Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sinopse
Ela tinha os olhos mais lindos que eu já vira em minha vida. Castanhos, como
um mar de chocolate. Nenhuma estrela possuía aquele brilho. Era algo único
dela. Algo que iria acabar, e o único culpado disso, sou eu. E eu não sabia o
que fazer para poder mudar isso.
Notas da história
*Os personagens de Twilight não me pertencem, mas aqui nessa fanfic, eles
fazem o que eu quero, como eu quero e quando eu quero.
*Não seja um leitor BBB, comente!
*O enredo da fanfic é meu, e está proibida a cópia e/ou postagem em
quaisquer outros sites.
Índice
(Cap. 1) Prólogo
(Cap. 2) Capítulo Um - Doce Bella
(Cap. 3) Capítulo Dois - Verdes Esmeraldas
(Cap. 4) Capítulo Três – Modelo por um dia
(Cap. 5) Capítulo Quatro - Certinho Demais
(Cap. 6) Capítulo Cinco – Incomum
(Cap. 7) Capítulo Seis – Chance de ouro
(Cap. 8) Capítulo Sete – Surpresa agradável
(Cap. 9) Capítulo Oito – Sogros e Chocolate
(Cap. 10) Capítulo Nove – Milagres
(Cap. 11) Capítulo Dez - Je T'aime
(Cap. 12) Capítulo Onze - Salvação
(Cap. 13) Capítulo Doze – Anjo
(Cap. 14) Epílogo
(Cap. 15) Capítulo Especial
(Cap. 1) Prólogo
Notas do capítulo
56 usuários acompanham esta história e foram notificados por e-mail: Bianca
Maia, Swenys, Tekiinha Jonas, meninaanalua, Biazitcha, renata_cullen,
Sandra Santos, Drika_Cullen, Lais 13, Aline XU, mandys2twilight,
leska_borges, Sus, naro26, Carolmaeve, kaue, Fabi_M, DEA, Violet Carlie,
Danielaflores, lua_gaga, karen pattinson, valcullen, nataalianunes, Carina
Miranda, Pereira_Cullen, claraz, dudaFigueiredo, srtagaby, tucacullen,
DaniCustodio, bellascullen, simoneipua, vcmc, leticialealS2, vicpirsalloy,
anavecchi1, ingridmiranda, romina, sandri87_yahoo, milenamc, Homfeldt,
aninha2011, Debbie, lukaahbenevides, Kahh_rv, katilene, vickrobsten,
Tachimix, thais_novais, vivimaciel, Sammy_12, Maaye, LoucaPorRobsten,
Aethiel, isa_teixeira
Prólogo
O homem suspirou, admirando a maravilhosa vista que a sacada de seu
apartamento lhe proporcionava. Sorriu, vendo os pequenos flocos de neve,
caírem nas ruas gélidas e invernais de Paris. Balançou a cabeça, enquanto
terminava de degustar o delicioso chocolate quente que havia preparado
alguns segundos atrás.
– Você já viu como as ruas estão lindas hoje? Então, quero tirar
algumas fotos para meu álbum, e logo pensei no melhor fotógrafo de Paris! –
cantarolou.
O intenso frio de três graus, começava a fazer efeito, deixando sua pele
arrepiada e gélida. Por fim, pegou sua câmera e saiu. A paisagem estava bela
demais nas ruas de Saint-Maur, então ele optou por ir andando.
– Que seja, vamos começar logo? Essa neve vai acabar com meu cabelo
– choramingou.
– Claro.
– Ok, ok... Vamos tirar só mais uma, e depois vamos sair para almoçar,
ok? – A voz da pequena Cullen soava cansada, e ao mesmo tempo divertida.
Balançou a cabeça, saindo do seu transe e olhou para frente, mas tudo o
que ele pode ver foram os cabelos da morena balançando na medida em que
ela andava.
–xx-
Era no mínimo cômico. Qual a última vez que eu me vira preso a uma
mulher apenas pelos seus olhos? Mas não eram simples olhos, eu tinha certeza
que nenhum outro orbe castanho, seria tão encantador como aquele.
Isso era ridículo. Quer dizer, eu nem ao menos sabia seu nome. E
mesmo assim, não conseguia tirá-la de meus pensamentos.
Alice.
Não demorou muito, e logo o meu pedido chegou. Dei uma generosa
gorjeta ao entregador e fui até a sala de jantar, deixando o que havia pedido
ali. Liguei o som, ouvindo uma música clássica relaxante e comecei a comer.
Se eu sou assim desde os meus quatro anos, agora, com quase 23 anos,
é que eu não mudaria.
Escutei-a bufar, e sabia que ela estava revirando os olhos. Alice odiava
esses jogos.
– Isso você pode fazer depois – bufou novamente. – Venha aqui, por
favor...
– Ok.
– Bom, vou desligando então, já estou morto de cansaço e pretendo ir
dormir logo após um banho relaxante.
– Tudo bem. Não se esqueça que daqui a dois dias será o noivado de
Emmett!
– Eu sei, eu sei.
– Amanhã você irá ao salão, dar um jeito nesse ninho que você chama
de cabelo – ralhou.
– Como assim? Alice... você sabe muito bem que eu não confio em
qualquer pessoa para cortar meu cabelo!
– Ih! Não enche, eu marquei no lugar que você vem sempre. E depois
eu preciso da sua presença no café de Rosalie antes das 11h, para assinar
uma lista para mim. Eu não posso ir e nem Jasper, e como eu sei que você
não trabalha amanhã, você vai. Alem do mais é uma maravilhosa forma de
conhecer o local, já que você nunca esteve lá antes.
– Tudo bem.
– Não fique bravo comigo, você sabe que me ama. Vou indo, Jasper
quer ir para casa.
– Ok. Não precisa dar detalhes íntimos do que você faz com o
meu melhor amigo. Prefiro acreditar que vão jogar UNO.
– Ah, nós vamos jogar sim, mas é outro jogo. Boa noite, Ed!
– Certo, mandarei.
Encerrei a ligação e fui até meu banheiro. Abri a torneira, deixando que
a água quente enchesse a banheira. Voltei até a cozinha, onde peguei uma taça
e depois um vinho. No caminho de volta para o quarto, liguei o som
novamente, deixando que a suave melodia de Chopin invadisse o ambiente.
Deu um gole e encostei a cabeça no apoio que havia ali. Fechei os olhos
novamente, colocando a taça ao lado da banheira e fiquei relaxando ali.
Aquela fora uma noite calma. O único sonho que rondara minha mente,
fora aquele dia em que eu havia visto a morena pela primeira – e última, até
então – vez. Tomei um banho relaxante, vestindo uma roupa quente logo
depois.
Ela viveu lá até sua morte, um pouco depois de sua filha, Lilian Hale –
mãe de Rosalie e Jasper nascerem. A mãe de Rosalie se casara, porém não
havia retirado seu sobrenome, um pouco antes do nascimento dos gêmeos
nascerem, George faleceu.
Eles ficaram lá grande parte da vida, mas Rosalie – junto com seu
irmão gêmeo, Jasper – resolveu voltar para a terra natal de sua avó. Eles
estavam aqui faziam cerca de seis anos. Eu desconfiava que Rosalie e Emmett
se conheceram antes – pela internet – e essa fora uma das causas dela querer
voltar assim, tão de repente.
Eu fui logo com a cara com Jasper, não demorou um ano, e já éramos
grandes amigos. Como se nos conhecêssemos desde criança. Eu só fiquei
meio puto com ele, quando começou a namorar minha irmã, não que eu tenha
ficado com ciúmes, mas eles namoraram escondidos por dois anos.
E aqui estou eu, curtindo minha eterna vida solteira. É claro que eu
havia tido muitas namoradas, mas nenhuma chegou a me prender por mais de
três meses. Na verdade, apenas uma: Heidi Blosson. Ficamos juntos por quase
um ano, porém ela era da Alemanha, e um dia teve que voltar, sendo assim
nosso relacionamento acabou um pouco mais de dois meses que ela havia
voltado para a sua terra natal, tentamos manter o relacionamento à distância,
mas não foi possível. Como meus sentimentos por ela não eram tão fortes,
terminamos, já que não poderíamos ficar naquela relação que não iria para
frente pelo resto da vida. Hoje somos bons amigos, que trocam e-mails uma
vez ou outra.
Ela anotou o pedido e disse que não demoraria, agradeci e ela se foi.
Batuquei os dedos no tampo da mesa e fiquei observando melhor o local,
apesar de pouco se passar das dez da manhã, o movimento do café era grande.
De longe, eu pude ver uma garçonete de costas, e ela tinha um cabelo
castanho e ondulado familiar demais.
– Oh! Perdoe-me por isso, Edward. Pode ir, querida, eu cuido disso.
– Desculpe-me – sussurrou mais uma vez e saiu.
Concordei e fomos. Rosalie me levara para sua sala, era uma espécie de
escritório, onde ela controlava algumas coisas. Pegou uma toalha e eu sequei o
casaco, por sorte eu estava usando um daqueles impermeáveis, já que estava
nevando.
Era ridículo isso. Eu, Edward Cullen, estar encantado por simples
olhos.
Mas aqueles olhos... eles não eram simples olhos. Mesmo assim, como
isso podia me deixar dessa maneira? Tão frágil e vulnerável? Como um
simples olhar podia mudar tudo?
Sem ao menos olhar pelo olho mágico, abri a porta, e então meu
coração acelerou. O que ela fazia aqui?
Eu não podia acreditar que ela estava ali, na minha frente, mais uma
vez. Agora eu não a deixaria ir embora, sem lhe perguntar seu nome.
– Er...
– Tudo bem.
Dei passagem a ela e fechei a porta. Pedi que ela esperasse até que eu
pegasse a caneta, e tentei não correr, enquanto ia para meu quarto. Voltei e
assinei a bendita lista, entregando a ela logo em seguida.
Estendi minha mão e ela a pegou. Segurei um sorriso, quando notei que
sua pele era lisinha e que ela se arrepiou com o toque.
– Hm... Eu sou Isabella. Isabella Swan. Mas eu prefiro que me chamem
de Bella mesmo.
Era incrível como não conseguíamos desviar o olhar. Dei um leve beijo
em sua mão, e a vi corar. Aquilo era tão... doce.
– Obrigado por trazer minha mochila. Espero que possamos nos ver
novamente algum dia.
Doce Bella.
–xx-
Se eu não tivesse sonhado com aquele cara mais uma vez, teria
acordado mais cedo. Mas parecia impossível. Eu o havia visto há quatro dias,
e desde então não conseguia tirar seu rosto de minha mente.
Tudo bem que meus pais não investiram mais de oito mil dólares em
uma escola particular, para que eu acabasse em um café, mas eu me recusava
a aceitar qualquer ajuda deles em relação em uma possível faculdade.
Eu não era o tipo de garota que ficaria minha vida inteira presa a uma
profissão. Eu gostava de coisas novas.
Fui até a sala e peguei minha bolsa, que estava jogada em cima do sofá
e saí do meu apartamento. Eu morava no subúrbio de Paris, mas não me
importava. Meu apartamento não era lá grandes coisas, mas era perfeito para
alguém como eu.
Simples.
Havia uma sala de televisão, que era conjunta com a sala de jantar.
Uma pequena lavanderia que ficava ao lado da cozinha, um banheiro, dois
quartos, sendo que um – o meu – havia suíte. E por fim, uma sala que eu
usava como meu ateliê particular.
Não que eu fosse uma artista, longe disso, mas eu amava criar
esculturas. Às vezes saía algo que prestava, e eu vendia para alguma galeria.
Apesar de que, eu não morava aqui em Paris há muito tempo, estava aqui há
apenas um ano.
– Ok.
– Ok, ok, eu levo esse pra você. Mas leve um café na mesa 8, sim?
Que estúpido pensar isso. É claro que ele não lembraria. Ele estava lá,
com a namorada dele, curtindo um dia de neve, tirando fotos. E ela era linda;
branquinha, magra, olhos verdes e cabelos lisos e pretos. Como ele me
notaria, tendo aquela beldade ao seu lado?
Por sorte – ou não -, Rosalie chegara logo depois, dizendo que cuidaria
daquilo. Assenti, desculpando-me mais uma vez e saí andando. Antes de me
afastar muito, ainda pude escutá-lo dizer:
Deus! Como a voz dele era linda. Ainda mais perfeita que eu pudesse
imaginar. Suspirei, xingando-me mentalmente, por me sentir arrepiada ao
ouvir sua voz.
Peguei uma flanela e fui limpar algumas mesas que já estavam vazias.
Pouco depois, pude vê-lo saindo do café e entrando em um táxi. Continuei a
limpar as mesas, e depois fui até a que ele estava antes, para limpar o café que
eu havia derramado.
Então, eu vi uma espécie de mochila ali. Eu sabia que era dele. Mordi o
lábio e a peguei, levando até a sala de Rosalie.
– Mas...
– Eu pago seu táxi, não vou descontar no seu salário. Sei que não é seu
trabalho, por isso, vou cobrar como se fosse hora extra. É muito, muito, muito
importante e Alice me mataria se eu não levasse até ele.
Edward.
Ele pediu que eu entrasse, mas fiquei receosa. O que a namorada dele
pensaria? Percebendo minha dúvida interna, ele disse que era apenas para que
ele pudesse assinar a lista. Concordei e entrei.
Enquanto ele corria até o quarto para pegar uma caneta, eu pude
observar seu apartamento. Ele era todo organizadinho, cheio de mimimi’s e
detalhes. Não que não fosse bonito, mas eu podia visualizar sua namorada
aqui, ajudando-o a limpar tudo.
Não sei se foi coisa da minha cabaça, mas quando eu estava perto do
elevador, escutei notas musicais de um piano. Será que ele tocava?
_
Eu não era nem louca de ficar matando o trabalho logo no primeiro dia.
“I wanna see your peacock cock cock, your peacock cock cock”
Eu não sabia o motivo de querer fazer isso, talvez fosse à visita que eu
havia feito a Edward ontem. Ver seu apartamento todo arrumadinho me
intrigou muito. Balancei a cabeça, eu não estava fazendo merda nenhuma por
culpa dele.
Estava rindo tanto, que quase não vi meu time marcar pontos. Gritei e
me levantei, comemorando. Adorava a agitação dos estádios de futebol. Sentia
saudades, eu não ia a um jogo desde que me mudará para Paris.
Liguei a banheira e fui até o quarto, para decidir o que vestir. Acabei
pegando um de meus poucos vestidos e o separei na cama junto com outros
acessórios. Entrei no banheiro novamente, e adentrei a banheira.
Tomei um banho demorado e relaxante, como a muito não fazia. Deixei
que a hidromassagem retirasse as tensões de meus músculos e só quando vi
que já eram quase cinco horas, saí dali.
Saltos.
Suspirei e caminhei até o enorme espelho que havia ali em meu quarto
e abri uma gaveta, onde havia uma pequena nécessaire roxa, que era usada
para guardar a pouca maquiagem que eu tinha.
Passei apenas o básico; pó, lápis, rímel, uma sombra leve em meus
olhos, dando um destaque especial ali, e um gloss de leve nos lábios.
