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Lição 4

20 a 26 de abril

Em defesa da verdade

Sábado à tarde

Ano Bíblico: RPSP: Ez 26

Verso para memorizar: “E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim
também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê
tenha a vida eterna” (Jo 3:14, 15).

Leituras da semana: Dn 7:23-25; Ap 12:6, 14; Jd 3, 4; Ap 2:10; At 5:28-32; Sl 19:7-11; 1Jo


5:11-13

A atual cidade turca de Izmir foi a cidade bíblica de Esmirna (Ap 2). Essa cidade de 100 mil
habitantes floresceu no final do 1o e 2o séculos. Era próspera e leal a Roma.

Uma vez por ano, os cidadãos de Esmirna deviam queimar incenso aos deuses romanos.
No 2o século, Esmirna tinha uma comunidade cristã, e muitos não obedeciam à ordem.
Policarpo, líder da igreja, foi martiri- zado na praça de Esmirna, queimado na fogueira por se
recusar a trair seu Senhor queimando incenso aos deuses. Quando lhe pediram que
repudiasse a Cristo, ele disse: “Eu O servi por 86 anos, e Ele não me fez nada de errado.
Como posso falar mal do meu Rei que me salvou?”

Muitos enfrentaram o martírio em vez de desistir da fé em Cristo. O sacrifício deles reaviva


nossa coragem. O seu compromisso renova a nossa devoção. Nesta semana, estudaremos
princípios bíblicos que motivaram os valdenses e os reformadores como Hus e Jerônimo a
permanecer fiéis diante da ameaça de morte pelo mesmo poder que matou Policarpo: Roma
papal.

*Esta lição se baseia nos capítulos 4 a 6 do livro O Grande Conflito.

Domingo, 21 de abril

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Ano Bíblico: RPSP: Ez 27

Perseguidos, mas triunfantes

1. Leia Daniel 7:23-25; Apocalipse 12:6, 14. A que períodos de tempo proféticos essas
passagens se referem?

Sempre que o povo permanece fiel a Deus, Satanás se enfurece. A perseguição vem em
seguida. Daniel descreveu um tempo em que a igreja medieval faria guerra contra o povo de
Deus e o oprimiria (Dn 7:21, 25). João descreveu esse mesmo período como um tempo em
que a igreja seria forçada a fugir para o deserto, onde seria “sustentada durante um tempo,
tempos e metade de um tempo” (Ap 12:14). “A mulher [a igreja], porém, fugiu para o
deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar” (Ap 12:6). Os fiéis foram sustentados no
deserto. A Palavra os fortaleceu e sustentou, à medida que o conflito se alastrava nesse
longo e sombrio período de dominação papal.

Os fiéis encontraram um “lugar preparado” para eles. Durante os tempos de sua maior
provação, encontraram refúgio no amor e cuidado de Deus (ver Sl 46).

Os 1.260 dias e o tempo, tempos e a metade de um tempo (Ap 12:6, 14) se referem ao
mesmo período (3,5 tempos ou anos x 360 dias/ano = 1.260 dias). A profecia bíblica é
frequentemente escrita em símbolos. Nas porções proféticas de Daniel e Apocalipse, um dia
profético equivale a um ano literal (Nm 14:34; Ez 4:6).

O princípio dia-ano não repousa apenas nesses dois textos, mas em amplo fundamento.
William Shea, estudioso do AT, apresenta 23 linhas de evidência no AT para esse princípio.
Os intérpretes têm usado esse princípio ao longo dos séculos.

Os visigodos, vândalos e ostrogodos eram tribos que acreditavam nas doutrinas de forma
diferente do ensino de Roma. Os 1.260 dias começaram quando a última dessas tribos
bárbaras, os ostrogodos, foram expulsos de Roma em 538 d.C. O período de escuridão
espiritual continuou até 1798 d.C., quando o general de Napoleão, Berthier, removeu o papa
de Roma. Muitos foram martirizados nesse período porque obedeceram à Bíblia. Mesmo na
morte, triunfaram. Em Cristo eram livres da culpa e do domínio do pecado, e vencedores
“por causa do sangue do Cordeiro”. A vitória de Cristo na cruz era deles. A morte deles é um
descanso até o retorno de Cristo.

Como o cumprimento das profecias bíblicas fortalece sua fé?

Segunda-feira, 22 de abril

Ano Bíblico: RPSP: Ez 28

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A luz vence a escuridão

2. Leia Judas 3, 4. Que advertência há nessa passagem e como ela se aplica à igreja
cristã em todos os tempos?

O livro de Judas foi escrito antes de 65 d.C. para cristãos “amados em Deus Pai e
guardados em Jesus Cristo” (Jd 1:1). Esses fiéis foram instados a “lutar pela fé que uma vez
por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos [...] se infiltraram no meio [deles]
sem serem notados. [Eram] pessoas ímpias, que transformam em libertinagem a graça do
nosso Deus” (Jd 1:3, 4). Essa admoestação foi ainda mais significativa para os crentes na
Idade Média depois que práticas pagãs inundaram a igreja e tradições humanas
comprometeram a Palavra de Deus. Por muitos séculos, pessoas como os valdenses
permaneceram como campeões da verdade. Eles acreditavam que Cristo era seu único
Mediador e a Bíblia sua única fonte de autoridade. “Em cada época houve testemunhas de
Deus – pessoas que guardavam no seu íntimo a fé em Cristo como único mediador entre
Deus e o homem, que mantinham as Escrituras Sagradas como a única regra de vida e
santificavam o verdadeiro sábado” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 52).

