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APOSTILA – PARTE 2
Maringá –Pr
2009
Staphylococcus aureus
Características:
-cocos (em cachos) gram positivos, anaeróbios facultativos (produzem catalase –
aeróbios), fermentativos e putrefativos (mas não chegam a afetar o odor e aparência dos
alimentos contaminados).
-crescem a temperaturas entre 6 º - 45 ºC,pH de 4 a 9,8.Aw 0,86 .Destruídos a 66ºC/12
min.Pouco competitivo.
-Tolerante às concentrações de 10 a 20% de NaCl e nitratos (produtos curados).
-Exoenterotoxinas: A, B, C1, C2, C3, D, E.Enterotoxina termorresistente (190-220 ºC por
20 min).
Sintomas:
Variam com grau de susceptibilidade do indivíduo, concentração da toxina, e
quantidade de alimento ingerido. Salivação, náuseas, vômitos, dor abdominal, espasmos
de diversa intensidade e diarréia (casos graves aparecem sangue e muco), sem elevação
da temperatura. Podem aparecer dores de cabeça, cãibras musculares, transpiração,
calafios, pulso fraco, queda de pressão arterial, choque e respiração superficial. Índice
de mortalidade é extraordinariamente baixo.
-Período de incubação: 30 min a 8 horas.
Alimentos envolvidos:
- carne e frango cozidos, presunto e galinha, doces, leite cru e derivados lácteos,
sorvetes, recheios de creme, pudins, saladas, ovos, batatas, camarão. As carnes cruas,
bovinas ou suínas apresentam alta incidência de Staphylococcus coagulase positiva
(tolerante a altas concentrações salinas).
● Produtos cozidos e congelados: assume-se até 100/g.
● Produtos sem tratamento térmico: limite de 1000/g.
Fonte de contaminação:
- Manipulador do alimento, portador de S. Aureus em seu nariz, garganta, cabelo, boca
ou lesões cutâneas, mas pode ocorrer contaminação por panos, superfícies,
equipamentos e utensílios empregados no preparo. Manutenção do alimento por longo
tempo em temperatura ambiente propicia a multiplicação dos microrganismos e
conseqüentemente produção de enterotoxina.
Incidência:
-Não existem dados estatísticos suficientes para envenenamento estafilocócico durante
um período determinado, a não ser que se trate de intoxicação em grandes proporções,
mas sabe-se que padecemos deste mal várias vezes durante a nossa vida.
-1967: 2 grandes surtos devido ao consumo de leite em pó:Inglaterra:1200 pessoas e
Porto Rico: 775 escolares
-1970: 5 casos de intoxicação estafilocócica envolvendo massas alimentícias;
-1973 – 1974: isolamento de S. Aureus em 42 dos 1533 pacotes de macarrão analisados;
-1976: encontrado S. Aureus em 89 de 120 amostras de macarrão (variando de 10 1 a 104)
Streptococcus
Características:
-cocos (em cadeia) gram positivos, aeróbios facultativos, fermentativos.
Sintomas:
- Dor de garganta, dores abdominais. Vômitos ou diarréias em 10 % a 20% dos casos.
Alimentos envolvidos: leite cru, cremes, ovos cozidos em saladas, presuntos e coquetéis
de camarão.
-fonte de contaminação: manipulador do alimento (geralmente com dor de garganta)
Clostridium botulinum
Características:
- Bacilo anaeróbio obrigatório do solo, gram positivos, flagelos peritríqueos, formam
esporos (ovais) e formador de gás. Produzem as toxinas: A, B, C1, C2, D, E, F e G
(todas de natureza protéica, variando de 150.000 a 900.000 Da).
-Distribuição dos esporos: solo, água, intestino dos animais, incluindo as fezes,
aparentemente prevalência diferente no Hemisfério Norte e Sul, exceção: o ambiente
marinho. Cresce bem a 20-30°C e sobrevive em 50 °C.
