulher. Devem ser criadas e apli
mentos exige que se impeça a
cadas leis para garantir a eqüi dade entre homens e mulheres, inclusive
contaminação das águas, proteja
para que tenham acesso a projetos e programas relativos à
se a fertilidade do solo e se promo
va o ordenamento da pesca e a conservação das florestas.

O acesso à terra para a produção de alimentos pode ser conseguido


Foto: Tânia Brito
com o aceleramento do processo de refor ma agrária, beneficiando as
redução da pobreza e à segu
popu
rança nutricional. As mulheres
lações mais carentes, que devem participar das decisões dos assuntos
têm direito a ter acesso seguro e
que dizem respeito ao seu interesse e ao interesse da sociedade.
eqüitativo aos recursos produ
tivos (terra, água, crédito, tecno
logia), além do controle sobre
dades de defesa de direitos
humanos ou de defesa do povo a
incluir, em suas atribuições, o
direito à alimentação adequada
no contexto da segurança ali
mentar nacional.

A garantia da realização de di
reitos humanos exige a dispo
nibilização de instrumentos e
mecanismos pelos quais as pes
soas possam reclamar seus
direitos e a existência de ins
tituições públicas capazes de
analisar e dar encaminhamento
a estas queixas de forma inde
pendente dos interesses gover
namentais.

17
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Foto: MDA.
S E

I
RT

D
DIRETRIZ 1
Democracia, Boa Gestão Pública,
Direitos Humanos e o Estado de Direito

Além do direito de alimentar-se e ali mentar sua família com liberdade e dig nidade, as pessoas têm o direito de viver em uma sociedade livre, democrática e
justa. As nações devem criar e garantir condições para que a população possa participar da elaboração e do monitora mento de políticas públicas, cobrar que as metas sejam atingidas e ter acesso à justiça.

As nações devem gerir com competên cia e transparência os assuntos públicos, garantindo o respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais e o desenvolvimento sustentável.

Os alimentos não devem ser utilizados como instrumento de pressão para obtenção de vantagens políticas, elei torais e econômicas.

Pessoas e entidades que defendem a promoção e proteção do DHAA devem ser protegidas pelos mesmos instrumen
tos estabelecidos para outros defensores de direitos humanos.

Liberdades fundamentais

Liberdade de opinião e de expressão, liberdade de informação, liberdade de imprensa, liberdade de reunião e associação para favorecer a realização
progressiva do direito humano à alimen tação adequada no contexto da segu rança alimentar nacional, incluindo a proteção e assistência jurídica.
As nações também tem o dever de prestar contas e de ser transparentes nos processos de tomada de decisões.

Desenvolvimento sustentável

É aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais sem comprome ter a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades; ou seja, é o desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das socie dades,
garantindo mais saúde, conforto e conhecimento, mas sem exaurir os
recursos naturais do planeta.

DIRETRIZ 2
Políticas de Desenvolvimento
Econômico

Deve ser promovido um desenvolvimen to econômico que dê suporte às políti cas de segurança alimentar.

As políticas públicas devem estabelecer metas e prazos para que os direitos da população em matéria de segurança ali mentar sejam realizados.

Especificamente com relação à questão de segurança alimentar, os Estados devem:

• avaliar a situação econômica e social; • avaliar o grau de insegurança alimen tar e suas causas;
• diagnosticar a situação em relação à nutrição e à segurança dos alimentos; • promover abastecimento adequado e estável de alimentos seguros.
E mais:

Considerar a possibilidade de adotar um enfoque holístico e global com o objeti vo de reduzir a fome e a pobreza. Esse enfoque envolve:

• medidas diretas e imediatas para garan tir o acesso a uma alimentação adequada como parte de uma rede de seguridade social;
• investimento em atividades e projetos produtivos para melhorar os meios de subsistência da população afetada pela pobreza e a fome, de maneira sustentável; • o estabelecimento de instituições efi
cientes, mercados que funcionem, mar co jurídico e normativo favorável;
• acesso ao emprego, aos recursos pro dutivos e aos serviços apropriados.

Devem, também, colocar em prática políti cas econômicas, agrícolas, pesqueiras, flo restais, de uso da terra e de reforma
agrária acertadas, que sejam inclusivas e não discriminatórias e políticas públicas específicas para a garantia do DHAA de populações urbanas marginalizadas.

DIRETRIZ 3
Estratégias

O que é estratégia?
É a maneira de colocar em prática uma idéia ou plano.

