O Lugar Do Pai Na Constelação

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O LUGAR DO PAI NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
O LUGAR DO PAI
NA
CONSTELAÇÃO
FAMILIAR
Paz Guerreiro
1ª Edição
2024
[2]
© Copyright 2024, by Maria da Paz Guerreiro.
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________________________________________
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Guerreiro, Maria da Paz, O LUGAR DO PAI NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
[3]
Dedico ao meu pai, José Guerreiro, os poemas

tortos que escrevi
Meu pai da infância

Lembro de ti, dos tempos de menina
A cantar canções com a bela voz que tinhas
Nas minhas mal dormidas noites de criança
Eu tinha tua paciência a me ninar.
Sob o sol escaldante do nordeste a trabalhar

Pra cumprir o papel que lhe cabia
Sustentar e educar sua família
Ensinar aos seus filhos a decência.
E nas noites de Natal e Ano Novo já podíamos

Dormir em paz, para acordar contentes
Pois com o dinheiro suado que ganhava
Enviava por Noel nossos presentes
[4]
Meu velho pai
Depois de a Deus, quem mais amei no mundo

Meu velho pai, meu eterno guerreiro
Queria voltar ao tempo de criança
E a cruel vida atendeu aos seus pedidos
Suas linhas tortas , oh Deus são mesmo certas?

Porque deste ao meu pai tamanho sofrimento?
Passa o tempo e ele não sabe que existe
A tanto tempo perdeu a noção de vida...
O que justifica um homem bom sofrer?

A lei que o justo paga pelo pecador?
Então de quem meu pai expia tais pecados
Se a vida toda só pregou o bem?
E dia a dia, sem saber se é dia ou noite.

Meu velho pai desafia as leis da vida...
Transcede a morte e volta para a casa
Para ao morrer ir para a luz, olhar por nós
[5]
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................... 08
CAPÍTULO UM.......................................................13
CAPÍTULO DOIS.....................................................20
CAPÍTULO TRÊS.....................................................25
CAPÍTULO QUATRO..............................................29
CAPÍTULO CINCO..................................................35
CAPÍTULO SEIS......................................................40
CAPÍTULO SETE.....................................................49
CAPÍTULO OITO....................................................54
CAPÍTULO NOVE...................................................61
CAPÍTULO DEZ......................................................67
CAPÍTULO ONZE....................................................71
CAPÍTULO DOZE....................................................77
CAPÍTULO TREZE...................................................85
CAPÍTULO QUATORZE...........................................91
CAPÍTULO QUINZE................................................97
[6]
[7]
INTRODUÇÃO
ENTREVISTA A BERT HELLINGER
Pergunta: Nesse processo de transformação e nessa

reverência que os filhos devem prestar aos seus pais há
também lugar para uma emoção como o ódio?
Existe isso também? Pois isso tampouco acontece tão

depressa assim, não é?
[8]
Essas são, na verdade, soluções das quais o senhor fala.
Mas também no processo – no processo emocional –

aparecem frequentemente muita agressividade, raiva,
ódio e muitos outros sentimentos diversos que, de vez
em quando, são simplesmente necessários.
Eles não precisam ser desativados, mas pelos menos

precisam ser vistos.
Bert: Ainda não vi isso. Essas são ideias. São descritas

ou divulgadas, sem que eu as tenha visto um dia.
A criança ama os seus pais de uma forma bem

profunda.
Pode-se contar totalmente com isso. Mas o que

acontece é: quando o acesso da criança à mãe ou ao pai
foi impedido bem cedo, por exemplo, quando precisou
ficar muito tempo completamente sozinha em um
hospital, então a dor é tão grande que em seguida se
expressa como agressividade.
Mas isso é somente o outro lado da perda sofrida e

somente o outro lado do amor.
[9]
O importante seria que essa situação anterior fosse

revivida, que o movimento interrompido em direção à
mãe ou ao pai fosse levado a termo.
Este é um processo muito doloroso.
Quando é bem sucedido, tudo aquilo que se deu como

motivo para o ódio fica totalmente irrelevante. Não
tem mais importância nenhuma.
Pergunta: Mas o senhor conhece a experiência de que

apenas se pode odiar realmente aquele que também se
pode amar.
Creio talvez que não posso odiar alguém tanto como

minha própria mulher. E talvez amar tanto quanto a
amo.
Bert: Esse ódio é um sentimento infantil. Adultos não

odeiam nesse sentido. Odeiam somente quando se
sentem como crianças, e, aliás, impotentes como
crianças.
Por isso um homem, como homem, não pode odiar a

sua mulher. Pode transferir algo de sua infância para
ela. Isso é algo
totalmente diferente. Mas reduzir isso somente a
comportamentos não é
[ 10 ]
possível.
A solução simples entre pais e filhos é que. Eles ainda

podiam ver
o que significa receber a vida dos pais.s filhos
reconheçam:
Recebi a vida de vocês. Você são meus pais, e eu os

tomo agora como vocês são, como os pais certos para
mim.
Então a criança fica em paz consigo mesma.
Pode, então, tomar os pais e as outras coisas que o

oferecem.
Temos frequentemente a ideia maluca de que

poderíamos ter outros pais ou de que os pais deveriam
se diferentes do que são.
Nesse momento, a criança fica totalmente desnorteada.

No fundo, fica louca.
Muita reivindicação que é feita

aos pais é, na verdade, uma reivindicação maluca que
os pais nunca poderão preencher.
[ 11 ]
Mesmo que tentassem preencher essa reivindicação, o

filho não a tomaria, porque essa reivindicação vem de
uma outra camada.
Nesse sentido, a criança não quer absolutamente nada

dos pais, aí atua uma outra dinâmica totalmente
diferente.
O que ainda é importante com relação ao que o senhor

disse antes sobre o ódio pelos pais: uma criança que
odeia os pais irá castigar-se severamente.
Pois a profundeza da alma nunca permite isso. É tal

violação da ordem que não é possível.
E é tipicamente ocidental.
Nunca vi, por exemplo, entre os zulus que alguém

tenha falado de modo depreciativo sobre seus pais. Isso
era impensável
Bert Hellinger | A Fonte Não Precisa Pelo Caminho
p.116
[ 12 ]
CAPÍTULO UM
REJEIÇÃO E CULPA TRANSFERIDAS
Como os homens, em geral, são vistos pelas mulheres

da sua família? Com certa rivalidade, desprezo ou
raiva? Esse panorama competitivo nos relacionamentos
pode esconder uma dinâmica sistêmica cuja origem
aponta para muitas gerações passadas
Aquele homem desabou, literalmente, no chão.

