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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA

E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO


Bacharelado de Administração

ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRO DA MAGAZINE


LUIZA-MGLU3.

ECONOMIC AND FINANCIAL ANALYSIS OF MAGAZINE


LUIZA-MGLU3.

Karina Guedes Mendes1*


Cíntia Araújo Espanhol 2**
Joanita Araújo Espanhol 3**

Resumo

O presente trabalho aborda a análise de demonstrações contábeis, por meio da aplicação de indicadores
econômico-financeiros da empresa varejista Magazine Luiza. O objetivo deste estudo foi investigar a estrutura
financeira de uma organização do setor varejista, a Magazine Luíza, utilizando os indicadores
econômico-financeiros dos últimos cinco anos. A compreensão desses dados é importante para o entendimento
das estratégias adotadas pela empresa, assim como o conhecimento do setor. A pesquisa possui caráter descritivo
e quantitativo com corte longitudinal e levantamento de dados secundários. Dessa forma, para o
desenvolvimento deste estudo foram extraídos as demonstrações contábeis da empresa entre os anos de 2016 a
2020 que permitiram calcular os índices de liquidez, de endividamento e de rentabilidade, bem como análise
vertical e horizontal, considerados neste estudo como as variáveis analisadas.

Palavras-chave: Indicadores econômico financeiros. Setor varejista. Análise Financeira.

Abstract

This work addresses the analysis of financial statements, through the application of economic-financial
indicators from the retailer Magazine Luiza. The aim of this study was to investigate the financial structure of an
organization in the retail sector, Magazine Luíza, using the economic-financial indicators of the last five years.
Understanding these data is important for understanding the strategies adopted by the company, as well as
knowledge of the sector. The research has a descriptive and quantitative character with a longitudinal cut and
secondary data collection. Thus, for the development of this study, the company's financial statements between
the years 2016 to 2020 were extracted, which allowed calculating the liquidity, indebtedness and profitability
ratios, as well as vertical and horizontal analysis, considered in this study as the variables analyzed.

Keywords: Financial economic indicators. Retail sector. Financial analysis

1
Bacharel em Administração. Ifes. karina_mendes987@hotmail.com
2
Professora orientadora. Doutoranda em Administração. Ifes. cintia.espanhol@ifes.edu.br
3
Professora orientadora. Mestre em Segurança Pública. Ifes. joanita@ifes.edu.br
2

1 INTRODUÇÃO
O setor varejista é extremamente sensível às oscilações do mercado. Seus resultados, como as
vendas, respondem muito rápido às alterações na conjuntura macroeconômica e no poder
aquisitivo dos consumidores. Assim, as organizações deste setor devem recorrer a estratégias
que permitam incorporar características como flexibilidade e adaptação no ambiente onde
atuam (DONATO, 2012; REGERT, 2018).
Para desenvolver estratégias adequadas ao setor, as empresas devem conhecer sua estrutura
financeira e conhecer os seus indicadores econômico-financeiros, métodos usados para
avaliação e performance financeira de empresas. Assim, indicadores como esses, são
fundamentais no processo decisório, no gerenciamento de uma organização, pois permite a
análise periódica das empresas (REGERT, 2018).
As análises periódicas dos seus indicadores, apontam dados sobre a empresa que colaboram
com o desenvolvimento de controle e planejamento financeiro, e assim o fortalecimento da
otimização de lucros e da redução de impactos negativos sobre seus investimentos
(REGERT, 2018).
Assim, o objetivo deste estudo é investigar a estrutura financeira de uma organização do
setor varejista, a Magazine Luíza, utilizando os indicadores econômicos financeiros dos
últimos cinco anos. A compreensão desses dados é importante para o entendimento das
estratégias adotadas pela empresa, assim como o conhecimento do setor.
Considerando que a Magazine Luiza, uma das maiores organizações do setor varejista no
país, possui grandes investimentos na área de inovação e publicidade e destaca-se como um
dos principais e-commerces do país (BORINI, 2020; SALOMÃO, 2020), este estudo, traz
conhecimentos científicos e práticos sobre o setor já que permite o uso de indicadores
financeiros apontados pela literatura para o entendimento do desempenho empresa
(REGERT, 2018).
Neste contexto, é importante mencionar que de acordo com a Sociedade Brasileira de Varejo
e Consumo - SBVC (2020), o setor varejista possui grande importância no cenário
empresarial brasileiro, representando cerca de 19,24% do PIB no varejo restrito; 7,8% do
PIB no varejo essencial e 26,20% de impacto no varejo ampliado. Apresenta um ritmo
acelerado de crescimento com destaque de empresas varejistas que aparecem na relação das
maiores empresas do Brasil (SALOMÃO, 2020). Além disso, o setor varejista emprega
3

cerca de 26 % dos trabalhadores com carteira assinada no Brasil, o que representa


aproximadamente 8,5 milhões de trabalhadores (SBVC, 2020).
Assim, as informações e análises deste estudo, justificam-se pela representatividade que o
setor varejista possui na economia nacional e contribui para o entendimento do uso de
índices econômicos financeiros em avaliações financeiras de empresas.
Para desenvolver a pesquisa, foram revisados estudos que abordaram a avaliação de
empresas e índices econômicos financeiros. Em seguida, foi apresentado o histórico e os
dados da empresa em estudo, Magazine Luíza. Posteriormente, foi realizada a análise dos
dados da empresa com apontamento dos índices encontrados e, por fim, as conclusões.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O SETOR VAREJISTA NO BRASIL

De acordo com Varotto (2018), o varejo no Brasil iniciou-se desde o período da colonização,
mais especificamente com a exploração do ouro na região das Minas Gerais, que fez com que
aumentasse a população e desenvolvesse o comércio local. Além disso, outro acontecimento
histórico importante para impulsionar o comércio na época foi a vinda da família real
portuguesa ao Brasil, por ter sido concedido a abertura dos portos às outras nações,
favorecendo para o crescimento do comércio e para o desenvolvimento do país.
Compreende-se que o varejo no Brasil surgiu a partir da evolução do comércio desde o
período da colonização. Assim, percebe-se que o varejo é alvo de processos disruptivos de
inovação ao longo da história e foi a partir dessas mudanças que passamos a ter o comércio
varejista como é atualmente (VAROTTO, 2018).
Hoje, um importante desafio para o setor varejista relaciona-se ao uso cada vez mais intenso
da tecnologia no ambiente de venda, a inovação e a publicidade nas redes sociais são uma das
principais ferramentas para atrair o público para realização de novas compras no e-commerce
(BORINI, 2020).
De acordo com Galinari (2015), o e-commerce é responsável por conduzir uma verdadeira
mudança estrutural no varejo e que foi responsável por alterar toda lógica da organização do
mercado. Além disso, o uso da internet trouxe maior agilidade para o setor varejista e para os
consumidores que agora podem desfrutar de uma elevação do bem-estar e economia de tempo
e de custo de deslocamento até uma loja física e dentre outros benefícios.
4

O comércio varejista representa um importante mercado consumidor. De acordo com o estudo


realizado em 2020 pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, o setor varejista emprega
cerca de 26% dos trabalhadores formais brasileiros, ou seja, cerca de 8,5 milhões de pessoas.
Esses números demonstram a importância de tal setor no país e de sua força na economia
brasileira (SBVC, 2020).
Ademais, conforme dados do IBGE (2021), as vendas no setor varejista caíram 6,1% em
dezembro, porém fecharam 2020 com alta de 1,2%. Assim, observa-se a necessidade das
organizações varejistas manterem sua inovação, produtividade e competitividade em
momentos de adversidades no ambiente econômico (GUISSONI, 2016).
Assim, com o intuito de analisar esse importante setor da economia nacional, será realizado
uma análise financeira de uma das principais empresas varejistas do país, a Magazine Luiza
(SALOMÃO, 2020). A empresa, atualmente, possui um dos maiores e-commerce no Brasil e
está no mercado há muitos anos (BORINI, 2020). Dessa forma, este estudo analisará a
performance da organização nos últimos cinco anos como forma de verificar a “saúde
financeira” da empresa.