Que tal incluir, no programa nacional de desenvolvimento, uma estratégia basea da nos direitos humanos para a realiza ção progressiva do direito à alimentação adequada?
19
CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 20 • formular, também de forma participa básicos aos mais pobres;
tiva, medidas necessárias para superar os • priorizar o investimento em recursos humanos
problemas identificados; (acesso universal ao ensino fundamental, à
• propor uma agenda de mudança; alfabetização, ao ensino de matemática básica e de
• apontar os meios para sua implemen higiene); • priorizar a atenção básica à saúde,
tação e avaliação. garantir o acesso à água potável e ao saneamento
DIRETRIZ 4
Como começar? • abordar em particular as necessidades dos grupos adequado;
Sistemas de Mercado
Avaliando, com base na análise da situação O que as estratégias devem incluir? vulneráveis e desfavorecidos e as situações • garantir o acesso à Justiça.
de insegurança alimentar e suas causas e • objetivos especiais.
com ampla participação dos diferentes • metas Todos os atores do mercado e da so ciedade civil
Como deve ser traçada uma estratégia para garantir têm o compromisso e as empresas têm a
setores da sociedade, a adequação: • marcos de referência
Ao mesmo tempo, as estratégias de re dução da a realização progressiva do direito à alimentação responsabilidade social de contribuir para a
• da legislação • prazos
pobreza devem: adequada? realização progressi
• das políticas • medidas com vistas a formular políticas
va do direito das pessoas à alimentação adequada
• das medidas administrativas em vigor
As estratégias devem também: • abordar, de forma específica, o acesso a uma • com a participação ativa da sociedade civil, em no contexto da segurança ali mentar nacional.
• dos programas em execução
• identificar e mobilizar recursos hu manos e alimentação adequada; especial dos grupos sociais mais vulneráveis;
financeiros; • incorporar perspectiva de direitos humanos • com transparência; As nações devem:
Identificando:
• definir mecanismos institucionais ne cessários; baseada no princípio da não discriminação; • levando em consideração as necessi dades • melhorar o funcionamento dos seus mercados
• as limitações existentes
• definir as obrigações dos diferentes se tores do • garantir a igualdade, na prática, às pessoas especiais das meninas e das mu lheres; agrícolas e alimentares, a fim de promover tanto o
• os recursos disponíveis
governo e responsabilidade de outros atores sociais;tradicionalmente desfavoreci das e entre mulheres e • combinando objetivos de curto, médio e longo crescimento
• coordenar as atividades dos diferentes atores; homens; prazo; econômico quanto o desenvolvimento sustentável;
E aí?
• estabelecer mecanismos de monitora mento; • conceder prioridade à prestação de serviços • com prestação de contas. • estabelecer acesso não-discriminatório em relação
Aí é hora de:
aos mercados;
• impedir práticas contrárias à concor rência leal; coordenação intersetorial para garantir a Dessa forma, podem ser aproveitadas as suficiente para que o trabalhador possa desfrutar de
• proporcionar aos consumidores uma proteção implementação, o moni competências específicas e, assim, facili um nível de vida adequado. O capital humano deve
adequada frente a: toramento e a avaliação efetiva das políticas, planos tar o uso eficiente dos recursos. DIRETRIZ 8 ser potencializa do, com programas de capacitação,
- práticas comerciais fraudulentas; e programas. Pode-se, também, atribuir a uma Acesso aos Recursos e Bens e
- informação errônea ou enganosa; - alimentos instituição espe DIRETRIZ 7
nocivos; cífica a responsabilidade geral de super visionar e O Estado deve proteger o acesso por parte da
Marco Legal
• adotar medidas para garantir que o maior número coordenar a aplicação das Diretrizes Voluntárias. população aos recursos natu rais e produtivos e sua
de pessoas se beneficiem das oportunidades Quaisquer que sejam as instituições envolvidas, é utilização de
derivadas do comér funda mental que elas levem em conta os resul Cabe ao Estado informar a população,
cio competitivo de produtos agro pecuários; tados da Conferência de Viena (1993) e de outros inclusive por meio da mídia e de campa devem ser cumpridas as obrigações as sumidas em
nhas publicitárias, de todos os seus direi
