PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CÂMPUS LONDRINA
CURSO DE PSICOLOGIA

IGOR AUGUSTO COUTO

ANÁLISE COMPORTAMENTAL E METACONTINGÊNCIA NO CONTEXTO

EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR

LONDRINA
2021
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1 INTRODUÇÃO

O comportamento humano é resultado da interação entre os três níveis de

determinação no repertório do indivíduo (SKINNER, 1953), podendo agregar
fatores da história evolucionária (filogênese), do histórico comportamental
individual (ontogênese) e a história cultural desenvolvida no grupo ao qual o
sujeito pertence (cultura). Essas relações podem ser estabelecidas dentro de um
repertório individual, devido à sensibilidade às consequências, uma condição
inata ao ser humano, que nos permite selecionar e adaptar nosso comportamento
em cada possibilidade de combinação de variáveis individuais e ambientais
(contingências comportamentais), a partir das consequências produzidas pelo
comportamento (SKINNER, 1981).
Este artigo possui como objetivo descrever relações contingenciais no ensino
superior, analisando o curso de psicologia, a partir da terceira unidade de análise
do behaviorismo radical (cultura). E sua produção é possível devido ao conceito
de metacontingência (GLENN, 1986), uma maneira de aplicar as leis
comportamentais da segunda unidade de análise (ontogênese) na terceira
(cultural). Sendo assim, Glenn descreve a metacontingência como:
entrelaçamento de contingências, ou seja, a interação comportamental de dois ou
mais indivíduos, com repertórios diferentes, porém que geram transformações no
mundo uns dos outros; assim, resultando no produto agregado, uma nova variável
gerada pelas transformações consequentes do comportamento dos indivíduos
indicados em primeiro momento; e, o sistema receptor, o componente
responsável por selecionar esta relação, ou seja, as consequências em comum
para todos os indivíduos desta relação, as quais indicarão a probabilidade dos
comportamentos individuais voltarem a ocorrer, podendo estabelecer assim uma
prática cultural.
Dito isto, a proposta do que se segue é apresentar uma descrição empírica
dos três componentes de uma metacontingência, dentro do contexto educacional,
exemplificando então algumas relações já estabelecidas na história de tal nicho
social (estudantes, colaboradores e a própria instituição), descrevendo os
possíveis efeitos educacionais gerados a longo prazo, e possíveis elementos
responsáveis por reforçar esta relação, ou seja, aumentar as chances dela voltar
a ocorrer (SKINNER, 1935-1961).
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Uma descrição behaviorista avaliativa dos resultados da instituição PUC-PR,

indicando se os comportamentos desenvolvidos dentro do curso de psicologia,
serão de fato úteis para a vida profissional e pessoal dos estudantes, tendo em
vista que o termo educação remete justamente à construção de autonomia e
competências necessárias para o momento em que tiverem concluído seu
processo de aprendizado (ZANOTO, MOROZ, GIOIA, 2009)

1.1 HIPÓTESE

A instituição de ensino desenvolve comportamentos importantes para seus

estudantes se tornarem profissionais mais autônomos e competentes.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Descrever as relações contingencias da instituição PUC-PR, no curso de

psicologia, a fim de organizar as variáveis constatadas dentro do conceito de
metacontingência, e identificar se o ambiente proporcionado para os estudantes
estimula o desenvolvimento de habilidades básicas do psicólogo.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

a. Identificar a estrutura física e social oferecida pela universidade;
b. Identificar e descrever as competências exigidas e trabalhadas pelo curso de
psicologia da PUC-PR;
c. Comparar e relacionar a estrutura oferecida no desenvolvimento das
competências exigidas para o desenvolvimento de habilidades básicas do
psicólogo.
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1.3 JUSTIFICATIVA

A pesquisa proporcionaria uma descrição contingencial com dados

empíricos, dentro da terceira unidade de análise (cultural). Uma contribuição para
a literatura científica, tendo em vista a intenção de organizar os resultados obtidos
de forma a esclarecer o conceito de metacontingência, a partir do contexto
educacional. Esta, que é uma área do conhecimento relevante para o
desenvolvimento de indivíduos autônomos e éticos em sociedade, contendo uma
importância social, no sentido de evolução cultural e individual dos sujeitos.
Sendo assim, a realização deste projeto é relevante para melhorar o
entendimento científico acerca da compreensão sobre o comportamento no nível
cultural, e, principalmente, demonstrar uma estrutura de análise a partir do
behaviorismo radical para o contexto educacional, podendo abrir novos horizontes
na forma como são pensadas as intervenções de ensino em outras instituições,
possibilitando a construção de ambientes pedagógicos mais adequados para os
respectivos contextos sociais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este projeto de pesquisa está fundamentado na aplicação do conceito de

