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Da Real Barraca ao Palácio Nacional da Ajuda

Bruno Miguel Rodrigues Lourenço Veloso


20210495 – ISEC LISBOA

Unidade Curricular de História do Património


Professora Alexandra Filipa de Matos Vieira Rebelo Vieira

Maio de 2023
Palácio Nacional da Ajuda

U.C Arquitetura – Licenciatura em Engenharia de Construção e Reabilitação ii


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Índice
Índice .................................................................................................................................................... iii

Índice de Ilustrações .............................................................................................................................. v

Introdução ............................................................................................................................................. 7

Localização Geográfica ........................................................................................................................... 9

Enquadramento Histórico .................................................................................................................... 11

Fases do Projeto .................................................................................................................................. 15


Primeira fase .......................................................................................................................................... 15
Segunda fase.......................................................................................................................................... 17
Terceira fase .......................................................................................................................................... 19
Quarta fase ............................................................................................................................................ 20
Quinta fase ............................................................................................................................................ 23
Sexta fase ............................................................................................................................................... 24

Analise das cartas ................................................................................................................................ 27

Conclusão ............................................................................................................................................ 29

Bibliografia .......................................................................................................................................... 31

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Índice de Ilustrações
Figura 1- Intensidade Sísmica em Lisboa .......................................................................... 8
Figura 2- Zona da Ajuda no início do reinado de D. José I ............................................... 9
Figura 3- Planta da Real Barraca da Ajuda ..................................................................... 12
Figura 4 - Sobreposição da planta da Real Barraca ........................................................ 13
Figura 5 - Alçado do Palácio da Ajuda (lado Nascente), por de Manuel Caetano de
Sousa............................................................................................................................... 16
Figura 6 - Planta do projeto do arquiteto José da Costa e Silva ..................................... 18
Figura 7 - Alçado da fachada principal ........................................................................... 19
Figura 8 - Fachada lateral ............................................................................................... 19
Figura 9 - Sala do Trono .................................................................................................. 20
Figura 10 - Sala do Trono 2 ............................................................................................. 21
Figura 11 - Sala do Trono 3 ............................................................................................. 21
Figura 12 - Projetos de Raul Lino para o remate Poente do Palácio da Ajuda, com as
referidas diferenças ........................................................................................................ 23
Figura 13 - Fachada inacabada ....................................................................................... 24
Figura 14 - Projeto de João Carlos Santos ...................................................................... 25
Figura 15 - Projeto de João Carlos Santos ...................................................................... 26

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Introdução

A Real Barraca, que mais tarde deu lugar ao Palácio Nacional da Ajuda, foi a
residência oficial dos reis portugueses após a destruição do Paço da Ribeira durante o
Terramoto de 1755, até a Implantação da Républica 1910.
O Palácio Nacional da Ajuda é um edifício histórico localizado na cidade de
Lisboa, em Portugal. Sua construção começou em 1795, durante o reinado de D. João
VI e sofreu inúmeras alterações até aos dias de hoje.
Inicialmente, o palácio foi planejado para ser a residência oficial da família real
portuguesa, mas nunca foi completamente habitado por estes. Em vez disso, o edifício
foi usado para receber eventos oficiais e como uma galeria de arte para a coleção real.
Durante a Guerra Civil Portuguesa de 1828-1834, o palácio foi utilizado como
quartel-general do exército liberal liderado por D. Pedro IV, que mais tarde se tornaria o
Imperador do Brasil.
Em 1910, a monarquia portuguesa foi abolida e o Palácio foi transformado num
museu, aberto ao público em geral. A coleção de arte do Palácio inclui muitos objetos
que pertenceram à família real, incluindo móveis, tapeçarias, joias e pinturas. Destacam-
se as salas do trono, o quarto de D. João VI, o Salão de Baile e a Capela Real.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o palácio foi seriamente danificado num
incêndio, mas foi restaurado e reaberto ao público em 1968.
Atualmente, o Palácio Nacional da Ajuda é um importante destino turístico em
Lisboa, atraindo visitantes de todo o mundo para explorar a sua rica história e coleção de
arte.

Palavras-chave: “Real Barraca”; “Palácio Nacional da Ajuda”; “Habitação Real”.

