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Avaliação Educacional

Tecnologias e Contemporaneidades na Avaliação Educacional

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Márcia Pereira Cabral

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Tecnologias e Contemporaneidades
na Avaliação Educacional

• Introdução;
• Possibilidades Contemporâneas na Educação;
• Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as Competências Digitais;
• O Uso de Tecnologias em Avaliações.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Discutir a tecnologia do ponto de vista educacional e avaliativo; entender o papel do professor,
aluno e da instituição escolar nesse cenário;
• Entender, à luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as competências e habilidades
que devem ser trabalhadas e verificadas na Educação em seus diferentes níveis.
UNIDADE Tecnologias e Contemporaneidades na Avaliação Educacional

Introdução
Avaliar é um processo constante e complexo, que envolve conceitos, instrumentos,
vivências e trajetórias. No contexto educacional, as funções da avaliação precisam ser
consideradas sob uma ótica estratégica, que se manifesta nas práticas realizadas para a
criação de atividades avaliativas em diferentes momentos educacionais.

Considerando que a avaliação educacional acontece do ponto de vista pedagógico e


no contexto brasileiro, com as modalidades de avaliação, os instrumentos e as técnicas
de avaliação, as políticas de avaliação e a avaliação externa contempladas, entende-se
que vivemos em um mundo moderno, modificado constantemente pela inserção da tec-
nologia em nossa vida e nos processos intrínsecos do cotidiano. Portanto, não podemos
deixar de considerar a tecnologia como fator e agente do processo avaliativo educacional.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Assim, nesta Unidade abordaremos a tecnologia e seus dois aspectos dentro da Edu-
cação: como competência necessária à formação dos alunos e, portanto, passível de
avaliação; como instrumento para avaliação de outras competências dentro do cenário
contemporâneo em que vivemos.

Possibilidades Contemporâneas na Educação


Os modos de estudar, trabalhar, relacionar e comunicar, entre outros aspectos, mo-
dificaram-se significativamente nas últimas décadas graças às Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação (TDIC). É praticamente impossível considerar o mundo
sem instrumentos digitais e, portanto, eles também devem estar presentes na Edu-
cação e em seus processos avaliativos. Neste contexto, alguns aspectos precisam ser
considerados para que se entenda de que maneira as tecnologias afetam e influenciam
a avaliação educacional.

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O aluno possui um papel protagonista em seu processo de ensino-aprendizagem, já
que ele constrói o conhecimento à medida que tem contato com conceitos, atividades,
teorias e aplicações. Esse processo extrapola os “muros da escola”, já que se mistura
com suas vivências particulares e coletivas.

No que tange à tecnologia, neste contexto é preciso considerar primeiramente o


acesso à infraestrutura digital a que o aluno está exposto. O computador é a figura mais
clássica da inserção de tecnologias na Educação. Além de ser um suporte do processo
de ensino-aprendizagem, ele também atua como mediador do processo de construção
de conhecimento e, por conseguinte, como mecanismo de avaliação (FONSECA et al.,
2013, p. 2).

Nas escolas, o computador aparece nas salas de informática. Mais de 60% das esco-
las públicas de Ensino Fundamental e Médio do Brasil possuem laboratório de informá-
tica, enquanto o acesso à internet é realidade em 95,1% das escolas de Ensino Médio.
Os dados são do Censo Escolar de 2018, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Fora da escola, estima-se que 74% dos domicílios tinham acesso à internet em 2019,
de acordo com o TIC Domicílios, do Comitê Gestor da Internet do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). O destaque, nesse caso, vai para o fato de que 49%
das residências brasileiras conectam-se à internet por meio de dispositivos móveis, tor-
nando-se a principal forma de acesso da população à rede.

Pela primeira vez, mais da metade da zona rural e classes mais baixas têm acesso à
internet, diz pesquisa.
O acesso à internet nas residências brasileiras cresceu em 2019, com 74% da população já
conectada, segundo a pesquisa TIC Domicílios, que afere informações sobre conexão à
internet no País. Em 2018, o percentual da população que se dizia conectada era de 70%.
Com o avanço do indicador, agora são 133,8 milhões de usuários de internet no Brasil, apon-
tou a pesquisa divulgada nesta terça-feira (26). O levantamento, um dos principais no País,
é feito todos os anos pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade
da Informação (Cetic). Leia a matéria na íntegra, disponível em: https://glo.bo/2H6qSho

Note, assim, que um em cada quatro brasileiros não têm acesso à internet e que me-
tade da população não possui computador em casa. Por isso, é preciso considerar que
o conhecimento prévio dos alunos pode ser bastante heterogêneo e que a forma como
cada um vê a tecnologia provavelmente difere entre si.