contingência ao terceiro nível de análise histórica de um indivíduo, ou seja, a
cultura (Skinner, 1953). Isto foi possível pois a publicação Selection by
Consequences de Skinner, em 1983, desperta interesse em pesquisadores na
área de AC, com relação às leis do comportamento sob uma análise mais ampla,
na busca por identificar padrões e previsibilidade em comportamentos
apresentados comumente por vários indivíduos em um mesmo grupo, ou seja,
comportamentos culturais (Todorov, Martone & Moreira, 2005). Em meio às
publicações sobre o tema, surge o conceito de metacontingência (Glenn, 1986), o
qual será complementado pela autora até 2006, quando a descrição das leis
comportamentais no nível cultural se estabelecem da seguinte maneira: a
formação de uma cultura se inicia com o entrelaçamento de contingências, ou
seja, a interação entre duas ou mais contingências individuais, na qual
transformará o ambiente dos respectivos agentes a curto prazo; desenvolve,
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assim, o produto agregado, uma consequencia a longo prazo, resuldado dos

comportamentos individuais interagindo e produzindo consequencias a curto
prazo; por fim, o sistema receptor será o responsável por selecionar ou não os
comportamentos desta relação, ou seja, é quem foi atingido pelas consequências
a longo prazo, resultadas dos comportamentos desta relação, ou seja, quem é
atingido pelas consequências do produto.
A partir da nova perspectiva que a Análise do Comportamento (AC) possui
acerca de cultura, se torna possível a aplicação de analyses funcinais em
contextos de grupos, e, portanto, intervenções behavioristas em organizações e
nichos sociais. Sendo assim, o propósito deste projeto se encaminha para uma
descrição empírica em torno do conceito de metacontingência, aplicado ao
context educacional, uma das agências de controle com poder sobre a evolução
cultural de uma sociedade (Skinner, 1953/2003). Para isso, a definição de
educação adotada ponto de referência ideal, será a de um processo gradual com
o objetivo de desenvolver autonomia e capacidade para que o indivíduo saiba
como lidar com o que foi trabalhado durante o processo em si (ZANOTO,
MOROZ, GIOIA, 2009). Dito isso, os resultados do projeto deverão ser avaliados
de acordo com tal conceituação sobre educação. Sendo assim, a pesquisa busca
desenvolver a metacontingência de forma empírica e didática, para uma melhor
compreensão acerca de possíveis aplicações do conceito.

3 METODOLOGIA

Nesta pesquisa a metodologia será qualitativa, e parte de uma análise

documental, descrevendo os objetivos e recursos disponibilizados, pela instituição
em questão, para seus estudantes, como a grade curricular, projetos de iniciação
científica, ligas acadêmicas (grupos de estudos administrados pelos próprios
estudantes) e atlética. Isto, a fim de demonstrar a estrutura física proporcionada
pela instituição de ensino para os estudantes do curso de psicologia. Após a
constatação destas informações, deve ser realizada uma análise da estrutura social
estabelecida entre os componentes da pesquisa, ou seja, através de questionários,
identificar como as contingências individuais dos estudantes se estabelecem e
relacionam com os recursos disponibilizados no meio acadêmico, a fim de coletar
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dados que possibilitem a descrição de uma metacontingência (contingências

