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Atualizações Da Ferramenta de Cálculo Do Ciclo 2023 Programa Brasileiro GHG Protocol
Atualizações Da Ferramenta de Cálculo Do Ciclo 2023 Programa Brasileiro GHG Protocol
CICLO 2023
EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Fundação Getulio Vargas
Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP)
Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces)
COORDENAÇÃO GERAL
Mario Monzoni
Guarany Osório
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Guilherme Borba Lefèvre
EQUIPE
Lucas C. de Souza
Carolina P. Bastos
Juliana F. Picoli
DATA DE PUBLICAÇÃO
Março, 2023
ATUALIZAÇÕES DA FERRAMENTA DE CÁLCULO DO CICLO 2023
PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4
2. ATUALIZAÇÃO GERAIS..................................................................................... 4
3.5. Efluentes................................................................................................ 11
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 17
ANEXO ................................................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO
Este relatório tem como objetivo sintetizar as atualizações que foram feitas na
ferramenta de cálculo no Ciclo 2023 do Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHG) de
forma a aprimorar e atualizar a ferramenta de contabilização disponibilizada
gratuitamente pelo Programa. Para utilizar a ferramenta, basta acessar o site do
Programa (www.fgv.br/ghg).
Nesta nova versão foram realizadas atualizações gerais que são realizadas todos
os anos e algumas atualizações específicas e extraordinárias que foram motivadas,
principalmente, pelas atualizações no guia de 2019 do IPCC. As atualizações que foram
realizadas são descritas nas próximas seções.
2. ATUALIZAÇÃO GERAIS
Todo ano, algumas atualizações gerais são realizadas na planilha, tais como a
inclusão do Fator de Emissão da eletricidade distribuída pelo Sistema Interligado
Nacional (SIN) para o ano vigente, o teor atualizado de biodiesel no diesel e de etanol
na gasolina, os novos Fatores de Emissão de veículos leves e dos meios de transporte
baseados na referência do DEFRA (caminhões, aviões, navios), bem como as eventuais
novidades dos Fatores de Emissão e as propriedades de diferentes combustíveis
baseados no Balanço Energético Nacional.
Todas as referências utilizadas na ferramenta podem ser consultadas nas abas de
“Fatores de Emissão” e “Fatores Variáveis”. Um resumo geral das atualizações pode ser
consultado na aba de “Atualizações”. Nos próximos tópicos, detalhamos algumas
atualizações específicas que buscaram atualizar o memorial de cálculo, criar novas
opções de contabilização, bem como corrigir algumas inconsistências levantadas pelos
usuários ao longo do tempo.
3. ATUALIZAÇÃO ESPECÍFICAS
Motivações
As antigas versões da ferramenta do PBGHG não possuíam o biometano como
opção de combustível na aba de combustão estacionária. Tendo em vista o interesse
crescente das organizações pelo biocombustível, optou-se por inseri-lo na nova versão.
Adicionalmente foi identificada a necessidade de se atualizar as propriedades e os
fatores de emissão do biogás, considerando uma composição média de CH4 e CO₂ tanto
para um biogás padrão, como para o biogás produzido em aterros sanitários.
Considerando as atualizações feitas para essa última versão da ferramenta, temos
agora a possibilidade de selecionar, para fins de cálculo de emissões associadas à
combustão estacionária, os combustíveis Biogás (outros), Biogás de aterro e Biometano.
As definições para cada combustível estão na aba “fatores de emissão” da referida
ferramenta.
Atualizações
Foram alteradas as propriedades do biogás na ferramenta e inseridas as
propriedades do biometano, conforme os valores expressos na Tabela 1.
