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CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


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Do quê
somos feitos?
Para início de conversa...

Na Europa do século XIX, era comum mulheres grávidas morrerem de

febre puerperal alguns dias após o parto.

Febre puerperal
Nome dado à febre e dores abdominais que apareciam em mulheres no puerpério, ou
seja, no pós-parto, e que matava muitas delas.

Muitas das infecções que levaram à morte, naquela época, tinham causa

na falta de assepsia e na ausência de medicamentos capazes de combatê-las. As

suas causas só seriam descobertas 20 anos depois, por um professor de Química

de uma universidade de Paris, Louis Pasteur.

Assepsia
Meios de impedir que um microorganismo cause doenças em um organismo. Alguns
desses constituem hábitos de higiene, como lavar as mãos e tomar banho.

Mesmo sem saber exatamente as causas daquela terrível epidemia de fe-

bre puerperal que afetava as parturientes, um jovem médico, chamado Ignaz

Semmelweis (1818-1865), resolveu buscar a causa e a solução para o problema.

Após muito estudo e observações, ele propôs usar um desinfetante, o cloreto de

cálcio, para evitar que os médicos contaminassem, com microorganismos noci-

vos, as mulheres que estavam dando à luz.

Parturientes
Mulheres que estão dando à luz ou que acabaram de fazê-lo.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 291


As pesquisas sobre os microrganismos levaram os cientistas a buscarem substâncias que pudessem evitar e

combater as doenças. Uma delas foi a penicilina, descoberta em 1928 por Alexander Fleming, que, no entanto, apenas

fora produzida em escala industrial a partir de 1940.

A descoberta da penicilina foi uma grande contribuição para a humanidade. Apesar de não curar todas as in-

fecções, essa substância propiciou a cura de diversas doenças que levavam milhares de pessoas à morte. A penicilina

ainda hoje é o antibiótico mais usado no mundo!

Esse é apenas um exemplo de como uma descoberta científica pode trazer grandes benefícios para a humani-

dade. É o desenvolvimento da ciência que propicia a criação de novos materiais e novas tecnologias.

E a Química é uma ciência que tem contribuído muito para a qualidade de vida dos seres humanos. Estudar do

que é feita a matéria, ou seja, quais são seus constituintes possibilita manipulá-las para uma determinada finalidade.

Por exemplo, a substância cloreto de sódio foi trabalhada de tal forma que pode ser usada para evitar infecções nos

seres humanos.

Mas o caminho das descobertas da Química, desde seus primórdios até as aplicações diretas para a melhoria

da qualidade de vida das pessoas, é bem mais complexo...

Por exemplo, para saber como criar substâncias, é preciso saber qual a sua composição. Em um nível mais de-

talhado, é necessário conhecer tudo que existe e por isso, uma pergunta não saía da cabeça dos cientistas: Do que é

feita toda a matéria existente no universo?

Foi a busca por respostas a perguntas como essa e os métodos usados para respondê-las que impulsionaram a

humanidade na direção de inúmeras descobertas. Durante esse percurso científico, uma das maiores descobertas da

história fez-se: tudo é feito de átomos!

A partir daí, muitas realizações tornaram-se possíveis, inclusive a chegada da tecnologia. Exemplos são: ver TV,

ouvir rádio ou até mesmo se abrigar em um dia quente de verão num ambiente climatizado.

É um pouco sobre esse caminho da Química até a grande contribuição que ela faz para o nosso cotidiano, o

que vamos conversar nesta unidade. Esse caminho percorrido foi árduo e repleto de equívocos, já que os pensadores

e cientistas que o trilharam tentavam estabelecer relações sobre “objetos” que não eram visíveis a olho nu.

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Figura 1: As descobertas científicas permitiram-nos chegar à era tecnológica.
Não é bom desfrutar de algumas horas de diversão na Internet?
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1260785 – Autor – Jakub Krechowicz

Objetivos da Aprendizagem

ƒƒ Identificar fatos históricos sobre as descobertas científicas em relação à composição da matéria.

ƒƒ Relacionar argumentos que permitiram refutar a Teoria dos Quatro Elementos e aceitar a Teoria Atômica.

ƒƒ Reconhecer a importância dos alquimistas na revolução do conhecimento científico.

ƒƒ Apresentar a evolução da ciência Química ao longo dos séculos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 293


Seção 1
Será apenas uma fogueira?

Na pré-história, o fogo servia para manter os animais afastados (e o frio também!). Mas esse elemento sempre

pareceu provocativo à humanidade.

Figura 2: O fogo... A humanidade tem um fascínio por esse elemento desde as épocas
mais remotas.
Fonte: http://www.flickr.com/photos/28367511@N02/2714813027/ – Autor – Sérgio Pandeló.

E foi graças à observação de uma fogueira que os filósofos gregos chegaram a uma possível resposta à pergun-

ta que tanto os incomodava: Do quê somos feitos?

Parece difícil acreditar, mas experiências simples como andar pela areia da praia ou ver um pedaço de madeira

queimando, ajudaram no avanço da ciência. Elas foram cruciais para o desenvolvimento das duas principais teorias

que tentaram explicar a matéria que constitui todas as coisas de nosso mundo e, por que não, de todo o universo.

Vamos entender como isso foi possível.

Empédocles (Figura 4), no século V a. C, foi o primeiro filósofo a defender a existência de quatro elementos

básicos como as “partículas fundamentais de constituição da matéria”. Para ele, tudo ao seu redor era constituído a

partir da combinação dos elementos terra, água, fogo e ar.

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Figura 3: Os quatro elementos (terra, ar, fogo e água) seriam os formadores de toda a
matéria do universo?
Fonte: http://www.flickr.com/photos/dskley/6015118153/in/photostream/ – Autor – Dennis Skley

O objetivo desse filósofo grego era explicar os processos de transformações, observadas na Natureza. Veja um

exemplo: a madeira, segundo Empédocles, era formada pelos quatro elementos.

Por quê? Ora, quando se queimava um pedaço de madeira, os mesmos elementos eram obtidos de forma iso-

lada o que poderia ser observado visualmente. Em outras palavras, a queima representava-se, macroscopicamente,

pelo aparecimento do fogo (elemento fogo), da fumaça (elemento ar), de um pouco de vapor (elemento água) e de

cinzas (elemento terra).

Na verdade, pode-se afirmar que a teoria de Empédocles baseia-se na observação dos três estados físicos da

matéria – sólido, gasoso e líquido – e os elementos terra, ar e água. Podemos afirmar que o último elemento – fogo –

pode ser visto facilmente como energia.

Aristóteles (Século V a. C), utilizando-se das ideias concebidas por Empédocles, inseriu quatro qualidades

distintas que estariam relacionadas aos quatro elementos: quente, frio, úmido e seco. Esse grande filósofo argu-

mentava que todas as transformações ocorridas na Natureza passavam pela retirada ou inserção de uma ou mais

dessas qualidades.

No nosso exemplo anterior, a queima de um pedaço de madeira permitiria a retirada das qualidades “quente”

e “úmido”. O que restaria? As qualidades frio e seco, ou seja, as qualidades do elemento terra que se manifestavam na

forma das cinzas.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 295


Aristóteles acreditava que os quatro elementos eram feitos de um mesmo “suporte” ou um tipo de elemento

fundamental (também chamado substrato). Ele era “embebido” em quatro qualidades primárias (quente, frio, úmido

ou seco), às quais, se combinadas duas a duas, formaria um dos quatro elementos. Por exemplo, se o substrato esti-

vesse embebido em frio e seco, ele se transformaria em terra!

Assim, os diferentes tipos de matéria resultariam das diferentes proporções em que os elementos e os subs-

tratos se combinariam entre si. As transformações da matéria dependeriam apenas das proporções que estariam

associadas as suas qualidades.

Esta concepção filosófica prevaleceu até o século XVI e não admitia que a matéria pudesse ser dividida e que

as propriedades de um determinado material estendiam-se às suas menores partículas.

Segundo Aristóteles, quando o ar aquecido se expandisse era porque suas menores partículas (elementos)

expandiam-se também. A esta visão, chamamos “visão substancialista”.

Na verdade, hoje sabemos que não são as partículas do ar que se dilatam quando aquecidas e sim a separação
entre elas que aumenta.

   

Figura 4: Empédocles (à esquerda) e Aristóteles (à direita), no século V a. C, foram


filósofos que tentaram responder à questão: do quê somos feitos?
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Empedocles_in_Thomas_Stanley_History_of_
Philosophy.jpg; http://en.wikipedia.org/wiki/File:Aristotle_Altemps_Inv8575.jpg

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O diagrama de transformação da matéria
A teoria dos quatro elementos (água, fogo, terra, ar) associada às quatro qualidades foi elaborada nas
obras de Platão e Aristóteles. As qualidades da matéria seriam quatro, sendo cada par correspondendo
a um elemento, como mostra o diagrama a seguir.

Podemos utilizar este diagrama para explicar as transformações naturais como, por exemplo, o aque-
cimento da água. Como o elemento água possui as qualidades frio e úmido, o aquecimento irá trans-
formar a qualidade frio na qualidade quente. O resultado seria a obtenção do elemento ar (qualidades
quente e úmido) o qual se manifestaria na forma de vapor de água.

Acesse o link http://www.youtube.com/watch?v=HLAxYoLDO7E, onde você encontrará

uma excelente animação contando a evolução das ideias defendidas pelo elementaristas.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 297


A teoria dos elementos nos dias de hoje

Como você acabou de ler, a preocupação com a constituição da matéria surgiu por volta do
século V a. C., na Grécia. O filósofo grego Empédocles, estabeleceu a “Teoria dos Quatro Elementos Imu-
táveis”, a qual acreditava que toda matéria era constituída por quatro elementos: água, terra, fogo e ar.
Aristóteles introduziu a ideia das quatro qualidades, quente, úmido, frio e seco.

Com base nesta teoria, identifique um fato comum do seu cotidiano que a relacione, como no
exemplo da madeira citado no texto.

Seção 2
“Dust in the Wind. All we are is dust in the
Wind”

A tradução do título desta seção é: “Poeira no vento. Tudo que somos é poeira ao vento.” Este é o título de uma

música dos anos 70, da banda americana de rock progressivo, chamada Kansas.

Não sei se isso acontece com você, mas quando observo uma bela praia, com suas grandes extensões de areia,

acabo me perguntando quantos grãos de areia seriam necessários para criar toda aquela extensão.

Antes de mim, porém, muitos se perguntavam qual seria o menor grão de areia encontrado. Também se pergun-

tavam se, depois de achá-lo, seria possível dividi-lo mais ainda até um ponto onde não conseguisse mais enxergá-lo.

Um filósofo grego, chamado Leucipo, no século V a.C. (Figura 5), imaginou que este padrão de organização da

matéria (divisão até a menor partícula possível) existente na areia poderia se repetir para todos os corpos existentes

no mundo.

Até aonde era possível avançar, dividindo-se as coisas indefinidamente? Ou será que chegaríamos a um ponto

onde isto seria impossível?

Leucipo chegou à conclusão de que a segunda opção era a mais adequada e a estas partículas mínimas e in-

divisíveis, ele chamou átomo.

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Figura 5: Leucipo: o descobridor do átomo!
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Leucippe_%28port
rait%29.jpg.

Muitos autores, hoje, creditam a autoria da teoria atômica a Demócrito (Século IV a. C.), discípulo de Leucipo.

Se ele não foi o idealizador do atomismo, pelo menos desempenhou importante papel na sistematização do pensa-

mento atomista.

Demócrito usava o conceito de átomos, para explicar as propriedades das substâncias: a água teria átomos

agrupados compactamente e que apresentavam forma esférica (o que permitira uma melhor compactação e fluidez);

já átomos de fogo teriam bordas agudas que possibilitariam seu espalhamento, como em um incêndio.

Bordas agudas

Pontas afiadas como um caco de vidro!

Para os atomistas da Grécia Antiga (Leucipo e Demócrito), o átomo era uma partícula indivisível, impenetrável

e invisível. E isto significava que a matéria era descontínua.

Sendo assim, a grande variedade de materiais encontrados na Natureza provinha dos diferentes tipos de áto-

mos. Estes, ao se movimentarem, chocavam-se e formavam conjuntos maiores, gerando diferentes corpos, com ca-

racterísticas próprias.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 299


O que dizem os filósofos de 400 a C. sobre a composição do
universo?

Que propostas sobre número, variedade e comportamento dos átomos foram feitas

por certos filósofos gregos, há cerca de 400 anos a. C.? Na mesma época, outros filósofos

defendiam outra ideia sobre a constituição da matéria. Que alternativa era essa?

Seção 3
Os Alquimistas estão chegando

Apesar das ideias atomísticas, a teoria de Aristóteles prevaleceu por mais de 2000 anos. A teoria dos Quatro Ele-

mentos propunha que a mudança na quantidade dos elementos constituintes da matéria podia levar à diferenciação

das propriedades e aparência dos corpos.

Essa concepção foi a base teórica para a crença na transmutação de metais menos nobres – como o chumbo

– em ouro, metal cuja combinação de qualidades seria a mais perfeita possível. Aqueles que perseguiam esta trans-

formação eram chamados de alquimistas. Eles prosperavam na Idade Média, trabalhando em segredo, protegendo o

seu conhecimento com códigos e criptogramas.

Verbete
Transmutação – Transformação de um elemento químico em outro como, por exemplo, chumbo em ouro.
Criptogramas – São textos cifrados que obedecem a um código e a uma lógica pré-determinados para decifrar a mensagem. O
criptograma pode ser montado, envolvendo números; letras; números e letras; símbolos gráficos. É muito usado nos dias atuais
como passatempo em livros especializados, revistas e jornais.

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Alguns classificam os alquimistas como místicos iludidos, tentando transformar chumbo em ouro. Ou talvez

golpistas, que usavam uma química simples para impressionar os crédulos. Mas as origens da investigação científica

sobre a composição do mundo estão em seus laboratórios secretos

Muitas destas tentativas foram empreendidas, durante o período medieval, usando-se vários procedimentos e

operações que possibilitaram um grande avanço das técnicas de laboratório.

Figura 6: Representação de um laboratório da alquimia europeu. Os alquimistas trabalhavam escondidos em porões escuros
das casas e dos castelos.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/410469 – Autor – Adam Korzeniewski

Com tantas experiências, tudo o que eles aprenderam também os levaram a outras conquistas. Lembra-se da busca

por medicamentos que combatessem a febre pleural que matavam as mães no século XIX e que falamos no início da aula?

Sabe como isso começou?

Com um alquimista chamado Philippus Theophrastus Bombast of Hohonheim ou simplesmente Paracelso. Foi o

primeiro a produzir remédios e fez isso através de técnicas da Alquimia, no início do século XVI.

Mas a alquimia daria ainda mais frutos: a ciência Química.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 301


A pedra filosofal e suas várias estórias...
A pedra filosofal e a alquimia vêm sendo retratadas, ao longo dos anos, em diversos livros, filmes e
seriados. Para quem não sabe, a pedra filosofal era um objeto que possuía diversos poderes, cujo mais
famoso era a possibilidade da transmutação de chumbo em ouro.

Podemos citar alguns exemplos de histórias, envolvendo a pedra. Um deles é o livro de J.K. Rowling,
Harry Potter e a Pedra Filosofal, lançado no Brasil, em 2000, e transformado em filme, em 2001, tornan-
do-se um grande sucesso de bilheteria.

Podemos falar também da novela Fera Ferida da Rede Globo de Televisão, em 1993.

Um dos protagonistas da novela era um alquimista, chamado Flamel, representado pelo ator Edson Celu-
lari. Acesse o link a seguir e lembre-se da novela: http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27
723,GYN0-5273-229898,00.html e assista a uma cena inesquecível, quando Flamel provoca uma chuva
de ouro na cidade, acessando: http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1653927-
7822-REVEJA+CENA+INESQUECIVEL+DA+NOVELA+FERA+FERIDA,00.html

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Labo-
-Lavoisier-IMG_0501.jpg

Seção 4
Enfim a Química!

Um dos responsáveis por iniciar a transformação da Alquimia em algo menos esotérico e mais científico foi

o alquimista Boyle, em 1661. Ele achava que os alquimistas tinham descoberto segredos fundamentais da natureza,

mas questionava os seus métodos e a teoria dos Quatro Elementos.

Esotérico
Aquilo que é oculto, ou um conhecimento reservado para poucas pessoas, como um segredo. Pode ser definido ainda como
algo que poucos conseguem compreender.

Diferente dos outros alquimistas, ele compartilhava seus métodos e foi capaz de passar adiante as ferramentas

necessárias para ajudar a desvendar os mistérios da matéria. Foi uma verdadeira revolução!

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Por toda a Europa, uma nova era de experimentação científica havia começado, onde as antigas doutrinas

gregas eram reavaliadas e novos conceitos introduzidos.

Assim, ao adentrar o século XVIII, a ciência andava a passos largos e não dava mais para acreditar que tudo ao

nosso redor era formado por apenas quatro elementos.

Um cientista teve um papel fundamental nesta história: Joseph Priestley. Suas pesquisas baseavam-se no estudo dos

três tipos de gases, conhecidos na época: o ar comum (que respiramos), o ar inflamável (hoje conhecido como hidrogênio)

e o ar fixo (o gás carbônico). Mas, graças a um feliz acidente, ele conseguiu produzir um novo tipo de gás: o gás oxigênio.

Embora Priestley soubesse que tinha descoberto algo especial, ele não percebeu que havia isolado um ele-

mento. Isso porque, àquela época, acreditava-se que o fogo era causado por uma entidade chamada flogisto, uma

substância inodora, incolor, insípida e leve que fazia as coisas queimarem. Influenciado pela Teoria do Flogístico, ele

batizou a substância produzida em seu experimento de ar deflogisticado. Mas a sua descoberta chegaria aos ouvidos

de um dos químicos mais brilhantes de todos os tempos, o francês Antoine Lavoisier.

Lavoisier tinha o laboratório melhor equipado da Europa, com vários tipos de vidrarias e equipamentos de me-

didas de grande precisão (Figura 7). Nesse local, ele pesava, media, repesava e calculava com precisão todas as etapas

dos seus experimentos. Dessa forma, repetindo e aperfeiçoando os experimentos de Priestley, ele compreendeu que

o gás produzido era um novo elemento químico: o oxigênio. Enfim, Lavoisier mostrara que o flogisto não existia, sen-

do pioneiro na prática de um método científico, que poderia mapear rapidamente os elementos.

A Teoria dos Quatro elementos, então, teve o seu fim, uma vez que a própria água poderia ser dividida em:

oxigênio (o novo elemento) e mais um (que foi chamado de hidrogênio). Vários outros elementos foram sendo desco-

bertos pelos cientistas da época o que derrubou a ideia da existência de apenas quatro elementos.

Figura 7: Os equipamentos do laboratório de Lavoisier. Utilizando diversos tipos de equipa-


mentos com precisões incríveis para a época, Lavoisier derrubaria definitivamente a Teoria
dos Quatro Elementos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 303


A água era composta de hidrogênio e oxigênio, a terra e o ar eram uma miscelânea de diferentes elementos, e

o fogo... Bem, este não era um elemento. Foi dessa maneira, então, que a ciência Química entrava na era moderna, na

qual os cientistas decifravam a matéria e faziam grandes descobertas.

E Lavoisier, graças a incansáveis estudos, postulou que não eram mais 4 elementos e sim 33! Isso possibilitou

que antigos nomes alquímicos para as substâncias fossem substituídos. Enfim, tínhamos um vocabulário científico.

O açafrão de marte adstringente virou óxido de ferro; o óleo de vitríolo virou ácido sulfúrico; o vitríolo azul agora é

chamado sulfato de cobre; o litargírio passou a óxido de chumbo, o branco de Troyes é o carbonato de cálcio...

Lavoisier revolucionou a Química, mas outra revolução o levou à morte!


Antoine Laurent Lavoisier publicou o tratado elementar de química em 1789 o qual foi considerada
uma obra revolucionária na época. O termo “revolução”, utilizado pelo próprio Lavoisier guarda uma
relação com o sentido político da Revolução Francesa, uma vez que Lavoisier, vivendo sob a sombra
deste movimento, acabou sendo vitimado por ele. Dispondo de vários recursos pessoais, pôde intro-
duzir na Química técnicas de experimentação e medidas sofisticadas estabelecendo, em particular, o
uso sistemático de balanças precisas e sensíveis.

Lavoisier adquiriu uma participação na Ferme Général, o sistema utilizado na França para a taxa-
ção de impostos. A Ferme Général não era um sistema muito popular na época, principalmente
entre aqueles que tinham de pagar os impostos. Lavoisier morreu decapitado em 1794, após jul-
gamento sumário.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_Lavoisier

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Quer ir ao laboratório de Lavoisier?

     

Faça a uma visita ao laboratório virtual do Químico Antoine Lavoisier. O site está em Inglês, mas você
pode dar uma olhada nos instrumentos desenvolvidos por ele em seus experimentos.

Link: http://moro.imss.fi.it/lavoisier/

Caça-palavras Uma ciência chamada Química

Encontre as respostas das seguintes questões no caça-palavras:

a. Filósofo grego que propôs a teoria dos Quatro elementos: _________________

b. Filosofia que buscava transformar qualquer metal em ouro: _______________

c. Os filósofos atomistas: ______________ e ___________

d. Os Quatro elementos: _____________, ___________, __________ e ar.

e. Filósofo grego que introduziu quatro qualidades à Teoria dos Quatro Elementos:

_____________

f. Partícula indivisível, impenetrável e invisível a olho nu: ___________

g. Ciência que estuda os materiais: _____________

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 305


É difícil olhar ao redor e não ter ideia do que o mundo é composto; não saber o que continha em um pedaço

de madeira ou de ferro ou o porquê das suas diferentes propriedades.

Por mais de dois mil anos, não tivemos meios para desvendar a natureza e não havia outra escolha, senão ba-

sear o conceito de elemento no que era visível ao nosso redor.

E foi assim que os filósofos gregos propuseram a ideia de quatro elementos básicos para tudo o que existia ao

redor. Mais tarde, essa teoria provaria ser um dos maiores erros do pensamento humano.

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Com os alquimistas, essa teoria provocou o surgimento de várias técnicas de laboratório e deu origem a uma

ciência que mudaria a relação do homem com o meio em que vive – a Química. Mas o segredo da composição da

matéria ainda precisava ser desvendado...

Na próxima unidade, você estudará os métodos, desenvolvidos por químicos, que nos permitem identificar as

substâncias que compõem os mais variados materiais, além das propriedades físicas e químicas que as caracterizam.

Esse conhecimento nos ajudará a continuar nossa história. Até lá!

Resumo

ƒƒ A primeira ideia científica relativa à constituição de tudo que nos cerca remonta da Grécia antiga. Acredita-

va que tudo o que nos cerca – montanhas, árvores, computadores, cérebros, oceanos – é, de fato, constitu-

ído de um punhado de entidades simples.

ƒƒ Empédocles e Aristóteles acreditavam que havia, somente, quatro elementos – terra, água, fogo e ar – que
poderiam produzir todas as outras substâncias quando combinados em proporções corretas.

ƒƒ Em paralelo, desenvolvia-se a teoria atômica – criada e defendida por Leucipo e seu discípulo, Demócrito
– ao se dividir um pedaço de matéria, qualquer que seja, chegaria- se a pequeníssimas partículas que não

poderiam mais ser divididas, mas que ainda manteriam as mesmas propriedades do corpo original. Para

denominar esta partícula última utilizou-se a palavra “átomo” que significa, literalmente, indivisível.

ƒƒ Durante séculos, no entanto, a ideia que prevaleceu foi a de Empédocles e Aristóteles (Teoria dos elemen-

tos), o que deu origem à Alquimia e aos seus mistérios. Mas o pensamento científico mudaria, principal-

mente, com o início do século XVIII e um francês teria um papel fundamental nesta história: Lavoisier. O seu

trabalho seria fundamental para a transformação da Química.

ƒƒ Surgia agora uma ciência chamada Química, a partir da ligação entre as habilidades práticas dos alquimis-

tas com a prática da medição precisa, proposta por Lavoisier.

Veja Ainda...

Aprenda um pouco mais sobre a história da Química, vendo os vídeos:

ƒƒ A história da química contada por suas descobertas – Episódio: A Alquimia

http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=390&Itemid=91

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 307


ƒƒ o Episódio: Experimentos químicos, que mostra não só a importância de Lavoisier para a Química, mas

também de outros químicos que ainda aparecerão em nossa história.

http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=393&Itemid=91

E que tal uma boa leitura? Alguns livros bem interessantes abordam a Química de um modo que temos certeza

de que você irá gostar:

ƒƒ Alquimistas e Químicos: o Passado, o Presente e o Futuro – Jose Atilio Vanin. Editora Moderna.

ƒƒ Barbies, bambolês e bolas de bilhar: 67 deliciosos comentários sobre a fascinante química do dia a dia – Joe
Schwarcz. Editora Jorge Zahar.

ƒƒ O que Einstein disse a seu cozinheiro – vol. 1 e 2 – Robert L. Wolke. Editora Jorge Zahar.

ƒƒ Os Botões de Napoleão – As 17 Moléculas que Mudaram a História – Penny Le Couteur, Jay Burreson. Edi-
tora Jorge Zahar.

Referências

Bibliografia Consultada

ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do PROFESSOR : Edusp; 2002

ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Aluno : Edusp; 2002

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: convergência

de saberes (Idade Média). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2003.

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas

do mundo ao universo-máquina (séculos XV a XVII). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004.

ƒƒ HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica, Rio de Janeiro, Jorge

Zahar Editor, 1994.

ƒƒ WYNN, C. M. As Cinco Maiores Ideias da Ciência, Editora Prestígio.

ƒƒ ROBERTS, R. M. Descobertas Acidentais em Ciências, Papirus, 1995.

ƒƒ http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1554104, acessado em 06/03/2012, às 17:31.

308
ƒƒ CHASSOT, Ático. Alquimiando a Química. Química Nova na Escola, n.1, 1995. P. 20-22.

ƒƒ CHASSOT, Ático. A Ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. 189 p.

ƒƒ STHATHERN, Paul. O Sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da Química. 1ª. Edição. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Ed., 2002. 264 p.

Atividade 1

Um dos exemplos que você pode citar é o caso da chuva. As nuvens são constituídas do elemento ar,
o qual possui as qualidades úmido e quente. Já o resfriamento destas nuvens transforma a qualidade
quente na qualidade fria. Como a qualidade úmida permanece, o ar transforma-se em água.

Atividade 2

Para os atomistas da Grécia Antiga, em especial Demócrito e Leucipo, o átomo era uma partícula in-
divisível, impenetrável e invisível. Para eles, a grande variedade de materiais na natureza provinha
dos movimentos dos diferentes tipos de átomos, que, ao se chocarem, formavam conjuntos maiores,

gerando diferentes corpos com características próprias.

No entanto, um grupo encabeçado por Empédocles e Aristóteles defendia que a matéria era conti-
tuida por quatro elementos básicos. Este elementos poderiam converter-se entre si, dependendo das
qualidades que possuiam, conforme descrito no quadro abaixo:

Elementos Qualidades
Terra Frio e seco
Fogo Seco e quente
Água Frio e úmida
Ar Úmido e quente

Atividade 3

a. Empédocles

b. Alquimia

c. Leucipo e Demócrito

d. Água, terra, ar e fogo

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 309


e. Aristóteles

f. Átomo

g. Química

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Planeta
Terra ou
Planeta Água?
Para início de conversa...

Lavar as mãos é um ato simples, você não acha?

Figura 1: Uma mão lava a outra! Com água e


sabão, suas mãos podem ficar livres de subs-
tâncias contaminantes. Mas, por que esses
dois ingredientes fazem toda a diferença?

À primeira vista, até pode parecer simples, mas há muito conhecimento im-

plicado em lavar as mãos. Para começar a exemplificá-lo, podemos falar do sabão,

o qual é utilizado no processo. Quimicamente, ele é composto por substâncias

que se ligam tanto à “sujeira” quanto à água. Dessa forma, é possível que a água

retire das mãos todas as suas impurezas, dentro das quais se incluem muitos seres

vivos (a maioria microscópica) que podem causar doenças ao seres humanos.

Mas como foi possível chegar à tal conclusão sobre os efeitos da água e do

sabão perante a “sujeira”?

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 311


Para entender esse processo, os cientistas tiveram de estudar o comportamento das substâncias que com-

põem o sabão. Eles tiveram, também, de compreender melhor como é a estrutura da molécula da água, conhecer

suas propriedades, o seu comportamento em relação à temperatura.

Além disso, a água é um dos principais meios de transmissão de doenças. Seu tratamento é crucial para

a saúde pública e existem diversos componentes dissolvidos na água que podem não ser benéficos à saúde hu-

mana. Investigar previamente suas características, como estado físico e densidade, faz-se essencial no controle

de sua qualidade.

Quase toda a água potável que consumimos transforma-se em esgoto que é reintroduzido nos rios e lagos.

Estes mananciais, uma vez contaminados, podem conter microrganismos causadores de várias doenças, como a diar-

reia, hepatite, cólera e febre tifóide. Além dos microrganismos, as águas dos rios e lagos contêm muitas partículas que

também precisam ser removidas antes do consumo humano. Daí a necessidade de se tratar a água para que esta volte

a ser propícia para o consumo humano.

Para descobrir se a água foi realmente purificada, vários testes químicos e físicos são realizados para comprovar

a sua qualidade.

Determinar as propriedades físicas é um dos principais métodos que os químicos possuem para descobrir qual

substância está presente em um determinado material. E mais, podem descobrir se essas substâncias são puras, ou

seja, se não estão misturadas com outras substâncias que podem ocasionar efeitos indesejáveis.

Em uma indústria farmacêutica, por exemplo, todas as matérias-primas utilizadas para a fabricação de medica-

mentos ou vacinas são analisadas para descobrir se estão dentro de padrões estabelecidos. E isso é feito, em alguns

casos, através da análise das propriedades físicas das substâncias.

E o mesmo procedimento é realizado com os alimentos que consumimos. Quando preparamos um refres-

co, juntamos várias substâncias (aromatizante, açúcar, água etc.) para formar uma mistura com propriedades

indefinidas. Por que indefinidas? Porque algumas características finais, como o sabor, a densidade ou a acidez

serão o resultado da soma de cada uma das substâncias individualmente, quer dizer, cada um participa um pou-

co do resultado final.

Nesta unidade, você aprenderá sobre os estados físicos e as propriedades específicas da matéria e como essas

propriedades indicam a existência de uma substância ou de uma mistura de substâncias.

Bons estudos!

312
Objetivos da aprendizagem

ƒƒ Descrever e identificar os diferentes estados físicos da matéria.

ƒƒ Identificar a densidade como sendo uma relação entre massa e volume de um material.

ƒƒ Caracterizar uma substância de acordo com as suas temperaturas de fusão e ebulição.

ƒƒ Distinguir os diferentes tipos de misturas.

ƒƒ Distinguir os diferentes processos de separação de misturas homogêneas e heterogêneas.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 313


Seção 1
Água mole em pedra dura...

Você sabe a diferença entre os três estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso?

Imagine um copo, contendo um gostoso sorvete. O que acontece com ele, se o copo for deixado certo tempo

à temperatura ambiente?

No início, notamos que o tamanho e a forma do sorvete não sofrem influência do tamanho ou da forma do

copo. Por apresentar forma e volume definidos, dizemos que o sorvete encontra-se no estado sólido.

Volume

É a grandeza que representa o espaço ocupado por um corpo. Pode ser medido em litro, mililitro, centímetro cúbico, entre outras
unidades de medida.

No entanto, conforme o sorvete vai derretendo (Figura 2), a matéria passa a ter a forma do copo, mas continua

com um volume ainda definido. Assim, dizemos que o sorvete encontra-se no estado líquido. A passagem do estado

sólido ao líquido é chamada de fusão.

Figura 2: Ao derreter, o sorvete passa a tomar a forma não mais de uma bola, como
quando congelado, e sim a forma do copo onde está inserido.

314
Imagine agora uma panela com água, sendo aquecida com auxílio da chama de um fogão (Figura 3).

Figura 3: Água fervendo em uma panela.

Com o passar do tempo, o líquido vai esquentando até o momento em que começa a se transformar em vapor.

Se o vapor for recolhido em um recipiente fechado, vamos observar que ele não apresenta forma (assume a forma do

recipiente) nem volume próprios (ocupa todo o volume do recipiente). Dizemos que o vapor encontra-se no estado

gasoso e que a passagem do estado líquido ao gasoso é chamada de vaporização.

Se colocarmos uma tampa na panela com a água fervendo, verificaremos a formação de gotículas de água em

sua parte interna, devido ao resfriamento do vapor ao entrar em contato com uma superfície mais fria. A passagem

do estado vapor para o estado líquido recebe o nome de condensação.

Ao resfriarmos ainda mais um líquido, por exemplo, colocando um copo com água em um congelador, o líqui-

do passa a sólido, mudança de estado conhecida como solidificação.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 315


O esquema representado na Figura 4 resume os processos de mudança de estado físico:

Figura 4: Esquema com as mudanças de estados físicos da matéria: a passagem do


estado sólido para o estado líquido é chamada de fusão, já a o processo inverso
(passagem do estado líquido para o sólido) é chamado de solidificação. A passagem
do estado líquido para o gasoso é chamada de vaporização e o processo inverso é
a condensação. Quando ocorre a passagem do sólido para o gasoso, chamamos de
sublimação.

No esquema, foi citado o termo “sublimação”. Você já ouviu falar nele? Ao colocarmos bolinhas de naftalina

em uma gaveta, observamos que com o passar do tempo, elas diminuem de tamanho. Isto ocorre, pois as mesmas

passam diretamente do estado sólido ao estado gasoso, sem passar pelo líquido, mudança de estado denominada

sublimação.

E agora, você saberia dizer qual a diferença entre os três estados físicos?

Veja:

ƒƒ Um material é sólido quando possui forma definida, independente do recipiente em que esteja,
e não pode ser comprimido à pressão de 1 atm para ocupar um volume menor, ou seja, também
possui volume definido.

ƒƒ Um material é líquido quando a sua forma depende do recipiente que ocupa, ou seja, não possui
forma definida, mas também não pode ser comprimido à pressão de 1 atm, possuindo volume
definido.

ƒƒ Um material é gasoso quando não possui nem forma nem volume definidos, ocupando todo o
volume disponível do recipiente que estiver contido. Ele pode ser comprimido.

Comprimido
Característica de uma substância que sofreu compressão, ou seja, diminuiu o seu volume graças à pressão.

316
Classificando materiais de nosso dia a dia em sólidos, líquidos
ou gasosos

Classifique os materiais e objetos listados a seguir em sólidos, líquidos ou gasosos,

conforme o que foi discutido na unidade, preenchendo a tabela abaixo.

Materiais e objetos: álcool, algodão, sal de cozinha, ar, tábua de madeira, palha de

aço, mel, neblina, gasolina, bolhas que desprendem de um refrigerante, xampu, farinha, gás

de cozinha, leite, serragem e nuvem.

Sólidos Líquidos Gasosos

Aqueça a naftalina!
O que ocorre, quando aquecemos a naftalina? Veja um experimento bem simples sobre a sublimação.

Visite: http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=440&MUDANCAS+DE+
ESTADO+FISICO

Seção 2
As propriedades físicas das substâncias

Agora, imagine que você precisasse diferenciar dois líquidos incolores, contidos em duas garrafas, e soubesse ape-

nas que um deles é constituído por água pura e o outro por água misturada com veneno. Você teria coragem de beber ou

cheirar os líquidos para diferenciá-los? Certamente não, pois é possível que você se intoxique com alguma substância.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 317


Nesta situação, é mais comum se utilizar as propriedades físicas das substâncias para diferenciá-las. Essas pro-

priedades possuem valores medidos e, portanto, são mais precisas para identificar ou diferenciar os materiais. Dentre

as propriedades específicas físicas, podemos citar a densidade, a temperatura de fusão e a temperatura de ebulição.

O que “pesa” mais um quilo de chumbo ou um quilo de algodão?

Conseguiu responder à pergunta do título? Na verdade, os dois possuem a mesma massa: um quilo. Você ape-

nas precisará de um volume bem maior de algodão do que de chumbo para ter a mesma massa dos dois.

Massa

É uma grandeza que representa a quantidade de matéria que um corpo possui. A massa pode ser medida, principalmente, nas
seguintes unidades: em quilograma, grama, miligrama.

A densidade ou massa específica (d) é a propriedade que relaciona a massa e o volume de objetos que pos-

suem o mesmo material e são constantes a uma dada temperatura. Geralmente, essa grandeza é medida em gra-

mas por mililitro (g/mL), e é obtida, dividindo-se a massa (em g) de uma amostra da substância pelo seu volume

(em mL). Também pode ser medida em grama/cm3.

Densidade é uma grandeza que expressa quanto há de massa por unidade de volume de um dado
material.
massa (g)
densidade =
volume (mL)
A densidade de um material depende de sua temperatura.

A densidade é uma propriedade utilizada na identificação dos materiais. Em postos de gasolina, por exemplo,

são utilizados aparelhos chamados “densímetros”, que possibilitam ao consumidor comprovar a qualidade do etanol

que está sendo vendido. Quando o combustível está fora das especificações, com uma quantidade maior de água que

a permitida pela legislação, a diferença é indicada pelo densímetro.

318
O etanol vendido como combustível é uma mistura (etanol + água) que deve ter densidade entre 0,8075 a

0,8110 g/cm3. Já o etanol puro possui densidade igual a 0,79 g/cm3 enquanto a água d = 1,00 g/cm3. Se o etanol esti-

ver adulterado, ou seja, com mais água que o limite permitido, terá uma densidade maior que a esperada.

O que custa mais: um quilo ou um litro de querosene?

O óleo vegetal (d = 1,4 g/cm3) é vendido, normalmente, por massa, enquanto o que-

rosene (d = 0,8 g/cm3) é vendido por volume. Sabendo disso, responda:

a. A densidade da água é igual a 1,0 g/cm3, ou seja, 1,0 kg de água ocupa um volume
de 1,0 litro. Utilizando esse raciocínio, determine a massa existente em 2 litros de

óleo vegetal e o volume presente em 3,2 kg de querosene.

b. Um agricultor foi à cidade comprar querosene para o seu trator. Passando por
duas lojas, identificou os preços do querosene conforme as placas a seguir:

Em qual loja ele irá comprar a maior quantidade de querosene com R$100,00?

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 319


Água ou álcool?

Para comparar a densidade de dois líquidos, a água e o álcool, foram usadas esferas

com uma mesma densidade e obteve-se o seguinte resultado:

Agora temos dois recipientes idênticos, como esquematizados abaixo. Um deles con-

tém certa massa de água e o outro, a mesma massa de álcool.

Através da análise da primeira figura, você saberia dizer quem tem maior densidade,

o álcool ou a água? E, observando a segunda figura, qual das substâncias está no frasco A e

qual está no frasco B? Justifique suas respostas.

320
Banho-Maria: a química aplicada na cozinha

Você sabia que o banho-maria tem o objetivo de manter constante a temperatura de cozimento de alimentos

sensíveis ao calor? Por exemplo, ao cozinharmos um pudim, em banho-maria, temos a certeza que a temperatura do

cozimento não irá ultrapassar 100ºC. Mas por que podemos afirmar isso?

Como você estudou nessa unidade, a matéria muda o seu estado físico, dependendo das condições de tempe-

ratura e pressão. Quando a água é aquecida, ela só entrará em ebulição (passagem do líquido para gasoso) quando

atingir uma temperatura específica, que será de 100°C (ao nível do mar, ou seja, à pressão de 1 atmosfera). Da mesma

forma, o gelo só irá derreter (fusão), quando atingir 0°C. Esses valores de temperatura recebem nomes especiais: tem-

peratura de ebulição e temperatura de fusão, respectivamente.

A temperatura de fusão – TF – indica a temperatura que o sólido passa para o estado líquido; já a tem-
peratura de ebulição – TE – é a temperatura que o líquido para o estado gasoso.

Maria e o banho-maria
O banho-maria é uma técnica de aquecimento, utilizada tanto em laboratórios de Química como nas
cozinhas das casas. Foi inventado, na Idade Média, por uma mulher conhecida por Maria, a Judia que
é considerada como um dos quatro maiores alquimistas da época. O seu trabalho destacou-se dos
demais alquimistas pelo grande desenvolvimento que ela trouxe às práticas de laboratório.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 321


Derretendo o gelo....

A animação abaixo representa o aquecimento de uma porção de gelo:

http://www.lapeq.fe.usp.br/labdig/simulacoes/fase.php

Responda às questões abaixo e, caso necessário, assista à animação novamente.

a. Você verificou uma mudança no estado físico após o início do aquecimento? Des-

creva a primeira mudança.

b. Qual era a temperatura que o termômetro indicava, quando ocorreu esta mudança?

c. O que ocorre entre 12 a 40 segundos, aproximadamente?

d. Em qual temperatura, a água começa a ferver (ebulição)?

e. Por que, após 1 minuto e 50 segundos aproximadamente, a temperatura eleva-se


novamente?

O gráfico que aparece na animação da atividade 4 representa todas as etapas de mudança do estado físico

da água, bem como de outras substâncias, de acordo com os suas diferentes temperaturas de fusão e ebulição. Esse

gráfico é chamado de diagrama de mudança de estados.

322
Na Figura 5, temos o diagrama de mudança de estado da água:

Figura 5: Diagrama de mudança de estado da água. A análise do gráfico permite


observar que no intervalo de tempo em que ocorre a fusão (12 – 40 segundos), a
temperatura permanece constante (TF = 0°C). No intervalo de tempo em que ocorre
a ebulição (75-110 segundos), a temperatura permanece constante (TE = 100°C).

Agora você saberia dizer qual o estado físico da água em uma temperatura de 50°C?

Como se pode observar na Figura 6, a temperatura de 50°C é maior que a temperatura de fusão da água (0°C).

Isso quer dizer que água já está derretida, ou seja, no estado líquido. E como 50°C é uma temperatura abaixo de 100°C,

não será suficiente para “ferver” a água, ou seja, não ocorre a passagem do estado líquido para o estado gasoso.

Figura 6: E a 50°C, qual o estado físico da água? Pelo gráfico, podemos perceber
que nesta temperatura a água encontra-se no estado líquido.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 323


Veja outros exemplos de temperatura de fusão e de ebulição para outras substâncias na Tabela 1 abaixo:

Tabela 1: Temperaturas de fusão e de ebulição de algumas substâncias, em pressão de 1 atmosfera.

Substância Temperatura de fusão Temperatura de ebulição


Água 0°C 100°C
Etanol - 114°C 78°C
Mercúrio - 39°C 357°C
Benzeno 6°C 80°C

Como interpretar esses valores?

a) o etanol:

ƒƒ até a temperatura de -114°C, o etanol encontra-se no estado sólido;

ƒƒ entre -114°C e 78°C – estado líquido;

ƒƒ em temperaturas acima de 78°C – estado gasoso.

b) o mercúrio:

ƒƒ até a temperatura de – 39°C, o mercúrio encontra-se no estado sólido;

ƒƒ entre – 39°C e 357°C – estado líquido;

ƒƒ em temperaturas acima de 375°C – estado gasoso.

E não se esqueça! As temperaturas de fusão e de ebulição das substâncias permanecem constantes, enquanto

ocorre a mudança de estado. Já em sistemas que contêm uma mistura de substâncias – como água e sal de cozinha –

ocorrem variações de temperaturas durante a fusão e a ebulição.

324
Sólido, líquido ou Gasoso?

Qual o estado físico (sólido, líquido ou gasoso) das substâncias da tabela a seguir,

quando as mesmas se encontram no Deserto da Arábia, à temperatura de 50°C (pressão am-

biente = 1atmosfera)?

Seção 3
As misturas

Imagine você, em um dia quente, entrando em uma lanchonete para pedir um pouco de água para beber. O

atendente dá o copo e você não percebe nenhuma sujeira na água. Você poderia afirmar que esta água é pura ou

apenas potável? Existe diferença?

Uma água potável é aquela adequada ao consumo humano. Ela até pode conter impurezas, desde que não

sejam nocivas à nossa saúde, ou seja, mesmo contendo outros componentes a água pode ser potável.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 325


A água para o nosso consumo é, na verdade, uma mistura de diversas substâncias, como alguns sais minerais,

principalmente de cálcio, cobre, cromo, flúor, iodo, ferro, magnésio, manganês, molibdênio, fósforo, potássio, selênio,

sódio e zinco.

