Vidas Paralelas Rubens Ricupero e C

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Resumo de livro em processo de edição; apresentação resumida publicada no portal da

Revista Interesse Nacional


Vidas Paralelas:
Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil

Paulo Roberto de Almeida


Apresentação publicada no Portal da revista Interesse Nacional (27/03/2024; link:
https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/paulo-roberto-de-almeida-vidas-paralelas-
rubens-ricupero-e-celso-lafer-nas-relacoes-internacionais-do-brasil/)

Sumário provisório do livro

1. Prefácio

2. Uma história intelectual: paralelas que se cruzam


1. Uma nota pessoal sobre minhas afinidades eletivas
2. Por que uma história intelectual paralela?
3. Por que vidas paralelas numa história intelectual?
4. Quão “paralelos” são Rubens Ricupero e Celso Lafer?
5. A importância de Ricupero e de Lafer nas relações internacionais do Brasil
6. O sentido ético de uma vida dedicada à construção do Brasil

3. Rubens Ricupero: um projeto para o Brasil no mundo


1. Do Brás italiano para o Rio de Janeiro cosmopolita
2. Um começo desconcertante na vida diplomática
3. Uma carreira progressivamente ascendente, pela via amazônica
4. Afinidades eletivas com base no estudo do Brasil e no conhecimento do mundo
5. Professor de diplomatas e de universitários, no Instituto Rio Branco e na UnB
6. O assessor internacional e o Diário de Bordo da viagem de Tancredo Neves
7. O Brasil no sistema multilateral de comércio
8. O mais importante plano de estabilização da história econômica brasileira
9. Unctad: a batalha pela redução das desigualdades globais
10. Um pensador internacionalista, o George Kennan brasileiro
11. A figura incontornável de Rio Branco, o paradigma da ação diplomática
12. Brasil: um futuro pior que o passado?
13. O Brasil foi construído pela sua diplomacia? De certo modo, sim
14. Quais as grandes leituras de Rubens Ricupero?

4. Celso Lafer: um dos pais fundadores das relações internacionais no Brasil


1. A abertura de asas de um intelectual promissor
2. A tese de Cornell sobre o Plano de Metas de JK
3. Irredutível liberal: ensaios e desafios
4. As relações econômicas internacionais: reciprocidade de interesses
5. A trajetória de Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil
6. Direitos humanos: a dimensão moral do trabalho intelectual

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7. Um diálogo permanente com Hannah Arendt
8. Norberto Bobbio: afinidades eletivas com o sábio italiano
9. A aventura da revista Política Externa e seu papel no cenário editorial
10. A diplomacia na prática: a primeira experiência na chancelaria, 1992
11. A diplomacia na prática: a segunda experiência na chancelaria, 2001-2002
12. No templo dos imortais: um “intelectual militante” e um “observador participante”
13. O judaísmo laico de Lafer e a unidade espiritual do mundo de Zweig
14. Uma coletânea dos mais importantes artigos num amplo espectro intelectual

5. Paralelas convergentes: considerações finais

Bibliografia geral

Apresentação resumida
O embaixador Rubens Ricupero e o ex-chanceler Celso Lafer são duas das
personalidades mais conhecidas e respeitadas no panorama cultural e no cenário brasileiro de
conhecimento, produção e atuação nas relações internacionais do Brasil. Eles apresentam
certa similaridade de pensamento e de realizações, segundo trajetórias que se cruzaram, que se
entrelaçaram e que se uniram num mesmo propósito: elevar o status do Brasil no mundo,
melhorar a cultura da nação, a política do país, a vida diária dos brasileiros e dos imigrantes
que para aqui vieram e que aqui construíram uma sociedade vibrante, diversificada, como
foram, aliás, os seus bisavôs, chegados ao Brasil no final do século XIX, e que aqui
empreenderam uma vida de trabalho e de construção do próprio país.
Eles possuem muitas “afinidades eletivas”, construídas tanto no labor acadêmico,
quanto no trabalho diplomático, assim como exibem dois percursos paralelos, merecendo,
portanto, apresentação e avaliação conjunta, o que pode ser feito por meio de um percurso
bibliográfico e de um relato mais ou menos linear sobre seus desempenhos notáveis na vida
pública e nas relações exteriores do Brasil. Mais exatamente: pode-se abordar a produção
literária e as atividades públicas de Rubens Ricupero e de Celso Lafer pela via de uma história
intelectual, capaz de segui-los no desempenho de suas funções respectivas, como professores
e como diplomatas, assim como pelo relato da contribuição de ambos para as relações
internacionais do Brasil, tanto no plano da produção intelectual propriamente dita, quando no
terreno das atividades públicas nas quais estiveram engajados, como pensadores, como