entrelaçadas; produto agregado; sistema receptor).
Portanto, o projeto deve ser dividido em três partes. Na primeira, uma
descrição da estrutura física através de uma análise documental, para identificar os
objetivos do curso de psicologia, constatando os recursos disponibilizados, e,
assim, retomando: a grade curricular de cada período, analisando o
desenvolvimento profissional e pessoal esperado pelos módulos propostos;
levantamento de 5 pesquisas científicas estimuladas pela universidade, qual a
frequência com que elas ocorrem, qual a concorrência entre os estudantes para
participar, as formas que os alunos possuem de se vincular e os resultados
proporcionados pela iniciação; além disso, comparar o número de universitários
que compõem as ligas acadêmicas com a quantidade total de alunos do curso,
quais os temas abordados nas discussões, meios para ingressar nas ligas, taxa de
evasão e frequência dos estudantes e quais atividades são propostas nos grupos;
também identificar o número de estudantes dentro da atlética, comparando com o
total do curso, atividades proporcionadas, meios para se vincular, e taxa de evasão;
por fim, identificar as competências que são esperadas desenvolver com os
recursos disponibilizados pela instituição de ensino. Na segunda, serão distribuídos
em cinco grupos os estudantes do curso de psicologia, ou seja, 2°, 4°, 6°, 8° e 10°
período, com o objetivo de analisar o desenvolvimento das relações contingenciais
no decorrer da vivência acadêmica dentro da instituição, nos quais será coletada
uma amostra de cinco sujeitos para cada grupo. Com isso, os 25 sujeitos deverão
responder um questionário onde serão levantadas informações que busquem
esclarecer como as contingências individuais se relacionam e estabelecem com os
recursos constatados na primeira etapa, sendo assim, as perguntas estarão
sujeitas a mudança, tendo em vista, a possibilidade de identificar novas
informações na fase anterior, porém, previamente, podem girar em torno de:
perguntas fechadas, com relação à satisfação individual quanto a cada um dos
recursos analisados; identificar se o sujeito participa ativamente de alguma das
iniciativas disponibilizadas pela universidade, e se participa de outra, deixar espaço
para tal informação; qual o grau de acolhimento que o indivíduo percebe da
instituição como uma rede de apoio; se o sujeito percebe dificuldade de usufruir dos
recursos citados e o porquê; além de, com perguntas abertas, analisar a percepção
do sujeito quanto à importância que tais recursos possuem para seu
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desenvolvimento pessoal e profissional; quais habilidades o estudante percebe que

foram aprimoradas ou desenvolvidas desde sua entrada no curso de psicologia;
quais áreas de interesse do estudante quanto ao campo de atuação profissional, e
se os recursos contribuem para uma percepção mais clara da área. E, por fim, a
terceira etapa, será a organização dos resultados de forma a esclarecer como o
conceito de metacontingência se aplica neste nicho social, e demonstrar se os
objetivos da instituição estão sendo alcançados.

4 RECURSOS E CRONOGRAMA

Sendo assim, os materiais a serem visados para a realização da pesquisa,

devem ser documentos e relatórios referentes aos recursos disponibilizados pela
instituição de ensino, a fim de coletar as informações necessárias para a parte inicial
do projeto. Na sequência a aplicação dos questionários para o levantamento de
dados complementares, a fim de realizar a análise metacontingencial aplicada no
contexto educacional. Além disso, o cronograma está planejado para acontecer
durante 7 meses, tendo em vista a realização da revisão bibliográfica (agosto a
outubro), coleta de dados (outubro a dezembro), análise dos resultados (dezembro a
janeiro) e relatório final (janeiro a fevereiro). Para retratar visualmente, segue abaixo
uma tabela representativa do cronograma:

Ago Set. Out Nov Dez. Jan. Fev

2021/2022

Revisão
bibliográfica

Coleta de
Dados

Análise dos
resultados

Relatório
final
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REFERÊNCIAS

Vasconcelos-Silva, A.; Todorov, C., J.; Limongi, S., C., F., R., In: Cultura organizacional: a visão da
análise do comportamento. Revista brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2012;

Glenn, S. S. (2003). Operant contingencies and the origin of cultures. In: Lattal, K. A. & Chase, P.
N. (Eds.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Kluwer Academic/ Plenum
Publishers;

Glenn, S. S. & Malott, M. (2004). In: Complexity and Selection: implications for organizational
change. Behavior and Social Issues, 13,89-106;

Todorov, C., J.; Martone, R. C. In: O desenvolvimento do conceito de metacontingência. Revista

brasileira de análise do comportamento, Vol. 3°, N° 2, 181-190, 2007;
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: The Free Press

Skinner, B. F. (1981). Selection by consequences. Science, 213, 501-504;

Glenn, S. S. (1986). Metacontingencies in Walden Two.Behavior Analysis and Social Action, 5,

2-8;

Glenn, S. S. (1988). Contingencies and metacontingencies: Toward a synthesis of behavior

analysis and cultural materialism. The Behavior Analyst;

Glenn, S. S. (1991). Contingencies and metacontingencies: Relations among behavioral,

cultural, and biological evolution. Em P. A. Lamal (Org.), Behavioral analysis of societies and
cultural practices (pp. 39-73). New York: Hemisphere Publishing Corporation;

Gusmão, F. A. F.; Martins, T., G.; Luna, S. V. In: Inclusão escolar como uma prática cultural: uma
análise baseada no conceito de metacontingência. Em: Psicologia da educação, São Paulo, 32,
69-87, 2011;

Zanotto, M. L. B.; Moroz, M.; Gioia, P. S. Behaviorismo Radical e Educação. Disponível em:
http://www.redepsi.com.br/ portal/modules/smartsections/ makepdf.phd? itemid=1257.