Levantei-me e peguei um casaco sobretudo preto e depois minha bolsinha de
mão. Borrifei meu perfume e respirei fundo, antes de me encaminhar para a
saída do meu apartamento. (Look da Bella)
Fomos até uma parte mais afastada da entrada, onde havia uma mulher
e Rosalie deu meu nome a ela, enquanto eu entregava meu casaco.
Notei uma rápida troca de olhares entre Rosalie e Alice, mas fingi não
ver. Indaguei Rosalie onde estava Emmett e fui até ele. Sorri, vendo-o ao lado
de um rapaz loiro, imaginei ser Jasper – o amigo que ele sempre comentava
comigo.
– Eu preciso de ar, ok? – ri, enquanto ele me soltou. – Você deve ser o
Jasper, né? – indaguei.
Rimos e depois eu me afastei, indo até uma varanda que dava vista para
a torre Eiffel. Um dos garçons passou ali, e eu peguei uma taça de vinho.
Suspirei, encarando a maravilhosa noite de Paris.
– Sim?
Que idiota.
Descobri depois, que Alice era noiva de Jasper, e com isso, eu gostei
mais dela. Edward e eu ficamos juntos durante todo o tempo, trocando
amenidades. E agora ele queria me levar para casa.
Isso era um sinal? Porque se era, eu não tinha percebido. Droga, eu era
péssima em perceber sinais!
Balancei a cabeça e assenti. Edward indagou onde eu morava e eu o
disse. Fomos o caminho inteiro em silêncio, apenas o ronco baixo do motor e
o som do aquecedor, rompiam o silêncio da noite.
Ela era funcionária de Rosalie, não era? Quem sabe ela não fora
convidada para o noivado? E para a minha surpresa, ela estava lá, divinamente
perfeita. Ficamos uma boa parte da noite jogando conversa fora em uma
varanda que havia no salão.
Como um simples tocar de lábios pode me deixar assim, tão ansioso por
mais?
– Droga!
Quando dei por mim, já estava na porta do café. Uma das garçonetes veio
me atender. Por mais que ela fosse simpática, eu não pude esconder minha
cara de desgosto por não ter sido Bella a me receber.
– Algo mais?
– Não.
Ela assentiu e saiu. Discretamente revistei o local com o olhar, mas não a
achei. Suspirei, completamente frustrado e fiquei a espera do maldito café.
Não demorou muito, e o mesmo logo chegara.
– Ela quem?
Chamei um táxi e pedi que ele me levasse até a casa de Bella. Paguei-o e
saí do carro. O bairro não ficava muito distante do café de Rosalie. Na
verdade, tinha aproximadamente a mesma distancia da minha casa até o local,
porém, pelo lado oposto.
Balancei a cabeça e fiquei fitando seu prédio. O que ela pensaria de mim,
caso eu fosse até lá?
E então, mais afastado na rua, estava um senhor mais velho. Ele estava
sentado em um banco, com um fino cobertor enrolado em seu corpo.
– Edward? – Escutei alguém me chamar. Virei-me e sorri. Era Bella. –
Hei, tudo bem?
Notei como sua face estava corada, quis sorrir, tentando imaginar o
motivo. Talvez ela estivesse assim pelo frio, afinal, ela tinha uma pela muito
branca. Ou então, poderia ser pelo beijo de ontem. Talvez ela estivesse se
sentindo tímida.
– Ah, estava dando uma passada, sabe como é, tirando umas fotos – dei
de ombros e notei seu olhar ficar cabisbaixo, sorri e completei: - Na verdade,
eu já ia dar uma passada no seu apartamento, fazer uma visita, se não fosse
incômodo, claro.
– Claro.
Ofereci meu braço a ela, e fiquei feliz, quando a mesma aceitou sem
protestar. Andamos silenciosamente e eu pude reparar em suas roupas. Bella
não estava muito chique, na verdade ela estava simples, porém, sua
simplicidade a deixava divina.
Ela usava jeans escuros, uma camiseta branca por baio de um casaco
grosso e preto, que estava aberto. Um pequeno cachecol – também preto –
cobria seu pescoço, e em seus pés, sapatilhas. Seus cabelos estavam presos em
um rabo de cavalo alto, e isso valorizava ainda mais seu rosto. Bella estava
perfeita, o único detalhe que eu não gostei muito, fora seus óculos, pois eles
tampavam seus maravilhosos olhos. (Look da Bella)
A praça não era grande, mas não se podia dizer que era pequena.
– Nossa, como aqui é bonito – sussurrou, admirada. – Como não vim aqui
antes?
– Talvez você estivesse esperando pelo momento certo de vir até aqui –
murmurei. – Com a pessoa certa.
Nem mesmo eu agüentei o que falei, e comecei a rir, sendo seguido por
Bella. Sua risada era tão encantadora. Suspirei.
– Com certeza.
Pela intensidade da minha voz e de meu olhar, estava claro que eu não
falava da praça, e sim dela. Bella sorriu timidamente, no mesmo instante que
uma tonalidade avermelhada se formava em suas bochechas. Sem conseguir
me controlar, levei minhas mãos até o local, e o escovei lentamente.
– Er... hm... será que eu posso tirar umas fotos de você aqui? – indaguei
ligeiramente constrangido.
– Claro que pode! Mas já aviso que não sou nada fotogênica...
Balancei a cabeça. Impossível, Bella. Impossível.
Ela afastou-se rapidamente, indo mais perto da fonte e fazendo uma pose
engraçada. Ela juntou os joelhos e os dobrou levemente, inclinando seu tronco
um pouco para frente, e colocando uma das mãos em sua boca, enquanto a
outra ela apoiava na cintura.
Sorri.
Ela é perfeita.
– Poderia retirar os óculos? Seus olhos são lindos demais para serem
escondidos por objetos tão grotescos em relação à leveza de seu olhar.
– O-ok – gaguejou.
Parte de mim queria dizer a ela que Bella e eu éramos somente dois
jovens começando uma amizade. Porém, a outra parte – a maior delas –, havia
gostado demais da ideia de poder dizer que Bella era minha namorada. E,
devo confessar, que eu concordava plenamente com essa parte, e isso me
assustou.
– Ora, essa! – retruquei, e segurei uma bufada, quando meu celular tocou.
– Só um minuto – pedi a Bella.
Ela assentiu, e fez um sinal de que não abriria a boca, mas eu sabia que
ela estava morrendo de vontade de rir.
– Oh, sim.
– Somente isso?
– Sim, senhor.
– Qual?
– E agora?
Procurei por uma solução, então eu olhei para Bella. Ela é linda, claro,
sempre notei isso. Mas será que ela aceitaria?
Fora preciso quase uma hora para eu convencer Bella a aceitar a proposta.
E somente quando ela não tinha mais nenhum argumento, cedeu. Agora
estávamos em meu pequeno estúdio em minha casa, e ela estava no banheiro,
trocando de roupa. Eu havia chamado Alice para ajudá-la a se maquiar e tudo
que fosse preciso.
– Perfeita.
Alguns segundos depois, Alice disse que não poderia ficar, pois tinha um
encontro marcado com Jasper, ela nos desejou boa sorte e se despediu logo em
seguida.
– Obrigada.
Ficamos conversando por alguns minutos, e logo depois ela foi embora.
Aproveitei meu momento sozinho, e fui revelar as fotos em minha sala
vermelha. Eu possuía vários equipamentos modernos para revelação de fotos,
mas em casos especiais – como esse -, eu as revelava em casa mesmo, pois
assim eu monitoraria cada mínimo detalhe.
Por fim, lavei o papel em água corrente por uns quatro minutos e meio,
antes de colocá-la no varal para secarem. Repeti o processo com todas as
fotos, de depois de secas, as guardei em uma pasta.
Deixei tudo ali na sala e fui até meu som, liguei em uma música
relaxante: Winter de Vivaldi. Suspirei fechando os olhos, fui murmurando
levemente as notas da música e adentrei meu banheiro, liguei a banheira,
enquanto retirava minhas roupas.
– A Sra. Jalou terá de viajar, por isso a reunião será adiantada para às
onze horas. O senhor poderá comparecer?
Quatro minutos.
Um minuto.
Perfeito.
Ela era bonita, deveria ter uns 35 anos no máximo, tinha um corpo
atlético, lábios finos, olhos azuis e os cabelos eram grandes e estavam presos
em um rabo de cavalo alto.
– Boa tarde, sou Camille. O senhor deve ser Edward Cullen, certo?
– Claro, chegou bem na hora. O senhor é bem pontual, a Sra. Jalou vai
adorar isso – comentou se levantando. – Siga-me.
Assenti e fui caminhado atrás dela, que parou em frente a uma porta de
marfim, com alguns detalhes em prata. Ela bateu duas vezes, e logo abriu a
porta, revelando uma sala de escritório magnífica.
Não precisou que Camille anunciasse quem era ela, eu já havia lido muito
sobre Marie-José Susskind-Jalou, e sua família. Georges Jalou, que havia
começado lá apenas como um diretor de arte comprou 25% das ações, quando
o criador da revista, Max Bruhnes, falaceu na década de 60 e quando seu sócio
falecera, Geroges adquirira todas as ações, e seus três filhos passaram a
assumir a revista, todavia, em 2006, um de seus filhos – Laurent – veio a
falecer, e Marie aceitou o desafio, tornando-se presidente da empresa, e
obtendo ajuda de seu irmão – Maxime -, que cuidava do layout e era diretor de
arte – assim como seu pai começara ali.
– Obrigado – agradeci.
– Ainda estou instigada com o olhar dessa mulher. Ela possui belos olhos,
isso é um atrativo muito grande.
– Ainda não – ri. – Mas espero que um dia ela aceite ser.
Eu havia conseguido.
Era maravilhoso isso. Peguei meu telefone e pensei em ligar para meus
pais, mas eu sabia que alguém que havia me ajudado muito merecia saber
também.
– Alô? Edward?
– Creio que sim. A Sra. Jalou disse que teria uma reunião com seu irmão
apenas para acertar algumas coisas, mas ela já podia me garantir que a vaga
será minha.
– Devo isso a você. Ela ficou encantada com suas fotos. Obrigado.
– Perfeito.
– Até.
–x-
Oi gente! Uau, site com cara nova! Então, eu sei que demorei com o capítulo,
mas é que eu tive que viajar e não pude deixar o capítulo com minha beta
antes :/ Espero que tenham gostado, e comentem, isso é um grande estimulo.
Não tenham medo de dizer o que acharam, ok?
Tentarei postar o próximo até domingo!
Quaisquer dúvidas: http://www.formspring.me/kbrenda ou
www.twitter.com/_friida_
Eu não tinha direito de ficar pensando nele dessa forma. Ele e eu somos
amigos. E fim. Todavia, era ridículo eu tentar negar que o sabor de seus lábios
não estava mais nos meus, que eu não havia gostado. E, principalmente, inútil
negar o que eu estava começando a sentir por ele.
Talvez fosse apenas um amor de irmão, por mais que eu conhecesse bem
esse sentimento, e jurava não ser o mesmo. Fechei os olhos, e abri dando uma
olhada em meu apartamento.
Ri.
Sorri e levei a mão até os lábios. Suspirei, mas dessa vez eu estava nas
nuvens. Balancei a cabeça e me levantei. Coloquei a louça na lavadora e fui
tomar um banho.
Ela sorriu, dizendo que Edward esteve aqui ontem antes de me encontrar
e que ela havia falado com ele. Sorri de volta, e a ajudei a colocar as cadeiras
e mesas nos locais próprios.
Pensei que talvez pudesse ser minha mãe, ou meu pai, eles costumavam
ligar nesse horário, mas não eram eles. Era Edward. ele me contara que havia
ido a entrevista, e que a Sra. Jalou havia adorado as fotos que ele havia tirado
de mim. Ele me agradeceu, dizendo que se não fosse por mim, ele não teria
conseguido, e para compensar o nosso encontro atrapalhado de ontem, ele
havia me chamado para jantar, é claro que eu aceitei.
Edward queria jantar comigo. Isso era... Nossa isso era surreal.
Mas não me deixei animar muito, talvez ele só quisesse isso como forma
de agradecimento. Suspirei e encostei minha cabeça nos tijolos da parede.
– Era o Edward? – A voz suave de Rosalie me fez dar um leve pulo de
susto.
– Tudo bem – suspirei. – Era o Edward sim. Ele me chamou para jantar
com ele essa noite.
– Isso é fantástico! Então por que está com essa cara triste?
– Diga.
– Eu não conheço muito o jeito do Edward, então não sei o que devo
vestir essa noite. Alguma sugestão?
– Conhecendo ele como eu conheço, acho que ele vai te tratar feito uma
rainha. Mas não precisa forçar uma roupa, vá de um jeito que se sentir
confortável. Eu tenho certeza que ele vai amar qualquer roupa que você usar.
Sorri e corri até o banheiro, jogando minha bolsa em qualquer lugar pelo
caminho. Liguei a banheira e fui até meu quarto, procurar algo para vestir.
Abri meu guarda-roupa e me xinguei eternamente por ele estar tão bagunçado.
– Bella, querida, como você está? Sinto sua falta, bebê – disse-me.
– Hm, acho que vai ficar legal. Bom, mãe vou desligar então. O encontro
será as oito e já são quase sete. Amo você, e obrigada.
– Obrigada.
E desliguei.
Menos de cinco minutos depois, meu celular tocou, era Edward, avisando
que já estava me esperando lá em baixo. Peguei as chaves e saí, eu não levaria
bolsa, colocaria as chaves no bolso interno do meu casaco.
– Uau, isso é uma BMW Z4 de 2011? Nossa nunca pensei que fosse ver
uma ao vivo.
– Mas você só viu meu sobretudo – ri. – Você está lindo também.
Não sei dizer quanto tempo se passou, pois em todo o caminho, eu ficava
admirando Edward. Fiquei curiosa, quando o carro parou, do nada. Com
certeza ali não seria o local.
– Não sei o carro não quer mais andar – disse saindo do carro. – Fique
aqui, eu vou dar uma olhada.
– Não, eu ajudo.
Saí do carro e vi que havia uma fumaça no capo, abri-o e fiz uma careta.
O motor estava muito quente, e engasgando. Olhei para Edward e ele encarava
tudo como se estivesse em outro mundo.
– Faz muito tempo desde que você usou seu carro? – indaguei-o.
Ele fez o que eu pedi e então eu molhei uma flanela que estava ali e a
coloquei encima do motor, para que pudesse esfriá-lo. Quando fui retirá-la,
notei que estava quente, então retirei meu sobretudo e usei-o para retirá-la.
– Eu sei – sorri.
Assim que adentramos o local, uma atendente sorridente veio até onde
estávamos, e foi difícil ignorar o olhar sugestivo que ela deu a Edward, porém
este nem ao menos notou. Tive vontade de rir, mas me segurei.
E se eu pensava que o lugar era bonito por fora, era porque eu nunca
havia entrado nele. Meu Deus, aquilo era... Nossa, sem palavras. A decoração
interior era completamente luxuosa, variando em ouro e couro vermelho.
Todas as mesas possuíam um padrão milimetricamente planejado e
extremamente requintado. Os garçons usavam um terno, e parecia que haviam
sido passados e planejados a mão.