2.2 MAGAZINE LUIZA-MGLU3

A Magazine Luiza ou Magalu é uma plataforma digital brasileira considerada uma das
maiores empresas varejistas do Brasil, a organização possui um sistema que contribui para
que vários outros negócios possam ingressar nas vendas online. A companhia opera com
1.113 lojas físicas, distribuídas por 819 cidades, de 21 estados (BORINI, 2020; site da
empresa).
Anteriormente, a Magazine Luiza era apenas uma rede de lojas no interior do estado de São
Paulo. Entretanto, com muito trabalho, Luiza Trajano, administradora da empresa, conseguiu
transformar a marca em uma das melhores e mais conceituadas do mercado a ponto de
concorrer com as principais lojas do mesmo segmento como: Casas Bahia, Ponto Frio e Lojas
Americanas (MARQUES, 2020).
Ademais, a Magazine Luiza foi uma das primeiras empresas no país a implementar um
sistema de computação nas lojas, este período foi marcado pela automação e informatização
do negócio, tornando-se empresa pioneira na implementação dessa inovação (MARQUES,
2020).
5

Na década de 1990, foi criado o primeiro modelo de comércio eletrônico do mundo: as Lojas
Virtuais. Tal criação foi resultado de um projeto inovador e possibilitou que diversas lojas
vendessem seus produtos através de terminais multimídia, com a presença de vendedores
encarregados de atender os clientes da melhor forma, sem que necessariamente houvesse
produtos em estoque. Em 1999, o conceito de loja virtual foi levado para a internet, tornando
a Magazine Luiza um dos maiores representantes do e-commerce nacional (MARQUES,
2020; BORINI, 2020).
Para a Magazine Luiza, destacar-se por possuir vendedores realizando transações dentro de
um de seus canais digitais é uma aposta para aumentar a sua percepção no mercado, pois além
de receber uma porcentagem que varia de 10% a 20% da venda de terceiros, dependendo da
categoria do produto vendido, contribui para o aumento do lucro da empresa (BORINI, 2020).
Atualmente, a empresa encontra-se no 5º lugar das maiores empresas varejistas no país.
Assim, analisando todo o histórico da empresa é possível identificar que a Magazine Luiza
possui um posicionamento estratégico eficiente para estimular o crescimento do seu
e-commerce, oferecendo inovação, praticidade e rapidez ao consumidor (BORINI, 2020).
O setor varejista possui grande importância para a economia nacional. Assim, será realizada
uma análise financeira em uma das maiores empresas do setor: a Magazine Luiza. Tal
organização possui relevância pela sua participação no mercado há muitos anos. Assim, esses
indicadores são fundamentais para a tomada de decisão, para o gerenciamento e análise da
performance da organização (SALOMÃO, 2020; BORINI 2020).

2.3 AVALIAÇÃO FINANCEIRA

Por muito tempo a análise financeira foi utilizada para identificar a solidez de uma empresa,
assim como seu desempenho. Assim, tal análise possui como objetivo organizar as
informações contábeis e, consequentemente, extrair orientações para a tomada de decisão. A
análise financeira é uma ferramenta muito importante, pois o levantamento e a interpretação
destas informações contribuem para o desenvolvimento das empresas (REGERT, 2018).
Assim, para realizar a análise financeira da empresa em estudo e identificar sua performance
nesses últimos cinco anos, será aplicado análises vertical e horizontal; análise de indicadores
de liquidez; indicadores de endividamento e indicadores de rentabilidade, que serão
apresentados a seguir.
6

2.3.1 ANÁLISES VERTICAL E HORIZONTAL

Uma forma de analisar as demonstrações contábeis é por meio da análise comparativa, através
da análise vertical (performance das atividades) e horizontal (performance temporal). Assim,
a comparação das demonstrações financeiras durante vários anos revela uma direção,
velocidade e extensão das linhas de tendência, comparando, além disso, as tendências entre os
itens relacionados (BAZZI, 2016).

QUADRO 1: FÓRMULA DE ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL.

ANÁLISE CONCEITO FÓRMULAS


Demonstra o crescimento ou a queda Número – Índice = (Valor Da Conta
Análise horizontal ocorrida em itens que constituem as Na Data Mais Recente / Valor Da
demonstrações contábeis em períodos Conta Na Data Mais Antiga) X 100
consecutivos.
Mostra a participação percentual de cada Conta/ Total Da Conta (Ativo Ou
Análise vertical conta ou de cada grupo de contas da Passivo) X 100
demonstração em relação ao total que
integra em um período específico.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Pereira (2018), Bazzi (2016) e Assaf (2014).

2.3.2 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS


Os indicadores econômico-financeiros são interpretações das demonstrações contábeis. A
partir destas análises, será possível identificar a “saúde” financeira de uma empresa, os
resultados obtidos, visando demonstrar a melhor performance para se administrar os recursos,
buscar resultados favoráveis e preservar o princípio contábil que é a continuidade da empresa
(REGERT, 2018).
Dentre as ferramentas utilizadas para realizar a análise de indicadores econômico e
financeiros numa organização estão: (i) A liquidez, que identifica a capacidade de pagamento
da empresa, possibilitando identificar o equilíbrio financeiro e a necessidade de investimento
em capital de giro; (ii) o endividamento, que avalia o quanto que uma organização mantém de
recursos próprios e de terceiros, assim, caso haja dependência a dívidas de curto prazo,
configura risco financeiro para a organização; e (iii) a rentabilidade, que seria uma avaliação
do desempenho econômico da empresa com o objetivo de avaliar o retorno sobre
investimentos realizados e os lucros atingidos pelas vendas (DINIZ, 2015).
7

Segundo Bazzi (2016), há quatro tradicionais tipos de indicadores de liquidez, são eles:
Liquidez Geral; Liquidez Seca; Liquidez corrente e Liquidez imediata. Listados no quadro
abaixo:

QUADRO 2: FÓRMULAS DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ

ÍNDICES CONCEITO FÓRMULAS


Liquidez Indica a proporcionalidade existente entre todos os bens e (Ativo Circulante + Realizável a
geral direitos da empresa em relação às dívidas totais, indicando longo prazo) / (Passivo Circulante
uma folga na capacidade de solvência global. + Passivo Não Circulante)

Liquidez Indica a relação existente do ativo circulante e do passivo Ativo Circulante – Estoque –
seca circulante, verificando a capacidade de pagamento da Despesas Antecipadas/ Passivo
empresa, sem considerar seus estoques. Circulante

Liquidez Indica a relação existente do ativo circulante e do passivo Ativo Circulante/ Passivo
corrente circulante, verificando a capacidade de pagamento da Circulante
empresa

Liquidez Indica a capacidade de pagamento da empresa, levando em Disponibilizadas/ Passivo


imediata consideração todo o passivo circulante e semente o valor Circulante
disponível no caixa

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Bazzi (2016); Pereira (2018) e Blatt (2001).

O índice de liquidez geral está ligado a solidez financeira da empresa em longo prazo,
considerando tudo que é possível converter em dinheiro em curto e longo prazo e, ainda,
relacionando o total de dívidas que a organização já assumiu, também em curto e longo
prazos (BAZZI,2016). Já a liquidez seca, de acordo com Pereira (2018, p.39), “representa a
porcentagem de dívidas a curto prazo em condições de serem liquidadas com o uso de
disponível e valores a receber”.
Segundo Blatt (2001, p. 75), a liquidez corrente indica a solidez do “embasamento financeiro''
da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo. Expressa quantas vezes os ativos
circulantes de uma empresa “cobrem” os passivos “circulantes”. E a liquidez imediata,
“representa a porcentagem de dívida a curto prazo em condições de serem liquidadas
imediatamente” (PEREIRA, 2018, p. 38).
Referente a análise do endividamento, Bazzi (2019) explana que o tal indicador visa avaliar
qual é o grau de endividamento da empresa. Assim, os indicadores que são calculados
demonstram a política de obtenção de recursos que a entidade adota, ou seja, como a empresa
tem financiado seu ativo, existindo duas possibilidades: com recursos próprios (patrimônio
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líquido) ou com capital de terceiros (passivo). O quadro 2 a seguir demonstra a fórmula dos
indicadores para a análise de endividamento.

QUADRO 3 - FÓRMULAS PARA INDICADORES DO ENDIVIDAMENTO.