Alimentos envolvidos:
- Relacionado com embutidos fora de refrigeração e alimentos enlatados com
tratamento térmico insuficiente. São freqüentes em carcaças: bovinas, suínas, ovinas e
aves variando de 1,5 a 43% das amostras. Origem vegetal, podendo ocorrer nos de
origem animal (exceção tipo E).Conservas caseiras, carnes, pescados, leite e derivados,
mariscos, enlatados de média ou baixa acidez.A produção de toxina depende da
composição do alimento (sabe-se que é essencial a presença de glicose ou maltose),teor
de umidade , pH, potencial de oxi-redução,concentração de sais, temperatura e tempo de
armazenamento).Geralmente ocorre em alimentos onde os esporos são ativados pelo
calor de cocção,onde se multiplicam (por cerca de 2 horas) a temperatura ambiente
(produtos de pastelaria e lanchonetes como empadas, croquetes, coxinhas, onde a
matéria-prima contaminada é ativada pelo calor da fritura).A condição de anaerobiose é
estabelecida durante a cocção pela expulsão do calor.
- Inibição do crescimento de C. botulinum: pH <4,6 (presença de bactérias ácidas
lácticas), Aw<0, 93, concentração salina >10%,condições de aerobiose e presença de
nitrito e nitrato. Toxina neurotóxica é termolábil e pode ser destruído pelo aquecimento
a 80°C/30 min ou a 100°C por alguns minutos.
Sintomas:
- Neuroparalisia. Atua sobre o SNP bloqueando estímulos nervosos, com distúrbios
neuromusculares e digestivos. A toxina é quase totalmente absorvida no intestino
delgado. Transtornos digestivos agudos, hipotermia, náuseas, vômitos e diarréia antes
dos sintomas neurológicos. Pode ocorrer constipação à medida que o envolvimento
neurológico progride. Fraqueza, dores de cabeça, vertigem, distúrbios de visão,
fotofobia, ptose palpebral, diplopia, secura de boca, dificuldade de falar e de engolir
(disfagia), dificuldade respiratória e cardíaca. Em casos fatais, morte em 3-6 dias após a
ingestão do alimento. O SNC não é afetado (processo mental é normal).
- Botulismo Infantil: produção da toxina “in vivo”.
- Por lesões: multiplicação do microrganismo em lesões e ou feridas.
Diagnósticos: confusão com acidente vascular cerebral, trombose arterial, labirintite
aguda, poliomelite. Diferencial: estímulo nervoso.
Tratamento:
Administração de antitoxina. A doença não deixa imunidade.
Epidemiologia:
É pouco freqüente, mas quando aparece apresenta alta taxa de mortalidade (73 %) e
morbidade (100%).
Incidência:
Disseminação ampla no continente americano e europeu. Na América do Sul, surtos na
Argentina envolvendo diferentes produtos alimentícios.
-Primeira descrição: 1897, Van Emergen, Bélgica: durante uma ingestigação científica
sobre a ocorrência de 3 entre 23 pessoas que haviam consumido presunto cru em um
clube.O presunto achava-se ligeiramente rançoso.
- 1899 a 1973: 688 surtos, 1784 casos, 978 mortes (EUA).Positivo em 19 tipos de
produtos cárneos, 9 classes de pescados, mariscos e também em leite.Mortalidade em
65% dos casos.
- 1919 a 1973: 181 casos, 41 mortes (Canadá).
- 1951 a 1974: 73 surtos, 411 casos, 99 mortes (Japão).
- 1898 a 1949: 443 surtos, 1307 casos, 192 mortes (Alemanha).
- Argentina: dezenas de casos de botulismo por consumo de pimentões em conservas.
- 1978: 12 surtos com 58 casos, mortalidade de 5,2%.Por ingestão de alimentos de
preparação caseira (azeitonas, hortaliças, peixe, molho de espaguete e carne de porco
com feijão).
- Brasil, Porto Alegre – RS: consumo de peixe. Ceará: amostras de sedimentos
coletados em açudes tipos A, B, C e F.
Clostridium perfringens
Características:
- Bastonetes, anaeróbio estrito, gram positivo, esporulado, imóvel e com cápsula.
Cresce entre 15 a 55°C, com ótimo em 43-47°C, pH entre 5 e 9.É inibido na
concentração de 5% de NaCl ou 2,5% de Nitrato de Sódio.Encontrado naturalmente no
solo, sedimentos aquáticos e tarto intestinal do homem e animais.No alimento em
ebulição sobrevive até 9 horas.Cocção promove anaerobiose e ativa germinação dos
esporos.
Alimentos envolvidos:
Carnes e aves assados ou cozidos, feijão cozido, legumes cozidos e molho de carne.