Considerando as funções da avaliação, implica na necessidade de uma estratégia


diagnóstica, para que se entenda a posição que cada estudante traz em relação à tec-
nologia. Essa etapa também envolve um entendimento mais aprofundado dos pontos
fracos e fortes do aluno nesse cenário e de que maneira as suas habilidades podem ser
empregadas no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido em sala de aula.

Um ponto importante a ser investigado nesse momento é a relação entre família e escola.
A maneira como os pais lidam e entendem a tecnologia é importante para a construção da

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própria ideia que o aluno terá sobre o tema; por isso, entender como se dá a dinâmica em
âmbito familiar deve ser um dos objetivos da avaliação diagnóstica desenvolvida.

Figura 2
Fonte: Getty Images

Como está inserida em um contexto bastante recente, a tecnologia ainda é vista de


maneira abstrata por muitos pais e alunos. Saber manusear instrumentos digitais de for-
ma mecânica, por exemplo, não necessariamente implica em uma alfabetização digi-
tal, que pode ser entendida como a compreensão dos elementos e aspectos necessários
que se possa entender a cultura e a vivência digital (FRADE, 2007).

Como isso afeta as estratégias avaliativas?

O aluno precisa entender que a tecnologia é um aspecto fundamental da vida educa-


cional e, portanto, envolve um conjunto de habilidades que compõem a sua formação.
Não se trata de mero conhecimento que vai além do necessário, mas que é parte de toda
a aprendizagem. Como apontam Almeida e Valente (2011), “[...] a integração de tecnolo-
gias ao currículo abre novos horizontes em relação à flexibilização da hierarquia espaço
temporal, dos tempos e espaços da escola, potencializando novas formas de aprender,
ensinar e lidar com o conhecimento”.

Perceba, assim, que a tecnologia se insere no contexto escolar ao mesmo tempo em


que o modifica, já que traz consigo habilidades e modos de compreensão particulares.
Para que o aluno perceba esse aspecto de maneira mais tangível, convém que ele seja
avaliado formativamente, para que receba um posicionamento criticamente construtivo
para entender seu relacionamento com a tecnologia e para obter o feedback necessário
para seu desenvolvimento.

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Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
e as Competências Digitais
Em 2017, a base nacional comum curricular trouxe um novo olhar sobre a tecnologia
ao inseri-la no contexto educacional como parte da vida cotidiana e, portanto, como um
elemento fundamental no processo de ensino-aprendizagem.

A Competência Geral 5 da BNCC traz em seu texto que o aluno de Educação Bá-
sica deverá:

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comu-


nicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práti-
cas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e dissemi-
nar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2018, p. 9)

Note que a tecnologia, neste caso, não é somente o suporte para a aprendizagem de
outros conteúdos, mas um próprio universo de conhecimento que deve ser desenvolvido
pelos alunos.

Assista ao vídeo a seguir, que aborda a Competência 5 da BNCC e de que maneira ela se
relaciona à vivência escolar. Disponível em: https://youtu.be/appNaWPyb6

Neste cenário, é essencial trazer os conceitos de letramento e de alfabetização digital


que são apresentados na BNCC:

A BNCC procura contemplar a cultura digital, diferentes linguagens e dife-


rentes letramentos, desde aqueles basicamente lineares, com baixo nível de
hipertextualidade, até aqueles que envolvem a hipermídia. Da mesma ma-
neira, imbricada à questão dos multiletramentos, essa proposta considera,
como uma de suas premissas, a diversidade cultural. (BRASIL, 2018, p. 72)

Assim, o letramento é visto como o processo de aprendizagem dos símbolos neces-


sários para entender determinada linguagem ou conjunto de elementos – no caso, o da
cultura digital.

Já a alfabetização refere-se a um processo mais complexo. A alfabetização tradicional


é apresentada na BNCC como uma atividade de protagonismo do aluno, já que envolve
a “[...] apropriação pelo aluno da ortografia, compreendendo como se dá este processo
(longo) de construção de um conjunto de conhecimentos sobre o funcionamento fono-
lógico da língua” (BRASIL, 2018, p. 90). Ou seja, a alfabetização significa que, após
conhecer os símbolos de determinada linguagem, o aluno seja capaz de construir seu
próprio conhecimento.

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No âmbito digital, significa que o estudante deve utilizar a aprendizagem dos elementos
da cultura digital para embasar o seu processo de entendimento, utilização e aperfeiçoa-
mento das práticas e tendências digitais.

De que maneira isso pode ser avaliado?

