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O Infante 4.

Explicação Verso 9

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. O sujeito poético, verso 9, quando diz quando usa
“Quem” está a referir-se a «Deus», à Divina Providência,
Deus quis que a terra fosse toda uma, ao Criador, e fá-lo por testemunho da fé, que é
indissociável dos Descobrimentos portugueses e,
Que o mar unisse, já não separasse.
portanto, do próprio
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma Infante, ele mesmo divinal.

5.Valor dos dois últimos versos

E a orla branca foi de ilha em continente, Concluem o conteúdo do poema e chamam à atenção
para o futuro. Por outras palavras, acabada a empresa de
Clareou, correndo, até ao fim do mundo, descobrir
e evangelizar o mundo, criou-se um «Império», que foi
E viu-se a terra inteira, de repente,
desaparecendo paulatinamente. Ao afirmar que «falta
Surgir, redonda, do azul profundo. cumprir-se Portugal», Pessoa aponta já para um futuro
igualmente glorioso, não só física e geograficamente,
mas de uma outra forma, porventura espiritual,
intelectual, científica. Através do verbo «faltar»,
Quem te sagrou criou-te português.
consegue-se ainda consubstanciar uma espécie de
Do mar e nós em ti nos deu sinal. apelo aos seus contemporâneos para que tornem
Portugal sublime outra vez.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
6.Valor do recurso presente em “e foste desvendando a
Senhor, falta cumprir-se Portugal! espuma” verso 4

A Metáfora, que torna mais visual o caminho gradual


pelo mar fora, como se o Infante, ele mesmo, fosse
1.Valor da Gradação no primeiro verso avançando por cima da espuma das ondas até ao Infinito.
Existe gradação na medida em que há uma sequência que 7.Valor do Recurso Presente em “Cumpriu-se o mar, e o
vai de um objetivo até à sua concretização. Assim: «Deus império se desfez” verso 11
quer» remete para uma intenção divina de pôr talentos
portugueses Enumeração (com dois elementos), mas também como
em prática; «o homem sonha» leva-nos a pensar nos uma metáfora, pois «cumprir» aponta para uma regra,
descobridores que o Infante D. Henrique escolheu e uma lei, uma missão, e não, literalmente, para «Mar» ou
organizou para a empresa de descobrir um percurso até «Portugal». Por meio de uma interpretação metafórica,
à India por mar; «a obra nasce» é o culminar dessa facilmente chegamos à ideia de que a missão
gradação, pois, de facto, os portugueses conseguiram descobridora e evangelizadora chegou ao seu termo com
descobrir caminhos marítimos para Oriente e depois o final das Descobertas.
para Ocidente. Eis a glória do passado.
8.Apostrofe presente no último verso do poema (valor)
2. A referência a que se dirige a forma verbal
“Sagrou-te” verso 4 e explicação do vocábulo bíblico A apóstrofe em «Senhor» confirma a presença do divino
cristão no poema, pois com ele se começou («Deus
«Sagrou-te» inclui um pronome que presentifica o quer»). Portanto se tudo começou com a vontade de Deus
própria Infante D. Henrique. A utilização de um verbo de ele é chamado também no final do poema, a quem o
natureza bíblica (a sagração /bênção) vai ao encontro não sujeito lírico faz uma espécie de queixa e apelo para que
só da fé portuguesa expandida pelo ultramar, mas «Deus» volte a querer.
também da exaltação dos feitos portugueses como
sagrados, diríamos até divinos ou sobrenaturais. 9. Simbólica do herói; assim como da natureza épico
lírica da obra
3. Sentido da Segunda Estrofe
Neste poema, a figura tomada simbolicamente como
«E» prepara o leitor para um acréscimo de informação. A herói é o Infante D. Henrique, resultante da conquista da
«obra» está feita: caminhos, lugares e povos descobertos, independência, da glória ultramarina. Exaltando-se o
conquistados e evangelizados. Então, na segunda estrofe, Infante, exalta-se o herói coletivo - Portugal - e a própria
informa-se especificamente como tudo aconteceu. Os Pátria. A partir deste ponto, é evidente o assunto épico
descobridores foram «de ilha em continente», «até ao fim (Descobertas à escala mundial, encetadas pelos
do mundo», «E viu-se a terra inteira, de repente, /Surgir, Portugueses), aliado a um lirismo como verbalização de
redonda, do azul profundo.». Conseguimos visualizar sentimentos do poeta, ele mesmo contador da Historia,
tudo isto, pois, sendo a terra redonda, foi-se revelando mas orante a Deus para que o Futuro seja igualmente
aos portugueses graças ao seu esforço de concretizar imperial e grande.
esse sonho, e revela-se pouco a pouco, de verso em
verso, também ao leitor.

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