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E-Book Módulo Emergencial de Enfrentamento Da Dengue
E-Book Módulo Emergencial de Enfrentamento Da Dengue
Módulo Emergencial
de Enfrentamento
da Dengue.
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Módulo Emergencial de Enfrentamento da Dengue
Educa DTN-VE
Educação Integral em Vigilância Epidemiológica e Cuidado
às Doenças Negligenciadas e Infecciosas no Brasil
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Módulo Emergencial de Enfrentamento da Dengue
Conteúdo Educacional
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Módulo Emergencial de Enfrentamento da Dengue
Fonte: Canva.
São diversas as questões que contribuem para o aumento dos casos de dengue no Brasil. O mosquito
Aedes aegypti, originário do Egito, chegou às Américas no século 17 em razão das Grandes Navegações.
Nesse período, sua disseminação ocorreu através dos navios que transportavam escravos, visto que os
ovos do Aedes podem resistir por até um ano em superfícies sem contato com a água.
Vale lembrar que os principais fatores da atual expansão da dengue nas Américas e no Brasil asseme-
lham-se e referem-se, em grande parte, ao modelo de crescimento econômico implementado e caracterizado
pelo desordenado crescimento dos centros urbanos. Apesar de o Brasil concentrar mais de 80% da popula-
ção na área urbana, há importantes deficiências no setor de infraestrutura, como dificuldades para garantir
o abastecimento regular e contínuo de água, além da coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos.
Outros fatores, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), incluem a rápida expansão da
indústria de materiais não biodegradáveis, além de condições climáticas desfavoráveis e agravadas pelo
aquecimento global, pelo descarte inadequado de lixo, criando um cenário que dificulta a implementação
de medidas para erradicar o vetor transmissor a curto prazo.
1. Abordagem sindrômica:
✓ Febre;
✓ Dores pelo corpo (musculares);
✓ Manchas na pele (exantema).
3. Visão integrada:
✓ Entre o quadro clínico e a situação epidemiológica.
Fonte: Adaptado de Vigilância epidemiológica para atuação na prática dos territórios, 2023.
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Febre entre 2 e 7 dias, apresentar Febre alta, maior que 38,5ºC acompa- Pacientes que apresentem exantema
náuseas, vômitos, exantema, mialgia, nhada de artralgia intensa ou artrite maculopapular pruriginoso acompanhado
artralgia, cefaleia, dor retroorbital, pe- aguda (sem correlação quadro clínico de um ou mais sintomas como febre baixa
téquias ou prova do lanço positiva e anterior) e que tenham viajado nos (≤38,5ºC), hiperemia conjuntival, conjun-
leucopenia. Criança com quadro febril últimos 14 dias para área com trans- tivite não purulenta, artralgia, poliartral-
agudo, entre 2 e 7 dias e sem foco de missão de Chikungunya e Aedes spp. gia, edema periarticular.
infecção aparente.
Fonte: Adaptado de Vigilância epidemiológica para atuação na prática dos territórios, 2023.
Se a suspeita indicar um quadro mais favorável a dengue, cabe ainda saber, por meio de avaliação
clínico-epidemiológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024):
1. Em que fase da doença se encontra o paciente? (Febril/critica/recuperação)
2. Qual o estado de hidratação? Está em choque? (dengue grave)
3. Tem comorbidades?
4. Requer hospitalização?
5. Há uma transmissão do vírus da dengue na comunidade?
6. O período do ano é compatível com a dengue?
7. Quando se iniciaram os sintomas?
8. Há evidências de sinais de alarme?
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana (OPAS), não há trata-
mento específico para Dengue. Na definição de casos suspeitos, é fundamental detectar precocemente a
progressão da doença e garantir acesso aos cuidados médicos adequados, o que poderá reduzir as taxas
de mortalidade da dengue grave para menos de 1%. Pacientes de grupos de risco e que possuem outras
comorbidades, além de idosos e crianças, estão entre os grupos mais vulneráveis a desfechos fatais.
