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Curso: Licenciatura em Psicologia

Disciplina: Psicologia e Temas contemporâneos de Educação


Professora: Karina Fideles Filgueiras

Texto 1

A importância dos temas contemporâneos de Educação e as relações com a


formação do professor de Psicologia

Karina Fideles Filgueiras

I - INTRODUÇÃO
A disciplina “Psicologia e temas contemporâneos de Educação” se
baseia em dois eixos, sendo um no que se refere à Resolução nº 05, de 15 de
março de 2011, que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos
de graduação em Psicologia, e estabelece normas para o projeto pedagógico
complementar para a Formação de Professores de Psicologia: “o curso de
graduação em Psicologia tem como meta central a formação do psicólogo
voltado para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de
Psicologia”, segundo seu Art. 3º.
E o outro eixo norteador da disciplina será no que se refere aos objetivos
para a formação de professores estabelecidos pelo art. 13, dentro dos quais se
destacam:
a) complementar a formação dos psicólogos, articulando os saberes
específicos da área com os conhecimentos didáticos e metodológicos, para
atuar na construção de políticas públicas de educação, na educação básica,
no nível médio, no curso Normal, em cursos profissionalizantes e em cursos
técnicos, na educação continuada, assim como em contextos de educação
informal como abrigos, centros socioeducativos, instituições comunitárias e
outros; b) possibilitar a formação de professores de Psicologia
comprometidos com as transformações político-sociais, adequando sua
prática pedagógica às exigências de uma educação inclusiva; c) formar
professores de Psicologia comprometidos com os valores da solidariedade
e da cidadania, capazes de refletir, expressar e construir, de modo crítico e
criativo, novos contextos de pensamentos e ação.

Sendo assim, a disciplina Psicologia e temas contemporâneos de


Educação” visa propiciar bases teórico-metodológicas para a atuação do futuro
profissional que se pretende formar, em conjunto com os demais especialistas
da Educação.

II – ALGUMAS ESPECIFICIDADES DA DISCIPLINA PSICOLOGIA E TEMAS


CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO
A Psicologia, desde sua regulamentação profissional, busca adequar
sua prática às transformações nos modos de vida do sujeito contemporâneo. O
trabalho interdisciplinar surge do apelo que esse homem faz às ciências como
meio de aliviar o seu sofrimento. É importante ressaltar a importância e as
contribuições que a Psicologia tem dado à Educação.
As teorias de aprendizagem baseadas em estímulo-resposta (S – R),
como a Teoria Associacionista, Conexionista e Behaviorista são alguns
exemplos de uma pedagogia diretiva cujo Empirismo pode ser considerado o
modelo epistemológico, segundo qual “não há nada no nosso intelecto que não
tenha entrado lá, através dos nossos sentidos”. (Becker, 1994, p.89).
Na perspectiva de uma pedagogia não-diretiva, tem-se o modelo
epistemológico Inatista, no qual o conhecimento se dá organicamente. Sabe-se
que só existe estrutura cognitiva a partir do funcionamento mental e só existe
funcionamento mental a partir da estrutura cognitiva. É uma relação dialética
entre estrutura-funcionamento onde um potencializa o funcionamento do outro
possibilitando as transformações mentais. Como nos diz Corcuff, (2001, p.24):

O todo social não é nem a reunião de elementos anteriores, nem uma


entidade nova, mas um sistema de relações a partir da qual cada um
engendra, enquanto relação, uma transformação dos termos unidos por este
sistema.

Temos, nas palavras de Corcuff, um forte exemplo da importância do


meio no processo de aprendizagem, assim como Piaget (1976) postulou.
Em um primeiro momento, da aquisição do conhecimento, o sujeito
tende a submeter-se às propriedades do objeto; num segundo momento, ele
passa a impor suas propriedades ao objeto. É uma soma do sistema cognitivo
com o sistema psíquico que resulta numa construção processual, e que ocorre
em todo e qualquer sujeito sempre que as condições de interação propiciem
avanços na construção e aquisição do conhecimento. “Trata-se do duplo
movimento sistematizado por Jean-Paul Sartre (1905-1980) (...), movimento de
interiorização do exterior e de exteriorização do interior” (Corcuff, 2001, p.28).
Temos, então, um exemplo de pedagogia relacional que, para modelo
epistemológico pode-se propor o Construtivismo, como explica Becker (1990,
p.8):
Construtivismo significa a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e
de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma
instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo
com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das
relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer
dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que
podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e,
muito menos, pensamento.