Chorava uma dor secreta, que emergia de seu âmago.
Um sofrimento que só pôde ser finalmente expressado
quando todos ali presentes puderam tirá-lo – com a
simplicidade e a força de seus olhares – do limbo da
[ 13 ]
exclusão. O que se desenrolara ali naquela sessão

Constelação Familiar era um pai, cuja filha foi
entregue para adoção e que não era visto nem
reconhecido pela família adotiva, pela filha e sequer
pela mãe biológica e ex-parceira.
Ele, que havia concebido aquela vida e com isso se

tornado pai, pôde ali recuperar a sua dignidade e o seu
devido lugar naquele sistema familiar. Mas não antes
de ter tomado força junto aos homens anteriores: pai,
tios, avôs, bisavôs… Junto aos seus, pode levantar-se
do chão, respirar aliviado e sorrir.
Crenças passadas de geração em geração
“Homem não presta!” “Não são confiáveis!” “Marido

não serve pra nada!” “Nunca dependa dos homens!”
Quantas de nós crescemos ouvindo essas e outras
crenças de nossas mães separadas, divorciadas, traídas
ou abandonadas por seus maridos e que tiveram que
carregar muitas vezes sozinhas o fardo do sustento e da
educação de seus filhos?
Se isso não aconteceu na sua família, provavelmente

conheça muita gente por aí que não pôde conviver com
a figura paterna, seja lá por qual motivo. Nos meus
grupos terapêuticos vejo muitos casos assim, filhas e
[ 14 ]
filhos criados por mães, tias e avós cheias de rancor e

mágoa daquele progenitor. A causa dessa desordem,
frequentemente, vem de muito longe.
Rejeição e culpa transferidas
Quando examinamos o destino das mulheres de

gerações passadas de nossa família, com certeza vamos
encontrar muitas outras que sofreram nas mãos dos
homens, que foram subjugadas, humilhadas,
desrespeitadas e por isso não puderam confiar neles.
Muitos homens, ao olharem para trás, certamente vão

encontrar outros homens de seu sistema que não
puderam estar em paz com suas mulheres, que com sua
soberba e autoritarismo não assumiram a culpa pelos
danos causados a elas.
Herança maldita
Somos filhos do choque cultural entre a mente

patriarcal e o movimento feminista, vivemos imersos
nesse paradigma competitivo da luta pelo poder entre
gêneros. Nesse levante pelo direito das mulheres,
muitas delas na verdade brigam não apenas por si, mas
em nome das mulheres que as precederam no seu
sistema familiar, de gerações de mulheres que calaram
essa raiva porque não tiveram o direito de expressá-la.
[ 15 ]
Ao mesmo tempo, os homens de agora também são

afetados pelo destino daqueles homens do passado e
hoje carregam uma culpa que não lhes pertence – uma
culpa nunca antes assumida e, portanto, excluída. A
isso, o filósofo, pedagogo e psicanalista alemão Bert
Hellinger, criador da técnica da Constelação Familiar,
chama de lealdade sistêmica. Movidos por um amor
cego, carregamos, de forma inconsciente, o fardo de
outras pessoas do nosso sistema familiar.
Somos filhos do choque cultural entre a mente

patriarcal e o movimento feminista, vivemos imersos
nesse paradigma competitivo da luta pelo poder entre
gêneros.
Em uma de suas últimas visitas ao Brasil, Hellinger

chamou a atenção para o fato de que em muitas
famílias brasileiras os homens não são honrados.
Muitos inclusive são deliberadamente excluídos. O
direito de ter seu lugar de pai no sistema é irrevogável,
independentemente do que tenha feito ou deixado de
fazer – seja ele alcoólatra, infiel, autoritário, violento,
pedófilo ou assassino.
Devolvendo o lugar e a dignidade de cada um
[ 16 ]
Quando não se dá um bom lugar a eles há

consequências danosas para todo o sistema familiar,
principalmente para seus filhos, com reflexos na
maneira como eles se posicionam diante da vida e,
principalmente, diante de seus relacionamentos com o
sexo oposto. O acesso dos filhos ao pai é sempre
concedido pela mãe. Quando esta não o permite, ainda
que de forma velada por ainda ter raiva e
reivindicações em relação ao ex companheiro, os filhos
não conseguem tomar o pai e aceitar a vida que veio
dele.
A solução está em reconhecer e respeitar o sofrimento

e o destino difícil de mulheres e homens de gerações
passadas. E a partir deste novo ponto de vista, mais
atualizado, escolher fazer diferente, interrompendo
esse ciclo de danos. Não seria incrível se cada um
dentro de seus relacionamentos pudesse recuperar a
dignidade e expressar o seu poder pessoal? Homens e
mulheres precisam se alegrar em ver uns aos outros
empoderados. Somente dessa forma poderiam viver
juntos com confiança, cooperação e respeito.
No meu caso, infelizmente a solução não chegou a

tempo... Fui para a constelação familiar sem ao menos
ter ouvido falar sobre Bert Hellinger...
[ 17 ]
Meu casamento acabara dez anos antes e eu tinha

ficado com três filhos, entre crianças e adolescentes...
E eu fui tentar salvar a relação com meu segundo
filho... No terceiro módulo do curso, ele se foi por
suicídio... Em amor cego, seguindo ao pai, excluído no
sistema.
[ 18 ]
CAPÍTULO DOIS
O PAPEL DO PAI NA CONSTELAÇÃO

FAMILIAR
O respeito à ORDEM e seus bons efeitos
Quem chegou primeiro na família fica em primeiro,

quem chegou depois fica depois, na ordem de chegada.
Nessa ordem também consideramos as crianças
abortadas, elas também pertencem.
[ 19 ]
Quando ficamos sabendo dessa ordem, podemos

restabelecê-la novamente.
Isso significa, por exemplo: os pais assumem as

consequências de seu próprio comportamento, de seu
próprio emaranhamento e os carregam sozinhos.
Então a criança estará livre.
Ela não precisa assumir nada daquilo que é da alçada

dos outros.
Contudo, a transgressão da ordem de origem é

castigada duramente por essa consciência oculta.
Toda criança que tenta assumir algo pelos pais ou por

outros que vieram antes dela, fracassa.
Nenhuma tentativa de assumir algo pelos pais tem

sucesso.
Está sempre fadada ao fracasso e, na verdade, para

todos os envolvidos.
Nós precisamos saber disso.
Por isso, ajudamos as crianças a se soltarem dessa

intromissão.
[ 20 ]
Ao invés de olhar para as crianças, olhamos primeiro

para os pais e deixamos que eles mesmos resolvam os
problemas.
Se os pais resolverem isso, os filhos se sentem livres.
Eles ficam novamente tranquilos e se sentem

acolhidos.
Portanto, estas são duas leis básicas que devemos ter

no nosso campo de visão e estar em acordo interno
quando se quer ajudar crianças difíceis.
Bert Hellinger
No pensamento sistêmico, o papel de cada um significa

o seu lugar no Sistema e tudo o que isso representa e
requer.
Quando identificamos que um membro da família está

ocupando o lugar que, naturalmente, deveria ser
ocupado por outro membro, vem à luz um
emaranhamento do sistema.
O papel do Pai na Constelação Familiar, primeiramente

é, junto à mãe, perpetuar a vida no sistema familiar.
[ 21 ]
Além disso, o pai representa e transmite aos seus

descendentes o masculino ancestral e tudo o que esta
força representa:
Ordem
Comunicação
Socialização
Força
Energia Ativa
Mundo externo
Ir para o mundo
Vontade para conquistar
“Somente na mão do pai a criança ganha um caminho

para o mundo. O Pai representa o espírito. Por isso o
olhar do pai vai para a amplitude.”
Bert Hellinger
O movimento de progresso de cada um vai da mãe para

o pai e através do pai para o mundo. Assim, o filho se
completa.
É essencial para a nossa harmonização e força

alinharmos a imagem de pai em nós à consciência de
tudo o que ele representa.
[ 22 ]
Olhar para o pai e se permitir percebê-lo além de

qualquer julgamento que tenhamos do homem que está
neste papel, e se conectar com a força da vida e do
sagrado masculino que chega até nós por meio dele.
Esta consciência é libertadora e nos traz cada vez mais

clareza de quem somos.
.Os pais são a chave para o sucesso

Se as pessoas não entendem o significado de honrar,
elas enfrentam mais dificuldades para terem uma vida
de sucesso. Essa desonra ao amor familiar acontece
quando uma pessoa nega seus pais ou afirma que eles
são difíceis. Por exemplo, quando alguém diz que teve
azar de nascer na família de origem dela.
Embora muitas pessoas não saibam, todos nós temos

um plano de existência para alcançar equilíbrio. Se
uma pessoa escolhe honrar os pais ela decide
reestruturar essa ordem cósmica. Como resultado, essa
pessoa se torna bem-sucedida em seus planos,
alcançando sucesso nas suas conquistas.
Segundo Bert Hellinger, os filhos devem aceitar a