3. Que promessa Deus faz aos fiéis em face da própria morte? Ap 2:10

As palavras de Apocalipse 2:10 foram escritas para a igreja em Esmirna. Um dos deuses
padroeiros da cidade era Dionísio, o deus da festa e da fertilidade. Quando os sacerdotes
de Dionísio morriam, colocava-se uma coroa na cabeça deles em seu cortejo fúnebre. João
compara essa coroa terrena colocada por ocasião da morte com a coroa da vida, que será
colocada na cabeça dos vitoriosos sobre as forças do mal.

A coroa da vida inspirou os fiéis a suportar a morte por amor a Cristo. Ela motiva os crentes
nas aflições e inspirou os valdenses na dor e na perseguição. Eles sabiam que veriam
Jesus um dia e viveriam com Ele para sempre. A coroa da vida apela a nós: sofremos, mas
uma recompensa nos espera se fixarmos os olhos em Jesus.

O que encoraja você nas dificuldades? Que promessas reivindica nesses momentos?

Terça-feira, 23 de abril

Ano Bíblico: RPSP: Ez 29

Coragem para permanecer em pé

Uma das características dos valdenses e dos reformadores era a lealdade absoluta a Deus,
a obediência à autoridade das Escrituras e o compromisso com a supremacia de Cristo, não
com o papado. A mente deles estava cheia de histórias de fé e coragem.

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Eles podiam dizer: “É mais importante obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29). Eles
compreenderam que devemos ser “fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder” (Ef
6:10). Levaram a sério o conselho de Jesus: “Conserve o que você tem, para que ninguém
tome a sua coroa” (Ap 3:11). Em vez de se submeterem às tradições romanas, esses fiéis
tiveram a coragem de defender as verdades da Palavra de Deus.

Os valdenses foram um dos primeiros grupos a obter a Bíblia em sua língua. Jean Leger,
um valdense que fazia cópias da Bíblia à mão, escreveu um comovente relato, que inclui
desenhos, sobre essa atividade deles. Os valdenses copiavam secretamente as Escrituras
em suas comunidades montanhosas no norte da Itália e no sul da França. Jovens eram
instruídos por seus pais a memorizar grandes porções das Escrituras. Equipes de copistas
da Bíblia trabalhavam juntas. Muitos desses jovens viajavam na Europa como mercadores
compartilhando a verdade. Alguns se matriculavam em universidades e, à medida que a
oportunidade surgia, compartilhavam partes das Escrituras com os colegas. Guiados pelo
Espírito Santo, quando sentiam receptividade de alguém sincero, distribuíam partes da
Bíblia. Muitos pagaram por sua fidelidade com a própria vida. Embora os valdenses não
entendessem todos os ensinamentos bíblicos, eles preservaram a verdade da Palavra de
Deus por séculos, compartilhando-a com outros.

“A vereda dos justos é como a luz do alvorecer, que vai brilhando mais e mais até ser dia
claro” (Pv 4:18). Salomão comparou o caminho pelo qual Deus conduz Seus filhos a um sol
que se eleva. Se Deus simplesmente acionasse um interruptor cósmico e o sol brilhasse
instantaneamente com todo seu resplendor, nos cegaria. Depois que a escuridão engoliu o
mundo por séculos, Deus levantou homens e mulheres, comprometidos com a Sua Palavra,
que continuaram a buscar mais luz.

Como podemos, refletindo a luz de Cristo, resplandecer em nossa comunidade?

Quarta-feira, 24 de abril

Ano Bíblico: RPSP: Ez 30

A estrela da manhã da Reforma

5. Que atitudes de Davi e Jeremias em relação à Palavra de Deus foram a pedra


angular da Reforma? Sl 19:7-11; 119:140, 162; Jr 15:16

Uma das verdades realçadas pela Reforma foi a alegria trazida pelo estudo das Escrituras,
o que não era um exercício penoso, legalista nem rígido, mas um deleite.

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Ao estudarem as Escrituras, foram transformados. “O caráter de Wycliffe é um testemunho
do poder educador e transformador das Sagradas Escrituras. Foram elas que fizeram ele
ser o que foi. O esforço para aprender as grandes verdades da revelação comunica frescor
e vigor a todas as capacidades. Expande a mente, aguça a percepção e amadurece o
discernimento. O estudo da Bíblia enobrece todo pensamento, sentimento e aspiração como
nenhum outro estudo consegue fazer. Dá estabilidade de propósitos, paciência, coragem e
fortaleza; aperfeiçoa o caráter e santifica a alma. O estudo fervoroso e reverente das
Escrituras – colocando a mente do estudante em contato direto com a mente infinita – daria
ao mundo pessoas de intelecto mais forte e mais ativo, e de princípios mais nobres do que
os que já existiram como resultado do mais hábil ensino que a filosofia humana proporciona”
(Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 78, 79).

6. Que conselho Paulo deu a Timóteo a respeito da Palavra? 2Tm 2:1-3

Os reformadores desejavam compartilhar a verdade que alegrava seu coração. John


Wycliffe passou a vida traduzindo a Bíblia para o inglês por duas razões: A Palavra o
transformou, e o amor de Cristo o motivou a compartilhar o que aprendeu.