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tribunos de ideias e propositores de políticas, como burocratas de alto escalão, no campo da
política externa e da diplomacia.
O volume total da produção de cada um deles é absolutamente assustador, não apenas
pela variedade das abordagens nas diversas vertentes de que se ocuparam, mas também pela
qualidade do que escreveram ou disseram. Muitos dos atuais diplomatas, assim como grande
parte dos pesquisadores e professores da área de relações internacionais se beneficiaram da
produção publicada pelos dois ao longo das últimas quatro ou cinco décadas, ou se inspiraram
nos exemplos que ambos prodigaram em suas atividades práticas nos encargos que assumiram
nos últimos sessenta anos da vida nacional.
As trajetórias de vida de Rubens Ricupero e de Celso Lafer evidenciam uma
motivação comum, profundamente engajada no estudo dos problemas internacionais do
Brasil, desde os primeiros trabalhos conhecidos, e uma constância nesse tipo de produção –
em direitos humanos, na história diplomática, nas relações econômicas internacionais, na
integração, no direito internacional – que resulta, em sua essência e centralidade analítica,
numa grande coerência e honestidade intelectual. Ambas as trajetórias podem ser vistas sob o
conceito de “vidas paralelas”. Elas o são a mais de um título, independentemente da diferença
de origens sociais, que marcaram as primeiras fases da vida acadêmica e profissional de cada
um deles. A partir de certo momento, as paralelas se cruzaram, se imbricaram e não mais se
desligaram, nem se desfizeram.
O que há de peculiar, ou de exclusivo, a cada um? O que os distingue entre si, e o
que os une, fundamentalmente? Cada um, separadamente, mereceria várias biografias, suas
obras publicadas oferecem matérias para dezenas de dissertações, muitas teses de doutorado,
centenas de artigos analíticos, mas não parece existir, até aqui, um estudo conjunto, sobre
esses dois amigos de coração, duas almas gêmeas na vocação de servir o Brasil em sua
vertente internacional. Foi o que eu decidi fazer, e o que agora estou concluindo, depois de
um ano inteiro de leituras, anotações, visitas a bibliotecas, intercâmbio de mensagens e
algumas conversas com os dois, sob o formato de um livro, dotado dessa perspectiva
unificadora das Vidas Paralelas.
Algum motivo especial para esta iniciativa agregadora de caráter intelectual? O
que une, essencialmente, Ricupero e Lafer? O que deu origem e o que, de certa forma,

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legitima e justifica este meu empreendimento, de estudar a trajetória de ambos? Uma mesma
origem na imigração, ainda que diferente em suas raízes, uma trajetória similar de construção
de vida pelo trabalho, o mesmo esforço nos estudos, uma absoluta identidade de propósitos
quanto a objetivos maiores. Origens divergentes, no passado, mas lançadas no cadinho
convergente dos grandes fluxos imigratórios no Brasil do final do século XIX e do início do
século XX; trajetórias não exatamente paralelas na juventude de estudos, mas confluindo no
mesmo universo do Direito, das Humanidades, do interesse comum por assuntos
internacionais na primeira fase da vida madura. Dois meios sociais diferentes, tradições
familiares separadas, mas alguns traços similares entre eles, o que me motivou a juntá-los
nesse paralelismo de realizações, no campo das reflexões sobre as relações internacionais do
Brasil e no terreno prático das atividades diplomáticas. Provavelmente também uma
identificação pessoal com a trajetória e o trabalho acumulado ao longo de várias décadas de
estudos, de escritos, de propósitos.
Mais do que as reflexões e escritos, ou o desempenho de cada um a serviço da
diplomacia brasileira, o que os une, basicamente, são dois elementos intangíveis, que foi o
que me lançou na concepção desta obra de história intelectual: cultura e inteligência.
Independentemente de todos os artigos, ensaios, livros e entrevistas – dezenas de quilos de
material impresso, de cada um dos lados – e do ativismo exemplar nas relações internacionais
do Brasil, no exercício prático de sua diplomacia, o que distingue, mais do que qualquer outra
coisa, os dois personagens, por mim escolhidos para uma espécie de bisturi analítico sobre
seus escritos e realizações, foi justamente estes traços do caráter de cada um, em relação aos
quais eu tenho profunda devoção, um duplo Graal sempre perseguido: cultura e inteligência.
Quando apresentei a eles, em julho de 2023, o meu projeto de elaborar uma história
intelectual comum, o próprio Ricupero me escreveu estas palavras, a respeito dos
paralelismos entre ambos:
Um aspecto óbvio é que, apesar das diferenças, Celso e eu pertencemos a uma
mesma família de orientação política e filosófica: somos ambos liberais com
consciência social. Embora com muito menor base filosófica, admiro as mesmas
personalidades que Celso: Isaiah Berlin, Norberto Bobbio, Hannah Arendt, Raymond
Aron. Tanto na política interna brasileira como em relação à política externa, a real e a
ideal, não creio que existam entre nós diferenças fortes...