natureza dos pais como ela é. Em outras palavras, os
filhos não devem ser seletivos e separar o que gostam e
o que não gostam nos pais. Assim que essa aceitação
[ 23 ]
familiar acontece, a energia do amor dá mais força para

o filho ser feliz.
Ninguém precisa de um juiz
De acordo com Bert Hellinger, o significado de honrar

envolve ter humildade no coração. Afinal, mesmo que
os pais tenham machucado os filhos, é preciso ser
humilde para não se achar melhor que eles. Logo, uma
pessoa que demonstra respeito aos pais diz “sim” para
eles sem julgá-los.
Todas as pessoas têm um campo familiar sensível e

que reage de forma imediata as emoções da família.
Assim, quando uma pessoa respeita as suas origens a
felicidade flui de forma fácil para ela.
[ 24 ]
CAPÍTULO TRÊS
Relações problemáticas
Outra consequência das pessoas que não honram os

pais é a dificuldade de ter relações saudáveis. Como os
pais são o primeiro modelo afetivo que nós
conhecemos, negar a existência deles dificulta o
exemplo do amor. Dessa forma, os filhos não
aprendem como ter relações mais sadias e prósperas.
A raiva é um subproduto da mágoa. Não há raiva onde

antes a mágoa não tivesse sido instalada. Claro que é
legítimo sentir raiva em muitas situações, mas ela
consome uma quantidade imensa de energia. Ao menos
por alguns momentos, se você conseguir dar mais
atenção ao amor que tem dentro de si, ao amor que
gostaria de manifestar "apesar de fechar", certamente
vai experimentar uma onda quente e doce percorrendo
seu corpo.
[ 25 ]
Escrever ou conversar também pode ser feito por quem

perder o seu pai, seja através de um diálogo imaginário
em casa, no lugar onde ele costumava ficar, uma visita
ao cemitério ou em algum lugar que vocês
costumavam ir.
Fechar os olhos por uns momentos e recordar, abraçar

e sentir-se abraçado, matar a saudade revendo boas
recordações ou mesmo tendo aquela conversa que
nunca conseguiram ter enquanto ele estava presente,
revelando seus sentimentos, suas possíveis chateações
e tentando trazer algum humor a essa conversa
silenciosa certamente trará um conforto bom de sentir.
Nas datas especiais em que afetiva ausência de um pai

mexe mais profundamente com nossos sentidos não há
nada que impeçam a comemoração junto de um avô, de
um tio, do pai de um amigo ou de um professor
querido. Deixa essa qualidade especial de amor de
filho para pai se manifestar. Não se prive de exercer
esse sentimento, encontrando a melhor forma de
extravasa-lo, seja com o próprio pai ou com quem você
julgar.
Gratidão é poder
[ 26 ]
Quando um filho é grato aos pais ele sempre sabe

como prosperar na vida. Na prática, a pessoa devolve o
amor que recebeu dos pais, respeitando a importância
deles em sua vida.
Se um filho respeita a decisão dos pais em relação às

próprias vidas, ele entende o significado de honrar.
Uma pessoa grata pelo amor que recebeu na vida é
mais feliz na vida, sem dúvidas.
Resultados
Qualquer pessoa pode ter ótimos resultados assim que
descobre o significado de honrar a família. As pessoas
que honram a família sentem mudanças como:
Reconciliação
Já que o filho se reconectou ao amor familiar ele
também se reconcilia com o mundo. Ou seja, essa
pessoa está mais madura e pode se dedicar a um
relacionamento com um novo amor.
Carreira
As pessoas que honram os pais têm mais
independência profissional por causa da força emanada
por eles. É importante ressaltar que se uma pessoa não
aceita o amor dos pais ela não alcança sucesso
profissional. Enquanto nós recebemos da mãe a força
[ 27 ]
para criar, do pai recebemos autoridade para nos

impor.
Dinheiro
Os filhos que honram os seus pais desenvolvem uma

relação melhor com o dinheiro. Além de usá-lo com
mais sabedoria, a pessoa entende que deve gastar
apenas com o básico e cria reservas financeiras.
Assim, uma pessoa que entende o significado de

honrar tem mais sabedoria para conduzir a própria
vida. Por causa da mágoa em relação aos pais, muitos
filhos perdem a força que precisam para prosperar.
Além de o ressentimento pesar na vida dessas pessoas,
a mágoa impede que elas tenham sucesso.
Dessa forma, cada pessoa precisa entender e

reconhecer como a estrutura familiar afeta a sua vida.
Um filho honra os seus pais ao respeitar e dizer “sim”
para a existência deles. Como resultado, ele tem mais
oportunidades para aproveitar uma vida de amor,
reconciliação e possibilidades.
[ 28 ]
CAPÍTULO QUATRO
PAI AUSENTE:
Manifestar seus sentimentos pode ajudar a desfazer

mágoas
São muitos os momentos em que pode ser sentida a

ausência paterna. Desde os pais que já se foram aos
que nunca estiveram presentes mesmo estando viva, a
proximidade de algumas datas traz para algumas
pessoas o sentimento de nostalgia, saudade, mágoa,
tristeza e até mesmo raiva.
Vivemos uma transformação radical em nossa

sociedade nos dias de hoje e muitos pais estão
descobrindo o quanto é bom ser responsável pela
formação de um filho, o quanto é bom receber abraços
e beijos de amor e gratidão, o quanto é importante
[ 29 ]
transmitir valores e acompanhar e a evolução e o

desenvolvimento da prole.
Mas esses mesmos pais nem sempre tiveram a sorte de

ter paz para amar e respeitar, com quem puderam
aprender e em quem puderam confiar,
Não há realidade mais fácil ou mais difícil ao lidar com

a ausência do pai. Cada pessoa lida com essa ausência,
quando ela ocorre, de uma forma muito particular e os
motivos da ausência paterna são diversos, da mesma
forma que são diversas as formas de entender a figura
do pai
A lembrança paterna traz algum tipo de dor para

você?
Para muitas crianças, adolescentes ou mesmo adultos,

o pai representa a punição, o medo, a dor. O pai que se
faz presente através da surra, do grito, de exigência, de
palavras duras e até mesmo vulgares deixa na pessoa
uma sensação de desamparo, de incapacidade, uma
impressão de não haver nada que possa satisfazê-lo
para ser merecedora de sua atenção amorosa.
Muitos adultos ainda tremem como quando eram

crianças diante de sua presença austera e perturbadora.
[ 30 ]
O sentimento é de que o pai amoroso existe, mas...