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Figura 1- Intensidade Sísmica em Lisboa

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Localização Geográfica
A zona circundante ao que é conhecido hoje como o bairro da Ajuda, era um local
despovoado e ermo. Segundo algumas fontes históricas foi descoberta uma gruta neste
local, onde foi descoberta, na fenda de uma rocha, uma imagem da Virgem. Neste
seguimento o local passou a ser visitada por inúmeros crentes, tendo sido construída
neste mesmo local uma ermida. Com o passar dos anos, vários comerciantes
construíram ao redor desta zona as suas casas. A zona da Ajuda começou então a
desenvolver-se e a ser fortemente povoada.
É no reinado de D. João V que são adquiridas três quintas, na zona de Belém,
sendo que as duas primeiras já contavam com edificações. A primeira quinta é
atualmente o Palácio de Belém, a segunda o Palácio das Necessidades, a terceira quinta
situa-se na Ajuda, que seria uma residência de verão da Monarquia.

Figura 2- Zona da Ajuda no início do reinado de D. José I

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Enquadramento Histórico
A construção do Palácio da Ajuda, encontra-se associada a um acontecimento
histórico, que ocorreu a 1 de novembro de 1755 - o Terramoto de Lisboa. Este episódio
destruiu praticamente toda a cidade de Lisboa, incluindo a residência do Rei e o velho
Palácio da Ribeira, que se situava no Terreiro do Paço, deixando um medo profundo na
população.
A família Real, no decorrer deste acontecimento encontrava-se do Palácio de
Belém, zona ocidental da cidade de Lisboa, onde o abalo sísmico não se fez sentir tão
intensamente. D. José com receio de novas réplicas sísmicas, refugiou-se nos jardins
destas mesmas instalações, onde mandou erguer, no ponto mais alto, a “Barraca Real”
ou “Paço de Madeira” que terminou a sua construção no ano de 1761.
A projeto da “Barraca Real” foi fruto do arquiteto e cenógrafo Bibiena, construindo
assim um enorme barracão retangular que integrava espaços habitacionais, pequenos
pátios e zonas de lazer, sendo acompanhado ainda por um jardim – Jardim Novo das
Senhoras – conhecido hoje como o “Jardim das Damas”.
Foram utilizados pedra e tijolo na construção das paredes-mestras – como as
fachadas ou cozinhas, cuja espessura era de, aproximadamente, 0.70cm – e madeira
ou tijolo – tabique48 – que foram aplicados na construção da maioria das divisórias
interiores – com aproximadamente 0.15cm de espessura.
A Real Barraca da Ajuda passou, pelo menos, por três fases de obras distintas
que alteraram a sua morfologia. A primeira, compreende os anos de 1756 a 1760 e
contribuiu, como vimos, para a criação e propagação da designação “barraca”. A
destacar nesta fase, especulou-se a hipótese de a Real Barraca da Ajuda ser concebida
como uma estrutura perene que visava, sobretudo, servir de albergue à família real, dado
o receio de D. José I em viver em edifícios de pedra. No mesmo sentido, ainda durante
este período, a cobertura do palácio foi armada em lona. A segunda fase decorre do
falecimento do rei D. José I, em 1777, com as obras empregues no mesmo ano, já no
reinado da sua sucessora D. Maria I. A terceira fase dá-se em 1784 com a reabilitação
da antiga sala do Concelho de Estado a Sala dos Serenins e com a construção do Jardim
das Damas.

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Figura 3- Planta da Real Barraca da Ajuda

Aqui, o rei e a família real permaneceram durante um longo período de tempo,


pois o Rei ficou tão perturbado com o acontecimento que se recusou a viver em edifícios
de alvenaria. Esta construção, de rés-do-chão e primeiro andar, obedecia a dois
princípios fundamentais, pois era resistente a sismos, devido à escolha dos materiais de
construção, e apresentava a inexistência de alvenaria obedecendo a vários traços dos
arquitetos Petrone, Mazone e Veríssimo Jorge.
Após a morte de D. José, a dez de novembro, ocorreu um incendio que devastou
a “Barraca Real” e, passados dois anos, a 9 de novembro de 1796, a família Real
mandou erguer um Palácio, nesta mesma localização, recorrendo a pedra e cal. Este
Palácio denominou-se de Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda.