O letramento refere-se ao entendimento das simbologias e conceitos do mundo digi-


tal. Nesse caso, uma avaliação do letramento digital pode contemplar a interpretação de
verbetes e de termos utilizados em âmbito digital, por exemplo, ou mesmo uma atividade
prática em que o aluno precise fazer uma tarefa específica – criar um documento no
Office Word, por exemplo.

Já uma avaliação da alfabetização digital envolve aspectos mais profundos, já que a


cultura digital deve ser utilizada em confluência com outros elementos. Uma atividade
prática em que um aluno precisa chegar a certo endereço por meio da ajuda de um
aparelho com tecnologia Global Positioning System (GPS), por exemplo, implica em
boa maneira de entender se o aluno consegue relacionar as ferramentas digitais com o
mundo geográfico que o cerca.

Deletar, virar meme, viralizar. Em que medida a abordagem em sala de aula de palavras
e termos próprios da internet contribui para o processo de alfabetização digital do aluno?

Para que isso aconteça efetivamente, a BNCC propõe o uso ativo das TDIC no cur-
rículo escolar. Para isso, foi desenvolvido, em 2018, um documento denominado Currí-
culo de referência em tecnologia e computação, prevendo o que deve ser abordado
em relação a esse tema em cada etapa da vida escolar.

O documento contempla três eixos: cultura digital, tecnologia digital e pensamento


computacional, que estudaremos agora.

Tecnologia Representação
e Sociedade de Dados

Cidadania Hardware
Digital e Software

Cultura Tecnologia
Digital Digital

Letramento Etapas da Comunicação


Digital Educação e Redes

Pensamento
Reconhecimento Computacional
Abstração
de Padrões

Decomposição Algoritmos

Figura 3
Fonte: Adaptado de CIEB

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Cultura Digital
A BNCC entende como cultura digital tudo aquilo que se relaciona às tecnologias e
à maneira como elas atuam no cotidiano. As tecnologias e o meio digital mediam rela-
ções, criando um contexto único e particular. De acordo com a BNCC, a cultura digital
aproxima-se de conceitos como sociedade da informação, cibercultura e revolução digital.

O mundo digital requer a compreensão de narrativas em linhas próprias, assim como


linguagens verbais ou não verbais. Não se trata somente de uma maneira de se comuni-
car, mas de desenvolver toda uma lógica que dispõe de sentido.
Um dos exemplos mais significativos dessa construção é a utilização de emojis. Cria-
dos no final da década de 1990 pelo japonês Shigetaka Kurita, os emojis são símbolos
e faces com expressões variadas, utilizados como forma de comunicação de mensagens.
Com o tempo, a utilização se tornou tão massiva que os ícones passaram a ter significado
próprio e a serem utilizados quase como uma linguagem própria.
Com a popularização do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp nos últi-
mos anos, a utilização trouxe à tona diversos elementos particulares. Emojis mais pare-
cidos com pessoas, por exemplo, foram problematizados por serem sempre de rostos
brancos; questões de gênero emergiram quando alguns símbolos passaram a ser usados
com teor sexual e até mesmo sinais ofensivos a certas culturas foram removidos.
Os exemplos ilustram a maneira como a utilização de uma iconografia revolucionou a
forma de comunicação moderna e extrapolou seu discurso para outras esferas, como a
racial e a de gênero. Trata-se, assim, de uma cultura digital, que foi criada e desenvolvida
em ambiente virtual e que se tornou parte da vida de todos, perpassando momentos que
vão além da troca de mensagens instantâneas.

A forma de comunicação por emojis foi tema do programa Conexão, da TV Futura, de


modo que assista ao episódio Emojis e linguagem: uma nova maneira de se comunicar?,
disponível em: https://youtu.be/Tlyejw6w05A

Sob a ótica avaliativa, a linguagem pode ser mesclada a outras formas narrativas para
ser passível de interpretação dos alunos. O eixo da cultura digital, assim, compreende:
• Letramento digital: aprendizagem necessária para entender o que é dito, narrado
e apresentado no segmento digital. A avaliação sobre este aspecto engloba a che-
cagem desses conceitos e suas aplicações;
• Cidadania digital: a responsabilidade para com a tecnologia e seus usos. A disse-
minação de notícias falsas – fake news – é um exemplo de comportamento inade-
quado do ponto de vista da cidadania digital. Saber pesquisar e entender a busca de
fontes confiáveis é uma boa maneira de avaliar essa competência;
• Tecnologia e sociedade: aborda a tecnologia de maneira transversal, entendendo-a
como um agente modificador das relações de trabalho, educação, comunicação etc.
Este segmento pode ser trabalhado em estudos de Geografia, Ciências e História,
para que o aluno concilie os conceitos estudados com a tecnologia e seja, assim,
avaliado de maneira abrangente.