Onde é que ele está? Trancado dentro daquela figura
ameaçadora sem que se possa acessá-lo?
Outras pessoas conhecem seus pais, mas não convivem

com eles. Esses pais muitas vezes não assumem a
paternidade do filho, impossibilitando criar um vínculo
de intimidade e afeto. Muitas pessoas depois de certa
idade buscam esses pais na tentativa de compreender a
razão dessa indiferença, dessa ausência deliberada.
São muitos os que crescem acreditando serem os

culpados pelo distanciamento do pai, imaginando que
não são merecedores do afeto dele. Quando o encontro
acontece, nem sempre eles são esclarecedores e são
raras às vezes em que, no esforço mútuo, consegue se
desenvolver e cultivar um relacionamento paterno e
filial, já que será preciso alguma maturidade e
compreensão para superar uma ausência de tanto
tempo.
Outras pessoas, ainda, jamais irão a seus pais. Ou

porque eles sumiram da vida de suas mães sem deixar
rastro ou mesmo porque sequer sabem que tem um
filho, ou ainda por irresponsabilidade ou
incompetência para lidar com essa realidade.
[ 31 ]
Esses filhos não sabem por onde começar a procurá-lo

e acabam por idealizar o pai perfeito, ou por
informações recebidas, dependendo do caso, a vê-lo
como maior dos mortos.
Essa situação provou com imenso vazio porque não há

uma figura nem para amar nem para odiar e nem para
compreender.
Por fim existe o pai apático. Aquele que, não importa

se mora ou não na mesma casa, não se envolve, não
demonstra interesse, é uma pessoa para quem tudo
tanto faz.
Uma figura decorativa a quem chamar de pai é

igualmente um pai ausente, inexpressivo, já que dá a
sensação de viver apenas em seu mundo particular no
qual os filhos não existem.
Essa situação causa uma grande ansiedade nos jovens e

crianças que acabam muitas vezes agindo de forma a
exigir nem que seja o que chamamos de carícia
negativa: vale fazer tudo de errado para chamar
atenção daquela criatura que parece não ter
sentimentos. E muitas vezes nem assim conseguem
alguma reação.
[ 32 ]
É claro que para cada tipo de pai existe uma mãe que
participa dessa realidade, que é cúmplice ou omissa,
vítima de sua própria história, mas não é o caso, agora,
de nós nos aprofundarmos nesse tema.
Desfazendo as mágoas com o pai
Para quem se identifica com essas situações de

ausência paterna, é bom saber que nem os pais, nem
ninguém, muda seu jeito de ser para satisfazer nossas
necessidades ou desejos. Eles são como são. Parte das
vezes existe uma qualidade de amor nesses filhos que
fica represada, com receio de se manifestar por medo
de enfrentar uma possível rejeição.
Mas por que deixar que esses temperamentos difíceis

impeçam esses filhos de manifestar seus sentimentos?
Muitas vezes amamos porque e outras vezes apesar de

que, mas nem por isso deixa de ser amor. Assim é
muito saudável manifestar esse amor, não
necessariamente para fazer o outro se sentir bem, mas
para que esse amor não fique dentro de nós, sem voz.
É quase como fazer um carinho em si mesmo, é

respeitar os próprios sentimentos e dar vazão a eles.
[ 33 ]
Os que conseguem falar pessoalmente uma frase, uma

palavra, ou até mesmo um discurso inteiro para esse
pai ausente experimentarão o alívio e a satisfação de se
manifestar.
Amar apesar de também é amar. E todo o amor vale a

pena. Assim, declare-se ainda que não vá resolver
todas as mágoas e é claro que sem esperar nada, a não
ser sua satisfação e poder fazer.
Se não puder ser pessoalmente ou se você ficar mais

confortável escrevendo, faça isso!
Escreva uma carta um cartão. Mesmo que você não

conheça seu pai, também vai escrever essa carta ao pai
desconhecido, colocar ali seu coração, envelopar e
botar numa caixa de correio. E simbolicamente essa
carta chegará ao seu destino, ou seja, ao seu próprio
coração.
[ 34 ]
CAPÍTULO CINCO
A AUSÊNCIA OU FALTA DO PAI
Pai desconhecido, pai ausente, “Não tem pai” são

frases que escutamos com certa frequência.
A ausência ou falta do pai é mais facilmente aceita,

afinal, é a mãe quem traz a criança ao mundo, portanto
é mais difícil que sua identidade seja desconhecida ou
até que sua existência seja ignorada.
Contudo, a ausência do pai pode gerar consequências e

trazer efeitos mais pesados durante a vida. Saiba mais
sobre a importância do pai na nossa história.
Como lidar com a ausência da paternidade e o que

fazer para não ser um pai ausente para os filhos?
[ 35 ]
Esta é uma pergunta que pode ser respondida sob

diversos pontos de vista, contudo aqui utilizarei a visão
das constelações familiares sistêmicas. Conheça.
Pai ausente: a visão da Constelação Familiar
Na visão das constelações familiares, existem três leis

sistêmicas que precisam ser respeitadas para que a vida
siga em um fluxo positivo:
a lei do pertencimento
a lei da da ordem
a lei do equilíbrio.
Essas leis traduzem que em um sistema familiar todos

têm direito de pertencer e ninguém pode ser excluído;
quem vem antes tem prioridade sobre quem chega
depois; e nas relações entre iguais precisa existir um
equilíbrio de troca entre dar e receber.
Pai ausente: como entender
O próximo passo é entender que a presença do pai é

fundamental para o ser humano. Por meio dele e da
mãe é que o filho recebe a vida, independente se o
homem e a mulher formaram um casal antes de
adquirirem essa função.
[ 36 ]
Para que possamos respeitar a lei da ordem, devemos

estar cientes de que os pais vêm antes e, portanto,
devemos honrá-los deste lugar de grandes no sistema.
Para as constelações não existe pai ausente. Existe
apenas O Pai como sendo aquele que lhe transmitiu a
vida.
Crianças que crescem sem os pais
Não deixa de ser um fato que crianças crescem sem

seus pais, seja por falecimento, desconhecimento ou
mesmo distanciamento.
Dependendo da dinâmica do sistema familiar, essas

crianças, ao se tornarem adultas, podem sofrer alguns
desdobramentos da ausência, como:
Sensação de vazio sem explicação,

Sensação de não ter um rumo na vida,
Dificuldade nos relacionamentos,
Fracassos profissionais constantes
Em alguns extremos, podem ser dependentes químicos.

Um dos principais fatores que podem determinar como
os adultos “sem pais” caminham pela vida é a
dinâmica familiar na qual estão envolvidos.
[ 37 ]
Se o pai está ausente, seja por qual motivo for, já é

reflexo de uma transgressão das leis sistêmicas. E cada
contexto da ausência pode nos indicar qual lei pode
estar sendo desrespeitada. Continue a leitura para saber
mais.
Ausência do pai por falecimento
Quando os pais morrem quando as crianças são

pequenas, pode haver uma ausência na fase adulta
desses filhos. Quando ocorre, geralmente é por
esquecimento ou mágoa daqueles que ficam, mais
provavelmente da mãe.
Algumas mulheres, ao perderem seus maridos com

filhos pequenos, muitas vezes, no intuito de proteger as
crianças ou mesmo se livrarem da dor, eliminam fotos
e quaisquer lembranças do pai.
Se a morte se deu de alguma maneira não

convencional, abrupta ou violenta, isso pode ser
omitido como forma de proteção.
Com isso, a lei do pertencimento é violada, já que os

mortos continuam fazendo parte do sistema familiar.
Assim, o esquecimento gera consequências a um ou

mais membros do sistema.
[ 38 ]
Como lidar com a morte de um dos pais
Uma maneira de lidar com isso é que a criança, cujos

pais faleceram, diga: “Querido papai ou querida
mamãe, você continua a viver em mim, e vou viver de
forma que você possa se alegrar com isso”.
Assim, é possível eliminar sentimentos de culpa, raiva,

vazio, bem como alguns fracassos amorosos e
profissionais.
O mais importante para evitar esse tipo de dinâmica é

deixar o lugar do pai no sistema mesmo após sua
morte.
Ele precisa ser lembrado por meio de fotos e boas

memórias. Se as crianças crescem em um ambiente em
que o pai é sempre lembrado com amor e alegria elas
não sentem tanto sua ausência.
O Pai desconhecido segundo a Constelação Familiar
A dinâmica aqui pode ser similar a anterior. Pelo fato

do pai ser desconhecido, o risco dele ser simplesmente
apagado é ainda maior do que uma morte precoce.
[ 39 ]
A dificuldade é maior, pois pode não ter nenhum

indício físico de quem é esse pai. Soma-se a isso se a
mulher se refere a ele de forma pejorativa.
Assim, as crianças podem formar uma imagem

negativa do pai e inconscientemente podem se sentir
inadequadas e culpadas pela sua ausência.
Como lidar com o pai desconhecido
A solução, contudo, é similar a anterior. É preciso dar

lugar para o pai no coração e reconhecer que ele existe
dentro de você. Não importa quem ele é, ele cumpriu
uma grande função de lhe dar a vida e agora você pode
fazer dela o seu melhor.
[ 40 ]
CAPÍTULO SEIS
O PAI DISTANTE
Esta dinâmica talvez seja a mais comum. Antigamente,

os homens eram praticamente os únicos provedores do
lar, trabalhavam excessivamente e passavam longas
horas fora de casa.
Atualmente, ainda há excesso de trabalho, mas o que

prevalece é o aumento no número de divórcios e,
geralmente, o pai é quem fica mais afastado.
Há também pais que estão presentes, mas não

participam, e ainda aqueles que são doentes ou
dependentes.
Uma série de fatores pode levar a esse distanciamento.