• garantir que as políticas de comércio alimentício e tratados internacionais rele vantes, garantindo-se a tratados internacionais bem como em convenções
agrícola contribuam para fomentar a segurança participação tos e dos instrumentos para promoção,
da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
alimentar de todos mediante um sistema de proteção e garantia dos seus direitos.
plena e transparente da sociedade civil e do setor
comércio que não seja discriminatório e seja orien privado, particularmente de representantes dos forma sustentável, não-discriminatória e segura; Terra
tado para o mercado; grupos mais afeta dos pela insegurança alimentar. É necessário que a legislação nacional Proteger os bens que são importantes para a
defina os dispositivos que tenham o
• estabelecer sistemas internos de co mercialização, 21 subsistência da população; Deve-se estabelecer a segurança da posse da terra,
armazenagem, transporte, comunicação e CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 22 Promover reforma agrária para assegu rar acesso especialmente em relação às mulheres, aos pobres
distribuição eficientes, eficaz e eqüitativo às terras. Por isso, o Estado deve e aos segmentos desfavorecidos da sociedade.
facilitando a diversificação do comércio e melhor implementar pro gramas que incluam diferentes
conexão dentro dos mercados nacionais, regionais e mecanis Água
mundiais; mos de acesso e utilização apropriada das terras
objetivo de facilitar a realização progres siva do agrícolas, destinados às popu lações mais pobres; Deve-se melhorar o acesso aos recursos hídricos e
O Estado poderá estabelecer outros direito à alimentação adequada no contexto da Dar atenção especial a grupos como povos promover sua utilização sus tentável e distribuição
mecanismos para garantir a implemen segurança alimentar nacional. Deve, também, criar indígenas e comunidades rema nescentes de eficaz entre os usuários. O acesso à água em quanti
tação, o monitoramento e a avaliação canais e instrumentos de reclamação, eficazes e quilombos e à sua relação com os recursos naturais;dade e qualidade suficientes é funda mental para a
efetiva das políticas, planos e programas rapidamente acessíveis, em particular aos membros Adotar medidas para que os membros dos grupos vida e a saúde.
• estabelecer sistemas adequados de seguridade voltados para o direito humano à ali de grupos vulneráveis, de sorte a permitir que as vulneráveis possam ter acesso a oportunidades e
mentação adequada. pessoas possam cobrar seus direitos. recursos econômicos Recursos genéticos para a
social e obter, quando apro priado, assistência da
comunidade inter nacional para este objetivo; A luta contra a corrupção também faz que lhes permitam participar plenamente e em pé dealimentação e a agricultura
parte do esforço pelo direito humano à O item 7.3 diz, textualmente, o seguinte: “Os igualdade na economia; Prestar atenção aos
• considerar o fato de os mercados não produzirem
alimentação adequada, sobretudo a cor Estados que tenham incorporado o direito à problemas específi O Estado deve assegurar a conservação e a
automaticamente renda suficiente para todas as
alimentação adequada em seus sistemas legais
pessoas em todo momento de forma a satisfazer as rupção no setor de alimentação e na cos de acesso das mulheres e dos grupos utilização sustentável dos recursos genéticos para a
gestão da ajuda alimentar de emergência. deveriam informar ao público em geral todos os vulneráveis, marginalizados e tradicional mente alimentação e a agri
neces
direitos e desfavorecidos, inclusive todas as pessoas afetadas cultura, proteger conhecimentos tradi cionais
sidades básicas. Considerar também as deficiências
dos mecanismos do merca do com vistas a proteger DIRETRIZ 6 instrumentos de recurso disponíveis aos quais eles pelo HIV/AIDS; pertinentes e zelar pela partici pação eqüitativa na
têm direito.” Promover a participação plena e em condições de repartição dos be nefícios derivados da utilização
o meio ambi ente e os bens públicos. Partes Interessadas
igualdade da mulher na economia, bem como o dos
O Brasil incorporou o direito à alimen tação acesso seguro e
DIRETRIZ 5 Todos os componentes de uma so adequada em seus sistemas legais. eqüitativo aos recursos produtivos, como crédito,
recursos.
ciedade são partes na realização pro
Instituições terra, água e tecnologias apropriadas, e o controle Sustentabilidade