Misturas são combinações de duas ou mais substâncias diferentes em proporções fixas e definidas. Cada as-

pecto distinto que podemos observar em uma mistura, seja a olho nu, ou com auxílio de lentes de aumento ou mi-

croscópios é chamado de fase. As misturas são classificadas em:

ƒƒ Misturas homogêneas ou soluções: são as que apresentam uma única fase (monofásicas). Podemos citar
como exemplos: água e açúcar, o vinagre (Figura 7) e o ar atmosférico.

Figura 7: Um grande acompanhamento para a salada é uma mistura homogênea!

ƒƒ Misturas heterogêneas: são as que apresentam mais de uma fase (polifásicas). Podemos citar como exemplos:

água e óleo (bifásica) (Figura 8), óleo + água + areia (trifásica).

Figura 8: Mistura bifásica: óleo + água.

326
Ligas Metálicas
As ligas metálicas são misturas sólidas de dois ou mais metais. Muitas delas estão presentes em nosso
cotidiano. Veja alguns exemplos:

ƒƒ Latão: mistura de 67% de cobre e 33% de zinco.

ƒƒ Bronze, material usado na estátua de Marco Aurélio que vemos na imagem: mistura de

90% de cobre e 10% de estanho.

ƒƒ Ouro 18 quilates: mistura de 75% de ouro e 25% de cobre.

Seção 4
Água potável e a busca por novas fontes

O consumo de água doce no mundo cresce a um ritmo superior ao do crescimento da população. Resta, como

uma das saídas, a produção de água doce, retirando-a do mar ou das águas salobras dos açudes e poços.

Atualmente, muitos países e cidades estão se abastecendo totalmente da água doce, extraída da água salgada

do mar. A dessalinização de águas salobras acontece quando esta é aquecida até o seu ponto de ebulição, passando

para o estado gasoso, enquanto o sal fica no estado sólido, separando-se da água. O vapor d´água é, então, conden-

sado, obtendo-se água própria para o abastecimento.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 327


Apesar desse processo ainda possuir custos elevados, ele se apresenta como uma boa alternativa, ou concor-

rendo ainda como uma das alternativas, com o transporte de água em navios tanques, barcaças e outros.

Um dos grandes desafios da química tem sido a obtenção de substâncias puras a partir de misturas, já que a

maioria dos materiais presentes na natureza é formada por misturas de substâncias. Vamos ver agora quais processos

podemos empregar para separar os componentes das misturas heterogêneas e homogêneas.

Como separar as substâncias de misturas heterogêneas?

Os processos de separação de misturas heterogêneas empregam ações mecânicas. Vamos destacar, a seguir,

alguns dos mais utilizados.

ƒƒ Filtração: é um processo utilizado para separar um sólido de um líquido ou de um gás. Como exemplos de pro-

cessos de filtração empregados no dia a dia, podemos citar: a filtração da água em um filtro com vela de por-

celana ou carvão ativo e a separação do pó do café do líquido com um coador de pano ou de papel (Figura 9).

Figura 9: Coador de café de papel.

ƒƒ Decantação: é utilizada na separação do sólido de um líquido ou de um gás, ou na de líquidos que não se

misturam. No caso do sólido e do líquido, o sistema é deixado em repouso até que o sólido deposite-se no

fundo por ação da gravidade. É um método muito empregado nas estações de tratamento de água para

abastecimento das cidades (Figura 10).

328
Figura 10: Tanques de decantação de uma estação de tratamento de água.

Processos de separação de misturas homogêneas

Na separação dos componentes de misturas homogêneas, empregam-se processos físicos, que envolvem mu-

danças de estado, como a passagem do estado líquido para o gasoso. Vamos destacar, a seguir, um dos mais utilizados.

ƒƒ Destilação: é um processo utilizado para separar soluções, constituídas de duas ou mais substâncias lí-

quidas ou de sólidos totalmente dissolvidos em líquidos. Por meio do aquecimento da solução, é possível

separar o componente de menor temperatura de ebulição, usando um equipamento chamado destilador.

A destilação é utilizada industrialmente na fabricação de bebidas (como a cachaça) e do álcool etílico.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 329


O petróleo também possui suas substâncias separadas. Você sabe como?

Os diferentes componentes do petróleo (gasolina, querosene, óleo diesel etc.) tam-

bém são obtidos por destilação, que, neste caso, é chamada de destilação fracionada. Esse

processo geralmente é feito em refinarias, como a da figura.

Um pouco mais sobre separação de misturas, que tal?


Você encontrará uma animação bem interessante na página do Laboratório Virtual da Universidade de
São Paulo (LabVirt), envolvendo os processos de separação de misturas

Visite: http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_zanzan.htm

Quer conhecer outros processos de separação de misturas? Você encontrará várias

informações site “Infoescola”. Visite:

ƒƒ http://www.infoescola.com/quimica/separacao-de-substancias-misturas/

330
Separando misturas...

Em uma república estudantil, um dos moradores deixou cair óleo de cozinha em um

recipiente com sal. Considerando que o sal não é solúvel no óleo, como será possível recu-
6
perar os dois?

Como você acabou de estudar, alguns materiais, como a água, precisam ser purificados para serem consu-

midos em nosso cotidiano. E para descobrir se eles estão realmente isentos de impurezas, precisamos determinar

algumas propriedades desses materiais, como a densidade, a temperatura de fusão e a temperatura de ebulição,

conceitos que você conheceu nesta aula. Na próxima unidade, retomaremos nossa viagem histórica pelo mundo da

Química e você aprenderá sobre como a teoria atômica foi se desenvolvendo ao longo do tempo. Acompanhando os

avanços tecnológicos, a ideia de átomo foi se aperfeiçoando, passando por vários modelos até chegar no que hoje

entendemos, ainda, como a menor partícula da matéria. Até lá!

Resumo

ƒƒ A matéria pode ser encontrada sob a forma de três estados físicos: sólido, líquido e gasoso.

ƒƒ O estado sólido apresenta forma e volume definidos.

ƒƒ O estado líquido apresenta forma variável e volume definido.

ƒƒ O estado gasoso apresenta forma e volume variáveis.

ƒƒ As substâncias são caracterizadas pelas seguintes propriedades específicas: densidade, temperatura de fu-
são e temperatura de ebulição.

ƒƒ A densidade ou massa específica (d) é a propriedade que relaciona a massa e o volume de objetos que
possuem o mesmo material e são constantes a uma dada temperatura. Tal propriedade é utilizada na iden-
tificação dos materiais e em procedimentos de separação de misturas.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 331


ƒƒ Misturas são combinações de duas ou mais substâncias diferentes em proporções fixas e definidas.

ƒƒ Misturas homogêneas ou soluções possuem apenas uma fase.

ƒƒ Misturas heterogêneas possuem duas ou mais fases.

Veja ainda...

Para quem gosta de aprender coisas novas, temos algumas sugestões para enriquecer o seu aprendizado! Você

poderá acessar os endereços a seguir para interagir melhor com esses conhecimentos:

ƒƒ www.pontociencia.org.br , na página do Projeto Ponto Ciência, você encontrará várias sugestões de expe-

rimentos, envolvendo as propriedades da matéria.

ƒƒ http://qnesc.sbq.org.br, na página da revista Química Nova na Escola (QNEsc), publicada pela Sociedade

Brasileira de Química (SBQ), você encontrará vários artigos e também vários cadernos temáticos de forma

totalmente gratuita.

Referências

Bibliografia Consultada

ƒƒ CANTO, E. L.; PERUZZO, T. M. Química na abordagem do cotidiano (Projeto Moderna Plus). 1ª Edição, Edi-

tora Moderna, São Paulo, 2010, 520 p.

ƒƒ GOMES, L. A. K. Propriedades específicas dos materiais. Química Nova na Escola, v.8, p.20-3, 1998. Dispo-

nível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc08/relatos.pdf, acessado em 27 de dezembro de 2011.

ƒƒ MORTMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química 1 (Ensino Médio). 1ª Edição, Editora Scipione, São Paulo, 2010, 288p.

332
Atividade 1

Sólidos: possuem
Líquidos: possuem forma variável
forma e volume Gasosos: possuem forma e volume variáveis
e volume definido
definidos

algodão álcool Ar
sal de cozinha mel neblina
tábua de madeira gasolina bolhas que desprendem de um refrigerante
palha de aço xampu gás de cozinha
farinha leite nuvem
serragem

Atividade 2

a . Como a densidade do óleo vegetal é 1,4 g/cm3, podemos dizer que em 1 litro te-

remos 1,4 Kg. Como 1 mL é a mesma coisa que 1 cm3, multiplicando por mil, teríamos 1000

mL, ou seja, 1 litro. Após multiplicarmos 1,4 g por mil, obtemos 1400 g, ou seja, 1,4 kg.

Sendo assim, 1,4 g/cm3 é igual a 1,4 kg/L

Em dois litros teremos: 1,4 x 2 = 2,8 Kg.

Já a densidade do querosene é 0,8 g/cm3, ou seja, 1litro terá uma massa equivalente
a 0,8 Kg (800g). Em 3,2 Kg de querosene teremos:

3,2 ÷ 0,8 = 4

Logo, teremos 4 litros.

b . Na loja B, o querosene custa R$ 20,00 por quilo. Com R$ 100,00 ele comprará:

100,00 ÷ 20,00 = 5 quilogramas de querosene

Já na loja A, o valor fornecido é R$ 20,00 por litro. E, aqui, vale a mesma proporção: R$

100,00 comprarão 5 litros de produto. Repare que na loja B ele poderá comprar 5 quilogra-

mas enquanto que na loja A ele comprará 5 litros.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 333


Sendo assim, precisamos da densidade para poder comparar a quantidade comprada.

A densidade do querosene é 0,8 g/cm3, ou seja, 0,8 kg em 1 litro do produto. Assim,


em 5 litros terão:

0,8 x 5 = 4,0 Kg de querosene.

Logo, na loja B, ele comprará maior quantidade de querosene.

Atividade 3

Como a bolinha flutua em água e não no álcool, concluímos que a densidade da

água é maior que a do álcool. Logo, considerando uma mesma massa dos dois líquidos, o

álcool possuirá um volume maior que o da água. Assim, o frasco A contém álcool e o frasco

B contém água.

Atividade 4

a. A fusão do gelo.

b. 0°C, que é a temperatura de fusão da água.

c. Durante esse intervalo de tempo, ocorre a fusão da água, ou seja, enquanto o gelo

estiver derretendo, a temperatura permanece inalterada.

d. 100°C, que é a temperatura de ebulição da água.

e. A temperatura volta a subir devido ao término da ebulição, ou seja, quando toda a

água passou do estado líquido para o estado gasoso.

Atividade 5

ƒƒ Clorofórmio: líquido

ƒƒ Éter etílico: gasoso

ƒƒ Etanol: líquido

334
ƒƒ Fenol: líquido

ƒƒ Pentano: gasoso

Atividade 6

Primeiro, deve-se adicionar água a essa mistura, deixar decantar e depois retirar o

óleo que ficará na fase superior. Posteriormente, por aquecimento, evapora-se a água para

se recuperar o sal.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 335


O que perguntam por aí?

Questão 1

(Enem 2011)

Certas ligas estanho-chumbo com composição específica formam um eutético simples, o que significa que

uma liga com essas características comporta-se como uma substância pura, com um ponto de fusão definido, no caso

183ºC. Essa é uma temperatura inferior mesmo ao ponto de fusão dos metais que compõem esta liga (o estanho puro

funde a 232 ºC e o chumbo puro a 320ºC), o que justifica sua ampla utilização na soldagem de componentes eletrôni-

cos, em que o excesso de aquecimento deve sempre ser evitado. De acordo com as normas internacionais, os valores

mínimo e máximo das densidades para essas ligas são de 8,74 g/mL e 8,82 g/mL, respectivamente. As densidades do

estanho e do chumbo são 7,3 g/mL e 11,3 g/mL, respectivamente.

Um lote, contendo 5 amostras de solda estanho chumbo, foi analisado por um técnico, por meio da determina-

ção de sua composição percentual em massa, cujos resultados estão mostrados no quadro a seguir.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 337


Com base no texto e na análise realizada pelo técnico, as amostras que atendem às normas internacionais são

a. I e II.

b. I e III.

c. II e IV.

d. III e V.

e. IV e V.

Gabarito: Letra C.

Comentário:
As densidades do estanho e do chumbo são 7,3 g/mL e 11,3 g/mL, respectivamente, a partir destas informa-

ções e das porcentagens de estanho (Sn), e chumbo (Pb), podemos calcular a densidade de cada amostra.

60 40
ƒƒ Amostra I (60 % de Sn e 40 % de Pb): dI = × 7,3+ ×11,3 = 8,9g / ml
100 100

ƒƒ Amostra II (65 % de Sn e 35 % de Pb): dII = 62 × 7,3+ 38 ×11,3 = 8,82g / ml


100 100
65 35
ƒƒ Amostra III (65 % de Sn e 35 % de Pb): dIII = × 7,3+ ×11,3 = 8,7g / ml
100 100
63 37
ƒƒ Amostra IV (63 % de Sn e 37 % de Pb): dIV = × 7,3+ ×11,3 = 8,78g / ml
100 100
59 41
ƒƒ Amostra V (59 % de Sn e 41 % de Pb): dV = × 7,3+ ×11,3 = 8,94 g / ml
100 100
De acordo com as normas internacionais, os valores mínimo e máximo das densidades para essas ligas são de 8,74 g/

mL e 8,82 g/mL, respectivamente. As amostras que estão dentro deste critério são a II (d = 8,82 g/mL) e a IV (de = 8,78 g/mL).

Questão 2

Em nosso cotidiano, utilizamos as palavras “calor” e “temperatura” de forma diferente de como elas são usadas no meio

científico. Na linguagem corrente, calor é identificado como “algo quente” e temperatura mede a “quantidade de calor de um

corpo”. Esses significados, no entanto, não conseguem explicar diversas situações que podem ser verificadas na prática.

Do ponto de vista científico, que situação prática mostra a limitação dos conceitos corriqueiros do calor e temperatura?

a. A temperatura da água pode ficar constante durante o tempo em que estiver fervendo.

b. Uma mãe coloca a mão na água da banheira do bebê para verificar a temperatura da água.

338
c. A chama de um fogão pode ser usada para aumentar a temperatura da água de uma panela.

d. A água quente que está em uma caneca é passada para outra caneca, a fim de diminuir sua temperatura.

e. Um forno pode fornecer calor para a vasilha de água que está em seu interior com menor temperatura
que a dele.

Gabarito: Letra A.

Comentário: Quando se aquece uma substância pura, inicialmente no estado sólido, a temperatura aumenta até atin-

gir a temperatura de fusão (TF), onde começa a “derreter”; neste ponto, a temperatura é constante.

Quando chega à temperatura de ebulição (TE), acontece o mesmo: a temperatura permanece constante. Isto ocorre

com qualquer substância pura.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 339


CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

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Caminhando
pela estrada que
investiga do quê
somos feitos
Para início de conversa...

Somos poeira de estrelas colhendo luz de estrelas“


Frase do cosmologista Carl Sagan (1934-1996) eternizada na série “Cosmos.

Na 1a unidade você viu que existiam duas teorias que tratavam sobre as

menores unidades de constituição da matéria: a teoria dos quatro elementos e a

teoria atômica. Esta última, por tratar de fatos ainda abstratos à época, perdeu espaço

para a teoria dos elementos que estabelecia uma relação mais direta com os aspectos

práticos do dia a dia como, por exemplo, as mudanças de estado físico ou a combustão.

Só a partir do século XVII, com o desenvolvimento de novas tecnologias, a teoria

atômica voltou a ganhar espaço. Tais tecnologias permitiram a ampliação da percepção

humana através de instrumentos de maior precisão, como balanças e microscópios.

Em função da mudança das relações de poder e de trabalho que começa-

vam a florescer no mundo ocidental, a produção científica deixa de se processar

através da contemplação e torna-se uma atividade vinculada intimamente com a

atividade empírica. Com isso, o experimento começa a suscitar uma nova forma

de produzir conhecimento. Em função deste novo paradigma, a teoria dos ele-

mentos tornou-se insustentável.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 341


Empirismo
Defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé. Acredita na expe-
rimentação como ferramenta crucial na construção das teorias científicas.

Alguns cientistas resgataram, junto a antigos manuscritos, as teorias de Demócrito e Leucipo. Dalton foi o mais

proeminente desses. Na realidade, sua teoria atômica (conhecida também como a da bola de bilhar) veio a confirmar

uma série de fatos químicos, conhecidos à época de sua proposição. Como por exemplo, a Lei da Conservação da

Matéria, elaborada por Lavoisier, ou a Lei das proporções definidas, elaborada por Proust as quais vocês estudarão na

unidade "Quantidades nas transformações químicas".

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Diferenciar as teorias atômicas, associando-as aos diferentes contextos históricos nos quais surgiram.

ƒƒ Identificar as principais características dos modelos atômicos de Dalton, Thomson e Rutherford.

ƒƒ Ordenar os experimentos que possibilitaram a substituição dos modelos atômicos.

342
Seção 1
O resgate das ideias de Demócrito

O primeiro cientista a resgatar as ideias de Leucipo e Demócrito chamava-se John Dalton (1766-1844) e

ocorreu em 1803. Dalton ressuscitou o conceito de Demócrito e disse que os compostos eram feitos de partícu-

las extremamente pequenas, indestrutíveis e indivisíveis, chamada de átomos. Ele os associou a pequenas bolas

de bilhar.

John Dalton (1766-1844)

Era Químico e Físico. De nacionalidade inglesa, tinha excepcional pendor para o magistério,
dedicando-se ao ensino e à pesquisa. Nasceu em uma aldeia, chamada Eaglesfield, mas foi
para Manchester, em 1783, onde ficou. Iniciou seus trabalhos científicos, investigando fenô-
menos meteorológicos e comportamento dos gases. Foi o primeiro a perceber que o volume
ocupado por um gás está diretamente associado à temperatura.

Dalton também afirmou que um átomo de um determinado elemento tem sua própria massa e que esta é

invariável. Na época, já existiam balanças relativamente precisas e, por isso, surgia uma grande preocupação em rela-

ção à variação das massas em uma reação química. Atos comuns, como fazer um bolo ou até mesmo a preparar uma

massa de cimento, partem da condição de que a massa final será a soma de todos os componentes que você utilizou

para fazer aquela mistura.

Apesar desse raciocínio ser óbvio, a conservação da matéria não era uma concepção clara na época. Como

explicar, por exemplo, a diminuição da massa, verificada na queima de um pedaço de madeira? Assim, a teoria dos

quatro elementos já não era suficiente para explicar os fenômenos químicos sob o olhar da balança.

As ideias dos antigos filósofos gregos estabeleciam formas diferentes dos átomos em função de suas carac-

terísticas (como por exemplo, a fluidez da água que era causada pela forma esférica de seus átomos). Já as ideias

de Dalton tinham como base as diferenças existentes entre os pesos dos átomos. Os principais postulados desse

cientista, então, são:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 343


ƒƒ Toda matéria é constituída de átomos.

ƒƒ Todos os átomos de um dado elemento químico (como, por exemplo, o hidrogênio) são idênticos. Isso não

só quanto à massa, mas também quanto às outras propriedades. Átomos de elementos diferentes têm

massas diferentes e propriedades diferentes.

ƒƒ Os átomos são as unidades das transformações da matéria. Uma reação química envolve apenas combina-

ção, separação e rearranjo de átomos. Durante uma reação química, os átomos não podem ser criados, nem

destruídos, nem divididos ou convertidos em outras espécies, durante uma reação química.

Figura 1: Dalton afirmou que os átomos não poderiam ser criados ou destruídos. Observe a decomposição da água (H2O)
em gás hidrogênio (H2) e gás oxigênio (O2). O que ocorreu de fato foi apenas um rearranjo de átomos, no entanto percebe-se
que os átomos continuam sendo os mesmos.

Dalton tentou organizar os elementos de acordo com suas massas (chamado por ele de pesos atômicos), crian-

do símbolos diferentes para os átomos. A tabela a seguir descreve estes símbolos e seus pesos. Observe que Dalton

utilizou como referência de massa o hidrogênio para os demais valores de peso.

344
Figura 2: A tabela acima foi elaborada por Dalton, representando os átomos de alguns elementos conhecidos na época.
Observe que ele manteve a forma esférica na representação destes átomos.

Não confunda peso e massa!


Você acabou de ver, na Tabela da Figura 2, que Dalton descreveu os valores de peso atômico dos áto-
mos. No entanto, é importante que você saiba que os átomos, na verdade, possuem massa e não peso.
Naquela época, o conceito de massa ainda não era bem definido; logo, os dois termos (peso e massa)
significavam a mesma coisa.

Um pouco mais sobre Dalton..


Se você quiser saber mais detalhes sobre a obra de Dalton, acesse o link http://qnesc.sbq.org.br/on-
line/qnesc20/v20a07.pdf o qual remete a um artigo científico, tratando sobre os duzentos anos da
descoberta de Dalton.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 345


Seção 2:
Surge a eletricidade. O modelo de Dalton é
adequado a este novo fenômeno?

O final do século XVIII foi marcado pelo surgimento da Eletricidade. A primeira demonstração da existência da

eletricidade é atribuída ao cientista Luigi Galvani (1737 -1798). Anos mais tarde, o físico Alexandre Volta (1745-1827)

deu andamento ao trabalho de Galvani, criando a primeira bateria a qual se tornou fonte de energia (literalmente!)

para outros cientistas e seus experimentos.

Tanto quanto a massa, a carga elétrica é uma propriedade intrínseca da matéria. Basicamente, a eletricidade

é um fenômeno que ocorre entre dois pontos que tenham, entre si, uma diferença em sua carga elétrica, podendo

esta ser negativa ou positiva.

Carga elétrica
A maioria dos corpos é neutro, ou seja, não apresentam excesso de carga positiva ou negativa. Por isso, a percepção que temos
dessa grandeza não é tão clara como a que temos entre corpos que possuem diferentes massas. Em relação a essas cargas e
como elas surgem, você verá na próxima unidade.

O modelo de Dalton não admitia a divisão do átomo; logo, não conseguia explicar de onde surgiria esta dife-

rença de carga elétrica existente em alguns corpos. Observou-se, na época, que, em relação a estas cargas, quando

elas forem de mesmo sinal repelem-se e de sinais contrários, atraem-se. Ainda, percebeu-se que tais cargas podiam

ser causadas por algumas ações como, por exemplo, o atrito.

Vamos observar de perto essa diferença de carga elétrica entre dois corpos? Para tal, você precisará ter em mão

os seguintes materiais:

ƒƒ Pequeninos pedaços de papel (podem ser picados com a mão);

ƒƒ Uma carcaça de caneta vazia, ou seja, sem a tinta (do BIC);

ƒƒ Papel toalha;

ƒƒ Canudo de plástico;

ƒƒ Linha de costura;

ƒƒ Pente de cabelo.

346
Agora, faça as seguintes experiências e anote, após cada uma, o que você observou.

O que aconteceu com o papel em cada situação?

1. Aproxime a carcaça dos pedaços de papel.

2. Agora, atrite a carcaça com papel toalha. Repita o procedimento acima.

3. Pegue o canudo de plástico e a linha. Amarre uma ponta desta linha no meio do canudo

e a outra ponta amarre a uma torneira de água. Atrite tanto o canudinho como a carca-

ça e aproxime-os.

4. Agora pegue um pente, penteie seu cabelo e, após isso, aproxime o pente do canudi-

nho.

Agora, a partir das suas observações, tente responder a essas questões a seguir, ano-

tando suas conclusões:

a. Qual foi a diferença entre o ocorrido nas atividades descritas nos itens 1 e 2? Qual

foi a ação que provocou os diferentes resultados?

b. O que ocorreu nas aproximações descritas nos itens 3 e 4. Sabendo-se que a carga

do canudinho de plástico permanece a mesma antes e depois do atrito, o que você

poderia afirmar a respeito das cargas dos outros dois corpos, envolvidos na atividade?

Se você realizou as experiências, pôde constatar que, em 1, nada acontece e, em 2, os pedaços de papel apro-

ximam-se da carcaça. Isto acontece em função do atrito provocado pela fricção do papel toalha.

Já na experiência 3, você deve ter visto que o canudinho e a carcaça repelem-se, uma vez que, em ambos, a

fricção com o papel toalha foi feita. Isso ocasionou nos dois objetos uma mesma carga elétrica. Na experiência 4, a

sua experimentação deve ter apontado que o pente também atraiu os pedacinhos de papel. O atrito do cabelo com

o pente provoca o mesmo efeito da fricção do papel, provocada pelo papel toalha no experimento 2.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 347


Assim, por não explicar o fenômeno das diferenças de cargas elétricas, o modelo atômico de Dalton não é o

mais adequado, uma vez que o mesmo não prevê a possibilidade da divisão do átomo. As fricções mencionadas nos

experimentos produzem nos corpos uma determinada carga responsável pela atração ou repulsão observadas, o que

só poderia ser explicado pelo deslocamento de partículas dos átomos.

Portanto, visando descrever um modelo atômico que explique tais fenômenos, Joseph John Thomson (1856-

1940), um físico inglês do famoso laboratório de Cavendish, em Cambridge (Reino Unido), fez experiências, usando

tubos de vácuo. Thomson observou que raios surgiam dentro destes tubos, quando uma corrente elétrica era acio-

nada. Ele chamou estes raios de “catódicos” e duas experiências que ele fez mostraram-se muito importantes. Obser-

ve as experiências de Thomson feitas em uma ampola de Crookes.

Tubos de vácuo

Tubos de vidro dos quais a maior parte do ar é removido e que, em suas extremidades, existem contatos metálicos para li-
gar a energia elétrica. Alguns destes tubos são conhecidos como ampolas de Crookes e são, de certo modo, semelhantes às
lâmpadas fluorescentes que você tem em sua casa. Observe que a luminosidade que surge nestas lâmpadas está associada ao
acionamento da energia elétrica.

Raios catódicos

São feixes de partículas com carga negativa que estão contidas nos átomos (você aprenderá mais a frente que essas partículas
se chamam elétrons). Esses feixes surgem em consequência da diferença de energia elétrica entre dois polos existentes dentro
de um recipiente fechado. Estes raios vão sempre do polo negativo (-) em direção ao positivo (+).

Experiência 1

Ao aproximar o polo positivo de um imã dos tubos de vidro, observou-se que os raios catódicos sofriam um

desvio em sua trajetória, conforme a Figura 3. Uma vez que já se sabia que cargas contrárias atraiam-se, pode-se

atribuir carga elétrica negativa a estes raios.

348
A Tubo de raios catódicos

D A

C Ímã

B
Figura 3: Esquema representativo da Ampola de Crookes, submetida à ação de um ímã onde Thomson observou que, quan-
do uma corrente era acionada [A], surgiam raios que se dirigiam à parede oposta do tubo [D]. Com a proximidade de um ímã
[B], os raios catódicos [C] sofriam um desvio, indicando que possuíam carga negativa.

Experiência 2

Colocar um dispositivo no interior do tubo que, em contato com os raios, pudesse se movimentar. Uma vez

que, diferente dos raios catódicos, a incidência de luz (que é apenas energia) não ocasiona movimento nesse disposi-

tivo, concluiu-se que os mesmos possuíam massa.

Figura 4: Esquema representativo da Ampola de Crookes, com uma engrenagem em seu interior [E] posta em movimento
pela ação dos raios catódicos, indicando que esses possuíam massa.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 349


Thomson, então, concluiu que o átomo não era a menor partícula existente, sendo composto por partículas

menores. A existência dos raios catódicos era uma evidência disto, sendo uma das partes do átomo a qual ele chamou

de elétrons.

Além disso, como os materiais, em geral, não são carregados eletricamente, esse cientista formulou uma nova

ideia: se os elétrons eram negativos, deveria existir, no átomo, outra parte de carga positiva. Dessa forma, compensa-

ria as partículas observadas nos raios catódicos. Sendo assim, ele elaborou a sua hipótese:

O átomo possui uma forma esférica e consiste em uma nuvem tênue de material carregado positivamente com
algumas partículas espalhadas por todos os lados como passas espalhadas em um pudim.

Os principais postulados de Thomson são:

ƒƒ Os átomos são esféricos e seu volume é o volume desta esfera.

ƒƒ A carga positiva está distribuída uniformemente na esfera.

ƒƒ Os elétrons movem-se nesta esfera, sob efeito de forças eletrostáticas.

Figura 5: À esquerda, você vê um modelo do átomo de Thomson, que pode ser comparado a um pudim de passas (ou amei-
xas, como na figura à direita). Nesse modelo, os elétrons seriam as “passas”, enquanto a carga positiva estaria espalhada por
todo o pudim, de forma dispersa.

Então, a partir dessa nova ideia, temos a substituição do modelo anterior (Dalton) pelo modelo de Thomson,

também conhecido por “modelo do pudim com passas”. Importante observar que este modelo explicava satisfatoria-

mente o que o modelo de Dalton não conseguia: os fenômenos elétricos.

350
Figura 6: Substituição do modelo de Dalton pelo de Thomson.

A grande sacada de Thomson e os dias de hoje


Assista a um excelente vídeo sobre os experimentos, realizados por J. J. Thomson. O link http://www.
youtube.com/watch?v=i9xMrNDHWts remete ao segundo capítulo de uma excelente reportagem fei-
ta pela BBC sobre o desenvolvimento dos modelos atômicos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 351


Dalton, Thomson e o conhecer do átomo

Descobrir a estrutura dos átomos foi uma árdua tarefa, começada lá na Grécia antiga

por alguns filósofos. Hoje, graças às experiências e proposições, em especial, de Dalton e

Thomson, conhecemos mais sobre a menor partícula que forma a matéria.

Responda, abaixo, com base nos modelos de Dalton e Thomson, V para as proposi-

ções verdadeiras sobre os diferentes modelos atômicos e F para as falsas. As sentenças que

você considerar falsa, explique o erro.

( ) A balança foi um importante instrumento para, finalmente, quebrar a teoria dos

quatro elementos.

( ) Toda matéria é composta por átomos.

( ) Cada átomo do elemento cobre, por exemplo, tem peso variável conforme a ma-
téria que ele compõe.

( ) Segundo Dalton, o átomo é composto de partículas de cargas elétricas diferentes.

( ) O modelo atômico, conhecido como “pudim de passas”, propõe que, em um áto-

mo, a carga positiva distribui-se por sua esfera, enquanto que as cargas negativas encon-

tram-se em um único ponto.

352
Seção 3
A ciência em constante evolução:
A descoberta das radiações e
o experimento de Rutherford

Um novo fato, no ano de 1895, veio revolucionar os estudos de investigação do átomo. Na noite de 8 de no-

vembro, Wilhelm C. Röntgen (1845-1923) descobriu os raios X. Estes raios possuem alta capacidade de penetração e

são capazes de atravessar quase todo o tipo de matéria. Eles são provenientes de alguns elementos radioativos, os

quais não são carregados eletricamente.

Apesar de descoberta apenas em 1895, o homem sempre conviveu com a radioatividade. Na superfície ter-

restre, pode ser detectada energia proveniente de raios cósmicos e da radiação solar ultravioleta. Nas rochas, encon-

tramos elementos radioativos (como o urânio-238) e até mesmo em vegetais e em nosso sangue, e ossos pode ser

detectada a radioatividade (as batatas e os nossos ossos, por exemplo, contêm potássio-40, um elemento radioativo).

A maioria dos elementos, no entanto, não apresenta esta característica. Porém, Röntgen percebeu que estes

raios atravessavam facilmente o corpo humano, só encontrando alguma resistência nos ossos. Hoje, estes raios são

de extrema importância na investigação de fraturas ósseas, permitindo um diagnóstico que antes só poderia ser feito,

abrindo um indivíduo que tivesse sofrido um trauma ósseo.

Outra partícula radioativa, descoberta mais tarde, e de fundamental importância na investigação do átomo, foi

a partícula alfa. Esta partícula não tinha um grande poder de penetração, uma vez que era bem mais pesada que os

raios X (e por consequência que os elétrons também) e, além disso, era carregada positivamente.

Estas partículas, por serem tão pequenas quanto o átomo, poderiam ser de grande ajuda para compreender o

interior desse. Sendo assim, Ernest Rutherford (1871-1937), aluno de Thomson e um importante investigador destas

partículas, em 1911, decidiu utilizar uma delas para investigar o átomo.

A ideia dele era utilizar as partículas alfa como minúsculos projéteis em átomos de ouro (ele utilizou uma lâmi-

na deste elemento). Ele esperava que estas passassem direto pelo “pouco compacto” átomo de Thomson e iluminas-

sem uma tela, posicionada além da lâmina de ouro.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 353


Figura 7: Experimento de Rutherford, no qual a maioria das partículas alfa atravessa a placa de ouro. No entanto, algumas
poucas partículas não conseguem atravessá-la.

Os resultados mostravam que a maioria absoluta das partículas alfa passava pela placa, porém algumas poucas

ricocheteavam e outras eram refletidas em um ângulo de 180º. Estes resultados mostravam que a o átomo não era

tão “pouco compacto” como dissera Thomson. E mais: existia uma região pequena no seu interior responsável por

“rebater” a partícula de volta para onde ela saiu.

Ricochetear
Quando um projétil salta ou é refletido após um choque. No caso da experiência de Rutherford, as partículas alfa chocam-se
com a lâmina de ouro.

Figura 8: Representação esquemática do experimento de Rutherford. Pode-se observar (à esquerda) que, no modelo de
Thomson, não se esperava uma reflexão das partículas alfa. No entanto, Rutherford observou tal evento, permitindo uma
nova conclusão sobre a estrutura do átomo.

354
Face aos resultados de seu experimento, Rutherford elaborou uma nova proposta de modelo atômico que

explicasse estes novos fatos. Rutherford propôs que o átomo ainda fosse esférico, porém com uma pequena região

central que concentrasse toda sua carga positiva, denominada núcleo. Esta região seria a responsável pelos desvios (e

até mesmo reflexão total!!) das partículas alfa, uma vez que cargas de mesmo sinal repelem-se.

Além disso, propôs que os elétrons estariam ocupando a maior parte do espaço em uma região periférica,

denominada eletrosfera. Isto permitiria que as partículas alfa passassem facilmente, uma vez que sua massa era muito

maior que a dos elétrons. Este modelo, que em muito se assemelha ao sistema solar, no qual os planetas giram em

torno do Sol, ficou conhecido como “modelo planetário”.

Periférica

É a região que está afastada do centro.

Rutherford nomeou as partículas positivas, localizadas no núcleo de prótons e estabeleceu os seguintes

postulados:

ƒƒ Átomos são constituídos por núcleos de carga positiva e pela eletrosfera de carga negativa.

ƒƒ O volume do núcleo é significativamente menor que o volume do átomo.

ƒƒ A massa de um átomo está situada predominantemente no núcleo.

ƒƒ Os elétrons pouco contribuem para o somatório total da massa de um átomo.

Então temos a substituição do modelo anterior (de Thomson) pelo modelo de Rutherford:

Figura 9: Substituição do modelo de Thomson pelo de Rutherford.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 355


A descoberta dos raios X
Foi o físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) quem detectou
pela primeira vez os raios X, que foram assim chamados, devido ao desco-
nhecimento, por parte da comunidade científica da época, a respeito da
natureza dessa radiação.

Ao lado, segue uma foto intitulada Hand mit Ringen (Mão com
anéis): a primeira de Wilhelm Röntgen referente à mão de sua espo-
sa, tirada em 22 de dezembro de 1895 e apresentada ao Professor
Ludwig Zehnder, do Instituto de Física da Universidade de Freiburg,
em 1 de janeiro de 1896.

Rutherford: saiba um pouco mais sobre sua história e seus experimentos


Assista a um excelente vídeo sobre os experimentos, realizados por Rutherford. O link http://www.you-
tube.com/watch?v=HRmdkAAoZ5M remete ao terceiro capítulo de uma excelente reportagem feita
pela BBC sobre o desenvolvimento dos modelos atômicos.

Veja, depois, uma animação sobre o experimento de Rutherford no link http://www.youtube.com/


watch?v=ocJctcoYmXI.

356
Reproduzindo a experiência de Rutherford

Em 1909, Geiger e Marsden realizaram, no laboratório do professor Ernest Ruther-

ford, uma série de experiências que envolveram a interação de partículas alfa com a maté-

ria. Às vezes, esse trabalho é referido como “Experiência de Rutherford”. O desenho a seguir

esquematiza as experiências, realizadas por Geiger e Marsden.

Uma amostra de polônio radioativo (Po) emite partículas alfa que incidem sobre

uma lâmina muito fina de ouro (Au). Um anteparo de sulfeto de zinco (ZnS) indica a traje-

tória das partículas alfa, após terem atingido a lâmina de ouro, uma vez que, quando elas

incidem na superfície de ZnS, ocorre uma cintilação.

Cintilação
No caso do experimento de Geiger e Marsden, é a emissão de luz que se dá quando a partícula alfa
incide sobre a superfície de sulfeto de zinco.

a. Descreva os resultados que deveriam ser observados nessa experiência, se hou-

vesse uma distribuição homogênea das cargas positivas e negativas no átomo.

b. Descreva os resultados efetivamente observados por Geiger e Marsden.

c. Descreva a interpretação dada por Rutherford para os resultados dessa experiência.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 357


Identificando as principais ideias dos modelos atômicos

A partir do século XIX, a concepção da ideia de átomo passou a ser analisada sob

uma nova perspectiva: a experimentação. Com base nos dados experimentais disponíveis,

os cientistas faziam proposições a respeito da estrutura atômica. Cada nova teoria atômica

tornava mais clara a compreensão da estrutura do átomo.

Com base nos modelos atômicos, faça a correta associação entre o nome do cientis-

ta, a fundamentação de sua proposição e a estrutura atômica que propôs.

Nome do cientista Fundamentação da proposição Estrutura atômica


( ) Experimentos com raios catódicos, que ( ) O átomo deve ser um
foram interpretados como um feixe de par- fluido homogêneo e quase
I – John Dalton tículas carregadas negativamente denomi- esférico, com carga positi-
nadas elétrons, os quais deviam fazer parte va, no qual estão dispersos
de todos os átomos; uniformemente os elétrons;
( ) O átomo é constituído
por um núcleo central posi-
tivo, muito pequeno em re-
( ) Leis ponderais que relacionavam entre
lação ao tamanho total do
II – J.J.Thomson si as massas de substâncias participantes
átomo, porém com grande
de reações;
massa, ao redor do qual or-
bitam os elétrons com car-
ga negativa;
( ) Os átomos são as unida-
des elementares da matéria
( ) Experimentos, envolvendo o fenômeno
III – Ernest Rutherford e comportam-se como se
da radioatividade;
fossem esferas maciças, in-
divisíveis e sem cargas.

Como vimos, a ciência está em constante transformação!

Muito do que se acreditava no século XVIII se mostrou incompleto na explicação de fatos, trazidos no desen-
volvimento de novas tecnologias. E, apesar das transformações pelas quais o modelo atômico sofreu, ainda não che-

358
gamos ao modelo atual. Sendo assim, é importante continuarmos com o desenrolar das pesquisas que se seguiram

a estas que você aprendeu nesta unidade, pois elas permitirão identificar as partículas que compõem os átomos e

diversas outras de suas características. É o que veremos na próxima unidade.

Resumo

ƒƒ Os antigos filósofos gregos, a partir da observação dos processos de transformações na natureza, elabora-

ram concepções filosóficas que levaram à elaboração das primeiras teorias atômicas.

ƒƒ A partir daí, houve uma série de procedimentos e etapas que levaram a mudança dos modelos atômicos

desde Dalton até Ernest Rutherford, cada qual com suas características. São eles:

ƒƒ Modelo de Dalton – Os átomos são esferas, homogêneas, maciças, indivisíveis e sem carga.

ƒƒ Modelo de Thomson – Os átomos são esferas gelatinosas, carregadas positivamente com pequenos pon-

tos espalhados, uniformemente carregados negativamente. Estes pequenos pontos foram chamados de

elétrons.

ƒƒ Modelo de Rutherford – Os átomos são constituídos por duas regiões central e periférica. A região central

(denominada núcleo) é carregada positivamente e nela está localizada a maior parte de sua massa. A região

periférica (denominada eletrosfera) contém pequenas partículas carregadas negativamente, e constante

movimento, e de massa desprezível. O tamanho do núcleo é desprezível, quando comparado a eletrosfera.

Veja ainda!

Aqui vai uma dica para você se aprofundar em um assunto importante desta unidade:

ƒƒ O link qnesc.sbq.org.br/online/qnesc02/historia.pdf remeterá a um excelente artigo sobre a descoberta da

radioatividade e suas implicações na época.

Referências

ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Professor, Edusp, 2002.

ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Aluno, Edusp, 2002.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 359


ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: convergência

de saberes (Idade Média). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2003.

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas

do mundo ao universo-máquina (séculos Xv a XVII). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004.

ƒƒ HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica. Rio de Janeiro, Jorge

Zahar Editor, 1994.

ƒƒ WYNN, C. M. Cinco Maiores Ideias da Ciência, As. Editora Prestígio.

ƒƒ ROBERTS, R. M. Descobertas Acidentais em Ciências, Papirus, 1995.

360
Atividade 1

Faça a atividade experimental e tente responder às questões com suas palavras.

Atividade 2

(V) A balança permitiu avaliar precisamente a variação de massa nas transformações

da matéria.

(V) Este é o primeiro postulado de Dalton, o qual foi apoiado por Thomson.

(F) De acordo com Dalton e Thomson, o que diferenciava os átomos eram suas res-

pectivas massas.

(F) Dalton ainda não tinha em mente a existência da eletricidade e das cargas elétri-

cas, portanto não podia afirmar tal coisa.

(V) Este é o modelo de Thomson.

Atividade 3

a. As partículas passariam de forma uniforme. Elas poderiam, no máximo, sofrer

um leve desvio de sua trajetória, mas nunca refletir em um ângulo de 180°.

b. Os resultados mostravam que a maioria absoluta das partículas alfa passava

pela placa, porém algumas poucas ricocheteavam e outras eram refletidas

em um ângulo de 180º.

c. Estes resultados mostravam que a o átomo não era tão “pouco compacto”

como dissera Thomson. E mais: existia uma região pequena no seu interior

responsável por “rebater” a partícula de volta para onde ela saiu.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 361


Atividade 4

Nome do cientista Fundamentação da proposição Estrutura atômica


( II ) Experimentos com raios catódicos, que ( II ) O átomo deve ser um
foram interpretados como um feixe de par- fluido homogêneo e quase
I – John Dalton tículas carregadas negativamente denomi- esférico, com carga positi-
nadas elétrons, os quais deviam fazer parte va, no qual estão dispersos
de todos os átomos; uniformemente os elétrons;
( III ) O átomo é constituído
por um núcleo central posi-
tivo, muito pequeno em re-
( I ) Leis ponderais que relacionavam entre
lação ao tamanho total do
II – J.J.Thomson si as massas de substâncias participantes
átomo, porém com grande
de reações;
massa, ao redor do qual or-
bitam os elétrons com car-
ga negativa;
( I ) Os átomos são as unida-
des elementares da matéria
( III ) Experimentos, envolvendo o fenôme-
III – Ernest Rutherford e comportam-se como se
no da radioatividade;
fossem esferas maciças, in-
divisíveis e sem cargas.

362
O que perguntam por aí?
Questão 1

(Enem 2002)

“Quando definem moléculas, os livros geralmente apresentam conceitos como: “a menor parte da substância

capaz de guardar suas propriedades”. A partir de definições desse tipo, a idéia transmitida ao estudante é a de que o

constituinte isolado (moléculas) contém os atributos do todo.

É como dizer que uma molécula de água possui densidade, pressão de vapor, tensão superficial, ponto de

fusão, ponto de ebulição etc. Tais propriedades pertencem ao conjunto, isto é, manifestam-se nas relações que as

moléculas mantêm entre si.”

(Adaptado de OLIVEIRA, R. J. “O Mito da Substância”. Química Nova na Escola, nŽ 1, 1995.)

O texto evidencia a chamada visão substancialista que ainda se encontra presente no ensino da Química. A

seguir estão relacionadas algumas afirmativas pertinentes ao assunto.

I. O ouro é dourado, pois seus átomos são dourados.

II. Uma substância “macia” não pode ser feita de moléculas “rígidas”.

III. Uma substância pura possui temperaturas de ebulição e fusão constantes, em virtude das interações entre

suas moléculas.