Por isso, o diagnóstico correto é fundamental. Identificar os sinais de alarme durante a triagem,
assim como monitorar os sintomas apresentados e avaliar a necessidade de hospitalização, quando indi-
cada, são medidas essenciais para o manejo adequado da doença.
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Fonte: Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adultos e criança. 6. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2024, p. 20.
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Essas doenças manifestam sintomas bastante parecidos, o que pode complicar a identificação
correta durante a avaliação do paciente. No entanto, compete ao profissional de saúde analisar essas sutis
diferenças, como base para um diagnóstico preciso.
50% a 90%
Conjuntivite Rara 30%
dos casos
Cefaleia +++ ++ ++
Linfoadenomegalia + +++ ++
Leucopenia +++ ++ ++
Trombocitopenia +++ + ++
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Figura 2. Cartão de acompanhamento do paciente com suspeita de dengue. Fonte: Ministério da Saúde (Brasil, 2024).
Febre
A primeira manifestação é a febre, que tem duração de dois a sete dias, geralmente alta (39oC a 40oC). É de
início abrupto, associada a cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias e à dor retro-orbitária. Anorexia, náuseas
e vômitos podem estar presentes, assim como a diarreia que cursa de três a quatro evacuações por dia,
cursando com fezes pastosas, o que facilita o diagnóstico diferencial com gastroenterites por outras causas.
O exantema ocorre aproximadamente em 50% dos casos, é predominantemente do tipo maculopapular,
atingindo face, tronco e membros de forma aditiva, incluindo plantas de pés e palmas de mãos. Pode se
apresentar sob outras formas com ou sem prurido, frequentemente no desaparecimento da febre. Após
a fase febril, grande parte dos pacientes se recupera progressivamente, com melhora do estado geral e
retorno do apetite. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
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Dipirona
Posologia para adultos: 20 gotas ou 1 comprimido (500 mg) até de 6/6 horas.
Posologia para crianças: 10 mg/kg/dose até de 6/6 horas (respeitar a dose
máxima por peso e idade).
Formas de apresentação:
✓ Gotas: 500 mg/ml (1 mL = 20 gotas).
✓ Solução oral: 50 mg/mL
✓ Comprimido: 500 mg por unidade.
✓ Injetável: 500 mg/mL.
Paracetamol
Os sinais de alarme devem ser rotineiramente pesquisados e valorizados, assim como os pacientes
orientados a procurar a assistência médica na ocorrência deles.
A maioria dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, que marca
o início da deterioração clínica do paciente e sua possível evolução para o choque por extravasamento
plasmático. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
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Dengue Grave
As formas graves da dengue podem se manifestar como choque ou acúmulo de líquidos com desconforto
respiratório, em função do severo extravasamento plasmático.
O derrame pleural e a ascite podem ser clinicamente detectáveis, em função da intensidade do
extravasamento e da quantidade excessiva de fluidos infundidos. O extravasamento plasmático também
pode ser percebido pelo aumento do hematócrito (quanto maior a elevação, maior a gravidade), pela
redução dos níveis de albumina e por exames de imagem.
Outras formas graves da dengue são o sangramento vultoso e o comprometimento de órgãos
como o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o sistema nervoso central (SNC). O quadro clínico é va-
riável, de acordo com o mecanismo de acometimento de cada um desses órgãos e sistema (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2024).
Choque
O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido por meio do extravasamento ou sangra-
mento, o que geralmente ocorre entre o quarto ou quinto dia de doença, com intervalo entre o terceiro e
sétimo, geralmente precedido por sinais de alarme. O período de extravasamento plasmático e choque
leva de 24 a 48 horas, devendo a equipe assistencial estar atenta às rápidas alterações hemodinâmicas,
conforme Tabela 2.
