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21º CURSO DE EXTENSÃO EM ENGENHARIA DE AR CONDICIONADO

2022

COORDENAÇÃO E REALIZACÃO

SINDRATAR-RJ – SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE REFRIGERAÇÃO, AQUECIMENTO E

TRATAMENTO DE AR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

APOSTILA DE: CARGA TÉRMICA

PROFESSOR: JULIO TEYKAL


CURSO DE EXTENSÃO EM ENGENHARIA DO AR CONDICIONADO

APOSTILA DE SISTEMAS DE AR CONDICIONADO

Esta apostila descreve os conceitos básicos dos diversos tipos de sistemas de ar condicionado e a
seleção dos seus principais componentes.

1 TIPOS DE SISTEMAS

Diversas classificações podem ser utilizadas para identificar um tipo de sistema de condicionamento
de ar. A mais usual é a classificação quanto a troca de calor entre o ar do ambiente (resultado final
do processo) e o processo de resfriamento ocorrida no circuito de refrigeração.

Quando a troca de calor ocorre de forma direta entre o ar do ambiente e o evaporador do circuito de
refrigeração, chamamos o sistema de expansão direta. Quando existe um meio intermediário de
transporte de calor chamamos de expansão indireta, onde o fluido intermediário normalmente
utilizado é a água gelada.

TIPOS DE SISTEMAS:

Expansão Direta

Expansão
Indireta

Os sistemas de expansão direta são normalmente denominados pelo tipo de condicionador de ar


utilizado. Os sistemas mais comuns utilizados no Brasil são:

 Aparelhos Domésticos de Janela

 Split System de ambiente

 Self-contained com condensador remoto

 Self-contained com condensador incorporado

 Self-contained com condensação a água

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 Split System para duto (“Splitão”)

 Roof-top

 Sistema de fluxo de refrigerante variável – VRF

Os sistemas de expansão indireta possuem muitas denominações ou “nomes”, algumas em função


do tipo de condicionador de ar utilizado e outras em função do tipo de unidade resfriadora (Chiller)
utilizada. As denominações mais comuns utilizadas no Brasil são:

 Quanto ao tipo de resfriador:

 Chiller a ar

 Chiller a água

 Quanto ao tipo de condicionador de ar (sistema secundário)

 Condicionador tipo “Fancolete” ou “Baby”

 Condicionado tipo Fan Coil

 Condicionador tipo Fan Coil com VAV (Volume de Ar Variável)

Outras classificações também encontradas são: quanto ao tipo de compressor do chiller (centrífuga,
parafuso, scroll, alternativo); utilização ou não de termoacumulação (gelo ou água); tipo de circuito
de refrigeração do chiller (absorção ou compressão de vapor); fonte de energia principal do chiller
(gás, elétrico, cogeração); entre outras.

Os itens a seguir apresentam alguns tipos de sistemas utilizados no Brasil, suas características
técnicas principais e também suas vantagens, desvantagens e aplicações.

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2 EXPANSÃO DIRETA

2.1 Aparelho Doméstico de Janela

2.1.1. Principais características:

O aparelho de janela é geralmente utilizado para


climatização de um único ambiente. As unidades são Aparelho de Janela:
formadas por ventilador, filtro de ar, evaporador,
compressor, condensador e dispositivo de expansão,
todos contidos dentro de um gabinete instalado junto a
janela ou parede voltada para o exterior.

Essas unidades podem se tornar uma bomba de calor


para aquecimento do ambiente quando instalados
acessórios próprios para reversão do ciclo de
refrigeração, invertendo as funções do evaporador e
condesador.

A capacidade individual deste tipo de equipamento


varia de 0,6 a 3 TR.

2.1.2. Vantagens

 Custo inicial baixo, muito inferior às demais soluções.

 Funcionamento e controle individualizado

 Não necessita de área de piso para instalação.

2.1.3. Desvantagens

 Elevado consumo de energia

 Vida útil reduzida

 Manutenção dificultada quando da utilização de muitas unidades

 Problemas para drenagem de condensado

 Controle de temperatura on-off

 Presença do equipamento dentro do ambiente climatizado

 Elevado nível de ruído

 Forte impacto na arquitetura e fachada do prédio

 Não trata zonas internas

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 Distribuição de ar ineficiente

 Baixa qualidade de filtragem

 Baixa qualidade do ar devido a não utilização de ar exterior de renovação com controle.

2.1.4. Principais Aplicações no mercado

 Residências e hotéis até 3 estrelas.

 Salas comerciais e pequenos escritórios.

2.2 Split System de ambiente

2.2.1 Principais características

O equipamento Split consiste em uma unidade interna e outra


externa que são conectadas entre si por tubulações de gás Split System:
refrigerante. A parte interna possui um ventilador, filtro de ar,
evaporador e dispositivo de expansão. Na parte externa fica
localizado o compressor, a serpentina do condensador e seu
ventilador.

Essas unidades podem se tornar uma bomba de calor para


aquecimento quando instalados acessórios próprios para
reversão do ciclo de refrigeração.

As unidades de ambiente possuem diferentes modelos quanto


a posição de montagem e acabamento e são encontradas em
capacidades de 0,6 a 5 TR.

2.2.2 Vantagens

 Custo inicial relativamente baixo para pequenas capacidades, porém superior ao aparelho de
janela.

 Funcionamento e controle individualizado.

 Não necessita de área de piso para instalação.

 Baixo nível de ruído da unidade evaporadora, se comparado com o Aparelho de Janela

2.2.3 Desvantagens

 Elevado consumo de energia

 Vida útil reduzida

 Manutenção dificultada quando da utilização de muitas unidades

 Problemas para drenagem de condensado

 Presença do equipamento dentro do ambiente climatizado


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 Controle de temperatura on-off

 Baixa qualidade de filtragem

 Baixa qualidade do ar quando não é utilizado um sistema auxiliar de ventilação para suprimento
de ar externo de renovação

 Distribuição de ar deficiente, especialmente em ambientes com baixo pé direito

 Distância limitada entre as unidades internas e externas (5 a 15 metros de desnível e 10 a 30


metros de comprimento total equivalente dependendo do modelo e capacidade)

2.2.4 Principais aplicações no mercado

 Residências e hotéis até 4 estrelas

 Pequenos prédios comerciais de escritórios

 Lojas comerciais

2.3 Packages - Self-contained com condensador incorporado, Self-contained com


condensador remoto e Split para dutos ("Splitão")

2.3.1 Principais características

Esses sistemas são constituídos de condicionadores de ar centrais autônomos com condensação a ar


para utilização com rede de dutos de distribuição de ar. O condicionador é composto de um
ventilador de insuflamento de vazão constante, evaporador, válvula de expansão, filtros de ar,
compressor, condensador com ventilador e quadro elétrico.

A variação entre os três tipos abordados se restringem a


Self-Contained:
localização dos componentes de refrigeração. No caso do
condicionador tipo self-contained com condensador
incorporado, um único gabinete contém todos os
componentes do equipamento e é normalmente instalado
em uma sala de máquinas junto a uma fachada, com
captação e descarga de ar de condensação para o exterior.
O condicionador self-contained com condensador remoto é
utilizado quando não é possível a abertura de áreas de
captação e descarga de ar na fachada, sendo que neste caso
uma unidade condensadora remota é instalada em área
externa do prédio conectada a unidade principal com
tubulações de gás refrigerante (limite máximo de 15 metros
de desnível e 30 metros de comprimento total entre
unidades). O condicionador Split para dutos possui a
mesma aplicação do condicionador com condensador
remoto sendo que a única diferença é que, no caso do Split,
além do condensador o compressor também fica localizado
na unidade externa.