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Figura 4 - Sobreposição da planta da Real Barraca

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Fases do Projeto

Primeira fase

A dezassete de julho de 1795, o arquiteto Manuel Caetano de Sousa,


responsável pelo projeto de construção do novo Palácio Real, ordenou o início dos
trabalhos de desentulho, terraplanagem e abertura de caboucos, abrindo assim o
caminho para a nova construção.
Numa primeira fase, Manuel Caetano considerou pertinente a escolha dos
materiais empregues na obra real, onde projetou que os alicerces e as paredes iriam ser
elaboradas em pedra das Pedreiras do Rio Seco, Penedo e Monsanto. A cal seria de
Alcântara e o tijolo de Alhandra.
Posteriormente a este momento, seria necessário encontrar a melhor localização
da implementação da construção. O centro da edificação iria situar-se sobre a Calçada
da Ajuda e mediria cerca de 254 metros de comprimento, por 131 metros de largura.
A fachada Sul deveria desenvolver-se em três planos: no inferior correria um
“rústico” entrecortado por pilastras e nichos, que serviria também de suporte ao muro
onde assentaria o edifício; ao centro, seria interrompido por duas rampas semicirculares,
que conduziriam à entrada, esta já no plano imediatamente superior. Aqui nasceria um
corpo saliente com cinco arcos, solução alterada no terceiro plano para cinco portas com
varandins. Para ambos os lados, a fachada seria quebrada, ao meio, por um corpo
saliente. A cimalha teria uma balaustrada, encimada por fogaréus, exceto nos corpos
salientes, onde se elevariam empenas. A fachada terminaria, nos extremos com dois
torreões (o que valeria igualmente para a fachada Norte). Já a fachada Nascente teria
um corpo central saliente e dois laterais, flanqueados pelos torreões. Em altura,
desenvolver-se-ia em dois planos marcados por pilastras, as de baixo da ordem dórica;
da compósita as de cima... A cimalha teria também uma balaustrada, interrompida no
corpo central por um frontão triangular armoreado. Os torreões, com cerca de 44 metros
de altura, seriam rematados por cúpulas e apresentariam na face conjuntos de pilastras
sobrepostas. (Vaz, 2015)
O projeto foi aprovado e teve início em maio de 1796.

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Figura 5 - Alçado do Palácio da Ajuda (lado Nascente), por de Manuel Caetano de Sousa

Em 1801, por ordem de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, os trabalhos foram


interrompidos, pois este ao tomar conhecimento do projeto de Manuel Caetano
considerou-o antiquado e desadequado. D. João, desejoso de acompanhar as novas
correntes arquitetónicas europeias, convocou dois arquitetos para adaptarem ao estilo
neoclássico o projeto anterior.

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Segunda fase

José Costa e Silva e o arquiteto Francisco Xavier Fabri são nomeados


“Arquitetos Gerais das Obras Públicas” e ficam encarregados de executarem o novo
Palácio Real no sítio da Nossa Senhora da Ajuda. A estética neoclássica agradava a
ambos e contrapunha-se às soluções barrocas que Manuel Caetano de Sousa tinha
posto em prática no Paço Real. Era então necessário repensar numa nova arquitetura,
uma vez que Fabri considerava que “a arquitetura era confusa e pouco majestosa e que,
nas plantas não constava a denominação dos espaços, disse que o projeto não era
exequível e, por isso, apresentou um novo projeto.” (Manuscrito Vermelho)
A 21 de janeiro de 1802, o Príncipe regente ordenou que as obras retomassem
com o novo projeto aprovado, colocando no lugar de diretores artísticos Domingos
Sequeira, Vieira Portuense e Machado de Castro.
Após o início das obras surgem algumas questões, uma vez que se considerou
que a área que albergava as acomodações necessárias ao serviço real pequena. Fabri,
de forma a solucionar este impasse sugeriu a expansão do palácio para norte, demolindo
o existente e iniciando uma planta diferente. Em contrapartida, Costa e Silva apresentou
os cálculos do prejuízo da proposta elaborada por Fabri fazendo assim que esta não
avançasse. A limitação monetária era um entrave à construção do novo Palácio. Neste
sentido Casta e Silva e Fabri procuraram realizar tudo o que pretendiam com a maior
economia possível.
Em 1809, suspenderam-se as obras em consequência das Invasões Francesas
que obrigaram a deslocação da corte para o Brasil. Só em 1813 é que as obras
retomaram por Fabri e Costa e Silva.
Em 1816, uma grande parte do piso térreo ficou concluída e iniciou-se a
construção do andar nobre.

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Figura 6 - Planta do projeto do arquiteto José da Costa e Silva

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Terceira fase

Com a morte de Fabri, António Francisco Rosa assumiu a direção técnica da


obra. Este tinha como intuito de corrigir e melhorar o projeto anterior dando um caracter
mais nobre e elegante. Foram então retirados dos torreões as cúpulas e posteriormente
ornamentados com troféus. No que toca à fachada sul, Rosa, eliminou os áticos, por
estes serem dispendiosos e demorados na sua construção.

