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Inteligência Artificial aliada a Nanotecnologia

Mayara M. Trevisol1, Merisandra Côrtes de Mattos2


1
Acadêmica do curso de Ciência da Computação – Unidade Acadêmica de Ciências,
Engenharias e Tecnologias - Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) –
Criciúma, SC - Brasil
2
Professora do curso de Ciência da Computação - Unidade Acadêmica de Ciências,
Engenharias e Tecnologias - Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) –
Criciúma, SC - Brasil
mayara.mt@gmail.com, mem@unesc.net

Resumo. Nos últimos anos a nanotecnologia despertou o interesse entre os


pesquisadores de todo mundo, aumentando-se exponencialmente o número de
pesquisas e trabalhos realizados nesta área. Este artigo discorre sobre o
conceito de nanotecnologia e enumera algumas pesquisas valendo-se dos
recursos da inteligência artificial a fim de proporcionar o desenvolvimento de
medicamentos mais efetivos. Este artigo foi desenvolvido na disciplina de
Inteligência Artificial na 7ª fase do Curso de Ciência da Computação da
UNESC.

Palavras Chave. Átomo, nanotecnologia, nanobiotecnologia, inteligência


artificial.

1. Introdução
As pesquisas desenvolvidas por diversas instituições no mundo buscam o entendimento
e controle de matéria em proporções infinitamente menores das que o olho humano
pode captar. A criação de novos materiais a partir da manipulação de átomos é algo
fascinante e que resultará em uma revolução tecnológica.
Primeiramente, antes de entrar no conceito de nanotecnologia precisa-se
contextualizar essa ciência na história da humanidade. Há mais de 2.500 anos, os
filósofos gregos questionavam-se sobre até quando a matéria encontrada no mundo
poderia ser dividida. Diante disso, observações e pesquisas deram origem ao conceito de
átomo que significa "indivisível". [Silva 2002]
A partir dessa época até os dias atuais, estudos foram realizados e uma gama de
informações foi adquirida sobre o universo. Segundo Cylon (2002) atualmente tem-se
classificado noventa e dois tipos de átomos naturais, ou seja, ocorrem espontaneamente
no universo. A classificação leva em consideração o número de prótons contidos no
núcleo do átomo.
Por serem de proporções ínfimas, a visualização do átomo só é possível com
auxílio de equipamentos de altíssima resolução, na maioria das pesquisas, o microscópio
de tunelamento é utilizado para proporcionar essa visualização na faixa de bilionésimo
de metro, em outras palavras, "nanômetro". Nano em grego significa "anão". [Silva
2002]
Antes dos equipamentos que tornaram a visualização e manipulação de átomos
possível, alguns pioneiros perguntavam-se o que poderia resultar na construção de novas
matérias átomo a átomo.
Em 1959 Feynman palestrou no Instituto de Tecnologia da Califórnia onde
sugeriu que em poucos anos engenheiros poderiam manipular átomos ao ponto de
construírem estruturas novas. Esta palestra, intitulada "Há muito espaço lá embaixo" é
considerada o marco inicial da nanotecnologia [Belisario e Sousa 2002]
De acordo com Junior (2002) pode-se sintetizar o conceito de Nanotecnologia
como o estudo e desenvolvimentos de nanoestruturas e nanodispositivos valendo-se das
propriedades físicas, químicas, elétricas e óticas de novos materiais, o que resulta na
miniaturização de dispositivos sem a perda da qualidade e funcionalidade.
Como citado anteriormente, a nanotecnologia não diz respeito a uma tecnologia
específica e sim ao mutualismo entre diversas áreas do conhecimento. Especificamente
na computação pode-se enumerar pesquisas que se valem da inteligência artificial na
construção de estruturas nanométricas inteligentes.

2. Pesquisas na área de nanotecnologia


Em 22 de novembro de 2000 o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) reuniram-se com o
objetivo de encaminhar uma ação coordenada em nanotecnologia fomentada pelo
Governo Federal. Um ano depois, Anderson Gomes, intitulado coordenador, apresentou
um documento referente às decisões tomadas para a comunidade científica.
Por meio dos materiais consultados, pode-se construir um gráfico comparativo
(Figura 1) entre as principais técnicas de IA empregadas nas pesquisas de
nanotecnologia.

% Técnicas de IA usadas em pesquisas de nanotecnologia

Fuzzy

Redes Neurais

Algorítmos
genéticos

0 10 20 30 40 50 60

Figura 1. Gráfico comparativo entre técnicas de IA

As pesquisas citadas a seguir agregam os avanços da nanotecnologia aliados às


técnicas de inteligência artificial como a lógica fuzzy e os algoritmos genéticos
aplicadas na área farmacêutica. Nesta área destaca-se o desenvolvimento de
medicamentos visando-se reduzir o número de tentativas e erros na maturação de uma
nova droga além de proporcionar uma maior eficácia no tratamento de doenças.