Incidência:
-1914-1918: Segunda Grande Guerra – grande notoriedade como causador de gangrena
gasosa (necrose do tecido na área ferida com toxemia progressiva e fatal).
-1968: C.perfringens responsável por 16% dos casos de intoxicação alimentar no EUA.
Bacillus cereus
Características:
-Bastonete, gram positivo grande, aeróbio, esporos (centrais ou subterminais), flagelos
peritríquios, proteolítico, termodúrico (resiste à pasteurização).Hidrolizam amido,
caseína e gelatina.Utilizam vários carboidratos (glicose, frutose, trealose, sacarose,
salicina, maltose, manose,m-inosital e lactose).Catalase positivos e oxidase
variável.Todas as cepas produzem hemolisina (pode ser termolábil ou
termoestável).Produzem fosfolipases do tipo C.
-Cresce a temperaturas de 10º a 49ºC com ótimo em 30ºC, resiste a 64ºC/30min, pH
entre 4,9-9,3.
-Amplamente distribuída na natureza (solo, água, ar) e nos alimentos (purê de batata,
pratos chineses à base de arroz e outros como: milho, carne picada, embutidos, sopas,
etc.) Cereais e grãos. Hortaliças.
-Reservatório: solo e vegetais. Normalmente encontrados nos alimentos crus, secos e
preparados. Contaminação por contato com superfícies da cozinha (equipamentos,
utensílios), mãos.
Dose infectante: 106 a 109/g ou ml.
Alimentos:
-Geralmente carnes cozidas, almôndegas, molhos, sopas de vegetais e massas, canjas,
pudins e vegetais. Arroz cozido ou frito, arroz doce, canjica, feijão cozido, pudim
contendo amido de milho ou baunilha, bolo de carne. Arroz cozido é veículo
predominante.
Medidas de controle:
Consumo de alimentos recém-preparados (cozimento em vapor sob pressão, fritura e
assar) não oferece risco.
Incidência:
-Desde 1947 tem sido incriminado na Europa como agente de intoxicação alimentar. No
Canadá (1985) foi considerado o 3º agente responsável por surtos e na Holanda (1985) o
4º agente responsável por toxinfecções alimentares.
-No Brasil é disseminado amplamente nos diferentes alimentos (produtos desidratados,
amido e farinhas, carnes, leite e derivados, etc.)
-1906 a 1942: houve 3 casos na Alemanha.
-1936 a 1943: 117 casos na Suécia.
-1947 a 1949: 4 surtos na Noruega (3 hospitais e 1 asilo).
-1950 a 1951: vários surtos na Dinamarca e Noruega.
Literia monocytogenes
Características:
-Bacilo gram positivo, não formador de esporo, anaeróbio facultativo. Móvel devido à
flagelos peritríquios (movimento de tombamento).Apresenta teste catalase (+) e oxidase
(-).Apresenta 15 antígenos somáticos (O) e 5 flagelares (H).
-Crescimento na faixa entre 2,5 a 44ºC (observado crescimento até a 0ºC.Suporta
repetidos congelamentos e descongelamentos,pH ótimo entre 6-8 mas pode crescer
entre 5 e 9.Suporta altas concentrações salinas (10 a 30% NaCl), especialmente se
mantida a baixas temperaturas (4ºC).Aw ótima 0,97.
-A eliminação total da Listeria dos alimentos é impraticável, exceto pela pasteurização,
irradiação e cozimento, mas pode ocorrer recontaminação. Suspeita-se que a
pasteurização não possa destruí-la totalmente (pois encontram nos leucócitos uma forma
de anteparo ao calor)
Sintomas:
-Período de incubação indeterminado. Fase entérica pode apresentar-se com uma gripe
com cólica, diarréia, febre, calafrios, dor de cabeça, mal estar, prostação, dores nas
juntas e linfadenite. Doença letal para indivíduos com câncer, doença renal, hepatite,
AIDS, diabetes, transplantados e terapias com esteróides. Doença branda em pessoas
sadias.
-Em mulheres grávidas, pode haver invasão do feto (aborto, parto prematuro,
nascimento natimorto ou septicemia neonatal). Recém-nascidos infectados podem
apresentar sintomas de meningite. Pode haver portadores de duração indefinida.