O choque na dengue é de rápida instalação e tem curta duração. Pode levar o paciente ao óbito em
um intervalo de 12 a 24 horas ou à sua recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada. Quando
prolongado, o choque leva à hipoperfusão de órgãos, resultando no comprometimento progressivo destes,
acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada (CIVD). Consequentemente, pode levar a he-
morragias graves, causando diminuição de hematócrito e agravando-o ainda mais. As principais diferenças
entre o choque da dengue e o choque séptico. Podem ocorrer alterações cardíacas graves, que se mani-
festam com quadros de insuficiência cardíaca e miocardite (associados à depressão miocárdica), redução
da fração de ejeção e choque cardiogênico. Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), pneumonites
e sobrecargas de volume podem ser a causa do desconforto respiratório. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
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Sinais de choque
• Taquicardia.
• Extremidades distais frias.
• Pulso fraco filiforme.
• Enchimento capilar lento (>2 segundos).
• Pressão arterial convergente (<20 mmHg).
• Taquipneia.
• Oligúria (<1,5 mL/kg/h).
• Hipotensão arterial (fase tardia do choque).
• Cianose (fase tardia do choque).
Hemorragias Graves
Em alguns casos, a hemorragia massiva pode ocorrer sem choque prolongado, sendo esta um dos critérios
de gravidade. Se for no aparelho digestivo, será mais frequente seu surgimento em pacientes com histórico
de úlcera péptica ou gastrites, assim como da ingestão de ácido acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios não
esteroides (AINEs) e anticoagulantes. Esses casos não estão obrigatoriamente associados à trombocitopenia
e à hemoconcentração. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
Fase de Recuperação
Nos pacientes que passaram pela fase crítica, haverá reabsorção gradual do conteúdo extravasado, com
progressiva melhora clínica.
É importante atentar-se às possíveis complicações relacionadas à hiper-hidratação. Nessa fase, o
débito urinário normaliza-se ou aumenta. Podem ocorrer ainda bradicardia e mudanças no eletrocardiograma.
Alguns pacientes podem apresentar rash (exantema) cutâneo, acompanhado ou não de prurido
generalizado. Infecções bacterianas poderão ser percebidas nessa fase ou ainda no final do curso clíni-
co. Tais infecções em determinados pacientes podem ter um caráter grave, contribuindo para o óbito.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
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Caso Confirmado
O critério de confirmação laboratorial pode ser utilizado a partir dos seguintes testes laboratoriais e seus
respectivos resultados:
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Notificação
De acordo com a Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017, dengue é doença de notificação
compulsória, desta forma, todo caso suspeito e/ou confirmado deve ser, obrigatoriamente, notificado ao
Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As notificações de casos suspeitos de dengue devem ser registradas na Ficha de Notificação/
Investigação (Anexo I) da dengue e chikungunya e inseridas no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação – Sinan Online (https://portalsinan.saude.gov.br/).
Os óbitos suspeitos pela infecção do vírus dengue (DENV) são de notificação compulsória imediata
para todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), a ser realizada em até 24 horas a partir
do seu conhecimento, pelo meio de comunicação mais rápido disponível. Posteriormente, os dados devem
ser inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
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✓ Preparar as equipes para o manejo clínico adequado de pacientes com suspeita de arboviroses
e organizar os serviços de saúde, objetivando reduzir os riscos de agravamento dos pacientes,
óbitos, bem como a sobrecarga nos serviços de assistência;
✓ Realizar tratamento focal, com larvicidas, nos depósitos de água de consumo humano passíveis
de tratamento;
✓ Envolver os setores parceiros (educação, meio ambiente, defesa civil, planejamento, assistência
social etc. ) nas ações de controle vetorial; e
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Os dados de anamnese e exame físico obtidos pelo profissional de saúde serão usados para o
estadiamento e orientação das medidas terapêuticas adequadas. É relevante destacar que, além dos
recém-nascidos, os idosos, gestantes e indivíduos com condições médicas pré-existentes requerem uma
atenção especial e fazem parte do grupo prioritário. Portanto, é essencial observar os sintomas listados a
seguir para a correta classificação:
Quadro 4 - Classificação dos casos suspeitos de dengue, segundo sinais de alarme, presença
de comorbidades e condições sociais para orientar as medidas terapêuticas.