2.1 Nanobiotecnologia e Saúde


No trabalho desenvolvido por Globus et al (2008) o foco recai sobre a evolução de
moléculas pequenas, ou seja, moléculas destinadas à produção de drogas farmacêuticas.
Drogas são pequenas moléculas onde algumas se encaixam precisamente em
receptores para bloquear determinados processos moleculares no organismo. Além
disso, a droga molecular deve sobreviver tempo suficientemente para produzir o efeito
esperado. Visando esse beneficio a criação de novas drogas foca esta consciência de
serem moléculas com precisão atômica para poderem atuar com maior aproveitamento
no efetivo combate as enfermidades, em outras palavras, nanotecnologia molecular
[Globus et al 2008].
O uso de Algoritmos Genéticos (AG) na criação de drogas tem por objetivo
encontrar moléculas semelhantes a drogas já existentes, porém com efeitos colaterais
reduzidos. Por meio disso, o paciente pode substituir o medicamento atual por um que
seja semelhantemente benéfico sem que cause adversidades.
O uso de inteligência artificial nesse tipo de pesquisa vem resolver problemas
que não poderiam ser solucionados por análise de gráficos estáticos, como os
encontrados da literatura, pois o tipo de problemas encontrados atualmente se difere em
muito dos problemas clássicos.
All of these problems investigate one or more static graphs. Our problem is to
find a graph representing a molecule with desirable properties. Thus, the
characteristics of our search space is quite different from the classic problems
in the literature. [Globus 2008]
Muito próximo ao trabalho citado anteriormente, Lameijer et al (2008)
apresentam uma ferramenta chamada “Molecule Evoluator” implementada com o
objetivo de auxiliar os químicos no desenvolvimento de novas moléculas para
medicamentos.
Os autores mostram resultados inéditos e de grande colaboração para a
comunidade cientifica, sugerindo que a ferramenta pode ser usada para ampliar o
conhecimento dos químicos, além de projetarem perspectivas otimistas para o
desenvolvimento de novas drogas.
Exner e Brickmann (2001) utilizaram-se da teoria dos conjuntos Fuzzy para
tratar o complemento da superfície de moléculas. A identificação deste complemento é
o primeiro passo para poder apontar as posições que essa molécula pode ou não se
estabelecer.
Este trabalho tem grande importância, como no desenvolvimento de moléculas
para a medicina, na atividade biológica, na química supramolecular e no
desenvolvimento da nanotecnologia. A possibilidade de criar novos polímeros
condutores explorando o conceito de copolimerização tem atraído atenção dos
pesquisadores nos pontos de vista teórico e experimental. [PUC-RJ 2008]
Esta pesquisa também se aplica no uso da reatividade do carbono onde um
número exponencial de estruturas novas pode ser desenvolvido. Para auxiliar os
pesquisadores, AG’s são empregados para gerar as novas estruturas com propriedades
pré-específicadas pelos químicos e farmacêuticos. Os resultados encontrados estão
trazendo grande satisfação além de gerarem perspectivas promissoras. [Exner e
Brickmann 2001]

3. Considerações Finais
O emprego das técnicas de Inteligência Artificial vem facilitar o trabalho, no caso das
pesquisas citadas anteriormente, de desenvolvimentos de novas drogas valendo-se do
poder de processamento da tecnologia disponível. A elaboração de uma nova droga
requer muito estudo e teste, no entanto, os AG’s minimizam esses esforços por meio de
simulações.
Apesar desses desenvolvimentos ainda estarem em fase exploratória, muitas
descobertas já estão inseridas no cotidiano. Pode-se considerar a nanotecnologia como
uma grande revolução tecnológica.

4. Referências
Belisário, R. e Souza, E. G. (2002) “Há mais espaços lá embaixo”,
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano19.htm, Agosto.
Exner, T. E.; Brickmann, J. (2001) “The Identification of Complementarity of
Molecular Surfaces Using Fuzzy Set Theory”
http://www.springerlink.com/content/31xvktphrx6yumj5/, Julho.
Globus et. Al. (2008) “Automatic Molecular Design Using Evolutionary Techniques”,
http://alglobus.net/NASAwork/papers/Nanotechnology98/paper.html, Julho.
Junior, E. F. S. (2002) “Rede cooperativa para pesquisa em nanodispositivos
semicondutores e materiais nanoestruturados (NanoSemiMat)”,
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano13.htm, Agosto.
Lacava , Z. e Morais, P. (2002) “Nanobiotecnologia e Saúde”,
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano15.htm, Agosto.
Lameijer, et. al. (2008) “The Molecule Evoluator: an Interactive Evolutionary Algorithm
for Designing Drug Molecules”, http://pubs.acs.org/cgi-
bin/abstract.cgi/jcisd8/2006/46/i02/abs/ci050369d.html , Julho.
Linden, Ricardo (2006) “Algoritmos genéticos”, Rio de Janeiro, RJ.
Miranda, M. N. (2008) “Algoritmos Genéticos: Fundamentos e Aplicações”,
http://www.gta.ufrj.br/~marcio/genetic.html, Julho.
Nicoletti, M. C.; Camargo, H. A. (2004) “Fundamentos da teoria de conjuntos fuzzy”,
São Carlos, SP.
PUC – Rio de Janeiro (2008) www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-
bin/PRG_0599.EXE/8729_3.PDF?NrOcoSis=26099&CdLinPrg=pt, Julho.
Silva, C. G. (2002) “O que é nanotecnologia?”,
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano10.htm, Agosto.

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