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1.ª parte: v. 1
O poeta usou o nome «homem» para conferir um valor universal à afirmação. Aliás,
os verbos no presente do indicativo confirmam essa intenção.
O 1.º verso é a expressão lapidar da conceção messiânica que já vinha a ser afirmada
e continuará a ser um tema-guia da obra. Os três termos da afirmação axiomática ou
aforística (de tipo proverbial) encadeiam-se por uma ordem lógica de causa-efeito:
«Deus quer» (é o agente primeiro), «o homem sonha» (capta a intenção divina, está
em sintonia com o divino), «a obra nasce» (efeito de um agente primeiro e de um
agente segundo). Se Deus não quisesse, o homem não sonharia e a obra não nasceria.
As frases são curtas: seis frases correspondem cada uma a um verso. Isto está
também dentro da técnica simbolista: exprimir muito em poucas palavras. Note-se,
por exemplo, que o último verso do poema sugere mais do que claramente afirma. É
uma frase aberta a muitos cambiantes de sentidos: não afirma claramente, sugere.
Análise
Este poema começa com uma reflexão que será depois desenvolvida
e confirmada “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”: com a ajuda de
Deus e a vontade do homem em lutar por ideias e trabalhar para os
alcançar, os feitos acontecem e o mundo avança.
E o que é que Deus quis para este Infante (D. Henrique, figura
impulsionadora das Descobertas Portuguesas)?
Quis que a “terra fosse toda uma” e “o mar unisse não separasse”, o
que significa que a terra fosse toda conhecida e os mares se tornassem
veículos de navegação por toda essa terra. E ao cuidado de quem é que
Deus colocou estas duas tarefas (descoberta e navegação marítima)? Ao
Infante: “Sagrou-te e foste desvendando a espuma e “Quem te sagrou
criou-te português”, isto é Deus quis que o grande descobridor fosse
português, o que daria glória e prestígio ao nosso país, pois “viu-se a
terra inteira, de repente, /seguir, redonda, do azul profundo.”