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SUSPEITA DE DENGUE
Relato de febre, usualmente entre dois e sete dias de duração, e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea, vômitos; exantema; mialgia, artralgia; cefaleia,
dor retro-orbital; petéquias;
usualmente entre dois e sete dias de duração, e sem foco de infecção aparente.
Hidratação oral para pacientes dos grupos A e B. Hidratação venosa para pacientes dos grupos C e D.
Exames complementares
• Obrigatórios: hemograma completo, dosagem de albumina sérica e transaminases.
•
•
•
Conduta Conduta
Iniciar reposição volêmica imediata (10ml/kg de soro Reposição volêmica (adulto e criança). Iniciar ime-
Exames diatamente fase de expansão rápida parenteral, com
complementares atenção, independente do nível e complexidade,
A critério médico. Exames complementares mesmo na ausência de exames complementares. em qualquer nível de complexidade, inclusive durante
Hemograma completo: obrigatório. eventual transferência para uma unidade de referência,
mesmo na ausência de exames complementares.
Reavaliação clínica após 1h
Reavaliação
Conduta Conduta (Adulto e crianças) Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e
Hidratação oral Após uma hora: reavaliar o paciente (sinais vitais, de hematócrito em 2h.
Conduta PA, avaliar diurese – desejável 1 ml/kg/h). A reavaliação deve acontecer após cada etapa
Adulto de expansão. Estes pacientes precisam ser
60 ml/Kg/dia, sendo Hidratação oral (conforme Grupo A) até o resultado a 0,9%) na segunda hora. Até avaliação do hema-
1/3 com sais de dos exames tócrito (que deverá ocorrer em até duas horas da
reposição volêmica). Melhora clínica e de hematócrito.
reidratação oral e no Retornar para fase de expansão do grupo C.
início com volume
maior. Para os 2/3 Reavaliação clínica e laboratorial após Resposta inadequada caracterizada pela
restantes, orientar a 2h. persistência do choque. Avaliar hematócrito.
ingestão de líquidos
Melhora clínica e laboratorial. Sinais vitais e PA Hematócrito em elevação. Hematócrito em queda.
caseiros (água, suco estável, diurese normal e queda do hematócrito.
de frutas, soro caseiro,
chás, água de coco Hematócrito normal Hemoconcentração Persistência do
Sim Não (albumina 0,5 - 1 g/kg); preparar choque.
etc.) Tratamento ambulatorial. ou sinais de alarme solução de albumina a 5% (para
Conduzir como grupo C.
Crianças Sem melhora do hematócrito ou
cada 100 ml desta solução, usar
(< 13 anos) 25 ml de albumina a 20% e 75
dos sinais de hemodinâmicos ml de SF a 0,9%); na falta desta, Não Sim
até 10 Kg: 130
mil/kg/dia, acima de •
• Manter reavaliação clínica (sinais kg/hora.
10 a 20 kg: 100
vitais, PA, avaliar diurese) após 1h e de
ml/kg/dia e acima de hematócrito em 2h (após conclusão de
20 kg: 80 ml/kg/dia cada etapa).
• Sem melhora clínica e laboratorial,
conduzir como grupo D.
Com resolução do
Se hemorragia, transfundir
choque, ausência de
concentrado de hemácias (10
sangramento, mas a 15 ml/kg/dia).
Melhora clínica e laboratorial com surgimento -
após a(s) fase(s) de expansão de outros sinais de cessidade de uso de plasma
Importante
Alta gravidade, observar: fresco (10ml/kg). Vitamina K
Os sinais de alarme e agravamento Iniciar a fase de manutenção
Retorno diário para • Sinais de desconfor- endovenosa e criopecipitado
do quadro costumam ocorrer na Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Se houver
reavaliação clínica e to respiratório, sinais (1 U para cada 5 - 10 kg).
fase de remissão da febre. melhora, iniciar segunda fase.
laboratorial (até 48 horas Transfusão de plaquetas ape-
Retorno Imediato na presença de Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas.
após a remissão da febre). hiperhidratação. nas nas seguintes condições:
sinais de alarme ou no dia da Manter hidratação oral . • Tratar com diminui- sangramento persistente
melhora da febre (possível ção importante da não controlado, depois de
Início da fase crí�ca); caso não Critério de Alta infusão de líquido, corrigidos os fatores de coa-
haja defervescência,retornar no 5º Paciente precisa preencher todos os gulação e do choque, e com
dia da doença. seis critérios a seguir: drogas inotrópicas, trombocitopenia e INR > que
Entregar cartão de acom- quando necessário.