-Nos casos de comprometimento do SNC podem manifestar meningites, encefalites e
abscessos. Mais comum em recém – nascidos e idosos e geralmente fulminantes (70%
óbitos).
Alimentos:
-Leites, queijos moles, patês, carnes.
Mortalidade:
- 30 % entre os imunodeprimidos, debilitados ou recém-nascidos.
Incidência:
-1979:20 casos em Boston pelo consumo de aipo, alface e tomate.
-1981: surto no Canadá pelo consumo de salada de repolhos contaminados.
-1983: 49 pessoas nos EUA, sendo 7 fetos ou recém-nascidos e 42 adultos com
comprometimento do sistema imunológico.14 (29%) pessoas morreram.Alimento
suspeito:leite pasteurizado.
-1985 (EUA): consumo de queijo tipo Mexicano, com 86 casos, sendo 58 gestantes e
seus bebês, com 29 mortes (8 neonatais e 13 natimortos).
Escherichia coli
Características:
-Anaeróbios facultativos da Família das Enterobcteriaceae e encontra-se no trato
intestinal normal do homem e dos animais. São bacilos gram negativos, não esporulados,
capazes de fermentar glicose com produção de ácido e gás. A maioria fermenta lactose,
embora alguns sejam anerogênicos. Apresentam antígenos somáticos (O) relacionados
com polissacarídeos da membrana externa, antígenos flagelados (H) relacionados com
proteínas dos flagelos e antígenos K relacionados com polissacarídeos capsulares.
Importância sob o ponto de vista: Higiênico e Patogênico. Entre os patogênicos, são m5
principais:
Salmonella
Características:
-Enterobacterias, aeróbio facultativo, bastonetes gram (-),não
esporogênicos,móveis,com flagelos.Crescem na T de 5,3 – 45 °C (37°C),pH varia de
4,1 a 9.Aw 0,95.São destruídos pelos métodos tradicionais de pasteurização (60°C/5
min).Destrói-se entre 0,1 e 0,2 ppm de cloro livre por 30’.Não toleram concentração de
sal superiores a 9%.O nitrito é inibitório e seu efeito é acentuado em pH ácido.
-apresenta antígenos somáticos (O), flagelares (H) e capsulares (Vi).
Sintomas:
A) Generalizada: envolve a participação ativa do sistema
reticuloendotelial,caracterizando-se por sinais de cefalgia, náuseas,vômitos, dor
abdominal, mal estar geral, anorexia, bradicardia, ás vezes diarréia e invasão dos
tecidos linfóides, esplenomegalia, manchas no tronco, calafrios, bacteremia e
febre prolongada, tendo como sorotipos mais significativos a S. typhi e
S.paratyphi A,B e C.Reservatório:tanto o doente como o portador.Modo de
transmissão:consumo de águas contaminadas, frutas, verduras cruas, leite e
produtos lácteos.
B) Localizada: a nível intestinal, ocasionando quadro clínico 6 a 48 horas após
ingestão dos microrganismos, com náuseas, vômitos, gastroenterites, dores
abdominais, cefaléia, prostação, calafrios, febre e diarréia profusa, causada pelos
mais diversos sorotipos. Em menor proporção ocorre septicemia com lesões
fecais, geralmente associada a S.choloraesuis, S. dublin e S. sendai.No entanto,
esta pode ser causada por qualquer sorotipo de Salmonella,sobretudo em
crianças.Atualmente são conhecidas cerca de 2.000 sorotipos capazes de infectar,
além do homem, aves e animais.
Incidência:
-1950:12 casos de salmonelose nos EUA, associados ao leite desidratado, contaminado
com S.typhimurim;
-1966: 2 casos de gastroenterite nos EUA devido ao leite desidratado contaminado com
S.newbrunswick;
-1963:18.000 casos nos EUA;
-1964: 21.113 casos nos EUA.
-1965: Exame em 247 amostras de diferentes categorias de alimentos encontrou-se: em
57 amostras de misturas para bolos, 5 continham Salmonella; em 15 amostras
preparadas com milho, uma estava contaminada com esta bactéria;
-1966: 85 tipos de alimentos confiscados (chocolates, produtos de coco, leveduras secas,
leite desidratado e misturas para bolos) contaminados com Salmonella.
