Você está na página 1de 4

Prova 8 - Perfil III

Planejamento, Pesquisa e Avaliação de Políticas Públicas e da Gestão Governamental


Especialidade: POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO
Padrões de Resposta
Questão no 1

O texto deverá contemplar os aspectos a seguir.

 Apresentar os principais fundamentos do modelo de Solow que levam à conclusão de que


é “a produtividade total dos fatores (PTF) ‘exógena’ a responsável pela expansão do
produto”, e não o contrário.
 Solow parte da função agregada de produção Q = 𝐾 1−𝛼 𝐿𝛼 𝐴𝑒 𝜆𝑡 , que pode ser reduzida
para a forma Cobb-Douglas Q = 𝐾 1−𝛼 𝐿𝛼 𝐴(𝑡), em que Q é o nível do produto, K o
estoque de capital da economia, L a força de trabalho, A(t) o estado da tecnologia no
tempo, e 1 α e α são coeficientes técnicos que representam os retornos dos fatores
capital e trabalho, respectivamente.
 A função agregada de produção é sujeita a retornos constantes; e o estoque de capital
opera sob condições de rendimentos decrescentes. Como a tecnologia é pressuposta
exógena e a força de trabalho cresce à mesma taxa de crescimento da população, o
modelo conclui que, se a economia crescer sustentada pela acumulação de capital, a
taxa de crescimento do produto converge para zero no longo prazo.
 Solow conclui, mas não demonstra, que apenas o progresso técnico seria capaz de
desviar a economia da estagnação no longo prazo. Ele não o demonstra porque o
progresso técnico é pressuposto exógeno no modelo. Por meio de manipulações
matemáticas na função Cobb-Douglas, conclui-se que a taxa de crescimento do
produto é que depende das taxas de crescimento do estoque de capital, da força de
trabalho e do progresso técnico, que os estudos empíricos denominam produtividade
total dos fatores (PTF).
Logo, o modelo de Solow conclui que é a produtividade (nesse caso, a PTF) que
determina a taxa de crescimento da economia, e não o contrário.

 Apresentar o modelo de Kaldor, com ênfase na lei de Kaldor-Verdoorn, e concluir que é a


taxa de crescimento da produtividade do trabalho que depende da taxa de crescimento do
produto real, e não o contrário, a saber:
 De acordo com a Lei de Kaldor-Verdoorn, existe forte correlação empírica entre
as taxas de crescimento da indústria de transformação e da produtividade média
do trabalho nesse setor. A razão principal, segundo Kaldor, é que a indústria
manufatureira, por operar sob retornos crescentes estáticos e dinâmicos de
escala, à medida que cresce, diversifica e amplia sua participação (medida em
valor agregado) no PIB, faz avançar o crescimento econômico. Em
consequência, as taxas de variação da produtividade do trabalho no setor
manufatureiro respondem positivamente às taxas de crescimento do produto
desse setor, e não o contrário. Kaldor argumenta também que a taxa de
crescimento do PIB e do setor manufatureiro são fortemente correlacionadas no
longo prazo. Porém, é a taxa de crescimento de ambos que explica a taxa de
crescimento da produtividade agregada, por causa dos efeitos propagados pelas
economias de escala emanadas do setor industrial.

 Apontar um dos dois principais canais de transmissão da taxa de câmbio real competitiva
para o incremento da produtividade média agregada.
 Canal de transmissão 1: uma taxa de câmbio real competitiva aumenta os preços
relativos dos bens e serviços dos setores comercializáveis, em comparação com os dos
bens e serviços não comercializáveis, estimulando a alocação de recursos para os
primeiros setores. Como os setores de bens e serviços comercializáveis têm níveis de
produtividade maiores do que os de não comercializáveis, a produtividade média
agregada tende a aumentar.
OU

 Canal de transmissão 2: uma taxa de câmbio real competitiva fomenta o


desenvolvimento com mudança estrutural, já que promove a realocação dos recursos
produtivos do setor primário e de commodities para os subsetores manufatureiro e de
serviços comercializáveis de maior sofisticação tecnológica e de maior produtividade.
Como esses setores estão sujeitos a economias de escala dinâmicas e contam com
maior potencial de geração e difusão de progresso técnico, eles são promotores do
crescimento e da produtividade da economia.