Figura 7 - Alçado da fachada principal

Em 1821 o Palácio da Ajuda ainda não estava concluído na sua totalidade e neste
seguimento foi decidido que se iria adotar o projeto reduzido do Palácio, eliminando-se
os corpos centrais e poente. Só em 1833 é que a ala sul foi concluída.
Em meados de 1833 foram suspensos novamente os trabalhos.

Figura 8 - Fachada lateral

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Quarta fase

Com a chegada de D. Luís I ao Paço, em 1861, onde faz deste a sua habitação
oficial, foram realizadas obras. D. Maria Pia convocou o arquiteto Joaquim Narciso da
Silva para desenvolver o estilo seguido em França na segunda metade do século XIX,
tornando-se este o Arquiteto da Casa Real entre 1862 e 1865.
Joaquim Narciso da Silva projetou um plano de remodelação seguindo alguns
padrões de privacidade e higiene característicos da mentalidade da burguesia desta
época. É nesta altura que os aposentos do rei e da rainha são separados e são criados
espaços privados e salas de receção. O quarto do Rei ficaria também dividido em três
partes distintas: escritório, quarto de cama e toilette com casa de banho, de forma que o
espaço tivesse um caracter mais privativo.

Figura 9 - Sala do Trono

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Figura 10 - Sala do Trono 2

Figura 11 - Sala do Trono 3

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Em 1910, devido à instauração da 1.ª República o Palácio foi encerrado e todo o


património foi cuidadosamente inventariado. É nesta altura que o Palácio passa a ser
designado de Palácio Nacional da Ajuda e passa a ser um espaço de uma nação.

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Quinta fase

O arquiteto Raul Lino foi nomeado pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte
Pacheco, durante o Estado Novo, 1934, para elaborar um projeto para terminar o edifício,
no entanto este projeto não teve qualquer prosseguimento.

Figura 12 - Projetos de Raul Lino para o remate Poente do Palácio da Ajuda, com as referidas diferenças

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Sexta fase

Entre 1987 e 1992, Gonçalo Byrne, a pedido da Câmara Municipal de Lisboa,


desenvolveu um Plano de Pormenor para o Palácio e sua zona envolvente, no entanto
este nunca foi posto em prática por não ter sido consentido em Assembleia Municipal.
Em 2002, a Câmara Municipal de Lisboa aprova mais uma vez a contratação de
pontos de renovação da área de intervenção foram os seguintes:

1. Recuperação da zona ardida do Palácio da Ajuda;


2. Finalização do lado Norte do palácio;
3. Recuperação do"Jardim das Damas";
4. Recuperação da torre sineira "Galo da Ajuda";
5. Libertação e reutilização do chamado "Paço Velho", hoje com ocupação militar;
6. Libertação e reutilização da chamada "Sala de Física”, hoje com habitação;
7. Libertação e desvio do trânsito no Largo da Ajuda;
8. Recuperação e valorização de facto dos jardins à volta do palácio:
9. Programa contínuo de exposições e iniciativas culturais mobilizadoras;
10. Criação de circuitos pedonais e turísticos que possibilitem, além de um melhor
usufruto da Tapada da Ajuda, que comporta estruturas ímpares como o Jardim Botânico,
o Observatório Astronómico, o Pavilhão de Exposições, o Instituto de Agronomia e o
próprio Parque de Monsanto; possibilitem também uma efectiva interligação Belém‐
Ajuda. (Ibem)

Figura 13 - Fachada inacabada

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Em 2011, João Carlos Santos apresenta um projeto de valorização das áreas


Poente e Norte, no entanto este não avançou porque deram prioridade a grandes
projetos como o Centro Cultural de Belém.
Em 2012, o Diretor Geral do Património, Elísio Summavielle, apresentou um
projeto da autoria de Vasco Massapina. Este tinha como objetivo a integração da ruína
numa intervenção que assumia o inacabado, no entanto neste mesmo ano Elísio
Summavielle e Francisco José Viegas cessam funções e Vasco Massapina falece.
Surge um novo projeto, agora adaptado às exigências do século XXI que teve
como autor João Carlos Santos. Este projeto prevê o remate da fachada poente e a
construção de uma nova ala composta por dois corpos laterais, com o intuito de instalar
a Exposição Permanente do Tesouro Real. Desta forma a finalização do Palácio
Nacional da Ajuda passa por uma “fachada contemporânea e linhas verticais” tal como
o arquiteto João Carlos Santos descreve.