– Ah, sim – corei. – Eu não havia comentado que trabalhei com seu irmão
por um tempo?
– Claro, mas não onde – sorriu. – Foi na oficina? Ora, você era mecânica,
Bella? Isso é – tossiu, envergonhado – interessante.
Era fabuloso ouvi-lo falar em seu francês perfeito. Ele sempre dizia as
palavras certinhas, carregadas de um maravilhoso sotaque que deixava sua
voz rouca e baixa, extremamente sexy.
– Claro.
– Ela está certa, você é encantadora – riu. – Desconfio que ela quer me
contratar apenas pela modelo.
– Deixe de ser bobo, Edward – murmurei, pegando suas mãos por cima
da mesa. – Você é um excelente fotógrafo, e a Sra. Jalou com toda certeza
sabe apreciar isso.
O olhar do amor está dizendo muito mais coisas que qualquer palavra
poderia dizer
– Ah, sim. Pois quando o ver diga que tudo estava perfeito.
Mal posso esperar pra te abraçar, sentir meus braços ao seu redor
Eu sabia que aquela conta não deveria ter sido menor que 150 euros. Mas
como ele havia pedido; eu não discuti.
Seja meu essa noite, deixe isso ser apenas o começo de muitas noites
como essa
– Não é tão belo como o seu antigo, mas me faz sentir menos culpado por
ter deixado-a utilizá-lo em meu carro. E claro, eu não quero que você pegue
um resfriado.
Mal posso esperar pra te abraçar, sentir meus braços ao seu redor
Nunca vá embora
Nunca vá embora
Cometi o erro de encarar seus lábios. Eles estavam num tom vermelho
arroxeado – devido ao frio -, mas não deixavam de ser lindos. Muito pelo
contrário, seus lábios estavam lindos demais e imploravam para serem
beijados.
– E o que é?
Eu te amo tanto
Mal posso esperar pra te abraçar, sentir meus braços ao seu redor
Nunca vá embora
Nunca vá embora
Nunca vá embora
Então dei-lhe um selinho e me afastei, para que ele pudesse ligar o carro.
E para fechar tudo com chave de ouro, eu a havia beijado. E aquele foi,
com toda certeza, o melhor beijo que eu já dei a alguma mulher e o melhor
que eu havia recebido.
Sorrindo como nunca, liguei o carro e fui para casa. Ao chegar lá, liguei
minha secretária eletrônica e notei que havia umas quatro mensagens. Três
delas eram de Alice, e uma de Emmett.
Coloquei as mensagens para tocar, e fui caminhando até meu quarto, para
retirar minhas roupas.
– Edward Anthony Cullen, por que diabos você desligou a merda do seu
celular? Se não me ligar em dez minutos eu vou chamar a polícia. Certo, eu
não chamarei. Mas você sabe que eu posso ser pior que ela.
– Por que você está me ignorando? – ela dizia, chorosa. – Eu te fiz algo?
Me liga, Edward!
Tomei um banho rápido – acho que o banho mais rápido de toda a minha
vida – e depois coloquei um pijama fresquinho. Os sinais do inverno de Paris
indo embora. Deitei em minha cama e fechei os olhos.
– Calma Alice – sorri, mesmo que ela não estivesse vendo. – Ontem eu
fui a um encontro, por isso meu celular estava desligado.
– Tudo indica que sim. Eu estou indo na Jalouse para acertas as últimas
coisas, tipo o contrato, o pagamento, hora extra e essas coisas.
– Tudo bem.
Além de uma deliciosa e requintada bebida, ele era algo excelente para o
coração. Tipo chocolate amargo. Deixei a pequena louça na pia e decidi que
eu lavaria quando chegasse.
Escovei meus dentes e corri para pegar meu carro. Olhei no banco de trás
e vi o sobretudo de Bella ali. Ela fora incrível. Não é como a maioria das
mulheres que eu conheço ou conheci pela vida.
Ela é simples, delicada. Eu podia ver isso apenas pelo seu olhar.
Suspirei, e só assim percebi que já estava na porta do prédio. Dei meu
nome na portaria e me deixaram subir. Cheguei ao andar desejado e logo
Camille veio me receber. Ela sorria timidamente e me passava algumas
informações, dizendo que o estúdio de fotos ficava a cinco andares abaixo do
que estávamos e que às vezes ocorriam ensaios no terraço do prédio. Ela me
passou um contrato, o qual eu li atentamente e depois o assinei.
– Bem senhor Cullen, me parece que o senhor pode começar hoje mesmo
então. Aqui está o crachá. Você deve passá-lo na roleta da portaria, sempre
que entrar e sair do prédio, certo? Ele funcionará como um contador. Contará
as horas que você ficou aqui no prédio, certo?
– Certo. Eu posso trabalhar com minha câmera mesmo, ou tenho que usar
alguma específica?
– Oh, se você foi aceito por ser um excelente modelo. E eu sei apreciar
isso.
Assenti e logo depois saí da sala. Minha patroa já estava encantada por
Bella e nem ao menos a conhecia! Acho que era um dom natural de Bella.
Encantar as pessoas assim.
– Sim?
– Então, é que você está indo almoçar agora, gostaria de saber se queria
almoçar comigo – ofereceu-se.
– Tudo bem.
Minha vontade era pegá-la ali mesmo e beijá-la, mas eu sabia, que
mesmo o Café sendo de Rosalie, Bella estava em seu horário de trabalho.
Então eu apenas me limitei a sorri, acenando de volta e indo até uma mesa.
– Agora não, Bella – sorri, acariciando sua mão sem que ninguém visse. –
Estou esperando Alice, quando ela chegar vamos pedir, ok? Não gostaria de se
sentar aqui enquanto isso?
– Ei, calma – escovei sua bochecha. – Nosso encontro ainda está de pé,
certo?
– Claro.
Sorri e dei um beijo em sua mão, vi sua pele ganhar uma linda tonalidade
vermelha, e sorri mais. Ela disse que voltaria depois. Concordei e fiquei
esperando Alice que chegou alguns minutos depois.
Abracei minha irmã, e alguns segundos depois Bella voltou para nos
atender, era impossível parar de olhar para ela. Fizemos nossos pedidos e ela
os anotou, dizendo que não demorariam muito.
– Não precisa me dizer com quem foi o encontro – Alice disse, tirando-
me de meu transe.
– Não?
– É a Bella. Não é?
– Sim, Alice, é a Bella.
– Você gosta dela? Quer dizer, eu estou sendo boazinha demais quando
eu digo apenas gostar.
– Edward?
– Até.
Encerrei a ligação, xingando-me de burro. Então eu liguei para Emmett,
ele riu, provavelmente achando-me um idiota, mas disse que se tratando de
Bella, eu deveria usar algo mais informal. Pois ela é uma pessoa totalmente
imprevisível. O agradeci pela ajuda e desliguei.
Olhei novamente o relógio e vi que já eram mais de seis horas. Corri até o
banheiro e fui tomar um banho rápido. Depois que saí de lá, abri meu guarda-
roupa e fiquei a procura de algo.
Por fim, decidi usar jeans escuros, uma blusa de algodão gola pólo cinza
e por cima um suéter cumprido de linho azul claro. Calcei meus sapatos,
penteei meus cabelos, passei meu perfume favorito e antes de sair de casa, dei
uma olhada no espelho.
Ela usava jeans claros, uma blusa de malha escrito algo como “I Love
Cokies”, por cima um moletom todo colorido com várias estampas e em seus
pés, tradicionais converses azul escuro, parecendo jeans. O cabelo de Bella
estava preso em um rabo de cavalo alto, e não havia maquiagem alguma em
seu rosto, apenas um gloss, dando-lhe um brilho especial. (Link do look)
Saí do carro e caminhei até onde ela estava. Bella sorriu a me ver e eu fiz
o mesmo. Dei-lhe um cálido abraço e, como tive vontade de fazer durante
toda a semana: beijei-a.
– Você está tão você – riu. – Está perfeito, não se preocupe. Será que eu
posso ir dirigindo? Queria que o lugar fosse surpresa e se você dirigir não
será. Além do mais, sempre foi meu sonho, dirigir uma BMW.
– Você quer mesmo dirigir? – indaguei.
– Claro.
Concordei e lhe entreguei as chaves. Mesmo com ela indo dirigir, abri a
porta do motorista para ela e depois dei a volta, indo me sentar no banco do
passageiro.
– O que é isso?
Notei que ela havia desligado o carro e logo escutei o barulho de minha
porta sendo aberta. Bella me ajudou a sair – ainda sem tirar a faixa – e depois
trancou o carro.
– Obrigado, tenham uma boa noite – uma voz mais grossa falou.
Bella nos parou e senti seu corpo atrás do meu, seus dedos tiraram o laço
da faixa e então eu pude ver onde estávamos. Era um parque de diversão. Não
era como aqueles gigantes que deviam ter no mundo da Disney, na verdade,
parecia um daqueles parques que você apenas via em filmes de cidades do
interior.
Era pequeno, não havia brinquedos muito radicais como uma gigante
montanha russa de três, quatro ou até mesmo cinco loops. Ao longo do local
havia algumas barraquinhas de algodão doce, maçã do amor e até mesmo de
churros. Era um lugar simples, porém muito agradável.
– Você gostou? Não é bem o lugar que eu queria te mostrar, já que aqui
não tem isso, mas um dia eu ainda te levo.
– Que tal uma volta na roda gigante? Assim você me conta mais sobre
você.
– Então, que tal me falar um pouco de você? Ou isso é tão secreto, que se
eu souber você terá que me matar depois?
– Ora, a minha é. Eu sei onde está tudo lá em casa, e por mais que minha
mãe fique fazendo birra comigo por isso, eu não dou o braço a torcer.
– Sei.
– O que foi?
– ¡Claro que sí, México es increíble! – ela dizia em seu espanhol, cheio
de sotaque eu fiz cara de confusão para ela.
– Nossa – sussurrei.
– O que foi?
_
Já eram quase onze horas, quando eu parei na porta do prédio de Bella.
Passear no parque com ela foi algo muito divertido. Na verdade, eu não me
lembrava de qual fora a última vez que eu havia me divertido tanto.
– Você quer subir? – indagou. – Quer dizer, amanhã é sábado e eu sei que
você não trabalha.
– Eu adoraria.
Era algo simples; havia uma sala de televisão, que era conjunta com a
sala de jantar. Eu podia ver um corredor ao lado direito, e supus que ele
levaria até os quartos e ao banheiro. Do lado esquerdo havia uma porta e eu
imaginei que deveria levar até a cozinha.
Assenti e fui olhar umas fotos que estavam num mural perto da televisão.
Eram fotos de Bella com parentes, amigos, ou sozinha. Eram fotos de lugares,
pessoas, animais. Sorri e encarei uma em especial.
– É você? – indaguei-a.
– O que foi?
– Nada – sorri.
—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—xx—
xx—
Eu agradeci aos céus por meu apartamento não estar tão bagunçado como
o de costume. Porque, certamente ele se assustaria. Eu sei muito bem que seu
apartamento é aquilo cheio de mimimi’s e tudo mais, mas Edward não pareceu
se importar com nada disso quando pisou no meu apartamento.
Ele não torceu a cara quando viu o lugar simples ou quando eu contei a
ele sobre quem eu realmente sou. Na verdade, ele pareceu bem interessado em
tudo. Sorri. Edward é bem diferente dos caras que eu estou acostumada a
lidar. Não que eu tenha lidado com muitos, mas eu sabia muito bem como os
homens são.
Trabalhar em uma oficina abre muito sua mente para certas coisas.
Olhei para mim e arregalei os olhos, notando que eu usava apenas uma
daquelas camisas de malha gigantes, uma calcinha no estilo short e chinelos.
Meus cabelos estavam bagunçados e eu sequer havia escovado os dentes!
Resolvi sair de lá antes que Edward acordasse e me visse assim, mas tudo
foi por água abaixo quando eu escutei sua voz sonolenta:
– B-Bella?
Foi a última coisa que eu disse antes de sair correndo e ir até meu quarto,
não sem antes tropeçar por algumas vezes no caminho. Assim que adentrei
meu quarto, peguei alguma roupa menos indecente para vestir; jeans, uma
regata braça e um moletom qualquer. Calcei minhas sapatilhas, corri até o
banheiro, lavei meu rosto e tentei dar um jeito em meu cabelo. (Link do look)
– Edward? – chamei.
– Er... bom dia? Será que eu posso usar o banheiro, para lavar meu rosto?
– Já volto.
Ele deu um beijo em minha testa, e saiu andando. Ele usava as calças de
ontem, e a camisa gola pólo. Seu suéter estava dobrado no outro sofá, e no
tapete estavam seus sapatos e suas meias, junto com o cinto. Tudo estava
milimetricamente organizadinho, como se ele tivesse medo de bagunçar meu
apartamento.
– Acho que alguém precisa de um café bem forte, estou certa? – indaguei,
alisando seus cabelos.
Sua voz era rouca, e ela tinha um típico sotaque britânico. Era claro que
ela não era francesa. Mas não era isso que me incomodava. Talvez fosse o
fato de seus seios fartos estarem jogados em direção ao rosto de Edward, ou
então o fato de que cada palavra dita por ela, era direcionada a ele e tinha um
enorme duplo sentido.
– O que foi?
Fechei a cara, e mesmo sem entender, virei o rosto. Que coisa patética é
essa? Eu estou com ciúmes? É isso? Mas... por que? Respirei fundo, e escutei
uma leve risada vinda de Edward.
– Mas nenhuma delas é você, ou seja, nenhuma me chama a atenção.
Suspirei.
Na verdade eu sabia, mas não iria dizer assim, na cara dura. Edward
sorriu, e segurou uma de minhas mãos, passando-a em seu rosto.
Senti meu coração bater mais rápido. Eu não entendia o que era aquilo,
mas era bom. E eu não queria que essa sensação passasse por nada.
Mais uma vez, eu me vi maravilhada com seu apartamento. Era tudo tão
organizadinho. Cada coisa em seu lugar. Ele deixou-me a vontade na sala, e
disse que iria tomar um banho – já que ele dormiu lá em casa e não teve como
para fazer isso antes de dormir – antes de começar a preparar o almoço.
Estava tão perdida admirando tudo ali, que assustei-me ao ouvir Edward
chegando a sala e me chamando, e tropecei, caindo no chão.
– Cozinho.
– Surpresa.
– Eu e seu pai estamos bem, na verdade muito bem. Então, o que você
tem feito ultimamente? Eu não converso com você desde aquele dia! Falando
nisso, como foi o encontro?
– Calma, mãe – ri. – Respira. Uma coisa de cada vez, ok? Ultimamente
eu tenho trabalhado e saído com Edward. Ontem ele dormiu aqui, mas na sala,
pois havíamos tomado vinho e eu não quis que ele dirigisse. Como pode ver, o
encontro foi bom, já que estamos saindo ainda.
– Eu não sei se ficarei de folga todos os dias, mas será muito bom se
vocês realmente vierem! Vocês dois precisam sair de América por uns
tempos. Bom, olhe direitinho sobre as datas e me fale, ok?