Em todos eles, o que determina o quanto o adulto será
[ 41 ]
afetado, novamente, é se ele estiver disposto a respeitar

as leis sistêmicas. Geralmente, a lei mais violada é da
ordem ou hierarquia.
Como lidar com o pai distante
O adulto tem opinião negativa do pai, geralmente

repleta de críticas e exigências. Com isso, sente-se no
papel de grande, de maior na hierarquia.
A própria cobrança de mais presença é, muitas vezes,

carência e exigência da criança por mais afeto e
atenção.
Para uma criança, é natural sentir falta e desejar ter o

pai mais próximo. Ela certamente ficará com raiva e
frustrada por não tê-lo ao seu lado. Mas o adulto
precisa aprender a lidar com isso sob outro olhar.
Reconhecer que o pai deu tudo que podia é o primeiro

passo. Acolher a própria criança em um trabalho de
autoconhecimento também é importante.
Frases para pai ausente: reflexões
Em alguns casos em que a ausência do pai é sentida,

seja pelo motivo que for, pode ser necessário uma
constelação familiar. Saiba mais sobre esta técnica.
[ 42 ]
A constelação familiar pode ajudar fazendo com que as

questões inconscientes venham a tona e talvez trazer a
luz às razões que levaram o pai a ter este lugar em sua
história.
Mas se você já faz algum acompanhamento

terapêutico, ou mesmo já fez uma constelação familiar,
pode tentar fazer uma autorreflexão sobre sua postura
em relação ao seu pai.
Exercício para lidar com pai ausente

Neste caso, é preciso centrar-se e ter um desejo íntimo
de seguir em frente, independente do passado, sem
críticas e julgamentos.
Para isso, pode escrever em um papel tudo o que sente

em relação ao seu pai biológico. Deixe vir toda a dor e
mágoa que talvez estejam te afligindo.
Ao terminar, pode imaginar o pai na sua frente. Mesmo

que não o conheça, simplesmente imagine que ele está
diante de você. Diga a ele suas dores e sentimentos,
mas sem tom acusatório, apenas para colocar para fora
suas dores e mágoas.
Pode dizer algumas frases como:
[ 43 ]
“Você me fez falta”,

“Fiquei com muita raiva”,
“Queria que estivesse comigo”, e então completar:
“Mas sei que fez o que pôde”,
“Foi o que foi possível para você”,
“Tenho a vida através de você e por isso posso fazer
dela o meu melhor”.
Em caso de pais que morreram, uma boa frase é “Você
continua vivo em mim e eu continuo vivendo minha
vida com alegria em sua homenagem”.
Estes são alguns exemplos, mas é importante sentir no

coração o que realmente faz sentido para você, e como
mencionei, se as dores forem muito profundas busque
a ajuda de um profissional para lhe auxiliar.
Como honrar um pai ausente?
É comum ouvirmos histórias no qual o pai foi ausente,

seja por abandono, morte ou por outro motivo. Quando
o motivo da ausência não é a morte, é sempre muito
complicado para o filho(a) conseguir realizar um
movimento de honra.
[ 44 ]
Honrar pai, de forma bem resumida é concordar que

aquele pai existe e foi imprescindível para que você
viesse à vida, independente de quem foi e o que fez.
Este é um movimento de inclusão, no qual você

reconhece que metade de você é seu pai (a outra
metade é sua mãe), mas isto não quer dizer que você
toma o que julga ser ruim dele, pelo contrário, você
concorda com o fato que é imutável e tem força para
agradecer.
Agradecer ao meu pai por ter me abandonado?

Não!
Quando começamos a ter esta compreensão do papel

deste homem em nossa vida e deixamos de excluir ele
como se nunca tivesse existido e também paramos de
exigir que ele tivesse feito diferente, tiramos um peso
de cima das costas e permitimos que a mágoa que
possa existir em nós comece a se dissolver.
Compreenda que realizar este movimento não quer

dizer que tenha que amar e conviver com o mesmo,
pois muitas vezes não é possível. Realizar este
movimento é aceitar a sua história de vida com amor e
[ 45 ]
respeito por você mesmo e assim começar a ter força

para tomar sua própria vida e fazer valer a pena.
Vamos honrar os nossos pais quando fazemos valer a

pena a vida que nos foi dada e isso o faremos através
de nossos passos, decisões e sempre numa posição de
agradecimento pela vida.
Este não é um processo simples e rápido, mas é preciso

tomar decisão de fazer e se abrir para esta jornada.
Ficar na mágoa não irá trazer seu pai e resolver a sua
vida e muito menos a vida das pessoas que estão ao seu
lado.
Por que devo honrar meu pai ausente?
É quase como fazer um carinho em si mesmo, é

respeitar os próprios sentimentos e dar vazão a eles. Os
que conseguirem falar pessoalmente uma frase, uma
palavra ou até mesmo um discurso inteiro para esse pai
ausente experimentarão o alívio e a satisfação de se
manifestar. Amar “apesar de” também é amar.
Para ter paz e plenitude, pois somos parte iguais de

ambos (pai e mãe), e quando não validamos um deles,
deixamos de validar parte de nós o que nos tira a força
para conquistar a nossa vida da forma como
[ 46 ]
desejamos. Sempre haverá um vazio nos

acompanhando!
Honrar pai e mãe é tomar a vida que recebeu e fazer

algo de bom dela.
Honrar seu sistema familiar é incluir todos que um dia

fizeram parte, dar um lugar no seu coração para eles,
sem exceção e sem julgamento.
Honrar a ancestralidade é reconhecer todos que vieram

antes e permitiram que você estivesse aqui, que
somente porque fizeram o que fizeram é que você
chegou, a vida continuou e está tudo certo.
Honrar pai e mãe é deixar com eles o que é deles e

tomar o que é seu: a vida.
Honrar é reconhecer, aceitar, incluir, dar um lindo

lugar no coração, ser grato e com toda essa força e
consciência, seguir adiante, estando a serviço de algo
maior chamado vida.
Talvez a maioria das pessoas tenha enfrentado

dificuldades quase impossíveis de serem vencidas. Os
emaranhados das famílias dessas pessoas
[ 47 ]
influenciaram na criação desses problemas. Assim,

quando uma pessoa nega os pais, ela impede que o
amor deles a fortaleça para a vida.
Quando um filho entende o que significa honrar os pais

ele compreende como os pais compartilharam suas
vivências. Em seguida, essa pessoa deixa um canal
aberto para que a força familiar impulsione as suas
atitudes rumo ao sucesso. Logo, uma pessoa que honra
a família recebe o amor que precisa para construir o
próprio futuro.
Um filho sempre alcança resoluções duradouras se ele

não julga os seus pais. Assim que uma pessoa entende
o que significa honrar ela começa uma jornada de
crescimento pessoal. Não só na vida particular dela,
mas também o lado profissional dessa pessoa se
endireita.
[ 48 ]
CAPÍTULO SETE
O que acontece quando não honramos os nossos

pais?
É provável que algumas pessoas não queiram entender

o significado de honrar a família. Talvez os
sentimentos negativos e a mágoa sejam maiores que a
vontade de viver feliz. Por isso, muitas pessoas
enfrentam:
Problemas financeiros
As pessoas que não honram a família talvez sintam
inseguranças em relação ao dinheiro. Embora tentem
melhorar, essas pessoas sempre lidam com os mesmos
problemas financeiros.
[ 49 ]
Dificuldades pessoais
Os adultos que passam por dificuldades pessoais
experimentam a sensação de fracasso com frequência.
Já que essas pessoas não mantêm uma boa relação com
os pais, elas têm mais dificuldades para serem
independentes.
Como honrar os pais?