IV. A expansão dos objetos com a temperatura ocorre porque os átomos se expandem.

Dessas afirmativas, estão apoiadas na visão substancialista criticada pelo autor apenas.

a) I e II

b) III e IV

c) I, II e III

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 363


d) I, II e IV

e) II, III e IV

Respostas Esperadas

1. Resposta: Letra D.

Comentário: As afirmativas I, II e IV, estão baseadas na visão substancialista atrelada à teoria dos elementos,

que atribui as propriedades de uma substância também a moléculas individuais. A afirmativa III está fora do contexto,

pois se relaciona com as propriedades da substância como um todo e não com as suas unidades constituintes.

364
CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

www.visaoedu.com.br
Use protetor
solar!
Para início de conversa...

Quando Rutherford formulou o seu modelo atômico, conforme você estu-

dou na unidade anterior, não levou em consideração uma força natural que nos

rodeia a todo momento. Observe a paisagem a seguir, e tente imaginar de qual

força estamos tratando:

Figura 1: Além de um refrescante banho de mar, o que buscamos, em um dia ensolara-


do, à beira de uma praia?
Fonte: http://www.flickr.com/photos/over_kind_man/3180645952/ - Mike Vondran

Se você respondeu que a força é a luz solar, acertou em cheio! O nosso

país, por se encontrar em uma posição geográfica próxima aos trópicos, recebe

uma grande incidência de raios solares. Por isso, em muitas cidades brasileiras, é

possível aproveitar um gostoso banho de Sol.

No entanto, é importante que tenhamos muito cuidado com o recebimen-

to dessa luz, pois existem diversos tipos de radiações que são emitidas pelo Sol.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 365


Uma delas é a radiação ultravioleta. Esta é absorvida por nossa pele e, em um primeiro momento, provoca o bron-

zeamento. No entanto, caso seja recebida em excesso, pode causar queimaduras, e, a longo prazo, envelhecimento

precoce da pele e até câncer!

Para evitar tais malefícios, sem deixar de receber a agradável presença da luz solar em sua pele, é recomendado

o uso do protetor solar. Ele contém diversas substâncias que agem como filtros, impedindo a ação destruidora dos

raios ultravioletas em nossa pele.

Mas não é só nos raios solares que as radiações estão presentes.

Em nosso dia a dia, lidamos com várias outras formas de radiações eletromagnéticas. Por exemplo, ao aque-

cermos um alimento no micro-ondas, usamos outra forma de radiação – as micro-ondas. Quando você vai ao hospital

fazer uma radiografia (ou “tirar uma chapa”), você entra em contato com outra forma de radiação – os raios X.

Nesta unidade, vamos verificar que o conhecimento da natureza dos diversos tipos de radiações foi importan-

te na evolução dos modelos atômicos.

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Identificar as principais características do modelo atômico de Bohr.

ƒƒ Diferenciar as diferentes partículas que compõem o átomo, localizando-as e quantificando-as.

ƒƒ Distinguir átomos isótopos.

ƒƒ Aplicar a distribuição eletrônica de um átomo como uma forma de identificá-lo.

366
Seção 1
Neon

Nada resiste ao neon


Das luzes da cidade
Derrubam muros
Cativam almas
Ávidas pela claridade
Pedro Du Bois

A Poesia de Pedro Du Bois retrata o fascínio que temos pelas luzes de neon (Figura 2). Mas qual a relação

existente entre elas e os modelos atômicos? Podemos afirmar que a existência destas luzes é uma comprovação do

modelo atômico de Bohr, desenvolvido pelo cientista Niels Bohr, em 1913. Quer saber o porquê?

Figura 2: Encontramos as luzes neon, por exemplo, colorindo as noites das cidades. São fascínios aos olhares perdidos!
Fonte: http://www.flickr.com/photos/mag3737/519410665/ - Tom Magliery

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 367


O modelo atômico de Rutherford, sobre o qual falamos na unidade "Caminhando pela estrada que investiga

do quê somos feitos", pouco durou no meio científico, uma vez que não justificava o fato dos elétrons, em movimento

ao redor do núcleo, perderem energia, sendo atraídos diretamente pelo núcleo, o que causaria o colapso do átomo.

Além disso, os cientistas procuravam uma explicação para o fenômeno da emissão de luzes de diferentes cores, quan-

do os átomos eram estimulados por descargas elétricas. Você já deve ter observado alguns exemplos desse fenôme-

no, como o da Figura 2. Sendo assim, o modelo planetário de Rutherford tinha que ser revisto.

Em 1913, então, Niels Bohr (1885-1962) elaborou um modelo que poderia explicar essa emissão de luz. Segun-

do Bohr, existiriam diferentes órbitas para os elétrons; cada uma delas estaria associada a uma quantidade de energia

específica. Quando um determinado elétron recebesse um estímulo energético, ele saltaria para uma órbita diferente,

de maior energia.

Claro que essa nova condição não seria a mais “confortável” para o elétron, uma vez que essa não era sua situ-

ação original. Assim, tão logo o estímulo pare, o elétron volta à sua posição original, liberando a energia recebida na

forma de luz.

Você pode ter percebido, na Figura 2, que os letreiros possuem cores diferentes, certo? Isso se dá, pois os di-

ferentes átomos possuem quantidades diferentes de elétrons, que, por sua vez, se encontram em órbitas diferentes.

Logo, as quantidades de energia envolvidas são distintas, ocasionando luzes diferentes.

Os principais postulados de Bohr são:

ƒƒ Os elétrons se movem ao redor do núcleo do átomo, em órbitas.

ƒƒ Os elétrons só podem se mover em órbitas determinadas e essa mudança só acontece se houver variação de
energia.

ƒƒ Um elétron que se move na mesma órbita não emite energia.

Graças ao modelo atômico de Bohr é possível explicar mais fenômenos químicos e físicos que o de Rutherford.

Assim, temos a substituição do modelo planetário pelo de Bohr. Como este último modelo estabelece quantidades

específicas de energia para as órbitas onde estão situados os elétrons, ele ficou conhecido como “modelo quântico”.

368
Figura 3: Substituição do modelo de Rutherford pelo de Bohr. Observe que os dois modelos são muito parecidos. A diferença
reside na possibilidade de o elétron mudar de órbita de acordo com a quantidade de energia contida nele. Em função da
semelhança entre estes dois modelos alguns autores denominam este modelo atômico, de Rutherford-Bohr.

Como você estudou até agora, nesta e na unidade anterior, diversos modelos atômicos foram propostos ao

longo do tempo. A Figura 4 representa a linha de tempo da evolução histórica dos modelos atômicos. Observe que

na linha de cima estão os modelos propostos na época e na linha de baixo os eventos que desencadearam a reformu-

lação dos modelos anteriores.

Figura 4: Ao longo da história científica, novas experiências e achados foram realizados, novos modelos foram elaborados.
Fonte: Claudio Costa Vera Cruz

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 369


Bohr e seu modelo quântico
O link http://www.youtube.com/watch?v=16rze5ru9kk remete a uma excelente animação sobre de-
senvolvimento do modelo de Bohr.

Uma aplicação prática do modelo de Bohr é o teste de chama. Ele consiste em aquecer determina-
dos materiais observando as cores emitidas de forma a identificar elementos existentes. O princípio é
o mesmo observado nos fogos de artifício. O link http://www.youtube.com/watch?v=qsNhxzFKh0I é
uma demonstração excelente desse método.

Aplicações do modelo de Bohr

O laser (do inglês, Light Amplification by Stimulation Emission of Radiation – amplificação

da luz pela estimulação da emissão de radiação) é um dispositivo que amplia a absorção e

a emissão de energia pelos átomos, quando seus elétrons mudam de estados energéticos.

370
Sabendo disso e, após estudar esta primeira seção da unidade, responda: a qual mo-

delo atômico esse fenômeno está associado? Justifique brevemente a sua resposta.

Seção 2
Grandezas atômicas! Criando uma identidade

Ao longo da investigação dos modelos atômicos, muitos cientistas tiveram importante papel na sua confirma-

ção. Um deles, James Chadwick, descobriu, em 1932, uma terceira partícula, além do elétron e do próton, semelhante

a esse último, porém sem carga elétrica. Por esse motivo, tal partícula foi denominada nêutron.

O nêutron, assim como o próton, se encontrava no núcleo e a sua função estava relacionada à manutenção da

estabilidade deste. Uma grande quantidade de cargas positivas (prótons) em um reduzido espaço trazia uma enorme

instabilidade a este mesmo núcleo. Assim sendo, o modelo atômico do início do século XX fica da seguinte forma:

Tabela 1: Há três partículas formadoras do átomo, que apresentam massa, carga e localização próprias. Entenda que os
valores de massa são relativos, ou seja, a massa de um próton é igual à de um nêutron e é muito maior que a de um elétron.
Foi necessário atribuir massas relativas a essas partículas atômicas, uma vez que seus valores, em gramas, são infinitamente
pequenos!

Partícula Carga elétrica Massa Localização


Elétron Negativa Próximo a zero Eletrosfera

Próton Positiva 1 Núcleo

Nêutron Não possui 1 Núcleo

Fonte: Claudio Costa Vera Cruz

Hoje sabemos que existem outras subpartículas no núcleo como quarks e glúons. A pesquisa destas partículas

faz parte do trabalho de químicos e físicos teóricos na área da química.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 371


A massa de um átomo, portanto, é resultado da soma de todas as partículas que o constituem. No entanto,

como a massa do elétron é desprezível, podemos dizer que a massa de um átomo é a soma do total de prótons e

nêutrons. A massa de um átomo é chamada “número de massa” e tem o símbolo A como forma de identificação; en-

quanto que o número de prótons é chamado “número atômico” e seu símbolo é Z. Observe a Tabela 2:

Tabela 2: Há duas representações das grandezas atômicas: número de massa (A) e número atômico (Z).

Grandeza atômica Símbolo O que representa?


Número de massa A A massa total de um átomo

Número atômico Z O número de prótons de um átomo

Fonte: Claudio Costa Vera Cruz

As fórmulas a seguir relacionam as partículas nucleares às grandezas atômicas.

A=p+n ou A=Z+n

Onde A é o número de massa, Z o número atômico, p é o número de prótons e n é o número de nêutrons.

Muito cuidado!
Os átomos são eletricamente neutros, por isso dizemos que:

Z=p=e

Isso significa que o número de cargas positivas (prótons) é igual ao número de cargas negativas
(elétrons).

Quem é você? Identificando o átomo

A figura a seguir representa um átomo que possui número de nêutrons igual a 8. A

partir deste dado, determine a quantidade de prótons existente neste átomo bem como

seu número de massa.

372
Seção 3
Alguns átomos podem parecer iguais, mas
são diferentes!

A seguir, você pode observar a representação de alguns átomos fictícios. Veja a possível localização dos núme-

ros de massa e atômico destes átomos. Estes números são uma importante informação que permite a identificação

de um átomo:

Z
XA; XZA ; A
Z
X

Observe que o símbolo X é utilizado para representar um átomo qualquer. Os químicos desenvolveram uma

linguagem própria para diferenciar os elementos através de seus símbolos. Os símbolos de um elemento químico são

siglas e estas devem conter, no máximo, duas letras sendo a primeira necessariamente maiúscula e a segunda, quando

houver, minúscula. A Tabela 3 apresenta alguns átomos e seus símbolos:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 373


Tabela 3: Elementos químicos e seus símbolos.

Elemento Símbolo Elemento Símbolo


Ferro Fe Enxofre S

Cobalto Co Sódio Na

Carbono C Potássio K

Oxigênio O Ouro Au

Sabendo disso, vamos fazer uma breve atividade com a Tabela 4. Ela apresenta alguns tipos de átomos com

as partículas constituintes de seus respectivos núcleos. Para certos átomos, no entanto, como você pode ver, faltam

dados. Então, baseado no que você acabou de estudar, que tal completar os espaços em branco da tabela? Siga o

exemplo que consta na primeira linha:

Tabela 4: A tabela a seguir representa as principais características de alguns átomos. Observe que os espaços vazios podem
ser preenchidos através das informações fornecidas. Então, mãos à massa!

Nome do Número de Número de N ú m e r o Número de


Símbolo Representação
elemento prótons nêutrons atômico massa
Carbono C 6 6 6 12 12
6
C

Carbono C 6 8 6 14 14
6
C

Oxigênio 8 8

Oxigênio O 8 17
8 O

Urânio U 92 235

Urânio 238
92
U

Você percebeu que foram colocados dois átomos de diferentes elementos químicos? Dois átomos do elemen-

to carbono, dois átomos do elemento oxigênio e dois átomos do elemento urânio.

Pense um pouco mais sobre a tabela que você preencheu. Você saberia dizer qual a semelhança entre as partí-

culas dos dois átomos de cada elemento representados acima?

A Tabela 4 indica uma importante semelhança entre os átomos de um mesmo elemento químico. Eles pos-

suem o mesmo número de prótons, ou seja, o mesmo número atômico.

374
Mas eles possuem também uma importante diferença entre si: o número de nêutrons. Isso, por sua vez, ocasio-

na diferentes números de massa. Nesses casos, dizemos que esses átomos são isótopos.

Isótopos
São átomos com o mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa, devido a diferentes quantidades de nêu-
trons em seus núcleos.

Veja os exemplos que você encontrou na Tabela 4. São isótopos os átomos:

São isótopos?

A tabela seguinte fornece o número de prótons e nêutrons existentes no núcleo de

alguns átomos, representados pelas letras de A até D.

Átomos Nº de prótons Nº de nêutrons


A 34 45
B 35 44
C 33 42
D 34 44

Considerando os dados desta tabela, o átomo isótopo de A e o átomo que tem o

mesmo número de massa de A são, respectivamente:

a. DeB

b. CeD

c. BeC

d. BeD

e. CeD

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 375


Seção 4
A organização dos elétrons

Como comentado anteriormente, o modelo atômico de Bohr estabelecia que cada elétron ocupa uma posição

definida e única no átomo. A princípio, as investigações científicas indicaram a existência de sete camadas (ou níveis)

possíveis para acomodar os elétrons em volta do núcleo. Estas camadas foram identificadas por letras e existe um

número máximo de elétrons em cada camada, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5: Observe a quantidade máxima de elétrons que podem existir em cada camada. É importante sabermos que, con-
forme o átomo possui mais elétrons, eles vão preenchendo mais camadas.

Isso significa que, se um átomo possuir três elétrons, dois deles estarão na camada K e o elétron restante ficará

na próxima camada, que é a L.

Por exemplo, um átomo possuidor de 13 elétrons terá em sua distribuição eletrônica: 2 elétrons em K, 8 elé-

trons em L e 3 elétrons em M. Observe que a soma dos elétrons existentes nas três camadas (2+8+3) terá sempre de

ser igual ao total de elétrons que o átomo possui (13).

Vamos ver mais exemplos?

Exemplo 1

Como é a distribuição dos elétrons em camadas de um átomo com 4 elétrons (berílio)?

Como o berílio possui apenas 4 elétrons, iremos preencher a primeira camada (K) com 2 elétrons restando,

apenas, dois elétrons que serão alocados na próxima camada (L). Portanto, sua distribuição ficará assim:

K- 2

L- 2

Exemplo 2

Como é a distribuição dos elétrons em camadas de um átomo com 11 elétrons (sódio)?

Como o sódio possui 11 elétrons, iremos preencher a primeira camada (K) com 2, restando, apenas, 9. Desses 9

elétrons, 8 serão alocados na camada L e apenas 1 será alocado na camada M. Portanto:

376
K- 2

L- 8

M- 1

Pesquisas posteriores à de Bohr observaram que existiam, ainda, subdivisões dessas camadas, denominadas

subcamadas (ou subníveis). Elas foram identificadas por um número e uma letra conforme a tabela a seguir:

Tabela 5: A organização dos elétrons na eletrosfera se dá tanto por camadas (primeira coluna) quanto por subcamadas ou
subníveis (terceira coluna).

Níveis ou camadas Nº máximo de elétrons subníveis


K 2 1s2

L 8 2s2 2p2

M 18 3s2 3p6 3d10

N 32 4s2 4p6 4d10 4f14

O 32 5d2 5p6 5d10 5f14

P 18 6s2 6p6 6d10

Q 2 7s2

A distribuição de elétrons é de fundamental importância, uma vez que ela determina as características quími-

cas dos respectivos átomos.

Sua vez de distribuir os elétrons!

Faça as distribuições eletrônicas em camadas dos átomos que possuem os seguin-

tes números atômicos:

a. Z= 6

b. Z= 13

c. Z= 18

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 377


É importante que você saiba que nenhum elemento químico possui a mesma organização eletrônica de outro.

No universo da Química, cada um dos elementos possui sua assinatura única e intransferível. É como se fosse uma

impressão digital que possibilitasse o reconhecimento deste elemento em qualquer situação, e é com base neste

princípio que os químicos irão organizar todos os elementos que compõem a matéria.

Mas apesar de você já saber como, não se preocupe em organizar esses elétrons nas subcamadas, ao menos

por enquanto. Apenas tenha em mente que é possível elaborar a distribuição eletrônica para cada elemento químico

existente no universo e que, dependendo do resultado, pode-se prever suas características em função dessa distribui-

ção. Bom, mas isso já é assunto para as próximas unidades!

Na unidade “Elementos Químicos: os ingredientes do nosso mundo”, você será apresentado à Tabela Periódica.

Em meio às descobertas de características que permitiam a identificação dos átomos, muitos deles foram sendo re-

conhecidos. Surgiu daí a necessidade de se buscar por padrões que permitissem desenvolver formas de organizá-los.

Ficou curioso? Então, até lá!

Resumo

ƒƒ O modelo atômico atual é o de Bohr (também conhecido como Rutherford-Bohr). Nesse modelo, os elé-

trons giram ao redor do núcleo em órbitas, as quais apresentam diferentes valores de energia.

ƒƒ Os elétrons podem mudar de órbita desde que recebam ou percam energia.

ƒƒ A massa de um átomo (representada pelo símbolo A) é a soma da quantidade de prótons e nêutrons. Essas
partículas estão situadas no núcleo.

ƒƒ A quantidade de prótons de um átomo é denominada número atômico e seu símbolo é Z.

ƒƒ Em um átomo neutro, a quantidade de prótons é igual à quantidade de elétrons.

ƒƒ Átomos que apresentam a mesma quantidade de prótons são chamados isótopos.

ƒƒ Os elétrons estão distribuídos em sete camadas denominadas por letras (K, L, M, N, O, P, Q) e essas camadas

são subdivididas em subcamadas (também chamada subníveis) denominadas s, p d e f.

Referências

ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Professor, Edusp, 2002.

378
ƒƒ QUIMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações, V.3 – Livro do Aluno, Edusp, 2002.

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: convergência

de saberes (Idade Média). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2003.

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência Moderna: das máquinas

do mundo ao universo-máquina (séculos Xv a XVII). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004.

ƒƒ HUILLIER, Pierre. De Arquimedes à Einstein: a face oculta da invenção científica. Rio de Janeiro, Jorge

Zahar Editor, 1994.

ƒƒ WYNN, C. M. Cinco Maiores Ideias da Ciência, As. Editora Prestígio.

ƒƒ ROBERTS, R. M. Descobertas Acidentais em Ciências, Papirus, 1995.

ƒƒ http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1554104, acessado em 06/03/2012, às 17:31.

Atividade 1

Ao modelo atômico de Bohr, uma vez que este prevê a possibilidade do elétron mu-

dar de posição (órbita), de acordo com sua variação de energia.

Atividade 2

Na figura, existem 9 bolas pretas e 8 bolas brancas no núcleo do átomo. Na eletrosfe-

ra, percebemos a existência de 8 elétrons. Logo, as bolas brancas são os prótons (lembre-se

de que, em um átomo, os números de prótons e elétrons são iguais) e as pretas os nêutrons.

O número de massa é a soma dos nêutrons e dos prótons, ou seja:

A=9+8

A = 17

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 379


Atividade 3

Letra A.

Observe que o átomo isótopo de A terá que apresentar o mesmo número de pró-

tons que ele, portanto este é o átomo D. Para achar o átomo com o mesmo valor de massa

de A devemos somar as duas colunas e verificar qual irá apresentar o mesmo valor (79);

apenas o átomo B satisfaz esta condição.

Atividade 4

a. K- 2

L- 4

b. K- 2

L- 8

M- 3

c. K-2

L- 8

M- 8

380
O que perguntam por aí?
Questão 1

(UFG 2006)

Observe o trecho da história em quadrinhos a seguir, no qual há a representação de um modelo atômico para

o hidrogênio.

Qual o modelo atômico escolhido pelo personagem no último quadrinho? Explique-o.

Comentário: O modelo atômico apresentado é o modelo de Rutherford-Bohr. Neste modelo, os elétrons giram

em torno do núcleo, em níveis específicos de energia, chamados camadas. No caso do modelo do átomo de hidro-

gênio apresentado, pode-se observar que a órbita não é elíptica, e o elétron gira em torno do núcleo, em uma região

própria, ou em uma camada chamada camada K.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 381


Questão 2

(UFRGS 2001)

Uma moda atual entre as crianças é colecionar figurinhas que brilham no escuro. Essas figuras apresentam em

sua constituição a substância sulfeto de zinco. O fenômeno ocorre porque alguns elétrons que compõem os átomos

dessa substância absorvem energia luminosa e saltam para níveis de energia mais externos. No escuro, esses elétrons

retomam aos seus níveis de origem, liberando energia luminosa e fazendo a figurinha brilhar. Essa característica pode

ser explicada considerando o modelo atômico proposto por:

a) Dalton.

b) Thomson.

c) Lavoisier.

d) Rutherford.

e) Bohr.

Resposta: Letra E

Comentário: Apenas o modelo de Bohr prevê a emissão de energia por um átomo quando seu elétron volta

a ao seu orbital original.

382
CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


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Elementos
Químicos: os
ingredientes do
nosso mundo!
Para início de conversa...

Quantos elementos químicos existiam?

Esse era um dos questionamentos que muitos cientistas faziam na segun-


da metade do século XIX. E como você já estudou nas unidades anteriores, per-
guntas sem respostas sobre a natureza das coisas não faltavam. Mas, às vezes,
faltavam as ferramentas mais básicas para respondê-las.

Quando o químico francês Louis Pasteur (1822 – 1895) descobriu os mi-


crorganismos, muitos dos elementos químicos que hoje conhecemos ainda não
haviam sido descobertos.

Àquela altura, 63 elementos químicos eram conhecidos: o ouro e o cobre,


conhecidos desde os tempos pré-históricos, até o hélio (He), que fora recém-des-
coberto na atmosfera do Sol.

Mas como esses elementos ordenavam-se? Existia algum padrão para os


elementos? Muito pouco ainda se sabia deles; nem mesmo do que eram feitos!

O dilema era grande. Sabia-se que cada um desses elementos era formado
por átomos diferentes, com massas diferentes, mas alguns possuíam proprieda-
des químicas semelhantes. Tinha de haver um princípio norteador, um padrão,
que unisse as propriedades químicas e físicas.

Então, pensou-se em sua organização. Da mesma forma que você organiza

as roupas dentro do seu armário ou alguma coleção que você tenha, ou as suas

fotos, os químicos buscavam colocar os elementos químicos em ordem.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 383


Esse problema, então, seria resolvido em 1869, com um químico russo chamado Dimitri Mendeleev (1834-1907).
Partindo de um conjunto de informações, ele conseguiu achar um padrão para organizar os elementos e ainda fez previ-
sões que seriam testadas por experiências futuras. Assim, foi criada uma das grandes invenções da ciência: a Tabela Perió-
dica dos Elementos!

A busca desenfreada pelo conhecimento ainda perseguia


os cientistas. Foram várias descobertas, não só de outros ele-
mentos químicos, mas também de novos produtos: a indústria
química ganhava o seu espaço.

Em meados do século XIX, os químicos sabiam o suficien-

te sobre os diferentes elementos e compostos para começar a

sintetizar novas substâncias com propriedades especialmente

requeridas. A invenção dos primeiros corantes e dos plásticos iria

beneficiar as indústrias.

Era o nascer da ciência moderna. Uma fase incrível que

propiciaria um desenvolvimento científico e tecnológico que al- Figura 1: A ordem dos elementos. A busca por um
padrão assolava alguma das mentes mais brilhan-
teraria substancialmente a vida das pessoas. tes da ciência no século XIX.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Peridic_sys-
Quer saber um pouco mais dessa história? tem_showcase.jpg - Eduardo de Eugene.

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Reconhecer a formulação da Tabela Periódica dos Elementos Químicos;

ƒƒ Identificar a Tabela Periódica como uma fonte de informações sobre os elementos químicos;

ƒƒ Distinguir metais e não metais;

ƒƒ Localizar um elemento na Tabela Periódica;

ƒƒ Reconhecer os principais grupos da Tabela Periódica.

384
Seção 1
Organizando os elementos químicos

Nosso planeta foi criado a partir de 92 elementos químicos. Em unidades anteriores, você viu que tudo é in-

teiramente feito pela combinação desses elementos. No entanto, há um pouco mais de 200 anos, os cientistas não

tinham essa percepção. Eles não sabiam quantos elementos havia e quantos mais poderiam encontrar na Natureza.

Seria uma busca sem fim?

Como você também viu na Unidade 3, John Dalton (1766 – 1844) foi o primeiro a tentar por ordem no mundo

desordenado dos elementos com o seu modelo atômico.

O químico sueco Jöns Jacob Berzelius (1779 – 1848), um dos primeiros a aceitar a teoria atômica de Dalton, acha-

va que descobrir mais sobre a massa de cada elemento era, de alguma forma, de vital importância em sua ordenação.

Este solitário químico iniciou a sua busca: começou a medir a massa atômica de cada elemento conhecido

naquela época. Mas para isso, Berzelius teria de isolar e purificar cada um deles com extrema precisão. E isso estava

longe de ser um trabalho simples. Naquela época, muito pouco da aparelhagem química, necessária a um trabalho

com essa precisão, tinha sido inventada.

Na altura de 1818, ele já havia determinado as massas atômicas de 45 dos 49 elementos conhecidos na época,

analisando mais de 2000 compostos químicos.

Alguns dos seus resultados foram extremamente precisos, quando comparamos com os dados atuais. Mas,

naquela época, quando outros cientistas tentavam determinar as massas atômicas, chegavam a resultados comple-

tamente diferentes.

Apenas em 1860, na conferência de Karlswhe, na Alemanha, o químico italiano Stanislao Canizzaro (1826 –

1910) esclareceu a distinção entre átomos e moléculas e estabeleceu uma padronização para as massas atômicas.

O interessante desta busca pela medição correta das massas atômicas é que vários elementos químicos foram

descobertos na época, como o silício, o potássio e o alumínio.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 385


Mas o que é massa atômica mesmo?
Massa atômica é a massa dos átomos de um determinado elemento químico.

Da mesma forma que você se “pesa” em uma balança (determina a sua massa) comparando-a com um
padrão de referência (o quilograma), a determinação da massa do átomo é realizada através da com-
paração com um determinado padrão de referência (neste caso, outro átomo).

Vários padrões foram utilizados ao longo dos séculos: Dalton comparou o “peso” (a massa) de um de-
terminado átomo com o “peso” do átomo de hidrogênio. Já Berzelius escolheu o oxigênio como pa-
drão de referência. Hoje em dia, utilizamos o átomo de carbono isótopo 12 (ou seja, átomos de carbo-
no que possuem número de massa igual a 12). Você aprenderá mais sobre este assunto no módulo 2.

Para cada elemento descoberto, a mesma questão era proposta: como ordená-los, levando em consideração

as suas propriedades físicas e químicas? Os cientistas procuravam por padrões em toda a parte!

Ao procurar por tal resposta, muitos cientistas criaram teorias, ao longo do tempo. Alguns exemplos foram:

ƒƒ Döbereiner com a sua “Lei das Tríades”, em 1817;

ƒƒ Chancoutroirs com o seu “Parafuso Telúrico”, em 1862;

ƒƒ Newlands com a “Lei das Oitavas”.

Esses e outros cientistas tentaram, mas não obtiveram muito sucesso perante a comunidade científica da épo-

ca, pois elas não se aplicavam a todos os elementos conhecidos até então.

Apesar dessas tentativas frustradas de organização dos elementos, uma ideia tinha sido reforçada: as proprie-

dades dos elementos eram periódicas.

Periódicas

Que se reproduzem em intervalos iguais.

A ideia era simples: após certo número de elementos, chegava-se a um ponto em que as propriedades dos

elementos repetiam-se. As leis anteriores não funcionavam para todos os elementos conhecidos na época, pois nem

todos os elementos químicos tinham sido descobertos!

O homem que iria resolver esse dilema era um dos mais brilhantes químicos desde Lavoisier: Dmitri Mendeleev.

386
Uma pequena pausa para um vídeo...

Até aqui em nossa história, você viu que os cientistas descobriam vários elementos

químicos importantes e propunham teorias sobre a periocidade dos elementos químicos.

Aprenda um pouco mais sobre essas teorias, vendo o vídeo que se encontra na pá-

gina: http://www.tabelaperiodica.org/historia-da-tabela-periodica-antes-de-mendeleev/

O vídeo, dividido em duas partes, explica a ideia de periocidade das propriedades

dos elementos e como algumas teorias, mesmo não aceitas pela comunidade científica,

contribuíram para essa descoberta.

Sendo assim, escreva algumas linhas sobre como essas teorias, apesar de não esta-

rem completamente corretas, foram uma importante contribuição para a construção da Ta-

bela Periódica de Mendeleev. Você também pode acessar outras páginas da Internet para

contribuir com o seu estudo, indicando sempre a sua fonte de consulta.

Mendeleev: colocando fim ao caos

Os químicos usavam duas formas para agrupar os elementos: pelas

suas propriedades ou pela sua massa atômica. Mendeleev combinou bri-

lhantemente os dois, numa compreensão universal de todos os elemen-

tos, capaz de revelar um padrão oculto na estrutura da matéria. Foi uma

descoberta incrível!

Mendeleev gostava muito de jogar Paciência (um jogo com cartas

de baralho, onde se deve dispor em ordem todas as cartas, por naipe). Na

busca por um padrão dos elementos, ele criou cartas dos elementos, com

os seus símbolos e as suas propriedades. Ele ia mudando a ordem das car-


Figura 2: Dimitri Mendeleev, o gênio que
tas de lugar em busca de uma sequência correta. desenvolveu uma das mais belas criações da
ciência: a Tabela Periódica dos Elementos.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Mendeleiev.png?uselang=pt-br

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 387


O problema era que o baralho dos elementos estava incompleto: apenas pouco mais da metade dos elemen-

tos que hoje conhecemos tinha sido descoberta.

Conta a história que, cansado, após três dias sem dormir, tentando desvendar o problema, ele teria cochilado

e sonhado com os 63 elementos conhecidos, dispostos em uma grande tabela que os relacionava na ordem correta.

Ao acordar, em 17 de fevereiro de 1869, ele fez o primeiro esboço da tão sonhada Tabela Periódica dos Elementos.

O incrível da sua obra era, que para que a sua tabela funcionasse, ele deixou espaços vazios para os elementos

ainda desconhecidos. Veja na Figura 3 uma cópia do primeiro desenho publicado da Tabela Periódica.

Figura 3: A primeira versão da Tabela Periódica de


Mendeleev. Você pode perceber que ele deixava
pontos de interrogação onde faltavam elementos
químicos.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mendeleev
%27s_1869_periodic_table.png

Empregando diferentes métodos e analisando um grande número de substâncias, os químicos iam descobrin-

do novos elementos e, aos poucos, preenchendo os espaços, deixados por Mendeleev.

388
Quem foi Mendeleev?

Saiba um pouco mais sobre a vida desse

químico incrível e sobre a sua grande criação,

acessando a linha do tempo do museu virtual do

projeto Condigital da PUC-RJ.

O link para acessar a página na internet:

http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/

index.php?option=com_content&view=article&id=647&Itemid=56

Seção 2
A Tabela Periódica Atual

A Tabela Periódica dos Elementos sofreu vários rearranjos, após a descoberta original de Mendeleev. No entan-

to, as suas versões modernas continuam incontestavelmente baseadas na estrutura essencial, concebida por ele. Esta

foi capaz de incorporar quase o dobro do número de elementos, inclusive um grupo inteiramente novo.

Um jovem e brilhante físico inglês, Henry Moseley (1887 – 1915), teria um papel fundamental nessa história.

Ele achava que o segredo do átomo estava dentro do seu núcleo, no centro de cada átomo. Ele foi o primeiro a deter-

minar a quantidade de prótons dos átomos, o que é chamado de número atômico, como você estudou na Unidade

“Use protetor solar!”.

Moseley percebeu que era o número atômico e não a massa atômica que determinava a ordem dos elementos.

Com isso, a Tabela Periódica sofreu uma grande transformação e passou a ser escrita em ordem crescente de número

atômico.

Veja na Figura 4 como é a versão atual da Tabela Periódica.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 389


390
Figura 4 - Tabela Periódica atual.
Você deve estar imaginando: quantas informações há nessa Tabela!

Ela apresenta, dentro do quadradinho de cada elemento, uma série de valores e cores diferentes. Para você

saber que informações são essas, você terá sempre de consultar a legenda. Veja na Figura 5 a legenda, disponibilizada

na Tabela deste livro:

Figura 5 - A legenda de uma Tabela Periódica. Ela nos informa diversos dados sobre os elementos químicos. Neste caso, per-
ceba que o número atômico do elemento é o número encontrado na parte de cima do quadrado, o símbolo e o nome do
elemento no centro. Já a distribuição eletrônica encontra-se à direita.

E ainda há as diferentes cores! Isso nos permite identificar diversas informações, como: o estado físico do ele-

mento em condições padrões de temperatura e pressão pode ser percebido pela cor do símbolo de cada elemento:

gasoso (em azul), sólido (em preto) e líquido (em vermelho). Além disso, as cores de fundo dos quadradinhos diferen-

ciam os elementos em metais, não metais e gases nobres.

Perceba esta diferença na Figura 6. As cores informam-nos a classificação dos elementos, de acordo com as

características de suas substâncias simples.

Substâncias simples
São substâncias formadas com átomos de apenas um elemento químico. Por exemplo: gás oxigênio (O2) e gás hidrogênio (H2).

São diferentes das substâncias compostas que possuem átomos de diferentes elementos químicos, como a água – H2O – que é
formada por átomos do elemento químico hidrogênio (H) e átomos do elemento químico oxigênio (O).

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 391


Figura 6: Os Metais e não metais da Tabela: o maior número de elementos indica o grupo dos metais. Em verde, está desta-
cado o grupo dos gases nobres. Os elementos representados em amarelo correspondem ao hidrogênio (a direita) e aos não
metais (a esquerda).
Fonte: Andrea Borges

Como você pode perceber, a maioria dos elementos é classificada como metais. Você pode conhecer ou, ao

menos, ter ouvido falar de alguns deles: ferro, cobre, alumínio, ouro, prata, estanho etc. Esses elementos formam

substâncias simples que possuem características, como:

ƒƒ São sólidos à temperatura e pressão ambientes, com exceção do mercúrio, que é líquido;

ƒƒ Possuem um brilho característico;

ƒƒ São bons condutores de calor e eletricidade;

ƒƒ São dúcteis (se moldam facilmente) e maleáveis, ou seja, com eles podem ser preparados/obtidos fios e lâminas
de diferentes espessuras.

Já os não metais podem ser sólidos, líquidos e gasosos, e alguns são utilizados como isolantes térmicos e

elétricos.

Lembra-se que uma das importantes modificações feitas na Tabela Periódica, a partir das pesquisas de Mose-

ley, foi a distribuição dos elementos em ordem crescente dos números atômicos? Repare na sequência de números

atômicos apresentados na Figura 7:

392
Figura 7: A ordem crescente dos números atômicos. Perceba a sequência crescente – do menor para o maior – dos números
atômicos.
Fonte: Andrea Borges

Você também deve ter notado duas linhas separadas do corpo principal da Tabela (que estão representadas, na

Figura 7, pelas cores rosa e roxo). Eles correspondem a duas séries distintas de elementos: a dos lantanídeos (elemen-

tos de número atômico de 57 a 71) e os actinídeos (elementos de números atômicos de 89 a 103). Eles pertencem,

respectivamente, às quinta e sexta linhas; foram retirados apenas por uma questão de apresentação.

Em sua versão mais longa, a tabela periódica pode apresentar esses elementos como mostrado na Figura 8.

Figura 8: Tabela Periódica no formato mais longo. As séries dos lantanídeos e actinídeos estão inseridas no corpo principal
da tabela.
Fonte: Andrea Borges

Os elementos ainda podem ser classificados como elementos representativos (Famílias A) e elementos de tran-

sição (Famílias B). Os elementos pertencentes à série dos lantanídeos e actinídeos são chamados de elementos de

transição interna.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 393


Descobrindo os elementos

Encontre na Tabela Periódica dois elementos: o cobalto e o bromo. Descubra os

seus símbolos, números atômicos e outras características. Compare os dois elementos em

função das propriedades disponíveis.

Seção 3
Localizando um elemento químico

Você já jogou xadrez? Já brincou de batalha naval?

São jogos onde você usa um tabuleiro, dividido em quadrados. Cada um deles pode ser identificado pela linha

e coluna a qual pertence.

394
Figura 9: Em um jogo de xadrez, determina-se a localização de
uma peça de acordo com o quadrado que ele ocupa, identifi-
cando a linha (representada por um número) e a coluna (repre-
sentada por uma letra) que este está.
Fontes: http://www.sxc.hu/photo/1019383 - Kriss Szkurlatowski

Com a Tabela Periódica ocorre o mesmo. Cada elemento químico possui uma localização que indica alguma

das suas propriedades. Vamos compreender isso melhor?

Os Períodos da Tabela Periódica

As sete (7) linhas horizontais da tabela são chamados períodos. Veja alguns exemplos:

ƒƒ Na primeira linha horizontal, no 1° período, temos apenas dois elementos: o hidrogênio (1H) e o hélio (2He).

Veja-os em destaque na Figura 10.

Figura 10: Os elementos do primeiro período da Tabela Periódica. Apenas os elementos hidrogênio e o hélio fazem parte
deste período.
Fonte: Andrea Borges

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 395


ƒƒ No 2° período (segunda linha), temos oito elementos químicos. Você pode vê-los em destaque na Figura 11.

Figura 11: Os elementos do segundo período da Tabela Periódica. Nesse período, podemos encontrar os elementos lítio
(3Li), berílio (4Be), boro (5B), carbono (6C), nitrogênio (7N), oxigênio (8O), flúor (9F) e neônio (10Ne).
Fonte: Andrea Borges

ƒƒ Já no quarto período, são encontrados 18 elementos. (Figura 12).

Figura 12: Os elementos químicos presentes no quarto período da Tabela Periódica. Nesse período, são encontrados os
elementos: potássio (19K), cálcio (20Ca), escândio (21Sc), titânio (22Ti), vanádio (23V), crômio (24Cr), manganês (25Mn), ferro (26Fe),
cobalto (27Co), níquel (28Ni), cobre (29Cu), zinco (30Zn), gálio (31Ga), germânio (32Ge), arsênio (33As), selênio (34Se), bromo (35Br) e
criptônio (36Kr).
Fonte: Andrea Borges

396
ƒƒ E no nosso último exemplo na Figura 13: o sexto período, com 32 elementos químicos.

Figura 13: Os elementos químicos do sexto período. Não esqueça que os elementos da série dos lantanídios pertencem a
esta linha, resultando em um total de 32 elementos químicos.
Fonte: Andrea Borges

Os grupos da Tabela Periódica

As linhas verticais são chamadas Grupos ou Famílias de elementos químicos, indicando que os elementos pre-

sentes em uma mesma coluna possuem propriedades químicas semelhantes.

Podem ser indicados por duas formas: por uma numeração de 1 a 18, ou pelo conjunto de números e letras: 1A,

2A, 3B, 4B, em uma sequência própria.

Algumas dessas famílias de elementos recebem nomes especiais, devido as suas características químicas. Veja

na Tabela 1, quais são elas:

Tabela 1: Alguns Grupos (ou Famílias) de elementos químicos possuem um nome específico.

Grupo (Família) Nome (Figura 14)


1 (1A) Metais alcalinos

2 (2A) Metais alcalinos terrosos

16 (6A) Calcogênios

17 (7A) Halogênios

18 (8A) Gases Nobres

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 397


Figura 14: Alguns grupos da Tabela Periódica recebem nomes especiais. Veja os elementos dessas famílias em destaque.

Uma observação importante é que o hidrogênio não é um metal alcalino, não pertencendo à categoria dos

metais. Na verdade, este elemento possui características únicas, diferentes de todos os grupos da Tabela Periódica.

Como dissemos, os elementos de cada grupo possuem características semelhantes entre si. Veja alguns exem-

plos na Figura 15.

398
Figura 15: Grupo 1 ou Família 1A da Tabela Periódica: corresponde ao metais alcalinos; são sólidos prateados e bem ma-
leáveis, podendo ser cortados com uma faca. Os metais alcalinos terrosos correspondem ao Grupo 2 (Família 2A); são mais
duros, mais densos e fundem-se a temperaturas mais altas que os elementos do grupo 1. Os Calcogênios pertencem ao
grupo 16 da Tabela Periódica que contém um dos elementos mais importantes para as nossas vidas: o oxigênio. Já os outros
elementos são sólidos na temperatura ambiente. Os halogênios – grupo 17 - o cloro (gasoso), bromo (líquido) e o iodo (sóli-
do) são elementos tóxicos e apresentam um odor característico.
Fontes: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alkalimetalle.jpg – Tomihahndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Erdalkali.jpg -
Tominanndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chalkogene.jpg - Tominanndorf; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chlor_amp.
jpg?uselang=pt-br; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:BrBrom.JPG?uselang=pt-br – Dnn87; http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iodine-
evaporating.jpg?uselang=pt-br - Jurii

Onde ele está?

Agora que você já sabe o que são os períodos e os grupos da Tabela Periódica, já pode localizar um elemento

químico.

Veja alguns exemplos na Figura 16:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 399


Figura 16: Localizando os elementos na Tabela Periódica. Repare nas linhas e nas colunas onde os elementos estão localiza-
dos: elas nos indicam o seu período e seu grupo.
Fonte: Andrea Borges

Você seria capaz de dizer onde os seguintes elementos estão localizados?

ƒƒ Alumínio - 13
Al – 3° período do grupo 13.

ƒƒ Molibdênio – 42Mo – 5° período do grupo 6.

ƒƒ Ouro – 79Au – 6° período do grupo 11.

Onde estão os elementos?

Agora é a sua vez. Procure os seguintes elementos na Tabela Periódica e indique a

sua localização, ou seja, o período e o grupo onde ele é encontrado:

Elemento Químico Período Grupo


Boro (5B)

Silício (14Si)

Bromo (35Br)

Tungstênio (74W)

400
Palavras cruzadas dos Elementos Químicos

Descubra quais são os elementos químicos indicados, procurando pelas informa-

ções na Tabela Periódica dos elementos, e escreva os seus nomes – colocando uma letra

em cada quadradinho – de acordo com o número correspondente.

Linhas horizontais:

1. Sou um metal utilizado em latinhas de refrigerante. Encontre-me no 3° período

do grupo 13.

4. Sou o elemento de menor número atômico. Estou presente em vários compostos,

como na água.

5. Estou no 4° período do grupo 6 e sou utilizado na cromação de peças e em pin-

turas.

8 . Sou utilizado em chips e em outros componentes eletrônicos. Você pode me des-

cobrir no 3° período do grupo 14.

10. Estou presente tanto no carvão como no diamante. Sou o primeiro elemento do

grupo 14.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 401


15. Fazem de mim próteses dentárias e ortopédicas. Sou um dos metais nobres e

meu símbolo é Pt.

16. Estou presente na composição do ATP e do ADP, tendo uma função essencial no

metabolismo celular. Sou o elemento do 3° período do grupo 15.

18 – Posso ser utilizado no tratamento de água, na produção de papel e na prepara-

ção de diversos compostos. Sou um halogênio e estou no 3° período.

20. Meu símbolo é Pb. Sou um metal tóxico e com alta densidade, usado em baterias

e como proteção de raios X.

21. Sou um metal alcalino terroso do 3° período e estou presente na clorofila.

22. Sou da série dos actinídeos e tenho número atômico 94. Fazem bombas atômi-

cas comigo.

Linhas verticais:

2. Sou o último elemento químico natural da Tabela. Tenho número atômico 92.

3. Sou o único calcogênio gasoso, sendo essencial à vida humana.

4. Sou usado no enchimento de balões e dirigíveis. Quem sou eu? O gás nobre de

menor número atômico.