Antes de Wycliffe, havia muito pouco da Bíblia em inglês. O reformador morreu antes que
Roma chegasse até ele, mas o papado desenterrou seus restos mortais, queimou-os e
jogou suas cinzas no rio Swift. Mas, assim como essas cinzas foram espalhadas pela água,
a Bíblia, a água da vida, se espalhou por toda parte como resultado de sua obra. Dessa
forma, Deus o usou – “a estrela da manhã da Reforma”.

Quinta-feira, 25 de abril

Ano Bíblico: RPSP: Ez 31

Animados pela esperança

7. Leia Hebreus 2:14, 15. Como os crentes da Idade Média experimentaram a realidade
do grande conflito?

O que encorajava os fiéis valdenses durante as perseguições? O que deu a Hus e


Jerônimo, Tyndale e Latimer coragem para enfrentar as chamas e a espada? Fé nas
promessas de Deus. Eles creram na promessa: “Porque Eu vivo, vocês também viverão” (Jo
14:19). Consideravam a força de Cristo suficiente para as maiores provações da vida.
Encontravam alegria até mesmo na comunhão com Cristo em Seus sofrimentos. E sua
fidelidade foi um poderoso testemunho para o mundo.

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Eles olharam além do presente. Sabiam, pela ressurreição de Cristo, que a morte era um
inimigo derrotado. Para eles, o domínio da morte fora quebrado. Eles se apegaram às
promessas da Palavra de Deus e foram vitoriosos.

8. Leia João 5:24; 11:25, 26 e 1 João 5:11-13. Que garantias essas promessas lhe dão?
Como elas nos ajudam nas provações?

Hus não vacilou diante da prisão, da injustiça e da morte. Ele definhou na prisão por meses.
As condições frias e úmidas acarretaram uma febre que quase acabou com sua vida. No
entanto, “A graça de Deus o susteve. [...] ‘Escrevo esta carta na prisão e com as mãos
algemadas’, dizia a um amigo, ‘esperando a sentença de morte amanhã. […] Quando, com
o auxílio de Jesus Cristo, de novo nos encontrarmos na deliciosa paz da vida futura, você
saberá como Deus Se mostrou misericordioso para comigo’” (Ellen G. White, O Grande
Conflito [CPB, 2021], p. 90).

A admoestação de Paulo é muito relevante: “Guardemos firme a confissão da esperança,


sem vacilar, pois Quem fez a promessa é fiel” (Hb 10:23). Assim como as promessas de
Deus sustentaram Seu povo em eras passadas, elas nos sustentam agora.

O que significa perder tudo por Cristo? O que se perde? (Mc 8:36). O que aprendemos com
os valdenses e reformadores que pode nos sustentar no conflito final?

Sexta-feira, 26 de abril

Ano Bíblico: RPSP: Ez 32

Estudo adicional

“Eles não receberam toda a luz que devia ser dada ao mundo. Por meio desses servos,
Deus estava guiando o povo para fora das trevas do catolicismo; porém, havia muitos e
grandes obstáculos a serem superados por eles, e Ele os guiou, passo a passo, conforme
podiam suportar. Não estavam preparados para receber toda a luz de uma vez [...]. Como o
impactante brilho do Sol do meio-dia sobre os que durante muito tempo permaneceram no
escuro, causaria rejeição. Portanto, Deus a revelou aos dirigentes pouco a pouco, à medida
que podia ser recebida pelo povo. [...] Outros fiéis obreiros deveriam surgir para guiar o
povo ainda mais longe no caminho da Reforma” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB,
2021], p. 86, 87).

“Em outra carta, a um padre que havia se tornado discípulo do evangelho, Hus falou com
profunda humildade de seus próprios erros, acusando-se de ‘ter sentido prazer em usar
vestimentas suntuosas e ter gastado horas em ocupações fúteis’. Acrescentou então estes
comoventes conselhos: ‘Que a glória de Deus e a salvação das pessoas ocupem sua

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mente, e não a posse de benefícios e bens. Cuidado para não adornar sua casa mais do
que sua alma; e, acima de tudo, dê atenção ao edifício espiritual. Seja piedoso e humilde
para com os pobres, e não consuma seus bens em festas’” (O Grande Conflito, p. 88, 89).

Perguntas para consideração

1. O que é “luz progressiva”? Por que Deus revela a verdade gradualmente? Como
esses princípios se aplicam à igreja de Deus hoje?

2. As novas descobertas da verdade se relacionam com verdades anteriores que o povo


de Deus compreendeu? Por que a nova luz nunca deve contradizer a antiga luz?

3. A cultura promove valores, ideias e códigos morais que entram em conflito com o que
a Bíblia ensina. Como lidamos com esses desafios? Podemos ser bons cidadãos e, ao
mesmo tempo, não sucumbir a valores distorcidos que a cultura proclama?

4. Como a carta de Hus impacta seu pensamento? O que o impressiona nessa carta?

Respostas e atividades da semana: 1. Aos 1.260 dias (1.260 anos proféticos), que
começaram em 538 d.C. e continuaram até 1798 d.C. 2. A advertência de que os fiéis
deveriam defender a verdade da Palavra de Deus, visto que práticas pagãs inundaram a
igreja. 3. “Eu lhe darei a coroa da vida”. 4. Perseverança na obediência à Palavra de Deus.
5. Eles se deleitavam na Palavra de Deus e amavam Sua lei. 6. Que ele a transmitisse a
pessoas fiéis e idôneas para que a transmitissem a outros. 7. Enfrentaram a perseguição e
a morte por causa de sua fidelidade a Deus. Demonstraram confiança nas promessas Dele.
8. A morte é um inimigo derrotado. Se cremos em Cristo e somos fiéis, passaremos da
morte para a vida eterna.

