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TABERNÁCULO DE DAVI
SESSÃO 1 – INTRODUÇÃO E VISÃO GERAL

I. Apresentando o Tabernáculo de Davi

A. Um dos eventos mais negligenciados em toda a narrativa bíblica é o estabelecimento

da adoração dia e noite diante da arca da aliança, que ocorreu durante o reinado de Davi.
Muito tem sido dito sobre a conquista de Davi sobre Golias, seu fracasso com Bate-Seba, sua
fuga de Absalão, mas estranhamente é difícil encontrar muitos estudos ou ensinamentos sobre
o assunto da “arca-santuário”1
que organizou adoração ao vivo com música no monte de Sião durante todo o reinado de Davi
em Jerusalém. Esta arca-santuário é biblicamente conhecida como Tabernáculo de
Davi (Isaías 16:5, Amós 9:10-11, Atos 15:16).

B. O Tabernáculo de Davi era, basicamente, uma tenda que Davi montou para hospedar uma
reunião de adoração noite e dia diante da arca da aliança. Dia após dia, cantores e músicos
ministravam ao Senhor em turnos, presumivelmente uma hora de cada vez. 1 Crônicas
25 detalha vinte e quatro famílias, compostas por doze cantores e músicos que deveriam
“profetizar com harpas, instrumentos de cordas e címbalos”. Eles “eram instruídos nos
cânticos do Senhor”. Eles operavam sob a direção dos pais de suas famílias, “para a música na
casa do Senhor com címbalos, instrumentos de cordas e harpas”.

C. No seu início, o tabernáculo era administrado por duzentos e oitenta e oito cantores e
músicos (1 Crônicas 25:7). No final do reinado de Davi havia quatro mil cantores e músicos
adorando dia e noite diante da arca (1 Crônicas 23:5). Para contextualizar esse número, seria
uma sinfonia quarenta vezes maior que a Sinfonia Filarmônica de Nova York.

D. Durante todo o reinado de Davi, Israel apoiou financeiramente estes cantores e músicos
para adorarem ao Senhor como uma ocupação de tempo integral (1 Crônicas 9:33; 16:37).

1. Considere o incrível compromisso do rei e da nação em garantir que os cantores e

músicos estivessem “livres de outros deveres; pois eles estavam empregados nesse
trabalho, dia e noite” (1 Crônicas 9:33).

2. Davi ordenou aos reis de Israel depois dele que estabelecessem músicos e cantores
em tempo integral. Esta ordem não foi simplesmente ideia de Davi; ela veio
conforme Deus havia ordenado através de Seus profetas (2 Crônicas 29:25-26).

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Peter J. Leithart. Do silêncio à canção: a revolução litúrgica davídica (Kindle Location 71).
Edição Kindle.

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3. Este compromisso de fornecer financeiramente os cantores e músicos como esteio

do reino de Israel fala muito sobre a prioridade de Deus na ocupação dos cantores e
músicos que adoravam
no Tabernáculo noite e dia.

E. Com a glória do Senhor habitando na Arca, as escrituras descrevem corretamente

os momentos de Davi no tabernáculo como momentos em que Ele “entrou e sentou-se
diante do Senhor” (2 Sam 7:18).

F. Não consideramos o nível dramático de atividade espiritual que estava acontecendo no

Tabernáculo de Davi. Considere o seguinte:

1. A Presença de Deus – A glória de Deus residia à vista no propiciatório no topo da

arca da aliança.

2. O Espírito de Revelação – David olhou para aquela glória e viu a encarnação, a

crucificação, a ressurreição, o fim dos tempos, a segunda vinda e a era por vir.

3. O Espírito de Profecia – As canções, sons, visões e encontros proféticos eram

provavelmente contínuos. Era um teatro de entretenimento divino
quase como o mundo nunca viu. Os três principais músicos, Asafe, Hemã e Jeduthun,
eram conhecidos como profetas. O próprio Davi foi um rei-profeta.

G. O Tabernáculo de David instituiu uma ordem de adoração completamente nova na

terra. Até então, o único registro de instrumentação musical incluída na adoração a Yahweh era
o toque do shofar no início e no final de cada dia durante as ofertas da manhã e da noite (Nm
2
10:9-10).