6. Fui descoberto por Marie Curie e o seu marido, em 1898. Sou um elemento radio-

ativo de número atômico 88.

7 . Você me conhece! Sou um metal líquido à temperatura ambiente, utilizado em

termômetro e meu número atômico é 80.

9. Sou muito importante na regulação da glândula tireoide. Sou um halogênio e

estou no 5° período.

11. Tenho um nome difícil. Sou usado no aço inoxidável, em lentes fotográficas, na

indústria aeroespacial. Encontre-me no 5° período do grupo 5.

12 . Sou o calcogênio de número atômico 16. Os chineses utilizavam-me para a fa-

bricação de pólvora, no século XI.

13. Sou o primeiro elemento do grupo 15 e o sexto em abundância no universo.

402
14. Sou um halogênio do 2° período. Um dos meus compostos é utilizado na pre-

venção de cárie dentária.

17. Estou no 3° período do grupo 1 e sou um dos constituintes do sal de cozinha.

18. Você pode me encontrar no 4° período. Sou um metal alcalino terroso presente

nos ossos e nos dentes.

19. Sou muito instável por ser radioativo. Quem sou eu? O metal alcalino de maior

número atômico.

Seção 4
A distribuição eletrônica e a Tabela Periódica

Por que alguns elementos químicos possuem propriedades químicas semelhantes?

Esta pergunta só seria respondida no século seguinte à construção por Mendeleev da Tabela Periódica, através

da compreensão do interior do átomo.

Como você estudou na Unidade “Use protetor solar!” , existem sete camadas (ou níveis) possíveis para acomo-

dação dos elétrons, em volta do núcleo. Realizando as distribuições eletrônicas dos elementos, contidos na Tabela

Periódica, algumas semelhanças foram encontradas. Veja como exemplo o Grupo 2 da Tabela Periódica, na Figura 17.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 403


Figura 17: Distribuição eletrônicas dos elementos do Grupo 2: o número de camadas eletrônicas indica o período de sua
localização. E todos os elementos deste grupo possuem 2 elétrons na sua última camada (observe o número destacado em
vermelho).

Observando a Figura 17, você poderá perceber alguns fatos importantes:

ƒƒ O período de um elemento indica o seu número de camadas eletrônicas:

a. o berílio (Be) possui apenas duas camadas; logo, está localizado no 2° período;

b. o magnésio (Mg) possui 3 camadas; logo, está no 3° período;

c. o cálcio (Ca) possui 4 camadas; logo, está no 4° período e assim por diante.

ƒƒ Os elementos de um mesmo grupo possuem a mesma quantidade de elétrons em sua última camada

eletrônica, que é chamada de camada de valência. Isso justifica o fato de terem propriedades químicas

semelhantes.

Usando a Tabela Periódica...

Agora é a sua vez. Procure na Tabela Periódica da Figura 4 as distribuições eletrôni-

cas para os seguintes elementos do Grupo 17, preencha os espaços em branco da tabela

abaixo e, depois, responda às questões propostas:

404
Grupo Distribuição eletrônica
Período
17 K L M N O P Q

2° 9
F

3° 17
Cl

4° 35
Br

5° 53
I
6° At
85

a) Analisando as distribuições eletrônicas encontradas, você saberia dizer por que o

bromo (35Br) encontra-se no 4° período da Tabela Periódica.

b) Por que esses elementos químicos possuem propriedades químicas semelhantes?

Enfim, esta é a versão completa da Tabela periódica dos elementos proposta por Mendeleev, em 1869, em

função da pesquisa de vários outros pesquisadores que buscavam, na ordenação dos elementos químicos, uma forma

de ordenação da natureza.

A Tabela Periódica dos elementos químicos, proposta por Mendeleev e seu aperfeiçoamento posterior, condu-

ziram à descoberta de novos elementos, auxiliando também o desenvolvimento da física quântica e a estrutura do

átomo, no início do século XX.

Mas se não ajudaram muito os médicos a salvar vidas no século XIX, o modelo atômico e a Tabela Periódica

ajudaram os químicos a fazer muitas outras coisas. Olhe ao seu redor: muitas das coisas que estão com você foram

desenvolvidas, a partir do entendimento da matéria.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 405


A Tabela Periódica é o fim da nossa viagem neste primeiro módulo, sendo o resultado da imaginação e do tra-

balho de várias mentes brilhantes, que se dedicaram, ao longo de 2500 anos de história, a explicar como a Natureza, ao

nosso redor, é composta.

É o fim da nossa viagem, mas não dos nossos estudos! A partir da próxima unidade nos aprofundaremos cada vez

mais no mundo da Química. Agora que você já está por dentro dos átomos, descobrirá que eles são capazes de reagir

uns com os outros por meio de diferentes tipos de ligações. E assim, formarão substâncias que apresentarão caracterís-

ticas diferentes daquelas dos átomos que as formam isoladamente. Nos veremos por lá!

Resumo

ƒƒ Em 1869, Mendeleev desenvolveu uma Tabela com os elementos dispostos de acordo com as suas massas,

revelando a periodicidade de suas propriedades, ou seja, certas propriedades dos elementos repetiam-se

em determinados intervalos de massas atômicas.

ƒƒ É a partir do trabalho de Moseley e a determinação do número atômico do átomo que a Tabela Periódica
passa a ser escrita em ordem crescente do número atômico.

ƒƒ A Tabela Periódica atual é uma importante fonte de consulta. Ela não só apresenta o número atômico, sím-
bolo e nome de todos os elementos químicos conhecidos, como apresenta propriedades físicas e químicas

desses elementos, além da classificação como metais e não metais, e, em alguns casos, a distribuição ele-

trônica. É muito importante compreender a legenda para a obtenção dessas informações.

ƒƒ Você também deve saber localizar um elemento químico, ou seja, determinar o período (as linhas horizon-

tais) e o Grupo ou Família (as linhas verticais) onde ele está colocado na Tabela Periódica.

ƒƒ Alguns grupos recebem nomes especiais, como: os metais alcalinos (Grupo 1), metais alcalinos terrosos

(Grupo 2), Calcogênios (Grupo 16), Halogênios (Grupo 17) e Gases Nobres (Grupo 18).

ƒƒ Podemos obter alguns dados interessantes sobre a distribuição eletrônica de um elemento químico em fun-

ção de sua localização da Tabela Periódica: os períodos indicam o número de camadas existentes nos átomos

daquele elemento químicos e todos de um mesmo Grupo, de uma forma geral, possuem a mesma quantida-

de de elétrons em sua última camada, justificando o fato de terem propriedades químicas semelhantes.

406
Veja ainda!

Quer aprender um pouquinho mais sobre a classificação de substâncias simples e compostas? Então acesse a

animação: http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/software/objetos/T2-08/T2-08-sw-a1/Condigital.html

Outra boa pedida é: tabela Periódica: o mundo em 114 blocos! Este é o título de um infográfico da revista Veja

que apresenta várias informações sobre a criação de Mendeleev: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/a-evolucao-

da-tabela-periodica.

Referências

ƒƒ MORTINER, E.F.; MACHADO. A.H. Química, 1: ensino médio (ou será Química para o ensi-
no médio). 1ª edição, Scipione , São Paulo, 2010, 288 p.

ƒƒ MÓL. G.S.; SANTOS, W.L.P. Química cidadã: materiais, substâncias, constituintes, química
ambiental e suas implicações sociais, volume 1. 1ª edição, Nova Geração, São Paulo, 2010.
175p.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 407


ƒƒ OKI, M. C. M. O Conceito de Elemento: da Antiguidade à Modernidade. Química Nova na
Escola, n° 16, p. 21-25, 2002.

ƒƒ ROMAN, C. A. História ilustrada da Ciência da Universidade de Cambridge, volume 4:


a ciência nos séculos XIX e XX. 1ª edição, editora Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2001, 138 p.

ƒƒ STHATHERN, P. O Sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da Química. 1ª edição, edi-


tora Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2002, 264 p.

Atividade 1

Resposta individual. Nesta atividade, é necessário que você pesquise um pouco

mais sobre a origem da Tabela Periódica. Acesse o link sugerido ou pesquise em outras

fontes de consulta.

Atividade 2

ƒƒ Cobalto – símbolo Co e número atômico 27

ƒƒ Bromo – símbolo Br e número atômico 35

ƒƒ O cobalto possui massa atômica menor que o bromo.

ƒƒ O bromo é um não metal, enquanto o cobalto é um metal.

ƒƒ Além disso, o cobalto é sólido à temperatura ambiente, enquanto o bromo

é líquido.

Quer saber um pouco mais sobre esses dois elementos. Veja os vídeos disponíveis em

www.tabelaperiodica.org, clicando sobre esses elementos na página principal do portal.

408
Atividade 3

Elemento Químico Período Grupo


Boro (5B) 2° 13

Silício (14Si) 3° 14

Bromo (35Br) 4° 17

Tungstênio (74W) 6° 6

Atividade 4

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 409


Atividade 5

Grupo Distribuição eletrônica


Período
17 K L M N O P Q

2° 9
F 2 7

3° 17
Cl 2 8 7

4° 35
Br 2 8 18 7

5° 53
I 2 8 18 18 7
6° At
85
2 8 18 32 18 7

a. O bromo (35Br) possui elétrons, distribuídos em quatro camadas eletrônicas: K, L,

M e N; logo, pode ser encontrado no 4° período da Tabela Periódica.

b. Possuem a mesma quantidade de elétrons nas camadas de valência, ou seja, em

suas últimas camadas eletrônicas.

410
O que perguntam por aí?

Questão 1

(UERJ 2012)

Segundo pesquisas recentes, há uma bactéria que parece ser capaz de substitr o fósforo por arsênio, em seu

DNA. Uma semelhança entre as estruturas atômicas desses elementos químicos que possibilita essa substituição é:

a. número de elétrons;

b. soma das partículas nucleares;

c. quantidade de níveis eletrônicos;

d. configuração da camada de valência.

Resposta: Letra D

Comentário: Uma semelhança entre as estruturas atômicas desses elementos químicos que possibilita essa

substituição é o fato de pertencerem à mesma família ou grupo da Tabela Periódica (VA ou 15) e apresentarem a mes-

ma configuração eletrônica em sua camada de valência (última camada)

Questão 2

(UERJ 2002)

A tabela de Mendeleiev, ao ser apresentada à Sociedade Russa de Química, possuía espaços em branco, reser-

vados para elementos ainda não descobertos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 411


A tabela foi assim organizada a partir da crença de Mendeleiev na existência de relações periódicas entre as

propriedades físico-químicas dos elementos.

Dois dos elementos, então representados pelos espaços em branco, hoje são conhecidos como gálio (Ga) e

germânio (Ge).

Mendeleiev havia previsto, em seu trabalho original, que tais elementos teriam propriedades químicas seme-

lhantes, respectivamente, a:

a) estanho (Sn) e índio (In)

b) alumínio (Aℓ) e silício (Si)

c) cobre (Cu) e selênio (Se)

d) zinco (Zn) e arsênio (As)

Resposta: Letra B

Comentário: Já que são, respectivamente, do mesmo Grupo da Tabela Periódica do gálio (Ga) e do germânio (Ge).

Questão 3

(UFRJ 2003)

O carbono apresenta diferentes formas cristalinas alotrópicas. O diamante, de ocorrência natural rara, tem a

mesma estrutura cristalina do silício e do germânio, os quais podem ser empregados na fabricação de dispositivos

semicondutores. Recentemente, foi descoberto como produzir diamante com pureza suficiente para, também, ser

utilizado na fabricação de semicondutores.

Identifique, entre os três elementos químicos mencionados, aquele que pertence ao terceiro período da tabela

periódica. Escreva seu símbolo e o número total de elétrons do seu nível mais energético.

Gabarito e Comentário: Silício (Si). Número de elétrons no nível mais energético: 4

412
CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
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Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
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Anexo 1 • Volume 2 • Módulo 2 • Química

Lista de exercícios

Aqui estamos disponibilizando uma lista com exercícios para você testar seus novos conhecimentos. Os exer-

cícios foram retirados do ENEM e de outros vestibulares.

Lembre-se, praticar é uma das melhores maneiras de aprender. As respostas você encontrará ao final, mas dei-

xe para consultá-las apenas depois de resolver os desafios. Mas não deixe de tentar, ok? Mãos à obra!

1 - (ENEM 2003)

Os acidentes de trânsito, no Brasil, em sua maior parte são causados por erro do motorista. Em boa parte deles,

o motivo é o fato de dirigir após o consumo de bebida alcoólica. A ingestão de uma lata de cerveja provoca uma con-

centração de aproximadamente 0,3 g/L de álcool no sangue.

A tabela a seguir mostra os efeitos sobre o corpo humano, provocados por bebidas alcoólicas em função de

níveis de concentração de álcool no sangue:

Uma pessoa que tenha tomado três latas de cerveja provavelmente apresenta:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 399


a. queda de atenção, de sensibilidade e das reações motoras;

b. aparente normalidade, mas com alterações clínicas;

c. confusão mental e falta de coordenação motora;

d. disfunção digestiva e desequilíbrio ao andar;

e. estupor e risco de parada respiratória.

2 - (ENEM 2003)

O botulismo, intoxicação alimentar que pode levar à morte, é causado por toxinas produzidas por certas bac-

térias, cuja reprodução ocorre nas seguintes condições: é inibida por pH inferior a 4,5 (meio ácido), temperaturas

próximas a 100ºC, concentrações de sal superiores a 10% e presença de nitritos e nitratos como aditivos.

A ocorrência de casos recentes de botulismo em consumidores de palmito em conserva levou a Agência Na-

cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a implementar normas para a fabricação e comercialização do produto.

No rótulo de uma determinada marca de palmito em conserva, encontram-se as seguintes informações:

I. Ingredientes: Palmito açaí, sal diluído a 12% em água, ácido cítrico.

II. Produto fabricado conforme as normas da ANVISA.

III. Ecologicamente correto.

As informações do rótulo que têm relação com as medidas contra o botulismo estão contidas em:

a. II, apenas.

b. III, apenas.

c. I e II, apenas.

d. II e III, apenas.

e. I, II e III.

400
3 - (ENEM 2002)

A chuva em locais não poluídos é levemente ácida. Em locais onde os níveis de poluição são altos, os valores

do pH da chuva podem ficar abaixo de 5,5, recebendo, então, a denominação de chuva ácida. Este tipo de chuva

causa prejuízos nas mais diversas áreas: construção civil, agricultura, monumentos históricos, entre outras. A acidez

da chuva está relacionada ao pH da seguinte forma: concentração de íons hidrogênio = 10-pH , sendo que o pH pode

assumir valores entre 0 e 14.

Ao realizar o monitoramento do pH da chuva em Campinas (SP), nos meses de março, abril e maio de 1998, um

centro de pesquisa coletou 21 amostras, das quais quatro têm seus valores mostrados na tabela:

A análise da fórmula e da tabela permite afirmar que:

I. da 6ª para a 14ª amostra ocorreu um aumento de 50% na acidez;

II. a 18ª amostra é a menos ácida dentre as expostas;

III. a 8ª amostra é dez vezes mais ácida que a 14ª;

IV. as únicas amostras de chuvas denominadas ácidas são a 6ª e a 8ª.

São corretas apenas as afirmativas:

a. I e II

b. II e IV.

c. I, II e IV.

d. I, III e IV.

e. II, III e IV.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 401


4 – (UERJ 2008)

A água sanitária é um agente desinfetante que contém a substância hipoclorito de sódio. A equação química

a seguir representa o equilíbrio do íon hipoclorito com o ácido hipocloroso, um agente desinfetante ainda mais efi-

ciente.

Em um processo de limpeza, quantidades iguais de água sanitária foram adicionadas a volumes iguais de líqui-

dos com diferentes valores de pH a 25 ºC, de acordo com a tabela.

O líquido no qual a água sanitária apresenta maior ação desinfetante é o de número:

a. 1

b. 2

c. 3

d. 4

5 – (ENEM 2002)

Quando definem moléculas, os livros geralmente apresentam conceitos como: “a menor parte da substância

capaz de guardar suas propriedades”. A partir das definições desse tipo, a ideia transmitida ao estudante é a de que o

constituinte isolado (moléculas) contém os atributos do todo.

402
É como dizer que uma molécula de água possui densidade, pressão de vapor, tensão superficial, ponto de

fusão, ponto de ebulição etc. Tais propriedades pertencem ao conjunto, isto é, manifestam-se nas relações que as

moléculas mantêm entre si.

O texto evidencia a chamada visão substancialista que ainda se encontra presente no ensino da Química. A

seguir, estão relacionadas algumas afirmativas pertinentes ao assunto.

I. O ouro é dourado, pois seus átomos são dourados.

II. Uma substância “macia” não pode ser feita de moléculas “rígidas”.

III. Uma substância pura possui pontos de ebulição e fusão constantes, em virtude das interações entre suas

moléculas.

IV. A expansão dos objetos com a temperatura ocorre porque os átomos se expandem.

Dessas afirmativas, estão apoiadas na visão substancialista criticada pelo autor apenas:

a. I e II

b. III e IV

c. I, II e III.

d. I, II e IV

e. II, III e IV

6 - (ENEM 1999)

A gasolina é vendida por litro, mas em sua utilização como combustível, a massa é o que importa. Um aumento

da temperatura do ambiente leva a um aumento no volume da gasolina. Para diminuir os efeitos práticos dessa varia-

ção, os tanques dos postos de gasolina são subterrâneos. Se os tanques não fossem subterrâneos:

I. Você levaria vantagem ao abastecer o carro na hora mais quente do dia pois estaria comprando mais massa

por litro de combustível.

II. Abastecendo com a temperatura mais baixa, você estaria comprando mais massa de combustível para cada

litro.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 403


III. Se a gasolina fosse vendida por kg em vez de por litro, o problema comercial decorrente da dilatação da

gasolina estaria resolvido.

Destas considerações, somente:

a. I é correta.

b. II é correta.

c. III é correta.

d. I e II são corretas.

e. II e III são corretas.

7 - (ENEM 1998)

A tabela a seguir registra a pressão atmosférica em diferentes altitudes, e o gráfico relaciona a pressão de vapor

da água em função da temperatura:

404
Um líquido, num frasco aberto, entra em ebulição a partir do momento em que a sua pressão de vapor se igua-

la à pressão atmosférica. Assinale a opção correta, considerando a tabela, o gráfico e os dados apresentados, sobre as

seguintes cidades:

A temperatura de ebulição será:

a. maior em Campos do Jordão;

b. menor em Natal;

c. menor no Pico da Neblina;

d. igual em Campos do Jordão e Natal;

e. não dependerá da altitude.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 405


8 - (UFSM-RS)

O amianto, conhecido também como asbesto, é um material constituído por fibras incombustíveis. É empre-

gado como matéria-prima na fabricação de materiais isolantes usados na construção civil, como fibrocimento. O uso

dessas fibras vem tendo queda desde a década de 1960, quando estudos confirmaram os efeitos cancerígenos desse

material, principalmente sobre o aparelho respiratório.

Entre seus componentes, além do SiO2, estão o óxido de magnésio (MgO) e o óxido de alumínio (Al2O3).

Em relação ao composto MgO, analise as afirmativas:

I. A ligação entre o magnésio e o oxigênio se dá por transferência de elétrons, sendo classificada como liga-

ção iônica.

II. Os átomos não alcançaram a configuração do gás nobre após a ligação.

III. Após a ligação entre os átomos de magnésio e oxigênio, há formação de um cátion Mg2+ e um ânion O2–.

Dados: Mg (Z = 12); O (Z = 8)

Está(ao) correta(s) apenas:

a. I.

b. II.

c. III.

d. I e II.

e. I e III.

9 - (Covest-2004)

Compostos covalentes possuem, em geral, propriedades muito diferentes de compostos iônicos. Consideran-

do esses tipos de compostos, analise as afirmações seguintes:

406
1. São compostos de alto ponto de fusão.

2. São isolantes elétricos fundidos.

3. São composto duros e quebradiços.

De forma genérica, podemos dizer que:

a. 1 e 2 se referem a compostos iônicos;

b. somente 1 se refere a compostos iônicos;

c. 1 e 3 se referem a compostos iônicos;

d. somente 3 se refere a compostos covalentes;

e. 2 e 3 se referem a compostos covalentes.

10 - (Covest-1998)

A análise química de uma amostra de rocha do planeta Marte mostrou que a mesma é uma substância pura.

Se dois elementos “A” e “B” dessa amostra apresentam eletronegatividades (escala de Pauling) de 0,8 e de 3,0, respec-

tivamente, podemos afirmar que:

a. Não existe ligação química entre os dois elementos da rocha, pois as eletronegatividades diferem bas-

tante.

b. Existe ligação entre os dois elementos e ela deve ser iônica.

c. Existe ligação entre os dois elementos e ela deve ser covalente.

d. O elemento “A” está à direita do elemento “B” na tabela periódica.

e. A rocha é constituída por uma substância simples.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 407


11 – Fonte: http://exercicios.brasilescola.com/quimica/exercicios-sobre-tipos-rea-
coes-reacoes-no-cotidiano.htm

Dê nomes às reações (reação de síntese, decomposição, simples troca ou dupla troca), de acordo com os rea-

gentes e produtos, justificando a resposta:

a) Zn + Pb(NO3)2 → Zn(NO3)2 + Pb

b) FeS + 2 HCl → FeCl2 + H2S

c) 2 NaNO3 → 2 NaNO2 + O2

d) N2 + 3 H2 → 2 NH3

12 - (UFLA)

Faça a associação entre a primeira e segunda colunas:

1ª coluna 2ª coluna
( ) Dupla troca
I. CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g)
( ) Oxidorredução
II. HCl(aq) + AgNO3(aq) → AgCl(s) + HNO3(aq)
( ) Decomposição
III. N2(g) + O2(g) → 2NO(g)
( ) Síntese

Assinale a alternativa que apresenta a associação na ordem CORRETA de classificação das reações.

a. I; III; II; I

b. III; II; III; II

c. II; III; I; III

d. I; II; III; II

e. II; I; II; III

408
13 – (Ufscar 2007)

No dia a dia, estamos em contato com diferentes tipos de substâncias químicas como vinagre, produtos de

limpeza pesada à base de amoníaco, água sanitária, lava-louças. Esses produtos são exemplos, respectivamente, de:

a. base, ácido, oxidante (desinfetante) e detergente;

b. ácido, base, oxidante (desinfetante) e detergente;

c. detergente, ácido, base e oxidante (desinfetante);

d. ácido, base, detergente e oxidante (desinfetante);

e. oxidante (desinfetante), ácido, base e detergente.

14 - (UFRJ-2002)

Usando o diagrama de solubilidade, determine a quantidade (em mols) de sal que precipita quando são adi-

cionados 1,17 kg de NaNO3 em 1 litro de

água pura, a 20ºC.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 409


15 - (Fuvest-2003)

Uma mistura constituída de 45 g de cloreto de sódio e 100 mL de água, contida em um balão e inicialmente a

20ºC, foi submetida à destilação simples, sob pressão de 700 mm Hg, até que fossem recolhidos 50 mL de destilado.

O esquema a seguir representa o conteúdo do balão de destilação, antes do aquecimento:

a. De forma análoga à mostrada acima, represente a fase de vapor, durante a ebulição.

b. Qual a massa de cloreto de sódio que está dissolvida, a 20ºC, após terem sido recolhidos 50L de desti-

lado? Justifique.

c. A temperatura de ebulição durante a destilação era igual, maior ou menor que 97,4ºC? Justifique.

Dados: Curva de solubilidade do cloreto de sódio em água:

Ponto de ebulição da água pura a 700 mm Hg: 97,4ºC

16 - (UNICAMP-SP)

À temperatura ambiente, o cloreto de sódio (NaCl) é sólido e o cloreto de hidrogênio (HCl) é um gás. Essas duas

substâncias podem ser líquidas em temperaturas adequadas.

410
a. Por que, no estado líquido, o NaCl é um bom condutor de eletricidade, enquanto no estado sólido não

é?

b. Por que, no estado líquido, o HCl é um mau condutor de eletricidade?

c. Por que, em solução aquosa, ambos são bons condutores de eletricidade?

17 - (UNICAMP-SP)

A irrigação artificial do solo pode ser feita de várias maneiras. A água utilizada para a irrigação é proveniente de

lagos ou rios e contém pequenas quantidades de sais dissolvidos. Sabe-se, desde a mais remota antiguidade, que a

irrigação artificial intensa pode levar à salinização do solo, tornando-o infértil, principalmente em locais onde há pou-

cas chuvas. Em regiões onde chove regularmente, de modo a não ser necessária a irrigação, a salinização não ocorre.

a. Como se pode explicar a salinização do solo?

b. Por que a água da chuva não provoca salinização?

18 - (Vunesp-2003)

No descarte de embalagens de produtos químicos, é importante que elas contenham o mínimo possível de

resíduos, evitando ou minimizando consequências indesejáveis. Sabendo que, depois de utilizadas em cada embala-

gem de 1 litro de NaOH sólido restam 4 gramas do produto, considere os seguintes procedimentos:

embalagem I: uma única lavagem, com 1 L de água;

embalagem II: duas lavagens, com 0,5 L de água em cada vez.

Dados: massas molares: Na = 23 g/mol, O = 16 g/mol e H = 1 g/mol.

a. Qual a concentração de NaOH, em mol/L, na solução resultante da lavagem da embalagem I?

b. Considerando que, após cada lavagem, restam 0,005 L de solução no frasco, determine a concentração

de NaOH, em mol/L, na solução resultante da segunda lavagem da embalagem II e responda: qual dos

dois procedimentos de lavagem foi mais eficiente?

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 411


19 - (UFMG-2003)

A presença do oxigênio dissolvido é de fundamental importância para a manutenção da vida em sistemas

aquáticos. Uma das fontes de oxigênio em águas naturais é a dissolução do oxigênio proveniente do ar atmosférico.

Esse processo de dissolução leva a uma concentração máxima de oxigênio na água igual a 8,7mg/L, a 25ºC e 1atm.

Um dos fatores que reduz a concentração de oxigênio na água é a degradação de matéria orgânica. Essa redução

pode ter sérias consequências - como a mortandade de peixes, que só sobrevivem quando a concentração de oxigê-

nio dissolvido for de, no mínimo, 5mg/L.

a. Calcule a massa de oxigênio dissolvido em um aquário que contém 52 litros de água saturada com

oxigênio atmosférico, a 25ºC e 1 atm.

b. Calcule a massa de oxigênio que pode ser consumida no aquário descrito, no item 1 desta questão, para

que se tenha uma concentração de 5 mg/L de oxigênio dissolvido.

c. A glicose (C6H12O6), ao se decompor em meio aquoso, consome o oxigênio segundo a equação:

C6H12O6 (aq) + 6O2 (aq) → 6CO2 (aq) + 6H2O(l)

Calcule a maior massa de glicose que pode ser adicionada ao mesmo aquário, para que, após completa decom-

posição da glicose, nele permaneça o mínimo de 5mg/L de oxigênio dissolvido.

20 - (FUC – MT)

A ligação covalente de maior polaridade ocorre entre H e átomos de:

a. F

b. Cl

c. Br

d. I

e. At

412
21- (UFPE)

Em quais das passagens a seguir está ocorrendo transformação química?

1. “ O reflexo da luz nas águas onduladas pelos ventos lembrava-lhe os cabelos de seu amado”.

2. “ A chama da vela confundia-se com o brilho nos seus olhos”.

3. “Desolado, observava o gelo derretendo em seu copo e ironicamente comparava-o ao seu coração.”

4. “Com o passar dos tempos começou a sentir-se como a velha tesoura enferrujando no fundo da gaveta.”

Estão corretas apenas:

a. 1 e 2

b. 2 e 3

c. 3 e 4

d. 2 e 4

e. 1 e 3

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 413


Anexo 2 • Volume 2 • Módulo 2 • Química

Resposta dos exercícios do Anexo I

Questão 1

Gabarito: A

Comentário: Se uma lata leva a uma concentração de 0,3 g/L, então três latas levarão ao triplo desta concen-

tração: 3 x 0,3 g/L = 0,9 g/L. Olhando na tabela, vemos que o indivíduo poderá apresentar os efeitos das três primeiras

linhas da tabela.

Questão 2

Gabarito: C

Comentário: Veja que, na informação 1, é dito que a presença de sal é superior a 10%, bem como, a existência

de ácido cítrico (para aumentar a acidez). Esses ingredientes, como nos disse o enunciado do problema, inibem a

reprodução da bactéria botulínica. Seguir as recomendações da ANVISA também previne.

Questão 3

Gabarito: E

Comentário:

I. Quanto maior o pH menor é a acidez. A 6ª amostra tem pH = 4, enquanto, a 14ª amostra tem pH = 6. Por-

tanto, houve uma diminuição da acidez e não um aumento.

II. A 18ª tem o maior pH, por isso ela é a menos ácida. Na verdade, uma substância com pH = 7 não é conside-

rada nem ácida nem básica, é neutra.

III. Sim. A 8ª amostra tem pH = 5 e a 14ª pH = 6. O enunciado do problema nos diz que a fórmula da concentra-

ção de íons hidrogênio = 10-pH, certo? Sendo assim, a concentração de íons:

1
8ª amostra = 10 −5 =
100.000
−6 1
14ª amostra = 10 =
100.000.000

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 415


Veja que a 8ª amostra é 10 vezes menor que a 14ª, ou seja, dez vezes mais ácida.

IV. O enunciado diz que a chuva só é considerada ácida quando seu pH é menor que 5,5. Portanto, somente as

amostras 8ª e 6ª são de chuva ácida.

Questão 4

Gabarito: A

Comentário: Quanto maior o pH do líquido ao qual foi adicionada água sanitária, maior será a concentração

de OH-. O aumento da concentração de OH- desloca o equilíbrio da reação no sentido de consumir esse íon (sentido

inverso) e, em conseqüência, de consumir também o HCℓO. Logo, o líquido de menor valor de pH é o que tem a maior

concentração de HCℓO, proporcionando a maior ação desinfetante da água sanitária.

Questão 5

Gabarito: D

Comentário: As afirmativas I, II e IV determinam as características de determinadas substâncias a partir da

características dos átomos que as compõem, exatamente como diz a visão substancialista. Já a afirmativa IV explica a

característica da substância a partir da interação de suas moléculas, ou seja, não está baseada nas características dos

átomos componentes.

Questão 6

Gabarito: E

Comentário:

I. O mais importante é a quantidade de gasolina, portanto, o que interessa é a massa. Se você compra um litro
de gasolina quente, ela estará com o volume aumentado e, em um mesmo volume, haveria menos massa.

Ou seja, neste caso você levará prejuízo.

II. Agora se você comprar a gasolina com a temperatura mais baixa, o volume é menor, ou seja, ela estará mais

concentrada e, em um mesmo volume, haverá mais massa. Neste caso, sim, é vantajoso comprar.

III. O quilo é a medida de massa, e independe do volume. Usando o quilo, portanto, você está comprando o

que realmente interessa, pois não sofre variação com a temperatura.

416
Questão 7

Gabarito: C

Comentário: A pressão atmosférica é a pressão exercida pela camada de moléculas de ar sobre qualquer su-

perfície, inclusive sobre nós, ou seja, é a força exercida pelo ar sobre todas as coisas. Se essa força aumenta em um

determinado ponto, a pressão neste ponto também aumentará.

Sendo assim, a pressão diminui com a altura, pois a quantidade de ar sobre um lugar alto é menor. Neste caso,

fica mais fácil para a água espalhar, pois ao passar do estado líquido para o gasoso, as moléculas se afastam. Assim,

quanto maior a altitude, menor é a temperatura de ebulição. É isso que as tabelas do enunciado mostram. Por isso, a

água ferve mais rápido (temperatura de ebulição menor) no Pico da Neblina (mais alto) que em Natal ou Campos do

Jordão (locais de altitude menores)..

Questão 8

Gabarito: E

Comentário:

I. A diferença de eletronegatividade entre os dois átomos é 2,3 (Mg = 1,2 e O = 3,5). Sendo assim, a ligação
possui 74% de caráter iônico, ou seja, é uma ligação iônica.

II. O problema nos informa dos números atômicos (Z) do Mg e do O, a partir daí é possível montar suas distri-

buições eletrônicas.

Mg - 1s² 2s² 2p6 3s². Na sua camada de valência existem 2 elétrons (3s), que são perdidos, ficando com a confi-

guração do gás nobre Ne.

O - 1s² 2s² 2p4. Na sua camada de valência existem 4 elétrons, mas pode chegar a 6 (2p), portanto, ele recebe 2
elétrons e também fica com a mesma configuração do gás Ne.

III. Correta, pois como vimos no item II, o Mg perde 2 elétrons e vira Mg+2; enquanto o O ganha 2 elétrons,

virando O-2.

Questão 9

Gabarito: C

Comentário: A maioria das substâncias covalentes comporta-se como isolante elétricos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 417


Questão 10

Gabarito: B

Comentário: O elemento A tem baixo valor de eletronegatividade, está à esquerda da tabela periódica e é,

portanto, um metal. Já o elemento B tem alto valor de eletronegatividade, está à direita da tabela sendo um ametal.

A ligação entre metal e ametal é uma ligação iônica.

Questão 11

Comentário:

a. A equação acima se refere a uma reação de simples troca (ou deslocamento): uma substância simples

(Zn) reagiu com uma composta Pb(NO3)2 e originou uma nova substância simples (Pb) e outra composta

Zn(NO3)2.

b. Reação de dupla troca: duas substâncias compostas reagiram entre si, originando duas novas substân-

cias compostas.

c. Reação de decomposição (ou análise): uma única substância (NaNO3) originou dois produtos.

d. Reação de síntese (ou adição): duas substâncias originaram um único produto (NH3).

Questão 12

Gabarito: C

Questão 13

Gabarito: B

Questão 14

Comentário: 1 mol de NaNO3 = 85 g

Solubilidade de NaNO3 a 20ºC = 100 g/100ml = 1kg/L

Massa precipitada = 170 g = 2 mols

418
Questão 15

Comentário:

a.

b.

36g de NaCl ______ 100mL de H2O

x ______ 50mL de H2O

x = 18g de NaCl dissolvidos

c. Quando um solvente contém partículas dispersas, o seu ponto de ebulição aumenta (ebuliometria).

Como o ponto de ebulição da água pura a 700 mmHg é 97,4°C, o ponto de ebulição da água na solução

é maior.

Questão 16

Comentário:

a. No estado sólido, os íons estão presos no retículo cristalino. No estado líquido, existem íons livres.

b. Porque no estado líquido o HCl é molecular, portanto, não existem íons livres.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 419


c. Porque o sal sofre dissociação e o ácido, ionização, produzindo íons livres.

Questão 17

Comentário:

a. As águas dos rios e lagos contêm sais dissolvidos. Com a evaporação da água, os sais permanecem no

solo.

b. Na água da chuva não existem sais dissolvidos.

Questão 18

Comentário:

a. Cálculo da quantidade de matéria de NaOH:

1 mol ______ 40g

x ______ 4g

x= 0,1 mol

Cálculo da concentração da solução resultante da lavagem da embalagem I (vamos admitir o volume da solu-

ção aproximadamente igual ao volume de água)

M = 0,1 mol/ 1L

b. Cálculo da concentração da solução resultante da primeira lavagem da embalagem II:

Cálculo da concentração da solução resultante da segunda lavagem (diluição da solução) da embalagem II.

M1 x V1 = M2 x V2

0,2 mol/L. 0,005L = M2 x 0,505L

O procedimento usado na embalagem II é mais eficiente porque teremos uma solução final com menor con-

centração de NaOH.

M2 = 0,002 mol/L

Questão 19

Comentário:

420
a.

8,7 mg de O2 ______ 1 L H2O

x mg ______ 52L

x = 452mg de O2

b.

5mg de O2 ______ 1L H2O

m ______ 52 L

m = 260 mg => Massa de O2 consumida

M = 452 - 260 = 192 mg

c.

1 mol C6H12O6 ______ 6 mol de O2

180 g ______ 6 x 32g

m ______ x 10-3g
m = 0,18 g de C6H12O6

Questão 20

Gabarito: A

Comentário: Na escala de eletronegatividade, o flúor é o elemento mais eletronegativo e o hidrogênio é o

mais eletropositivo.

Questão 21

Gabarito: D

Comentário: O Item 1 fala apenas de um reflexo, que é um fenômeno físico, em que não ocorre nenhuma

transformação química. O mesmo ocorre também no Item 3, que trata de uma mudança de estado físico.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 421


CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

www.visaoedu.com.br
Como os
compostos
químicos são
formados
Para início de conversa...

Vai uma pitadinha de sal?

O sal está muito presente em nossas refeições, temperando sopas, car-

nes, dentre outros. Muitas vezes, ele é usado para acentuar o sabor ou até mes-

mo aumentar a durabilidade dos alimentos (quem nunca viu aquela bonita

peça de bacalhau repleta de sal?).

Como toda substância química que vai à mesa, o sal de cozinha também

tem um limite de ingestão diária. A Organização Mundial de Saúde (OMS), acon-

selha um consumo máximo diário de 6 gramas de sal, ou uma colher de chá, para

uma pessoa adulta. E essa precaução deve ser ainda maior com aquelas pessoas

que não praticam exercícios físicos.

O sal em excesso pode causar vários problemas de saúde, como a hiper-

tensão. Ela é uma doença agravada, por exemplo, pelo hábito alimentar não

saudável, pelo sedentarismo e o tabagismo. Uma pessoa hipertensa possui

picos de pressão arterial acima do normal e, muitas vezes, não pode ingerir

nenhuma quantidade de sal, pois este elevaria ainda mais a pressão, provocan-

do risco de morte. Os médicos recomendam que se reduza a quantidade de sal

já na infância.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 259


Pressão arterial
É a força que o próprio sangue, depois de bombeado pelo seu músculo cardíaco, exerce sobre as paredes dos vasos sanguíneos,
enquanto percorre cada milímetro do seu corpo, garantindo assim que todo ele receberá a “visita” do sangue.

Para se levar uma vida saudável, o ideal é fazer uma alimentação rica em frutas e vegetais, e evitar alimentos

com excesso de gordura. Deve-se também reduzir o consumo de alimentos com grande quantidade de sal embutido

(salame, mortadela, patê, azeitona e linguiça).

O sal de cozinha é uma mistura de várias substâncias, sendo que a principal delas é o cloreto de sódio (NaCℓ).

Este é formado pela combinação de dois elementos altamente reativos: o sódio e o cloro! Eles são tão reativos que se

fossem ingeridos separadamente poderiam matar qualquer pessoa. Porém, o cloreto de sódio, em pequenas quanti-

dades diárias, é inofensivo para a nossa saúde.

Figura 1: O sal é usado como tempero em sua cozinha. Mas ele é retirado de lagos salgados, como na figura, e refinado até che-
gar à sua mesa. Em sua composição há dois importantes elementos, muito reativos, que se ligam entre si: o sódio e o cloro.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/975791 - Diana Myrndorff

Mas como e por que a combinação de dois elementos altamente reativos dá origem a uma substância tão estável?

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Identificar as combinações entre os átomos.

ƒƒ Distinguir as ligações iônica, covalente e metálica através de suas propriedades.

ƒƒ Relacionar eletronegatividade com a definição do tipo de ligação química entre os átomos.

260
Seção 1
Reatividade dos elementos

Como você pôde observar no exemplo do cloro e do sódio, os elementos químicos têm a capacidade de se

ligar. Mas será que existem átomos de elementos que não se combinam?

Quase todos os elementos químicos podem se combinar, por meio de uma transformação química, ou seja,

uma reação. Porém alguns são tão estáveis (difíceis de reagir) que os consideramos elementos inertes. Esses elemen-

tos são usualmente representados pelos gases nobres. E, justamente pelo fato de raramente se combinarem, esses

gases nobres vão nos ajudar a entender as leis da combinação química.

Elementos inertes

São elementos que reagem com dificuldade ou não reagem de modo algum com outros elementos.

Um fato muito importante a ser considerado é que, quando um elemento sofre uma transformação da matéria,

ocorre uma alteração no número de elétrons que ele possui em sua eletrosfera. Uma transformação da matéria faz com

que o átomo altere a configuração original de sua eletrosfera.

Por isso, no estudo das transformações da matéria, daremos atenção especial aos elétrons dos átomos envol-

vidos. Estes estão distribuídos em camadas na eletrosfera de um átomo.

Comparemos a distribuição eletrônica de um gás nobre (inerte) com a de outro elemento qualquer. Vamos

tomar como exemplos o neônio (gás nobre) e o sódio, respectivamente com 10 e 11 elétrons (Figura 2).

Figura 2: a) Distribuição eletrônica do neônio, que apresenta 8 elétrons na última camada (L). b) Distribuição eletrônica do
sódio, o qual apresenta 1 elétron na última camada (M).
Fonte: Marcus André

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 261


Podemos, por meio dessas duas distribuições de elétrons, verificar algum fator que explique o porquê do Neô-

nio ser um elemento inerte e o Sódio não? Bom, para isso, é melhor tomarmos outro exemplo.

Observe a comparação entre o argônio (Ar – 18 elétrons) e o cloro (Cℓ – 17 elétrons).

Figura 3: a) distribuição eletrônica do cloro apresenta 7 elétrons na última camada (M). b) distribuição eletrônica do Argônio
apresenta 8 elétrons na última camada (M).
Fonte: Marcus André

Nas duas comparações, colocamos sempre um gás nobre junto a um elemento não inerte. Será que a partir

delas veremos alguma diferença na distribuição eletrônica que indique porque os gases nobres são praticamente

inertes?

Verifique nas Figuras 2 e 3 o número de elétrons na última camada de cada átomo e observe a Tabela 1:

Tabela 1: Comparação entre o número de elétrons da camada mais externa e a reatividade dos átomos.

Número de elétrons na camada


Átomo Condição
mais externa
Neônio 8 Praticamente inerte

Argônio 8 Praticamente inerte

Sódio 1 Reativo

Cloro 7 Reativo

Fonte: Marcus André

Talvez esteja aqui a resposta. Os gases nobres são estáveis (praticamente inertes), pois possuem a última

camada eletrônica com oito elétrons (ou 2 no caso do Hélio).

E os outros elementos que não possuem os oito elétrons na última camada? Por que eles reagem (combinam-se)?

262
Os átomos desses elementos ligam-se uns aos outros, através da perda, ganho ou compartilhamento de elé-

trons, para adquirir estabilidade, ou seja, a última camada semelhante à de um gás nobre.

Chamamos essa busca por distribuições eletrônicas idênticas às dos gases nobres de regra do octeto.

A regra do octeto diz que para um átomo alcançar a estabilidade, ele deve possuir, em sua camada
mais externa, oito elétrons, ou dois quando há apenas uma camada. Os gases nobres são ditos inertes
(estáveis), pois possuem tal configuração eletrônica.

Seção 2
Ligação iônica

O sódio (Na) e o cloro (Cℓ) não são estáveis, pois não possuem oito elétrons na última camada. Eles possuem 1

e 7 elétrons, respectivamente, como você viu nas Figuras 2 e 3.

Quando reagem, o sódio cede um elétron para o cloro. Temos, então, a formação do cloreto de sódio (NaCℓ).

Veja, na Figura 4, como fica a configuração desses elementos após a transformação:

Figura 4: a) O sódio apresenta 8 elétrons na última camada (L) após ceder 1 elétron para o cloro. b) O cloro apresenta 8 elé-
trons na última camada (M) após receber 1 elétron do Sódio.
Fonte: Marcus André

O sódio cedeu o elétron da última camada. Agora, sua última camada é a L, que está com oito elétrons. O cloro tam-

bém se torna mais estável quimicamente, pois, após a transformação, também fica com oito elétrons na última camada.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 263


Esse tipo de transformação não ocorre somente entre o sódio e cloro, mas pode também explicar várias outras

combinações. Nele, um elemento cede um ou mais elétrons a outro e os dois permanecem juntos, formando os íons

Na+ e Cℓ- e uma nova substância, o NaCℓ.

Você estudou na Unidade “Caminhando pela estrada que investiga do quê somos feitos” que o elétron possui

carga negativa e os átomos, antes de se combinarem, possuíam carga neutra (zero), lembra-se? Pois então, quando o

sódio cede um elétron, ele fica positivo (Na+), chamado de sódio; já o cloro, que recebe um elétron, torna-se negativo
(Cℓ-), chamado de cloreto.

As cargas elétricas contrárias atraem-se; portanto, após a transferência de elétrons, ocorrida na reação, o sódio

e o cloro atraem um ao outro.

