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Se você tiver mais informações específicas sobre esse estudo ou quiser discutir tópicos
relacionados à linguagem e tecnologia em comunidades online, estou aqui para
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Considerações Finais
O gênero textual multimodal é uma forma poderosa de comunicação que
combina diferentes modos de expressão para transmitir mensagens de forma
mais eficaz e impactante. Sua capacidade de criar conteúdos mais dinâmicos e
interativos torna-o uma ferramenta fundamental na era digital.
No entanto, é importante estar ciente dos desafios e limitações desse tipo de
gênero, como a necessidade de habilidades técnicas e a questão da
acessibilidade. Ao superar esses desafios, é possível aproveitar ao máximo o
potencial do gênero textual multimodal e criar conteúdos que realmente se
destaquem e impactem o público-alvo.
Resumo:
Conceitos como Letramento digital, hipertextualidade e multimodalidade já se
encontram difundidos nos movimentos educacionais. Nesse sentido, o presente trabalho
tem como objetivo verificar a visão dos docentes sobre abordagens didático-
metodológicas que envolvam as tecnologias. Além disso, objetiva-se observar se as
práticas desses professores efetivam essas abordagens, além de analisar em que
perspectiva a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio orienta o
trabalho com as tecnologias no eixo “Códigos, Linguagens e suas tecnologias”. Esta
pesquisa desenvolve-se por meio de dois objetos de análise: o documento BNCC do
ensino Médio e um questionário aplicado aos professores de Língua Portuguesa das
terceiras séries das escolas estaduais de Quirinópolis (Goiás). Consiste, portanto, em
uma pesquisa qualitativa, com parte dos dados extraídos de uma investigação
documental e outra parte extraída da pesquisa de campo conforme metodologia de
observação-participante. Apoiou-se nas postulações teóricas sobre a tecnologia na
educação, o letramento digital, os gêneros multimodais e a abordagem
sociointeracionista de linguagem, respectivamente, em: Bakhtin (2000), Rojo (2013,
2015), Kramer et al. (2007) e Silveira e Bazzo (2009) e Almeida e Silva (2011).
Observou-se que a BNCC apresenta incisivos encaminhamentos que evocam os
recursos didáticos digitais. Identificou-se também que os professores têm articulado
suas abordagens didático-metodológicas, inserindo, de maneira significativa ou pontual,
os eventos tecnológicos, conforme a disponibilidade dos escassos recursos e das
condições de trabalho.
Palavras-chave:
Ensino de Língua Portuguesa, tecnologias, letramento discursivo, multiletramentos.
Abstract:
Concepts such as Digital Literacy, hypertextuality and multimodality have already been
diffused in educational movements. In this sense, the present work aims to verify the
vision of teachers about didatic-methodological approaches that involve technologies
and observe if the practice of these professionals executes such approaches, besides
analyzing in what perspective the National Common Curricular Base (BNCC) for high
school degree guides the work with technologies on the axis “Codes, Languages and
their technologies”. This research has been developed through two analysis goals: the
BNCC high school document and a questionnaire applied to Portuguese Language
teachers of the senior year in Quirinópolis (Goiás) state schools. This investigation is
thus of qualitative nature, consisting of one part of the data being extracted from a
documental investigation and another from a field research in accordance with the
observation-attendant methodology. Theoretical background on technology in
education, digital literacy, multimodal genres and the social-interactionist approach of
language has supported this research, by respectively drawing on the following authors:
Bakhtin (2000), Rojo (2013, 2015), Kramer et al. (2007) and Silveira e Bazzo (2009)
and Almeida e Silva (2011). It has been observed that the BNCC presents incisive
orientations that call for digital didactic resources. It has also been identified that the
teachers have articulated their didactic-methodological approaches by inserting
technological events in significant or punctual ways, depending on the availability of
resources and proper conditions.
Keywords:
Portuguese language teaching, technologies, discursive literacy, multi-literacy.