gressiva do direito humano à alimen
Quais são os direitos dos habitantes do território sobre eles,
tação adequada. brasileiro quanto à alimen tação?
Vários países têm instituições públicas com a para que possam receber os benefícios que derivem A conquista por maior produção deve-se dar por
missão de contribuir para a rea lização progressiva A responsabilidade primária é dos Quais os instrumentos para cobrar esses direitos? desses recursos. meio da sustentabilidade ecoló gica, para que se
do direito humano à Estados.
É ao Estado que cabe, também, reco garanta maior pro dução de alimentos para as
alimentação adequada. Caso já existam, tais O esclarecimento dos direitos e a identi ficação dos Trabalho gerações
instituições devem ter seu desem penho avaliado e, nhecer a existência das partes interes instrumentos são os desafios que se colocam agora presentes e futuras. Para isso, é ne cessário impedir
se necessário, ser sadas na segurança alimentar nacional para o poder público brasileiro, nacional, estadual e Devem-se adotar medidas que, fomentan do o
para identificar as funções e fomentar a a contaminação da água, proteger a fertilidade do
reformadas ou ter sua organização e estrutura municipal. Esta tarefa deve ser desen volvida com a crescimento sustentável, propor cionem solo e promover o ordenamento sustentável da
melhoradas. Quando não exis tirem, devem ser participação de todos os interessados ampla participação dos diferentes setores da
diretos, inclusive a sociedade civil e o oportunidades de emprego ou trabalho autônomo pesca e dos bosques.
criadas. sociedade. A efeti va realização do DHAA depende com remuneração
Devem ser estabelecidos mecanismos nacionais de
setor privado. deste passo. 23
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a não gerar resíduos nocivos nos alimentos criminação em razão de sexo, com o A;
nem causar danos ao meio ambiente. objetivo de alcançar níveis adequados
Informar os consumidores sobre a de nutrição dentro do lar; • levar em consideração as
armazenagem, a manipulação e a • promover a repartição justa dos ali necessidades alimentícias e nutricionais
Serviços utilização segura dos alimentos no lar. Há mentos no seio das comunidades e dos específicas das pessoas que sofrem de
várias doenças que são transmitidas pelos lares, com especial ênfase nas necessi enfermidades, como as afetadas pelo
O Estado deve apoiar iniciativas, pri vadas alimentos e a população tem de ter dades e nos direitos das meninas e dos HIV/AIDS, anemia falciforme ou diabetes,
ou públicas, para promover instru mentos, informações a respeito. meninos, assim como das mulheres por exemplo.
tecnologia e mecanização (pes quisa, E a propaganda enganosa? Devem ser grávidas e das mães que estão
extensão, comercialização, finan ças adotadas medidas para proteger os con amamen tando, em todas as culturas; Estimular o aleitamento materno
rurais e microcrédito) cujo objetivo seja sumidores, não apenas contra a propa • educar, informar e regulamentar sobre
permitir produção mais eficiente de ganda enganosa, mas também contra a rotulagem de modo a evitar o consumo
alimentos. desinformação nas embalagens, rótulos excessivo e desequilibrado de alimentos,
e publicidade. O consumidor precisa ter que pode levar à má nutrição, à obesi
acesso a instrumentos que lhe
DIRETRIZ 9 permitam reclamar em caso de qualquer
Segurança dos Alimentos e Proteção dano causado por alimentos nocivos ou
ao Consumidor adul terados.
O Estado deve cooperar com todos os
Todos os alimentos devem ser seguros e interessados diretos – inclusive organi cálcio) e imprescindíveis em uma nutri
se adequar às normas nacionais sobre ção adequada.
segurança dos alimentos. Em todos os
itens da cadeia alimentícia, incluídas as • promover a criação de hortas nos lares
rações animais, deve haver controle e escolas visando a combater as carên
para redução de riscos de transmissão cias de micronutrientes e estimular uma
de doenças pelos alimentos. a eles não afetem negativamente a com dieta saudável;
posição da dieta e o consumo alimentar;
• adotar medidas para garantir o máxi mo • estudar a possibilidade de fortificação
aproveitamento do valor nutritivo dos de alimentos, com o objetivo de prevenir
alimentos; e curar deficiências de micronutrientes,
• erradicar quaisquer formas de práticas especialmente de iodo, ferro e vitamina