𝑘𝑔𝐶 𝑀𝑀𝐶
𝑇𝑒𝑜𝑟 𝐶𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠 [ ]= Equação 1
𝐺𝐽 𝑀𝑀𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠 ∗ 𝑃𝐶𝐼𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠
𝑀𝑀𝑏𝑖𝑜𝑔á𝑠 = %𝑚𝑜𝑙𝐶𝑂2 ∗ 𝑀𝑀𝐶𝑂2 + %𝑚𝑜𝑙𝐶𝐻4 ∗ 𝑀𝑀𝐶𝐻4 Equação 2
Em que:
MMC: massa molar do carbono [kgC/kmol]
MMbiogás: massa molar do biogás [kg biogás/kmol]
PCIbiogás: Poder calorífico inferior biogás [GJ/kg biogás]
%molCO2 e %molCH4: fração molar de CO2 e CH4 na mistura do biogás
MMCO2 e MMCH4: massa molar do CO2 e do CH4 [kg biogás/kmol]
i
Considerado os mesmos fatores de emissão do Gás natural (IPCC, 2006a).
ii
Calculado por meio da Equação 1 expressa acima, considerando o teor de CH4 e CO2 da mistura
Desse modo, com as alterações foi possível criar três categorias de combustão
estacionária: o biogás (outros), biogás de aterro e o biometano.
3.2. Transporte - caminhões
Motivações
Em uma análise da ferramenta versão 2022 do PBGHG, motivada por
questionamentos de membros do Programa, se encontraram diferenças significativas
nos resultados de emissões de GEE do transporte para caminhões ao utilizar diferentes
abordagens na aba de Transporte & Distribuição (Upstream ou Downstream), mais
especificamente entre as Tabelas 3 (input por carga fracionada, em t.km) e na Tabela 4
(input por distância, em km).
A Tabela 3 da referida aba da planilha, utilizava dados de emissões do DEFRA
(2021) por t.km, ao passo que a Tabela 4 calculava o consumo de diesel dos caminhões
baseado nos dados de autonomia da CETESB, (2021) em km/L.
Desse modo, optou-se por padronizar as referências entre ambas as tabelas para
a referência do DEFRA, (2022), que apresentou uma melhor distinção para as emissões
de diferentes portes de caminhões.
Atualizações
Para padronizar a Tabela 4 da ferramenta para a referência do DEFRA, foi
calculado a autonomia em km/L de cada tipo de caminhão. Para tal, utilizou-se a
equação abaixo, considerando os fatores de emissão dispostos no DEFRA, (2022).
Desse modo, para uma estimativa correta das emissões, pode ser utilizado como
dado de entrada na ferramenta a carga total transportada pelo veículo no ano e a
distância média em quilômetros do trecho considerado.
Por outro lado, se utilizada a carga total e a distância total como dados de
entrada, a estimativa considerará um fator de número de viagens ao quadrado
(nviagens²), levando à uma superestimativa das emissões, conforme racional abaixo.
Motivações
No Ciclo 2022, algumas perguntas foram feitas a respeito das referências
utilizadas para determinar o poder calorífico inferior (PCI) da lenha e seus fatores de
emissão, pois as referências eram antigas e com valores distintos do expresso no
Balanço Energético Nacional (BEN).
Atualizações
Neste caso, a referência de PCI da lenha foi atualizada pelos dados do Balanço
Energético Nacional (BEN, 2022), atualizando também a denominação para “Lenha
comercial”. Adicionalmente foi excluída a opção de lenha para carvoejamento como
uma das opções na ferramenta de cálculo, uma vez que o cálculo das emissões
considerava a combustão completa da lenha, o que não ocorre neste tipo de atividade.
3.4. Resíduos
Motivações
As diretrizes de 2019 do IPCC apresentaram algumas atualizações nos valores dos
parâmetros utilizados no cálculo das emissões dos resíduos sólidos aterrados. Também
foi discutida a opção de calcular emissão de CO2 proveniente da decomposição dos
resíduos aterrados, que até então não estavam sendo consideradas na ferramenta.
Desse modo, foram atualizados os parâmetros de cálculo para a emissão de CH4
seguindo as diretrizes do guia de 2019 do IPCC. Também foram criados campos de
cálculo para as emissões de CO2 decorrentes da decomposição dos resíduos aterrados.
Estas aplicações foram realizadas tanto para a aba de Escopo 1, como para Escopo 3.
Adicionalmente, para a aba de Escopo 3, foram ajustados os campos de cálculo
relacionados com a recuperação de metano dos resíduos aterrados.