A fim de entender o significado de honrar na prática
nós devemos parar de fazer exigências aos pais. É
preciso entender que o passado e algumas coisas não
podem ser mudados. Por outro lado, nós sempre
podemos agir de forma proativa para construirmos um
futuro melhor para todos.
Honrar os pais não significa “concordar” com suas

atitudes
Na constelação familiar, “honrar os pais” refere-se a

reconhecer e respeitar a importância dos nossos pais
em nossas vidas, independentemente das dificuldades
ou desafios que possamos ter enfrentado em nossa
relação com eles.
Isso significa reconhecer o papel que nossos pais

desempenharam na nossa existência e estar disposto a
olhar para eles com compreensão e aceitação.
[ 50 ]
Honrar os pais não quer dizer concordar com todas as

suas ações ou suas escolhas.
Em vez disso, envolve cultivar uma atitude de respeito,

gratidão e reconhecimento por tudo o que eles nos
proporcionaram, mesmo que tenhamos vivido
experiências dolorosas ou difíceis com eles.
Ao honrar os pais, estamos reconhecendo que fazemos

parte de um sistema familiar, e que nossos pais são os
elos que nos conectam a esse sistema.
Essa conexão é fundamental para o nosso senso de

pertencimento e identidade.
Honrar os pais é um ato de reconhecimento de que eles

são os responsáveis por trazer-nos à vida,
independentemente das suas imperfeições ou
limitações.
Qual a melhor atitude para honrar nossos pais?

Na constelação familiar, muitas vezes são realizados
exercícios ou representações simbólicas para honrar os
pais.
[ 51 ]
Isso pode incluir expressar gratidão, pedir perdão, ou

simplesmente olhar para eles com respeito e amor em
nosso coração.
Essas práticas ajudam a curar as feridas e os bloqueios

que possam existir nas nossas relações com os nossos
pais, permitindo-nos seguir em frente com mais
liberdade e paz interior.
Honrar os pais, na ótica da constelação familiar,

significa reconhecer e respeitar o papel que eles
desempenham em nossas vidas, cultivando uma atitude
de gratidão e aceitação, e buscando a cura das feridas e
a reconciliação dentro do sistema familiar.
Ao honrar os pais, abrimos espaço para uma maior

compreensão do nosso sistema familiar e para a cura
de padrões negativos que possam ter sido transmitidos
ao longo das gerações.
É um ato de amor e reconciliação que nos permite

avançar em direção a uma vida mais plena, livre das
cargas do passado.
É importante ressaltar que honrar os pais não implica

em aceitar abusos ou situações prejudiciais.
[ 52 ]
Cada indivíduo tem o direito de estabelecer limites

saudáveis e proteger sua própria integridade
emocional.
A honra aos pais deve ser equilibrada com o cuidado e

o respeito por si mesmo.
[ 53 ]
CAPÍTULO OITO
CONSTELAÇÃO FAMILIAR: PAI E A VIDA

EMOCIONAL DOS FILHOS
O pai desempenha um papel fundamental na vida

emocional dos filhos. Sua presença e influência têm
um impacto significativo no desenvolvimento
emocional e psicológico das crianças desde o
nascimento até a vida adulta.
A importância do pai na vida emocional dos filhos

pode ser vista em várias dimensões:
Modelo de Identificação: Os filhos tendem a imitar o

comportamento e os valores do pai, buscando uma
figura a seguir e se espelhar;
Autoestima e Confiança: O pai desempenha um papel

importante na construção da autoestima e confiança
[ 54 ]
dos filhos. Assim, o apoio e incentivo do pai ajudam as

crianças a desenvolverem uma imagem positiva de si
mesmas;
Habilidades Sociais: Além disso, o pai auxilia no

desenvolvimento das habilidades sociais dos filhos,
ensinando eles como interagir com os outros,
estabelecer limites e expressar emoções.
Empatia e Compaixão: A presença do pai na vida dos

filhos ajuda a desenvolver a capacidade de empatia e
compaixão. Pois, o pai pode ensinar a importância de
cuidar dos outros e ser solidário.
Preparação para a Vida Adulta: Pode oferecer

conselhos sobre carreira, relacionamentos e
responsabilidades, ajudando-os a se tornarem adultos
independentes e responsáveis.
Presença Afetiva: A presença física e afetiva do pai é

essencial para a formação de um vínculo emocional
forte e saudável entre pais e filhos.
A conexão emocional entre pais e filhos é um elo
poderoso que molda o caráter, a personalidade e o
futuro emocional dos filhos. Além disso, cria uma base
para eles enfrentarem os desafios da vida com
confiança e resiliência.
[ 55 ]
Desconstruindo Estereótipos de Gênero na

Paternidade
É importante ressaltar que o que o pai representa na

constelação familiar não se limita unicamente ao
gênero, mas sim a figura paternal.
É crucial quebrar os estereótipos de gênero associados

à paternidade. Afinal, a sensibilidade, empatia e
envolvimento paternos não têm relação com a
masculinidade, mas sim com o amor que os pais têm
por seus filhos.
O universo das constelações familiares nos convida a

explorar a conexão profunda entre pais e filhos.
Expressar gratidão pelos pais é uma forma de
fortalecer esses laços e tornar o Dia dos Pais
verdadeiramente especial.
Rituais místicos podem ser realizados para honrar essa

conexão, como meditação em grupo ou cerimônias
simbólicas. Dessa maneira, essas celebrações
transcendem a barreira do tempo e do espaço, unindo
pais e filhos em amor e respeito.
Levando em conta o que o pai representa na

constelação familiar, é importante ressaltar e honrar a
importância da figura paterna.
[ 56 ]
O pai nos leva para o mundo e nos apresenta

oportunidades.
Um pai e uma mãe se complementam e a concepção

precisa destes dois papéis.
Segundo Bert Hellinger, dentro do sistema familiar, o

homem e a mulher têm prioridades iguais, eles criam a
família juntos e eles são equivalentes.
Em relação aos filhos, o homem e a mulher são

igualmente grandes; porém é dentro da mãe que
começa a vida. Dentro dela somos concebidos, dentro
dela nós crescemos e com ela experienciamos a
unidade, até que nascemos.
Na abordagem das constelações familiares, todos tem

que pertencer e cada membro da família é como uma
estrela brilhante no céu, contribuindo para o equilíbrio
e harmonia do sistema.
Quando olhamos para a constelação familiar como um

universo místico, percebemos que nossas conexões
familiares transcendem o tempo e o espaço. Assim,
somos parte de uma teia complexa de relações, em que
nossos antepassados e membros da família ainda têm
influência sobre nós.
[ 57 ]
Desse modo, essa perspectiva mística pode ajudar a

explicar sentimentos inexplicáveis, lealdades
inconscientes e bloqueios emocionais que podem estar
presentes em nossas vidas.
Nesse contexto, o papel do pai é fundamental,