O ar tratado na unidade condicionadora é distribuído aos ambientes através de uma rede de dutos.
Após a troca de calor no ambiente o ar retorna até o condicionador de ar para recirculação.

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O controle de temperatura é efetuado através de um termostato on-off que comanda o
funcionamento dos compressores. Esse termostato controla a temperatura média da zona atendida
pelo condicionador.

A capacidade individual desse tipo de equipamento varia normalmente de 5 a 20 TR, podendo


chegar a até 40 TR.

2.3.2 Vantagens

 Menor custo de implantação que os sistemas de água gelada para aplicações de pequeno a
médio porte

 Maior durabilidade e confiabilidade que os sistemas unitários de pequeno porte (split e aparelho
de janela)

 Tecnologia simples amplamente difundida pela mão de obra de manutenção nacional

2.3.3 Desvantagens

 Consumo de energia maior que os sistemas de água gelada

 No caso de utilização de muitas unidades em instalações de maior porte, apresentam maior


custo de manutenção em função da utilização de muitos equipamentos e componentes.

 Controle de temperatura on-off por zona (não individualizado)

 Equipamento projetado para as condições psicrométricas e de carga térmica para aplicações


típicas de conforto

2.3.4 Principais Aplicações

 Agências bancárias

 Pequenos escritórios

 Lojas comerciais

 Restaurantes

2.4 Self-contained com condensação a água

2.4.1 Principais características

Esses sistemas utilizam condicionadores de ar com


condensação a água para aplicações com rede de Self-contained a água:
dutos de distribuição de ar. Trata-se do mesmo
equipamento self-contained incorporado descrito no
item anterior, mas com a troca de calor no
condensador sendo efetuada por um sistema de
resfriamento de água centralizado que utiliza torres
de arrefecimento localizadas na cobertura do prédio
associadas a um circuito de água com bombas e

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tubulações. Como este sistema não necessita de áreas junto a fachadas e não possui limitações de
distâncias, ele pode ser empregado em sistemas de média e grande capacidades.

A capacidade individual deste tipo de equipamento self-contained varia normalmente de 5 a 20 TR,


podendo chegar a até 40 TR.

Esse tipo de sistema foi muito utilizado no Brasil em edifícios comerciais construídos na década de
70 e 80 que permanecem operando até hoje.

2.4.2 Vantagens

 Não possui limitações de distância entre o condicionador de ar e a rejeição de calor para o


exterior como os sistemas com condensação a ar de expansão direta, sendo aplicável em
instalações de maior porte ou onde exista este tipo de limitação.

 Baixo custo de implantação do sistema de resfriamento de água de condensação (infra-estrutura


básica para implantação de um sistema de ar condicionado central)

 Maior facilidade de rateio de custos e gerenciamento da manutenção em edificações


multiusuários.

 Tecnologia simples amplamente difundida pela mão de obra de manutenção nacional

 Menor consumo de energia que os sistemas com condensação a ar

2.4.3 Desvantagens

 Consumo de energia mais elevado que os sistemas de água gelada com condensação a água

 Dependência de água de reposição para o sistema e necessidade de tratamento químico para


inibição de corrosão

 Maior nível de ruído no ambiente que os sistemas de água gelada devido a presença do
compressor próximo ao ambiente climatizado

 Custo de manutenção elevado em instalações de grande porte em função da utilização de muitos


equipamentos e componentes, localizados em espaços mecânicos junto aos ambientes.

 Controle de temperatura on-off por zona (não individualizado)

 Equipamento projetado para as condições psicrométricas e de carga térmica para aplicações


típicas de conforto

2.4.4 Principais Aplicações

 Edifícios comerciais multiusuários, especialmente os construídos para venda das unidades

 Agências bancárias

 Lojas

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2.5 Roof-top

2.5.1 Principais características

Trata-se de um equipamento autônomo fabricado para


instalação externa sobre a cobertura do prédio. No Roof-Top:
interior de um único gabinete encontram-se o
ventilador de insuflamento, evaporador, filtros de ar,
compressores, serpentina e ventiladores do
condensador.

Essas unidades podem ser equipadas com sistema de


dampers para operação com ciclo economizador que
utiliza o ar exterior em substituição ao ar de retorno
toda vez que as condições externas são favoráveis,
reduzindo o consumo de energia.

A principal aplicação deste tipo de sistema é em


prédios horizontais, com a instalação dos
equipamentos sobre o telhado, sendo que no Brasil
vem se destacando sua aplicação em hipermercados.

O controle de temperatura é efetuado através de um termostato on-off que comanda o


funcionamento dos compressores. Esse termostato normalmente controla a temperatura média da
zona atendida pelo condicionador.

2.5.2 Vantagens

 Baixo custo inicial.

 Não há necessidade de área técnica interna.

2.5.3 Desvantagens

 Consumo de energia mais elevado que os sistemas de água gelada

 No caso de utilização de muitas unidades em instalações de grande porte resulta em maior custo
de manutenção em função da utilização de muitos equipamentos e componentes

 Controle de temperatura on-off por zona (não individualizado).

 Condições psicométricas definidas para aplicações de conforto

2.5.4 Principais Aplicações

 Hipermercados

 Prédios comerciais horizontais

 Lojas de conveniência

 Restaurantes

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 Galpões industriais

2.6 Fluxo de refrigerante variável (VRV ou VRF)

2.6.1 Principais características

Trata-se de tecnologia importada, desenvolvida VRV:


originalmente no Japão e dominada até hoje por
fabricantes asiáticos, onde múltiplas unidades
evaporadoras estão interligadas a uma unidade
condensadora central e um sistema de distribuição de gás
refrigerante.

Os evaporadores são controlados por válvulas de


expansão eletrônicas responsáveis pelo fluxo de
refrigerante nas tubulações. O compressor opera com
velocidade de rotação variável modulando a vazão de
refrigerante em função da demanda de refrigerante dos evaporadores. Todos os componentes e
sistema de controle digital são fornecidos pelo fabricante do equipamento.

As limitações de distâncias são muito superiores às dos Splits podendo chegar a mais 100 metros de
comprimento total.

2.6.2 Vantagens

 Controle de temperatura e funcionamento individualizado

 Solução de equipamento, sistema e controle integrados de um mesmo fabricante minimizando


problemas de instalação

 Diversos modelos de unidades evaporadoras com diferentes arranjos e acabamentos

 Mínima área técnica interna requerida para equipamentos, shafts e tubulações

 Longas distâncias permitidas entre as unidades externas e internas

 Possibilidade de aproveitamento do fator de demanda e diversidade de carga térmica no


dimensionamento da unidade condensadora central

 Baixo consumo de energia em cargas parciais proporcionado pela variação de velocidade do


compressor

2.6.3 Desvantagens

 Custo de implantação elevado

 Condições psicrométricas e de carga térmica definidas para aplicações de conforto

 Tecnologia fechada e importada onde todos os componentes e condições de instalação devem


seguir rigorosamente as regras do fabricante, sem flexibilidade de fornecedores

 Presença de equipamento dentro do ambiente de trabalho

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 Possíveis problemas de qualidade do ar relacionados com a renovação de ar (necessidade de um
sistema de ventilação mecânica) e filtragem

 Perda de eficiência e capacidade quando aplicado com longas linhas de gás refrigerante

 Necessidade de corrigir o dimensionamento em função do comprimento da linha de gás,


temperaturas internas e externas

 Eventuais problemas de vazamento nas linhas de gás refrigerante podem ser de difícil
diagnóstico e solução

 Parada do sistema em caso de mudança de posição do evaporador (mudança de layout)

2.6.4 Principais Aplicações

 Residências de alto padrão

 Hotéis de alto padrão (4 e 5 estrelas)

 Reforma de edifícios existentes sem sistema central de ar condicionado original (minimiza as


obras civis necessárias)

 Prédio de escritórios de pequeno e médio porte

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3 EXPANSÃO INDIRETA - ÁGUA GELADA

Sistema de Água Gelada:

3.1 Sistemas com Condicionadores de ar tipo Fan Coil

3.1.1 Principais Características

Trata-se do sistema central mais comum utilizado no Brasil em instalações de grande porte.