1 Considerações iniciais
O presente trabalho tem como objetivo verificar a visão e a prática dos professores
sobre o uso das tecnologias no ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, nas práticas
didáticas contemporâneas. E, também, identificar no documento norteador do ensino,
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em que medida se apontam propostas de
uso das tecnologias nas práticas de ensino-aprendizagem. As ideias explanadas neste
trabalho levam a reconhecer as tecnologias como uma das formas que mobilizam a
educação a acompanhar a constante evolução da sociedade. Intenta-se, por meio desta
pesquisa, destacar questões que envolvam a utilização das ferramentas tecnológicas em
sala de aula, refletindo o importante papel do professor nessa dinamização.
Sabe-se que, dentre as reivindicações, advindas dos alunos da educação básica, está a
solicitação de aulas mais dinâmicas e atualizadas e extinção das aulas um tanto quanto
enfadonhas. Atesta-se, pelo desinteresse desses jovens durante as aulas, que as
metodologias adotadas estão em dissonância com o público das escolas em pleno século
XXI, dinamizado e eletrizado pela fluência na interação por meio das tecnologias.
Assim, empreendeu-se verificar como os professores têm entendido esse movimento
social de interação e produção de saberes culturais por meio de ferramentas
tecnológicas, e como esse advento das tecnologias pode interferir nos processos
educacionais.
Não há como se pensar nos métodos de ensino-aprendizagem sem o uso desse leque de
instrumentos tecnológicos, que já são disponibilizados de forma acessível hoje nas
escolas. Além disso, sem dúvida, essas instituições e os profissionais que nela atuam
têm percebido a relevância e os possíveis impactos dessas ferramentas em todo o
processo de ensino. Vale ressaltar que a escola, como centro de formação e saber, não
pode negar o relacionamento entre o conhecimento no campo da informática e os
demais campos do saber humano (GRINSPUN, 1999).
Sobre o papel do professor, vale observar que, sendo esse o mediador entre a realidade
em sala de aula e a necessidade de inserção dessas novas possibilidades de ensino, é
necessário que ele olhe a evolução como um dos fundamentos da humanidade. Existem,
hoje, escolas e professores que ainda restringem e limitam suas práticas de ensino às
metodologias de ensino tradicionais e conservadoras. Não se aventa aqui um demérito
com as práticas de ensino que utilizam a lousa, o giz, a exposição verbal, o papel
xerografado, mas as transformações sociais devem gerar mudanças nos espaços
educacionais, para que sejam significativas e produtivas no papel formativo do sujeito.
Assim, vale observar a importância de uma formação que torne o docente hábil a
trabalhar a partir dessa nova realidade, a qual o obriga a acompanhar as diversidades,
pois as
[t]ecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos para que os alunos
aprendam. As formas como os organizamos em grupos, em salas, em outros espaços:
isso também é tecnologia. O giz que escreve na lousa é tecnologia de comunicação, e
uma boa organização da escrita facilita – e muito – a aprendizagem (VIEIRA;
ALMEIDA; ALONSO, 2003, p. 153).
Não se pode olhar para a tecnologia como um passatempo ou “uma pedra no meio do
caminho”, ela é o primeiro passo para se obterem resultados eficazes com as
ferramentas digitais na educação. Além disso, são pertinentes as queixas advindas de
professores em relação ao “mau uso” das tecnologias em sala de aula, quando se é feito,
por exemplo, somente para o acesso em redes sociais, sem fundamentos didáticos.
Quando indagado “em que sentido as tecnologias podem prejudicar o ensino de Língua
Portuguesa”, o professor D adverte: No sentido de os alunos usarem as tecnologias para
acessar as redes sociais e outros aplicativos durante a sala sem a permissão do professor.
Nesse contexto, deve ser reforçado que quando bem direcionadas, elas podem contribuir
sobremaneira no processo ensino-aprendizagem. Para Almeida e Silva (2011):
Existe uma enorme necessidade de fazer com o que o aluno veja o sentido do conteúdo
e consiga desenvolver formas de aplicar aquilo em sua realidade e em qualquer área de
ensino.