representando o pilar do amor e proteção.
Sua presença afetuosa e orientadora cria uma base

sólida para o desenvolvimento emocional e intelectual
dos filhos. Além disso, a figura paterna transcende os
limites de gênero, permitindo que qualquer pessoa
ocupe esse lugar de afeto e cuidado.
Qual o lado do pai na constelação familiar direto?
Dentro da constelação familiar, o lado direto refere-se

ao lado do pai. Ele ocupa o lado direito, representando
a energia masculina, a força, proteção e ordem.
Enquanto isso, o lado esquerdo é ocupado pela mãe,

representando a energia feminina, o amor
incondicional, a nutrição emocional e o acolhimento.
Ambos os lados são igualmente importantes para o

equilíbrio e harmonia do sistema familiar.
[ 58 ]
Essa organização na constelação não tem relação com

hierarquia ou valorização de um lado em ou do outro.
Ambos são igualmente importantes para o

desenvolvimento e equilíbrio emocional da pessoa e
para a dinâmica do sistema familiar.
É importante ressaltar que, na constelação familiar, a

abordagem busca compreender e honrar a posição e a
importância de cada membro da família, incluindo o
pai e a mãe, independentemente de sua situação
específica.
O que o pai representa na constelação familiar
O papel do pai, e o que o pai representa na constelação

familiar é visto como um elemento chave na dinâmica
do sistema.
Sua posição é de força, proteção e segurança para toda

a família. Desse modo, ao ocupar esse lugar, o pai é
capaz de transmitir amor e confiança, garantindo uma
base emocional sólida para os filhos e membros do
núcleo familiar.
Através das constelações familiares, podemos

compreender a importância da figura paterna. Afinal, o
[ 59 ]
que o pai representa na constelação familiar é uma

presença necessária e essencial para o equilíbrio e o
bem-estar de todos.
Além disso, o pai representa a conexão com o mundo

exterior. Desse modo, ajudando os filhos a se sentirem
protegidos enquanto exploram o mundo ao seu redor.
[ 60 ]
CAPÍTULO NOVE
Bert Hellinger ensina que somente na mão do pai a

criança ganha um caminho para o mundo.
O amor do pai representa o espírito e seu olhar vai para

a amplitude. Enquanto a mãe se move dentro de uma
área limitada, o pai nos leva para além desses limites
para uma amplitude diferente.
Para melhor compreender o que é mencionado no

parágrafo acima, imaginem os pais em um passeio com
os filhos na praia. A mãe, preocupada e cuidadosa fala
para o filho: “cuidado com o mar”, “cuidado com o
[ 61 ]
sol”, “filho (a) você quer comer ou beber algo?”; e

assim realiza com zelo o seu trabalho de cuidar dos
filhos.
Por sua vez, o pai, ao chegar em um ambiente assim

verifica os possíveis riscos e se coloca de uma forma a
preservar o filho longe deste lugar perigoso; porém
atento, o deixa livre para explorar.
Essa liberdade é necessária para que o filho possa

perceber o mundo, e mais tarde caminhar para a vida
de forma completa.
Por isso, na perspectiva da constelação familiar, o

progresso vem principalmente do pai. Quando a mãe
quer manter os filhos longe do pai, ela os mantém
longe do progresso. O movimento vai através da mãe
para o pai e através do pai para o mundo ; e assim o
filho fica completo.
Dentro do sistema familiar, o homem e a mulher têm

prioridades iguais. Eles criam a família juntos, eles são
equivalentes.
Quando negamos a relação com o pai, por qualquer

que seja o motivo, estamos negando a nós mesmos.
[ 62 ]
Fica difícil olhar para nossa própria força. O pai é o

futuro, ele que abre os caminhos. Pais nos levam para o
mundo, apresentam oportunidades, complementam
nossa coragem quando necessário. Fazem-nos seguir
em frente. Permitem-nos crescer. Não aceitar o pai é
não aceitar a sua realidade, o que já compõe você.
Quando dizemos que um pai não gosta da gente,

dizemos no fundo, que gostaríamos que esse pai fosse
diferente, desejamos mudar esse homem.
Essa situação causa um enorme vazio. Ao falarmos que

não precisamos do Pai, a ferida se abre ainda mais.
Todos os filhos precisam do pai e da mãe. Famílias
onde existe a situação que a mãe faz os dois papeis,
isso impede o filho de chegar ao pai, e como
consequência impede o progresso desse filho.
Filhos homens que assumem o papel do pai, também

ficam fora do lugar e não tomam sua vida. Todo pai é o
pai certo. Problemas relacionados ao alcoolismo,
muitas vezes dizem a respeito da falta do pai na sua
vida.
Se você deseja ir além do que você acredita ser uma
relação saudável com o seu pai e aprofundar em como
você realmente está nessa relação, criando espaço para
reconhecer a gratidão que já está dentro de você mas
que muitas vezes está escondido por trás de algo
[ 63 ]
interrompido, caminhando para o amor e aceitação e

abrir possibilidades para o futuro. A constelação
familiar pode te ajudar!
Perceba alguns fatores que podem estar relacionados

com o Pai. E que influenciam na vida.
Você sente que a sua vida não anda?

Tem dificuldade de se abrir para o novo?
Tem medo de mudar de trabalho, mesmo não
gostando?
Tem medo de fazer as coisas sozinho?
Não se arrisca em nada?
Faz uso de álcool com frequência?
Parece que tem um peso que te impede de fazer as
coisas?
Tem dificuldades de reconhecer sua força?
Você questiona a profissão do seu pai?
Você se julga melhor que seu pai?
Você questiona as atitudes do seu pai?
Você perdeu o pai muito cedo?
Você é adotado?
Você sente pena do seu pai?
Não aceitar ao pai é não aceitar a sua realidade, o que

já compõe você. Nós como filhos, temos dificuldades
de encarar os pais como os seres humanos que são.
[ 64 ]
Alguns imaginam e esperam deles coisas que vão além

do limite do justo e do possível.
O pai, dentro do sistema familiar, tem o papel da

ordem, da disciplina e da autoridade. No mundo, temos
uma dificuldade de compreensão desses papéis.
Quando este assunto, esses papéis entram em nossa

casa, na figura de um homem do qual esperamos
somente o amor idealizado na nossa mente, o conflito
pode se instalar.
Um bom caminho de volta aos braços do pai, de uma

conciliação é ver o que verdadeiramente o move. O
Amor escondido em atos de humanidade. É dar a ele o
tamanho devido, não um tamanho imaginário ou cheio
de ilusão.
Bert Hellinger nos instrui a deixar com os pais o que

pertence ao destino deles, com tudo o que faz parte e
tudo que faz falta.
Também menciona que é necessário reconhecê-los

como pessoas normais e comuns e que vieram de seus
próprios emaranhamentos.
Aqui talvez valha olhar para si próprio e as

dificuldades que não conseguimos resolver. Se estamos
[ 65 ]
neste caminho de vida, em algum momento podemos

nos tornar pai e mãe, e carregaremos para esta
experiência o que nos compõe hoje, com todas as dores
e amores.
Nossos pais estiveram nesta mesma posição, por vezes

influenciados por algo que não conseguiram escapar.
O filho que se alinha ao pai e o tem em seu coração é

mais apto e leve para seguir adiante a vida e rumo ao
progresso.
[ 66 ]
CAPÍTULO DEZ
A FORÇA DO PAI: UMA VISÃO SISTÊMICA