Resumo da Lição 4

Em defesa da verdade

TEXTO-CHAVE: João 3:14, 15

FOCO DO ESTUDO: Jo 14:6; Jd 3, 4; Ap 2:10; 1Jo 1:7; Jo 3:14, 15; Hb 11:6; At 4:12; Mt
10:18-20; Ap 1:9

ESBOÇO

Introdução: Os fiéis cristãos primitivos e da Idade Média se destacaram não somente por
sua devoção pessoal a Deus e às Suas Escrituras, mas também pela atitude pública ao
proclamarem os fundamentos do reino de Deus e da salvação. Nesta semana, continuare-

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mos a observar a postura firme da igreja ao lado de Deus no contexto do grande conflito,
tanto ao longo dos períodos da Idade Média quanto durante o movimento da Reforma.
Durante esse tempo, os primeiros reformadores e líderes eclesiásticos inspiraram-se no
exemplo de Cristo e dos apóstolos, bem como nos mártires, como Policarpo.

A era da reforma não abrange um período comum de perseguição; ao contrário, abarca um


período profético de 1.260 anos, estendendo-se de 538 a 1798 d.C. Como ocorre nos
demais períodos proféticos de perseguição, essa época também ressalta que o tempo da
adversidade é limitado e que Deus detém o controle.

Nesse tempo, muitos seguidores do cristianismo, como os valdenses, Wycliffe e Hus, não
apenas enfrentaram perseguições nas mãos dos opositores de Deus, mas também
assumiram uma postura ofensiva contra as influências das trevas espirituais. A missão dos
verdadeiros cristãos e o segredo de seu poder consistiam em descobrir, amar e pro- clamar
a Palavra de Deus, independentemente das consequências.

O trabalho dos reformadores culminou em uma dupla realização, tanto para a huma- nidade
como para Deus. A primeira realização deles foi compreender que o amor divino,
manifestado em Suas Escrituras, transforma a vida de Seu povo e lhes dá esperança no
reino de Deus. A segunda realização deles consistiu em proclamar a verdade das Escri-
turas ao mundo, defendendo a identidade e a natureza de Deus, ambas distorcidas pelas
influências malignas na grande guerra cósmica. As sombras espirituais cedem perante a
proclamação da Palavra que ilumina o mundo com esperança e amor.

Temas da lição: A lição desta semana enfatiza três temas principais:

1. A perseguição que a Igreja medieval promoveu contra os cristãos que professavam


sua fé na Bíblia ocorreu durante um período profético limitado no tempo, com a
supervi- são final de Deus, conforme previsto nas Escrituras.

2. Os valdenses, Wycliffe e Hus ilustram o que significa estar do lado de Deus, testemu-
nhando e proclamando a Palavra Dele nos momentos mais sombrios do conflito
cósmico.

3. A Palavra de Deus é nossa maior fonte de esperança e poder, permitindo-nos viver e


permanecer ao lado Dele.

A raiz da perseguição

De maneira geral, os historiadores da igreja costumavam categorizar as razões por trás da


perseguição aos primeiros cristãos conforme as seguintes classes:

Econômica (a profissão de fé de um crente impactava, e muitas vezes restringia, suas


transações com estabelecimentos comerciais locais e regionais; At 19:23-27).

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Social (os cristãos se recusavam a participar de atividades imorais).

Política (os cristãos eram feitos de bodes expiatórios, a fim de que se resolvessem
problemas políticos).

Religiosa (crenças, práticas e crescimento cristãos eram vistos como uma ameaça
existencial às religiões dominantes).

A origem fundamental de todas essas perseguições residia em Satanás. Qual era o


propósito por trás de seu ataque aos cristãos na batalha contínua contra Cristo? Afinal, não
foi ele quem, em primeiro lugar, acusou Deus de controle, opressão e restrição da
liberdade? Por que Satanás agora se tornaria a principal fonte de perseguição e opressão?

Podemos considerar duas hipóteses plausíveis. Primeiramente, Lúcifer baseou sua revolta e
visão de uma nova ordem mundial em falsidades, loucas conjecturas e acusações falsas e
prejudiciais contra Deus, Sua natureza, posição e domínio (Jo 8:44). Como mestre da
mentira, Satanás não apenas distorceu a realidade para os outros, mas também se viu
influenciado pelas próprias falsidades que espalhou e pelo ato de mentir em si. O engano
distorce os alicerces da própria personalidade. Rapidamente, a mentira se torna uma força
dominante, tentando se impor como verdade, indo de encontro às orientações da razão e da
consciência.

Ainda que a mentira seja uma criação da mente humana, ela exerce controle sobre as
ações e condutas das pessoas. Por conseguinte, a mentira resulta em distorções
significativas na percepção externa da realidade. A deformação da realidade ocorre porque
a mentira não possui uma base natural de sobrevivência; não se alinha com a verdade
objetiva e, por isso, busca moldar a realidade de acordo com seus próprios princípios. Em
outra perspectiva, um confronto com a verdade simplesmente desqualificaria a mentira.
Como resultado, esta necessitaria de constante esforço para existir. Qualquer tentativa de
examinar a verdade é uma ameaça existencial à mentira, e, portanto, aquele que a aceita
suprimirá qualquer tentativa de busca pela verdade. Por isso, a própria natureza maligna de
Lúcifer, deturpada por suas próprias mentiras, estava agora agindo para reprimir qualquer
tentativa do povo de Deus de receber, descobrir, viver e proclamar a verdade.