Kramer et al. (2007) observam que a globalização atinge de forma direta a educação
escolar e o desenvolvimento do trabalho docente. Não se pode mais pensar na escola
desvinculada das relações e formas de viver que são estabelecidas no meio social. A
escola tem que levar em consideração o cotidiano de seus alunos e o perfil destes, bem
como as práticas sociais que emergem pela comunicação e pelo uso da linguagem. Por
isso, a BNCC apresenta essa perspectiva renovadora.
Para orientar uma abordagem integrada dessas linguagens e de suas práticas, a área
define que os campos de atuação social são um dos seus principais eixos organizadores.
Segundo essa opção, a área propõe que os estudantes possam vivenciar experiências
significativas com práticas de linguagem em diferentes mídias (impressa, digital,
analógica), situadas em campos de atuação social diversos, vinculados com o
enriquecimento cultural próprio, as práticas cidadãs, o trabalho e a continuação dos
estudos (BRASIL, 2018, p. 477, grifos nossos).
Essa proposta traz uma ampliação do conceito de letramento, abarcando não somente a
linguagem escrita, mas todos os textos relacionados às novas tecnologias, como vídeos,
áudios e podcasts. A nova base curricular pontua uma preocupação com o ensino
baseado no texto, para desenvolver a leitura crítica, como requisito importante para que
o estudante consiga analisar as diferentes informações que recebe por meio da internet e
das redes sociais. Além disso, visa promover a aprendizagem dos diversos gêneros do
discurso, perfazendo também os gêneros digitais. O documento curricular encaminha o
trabalho de ensino das linguagens, dos gêneros e discursos em uma perspectiva crítica e
reflexiva e incita a repensar a confiabilidade dos valores de verdades disseminadas pelas
mídias, e pelas Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC). Essa
problemática atual merece enfoque específico na formação humana, social e ética do
sujeito.
Vale esclarecer que a palavra em destaque nessa nova versão da BNCC é “semiose”,
resultado da produção de significados que procuram relacionar a linguagem com outros
sist
Por exemplo, o uso frequente de emojis tem se tornado comum em mensagens escritas.
Eles adicionam nuances emocionais e expressam sentimentos de maneira concisa. No
entanto, é importante lembrar que, em contextos mais formais, é necessário manter a
norma culta da língua.
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HOME PEDAGOGIA LINGUAGEM E ESCRITA: A INFLUÊNCIA DA FALA E DO
MEIO SOCIAL NA UTILIZAÇÃO DA VARIEDADE PADRÃO EM TEXTOS
ESCRITOS
LINGUAGEM E ESCRITA: A INFLUÊNCIA DA FALA E DO MEIO SOCIAL NA
UTILIZAÇÃO DA VARIEDADE PADRÃO EM TEXTOS ESCRITOS
PEDAGOGIA
O estudo sobre como a fala influencia sobremaneira a escrita, a interferência da
oralidade e do meio social no processo da escrita dos alunos e as relações entre
linguagem e escola.
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal
colaborativo Monografias. O Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do
artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor. Para acessar os textos
produzidos pelo site, acesse: http://www.brasilescola.com.
ÍNDICE
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
3. REVISÃO DE LITERATURA
4. FALA E ESCRITA
5. LINGUAGEM, ESCRITA E PODER
6. LINGUAGEM E ESCOLA
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. RESUMO
A finalidade do ensino da leitura e da escrita consiste em formar sujeitos que sejam
capazes de produzir e interpretar textos. Conhecer e dominar o sistema da escrita não
implica ter resolvido às situações próprias de produção e interpretação textual: isso é um
aspecto parcial e restrito desse âmbito. É necessário que o professor, ao analisar a sua
prática, reflita sobre os contextos e condições nos quais o processo ensino-
aprendizagem ocorre. Cabe ao professor adequar sua ação à realidade do aluno,
interagindo com ela e dela extraindo, constantemente, os dados que lhe permitam tornar
sempre mais consequente e efetivo o processo educativo. Desta forma, ao se modificar a
metodologia em função do contexto e condições do alunado, retoma-se a ação de uma
escola que, geralmente, se volta para a adaptação do aluno às suas expectativas.