Inicialmente, um átomo transforma-se, cedendo elétron(s) para outro, para que possam ficar quimicamente mais

estáveis. Então, quem doa elétrons adquire carga positiva (mais prótons do que elétrons), passando a ser um cátion.

Em contrapartida, o átomo que os recebe adquire carga negativa (mais elétrons que prótons) passando a ser um ânion.

Chamamos esse tipo de ligação, resultante da transferência de um ou mais elétrons, de ligação iônica.

As espécies positiva e negativa se atraem e elas permanecem juntas, formando uma nova substância. No caso
do cloreto de sódio, os íons Na+ e Cℓ- estão juntos quando o composto está no estado sólido. Como os íons envolvidos

no processo “ficaram juntos”, dizemos que estão ligados. No caso do NaCℓ, cada cátion Na+ é cercado por 6 ânions

Cℓ- e vice-versa. Um sólido iônico é, portanto, constituído por retículos cristalinos.

Retículo cristalino
É uma rede formada pela distribuição, de forma geométrica, dos átomos em materiais sólidos, como é o caso, por exemplo, dos
cristais do nosso sal de cozinha (Figura 5). Essa distribuição é resultante do balanço entre as forças de atração e repulsão que
acaba por definir a disposição final dos íons nessa rede, bem como a distância entre eles.

264
Figura 5: Microscopicamente, podemos observar que uma pedra de sal é formada por retículos cristalinos do cloreto de sódio.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/913569 - Bruno Sersocima

Desse modo, os compostos iônicos não são formados por moléculas individuais. Quando escrevemos NaCℓ

para designar o cloreto de sódio, estamos apenas indicando que, nos cristais desse composto, a relação sódio: cloro é

de 1:1. Essa notação não indica a existência de moléculas individuais de NaCℓ.

Ligação entre o sódio e o cloro


Você já estudou como acontece a ligação entre o sódio e o cloro. Quer ver uma animação sobre isso?
Então acesse esse vídeo, através do link:
http://www.youtube.com/watch?v=LbxTfiNkCC8

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 265


Propriedades dos compostos iônicos

Uma regra pode ser usada para identificar uma ligação iônica: ela se dá entre um metal (doador de elétrons) e

um ametal ou hidrogênio (receptor de elétrons).

Além dessa característica, esse tipo de ligação apresenta:

ƒƒ estrutura sólida formada por retículos cristalinos;

ƒƒ elevadas temperaturas de fusão e ebulição; sendo assim, são sólidos à temperatura ambiente (25ºC). O clo-
reto de sódio (NaCℓ), por exemplo, a nível do mar, apresenta temperatura de fusão de 801ºC e temperatura

de ebulição de 1465ºC;

ƒƒ condutividade elétrica. Essa característica dá-se apenas quando o composto está na fase líquida ou em

solução aquosa, pois nas duas situações os íons estão livres (separados). Os íons em movimento passam a

ser responsáveis pela condutividade elétrica das substâncias iônicas.

Figura 6: Condutividade elétrica do cloreto de sódio. a) No NaCℓ sólido, os íons não possuem mobilidade, sendo assim, não
conduz corrente elétrica. b) Na solução aquosa de NaCℓ, os íons possuem mobilidade, sendo assim, conduz corrente elétrica.

266
Seção 3
Ligação covalente

No gás cloro (Cℓ2), existe a combinação de dois átomos, no entanto eles são iguais. Se os elementos são iguais,

suas distribuições eletrônicas também são iguais, veja:

Figura 7: A distribuição eletrônica do cloro apresenta 7 elétrons na última camada (M).


Fonte: Marcus André

Para ficarem estáveis, segundo a regra do octeto, os dois átomos de cloro devem ganhar apenas um elétron

cada. No entanto, se qualquer um dos átomos perder elétrons para o outro, não ficará estável. Sendo assim, como

essa molécula forma-se?

Nesse caso, dois átomos aproximam-se e compartilham os elétrons necessários para completar os seus octetos

em suas eletrosferas. Vamos ver como isso acontece na formação da molécula de gás cloro.

O átomo de cloro precisa de apenas mais um elétron para ter oito elétrons em sua camada de valência. Então,

ele compartilha um dos elétrons do outro átomo, e vice-versa (Figura 8).

Figura 8: A figura mostra os elétrons (bolinhas azuis) na última camada. Constate que, ao final (lado direito da seta), os dois
átomos de cloro estão compartilhando 2 elétrons, totalizando oito elétrons em sua última camada.
Fonte: Marcus André

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 267


Os átomos permanecem juntos por causa do compartilhamento de elétrons. Esse tipo de ligação é denominada

ligação covalente. Nesse caso, diferente da ligação iônica, os átomos não são positivos ou negativos, pois não há per-

da ou ganho de elétrons.

A formação de ligações covalentes entre os átomos resulta na formação de um agrupamento, denomina-

do molécula.

Um átomo pode efetuar mais de uma ligação covalente, dependendo:

ƒƒ do número de elétrons que ele dispõe em sua última camada para formar outros pares;

ƒƒ do número de elétrons que precisará compartilhar para se estabilizar.

Tabela 2: Comportamento dos ametais de cada grupo em termos de ligações covalentes , de acordo com a regra do octeto.

Elétrons na camada Necessidade de elétrons


Grupo N° de ligações covalentes
mais externa para ficar estável
H 1 1 1

17ou 7A 7 1 1

16 ou 6A 6 2 2

15 ou 5A 5 3 3

14 ou 4A 4 4 4

Fonte: Marcus André

Vejamos a representação para a molécula de água (H2O).

Os átomos de hidrogênio possuem um elétron na última camada e precisam de mais um elétron para ficarem

estáveis. Os átomos de oxigênio (grupo 16 ou 6A) têm seis elétrons na última camada e, portanto, precisam de mais

dois elétrons para ficarem estáveis. A Figura 9 mostra o compartilhamento de elétrons entre os átomos de hidrogênio

e o de oxigênio para formar uma molécula de água.

Figura 9: O compartilhamento de um par de elétrons entre um átomo de oxigênio e um de hidrogênio satisfaz este último, mas
o oxigênio necessita de outro elétron para ficar estável. Então, é necessário, outro átomo de hidrogênio. Temos, portanto, o
compartilhamento de elétrons do átomo de oxigênio com dois átomos de hidrogênio, formando duas ligações covalentes.
Fonte: Marcus André

268
Nas ligações covalentes, usamos uma fórmula mais simples para representar as moléculas: cada par de elétrons

compartilhados entre dois átomos são substituídos por barras e os elétrons não compartilhados não são representa-

dos, como indica a fórmula da molécula de água abaixo (Figura 10). Esta indica como os átomos estão arranjados nas

moléculas e, por isso, é denominada fórmula estrutural.

Figura 10: A fórmula estrutural da molécula de água mostra as ligações covalentes (cada barra é igual a uma ligação cova-
lente) entre os átomos de hidrogênio e o átomo de oxigênio. A água é uma molécula angular, ou seja, as ligações entre os
hidrogênios e o oxigênio formam sempre o mesmo ângulo. Isso ocorre devido aos elétrons existentes na camada de valência
dos átomos, que se repelem produzindo o que chamamos de geometria molecular.

Propriedades dos compostos moleculares

Uma regra pode ser usada para uma ligação covalente. Ela se dá entre ametais (ametal - ametal), um ametal e

um hidrogênio ou entre hidrogênios (H-H).

Outras características dos compostos que apresentam essa ligação são:

ƒƒ temperaturas de fusão e ebulição baixas, se comparados com os compostos iônicos;

ƒƒ estado físico na temperatura ambiente: sólido, líquido e/ou gasoso;

ƒƒ não conduzem corrente elétrica, quando puros em nenhum estado físico. Mas são capazes de conduzir

corrente elétrica em solução aquosa, quando houver presença de íons em solução.

Experiência no Mundo de Beakman

O Mundo de Beakman no Brasil foi um programa educativo de televisão. Nele, o

professor Beakman ensinava como reproduzir experiências científicas em casa e tinha uma

abordagem divertida de conceitos científicos.

No episódio método científico, Beakman recebe uma carta de um telespectador

com a seguinte pergunta: Será que a água salgada conduz corrente elétrica?

Para fazer o experimento, Beakman usou uma bateria, fios condutores de eletricida-

de (fios de cobre) e uma lâmpada para verificar a passagem de corrente elétrica.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 269


Com aparelhagem (figura anterior), Beakman fez três experiências diferentes para

responder de forma correta à pergunta feita.

Experência 1

Ao colocar os fios condutores na água com sal (NaCℓ + H2O), Beakman verificou que

a lâmpada acendeu, concluindo que a mistura de água e sal conduz corrente elétrica.

Mas para concluir que apenas a mistura de água e sal conduz corrente elétrica, Be-

akman fez mais dois experimentos.

270
Experência 2

Ao colocar os fios condutores no sal “puro” (NaCℓ ), Beakman verificou que a lâmpa-

da não acendeu, concluindo que o sal não conduz corrente elétrica, no estado sólido.

Experência 3

Ao colocar os fios condutores na água (H2O), Beakman verificou que a lâmpada

também não acendeu, concluindo que a água também não conduz corrente elétrica.

Assista ao episódio, acessando a página na Internet: http://www.youtube.com/

watch?v=YwJZmOEgF8w

Após os experimentos, Beakman pôde afirmar que apenas a mistura de água e sal

conduz corrente elétrica. Justifique tal conclusão.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 271


Seção 4
Eletronegatividade e a
polaridade da ligação química

Como vimos, alguns elementos possuem tendência a ganhar elétrons (ametais) e outros tendem a perdê-los

(metais).

Linus Pauling, um importante químico, fez uma escala de eletronegatividade com objetivo de quantificar essa

tendência. A eletronegatividade é definida como a tendência do átomo atrair elétrons para perto de si, quando se liga

a outro átomo, em uma substância composta.

Tabela 3: A escala eletronegatividade mostra que o Flúor (F), é o elemento mais eletronegativo, ou seja, possui maior ten-
dência de atrair elétrons.

Elementos F O Cℓ N C H Ca Na Fr
Eletronegatividade 3,98 3,44 3,16 3,04 2,55 2,20 1,00 0,93 0,70

Fonte: Marcus André

Uma decorrência importante do estudo da eletronegatividade dos elementos é que, em função da diferença

de eletronegatividade entre os átomos que estabelecem uma ligação, podemos classificá-las em:

ƒƒ Diferença de eletronegatividade igual a zero → ligação covalente apolar.

ƒƒ Diferença de eletronegatividade maior que zero e menor que 1,7 → ligação covalente polar.

ƒƒ Diferença de eletronegatividade maior ou igual a 1,7 → ligação iônica.

Diferença de eletronegatividade (simbolizada por um Δe) é igual:

Δe = elemento mais eletronegativo – elemento menos eletronegativo

Com aumento da diferença de eletronegatividade entre os átomos, o caráter da ligação passará de 100% covalente

(diferença de eletronegatividade entre dois átomos igual a zero) para covalente polar até chegar a acentuadamente iônico.

272
Diferença de eletronegatividade entre os átomos

Calcule a diferença de eletronegatividade e indique o tipo de ligação entre os áto-

mos dos compostos abaixo:

Composto Diferença de eletronegatividade Tipo de ligação


CaO

N2

HCℓ

Seção 5
Ligação metálica

Se um pedaço de metal é conectado aos polos de uma bateria, ocorre um fluxo de elétrons, ou seja, uma corrente

elétrica. A consideração de que a corrente elétrica é um fluxo de elétrons, levou os cientistas a estabelecerem um modelo

de ligação de natureza elétrica, baseado na atração dos íons positivos (cátions do metal) e dos elétrons livres.

Normalmente, os átomos dos metais têm de 1 a 3 elétrons na última camada eletrônica; essa camada está nor-

malmente afastada do núcleo. Quando os átomos dos metais ligam-se entre si, os elétrons escapam facilmente dos

átomos e transitam livremente pelo metal. Desse modo, os átomos que perdem elétrons transformam-se em cátions.

Concluindo, podemos dizer que, o metal seria um aglomerado de cátions, mergulhados em uma nuvem (ou

mar) de elétrons livres (Figura 11). Assim, a “nuvem” de elétrons funcionaria como uma ligação metálica, mantendo

os átomos unidos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 273


Figura 11: Modelo de ligação metálica: elétrons movendo-se livremente em todas as direções e sendo compartilhados por
todos os cátions.

Sendo assim, os metais apresentam determinadas propriedades em comum:

ƒƒ Possuem altas temperaturas de fusão e ebulição;

ƒƒ Apresentam alta condutividade elétrica (inclusive no estado sólido) e térmica.

ƒƒ São maleáveis (podem ser transformados em lâminas).

ƒƒ São dúcteis (podem ser transformados em fios).

ƒƒ Apresentam brilho característico.

ƒƒ São sólidos à temperatura ambiente (exceção: mercúrio é líquido).

Ligas metálicas
São matérias com propriedades metálicas que contêm dois ou mais elementos químicos.

Exemplos:

- Aço → constituído por Fe e C, sendo que, o aço inox é constituído por Fe, C, Cr e Ni.

- Ouro 18 quilates → constituído por Au, Ag e Cu.

- Latão → constituído por Cu e Zn.

- Bronze → constituído por Cu e Sn.

Posso apostar que, a partir desta aula, você começará a olhar o mundo a sua volta de outro jeito. Imaginar que

estamos cercados por partículas que podem interagir umas com as outras e, ainda por cima, formar novos compostos

muda nossa perspectiva, não é verdade? Isso também intrigou os químicos e, por esse motivo, eles se dedicaram a

estudar o que está por trás dessas ligações que chamamos de reações químicas. Você também irá conhecê-las, mas

para isso é preciso esperar pela próxima unidade. Até lá!

274
Resumo
Quadro comparativo entre os compostos iônicos, moleculares e metálicos:

Composto Iônico Molecular Metálico


Ligação iônica covalente metálica

Como ocorre a ligação transferência de elétrons compartilhamento de elétrons “mar de elétrons”

Composição metal + não metal Não metais metais


metais ou
Formam retículos cristalinos moléculas
ligas metálicas
Temperatura de fusão e
altos baixos Altos
ebulição
Estado físico a tempera- são sólidos, líquidos ou gaso-
são sólidos são sólidos (exceção: mercúrio – líquido)
tura ambiente (25ºC) sos
Conduz corrente elé- no estado líquido ou em
não conduz no estado sólido ou líquido
trica solução aquosa
Diferença de eletro-
negatividade entre os maior ou igual a 1,7 menor que 1,7 -
átomos

Veja ainda!

Podemos encontrar algumas animações sobre o assunto desta unidade na Internet:

ƒƒ Dissolução do cloreto de sódio (NaCℓ) em água.

A animação mostra a estrutura do cloreto de sódio, a dissolução do sal em água e a condução de corrente

elétrica.

http://www.quimica.net/emiliano/dissolucao-nacl.html

Referências

ƒƒ ATKINS, P. W. Moléculas. São Paulo, Edusp, 2000.

ƒƒ COMPANION, Audrey. Ligação Química. São Paulo, Edusp, 1970.

ƒƒ EMSLEY, John. Moléculas em exposição. São Paulo, Edgard Blücher, 2001.

ƒƒ FELTRE, Ricardo. Química volume 1 – Química Geral. São Paulo, Editora Moderna, 2009.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 275


ƒ LEE, J.D. Química inorgânica não tão concisa. São Paulo, Edgard Blücher, 1999.

ƒ MASTERTON; SLOWINSKI; STANITSKI. Princípios da Química. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1985.

ƒ REIS, Martha. Ciências, Tecnologia & Sociedade. São Paulo, FTD, 2001.

Atividade 1

A água salgada (experiência 1) conduz corrente elétrica, pois os íons estão livres

(separados). Tais íons em movimento passam a ser responsáveis pela condutividade elé-

trica. Nos casos das experiências com o sal no estado sólido (experiência 2) e com a água

(experiência 3), não há íons livres para conduzir a corrente elétrica

Atividade 2

Composto Diferença de eletronegatividade Tipo de ligação


CaO Δ = 3,44 – 1,00 = 2,44 Iônica

N2 Δ = 3,04 – 3,04 = 0 Covalente apolar

HCℓ Δ = 3,16 – 2,20 = 0,96 Covalente polar

Δ≥ 1,7 → ligação iônica

Δ <1,7 → ligação covalente polar

Δ = 0 → ligação covalente apolar.

276
O que perguntam por aí?
Questão 1 (UFMG 2005)

Nas Figuras 1 e 2, estão representados dois sólidos cristalinos, sem defeitos, que exibem dois tipos diferentes

de ligação química:

Considerando-se essas informações, é CORRETO afirmar que:

a. a Figura II corresponde a um sólido condutor de eletricidade.

b. a Figura I corresponde a um sólido condutor de eletricidade.

c. a Figura I corresponde a um material que, no estado líquido, é um isolante elétrico.

d. a Figura II corresponde a um material que, no estado líquido, é um isolante elétrico.

Resposta: Letra b

Comentário: A figura I mostra uma “nuvem de elétrons”, ou seja, os elétrons são livres para movimentar-se,

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 277


advindo daí a alta condutividade no estado sólido. Já na figura II os íons não possuem mobilidade, sendo assim, não

conduz corrente elétrica.

Questão 2 (Unifesp 2006)

A tabela apresenta algumas propriedades medidas, sob condições experimentais adequadas, dos compostos

X, Y e Z.

composto dureza temperatura de fusão (ºC) Condutividade elétrica


fase sólida fase líquida
X macio 115 não conduz não conduz

Y muito duro 1600 conduz conduz

Z duro 800 não conduz conduz

A partir desses resultados, podem-se classificar os compostos X, Y e Z, respectivamente, como sólidos:

a. molecular, covalente e metálico.

b. molecular, covalente e iônico.

c. covalente, molecular e iônico.

d. covalente, metálico e iônico.

e. iônico, covalente e molecular.

Resposta: Letra d

Comentário: A diferença mais evidente entre os compostos está na condutividade elétrica:

ƒƒ O composto X não conduz corrente elétrica na fase sólida nem na fase líquida, o que caracteriza ser um
composto covalente;

ƒƒ O composto Y conduz corrente elétrica na fase sólida e na fase líquida, o que caracteriza ser um composto

metálico;

ƒƒ O composto Z não conduz corrente elétrica na fase sólida, mas conduz na fase líquida, o que caracteriza ser

um composto iônico.

Questão 3 (UFRJ 2006)

Alguns materiais, quando submetidos a baixas temperaturas, podem apresentar supercondutividade, isto é,

278
um fenômeno em que a resistência elétrica iguala-se a zero. Um material com essa característica é uma cerâmica que

contém os óxidos HgO, CaO, BaO e CuO.

Disponha os óxidos HgO, CaO, BaO e CuO em ordem crescente de caráter covalente das suas ligações. Justifi-

que sua resposta, com base nos valores de eletronegatividade.

Dados:

Resposta comentada: Quanto maior a diferença das eletronegatividades dos elementos que compõem cada

óxido, menor o caráter covalente da sua ligação.

Assim, de acordo com a Tabela Periódica, temos:

HgO: 3,44 - 2,00 = 1,44

CaO: 3,44 - 1,00 = 2,44

BaO: 3,44 - 0,89 = 2,55

CuO: 3,44 - 1,90 = 1,54

Desta forma, a disposição dos compostos, de acordo com o critério solicitado, é: BaO< CaO < CuO < HgO

Questão 4 (PUC-MG)

Todas as afirmações em relação às ligações químicas estão corretas, EXCETO:

a. não metal + hidrogênio é ligação covalente.

b. não metal + não metal é ligação covalente.

c. substância que apresenta ligações iônicas e covalentes é classificada como covalente.

d. metal + metal é ligação metálica.

e. metal + hidrogênio é ligação iônica.

Resposta: Letra c

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 279


Comentário: substância que apresenta ligações iônicas e covalentes é classificada como iônica.

Questão 5 (UFMG)

Leia o texto a seguir. Esse texto, apesar de conter vários erros conceituais, faz parte de matéria publicada em

um jornal de circulação nacional, sob o título:

“SAL TEM PROPRIEDADES DE DERRETER OS CRISTAIS DE GELO”.

“Jogue um punhado de sal grosso numa calçada coberta de gelo (comum em países muito frios no inverno, por

causa da neve). O gelo derrete imediatamente.

Sabemos, no entanto, que o sal não é quente. Na verdade, o sal gelado causaria o mesmo efeito. Como o gelo

derrete? A resposta está na Química. Em estado líquido, as moléculas de água estão em movimento. Mas quando a

temperatura cai, elas param, congelando em cristais.

Um pedaço de gelo sempre tem moléculas passando de um estado para o outro. Se você pudesse ver cada

molécula de água, veria dois átomos de hidrogênio ligados a um de oxigênio, formando um triângulo. Por causa da

posição dos átomos, cada molécula de água gera um campo elétrico.

Cada molécula de sal é formada por átomos de sódio e cloro interligados. Quando sal grosso é jogado no gelo,

ocorre uma reação imediata. Uma molécula de sal normal não tem carga elétrica, mas quando se separa uma molécu-

la de sal, os átomos liberados ficam eletricamente carregados (átomos carregados são chamados de íons).

Moléculas de água são eletricamente atraídas por íons. Por isso, grupos de moléculas de água que ainda estão

em estado líquido começam a se aglomerar em torno dos íons sódio e cloro. Enquanto isso, as outras moléculas de

água libertam-se do gelo e também ficam em volta dos átomos de sódio e cloro.

Logo, só resta água.”

a. SUBLINHE, no texto, UM erro conceitual.

b. EXPLIQUE o que está errado no trecho sublinhado.

c. REESCREVA-O, de modo a torná-lo correto.

Resposta:

a. Molécula de Sal.

280
b. O sal, por ser iônico, não forma molécula; os íons agrupam-se, formando cristais.

c. Cada fórmula de sal.

Comentário: O sal em questão é formado pelos elementos sódio e cloro, ou seja, metal + ametal. Então o sal é

um composto iônico e não uma molécula (molécula = composto formado por apenas ligações covalentes).

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 281


CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

www.visaoedu.com.br
Transformando
a matéria – as
reações químicas

Para início de conversa...

Você sabe o que ocorre no nosso organismo, quando fazemos uma ativi-

dade física?

Antes de responder, eu gostaria que você pensasse no seguinte depoi-

mento, dado por um atleta: “Aprendi que uma alimentação balanceada é funda-

mental para melhorar meu desempenho e ter uma vida saudável. E ela está direta-

mente relacionada às reações químicas que ocorrem dentro de mim, pois são elas

que me movem.”.

E é isso mesmo o que ocorre, a

todo o momento, dentro de nosso orga-

nismo: uma série de reações (ou trans-

formações) químicas! São elas as respon-

sáveis pela realização de todas as suas

tarefas diárias: andar, comer, falar e até

dormir! Dessa forma, pode-se dizer que a

manutenção da vida depende delas.

Acredite: seu corpo é uma verda-

deira indústria química!

Figura 1: Durante todo o tempo, várias


transformações químicas ocorrem den-
tro do seu organismo, permitindo que
você realize várias atividades como falar,
dormir, correr...
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/
File: CristinaGonzalez.jpg - Centurion249

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 283


O corpo humano, como tudo que está ao seu redor, é uma combinação, na medida certa, de átomos de vários

elementos químicos. É tal combinação que proporciona o funcionamento do nosso organismo, o qual depende de

reações químicas. Essas, em conjunto, compõem o metabolismo do nosso corpo.

Mas espere um pouco! Você sabe o que é uma transformação química? Não!?!? Não se preocupe, pois este é o

tema desta aula. Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Reconhecer as reações químicas que acontecem ao seu redor.

ƒƒ Descrever as transformações químicas em linguagem discursiva e em linguagem simbólica.

ƒƒ Interpretar as equações químicas de forma adequada.

ƒƒ Reconhecer os diferentes tipos de reações químicas e a sua importância em nosso cotidiano.

284
Seção 1
Afinal, o que é uma transformação química?

Vá até a sua cozinha... Quantas misturas e transformações você realiza para dar gosto, aroma e aspecto visual

agradável aos alimentos?

Na verdade, o mais simples preparo do alimento já envolve uma série de transformações. Qual a diferença, por

exemplo, entre o ovo cru e o ovo cozido? Ou a diferença de um delicioso pedaço de carne cozida para a crua? Ou a

massa de pão para o pão assado?

Nesses três casos, podemos observar nitidamente uma mudança nas estruturas iniciais do ovo, da carne e da

massa do pão. Todas elas, como já apontado, são formadas por substâncias químicas que, com a intervenção do calor,

se transformaram em outras.

Portanto, uma simples receita contém todos os ingredientes necessários, além de todo um passo a passo, para

você fazer uma série de transformações químicas! Algumas delas darão origem, por exemplo, àquele delicioso doce,

como mostrado na Figura 2. Não seguir a receita, pode levá-lo a obter uma coisa não muito gostosa.

Figura 2: Que delícia... No laboratório químico, que é a sua cozinha, você pode criar maravilhas como essas!
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:CristinaGonzalez.jpg - Centurion249

Uma maneira bem simples de você reconhecer a ocorrência de uma transformação química é a observação de alte-

rações que ocorrem nas substâncias como um todo. Há várias evidências perceptíveis aos seus sentidos que indicam

a ocorrência de uma reação química, como:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 285


ƒƒ liberação de um gás (efervescência) - quando você adiciona um fermento químico em água;

ƒƒ liberação de luz e calor - na queima do gás de cozinha, na boca do fogão;

ƒƒ modificação da textura ou a formação de um sólido - a coagulação da caseína, uma proteína, do leite

para a produção de queijo ou iogurte; ou no cozimento de alimentos.

ƒƒ mudança de coloração - queima da calda de açúcar, que de branco torna-se marrom.

ƒƒ alteração do odor - o cheiro do ovo podre.

Figura 3: Durante a preparação dos alimentos, podemos distinguir a ocorrência das transformações químicas em função
das modificações, ocorridas na matéria. Quando fazemos pães, observamos que os ingredientes iniciais, como o queijo e a
farinha, transformam-se em um delicioso e quentinho pão. Logo, podemos dizer que ocorreram transformações químicas
em função das modificações ocorridas.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1360961 - Ariel da Silva Parreira

Para melhor ilustrar tal questão, observe o que ocorre, quando você cozinha uma batata; os componentes do

sistema são batata crua e água. O estado inicial do sistema deve descrever a batata com textura sólida e consistente e

a água na temperatura ambiente. As condições seriam o aquecimento e o tempo de cozimento. E o estado final seria

a água aquecida e a batata com mudança de textura (cozida).

No caso descrito, definitivamente houve uma reação química, pois houve a transformação da matéria. No

entanto, há algumas transformações onde ocorrem apenas mudanças no estado físico das substâncias químicas en-

volvidas, sem que haja uma reação química.

Em uma transformação química, também chamada de reação química, um ou mais tipos de substâncias
transformam-se em uma nova – ou em várias novas – substâncias.

286
Sendo assim, como podemos reconhecer se, em um sistema, ocorre uma transformação química ou apenas

mudanças de estado físico?

Vamos, para facilitar o entendimento, fazer uma atividade. Nela, você irá analisar algumas transformações, com

o objetivo de caracterizar os materiais antes e depois de sofrerem transformações, evidenciando ou não a ocorrência

de reações químicas.

Para isso, preencha a tabela 1 indicando:

ƒƒ os componentes do sistema;

ƒƒ qual o seu aspecto inicial e final;

ƒƒ quais as condições necessárias para a ocorrência da transformação;

ƒƒ em seguida, reconheça em quais processos ocorreu a transformação da matéria, ou apenas a mudança de


estado físico.

Para facilitar, siga os exemplos apresentados:

Tabela 1: Cada processo representa uma transformação...

Condições para a
Componentes do Estado inicial
Processo ocorrência da Estado final do sistema
sistema do sistema
transformação

Retirar calor do sistema, Sólido incolor,


Líquido incolor, inodoro
Formação do gelo Água levando água até o con- insípido, transparente
e insípido
gelador ou ao freezer e escorregadio

Material que mantém a


Açúcar, farinha, Material pastoso de cor
Cozimento de um forma, pode ser cortado e
ovos, leite, amarelo-clara; uniforme Fornecer calor ao sistema
bolo esfarelado; mais escuro na
fermento em todas as partes
parte externa que na interna.

Queima da gaso-
lina

A sublimação da
naftalina

Adição de compri-
mido efervescente
à água

Oxidação de um
prego

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 287


Durante o preenchimento da tabela, duas descrições são muito importantes para você caracterizar a ocorrên-

cia de uma reação química: a do sistema antes e após a transformação.

A formação do gelo (Figura 4) e a sublimação da naftalina são exemplos de transformações onde ocorre a mo-

dificação do estado físico e não a formação de novas substâncias. Neste caso, dizemos que houve uma transformação

física da matéria.

Nos outros casos, novos materiais são formados, ou seja, as características do sistema inicial foram alteradas,

indicando a ocorrência de uma transformação química. Se você teve alguma dificuldade para preencher a tabela,

compare as suas respostas com as minhas, ao final da unidade.

Figura 4: A solidificação da água indica uma transformação física, pois a matéria continua a mesma: a água.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Estalactite_e_estalagmite_de_gelo.jpg?uselang=pt-br - gcardinal

Mas em determinadas transformações, não podemos ter certeza de que uma reação química ocorreu, baseada

apenas nessas evidências. Uma forma segura de comprovar a ocorrência da transformação é isolar as substâncias

produzidas e determinar as suas propriedades físicas. Algumas delas são a temperatura de fusão e de ebulição ou a

densidade, que você estudou na Unidade “Planeta Terra ou Planeta Água?” .

288
As evidências de uma transformação
química!
A ida a uma feira livre nos permite verificar a ocor-
rência de várias reações químicas. Quer saber como?

Assista em: http://web.ccead.puc-rio.br/condigi-


tal/video/ai%20tem%20quimica/reacoes%20qui-
micas/Evidencias%20das%20Reacoes/video%20
para%20web/video.html

Representando as reações químicas:


as equações químicas

Como você estudou, a química possui uma linguagem especial: as substâncias são representadas por fórmulas.

Estas indicam os elementos constituintes por meio de símbolos e as quantidades de átomos através de índices.

Com as reações químicas ocorre o mesmo, para que sejam interpretadas universalmente, utilizamos os símbo-

los e as fórmulas, que representam os componentes participantes da equação química.

As reações químicas são representadas por equações químicas que mos-


tram as fórmulas das substâncias participantes, em proporções adequadas.

Veja um exemplo:

Em uma churrasqueira, você utiliza a queima do carvão para assar a carne (Figura 5). Neste caso, o carvão (que

é formado por átomos de carbono - C) reage com o gás oxigênio (O2) presente no ar atmosférico, transformando-se

em dióxido de carbono (CO2).

Sendo assim, como representar essa queima em linguagem química?

Primeiro, representam-se os ingredientes da transformação – chamados de reagentes - através dos seus sím-

bolos e fórmulas, separados pelo sinal de adição (+):

Em seguida, colocamos uma seta ( → ) para indicarmos a transformação:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 289


Para terminarmos, indicamos as substâncias formadas – os produtos; neste nosso exemplo, o dióxido de car-

bono (CO2):

Além disso, os estados físicos das substâncias podem ser indicados entre parênteses:

Lembre-se de que os reagentes de uma reação química devem aparecer antes da seta da transformação e os

produtos após a seta. Esquematicamente, pode-se dizer que:

reagentes → produtos

Figura 5: A queima do carvão. Na presença do gás oxigênio, contido no ar atmosférico, o carvão queima, produzindo gás
carbônico. Essa transformação química pode ser representada pela seguinte equação química: C(s) + O2(g) CO2(g)
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1000908 - Dariusz Chyla

290
As equações químicas podem nos apresentar outras informações importantes através da presença de
símbolos, colocados ao lado das substâncias. Eles podem ser:

• Os estados físicos das substâncias: sólido (s), líquido (l), gasoso (g) e vapor (v).

• Quando uma substância está dissolvida em água: aquoso (aq).

• A formação de um gás: ↑.

• A formação de um sólido: ↓.

• A necessidade de aquecimento: em cima da seta da reação, o símbolo ∆

• A reação ocorre nos dois sentidos, ou seja, é reversível: 

A “leitura” de uma reação química fornece muitas informações importantes, como a proporção entre os átomos

e moléculas para a ocorrência da transformação. Observe a reação a seguir cuidadosamente, pause um momento a

sua leitura do texto e tente lê-la:

Agora, vamos ver se você acertou ou chegou perto? Na equação, podemos ler que 1 átomo de carbono, no

estado sólido, reage com 1 molécula de gás oxigênio, produzindo 1 molécula de gás carbônico.

Em relação à quantidade de átomos, podemos dizer que:

Repare que antes e após a reação química, os átomos são os mesmos. Eles só foram combinados de forma dife-

rente, formando uma nova substância.

É possível, então, concluirmos que em

uma transformação química ou reação quími- A reação química é um rearranjo dos átomos;
ca, os átomos permanecem os mesmos, sendo logo, a quantidade de átomos presentes nos
reagentes é a mesma que a dos produtos.
apenas ligados de forma diferente.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 291


Figura 6: Nada se perde... tudo se transforma! Perceba na representação da reação química da queima do carvão, que os
átomos são os mesmos, sendo apenas combinados de forma diferente para formar uma nova substância. Abaixo da equação
química, veja uma representação esquemática dos átomos, que não possui escala e cujas cores são fantasiosas.
Fonte: Andrea Borges

Vamos ver mais um exemplo?

Na queima do gás natural – gás metano (CH4) – na presença do gás oxigênio (O2), forma-se dióxido de carbono
(CO2) e vapor d’água (H2O). Nesta transformação, a energia liberada na forma de luz e calor indica a ocorrência de uma

reação química (Figura 7).

Gás metano + gás oxigênio dióxido de carbono + água


Figura 7: A reação do gás metano, presente no gás natural, com o gás oxigênio produz dióxido de carbono e vapor de água.
Adaptação: Andrea Borges
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1340839 - Graham Briggs

Veja como fica a equação química representativa dessa reação química:

Você reparou que agora apareceram números antes das fórmulas das substâncias?

292
Dessa forma, interprete-os assim: 1 molécula de gás metano reage com duas moléculas de gás oxigênio, pro-

duzindo 1 molécula de dióxido de carbono e 2 moléculas de água. Repare que, quando não vier número especificado

antes da fórmula da substância, este indicará o número 1:

Os números colocados na frente das fórmulas, denominados “coeficientes”, fornecem a quantidade de molécu-

las que participam da reação, indicando a proporção na qual a reação acontece.

Por que os coeficientes de uma equação são fundamentais?

Lembre-se de que uma reação química representa o rearranjo dos átomos, por isso, a quantidade destes deve

ser a mesma antes e após a reação química. Perceba a importância dos coeficientes na Figura 8.

Esquema 1: a reação química com os coeficientes – repare que a quantidade dos átomos participantes é a

mesma em ambos os lados das reações

1 átomo de carbono 1 átomo de carbono


4 átomos de hidrogênio = 4 átomos de hidrogênio
4 átomos de oxigênio 4 átomos de oxigênio

Esquema 2: a reação química sem os coeficientes – neste caso, as quantidades dos átomos são diferentes, o

que não é correto na representação de uma reação química.

1 átomo de carbono 1 átomo de carbono


4 átomos de hidrogênio ≠ 2 átomos de hidrogênio
2 átomos de oxigênio 3 átomos de oxigênio

Figura 8: Os esquemas de átomos em uma equação química com e sem os coeficientes, respectivamente. Da mesma forma
que em uma receita culinária aparecem a quantidade de xícaras e colheres de um dado ingrediente, nas equações químicas
representamos a proporção das substâncias de uma reação química, pelos coeficientes da equação. Abaixo das equações
químicas, veja uma representação esquemática dos átomos, a qual não possui escala e cujas cores são fantasiosas.
Autora: Andrea Borges

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 293


Mãos à obra: escreva uma equação química!

Uma reação química está representada pelo seguinte esquema:

Represente esta reação através de uma equação química, sabendo que todas as substân-

cias estão no estado gasoso. Depois, faça a sua leitura, utilizando a seguinte legenda de esferas:

átomo de hidrogênio

átomo de nitrogênio

Obs: Representação esquemática dos átomos, sem escala e usando cores fantasiosas.

294
Seção 3
Os diferentes tipos de reações químicas

Podem-se ter diferentes tipos de reações químicas, dependendo das substâncias participantes das reações

químicas. Veja os quatro tipos diferentes:

• Reação de adição

• Reação de decomposição

• Reação de deslocamento

• Reação de dupla-troca

Vamos conhecer melhor cada uma delas!

As reações de adição

Você já comeu aqueles doces de frutas cristalizadas com aquela casquinha crocante? É uma delícia, não?! Um

dos ingredientes para a fabricação desses doces é a cal viva (ou água de cal) – óxido de cálcio (CaO) - que também é

aplicada em pinturas (caiação) e também em argamassa.

Que tal um doce?


Qual é o segredo para a produção de doces
de frutas cristalizadas? O site PontoCiência.
org preparou um vídeo explicando.

Acesse: http://www.youtube.com/
watch?v=1w7yIQ0owfk

Em uma das etapas de fabricação do doce, os pedaços de frutas ficam mergulhados na água de cal, quando o óxido

de cálcio reage com a água, produz o hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 - que é pouco solúvel em água. Por isso, deve-

mos coar a mistura, ficando em contato com a fruta, apenas a porção de hidróxido de cálcio que é dissolvida.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 295


Veja a equação química que representa o processo:

Repare que nessa equação juntamos as duas substâncias reagentes para forma apenas uma. Esse é um exem-

plo de reações de adição.

Uma reação que apresente dois ou mais reagentes e apenas um produto é denominada reação de
adição ou síntese.

Reações de decomposição

Mas se você prefere um delicioso bolo...

Você conhece o bicarbonato de sódio? Ele é um dos componentes do fermento químico, utilizado nas receitas

de bolo. Por que ele é utilizado?

Quando aquecido, o bicarbonato de sódio decompõe-se e libera vários gases que são responsáveis pelo au-

mento do volume da massa do bolo. Veja a equação química que representa esse fenômeno:

Repare que, neste processo, teremos uma substância sendo dividida em outras substâncias menores. Esse tipo

de transformação é chamada de reação de decomposição.

Uma reação que tiver um só reagente e dois ou mais produtos é


classificada como reação de decomposição ou análise.

296
A mágica do crescimento
do bolo!
http://www.labvirtq.fe.usp.br/simu-
lacoes/quimica/sim_qui_magicado-
crescimento.htm

Vulcão Químico

Em um vulcão, construído de argila, adiciona-se magnésio metálico (Mg), em raspas

e em pó, e dicromato de amônio [(NH4)2Cr2O7]. Ao acendê-lo, ocorrem as seguintes reações

químicas que simulam a explosão de um vulcão:

Equação química 1: (NH4)2Cr2O7 (s) → N2 (g) + Cr2O3 (s) + 4H2O (g)

Equação química 2: 2 Mg(s) + O2 (g) → 2 MgO (s)

Classifique as duas reações representadas pelas equações químicas 1 e 2, justifican-

do a sua resposta.

Observação: caso queira ver esse experimento, acesse: http://www.youtube.com/

watch?v=WQapnvEtRX8&feature=player_embedded

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 297


Reações de deslocamento

Bem, chegou a hora da limpeza...

Você precisará da palha de aço para limpar as panelas. Mas o problema é que você a deixou em cima da pia e

agora ela está completamente enferrujada, quebradiça e impossível de ser reutilizada.

Por que isso ocorre?!?!

Na composição da palha de aço está presente o ferro. Este sofre um processo, chamado de corrosão, processo

natural de desgaste dos metais. Isto ocorre devido a vários fatores como: exposição à água, ácidos, bactérias, ar.

Mas será que todos os metais sofrem o mesmo tipo de processo? Imagine se a palha de aço fosse feita de ouro.

Ela seria corroída? Digo a você: não seria! Outros metais, no entanto, como o sódio, não podem sequer entrar em

contato com a água que rapidamente se transformam.

Por isso, dizemos que os metais possuem diferentes reatividades. Antes de continuar com a explicação sobre

reações, pare e faça uma pequena atividade sobre reatividade.

Descobrindo a reatividade dos metais

Para responder a essa atividade, você precisará acessar a animação: Reatividade dos

metais no endereço eletrônico:

http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=519&Itemid=91

Realize todas as atividades propostas. Assim, você estará mais preparado para res-

ponder às seguintes questões:

a. Quando você reagiu os metais com ácido clorídrico, o zinco (Zn) foi o primeiro

metal a reagir, havendo a produção de um gás, segundo a reação.

Zn(s) + 2HCℓ (aq) →ZnCℓ2 (aq) + H2 (g)ℓ

Depois foi o ferro. Seguindo esse exemplo, escreva a reação do ferro com o ácido

clorídrico.

298
b. Você percebeu que o zinco reagiu assim que foi adicionado o ácido clorídrico,

enquanto que o ferro precisou de aquecimento? Sendo assim, você saberia

dizer qual o metal mais reativo, ferro ou zinco?

Perceba, na explicação da animação, que nas reações de metais com ácidos, uma substân-

cia simples reage com uma composta, originando uma nova simples e outra composta. Esse tipo

de reação é chamado reação de simples troca ou deslocamento.

Em uma reação de deslocamento ou simples troca, uma subs-


tância simples reage com uma substância composta, formando
uma nova substância simples e uma nova substância composta.

Para o exemplo do zinco (Zn) com o ácido clorídrico (HCℓ), o metal desloca o cátion da subs-

tância composta, trocando de lugar com ele. Isso só ocorre, se o metal for mais reativo (Figura 9).

o Zn desloca o H

Zn (s) + 2HCℓ (aq) → ZnCℓ2 (aq) + H2 (g)


substância substância substância substância
simples composta composta simples

Figura 9: Na reação do Zn (substância simples) com o ácido clorídrico (substância composta), o Zn deslo-
ca o H, formando uma nova substância composta (ZnCℓ2) e liberando uma nova substância simples (H2).
Essa reação só ocorre porque o zinco é mais reativo que o hidrogênio na fila de reatividade.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 299


Metais nobres, como: o ouro, a prata, a platina, o paládio não reagem com o ácido clorídrico. Eles são raros e

dificilmente sofrem a corrosão, sendo por isso mais caros, financeiramente, que os outros metais. São, dessa forma,

considerados pouco reativos.

Alguns metais sofrem corrosão lentamente na presença de ar e umidade. Estes metais de reatividade inter-

mediária compõem o grupo da família B (caso do ferro, zinco, níquel, cromo, manganês), além de alguns da família A

(como o alumínio e o chumbo).

Existe também o grupo dos metais reativos, como os das famílias dos metais alcalinos (Grupo 1 Tabela Periódi-

ca), que possuem uma reatividade tão alta que reagem com a água e com o oxigênio do ar atmosférico. Estes são, por

isso, guardados em líquidos inertes, como o querosene. Como exemplo, podemos citar o potássio, o sódio e o rubídio.

Mediante a realização de uma série de reações semelhantes, é possível escrever uma sequência de compara-

ção de reatividades dos metais. Veja abaixo:

Fila de reatividade dos metais


K > Na > Li> Ca > Mg> Aℓ> Zn > Fe > Ni > Pb > H > Cu > Hg > Ag > Pt > Au

Esta fila de reatividade pode ser expressa de uma maneira simplificada:

Metais alcalinos e alcalinos terrosos > outros metais > H > metais nobres

A reatividade dos metais tem grande importância para a indústria que, através de seus pesquisadores, promo-

ve estudos para evitar o desgaste de peças, tanques ou tubulações metálicas.

Reações de dupla troca

Lembra-se do churrasco que você preparou? Ainda teve o doce de mamão cristalizado, o bolo de aniversário...

E agora, para finalizar essa comilança, você está com azia...

Você logo procura tomar um antiácido efervescente. Antiácido!!!! Que nome Suco gástrico
Secreção de natureza ácida,
estranho, não? produzida pelas células do es-
tômago que têm como princi-
Chama-se assim porque ele consegue diminuir o excesso de ácido clorídrico,
pal função participar do proces-
presente no suco gástrico, que dá a sensação de “queimação” no seu estômago. so de digestão dos alimentos.

300
Você já deve ter reparado que, quando você dissolve um desses comprimidos efervescentes em água, ocorre a

liberação de um gás. Por que isso ocorre?