O sistema de condicionamento de ar utiliza água gelada produzida em uma Central de Água Gelada
(CAG), que pode apresentar diferentes configurações e desempenhos.

O condicionador de ar utilizado (fan coil) é constituído de um ventilador de insuflamento com


vazão constante, uma serpentina de resfriamento que utiliza água gelada para troca de calor com o
ar e filtros de ar. O condicionador é usualmente instalado em uma sala de máquinas que funciona
como uma caixa de mistura entre o ar de retorno e o ar exterior de renovação.

O condicionador atende a uma determinada zona através de rede de dutos de distribuição de ar.

O controle da temperatura no ambiente é efetuado através de um sensor de temperatura que modula


a vazão de água gelada circulante na serpentina através de uma válvula de controle de duas ou três
vias.

3.1.2 Vantagens

 Alta eficiência energética

 Manutenção centralizada
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 Longa vida útil do sistema central

 Menor nível de ruído interno

 Permite o dimensionamento do condicionador em função das características psicrométricas e de


carga térmica específicas de cada aplicação.

 Menor capacidade instalada que os sistemas de expansão direta em instalações de grande porte
em função do aproveitamento dos fatores de demanda e diversidade de carga para
dimensionamento da capacidade da Central de Água Gelada

3.1.3 Desvantagens

 Não permite o funcionamento individualizado de um pequeno ambiente interligado a um


sistema central de grande porte

 Custo inicial elevado em instalações de pequeno porte

3.1.4 Principais Aplicações

 Edifícios comerciais de grande porte.

 Shopping Centers

 Hospitais e Laboratórios.

 Indústrias

3.2 Sistemas com Condicionadores de ar tipo Fan Coil e Volume de Ar Variável

3.2.1 Principais Características

O sistema de condicionamento de ar utiliza água gelada produzida em uma Central de Água Gelada
(CAG), que pode apresentar diferentes configurações e performances.

A principal característica deste sistema é o controle Sistema VAV:


de temperatura individualizado em cada ambiente.
Este controle é obtido através da variação da vazão de
ar insuflada no ambiente através da atuação de um
registro contido em uma caixa de volume de ar
variável (VAV). A redução e acréscimo da vazão de
ar insuflado resulta no aumento ou redução da
capacidade de resfriamento em resposta às variações
de carga térmica de cada ambiente.

Além das caixas terminais de VAV, o sistema é


composto de condicionador fancoil acionado por
variador de velocidade que tem como função reduzir
a rotação do ventilador quando do fechamento das
caixas de VAV em períodos de carga térmica parcial.

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3.2.2 Vantagens

 Alta eficiência energética

 Manutenção centralizada

 Longa vida útil do sistema central

 Controle individualizado de temperatura

 Menor consumo de energia dos ventiladores

 Baixo nível de ruído interno

 Melhor controle da umidade relativa

 Permite o dimensionamento do condicionador em função das características psicrométricas e de


carga térmica específicas de cada aplicação

 Menor capacidade instalada que os sistemas de expansão direta em instalações de grande porte
em função do aproveitamento dos fatores de demanda e diversidade de carga para
dimensionamento da capacidade da Central de Água Gelada

 Pode utilizar equipamentos de maior capacidade e levar vantagem da diversidade de carga


térmica para um dimensionamento otimizado do sistema de tratamento do ar

 Fornece uma maior flexibilidade às variações de carga térmica

3.2.3 Desvantagens

 Apresentam custos de implantação elevados

 Possui maior complexidade e exige um cuidadoso trabalho de comissionamento da instalação

 Exige um sistema de controle digital com automação

 Não permite o funcionamento individualizado de um ambiente

 Requer maior espaço físico no entre forro para instalação das caixas de VAV e dutos

3.2.4 Principais Aplicações

 Edifícios comerciais para escritórios de alto padrão

 Aplicações com grandes variações de carga térmica

3.3 Condicionadores tipo Fancolete (Baby)

3.3.1 Principais Características

O sistema utiliza água gelada produzida em uma Central de Água Gelada (CAG), que pode
apresentar diferentes configurações e performances.

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Os condicionadores de ar possuem pequenas
capacidades (1 a 4 TR) e dimensões reduzidas
(até 30 cm de altura) e normalmente atendem a Condicionador tipo “Fancolete”:
ambientes de forma individualizada.

Os condicionadores tipo fancolete são


constituídos de serpentina de tubo aletado, filtro
de ar e ventilador. O ventilador recircula o ar do
ambiente continuamente através da serpentina,
onde circula água gelada. Os condicionadores são
normalmente instalados na horizontal sobre o
forro rebaixado ou de forma aparente com
características similares às unidades evaporadoras
de condicionadores do tipo mini-split.

No caso de unidades embutidas, a descarga de ar insuflado é efetuada diretamente em uma grelha


ou pequena rede de dutos de distribuição, porém a pressão estática disponível do ventilador é
limitada.

O ar exterior de renovação deve ser fornecido por um sistema de ventilação com filtro e dutos ou
pré-tratamento central primário.

3.3.2 Vantagens

 Alta eficiência energética do sistema central

 Longa vida útil do sistema central

 Proporciona de forma econômica o funcionamento e controle de temperatura individualizado.

 Utiliza a água para transporte do frio ("sistema todo água"), o que economiza espaço interno e
por isso é muitas vezes aplicado em casos de pé-direito restrito.

3.3.3 Desvantagens

 Pequenas capacidades dos condicionadores resultam em um grande número de equipamentos


sujeitos a manutenção

 A manutenção é dificultada pela localização junto ao ambiente climatizado.

3.3.4 Principais aplicações

 Quartos de hotéis de alto padrão

 Também utilizados em quartos de pacientes em hospitais.

 Reforma de prédios originalmente sem sistemas de ar condicionado com baixo pé-direito sob as
vigas

 Utilização como solução mista em sistemas centrais, ou seja, aplicação de condicionadores


centrais com rede de dutos e condicionadores individuais dedicados a ambientes que necessitem
de funcionamento e controle de temperatura independente

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4 UNIDADE RESFRIADORA DE LÍQUIDO - CHILLER

A Unidade Resfriadora de Líquido, usualmente conhecida no mercado brasileiro pela sua


denominação em inglês - CHILLER, constitui-se no principal equipamento de um sistema de
condicionamento de ar em instalações de grande porte.

Esse equipamento é utilizado em sistemas do tipo "expansão indireta", onde o gás refrigerante do
ciclo de refrigeração troca calor com um fluido intermediário, usualmente água gelada, que será
responsável então pela troca de calor com o ar nos ambientes beneficiados.