Figura 14 - Projeto de João Carlos Santos

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Figura 15 - Projeto de João Carlos Santos

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Analise das cartas

A preocupação com o património histórico, surge no séc. XIX quando a França se


preocupa com a permanecia dos monumentos que sobreviveram à Revolução
Francesa.
É então, a partir daqui, que surge a preocupação em todo o mundo em preservar o
património histórico, que passou a ser de interesse comum, houve a necessidade de
debater os aspetos relativos quanto a gestão do património no âmbito mundial.
No início do séc. XX, surgem os primeiros congressos onde foi debatido os vários tipos
de intervenção que poderiam surgir ao longo dos tempos.

O primeiro congresso surge em Atenas em 1931, onde debateram o ponto de vista


histórico, como é importante os aspetos relativos ao restauro dos edifícios abandonados
e que tipo de intervenção poderá a ser feita. Pois não havia a preocupação de reconstruir
todo o edifício, mas sim mantê-lo através de manutenção só se houver a necessidade
de restauração devia-se respeitar ao máximo a história do monumento.

A carta de Veneza surge no II congresso em 1941, como o objetivo de


reconhecimento do património histórico como um tesouro universal, sendo a
responsabilidade da sociedade preservá-lo e mantê-lo de forma a transmitir a história.
Mas nunca desprezando os conceitos tratados na carta anterior de Atenas,
mantendo sempre os elementos originais, preservando o máximo possível da sua
autenticidade.
A carta de Veneza doi adotada pela ICOMOS e pela UNESCO.

A carta de Cracóvia, surge +\- 40 anos depois da carta de Veneza, como uma
atualização, impulsionada pelo novo processo de unificação europeu de forma a adaptar
o novo conceito cultural.
Nesta nova carta os novos pontos introduzidos, visam valorizar a diversidade
cultural e patrimónica pela sua identificação e cuidado, mas também os conceitos de
autenticidade e identidade, mantendo o rigor arqueológico salvaguardo todos os pontos
históricos arquitetónicos.

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Conclusão
Após uma visita ao Palácio Nacional da Ajuda e a analise de diversos
documentos históricos e plantas arquitetónicas, foi possível a elaboração do presente
trabalho.
Neste seguimento, podemos concluir que a existência do que é hoje o Palácio
Nacional na Ajuda, é fruto de uma necessidade provocada por uma tragédia que ocorreu
no nosso país – Terramoto de 1775.
Este processo construtivo passou por inúmeras intervenções, tragédias e
momentos de impasse. Estes momentos são consequências de diversas conjunturas
políticas e económicas, mudança de regime, e uma grande crise financeira. Podemos
ainda referir que estes fatores levaram a um momento de paragem da construção do
mesmo.
Dentro deste processo destacam-se três momentos construtivos: a construção
da Real Barraca, que após um incendio foi destruída; a construção inacabada do Palácio
Real da Ajuda; e passados dois séculos a sua conclusão através da “fachada
contemporânea e de linhas verticais” do arquiteto João Carlos Santos.
O Palácio Nacional da Ajuda é, desde 2007, um imóvel tutelado pelo Instituto dos
Museus e da Conservação. É, desta forma, uma das instituições museológicas de artes
decorativas mais importantes do país. Nos dias de hoje, o Palácio Nacional da Ajuda, é
palco de cerimónias protocolares de representação e de Estado.

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Bibliografia
a.muse.arte. (s.d.). Obtido de Um espaço de reflexão em torno da arte e dos museus:
https://amusearte.wordpress.com/2014/11/22/o-que-torto-nasce-com-a-real-
barraca-da-ajuda/
Diário de Noticias. (s.d.). Obtido de https://www.dn.pt/artes/palacio-da-ajuda-vai-ser-
acabado-222-anos-depois-5395801.html
e-cultura. (s.d.). Obtido de https://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/7113
Ibem. (s.d.).
Lemos, D. (Março de 2019). A Real Barraca da Ajuda. MAPEAMENTO E
RECONSTITUIÇÃO HISTÓRICOS.
Manuscrito Vermelho. (s.d.). Academia das Ciencias de Lisboa.
Palácio Nacional da Ajuda. (s.d.). Obtido de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Nacional_da_Ajuda
Património Cultural. (s.d.). Obtido de
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=4722
Pedrosa, G. F. (Fevereiro de 2015). Palácio Nacional da Ajuda. Contexto e Transição de
Escala.
Resto de Colecção. (s.d.). Obtido de
https://restosdecoleccao.blogspot.com/2015/08/palacio-nacional-da-
ajuda.html
Soares, L. F. (Maio de 2016). O PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA E A SUA.
Vaz, J. ( 2015). A Pintura Mural do Real Paço da Ajuda.1796-1833 .

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