Uma reação química muito usada por pedreiros é a limpeza de mármore (CaCO3) com ácido muriático (HCl).
Nela, pode ser verificada a mesma produção de efervescência, que nada mais é do que a produção do dióxido de

carbono - CO2 (g).

Veja abaixo como podemos representar essa reação com o uso de uma equação química:

CaCO3 + 2HCℓ → CaCℓ2 + H2CO3

Mas e o desprendimento gasoso? Ele ocorre porque o ácido carbônico formado é uma substância instável. Ou

seja, logo que ele é produzido na reação química, decompõe-se em água e dióxido de carbono. Veja:

CaCO 3 + 2HCℓ → CaCℓ2 + H2O + CO2

Repare também na equação que as novas substâncias são formadas através da troca dos átomos entre os dois

reagentes, que são substâncias compostas. Neste caso, dizemos que houve uma reação de dupla troca.

Em uma reação de dupla troca, duas substâncias compostas dão origem a outras duas substâncias com-
postas através da troca dos cátions e dos ânions existentes.

Veja um outro exemplo de reação de dupla troca, fazendo a atividade 4.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 301


Reações de precipitação

Durante uma reação de dupla troca, pode ocorrer a formação de uma substância

pouco solúvel em água, ou seja, a formação de um sólido. Na linguagem química, dizemos

que houve a formação de um precipitado.

Um exemplo desse tipo de reação, é a reação entre uma solução incolor de nitra-

to de chumbo II [Pb(NO3)2] com uma solução também incolor de iodeto de potássio (KI).
Nessa reação, forma-se o nitrato de potássio (KNO3) em solução aquosa e o iodeto de

chumbo II (PbI2), um sólido de cor amarelada.

Dizem que essa reação era muito usada por espiões durante a Segunda Guerra Mun-

dial. Eles enviavam mensagens com uma tinta invisível, contendo uma solução de nitrato

de chumbo. O destinatário revelava a mensagem com o iodeto de potássio, tornando a

escrita visível, devido à formação do iodeto de chumbo II sólido.

Agora que você já sabe como a reação ocorre, descreva a equação química que re-

presenta a reação de precipitação do iodeto de chumbo, indicando as trocas que ocorrem

nas substâncias reagentes.

Como você acabou de estudar, os átomos interagem entre si, realizando o que chamamos de reações químicas

As substâncias geradas a partir dessas reações podem, muitas delas, apresentar propriedades que são comuns

umas às outras. Ao perceber esse detalhe, os químicos resolveram reunir as substâncias com características seme-

lhantes em grupos que receberam o nome de funções químicas. Na próxima unidade, veremos quais os critérios

utilizados para essa classificação, quais os tipos de funções existentes, e a importância delas para os diversos ramos

da vida e do conhecimento. Não perca!

302
Resumo

ƒƒ As transformações químicas ou reações químicas ocorrem quando há modificação da matéria e podem ser

representadas por equações químicas.

ƒƒ Nas equações químicas, os átomos que estão do lado dos produtos são os mesmos que do lado dos reagen-

tes, apenas estão agrupados de forma diferentes, formando novas substâncias.

ƒƒ As reações químicas são classificadas em quatro modos principais: adição, decomposição, deslocamento e

dupla troca.

ƒƒ As reações de adição ocorrem quando duas ou mais substâncias formam apenas uma nova substância.

ƒƒ Já nas reações de decomposição, ocorre o inverso, o reagente é decomposto em novas substâncias.

ƒƒ Nas reações de deslocamento, uma substância simples reage com uma substância composta formando uma

nova substância simples e uma nova substância composta. Um exemplo importante é a reação dos metais

com os ácidos, que só ocorrem quando o metal é mais reativo que o hidrogênio na fila de reatividade.

ƒƒ As reações de dupla troca ocorrem entre duas substâncias compostas, havendo a formação de novas subs-
tâncias compostas. Um exemplo importante é a reação de precipitação que ocorre quando uma das subs-

tâncias formadas é pouco solúvel em água.

Veja ainda...

No portal do projeto Condigital da PUC – RJ, existem vários vídeos e animações sobre Reações Químicas, den-

tre os quais sugerimos:

ƒƒ O Vídeo - Aí tem química: Reações Químicas http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/video/ai%20tem%20quimi-

ca/reacoes%20quimicas/Reacoes%20Quimicas/video%20para%20web/video.html < março de 2012>

ƒƒ O vídeo – Reações químicas: episódio – Sabões http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?

option=com_content&view=article&id=102&Itemid=91 < março de 2012>

ƒƒ Reações de precipitação http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&vi

ew=article&id=580&Itemid=91 < março de 2012>

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 303


Referências

ƒƒ BARROS, Augusto Aragão. BARROS, Elisabete Barbosa de Paula. A Química dos Alimentos: produtos fermen-

tados e corantes. Coleção Química no Cotidiano – Volume 4. São Paulo – SBQ. 2010. Disponível em: http://www.

quimica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/AIQ_2011/quimica_alimentos.pdf acessado em março de 2012.

ƒƒ HARTWIG, Dácio Rodney. SOUZA, Edson de. MOTA, Ronaldo Nascimento. Química: Química geral e inor-

gância. São Paulo: Scipione, 1999. 415p.

ƒƒ LEMBO, Antônio. Química: Realidade e Contexto. V. 1: Química geral. São Paulo: Editora Ática, 1999. 472 p.

ƒƒ MÓL, Gerson de Souza. SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos Santos. Química Cidadã: volume 1. São Paulo:

Editora Nova Geração, 2010. 416 p.

ƒ ƒ NARCISO Jr., Jorge L. JORDÃO, Marcelo P. Projeto Escola e Cidadania: Química. São Paulo: Editora

do Brasil, 2000.

ƒƒ NOVAIS, Vera Lúcia Duarte de. Química. volume 1. São Paulo: Atual, 1999. 422 p.

ƒƒ PERUZZO, Francisco Miragaia. CANTO, Eduardo Leite. Química na abordagem do cotidiano. 4ª Edição,

volume 1. São Paulo; Moderna, 2010. 408 p.

ƒƒ REIS, Martha. Química: química geral: textos e atividades complementares. São Paulo: FTD, 2007. 144p.

ƒƒ SILVA, Eduardo Roberto da. NÓBREGA. Olímpio Salgado. SILVA. Ruch Rumiko Hashimoto. Química:

conceitos básicos. Volume 1. 1.ed. São Paulo: Editora Ática. 384p.

ƒƒ USBERCO, João. SALVADOR, Edgard. Química, volume único. 7.ed.reform. São Paulo: Saraiva, 2006.

304
Resposta da Tabela 1

Processo Componentes Estado inicial do Condições para Estado final do sistema


do sistema sistema ocorrer a trans-
formação
Queima Gasolina e ar Liquido levemen- Fornecer calor para Gases inodoros e incolores;
da gaso- atmosférico te amarelado, com iniciar o processo algumas vezes, fumaça preta.
lina odor característi-
co; gases incolo-
res e inodoros
A subli- Bolinhas de Sólido branco de Processo espontâ- As bolinhas de naftalina dimi-
mação da naftalina odor característico neo, ou seja, ocor- nuem de tamanho, espalhando
naftalina re naturalmente pelo ambiente o seu odor carac-
terístico, indicando a passagem
do estado líquido para o estado
gasoso.

Adição de Água e o Líquido incolor, Durante o proces- Líquido incolor, presença


compri- comprimido inodoro, insípido; so, ocorre a libera- de bolhas, sabor levemente
mido efer- efervescente sólido branco ção de gases salgado
vescente à
água

Corrosão Prego, água e Material sólido Aparecimento Pó castanho-avermelhado


de um oxigênio rígido e brilhante de pós castanho- facilmente removível da
prego -avermelhado superfície do prego; sólido
quebradiço e fosco

Atividade 1

Equação química:

Leitura: uma molécula de gás nitrogênio reage com 3 moléculas de gás hidrogênio

produzindo 2 moléculas de gás amônia.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 305


Atividade 2

A equação 1 representa uma reação de decomposição, pois um reagente se decom-

põe em várias outras substâncias.

A equação 2 representa uma reação de adição, pois ocorre a união de duas substân-

cias, formando apenas uma substância.

Atividade 3

a)

b) Como o zinco reagiu mais rapidamente, ele será um metal mais reativo que o ferro.

Atividade 4

A reação descrita pode ser representada pela equação:

306
O que perguntam por aí?

Questão 1 (Enem 2010)

“Cientistas da Austrália descobriram um meio de produzir roupas que se limpam sozinhas. A equipe de pesqui-
sadores usou nanocristais de dióxido de titânio (TiO2) que, sob ação da luz solar, são capazes de decompor as
partículas de sujeira na superfície de um tecido. O estudo apresentou bons resultados com fibras de algodão e
seda. Nesses casos, foram removidas manchas de vinho, bastante resistentes. A nanocamada protetora poderá
ser útil na prevenção de infecções em hospitais, uma vez que o dióxido de titânio também mostrou ser eficaz na
destruição das paredes celulares de microrganismos que provocam infecções. O termo “nano” vem da unidade
de medida nanômetro, que é a bilionésima parte de 1 metro.”

Veja. Especial Tecnologia. São Paulo: Abril, set. 2008 (adaptado).

A partir dos resultados obtidos pelos pesquisadores em relação ao uso de nanocristais de dióxido de titânio na

produção de tecidos e considerando uma possível utilização dessa substância no combate às infecções hospitalares,

pode-se associar que os nanocristais de dióxido de titânio:

a) são pouco eficientes em ambientes fechados e escuros.

b) possuem dimensões menores que as de seus átomos formadores.

c) são pouco eficientes na remoção de partículas de sujeira de natureza orgânica.

d) destroem microrganismos causadores de infecções, por meio de osmose celular.

e) interagem fortemente com material orgânico devido à sua natureza apolar.

Gabarito: Letra A.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 307


Comentário: Os nanocristais de dióxido de titânio são capazes de decompor as partículas de sujeira na

superfície de um tecido, através de uma reação química, sob ação da luz solar. Sendo assim, são pouco eficientes em

ambientes fechados e escuros.

Texto para as questões 2 e 3:

“Produtos de limpeza, indevidamente guardados ou manipulados, estão entre as principais causas de aciden-

tes domésticos. Leia o relato de uma pessoa que perdeu o olfato por ter misturado água sanitária, amoníaco e sabão

em pó para limpar um banheiro:

A MISTURA FERVEU E COMEÇOU A SAIR UMA FUMAÇA ASFIXIANTE. Não conseguia respirar e meus olhos, nariz

e garganta começaram a arder de maneira insuportável. Saí correndo à procura de uma janela aberta para poder

voltar a respirar.“

Questão 2 (Enem 2003)

O trecho destacado no texto poderia ser reescrito, em linguagem científica, da seguinte forma:

a) As substâncias químicas presentes nos produtos de limpeza evaporaram.

b) Com a mistura química, houve produção de uma solução aquosa asfixiante.

c) As substâncias sofreram transformações pelo contato com o oxigênio do ar.

d) Com a mistura, houve transformação química que produziu rapidamente gases tóxicos.

e) Com a mistura, houve transformação química, evidenciada pela dissolução de um sólido.

Gabarito: Letra D.

Comentário: O trecho destacado no texto poderia ser reescrito, em linguagem científica, da seguinte forma:

Com a mistura, houve transformação química que produziu rapidamente gases tóxicos, pois é citada uma “fervura”

(liberação de gases) e uma “fumaça asfixiante” (gases tóxicos).

308
Questão 3 (Enem 2003)

Entre os procedimentos recomendados para reduzir acidentes com produtos de limpeza, aquele que deixou

de ser cumprido, na situação discutida no texto, foi:

a) Não armazene produtos em embalagens de natureza e finalidade diferentes das originais.

b) Leia atentamente os rótulos e evite fazer misturas cujos resultados sejam desconhecidos.

c) Não armazene produtos de limpeza e substâncias químicas em locais próximos a alimentos.

d) Verifique, nos rótulos das embalagens originais, todas as instruções para os primeiros socorros.

e) Mantenha os produtos de limpeza em locais absolutamente seguros, fora do alcance de crianças.

Gabarito: Letra B

Comentário: Devemos evitar misturas de componentes desconhecidos que podem reagir produzindo subs-

tâncias tóxicas.

Questão 4 (Enem 2004)

Ferramentas de aço podem sofrer corrosão e enferrujar. As etapas químicas que correspondem a esses proces-

sos podem ser representadas pelas equações:

Uma forma de tornar mais lento esse processo de corrosão e formação de ferrugem é engraxar as ferramentas.

Isso se justifica porque a graxa proporciona:

a) lubrificação, evitando o contato entre as ferramentas.

b) impermeabilização, diminuindo seu contato com o ar úmido.

c) isolamento térmico, protegendo-as do calor ambiente.

d) galvanização, criando superfícies metálicas imunes.

e) polimento, evitando ranhuras nas superfícies.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 309


Gabarito: Letra B

Comentário: A graxa forma uma camada de proteção (camada apassivadora) que dificulta o contato do ferro

com o oxigênio e o vapor de água presentes no ar e, consequentemente, a ocorrência da transformação química.

http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_bolo.htm <março de 2012>

310
CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

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Funções Químicas
Inorgânicas
Para início de conversa...

Você já deve ter ouvido, alguma vez na vida, alguém dizer que “Nós somos

o que nos comemos!”. Mas afinal, o que as pessoas querem dizer com isso?

Tudo o que comemos é constituído por substâncias diversas e elas podem

ser classificadas por suas funções biológicas. Isso quer dizer que elas atuam de uma

dada maneira no corpo, seja providenciando energia, seja fazendo parte da sua

construção. Dessa forma, no caso de um atleta de alta performance, por exemplo,

a melhor combinação alimentar é aquela que permite que seu corpo se molde à

atividade que ele exerce e também que funcione 100% de sua capacidade.

As substâncias que ingerimos em nossa alimentação também podem ser

classificadas, quanto às suas funções químicas. Vamos pensar na mais simples

dessas substâncias: a água. Ela é um dos óxidos mais importante de toda a

natureza e essencial à vida.

Tal substância é formada por três átomos, sendo dois do elemento químico

hidrogênio e um do elemento oxigênio e, portanto, a sua fórmula química é H2O.

O nome hidrogênio surgiu devido ao fato de ele participar da composição

da água. Dê uma olhada:

Hidrogênio è hidro = água; gen = gerador è gerador de água

O elemento químico oxigênio recebeu esta denominação por estar pre-

sente nos muitos compostos químicos inorgânicos, denominados ácidos. Veja:

Oxigênio è oxi = ácido; gen = gerador è gerador de ácido

Um desses compostos ácidos, que deve estar presente na alimentação

humana e que aposto como você conhece muito bem, é a vitamina C. O nome

químico dela é ácido ascórbico e a sua fórmula química é C6H8O6.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 311


Essa substância participa de uma infinidade de reações químicas em nosso corpo e está relacionada à saúde do nos-

so sistema imunológico. Quem, estando com aquela gripe, nunca ouviu alguém dizer: “já tomou a sua vitamina C hoje?”

Sistema imunológico

Conjunto de órgãos e tipos de células responsáveis pela defesa do organismo vivo.

Figura 1: No suco de laranja, há uma boa quantidade de vitamina C, uma substância ácida, usada por nosso organismo para
se fortalecer contra algumas doenças, como a gripe e o resfriado.
Fonte: http://www.flickr.com/photos/viajeados/6824725595/ - María Durán

Bom, mas creio que falei demais sobre dois tipos de funções químicas que você ainda não conhece, os óxidos

e os ácidos, não estou certo? Então, vamos ao estudo desta unidade, onde além destas, você aprenderá sobre outras

funções químicas: as bases e os sais.

Objetivos de aprendizagem

ƒƒ Identificar as seguintes funções químicas inorgânicas: ácidos, bases, óxidos e sais.

ƒƒ Reconhecer a importância das mais diversas substâncias químicas quando de seus usos na vida cotidiana, na Me-

dicina, na indústria e na evolução do conhecimento científico.

ƒƒ Correlacionar as fórmulas químicas das diversas substâncias com as suas respectivas nomenclaturas.

312
Seção 1
Ácido e base, o que são exatamente?

Ácidos são os compostos químicos inorgânicos, formados por dois ou mais elementos químicos, sendo que

na sua parte positiva só se encontra o cátion hidrogênio (H+). Do ponto de vista técnico, temos que ácido é toda e

qualquer substância que, em solução aquosa, é capaz de sofrer ionização e formar como único íon positivo, o cátion

hidrônio (H3O+) ou, simplificadamente, cátion hidrogênio (H+).

Ionização
Fenômeno pelo qual as substâncias, em solução aquosa, são capazes de formar íons. E o exemplo clássico são os ácidos. Convém
ressaltar que os íons podem se associar, regenerando os compostos iniciais.

Exemplos de ácidos:

ƒƒ Ácido clorídrico: HCℓ ↔ H+ + Cℓ− (ânion cloreto)

ƒƒ Ácido nítrico: HNO3 ↔ H+ + NO3− (ânion nitrato)

ƒƒ Ácido carbônico: H2CO3 ↔ H+ + HCO3 − (ânion bicarbonato)

HCO3− ↔ H+ + CO32− (ânion carbonato)

ƒƒ Ácido sulfúrico: H2SO4 ↔ 2 H+ + SO42− (ânion sulfato)

Alguns ácidos são possíveis de ser ingeridos. Por exemplo, quem nunca adicionou vinagre numa salada às
refeições? Ele, na verdade, é uma solução de ácido acético, um ácido fraco. E quem nunca bebeu uma limonada? O

ácido cítrico está presente no limão e nas frutas cítricas.

Repare que foi falado em ácido fraco. Existem ácidos fracos e fortes. O ácido forte é aquele que é ionizado

muito, ou seja, apresenta grande concentração do cátion hidrogênio (H+) em solução e ácido fraco ioniza-se pouco,
possui baixa concentração desse cátion.

Exemplos de ácidos fortes:

ƒƒ HCℓ (ácido clorídrico);

ƒƒ HNO3 (ácido nitrico);

ƒƒ H2SO4 (ácido sulfúrico)

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 313


Exemplos de ácidos fracos:

ƒƒ H2CO3 (ácido carbônico);

ƒƒ HNO2 (ácido nitroso);

ƒƒ HCN (ácido cianídrioc).

Mas é importante que você saiba que existem muitos ácidos que não podem ser manuseados, pois podem

provocar graves lesões na pele, então tome bastante cuidado! E para evitar quaisquer acidentes, é importante saber

reconhecer um ácido. Mas como?

Antes de responder a essa pergunta, conheça outro composto químico inorgânico: as bases. Elas são formadas

por três elementos químicos, sendo que na sua parte negativa só se encontra o ânion hidroxila (OH−). Portanto, do

ponto de vista técnico, temos que base ou hidróxido é toda e qualquer substância que em solução aquosa é capaz de

sofrer dissociação iônica e formar como único íon negativo o ânion hidroxila ou hidróxido.

Dissociação iônica
Fenômeno pelo qual as substâncias iônicas, em fusão ou em solução aquosa, são capazes de separar os seus íons. E os exemplos
clássicos são os hidróxidos ou bases e os sais. Nesse processo, também ocorre a reversibilidade, ou seja, os íons podem regenerar
as substâncias iniciais.

Exemplos de bases:

ƒƒ Hidróxido de sódio: NaOH ↔ Na+ + OH−

ƒƒ Hidróxido de amônio: NH4OH ↔ NH4+ + OH−

ƒƒ Hidróxido de cálcio: Ca(OH)2 ↔ Ca2+ + 2 OH−

Algumas bases podem até ser ingeridas. Por exemplo, o hidróxido de magnésio, conhecido comercialmente

como leite de magnésia, pode ser usado como laxante ou até mesmo, em doses moderadas, como um antiácido, isto

é, uma substância capaz de combater a excessiva acidez estomacal.

Do ponto de vista farmacêutico, o hidróxido de alumínio pode ser ingerido para combater a azia estomacal ao

neutralizar a acidez neste órgão, podendo, até mesmo, evitar a formação de úlceras.

Convém ressaltar que bases fortes são aquelas que se dissociam muito, apresentando uma alta concentração de

ânion hidroxila (OH−) em seleção e bases fracas dissociam-se pouco, resultando em baixa concentração do ânion hidroxila.

Exemplos de bases fortes (bases dos metais alcalinos e alcalinos terrosos):

ƒƒ NaOH (hidróxido de sódio);

314
ƒƒ KOH (hidróxido de potásio);

ƒƒ Ca(OH)2 (hidróxido de cálcio).

Exemplos de bases fracas (as bases dos outros metais e do cátion amônio (NH4+)):

ƒƒ NH4OH (hidróxido de amônio);

ƒƒ AgOH (hidróxido de prata);

ƒƒ Aℓ(OH)3 (hidróxido de alumínio).

De maneira análoga aos ácidos, muitas bases não podem ser manuseadas, pois podem provocar lesões na

pele. E, para evitar quaisquer acidentes, é importante também saber reconhecer uma base. Mas como?

Pode-se identificar um ácido ou uma base de algumas maneiras. Uma delas é pela utilização de uma das

propriedades organolépticas.

Propriedades organolépticas
São as propriedades das substâncias que podem ser caracterizadas pelos órgãos dos sentidos. Servem de exemplos: o brilho, a
cor, o estado físico, o cheiro, o paladar, a textura etc.

Por exemplo, para diferenciar o cloreto de sódio (sal de cozinha: NaCℓ) da glicose (açúcar: C6H12O6) basta provar

um pouco dos dois. O primeiro tem um sabor salgado, enquanto o segundo tem um sabor doce. Para diferenciar uma

barra de prata (Ag) de uma barra de ouro (Au) basta perceber as colorações das duas barras, a primeira tem uma cor

acinzentada e a segunda uma coloração amarelada.

No entanto, você tem de concordar que fica mais complicado de se diferenciar duas soluções líquidas e in-

colores, sendo uma de ácido clorídrico (HCℓ) e outra de hidróxido de sódio (NaOH). E, para tal, podemos lançar mão

de outros de nossos sentidos: o sabor ou o tato. Provando-se uma solução diluída do ácido, percebe-se um sabor

azedo, enquanto provando-se uma solução diluída de hidróxido nota-se um sabor amargo. Ainda, usando-se o tato,

percebe-se que a solução da base é gordurosa e escorregadia, enquanto que a solução do ácido não é gordurosa.

Convém ressaltar para você, que está estudando os ácidos e as bases, que solução diluída é aquela que apresen-

ta uma grande quantidade de água. Ninguém pode tocar uma solução de ácido clorídrico puro, conhecido comercial-

mente como ácido muriático. Essa substância é tão forte que é usada para limpezas de metais e no desentupimento

de esgotos. Por outro lado, ninguém pode tocar uma pastilha de hidróxido de sódio puro, conhecido comercialmente

como soda caústica. Tal substância é usada na indústria na fabricação de papel, tecidos, sabões e detergentes e, do

ponto de vista doméstico, é usada na desobstrução de encanamentos domésticos porque consegue dissolver gordu-

ras. Além dessas, muitos ácidos e bases estão presentes no nosso dia a dia, como você pode ver na Tabela 1.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 315


Tabela 1 – Ácidos e bases presentes em nossa vida e na economia do mundo, suas fórmulas e aplicações.

Fórmulas Nomes Usos e aplicações


H2CO3 Ácido carbônico Ácido proveniente da hidratação do gás carbônico – CO2.
Ácido fraco que pode ser obtido, juntamente com o ácido nítrico, pela reação da soda
HNO2 Ácido nitroso
cáustica com o dióxido de nitrogênio – NO2.
Ácido forte, conhecido há séculos pelo homem, e que se tornou um produto químico
importante em nossa economia por causa da sua grande aplicabilidade na formação de
HNO3 Ácido nítrico
uma série de outros produtos. A forma mais antiga de se obter esse ácido é pelo trata-
mento do nitrato de sódio – NaNO3 – com ácido sulfúrico – H2SO4.
Ácido fraco proveniente da hidratação do gás sulfuroso, sendo uma das substâncias for-
H2SO3 Ácido sulfuroso
madores da chuva ácida.
Ácido forte produzido pela absorção de água por parte do gás sulfúrico, também se cons-
H2SO4 Ácido sulfúrico
tituindo numa das substâncias formadoras da chuva ácida.
Dentre os vários ácidos do fósforo esse é o mais importante; é um ácido fraco, mas de
H3PO4 Ácido fosfórico grande aplicabilidade principalmente nas indústrias de fertilizantes, de produção de sal
para alimentação animal, de bebidas e na farmacêutica.
Base forte conhecida comercialmente como potassa cáustica, material com característi-
KOH Hidróxido de potássio
cas bastante semelhantes às da soda cáustica.
Base fraca conhecida comercialmente como amônia líquida ou simplesmente amônia;
NH4OH Hidróxido de amônio
consiste na dissolução do gás amoníaco – NH3 − em água.
Base forte conhecida como cal hidratada, cal apagada ou cal extinta; além da aplicação
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio comentada em relação ao óxido de cálcio (vide principais óxidos), pode ser usada no tra-
tamento de água e de efluentes; está presente nas tintas, argamassas e gesso.
Base fraca de caráter anfótero, ou seja, pode reagir com ácidos assim como com outras
Zn(OH)2 Hidróxido de zinco
bases; utilizado como absorvente em curativos cirúrgicos.
Base fraca de caráter anfótero, ou seja, de maneira semelhante ao hidróxido de zinco
Aℓ(OH)3 Hidróxido de alumínio pode reagir com ácidos e com bases; medicinalmente é usado como antiácido, pois é
capaz de reagir com o ácido clorídrico estomacal e reduzir a acidez do órgão.
Fonte: Marco Antonio da Costa

Outra maneira de diferenciar o ácido da base, com muito mais segurança do que a com base no sabor é a uti-

lização de outras substâncias, denominadas indicadores, como, por exemplo, o repolho roxo e o tornassol. Vamos ver

como elas funcionam?

Seção 2
Uma verdura como o repolho tem alguma
aplicação na Química?

Uma das maneiras mais usadas, do ponto de vista químico, para diferenciar um ácido de uma base é pela utili-

zação dos chamados indicadores. Eles são substâncias que, mesmo em pequenas quantidades, são capazes de mudar

de coloração, quando se altera a acidez ou a basicidade de um sistema químico.

316
O indicador tornassol, por exemplo, é uma substância que apresenta uma coloração vermelha em presença de

um ácido e uma coloração azul em presença de uma base. O papel vermelho de tornassol continuará vermelho em

meio ácido, mas passará a azul, quando em meio básico. Em contrapartida, o papel azul de tornassol permanecerá

com esta coloração em meio básico, mas passará a vermelho, quando em meio ácido.

O indicador denominado fenolftaleína, em uma solução alcoólica incolor, permanecerá desta maneira quando em

presença de um ácido. Porém, quando em presença de uma base passará a assumir uma coloração rósea-avermelhada.

Um dos indicadores mais naturais que se tem conhecimento é o suco do vegetal repolho roxo que, em meio

neutro, apresenta-se roxo-azulado. Ao se adicionar um ácido, ele se torna avermelhado e pela adição de uma base

produz uma coloração que varia do azul ao amarelo, passando pelo verde.

Figura 2: Escala de acidez e basicidade (pH) utilizando o suco de repolho roxo.

pH
pH é uma escala numérica que irá apontar a acidez ou a alcalinidade (basicidade) de uma substância
ou de uma solução. A água, por exemplo, e a solução de cloreto de sódio são sistemas considerados
neutros e, portanto, o valor do pH será igual a 7.

Uma solução de ácido clorídrico, por sua vez, apresentará um pH menor que 7, pois esta é a região da escala
que caracteriza as soluções ácidas (entre 0 e 7). Quanto menor for o valor do pH, mais ácida será a solução.

Uma solução de hidróxido de sódio irá apresentar um pH maior que 7, pois esta é a região da escala
que identifica as soluções básicas (entre 7 e 14). Pode-se afirmar que quanto maior for o valor do pH,
mais básica será a solução.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 317


Utilização do papel de tornassol

A) Em três copos de vidro foram colocados 50 mL de água filtrada, 50 mL de ácido

clorídrico e 50 mL de hidróxido de sódio. Os copos foram mudados de posição e receberam

numeração (1, 2 e 3):

ƒƒ No copo de número 1, mergulhou-se uma tira de papel azul de tornassol e nada

aconteceu; mergulhou-se uma tira de papel vermelho de tornassol e ele tornou-

-se azulado.

ƒƒ No copo de número 2, mergulhou-se uma tira de papel azul de tornassol e nada

aconteceu; mergulhou-se uma tira de papel vermelho de tornassol e também

nada aconteceu.

ƒƒ No copo de número 3, mergulhou-se uma tira de papel vermelho e nada aconte-

ceu; mergulhou-se uma tira de papel azul e ele tornou-se avermelhado.

Pergunta-se: quais os conteúdos dos copos 1, 2 e 3?

Utilização do repolho roxo como indicador ácido-base

É a hora de transformar a sua cozinha em um verdadeiro laboratório químico! Vamos

usar um vegetal bastante conhecido e que foi já mencionado para testar o pH de alguns

itens que você usa no dia a dia. Sendo assim, vamos ao preparo da solução de repolho roxo.

318
Separe o material necessário:

− Meia cabeça de repolho roxo − Panela;

(folhas frescas e bem escuras); − Colher de pau;

− Picador de legumes (ou faca); − Fogão a gás;

− Papel de filtro (pode ser de coar café); − Funil;

− Copinhos pequenos de plástico; − Conta-gotas.

Amostras necessárias:

• suco de laranja • amoníaco

• sabonete • água filtrada

• suco de abacaxi • suco de limão

• detergente incolor • sabão em pedra

• vinagre incolor

Procedimento:

1. Corte manualmente ou pique as 6 folhas de repolho roxo em pedaços pequenos.

2. Coloque os pedaços de repolho na panela.

3. Cubra completamente com água os pedaços de repolho.

4. Aqueça a panela com o repolho até a fervura, agitando, de vez em quando, durante 20

a 30 minutos ou até o líquido adquirir uma cor roxa escura.

5. Desligue o fogo e deixe o recipiente, e seu conteúdo resfriar por 30 minutos.

6. Retire os pedaços de repolho, usando o funil e o papel de filtro.

7. Recolha o líquido filtrado em frasco limpo.

8. Separe nos copinhos plásticos cada uma das amostras.

9. Adicione a cada copinho algumas gotas do suco de repolho roxo (indicador) a cada

solução e na água filtrada.

10. Compare as cores de cada solução com a escala da Figura 2.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 319


Observação: O pH = 7 indica uma solução neutra; o pH < 7 indica uma solução ácida;

o pH > 7 indica uma solução básica.

Agora, responda: as amostras testadas apresentam caráter ácido, neutro ou básico?

Seção 3
Uma nova função: os sais

Você já deve ter escutado a expressão “neutralizar a acidez”, comum em propagandas de medicamentos contra má-

-digestão e xampus. Mas ao que ela se refere? Para responder a isso, vamos começar fazendo um experimento bem simples?

Descobrindo o que é um antiácido.

Compre um comprimido de antiácido na farmácia e, em casa, dissolva-o em meio

copo de água. Em seguida, misture a essa solução o indicador de repolho roxo que você

preparou na Atividade 2. Em seguida, adicione gotas de vinagre até que você obtenha uma

mudança de coloração. Após isso, responda:

a. Através da adição do indicador, você pode dizer que a solução resultante na dis-

solução do comprimento de antiácido em água é básica ou ácida?

b. O que indica a mudança de coloração ocorrida com a adição do vinagre?

320
O que você acabou de fazer é um exemplo de um dos mais importantes tipos de reações químicas que ocor-

rem na Natureza: a reação de neutralização! Esse tipo de reação é classificado como reação de dupla troca, como você

estudou na unidade anterior.

Quando se adiciona um ácido a uma base, um tende a anular a ação do outro, por isso, essa transformação é

chamada de reação de neutralização. Mas como ela ocorre?

Como vimos, em meio aquoso, os ácidos liberam íons H+, e as bases íons OH‑:

ácido → H+ + ânion base → cátion + OH-

Portanto, quando um ácido reage com uma base, seus íons (H+ e OH-) são capazes de formar água, caracteri-

zando a reação de neutralização.

Assim, os caracteres ácido e básico deixam de existir, reagindo entre si.

H+ +OH- → H2O

Veja outro exemplo na Figura 3: a reação do ácido clorídrico (HCℓ) com o hidróxido de sódio (NaOH), que

forma cloreto de sódio e água.

HCℓ(aq) + NaOH (aq) → NaCℓ (aq) + H2O (ℓ)


ácido base cloreto de sódio água
composto iônico

H+ Cℓ- Na+ OH-

Figura 3: Na reação do ácido clorídrico com o hidróxido de sódio, forma-se cloreto de sódio e água, devido à neutralização
do ácido pela base e vice-versa.
Fonte: Andrea Borges

Se após essa reação, evaporarmos toda a água, restará no fundo do recipiente um sólido branco, que nada

mais é do que o sal de cozinha.

Observando com atenção a fórmula do cloreto de sódio (NaCℓ), constatamos dois fatos importantes:

ƒƒ O NaCℓ possui o cátion igual ao cátion da base: NaOH;

ƒƒ O NaCℓ possui o ânion igual ao ânion do ácido: HCℓ.

Em toda a reação de neutralização, o cátion proveniente da base e o ânion proveniente do ácido formam um

composto iônico que pertence a um grupo de substâncias químicas, chamadas de sais.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 321


Sal é uma substância iônica cujo cátion é derivado de uma base e o ânion de um ácido.

Os sais geralmente apresentam sabor salgado, são sólidos, pois são compostos iônicos, e são compostos de

fundamental importância no nosso dia a dia (Tabela 2). No mar, existem vários sais dissolvidos, como cloreto de sódio,

cloreto de magnésio, sulfato de magnésio e sais não dissolvidos, como o carbonato de cálcio, que forma os corais e as

conchas. Em média, cada litro de água do mar, quando evaporada, produz 35 g de sais dissolvidos, sendo desse total,

27 gramas de cloreto de sódio (77%).

Tabela 2: Outros exemplos de sais muito usados em nosso cotidiano.

Fórmulas Nomes Usos e aplicações

Sólido branco solúvel em água que entra na composição


KNO3 Nitrato de potássio
da pólvora comum; utilizado em fertilizantes.

Sólido branco solúvel em água que entra na composição de


KCℓ Cloreto de potássio
adubos servindo como fonte de potássio para as plantas.

Sólido branco solúvel em água que consiste na parte ati-


va da água sanitária; libera cloro com facilidade e disso
decorre o seu poder bactericida e alvejante.
NaCℓO Hipoclorito de sódio
As larvas do Aedes aegypti – mosquito transmissor da
dengue e da febre amarela não se desenvolve quando a
água contém esse sal.

Sólido azul solúvel em água empregado como fungicida


CuSO4 Sulfato de cobre II ou sulfato cúprico
em águas de piscina e na agricultura.

Sólido branco também conhecido como bicarbonato de


Hidrogeno carbonato de sódio ou carbo-
NaHCO3 sódio é usado na culinária e como antiácido para o com-
nato ácido de sódio
bate da azia estomacal.

Fonte: Marco Antonio da Costa

322
O nome dos sais
Como todos os sais são compostos iônicos, para nomeá-los, basta conhecer o nome do cátion e do
ânion.

Exemplos:

• Ânion Cℓ−: cloreto

- NaCℓ: cloreto de sódio KCℓ: cloreto de potássio - MgCℓ2: cloreto de magnésio

• Ânion NO­3−: nitrato

- NaNO3: nitrato de sódio - KNO3: nitrato de potássio - Mg(NO3)2: nitrato de magnésio

• Ânion SO42−: sulfato

- Na2SO4: sulfato de sódio - K2SO4: sulfato de potássio - MgSO4: sulfato de magnésio

• Ânion CO32−: carbonato

- Na2CO3: carbonato de sódio - K2CO3: carbonato de sódio - MgCO3: carbonato de magnésio

Os sais

Complete as reações de neutralização abaixo com as fórmulas das substâncias dis-


poníveis na tabela. Siga o exemplo:

Bases Ácidos Sais


KOH HCℓ CuSO4

NaOH HNO3 NaCℓO

Mg(OH)2 H2SO4 Na3PO4

a. NaOH + HCℓ → NaCl + H2O

b. NaOH + HCℓO → _____ + H2O

c. _____ + _____ → MgSO4 + 2 H2O

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 323


d. Cu(OH)2 + H2SO4 → _____ + 2 H2O

e. 3 NaOH + H3PO4 → _____ + 3 H2O

f. _____ + _____ → KNO3 + H2O

Saiba mais sobre as reações ácido-base


Acesse o link abaixo e veja o vídeo que apresenta algumas considerações sobre as reações ácido-base
e sobre a acidez, e a alcalinidade de algumas substâncias e soluções aquosas.

http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/video/ai%20tem%20quimica/funcoes%20inorganicas/acidos-
Bases/video%20para%20web/video.html

Seção 4
Como classificar as substâncias
água e gás carbônico?

Óxidos são compostos químicos inorgânicos binários oxigenados, isto é, compostos formados por dois ele-

mentos químicos, sendo um deles, obrigatoriamente, o oxigênio.

Existem vários tipos de óxidos, dentre os quais se destacam os óxidos ácidos ou anidridos e os óxidos básicos.

Os primeiros são aqueles que, quando hidratados, ou seja, quando adicionada água em seu meio, produzem com-

postos denominados ácidos. Já os últimos produziriam, pelo mesmo processo de hidratação, os compostos deno-

minados hidróxidos ou bases. Os hidróxidos são os compostos químicos inorgânicos formados por três elementos

químicos (compostos ternários) sendo que na sua parte negativa só se encontra o ânion hidroxila (OH−).

324
Óxidos ácidos + H2O è Ácidos

Exemplo: CO2 (gás carbônico) + H2O è H2CO3 (ácido carbônico)

Óxidos básicos + H2O è Hidróxidos

Exemplo: Na2O (óxido de sódio) + H2O è 2 NaOH (hidróxido de sódio)

Os óxidos ácidos podem ser reconhecidos quando o elemento oxigênio se combina com não-metais ou me-

tais, principalmente, os de transição (Famílias B). Os óxidos básicos são reconhecidos porque o elemento oxigênio se

combina com metais, principalmente, os alcalinos (grupo 1A) e os alcalinos terrosos (grupo 2A).

Entretanto, existem outros tipos de óxidos, tais como:

ƒƒ óxidos anfóteros - são aqueles que comportam-se ora como óxidos ácidos ora como óxidos básicos. Os mais
importantes são aqueles em que o metal ligado ao oxigênio sejam o zinco (Zn), o alumínio (Aℓ), o chumbo

(Pb) e o estanho (Sn);

ƒƒ óxidos neutros, como por exemplo, água e monóxido de carbono;

ƒƒ e ainda, outros tipos de menor importância, como os óxidos salinos, peróxidos e superóxidos.

Outros óxidos importantes

Caracterize em óxido ácido, básico ou anfótero cada um dos óxidos assinalados

abaixo:

ƒƒ Óxido de sódio: Na2O → ................................................

ƒƒ Óxido de cálcio: CaO → ................................................

ƒƒ Óxido de alumínio: Aℓ2O3 → ................................................

ƒƒ Óxido de fórmula MnO3 → ................................................

ƒƒ Óxido de fórmula Cℓ2O7 → ................................................

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 325


O elemento químico hidrogênio
O átomo de hidrogênio é o menor de todos os elementos químicos! Na sua versão isotópica mais
importante, a do hidrogênio leve, ele é constituído por apenas um próton e um elétron, possuindo nú-
meros atômico e de massa iguais a 1. A substância simples deste elemento tem fórmula H2 e compõe
um gás leve, incolor, sem cheiro e altamente inflamável, ou seja, que pega fogo facilmente.

Um dos fatos mais marcantes e trágicos, relacionados com a inflamabilidade do gás hidrogênio, repor-
ta-se ao início de século XX. Aconteceu um acidente com o dirigível, nomeado Hindenburg.

Um dirigível é uma aeronave que pode ser controlada, ou seja, não voa ao sabor do vento. Ela se sus-
tenta no ar através do uso de uma grande cavidade que é preenchida com um gás menos denso do
que o ar, por exemplo, o gás Helio ou gás Hidrogênio.

Hindenburg era um exemplo de dirigível que se sustentava no ar completamente, cheio com o gás
hidrogênio, o menos denso de todos os gases. Mas, em pleno voo sobre New Jersey, no ano de 1937,
aconteceu um vazamento de hidrogênio. Este gás inflamou-se rápida e completamente, “lambendo”
em chamas todo o dirigível, acarretando inúmeras mortes.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hindenburg_burning.jpg

Seção 5
O ar que respiramos encontra-se puro?

Você já parou para se perguntar o que é o ar atmosférico? Não podemos vê-lo, mas ele é uma mistura homo-

gênea, basicamente constituída de:

ƒƒ 78% de gás nitrogênio (N2);

326
ƒƒ 21% de gás oxigênio (O2);

ƒƒ 1% de outros gases, dentre eles, o gás carbônico (CO2).

Mas será que essa mistura contém sempre os mesmos gases e estes, por sua vez, nas mesmas proporções?

Vamos ver...

Imagine-se sentado, por exemplo, em uma clareira de uma floresta praticamente virgem, isto é, sem que o

homem exercesse alguma influência no Meio Ambiente. Será que você poderia afirmar que o ar daquela região en-

contra-se puro, ou seja, livre de substâncias consideradas poluentes?

Poluentes
São substâncias produzidas pela atividade humana que são lançadas no Meio Ambiente e causam poluição, ou seja, alteram o
Meio Ambiente, contaminando-o ou deteriorando seus recursos (seja o ar, a água, o solo etc.).

Agora, imagine-se às margens de uma grande avenida de carros, localizada em uma região bastante industria-

lizada, como a capital de São Paulo. É possível que você, até mesmo de uma maneira visual, observe que o ar encon-

tra-se, nesse último local, “carregado”. Isso quer dizer que o ar encontra-se poluído por uma série de substâncias, das

quais se destacam óxidos de enxofre e de nitrogênio, e alguns hidrocarbonetos. Tais substâncias podem ou não se

encontrar também no ar da floresta e em quantidades diferentes. Isso quer dizer que há diferenças tanto na qualidade

quanto na quantidade dos gases presentes no ar atmosférico de diferentes regiões do planeta.

Hidrocarbonetos
São compostos binários hidrogenados, isto é, formados apenas pelos elementos químicos carbono e hidrogênio. Servem de
exemplos: o gás metano: CH4, o gás etano: C2H6, o gás eteno: C2H4, o gás acetileno: C2H2 etc.

Dentre os óxidos de enxofre, destacam-se o dióxido de enxofre ou anidrido sulfuroso (SO2) e o trióxido de

enxofre ou anidrido sulfúrico (SO3). Esses dois compostos são caracterizados como óxidos ácidos ou anidridos e re-

cebem esta denominação porque, quando em presença de água, produzem ácidos, ou melhor, oxi-ácidos (ácidos

oxigenados).

SO2 + H2O è H2SO3 (ácido sulfuroso)

SO3 + H2O è H2SO4 (ácido sulfúrico)

Um fato interessante é que estes óxidos de enxofre podem ser facilmente encontrados no ar de regiões in-

dustriais. As indústrias liberam para a atmosfera a substância enxofre (S) que, em contato com o gás oxigênio do ar,

produz os referidos óxidos, como você pode ver a seguir:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 327


S + O2 è SO2

SO2 + ½ O2 è SO3

Além disso, o carvão, material rico em carbono, apresenta o enxofre como um dos seus componentes que será

liberado para a atmosfera quando é queimado. O carvão mencionado é o tipo carvão mineral, material largamente

utilizado na fabricação do aço, liga de ferro e carbono, nas indústrias siderúrgicas.

Já dentre os óxidos de nitrogênio, destacam-se o óxido nítrico (NO), um óxido neutro, e o dióxido de nitrogênio

(NO2), um óxido ácido. O primeiro pode ser obtido a partir da reação do gás nitrogênio com o gás oxigênio, ambos os

gases presentes no ar atmosférico, enquanto o segundo, a partir do NO quando o ambiente está com excesso de gás

oxigênio. Observe as reações:

N2 + O2 è 2 NO

NO + ½ O2 è NO2

O dióxido de nitrogênio, em contato com a água presente na atmosfera, poderá provocar uma reação que forma-

rá ácido nítrico (HNO3) e óxido nítrico. Este último, por sua vez, poderá ser oxidado pelo oxigênio e regenerar o dióxido.