Os chillers são usualmente classificados quanto ao tipo de condensação: a ar ou a água; e quanto ao


tipo de compressor: alternativo, scroll, parafuso ou centrífugo.

4.1 Compressores

Os compressores utilizados em chillers até a década de 90 eram os do tipo alternativo e centrífugo,


sendo que os chillers alternativos eram fabricados no país e os centrífugos normalmente
importados. A tabela a seguir indica o tipo de compressor e a faixa de capacidade de aplicação
usuais até a década de 90:
Chillers utilizados até início da década de 90
Compressor Faixa de capacidade (TR)
Alternativo 20 a 200
Centrífugo 300 a 5000

A evolução tecnológica permitiu a substituição completa dos modelos com compressores


alternativos e a aplicação de compressores centrífugos para faixas de capacidade maiores. A tabela
a seguir indica a tecnologia atual de compressores empregada nos chillers.
Chillers atuais
Compressor Faixa de capacidade (TR)
Scroll 20 a 120
Parafuso 60 a 400
Centrífugo 300 a 5000

A utilização de compressores rotativos (scroll e parafuso) em substituição aos alternativos


proporciona maior eficiência energética e maior confiabilidade e vida útil ao equipamento devido a
utilização de menor quantidade de peças móveis e consequentemente menor desgaste.

A aplicação de compressores tipo parafuso preencheu com eficiência uma faixa de capacidade onde
os equipamentos com compressores centrífugos eram pouco eficientes e os equipamentos com
compressores alternativos possuíam uma quantidade grande de compressores resultando em menor
eficiência e confiabilidade.

Esta evolução tecnológica dos compressores, associada aos novos controles digitais
microprocessados e novos materiais e projetos dos trocadores de calor, permitiram um elevado

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ganho de eficiência energética com aumento da confiabilidade do equipamento ao longo das últimas
décadas, proporcionando assim um grande potencial de aumento de performance em retrofits de
instalações existentes.

4.2 Gás refrigerante

O gás refrigerante utilizado nos resfriadores de líquido pode ser associado ao tipo de compressor
empregado. Desta forma as tabelas apresentadas no item anterior podem ser complementadas com
mais um coluna:
Chillers utilizados até início da década de 90
Compressor Faixa de capacidade (TR) Gás Refrigerante
Alternativo 20 a 200 R-22
Centrífugo 300 a 5000 R-11 ou R-12

Chillers atuais
Compressor Faixa de capacidade (TR) Gás Refrigerante
Scroll 20 a 120 R-22 ou R-407C ou R-410A
Parafuso 60 a 400 R-22, R-407C ou R-134a
Centrífugo 300 a 5000 R-123 ou R-134a

O gás refrigerante R-11 e o R-12 possuem Cloro, Flúor e Carbono - CFC em sua composição e
tiveram sua utilização restringida pelo Protocolo de Montreal por afetarem a camada de ozônio.

No Brasil, a Resolução 267 do CONAMA, de 14 de setembro de 2000, proibiu a fabricação e


comercialização do gás R-11 desde janeiro de 2001 e do gás R-12 desde 2007.

O gás refrigerante R-22 e o R-123 possuem Hidrogênio, Cloro, Flúor e Carbono em sua composição
e também afetam a camada de ozônio, porém em um grau muito inferior ao R-11 e R-12. Em
função disso, o prazo para sua eliminação é no ano 2040 e equipamentos que utilizam esse tipo de
gás continuam sendo fabricados, uma vez que esse prazo é superior a vida útil do mesmo.

O gás refrigerante R-407C, R-410A e o R-134a possuem Hidrogênio, Flúor e Carbono em sua
composição, portanto isentos de Cloro, e não possuem restrições ambientais a sua fabricação e uso.

4.3 Eficiência Energética

O conceito de eficiência relaciona sempre o custo e o benefício associado a um determinado


equipamento ou sistema. Algumas definições são usualmente utilizadas para indicar a eficiência de
um equipamento de refrigeração. A seguir são apresentadas as definições de eficiência mais
utilizadas:

4.3.1 KW / TR

Como a maioria dos equipamentos de ar condicionado são acionados por motores elétricos, o índice
de desempenho mais comum é a relação entre o consumo de energia elétrica em kW dividido pela
capacidade de refrigeração em TR. Se um fabricante indica o consumo de um chiller com

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condensação a água e compressor parafuso de 140 kW para uma capacidade efetiva de 200 TR,
logo sua eficiência será de 0,7 kW/TR.

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KWelétrico
KW / TR =
TRTérmico

4.3.2 Coeficiente de Performance (COP)

Este parâmetro é a razão da capacidade de resfriamento dividida pela energia consumida, ambos
expressos na mesma unidade. Portanto, trata-se de uma variável adimensional onde podemos
utilizar a capacidade térmica de resfriamento em kW dividida pelo consumo elétrico em kW ou
qualquer outro sistema de unidades.

WTérmico
COP =
Welétrico

Para achar o COP de um equipamento a partir da eficiência em kW/TR, basta dividir 3,517 pela
eficiência em kW/TR (1TR = 3,517 kW). Portanto, a eficiência de um chiller parafuso de 0,7
kW/TR pode ser indicada como COP=5,0.

Em chillers de absorção, o COP é bastante utilizado e representa a razão entre a capacidade de


resfriamento e a quantidade de calor consumida, na mesma unidade de medida.

4.3.3 Razão de Eficiência Energética (EER)

É definida pela razão entre a capacidade de resfriamento em BTU/h dividida pelo consumo de
energia em Watts. A EER é bastante utilizada para equipamentos de pequena capacidade.

BTU / hTérmico
EER =
Welétrico

Se um equipamento fornece 12.000 BTU/h de energia térmica e consome 1 kW de energia elétrica,


a EER=12. Portanto, um equipamento com eficiência de 1 kW/TR, corresponde a uma EER = 12 e
a um COP = 3,5.

A conversão de unidades permite avaliar a eficiência de um chiller com qualquer um dos 3


parâmetros apresentados.

1 kW/TR  EER = 12  COP=3,51

As tabelas do item anterior podem ser complementadas com as eficiências típicas dos equipamentos
com condensação a ar ou a água:

Chillers utilizados até início da década de 90


Compressor Faixa de capacidade (TR) Gás Refrigerante Eficiência (kW/TR)
Alternativo a água 20 a 200 R-22 0,9 a 1,2 ou mais
Centrífugo a água 300 a 5000 R-11 ou R-12 0,7 a 0,8 ou mais

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Chillers atuais
Compressor Faixa de capacidade Gás Refrigerante Eficiência
(TR) (kW/TR)
Scroll a ar 20 a 150 R-22 ou R-407C ou R-410A 1,1 a 1,3
Scroll a água 20 a 150 R-22 ou R-407C ou R-410A 0,8 a 0,95
Parafuso a ar 60 a 400 R-22, R407C ou R-134a 1,1 a 1,2
Parafuso a água 60 a 400 R-22, R407C ou R-134a 0,6 a 0,8
Centrífugo a água 300 a 5000 R-123 ou R-134a 0,5 a 0,7

No caso de chillers existentes a eficiência real pode ser significativamente menor que os valores
indicados em função do seu desgaste e histórico de manutenção.