Um segundo ponto é que não há liberdade sem Deus. O próprio Deus é livre. Ele nos criou
à Sua imagem: livres e, portanto, morais e amorosos. Deus não apenas nos dotou de
liberdade; como nosso Provedor, Ele constitui o padrão e o alicerce dessa liberdade, que, a
propósito, não pode ser plenamente alcançada à parte de Deus ou em oposição a Ele.
Qualquer tentativa de estabelecer total autonomia sem Deus, como Lúcifer queria,
significaria privá-Lo de Seu status de Criador e Provedor. Além disso, tal empreendimento
implicaria despojá-Lo de Sua posição. Portanto, visando a atingir uma autonomia total,
Lúcifer concebeu sua rebelião contra Deus. Entretanto, logo percebeu que, para manter sua
autonomia, seria necessário reprimir de forma constante a própria existência de Deus, que,

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por definição, era o Criador e Provedor. Mas não seria apenas isso, pois Lúcifer teria que
reprimir qualquer inclinação, tanto dentro de si quanto nos outros, de se voltarem a Deus e
aos princípios de Seu reino. Por essa razão, o maligno seria compelido a eliminar qualquer
referência à presença de Deus. Portanto, uma vez que o povo de Deus dá testemunho da
existência Dele e O adora como seu Criador e Provedor, Satanás não poderia permitir que a
existência do povo de Deus continuasse sem ser perturbada. Fazer isso implicaria admitir o
colapso de suas teorias, ou seja, que não existe verdadeira liberdade sem Deus e Seu
governo.

Valdenses, franciscanos e as Escrituras

No começo do segundo milênio depois de Cristo, a Igreja Católica Romana havia se


transformado em um gigante, estabelecendo-se de forma centralizada e hierárquica na
Europa. Porém, era uma instituição corrupta. Os membros da Igreja não conseguiram
ignorar tal degeneração, pois sentiram a urgência de investigar as origens da corrupção
eclesiástica e de propor soluções. Desse processo surgiram ordens religiosas e
mendicantes.

No início do século 13, Francisco de Assis (1181-1226), oriundo de uma família abastada e
familiarizado com os prazeres terrenos, passou por uma experiência mística de conversão,
após a qual renunciou a todas as propriedades que possuía e declarou sua intenção de
imitar a simplicidade de Cristo tanto quanto possível. Francisco fundou a ordem dos
franciscanos, que defendia a virtude da pobreza. Os franciscanos eram conhecidos por suas
pregações de rua. Em 1209, Francisco buscou o reconhecimento formal de sua ordem pelo
papa Inocêncio III, que esteve no poder de 1198 a 1216. Depois de uma hesitação inicial, o
papa atendeu ao pedido de Francisco em 1210. O líder religioso também fundou uma ordem
feminina, a Ordem de Santa Clara, bem como a Ordem Terceira, que era composta por
leigos.

Poucas décadas antes, no término do século 12, Pedro Valdo (falecido em 1205), um
próspero empreendedor do sudeste da França, também passou por uma conversão,
abandonou suas posses materiais e promulgou a ideia de pobreza voluntária. Além disso,
ele estabeleceu uma ordem que se destinava aos desfavorecidos e fez um apelo ao papado
em busca de aprovação. Apesar de o papa Alexandre III, que liderou de 1159 a 1181,
inicialmente ter aceitado o compromisso de pobreza de Valdo, seu sucessor, o papa Lúcio
III, que ocupou a Sé papal de 1181 a 1185, condenou Valdo e seu movimento, os valdenses,
como hereges, e proibiu-lhes a prática da pregação. O cenário agravou-se ainda mais nos
séculos seguintes, quando a Igreja Católica Romana desencadeou intensas perseguições
contra os valdenses, quase resultando em sua extinção.

Vamos agora examinar as similaridades entre esses dois movimentos. Os fundadores de


ambos os movimentos, Francisco de Assis e Pedro Valdo, vivenciaram experiências de
conversão parecidas. Ambos os homens estabeleceram suas ordens com princípios

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espirituais similares: a ênfase na pobreza e a prática de pregações nas ruas. Ambos nutriam
a aspiração de reformar a igreja e buscaram a aprovação papal para suas ordens. No
entanto, elas tiveram relações radicalmente diferentes com o papado e, consequentemente,
destinos e finais distintos. A solicitação de aprovação papal por parte dos franciscanos foi
inicialmente recebida com certa hesitação, porém, mais tarde, foi atendida. Por outro lado, o
voto de pobreza de Valdo, que inicialmente obteve a aprovação do papado, posteriormente
foi revogado. Os franciscanos se transformaram em uma das ordens católicas romanas de
maior influência (o atual papa, embora jesuíta, escolheu honrar Francisco de Assis adotando
seu nome). Em contraste, os valdenses foram alvo de uma das mais cruéis perseguições da
história.

A pergunta fundamental sobre o motivo é mais relevante nessa análise. O que efetivamente
distinguiu esses dois movimentos ou ordens? A resposta reside em sua fidelidade definitiva.
Os franciscanos, muito possivelmente aprendendo com a trajetória de Valdo, asseguraram a
aprovação papal ao oferecer uma lealdade inabalável à autoridade papal. Em outras
palavras, os franciscanos reconheceram o papado como a máxima autoridade espiritual e
temporal na Terra e se comprometeram a apoiar de maneira incondicional sua orientação
em questões de doutrina e prática.