3 NO2 + H2O è 2 HNO3 + NO

NO + ½ O2 è NO2

Os ácidos derivados dos anidridos do enxofre e o ácido nítrico derivado do dióxido de nitrogênio promovem

a ocorrência do fenômeno que se denomina chuva ácida. Ela é uma precipitação atmosférica (ou chuva) cujo pH é

geralmente menor do que 5. Tal acidificação da água é causada pelos compostos de N e S já falados, geralmente li-

berados para atmosfera pela queima de combustíveis fósseis. A chuva ácida pode causar muitos malefícios ao meio

ambiente, como a morte de seres vivos e a poluição das águas.

Combustíveis fósseis
São materiais minerais formados pela decomposição de matéria orgânica (animal e vegetal) através de processos provocados,
principalmente, pela ação de pressão e temperatura ao longo de milhões de anos. Servem de exemplos para esse tipo de com-
bustível, o carvão mineral e o petróleo.

Outro óxido ácido ou anidrido merece destaque: o gás carbônico ou anidrido carbônico (CO2). Este gás, por

exemplo, é o resultado da queima do carvão em duas etapas. Na primeira, há a formação do monóxido de carbono

(CO) e, na segunda, ocorre a queima deste, produzindo o gás carbônico. Veja:

2 C + O2 è 2 CO

2 CO + O2 è 2 CO2

328
É importante você saber que o gás carbônico é o gás resultante da respiração dos animais, inclusive nós, os se-

res humanos. Nesse processo, nós inspiramos gás oxigênio e, após a sua utilização biológica na produção de energia,

o gás carbônico é produzido e eliminado.

Este também é o gás essencial ao processo da fotossíntese. Tal processo é feito por alguns seres vivos, como

as plantas, e nele há a conversão de energia solar em alimento. Mas para que haja tal conversão, o CO2 precisa estar
presente, pois ele é o reagente das reações químicas que terminam por produzir gás oxigênio, água e glicose. Observe

como é a reação de fotossíntese:

6 CO2 + 6 H2O + energia è C6H12O6 + 6 O2

Não se preocupe, pois voltaremos a falar em fotossíntese no módulo 3.

Tabela 4: Outros exemplos de óxidos muito usados em nosso cotidiano.

Fórmulas Nomes Usos e aplicações

Em solução, água oxigenada, material usado, principalmente nas assep-


H2O2 Peróxido de hidrogênio
sias da pele onde serão realizados curativos.

Óxido básico que se apresenta na forma de pó preto e que se oxida facil-


FeO Óxido de ferro II ou óxido ferroso
mente a óxido férrico.

Óxido de ferro III ou óxido férrico Presente no mineral hematita, material de onde se extrai o ferro, impor-
Fe2O3
(ferrugem: metal ferro oxidado) tante metal usado nos processos aplicados à siderurgia e metalurgia.

Óxido anfótero conhecido como pó secante; utilizado como inibidor no


ZnO Óxido de zinco
crescimento de fungos em pintura e como pomada antisséptica medicinal.

Óxido anfótero presente no mineral conhecido como alumina, material


Aℓ2O3 Óxido de alumínio de onde se extrai o alumínio, importante metal usado nos processos de
fabricação de utensílios domésticos e latas de refrigerantes e cervejas.

Óxido básico que em presença de água produz o hidróxido de sódio, lar-


Na2O Óxido de sódio
gamente utilizado na produção de vidros e cerâmicas.

Óxido básico também conhecido como cal viva ou cal virgem que, em
presença de água, produz o hidróxido de cálcio; largamente usado em
CaO Óxido de cálcio
pinturas de fachadas, em um processo denominado caiação, e na indús-
tria da construção civil.

Fonte: Marco Antonio da Costa

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 329


Um importante recurso natural!
O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua pesquisa é complexa e envolve elevados cus-
tos financeiros. É atualmente a principal fonte de energia, servindo também como base para fabrica-
ção dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-se benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão,
polímeros plásticos e até mesmo medicamentos. Já foi causa de muitas guerras e é a principal fonte de
renda de muitos países, sobretudo no Oriente Médio.

Além de ser matéria-prima para produção de gasolina, vários produtos são derivados do petróleo
como, por exemplo, a parafina, GLP, produtos asfálticos, nafta petroquímica, querosene, solventes, óle-
os combustíveis, óleos lubrificantes, óleo diesel e combustível de aviação.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Oilfield_Installation.jpeg

A figura acima mostra parte de uma instalação petrolífera que normalmente é conhecida como refina-
ria. Neste tipo de instalação, processa-se o beneficiamento do petróleo, isto é, através de um processo
conhecido como destilação fracionada o petróleo é separado em diversas frações onde se destacam:
GLP, gasolina, querosene e vários tipos de óleos.

330
Para que essa substância é utilizada?

Vamos revisar conteúdos, ligando parênteses? 6


(1) (CO2) (A) (remoção de manchas em pisos e paredes)

(2) (H2SO4) (B) (inibidor do crescimento de fungos)

(3) (NaOH) (C) (formador da chuva ácida)

(4) (SO3) (D) (essencial ao processo da fotossíntese)

(5) (HCℓ) (E) (absorvente em curativos cirúrgicos)

(6) (Mg(OH)2) (F) (Indústria de fertilizantes)

(7) (CaO) (G) (usado como antiácido e laxante)

(8) (Zn(OH)2) (H) (ácido mais importante economicamente)

(9) (H3PO4) (I) (produto de limpeza com ação agressiva)

É de suma importância que você, que se propõe a estudar o fascinante mundo da Química, tenha o conheci-

mento das principais substâncias químicas, quer nas suas estruturas, quer nas suas nomenclaturas. Assim, você pode

caracterizar as reações químicas, montar as suas equações químicas, devidamente ajustadas ou balanceadas, e ter

condições de realizar os inúmeros cálculos numéricos que envolvem os fenômenos químicos.

A partir do momento em que estudamos as funções químicas inorgânicas, óxidos, ácidos, bases e sais, nos

encontramos preparados para aplicarmos os nossos conhecimentos no estudo das Reações Químicas como um todo,

no estudo das Leis Gerais que regem as Combinações Químicas e, principalmente, nos cálculos que envolvem as

Estequiometrias das Reações Químicas. Mas não vamos começar a discutir esses temas agora, pois são assunto da

próxima unidade. Nos veremos por lá!

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 331


Resumo

ƒƒ Ácidos são as substâncias que em solução aquosa são ionizadas, produzindo o cátion hidrogênio (H+) como

único íon positivo.

ƒƒ Hidróxidos são as substâncias que em solução aquosa são dissociadas, produzindo o ânion hidroxila (OH−)

como único íon negativo.

ƒƒ Propriedades organolépticas são as propriedades das substâncias que podem ser caracterizadas pelos ór-

gãos dos sentidos. Servem de exemplos: o brilho, a cor, o estado físico, o cheiro, o paladar, a textura etc.

ƒƒ Indicadores são substâncias que mesmo em pequenas quantidades são capazes de mudar de coloração

quando se altera a acidez ou a basicidade de um sistema químico. Servem de exemplos, o tornassol, a fe-

nolftaleína e o repolho roxo.

ƒƒ Os sais são compostos formados a partir de um cátion originário de uma base, com um ânion originário de
um ácido.

ƒƒ Os óxidos são compostos binários oxigenados, isto é, formado por dois elementos e um deles é o oxigênio.
Dependendo do tipo de óxido, a sua reação com a água poderá dar formação a duas novas funções quími-

cas inorgânicas, os ácidos e as bases.

ƒƒ Os óxidos classificados como óxidos básicos são aqueles em que o metal ligado ao oxigênio podem ser, por
exemplo, os metais alcalinos (grupo 1A) e os metais alcalinos terrosos (grupo 2A) e que pela adição de água
produzem hidróxidos ou bases, umas mais solúveis e outras menos solúveis.

Exemplos:

Na2O + H2O → 2 NaOH (hidróxido de sódio ou soda cáustica)

K2O + H2O → 2 KOH (hidróxido de potássio ou potassa cáustica)

MgO + H2O → Mg(OH)2 (hidróxido de magnésio ou leite de magnésia)

CaO + H2O → Ca(OH)2 (hidróxido de cálcio ou cal extinta)

Os óxidos classificados como óxidos ácidos ou anidridos são aqueles em que o oxigênio está ligado a um ame-

tal ou metal, geralmente, de transição, e que pela adição de água produzem ácidos, ou melhor, oxi-ácidos.

Exemplos:

CO2 + H2O → H2CO3 (ácido carbônico)

332
N2O5 + H2O → 2 HNO3 (ácido nítrico)

SO3 + H2O → H2SO4 (ácido sulfúrico)

Cl2O7 + H2O → 2 HClO4 (ácido perclórico)

Veja ainda!

ƒƒ Lembra quando falamos do indicador de ácido e base feito do suco de repolho roxo? Pois bem, se você

ficou curioso e quer saber mais sobre como prepará-lo, utilizá-lo e que tipo de informações extraímos dele,

não deixe de acessar o link: http://www.qnesc.sbq.org.br/online/qnesc01/exper1.pdf

ƒƒ Nesta aula você aprendeu o que é o fenômeno da chuva ácida e por que ela acontece, não é mesmo? Mas,

quimicamente falando, você entendeu o que acontece? Para reforçar sua percepção do tema, que tal en-

tender a partir de um experimento? Veja um, no seguinte link: http://www.pontociencia.org.br/experimen-

tos-interna.php?experimento=165&OXIDOS+E+CHUVA+ACIDA#top

ƒƒ No portal do projeto Condigital da PUC – RJ existem vários vídeos e animações, como: A animação - No-

menclatura de bases e sais: http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content

&view=article&id=480&Itemid=91 < mar-ço de 2012>

Referências

CHANG, R., Química. 5 ed. Lisboa: McGraw-Hill, 1994

FELTRE, R., Fundamentos da Química. 4 ed. São Paulo: Editora Moderna, 2005

JONES, L.; ATKINS, P. W. Chemistry: molecules, matter and change. 4 ed. New York: Freeman, 2000

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M.; WEAVER, G. C. Química Geral e Reações Químicas. 6 ed., volume 1, São Paulo:

Cengage Learning, 2009

KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M.; Química Geral e Reações Químicas. 5 ed., volume 2, São Paulo: Cengage Learning, 2009

LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. 4 ed. São Paulo:Edgard Blücher, 1996

RUSSEL, J. B., Química Geral. 2 ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1994 vol 1 e 2

SOUZA, A. C.; GONÇALVES, A. Química Geral e Inorgânica – Coleção Química Hoje. 3 Ed. Vol 1, Rio de Janeiro:

Produção Independente, 2008

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 333


Atividade 1

Copo número 1: se o papel de Tornassol vermelho ficou azulado é porque o conteú-

do deste copo é um hidróxido ou base.

Copo número 2: não houve nenhuma alteração no papel de Tornassol azul ou no

papel de Tornassol vermelho. Este fato indica a presença de um meio neutro, isto é, água.

Copo número 3: se o papel de Tornassol azul ficou avermelhado é porque o conteú-

do deste copo é um ácido.

Atividade 2

ƒƒ A água filtrada apresentará uma coloração roxo-azulada, normal para a solução

de repolho roxo, indicando pH aproximadamente igual a 7.

ƒƒ As substâncias sabonete, sabão em pedra, detergente incolor e amoníaco apre-

sentaram colorações para o indicador repolho roxo que vão do azul até o amare-

lo, indicando que o pH é maior que 7, portanto substâncias básicas.

ƒƒ As substâncias suco de laranja, suco de limão, suco de abacaxi e vinagre incolor

apresentaram colorações para o indicador repolho roxo que vão do azul até o

vermelho, indicando que o pH é menor que 7, portanto substâncias ácidas.

Atividade 3

a. A adição do extrato de repolho roxo faz com que a solução adquira cor verde,

indicando que o antiácido possui ação básica.

b. Quando adicionamos vinagre gota a gota, a solução vai mudando de coloração,

adquirindo cor roxa e em seguida rósea, indicando que o meio irá se tornando

básico a ácido.

334
Atividade 4

Não se esqueça de que na formação de um sal, o cátion é proveniente da base e o

ânion é proveniente do ácido.

a. NaOH + HCℓ → NaCℓ + H2O

b. NaOH + HCℓO → NaCℓO + H2O

c. Mg(OH)2 + H2SO4 → MgSO4 + 2 H2O

d. Cu(OH)2 + H2SO4 → CuSO4 + 2 H2O

e. 3 NaOH + H3PO4 → Na3PO4 + 3 H2O

f. KOH + HNO3 → KNO3 + H2O

Atividade 5

− Na2O → óxido básico (sódio → metal alcalino: grupo 1A ou 1)

− CaO → óxido básico (cálcio → metal alcalino terroso: grupo 2A ou 2)

− Aℓ2O3 → óxido anfótero (alumínio → metal do grupo 3A ou 3)

− MnO3 → óxido ácido (manganês → metal de transição)

− Cℓ2O7 → óxido ácido (cloro → ametal do grupo 7A ou 17))

Atividade 6

1–D 2–H 3–I 4–C 5–A 6–G 7–B 8–E 9−F

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 335


O que perguntam por aí?
Questão 1(ENEM-1998)

Um dos danos ao Meio Ambiente diz respeito à corrosão de certos materiais. Considere as seguintes obras:

I – Monumento Itamarati – Brasília (mármore).

II – Esculturas do Aleijadinho – MG (pedra sabão contém cabonato de cálcio).

III – Grades de ferro ou alumínio de edifícios.

A ação da chuva ácida pode acontecer em:

a. I, apenas.

b. I e II, apenas.

c. I e III, apenas.

d. II e III, apenas.

e. I, II e III.

Resposta: Letra E.

Comentário: O principal ácido presente na chuva ácida é o ácido sulfúrico que reage facilmente com o carbonato

de cálcio (CaCO3) dando formação a sulfato de cálcio, gás carbônico e água, segundo a seguinte equação química:

H2SO4 (aq) + CaCO3 (s) → CaSO4 (s) + CO2 (g) + H2O (ℓ)

E, este mesmo ácido, reage com o ferro e com o alumínio dando formação aos sulfatos de ferro III e de alumínio

segundo as seguintes equações químicas:

H2SO4 (aq) + Fe (s) → Fe2(SO4)3 (s) + H2 (g)

H2SO4 (aq) + Aℓ (s) → Aℓ2(SO4)3 (s) + H2 (g)

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 337


Texto para as questões 2 e 3:

O suco extraído do repolho roxo pode ser utilizado como indicador do caráter ácido (pH entre 0 e 7) ou básico

(pH entre 7 e 14) de diferentes soluções. Misturando-se um pouco de suco de repolho e da solução, a mistura passa a

apresentar diferenes cores, segundo sua natureza ácida ou básica, de acordo com a escala abaixo:

Algumas soluções foram testadas com esse indicador, produzindo os seguintes resultados:

Material Cor
I Amoníaco Verde

II Leite de Magnésio Azul

III Vinagre Vermelho

IV Leite de vaca rosa

Questão 2 (Enem -2000)

De acordo com esses resultados, as soluções I, II, III e IV têm, respectivamente, caráter:

a. ácido / básico / básico / ácido.

b. ácido / básico / ácido / básico.

c. básico / ácido / básico / ácido.

d. ácido / ácido / básico / básico.

e. básico / básico / ácido / ácido.

Gabarito: Letra E.

Comentário: Soluções de caráter ácido apresentam pH abaixo de 7 (sete), enquanto que as básicas possuem pH

338
maior que 7 (sete). Dessa maneira, o amoníaco e o leite de magnésia, verde e azul, respectivamente, encontram-se na fai-

xa de caráter básico, enquanto vinagre e leite de vaca, vermelho e rosa, respectivamente, estão na faixa do caráter ácido.

Questão 3 (ENEM-2000)

Utilizando o indicador citado em sucos de abacaxi e de limão, pode-se esperar como resultado as cores:

a. rosa ou amarelo.

b. vermelho ou roxo.

c. verde ou vermelho.

d. rosa ou vermelho.

e. roxo ou azul.

Gabarito: Letra D.

Comentário: As frutas limão e abacaxi são frutas ricas em ácido cítrico e, portanto, deve-se esperar a cor ver-
melha ou rosa como resultado do teste.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 339


CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
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Quantidades nas
transformações
Químicas
Para início de conversa...

Como você estudou na Unidade "Elementos Químicos: os ingredientes do

nosso mundo!", o que caracteriza um elemento químico e seus átomos é o seu

número atômico (Z) e não seu número de massa (A). Prova disso é a existência

de átomos com massas diferentes, porém pertencentes a um mesmo elemento

químico. O carbono, por exemplo, apresenta-se na natureza na forma de três

átomos diferentes, como descritos a seguir:

Tabela 1: Características dos três diferentes átomos de carbono existentes

na natureza.

Átomo C12 C13 C14


Massa 12 u 13 u 14 u
Nêutrons 6 7 8
Prótons 6 6 6
Elétrons 6 6 6

u (Unidade de Massa Atômica)


É uma unidade que representa a massa atômica dos elementos. É determinada como
1/12 da massa do átomo de carbono, que possui número de massa (A) equivalente a 12.

Átomo de C12 1
12 do Átomo de C
12

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 341


Através de diversos estudos e experimentos, os cientistas conseguiram determinar as quantidades percentuais

relativas destes átomos na Natureza. Observe a Tabela 2, que descreve estes dados:

Tabela 2: Ocorrências na natureza dos três diferentes átomos de carbono

Átomo C12 C13 C14

Ocorrência percentual 98,9% 1,1% Próximo a zero

O fato de esses diferentes átomos de carbono pertencerem ao mesmo elemento químico significa que,

apesar de possuírem diferentes massas, irão reagir da mesma maneira. Ou seja, formarão, em uma reação química,

compostos iguais, independentes de sua massa. Por exemplo, se tivermos 1000 moléculas de CO2 (gás carbônico) em

um recipiente, podemos dizer que existe uma grande probabilidade de que 11 moléculas de CO2 possuirão o C13 e as

outras restantes apresentarão o C12 em sua composição. Tanto um quanto o outro tipo de C poderá reagir com outras

moléculas como a da água. Neste caso, formarão um produto, chamado de ácido carbônico (H2CO3).

A consequência disso é que estas onze moléculas (aquelas que carregam o carbono 13 na sua fórmula) serão

um pouco mais pesadas que as outras 989. Na verdade, elas possuirão um nêutron a mais.

Mas talvez você esteja pensando que “esta quantidade de C13 é muito pequena e não deve causar grande
diferença”, estou certo? Bem, se tratarmos de uma pequena amostra como essa, isso está correto. No entanto, se

lidarmos com milhões e milhões destas moléculas, esta diferença deixa de ser pequena para ser relevante.

Pode não parecer, mas na maioria das vezes lidamos com quantidades enormes de átomos e moléculas. Para se ter

uma ideia, um copo de água de 300 mL apresenta algo em torno de 10.000.000.000.000.000.000.000.000 (10 setilhões ou

10 x 1024) moléculas de água!

Nas transformações químicas, presentes no nosso dia a dia, é fundamental que possamos prever as quantidades,

seja em massa ou volume, necessárias para a produção de um determinado composto. Por exemplo, um atleta precisa

comer um número “X” de alimentos (ou seja, uma dada massa de comida) para que seu corpo produza um número

“Y” de energia, usada em suas atividades esportivas. Tal produção se dá através de diversas reações químicas que

ocorrem dentro e fora de suas células.

A determinação destes números “X” e “Y” pode ser prevista através de cálculos químicos os quais serão

apresentados a você nesta unidade.

342
Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Reconhecer a importância dos diferentes tipos de átomos, pertencentes a um mesmo elemento químico
no cálculo de massa atômica.

ƒƒ Diferenciar massa atômica e número de massa.

ƒƒ Aplicar o balanço de massas de acordo com as leis de Lavoisier e Proust

ƒƒ Aplicar o balanço de volumes gasosos de acordo com as leis de Gay-Lussac.

Seção 1
Massa atômica e número de massa.
Você sabe qual é a diferença?

Anteriormente, você viu que a utilização do número de massa para representar a massa de um elemento não é
adequada, uma vez que ele pode ser composto por vários átomos diferentes. Sendo assim, para calcularmos a média
da massa de uma quantidade qualquer de um composto químico, usamos a média ponderada.

A média ponderada é calculada através do somatório das multiplicações entre valores e pesos, divididos pelo
somatório dos pesos.

Um caso clássico é quando o aluno faz uma prova com peso 2 e um teste com peso 1. Como o peso da prova é
maior será ele que irá contribuir mais significativamente para a média do aluno.

Por exemplo, um aluno que tirou 8 na prova e 5 no teste, terá média igual a 7. Observe o cálculo:

Peso da prova

Média = (8 x 2) + (5 x 1) Peso do teste


3 Soma dos pesos

Média = 7

A média ponderada, portanto, permite o cálculo da massa média dos átomos que constituem um elemento

químico. Esta massa média é chamada de massa atômica.

Para o caso dos elementos químicos, podemos considerar que cada átomo deste elemento contribui de acordo

com a sua ocorrência na natureza e por isso, estas ocorrências equivalem aos seus pesos.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 343


Observe o caso do elemento carbono, cujas ocorrências dos C12 e C13 são, respectivamente, 98,9% e 1,1%

(iremos desconsiderar o C14 neste cálculo, uma vez que sua ocorrência é próxima a zero). Para calcularmos a massa

representativa, de todos os átomos de carbono que existem na Natureza, teremos de multiplicar estas ocorrências

pelos seus respectivos pesos, conforme descrito a seguir:

Ocorrência do C12

(12 x 98,9) + (13 x 1,1) Ocorrência do C13


Soma das ocorrências
100
(Sempre igual a 100%)

O resultado desta conta será igual a aproximadamente 12,01 u. Este valor será a massa média do átomo (ou

simplesmente massa atômica) pertencente ao elemento químico carbono. Observe que são estes valores numéricos

que aparecem na tabela periódica.

A unidade u que você vê acima é equivalente a massa de um próton ou de um nêutron uma vez que, conforme

vimos na unidade "Use protetor solar!", suas massas são iguais.

Aplicando a média ponderada

Na escola de Arlindo, a média anual é calculada de acordo com os princípios da

média ponderada. Considerando que o peso das notas esteja relacionado ao bimestre em

questão (ou seja: 1° bimestre tem peso 1, o 2° tem peso 2 e assim em diante), determine a

média anual de Arlindo, sabendo que as notas em Química foram iguais a:

1º Bimestre: 7,0

2º Bimestre: 6,0

3º Bimestre: 8,0

4º Bimestre: 7,5

344
Calculando a massa atômica de um elemento

Na Natureza, de cada 5 átomos de boro, 1 tem número de massa igual a 10 u e 4 têm

número de massa igual a 11 u. Com base nestes dados, qual o valor numérico da massa

atômica do boro, expressa em u?

Seção 2
O coletivo de átomos: Moléculas!

Agora sabemos que a massa de um elemento químico é denominada de massa atômica. Os valores de massa

atômica estão, para todos os elementos químicos conhecidos, descritos na tabela Periódica.

Na Natureza, os elementos encontram-se, normalmente, na forma de substâncias sejam elas simples (H2 e O2,
por exemplo) ou compostas (H2O e CO2, por exemplo). Dizemos que combinações de átomos formam moléculas e que

a massa de uma molécula é a soma das massas dos elementos que a constitui. As figuras abaixo são transcrições dos

elementos químicos hidrogênio, oxigênio e carbono, todos tirados da tabela periódica.

Os valores das massas atômicas destes elementos encontram-se na parte de baixo do quadrado. Logo, podemos

afirmar que os valores de massa para as moléculas de água (H2O) e de gás carbônico (CO2) serão, respectivamente:

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 345


ƒƒ 18u

Para chegar a esse resultado, temos de somar as massas dos átomos presentes na molécula, como a seguir:

H2O: 2 x H = 2 x 1,0

O = 16,0

Então: 2,0 + 16,0 = 18,0 u

ƒƒ 44u (12,0 + 16,0 x 2)

Para o CO2, a ideia é a mesma.

CO 2: C = 12,0

2 x O = 2 x 16,0

Então: 12,0 + 32,0 = 44,0 u

Estes valores, então, são denominados massas moleculares!

Calcule a massa molecular

Considerando as massas atômicas dos elementos H, C e O, calcule a massa molecular

das seguintes substâncias:

H = 1   C = 12   O = 16

a. C7H6O (molécula que promove o odor de amêndoa)

b. C12H22O11 (Sacarose - molécula de açúcar presente na cana de açúcar)

346
Qual a massa do sal hidratado?

“Um composto hidratado é todo aquele que possui moléculas de água (H2O) em

sua composição. A expressão “sal hidratado” indica um composto sólido que possui quan-

tidades bem definidas de moléculas de H2O, associadas aos íons de sal. Por isso, a massa

molecular de um sal hidratado deve sempre englobar moléculas de H2O.”

Com base na informação acima, calcule a massa molecular, expressa em unidade de

massa atômica, do cloreto de cálcio dihidratado (CaCℓ2 . 2H2O)?

Dados as massas atômicas:

Ca = 40,0 u

Cℓ = 35,5 u

H = 1,0 u

O = 16,0 u

Seção 3
Amedeo Avogadro – Contando
grãos de areia

Lorenzo Romano Amedeo Carlo Avogadro, conde de Quaregna e Cerreto,

foi um advogado e físico italiano. Obcecado pela contagem dos átomos recém

propostos por Dalton, Avogadro contribuiu fortemente para o avanço dos Figura 1: Retrato de Amedeo
Avogadro
processos que possibilitavam a medição das quantidades de átomos e moléculas.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Avogadro_Amedeo.jpg

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 347


Seus trabalhos permitiram associar a massa de uma amostra de átomos a uma determinada quantidade destes.

Graças a Avogadro e aos cientistas que continuaram o seu trabalho, sabemos hoje que o número de átomos

presentes em uma amostra de 0,012 kg de C12 é dado por uma constante física denominada de constante de Avogadro
(Na). Atualmente, esta constante possui o valor de 6,02214179 x 1023.

Isto significa que 0,012 kg (ou seja, 12 gramas!) de uma amostra de C12 contêm uma quantidade enorme de

átomos, algo em torno de 600.000.000.000.000.000.000.000 átomos.

Este número é, nos dias atuais, denominado mol e ele define uma quantidade de átomos. Tal medida é análoga

à dúzia, que define doze unidades de qualquer coisa (como, por exemplo, de ovos). No entanto, para lidarmos com

unidades infinitamente pequenas utilizamos mol, por outro lado usamos a dúzia, o quilograma, o litro para definirmos

quantidades de objetos grandes, tais como laranjas e peras.

Mol

O mol é definido como a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares (mol, moléculas, íons etc.)
quantos são os átomos contidos em 0,012 kg de C12 que corresponde a aproximadamente 6 x 1023 unidades.

Você concorda que não é adequado falarmos de um mol de laranjas. Até porque, para você ter uma ideia, esta

quantidade daria para cobrir todo o planeta Terra de laranjas ou peras, por vários e vários metros de altura!

Pelo mesmo motivo, também não é adequado falarmos de uma dúzia de átomos, uma vez que é impossível

medir tal quantidade nas reações químicas do nosso dia a dia ou na Indústria. Isso ocorre em função de não podermos

medir as massas destas amostras nem com a mais sensível das balanças!

Existe uma coisa muito curiosa sobre a constante de Avogadro que fez com ela fosse amplamente aceita por toda

a comunidade científica mundial. Ela é uma ferramenta importante no balanço de massas de uma reação química.

Balanço de massas

Procedimento que possibilita o cálculo das massas, envolvidas em qualquer processo de transformação, seja ele físico ou químico.

Acontece que sempre que pegamos o valor numérico da massa atômica de um determinado átomo e trocamos

a unidade u pela unidade grama, obtemos um punhado de átomos. Apesar de 1 mol equivaler ao gigantesco número

de 600.000.000.000.000.000.000.000 átomos, saiba que todos eles cabem na palma da sua mão!

O mesmo acontece quando pegamos um punhado de moléculas. A diferença entre átomos e moléculas é que

ao invés de usarmos a massa atômica, devemos utilizar a massa molecular. Conforme vimos na Seção 2, esta é a soma

das massas atômicas que constituem uma molécula.

Portanto, podemos dizer que para qualquer substância ou elemento, uma massa, em gramas, numericamente

igual à massa molecular (MM), contém exatamente 6,022 x1023 moléculas ou aproximadamente igual a 6 x 1023.

348
Observe os exemplos abaixo:

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HGmer.JPG – Dennis “S.K”

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1071033 - Jade Gordon

Qual a quantidade de massa, contida em 1 mol?


Antes mesmo de lhe direcionar ao link eu vou responder à pergunta acima: Depende da substância!
Para cada substância química, haverá um determinado valor de massa que compõe 1 mol. Quer ver
como isso acontece?

Vá no link a seguir e leia sobre o número que chamamos de mol. Nele você encontrará a descrição de
um experimento que permite a visualização de quantidades iguais, em mol, de diferentes substâncias.
Não deixe de assistir ao vídeo que está dentro deste arquivo!

http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/15573/Moldecadacoisa.pdf?sequence=1

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 349


Seção 4
Continuamos a medir pequenas quantidades –
aprimorando o conceito de mol
Quantidade de matéria
Durante o seu dia a dia, comumente, você utiliza grandezas matemáticas

para expressar quantidades de matéria, como por exemplo: 1 kg de batata, Uma das sete grandezas fundamentais
convencionadas pelo Sistema Internacio-
1 litro de leite, 1 dúzia de bananas. Na Química, também é preciso trabalhar nal (SI) e que define uma determinada por-
com um valor fixo que represente as quantidades de partículas existentes ção de matéria. Por exemplo, uma garrafa
de volume interno igual a 1,8 L contém 1,8
em uma determinada amostra. Isso porque as reações químicas processam-
kilogramas de água ou 100 mol de água.
se em proporções de acordo com as suas unidades.

Por exemplo, como você viu na unidade "Caminhando pela estrada que investiga do quê somos feitos", Dalton

concluiu que, para formar duas moléculas de água (2 H2O), ele precisava de duas moléculas de hidrogênio (2 H2) e
uma molécula de oxigênio (O2). É importante você perceber que para descobrir a proporção desta reação é necessário

que saibamos montar a equação química balanceada que representa esta transformação, conforme visto na Unidade

"Transformando a matéria - reações químicas".

H2 + O2 H2O Equação Química não balanceada

2H2 + O2 2H2O Equação Química balanceada

Podemos afirmar então que a obtenção de 2 mol de água (36 g) se dá a partir da reação de 2 mol de hidrogênio

(4 g) e 1 mol de oxigênio (32 g).

Já ficou claro para você o que exatamente a unidade de medida que chamamos de mol é capaz de quantificar?

Então, voltemos ao que vimos lá na Seção 3. Lembra que estudamos que 12 g de C12 correspondem a 1 mol de C12? E
que, em 1 mol, nós temos 6 x 1023 unidades do elemento que estamos medindo?

Sendo assim, a partir desta relação, podemos concluir, então, que:

1 mol de átomos 6 x 1023 átomos


1 mol de moléculas 6 x 1023 moléculas
1 mol de fórmulas É a quantidade de 6 x 1023 fórmulas
1 mol de íons substância que contém 6 x 1023 íons
1 mol de elétrons 6 x 1023 elétrons
1 mol de cadeiras 6 x 1023 cadeiras

350
Observe o esquema abaixo que representa diversas formas de apresentação da matéria:

Esquema 1:

Esquema 2:

Figura 2: Representação da matéria, utilizando diversas grandezas químicas (mol, massa e número de moléculas)
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:HGmer.JPG; http://www.sxc.hu/photo/1071033.

De uma maneira geral, temos a seguinte relação entre estas grandezas químicas:

Contêm Constitui
Massa Molecular 6,0 x 1023 moléculas 1 mol

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 351


Seção 5
Antoine Laurent Lavoisier – O Pai da Química

“Havia Benjamin Pantier e sua esposa.


Boas em si mesmas, mas o mal para o outro:
Ele oxigênio, ela hidrogênio,
Seu filho, um incêndio devastador.”

(Tradução de um fragmento de um poema de Emily Dickson, publicado em 1850,


época em que as descobertas químicas estavam em “ebulição”)

Dois eventos foram importantes para o desenvolvimento da Química: a descoberta de que a água não era

um elemento, por Lavoisier; e a sua obtenção, através da reação entre os gases oxigênio e hidrogênio! Os trabalhos

de Lavoisier foram tão importantes que alguns o consideram o “pai da química”. Dentre suas contribuições, a mais

conhecida é a Lei da Conservação das Massas enunciada após a realização de inúmeros experimentos (reações
químicas), ocorridos em recipientes fechados.

Lavoisier realizou um experimento com óxido de mercúrio o qual, antes de ser submetido ao aquecimento,

teve sua massa determinada. Em seguida, ele foi colocado em um pote de vidro fechado e aquecido, observando-se a

formação de dois produtos: mercúrio e oxigênio. Esses, ao final da reação, também tiveram suas massas identificadas.

Ao analisar os valores destas massas, Lavoisier verificou que não houve perda e ganho de massa durante a

transformação química, isto é, as massas mantiveram-se constantes!

Ao escolher recipientes fechados, Lavoisier eliminou dúvidas sobre a possível entrada e saída de gás no sistema.

Isso porque o gás tende a evaporar e sair do sistema, o que poderia “enganar” o resultado final.

352
Então, Lavoisier pôde concluir que a massa final de um recipiente fechado, após a ocorrência de uma reação

química é sempre igual à massa inicial do sistema. Pois não há a possibilidade de absorção ou liberação de gases

durante a reação química.

Sendo assim, ele enunciou a Lei da Conservação das Massas ou Lei de Lavoisier:

Lei da Conservação das Massas ou Lei de Lavoisier


Quando uma reação química é realizada em um recipiente fechado, a massa total dos produtos é igual
à massa total dos reagentes.

Essa foi a primeira das leis das combinações químicas ou leis ponderais e,
Ponderais
a partir dela, outras foram surgindo para explicar as regularidades que ocorrem
Ponderal significa massa.
nas combinações químicas.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 353


Quanto é consumido quando queimamos uma determinada
quantidade de carvão?

A queima do carvão também pode ser representada pela equação:

C(s) + O2(g) → CO2(g)

Sabe-se que 12 g de carvão, ao reagir com uma determinada quantidade de gás oxigênio, em um sis-
tema fechado, produz 44 g de gás carbônico. Com base nessas informações, calcule a massa utilizada
de gás oxigênio na reação.

Vamos experimentar a Lei da conservação das massas!


Vá no link abaixo e assista a uma excelente simulação de algumas reações químicas com foco na conser-
vação da matéria:

http://condigital.ccead.puc-rio.br/condigital/index.php?option=com_content&view=article&id=116
&Itemid=91

Seção 6
Joseph Louis Proust – Proporções constantes

Em 1799, Joseph Louis Proust descobriu que toda reação química ocorre entre quantidades fixas. Por exemplo, ao

formar água a partir dos gases oxigênio e hidrogênio, Proust descobriu que 2 g de hidrogênio reagem 16 g de oxigênio,

formando 18 g de água. Se refizermos esta reação com 4 g (o dobro da quantidade anterior) de hidrogênio a quantidade

de oxigênio a ser consumida será de 32 g. Isto significa que a água é formada por uma quantidade fixa de elementos

químicos que pode ser expressa em termos percentuais, conforme descrito abaixo:

354
Assim, por exemplo, no caso da água, temos:

Água Hidrogênio + Oxigênio

100% 11,1% 88,9%

100g 11,1 g 88,9 g

Proporção 1 : 8

A composição da água apresentará sempre uma mesma relação entre as massas de hidrogênio e oxigênio,

qualquer que seja a massa de água considerada. Ou seja, na formação de água, deveremos combinar hidrogênio e

oxigênio na proporção de 1 para 8 em massa.

Portanto, se reagirmos 1 grama de hidrogênio com 8 de oxigênio, obteremos 9 de água:

Hidrogênio + Oxigênio  Água


Proporção 1 : 8 : 9
Experiência A 1 g 8 g 9g
Experiência B 2 g 16 g 18 g
Experiência C 3 g 24 g 27 g

Dividindo a massa de hidrogênio pela massa de oxigênio de cada uma dessas experiências, chegamos a uma
mesma fração.

Massa de Hidrogênio 1g 2g 3g 11,1 g


= = = =
Massa de Oxigênio 8g 16 g 24 g 88,89 g

Esses dados mostram-nos que a proporção entre os elementos que compõem a água permanece constante,

ou seja, em qualquer um dos casos acima a razão entre massa de hidrogênio e massa de oxigênio é 0,125.

Em função desses resultados, Proust enunciou a seguinte lei ponderal, conhecida como lei das proporções

constantes:

Lei da Proporção Constante ou Lei de Proust


A composição química das substâncias compostas é sempre constante, não importando qual a sua
origem na Natureza.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 355


Porém lembre-se, que essa lei foi desenvolvida a partir de experimentos realizados com quantidades de

matéria possíveis de serem “pesadas” nas balanças existentes na época. Ou seja, eram observações realizadas em

nível macroscópico. Ainda não existia nenhuma explicação para os fatos relacionados à composição da matéria em

nível microscópico.

Relembrando um pouco de Matemática...


a
A razão entre dois números a e b é a relação , onde a e b são números reais, sendo b diferente de 0.
b
Dessa forma, concluímos que razão é uma fração, a qual é utilizada no intuito de comparar grandezas.
A razão pode ser representada por uma fração, um número na forma decimal, uma porcentagem ou
até mesmo por uma divisão. Por exemplo:

3
3:5= = 0,6 = 60%
5

1
1 : 10 = = 0,1 = 10%
10
Exemplo1:

Em uma turma de preparatório para o vestibular, o número de mulheres é igual a 50 e o número de


homens é 40. Determine a razão entre o número de homens e o número de mulheres.

Solução:
40
Temos 40 homens para 50 mulheres, então: que simplificado (nesse caso, ambos os números divi-
4 50
didos por 10) fica . Concluímos, então, que a cada cinco mulheres existem quatro homens.
5

A proporção entre duas razões iguais, portanto, é um valor que exprime uma relação matemática. Veja
o próximo exemplo.

356
Exemplo2:

Rogério e Jéssica passeiam com seus cachorros. Rogério pesa 120 kg, e seu cão, 40 kg. Jéssica, por sua
vez, pesa 48 kg, e seu cão, 16 kg. Observe a razão entre o peso do casal:

24

120 kg 5
=
48 kg 2

24

Observe, agora, a razão entre o peso dos cachorros:

40 kg 5
=
16 kg 2

120 kg 40
Verificamos que as duas razões são iguais. Nesse caso, podemos afirmar que a igualdade =
48 kg 16
é uma proporção.

Aplicando a Lei de Conservação das Massas


O açúcar comum, quando submetido ao aquecimento, pode se transformar em carvão. Foram reali-
zados dois experimentos, cujos dados constam da tabela a seguir:
6
Açúcar → Carvão + Água
1ª Experiência 342 g 144 g Xg
2ª Experiência Yg Zg 99 g

Com base no que você aprendeu sobre proporção, determine os valores de X, Y e Z.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 357


Seção 7
Volume Molar

Você já sabe a relação que existe entre a quantidade de átomos/moléculas, a massa e o mol. Mas como

podemos relacionar estas quantidades com volume?

Assim como cada grão de arroz ocupa um determinado volume, as substâncias químicas, sólidas ou líquidas,

iguais em quantidade, ocupam diferentes volumes. Mas, CUIDADO! Essa analogia não pode ser aplicada aos gases!

Em relação a eles, medidas experimentais observaram que o volume ocupado por um mol de qualquer gás,

na temperatura de 0° C e pressão de 1 atm, é igual a 22,4 L. Este volume, então, é definido como volume molar (Vm).

As condições de temperatura e pressão descritas acima são denominadas condições normais de temperatura

e pressão (CNTP).

Volume Molar
É o volume ocupado por um mol de qualquer gás, a uma determinada pressão e temperatura.

Em condições idênticas de temperatura e pressão, o volume ocupado por um gás é diretamente proporcional

à sua quantidade de substância, ou seja, ao seu número de mol. Assim, se dobrarmos seu número de mols (n), seu

volume também irá dobrar. Portanto, a relação entre o volume e o número de mols é constante.

Relembre que, em um mol de qualquer gás, o número de moléculas é sempre 6 x 1023. Este, nas mesmas
condições de pressão e temperatura, ocupará sempre o mesmo volume.

O volume molar de um gás depende das condições em que ele se encontra. Assim, quando nos referimos ao

volume molar, é muito importante especificarmos a temperatura e a pressão em questão.

358
Seção 8
Lei volumétrica de Gay-Lussac

Uma das maiores contribuições de Gay-Lussac à Química foi sua Lei da Combinação de Volumes, publicada em

1808, e baseada numa série de experimentos. Um deles envolvia a reação entre o gás hidrogênio e o gás oxigênio,

cujo produto é a água.

Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma reação química

têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos. Vejamos a relação que existe entre estes componentes:

Para formação de 1 mol de vapor de água, ém preciso reagir 2 mols de gás hidrogênio com 1 mol de gás

oxigênio, isto é:

2 H2(g) + 1 O2(g) → 2 H2O(g)

Podemos dizer que 2 volumes de hidrogênio, reagem com 1 volume de oxigênio, produzindo 2 volumes de

vapor de água, e por isso a proporção entre os volumes seria: 2:1:2.

Isto acontece porque o volume dos gases está associado aos coeficientes que equilibram uma equação! Como

a soma dos coeficientes dos regentes é igual a três e do produto é igual a 2, podemos afirmar que existirá uma

diminuição do volume deste sistema de acordo com o andamento da reação.

Vamos analisar agora a reação de síntese do gás cloreto de hidrogênio, a partir do gás hidrogênio e do gás cloro.

1 H2(g) + 1 Cℓ2(g) → 2 HCℓ(g)

Ao utilizarmos 10 litros de hidrogênio, com 10 litros de cloro obteremos 20 litros de cloreto hidrogênio. Isto

acontece também por causa dos coeficientes de balanceamento da equação. Observe que neste caso este sistema

não apresentará variação de volume.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 359


Isto significa que os volumes de um sistema onde ocorre uma reação química não precisam ser necessariamente

conservados, podendo aumentar, diminuir ou até mesmo permanecerem constantes. Esta variação dependerá

exclusivamente dos coeficientes de balanceamento da equação química que representam este processo de transformação.

Lei Volumétrica de Gay-Lussac


Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma reação
química têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos.

Conhecendo essa Lei, observe esse exemplo. O trióxido de enxofre (SO3) é um gás utilizado na fabricação do

ácido sulfúrico e um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. Para produzir 30 L de SO3, quantos litros de gás

oxigênio (O2) e de dióxido de enxofre (SO2), precisaremos?

2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g)

A proporção entre os coeficientes é de:

2 : 1 : 2

Trabalhando com a Lei Volumétrica de Gay-Lussac, teremos que:

30 L
SO3 = = 2 ∴ x = 15 L
x

Logo, a proporção entre os volumes será de:

30 15 30
15 15 15
2 : 1 : 2

Precisaremos, então, de 15 L de O2 e de 30 L de SO2.

360
Quanto será produzido?

A reação de decomposição da amônia pode ser representada pela equação:


7
2 NH3(g) → N2(g) + 3H2(g)

A decomposição de 500L de amônia (NH3) produzirá quantos litros de gás nitrogê-


nio (N2) e de gás hidrogênio (H2), nas mesmas condições de pressão e temperatura?

Nesta unidade, observamos que medindo a massa de uma amostra, através de uma balança precisa, podemos

calcular a quantidade de átomos ou moléculas existentes nela. Além disso, vimos que as massas e volumes de

substâncias envolvidas em uma reação química podem ser previstas através de cálculos que seguem determinadas

Leis. Estas Leis podem ser do tipo “ponderal” ou do tipo “volumétrico” e elas auxiliam na previsão das massas (Leis

ponderais) ou dos volumes (Leis volumétricas).

Mas afinal, por que entender esses cálculos é importante? A resposta a essa pergunta não é muito simples...

Pense comigo, ao misturarmos uma substância com outra, você acha que ao final teremos o quê? Isso mesmo, uma nova

substância! E essas misturas estão presentes em todas as áreas de nossa vida. Desde o remédio que tomamos até os

produtos de limpeza que usamos em nossa casa. Mas, para que eles realizem seu propósito, é preciso que as substâncias

estejam nas quantidades corretas. Na próxima unidade, falaremos também das quantidades das substâncias, mas nas

misturas homogêneas. Até lá!