– Tudo bem, querida. Agora vou desligar, sei que já deve ser tarde por
aí, vou ir fazer o almoço de seu pai, antes que ele chegue do trabalho. Beijos,
filha! Amo você.
Segunda feira.
Dia de trabalho.
– Bella, será que você poderia dar uma olhada no cardápio de tortas? Vou
acrescentar as geladas esse mês. Gostaria que você organizasse para mim,
pode ser?
– Ela disse que pretende vir me visitar por uns tempos – continuei. – E
disse que quer conhecer você.
– Hm, meu carro está na oficina. Na verdade, Emmett está dando uma
olhada nele e amanhã ele deve deixar o carro no Café. Eu gostaria de lhe pedir
um favor.
– Diga-me.
– Quero que você pegue o carro e o leve para mim no final de seu
expediente até a revista. Eu levo você em casa depois, eu prometo.
– Obrigado.
A manhã seguinte foi calma, no almoço Edward não pode vir me ver,
pois teve um ensaio urgente para fazer. No meio da tarde, Emmett apareceu
no Café e trouxera consigo o carro de Edward.
Não.
Eu necessitava vê-lo.
Isso era estranho demais.
Por fim, deu o meu horário de saída, e eu fui trocar de roupa. Despedi-me
de todos e fui até a revista. A direção do carro de Edward era ótima, e quase
não sentia o volante pesar em minhas mãos ao fazer alguma curva.
Ambos estavam rindo, e eu sabia que era apenas uma conversa amigável,
porém era algo incontrolável, ter aquela sensação. Ele despediu-se dela com
um rápido beijo no rosto, e veio andando em minha direção.
Sorri e corei.
Sexta feira.
A sala era toda decorada em uma arquitetura abstrata, com cores fortes e
frescas. A maior parte era em vermelho, amarelo e branco. Parei em frente a
uma bancada e observei uma porta branca. Mordi o lábio, sem ver ninguém
ali, e no mesmo instante, uma mulher ruiva saía de lá.
– Ok.
– Obrigada.
E saí.
E logo depois eu liguei para minha mãe, que ficou feliz com a notícia,
dando-me dicas. Preocupada, indaguei-a sobre o que vestir, e como sempre,
ela me ajudou, dizendo para eu usar meu tomara-que-caia florido, com alguma
sandália pitanga.
– Obrigada, mamãe. Agora vou desligar, preciso estar bem relaxada para
amanhã.
– Tudo bem, minha filha. Boa sorte lá, e me ligue assim que sair da
agência, ok? Não importa o horário. Amo você.
Talvez fosse errado fazer o que eu estava fazendo, mas essa me parecia
ser a minha chance de ouro. Uma chance para ficar mais tempo ao lado de
Edward, de poder participar mais de seu mundo. E eu a agarraria com todas as
forças.
Eu fui passando meu olho em casa uma delas, e senti meu coração parar
por um momento, quando eu vi Bella.
Mas a cada dia que se passava, estava mais difícil nos encontrarmos. Eu
quase sempre ficava preso na revista, ou ela tinha alguma obrigação
no Café. E nosso tempo, que já era curto, ficava mais curto ainda.
Nesse último final de semana que se passara, eu sequer havia falado com
ela. E isso me machucava profundamente. Eu sabia que ainda não éramos
oficialmente namorados, mas éramos algo próximo disso, e eu queria sempre
estar perto dela.
Segunda-feira.
Mais um dia cansativo nessa revista. Não que eu não gostasse de fazer
isso, mas eu queria mesmo é poder estar perto de Bella. Terminei de entregar
algumas fotos na editora da revista, e fui para a sala de Marie. Ela disse que
gostaria de me mostrar algumas modelos que foram contratadas na parte da
manhã, e que, provavelmente teria uma surpresa para mim.
Eu fui passando meu olho em casa uma delas, e senti meu coração parar
por um momento, quando vi Bella.
Ela sorriu lindamente para mim, e eu avaliei suas roupas. Céus, ela estava
perfeita. Bella usava um vestido tomara-que-caia florido num tom
avermelhado, que dava um contraste perfeito em sua pele clara e lisinha. Em
seus pés estavam sandálias de salto alto, e ela mantinha os cabelos presos em
um coque mal feito, que fazia algumas mechas de seus cabelos caírem em
seus ombros nus. (Link do look)
Todavia, eu não poderia fazer isso agora, pois Marie parecia querer
conversar comigo. Ela gesticulou que eu sentasse e sentou-se em sua poltrona
logo depois. Fiz o que ela pediu, e aguardei que ela começasse.
– Sim, senhora.
– Perfeitamente.
– Ótimo. É só isso.
Assenti e notei que aquela era minha deixa para sair da sala. Eu queria ir
o mais rápido possível, para que eu pudesse ir até o apartamento de Bella e
conversar com ela sobre isso.
Abracei-a com toda a força que eu pude, e ela enlaçou suas pernas em
minha cintura. Procurei seus lábios com os meus, e os beijei calidamente,
tentando matar a saudade que me matava há dias.
Bella parecia compartilhar o mesmo sentimento, pois me beijava da
mesma forma. Depois de uma luta interna entre respirar, o perigo de alguém
nos pegar aqui e continuar beijando-a, nos separamos e eu pude encarar seus
olhos.
Bella assentiu, e eu abri a porta do carro para ela e logo depois fui para
meu lugar. Durante todo o caminho, eu ia acariciando as mãos de Bella e
quando eu precisava parar em algum semáforo, sempre apreciava seus olhos,
acariciava seu rosto.
– E então o quê?
– Em breve quando?
– Bem...
Ele deu uma piscada bastante sugestiva para a noiva e ela sorriu,
entendendo o recado. Me senti mal por omitir certas coisas de Bella, mas era
por uma boa causa. Ficamos ali conversando mais alguns minutos, e então
resolvemos ir para meu apartamento. Despedimo-nos de Rosalie e Emmett e
voltamos para o carro.
Passamos em sua casa para que ela pegasse algumas roupas, para poder
ficar lá essa noite e depois seguimos para o meu.
Separei para ela uma toalha e deixei em cima da cama para que ela
pegasse, e depois fui até a sala, e liguei para um restaurante qualquer, pedindo
um delicioso jantar para nós dois.
Assim que Bella saíra do banho, avisei-a que o dinheiro do jantar estava
no balcão e fui tomar meu banho.
– Sabe, eu sempre achei diferente esse seu gosto por músicas clássicas –
Bella comentou, quando me viu chegar a sala.
– Por quê?
– Bella – chamei, ainda rindo -, sei que isso pode parecer loucura... mas
eu... bem – suspirei. – Eu sei tantas coisas de você, mas não sei coisas
simples, como: sua idade, o nome do seu pai, ou o nome da sua mãe...
– Então estamos saindo há quase um mês, e você não sabe nada disso? –
riu. – Eu também não sei sobre essas coisas ao seu respeito...
– Seria adorável, e ainda temos que conversar sobre meu novo trabalho.
– Quase vinte e três – sorri. – Você parece ser mais jovem... Mas enfim,
qual o nome de seus pais? O que eles fazem?
– Sei que foi algo rápido, e que eu nem ao menos conversei com você
sobre isso. Desculpe-me – disse-me. –, eu queria lhe fazer uma surpresa, sabe?
Ela abaixou os olhos e olhou para suas mãos. Eu sorri, diante de sua
singela declaração. Levantei-me de meu lugar e fui até onde ela estava,
ajoelhando-me em sua frente e segurei seu rosto em uma de minhas mãos,
fazendo-a me encarar.
– Então você foi para a Jalouse, apenas para ficar mais tempo perto de
mim?
Não permiti que ela continuasse, puxei seu rosto para o meu e a beijei
com todo o meu desespero. Bella sorriu e ambos nos levantamos. Estava indo
beijá-la novamente, quando ela soltou um pequeno bocejo.
– Hm... tem alguém com sono aqui? – Ela assentiu. – Vem, vamos
dormir.
– Tudo bem.
Dei um beijo em sua testa e segui para meu quarto. Tomei um banho
rápido, ultimamente eu não tinha mais tempo para tomá-lo de forma lenta,
escutando um bom clássico e com um copo de vinho na mão.
Saí do quarto e notei que Bella ainda estava se arrumando, sorri e fui para
a sala. Sentei-me em meu sofá, e liguei a televisão. Coloquei em um canal de
golfe qualquer e me pus a prestar atenção no jogo.
Estacionei meu carro na vaga determinada, e saí para que pudesse abrir a
porta para Bella. Ela agradeceu e fomos caminhando, foi só quando estávamos
a poucos metros da porta do restaurante que ela arfou.
– Sim, ma chérie. Agora vamos logo, que você precisa apreciar a vista lá
de cima.
– Edward Cullen.
Assenti e ela foi nos guiando até uma mesa que ficava próxima a uma
ampla janela de vidro, dando-nos uma visão exclusiva da maravilhosa noite de
primavera que adornava Paris.
– Nossa, a vista aqui é linda – Bella comentou, sentando-se ao meu lado.
– Uma vista linda, para uma noite magnífica. Nada mais justo, não
concorda?
– Perfeitamente.
– Espero que sim, vou adorar conhecer seus pais. Eles chegam daqui a
dois dias, certo?
– Sim, Edward! Sim! Meu Deus, de todas as formas clichês e não clichês
possíveis! Eu aceito sim ser sua namorada.
Um sorriso torto nasceu eu meus lábios e eu me inclinei para poder dar
um casto beijo em Bella, agora, minha namorada. Rematei o beijo com um
breve selinho e me afastei.
Fiz um sinal com as mãos para o garçom, e ele logo veio trazendo a
garrafa de vinho que eu havia pedido. Colocou-a na mesa, servindo as duas
taças e serviu. Bella pegara uma e eu peguei a outra.
Corri até meu closet, e tirei de lá uma camisa de malha preta. Coloquei-a
em Bella, e puxei o vestido com cuidado. Dobrei-o e o coloquei em uma
poltrona solitária que ficava em um canto da parede.
Minha namorada.
– Desculpe, não foi minha intenção. Mas então... o que você está
cozinhando?
– Ótima idéia.
Ao entardecer, Bella disse que tinha que ir embora, pois precisava dar um
jeito em seu apartamento. Segundo ela, não seria agradável os pais chegarem e
encontrarem aquela bagunça.
– Você sabe que eles podem ficar aqui, e você também – disse-lhe.
– Certo.
Bella sorriu e se inclinou no banco para selar nossos lábios.
E saiu.
Fiquei uns bons minutos no telefone com minha mãe, e assim que
desliguei, meu celular começara a tocar. Franzi as sobrancelhas e notei que era
Bella. Rapidamente atendi, preocupado.
Sim. Estar ao lado dele era algo maravilhoso e me fazia sentir completa,
como se eu fosse feita para ser dele. E cada célula do meu copo implorava por
sua volta, no momento em que ele partia.
– Sim, mas...
– Mas?
Peguei-o e tentei ligar para Edward. Tentei por alguns minutos, mas seu
celular só dava ocupado, então esperei alguns minutos e retornei a ligação.
Edward atendera no mesmo instante, e para não deixá-lo muito preocupado,
eu apenas disse que era algo urgente. Ele disse que estava chegando, e a
última coisa que eu escutei foi o barulho do carro acelerando antes de ele
finalizar a ligação.
– Mas...
– Certo.
– Edward?
– Pois eu estou – ri. – Vai dizer que a mamãe não lhe disse nada?
– Ok, ok... ela disse. Mas eu ainda quero conversar com esse Edward,
saber quais são suas intenções com você.
– Tudo bem, tudo bem... Agora vou desligar, pai. Já está tarde aí e o
senhor precisa descansar para a viagem.
– Ele disse que quer conversar com você, saber suas intenções.
– Alguns chocolates...
Corei e vi seu olhar passar por todo o meu corpo, sorrindo ao ver meu
visual mais criança. Eu sorri também e inclinei-me para dar-lhe um longo
beijo em seus lábios.
– Bella, querida! Como você está linda, meu Deus, que saudades.
– Papai!
– É um plaisir conhecê-los.
– Edward não fala inglês muito bem – expliquei aos meus pais. – Usem
um pouco do francês que vocês conhecem com ele, por favor, ok? E ele disse
que é um prazer conhecê-los.
Edward sorriu para ela e eu fui mostrar minha mãe o quarto em que ela
ficaria com meu pai e deixei os dois homens da casa sozinhos na sala. Meu pai
e Edward conseguiriam se falar bem, já que meu pai sabia falar francês tão
bem quanto eu.
– Eu sei – ri. – Ele é tão romântico, mãe. Eu nunca liguei muito para
essas coisas clichês de romance e tudo mais, a senhora sabe. Mas é tão bom
viver o meu conto de fadas. É tão bom tê-lo ao meu lado, ele me faz feliz.
– Não muito – riu. – Seu pai é um homem sábio. Gostei bastante dele.
– Claro que sim! Mas não é algo que eu posso contar a você...
– Quantas horas?
– Quase dez.
Fiz cara feia, olhando suas roupas. Eu tinha certeza que aquilo não era um
pijama.
Sorri e voltei até a cama, dando-lhe outro beijo e pedindo que ele
esperasse um pouco, para que eu pudesse me arrumar.
– Obrigada – sorri.
– Então, vamos?
Eu já sabia sobre esse jardim que Esme possuía, mas não fazia idéia da
imensidão do lugar. Havia rosas de todas as cores ali, que eu me sentia
perdida. O gramado verdinho e decorado com uma mesa retangular e
comprima, na qual estava posto um maravilho banquete típico da páscoa aqui.
– Mãe quero que conheça Bella Swan, minha namorada – Edward disse e
Esme sorriu, abraçando-me.
– Oh! Não sei se Bella já lhe contou, mas meu irmão Edward é um
excelente jogador de golfe. Talvez ele possa lhe ensinar.
Edward me olhou um pouco confuso não sei se foi pelo fato de Emmett
falar um inglês tão bom assim, ou se pelo fato de ele ouvir sem nome e não ter
entendido a frase.
– Hm... Edward?
– Sim?
– Ah! É meio que uma tradição, meus pais chamam as crianças mais
carentes na páscoa, geralmente as crianças do hospital, e elas vêm aqui para
ganhar chocolates. Antes da páscoa, todo o jardim é preparado e é escondido
ovos de páscoa e galinhas de chocolates por todo o jardim, para que elas
possam procurar.
– Nossa – sussurrei -, isso é... nossa! Uma iniciativa legal de seus pais.
Era lindo. Cores quentes, divididas entre o marrom e o creme, com uma
decoração mais clássica. Não era como os quartos de adolescentes comuns.
Havia uma prateleira na parede ao lado da porta, com centenas de CDs e
DVDs. Do outro lado havia uma mesa de escritório com
um computador daqueles que eu não via há anos e alguns papéis. No centro
estava uma enorme cama box e ao fundo uma parede composta por uma única
janela de vidro.
– Meu pai é uma figura, espere só até ele te contar algumas histórias. Ele
é louco!
– Acho que você puxou sua mãe – comentei. – Esse jeito certinho de ser.
Levantei meus braços e o abracei pelo pescoço, deixando que meus dedos
passeassem por alguns fios acobreados de seus cabelos.