Os valdenses, por outro lado, acreditavam que a autoridade suprema para a vida e
ensinamentos emanava das Sagradas Escrituras de Deus. Por consequência, eles
elegeram as Escrituras como o ponto central de seus estudos, pregações e existência.
Como resultado, os valdenses prontamente identificaram e rejeitaram um número crescente
de equívocos e concessões presentes na Igreja Católica Romana, como: (1) a veneração
dos santos; (2) a maioria dos sete sacramentos católicos; (3) o conceito da
transubstanciação; (4) a confissão auricular de pecados a sacerdotes humanos; (5) a prática
do batismo infantil; (6) a venda de indulgências; (7) a doutrina do purgatório; (8) as orações
pelos mortos.

Em vez disso, os valdenses proclamaram que Deus é o único Criador e Salvador. Eles
também proclamaram que Cristo é o único Mediador, doador da graça e perdoador dos
pecados. Ensinaram também que o ato de adoração não se limitava ao ambiente físico das
igrejas católicas romanas, mas poderia ser prestado a Deus em qualquer local.

Os valdenses não receberam, em vida, a recompensa por sua fidelidade. Mas suas ideias e
coragem ao defenderem a Palavra de Deus contra as concessões e as falsidades do diabo
logo inspiraram as estrelas da manhã da Reforma, John Wycliffe e John Hus, bem como o
restante do movimento da Reforma do século 16 em diante. Ainda que a sociedade humana
não os tenha enaltecido, esses reformadores receberão o reconhecimento de Cristo em Seu
glorioso retorno. Os valdenses e os demais reformadores seguiram a exortação de Paulo:
“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo” (2Tm 4:2, NVI). Eles
disseminaram, em sua trajetória, Bíblias completas ou fragmentos do livro sagrado e
deixaram os resultados com o Espírito Santo.

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APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. De que forma você poderia contribuir para difundir a Palavra de Deus de maneira
impactante entre as pessoas que o cercam?

2. Elabore um plano com três pontos para ajudá-lo a fortalecer sua fidelidade a Deus
durante períodos de perseguição. Compartilhe o plano com a classe da Escola
Sabatina.

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aqui a sua assinatura!

Adeus ao passado

Para Vlad, a vida se centrava em dinheiro, dinheiro e dinheiro. Ele fez bastante dinheiro
quando a União Soviética caiu e o Uzbequistão surgiu como um país independente no
começo da década de 1990. Durante o dia, ele gerenciava uma pequena fábrica que
produzia manteiga. Pela noite, ele dirigia um negócio ilegal de poker.

Vlad viveu uma vida boa com sua esposa, Marina, e juntos compraram vários apartamentos
na capital de Uzbequistão, Tasquente.

Mas então Vlad foi pego e mandado para a prisão. Sua esposa o deixou. Tudo parecia estar
desmoronando. Na prisão, Vlad pensou em Deus pela primeira vez. "Se me ajudares, eu
acreditarei em Ti", ele orou. "Se não me ajudares, eu não acreditarei em Ti."

Um mês e dezoito dias depois, ele foi libertado da prisão. Ele era um homem livre sob uma
anistia geral do presidente.

Vlad esqueceu sua oração e voltou a buscar dinheiro. Ele se casou novamente e trabalhou
na Coreia do Sul por um tempo. Então, ele retornou ao Uzbequistão.

Seus pensamentos se voltaram para Deus quando sua segunda esposa, Alyona, começou a
frequentar reuniões evangelísticas em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia em Tasquente.
Ela o convidou para ir também. Depois que as reuniões acabaram, eles continuaram indo à
igreja. Para Vlad, a vida parou de girar em torno do dinheiro. A vida começou a girar em
torno do amor-amor por Deus e amor pelas outras pessoas. Três anos se passaram, e Via d
entregou seu coração a Jesus e foi batizado.

Então ele começou a trabalhar como um pioneiro da Missão Global, um missionário que
compartilha o evangelho para seu próprio povo. Ele compartilhou o evangelho com vários
uzbeques.Sua alta renda diminuiu para algumas centenas de dólares por mês.
Um teste de suas novas prioridades chegou quando ele foi contactado pela sua primeira
esposa, Marina.

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"Nós somos coproprietários de três apartamentos no centro da cidade", disse ela. "Dê-os
para mim."

Marina estava morando em um dos apartamentos. Os outros dois estavam vazios. Vlad vivia
com sua segunda esposa na casa da mãe dela. Para mudar titularidade da posse, Vlad
apenas precisava de assinar alguns documentos no cartório. "Certo", disse Vlad.

"Vamos nos encontrar no cartório, e eu vou assinar a transferência para você."

A escrivã estava cheia de perguntas.

"Vocês são coproprietários desses três apartamentos?", ela perguntou para Vlad.

"Sim", respondeu ele.

"Você compreende que eles valem vários milhares de dólares?", perguntou ela.

"Sim",disse ele.

"Você os está dando para sua ex-esposa de graça?"

"Sim."

"Há quanto tempo vocês estão divorciados?"

"Doze anos."

"Onde você mora agora?"

"Com minha esposa na casa da mãe dela."