Atualizações
De modo geral foram atualizados alguns elementos textuais, inseridas novas
categorias de resíduos (Tabela 3), novas classificações de aterros e inseridos novos
parâmetros de cálculos, seguindo as atualizações do IPCC, (2019). Também foram
criados campos para cálculo da emissão de CO2 oriundo da decomposição dos resíduos
aterrados. Este último caso é explicado em maiores detalhes no anexo.
3.5. Efluentes
Motivações
Assim como para resíduos aterrados, as diretrizes de 2019 do IPCC trouxeram
atualizações nos parâmetros de cálculo para o tratamento e disposição final de
efluentes líquidos. Conforme ilustrado na figura abaixo, as diretrizes também
apresentaram as fontes de emissão a serem consideradas na contabilização, que vão
desde as emissões do tratamento do efluente (se houver) até as emissões da sua
disposição final.
Fonte: IPCC, (2019)
Atualizações
O primeiro ponto de atualização foi a inserção de um campo adicional de
preenchimento para determinar o tipo de efluente a ser considerado, de maneira que a
ferramenta possa escolher um valor default do teor de nitrogênio (N) do efluente, caso
a organização não possua esse dado de entrada. A Tabela 4 apresenta os valores default
utilizados na planilha para o teor de N para alguns tipos de efluentes industriais. Para o
teor de nitrogênio de esgoto doméstico, o IPCC não apresenta um valor default. Neste
caso, para a aba de Escopo 1, é preciso obter estes dados ou calcular, caso a
organização inventariante não possua essas informações. Para Escopo 3, como já
mencionado, foi criado uma alternativa que oferece um valor default destas
informações para se obter uma estimativa simplificada.
Lagoa anaeróbia profunda (profundidade > 2 metros) 0,80 0,000 IPCC, 2019
Lagoa anaeróbia rasa (profundidade < 2 metros) 0,20 0,000 IPCC, 2019
i
Foi considerado que as lagoas de maturação possuem tipicamente profundidade inferior a 2 metros
(CETESB, 2014)
Outro ponto importante de atualização diz respeito à estrutura do preenchimento
de dados da aba de efluentes, passando a contemplar o cálculo das emissões
tratamento e disposição final como etapas distintas. Desse modo, com as atualizações,
a aba permite calcular as emissões tanto do tratamento como da disposição final em
corpos d’água tanto de efluentes líquidos não tratados, como os efluentes líquidos que
passaram por algum tipo de tratamento, pois ainda possuem uma carga orgânica
residual. Anteriormente, havia a possibilidade de calcular as emissões da disposição
final apenas de efluentes não tratados. A mudança na estrutura é exemplificada na
imagem abaixo.
Emissões Emissões
Efluente ñ Efluente ñ
disposição disposição
tratado tratado
final final
BEN. Ministério de Minas e Energia. Balanço Energético Nacional 2022 (ano base 2021).
[s.l.] Empresa de Pesquisa Energética - EPE, 2022. Disponível em:
<https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-
energetico-nacional-ben>. Acesso em: 12 jan. 2023.
EPA. Greenhouse Gas Emissions Estimation Methodologies for Biogenic Emissions from
Selected Source Categories. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.epa.gov/air-
emissions-factors-and-quantification/greenhouse-gas-emissions-estimation-
methodologies-biogenic>. Acesso em: 12 jan. 2023.
IPCC. 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories - Volume 2 -
Energy - Chapter 2 - Stationary Combustion. , 2006a. Disponível em: <https://www.ipcc-
nggip.iges.or.jp/public/2006gl/vol2.html>. Acesso em: 20 maio. 2022
IPCC. 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories - Volume 5- Waste.
Japan: [s.n.]. Disponível em: <https://www.ipcc-
nggip.iges.or.jp/public/2006gl/vol5.html>. Acesso em: 23 dez. 2022b.
IPCC. 2019 Refinement to the 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas
Inventories - Volume 5 - Waste. Switzerland: [s.n.]. Disponível em: <https://www.ipcc-
nggip.iges.or.jp/public/2019rf/vol5.html>. Acesso em: 23 dez. 2022.