*Condições clínicas especiais e/ou risco social • Estabilização hemodinâmica durante 48 horas. 1,5 vez o valor normal.
panhamento de dengue.
• Ausência de febre por 24 horas.
ou comorbidades: lactentes(<24 meses), gestantes, • Melhora visível do quadro clínico. Se resposta adequada, tratar como grupo C.
adultos >65 anos, hipertensão arterial ou outras doenças • Hematócrito normal e estável por 24 horas.
cardiovasculares graves, diabetes mellitus, doença pulmonar • Plaquetas em elevação. Interromper ou reduzir a infusão de líquidos
obstru�va crônica (DPOC), asma, obesidade, doenças à velocidade mínima necessária se:
hematológicas crônicas, doença renal crônica, doença ácido
pép�ca, hepatopa�as e doenças autoimunes.
Retorno •
Após preencher critérios de alta, o retorno • Normalização da PA, do pulso e da perfusão periférica.
para reavaliação clínica e laboratorial segue • Diminuição do hematócrito, na ausência de sangramento.
Esses pacientes podem apresentar evolução
orientação, conforme grupo B. • Diurese normalizada.
desfavorável e devem ter acompanhamento
Preencher e entregar cartão de acompanhamento. • Resolução dos sintomas abdominais.
diferenciado.
Fonte: SVSA/MS.
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Gestação e Dengue
O comportamento fisiopatológico da dengue na gravidez é o mesmo para ges-
tantes e não gestantes. Com relação ao binômio materno-fetal, na transmissão
vertical há o risco de abortamento no primeiro trimestre e de trabalho de parto
prematuro, quando a infecção for adquirida no último trimestre. Há também
incidência maior de baixo peso ao nascer em bebês de mulheres que tiveram
dengue durante a gravidez.
Quanto mais próximo ao parto a mãe for infectada, maior será a
chance de o recém-nato apresentar quadro de infecção por dengue.
Gestantes com infecção sintomática têm risco aumentado para ocor-
rência de morte fetal e nascimento de prematuro.
Com relação à mãe, podem ocorrer hemorragias tanto no
abortamento quanto no parto ou no pós-parto. O sangramento
pode ocorrer tanto no parto normal quanto no parto cesáreo,
sendo que neste último as complicações são mais graves e a
indicação da cesariana deve ser bastante criteriosa.
A letalidade por dengue entre as gestantes é superior
à da população de mulheres em idade fértil não gestantes, com
maior risco no terceiro trimestre gestacional.
A gestação traz ao organismo materno algumas modificações
fisiológicas que o adaptam ao ciclo gestacional, como:
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Iniciada ainda na sala de espera, enquanto os pacientes aguardam por consulta médica
» ADULTOS
60 mL/kg/dia, sendo 1/3 com sais de reidratação oral (SRO) e com volume maior no início. Para os 2/3 restan-
tes, orientar a ingestão de líquidos caseiros (água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco, entre outros),
utilizando os meios mais adequados à idade e aos hábitos do paciente.
Especificar o volume a ser ingerido por dia. Por exemplo, para um adulto de 70 kg, orientar a ingestão de 60
mL/kg/dia, totalizando 4,2 litros/dia. Assim, serão ingeridos, nas primeiras 4 a 6 horas, 1,4 litros, e os demais 2,8
litros distribuídos nos outros períodos.
Fonte: Protocolo para Atendimento aos Pacientes com Suspeita de Dengue (2013), adaptado. Apud: Ministério da Saúde, 2024, p. 31.