INDICADORES CONCEITO FÓRMULAS


Participação de capital de Indica o quanto que a empresa obteve de Capital de Terceiros/
terceiros Capital de Terceiros em relação ao Capital Patrimônio Líquido
Próprio.
Endividamento geral Indica a solvência da empresa, em todos os (Ativo Total – Patrimônio
prazos, ou a cobertura de dívida, com todos os Líquido) / Ativo Total X 100
credores.
Imobilização dos recursos Indica o percentual de Recursos Não Correntes Ativo Permanente/
não correntes destinados ao Ativo Permanente (Patrimônio Líquido +
Exigível a Longo Prazo)
Composição do Indica o percentual de dívidas a curto prazo Passivo Circulante / Capital
endividamento sobre o endividamento total. De Terceiros

Imobilização do patrimônio Indica o quanto que a empresa aplicou no Ativo Permanente/


líquido Ativo Permanente para cada R$1,00 de Patrimônio Líquido
Patrimônio Líquido.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Pereira (2018), Bazzi (2016), Assaf (2014).

A participação de capital de terceiros é um índice utilizado para analisar o percentual de


capital externo que a empresa adquire para financiar suas atividades (ASSAF, 2014). O
endividamento geral, segundo Bazzi (2016, p.61), “tem a finalidade de medir a proporção
entre ativos totais da empresa que é financiada pelos credores”, já a composição do
endividamento “expressa a natureza do endividamento da empresa, comparando o
endividamento de curto e de longo prazo'' (PEREIRA, 2018, p.48). Trata-se do percentual de
dívidas a curto prazo sobre o endividamento total.
O índice de imobilização do patrimônio líquido, analisa o percentual do Patrimônio Líquido
da empresa que é aplicado em Ativo permanente (Investimentos, intangível e imobilizado),
isto é, o quanto que o Ativo Permanente representaria do Capital Próprio. Já o índice de
Imobilização dos Recursos não Correntes, representa o percentual de ativo permanente em
relação ao patrimônio líquido e exigível a longo prazo, ou seja, ao patrimônio líquido mais
dívidas a longo prazo (ASSAF, 2014).
Em relação aos índices de rentabilidade Pereira (2018, p. 49) expõe:
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Uma das formas de verificar se a empresa conseguirá manter a sua continuidade é


através da análise da sua rentabilidade. Os indicadores de rentabilidade buscam
analisar os lucros auferidos pela entidade de forma relativa, geralmente analisados
em relação aos investimentos feitos pelo conjunto de fornecedores de capital (sócios
e terceiros) ou apenas pelos sócios/acionistas [...].

Dentre os principais índices de rentabilidade tem-se: Giro do Ativo; Rentabilidade do Ativo


(ROI); Rentabilidade do PL (ROE) e Margem de Lucro sobre vendas (Pereira, 2018). Logo
abaixo, encontra-se o quadro 4, contendo as fórmulas com indicadores de rentabilidade.

QUADRO 4: FÓRMULAS DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE

INDICADORES SIGNIFICADO FÓRMULAS

Giro do ativo Indica quanto a empresa vendeu em relação ao


seu investimento total Receita Líquidas / Ativo Total
Médio
Rentabilidade do ativo Indica o quanto que a empresa obteve de lucro
(ROA) em relação ao seu investimento total. (Lucro Líquido / Ativo Total
Médio)
Rentabilidade do Indica quanto a empresa gera de lucro líquido
patrimônio líquido (ROE) em função do seu capital próprio. (Lucro Líquido / Patrimônio
Líquido Médio)
Margem líquida Compara o lucro obtido com o volume de
vendas do período. Pode-se comparar o Lucro
Bruto, Operacional ou Líquido com as vendas. Lucro Líquido/ Receita
Líquida
Margem operacional Representa o percentual de lucro operacional Lucro Operacional / Vendas
que a empresa obteve em relação às suas
vendas.
Margem bruta O percentual de lucro bruto que a sociedade Lucro Bruto / Vendas
obteve em relação às suas vendas.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Pereira (2018), Bazzi (2016) e Assaf (2014).

De acordo com Pereira (2018), o giro do ativo indica quanto a empresa vendeu para cada
$1,00 de investimento total, enquanto isso, o ROA, analisa o retorno da empresa (lucro
líquido) com o nível de investimentos (ativos).
Ademais, tem-se o indicador de rentabilidade do patrimônio líquido (ROE), que analisa o
retorno obtido sobre o Capital Próprio, trata-se de uma medida de retorno dos acionistas. E
por fim, a margem de lucro sobre as vendas que compara o lucro obtido com o volume de
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vendas do período, sendo possível com esse indicador comparar o lucro bruto, operacional ou
líquido com as vendas (PEREIRA, 2018).
Dessa forma, com a utilização dos indicadores econômico-financeiros na análise da empresa
em estudo, será possível verificar o desempenho e comportamento da empresa nos últimos
cinco anos e compará-los com os resultados de empresas do mesmo ramo, a fim de evidenciar
se seus resultados estão dentro da normalidade. A utilização dos indicadores
econômico-financeiros é de grande importância, pois possibilita às empresas estabelecer
comparação do desempenho da empresa diante do cenário econômico no qual está inserido,
objetivando planejar seu futuro e potencializar suas capacidades competitivas (REGERT,
2018).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Diante do objetivo deste estudo, que é analisar a estrutura financeira da empresa Magazine
Luiza a partir de indicadores econômico-financeiros, optou-se por uma pesquisa de caráter
descritivo e quantitativo com corte longitudinal e levantamento de dados secundários.
Os dados coletados, foram extraídos dos relatórios anuais e da planilha de resultados
disponibilizados pela empresa referentes ao período de 2016 a 2020 e foram coletados no site
de relação com os investidores (RI) da Magazine Luiza [https://ri.magazineluiza.com.br/].
Por meio dos dados, foram calculados os índices de liquidez, de endividamento e de
rentabilidade bem como análise vertical e horizontal dos dados, considerados neste estudo
como as variáveis analisadas.
Após o apontamento dos resultados dos índices, é possível realizar uma análise da situação
financeira da Magazine Luíza, indicando como foi sua performance nos últimos 5 anos. Além
disso, identificar a situação das vendas no e-commerce e de sua influência no mercado
varejista em geral.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para realizar o cálculo da análise vertical e horizontal e dos indicadores


econômico-financeiros foram extraídos os dados do Balanço Patrimonial e Demonstração do
Resultado do Exercício da empresa entre os anos de 2016 a 2020 que se encontram nos
anexos.
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4.1 ANÁLISES VERTICAL E HORIZONTAL

A análise vertical representa valores percentuais de todas as contas, sendo possível


relacioná-las ao todo. O principal objetivo dessa análise é demonstrar a importância de cada
grupo a que pertence (ASSAF, 2014).

TABELA 1 - ANÁLISE VERTICAL DO BALANÇO PATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO)

ATIVO 2016 2017 2018 2019 2020


Caixa e Equivalentes de Caixa 9,82% 5,56% 6,81% 1,54% 6,82%
Títulos e Valores Mobiliários 13,42% 16,98% 4,65% 22,48% 4,96%
Contas a Receber - Cartão de Crédito 4,53% 11,06% 16,96% 10,72% 15,61%
Contas a Receber - Outros 5,00% 5,67% 6,36% 4,01% 3,71%
Estoques 26,17% 26,54% 31,95% 19,21% 24,05%
Partes Relacionadas - Cartão Luiza 0,31% 0,57% 1,21% 1,36% 9,12%
Partes Relacionadas - Outros 0,74% 0,73% 0,95% 0,51% 0,33%
Tributos a Recuperar 3,48% 2,70% 3,45% 4,37% 2,91%
Outros Ativos 0,78% 1,04% 0,55% 0,69% 0,65%
Total do Ativo Circulante 64,25% 70,86% 72,90% 64,88% 68,16%
Títulos e Valores Mobiliários 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Contas a Receber 0,06% 0,06% 0,09% 0,09% 0,07%
Tributos a Recuperar 3,67% 2,24% 1,71% 5,75% 3,20%
Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 3,97% 3,01% 2,06% 0,06% 0,80%
Depósitos Judiciais 4,79% 4,19% 3,97% 2,88% 3,42%
Outros Ativos 0,86% 0,60% 0,39% 0,06% 0,03%
Investimentos em Controladas 4,82% 4,20% 3,51% 1,54% 1,57%
Direito de uso 0,00% 0,00% 0,00% 11,49% 10,00%
Imobilizado 9,18% 7,67% 8,57% 5,44% 5,10%
Intangível 8,41% 7,18% 6,81% 7,81% 7,66%
Total do Ativo não Circulante 35,75% 29,14% 27,10% 35,12% 31,84%
TOTAL DO ATIVO 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2016 2017 2018 2019 2020
Fornecedores 38,77% 39,35% 46,67% 29,99% 34,49%
Repasses e outros depósitos 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,92%
Empréstimos e Financiamentos 13,74% 5,85% 1,49% 0,05% 6,76%
Salários, Férias e Encargos Sociais 3,09% 3,19% 2,94% 1,79% 1,46%
Tributos a Recolher 0,66% 1,14% 1,60% 1,78% 1,63%
Partes Relacionadas 1,20% 1,21% 1,43% 0,77% 0,53%
Arrendamento Mercantil 0,00% 0,00% 0,00% 1,67% 1,42%
Receita Diferida 0,66% 0,56% 0,45% 0,22% 0,17%
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TABELA 1 - ANÁLISE VERTICAL DO BALANÇO PATRIMONIAL (CONCLUSÃO)