A figura a seguir ilustra a evolução da eficiência dos chillers centrífugos ao longo dos anos:

Gráfico da evolução da eficiência energética de chillers centrífugos

4.4 Condições de Operação

A eficiência de um equipamento de refrigeração depende diretamente das condições de operação,


mais precisamente da capacidade (plena carga ou parcial) e da temperatura e vazão dos fluidos no
condensador e evaporador.

Um chiller operando com condições de condensação mais favoráveis, maior vazão e/ou menor
temperatura da água da torre de resfriamento por exemplo, apresenta uma performance melhor. Por
outro lado, a utilização de temperaturas de evaporação mais baixas, menor temperatura da água
gelada, reduz o desempenho.

Para que se possa fazer uma comparação da performance de diferentes equipamentos e modelos, a
AHRI, Air Conditioning, Heating and Refrigeration Institute, possui uma série de normas para
estabelecer as condições de teste e performance de equipamentos, sendo que no caso dos chillers a

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norma aplicada é a AHRI Standard 550/590-2011 Performance Rating of Water Chilling Packages
Using the Vapor Compression Cycle.

 AHRI Standard 550/590

Todo catálogo ou ficha técnica de performance de um modelo de chiller se refere sempre as


condições estabelecidas pela AHRI. Portanto, é importante compreendê-la corretamente para uma
boa seleção e aplicação de um determinado modelo.

A tabela a seguir apresenta as condições nominais de operação dos chillers a plena carga e em carga
parcial:

Chillers - Condições Padrão ARI 550/590-2003


Condições Condensação a água Condensação a ar
100% 29,4 oC 100% 35,0 oC
75% 23,9 oC 75% 26,7 oC
Temperatura de entrada no condensador
50% 18,3 oC 50% 18,3 oC
25% 18,3 oC 25% 12,8 oC
Vazão de água no condensador 0,68 m3/(h.TR) ---
Água Gelada
Temperatura de saída no evaporador 6,7 oC 6,7 oC
Vazão de água no evaporador 0,55 m3/(h.TR) 0,55 m3/(h.TR)
Fouling Factor (fator de incrustação)
Evaporador 0,018 m2.oC / kW 0,018 m2.oC / kW
Condensador 0,044 m2.oC / kW 0

A comparação do desempenho de diferentes modelos de equipamentos devem ser sempre


referenciadas às condições de operação, seguindo as padronizações da AHRI.

 IPLV - Integrated Part Load Value (Eficiência em Carga Parcial Genérica)

Como os equipamentos de ar condicionado de grande porte operam a maior parte do tempo em


regime de carga parcial, o parâmetro que melhor expressa a eficiência do equipamento na maior
parte do tempo em operação é o IPLV.

Este parâmetro é definido pela ARI 550/590 é calculado pela média ponderada da eficiência
energética do equipamento a 100%, 75%, 50% e 25% da capacidade total, conforme a fórmula a
seguir:

1
IPLV =
0,01 0,42 0,45 0,12
+ + +
A B C D

onde, A = kW/TR a 100% 100% capacidade – 1% do tempo

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B = kW/TR a 75% 75% capacidade – 42% do tempo

C = kW/TR a 50% 50% capacidade – 45% do tempo

D = kW/TR a 25% 25% capacidade – 12% do tempo

Os fatores de 1%, 42%, 45%, 12% do tempo em operação para cada faixa de capacidade 100%,
75%, 50%, 25% respectivamente, são aleatórios e procuram refletir a faixa de operação do
equipamento ao longo do ano. Porém, dependendo das variações climáticas e de carga térmica ao
longo do ano e da quantidade de chilles da planta, a realidade de operação em um determinado
prédio poderá ser muito diferente dos valores da equação. De qualquer forma, a utilização deste
parâmetro IPLV permite comparar a performance de diferentes modelos em regime de carga
parcial, sem um maior aprofundamento nas características operacionais de um determinado caso.

Além da variação da faixa de capacidade de operação, também é considerada na equação do IPLV


uma variação da temperatura da água ou do ar na entrada do condensador para cada eficiência em
kW/TR, conforme indicado na tabela anterior. Novamente, a realidade de operação em um
determinado prédio será diferente das temperaturas de condensação indicadas, especialmente com o
clima tropical encontrado na maior parte do Brasil. Sempre que possível, a redução das
temperaturas de operação no condensador levam a uma redução do consumo de energia do
compressor e vem sendo recomendada por diversos fabricantes graças ao aprimoramento do
controle digital disponível nos modelos atuais, especialmente em chillers com compressores
centrífugos acionados por variador de velocidade. Os valores de temperatura no condensador
indicados na tabela da norma AHRI privilegiam essa característica.

 NPLV – Non-Standard Part Load Value (Eficiência em Carga Parcial para uma Condição
Qualquer)

O NPLV é o parâmetro de avaliação de eficiência média do chiller em carga parcial para uma
condição operacional (vazão e temperatura de condensação e água gelada) diferente da estabelecida
para o IPLV. Portanto, o NPLV mantém a mesma equação do IPLV, mas para condições
particulares de temperatura e vazão de um determinado caso:

1
NPLV =
0,01 0,42 0,45 0,12
+ + +
A B C D

onde, A = kW/TR a 100% 100% capacidade – 1% do tempo

B = kW/TR a 75% 75% capacidade – 42% do tempo

C = kW/TR a 50% 50% capacidade – 45% do tempo

D = kW/TR a 25% 25% capacidade – 12% do tempo

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5 SELEÇÃO DE CONDICIONADORES DE AR

Uma vez definido o tipo de sistema de condicionamento de ar a ser aplicado e calculada a carga
térmica dos ambientes e zonas climatizadas, o processo seguinte é a seleção de um modelo de
condicionador de ar disponível no mercado que atenda a todas as características de carga térmica do
ambiente.

Associada às características de performance, devem ser selecionados também os acessórios


disponibilizados pelos fabricantes necessários para uma determinada aplicação.

Serão apresentadas a seguir as variáveis associadas a desempenho de cada tipo de equipamento e o


respectivo processo de seleção da capacidade do equipamento.

5.1 Expansão Direta - Condicionadores de ar domésticos tipo Aparelho de Janela


e Split System de ambiente

Em função da pequena capacidade associada a esses tipos de equipamentos, o processo de seleção é


direto, relacionando a capacidade nominal do equipamento e a carga térmica total do ambiente.

De modo geral, devem ser observadas as seguintes características técnicas para seleção do modelo a
ser adotado:

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Aparelho de Janela
Item Descrição Dados para seleção Unidade
01 Modelo de referência ---
02 Modelo x Somente Frio Quente/Frio ---
03 Capacidade nominal 12.000 BTU/h
04 Alimentação 2F+T/60Hz 220 V
05 Corrente nominal 6,0 A
06 Consumo 1.270 W
07 Dimensões do gabinete
07.01 Altura 370 mm
07.02 Largura 590 mm
07.03 Profundidade 575 mm
08 Peso 35 kg

Mini Split Ambiente


Item Descrição Dados para seleção Unidade
01 Modelo de referência ---
02 Tipo de evaporador High Wall ---
03 Modelo x Somente Frio Quente/Frio ---
04 Capacidade nominal 12.000 BTU/h
05 Alimentação 2F+T/60Hz 220 V
06 Corrente nominal 5,7 A
07 Consumo 1.190 W
08 Desnível máximo entre unidades 5 m
09 Distância máxima entre unidades 10 m
10 Dimensões evaporador LxAxP 815 x 260 x 185 mm
11 Peso evaporador 9 kg
12 Dimensões condensador LxAxP 710 x 545 x 310 mm
13 Peso condensador 34 kg

Obs.: Os valores indicados correspondem a valores típicos de uma dada aplicação

Em função da limitada disponibilidade de dados de desempenho dos equipamentos para diferentes


condições de carga térmica e de funcionamento possíveis, recomenda-se selecionar modelos com
folga de capacidade nominal em relação a uma carga térmica calculada.