A escrivã olhou para Vlad surpresa.

Marina franziu a testa. Ela não gostou das perguntas da escrivã.

"O que você está fazendo?",disse ela. "Não se meta em nossos assuntos pessoais."

A escrivã pediu que Via d assinasse um doeu mento adiciona I afirmando que ele estava em
seu juízo perfeito. Então, ela viu Vlad assinando a transferência dos apartamentos para
Marina.

Quando ele terminou, ela balançou a cabeça, incrédula, e virou-se para Marina.

"Embora seu marido tenha esse ardente desejo de lhe dar os apartamentos, pergunte- lhe
se ele possui outros apartamentos", disse ela.

Marina olhou paraVlad.

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"Você possui outros?", ela perguntou.

"Não, isso é tudo o que tenho", disse ele.

Então ele pediu perdão a ela.

"Perdoe-me se eu a aborreci de alguma forma", disse ele.

Foi a vez de Marina olhar para Vlad com surpresa. "Você é louco", disse ela.

Vlad não se importou com suas palavras duras. Ele saiu do cartório todo alegre e com gozo
em seu coração. Ele estava feliz em entregar os apartamentos. Eles faziam parte de uma
vida passada sem Deus. Ele não precisava de nenhuma lembrança de seus velhos hábitos.

Vlad disse em uma entrevista que seu amor pelo dinheiro é coisa do passado. Hoje, ele ama
a Deus e ama compartilhá-Lo com os outros.

"Deus supre todas as minhas necessidades", disse ele.

Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir a primeira escola primária adventista do
sétimo dia em Tasquente, Uzbequistão.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

Mostre a localização do Uzbequistão no mapa. Então, mostre Tasquente, a capital do


Uzbequistão,e a futuro localização da escola adventista, um dos projetos da oferta do
décimo terceiro sábado deste trimestre.
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Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Euro-Asiática:
bit.ly/esd-2024.
Saiba mais informações sobre os pioneiros da Missão Global: bit.ly/GMpioneers.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024

Tema geral: O grande conflito

Lição 4 – 20 a 27 de abril

Em defesa da verdade

Autor: Eleazar Domini

14/17
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

Introdução

Desde que o grande conflito foi transferido para a Terra, Santanás tem seus súditos:
homens e mulheres que desprezam a santa lei de Deus, desobedecem às Suas palavras e
perseguem aqueles cujo coração está voltado para a obediência a Deus e à Sua Palavra.
Em contraste com os súditos do inimigo, encontram-se os filhos de Deus: homens e
mulheres dispostos a obedecer ao Senhor a qualquer preço, mesmo que tal obediência lhes
custe a vida. São fiéis na luz que possuem e vivem na atmosfera do Céu, mesmo estando
rodeados pelas trevas do mundo.

O contraste entre os filhos de Deus e os filhos da desobediência já se inicia com Caim e


Abel, intensificando-se com os descendentes de Caim e a linhagem de Sete. Após o dilúvio,
a linhagem de Cam vai se afastando cada vez mais do Senhor e desobedecendo à Sua
vontade. Um episódio marcante desse afastamento de Deus é a torre de Babel. Apesar da
corrupção do mundo, Deus encontrou Abraão e o chamou para fazer dele uma grande
nação. Por milênios, Israel, o povo de Deus, esteve em marcante contraste com as nações
desobedientes ao redor. Em muitos momentos, entretanto, as influências das nações
vizinhas sobre Israel foi tamanha que as práticas do povo escolhido se assemelhava às
práticas dos povos pagãos. Na plenitude dos tempos, Cristo veio e estabeleceu sua igreja. A
igreja cristã permaneceria fiel até o fim? Infelizmente, a resposta é não. Como vimos nas
lições anteriores, o cristianismo logo recebeu influências corruptoras e introduziu heresias
em seu meio. Mais que isso, passou a perseguir os que quiseram permancer fiéis a Deus e
a Sua Palavra.

I – Os valdenses

Os assim chamados valdenses receberam esse nome por serem seguidores de Pedro
Valdo, comerciante rico da região de Lyon, na França, que doou sua fortuna para viver com
pouco. Provavelmente entre 1170 e 1180, Pedro Valdo encomendou de um clérigo uma
tradução do Novo Testamento para o franco-provençal, língua local na época (ou talvez ele
mesmo tenha traduzido, segundo fontes existentes). Por isso, ele foi reconhecido como
sendo o mentor da primeira tradução da Bíblia em uma “linguagem moderna” que não fosse
o latim. Isso trouxe duas consequências: Perseguição por parte da igreja, que acreditava
que só ela poderia ter acesso às Escrituras, e fez com que a Pedro Valdo fosse atribuído o
título de pré-reformador, lançando as bases ideológicas que culminariam na Reforma
Protestante (Jones, W; The History of the Christian Church from the Birth of Christ to the
Eighteenth Century. v. 2 [London: W. Myers, 1819]).

