Proteção de Máquinas Elétricas

e Sistemas Elétricos
Unidade I - Introdução

Prof. Maurício Ruviaro, M.Sc.

2013

Proteção de Máquinas Elétricas e Sistemas Elétricos - Unidade I 1

 Filosofia de proteção de sistemas
• Em sistemas elétricos de potência, os
concessionários defrontam-se com as
seguintes necessidades:
– Garantir a qualidade e operação econômica
do serviço;
– Assegurar uma vida razoável às instalações;
– Enfrentar perturbações e anomalias de
funcionamento que afetam as redes
elétricas e seus órgãos de controle.

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 Filosofia de proteção de sistemas
• Admitindo-se que, na fixação dos
equipamentos do sistema já se tenha
considerado a previsão de crescimento do
consumo, três outras preocupações persistem
para o concessionário:
– Elaboração de programas ótimos de geração;
– Constituição de esquemas de interconexão
apropriados; e
– Utilização de um conjunto coerente de proteções.
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 Programas de geração
• Os programas de geração devem realizar o
compromisso ótimo entre:
– A utilização mais econômica dos grupos geradores
disponíveis;
– A repartição geográfica dos grupos em serviço a fim de:
• Evitar sobrecargas permanentes de transformadores e linhas
de transmissão;
• Assegurar uma produção local nos principais nós de consumo
suficiente ao atendimento dos usuários prioritários, na
hipótese de um problema grave sobre a rede.

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 Esquemas de interconexão
• Na interconexão deve-se atingir os seguintes
objetivos:
– Limitação do valor da corrente de curto-circuito entre
fases a um valor compatível com o material constitutivo
da rede; por exemplo, 40kA em 380kV, 30kA em 220kV.
– Bloqueio da transferência de energia sobre linhas ou
instalações em serviço quando isto representar possível:
• Sobreaquecimento;
• Funcionamento inadequado das proteções; ou
• Ruptura de sincronismo entre regiões ou sistemas interligados.

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 Conjunto coerente de proteções
• Para atenuar os efeitos das perturbações, o
sistema de proteção deve:
– Assegurar a continuidade de alimentação dos
usuários;
– Salvaguardar o material e as instalações da rede.

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 Conjunto coerente de proteções
• No cumprimento dessas missões ele deve:
– Alertar os operadores em caso de perigo não
imediato; ou
– Retirar a instalação de serviço se há, por exemplo,
um curto-circuito que possa deteriorar um
equipamento ou afetar toda a rede.

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 Conjunto coerente de proteções
• Verifica-se, assim, que há necessidade de
dispositivos de proteção distintos para:
– As situações anormais de funcionamento do
conjunto interconectado ou de elementos
isolados da rede (perdas de sincronismo, por
exemplo);
– Os curtos-circuitos; e
– Os defeitos de isolamento.

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Tratamento estatístico dos defeitos
• As informações estatísticas
são particularmente úteis na
fase de planejamento.
• Neste quesito, deve-se
lembrar que a incidência de
certos tipos particulares de
defeito dependem da
localização (mata fechada,
região desértica, instalações
subterrâneas, etc).
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Tratamento estatístico dos defeitos
• De um modo geral, as falhas em um sistema
elétrico podem distribuir-se conforme o
gráfico abaixo:
Origem das falhas
15%
Natureza elétrica
12%
Atuação de relés e
dispositivos automáticos
73%
Erros de pessoal

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Aspectos considerados na proteção
• Na proteção de um
sistema elétrico, devem
ser examinados 3
aspectos:
– Operação normal;
– Prevenção contra falhas
elétricas; e
– Limitação dos defeitos
devido às falhas.

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Aspectos considerados na proteção
• A operação normal presume:
– Inexistência de falhas dos
equipamentos;
– Inexistência de erros do
pessoal de operação; e
– Inexistência de incidentes
incontroláveis.

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Aspectos considerados na proteção
• Em relação à prevenção contra as falhas, tem-
se as seguintes possíveis providências:
– Previsão de isolamento adequado;
– Coordenação do isolamento;
– Uso de cabos para-raios e
de aterramento de baixa
resistência;
– Instruções de manutenção e
operação adequadas.
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Aspectos considerados na proteção
• A limitação dos efeitos de falha inclui:
– Limitação da magnitude da corrente de curto-circuito
(reatores);
– Projeto capaz de suportar os efeitos mecânicos e
térmicos das correntes de defeito;
– Existência de circuitos múltiplos e geradores de
reserva;
– Existência de relés e outros dispositivos, bem como
disjuntores com suficiente capacidade de
interrupção;
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Aspectos considerados na proteção
– Meios para observar a efetividade das medidas
(oscilógrafos e observação humana ou
automatizada); e
– Frequentes análises sobre mudanças no sistema
(crescimento e desdobramento de cargas) com os
consequentes reajustes dos relés e reorganização
do sistema operativo.

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Aspectos considerados na proteção
• Os relés constituem uma das várias
providências no sentido de minimizar danos
aos equipamentos e interrupções no serviço,
quando ocorrem falhas elétricas no sistema.
• Contudo, por desempenharem o papel de
verdadeiras “sentinelas silenciosas” do
sistema, dá-se especial ênfase aos relés nos
estudos de proteção.

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 Análise geral da proteção
• Em um sistema de encontram-se,
basicamente, os seguintes tipos de proteção:
– Proteção contra incêndio;
– Proteção pelos relés e por fusíveis;
– Proteção contra descargas atmosféricas e surtos
de manobra.