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Tecnologia Digital
O eixo da tecnologia digital refere-se a elementos mais técnicos, relacionados ao uso
da internet, suas redes e seus dispositivos de acesso – o desenvolvimento de ideias acer-
ca da computação, dos sistemas, bancos de dados e equipamentos.

A geração em idade escolar atual, em sua grande maioria, é nativa da tecnologia,


em contato com grande parte dos instrumentos e conceitos tecnológicos desde o seu
nascimento. A maior familiaridade, no entanto, não deve se tornar naturalização e falta
de questionamentos. A trajetória e o funcionamento das tecnologias devem ser explica-
dos de modo que o aluno entenda a tecnologia como parte da sociedade e isso deve ser
verificado e checado nas atividades avaliativas. Como afirma Zylberberg (2010, p. 68):

[...] a avaliação é compreendida como parte da ação provocativa do pro-


fessor, que desafia o aluno a refletir, criando. Esteban (2002, p. 176) fala
da essencial capacidade de interpretar os resultados além do que está
posto e questiona: “Como traduzir em nota ou conceito o movimento
de aprendizagem/desenvolvimento que é percebido pelo/a professor/a,
embora ainda não se revele através das respostas certas?”.

A tecnologia digital é trabalhada nas seguintes divisões:


• Representação de dados: representar e interpretar dados informacionais; avalia-
ções que se refiram a pesquisas em bancos de dados e interpretação de narrativas
digitais são exemplos de verificação de aprendizagem;
• Hardware e software: referem-se ao entendimento das estruturas físicas e pro-
gramáticas das tecnologias, bem como às suas interfaces humanas. A avaliação,
neste caso, pode ser feita por meio de atividades de programação ou montagem
de equipamentos;
• Comunicação e redes: abordam os conceitos de internet e seus desdobramentos,
como a segurança da informação. Sua avaliação pode ser a partir de casos práticos,
tais como vazamentos de dados e a legislação sobre este aspecto.

O programa De Olho na Educação, da TV Cultura, abordou o uso de tecnologias na Educa-


ção e as suas maneiras de avaliação no vídeo, disponível em: https://youtu.be/gmzf6WiRr1g

Pensamento Computacional
Já entendemos de que maneira a tecnologia modificou a Educação e suas avaliações.
Contudo, precisamos considerar que a tecnologia também criou uma lógica própria de ra-
ciocínio e funcionamento, o que é denominado, na BNCC, pensamento computacional.

É importante considerar que o docente não necessariamente precisa compartilhar


dos mesmos conhecimentos que os alunos. O professor representa o mediador entre
esse conhecimento e os alunos – e não o detentor de todo esse conhecimento. Como

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um campo de conhecimento recente e em construção acelerada, a tecnologia envolve
um processo de aprendizagem que considera justamente esta característica: é pratica-
mente impossível acompanhar todos os desenvolvimentos tecnológicos de nossa era;
por isso, é preciso construir um pensamento adequado a essa lógica, que esteja relacio-
nado aos avanços que acontecem.

Leia a entrevista com o professor Paulo Antonio Pasqual Junior sobre o pensamento compu-
tacional e as suas implicações, disponível em: https://bit.ly/3kA2p1O

Fazem parte desse pensamento:


• Abstração: capacidade de filtrar e classificar dados para a resolução de problemas;
esta habilidade pode ser trabalhada e avaliada em outras disciplinas;
• Algoritmos: entendimento sobre a construção de estruturas para resolução de pro-
blemas. A avaliação pode acontecer de maneira direta, com a simulação de estru-
turas sob orientações claras;
• Decomposição: divisão de problemas complexos para resolução facilitada; pode
ser considerada e avaliada junto com questões filosóficas e pensamentos lógicos;
• Reconhecimento de padrões: identificação de padrões para encontrar problemas
e explicações. Esta habilidade costuma ser aprendida e avaliada em diversas outras
disciplinas escolares e em atividades dinâmicas e lúdicas.

O Uso de Tecnologias em Avaliações


Embora a BNCC contemple a tecnologia como uma competência e como um conjun-
to de conhecimentos, ela também a aborda como um meio para a realização de outras
atividades e de outras áreas.

As aulas de Artes, por exemplo, podem ganhar novos ares quando os alunos podem
utilizar softwares de criação e de desenho. O trabalho com mapas pode ser conjugado
com o Google Earth, enquanto a Matemática pode ser feita na ponta do lápis e nas
planilhas eletrônicas.