Dividendos a Pagar 0,20% 0,87% 2,07% 0,62% 0,16%


Outras Contas a Pagar 1,89% 3,58% 4,62% 3,55% 4,88%
Total do Passivo Circulante 60,20% 55,75% 61,26% 40,44% 54,43%
Empréstimos e Financiamentos 16,57% 5,89% 3,70% 4,24% 0,08%
Arrendamento Mercantil 0,00% 0,00% 0,00% 9,85% 8,83%
Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 0,00% 0,00% 0,00% 0,20% 0,10%
Provisão para Riscos Tributários, C. e Trabalhistas 4,66% 4,06% 4,40% 5,24% 5,60%
Receita Diferida 8,35% 6,32% 4,44% 1,80% 1,22%
Outras Contas a Pagar 0,04% 0,03% 0,02% 0,01% 0,02%
Total do Passivo não Circulante 29,61% 16,30% 12,56% 21,34% 15,85%
TOTAL DO PASSIVO 89,81% 72,05% 73,82% 61,78% 70,28%
Capital Social 9,94% 23,18% 19,55% 30,08% 24,15%
Reserva de Capital 0,31% 0,50% 0,59% 1,63% 1,58%
Ações em Tesouraria -0,47% -0,19% -0,99% -0,63% -2,45%
Reserva Legal 0,34% 0,54% 0,75% 0,55% 0,50%
Reserva de Retenção de Lucros 0,05% 3,89% 6,22% 6,58% 5,89%
Ajuste de Avaliação Patrimonial 0,02% 0,04% 0,06% 0,02% 0,05%
Lucros (Prejuízos) Acumulados 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Total do Patrimônio Líquido (PL) 10,19% 27,95% 26,18% 38,22% 29,72%
TOTAL DO PASSIVO E PL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

Conforme os resultados referentes ao ativo circulante, notou-se uma alta representatividade


nas seguintes contas: estoque, contas a receber e títulos e valores mobiliários. As demais
contas não atingiram nem 10% da representatividade total em nenhum dos anos observados.
Ao observar os estoques, nota-se um crescimento considerável entre 2016 e 2018, a empresa
possuía 26,17% em 2016 e chegou a ter 31,95% em 2018, o ano seguinte, foi marcado por
queda onde atingiu 19,21% e uma tentativa de retorno marcou os 24,05% em 2020. Já as
contas a receber - Cartão de Crédito - que em 2016 era 4,53% do ativo total e no último ano
analisado atingiu 15,61%, esse crescimento deve-se principalmente pela maior utilização de
cartão de crédito para realização de compras. E ainda os valores mobiliários que em 2016
possuíam 13,42% do total do ativo, em 2017 subiu para 16,98%, despencando em 2018 para
4,65%, subindo para 22,48% em 2019 e terminando em 2020 com 4,96%.
13

Na análise do Ativo não circulante, apenas a conta direito de uso alcançou representatividade
acima de 10% em algum dos anos observados, mais precisamente nos anos de 2019 e 2020.
Na observação total do composto do ativo, verificou-se que o ativo circulante apresentou
crescimento de 2016 a 2018, ano que era 64,25% e chegou a 72,90% em 2018. Os anos
seguintes foram marcados por queda quando comparados a 2018, mas ainda assim
apresentaram valores superiores se comparados a 2016.Consequentemente, o ativo não
circulante que representa 60,20% em 2016 fechou 2020 com 54,43%.
Em relação ao Passivo Circulante, a conta que mais se destacou foi a fornecedores que em
2016 representava 38,77% do total do passivo e patrimônio líquido, em 2017 a conta possui
39,35%, em 2018 ficou com 46,67%, em 2019 atingiu o valor de 29,99% e no último ano
finalizou com 34,49%.
Referente ao passivo não circulante, a conta empréstimos e financiamentos também ganhou
destaque, em 2016 a conta possuía 16,57% em relação ao valor total e em 2020 a conta
finalizou com apenas 0,08%. Dessa forma, nota-se que a empresa obteve menor percentual de
empréstimos de longo prazo nos últimos anos.
Para a análise vertical da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), apresentada na
tabela 2, o elemento divisor é a receita líquida, e os percentuais vão indicar o quanto cada
elemento do resultado representa em relação a essa receita líquida (ASSAF,2014).

TABELA 2 - ANÁLISE VERTICAL DA DRE (CONTINUAÇÃO)

DRE CONSOLIDADO (em R$ milhões) 2016 2017 2018 2019 2020


Receita Líquida 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Custo Total 69,26% 69,91% 70,90% 72,07% 74,23%
Lucro Bruto 30,74% 30,09% 29,10% 27,93% 25,77%
Despesas com Vendas 18,68% 17,69% 17,62% 17,32% 17,69%
Despesas Gerais e Administrativas 5,07% 4,47% 3,82% 3,53% 3,11%
Perda em Liquidação Duvidosa 0,27% 0,35% 0,38% 0,38% 0,40%
Outras Receitas Operacionais, Líquidas 0,14% 0,30% 0,34% 2,10% 0,26%
Equivalência Patrimonial 0,66% 0,72% 0,37% 0,13% 0,41%
Total de Despesas Operacionais 23,22% 21,49% 21,12% 19,00% 20,54%
EBITDA 7,51% 8,60% 7,99% 8,93% 5,23%
Depreciação e Amortização 1,41% 1,19% 1,05% 2,45% 2,41%
EBIT 6,11% 7,41% 6,94% 6,48% 2,83%
Resultado Financeiro 5,30% 3,43% 1,89% 0,35% 1,41%
Lucro (Prejuízo) Operacional 0,81% 3,98% 5,05% 6,13% 1,42%
14

TABELA 2 - ANÁLISE VERTICAL DA DRE (CONCLUSÃO)

IR / CS 0,10% 0,73% 1,22% 1,49% 0,08%


Lucro Líquido 0,91% 3,25% 3,83% 4,64% 1,34%
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

De acordo com os resultados obtidos na análise vertical da DRE, de 2016 a 2020,


percebeu-se um crescimento considerável no custo dos bens vendidos. Isto resultou na
diminuição de mais de 5% na representatividade do lucro bruto. De forma contrária, notou-se
uma queda nas despesas da empresa, o que pode ser visto como uma tentativa de alcançar
melhores resultados financeiros. O que não foi suficiente já que os dados obtidos
demonstraram uma queda em sua representatividade, ou seja, o resultado financeiro que era
5,30% em 2016 chegou a ser 1,41% em 2020. Finalizando a DRE, o resultado referente ao
Lucro Líquido em 2016 foi de 0,91% das vendas líquidas ; em 2017 atingiu 3,25%; em 2018
com 3,83%; em 2019 4,64%, finalizando em 2020 com 1,34%.
Dessa forma, percebeu-se que o ano em que obteve menor percentual de lucro líquido foi em
2016 e os anos que possuíam maiores lucros foram entre 2017 e 2019, possuindo em 2020
uma queda considerável no percentual de lucro líquido na empresa.
Ao considerar a importância da análise horizontal para indicar a variação de itens das
demonstrações contábeis nos períodos e caracterizar tendências ao discernir o ritmo de
crescimento dos vários itens (ASSAF, 2014). Fez-se a análise horizontal do balanço
patrimonial, conforme a tabela 3.

TABELA 3 - ANÁLISE HORIZONTAL DO BALANÇO PATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO).