DOC DDOC
(carbono CO2
%C (carbono
fóssil orgânico orgânico
degradável) degradável
%C decomponível)
biog. Carbono não
Resíduo
degradado CH4
16
𝐶𝐻4,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 = ∑ 𝐷𝐷𝑂𝐶𝑑𝑒𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖 ∗ 𝐹 ∗
𝑖 12
Contudo, parte do metano gerado é oxidado pelas bactérias no solo, sendo
decomposto em água e CO2. Desse modo, o CH4 efetivamente emitido para a atmosfera
é corrigido pela equação abaixo, descontando a parcela do CH4 que é oxidado (OX).
Já o cálculo das emissões de CO2 não são diretamente expressas no guia do IPCC,
mas podem utilizar o racional de cálculo do CH4. Neste caso, o CO2 emitido para a
atmosfera pode ser estimado pela soma da parcela do carbono orgânico degradável
que não foi decomposto em CH4 com a parcela do CH4 que é oxidado no solo. A
equação que define este cálculo é expressa abaixo, em que 44/12 é o fator de
conversão de C para CO2 e 44/16 é o fator de conversão de CH4 para CO2.
44
𝐶𝑂2,𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜 = ∑ 𝐷𝐷𝑂𝐶𝑑𝑒𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖 ∗ (1 − 𝐹 ) ∗
𝑖 12
16 44
+ ∑ 𝐷𝐷𝑂𝐶𝑑𝑒𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖 ∗ 𝐹 ∗ ∗ 𝑂𝑋 ∗
𝑖 12 16
44
𝐶𝑂2,𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜 = ∑ 𝐷𝐷𝑂𝐶𝑑𝑒𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖 ∗ ∗ [ (1 − 𝐹 ) + 𝑂𝑋 ∗ 𝐹 ]
𝑖 12
16 (1 − 𝐹 ) 12 44
= ∑ 𝐷𝐷𝑂𝐶𝑑𝑒𝑐𝑜𝑚𝑝,𝑖 ∗ 𝐹 ∗ ∗[ + 𝑂𝑋 ] ∗ ∗
𝑖 12 𝐹 16 12
(1 − 𝐹 ) 44
= 𝐶𝐻4,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 ∗ [ + 𝑂𝑋 ] ∗
𝐹 16
Desse modo, foi possível estruturar abaixo uma equação para a emissão de CO2
da decomposição dos resíduos sólidos, considerando a parcela de CO2 do biogás e o CH4
gerado da decomposição dos resíduos e que é oxidado no solo. Esta equação também é
expressa em EPA, (2010).
(1 − 𝐹 ) 44
𝐶𝑂2,𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜 = 𝐶𝐻4,𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 ∗ [ + 𝑂𝑋 ] ∗
𝐹 16
Em que:
CO é a carga orgânica gerada no efluente doméstico [kgDBO]
P é o número de pessoas considerados no cálculo do efluente;
DBO é a demanda bioquímica de oxigênio por pessoa por dia em
[kgDBO/(pessoa.dia)];
dano são os dias trabalhados ou de permanência dos colaboradores na atividade
que gerou o efluente doméstico no ano inventariado;
hdia são as horas trabalhadas ou de permanência dos colaboradores na atividade
que gerou o efluente doméstico por dia;
24 é o número de horas no dia.
Para o fator DBO, a ferramenta do PBGHG utiliza o valor default para o Brasil
obtido do IPCC, (2019) de 0,05 kgDBO/(pessoa.dia).
Para o cálculo do teor de N do efluente doméstico, a ferramenta utiliza a equação
abaixo, adaptada do IPCC, (2019).
Em que:
Nefluente é a massa de nitrogênio gerada no efluente doméstico [kgN]
P é o número de pessoas considerados no cálculo do efluente;
Proteína é o consumo anual de proteína por pessoa em [kg/(pessoa.ano)];
dano são os dias trabalhados ou de permanência dos colaboradores na atividade
que gerou o efluente doméstico no ano inventariado;
hdia são as horas trabalhadas ou de permanência dos colaboradores na atividade
que gerou o efluente doméstico por dia;
8760 é o número de horas totais no ano;
0,16 é o teor de nitrogênio na proteína em [kgN/kg proteína];