Como a BNCC preconiza a construção de um conhecimento transversal, as tecno-


logias podem e devem ser inseridas em sala de aula sempre que possível. Os exemplos
aqui mencionados ilustram essas possibilidades de aplicação, mas o professor deve acio-
nar os recursos disponíveis para suas aulas.

O processo avaliativo, nesse ínterim, deve contemplar também o uso das tecnologias.
Elas não devem ser vistas como um apoio ou um recurso esporádico, mas como uma
parte necessária e importante do conhecimento.

Os recursos tecnológicos também podem ser usados independentemente depois que


forem dominados pelos alunos. Atividades feitas em formulários virtuais, por exemplo,

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substituem a cópia de tarefas. O envio de trabalhos por meio de plataformas digitais


também se encaixa nessa categoria e é uma boa maneira de flexibilizar prazos e permitir
mais autonomia por parte dos alunos.

Em Síntese
Ao longo desta Unidade vimos a maneira como a tecnologia se relaciona com a Edu-
cação e, consequentemente, com as práticas avaliativas. Neste contexto, é preciso ter
em mente sempre que o conhecimento digital deve ser visto como um campo próprio
ao mesmo tempo em que a tecnologia é uma ferramenta de outras práticas. Conforme
descrito na BNCC:
É preciso repensar os projetos pedagógicos com o olhar de utilização das tecnologias e
recursos digitais tanto como meio, ou seja, como apoio e suporte à implementação de
metodologias ativas e à promoção de aprendizagens significativas, quanto como um fim,
promovendo a democratização ao acesso e incluindo os estudantes no mundo digital.
Para isso, é preciso fundamentalmente revisitar a proposta pedagógica da escola e inves-
tir na formação continuada de professores.

É igualmente necessário considerar o cenário de cada grupo de alunos, entendendo a


infraestrutura que eles têm ao seu dispor e à maneira como seus círculos familiares e
sociais se relacionam com a tecnologia.
Assim, cabe relembrar que o professor deve estimular a construção de uma habilidade
digital nos discentes, instigando-os a acionar as formas de investigação e disseminação
do conhecimento disponíveis no mundo digital. Neste caso, a avaliação deve abranger
este aspecto individual, de busca e organização do conhecimento, bem como os mode-
los éticos e responsáveis da utilização das tecnologias na vida em sociedade.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Ludo Escola
Com cores chamativas e atividades divertidas, Ludo Escola é um aplicativo desenvol-
vido a partir de uma iniciativa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp), e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com
participação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp),
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Universidade de São Paulo (USP) e
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). O objetivo é trazer atividades
dinâmicas e divertidas para alunos em etapa de alfabetização, mesclando conheci-
mentos de Língua Portuguesa com cultura digital.
https://bit.ly/3f3BfPH
Especialização em Educação na Cultura Digital
O Ministério da Educação (MEC) oferece Especialização em Educação na Cul-
tura Digital para trabalhar novas formas de construção de conhecimento na Era
da Informática. Para entender melhor o assunto, vale a pena conferir o livro base
do curso.
https://bit.ly/3kzpAsV
Catálogo Educação na Cultura Digital
Catálogo de materiais do “Curso de Especialização em Educação na Cultura Digital”.
https://bit.ly/3lP2Ruc

Vídeos
Documentário Juventude Conectada | #Educação
O documentário aborda de que maneira a internet e as novas tecnologias relacionam-
se no contexto educacional.
https://youtu.be/CFX3qA7-3aY

Leitura
Entenda como a competência de Cultura Digital da BNCC dá suporte à aprendizagem a distância
A matéria aborda a maneira como a cultura digital e seu domínio é importante
para atividades de ensino a distância e de que maneira isso se aplica em nosso
contexto atual.
https://bit.ly/32O1Knc

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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília, DF,
2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_
site.pdf>. Acesso em: 05/11/2020.

FONSECA, L. M. M. et al. Avaliação de uma tecnologia educacional para a avaliação


clínica de recém-nascidos prematuros. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 21, n. 1,
p. 363-370, 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
-11692013000100011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 05/11/2020.

FRADE, I. C. A. S. Alfabetização digital: problematização do conceito e possíveis relações


com a pedagogia e com a aprendizagem inicial do sistema de escrita. In: COSCARELLI,
C. V.; RIBEIRO, A. E. (Org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades
pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte, MG: Ceale; Autêntica, 2007. p. 59-83.

ZYLBERBERG, T. P. Tecnologias digitais e avaliação: algumas conexões. Motrivivência,


v. 34, p. 61-71, 2010.

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