ATIVO 2016 2017 2018 2019 2020


Caixa e Equivalentes de Caixa 100,00% -31,12% -0,01% -48,97% 180,64%
Títulos e Valores Mobiliários 100,00% 53,79% -50,05% 443,13% 49,18%
Contas a Receber - Cartão de Crédito 100,00% 196,98% 440,29% 667,91% 1292,92%
Contas a Receber - Outros 100,00% 38,13% 83,48% 160,51% 200,06%
Estoques 100,00% 23,33% 76,00% 138,09% 271,21%
Partes Relacionadas - Cartão Luiza 100,00% 127,06% 472,17% 1345,27% 11961,64%
Partes Relacionadas - Outros 100,00% 19,95% 84,03% 121,60% 77,71%
Tributos a Recuperar 100,00% -5,41% 43,15% 307,32% 237,55%
Outros Ativos 100,00% 61,69% 1,47% 185,09% 236,29%
Total do Ativo Circulante 100,00% 34,13% 63,59% 227,59% 328,56%
15

TABELA 3 - ANÁLISE HORIZONTAL DO BALANÇO PATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO)

Títulos e Valores Mobiliários 100,00% -100,00% 25,15% 25,15% -100,00%


Contas a Receber 100,00% 32,80% 112,07% 371,76% 352,10%
Tributos a Recuperar 100,00% -25,75% -32,64% 408,84% 252,38%
Imposto de Renda e C. Social Diferidos 100,00% -7,81% -25,20% -94,75% -18,71%
Depósitos Judiciais 100,00% 6,40% 19,53% 95,13% 188,80%
Outros Ativos 100,00% -15,09% -34,66% -78,95% -87,88%
Investimentos em Controladas 100,00% 5,96% 4,98% 3,83% 31,62%
Direito de uso 0,00% 0,00% 0,00% 100,00% 8,43%
Imobilizado 100,00% 1,60% 34,67% 92,25% 124,64%
Intangível 100,00% 3,76% 16,72% 201,26% 267,80%
Total do Ativo não Circulante 100,00% -0,87% 9,34% 218,69% 259,89%
TOTAL DO ATIVO 100,00% 21,62% 44,19% 224,41% 304,01%
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2016 2017 2018 2019 2020
Fornecedores 100,00% 23,45% 73,59% 150,95% 259,47%
Repasses e outros depósitos 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 100,00%
Empréstimos e Financiamentos 100,00% -48,18% -84,40% -98,81% 98,94%
Salários, Férias e Encargos Sociais 100,00% 25,58% 37,47% 88,29% 90,94%
Tributos a Recolher 100,00% 110,43% 251,29% 777,13% 899,97%
Partes Relacionadas 100,00% 22,71% 71,86% 108,52% 78,58%
Arrendamento Mercantil 0,00% 0,00% 0,00% 100,00% 6,23%
Receita Diferida 100,00% 3,10% -2,88% 6,74% 6,67%
Dividendos a Pagar 100,00% 421,06% 1375,48% 901,75% 223,90%
Outras Contas a Pagar 100,00% 130,49% 252,16% 508,49% 943,74%
Total do Passivo Circulante 100,00% 12,62% 46,73% 117,91% 265,32%
Empréstimos e Financiamentos 100,00% -56,75% -67,82% -17,01% -98,06%
Arrendamento Mercantil 0,00% 0,00% 0,00% 100,00% 11,56%
Imposto de Renda e C. Social Diferidos 0,00% 0,00% 0,00% 100,00% -36,37%
Provisão p/ Riscos T. C. e Trabalhistas 100,00% 6,13% 36,33% 265,02% 385,68%
Receita Diferida 100,00% -7,92% -23,21% -29,92% -40,83%
Outras Contas a Pagar 100,00% -24,60% -32,94% -22,72% 95,46%
Total do Passivo não Circulante 100,00% -33,05% -38,82% 133,79% 116,20%
TOTAL DO PASSIVO 100,00% -2,44% 18,52% 123,14% 216,15%
Capital Social 100,00% 183,57% 183,57% 881,41% 881,41%
Reserva de Capital 100,00% 94,92% 174,17% 1598,70% 1952,78%
Ações em Tesouraria 100,00% -51,43% 202,88% 333,47% 2001,29%
Reserva Legal 100,00% 95,02% 220,67% 432,47% 500,69%
Reserva de Retenção de Lucros 100,00% 9181,33% 17500,58% 41797,52% 46630,70%
Ajuste de Avaliação Patrimonial 100,00% 121,21% 343,51% 163,56% 827,70%
16

TABELA 3 - ANÁLISE HORIZONTAL DO BALANÇO PATRIMONIAL (CONCLUSÃO)

Lucros (Prejuízos) Acumulados 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%


Total do Patrimônio Líquido (PL)_ 100,00% 233,66% 270,48% 1117,04% 1078,48%
TOTAL DO PASSIVO E PL 100,00% 21,62% 44,19% 224,41% 304,01%
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

Com os dados apresentados na tabela 3, observou-se um crescimento no patrimônio da


empresa nos últimos anos, em 2017 houve um crescimento de quase 22% quando comparado
ao ano de 2016, o crescimento permaneceu constante nos anos seguintes, chegando a 304%
no ano de 2020 comparado a 2016.
Na conta Caixa e Equivalente de Caixa, nota-se que houve uma considerável oscilação no
decorrer dos anos analisados, porém no último ano o crescimento da conta em relação a 2016
foi de 180,64%, o maior no período analisado. Já a conta de Títulos e Valores Mobiliários
possui grande destaque no ano de 2019, tendo valores investidos de 443,13% em relação ao
ano de 2016 já em 2017, 2018 e 2020 os resultados se mantiveram praticamente os mesmos.
Assim, percebe-se que no ano de 2019 a Magazine Luiza teve como decisão realizar maiores
investimentos no mercado de capitais.
Referente às Contas a Receber - Cartão de Crédito, percebe-se que houve grande crescimento
dos resultados no decorrer dos anos, pois em 2020 o resultado foi de 1.292,92% em relação a
2016, o maior crescimento dentre os anos analisados, assim, observa-se que no decorrer dos
anos houve maior utilização de cartão de crédito para realizar compras através na internet e
que o comércio eletrônico teve um considerável crescimento.
Na conta de Fornecedores, houve aumento se analisados os resultados entre 2016 e 2020, em
2017 a conta tinha subido apenas 23,45% e no último ano analisado teve um aumento de
259,47% em comparação com o resultado de 2016.
Os valores referentes a Salários, Férias e Encargos Sociais também obteve crescimento com
os anos em 2017, por exemplo, teve acréscimo de 25,58% em relação a 2016, já em 2020
atingiu 90,94% de aumento. Assim, percebe-se que a empresa no decorrer dos anos obteve
maiores gastos com encargos trabalhistas, especialmente no último ano analisado. Em relação
aos dados de Provisão para Riscos Tributários, Civeis e Trabalhistas, também observou-se um
aumento dentre os anos, em 2020 houve um incremento de 385,68%, o maior no período.
17

Os Tributos a Recolher também obteve crescimento, em 2017 a conta tinha 110,43% de


incremento em relação a 2016 e em 2020 atingiu um crescimento de 899,97%. O percentual
alto referente a Tributos a Recolher está ligado a impostos a pagar, em favor do governo
como pela venda de mercadorias como, por exemplo, o ICMS.
Na conta de Capital Social, nos dois últimos anos os resultados permaneceram o mesmo com
881,41% de crescimento em relação a 2016, enquanto que em 2017 e 2018 se mantiveram em
183,57%. Ademais, a conta de Reserva de Retenção de Lucros obteve grande aumento nos
anos analisados, principalmente no último ano, que atingiu um acréscimo de 46630,70% em
relação a 2016. Assim, esta conta representa os lucros que a empresa adquiriu, mas que não
foram distribuídos aos acionistas e sócios.
Os dados desta análise apontaram que o Lucro Líquido se manteve alto nos dois últimos anos
analisados, em 2019 obteve crescimento de 1117,04% em relação a 2016 e em 2020 obteve
resultado de 1078,48%, enquanto que em 2017 e 2018 os resultados eram bem menores.
Na busca por compreender os resultados da Magazine Luíza durante os últimos anos, fez-se
também a análise horizontal da DRE, conforme a Tabela 8.

