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O Mar Português
Poemas: VI “Os Colombos” e VII “Ocidente”
mar português:
- epígrafe que glorifica a empresa dos Descobrimentos e o poder marítimo dos
portugueses
- heróis ligados à epopeia marítima dos séculos xv e xvi e evocação de episódios
relevantes da aventura dos Descobrimentos.
1ºpoema:
VI
OS COLOMBOS
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
O TÍTULO
Este poema pode ser dividido a nível temático em duas partes: a primeira e a
segunda estrofe, respetivamente.
primeira estrofe
- Esta perda é uma referência da descoberta da América, que poderia ter sido
dos portugueses, porém foi espanhola, devido à recusa da proposta de
Colombo por D. João II. Para realçar esta ideia, foi utilizada a recurso
expressivo: v1. - v4. ANÁFORA: “Outros”; “O que”; “Outros”; “O que”.
v7. - v9. - “Mas o que a eles não toca / É a Magia que evoca /
O Longe e faz dele história”: consta que os outros exploradores
e/ou países não possuem a “Magia” que envolve os portugueses, isto
é, o propósito divino que Cristóvão Colombo e os portugueses têm.
Não são abençoados como Portugal, mesmo que possam conquistar
terras, daí ficarem com o que Portugal não explora.
Na metáfora “É a Magia que evoca (...) Por uma luz emprestada”, destaca
as características extraordinárias dos portugueses que Deus lhes deu para cumprirem
o seu dever - a “luz” como símbolo de sagração e guia de Portugal.
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2º poema:
VII
OCIDENTE
TÍTULO
- Refere-se às explorações ao ocidente, em particular, ao brasil, lideradas por
pedro álvares cabral que levaram à descoberta do brasil em 1500 logo após o
sucesso da descoberta da rota marítima até à índia.
- É incluída na obra “Mensagem”, e na segunda parte, visto que se trata de um
dos pontos mais altos do Descobrimentos portugueses.
1ª estrofe:
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“Com duas mãos — o Acto e o Destino”- uma mão que desvendou é a do
Homem (ato), a outra, a que o conduziu, é de Deus (destino);
“Uma ergue o facho trémulo e divino e a outra afasta o véu” - entendemos que a mão
de homem ergueu “o facho trémulo e divino”. O facho erguido pelo homem como
símbolo da crença em Deus que o ilumina, afastando o “véu”. A outra mão, a de deus,
afasta o véu que escondia aquelas ilhas, simbolizando a descoberta do desconhecido
e a destruição da dúvida relativamente à existência de terras no ocidente.
Podemos ver a estrofe 1 como uma metáfora, visto que Pessoa desenha-nos uma
imagem de um corpo, que, com duas mãos desvenda a escuridão, sendo que uma
afasta o véu do escuro e a outra ergue alto um facho de luz.
2ª estrofe:
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No verso 2 “A mão que ao Ocidente o véu rasgou”, surge aqui o ato da descoberta,
mostrando que de facto o ocidente foi “destapado” e o véu foi retirado, passando o
desconhecido a conhecido.
São identificados o corpo e a alma deste feito, sendo a Ciência a alma e a Ousadia o
corpo.
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Por fim, na última estrofe:
- versos 1 e 3, (“Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal...Foi Deus a alma e o corpo
Portugal”). Ou seja, quer esta descoberta se tenho dado por
puro acaso, por vontade e intuição dos portugueses, ou por um temporal que tenha
desviado os navios em direção àquelas terras em vez das terras do oriente que
segundo alguns historiadores eram o objetivo inicial de Pedro Álvares Cabral, Deus
foi sempre a alma e a vontade da realização desta descoberta. E os portugueses foram
os heróis, os destemidos que tiveram a ousadia de a realizar, descobrindo assim o
Brasil.
Vemos ainda a presença de maiúsculas (“Acaso”, “Vontade”, “Temporal”) que são
conscientemente utilizadas por Pessoa de modo a conferir legitimidade e valor a cada
uma das hipóteses levantadas.