Resumo

ƒƒ A massa atômica é calculada através da média ponderada da massa média dos átomos que constituem um

elemento químico.

ƒƒ A massa molecular corresponde ao somatório das massas atômicas de cada átomo que constitui a molécula.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 361


ƒƒ Mol é a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades (mol, moléculas, íons, etc.)

elementares quantos são os átomos contidos em 0,012 kg de C12.

ƒƒ Para qualquer substância molecular, existem 6,022 x 1023 moléculas em uma massa, em gramas, numerica-

mente igual à massa molecular (MM).

ƒƒ Lei da Conservação das Massas ou Lei de Lavoisier é determinada quando uma reação química é realizada

em um recipiente fechado, a massa total dos produtos é igual à massa total dos reagentes.

ƒƒ Lei da Proporção Constante ou Lei de Proust é determinada quando a composição química das substâncias

compostas é sempre constante, não importando qual a sua origem.

ƒƒ Volume Molar é o volume ocupado por um mol de qualquer gás, a uma determinada pressão e temperatura.

ƒƒ Lei Volumétrica de Gay-Lussac é determinada nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes

dos gases participantes de uma reação química têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos.

Veja ainda...

ƒƒ O Princípio da conservação das massas, de Lavoisier, é um tema muito importante da Química. Se você qui-

ser se aprofundar mais, aqui vai uma boa dica de leitura que requer disposição, pois não é um material fácil,

mas é rico em informação: http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/1993/vol16n3/v16_n3_%20(14).pdf

ƒƒ Um excelente artigo que trata das idas e vindas históricas relacionadas ao conceito de mol pode ser encon-

trado na edição eletrônica da revista Química Nova na Escola.

http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc01/atual.pdf

Referências

Livros

ƒƒ QUÍMICA, G. D. P. E. E. Interações e Transformações. V.3 – Livro do Professor : Edusp; 2002

ƒƒ QUÍMICA, G. D. P. E. E. Interaçoes e Transformações. V.3 – Livro do Aluno : Edusp; 2002

ƒƒ BRAGA, Marco; GUERRA, Andréia & REIS, José Cláudio. Breve História da Ciência

ƒƒ FONSECA, Martha Reis Marques da. Química: Físico-Química. São Paulo: FTD, 2007. 408 p.

362
ƒƒ USBERCO, João; SALVADOR, Edgar. Eletroquímica. In:______. Química. 5 ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2002.

672p. uni. 14.

ƒƒ PERUZZO, F.M. CANTO, E. L.: Química na abordagem do cotidiano. Volume único. 2.ed. São Paulo. Moderna ed. 2002.

ƒƒ SANTOS, W. MÓL, G.: Química Cidadã. 1.ed. São Paulo. Nova Geração ed. 2010.

Atividade 1

Para o cálculo da média ponderada, devemos lançar os dados na fórmula, como a

seguir:

(7 x 1) + (6 x 2) + (8 x 3) + (7,5 x 4) 7 + 12 + 24 + 30
Média = =
1+2+3+4 10

73
= = 7,3
10

A média de Arlindo é 7,3. Observe que a nota mais importante para Arlindo é a do

quarto bimestre, em função do seu peso.

Atividade 2

Podemos afirmar que a ocorrência percentual do B10 é igual a 20% (1 átomo em cinco

representa 20% do total de átomos, certo?). Já a ocorrência do B11 é igual a 80%, uma vez

que a soma das ocorrências dos átomos de um elemento químico deverá ser sempre igual a

100%. Com isso, podemos calcular a massa atômica do boro, conforme a fórmula:

(10 x 20) + (11 x 80)


Massa atômica = = 10,8 u
100

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 363


Atividade 3

Sabemos que a massa molecular é soma das massas atômicas dos elementos que

constituem a molécula, então temos que:

a. Odor de Amêndoa – C7H6O


Esta molécula é constituída pelos seguintes átomos:

ƒƒ 7 átomos de carbono

ƒƒ 6 átomos de hidrogênio

ƒƒ 1 átomo de oxigênio

Então, a massa molecular será dada por:

Massa Molecular C7H6O = (7x12) + (6x1) + (1x16)

Massa Molecular C7H6O = 84 + 6 + 16

Massa Molecular C7H6O = 106 u

b. Sacarose – C12H22O11

Já a molécula da sacarose é constituída por:

ƒƒ 12 átomos de carbono

ƒƒ 22 átomos de hidrogênio

ƒƒ 11 átomos de oxigênio

Sendo assim, temos que:

Massa Molecular C12H22O11 = (12x12) + (22x1) + (11x16)

Massa Molecular C12H22O11 = 144 + 22 + 176

Massa Molecular C12H22O11 = 342 u

364
Atividade 4

Para calcularmos a massa molecular deste sal, temos que levar em consideração a

quantidade de moléculas de água existentes. Como o nosso sal é dihidratado, isso significa

que ele possui duas moléculas de água, ou seja, 4 átomos de hidrogênio e 2 átomos de

oxigênio.

Sendo assim, a molécula do cloreto de cálcio dihidratado, é constituída pelos se-

guintes átomos:

1 átomo de cálcio

2 átomos de cloro

4 átomos de hidrogênio

2 átomos de oxigênio

Logo, temos que:

Massa Molecular CaCℓ2 . 2H2O = (1x40) + (2x35,5) + (4x1) + (2x16)

Massa Molecular CaCℓ2 . 2H2O = 40 + 71+ 4 + 32

Massa Molecular CaCℓ2 . 2H2O = 147 u

Atividade 5

Pela lei de conservação das massas ou Lei de Lavoisier, sabemos que quando uma

reação ocorre em um sistema fechado, a massa dos produtos é igual à massa dos reagen-

tes. Sendo assim, temos que:

Massa carvão + Massa gás oxigênio = Massa do gás carbônico

12 g + Massa gás oxigênio = 44 g

Massa gás oxigênio = 44 g – 12 g

Massa gás oxigênio = 32 g

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 365


Atividade 6

Para determinarmos o valor de X, teremos de aplicar a Lei da conservação das mas-

sas. Sendo assim, temos:

Massa Açúcar = Massa Carvão + Massa da Água

342 g = 144 g – X

X = 342 – 144

X = 198 g

Ao analisarmos a massa de água, entre o primeiro e o segundo experimento, obser-

vamos que estes possuem uma razão equivalente a 2.

198 g
=2
99 g

Aplicando a Lei da Proporção Constante, poderemos descobrir os valores de Y e de Z.

342 g 342
=2 Y= Y = 171 g
Y 2

144 g 144
=2 Z= Z = 72 g
Z 2

Atividade 7

A proporção entre reagentes e produtos na reação de obtenção da amônia é:

2:1:3

366
Aplicando a Lei volumétrica de Gay-Lussac, poderemos calcular quantos de litros de

gás nitrogênio e hidrogênio será obtido na decomposição de 500 L de amônia.

500 L
Amônia = =2 x = 250 L
x
2NH3(g) → N2(g) + 3H2(g)
2 : 1 : 3
500 250 750
: :
250 250 250

Volume de gás nitrogênio = 250 L

Volume de gás hidrogênio = 750 L

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 367


O que perguntam por aí?
Questão 1 (ENEM 2001)

O ferro pode ser obtido a partir da hematita, minério rico em óxido de ferro, pela reação com carvão e oxigênio. A tabela a
seguir apresenta dados da análise de minério de ferro (hematita) obtido de várias regiões da Serra de Carajás.

Minério da Teor de Teor de Teor de


região enxofre (S) / ferro (Fe) / sílica (SiO2) /
% em massa % em massa % em massa
1 0,019 63,5 0,97
2 0,020 68,1 0,47
3 0,003 67,6 0,61
Fonte: ABREU, S . F. Recursos minerais do Brasil. vol. 2. São Paulo: Edusp, 1973

No processo de produção do ferro, dependendo do minério utilizado, forma-se mais ou menos SO2, um gás

que contribui para o aumento da acidez da chuva. Considerando esse impacto ambiental e a quantidade de ferro

produzida, pode-se afirmar que seria mais conveniente o processamento do minério da (s) região (ões):

a. 1, apenas.

b. 2, apenas.

c. 3, apenas.

d. 1 e 3, apenas.

e. 2 e 3, apenas.

Gabarito: Letra C

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 369


Comentário:

O minério da região (3) é o que apresenta menor quantidade de enxofre, que é o elemento químico que dará

origem ao SO2, além de ter um teor de ferro próximo do da região (2), tornando-se, portanto, o recomendado.

Questão 2 (ENEM 2001)

Utilize o enunciado da questão 1 para a resolução da questão 2.

No processo de produção do ferro, a sílica é removida do minério por reação com calcário (CaCO3). Sabe-se,
teoricamente (cálculo estequiométrico), que são necessários 100 g de calcário para reagir com 60 g de sílica.

Dessa forma, pode-se prever que, para a remoção de toda a sílica presente em 200 toneladas do minério na

região 1, a massa de calcário necessária é, aproximadamente, em toneladas, igual a:

a. 1,9

b. 3,2

c. 5,1

d. 6,4

e. 8,0

Gabarito: Letra B

Comentário:

Dados:

% Sílica na região 1 = 0,97%

Massa minério = 200 toneladas

Logo, a massa de sílica = 200 x (0,97/100) = 1,94 toneladas

Observe a regra de três abaixo:

100 g de Calcário 60 g de Sílica

? 1,94 toneladas

Massa de Calcário = 3,23 toneladas (aproximadamente 3,2)

370
Questão 3 (ENEM 2000)

Determinada Estação trata cerca de 30.000 litros de água por segundo. Para evitar riscos de fluorose,

a concentração máxima de fluoretos nessa água não deve exceder a cerca de 1,5 miligrama por litro de água. A

quantidade máxima dessa espécie química que pode ser utilizada com segurança, no volume de água tratada em

uma hora, nessa Estação, é:

a. 1,5 kg.

b. 4,5 kg.

c. 96 kg.

d. 124 kg.

e. 162 kg.

Gabarito: Letra E

Comentário:

Cálculo estequiométrico => Dados:

Vazão = 30000 L/s

Concentração máxima = 1,5 mg/L ou 1,5 x 10-3 g/L

Vazão da água em 1 h = 30.000 x 3600 L = 1,08 x 108

Massa de flúor = (1,08 x 108) x (1,5 x 10-3) = 162000 g ou 162 Kg

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 371


CADERNO DE ESTUDOS

EJA - ENSINO MÉDIO


MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
Olá aluno(a)! Esse material foi especialmente elaborado para você.
Leia com atenção e procure complementar seus estudos com os demais recursos
do ambiente de ensino a distância. Conte com seus professores e tutores para ajudar.

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A Química
tem solução!
Para início de conversa...

Você sabe o que uma barra de aço, os fluidos do seu corpo (como o sangue

e a urina) e um remédio antigripal têm em comum? Todos eles são soluções! E

uma solução nada mais é do que uma mistura homogênea de substâncias quími-

cas. Você lembra o que é uma mistura homogênea, certo? Mas caso não, releia a

unidade "Planeta Terra ou Planeta Água?".

E qual a importância de estudar as soluções? Porque elas são comuns na

natureza e são fundamentais em processos industriais, e nas áreas médica e cien-

tífica. Nesse contexto, é fundamental identificar e quantificar as substâncias que

compõem uma solução.

Um exemplo disso é a propriedade das ligas metálicas (como o aço). Al-

gumas delas, tais como a maleabilidade e a resistência à corrosão, dependem de

como é a mistura dos diversos metais que compõem a liga. A variação na quanti-

dade de carbono no aço influencia diretamente na sua dureza.

Já as variações nas concentrações das substâncias que compõem o sangue

ou a urina dão aos médicos pistas valiosas sobre a saúde de um paciente. Por

outro lado, um medicamento, como o antigripal, é uma mistura de vários compo-

nentes, cujas quantidades irão definir o efeito do remédio no corpo do paciente.

Devido à importância do conhecimento da quantidade de material, dis-

solvido em uma solução, é que em várias ocasiões as soluções são analisadas

quantitativamente.

Quantitativamente

Descrição numérica das propriedades de uma substância, de um sistema ou um processo.

Verbete

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 373


Imagina se o médico, ao fazer o acompanhamento de um paciente, prescrevesse uma dose de um medica-

mento que está abaixo do valor mínimo para que seja obtido algum efeito benéfico? O tratamento seria ineficiente,

podendo ocasionar a piora no seu quadro clínico ou até mesmo a sua morte!

Figura 1: Comprimidos são manipulados de forma a exercerem determinada função em nosso organismo.
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/391471 - Adam Ciesielski

Nesta unidade, nós iremos aprender como, em nosso dia a dia, manipulamos as soluções para que elas nos

beneficiem.

Objetivos da aprendizagem
ƒƒ Conceituar soluções e solubilidade;

ƒƒ Caracterizar os diferentes tipos de soluções;

ƒƒ Correlacionar a influência da temperatura na solubilidade de uma substância;

ƒƒ Conhecer as diferentes unidades de concentração;

ƒƒ Determinar a concentração de diferentes soluções.

374
Seção 1
O que são soluções?

Na Natureza, somos rodeados por sistemas, formados por mais de uma substância, as chamadas misturas,

sendo as misturas homogêneas, denominadas soluções.

Como disse, uma solução é uma mistura de duas ou mais substâncias que existem em uma única fase, poden-

do esta ser classificada como gasosa, sólida ou líquida. Na Tabela 1, são listados os exemplos mais comuns destas

soluções.

Tabela 1: Exemplos de soluções

Tipo de Solução Exemplo Componentes


Sólida Amálgama Mercúrio e outros metais
Líquida Água do mar H2O, NaCℓ, MgCℓ, outros sais
Gasosa Ar atmosférico N2, O2, outros gases

Fonte: Jéssica Vicente

Diferentes combinações de sólidos, líquidos e gases atuam como solvente ou soluto. O soluto é o componente

de uma solução que é dissolvido no solvente, e é geralmente presente em menor quantidade. O solvente é o com-

ponente em que o soluto é dissolvido e é geralmente presente em uma maior

concentração. Dissolver

As soluções mais comuns são aquelas cujo solvente é um líquido, sendo diluir ou solubilizar completamen-
te uma substância num solvente.
denominadas soluções aquosas, quando a água é o solvente.

Por exemplo, quando misturamos 10 g de álcool com 90 g de água, a água

é o solvente. Se a proporção entre os componentes for invertida, a água passa a ser

o soluto. Porém, se a água e o álcool estiverem em quantidades iguais, a decisão


Arbitrária
passa a ser arbitrária e sem importância.
escolha baseada no julgamento
Mas há casos em que dissolvemos uma grande quantidade de um material individual ou preferência pessoal.
no outro. Por exemplo, quando misturamos muito açúcar em um pequenino copo

de água e obtemos uma solução homogênea. Quem é o soluto e quem o solvente?

Uma forma simples de identificar o soluto e o solvente é a partir da observação do aspecto físico da solução. O

solvente sempre será a substância que possui o mesmo estado físico da solução. No exemplo anterior, como a solução

é líquida, o solvente será a água. A Figura 2 é uma representação ilustrativa dos componentes de uma solução aquosa.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 375


Figura 2: Componentes de uma solução: o soluto e o solvente.

Educação é bom e até o Meio Ambiente gosta...

Leia parte da reportagem de 26/02/2010 do jornal O Globo:

Cerca de três toneladas de peixes amanheceram mortos na Lagoa Rodrigo


de Freitas, na Zona Sul do Rio, nesta sexta-feira. Foram encontrados savelhas,
corvinas, tilápias, baranas (tipo de robalo) e bagres.
Segundo o biólogo Mario Moscatelli, provavelmente está faltando oxigênio
na água da Lagoa. Ele acredita que a mortandade de peixes pode ter relação
com o lançamento de esgoto na praia do Leblon.

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/lagoa-rodrigo-de-freitas-tem-mortandade-de-pei-
xes-3048224#ixzz1zg2jvNXN

Até aqui, você aprendeu que estamos a todo momento em contato com diversas

soluções químicas. Para onde quer que olhemos, temos exemplos de soluções e alguns

desses casos são os esgotos, os mares e os oceanos.

376
Sabendo que esses três são exemplos de soluções aquosas de diversas substâncias,

incluindo sais (como o cloreto de sódio) e gases (como o oxigênio), responda:

a. Na água dos oceanos, quem é(são) o(s) solvente(s) e o(s) soluto(s)?

b. Qual a relação entre lançamento de resíduos na lagoa e a mortandade de peixes?

Seção 2:
Por que as substâncias misturam-se?

Por que será que conseguimos dissolver o açúcar na água e ao tentarmos dissolver o óleo de cozinha nesta

mesma água, isso não acontece? Por que será que os mecânicos utilizam gasolina para limpar a graxa de suas mãos?

Por que, ao tomarmos banho, usamos sabonete?

As respostas a perguntas simples do nosso cotidiano são facilmente obtidas a partir de alguns conceitos bá-

sicos da ciência. Nestas observações, nós temos de levar em conta uma regra simples que diz: “semelhante dissolve

semelhante”. Isto significa que um solvente dissolverá um soluto se eles tiverem polaridades semelhantes. Ou seja,

solventes polares tendem a dissolver solutos polares, enquanto que, solventes não polares tendem a dissolver solutos

não polares (ou apolares).

Tanto as moléculas do açúcar quanto as da água são polares. Isso permite que a força de atração entre elas seja

grande. Consequentemente, a solução composta por essas substâncias é homogênea.

Forças similares não existem em misturas gordura-água. Isso porque essas substâncias possuem polaridades

diferentes e por isso necessitamos, por exemplo, utilizar um sabonete para removermos a gordura da nossa pele.

Sabões e detergentes têm essa característica, graças a sua estrutura molecular. Eles possuem em suas molé-

culas regiões polares e apolares, as quais fazem com que essas substâncias sejam capazes de remover a gordura. Para

ilustrar melhor essa questão, observe a Figura 3.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 377


Parte apolar de detergente

Molécula de água

Parte polar de detergente

Microgotícula de gordura

Figura 3: Representação da estrutura formada na solubilização de uma gota de gordura por moléculas de um sabão ou
detergente. A parte polar do sabão interage com as moléculas de água (também polar), enquanto que sua parte apolar
interage com a gordura (que é apolar).

Ao afirmarmos que duas substâncias misturam-se, estamos nos referindo ao termo solubilidade. Esta é defi-

nida como a quantidade máxima de uma substância que se dissolve em uma dada quantidade de solvente a uma

temperatura específica.

Solubilidade refere-se a propriedade de uma substância ser solúvel ou ser capaz de se dissolver em
uma solução.

378
Com uma experiência bem simples, você pode ter mais informações sobre o processo de solubilização. O que

acontece se tentamos dissolver cada vez mais açúcar em um copo de suco de fruta?

Geralmente, adicionamos duas ou três colheres de açúcar e agitamos o suco para auxiliar na sua solubilização.

Porém, o açúcar sempre será dissolvido à medida que aumentamos a sua quantidade? Caso você tente realizar isso,

irá descobrir que há uma quantidade limite de açúcar que você adicionará sem que tenha um depósito no fundo

do copo. E como podemos saber quanto de açúcar devemos colocar no copo para que seja totalmente dissolvida?

Através das curvas de solubilidade!

Todo soluto tem uma capacidade máxima de solubilização em um solvente. Esse limite é medido através da

massa de soluto que se dissolve em uma quantidade (massa ou volume) de solvente. Tal quantidade máxima é de-

nominada coeficiente de solubilidade. Depois de alcançar esse limite, não será possível dissolver mais o soluto na

solução. Neste ponto, a solução é denominada saturada.

A solução com quantidade de soluto inferior ao coeficiente de solubilidade é denominada solução insaturada

ou não saturada. Já uma solução supersaturada é a que contém uma quantidade de soluto superior ao coeficiente de

solubilidade a uma dada temperatura. Por ser instável, a mínima perturbação em uma solução supersaturada faz com

que o excesso de soluto dissolvido precipite e a solução torna-se saturada com presença de soluto não dissolvido,

chamado de corpo de fundo.

Normalmente, são formadas soluções supersaturadas ao aquecer uma solução saturada que tenha corpo de

fundo. Após aquecer essa solução até que todo o soluto dissolva, um resfriamento lento até a temperatura inicial

pode permitir a obtenção de uma solução supersaturada, desde que o soluto não tenha precipitado.

O conceito de solução saturada está diretamente relacionada com o de solubilidade. Consequentemente, não

há sentido em falar sobre solubilidade entre o álcool e a água, já que essas duas substâncias misturam-se em todas as

proporções e nunca formam soluções saturadas.

É importante salientar que todas as substâncias possuem um certo grau de solubilidade. A saturação ocor-

re em altas quantidades para solutos muito solúveis e a baixas quantidades para solutos pouco solúveis. Não há

substância que não possua algum grau de solubilidade. Neste caso, o termo insolúvel costuma ser utilizado para

substâncias muito pouco solúveis.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 379


A química do refrigerante

Você já parou para pensar no quanto estamos em contato com a química das solu-

ções? Já percebeu que todos os refrigerantes quando abertos liberam gás? Esse gás é o di-

óxido de carbono e o processo de dissolução deste gás na água é chamado carbonatação.

Para entender isso, dê uma olhada nesse vídeo:

http://pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=269&PILULAS

+DE+CIENCIA+O+GAS+NOS+REFRIGERANTES#top

Como vimos no vídeo, a fim de permitir que mais gás seja dissolvido na água, esta é

esfriada até próximo a sua temperatura de congelamento. Quando ocorre um aumento na

temperatura ou diminuição da pressão, a solubilidade do gás diminui.

É o que ocorre quando uma bebida gaseificada é aberta. A diminuição da pressão

faz com que o gás saia da solução, sob a forma de bolhas. Como o gás é mais leve do que o

líquido, logo que ele sai da solução, carrega consigo uma pequena quantidade de líquido

até a saída do recipiente. É como se o líquido estivesse bloqueando o caminho do gás e

este empurra o que está na sua frente até a saída.

Sendo assim, explique resumidamente por que consideramos o refrigerante uma

solução supersaturada nos primeiros segundos após a garrafa ou a latinha ser aberta.

380
Seção 3
A Temperatura e a solubilidade

A temperatura é um dos fatores ambientais que mais influenciam os seres vivos. Um exemplo são os orga-

nismos aquáticos, os quais utilizam o oxigênio dissolvido na água. O grau de solubilidade do gás na água é menor,

conforme o aumento da temperatura. O teor de oxigênio na água cai pela metade, quando a temperatura da água

sobe de 0 para 30° C.

A maioria das substâncias dissolve-se mais depressa em elevadas temperaturas. Contudo, como podemos ver

na Figura 4, há casos na qual a solubilidade diminui com o aumento da temperatura.


Solubilidade (g soluto / 100 g solvente)

Temperatura ° C

Figura 4: Ilustração gráfica do efeito da temperatura na solubilidade de alguns sais em água.

Ao observarmos o gráfico, podemos obter algumas informações. Por exemplo, o nitrato de sódio (NaNO3) pos-

sui a 60° C um coeficiente de solubilidade de cerca de 110 g em 100 g de solvente. A solução em questão é saturada.

Já o sulfato de lítio (Li2SO4) é um sólido que se apresenta menos solúvel quando é exposto à temperaturas elevadas do

que a baixas temperaturas, enquanto que o sulfato de sódio (Na2SO4) apresenta um comportamento misto, aumen-

tando a sua solubilidade até cerca de 40° C, mas decrescendo a partir deste valor.

Uma solução supersaturada é um exemplo da influência da temperatura na solubilidade. Como você já leu, ela

contém uma quantidade de soluto maior do que o seu limite de solubilidade. Essas soluções podem ser preparadas
a partir do resfriamento de soluções saturadas preparadas a elevadas temperaturas. Se deixar a solução resfriar lenta-

mente, à temperatura ambiente e sem agitação, uma solução supersaturada é formada. Ela, porém, é instável.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 381


Se adicionarmos um pequeno cristal da substância da solução ou até mesmo produzirmos um pequeno dis-

túrbio, podemos “destruir” a supersaturação. Esses eventos são suficientes para que o que está acima do limite de

solubilidade deposite-se no fundo do recipiente e uma solução saturada seja novamente obtida.

Congelando água em poucos segundos

Um efeito muito interessante que ocorre em soluções supersaturadas é a cristalização da solução


quando algum fator externo interfere em seu equilíbrio. Para que você possa visualizar esse fenômeno,
não deixe de assistir ao vídeo do link a seguir. E preste bastante atenção na explicação, ok?

http://www.youtube.com/watch?annotation_id=annotation_821736&feature=iv&src_vid=MKwlNj8
cIZw&v=7d4GhLCHQ20

Um exemplo prático para as soluções supersaturadas são as compressas instantâneas, quentes ou frias, nor-

malmente utilizadas pelos atletas para primeiros socorros de problemas musculares. Esses dispositivos são feitos a

partir de uma bolsa de água dentro de outra bolsa, contendo algum sal, ou vice-versa. Ao pressionar firmemente a

bolsa interna, o sal é solubilizado e uma solução supersaturada é criada.

No caso da solução de acetato de sódio, uma pequena perturbação acarreta no aumento da temperatura do

pacote até aproximadamente o ponto de fusão do sal (neste caso, 58° C). Esse efeito é utizado em “soluções instan-

tâneas quentes”. Já a solução de nitrato de amônio é utilizado para compressas frias instantâneas. Neste processo, a

temperatura dessa solução cai para cerca de 5° C.

382
Resolvendo um problema...

Você está em um laboratório e decide realizar um experimento para saber a respos-

ta de um problema de Química. Você tem uma solução, contendo 28,0 g de nitrato de po-

tássio (KNO3) dissolvidos em 50,0 g de água a 30° C. Sabendo que a solubilidade do nitrato

de potássio é de 40,0 g/100 g de água, nessa mesma temperatura, a solução formada será

saturada, insaturada ou supersaturada? Explique o porquê da sua conclusão.

Graficamente falando...

O gráfico representa as curvas de solubilidade de três substâncias diferentes repre-

sentadas por A, B e C:
Solubilidade (g soluto / 100 g água)

Temperatura ° C

Com base no diagrama acima, responda:

a. Qual das substâncias diminui sua solubilidade com o aumento da temperatura?

b. Qual a quantidade máxima de A que se consegue dissolver em 100 g de H2O a 20° C?

c. Considerando apenas as substâncias B e C, qual é a mais solúvel em água?

d. Qual é a massa de C que satura 500 g de água a 100° C?

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 383


Seção 4
Unidades de concentração

Como mensurar as relações existentes entre as quantidades de soluto por solvente ou solução? Há diversas

maneiras de expressar essas grandezas. Quando estudamos as soluções, devemos ser capazes de conhecer sua com-

posição, ou seja, a quantidade relativa dos componentes presentes.

O termo concentração é utilizado para definir a correlação entre a quantidade de um componente com outro

ou com a quantidade total de solução, ou matematicamente falando:

Quantidade de soluto Quantidade de soluto


ou
Quantidade de solvente Quantidade de solução

A concentração de mol/L, ou em quantidade de matéria, é de longe a unidade mais utilizada, dentre as descri-

tas na Tabela 2. Quando mencionamos que a concentração de uma solução aquosa de permanganato de potássio

(KMnO4) é 0,1 mol/L, por exemplo, estamos afirmando que existe 0,1 mol (15,8 g) do sal dissolvido em um litro de
solução. Esse cálculo em gramas você aprendeu na unidade "Quantidades nas transformações químicas", referente à

massa molecular.

É possível calcular a quantidade de matéria (n) contida numa determinada massa (m) de uma substância, cuja

massa molecular é M, a partir da relação:

m
n =
M

Denomina-se n como número de mols. Assim, o valor de n para uma amostra contendo 7,3 g de cloreto de

sódio (M = 58,4), mais conhecido como sal de cozinha será:

7,3
n = = 0,125 mol
58,4

Quando a quantidade (em massa ou volume) de soluto é muito pequena, o teor é expresso em partes por mi-

lhão. Essa é mais uma unidade de concentração. Por exemplo, um teor em massa de 0,0001 % é comumente expresso

como 1 ppm (0,000001 parte de um quilo de amostra).

Tabela 2: Unidades de Concentração

384
Tipo de medida Unidade Observação
concentração em quantidade
mol/L mols de soluto por litro de solução
de matéria
concentração comum g/L massa do soluto em gramas por litro de solução

partes por milhão (por massa) ppm ( por massa) massa do componente em miligramas por quilograma de amostra

partes por milhão (por volume) ppm ( por volume) volume em microlitros (0,001 ml) por litro de amostra

Fonte: Jéssica Vicente

Onde fazer as soluções?


Como podemos preparar uma solução de um volume de solução conhecido? Isto é possível utilizando
algum recipiente volumétrico, do qual é conhecido a sua capacidade em volume. O frasco mais uti-
lizado para tal propósito é o balão volumétrico, como na figura a seguir. Para preparar uma solução,
uma quantidade conhecida de soluto é dissolvida em um solvente. Essa solução é então transferida
para o balão volumétrico. Uma marcação no “pescoço” do frasco é a indicação de até onde devemos
completar o frasco com o solvente.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Volumetric_flasks.jpg – Nuno Nogueira

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 385


Quanto beber?

O álcool etílico é um dos principais componentes em bebidas alcoólicas. A sua ab-

sorção pelo organismo interfere na concentração da glicose no sangue, podendo acarretar,

em casos extremos, a hipoglicemia (valores de glicose no sangue abaixo do limite reco-

mendado). Os efeitos do álcool no sangue variam de acordo com a quantidade absorvida

pelo corpo, como mostrado na tabela.

Álcool no sangue (g/L) Efeito


< 0,16 Sem efeitos aparentes
0,20 – 0,30 Falsa noção de velocidade e distância
0,30 – 0,50 Início de risco de acidente
0,50 -0,80 Euforia. Risco de acidente aumentado em quatro vezes
1,50 – 3,00 Visão dupla
3,00 – 5,00 Embriaguez profunda
> 5,00 Coma, podendo levar à morte

Claudio marcou um encontro com os amigos em um bar. Após consumir bebidas

alcoólicas, teimou em conduzir o seu veículo. Ao chegar próximo de sua residência, foi

abordado em uma blitz da ‘Lei Seca’. Ao realizar o teste do bafômetro, foi encontrada uma

concentração de álcool no sangue equivalente a 400 ppm (em massa). Claudio tinha condi-

ções de dirigir? Qual o efeito do álcool nessa concentração? Considere 1L ≈ 1 kg.

Seção 5
Diluindo para resolver...

Imagine você tendo de preparar um suco de fruta a partir de outro suco já pronto na sua geladeira. O suco está

“forte” demais? O que fazer? Simples! Dilua o suco e faça outro! Mas qual deve ser a quantidade de suco a ser utilizada?

É o que vamos descobrir!

386
Um problema comum ao trabalharmos com soluções é a necessidade de converter a sua concentração,

diminuindo-a. O que você acha que ocorre com o número de mols de soluto? Aumenta? Diminui?

Temos de ter em mente que, nesse processo de diluição, o volume da solução aumenta, mas a quantidade de

soluto permanece inalterada. Em outras palavras, o número de mols de soluto na solução é a mesma antes e após a

diluição. O que muda é que a quantidade de soluto por volume de solução diminui.

Já que o número de mols não altera com a diluição, podemos calcular o valor da concentração da solução

diluída através da fórmula utilizada para calcular a concentração em mol/L:

Concentração = número de mols


volume (L)

Como mencionado anteriormente, o número de mols tanto da solução concentrada quanto na diluída perma-

nece igual, ou seja,

(número de mols) solução concentrada = (número de mols) solução diluída

(Concentração x Volume) solução concentrada = ( Concentração x Volume) solução diluída

O volume pode ter qualquer unidade, desde que as unidades dos dois lados da equação sejam as mesmas. O

mesmo princípio pode ser utilizado no cálculo da concentração. Nós podemos utilizar ppm, g/L ou qualquer outra

unidade de concentração que expresse massa ou mols por unidade de solução ou solvente.

Outra forma de prepararmos soluções é diluindo uma parcela da solução de concentração conhecida com o

acréscimo de solvente até que uma concentração final e um volume desejado sejam alcançados. Como sabemos a

concentração inicial e a parcela retirada da solução, podemos determinar facilmente a concentração da nova solução.

Na Figura 5 está representado um esquema de como é feita uma diluição, utilizando um suco de frutas

como exemplo.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 387


Ci = m1 Cf = m1
Vi Vf

m1 = Ci Vi m1= Cf Vf

Juntando os dois segundos membros das equações, ficamos com


Ci Vi = Cf Vf

Figura 5: Como diluir uma solução (no caso um suco) a partir de dados conhecidos como: concentração e volume.

Que tal experimentar?

Agora que você aprendeu sobre diluição de soluções, que tal colocar esta teoria em

prática? Para isso, você irá precisar de materiais simples como copos descartáveis, um suco
6 de fruta bem “forte” e água.

A partir da solução de suco de fruta, transfira a quantidade de 1 ml de suco para

quatro copinhos descartáveis diferentes e numere cada copinho. Adicione 10 mL de água


no copinho numerado como (1). No copinho (2) adicione 20 mL de água. No copinho (3) e

(4), adicione 50 e 100 mL, respectivamente.

Da solução inicial (suco de fruta) serão obtidas quatro soluções de concentrações

diferentes, ou seja, soluções diluídas. Observe o resultado e descreva o que você observou

no experimento.

388
Seção 6
Misturando tudo!

Assim como visto inicialmente nesta unidade, as misturas de soluções também estão bastante presentes no nosso

dia a dia. São atos cotidianos que acabam passando despercebidos por nós mesmos que praticamos a ação de “misturar”.

Ao acordarmos e sentarmos para tomar nosso café da manhã, misturamos café com leite, ou até mesmo em

um simples encontro com os amigos, misturamos o suco de limão com cachaça para fazermos uma caipirinha. Este

ato de misturar as soluções é também muito comum em laboratórios, onde a análises de produtos exigem dos quími-

cos uma variedade muito grande de soluções e suas misturas.

Quando misturamos soluções de mesmo soluto, porém de concentrações diferentes, obtemos uma nova solu-

ção de concentração intermediária a das soluções misturadas.

Ao fazermos um suco de fruta, imaginemos que um copo contenha um suco "fraco" e outro um suco mais

"forte". O suco resultante da mistura entre os dois teria concentração intermediária.

O que ocorre na realidade é que a quantidade de soluto presente na solução resultante será igual à soma das

quantidades de soluto existentes nas soluções originais.

Na Figura 6, está representado um esquema geral de uma mistura de soluções.

Solução C1
1
V1 { Solução C2
2
V2 { Solução C3
3
V3 {
Figura 6: Esquema ilustrativo de uma mistura de soluções. A concentração final é determinada pela fórmula: C1.V1 + C2.V2 = C3.V3

Pronto! Já temos nosso suco de fruta prontinho para beber.

Olhe ao seu redor e perceba a quantidade de soluções químicas que você utiliza por dia e que inconsciente-

mente passaram a ser necessárias no nosso cotidiano. Em atividades simples, como escovar os dentes, utilizamos

uma solução. Para tomar banho, utilizamos outra solução. Ao fazer um refresco, utilizamos mais uma solução. Enfim,

conhecer os diferentes tipos de soluções e entender o conceito delas é muito importante.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 389


Conhecer e correlacionar as influências de alguns fatores na solubilidade de uma solução ajuda você a entender

porque uma solução aquecida pode solubilizar uma substância de forma mais rápida ou lenta. Ao colocar o seu conhe-

cimento em prática, você é capaz de fazer suas próprias soluções, bem como diluí-las, misturá-las, enfim, trabalhá-las.

O Fascículo 4 termina por aqui, mas nosso estudo da Química, não. Você deve estar percebendo que os conteú-

dos estão ficando mais complexos, no entanto, também mais interessantes. O tema da próxima unidade fará você per-

ceber o quanto a Química está presente no nosso dia a dia, pois trabalharemos conceitos como calor e temperatura;

bem como discutiremos sobre a obtenção de energia a partir de processos químicos, algo tão importante e presente

em nossas vidas, não é verdade? Nos encontraremos por lá, não perca!

Resumo

ƒƒ No nosso cotidiano, estamos cercados por sistemas formados por mais de uma substância, as chamadas misturas. Uma

solução é uma mistura de duas ou mais substâncias que existem em uma única fase, ou seja, é uma mistura homogênea.

ƒƒ Uma solução é composta de soluto e solvente, onde o soluto é a substância em menor quantidade.

ƒƒ O fato de duas ou mais substâncias se misturarem ou não depende do fator ‘solubilidade’. Esta é definida como a

quantidade máxima de uma substância que se dissolve em uma dada quantidade de solvente a uma determinada

temperatura.

ƒƒ A quantidade máxima de soluto capaz de se dissolver totalmente numa determinada quantidade de solvente é

denominado coeficiente de solubilidade.

ƒƒ A solução insaturada é aquela na qual o soluto dissolvido não atingiu o valor de seu coeficiente de solubilidade,

enquanto que uma solução saturada atingiu este valor. Ambas as soluções são estáveis. Uma solução supersatura-

da possui uma quantidade de soluto dissolvido superior ao máximo permitido, tornando-a instável.

ƒƒ A concentração de uma solução é uma forma de expressarmos a relação soluto/solução ou soluto/solvente. A

unidade mais utilizada é a concentração em quantidade de matéria (mol / L).

ƒƒ A diluição de uma solução consiste em diminuir a concentração da solução inicial pela adição de mais solventes.

Nesse procedimento, a massa do soluto permanece inalterada.

390
Veja ainda...

Aprenda um pouco mais sobre os conceitos de soluções neste artigo da revista Química Nova na Escola:

Link: qnesc.sbq.org.br/online/qnesc28/09-AF-1806.pdf

Referências

ƒƒ Whitten, K. W.; Gailey, K. D.; Davis, R. E.; General Chemistry with Qualitative Analysis; Saunders College

Publishing. Orlando – Florida; Third edition; 1988.

ƒƒ Kotz, J. C.; Purcell, K. F.; Chemistry & Chemical reactivity; Saunders College Publishing; Orlando – Florida;

Second edition; 1991.

ƒƒ Brescia, F.; Arents, J.; Meislich, H.; Turk, A.; General Chemistry; Harcourt Brace Jovanovich International

Edition; Fifth edition; 1988.

ƒƒ Urbesco, J.; Salvador, E.; Química – Físico-química; volume 2; 10ª edição; São Paulo: Saraiva, 2005. 512p.

ƒƒ Urbesco, J.; Salvador, E.; Conecte Química – Físico-química; volume 2; 1ª edição; São Paulo: Saraiva, 2011.

461p.

ƒƒ Peruzzo, F. M.; Canto, E. L.; Química 2: Química na abordagem do cotidiano; volume 2; 5ª edição; São

Paulo: Moderna, 2009. 488p.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 391


Atividade 1

a. Os mares e oceanos são soluções de gases e sais (solutos) dissolvidos em água

(solvente).

b. Um dos fatores que o descarte indevido de resíduos nesses locais ocasionam

é a reação entre esses resíduos e o gás oxigênio acarretando na diminuição da

quantidade de gás oxigênio nas águas, e consequentemente a morte dos peixes.

Atividade 2

O gás carbônico é colocado no refrigerante, aplicando-se uma grande pressão sobre

o líquido, o que acarreta um aumento da solubilidade do gás. Logo, é possível dissolver

uma quantidade muito maior do que o que se dissolveria na pressão atmosférica. O gás

carbônico está formando uma solução supersaturada.

Ao se abrir a garrafa, diminuímos a pressão dentro dela e, por isso, observamos a

saída de algumas bolhas de gás. Mas essa saída não ocorre de uma só vez. Nos instantes

iniciais, é formada uma solução supersaturada e, por ser instável, o gás dissolvido que está

acima do coeficiente de solubilidade é liberado. Após todo o gás excedente sair do refrige-

rante, a solução torna-se saturada e, consequentemente, estável.

Atividade 3

Se a solubilidade do nitrato de potássio é de 40,0 g em 100 g de água, primeiro

calcula-se a quantidade de nitrato de potássio que pode saturar em 50,0 g de água. Então

teremos:

40,0 g de KNO3 _____________ 100,0 g de água

x _____________ 50,0 g de água

x = 20,0 g de KNO3

Como a solução possui 28,0 g de KNO3, ou seja, acima do coeficiente de solubilida-

de, dizemos que a solução formada é supersaturada.

392
Atividade 4

a. Substância A, pois é a única curva descendente o que indica que sua solubilida-

de diminui com o aumento da temperatura.

b. A 20º C é possível dissolver 60 g de A em 100 g de água.

c. A substância B é a mais solúvel em qualquer temperatura, pois se observarmos o

gráfico, percebemos que a curva de B está sempre acima da curva de C.

d. Em 100º C:

80 g de C ___________ 100 g de água

x ___________ 500 g de água

x = 400 g de C.

Atividade 5

Como a concentração utilizada para estimar o efeito do álcool do sangue é g/L, ini-

cialmente precisamos converter a unidade de concentração encontrada no teste do bafô-

metro feito pelo Claudio. A unidade ppm (em massa) é equivalente a miligramas de soluto

por quilograma de solução, temos

400 mg de álcool etílico 1g 400 mg de álcool etílico


x =
kg de solução kg de solução
1000 mg

No enunciado foi solicitado que considerássemos 1 quilograma equivalente a litro.

Assim, o teor de álcool em g/L encontrado pelo teste foi de

0,4
g de álcool etílico = 0,4 g de álcool etílico
kg de solução L de solução

Esse valor (0,4 g/L) está dentro da faixa 0,30 – 0,50 mostrada na tabela. O efeito

causado pelo álcool nessa faixa de concentração indica risco do condutor causar algum

acidente de trânsito, ou seja, Claudio não tinha condições de estar conduzindo o veículo.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 393


Atividade 6

Ao observar o experimento com o suco de fruta, você irá perceber a variação das

cores de cada solução, demonstrando de forma simples as diferentes concentrações de

cada solução feita nos copinhos descartáveis.

394
O que perguntam por aí?
Questão 1 (Cesgranrio-RJ)

A curva de solubilidade de um sal hipotético é:

Ordenada = solubilidade,
em gramas, por 100 gra-
mas de água

temperatura em 0 C

A quantidade de água necessária para dissolver 30 gramas do sal a 35° C será, em gramas:

a. 45

b. 60

c. 75

d. 90

e. 105

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 395


Gabarito:

50 gramas _______ 100 gramas de água

30 gramas _______ x

x = 60 gramas de água (Letra B)

Comentários: Ao analisarmos o gráfico, observamos que a 35º C a solubilidade do sal é de aproximadamente

50 g em 100 gramas de água. Se queremos dissolver 30 g do sal, então serão necessários 60 g de água.

Questão 2 (UFRJ)

Os frascos a seguir contêm soluções saturadas de cloreto de potássio ( KCℓl ) em duas temperaturas diferentes.

Na elaboração das soluções foram adicionados, em cada frasco, 400 mL de água e 200 g de KCℓ.

Frasco I Frasco II

sal depositado

O diagrama a seguir representa a solubilidade do KCℓ em água, em gramas de soluto / 100 mL de H2O, em
diferentes temperaturas.
Solubilidade

temperatura em (º C)

a. Determine a temperatura da solução do frasco I.

b. Sabendo que a temperatura do frasco II é de 20º C, calcule a quantidade de sal (KCℓ) depositado no

fundo do frasco.

396
Gabarito comentado:

a. 200 g de KCℓ _______ 400 mL de água

x _______ 100 mL de água

x = 50 g de KCℓ

Observando o gráfico temos que para uma solubilidade de 50 g/100 g de água, a temperatura é de 80º C.

b. 30 g de KCℓ _______ 100 mL de água

x ______ 400 mL de água

x = 120 g de KCℓ

Logo: 200 g – 120 g = 80 g de KCℓ depositado no fundo do frasco.

Questão 3 (Unicamp –SP)

Evapora-se totalmente o solvente de 250 mL de uma solução aquosa de cloreto de magnésio (MgCℓ2) de con-

centração 8,0 g/L. Quantos gramas de soluto são obtidos?

a. 8,0

b. 6,0

c. 4,0

d. 2,0

e. 1,0

Gabarito: Letra D

Comentário: Como a concentração (C) é calculada a partir da equação:


massa
C=
volume

temos:
massa
8,0 g/L = massa = 8,0 x 0,25 = 2,0 g
0,25 L
Logo, a massa de cloreto de magnésio presente na solução é de 2,0 g.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias · Química 397

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