1. A contribuição de David para o ambiente de adoração do povo de Deus em toda a

terra, em todas as épocas, não pode ser exagerada. Cada reunião de adoração
que incorpora cantores e músicos levantando melodias musicais em admiração a Yahweh
tem suas raízes no Tabernáculo de Davi.

A.2 Peter J. Leithart. Do silêncio à canção: a revolução litúrgica davídica (Kindle Location
76). Edição Kindle.

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2. Na minha opinião, a maior coisa que David deu à terra não foram os
seus cem Salmos ou a profundidade da revelação messiânica (embora o
valor dessas coisas seja excessivo). A maior coisa que Davi deu à terra
foi a arca-santuário que hospedava a glória de Deus em adoração
incessante. Era um emblema terrestre da corte celestial de Jeová que
continuou para sempre em meio à adoração sem fim.

3. A sua própria presença na terra mudou a reunião de adoração global do

povo de Deus em todas as épocas e estabeleceu para sempre um emblema
físico e profético para a peça central da estrutura governamental do
céu no céu e na terra.

H. Neste curso exploraremos as implicações naturais, simbólicas e proféticas do

Tabernáculo de Davi. A fim de desenvolver os detalhes do tabernáculo, devemos
ver toda a vida e missão de Davi como uma missão profética que Ele
cumpriu, imperfeitamente, mas plenamente, para cumprir os propósitos de Deus
em Sua própria geração, bem como nas gerações subsequentes de Israel, a
igreja, e as eras que virão.

II. A prioridade de Davi na recaptura da Arca

R. Para entendermos quão central o Tabernáculo de Davi foi para seu reinado
real, é útil prepararmos a mesa considerando o processo e a prioridade que
Davi colocou ao iniciá-lo. Abordaremos o processo de recuperação da arca por
Davi da casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim em uma sessão posterior. Por agora,
vamos esclarecer a prioridade que Davi deu à recuperação da arca e a
importância da arca.

B. A elevação de Davi ao trono de Israel ocorreu em dois movimentos.

1. Primeiro, ele foi ungido rei em Hebron, onde reinou apenas sobre a tribo
de Judá. Nessa época, Isbosete, filho de Saul, era rei sobre todo o resto de
Israel (2 Sam 2).

2. A narrativa do que aconteceu durante esse período pode ser lida em 2

Samuel capítulos 2-4.

3. Sete anos depois que Davi se tornou rei de Judá em Hebron, Isbosete
morreu e Davi foi ungido rei sobre todo o Israel. (2 Sam 5:3)

4. David tinha trinta anos quando começou a reinar em Hebron e trinta

e sete quando começou a reinar sobre todo o Israel. Ele reinou por um total
de quarenta anos – sete em Hebron e trinta e três em Jerusalém (2Sm
5:4, 1Cr 29:27).
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C. A primeira coisa que Davi fez como Rei de Israel foi expulsar os jebuseus que
moravam em Jerusalém e habitavam o Monte Sião.

a. Os jebuseus eram um povo estrangeiro, provavelmente não-semita,

que tinha sido expulso de Jerusalém nos tempos dos juízes, mas que
posteriormente recuperou a posse e manteve a fortaleza do Monte
Sião até ao tempo de David.

b. O Monte Sião não deve ser confundido com o Monte Moriá (conhecido
hoje como o Monte do Templo). O Monte Sião fica a pouco mais
de um quilômetro do monte do templo e era o local do Tabernáculo
de Davi.

c. Quando Davi estava expulsando os jebuseus, ele já tinha a visão do

Tabernáculo que ergueria no Monte Sião como o centro do Seu reino. O
filho de Davi, Salomão, contaria: “o Senhor escolheu Sião; Ele desejou
isso para Sua habitação.”
(Salmo 132:13)

D. Quase imediatamente, os filisteus mobilizaram um exército contra David para

desafiar o Seu novo reinado como Rei em Israel. (2 Sam 5, 1 Crônicas 14). Em
dois movimentos militares diferentes, David derrotou os filisteus no Vale de Refaim
e em Baal Perazim.

E. A próxima coisa que Davi fez foi recuperar a Arca da Aliança. A Arca não
residia em Israel há um século e nunca residia em Jerusalém.

III. A Importância da Arca da Aliança

R. Para compreender a importância de todo o evento, é útil fornecermos algumas

informações básicas sobre a Arca da Aliança.

1. Quando Deus libertou os israelitas do Egito, Ele os levou ao Monte

Sinai e deu a Moisés os planos para um Tabernáculo que seria a peça
central de adoração do povo enquanto eles habitassem no deserto.