– Tudo bem, mas depois quero te mostrar a sala que fica no último andar.
– Sim – riu.
– E o que fica nela?
Meus pais haviam adorado todos ali, eles ficaram mais tempo
conversando com Emmett, Rosalie e Jasper, já que os mesmos falavam inglês
melhor. Carlisle realmente era uma figura, se lambuzando com chocolate
como se fosse uma criança.
Mas ele tinha seu lado sério, dando sermões nas crianças quando era
necessário. Só fomos sair de lá, quando já se passava das oito horas da noite.
Quando vi que não tinha mais o que enrolar naquela banheira, saí dela e
me enxuguei. Abri o ralo e deixei que a água escorresse e fui me secando.
Coloquei uma camisola fresquinha, e depois escovei meus dentes.
Dei um beijo em sua testa e fui para o quarto. Edward já estava deitado
na cama e lia um livro qualquer. Ele sorriu ao me ver, e colocou o livro que
estava lendo na mesinha.
– Um pouco... – bocejei.
– Realmente, brincar de tradutora o dia todo não deve ser muito legal
assim.
– Segredo feminino – sussurrei, da mesma forma que ele falara mais cedo
comigo.
Encontrar com meus sogros à primeira vista, fora uma coisa realmente
constrangedora. Quando eu os vi pela primeira vez no aeroporto meu coração
ficou extremamente acelerado e eu podia sentir gotículas de suor se formarem
em minha testa.
Fomos para o apartamento e Bella levou Renée até o quarto, para deixar
seu pai a sós comigo.
– Deseja beber algo? – indaguei, tentando não falhar com meu inglês.
– Edward, eu não sei se Bella já comentou isso com você, mas... mas
Renée sempre teve problemas para engravidar. Antes de Bella, minha mulher
sofrera três abortos. O útero dela não era capaz de suportar uma gravidez,
entende?
“Você deve estar se perguntando: onde ele quer chegar com isso? Eu
quero que você entenda, Edward, que você entenda que Bella é especial. Ela é
a nossa vitória, nosso pequeno milagre. Eu posso ver que você a ama, que
você quer cuidar dela... e isso é tudo o que eu te peço, rapaz. Que você nem
sequer pense em magoá-la. E eu sei que você não o fará.”
– Com toda certeza não o farei. Bella é tudo pra mim, e machucá-la, seria
como machucar a mim mesmo.
Assenti e fitei a parede. Pelo olhar de Charlie, eu sabia que havia mais
coisas na história de Bella, e sabia também, que na hora certa ele ou Bella me
contariam. Eu não tinha a mínima idéia sobre o que conversar com ele, afinal
eu não sabia nada a seu respeito. Não sabia quais coisas poderiam interessá-lo
e quais ele mais detestava. Na verdade eu só ficava pensando em suas
palavras. Eu sempre vi Bella como uma forma de milagre, e agora eu entendia
que ela não era apenas o meu milagre.
_
Charlie e eu tivemos uma conversa bastante amigável e eu descobri o
quanto éramos parecidos. Foi divertido, já mais ao final da noite ele declarou
estar cansado e eu disse para ele ir dormir.
Eu posso ver que você a ama, que você quer cuidar dela... Que você a
ama... Que você a ama... a ama... ama...
Fomos para a casa de meus pais e passamos o dia lá. Meu pai adorou
conversar com Charlie, e, apesar de não se falarem muito, minha mãe adorara
ficar com Renée.
– Não, não, Elizabeth! Vire seu rosto um pouco mais para direita, sim?
Incline o queixo para cima e faça uma expressão de dor.
– Irina incline-se um pouco para sua esquerda, sim? Agora leve a mão
direita dando uma leve amassada nos cabelos e dobre um pouco o joelho
direito. Isso, linda! E Faddei, incline-se para frente e procure fazer um olhar
perdido. Apóie as mãos nos dois joelhos e levante a cabeça para direita. Isso,
perfeito...
– Edward! Precisamos que você tire umas fotos da Isabella, sim? Ela está
se trocando e você deve ir para o estúdio 4.
Então eu a vi. Bella estava... fantástica? Não... isso era pouco para
tamanho requinte. Ela usava um vestido de noiva tomara-que-caia que
grudava em sua cintura e começava a se abrir formando uma calda cheia e
com detalhes florais. (Link do vestido)
Simplesmente... minha.
Aquele era o meu casamento? Não, não... era o nosso casamento. Pisquei
algumas vezes, e vi Bella entrar na igreja. Ela sorria feito uma boba e eu
estava com o mesmo sorriso.
Edição de maio.
Claro.
Sim. Era um vestido de noiva curto. Ele batia pouco acima do meio de
suas coxas e era em um formato de tubinho, moldando-lhe bem as curvas e,
principalmente, os seios, proporcionando um maravilhoso decote. O véu – ao
contrário do vestido – era enorme e dava um charme sensual ao vestido.
Bella sorria, fazia as poses que eu pedia. Geralmente não era eu a fazer
essa parte do ensaio, mas o responsável por isso – Matt – estava de licença
devido a uma cirurgia de urgência que havia feito ontem.
Respirei fundo, sabendo que esse seria o ensaio mais longo que eu já
fizera.
– Você sabe que eu não estou perguntando sobre isso, por favor. Ew!
– Está certo. Que tal irmos àquele restaurante que eu amo tanto? Tenho
certeza de que os pais de Bella vão adorar.
Impossível definir. Apesar de saber cada segundo ao seu lado, dizer que
eu a conhecia a tão pouco tempo, parecia a pior mentira já contada na história.
Por mais que fosse verdade.
– Hoje você está tão viajado... – Bella sussurrou, deitando-se sobre mim.
Senti meu corpo vibrar. E não era a mesma vibração de sempre. Parecia
algo maior. Um desejo consumia minhas células, e instintivamente eu tomei
sua cintura em minhas mãos, no momento em que eu a beijava ferozmente.
Bella não sabia dessa foto. Na verdade, eu julgava que ela nem ao menos
se lembrava de mim. Que ela nem devia ter me notado no dia em que eu a
tirei. Eu tinha receio de contar isso a ela... talvez um dia. Talvez...
Dei um beijo em sua testa e segui para o banheiro. Olhei para minha
banheira, havia tanto tempo que eu não a utilizava. Geralmente eu tomava
banho ali nos dias em que eu estava nervoso demais, e então pegava um bom
vinho, com uma música clássica e passava horas ali, esvaziando minha cabeça
de pensamentos que me estressassem ainda mais.
Sorri, eu não precisava mais dela. Agora eu tinha Bella, e não havia
forma alguma de estar estressado, estando ao seu lado.
_
Ao sair do banheiro, enxuguei-me e vesti uma roupa social. Não algo que
me deixasse formal demais, mas que não me deixasse com aparência
desleixada. Dei uma penteada em meus cabelos e coloquei meu relógio de
estimação no pulso direito.
Foi só quando separei nossos corpos, que eu pude reparar melhor em suas
roupas. Bella usava um corpete branco tomara que caia, junto com uma saia
de cintura alta florida e um cinto vermelho um pouco abaixo dos seios. Em
seus pés estavam sapatos altos, também na cor vermelha e em seu braço um
casaco preto. (Link do look)
Bella assentiu e ofereci meu braço a ela, que aceitou sem nem pensar.
Sorrindo, fomos para a sala e encontramos seus pais a nossa espera.
Eu nunca tinha notado como a mãe de Bella se parecia com ela, mas
agora, olhando-a melhor eu podia ver claramente os traços da filha em seu
rosto. Renée era uma espécie de Bella mais velha, mas é claro que nada se
comparava a beleza de Bella.
_
Quando chegamos do restaurante, já se passava das onze horas. Fora uma
noite bastante divertida. Minha mãe e Esme marcaram um dia de compras
para o dia de amanhã, e eu e Charlie marcamos um jogo de golfe. Eu o levaria
ao clube que era sócio para além de conhecer, jogar uma partida comigo. Meu
pai trabalharia o dia todo e não poderia ir, e Bella passaria parte do dia na
revista e depois encontraria com minha mãe e Renée.
– Tudo certo, boa noite rapaz – tocou meu ombro. – Boa noite, filha.
Ele deu um beijo na testa de Bella e foi para o quarto. Renée despediu-se
de nós e foi logo em seguida. Bella e eu fomos para o quarto e ela pediu um
minuto, enquanto ia no banheiro se trocar.
Fui até a cozinha onde preparei um café preto e forte e o tomei. Logo
Charlie chegou à cozinha, usando roupas parecidas com as minhas.
– Aceita um café?
– Você notou que eu não lhe contei tudo a respeito de Bella, certo?
– Sim, eu até poderia indagar isso a ela, mas tenho medo de provocar
alguma ferida...
– Tomarei o seu silêncio como um sim. Bom, meu rapaz, você nunca se
perguntou o motivo de Bella mudar tanto de lugar? Viajando sempre assim?
– Na verdade, não.
“Bella começou a se isolar do mundo, pois, de certa forma, ela sabia que
iria morrer. Ela não queria se apegar a mais ninguém, por isso começou a se
isolar de tudo. Pouco falava até comigo e sua mãe!
“Quando chegamos lá, ele estava nervoso, e então nos disse que havia
ocorrido uma falha no sistema do hospital e que na verdade o laudo era falso.
Eu fiquei furioso, queria processar o hospital, comecei a gritar e só parei
quando escutei o choro de Bella.
“Ela não chorava por raiva, mas por emoção. Ela levantou e abraçou o
médico, agradecendo-o. Renée também chorava emocionada. Então meus
gritos cessaram. E eu fui entender, aquele era apenas mais um milagre.
“Bella não tinha nenhum tumor, era completamente saudável e não
perderíamos nossa filha. E essa é a história de Bella”
– Tipo isso...
– Por fim, Bella resolveu curtir a vida. Ela havia encarado uma falsa
morte, e sabia bem essa sensação. Então decidiu que queria viver cada
momento intensamente.
– Mas o que isso tem haver com ela sempre estar mudando?
– Ela prometeu que conheceria cada país desse planeta. Ou pelo menos
grande parte deles. Mas agora acho que ela vai quebrar essa promessa...
– Por...?
– Eu sempre disse isso a ele – Esme sorriu. – Sempre disse que ele
costuma ser certinho demais.
Agora estávamos na cafeteria de Rosalie, quis levar minha mãe lá, para
mostrar onde eu trabalhei por algum tempo.
Sorri, lembrando-me que havia me inscrito apenas para ficar mais perto
de Edward. Os próximos minutos, nós passamos falando sobre o próximo
feriado prolongado, no qual iríamos passar na América. Esme ficara feliz com
o convite de mamãe, dizendo que seria um imenso prazer.
Deixei minha bolsa em cima do sofá e segui para o quarto. Tudo indicava
que Edward ainda não havia voltado. Com um suspiro, peguei minhas coisas e
adentrei o banheiro. O clima estava perfeitamente agradável para um delicioso
banho de banheira, por isso abri as torneiras da mesma e joguei alguns sais de
banho. Retirei minhas roupas, coloquei um roupão, e esperei que a banheira
ficasse cheia – o que não demorou muito.
Meus pais iriam embora e eu ficaria mais alguns dias com Edward.
Sozinha. Não sabia dizer o motivo de esses pensamentos terem feito meu
corpo todo estremecer, mesmo que meu corpo tivesse completamente
submerso na água quente. É claro que eu entendia as necessidades do corpo
humano, sabia que Edward e eu um dia chegaríamos a fazer sexo, mas… será
que estávamos realmente prontos para tal ato?
– Já disse que amo vê-la sorrir assim? – A voz soou, no mesmo instante
que eu via Edward perto da janela, sorrindo para mim.
Abri os olhos para lhe encarar e dizer que também havia sentido sua falta,
mas algo em seu olhar me impediu. Edward olhava de uma forma tão…
diferente. Mas não diferente de uma forma ruim, era como se ele fosse capaz
de pular na frente de uma bala apenas para salvar-me.
– Ei, ei… porque você está chorando? – indagou, e só então notei o quão
meu rosto estava molhado. – Foi algo que eu disse?
Eu podia responder, mas sabia que nado do que dissesse chegaria perto de
suas palavras. Simplesmente alinhei-me mais ao seu peito e deixei minha
respiração pesar-se.
Dessa vez fechei meus olhos e permiti-me dormir realmente. Tudo ficaria
bem. Era apenas um medo tolo. Isso.
Enquanto o café não chegava, tomei um banho rápido e vesti uma roupa
confortável; um vestidinho preto e cinza, sandálias com salto médio e amarrei
meus cabelos em um rabo-de-cavalo alto.
–…ando. Está vendo? Deve ser o café. Ande logo, pois não podemos nos
atrasar.
– Bom dia, mãe – sorri. – Você e o papai precisam ser rápidos, certo?
Temos que estar no aeroporto em menos de duas horas. Arrumem-se e
venham que estou colocando a mesa para o café.
Não dei tempo para que ela me respondesse e voltei a sala de jantar, onde
arrumei a mesa, colocando tudo o que eu havia pedido, nada a mais que
alguns crepes, croissants, pães francês. Havia também um maravilhoso suco
natural de laranja, café forte e cappuccino expresso.
– Nossa…
– O que foi?
Cada um foi para o andar que trabalharia e eu fui logo levada por um dos
estilistas para fazer a prova das roupas para a próxima revista. Seria estranho
dizer que eu estava amando esse trabalho?
De fato, é algo que eu nunca, em toda a minha vida, imaginei fazer, ainda
mais com minha vida sendo tão instável. Cheia de constantes mudanças, seja
elas de trabalhos, casas, cidades, países e até mesmo, continentes. Mas
trabalhar como modelo despertava em mim, meu lado mais vaidoso.
Isso era bom, parecia não só me agradar, como parecia agradar Edward
também.
Cerca de trinta e cinco minutos depois, ele estava liberado e veio ao meu
encontro. Saímos juntos da revista e fomos para o carro. Pouco se passava das
três da tarde.
Edward riu, e eu me pus a rir também. Escutar sua risada era tão
contagiante, que era impossível não rir junto. Ele virou o carro na esquina e
fomos para o café de Rosalie.
Infelizmente ele não estava lá, ocupada demais com seu casamento.
Sentamos em uma mesa mais afastada e fizemos nosso pedido.
– Bella, o casamento ocorrerá daqui uns quatro meses ainda. Não é tão
pouco tempo assim.
– Eu t…
– Sh… não precisa dizer nada, depois resolveremos isso, certo? Por
enquanto você ficará comigo e olharemos seu apartamento ainda hoje, se é do
seu desejo, ok?
Assenti e lhe dei um selinho. Foi maravilhoso saber que eu não sou a
única a ter medo de perdê-lo.
Assenti e ele puxou-me para mais perto, só então notei que o filme que
estávamos vendo – O Fabuloso Destino de Amelie Poulain – estava chegando
ao fim, e os créditos finais rolavam na televisão de Edward.
– O que?
Acordei e notei que Edward estava sentado ao meu lado, de costas para
mim, olhando uma foto. Abracei-o por trás e encostei minha cabeça em seus
ombros e espantei-me ao ver a foto.