Campylobacter jejuni
Características:
-Bacilos gram negativos, espiralados, muito finos e compridos, móveis com único
flagelo polar. Morfologia encurvada (bastonete curvo), microaerófilos.Movimento saca-
rolha.Não esporula.
-Inicialmente tinha apenas interesse veterinário. É uma zoonose e os principais
reservatórios são os animais domésticos (aves, bovinos, suínos, caninos e
felinos).Intestino do gado, suíno, galinha, frango, pássaros selvagens, cordeiro, peru,
cogumelo e leite cru.
-São facilmente destruídos pelo calor.
Mecanismo de ação:
-Provavelmente produção de endotoxina (lipopolissacarídica) e antígeno superficial
resistente à fagocitose. Fezes disentéricas sugerem processo invasivo análogo à
shigelose.Período de incubação: 2 a 5 dias.Dose infectante é alta:106 a 109/g ou ml.
Sintomas:
-Febre, cefaléia e mal estar. Na fase aguda, a T°C chega aos 40°C e surgem dores
abdominais periumbilicais,náuseas,vômitos e diarréia profusa.Pode aparecer muco,
sangue e pus nas fezes.
-Nos países industrializados é transmitida principalmente de forma indireta pelo
consumo de alimentos oriundos de animais infectados ou por contaminação causada no
preparo de refeições.
-Nos paises em desenvolvimento a propagação está relacionada à água e alimentos
contaminados ou contato direto com animais infectados.
Incidência:
-1913: primeiro relato de abortamento de bovinos e ovinos – Inglaterra.
Shigella
Características:
-Enterobactérias, bastonetes gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios facultativos.
-Divide-se em quatro espécies de acordo com as características bioquímicas e
antigênicas: S.dysenteriae,S. flexneri,S.baydii e S.sonnei, cada uma apresentando outros
sorotipos diferentes.
-Crescem na temperatura de 10 a 40°C; temperatura ótima 37°C, pH 5 a 7 com
Aw0,95.Toleram concentrações de 5-6 % de NaCl.Destruída à 60 °C durante 5 minutos.
Importância em Saúde Pública:
-Dose infectante baixa: 101 a 103 célula. Não necessita se multiplicar nos alimentos.
-Período de incubação varia de 12 a 50 horas (1 a 7 dias).
-Reservatório: homem.
-Modo de transmissão: fecal, oral direta ou indireta de um portador. Transmissão é feita
frequentemente por água e alimentos contaminados, mas também pessoa a pessoa.
Comum em países em desenvolvimento onde as condições de saneamento são precárias.
Moscas e outros insetos são importantes vetores. Nesses países a shigelose é um fator de
risco, determinando elevada taxa de mortalidade infantil, principalmente na suspensão
do aleitamento materno.
-Em países industrializados os surtos de origem hídrico ou alimentar não são comuns.
Contudo a doença é frequentemente endêmica em creches, prisões, asilos e de doentes
crônicos.
-Alimentos mais comumente apontados como suspeitos: salada de batata, galinha, atum,
mariscos, verduras e principalmente a água.
-Mecanismo de agressão: consiste na penetração (invasão do epitélio), multiplicação
(colonização do intestino) e possível produção de toxina, resultando em inflamação
(aguda) e ulceração de mucosa, diarréia muco-sanguinolenta, cólicas, tenesmo, febre e
choque. Ocorre produção exacerbada de fluidos.
Manifestações clínicas:
-Disenteria bacilar (diarréia com sangue, muco e pus),febre, náusea,às vezes vômitos,
cólicas,prostação.
Toxinas:
Citotoxina:efeito letais em células HELA;
Enterotoxina: efeito secretor a nível intestinal;
Neurotoxia:efeito paralizante e letal.
Yersinia enterocolítica
Características:
-Enterobactéria,coco-bacilo gram-positivo,anaeróbio facultativo, geralmente móvel,
mas imóvel a temperaturas de 36°C .Psicrotrófica.Cresce bem a 30°C (-2 a 45°C ),pH
6,8 e Aw de 0,95.É destruída a 60°C por 1 minuto com 0,1 a 0,2 ppm de cloro livre
entre 15 e 35 segundos.É invasora e enterotoxigênica.Dose infectante alta.Antígenos
somáticos (O), flagelares (H) e capsulares (K).