TABELA 4 - ANÁLISE HORIZONTAL (DRE)


DRE CONSOLIDADO (em R$ milhões) 2016 2017 2018 2019 2020
Receita Líquida 100,00% 26,03% 63,96% 109,14% 206,85%
Custo Total 100,00% 27,21% 67,82% 117,61% 228,83%
Lucro Bruto 100,00% 23,38% 55,25% 90,03% 157,30%
Despesas com Vendas 100,00% 19,35% 54,68% 93,90% 190,65%
Despesas Gerais e Administrativas 100,00% 11,22% 23,70% 45,58% 88,16%
Perda em Liquidação Duvidosa 100,00% 60,78% 129,11% 191,45% 353,01%
Outras Receitas Operacionais, Líquidas 100,00% 170,17% 295,33% 2985,24% 453,46%
Equivalência Patrimonial 100,00% 37,41% -7,89% -57,57% 91,27%
Total de Despesas Operacionais 100,00% 16,63% 49,10% 71,12% 171,41%
EBITDA 100,00% 44,25% 74,27% 148,48% 113,71%
Depreciação e Amortização 100,00% 7,07% 22,51% 264,47% 425,79%
EBIT 100,00% 52,80% 86,17% 121,80% 41,94%
Resultado Financeiro 100,00% -18,46% -41,51% -86,02% -18,53%
Lucro (Prejuízo) Operacional 100,00% 518,54% 920,63% 1480,04% 437,10%
IR / CS 100,00% -1027,77% -2100,57% -3229,30% -336,27%
Lucro Líquido 100,00% 349,40% 590,15% 964,91% 352,50%
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autor
18

Para a análise horizontal da DRE, observou-se o crescimento das contas no período de 2016 a
2020. Verificou um crescimento de 206,85% na Receita Líquida no ano de 2020 em relação
ao de 2016, porém houve um crescimento também no custo dos bens, o que refletiu no lucro
bruto que apesar de demonstrar crescimento na análise horizontal, perdeu representatividade
na análise vertical. Semelhantemente o lucro operacional também perdeu representatividade,
impulsionado pelo crescimento das despesas operacionais que chegou a crescer 171,41% no
ano de 2020 em relação a 2016, isto refletiu no lucro líquido que apresentou o mesmo
comportamento, crescimento significativo no decorrer dos anos analisados, porém perdeu
representatividade no mesmo período.

4.1 INDICADORES

Com base nos dados da DRE e Balanço Patrimonial da Magazine Luiza foram realizados
cálculos dos indicadores econômico-financeiros da empresa. Primordialmente, foi exposto os
índices de liquidez que demonstram a capacidade da empresa de saldar suas obrigações com
terceiros (ASSAF, 2003), como pode ser visto na tabela 5.

TABELA 5 – ÍNDICE DE LIQUIDEZ

ÍNDICE DE LIQUIDEZ 2016 2017 2018 2019 2020


Geral 0,86 1,12 1,10 1,19 1,08
Corrente 1,07 1,27 1,19 1,60 1,25
Seca 0,63 0,80 0,67 1,13 0,81
Imediata 0,16 0,10 0,11 0,04 0,13
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

O indicador de liquidez geral representa a saúde financeira da empresa, ou seja, a capacidade


de quitar todas suas obrigações (ASSAF, 2014). Assim, para cada R$1,00 de dívidas totais a
empresa tinha apenas R$0,86 para o pagamento em 2016. Com o passar dos anos, 2016 a
2020, a Magazine Luíza foi aumentando sua capacidade de pagamento e encerrou o ano de
2020 com 1,08, apresentando uma melhora significativa, pois passou a ter condição de saldar
todos os seus compromissos.
19

Com a liquidez corrente mediu-se a relação existente entre o ativo circulante e o passivo
circulante, ou seja, a capacidade da empresa de financiar suas necessidades de capital de giro
(ASSAF, 2014). Assim, no ano de 2016 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, a
Magazine Luíza possuía R$ 1,07 para pagar tais dívidas. Houve uma variação nos resultados
nos anos seguintes, onde a empresa alcançou o valor de 1,27 em 2017, diminuindo para 1,19
no ano de 2018 e chegou a 1,60 em 2019 possuindo o maior índice do período observado. O
ano de 2020 foi encerrado com 1,25, demonstrando que mesmo com a variação dos resultados
a empresa melhorou sua capacidade de pagamento a curto prazo, ao longo do período
observado.

O índice de liquidez seca revelou o percentual de dívidas de curto prazo que pode ser
resgatado mediante o uso de ativos circulantes de maior liquidez, isto é, sem a presença de
estoques e de despesas antecipadas (NETO, 2014). Desta forma, percebeu-se que houve uma
variação nesse índice no decorrer dos anos analisados, no ano de 2016, para cada R$1,00 de
dívidas a curto prazo, a empresa mantinha R$ 0,63 de ativos monetários circulantes, no ano
seguinte, o resultado subiu para 0,80 e em 2018 diminuiu para 0,67, em 2019 apresentou o
resultado de 1,13 e em 2020 encerrou com 0,81. Assim notou-se uma elevação geral no
período analisado, destacando o melhor resultado no ano de 2019 como também visto nos
índices geral e corrente.
Já a liquidez imediata, foi determinada pela relação existente entre o disponível e o passivo

circulante, ou seja, o valor de quanto se dispões imediatamente para quitar as dívidas de curto
prazo, utilizando apenas as disponibilidades caixa, bancos e aplicações financeiras de resgate
imediato (NETO, 2014). Com base nos resultados, notou-se que no ano de 2016 foi o ano de
maior índice observado, período em que a Magazine Luíza possuía 16% de capacidade de
liquidar imediatamente suas dívidas. Os anos seguintes observados foram marcados por queda
na capacidade, chegando a 13% em 2020.
Desta forma, os índices de liquidez foram apresentados demonstrando a capacidade de
pagamento da Magazine Luíza, período que foi marcado por uma elevação dos resultados na
liquidez geral, corrente e seca, já a liquidez imediata apresentou queda.

TABELA 6 - ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO


20

ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO 2016 2017 2018 2019 2020


Participação de capital de terceiros 8,81 2,58 2,82 1,62 2,36
Endividamento geral 0,90 0,72 0,74 0,62 0,70
Imobilização dos recursos não correntes 0,22 0,19 0,19 0,26 0,24
Composição do endividamento 0,67 0,77 0,83 0,65 0,77
Imobilização do patrimônio líquido 2,20 0,68 0,72 0,69 0,82
Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

O indicador de participação de capital de terceiros mede o nível de endividamento (passivo)


da empresa em relação a seus financiamentos por meio de recursos próprios. Ou seja, para
cada R$1,00 de capital próprio investido (patrimônio líquido), é possível analisar quanto foi
levantado de capital de terceiros (ASSAF, 2014).
De acordo com os resultados da análise de participação de capital de terceiros na Magazine
Luiza, percebe-se que tal indicador teve uma queda no decorrer dos anos. No ano de 2016, por
exemplo, para cada R$ 1,00 de recurso próprio investidos na empresa, R$ 8,81 foram
captados de dívidas (passivos), porém esse índice diminuiu com os anos e em 2020 fecha com
R$2,36 de passivos para R$ 1,00 de recurso próprio. Apesar desse indicador ter tido uma
queda relevante entre 2016 e 2020, o resultado superior a R$1,00 em todos esses anos denota
maior grau de dependência financeira da empresa em relação aos recursos de terceiros.
Já o indicador de endividamento geral, mede a porcentagem dos recursos totais da empresa
(ativo total) que se encontra financiada por capital de terceiros. Assim, a análise segue da
seguinte forma: para cada R$ 1,00 de recurso investido pela empresa em seus ativos, quando
este provém de fontes de financiamento não próprias.
Conforme os resultados, no ano de 2016 a empresa possuía endividamento de 90%, o maior
dentre os anos analisados, ou seja, entende-se que 90% dos ativos da empresa são financiados
por dívidas (circulantes e de longo prazo) e apenas 10% (o restante) por capital próprio. Esse
indicador teve uma queda no decorrer dos anos analisados, passando para 70% no ano de
2020, porém, esse resultado ainda representa uma elevada dependência financeira da empresa,
pois há uma participação muito grande de passivos financiando em seus investimentos.
Além disso, é importante analisar o custo da dívida (juros cobrados) em relação ao retorno
produzido pelas aplicações desses recursos no ativo da empresa, pois se o retorno dos ativos
21