educação sobre práticas seguras, de forma discriminatórias, especialmente a dis
práticas agrícolas, os fabricantes de ali mentos nas pessoas em relação à alimentação. Dessa forma, - o Estado deve dar atenção especial a questões
boas práticas de fabricação e os manipuladores de deve tomar medidas para: relativas à infecção do vírus da Aids.
O Estado deve simplificar os procedi mentos de programas destinados a incrementar a
alimentos nas boas • manter, adaptar ou fortalecer a diversi dade da
institucionais de controle e segurança dos produção e o consumo de alimentos saudáveis e
práticas de higiene. Todos os integrantes do setor alimentação e hábitos saudáveis de consumo e de
alimentos e impedir sobreposição dos sistemas de nutritivos, especialmente aqueles ricos em
ins peção.
alimentar devem receber preparação dos ali mentos;
micronutrientes. DIRETRIZ 11
zações de consumidores – e estimular a • certificar-se de que as mudanças na
As normas sobre a segurança dos ali mentos Educação e Conscientização
participação nas discussões políticas que afetem a disponibilidade de alimentos e no acesso
devem ter base científica e levar em consideração Micronutrientes são substâncias funda mentais, em
produção, elaboração, dis tribuição, dade e a doenças degenerativas;
as normas alimentícias pequenas quantidades, para garantir o bom
armazenamento e comercial ização de alimentos. • fomentar a participação de todas as partes
internacionalmente aceitas. Devem ser funcionamento do organismo. São divididos em Cabe ao Estado:
interessadas, em particular das comunidades e
estabelecidas normas quanto a emba lagem, dois tipos: vitaminas e minerais (como ferro, iodo, • apoiar o investimento no desenvolvi mento dos
das administrações locais:
etiquetagem e publicidade dos alimentos; adotar DIRETRIZ 10 - o Estado deve fomentar o aleitamento materno e recursos humanos nas áreas de saúde, educação
medidas para prevenir a sociedade precisa ser infor mada sobre a e programas de alfabetização;
- na formulação
a contaminação por resíduos tóxicos industriais ou Nutrição alimentação dos lactentes
de outro tipo na produção, elaboração,
- na aplicação
e das crianças pequenas com base em
25
- na gestão
armazenagem, transporte, distribuição, O Estado deve reconhecer que a alimen tação é conhecimentos científicos.
- no monitoramento
manipulação e venda de ali mentos; ajudar os uma parte vital da cultura de uma pessoa e levar - o Estado deve tomar medidas para lutar contra a
- na avaliação
agricultores nas boas em conta as práticas, costumes e tradições das desinformação sobre a ali mentação infantil.
CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 26 ensino fundamental, especialmente para consciência da importância de conservar
grupos populacionais desfavorecidos; e utilizar de modo sustentável os recur
• fomentar a educação sobre agricultura sos naturais;
e meio ambiente no ensino básico para • apoiar o ensino superior, fortalecendo
que as novas gerações tenham maior o desenvolvimento das universidades e
• ampliar as oportunidades de acesso ao
das faculdades técnicas de agronomia e pobres da sociedade. critérios de seleção transparentes e não estimulando a aquisição de produtos e
afins e de estudos empresariais – no discriminatórios, para que não seja bens de produtores da região.
ensino e na pesquisa; O Estado deve investir em programas excluída nenhuma pessoa necessitada e
• informar os cidadãos com o objetivo sociais básicos, em particular nos que para que não seja incluído quem não Organizações internacionais, regionais e
de fortalecer a sua capacidade de par afetam os segmentos pobres e vul precise de assistência. da sociedade civil podem ajudar os
ticipar nas decisões sobre as políticas neráveis da sociedade. governos a combater a pobreza rural e a
relacionadas com a alimentação e para Sistemas administrativos e de prestação promover a segurança alimentar e o
contestar as decisões que ameacem os O Estado deve atrair recursos externos de contas eficazes devem ser estabeleci desenvolvimento agrícola.
seus direitos; para investimentos produtivos e buscar dos para impedir desvios e prevenir a
• promover, nos programas escolares, a novas fontes de financiamento, tanto corrupção.
públicas como privadas, em nível DIRETRIZ 15
nacional e internacional, para os progra DIRETRIZ 14 Ajuda Alimentar Internacional
Redes de Proteção