-Habitat: trato intestinal: homem e animais (cães, suínos, bovinos, felinos, aves e
animais selvagens). Contaminação cruzada, utensílios, equipamentos não desinfetados,
mãos contaminadas.
Incidência:
-A incidência por Y.enterocolítica carece de maiores informações sendo reportada de 1
a 3% nos poucos estudos realizados em países desenvolvidos.
-1972: Japão: 180 escolares e 1 professora.Fonte não identificada.
- 1972 – EUA: 220 jovens de 5 escolas diferentes.Consumo de leite achocolatado.
Vibrio
Características:
-Bastonetes, gram negativos retos ou encurvados, móveis (flagelo) ou imóveis,
halofílica (isolada de animais marinhos, peixes, crustáceos e moluscos).
-Reservatório: água do mar ou produtos marítimos.
-Modo de transmissão: ingestão de peixes e mariscos crus ou que não tenham sido
cozidos suficientemente ou que tenham experimentado contaminação cruzada ao serem
manipulados no mesmo ambiente que o peixe cru.
Micotoxinas
Introdução:
É conhecida a associação do desenvolvimento de alguns bolores com a
incidência de diversos síndromes no homem e nos animais.As micotoxinas diferem
tanto nas suas estruturas químicas como nas suas ações farmacológicas, afetando
diversas partes do organismo.
Definição:
As micotoxinas são produtos normais do metabolismo de determinados bolores.
Sendo, neste aspecto, comparáveis aos antibióticos. Num sentido mais amplo, aqui
também se enquadram às toxinas de muitos basidiomicetos, como as das espécies
Amanita e Boletus; os alcalóides de Claviceps purpurea; e o etanol das leveduras.
Os limites entre as micotoxinas e os antibióticos ainda não se acham bem
definidos. Por exemplo, a griseofulvina é um antibiótico com ações secundárias
indesejáveis e que não pode seu usado; o LSD é um medicamento empregado em
psiquiatria, porém o uso deste alucinógeno é muito amplo; a patulina, dotada de ação
terapêutica, poderia ter sido usado como antibiótico durante estes últimos quarenta anos,
mas logo foi considerada tóxica, estando hoje entre as principais micotoxinas.Em geral,
pode-se dizer que hoje em dia há umas 80 toxinas diferentes, que se diferenciam entre si
quimicamente, sendo a maior parte delas termorresistentes.algumas são sensíveis à luz
solar, como a citroviridina, as aflatoxinas e a toxina PR de P.roqueforti.
Propriedades Toxicológicas:
-Ação cancerígena: aflatoxinas, esterigmatocistina, patulina, luteosquirina, ácido
penicílico e ácido ciclopiazônico.
-Ação mutagênica: aflatoxinas, β-metoxipsoralen.
-Ação hepatotóxica: aflatoxinas, ocratoxina A, leteosquirina e rubratoxina.
-Ação nefrotóxina: ocratoxina A e citrinina.
-Ação estrogênica: zearalenoma (especialmente importante em suínos).
-Ação neurotóxica: alguns derivados do ácido lisérgico, citroviridina e tremorgenina.
Ergotismo:
-Agente: Claviceps purpúrea
-Histórico: é uma das intoxicações mais antigas que se conhecem. Problemas de
intoxicações durante a Guerra devido a ingestão de grãos infectados por bolores. Na
Rússia, entre 1942-1947, houve morte de 10% de determinadas populações. Em
Marrocos (1944) houve surto de câncer hepático em suínos por ingestão de tortas de
cacau, algodão, amendoim e sementes de dendê e outros grãos.
-Ação: tipa gangrenosa ou tipo convulsiva. Estimula a contração do útero e do sistema
circulatório, levando vacas ao aborto e gangrena nas extremidades. Uso na China antiga
para favorecer o nascimento de crianças. Efeitos colaterais em animais envolvem
hipersensibilidade, tremores, falta de coordenação motora, aumento da secreção
glandular e aceleração dos batimentos cardíacos. Ação sobre o sistema nervoso central.
-Similaridade: alcalóides clavínicos e derivados do ácido lisérgico.
*Zearalenona:
-Agente: Fusarium moliniforme roseum
-Ação: Hipoestrogênica, leucoencefalomalácea
-Ocorrência: Contaminante de milho.