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2. Aplicar larvicidas
Em locais com bastantes focos de água parada como depósitos de sucata,
ferros-velhos ou lixões, é realizada a aplicação de larvicidas, ou seja, produtos
químicos que eliminam os ovos e as larvas do mosquito. Entretanto, essa apli-
cação deve ser sempre feita por profissionais treinados, sendo indicada pelas
secretarias de saúde das prefeituras. O tipo da aplicação depende da quantidade
de larvas do mosquito encontradas e, geralmente, não causam nenhum dano à
saúde das pessoas. Essas aplicações podem ser:
✓ Focal: consiste na aplicação de pequenas quantidades de larvicidas
diretamente nos objetos com água parada, tipo vaso de planta e pneus;
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✓ Perifocal: é parecida à dedetização e baseia-se em colocar larvicidas com aparelho que solta
gotículas de produto químico, deve ser feito por pessoas treinadas e com equipamentos de
proteção individual;
✓ Ultrabaixo volume: também conhecido como fumacê, que é quando um carro emite uma
fumaça que ajuda a eliminar as larvas do mosquito, sendo que é realizado em casos em que
há surto de dengue.
Como a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é possível prevenir a doença através
de medidas que evitem a picada deste mosquito, como por exemplo:
✓ Usar calça comprida e blusa de manga comprida em tempos de epidemia;
✓ Passar repelente diariamente nas áreas expostas do corpo, como rosto, orelhas, pescoço e mãos
(antes de aplicar qualquer repelente, é necessário ver se o produto é liberado pela Anvisa e se
contém menos de 20% dos princípios ativos como DEET, icaridina e IR3535);
✓ Ter telas de proteção em todas as janelas e portas da casa;
✓ Evitar idas em locais já identificados com epidemia de dengue ou outras arboviroses.
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Considerações Finais
Esperamos que o conteúdo do Módulo Emergencial sobre Dengue tenha sido útil e oferecido informa-
ções relevantes na orientação dos profissionais de saúde em suas práticas e condutas. Em um momento
epidemiológico tão crítico, onde vemos a ocorrência de diversos surtos e epidemias pelo país, é essencial
mobilizar as autoridades para essa emergência, alertar profissionais de saúde e a população em geral para
que estejam atentos e às recomendações do Ministério da Saúde, bem como aos sinais de agravamento
e prevenção dessa doença.
Nosso objetivo é contribuir para a construção de um cenário mais estável e de controlado em relação
às arboviroses, oferecendo conhecimento preciso e oportuno por meio de nossa iniciativa educacional.
Estamos comprometidos com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e desejamos que todos
tenham acesso a serviços de saúde de qualidade.
Atenciosamente,
Coordenação Educa DTN-VE
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Referências
BETHELL, D. B. et al. Noninvasive Measurement of Microvascular Leakage in Patients with Dengue Hemorrhagic Fever.
Clinical Infectious Diseases, [S. l. ], v. 32, n. 2, p. 243-253, jan. 2001.
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes
nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue; Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 160 p. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos)
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância
em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde recurso eletrônico, 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021, 1. 126 p. : il.
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis.
Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adultos e criança. 6. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2024.
Brasil. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Diretrizes para a organização dos serviços de atenção à saúde em situação de
aumento de casos ou de epidemia por arboviroses [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção
Especializada à Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. – Brasília: Ministério
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demia_arboviroses. pdf
Vigilância epidemiológica para atuação na prática dos territórios / [organização Karina Barros Calife Batista, Clelia Neves
de Azevedo, Erica Eloize Peroni Ferreira]. São Paulo, SP: Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, 2023.
Secretaria Municipal de Saúde. Protocolo para atendimento aos pacientes com suspeita de dengue – 2014. Belo
Horizonte: Secretaria Municipal de Saúde, 2013. Disponível em: https://ftp. medicina. ufmg. br/ped/arquivos/2014/
dengue_14082014. pdf. Acesso: 23 fev. 2024.
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