Cabe ao Estado criar e manter redes de Quando um país doar alimentos, deve
para a luta contra a fome e a insegu ter como base de orientação a segu
rança alimentar. rança alimentar e basear sua ajuda na
insegurança alimentar e devem ser apon necessidade dos beneficiários. Uma
Todos os recursos utilizados na área da tadas suas causas. Assim, será possível
segurança alimentar devem ser transpa encontrar medidas para corrigir a
rentes e ter prestação de contas. Even situação, tanto imediatas quanto
Deve aproveitar, para essas redes, na
tuais cortes orçamentários não devem progressivas.
medida do possível, as potencialidades
afetar negativamente o acesso a uma ali
existentes nas comunidades em risco,
mentação adequada dos setores mais Em caso de assistência, estabelecer
educação sobre os direitos humanos e, entre eles, públicas bem definidas. É fun damental que se vinculadas a outras ações que promovam a
a realização progressiva do direito à alimentação implantem programas para fazer a inclusão desses segurança alimentar a médio e longo prazo.
adequada; grupos. Cabe ao Estado estabelecer mecanismos para
política de ajuda alimentar não deve causar monitorar e avaliar a implementação dessas
• promover a conscientização sobre a importância
transtornos à produção local de alimentos e deve diretrizes: especificamente, avaliar
dos direitos humanos; • formar e treinar os É de responsabilidade do Estado fazer um
levar em conta as os impactos de projetos, programas e políticas
funcionários públi diagnóstico sobre a situação econômica e social
necessidades nutricionais e dietéticas, bem como DIRETRIZ 16 nacionais na realização progres siva do direito à
cos responsáveis pela implementação da desses grupos, inclusive com sis tema de
a cultura das populações receptoras, tendo Catástrofes Naturais e Provocadas alimentação adequada.
realização progressiva do direito à ali mentação informação e cartografia que
presentes as circuns pelo Homem
adequada; permitam identificar os grupos e os domicílios
tâncias, as tradições alimentares e as culturas Essas avaliações servem como base para que se
• estimular o conhecimento das Dire trizes, especialmente vulneráveis. Esse diagnóstico deve
locais. O Estado nunca deve utilizar os alimentos como adotem medidas corretivas neces sárias.
proporcionar seu acesso à popu lação; observar o grau de insegurança alimentar e suas
• dotar a sociedade civil dos meios necessários causas, ou seja, deve ser feito o mapa da meio de pressão política e econômica. Mesmo em
Os doadores devem, inclusive, utilizar mercados casos extremos – como guer ra ou ocupação – as É importante que o País estabeleça metas para
para que participe da apli cação das diretrizes
proteção social e alimentar para amparar aqueles comerciais locais e regionais para aquisição dos pessoas têm direito de acesso aos alimentos. curto, médio e longo prazos – e que haja avaliação
mediante, por exem plo, capacitação.
que não podem se manter por si próprios; orientar alimentos. No caso de emergências devido a causas periódica do cumprimento dessas metas.
as redes às pessoas naturais ou provocadas pelo ser humano,
DIRETRIZ 12 necessitadas; e, nos critérios de seleção, respeitar Garantir às populações necessitadas o acesso deve proporcionar ajuda alimentar às pes
Recursos Financeiros Nacionais o princípio de não-discriminação. seguro e sem empecilhos nos casos de soas necessitadas; pedir assistência inter
distribuição alimentar interna cional. nacional se seus próprios recursos não
As autoridades regionais e locais devem alocar Deve-se complementar a ajuda alimentar com forem suficientes e facilitar o acesso, em
recursos em seus orçamentos acesso à água potável e ao saneamen to, Considerar os objetivos de recuperação da condições seguras e sem obstáculos, à
mas sociais. intervenções de cuidados com a saúde e capacidade produtiva e de desen volvimento de assistência internacional. Ao estabelecer indicadores, o Estado deve
atividades de educação nutricional. longo prazo nos países receptores. Devem ser respeitadas as circunstâncias, registrar e refletir explicitamente o uso de
DIRETRIZ 13 27 as tradições alimentares e as culturas instrumentos de política específicos e a
Utilizar as redes sempre que alguma medida de CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 28 dos assistidos. realização de intervenções concretas. Dessa
Apoio aos Grupos Vulneráveis caráter econômico ou finan ceiro tiver efeito forma, seria possível a implemen tação de
negativo sobre os níveis de consumo de alimentos medidas jurídicas, políticas e
Grupos vulneráveis são grupos popula cionais ou dos grupos vulneráveis.
povos que vivem historica mente excluídos, à
DIRETRIZ 17 administrativas para a correção de rumos e
Monitoramento, Indicadores e práticas, além de se poder detectar ini ciativas e
margem da socie As redes de segurança são adequadas para Marcos de Referência resultados que promovam ou indiquem
dade, que nunca foram priorizados com políticas resolver problemas emergenciais. Elas devem ser discriminação.
prioridades na cionais.
É fundamental que a situação de segu rança As organizações da sociedade civil e as pessoasNo contexto das conferências interna cionais, ficou Dívida externa
alimentar e a situação nutricional dos grupos devem ser incentivadas a contribuir com as expressa a preocupação com a persistência da
vulneráveis, especialmente atividades de moni fome e má As nações e organizaçãos internacionais devem
as mulheres, as crianças e os idosos, seja toramento promovidas por essas insti tuições. nutrição na maioria das nações. A ado ção de aplicar medidas de alívio da dívi da externa para
monitorada. medidas para apoiar a reali zação progressiva do liberar recursos para combater a fome.
direito à ali
mentação adequada, no contexto da segurança Cooperação técnica Assistência oficial para o
DIRETRIZ 18 alimentar nacional, deve ser respaldada por um desenvolvimento
ambiente interna cional propício. O fortalecimento da capacitação institu cional e da
Instituições Nacionais de Direitos Humanos transferência de tecnologia deve ser resultante da Os doadores serão estimulados a adotar medidas
DIRETRIZ 19 O artigo 56 da Carta das Nações Unidas e o Plano atuação conjunta dos países desenvolvidos e em para que os recursos propor cionados para o alívio
de Ação da Cúpula Mundial sobre desen volvimento. da dívida externa não resultem em redução dos
Todos os países devem ter instituições nacionais Dimensão Internacional Desenvolvimento Sustentável recursos alocados à Assistência Oficial para o
de direitos humanos ou defen sores do povo. Comércio internacional
reconhecem o compromisso interna cional em Desenvolvimento.
Essas instituições devem ser independentes e As nações devem aplicar as medidas, as ações e apoiar a adoção dessas medi das.
autônomas do go verno, de acordo com os os compromissos de alcance internacional em O objetivo de longo prazo citado no Acordo sobre Ajuda alimentar internacional
Princípios de Paris. apoio à implementação das Diretrizes Voluntárias. Papel da comunidade internacional Agricultura da Orga nização Mundial do Comércio
é esta belecer um sistema eqüitativo e orienta As nações devem proporcionar, no contexto da
Instituições ou entidades de direitos humanos ou As Diretrizes Voluntárias especificam medidas, do para o mercado. Deve ser cumprido um política de segurança ali mentar, assistência de
O Consenso de Monterrey enfatiza o dever dos
defensores do povo devem incluir, em suas ações e compromissos interna cionais. Vários são países desenvolvidos em aju dar a promoção dos programa de reforma que abarque compromissos forma a levar em
atribuições, a responsa bilidade pela promoção da os temas abordados: específicos sobre a ajuda
países em desen 29
realização progressiva do direito à alimentação
volvimento. O apoio externo, incluída a cooperaçãoe proteção para corrigir e prevenir restrições e
adequada. Cooperação internacional e medidas unilaterais Sul/Sul, deve estar coorde nado com as políticas e distorções nos mercados agropecuários mundiais.
CARTILHA2 14.10.05 16:10 Page 30
Apresentação de informação em nível
internacional