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 Análise geral da proteção
• Um estudo de proteção leva, portanto, em
conta as seguintes considerações principais:

– Elétricas
Elétricas, devidas às características do sistema de
potência (natureza das faltas, sensibilidade para a
instabilidade, regimes e características gerais dos
equipamentos e condições de operação);

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 Análise geral da proteção
– Econômicas
Econômicas, devidas à importância funcional do
equipamento (custo do equipamento principal
versus custo relativo do sistema de proteção);

– Físicas
Físicas, devidas principalmente às facilidades de
manutenção, acomodação e distância dos pontos
de instalação dos relés e transdutores de medida.

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 Análise geral da proteção
• É importante dizer que os relés minimizam:
– O custo de reparação dos estragos;
– A probabilidade de que o efeito possa propagar-se
e envolver outro equipamento;
– O tempo que o equipamento fica inativo,
reduzindo a necessidade das reservas;
– A perda de renda e o desgaste das relações
públicas, enquanto o equipamento está fora de
serviço.

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 Análise geral da proteção
• O custo dos sistemas de relés representa cerca
de 2 a 5% do valor correspondente aos
equipamentos protegidos.

• A proteção representa um “seguro barato” em

relação aos equipamentos do sistema elétrico
como um todo.

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Há dois princípios gerais a serem obedecidos,
em sequência:
1. A proteção deve dar ordens se não houver defeitos
na sua zona de controle (desligamentos
intempestivos podem ser piores que a falha de
atuação);
2. Se existe defeito na zona de atuação, as ordens
devem corresponder exatamente àquilo que se
espera, conforme a intensidade e localização do
defeito.
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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Disso resulta que a proteção por meio de relés
tem duas funções:
a) Função principal: promover uma rápida retirada
de serviço de um elemento do sistema quando
esse sofre um curto-circuito, começa a operar de
modo anormal que possa causar danos ou, de
outro modo, a interferir na correta operação do
restante do sistema.

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
b) Função secundária: promover a indicação da
localização e do tipo do defeito, visando mais
rápida reparação e possibilidade de análise da
eficiência e características de mitigação da
proteção adotada.

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Dentro desta ideia geral, os chamados
princípios fundamentais dos relés
compreendem:
– Relés primários ou de primeira linha;
– Relés de retaguarda ou de socorro; e
– Relés auxiliares.

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Os relés primários consistem em uma zona de
proteção separada, estabelecida ao redor de
cada elemento do sistema, com vistas à
seletividade, pelo que os disjuntores são
colocados na conexão de cada dois elementos;
há uma superposição das zonas em torno dos
disjuntores, visando ao socorro em caso de
falha da proteção principal.

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 Zonas de
proteção

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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Os relés de retaguarda tem a finalidade de atuar
na manutenção dos relés primários ou na falha
deste. Por motivos econômicos, só é utilizado para
determinados elementos do circuito e somente
contra curto-circuito. Sua previsão deve-se à
probabilidade de ocorrer falhas, seja, na corrente
ou tensão fornecida ao relé; na fonte de corrente
de acionamento do disjuntor; no circuito de
disparo ou no mecanismo do disjuntor; ou no
próprio relé.
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 Características gerais dos
equipamentos de proteção
• Os relés auxiliares tem função como
multiplicador de contatos, sinalização ou
temporização, etc.

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Características funcionais dos relés
• Características funcionais típicas dos relés são
comumente descritas em termos de:
– Velocidade;
– Sensibilidade;
– Confiabilidade; e
– Seletividade.

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Características funcionais dos relés
• A velocidade ou rapidez de ação na
ocorrência de um curto-circuito visa a:
– Diminuir a extensão do dano ocorrido (~R.I².t)
– Auxiliar na manutenção da estabilidade das
máquinas que operam em paralelo;
– Assegurar a manutenção de condições normais de
operação nas partes “sadias” do sistema;

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Características funcionais dos relés
– Diminuir o tempo total de paralisação do
abastecimento de energia aos consumidores;
– Diminuir o tempo total de não liberação de
potência, durante a verificação do dano.

• Evidentemente, relés rápidos devem ser

associados a disjuntores rápidos, de modo a
oferecer um curto tempo de operação.

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Características funcionais dos relés
• Por sensibilidade entende-se a capacidade da
proteção responder às anormalidades nas
condições de operação e aos curtos-circuitos
para os quais foi projetada.
• O fator de sensibilidade é calculado a partir da
seguinte fórmula:

k = Iccmín / Ipp

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Características funcionais dos relés
• Onde:
– Iccmín: corrente calculada para o curto-circuito
franco no extremo mais afastado da seção da linha
e sob a condição de geração mínima;
– Ipp: corrente primária de operação da proteção
(valor mínimo da corrente de acionamento ou de
pick-up, exigida pelo fabricante do relé).
• Tem-se como valor usual: 1,5 <= k <= 2,0.

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Características funcionais dos relés

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Características funcionais dos relés
• Define-se a confiabilidade como a
probabilidade de um componente, um
equipamento ou um sistema satisfazer a função
prevista, sob dadas circunstâncias.
• A longa inatividade, seguida de operação em
condições difíceis, exige do equipamento de
proteção simplicidade e robustez, e isso se
traduz em fabricação empregando matéria-
prima e mão de obra adequada.
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Características funcionais dos relés
• Por seletividade entende-se a propriedade da
proteção em reconhecer e selecionar entre
aquelas condições para as quais uma imediata
operação é requerida e aquelas para as quais
nenhuma operação ou um retardo de atuação
é exigido.

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 Referências bibliográficas
• CAMINHA, Amadeu C.; Introdução à proteção dos
sistemas elétricos. Editora Edgard Bücher Ltda,
Escola Federal de Engenharia de Itajubá, 1977.

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