Palavras-chave: Linguagem; oralidade; escrita; meio social; variedade-padrão.
2. INTRODUÇÃO
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3. REVISÃO DE LITERATURA
Essa pesquisa de caráter bibliográfico e qualitativo pretende analisar a presença da
oralidade na escrita das crianças e a influência do meio social no processo de aquisição
da escrita tendo como base teórica as autoras que trazem discussões pertinentes sobre o
assunto: FÁVERO, ANDRADE e AQUINO (2003) e SOARES (1989).
A fala, portanto, era tida como não planejada, presa à situação enunciativa, voltada às
necessidades mais imediatas, dispersa, sendo considerada um “caos”, enquanto a escrita
era caracterizada como planejada previamente, mais ligada à cultura de um povo e à
elaboração intelectual, coesa e bem estruturada. Desse modo, percebemos que a língua
escrita foi e é supervalorizada.
Se por um lado na oralidade não se pode falar em erro, já que as variantes constituem
maneiras alternativas de dizer a mesma coisa e a transgressão é apenas um fator social,
por outro lado, na língua escrita, o erro é visto de outra maneira, uma vez que a escrita
deve obedecer a um código convencionado que não prevê variação.
Modos e emoções) e de seu grupo social (classe social, grupo étnico, sexo, idade,
ocupação, educação, entre outros), pois eles favorecem a interpretação dos papéis dos
interlocutores (falante-ouvinte-audiência (facultativa)/escritor-leitor) num evento
particular, determinado, dados os componentes linguísticos desse texto.
É fundamental que o professor conheça a realidade de seus alunos para que possa
intervir de maneira consciente e responsável para o desenvolvimento pleno de seus
educandos.
Para Soares (1989) o uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de
variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos
linguísticos e leva a dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada
a variante padrão socialmente prestigiada.
4. FALA E ESCRITA
Historicamente a fala nos é dada, pois, onde quer que haja seres humanos, há linguagem
verbal oral, ao passo que a escrita, precede a leitura e é uma convenção que necessita ser
intensiva e ‘sistematicamente aprendida’. Então na escrita o estatuto do erro tem
natureza diferente
[…] O uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes linguísticas
social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos linguísticos e leva a
dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão
socialmente prestigiada. (SOARES, 1989, p. 17).
De acordo com a referida autora, “nossa escola tem-se mostrado incompetente para a
educação das camadas populares, e essa incompetência, gerando o fracasso escolar, tem
tido o grave efeito não só de acentuar as desigualdades sociais, mas sobretudo, de
legitimá-las.”
Para Fávero, Andrade e Aquino (2003) A escrita tem sido vista como de estrutura
complexa, formal e abstrata, enquanto a fala, de estrutura simples ou desestruturada,
informal, concreta e dependente do contexto. “Não se trata, simplesmente, de se ensinar
a criança a falar, mas de desenvolver sua oralidade e saber lidar com ela nas mais
diversas situações”. (DIAS, 2001, p.36) Ou seja, mostrar aos alunos a grande variedade
de usos da fala, dando-lhes a consciência de que a língua não é homogênea, monolítica,
trabalhando com eles os diferentes níveis (da mais coloquial ao mais formal) das duas
modalidades – escrita e falada -, isto é, procurando torná-los poliglotas dentro de sua
própria língua.
Entretanto, com o surgimento dos estudos do texto, o enfoque vai deixando de fixar- se
apenas no produto e se desloca para o processo. A linguagem deixa de ser vista como
mera verbalização e passa a ser incorporada, nas análises textuais, a observação das
condições de produção de cada atividade interacional. A elaboração do texto escrito –
assim como do oral – envolve um objetivo ou intenção do locutor. Contudo, o
entendimento desse texto não diz respeito apenas ao conteúdo semântico, mas à
percepção das marcas de seu processo de produção. Essas marcas orientam o
interlocutor no momento da leitura, na medida em que são pistas linguísticas para a
busca do efeito de sentido pretendido pelo produtor.