Com vistas à realização progressiva do direito humano à


consideração a segurança dos alimentos, a capacidade local e alimentação adequa da, sugere-se que as nações apresentem
regional de pro dução e suas vantagens, necessidades relatórios ao Comitê de Segurança Ali mentar Mundial (FAO)
nutricionais, assim como a cultura das populações acerca das ativi dades e progressos em relação à aplica
Foto: MDA.
beneficiárias.

Parcerias com as ONGs, as OSCs e o


setor privado

Promover o fortalecimento da colabo


ração, incluindo programas de capaci
tação, a fim de reforçar a realização pro gressiva do direito à
alimentação ade
quada no contexto da segurança ali
mentar nacional; esse é um dever das
organizações internacionais, sociedade
civil, setor privado, ONGs e demais par
tes interessadas.

Promoção e proteção do Direito à


Alimentação Adequada

A promoção de todos os direitos hu


manos e liberdades fundamentais deve
ser considerada objetivo prioritário das
Nações Unidas.
ção das diretrizes voluntárias.
Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos – ABRANDH SCLN 215 – Bloco D – Sala 17
CEP 70874-540 – Brasília/DF
Fones: 61 3340-7032 / 3272-8705
Fax: 61 3340-7032
Home page: http://www.abrandh.org.br
e-mail: abrandh@abrandh.org.br
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