superar o custo do endividamento pode ser interessante para a empresa elevar o índice para
realizar uma alavancagem financeira favorável (ASSAF, 2014).
O índice de Imobilização dos recursos não correntes, demonstra a porcentagem do passivo
permanente de uma empresa que se encontra imobilizada em ativos permanentes. Ou seja, se
o índice apresentar resultado superior a 1,0, indica que os recursos permanentes da empresa
não são suficientes para financiarem suas aplicações de permanentes, sendo utilizados fundos
provenientes do passivo circulante com reflexos negativos sobre o capital de giro. Isso
significa que a empresa estaria utilizando recursos de curto prazo (passivo circulante) para
financiar ativos permanentes, produzindo um desequilíbrio financeiro na organização.
Assim, caso ocorra o contrário, e o índice seja menor que R$1,00, indica a existência de folga
financeira, isto é, uma parcela do passivo permanente, que excede aos ativos permanentes,
está financiando ativos de curto prazo, produzindo maior liquidez.
De acordo com os resultados desse indicador, entre os anos analisados houve pouca variação,
em 2016 esteve com 0,22, no ano de 2017 e 2018 com 0,19, em 2019 com 0,26 e, por fim, em
2020 com 0,24. Ademais, percebe-se que em todos esses anos tiveram um indicador abaixo de
R$1,00, significando que a empresa conseguiu manter uma boa liquidez de seus ativos de
curto prazo.
Outro indicador a ser analisado é o de Composição do endividamento que indica o quanto que
a empresa possui de dívidas de curto prazo em relação ao total de dívidas (capital de
terceiros). Dessa forma, caso os indicadores sejam maiores que R$ 1,00, significa que a
empresa possui mais em dívidas de curto prazo e caso esse indicador possua resultado abaixo
de R$1,00, significa vantagem para a empresa, pois esta deve ser capaz de quitar seus débitos
no prazo estipulado bem como ser capaz de fazer com que, após quitado, esse se reverta em
lucros a longo prazo. Os indicadores desta pesquisa, apontaram que houve uma pequena
variação dos resultados no decorrer dos anos analisados, em 2016 houve resultado de 0,67,
terminando em 2020 com 0,77.
E por fim, o indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido, que demonstra o grau de
Imobilização do capital de uma empresa, isto é, o equivalente a quanto do Patrimônio Líquido
é investido em ativo permanente. Cabe salientar que quanto maior o investimento em ativo
permanente menor será o recurso disponível para o ativo circulante, culminando na
dependência da empresa a capital de terceiros e a financiamentos para o ativo circulante.
22

Assim, conforme os resultados apresentados houve uma diminuição considerável do primeiro


ano analisado para os demais, no ano de 2016 o indicador estava em 2,20 e no ano de 2017
com 0,68, em 2018 o resultado foi de 0,72, em 2019 atingiu o valor de 0,69 e em 2020
finaliza com 0,82. Para análise desse indicador, deve-se considerar que resultados acima de
R$1,00 tem um maior investimento em ativos permanentes, por exemplo, no ano de 2016 para
cada R$1,00 de Patrimônio Líquido foi investido 2,20 em ativo permanente, representando
uma maior dependência financeira para a empresa. Quando esse indicador estiver abaixo de
R$1,00, significa que a empresa terá maior folga financeira para investir em ativos circulantes
e possuir maior liquidez.
Os índices de rentabilidade descritos na tabela 3, são indicadores de desempenho que
calculam a capacidade da empresa de gerar retorno financeiro a partir dos investimentos
realizados, assim, quanto maior os resultados deste indicador, melhor para a empresa
(ASSAF, 2014).

TABELA 7 - ÍNDICE DE RENTABILIDADE

ÍNDICE DE RENTABILIDADE 2016 2017 2018 2019 2020

Giro do ativo 1,56 1,77 1,92 1,39 1,31

Rentabilidade do ativo (ROA) 0,01 0,06 0,07 0,06 0,02

Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) 0,14 0,29 0,27 0,19 0,05

Margem líquida 1% 3% 4% 5% 1%

Margem operacional 1% 4% 5% 6% 1%

Margem bruta 31% 30% 29% 28% 26%


Fonte: Magazine Luiza S.A
Nota: Desenvolvida pela autora

O índice Giro do Ativo, demonstra a proporção entre as vendas da empresa e os investimentos


realizados que são representados pelo valor do ativo total. Ademais, indica a relação de
quantas vezes o faturamento líquido da empresa é maior que o total do seu ativo (DINIZ,
2015). Assim, observa-se que em todos os anos os resultados foram positivos e acima de 1 e o
maior dentre os anos analisados foi de 2018, com 1,92, ou seja, para cada R$ 1,00 investido, a
empresa vendeu R$1,92.
23

Em relação à rentabilidade do Ativo (ROA), o índice representa o retorno gerado pelas


aplicações realizadas pela empresa em seus ativos, ou seja, o quanto a empresa lucrou em
relação ao seu investimento total (ASSAF, 2014). Neste contexto, a Magazine Luíza teve
lucro de R$ 0,01 de cada R$ 1,00 investido no ano de 2016, resultado que apresentou uma
melhoria nos anos seguintes, 2017 a 2019, chegando a R$0,07 em 2018, e uma queda em
2020 para R$0,02, ou seja 2% de lucro em relação ao seu investimento total.
Ao considerar a rentabilidade do patrimônio líquido (ROE), índice que mensura o retorno dos
recursos aplicados na empresa por seus proprietários, os acionistas (ASSAF, 2014). Desse
modo, a Magazine Luíza teve 16% de lucro em relação ao capital próprio no ano de 2016,
apresentando crescimento nos anos seguintes, 29% em 2017, 27% em 2018 e 19% em 2019,
já o ano de 2020 foi marcado com recuo, onde a empresa alcançou apenas 5%, ou seja, pra
R$1,00 investido de capital próprio o lucro foi de R$0,05.
Os índices de Margem Líquida e Margem Operacional medem a eficiência de uma empresa
em produzir lucros por meio de suas vendas, o primeiro representa o percentual do lucro
líquido em relação a receita líquida, o segundo indica a relação do lucro operacional (lucro
antes de deduzir o IR) com as vendas realizadas. Desse modo, observa-se que os resultados
foram próximos em todos os anos. Assim, com base nas informações, a Magazine Luíza
alcançou 1% de lucro líquido em relação às vendas de 2016, 4% em 2017, 5% em 2018, 6%
em 2019 e 2020 apresentou queda, com apenas 1%.
E ainda, considerando a margem bruta que apresenta o percentual de lucro bruto, lucro antes
de deduzir todas as despesas, perdas, depreciação e amortização, resultado financeiro e IR, em
relação às vendas realizadas no período, a Magazine Luíza alcançou 31% de lucro bruto em
relação às vendas de 2016, com queda nos anos seguintes, 30% em 2017, 29% em 2018, 28%
em 2019 e 26% em 2020.
Assim, os indicadores de rentabilidade apresentaram grande importância para análise
financeira da Magazine Luíza, demonstrando resultados pontuais para o mercado de crédito e
acionário. Uma análise é fundamental para avaliar os resultados auferidos em relação a
determinados parâmetros, que melhor revelem suas dimensões e, consequentemente, o auxílio
para a tomada de decisão (ASSAF, 2014).
24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, a análise de demonstrações contábeis por meio de indicadores


econômico-financeiros é uma ferramenta muito importante para avaliar a saúde financeira de
uma empresa, e auxiliar principalmente para a tomada de decisão.
De acordo com os resultados, no ano de 2020 a Magazine Luiza obteve o maior percentual de
Receita Líquida em relação a 2016, tendo um crescimento de 206,85%. Porém, o Lucro
Líquido obteve uma queda no último ano analisado, impulsionado pelo aumento dos custos
dos bens e de despesas. Além disso, a partir da análise horizontal e vertical, percebeu-se que a
reserva de retenção de lucros e o total do Patrimônio Líquido cresceram bastante nos anos de
2019 e 2020 em relação a 2016 e a empresa manteve esses resultados nos dois últimos anos,
representando os lucros que a empresa adquiriu, mas que não foram distribuídos aos
acionistas e sócios ,consequentemente, mantendo o resultado do PL.
Ademais, considerando os indicadores de Liquidez geral, corrente e seca, a empresa possui
capacidade de honrar com suas obrigações no período analisado, porém na liquidez imediata
não obteve o mesmo resultado que representa a capacidade da empresa quitar seu passivo
circulante com seus recursos do caixa e equivalentes de caixa.
Os resultados da pesquisa demonstraram que a companhia mantém, de modo geral, bastante
equilibrado seus indicadores de endividamento, o índice de participação de capital de
terceiros, por exemplo, observou-se que houve uma queda no decorrer dos anos, o que
representa algo positivo para a organização. Os índices de Imobilização dos recursos não
correntes, Composição do endividamento e Imobilização do patrimônio líquido se
mantiveram estáveis do período analisado, significando a existência de folga financeira para
investir em ativos circulantes e possuir maior liquidez. Uma exceção seria o índice de
endividamento geral, que apesar de ter tido uma queda com os anos, o resultado ainda
encontra-se alto, representando uma elevada dependência financeira da empresa, pela maior
participação de passivos financiando em seus investimentos.
Já o indicadores de rentabilidade, responsável por indicar a rentabilidade dos investimentos
realizados na empresa, demonstrou queda em todos os índices analisados no ano de 2020. Os
índices de Margem Líquida e Margem Operacional, por exemplo, que medem a eficiência de
uma empresa em produzir lucros por meio de suas vendas e de acordo com seus resultados no
25

