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1.

1
O valor de verdade universal é expresso, em primeiro lugar, pela estrutura
tripartida do mesmo, surgindo nas duas primeiras partes os elementos
essenciais para que se dê a criação da obra: a vontade de Deus
e o sonho do homem. As formas verbais no presente do indicativo
(«quer», «sonha» e «nasce»), a exprimir um valor aspetual genérico,
contribuem para que as situações descritas ocorram como atemporais e
permanentes.
1.2
 A relação estabelecida é de causa-efeito: sem a vontade de Deus, o
homem não sonharia e a obra nunca
poderia nascer: porque Deus quer, porque o homem sonha, a obra nasce.
1.3
 Os três últimos versos da primeira estrofe expõem o desejo de Deus, o
agente da vontade: a unidade da
Terra através do mar, predestinando o Infante, através da sua sagração,
para essa missão. O Infante sonhou e levou a cabo a sua missão («foste
desvendando a espuma», v. 4). Na segunda estrofe, dá-se a realização da
obra: as Descobertas, a unificação do mundo através do mar («E viu-se a
terra inteira, de repente, / Surgir, redonda, do azul profundo.», vv. 7-8).
2.
A gradação exprime o modo progressivo como as Descobertas se
realizaram: primeiro a descoberta das ilhas,
depois dos continentes e, finalmente, a ligação por mar dos vários pontos
da Terra.
3.
A predestinação do Infante, a sua sagração por Deus (note-se a
proximidade com o vocábulo «Sagres»,
símbolo do início do sonho), é transposta para o seu povo, o povo
português, eleito para grandes façanhas.
4.
 Cumpriram-se o desejo de Deus e o sonho do Infante: o desvendamento
do mar e a unificação da terra; mas
deu-se a queda desse Império (Alcácer Quibir), agora pertencente ao
passado, sendo a pátria presente obscura, sem qualquer rumo. Eis porque
se dá a mudança de interlocutor, do Infante para Deus: o sujeito poético
dirige-Lhe um apelo urgente («falta», no presente, v. 12), o cumprimento
de Portugal, um novo ciclo, tal como o apontado no início do poema: uma
nova vontade divina, um novo sonho do homem e uma nova obra/ação,
desta vez espiritual, pois o Império material já foi cumprido.
5.
O poema é composto por três quadras, com versos decassilábicos («Que
o/mar/u/ni/sse,/já/não/se/pa/ra/sse») e rima cruzada nas três estrofes.
Gramática
1. a)
 Orações coordenadas assindéticas;
b)
 Oração subordinada substantiva completiva;
c)
 Oração subordinada relativa sem antecedente.
2.
 Deíticos pessoais: «te», «-te», «ti»,
referente: «O Infante»; «nós», «nos»,
referente: os portugueses; «Senhor»,
referente: «Deus».
3. a)
 Complemento oblíquo;
b)
Modificador do nome apositivo;
c)
Predicativo do complemento direto

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