Puxei seu rosto para o meu e o beijei de forma lenta. Céus! Como ele é
perfeito para mim. Finalizei o beijo e o encarei intensamente.
– Eu t…
– Claro.
– Vamos começar então? Eu tenho esse filme aqui, e ele tem algumas
fotos que eu tirei… confesso que algumas são fotos suas.
– Minhas?
– Claro, adoro tirar fotos suas quando você não está fazendo pose. Fica
tão…
– Espontâneo?
– Isso.
Ele sorriu, e como eu estava com a câmera, bati uma foto sua. Sorri
marota e ele maneou a cabeça, rindo novamente. Tirei mais uma foto e
comecei a gargalhar.
– Ok, pare com isso – riu, enquanto eu tirava mais uma foto.
– Não, agora quero ter muitas fotos suas. Mas por hoje eu paro amanhã
tiro mais – sorri.
Fui fazendo o que ele pediu, e ele foi me explicando a função de cada um
dos líquidos. Sendo o primeiro chamado de líquido revelador – o qual a
função era clara para mim -, o segundo era o líquido stop e por último
o fixador.
– Agora temos que verificar se toda a sala está lacrada, para que não entre
nenhum feixe de luz.
– Ontem você disse que tinha algo para me dizer e algo para me pedir.
Estou curiosa – disse.
– Ah, é mesmo! Quase me esqueci… é que bem, vou ter que viajar depois
de amanhã. Vou para o sul da frança, fazer um ensaio para a revista, mas a
boa notícia é que eu volto em dois dias.
– Ah! Que bom, honey – disse realmente feliz. Essa viagem abriria novas
portas para ele. – E o pedido?
– I Love you.
– Eu sei.
– Então…
Ele sorriu, e eu nunca havia visto um sorriso tão puro e verdadeiro como
aquele. Deixei o caderno de lado e aproximei-me de Edward, o qual me
abraçou ternamente, beijando-me logo em seguida.
Deitou-me na cama e seguiu com os beijos por todo meu rosto. Acariciei
seu rosto e abri os olhos, vendo-o ali, encarando-me da forma mais terna e
carinhosa possível. Ele escovou minhas bochechas lentamente e eu suspirei,
sentindo sua outra mão descer até a barra do vestidinho azul que eu usava.
Edward retirou-o de forma lenta, e em momento algum, desgrudou nossos
olhares.
Seu olhar passou pelo meu corpo, e eu pude notar seu olhar enquanto ele
analisava meu corpo seminu. Não havia sinais de malícia ali. Tudo o que eu
via no olhar de Edward se resumia a uma única palavra: amor.
Ajudei-o a retirar suas roupas, e quando ele estava apenas de cueca, voltei
a beijá-lo. Pude sentir a mão de Edward deslizando pelo meu pescoço e indo
de encontro ao fecho traseiro de meu sutiã. Ele o retirou e acariciou meus
seios com carinho, encarando-me a todo o instante. Acariciei-lhe o peitoral e o
senti tremer.
Fiz o que ele pediu e o encarei, vendo-o movimentar sobre mim. Enlacei
minha perna direita em sua cintura e o fiz ir mais fundo.
Joguei a cabeça para trás, e Edward mordeu meu pescoço. Puxei seus
cabelos e beijei-o nos lábios de forma apaixonada, sendo atingida pelo melhor
clímax da minha vida.
– Eu também te amo.
Demos mais um beijo e com isso ele se foi, levando consigo parte de meu
coração.
Já no sábado, aproveitei o dia livre e fui dar uma volta pela cidade.
Edward e eu não nos falamos no sábado, mas eu estava feliz, pois sabia que o
veria amanhã. Eu não fazia ideia de como o encararia, não depois de tudo o
que compartilhamos.
Sorri. Talvez… talvez eu pudesse fazer uma surpresa a ele. Mas eu não
sabia o que fazer.
Fui até o estúdio e peguei as fotos que havia revelado, espalhando-as pelo
chão e seguindo um caminho até o quarto. Mordi o lábio e vi que havia
esquecido a foto de nós dois que eu colocaria na porta. Dei uma rápida olhada
no relógio, eu ainda tinha uma hora.
Bella.
Deixei o papel sobre a mesa e fui para o estúdio revelar a foto para pregar
na porta do apartamento e me esconder no quarto. Peguei os recipientes que
colocaria os três líquidos e comecei a derramá-los.
Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas o vidro virou sobre mim e
um líquido amarronzado derramou em meus olhos. A última coisa que eu
senti, foi um baque em minha cabeça, antes de tudo ficar escuro e eu apagar
definitivamente.
Deixar Bella em casa depois de tudo o que fizemos não foi a melhor coisa
que pudera me acontecer, mas eu precisava fazer isso. Minha carreira
dependia dessa viagem. Por isso, sem reclamar, eu segui até o aeroporto onde
encontrei com a equipe da revista e fomos no avião particular para o nosso
destino: Mônaco.
– Edward, chegamos.
Passar esse pouco tempo em Mônaco foi até agradável, eu diria. O lugar é
maravilhoso, com uma arquitetura de dar inveja e paisagens lindas. Mas eu
realmente sentia falta de Paris. Sentia falta da minha cidade da luz. Mas,
acima de tudo, sentia falta de Bella. Sentia falta daquilo que compartilhamos
na noite em que eu tive que partir.
O caminho de helicóptero até o aeroporto não foi longo, mas assim que
adentrei o avião, apaguei completamente.
Acordei pouco antes de pousarmos e estava feliz por chegar mais cedo do
que o previsto. Assim que pisei no solo parisiense senti uma imensa vontade
de ligar para Bella, avisá-la que eu já estava chegando. Mas a surpresa seria
melhor, não seria?
Bella.
– Bella? – chamei.
Estranhei não obter nenhuma resposta e fui até o banheiro, ver se ela
estava lá. Talvez ela estivesse na banheira e havia adormecido. Mas não a
achei. Comecei a sentir uma dor estranha no peito e voltei para a sala.
– Bella? Isso é alguma brincadeira?
Nunca.
– Ela está fazendo uns exames, ninguém ainda veio me dizer nada. Todos
passam direto…
– Sr Cullen?
Levantei-me de supetão ao ouvir a voz do médico e o encontrei
encarando-me.
– Cega?
– Normalmente eu não poderia deixá-lo vê-la agora, por isso peço que
seja discreto e não demore ok?
Ali estava ela, a razão do meu viver, deitada em uma cama de hospital,
usando trajes que a deixavam com uma aparência ainda mais doente. Seu
rosto estava pálido e os lábios secos. Os cabelos pareciam sem vida e eu daria
tudo para ver seus olhos.
– Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu vou fazer ficar bem. Eu vou, eu
vou… Eu preciso ir agora, mas eu volto. Eu te amo, viu?
Quando cheguei à sala de espera, não foi preciso dizer nada, logo os
braços fortes do meu irmão abraçaram-me. Eu sabia que Emmett também
estava sofrendo. Todos nós estávamos. Mas sabia também que nenhuma dor
era maior que a minha.
Uma semana e Bella ainda estava em coma. Eu não aguentava mais vê-la
daquela forma. Eu não saía do hospital por nada. Alice havia buscado algumas
roupas para mim e minha sorte é que por uma semana eu estava de folga na
revista. Mas, infelizmente, hoje eu teria que ir. A diretoria da revista já estava
ciente de tudo o que havia acontecido com Bella e seria bem provável que ela
não voltasse a trabalhar como modelo.
– Eu ligarei.
O dia não foi muito agradável. Eu tirei fotos monotonamente das modelos
e fiz o processo de revelação da mesma forma. Fui à reunião, sentei-me e fingi
prestar atenção no que o diretor falava, enquanto, na verdade, eu pensava em
Bella. Comi. Descansei. Tirei mais fotos. Olhei o celular; nenhuma ligação.
Tomei café. Editei fotos. E nenhuma ligação.
– Renée?
Os pais de Bella não puderam vir, pois o país estava em alerta a algum
atentado então os aeroportos estavam em sua maioria bloqueados.
– Tudo na mesma, Renée. Eu tenho fé que Bella acorde logo. Estou indo
agora mesmo para o hospital, quando chegar lá, se tiver notícias, eu lhe ligo.
– Aqui também.
Era ela. Minha Bella. Ela estava bem. Ela havia acordado. Finalmente.
– Emmett?
Abri a porta esperando por tudo, menos por aquilo que eu vi, ou melhor,
ouvi.
– Sim, Bella. Sou eu. O Edward já está chegando, ok? Fique calma.
Ela… ela não se lembrava de mim? Tudo escuro? Então ela havia ficado
cega?
– Doutor, por favor, Bella acordou. Mas ela está falando coisas
estranhas…
– Então, Doutor?
– Talvez ela não se lembre de alguns fatos da infância, mas sua memória
mais recente, isto é, a de alguns meses atrás até o dia de hoje, esta
completamente danificada e ela não se lembra de nada. Mas com alguns
exercícios e ajuda dos familiares e amigos mais próximos, ela pode sim
recuperar a memória, ou pelo menos, boa parte dela.
Estático, sem conseguir dizer nenhuma palavra, apenas assenti e saí dali.
Não consegui entrar no quarto de Bella para vê-la. Peguei as chaves do carro e
fui dirigir sem destino.
Céus! Tudo isso era minha culpa! Eu tirei Bella de seu curso natural. Eu
havia ensinado-a a revelar fotos. Eu havia apresentado esse mundo a ela.
Nada.
–
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
AAH!
Se…
“– Eu não sei os motivos que a fizeram chorar. Mas saiba que farei o que
eu puder para que esse ato não se repita novamente. Eu farei de tudo, Bella,
apenas para deixá-la a salvo. Seja do que for.”
Ela calou-se ao ver meu rosto inchado de tanto chorar e correu em minha
direção.
Por fim, acabei de colocar tudo em seu devido lugar em meu antigo
quarto, que agora seria meu novo quarto e olhei para a porta. Vendo minha
mãe encarando-me com os olhos embargados.
Olhei para baixo e senti uma lágrima escorrer. Ouvi os passos da minha
mãe e então senti suas mãos pequenas afagando minhas costas.
– Talvez s…
– Você é adulto, meu bem. Tem total controle de suas decisões, certo?
Independente de tudo, eu sou sua mãe e irei apoiá-lo.
– Obrigado.
Mas eu não seria mais capaz de viver aqui. Não depois de tudo. Passei a
mão pelas paredes e fui caminhando até minha antiga sala de revelação. Olhei
para o chão e senti meu estômago se embrulhar. Fora exatamente aqui que eu
havia encontrado Bella. O pote do fixador ainda estava jogado em um canto
qualquer do chão.
Guardei a foto de novo e vi uma de nós dois. Passei o dedo sobre ele e a
guardei no bolso da minha camisa.
Saí dali e voltei para a sala. Alice estava sentada no sofá, usando uma
roupa completamente preta e óculos escuros.
– Alice…
– Ok, ok… Você não vai e escutar, como sempre. Mas isso não vai dar
certo! Um dia ela vai sim descobrir tudo. O médico disse que era provisório…
Argh, você é tão teimoso!
– Certo – bufou.
Dei uma última olhada em minha antiga casa e suspirei. Era hora de
uma nova vida.
Eu pensei ter ouvido vozes. Na verdade, apenas uma voz. E ela suplicava.
Na verdade, ele suplicava. Parecia alguma espécie de anjo. Eu não sei.
Porque ele estava me chamando de vida? Eu podia jurar que meu coração
havia acelerado em apenas escutá-la. Era tão doce…
Mas isso não fazia sentido. Se isso fosse mesmo o inferno, porque tria um
anjo tão doce falando comigo?
Mas não veio resposta. Ao invés disso eu senti ser apoiada em algum
lugar e tudo se foi.
Bom, se fosse mesmo uma cama ela deveria ser no mínimo duas vezes
maior e três vezes mais confortável. Eu sentia fios passando pelo meu braço,
prendendo-me. Sentia algo preso em meu indicador direito. E ouvia alguns
passos ao longe. Alguns murmúrios soavam ao longe.
Onde eu estava?
Mas tudo continuou escuro. Porque ainda estava escuro? Eu tentei manter
a calma. Eu sentia meu corpo todo pesado, talvez eu estivesse naquele estágio
da manhã onde você está meio que dormindo e acordando. Aquele que você
abre os olhos, mas a claridade é tanta que você os fecha de novo. Eu poderia
ter aberto e fechado rápido demais para sequer notar…
Mas eu sabia que não podia estar em meu quarto… Afinal, meu colchão
não era dos melhores, mas com certeza era mais confortável do que isso em
que eu estava deitada. O tamanho também era diferente. Até mesmo
o cheiro costumava ser diferente.
Chega, ordenei a mim mesma. Abra os olhos, Bella. Não tenha medo.
E abri.
Escuridão.
Era tudo que estava a minha frente. O bip irritante começou a ficar mais
rápido novamente, e eu senti o desespero crescer em mim. E, talvez, no ato
mais desesperado que já tive, comecei a gritar.
Senti meu corpo relaxar, mas não o suficiente. Porque diabos eu ainda via
tudo escuro? Ou melhor, porque diabos eu não via absolutamente nada?
– Sim, Bella. Sou eu. O Edward já está chegando, ok? Fique calma.
Eu estava cansada desse escuro todo! Sentia uma dor forte na cabeça,
como se a qualquer momento ela fosse estourar em mil pedaços.
Edward?
Porque Emmett havia mencionado esse nome? Por mais que soasse
charmoso, de uma maneira completamente encantadora, eu sequer conhecia
alguém chamado Edward. A não ser o irmão de Emmett, mas nunca o havia
visto em toda minha vida. Não só por falta de oportunidade, mas também por
ele não era bem o meu tipo. Céus, o que eu estava pensando?
– Emm? – sussurrei.
– Onde eu estou?
– Sim.
– Ok.
Eu conseguia imaginar.
– Sim?
– Sh… vai dar certo. Isso não pode ser o fim do mundo, certo?
– Eu aprendi com o tempo… Ah, Emm! Sua futura noiva vai ficar
desapontada comigo! – fiz biquinho.
– Eu marquei uma entrevista com ela para hoje. Mas estou empacada
nesse hospital! Aliás, porque mesmo eu empaquei diviníssimo aqui?
E isso me assustou.
– Não é nada, Bells. Eu só acho que isso é algo que um médico se sinta
mais confortável em dizer do que eu entende?
_
– Então foi isso que aconteceu? Eu estava em meu apartamento lavando
algumas roupas, quando um cano estourou bem na minha frente. Então com a
pressão da água eu caí, batendo a cabeça e derrubando o balde com o líquido
de tira manchas em meu rosto?
– Por isso a perda de memória e a cegueira? Isso soa tão típico de mim…
– Srta Swan em relação a sua perda de memória, tenho que dizer que ela
não é permanente. Com o tempo ela voltará, e se seus amigos a ajudarem, ela
voltará ainda mais rápido.
– Claro.
Eu sabia disso.
Nada na vida acontecia por acaso. Tudo tinha um propósito, uma meta. A
vida era assim; sempre querendo nos passar uma lição. Seja ela positiva ou
não. E geralmente, quando acontecia alguma desgraça, sempre viria algo bom
depois. Foi isso que eu aprendi.