*Ocratoxina:
-Agente: Aspergillus ochraceous,ou pode ser metabólito de A. alliceus, A.ostianus,
A.esclerotium, A.sulphureus, A.melleus, Penicillium viridicatum, P.commune, A.petrakii,
P.palitans, P.purpurencens, P.variable.
-Ação: Hepatotóxica,nefrotóxica.
-Ocorrência: Presente em trigo (umidade superior a 16%), milho, aveia, cevada, feijão,
amendoim, rações, preparações de pescado fermentado, cerveja, chocolate, café, porcos,
vacas, cavalo.
*Citrinina:
-Agente: P.citrinum,P.viridicatum,A.candidus e A.clavatus.
-Ação: Nefrotóxica,produz poliúria.
-Ocorrência: Milho, trigo centeio, cevada e aveia.
*Ácido Penicílico:
-Agente: Penicillium sp, P.expansum, P. cyclopium, P.martensii, P.palitans,
P.puberulum, P.stoloniferum, P.thomii, P.suaveolens, P.madriti, P.baarnense, A.urtical,
A.ocraceus, A.sulfureus, A.querlinus e A.melieus.
-Ocorrência: Feijão e milho.
*Patulina:
-Agente: P.expansum, P.patulum, A.urticae.
-Ação: Sarcoma subcutâneo em ratos. Apresenta propriedades antibióticas.
-Ocorrência: Maçã e sucos de frutas, produtos de tomate.
Surtos: Granja da França em que uma série de vacas foram afetadas com falta de
coordenação motora, febre e degeneração hepática.
*Esterigmatocistina:
-Agente: A.versicolor, A.nidulans, A.rugulosis, Bipo laris sorokiniana e P.luteum.
-Ação: Hepatocarcinogênica,embora 10 vezes menos potente que a aflotoxina B1.
-Freqüência: Grãos de cereais, fubá.
*Luteosquirina:
-Agente: P.islandicum
-Ação: dano hepático em ratos, nefrotóxico.
*Aflotoxina:
-Agente: Aspergillus flavus, A.parasiticus, A.niger, A.ruber, A.wentii, Penicillium
citrinum, P.frequentans, P.puberulum e P.variable.
-Similaridade: derivados da cumarina. Derivados hidroxilados: B1, B2a, G1, G2, G2a, M1,
M2, GM1, aflatoxicol.
-Ação: Carcinogênico, teratogênico e mutagênico. Ataca fígado. Produzem a morte de
animais por dano direto no fígado devido a necrose centrilobular, alteração de condutos
biliares, fibrose e hemorragia intestinal. Estes sintomas foram observados também em
aves, roedores, gado, suínos, ovinos, cabras, cães e macacos. Doses elevadas produzem
necrose hemorrágica. Os efeitos tóxicos são agravados pela juventude e diminuem com
a idade. Toxina cancerígena. A toxina inibe a mitose e pode produzir alterações nos
cromossomos, tendo assim também efeitos mutagênicos.
-Ocorrência: Comum em países de clima quente e muito (UR >85%) encontrada
frequentemente em rações (por contaminação da matéria-prima). Resíduos
durante a extração de óleos. Relacionado com o crescimento do amendoim dentro da
terra e com as freqüentes escoriações produzidas na vagem do amendoim por insetos e a
sua quebra na colheita. De modo geral considera-se que 60% do material contem
aflatoxina. No Brasil pode-se chegar a 100%.Comum também em coco de
palmeiras.Outros: tortas de algodão (até 56%), girassol (33%), coco-da-bahia (30%),
arroz, sorgo, milho e castanha-do-pará.
-Pesquisas (1970): de 264 amostras de pastas de amendoim examinadas todas eram
tóxicas (20 eram de 2 fábricas do Brasil e 10 de 7 firmas dos EUA).
-Surto:
-Inglaterra (1960): morte de centenas de milhares de perus na Inglaterra pela ingestão de
ração.
-Índia (1977): incidência de cirrose (precursora do hepatoma) infantil pela ingestão de
leite.
-Índia Ocidental (Outubro/1974): 20% de mortalidade devido a uma hepatite epidêmica
fatal (400 pessoas) pela ingestão de milho.
-Tailândia e Tcheco-Eslováquia: Encefalopatias e degeneração gordurosa das vísceras
com várias mortes de centenas de crianças por ano.
Toxinas Marinhas
Referências Bibliográficas