 Uma das hipóteses possíveis, dentre outras, na linha dos estudos sobre “mudança
estrutural”, é o próprio comportamento da taxa de câmbio real no Brasil no período 1995-
2011, quando a moeda brasileira ficou sobrevalorizada na maior parte do período, o que
reforçou a alocação de recursos em direção aos setores produtores de commodities (bens
primários e industrializados intensivos em recursos naturais). No entanto, o candidato
poderá apontar outras hipóteses explicativas, desde que fundamentadas.

(Valor: 100,0 pontos)


Questão no 2

O texto deverá contemplar os aspectos a seguir.


 Relação entre as forças de redução das barreiras ao comércio, da concorrência imperfeita e
das economias de escala e a fragmentação global de produção.
 A expressiva redução das barreiras ao comércio internacional, ocorrida a partir da
década de 1980, ao acirrar a concorrência entre as grandes empresas multinacionais
na economia global, fez com que estas mudassem as estratégias de investimento
direto estrangeiro (IDE) prevalecentes até então. Se antes as empresas
multinacionais se deslocavam para outros países, notadamente para os países em
desenvolvimento, em busca de oportunidades de lucro, comprando parte expressiva
dos insumos utilizados e comercializando a maior parcela da produção nos próprios
países hospedeiros, com as transformações ocorridas a partir da década de 1980,
elas passaram a fragmentar a produção de bens finais e dos bens intermediários no
espaço geoeconômico global. As estratégias de IDE, até o final da década de 1970,
eram predominantemente do tipo horizontal, ou seja, as multinacionais estabeleciam
filiais em outros países, replicando as estruturas de produção e de tecnologia das
matrizes, mas adaptando-as às condições locais dos países hospedeiros.
 As forças conjuntas da concorrência imperfeita, especialmente na forma oligopolista,
e da proliferação de estruturas de produção de bens manufaturados (muitas vezes
acopladas a serviços high-tech), com tecnologias sujeitas a expressivas economias
de escala, aumentaram não apenas os custos fixos iniciais de instalação das plantas
produtivas, como também o grau de barreiras à entrada de competidores rivais. Com
isso, as empresas multinacionais passaram a se engajar em diferentes estratégias de
IDE. Além do IDE horizontal, o IDE vertical e o IDE sob a forma de integração
complexa acarretaram a fragmentação global da produção, determinada pela
diferença de preços relativos dos fatores produtivos na economia mundial.
 Fatores que determinam as três diferentes estratégias de IDE.
 IDE horizontal: a multinacional estabelece filiais em outros países, praticamente
replicando o processo de produção que a matriz utiliza em suas instalações nacionais.
Ela decide operar plantas produtivas caracterizadas por custos fixos específicos (em
geral, elevados) em diversos países, de tal forma que a escolha do país hospedeiro
dependerá do diferencial de custos de transporte existente entre o país de origem e
os de destino.
 IDE vertical: a empresa multinacional decide manter sua sede principal no país de
origem, mas estabelece plantas produtivas de bens finais e de bens intermediários
(insumos) em diferentes países de acordo com as diferenças nos preços relativos dos
fatores de produção (capital, trabalho e outros). Nesse caso, a cadeia de produção é
quebrada, e partes do processo são transferidas para a localidade afiliada.
 IDE sob a forma de integração complexa: as empresas multinacionais estabelecem
plantas em outros países, combinando estratégias de IDE horizontal e vertical. A
escolha dos países hospedeiros dependerá da diferença entre os custos relativos dos
fatores de produção entre os países na economia global. É na integração complexa
que se observa a fragmentação global da produção, pois ela consiste na combinação
de estratégias simultâneas de IDE horizontal e vertical pela empresa multinacional.
Suas subsidiárias estabelecem fábricas no exterior e destinam parte da produção de
bens finais aos países hospedeiros e parte (em geral, a maior parte) à exportação.
Não obstante, elas importam bens intermediários (partes, peças e componentes) de
afiliadas localizadas em outros países, mediante comércio internacional entre as
próprias afiliadas (comércio intrafirma). A parcela da produção de bens finais
destinada à exportação pode se concretizar via comércio intrafirma ou extrafirma,
quando há venda para outras companhias.

(Valor: 100,0 pontos)

Você também pode gostar