Além desses dados, devem ser observadas as particularidades da instalação, tais como:

 Posição do insuflamento de ar em relação ao ambiente

 Posição da tomada e descarga de ar de condensação em relação ao local

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 Aspectos estéticos (design, cor, dimensão , etc.)

Outra característica importante desses tipos de equipamentos é que a vazão de ar definida pelo
fabricante é normalmente baixa, resultando em um fator de calor sensível (calor sensível dividido
pelo calor total) baixo, com valores de até 0,65. Portanto, em aplicações com características de
carga térmica de alto fator de calor sensível (salas de equipamentos, áreas com grande exposição a
radiação solar, entre outras) a seleção da capacidade deve considerar o calor sensível total da carga
térmica comparado com a capacidade de calor sensível real do modelo considerado, resultando em
capacidades nominais mais elevadas em muitos casos.

5.2 Expansão Direta com condensação a ar - Condicionadores de ar tipo Self-


contained com condensação a ar (remoto e incorporado), tipo Split para Dutos
("Splitão") e tipo Roof-top

As características técnicas que determinam a seleção de um modelo de condicionador de ar de


expansão direta com condensação a ar se baseiam nos resultados da carga térmica e nas
particularidades da instalação. Essas características encontram-se resumidas na tabela a seguir:
Condicionador de expansão direta com condensação a ar
Item Descrição Dados para seleção Unidade
01 Modelo de referência ---
02 Calor total 14.000 kcal/h
03 Calor sensível total 10.000 kcal/h
o
04 Temperaturas de entrada (BS/BU) 27,0 / 19,5 C
3
05 Vazão de ar 3.400 m /h
06 Pressão estática externa 12 mmCA
07 Filtro de ar G3 classe ABNT
o
08 Temperatura do ar no condensador 35 C
09 Alimentação 3F+T/60Hz 220 V
10 Corrente nominal 22,5 A
11 Consumo 6.450 W
12 Desnível máximo entre unidades 12 m
13 Distância máxima entre unidades 30 m
14 Dimensões evaporador LxAxP 960 x 1390 x 580 mm
15 Peso evaporador 153 kg
16 Dimensões condensador LxAxP 993 x 1393 x 560 mm
17 Peso condensador 184 kg

Obs.: Os dados indicados correspondem a valores típicos de um exemplo de aplicação

O processo de seleção se baseia na aplicação dos dados do projeto indicados acima nos gráficos ou
tabelas de desempenho do catálogo do fabricante. Este processo de seleção será exemplificado em
aula.

Os condicionadores de expansão direta são normalmente concebidos para aplicações comerciais de


conforto com características de carga térmica típicas de ocupação de escritórios, ou seja, fator de
calor sensível (calor sensível total dividido pelo calor total) FCS = 0,75 e vazão de ar de 680
m3/h/TR, com variação de +/- 10 %.

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Valores típicos de desempenho de condicionadores de expansão direta:

 Fator de calor sensível - FCS=0,75

 Vazão de ar = 680 m3/h/TR

Portanto, em casos com características de carga térmica muito diferentes das indicadas, a aplicação
de condicionadores de expansão direta ocasionará o super dimensionamento da capacidade
instalada ou o não atendimento das condições de projeto.

5.3 Expansão Direta com condensação a água - Condicionadores de ar tipo Self-


contained com condensação a água

As características técnicas que determinam a seleção de um modelo de condicionador de ar de


expansão direta com condensação a água são as mesmas do item anterior com condensação a ar,
sendo utilizado neste caso as condições da água de condensação no condensador (temperatura,
vazão e perda de carga admissível).

Essas características encontram-se resumidas na tabela a seguir:

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Condicionador de ar tipo self-contained com condensação a água


Item Descrição Dados para seleção Unidade
01 Modelo de referência ---
02 Calor total 47.000 kcal/h
03 Calor sensível total 35.200 kcal/h
o
04 Temperaturas de entrada (BS/BU) 26,0 / 18,5 C
3
05 Vazão de ar 9.800 m /h
06 Pressão estática externa 15 mmCA
07 Filtro de ar G3 classe ABNT
o
08 Temperatura de entrada no condensador 29,5 C
3
09 Vazão de água de condensação 11,2 m /h
10 Perda de carga máxima no condensador 5 mCA
11 Alimentação 3F+T/60Hz 220 V
12 Corrente nominal 51,67 A
13 Consumo 16.700 W
14 Dimensões do gabinente LxAxP 1560 x 1770 x 720 mm
15 Peso 550 kg

Obs.: Os dados indicados correspondem a valores típicos de um exemplo de aplicação

As condições de seleção do condensador devem seguir as características do sistema de água de


condensação do prédio. As condições mais comuns em sistemas de água de condensação são as
seguintes:

 Temperatura de alimentação para os condicionadores: 29,5 oC

 Temperatura de retorno dos condicionadores: 35 oC

 Vazão de água de condensação: 0,68 m3/h/TR (3 GPM/TR) a 0,75 m3/h/TR

 Perda de carga máxima admissível: 5 mCA

Como no item anterior, relativo a condicionadores com condensação a ar, o processo de seleção se
baseia na aplicação dos dados do projeto nos gráficos ou tabelas de desempenho do catálogo do
fabricante. Este processo de seleção será exemplificado em aula.

Da mesma forma, os condicionadores de expansão direta com condensação a água também são
normalmente concebidos para aplicações comerciais de conforto com características de carga
térmica típicas de ocupação de escritórios, ou seja, fator de calor sensível (calor sensível total
dividido pelo calor total) FCS = 0,75 e vazão de ar de 680 m3/h/TR, com variação de +/- 10 %.

5.4 Água Gelada - Condicionadores de ar tipo fancoil

Os condicionadores de ar tipo fancoil são compostos basicamente de ventilador centrífugo e


serpentina de resfriamento, como a própria tradução do inglês indica: fan - ventilador , coil-
serpentina.

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Apesar de sua simples concepção, este tipo de equipamento possui um processo de seleção bem
mais complexo que os condicionadores de expansão direta vistos anteriormente. Isso se deve à
característica do condicionador fan coil de permitir diversas configurações que permitem atender a
todo tipo de carga térmica, utilizando diferentes condições de fornecimento de água gelada (vazão e
temperatura) e diferentes configurações da serpentina de resfriamento.

Em função do grande número de variáveis envolvidas, a seleção de condicionadores tipo fan coil é
feita por meio de softwares desenvolvido pelos fabricantes que simulam o desempenho do
equipamento em função das condições de entrada do ar e de água.