2. O Tabernáculo era essencialmente uma tenda rodeada por um muro

que formava o átrio exterior. O Senhor ordenou que os sacrifícios de animais
fossem feitos num altar no átrio exterior. Qualquer um que tivesse um sacrifício
a oferecer poderia entrar no pátio externo.

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3. A tenda do Tabernáculo foi dividida em duas salas: O Lugar Santo e o Santo dos
Santos. O lugar santo só poderia ser acessado pelo sacerdote que estava de plantão
naquele dia. Havia vários móveis nesta parte do Tabernáculo, incluindo um altar para
queimar incenso, uma mesa contendo os pães da proposição e o candelabro contendo
uma lâmpada de sete velas (Menorá). O sacerdote de plantão certificou-se de que o
candelabro estava aceso, os pães da proposição estavam renovados e o incenso
queimava diariamente.

4. A peça de mobiliário mais importante do Tabernáculo estava localizada no Santo dos

Santos. Foi a Arca da Aliança.

5. Havia uma pesada cortina que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos, e
um dia por ano o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos para ministrar diante
da Arca da Aliança.

6. Êx 25:10-22 explica que a Arca da Aliança era uma caixa de madeira feita de
madeira de acácia, medindo 3,75 x 2,25 x 2,25 pés, revestida de ouro.
Havia anéis dourados em cada pé e um pé em cada canto da caixa. Quando a Arca
fosse movida, varas deveriam ser colocadas nas argolas e ela deveria ser carregada
nos ombros dos levitas.

7. A parte mais notável da Arca era a tampa. Colocados em cada extremidade da tampa,
um de frente para o outro, havia dois querubins, feitos de ouro martelado,
ajoelhados em atitude de adoração, com as asas estendidas e tocando o centro. Sob
as asas dos Querubins estava o Propiciatório. Foi lá que Deus prometeu encontrar

com Moisés e falar com Ele de cima do propiciatório. Este é o lugar onde habitou a
glória de Deus. A Arca da Aliança serviu como morada de Deus na terra, essencialmente
como Seu trono terreno, ou como descobriremos nas sessões subsequentes, o
escabelo de Seu trono.

8. A Glória de Deus habitou no meio do povo de Deus no Tabernáculo de Moisés

durante toda a sua permanência no deserto.
Quando o Senhor quisesse que eles movessem o Tabernáculo, a glória do Senhor
se moveria para o lugar que o Senhor direcionasse (parecia fogo à noite e uma
nuvem de glória durante o dia). Onde quer que a glória do Senhor repousasse, eles
parariam e estabeleceriam o Tabernáculo naquele local.

9. Assim que os hebreus entraram na terra prometida, o Tabernáculo de Moisés

com a Arca da Aliança foi instalado em Siló.

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10. Sob o comando de Eli, o sacerdote e juiz, Israel travou uma batalha contra os
filisteus. Os israelitas estavam perdendo e decidiram trazer a Arca da Aliança para a
batalha porque em tempos passados a Arca havia servido como
arma para derrotar os inimigos de Israel. Desta vez, Israel estava pensando na Arca
quase como um “amuleto de boa sorte”. A batalha foi perdida e os filisteus
capturaram a Arca.

11. A Arca sendo capturada pelos filisteus foi um sinal significativo de que a glória de
Deus havia partido da nação. Para que Israel recuperasse a sua posição entre as
nações como uma possessão especial de Yahweh, a arca teria que retornar para ele.

12. David reconheceu esta necessidade e, portanto, priorizou trazer a arca de volta
a Israel como a primeira actividade para estabelecer o seu reino em Israel. Ele queria
que a glória de Deus habitasse com ele no centro do Seu reino e que o trono de Deus
fosse a peça central do seu reinado.

13. A priorização de Davi da presença de Deus habitando no meio do povo e da nação é

um exemplo para o povo de Deus em todas as épocas de como o Senhor deseja
governar o Seu povo.

14. Deus nunca quis liderar o Seu povo de longe, mas sim, Ele sempre desejou
habitar com o Seu povo, no meio deles e liderar a partir daí.
lugar.

15. Na nossa próxima sessão investigaremos o desejo de Deus de habitar em intimidade

entre o Seu povo como a forma normativa pela qual Ele governa e lidera.

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