Não existe um pequeno ditado – era um ditado? – que dizia assim: depois
de toda tempestade sempre haverá um sol?
– Srta Swan?
Então tudo voltou ao normal. Abri meus olhos, não que isso fosse mudar
algo e sussurrei uma resposta.
– Sim, Doutor?
Ele se despediu e assim que o ouvi fechar a porta comecei a chamar por
Emmett. Escutei o barulho e algo caindo e comecei a rir, imaginando-o caindo
no chão.
– Oh, Bells! Eu estou tão feliz! Enfim, quando vai ser a cirurgia?
– Claro.
Edward? De novo essa história de Edward? Será que era alguém que eu
conhecia?
Eu senti uma mão deslizar pelo colchão, bem ao lado de minha perna.
Isso fez minha pele estremecer, não de medo, ou frio. Parecia mais com
ansiedade, expectativa. Desejo. Eu pensei em abrir os olhos, mas isso não me
parecia sensato no momento.
– Está na hora – uma voz fina pronunciou-se. – Você vai acordá-la se não
formos.
Eu não sabia quanto tempo havia se passado. As únicas coisas das quais
eu sabia, era de que a cirurgia já havia durado uma hora e que no momento eu
estava deitada na mesma cama de antes, com uma faixa vedando meus olhos.
– Emm? – chamei.
Eu sentia sua voz feliz, mas por trás dela havia uma tristeza profunda. Ele
havia brigado com Rosalie?
– Eu acho que você não deveria ter passado tanto tempo aqui… -
murmurei.
– Não é isso… é que bem, você passou muito tempo aqui, então teve que
abandonar sua noiva por uns tempos…
– Hein?
– Sua briga com Rosalie. Eu notei que você está meio triste…
– Ah… sim, isso… Minha briga com Rosalie. Não se preocupe com isso,
a gente vai resolver isso. Na verdade, ela já está vindo aqui. E minha irmã virá
com ela.
– Sua irmã?
– Sim. A Alice. Eu já falei dela com você, certo? Ela é noiva do irmão de
Rose.
Edward…
Sorri.
Eu pude ouvi-la bufar baixinho quando Emmett nos apresentou, mas não
falei nada.
– Elas estão visitando uma amiga que também está no hospital, mas elas
já estão vindo.
Logo depois o médico chegou e pediu que todos afastassem da cama para
que ele tirasse a faixa. Meu coração acelerou. E se não tivesse dado certo?
Eu fui sentindo a faixa ir afrouxando em minha cabeça, até ela sumir por
completo. Eu ainda mantinha os olhos fechados.
Fiz o que ele pediu. E tudo foi passando em câmera lenta. A claridade foi
invadindo meus olhos, e aos poucos eles foram desembaçando-se e a imagem
foi ficando mais nítida. Pisquei algumas vezes, para me acostumar com a luz e
senti meus olhos ficarem embargados.
– Vejo que está tudo certo. Os primeiros dias serão mais complicados.
Terá dia que você enxergará melhor e dia que enxergará com mais
dificuldade. É bom que você evite atividades físicas com muito contato. No
primeiro ano após a cirurgia, é aconselhado que você venha pelo menos de
uma a duas vezes por mês para consultar. Pois ocorre o risco de rejeição.
Certo?
Assenti.
Todos riram. Ficamos conversando, mas não passou mais do que uma
hora e eles tiveram que ir. Apenas Emmett e Rosalie ficaram.
– Não seria incômodo? Eu sei que vocês estão preparando coisas para o
casamento e tudo mais…
– Ok. Eu fico.
_
Quinze dias depois
Havia aquele vazio em mim. Sabe aquele que você só se cura quando está
na sua casa, no seu quarto, deitada em sua cama? Então… era exatamente
assim que eu me sentia. Desci do carro de Emmett e me despedi dele,
agradecendo pela milionésima vez a Rosalie por ter cuidado de mim.
Balancei a cabeça. Sem paranóia, Bella, sua memória vai voltar. Assenti
para mim mesma e entrei no elevador.
– Hein?
Eu havia ido até a geladeira e notei que havia um vinho aberto lá. Peguei-
o e olhei. Eu nem gostava tanto de vinho, por que havia aberto um?
_
Finalmente eu havia tomado meu banho relaxante, e agora estava deitada
no sofá, zapeando os canais aleatoriamente quando parei em um canal de
golfe. Porque eu havia feito isso? Estranhamente eu não mudei de canal.
Deixei ali e fiquei observando o jogo. Não era tão ruim assim… era parado,
admito, mas era imprevisível. E assistir àquele jogo me trazia paz.
Uma paz tão boa, que eu quase não notei que estava adormecendo no
sofá. Quase. Levantei-me e desliguei a televisão, de qualquer forma, eu não
estava entendendo nada daquele jogo mesmo…
Fui até o banheiro, escovei meus dentes e deitei. Amanhã seria um novo
dia. Eu voltaria a trabalhar e tudo voltaria ao normal.
Eu cheguei cedo ao café. Tão cedo que quando desci do táxi, Rosalie se
despedia de Emmett no carro. Cumprimentei-o com um aceno, e Rosalie veio
me dar um beijinho na bochecha.
– Foi assim, eu fui até a geladeira pegar algo para beber e achei uma
garrafa de vinho lá aí eu a segurei e nesse momento senti uma pequena
pontada na cabeça e então fiquei escutando um homem gargalhar, enquanto
tomava o vinho… Foi estranho. Acho que eu possa estar recuperando minha
memória.
– Quem sabe? – sorriu fraco. – Mas e depois, o que fez? Foi dormir?
Porque você chegou cedo!
– Não – ri. – Fiquei assistindo uma partida de golfe, não ria. E só depois
de um tempo dormi.
Um homem… balancei a cabeça, vendo que a dor não era tão forte como
ontem. Eu estava me lembrando… eu não havia conseguido ver o rosto dele.
Mas eu vi seus olhos… Ah… sim, eu vi seus olhos. Eram verdes. O mais puro
e brilhante verde que eu já vira em minha vida.
– Sim, sim… foi só uma dor de cabeça. Nada demais – tentei sorri e
voltei ao trabalho.
– Bella, em que mês você acha que estamos, baby? Já estamos chegando
ao mês de Agosto e o casamento da Rose é em Setembro!
– Que legal, nem havia feito a soma… ela se casa no mês do meu
aniversário.
Alice sorriu, como se estivesse tendo uma idéia e anunciou que havíamos
chegado.
– Não é? Amo esse lugar… você quer entrar, ou prefere esperar minha
mãe aqui?
Aquela voz… eu a conhecia. Mas não era possível, eu nunca havia visto
ele antes…
Por que doeu tanto o fato de ele nem se importar em se virar para me ver?
Ou por que eu senti uma enorme vontade de correr até ele e o tocar? Como se
eu quisesse sentir que ele era real…
Balancei a cabeça.
Lavei meu rosto e dei uma penteada em meus cabelos que pareciam ainda
mais rebeldes hoje. Mais uma olhada no espelho… eu não estava tão mal
assim. Minha pele continuava a mesma, pálida como sempre. Meus cabelos no
mesmo tom estranho; um castanho-avermelhado. A única diferença que eu
notava em mim, e era estranho não saber o motivo, eram meus olhos. É claro
que eles continuavam o mesmo de sempre… mas eles estavam diferentes,
como se não houvesse vida neles.
– Alice… - escutei a voz de seu irmão. Ele estava nervoso, ao que parecia.
– Você precisa parar com isso – continuou aos sussurros.
– Se você foi idiota de perdê-la, Edward, eu não serei. Você não pode
privá-la da verdade para sempre, sabia?
– E acha que tomando a dor dela, ela ficará feliz? Ela tinha o direito da
escolha! A propósito, ela está se lembrando, Edward. Rose me disse que
quase sempre ela tem algum flash de memória, não vai demorar muito até ela
se lembrar completamente.
– Chega! – Seu tom de voz ficou mais alto. – Eu não quero mais falar
sobre isso.
Senti uma lágrima escorrer em meu rosto diante de sua frieza, e a limpei,
voltando a descer as escadas.
– Olá, Esme.
Assenti e fomos.
Às poucas horas que passei com elas foram divertidas. Mas eu ainda
estava intrigada; por que diabos elas estavam falando de mim com Edward?
Escolha? E a qual escolha eu tinha direito? Tomar minha dor? Como Edward
havia tomado minha dor? E o que eu preciso lembrar que ele parece ter tanta
raiva, tanto medo?
_
11 de Setembro. Se eu estivesse na casa dos meus pais, certamente estaria
passando milhares de reportagens sobre o atentado que o correu há anos atrás,
mas ao contrário disso, eu estou em Paris, mais precisamente arrumando-me
para a despedida de solteiro de Rosalie.
Ela e Alice disseram que se fosse por eles fariam à despedida no dia do
meu aniversário, dia 13. Mas infelizmente cairia numa segunda e nem todos
iriam. Então comemoraríamos meu aniversário hoje.
– Chega!
Deixei o vestido de lado e peguei outra roupa que havia ali. Separei-o na
cama e vesti um sutiã e vesti uma calcinha qualquer. Estava frio, então vesti
uma meia calça cor de pele. Peguei a blusa de linha cinza que havia escolhido
e a vesti, vestindo depois a saia preta de babados e colocando a blusa para
dentro. Calcei scarpinspretos, e surpreendi-me por não estranhá-los em meu
pé. Eu ainda não sabia de onde havia vindo tantas roupas legais para meu
guarda roupa. Eu não me lembrava de ter quase nenhuma delas antes… (look
da Bella)
Peguei uma jaqueta azul – quando é que eu dei dinheiro comprando uma
jaqueta dessas? – e a vesti. Eu tinha que admitir, era bonita. Deixei a jaqueta
aberta, pois achei que assim ficaria melhor e passei meu perfume. Peguei uma
bolsa preta e saí de casa. Eu não estava com paciência para maquiar-me,
portanto apenas passei um gloss enquanto o elevador descia.
Ele olhava diretamente para a porta. Os olhos verdes, opacos. Não eram
como os olhos das minhas poucas lembranças. Estes, assim como os meus,
não tinham vida. Eu pensei em me desculpar, mas sabia que ele não estava me
vendo ali.
Continuei parada em frente à porta, apenas ouvindo-o tocar quando tudo
aconteceu, e as imagens foram passando como um clipe em minha cabeça.
– Poderia retirar os óculos? Seus olhos são lindos demais para serem
escondidos por objetos tão grotescos em relação à leveza de seu olhar.
Ele pegou minha mão direita e deu um delicado beijo ali, encarando-me
intensamente.
– Não é tão belo como o seu antigo, mas me faz sentir menos culpado por
ter deixado-a utilizá-lo em meu carro. E claro, eu não quero que você pegue
um resfriado.
– O que é isso?
– Exatamente o que você está pensando – sorri, colocando a faixa preta
em seus olhos e tampando sua visão. – Não se preocupe isso não é um
seqüestro.
– Sim, ma chérie. Agora vamos logo, que você precisa apreciar a vista lá
de cima.
– Sim, Edward! Sim! Meu Deus, de todas as formas clichês e não clichês
possíveis! Eu aceito sim ser sua namorada.
_
– Eu não sei os motivos que a fizeram chorar – disse, de repente. – Mas
saiba que farei o que eu puder para que esse ato não se repita novamente. Eu
farei de tudo, Bella, apenas para deixá-la a salvo. Seja do que for.
Seu olhar passou pelo meu corpo, e eu pude notar seu olhar enquanto ele
analisava meu corpo seminu. Não havia sinais de malícia ali. Tudo o que eu
via no olhar de Edward se resumia a uma única palavra: amor.
Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas o vidro virou sobre mim e
um líquido amarronzado derramou em meus olhos. A última coisa que eu
senti, foi um baque em minha cabeça, antes de tudo ficar escuro e eu apagar
definitivamente.
– B-Bella?
– Oh…
– Como você…?
– Eu... Bella...
– Foi você não foi? – perguntei meu afastando o suficiente para olhar seu
rosto, e o toquei com a ponta dos dedos, traçando todo o contorno do seu
rosto. Sentir o calor da sua pele era como o primeiro raio de sol depois de uma
noite fria. – Você... você abriu mão de sua visão, Edward, e tudo isso para me
salvar. Por que você fez isso? – Eu sentia mais e mais lágrimas escorrendo em
meu rosto. – Por que você abriu mão de sua maior dádiva?
– Você está errada – ele disse. – Minha maior dádiva não era minha
visão, e não fui eu quem te salvei.
– Mas…
– Bella, você não entende? O que aconteceu foi minha culpa. Eu não fui
cuidadoso. Enfim… voltando ao que eu estava falando. Minha maior dádiva,
Bella, é saber que você está sorrindo. É acordar todos os dias, e saber que
mesmo longe de mim, você está feliz. É poder orgulhar-me de manter seus
olhos brilhando. É saber que mesmo tendo sido um estúpido, eu fui capaz de
reverter o que havia feito. Minha maior dádiva é o amor. Não qualquer amor,
mas sim aquele que eu sinto por você. Aquele que me faz acordar todos os
dias, passando em minha memória cada dia ao seu lado. É poder sentar nesse
piano, e tocar uma música inspirada em você. Essa sim é minha dádiva.
– Oh… Edward…
“Eu consigo enxergar coisas que eu não enxergava antes. Eu consigo ver
como a natureza estar triste nos dias em que chove. Ou como ela fica furiosa,
jogando uma ventania sobre nós. Posso sentir a alegria no canto de um
passarinho. Ou a beleza dos cheiros das plantas.
– Não, Ma Vie. Isso nunca mais vai acontecer, porque eu não permitirei
que você entre em perigo nunca mais. E eu também amo você.
E então me beijou.
A manhã estava fria na cidade luz. Ele acreditava que, talvez aquela fosse
à manhã mais fria que Paris já tivera. Não que isso importasse. Uma fina
camada de neve cobria as ruas, ele podia supor. A porta da pequena varanda
estava aberta, e ele estava sentado em sua poltrona favorita, apenas
observando a calma e gélida manhã em sua cidade natal. Não que ele pudesse
realmente ver o que estava acontecendo. Mas ele podia sentir, e para ele,
aquilo era o que mais importava.
Bella havia agradecido e lhe dera um pequeno beijo nos lábios, dizendo
que precisava ir trabalhar para que voltasse mais cedo para casa.
Depois que fizera o transplante, doando suas córneas para Bella, ele
passou a dar mais valor às pequenas coisas. E por mais que uns achassem que
isso fosse bobagem, ele sabia o quanto aquilo havia significado em sua vida.
De qualquer forma, ele estava realmente feliz do jeito que estava.
Ele conseguia fazer praticamente tudo o que queria. É claro que havia
algumas limitações. Mas quem não as tinha? O que seria da vida sem seus
pequenos obstáculos, ele pensou. E estava certo. Nem tudo poderia ser dado
de mão beijada. O sabor da vitória sempre seria melhor depois de uma longa
luta.