Antes de apresentar as características técnicas necessárias para seleção de condicionadores tipo


fancoil, é necessário conhecimento das variáveis envolvidas nesse processo. A figura a seguir
ilustra algumas dessas variáveis:

Serpentina de resfriamento

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Variáveis do lado do ar (definidas pela carga térmica):

 Temperatura de entrada (BS/BU)

 Vazão de ar

Variáveis do lado da água gelada (definidas pela carga térmica e pelo sistema central de água
gelada):

 Temperatura de entrada

 Vazão de água

Variáveis da serpentina (opções definidas pelo fabricante):

 Área de face

 Número de filas

 Número de circuitos

 Número de aletas por polegada

As condições usualmente utilizadas em sistemas de água gelada são as seguintes:

 Temperatura de alimentação para os condicionadores: 7 oC

 Diferencial de temperatura da água: 5,5 oC

 Vazão de água gelada: 0,55 m3/h/TR (2,4 GPM/TR)

No caso de utilização de outro diferencial de temperatura, a vazão de água gelada pode ser
calculada com a seguinte equação:

Q = V x 1000 x (DT)

onde: Q = calor total em kcal/h

V = vazão de água em m3/h

DT = diferencial de temperatura (oC)

A figura a seguir ilustra as características de uma serpentina de resfriamento (apesar da figura


indicar uma serpentina de expansão direta as variáveis são as mesmas):

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características construtivas da serpentina

Essas variáveis possuem a seguinte relação com o desempenho da serpentina:

 Área de face:

É a primeira variável que normalmente determina o tamanho do gabinete a ser utilizado e

consequentemente a área de face da serpentina. A velocidade de face pode variar de 2 a 3 m/s,

sendo que o valor usualmente adotado como máximo é de 2,5 m/s. Portanto, seleciona-se o

menor gabinete que atenda a esse limite conforme a seguinte equação:

V = (v . Af ) x 3600

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onde: V = vazão em m3/h (dado da carga térmica)

v = velocidade em m/s (usualmente adotada como < 2,5 m/s)

Af = área de face em m2 (dado dos modelos do fabricante)

 Número de filas:

A serpentina da ilustração acima possui 4 filas. As serpentinas são fabricadas normalmente com
3, 4, 5, 6 ou 8 filas (a maioria dos fabricantes utilizam 4, 6 ou 8 filas). Quanto maior o número
de filas, maior a área de troca de calor e consequentemente a capacidade térmica.

 Número de circuitos:

A serpentina da ilustração acima possui 12 circuitos e da ilustração anterior apenas 1 circuito.


Portanto, esse valor corresponde ao número de vezes que a vazão de água total se dividi para
percorrer os tubos da serpentina. Quanto menor o número de circuitos maior será a velocidade
da água. Apesar da velocidade alta resultar em uma maior perda de carga, a eficiência da troca
de calor aumenta beneficiando o desempenho térmico.

 Número de aletas por polegada:

As serpentinas são fabricadas normalmente com valores de 8 a 14 aletas por polegada. Quanto
maior o número de aletas por polegada (densidade), maior a área de troca de calor e
consequentemente a capacidade térmica. No entanto, serpentinas com 14 aletas por polegada são
ficam obstruídas com maior facilidade, dificultando assim a manutenção.

Com os dados de carga térmica da zona, condições de água gelada do sistema central e demais
particularidades da instalação, pode-se selecionar as características da serpentina através de um
software do fabricante. As características técnicas de entrada de dados para seleção encontram-se na
tabela a seguir:

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Condicionador de ar tipo fancoil


Item Descrição Dados para seleção Unidade
01 Modelo de referência ---
02 Calor total 19.564 kcal/h
03 Calor sensível total 13.732 kcal/h
04 Temperaturas de entrada (BS/BU) 25,9 / 18,9 oC
05 Vazão de ar 3.400 m3/h
08 Altitude 0 m
08 Velocidade de face máxima 2,5 m/s
08 Velocidade de descarga máxima 10 m/s
06 Pressão estática externa 15 mmCA
07 Filtro de ar G3 classe ABNT
o
08 Temperatura de entrada da água 7 C
3
09 Vazão de água gelada 3,5 m /h
10 Perda de carga máxima na serpentina 5 mCA
15 Número de filas --- ---
11 Alimentação 3F+T/60Hz 220 V
11 Potência do motor 2 CV
14 Dimensões do gabinente LxAxP 658 x 1084 x 1426 mm
15 Peso 150 kg
15 Lado da conexão hidráulica x Direito Esquerdo ---
Vertical com descarga
15 Posição de montagem ---
superior frontal
Obs.: Os dados indicados correspondem a valores típicos de um exemplo de aplicação

6 SELEÇÃO DE UM CHILLER

A escolha da capacidade, gás refrigerante, tipo de compressor, tipo de condensação, entre outras
definições devem ser objetos de uma análise profunda que leve em consideração todos os aspectos
técnicos e econômicos. Essa apostila trata apenas da seleção de um modelo já tendo sido definido os
demais aspectos citados.

Os principais dados necessários para seleção de um chiller estão apresentados nas tabelas a seguir
ilustrados com alguns valores típicos normalmente utilizados:

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CHILLER COM CONDENSAÇÃO A AR


Item Dado para seleção Unidade
Capacidade mínima 200 TR
Gás refrigerante R-134ª ---
Tipo de compressor Parafuso ---
Eficiência mínima a plena carga 1,1 KW / TR
3
Vazão de água gelada no evaporador 110 m /h
Temperatura de saída da água gelada 7,0 °C
Perda de carga máxima no evaporador 7,0 mCA
Fator de incrustração no evaporador 0,000018 m².ºC./ W
Temperatura do ar de condensação 35 °C
Tensão de alimentação 220 V

Obs.: Os dados indicados correspondem a valores típicos de um exemplo de aplicação

CHILLER COM CONDENSAÇÃO A ÁGUA


Item Dado para seleção Unidade
Capacidade mínima 500 TR
Gás refrigerante R-134a ---
Tipo de compressor Centrífugo ---
Eficiência mínima a plena carga 0,57 KW / TR
IPLV ou
Eficiência mínima em carga parcial 0,54
NPLV
3
Vazão de água gelada no evaporador 275 m /h
Temperatura de saída da água gelada 7,0 °C
Perda de carga máxima no evaporador 7,0 mCA
Fator de incrustração no evaporador 0,000018 m².ºC./ W
3
Vazão de água no condensador 345 m /h
Temperatura de saída da água gelada 29,5 °C
Perda de carga máxima no condensador 7,0 mCA
Fator de incrustração no condensador 0,000044 m².ºC./ W
Tensão de alimentação 380 V

Obs.: Os dados indicados correspondem a valores típicos de um exemplo de aplicação

Os equipamentos de menor capacidade podem ser selecionados diretamente no catálogo técnico do


fabricante, baseado nas tabelas e curvas de desempenho do catálogo.

Já os equipamentos de grande porte, especialmente os com compressores tipo centrífugo e parafuso,


devem ser selecionados pelos fabricantes com utilização de programa computacional. Estes
programas normalmente são fechados e somente a equipe de engenharia do fabricante tem acesso.

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Trata-se de um processo iterativo com solicitação de diversas simulações de desempenho para
diferentes composições de trocadores de calor e compressores com o objetivo de se obter a melhor
relação custo/benefício de um dado modelo.

Para essa análise devem ser solicitadas as folhas de saída (print-out) do programa com os resultados
da seleção contendo todas as condições de operação do equipamento para os dados de entrada
fornecidos. Os dados de saída usualmente requeridos são:

 Capacidade efetiva

 Temperaturas de operação da água gelada e de condensação

 Perda de carga nos trocadores de calor (evaporador e condensador)

 Valores IPLV ou NPLV

 Curva de eficiência (kW/TR de 10% em 10% da capacidade).