As crianças que ocupam os bancos da escola pública vêm dos mais diferentes
segmentos da sociedade, de diversas regiões, com experiências linguísticas bastante
diferenciadas, trazendo para a escola as variedades desprestigiadas do português. A
escola quando tenta “erradicar” as formas de linguagem menos prestigiadas, está
informando ao aluno: você fala “errado”, escreve “errado”; e, por tabela: os valores
culturais, a língua da sua comunidade também são “errados”.
Quando a escola tenta substituir a língua que o aluno já fala por outra, a dita “culta”, ela
fracassa e assim será enquanto não perceber que o respeito à fala do aluno é condição
primeira para atingir o objetivo mais amplo: ensinar tudo a todos.
Uma criança de 2 anos, oriunda de família de classe média, com pais de nível
universitário cuja linguagem obedece, via de regra, aos padrões cultos de concordância,
produz frases do tipo:
Ao lado de:
_Eles correram”.
Ora, não é tão difícil assim imaginarmos que uma criança, com a mesma idade da
anterior, cujos pais não são escolarizados, possa produzir frases que não obedeçam ao
padrão acima:
Ao lado de:
Cum eu”.
_”Eles correro”.
Correu”.
A primeira criança procura incorporar uma regra de formação do plural dos nomes e da
estrutura dos verbos. O fato de usar “batis”, “brigas”, por analogia com o plural das
expressões nominais, revela que há uma hipótese que a criança testa a partir de uma
generalização: plural= “s”.
Ao lado desta hipótese, porém, observamos que ela já incorporou o plural de outros
verbos: “correram”, e as duas formas convivem no momento. É provável que esta
criança chegue a concluir, muito antes de entrar na escola, que deve dizer: batem,
brigam, em função da contínua interação com seus pais, que são usuários destas formas.
A segunda criança fala de acordo com as “regras” das pessoas com quem convive e, por
isso, para ela o plural é marcado num só elemento da frase, numa determinada posição.
Acrescente-se que em relação ao plural das expressões nominativas: “os olho azul”,
“ozóio azú”, “ozóio azur”, mantém-se a marca de pluralidade num só elemento (“os”),
inclusive em “ozóio”. É importante que, se não entrar em contato com outras
manifestações linguísticas que não a da sua comunidade, esta criança chegue à escola
com essa “regra” bastante enraizada. É também possível que os seus primeiros escritos
manifestem isso, registrando o que e como pronuncia: “ozóio”, “azur”, “azú”, “bati”,
“correro”, “cumigo”, “cum eu”. Qualquer criança que ingressa na escola já traz,
portanto, uma rica prática de linguagem, maior ou menor conforme o exercício efetivo
da comunicação e a variedade de suas experiências. A escola não pode interromper esse
processo: deve manter e aprimorar os comportamentos sociais da interação verbal,
multiplicando as experiências de atividade discursiva para diferentes propósitos sobre
temas, em diferentes condições de produção e interlocução.
É preciso, urgentemente, que a escola não só propicie, mas sobretudo permita que seus
alunos possam expressar-se com liberdade, sem medo, sem imposições. Recuperar a
fala do individuo, seu poder de expressão verbal é condição fundamental para o
processo ensino-aprendizagem ser bem-sucedido.
O aprendizado das operações de transformação do texto falado para o escrito coloca-se
como imprescindível para o melhor domínio da produção escrita que se tem evidenciado
muito problemática entre nossos estudantes. A aplicação de atividades de observação
que envolvem a organização de textos falados e escritos permite que os alunos cheguem
à percepção de como efetivamente se realizam, se constroem e se formulam esses
textos.
Uma variedade linguística “vale” o que “valem” na sociedade os seus falantes, isto é,
vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e
sociais. Esta afirmação é válida, evidentemente, em termos “internos”, quando
confrontamos variedades de uma mesma língua.