Sentiu uma rajada de ar frio adentrar o cômodo e esfregou suas mãos uma
na outra, procurando algum calor humano e pode sentir o ouro de sua aliança
raspar na outra mão. Ele sorriu. Lembrando claramente do dia em que haviam
casado.
Depois da cerimônia havia tido uma pequena festa na casa dos pais de
Edward, onde os familiares de ambos puderam desfrutar da felicidade que
sentiam. Já no meio da festa Edward estava intrigado, abraçou Bella por trás,
pedindo que ela descrevesse como era seu vestido. E sorrindo satisfeita
consigo mesmo, respondera:
– Olá minha garotinha, onde é que você estava, uh? – indagou, escutando
a gata ronronar em suas mãos. – Será que a mamãe já acordou?
Havia sido tirada quando ambos tiveram sua primeira dança logo após
casarem. Mesmo sem conseguir enxergar, Edward conseguia dançar melhor
que ela. Bella se sentia culpada por Edward ter deixando sua visão de lado
apenas para que ela não ficasse cega. Com o tempo ele tentava convencê-la de
que fora por amor, mas isso não a fazia sentir-se menos culpada. Muito pelo
contrário.
Bella o havia feito assinar seu nome na lista de espera para um doador de
córnea, mas ela sabia que ele estava trapaceando, porém havia decidido fingir
não saber de nada. Não queria gerar conflitos com Edward.
Pegou uma camisa dele que estava jogada no chão do quarto e sorriu,
sabendo que tinha sido ela a jogá-la ali. Vestiu-se e prendeu seus cabelos em
um rabo de cavalo frouxo. Pegou uma calcinha no caminho, indo até o
banheiro para poder sua higiene pessoal. E quando estava terminando, escutou
o barulho de algo caindo no chão.
Edward, pensou.
A gata olhou para ela como se não se importasse em ter feito mais uma de
suas trapalhadas e saiu andando pelo apartamento. Bella balançou a cabeça e
limpou a sujeira que a gata havia feito.
Às vezes Edward teimava em usar óculos escuros para tampar seus olhos,
mas Bella não permitia. Ela recusava-se a não poder ver aqueles olhos verdes.
Recusava-se a pensar na hipótese de ter lentes tampando os olhos que tanto
amava.
– Bom dia – respondeu, procurando suas mãos e a puxando para seu colo.
– Pensei que não fosse mais acordar…
– Eu estava cansada – riu baixinho. – Por acaso você sabe que horas o
senhor me deixou dormir?
Ela sabia que ele não se desculpava coisíssima nenhuma! Mas não se
importava, de qualquer forma.
Bella riu, sabendo exatamente aonde ele queria chegar e segurou as mãos
de Edward, fazendo com que ele a abraçasse. Bella esticou os braços até o
pescoço de Edward e o envolveu, chegando com seu rosto próximo do dele e
o beijando de forma romântica.
– O qu…
Ele a puxou novamente contra si, e Bella sentiu seus seios tocarem o
peito de Edward, enquanto ele a apertava contra si e beijava seus lábios de
forma sôfrega.Cálida. Ávida. Quente. Apaixonada.
Fim.
Os cabelos ainda tinham o mesmo tom e caíam ondulados por suas costas
e ombros. O sorriso delicado ainda era o mesmo. A brancura da pele de
porcelana também. O traço fino do nariz ainda dava o mesmo chame. O corpo
continuava perfeito. As curvas mais sensuais. Mais mulher. E os olhos…
Ah… seus olhos. O mesmo chocolate de anos atrás. O mesmo brilho. A
mesma delicadeza. A mesma ousadia. A mesma sensualidade. Ela estava ali.
Com ele. Por ele. e isso o fez sorrir como nunca.
E ter feito o que fez anos atrás, fora somente por amá-la demais. E não se
arrependia disso. Não se arrependia em nenhum minuto por ter aberto mão de
praticamente tudo, apenas para salvá-la. Se pudesse… bem… se pudesse, ele
faria de novo, de novo e de novo. Quantas vezes fossem necessárias. Mas se
dependesse dele… isso não seria problema. Porque se dependesse dele,
ela nunca mais precisaria ser salva.
Olhar para ela, agora, depois de tanto tempo sem poder fazer isso era…
era a melhor sensação do mundo. Como se ele estivesse renascendo. Seu
coração palpitava numa velocidade rápida, suas mãos suavam. Ele queria
beijá-la. Queria amá-la olhando em seus olhos… como da primeira vez.
Tanta coisa havia mudado. Tanta coisa havia acontecido. E pensar isso,
só o fazia lembrar-se dos motivos que o levaram ao o que ele acabara de fazer.
Fazia-o lembrar-se de outra pessoa. Outra pessoa igualmente importante, e
que nem estava presente na vida deles. Bem, não da forma convencional.
Edward terminou de tomar seu banho e andou calmamente até seu guarda
roupa. Depois de anos indo até o mesmo sendo guiado apenas pelo o instinto,
já havia se acostumado. Abriu a primeira gaveta, aquela onde ficavam as
cuecas, e pegou uma aleatória, vestindo-a em seguida. Ele sabia que estava
sendo observado por sua linda esposa, Bella, e nem ao menos precisava
enxergar para constatar o fato.
– Aham…
Ele riu e lhe beijou rapidamente, insistindo para que Bella ficasse pronta
logo, pois assim poderiam voltar para casa mais cedo e curtir o resto da noite.
E a morena sorriu, adentrando o chuveiro e fazendo o que seu marido havia
pedido. Enquanto isso Edward se arrumou. Vestiu uma calça mais social de
cor creme, um suéter azul marinho e por baixo uma blusa branca. Procurou
por seu sapato social e o calçou rapidamente. Indo até o banheiro e
procurando por seu perfume. Passou-o e não sabia o que faria com os cabelos.
Passou um pente no mesmo, puxando-o todo para trás e quando acabou, levou
a mão aos cabelos e deu uma bagunçada. Não sabia como havia ficado, mas
sabia que Bella adorava quando ele fazia isso.
Quando estava pronto, foi até a sala e ficou a espera de Bella, que não
demorou muito a chegar. Ele pode sentir seu perfume invadir o ambiente.
Levantou-se e virou-se em direção ao cheiro doce. Bella andou até ele e
segurou suas mãos, olhando para ele e vendo que a cada dia que se passava ele
ficava mais lindo. Suspirou e ele sorriu, procurando seu rosto com a mão e
acariciando o mesmo.
E ela o fez, como todas as outras vezes. E ela realmente não se importava
em fazer isso. Era tão pouca coisa perto do que ele havia feito.
– Vamos?
O caminho até a casa de Rosalie e Emmett não fora longo. Bella dirigiu
de forma rápida e durante o cominho ela e Edward foram conversando coisas
amenas sobre o dia a dia de ambos. Edward ainda tocava piano todos os dias.
E Bella achava tal ato tão maravilhoso. Mesmo sendo cego, ele tocava tão
perfeitamente bem. E ela sabia que ele não tocava com os olhos, mas sim com
o coração. E isso era suficiente para deixá-la cada vez mais orgulhosa do
homem que escolhera passar o resto dos dias ao lado. Às vezes ele tocava em
público, mas era raridade. E quando o fazia, não gostaria que fosse divulgado
nada a respeito de sua cegueira. Não que ele tivesse vergonha por ser cego.
Mas ele queria ser escutado por amantes da música clássica, e não por pessoas
cheias de piedade por um músico cego. Já Bella, ainda seguia cuidando do
Café para Rosalie, que agora estava ocupada demais, grávida de seu
primogênito, Caleb, que nasceria daqui alguns meses. Mas não era novidade
para Bella, cuidar do Café. Desde que Rosalie casara com Emmett anos atrás,
a morena havia assumido o cargo quase que permanentemente. E quando
Rosalie ficava no Café, ambas cuidavam dele juntas. Bella ia um dia sim e um
dia não, alternando com Rosalie. Assim ficava quase sempre ao lado de
Edward em casa e podia curtir uma tarde apaixonada ao lado de seu marido e
de sua velha gata LouLou.
– Claro – respondeu.
– Sim – sorriu. – É incrível pensar que vai sair uma coisinha tão fofa de
mim e que vai ter os pés pequenininhos para caber nesse sapato – fungou,
segurando um par de sapatos azuis. – E que essa coisinha perfeita foi feita por
mim e por Emm.
– Vocês dois merecem, Rose. Eu sei o que vocês enfrentaram para estar
aqui hoje. Sei da distância que os separava… sei que Emmett praticamente
fugiu para vê-la. Sei como tudo aconteceu e esse bebezinho é apenas o fruto
do amor de vocês dois – disse-lhe.
– Não, não – sorriu de volta. – É só que nós nunca falamos sobre isso,
sabe? Acho que estamos esperando à hora certa…
– Só não espere demais! – riu. – Agora vamos descer Marlene já deve ter
terminado o jantar.
– O jantar estava uma delícia, Rosalie! Diga isso a Marlene, sim? – pediu
a morena enquanto se despedia.
Estranhou não obter uma resposta. Talvez ela tivesse saído enquanto ele
ainda dormia. Deu de ombros e sentou-se em sua poltrona de sempre,
esperando que sua esposa voltasse. Poucos minutos depois escutou a porta se
abrindo e esperou que Bella viesse até ele.
– Boa tarde amor – murmurou. – Desculpe-me ter saído sem avisar. Mas
tive que ficar pra Rose hoje.
– Bom dia, Vie. Está tudo bem, mas não saia sem avisar mais, ok? Eu
estava preocupado.
– Então porque teve de ficar no Café hoje? Pensei que seu dia fosse
amanhã…
– Compreendo. Falando nisso, Bella, você nunca pensou que talvez fosse
a nossa hora? – murmurou a última pergunta em seu ouvido.
Ela não sabia o que dizer. É claro que a idéia de ter um filho com
Edward, era algo que, realmente, ela queria. Mas eles estavam preparados?
Quer dizer… ela estava preparada?
– Não precisa fazer biquinho – sorriu. Ele não podia vê-la, mas apenas
pelo seu tom de voz, sabia que um enorme bico, completamente fofo, estava
formado nos lábios que ansiava tanto beijar. – Bom, é algo realmente sério. Eu
sei que deveria ter conversado com você, deixando-a ciente do que estava
acontecendo, mas eu venho pensado nisso faz cerca de um mês. Não é de
agora que eu estou com essa ideia de termos uma miniatura nossa correndo
pela casa. Antes de decidir qualquer coisa eu pensei bastante, e analisei toda a
situação. É claro que eu não pensei nisso de forma egoísta, ou hipócrita. Você
sabe que eu estou nessa condição justamente tentando não ser hipócrita com o
que eu fiz. E eu realmente não ligo de estar assim. Mas com isso eu estaria te
privando de tanta coisa…
Bella abriu os lábios, querendo interrompê-lo. Ela não sentia falta de nada
ao lado de Edward, e vê-lo pensando que a limitava de algo era horrível. Mas
ele não deixou que ela falasse nada além de um pequeno eu.
Edward abaixou o rosto. Ele estava enganado durante todo esse tempo.
Sua voz estava desesperada. Ela tinha medo do que o marido podia fazer.
Ela sabia que Edward a amava acima de tudo. Sabia também que ela a amava
da mesma forma. Mas tinha medo… medo de que ele pensasse que a melhor
saída para isso tudo, fosse afastar-se dela.
Ela sorriu, tornando a beijá-lo. Tão perfeito. Sim. Edward era, de fato, o
homem mais perfeito que ela já conhecera. E saber que ele era completamente
seu… e que ela era completamente dele…
Agora.
– Ao que parece está tudo bem com o senhor, Sr. Cullen – o doutor
afirmou. – Ainda ficará aqui mais algumas horas e no fim do dia o senhor
estará liberado, ok?
Ela riu, dando uma leve corada e ele observou aquilo de forma atenta. Fez
carinho no local corado e sorriu.
Bella pediu um momento com as mãos, e correu até o banheiro para fazer
sua higiene pessoal antes de poder, finalmente, beijá-lo da forma certa. Voltou
rapidamente até a cama, e sentou-se no colo de Edward, beijando-o
ternamente.
– Bom dia, amor – respondeu ainda em seu colo. – Hm… café da manhã
na cama?
Ela sorriu radiante, lembrando-se de ouvi-lo dizer algo sobre querer levar
café da manhã na cama para ela após uma noite maravilhosa de amor. Ele
assentiu e Bella virou-se para a bandeja, ainda decidindo o que iria pegar.
Edward fazia carinho em seu braço direito, podendo sentir a pele macia
como um pêssego em suas mãos.
Mas a reação dela foi inesperada. Bella fez uma cara de nojo e correu
para o banheiro. Não esperando nenhum segundo a mais, Edward correu até
ela, a tempo de vê-la debruçada no vaso vomitando o café que nem ao menos
havia tomado.
Enquanto isso, parecendo notar que algo estava errado, LouLou foi até o
quarto e deitou-se ao lado de Bella, deixando que sua dona lhe fizesse um
carinho na barriga. Mas Bella estava enjoada demais e mal conseguia mover o
corpo. Hiperativa como sempre, a gata não ficou muito tempo ali, empinando
sua cabeça, saiu da cama e voltou saltitando até a sala.
– Senti sua falta hoje – tornou a murmurar, beijando agora seu pescoço de
forma apaixonada.
– Eu… eu também.
– Edward…
– Sim? – indagou, tornando a beijá-la.
Ele estava impossível! Não que Bella fosse reclamar de ter Edward
Cullen beijando-a como se fosse a única coisa importante no mundo. Todavia,
no momento, havia algo importante e sério a ser discutido: o resultado do
exame.
– E o que pode ser mais importante do que eu amar minha mulher neste
momento?
– Qual o resultado?
– Seremos papais.
24 de dezembro de 2020.
Quando deu meia noite e eles foram cear, Lilian permaneceu calada ao
lado dos pais. Seria normal uma criança de apenas quatro anos estar com
sono, mas Lilian parecia atenta demais.
Petite Vie. Bella adorava a forma como ele chamava a filha de pequena
vida e ela de vida. Era tão romântico. Mesmo passando tantos anos ao lado de
Edward, era difícil acostumar-se com o romantismo de sempre.
– Ta bom, papa.
– Mama, pega os biscoitinhos pra Lilian deixar para o papai Noel – pediu
com os olhinhos animados. – E um copinho de leite também.
– Aham. E, mama?
– Sim, querida?
Fazia tempo desde que Bella comprara LouLou para Edward, mas a gata
estava ali, velhinha e rabugenta, mas ainda alegrando com seu andar saltitante
e engraçado. Viu a filha caminhar correndo até a sala, e puxar a gata para o
colo, enquanto conversava com ela.
– Você fica tão linda babando pela nossa filha – Edward murmurou,
abraçando-a de lado.
Bella riu e puxou Edward para a cozinha consigo. Deu um longo beijo no
marido e então mandou-o ficar quieto, enquanto ela esquentava o leite que
Lilian havia pedido.
Depois de alguns minutos, pediu que ele pegasse o pacote de cookies que
Renée havia mandado para eles no mês passado e colocou alguns biscoitos
num pratinho. Levou o copo e o pratinho para a sala e sorriu quando viu a
filha adormecida no sofá, abraçada a pequena bola de pelos que LouLou era.