último ano, ambos se igualaram ao ano de 2016. Com a análise horizontal da DRE, percebe-se
grande crescimento na receita Líquida da empresa no decorrer dos anos, entretanto, também
houve um crescimento no custo dos bens o que refletiu no lucro bruto e, consequentemente, o
lucro operacional também perdeu representatividade, impulsionado pelo crescimento das
despesas operacionais que chegou a crescer 171,41% no ano de 2020, refletindo, por fim, no
lucro líquido que teve o mesmo comportamento, ou seja, queda.
Além disso, cabe salientar que a crise sanitária e econômica que o país vem enfrentando,
causada pela pandemia Covid-19, desde o fim de 2019, pode ter influenciado nos resultados
da empresa já que houve um aumento nas vendas online e paralelamente notou-se com a
Margem Líquida, Operacional e Bruta um aumento na Receita da organização no último ano,
porém houve também aumento nos custos e despesas, sendo desfavorável para a obtenção de
lucros.
Portanto, com esta pesquisa, pode-se verificar o quanto a análise de indicadores
econômico-financeiros são essenciais para seus usuários identificarem o desempenho de uma
empresa. Essas ferramentas são indispensáveis para que gestores possam tomar as melhores
decisões, proporcionarem o crescimento da organização e fazer com que empresas
mantenham sua concorrência e continuem no mercado em que atuam.

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financeiras e contábeis. Editora Pearson. 252 páginas. ISBN: 9788534612227. São Paulo:
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27

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Acesso em 16 de fev. de 2021.

ANEXOS

- BALANÇO PATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO)

ATIVO 2016 2017 2018 2019 2020


Caixa e Equivalentes de Caixa 599,1 412,7 599,1 305,7 1 681,4
Títulos e Valores Mobiliários 819,0 1 259,6 409,1 4 448,2 1 221,8
Contas a Receber - Cartão de Crédito 276,2 820,3 1 492,3 2 121,0 3 847,3
Contas a Receber - Outros 304,8 421,0 559,2 794,0 914,6
Estoques 1 596,7 1 969,3 2 810,2 3 801,8 5 927,2
Partes Relacionadas - Cartão Luiza 18,6 42,3 106,7 269,5 2 249,0
Partes Relacionadas - Outros 45,4 54,4 83,5 100,6 80,6
Tributos a Recuperar 212,2 200,7 303,7 864,1 716,1
Outros Ativos 47,8 77,3 48,5 136,3 160,8
Total do Ativo Circulante 3 919,8 5 257,6 6 412,4 12 841,2 16 798,8
Títulos e Valores Mobiliários 0,2 - 0,2 0,2 -
Contas a Receber 3,6 4,7 7,6 16,8 16,1
Tributos a Recuperar 223,6 166,0 150,6 1 137,8 787,9
IR e CS Diferidos 242,0 223,1 181,0 12,7 196,7
Depósitos Judiciais 292,2 310,9 349,2 570,1 843,9
Outros Ativos 52,3 44,4 34,2 11,0 6,3
Investimentos em Controladas 293,8 311,3 308,5 305,1 386,7
Direito de uso - - - 2 273,8 2 465,5
Imobilizado 560,1 569,0 754,3 1 076,7 1 258,2
Intangível 513,0 532,4 598,8 1 545,6 1 887,0
Total do Ativo não Circulante 2 180,8 2 161,9 2 384,4 6 949,9 7 848,4
TOTAL DO ATIVO 6 100,6 7 419,5 8 796,7 19 791,1 24 647,2
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2016 2017 2018 2019 2020
Fornecedores 2 365,0 2 919,5 4 105,2 5 934,9 8 501,4
Repasses e outros depósitos - - - - 718,5
Empréstimos e Financiamentos 838,0 434,3 130,7 10,0 1 667,2
Salários, Férias e Encargos Sociais 188,4 236,6 259,0 354,7 359,7
Tributos a Recolher 40,1 84,5 141,0 352,0 401,3
Partes Relacionadas 73,0 89,5 125,4 152,1 130,3
28

- BALANÇO PATRIMONIAL (CONCLUSÃO)


Arrendamento Mercantil - - - 330,6 351,2
Receita Diferida 40,3 41,6 39,2 43,0 43,0
Dividendos a Pagar 12,3 64,3 182,0 123,6 40,0
Outras Contas a Pagar 115,3 265,8 406,1 701,7 1 203,7
Total do Passivo Circulante 3 672,4 4 136,0 5 388,6 8 002,6 13 416,1
Empréstimos e Financiamentos 1 010,8 437,2 325,2 838,9 19,6
Arrendamento Mercantil - - - 1 949,8 2 175,2
IR e CS Diferidos - - - 39,0 24,8

Provisão para Riscos T., C. e Trabalhistas 284,1 301,5 387,4 1 037,1 1 379,9
Receita Diferida 509,2 468,8 391,0 356,8 301,3
Outras Contas a Pagar 2,6 1,9 1,7 2,0 5,0
Total do Passivo não Circulante 1 806,6 1 209,5 1 105,3 4 223,5 3 905,8
TOTAL DO PASSIVO 5 479,0 5 345,5 6 493,9 12 226,1 17 321,9
Capital Social 606,5 1 719,9 1 719,9 5 952,3 5 952,3
Reserva de Capital 19,0 37,1 52,2 323,3 390,6
Ações em Tesouraria (28,7) (14,0) (87,0) (124,5) (603,7)
Reserva Legal 20,5 39,9 65,6 109,0 123,0
Reserva de Retenção de Lucros 3,1 288,4 546,9 1 301,8 1 451,9
Ajuste de Avaliação Patrimonial 1,2 2,7 5,3 3,2 11,2
Lucros (Prejuízos) Acumulados - - - - -
Total do Patrimônio Líquido (PL) 621,6 2 074,0 2 302,9 7 564,9 7 325,3
TOTAL DO PASSIVO E PL 6 100,6 7 419,5 8 796,7 19 791,1 24 647,2

- DRE (CONTINUAÇÃO)
DRE CONSOLIDADO (em R$ milhões) 2016 2017 2018 2019 2020
Receita Bruta 11 371,6 14 321,1 18 896,5 24 377,1 36 116,0
Impostos e Cancelamentos (1 862,9) (2 336,9) (3 306,1) (4 490,8) (6 938,9)
Receita Líquida 9 508,7 11 984,3 15 590,4 19 886,3 29 177,1
Custo Total (6 586,1) (8 378,2) (11 053,0) (14 332,3) (21 657,2)
Lucro Bruto 2 922,6 3 606,0 4 537,4 5 554,0 7 520,0
Despesas com Vendas (1 776,3) (2 120,0) (2 747,4) (3 444,1) (5 162,6)
Despesas Gerais e Administrativas (481,9) (536,0) (596,1) (701,6) (906,8)
Perda em Liquidação Duvidosa (26,1) (41,9) (59,7) (76,0) (118,1)
Outras Receitas Operacionais, líquidas 13,5 36,5 53,4 416,7 74,7
Equivalência Patrimonial 62,7 86,2 57,8 26,6 119,9
Total de Despesas Operacionais (2 208,1) (2 575,3) (3 292,2) (3 778,4) (5 992,9)
EBITDA 714,6 1 030,8 1 245,2 1 775,5 1 527,1
29

- DRE (CONCLUSÃO)
Depreciação e Amortização (133,6) (143,1) (163,7) (487,0) (702,5)
EBIT 580,9 887,7 1 081,6 1 288,6 824,6
Resultado Financeiro (503,8) (410,8) (294,7) (70,4) (410,5)
Lucro (Prejuízo) Operacional 77,1 476,9 786,9 1 218,2 414,1
IR / CS 9,5 (87,9) (189,4) (296,3) (22,4)
Lucro Líquido 86,6 389,0 597,4 921,8 391,7

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