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O resultado, portanto, foi um livro de história intelectual, no sentido mais direto
da expressão. Ele trata de duas personalidades influentes no pensamento e na atuação prática
das relações internacionais do Brasil. Eles são influentes pelas obras produzidas, pelas ideias
defendidas, pelas ações conduzidas em diferentes vertentes de suas respectivas vidas: como
professores, pensadores e autores de obras relevantes num vasto leque das ciências sociais e
humanas, como ativistas civis e propositores de medidas para a condução política do país, em
especial na vertente externa, bem como, last but not the least, como decisores setoriais
quando assumiram responsabilidade por cargos de relevo em governos do passado: ambos
como ministros de Estado, Celso Lafer duas vezes na chefia do Itamaraty (1992 e 2001-2002),
Ricupero como ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, logo em seguida como
ministro da Fazenda no lançamento do Plano Real.
Os dois personagens destas Vidas Paralelas deixam uma marca indelével no cenário
cultural e intelectual do Brasil, o que emerge naturalmente a partir de seus respectivos
desempenhos no plano da elaboração e transmissão de ideias, da produção de conhecimento
nos campos da ciência política, da história, do direito, das relações internacionais, entre várias
outras das humanidades e das ciências sociais. Eles também contribuíram, com o melhor de
cada um deles, no universo geral da cultura, e no mais especializado da diplomacia, para a
imagem e o papel que o Brasil conseguiu forjar para si no cenário mundial, ambiente no qual
atuaram, de forma muito intensa, juntos ou separadamente, e no qual eles constituem,
justamente, dois dos mais distinguidos representantes da inteligência nacional.

Obras relevantes:

Celso Lafer:
- Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação.
Brasília: Funag, 2018, 2 vols.
- Hannah Arendt: Pensamento, persuasão e poder. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.
- Um percurso no Direito do Século XXI. São Paulo: Atlas, 2015, 3 vols.
- Norberto Bobbio: trajetória e obra. São Paulo: Perspectiva, 2013.
- A internacionalização dos direitos humanos: Constituição, racismo e relações
internacionais. Barueri, SP: Manole, 2005.
- A Identidade Internacional do Brasil e a Política Externa Brasileira: passado, presente e
futuro. 2a. ed., revista e ampliada; São Paulo: Perspectiva, 2004.

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- Comércio, desarmamento, direitos humanos: reflexões sobre uma experiência diplomática.
São Paulo: Paz e Terra, 1999.
- A OMC e a regulamentação do comércio internacional: uma visão brasileira. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1998.
- Política externa brasileira: três momentos. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 1993.
- A reconstrução dos direitos humanos, um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt.
São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
- O Brasil e a crise mundial: paz, poder e política externa. São Paulo: Perspectiva, 1984.
- Paradoxos e possibilidades: Estudos sobre a Ordem Mundial e sobre a Política Exterior do
Brasil num Sistema Internacional em Transformação. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1982.

Rubens Ricupero:
- A Diplomacia na Construção da Nação, 1750-2016. Rio de Janeiro: Versal, 2017.
- “O Brasil no mundo”, In: Costa e Silva, Alberto (org.). Crise Colonial e Independência,
1808-1830. Madri-Rio de Janeiro: Fundación Mapfre-Objetiva, 2011, p. 115-159.
- “A inserção do Brasil no mundo”, in: Botelho, André; Schwarcz, Lilia Moritz (orgs.).
Agenda Brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011, p. 458-469.
- Diário de Bordo: a viagem presidencial de Tancredo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado
de São Paulo, 2010.
- Esperança e Ação: a ONU e a busca de desenvolvimento mais justo. São Paulo: Paz e Terra,
2002.
- O Brasil e o dilema da globalização. 2ª ed.; São Paulo: Senac-SP, 2001.
- Rio Branco: o Brasil no Mundo. Rio de Janeiro. Ed. Contraponto, 2000.
- O ponto ótimo da crise. Rio de Janeiro: Revan, 1998.
- Visões do Brasil: ensaios sobre a história e a inserção internacional do Brasil. Rio de Janeiro:
Record, 1995.
- “A diplomacia do desenvolvimento”. In: Pereira de Araujo, João Hermes; Azambuja,
Marcos; Ricupero, Rubens. Três Ensaios sobre diplomacia brasileira. Brasília:
Ministério das Relações Exteriores, 1989, p. 193-209.
- A Abertura dos Portos. São Paulo: Senac-SP, 2007 (coorganização com Luis Valente de
Oliveira).
- Rio Branco”, in: João Hermes Pereira de Araujo. José Maria da Silva Paranhos, Barão do
Rio Branco: Uma Biografia Fotográfica,1845-1995. Brasília: Funag, 1995.

Paulo Roberto de Almeida


Brasília,18 março 2024
Texto também reproduzido no blog Diplomatizzando (27/03/2024; link:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/03/vidas-paralelas-rubens-ricupero-e-celso.html).
Relação de Originais n. 4610. Relação de Publicados n. 1554.

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