 Potência elétrica máxima

 Amperagem nominal

 Amperagem máxima em operação

 Amperagem de partida

 Número de passes dos trocadores de calor (evaporador e condensador)

Além das condições de operação do equipamento, devem ser verificados os acessórios disponíveis e
seu custo a fim de possibilitar uma comparação abrangente de diferentes fornecedores. Alguns
acessórios importantes estão relacionados a seguir:

 Tipo de controle e interface

 Protocolo de comunicação com sistema de automação

 Marine Water Box (acesso a limpeza dos trocadores de calor sem desmontagem da tubulação
hidráulica)

 Tipo de partida reduzida (estrala-triângulo, estado sólido, variador de frequência, etc.)

 Amortecedor de vibração

 Outros

7 SISTEMAS DE ÁGUA GELADA

Os sistemas de água gelada necessitam de equipamentos auxiliares para transporte da energia


térmica entre os diversos equipamentos que compõem o sistema de climatização, tais como:
bombas, torres de resfriamento e ventiladores.

Um sistema eficiente não é apenas o que utiliza um equipamento eficiente. As interações do sistema
podem desempenhar um papel importante na sua performance térmica e energética global.
Particularmente em sistemas que servem diferentes zonas, a eficiência dos sistemas de distribuição

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de ar e água e como eles são controlados, podem ser fatores muito mais importantes na
determinação do desempenho global do sistema de ar condicionado do que a eficiência de cada
componente isolado.

7.1 Equipamentos auxiliares e a eficiência global da planta

A estratégia de operação da Central de Água Gelada deve levar em consideração o consumo de


energia de cada componente e a capacidade de geração de frio para as diversas estratégias de
operação ao longo do ano.

Uma metodologia que pode ser utilizada para análise simplificada do desempenho global de uma
Central de Água Gelada é colocar todos os consumos de energia em função da capacidade em TR.
Desta forma podemos somar as eficiências de cada componente do sistema utilizando uma mesma
base de unidade.

Por exemplo, se uma instalação de 240 TR possui dois chillers de 120 TR com 96 kW de potência,
duas bombas de água gelada de 11,0 kW, duas bombas de água de condensação de 7,5 kW e duas
torres de resfriamento de 5,5 kW, a eficiência global da planta pode ser resumida da seguinte forma:

Configuração de uma Central de Água Gelada (CAG) de 240 TR - exemplo:

 Duas Unidades Resfriadoras de 120 TR com condensação a água (URA)

 Duas Bombas de Água Gelada (BAG)

 Duas Bombas de Água de Condensação (BAC)

 Duas Torres de Resfriamento de Água (TRA)

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Exemplo de Eficiência Global da Planta a plena carga


Equipamento Capacidade total (TR) Potência total (kW) Eficiência (kW/TR)
URA 2 x 120 = 240 2 x 96 = 192 0,80
BAG 2 x 120 = 240 2 x 11 = 22 0,092
BAC 2 x 120 = 240 2 x 7,5 = 15 0,063
TRA 2 x 120 = 240 2 x 5,5 = 11 0,046
Total 240 240 1,00

É importante notar que esta eficiência global é válida para operação a plena carga. Como na maior
parte do tempo o sistema opera em carga parcial, dependendo do tipo de configuração e da
estratégia de operação, alguns equipamentos irão modular o consumo de energia em resposta as
variações de carga térmica e outros não. No exemplo acima, o consumo do chiller e da torre de
resfriamento é variável, enquanto o consumo das bombas é constante.

De um modo geral, quanto mais otimizada for a configuração e estratégia de controle da central de
água gelada em relação as variações de carga térmica, melhor será a eficiência média de operação
ao longo do dia e do ano. Quanto menos adequada for esta configuração e estratégia, pior será a
eficiência média global.

Como exemplo, suponha a mesma configuração da CAG do exemplo anterior operando em uma
condição de carga térmica parcial de 130 TR, supondo a eficiência do chiller e da torre de
resfriamento constante para essa condição. Neste caso a eficiência da planta passa a ser a seguinte:
Exemplo de Eficiência Global da Planta a carga parcial
Capacidade parcial Potência parcial Eficiência média
Equipamento
(TR) (kW) (kW/TR)
URA 2 x 65 = 130 2 x 52 = 104 0,80
BAG 2 x 65 = 130 2 x 11 = 22 0,169
BAC 2 x 65 = 130 2 x 7,5 = 15 0,115
2 x 5,5 = 11
TRA 2 x 65 = 130 0,046
(modulando on-off)
Total 130 147,0 1,13

Plantas com capacidades, configurações e estratégias de operação não otimizadas em relação às


variações de carga térmica podem apresentar um consumo de energia até 40% maior.

A configuração do sistema e a estratégia de operação adotada deve considerar as variações de carga


térmica ao longo do dia e do ano a fim de otimizar o consumo para todas as faixas de operação.

7.2 Configurações do circuito hidráulico de água gelada: (


vazão constante X vazão variável )

Os sistemas de água gelada projetados até meados da década de 80 possuíam, em sua maioria,
vazão de água gelada constante utilizando válvulas de três vias para controle da capacidade dos
condicionadores de ar, conforme indicado no fluxograma a seguir:

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Fluxograma do sistema de vazão constante utilizando válvula de três vias.

Esse tipo de sistema pode apresentar problemas em instalações de múltiplos chillers durante a
operação em regime de carga térmica parcial (durante o inverno por exemplo). Nesses momentos,
um ou mais chillers podem ser desligados em função da menor demanda térmica. Dois
procedimentos operacionais podem ser então adotados, mas ambos resultam em problemas
operacionais para a instalação:

 Desligamento da bomba de água gelada associada ao chiller desligado e fechamento dos


respectivos registros:

Neste caso há deficiência na distribuição de água gelada para os condicionadores fancoil


localizados mais distantes da Central de Água Gelada uma vez que a vazão de água requerida
por cada condicionador é constante .

 Manutenção da bomba de água gelada ligada com passagem da água pelo chiller desligado:

Neste caso a água não é resfriada ao passar pelo chiller desligado e se mistura com a água
resfriada que passa pelo(s) outro(s) chiller(s) em operação, elevando assim a temperatura de
alimentação de água gelada para todos os condicionadores de ar.

O resultado desse tipo de deficiência é o prejuízo do desempenho térmico dos condicionadores de ar


resultando em problemas de temperatura interna e/ou consumo excessivo de energia do sistema.

Esse problema vem sendo solucionado com sucesso desde o final da década de 80 com a adoção de
sistema de vazão de água variável. Nesse tipo de sistema, as válvulas de controle são de duas vias e
o by-pass de água é único, efetuado na Central de Água Gelada. Portanto, a vazão de água gelada
circulante em todo o prédio varia com a carga térmica, possibilitando ainda a redução da potência
consumida nas bombas com a aplicação de variadores de frequência. A figura a seguir ilustra a
configuração do sistema de vazão de água variável com válvula de dias vias:

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Y
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P
A
S
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Fluxograma do sistema de vazão variável utilizando válvula de duas vias.

Com a atuação das válvulas de duas vias nos períodos de carga térmica parcial, a água gelada que
deixa de passar em uma serpentina é disponibilizada para os outros condicionadores, de modo que
quando essa redução de carga corresponde a capacidade de um chiller, o mesmo pode ser desligado
sem qualquer prejuízo para o sistema.

Na prática, a performance térmica e energética de sistemas de ar condicionado com vazão variável,


associada a robustez da solução, faz com que esta configuração seja a mais utilizada em instalações
de grande porte e com grandes variações de carga térmica.

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