Para contribuir ainda mais para a pedagogia relacional pode-se pensar


no modelo epistemológico Interacionista, considerando o sujeito aprendiz em
meio a diversidades. Nesse sentido, a aprendizagem pensada nessa
abordagem proporciona o desenvolvimento de estratégias mentais, numa
tentativa de reunir, num mesmo modelo explicativo, os mecanismos cerebrais
subjacentes ao funcionamento psicológico e o desenvolvimento do indivíduo e
da espécie humana, ao longo de seu processo sócio-histórico.
A partir dos pressupostos teóricos brevemente explicitados
anteriormente, é importante abordar algumas questões que possibilitem, não só
uma análise teórica, mas também a análise dos movimentos educacionais, no
Brasil e a constituição da Psicologia Educacional, para a compreensão da
educação como política pública e social. Nesse sentido, a ementa da disciplina
em questão, possibilita o aluno, ao cursá-la, a oportunidade de refletir a
respeito de fenômenos contemporâneos, práticas cotidianas em espaços
formativos e políticas públicas que visam subsidiar as ações de ensino da
Psicologia em diferentes contextos.

III – HABILIDADES E COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS NO


DECORRER DA DISCIPLINA

Segundo o Art. 8º da Resolução que Institui as Diretrizes Curriculares


Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia (nº 05, de 15 de março
de 2011), as competências reportam-se a desempenhos e atuações requeridas
do formado em Psicologia, e devem garantir ao profissional o domínio básico
de conhecimentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes
contextos que demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção e
atuação em processos psicológicos e psicossociais e na promoção da
qualidade de vida.
Na disciplina Psicologia e temas contemporâneos de Educação
pretende-se desenvolver, principalmente, as competências de analisar o
contexto, em que atua profissionalmente, em suas dimensões institucional e
organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes
sociais; elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais
teóricos e características da população-alvo; coordenar e manejar processos
grupais, considerando as diferenças individuais e socioculturais dos seus
membros; atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos
processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar em diferentes níveis
de ação, de caráter preventivo ou terapêutico, considerando as características
das situações e dos problemas específicos com os quais se depara; saber
buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional,
assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional.
Ainda segundo a resolução supracitada, em seu Art. 9º preconiza que
“as competências, básicas, devem se apoiar nas habilidades”. Pensando na
especificidade da ação do professor de psicologia, algumas habilidades são
importantes a serem trabalhadas, tais como, ler e interpretar comunicações
científicas e relatórios na área da Psicologia; analisar, descrever e interpretar
relações entre contextos e processos psicológicos e comportamentais e
manifestações verbais e não verbais como fontes primárias de acesso a
estados subjetivos; utilizar os recursos da matemática, da estatística e da
informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das
atividades profissionais em Psicologia.
Pretende-se que o aluno que cursa a disciplina Psicologia e temas
contemporâneos de Educação possa fazer uso de conteúdos apreendidos nos
períodos da graduação de bacharel, proporcionando-lhe uma visão integradora
do curso e qualificando o aluno para atuação em campo mais amplo da
Psicologia.

Referências Bibliográficas
BRASIL (2011), MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RESOLUÇÃO Nº 5, DE
15 DE MARÇO DE 2011(1 ). Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias
=7692-rces005-11-pdf&category_slug=marco-2011-pdf&Itemid=30192.

BECKER, F. A epistemologia do professor. Boletim ZH na Sala de Aula. Porto


Alegre, p. 4-5, Jul. 1990.

CORCUFF, Phillip (2001). As Novas Sociologias: construção da realidade


social. São Paulo: EDUSC.

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