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Os seguidores de Valdo, os valdenses, foram muito perseguidos pela Igreja Católica. No
livro “Heróis de Todas as Épocas: a maravilhosa história dos valdenses”, são retratadas com
fidelidade as perseguições extremas sofridas pelos valdenses. Eles escreviam à mão longos
trechos das Escrituras e depois distribuíam pela Europa. Desde pequenos, os filhos eram
encorajados a decorar livros inteiros da Bíblia. Os manuscritos sagrados em língua corrente
eram escondidos em mercadorias e distribuídos àqueles que manifestavam interesse pela
Palavra de Deus. Sangrentas batalhas foram travadas, e os valdenses quase foram
aniquilados no século 17. O legado deles, entretando, permaneceu e influenciou outros
homens de fé, como Wycliffe e Lutero. Sobre isso, O Grande Conflito [CPB, 2021], à página
65 diz: “Apesar das cruzadas contra eles e da desumana carnificina a que foram sujeitos,
continuavam a mandar seus missionários para espalhar a preciosa verdade. Eram
perseguidos até a morte; contudo, seu sangue regava a semente lançada, e esta não deixou
de produzir fruto. Dessa maneira os valdenses testemunharam de Deus, séculos antes do
nascimento de Lutero. Dispersos em muitos países, plantaram a semente da Reforma que
se iniciou no tempo de Wycliffe, cresceu de forma ampla e intensa nos dias de Lutero e deve
ser levada avante até o final dos tempos por aqueles que também estão dispostos a sofrer
todas as coisas ‘por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus’ (Ap 1:9).”

II – John Wycliffe

Também conhecido como a Estrela da Manhã da Reforma, Jonh Wycliffe foi um grande
erudito e professor da Universidade de Oxford. Doutor em teologia e eloquente pregador, ele
questionava as muitas fortunas da igreja e apelava para que houvesse um retorno à
simplicidade. Começou também a questionar alguns dogmas católicos e isso suscitou
perseguição contra ele. “Como professor de Teologia em Oxford, Wycliffe pregou a Palavra
de Deus nos salões da universidade. Ele apresentava a verdade aos estudantes com tanta
fidelidade que recebeu o título de ‘Doutor do Evangelho’” (O Grande Conflito, p. 73).

A maior obra de Wycliffe foi a primeira tradução da Bíblia para o inglês. “Como não se
conhecia ainda a arte de imprimir, era somente por meio de um trabalho demorado e
cansativo que os exemplares das Sagradas Escrituras podiam ser multiplicados. Tão grande
era o interesse por se obter o Livro que muitos voluntariamente se empenharam na obra de
o transcrever; mas era com dificuldade que os copistas atendiam à demanda. Alguns dos
mais ricos compradores desejavam a Bíblia toda. Outros compravam apenas uma parte. Em
muitos casos várias famílias se uniam para comprar um exemplar. Assim, a Bíblia de
Wycliffe chegou rapidamente aos lares do povo” (O Grande Conflito, p. 74).

Naturalmente, a Igreja corrompida estava insatisfeita com esse trabalho e desejava muito
colocar um fim à vida desse homem de Deus. Ele, porém, tinha o favor do rei da Inglaterra
e, apesar dos esforços, a Igreja não conseguiu matá-lo. Ele descansou em paz. Não
satisfeito, anos mais tarde, o papado ordenou que desenterrassem Jonh Wycliffe,
queimassem seus ossos e os lançassem no rio Swift.

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III – Jonh Huss e Jerônimo

“Foi mediante os escritos de Wycliffe que João Huss, da Boêmia, foi levado a renunciar a
muitos erros do catolicismo e entrar na obra da Reforma. [...] A mão divina estava
preparando o caminho para a Grande Reforma” (O Grande Conflito, p. 80)

Huss foi um sacerdote católico que teve contato com os materiais de Wycliffe. Ao estudar,
como homem sincero que era, ele logo passou a pregar reformas importantes e apontar os
erros no papado. Claro, isso despertou a oposição da Igreja. A princípio, ele estava sozinho
em seus estudos e pregações. Pouco tempo depois, “Jerônimo, que durante sua
permanência na Inglaterra aceitara os ensinos de Wycliffe, uniu-se à obra da reforma. Daí
em diante, os dois estiveram ligados durante toda a vida, e na morte não deveriam ser
separados. Jerônimo possuía, em alto grau, uma mente brilhante, eloquência e
conhecimento, dotes que conquistaram a simpatia do povo. Porém, quanto às qualidades
que constituem a verdadeira força de caráter, Hus era maior. Seu discernimento calmo
servia como restrição ao espírito impulsivo de Jerônimo, que, com verdadeira humildade,
percebia o valor de seu companheiro e cedia aos seus conselhos. Com o trabalho de
ambos, a Reforma avançou mais rápido” (O Grande Conflito, p. 86). O fim deles não foi
como o de Wycliffe. Testemunharam com a própria vida em favor do evangelho. Jonh Huss
morreu queimado numa estaca cantando as palavras “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia
de mim”. Tempos depois, no mesmo local em que Huss morreu, Jerônimo foi levado para
testemunhar de sua fé. O carrasco que atearia o fogo para matar-lhe, veio por trás de
Jerônimo. Imediatamente, ele disse: “Venha com coragem pela frente; ponha fogo à minha
vista. Se eu tivesse medo, não estaria aqui” (O Grande Conflito, p. 95).

Conclusão

Caminhamos para o tempo em que as perseguições contra os filhos de Deus se


intensificarão. Alguns de nós poderemos testemunhar com a própria vida em favor do
evangelho. Estamos preparados para morrer por Cristo? Há muitos que dizem ter
disposição para morrer por Jesus quando sequer vivem por Ele. As histórias de fé e
coragem desses homens do passado devem aquecer nosso coração de tal maneira que
quando o tempo das provas vier, estejamos prontos, assim como eles estiveram.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em
Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista
há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como
pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele
Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.

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