SOBRE A ENERGIA DO MASCULINO
Segundo Bert Hellinger:
“Somente na mão do pai a criança ganha um caminho

para o mundo. As mães não podem fazê-lo. O amor
dele não é cuidadoso nesta forma como é o amor da
mãe. O Pai representa o espírito. Por isso o olhar do
pai vai para a amplitude. Enquanto a mãe se move
dentro de uma área limitada, o pai nos leva para além
desses limites.”
Essa liberdade que a figura masculina oferece, é

necessária para que o filho possa seguir seu próprio
caminho.
O progresso e o desenvolvimento vem principalmente

através do pai. Portanto, quando a mãe não permite que
[ 67 ]
o filho tome esse pai, ela limita também o progresso da

criança.
Quando os pais são difíceis: o que fazer?
Não aceitar o pai ou a mãe dentro do coração,

independentemente de quem sejam eles, é não aceitar a
sua própria humanidade.
O filho que rejeita os pais ou acredita que eles

deveriam ser diferentes do que são, estão rejeitando a
sua própria vida.
Portanto, quando o pai não é aceito pelo filho, quando

esse filho julga o pai, o nega, o exclui, está negando e
excluindo uma parte de si mesmo.
Dessa forma, para que os filhos se sintam inteiros, o

caminho da aceitação é extremamente importante.
Existe um movimento simples que deve existir: cada

um vai da mãe para o pai e através do pai para o
mundo, com esse movimento o filho se completa, é
essencial para a nosso equilíbrio e força alinharmos a
imagem de pai em nós à consciência de tudo o que ele
representa em nossa vida.
[ 68 ]
Olhar para o pai e se permitir percebê-lo além de

qualquer julgamento que tenhamos do homem que está
neste papel, e se conectar com a força da vida e do
sagrado masculino que chega até nós por meio dele.
Na carta a seu Pai, o autor Bert Hellinger reconhece o

quanto já foi juiz de seu pai:
Querido papai, por muito tempo eu não soube o que

me faltava mais intimamente.
Por muito tempo, querido papai, você foi expulso de

meu coração.
De repente, você voltou a mim, como de muito longe.
Quando penso o quanto me coloquei muitas vezes

acima de você, quanto medo também eu tinha de você,
porque muitas vezes você me batia e me causava
dores, e quão longe eu o expulsei de meu coração e
tive de expulsá-lo, porque minha mãe se colocava
entre nós; somente agora percebo como fiquei vazio e
solitário, e como que separado da vida plena.
Agora começo a entender que foi por você que, dia a

dia, nossa sobrevivência era assegurada sem que
percebêssemos em nosso íntimo quanto amor você
[ 69 ]
derramava sobre nós, sempre igual, sempre visando o

nosso bem-estar e, não obstante, como que excluído de
nossos corações.
Agora me vêm lágrimas, querido papai.
Eu me inclino diante de sua grandeza e tomo você em

meu coração..
Você permanece o grande como meu pai, e tomo você

e tudo que recebi de você, como seu filho querido.
Bert Hellinger nos ensina a deixar com os pais o que

pertence ao destino deles, reconhecê-los como seres
humanos, ou seja, pessoas normais como nós, e que
vieram de seus próprios conflitos e emaranhamentos
familiares.
Acima de tudo, honrar pai e mãe é tomar a vida que
recebeu dos seus pais e fazer algo de bom dela.
[ 70 ]
CAPÍTULO ONZE
AS CONSEQUÊNCIAS DA MÁ RELAÇÃO COM

O PAI NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
Quando o pai não é aceito pelo filho, quando esse filho

julga o pai, o nega, o exclui, está negando e excluindo
uma parte de si mesmo.
Muitas vezes, como filhos, temos dificuldade de olhar

para os pais como realmente são, esperamos e até
exigimos deles o que eles não têm para dar, ou não tem
que dar.
Como o papel do pai na Constelação Familiar é da

ordem, da autoridade e da energia ativa, muitas vezes
projetamos em nosso pai um amor idealizado e
entramos em conflito com a presença real do
masculino.
[ 71 ]
Quando estamos desconectados dessa presença

paterna, temos dificuldade de apresentar e nos
relacionarmos com tais características no mundo.
Bert Hellinger ensina a deixarmos com os pais o que

pertence ao destino deles, reconhecê-los como seres
humanos, ou seja, pessoas normais como nós, e que
vieram de seus próprios conflitos e emaranhamentos
familiares.
A constelação familiar e o Pai ausente
Quando o pai é ausente na vida do filho, seja uma

ausência física quanto a ausência de alguém que estava
presente fisicamente, mas não exerceu o seu papel, é
uma situação que pode gerar feridas e compensações
na vida no filho.
É algo que é carregado durante toda a vida, que deixa

cicatrizes e uma sensação de vazio, até que possamos
olhar para essa história de uma forma diferente e
damos um lugar para esse pai em nosso coração.
Quando eu digo: “Pai, você sempre terá um lugar no

meu coração”, começo a curar essas feridas e a
preencher esse vazio.
[ 72 ]
O papel do pai na constelação familiar:

ancestralidade masculina: geração avo, pai e filho
Não digo que seja fácil dar esse lugar no coração para
aquele que não cumpriu o seu papel. Mas nos cabe
escolher manter as feridas ou curá-las.
O pai ausente é aquele que não soube ser pai, muitas

vezes repetindo um padrão familiar, ou seja, não nos
deram porque também não receberam.
Quando olho para o meu pai como aquele que me deu

a vida, aquele que é um Portal para o Divino, um
Portal da vida, me abro para uma compreensão que vai
muito além do ego, é um saber de alma, do Ser. E a
esse saber eu me conecto para que toda a força que
ainda não estava presente em mim, possa se
estabelecer.
Essa permissão em receber tudo o que o masculino

ancestral me traz por meio do meu pai, é libertadora e
de uma expansão imensa.
Quando o filho se alinha ao pai, independente do

destino que lhe coube, tem mais condições e leveza
para seguir adiante.
[ 73 ]
Colocamos-nos no mundo a partir da forma como nos

relacionamos com os nossos pais.
O relacionamento entre pais e filhos se inicia na

concepção, toda a força daquele momento faz parte de
quem somos. O que os pais experimentam durante a
gestação é percebida de forma inconsciente pelo bebê
que está no útero, onde é bem sensível aos sentimentos
de aceitação ou rejeição de seus pais.
Ao nascermos nos conectamos primeiramente à mãe,

que representa o nosso primeiro sucesso: estarmos
nutridos, alimentados e assim nos mantemos vivos.
Esse é um movimento para a vida.
Uma vez na vida, a conexão com o pai irá trazer a

expansão, a força para ir além, a permissão para
experimentar, errar, acertar e aprender.
A proteção da mãe e a permissão do pai em ir além

dessa proteção nos mantém no fluxo da vida e em
constante evolução.
Quando os pais e os filhos têm essa consciência e cada

um se coloca no seu lugar, assumindo o seu papel no
sistema familiar, a ordem se estabelece e a vida fica
mais leve.
[ 74 ]
Cabe aos pais estarem presentes e conscientes do seu

papel, de que um filho é a perpetuação da vida e, sendo
assim, é natural que o caminho deles seja o de seguir,
experimentar o novo, fazer diferente, expandir e trazer
novas consciências para o sistema.
Ao invés de expectativas e medos, abençoar para que

eles sejam plenos e felizes permitindo que a vida siga
adiante por meio deles.
Cabe ao filho compreender que os pais só podem dar

aquilo que tem, aquilo que são, que deram a vida e
tudo o que tinham.
Cabe ao filho entender que os pais são pessoas

comuns, um homem e uma mulher, e que também
estão aqui em processo de aprendizado e crescimento.
O filho, quando esquece disso, começa a exigir demais

dos pais e, consequentemente, acredita que a vida lhe
deve algo e se coloca em posição infantil perante a
vida.
Como ter uma relação harmoniosa com os pais

mesmo quando há muitos conflitos?
[ 75 ]
Enxergando a humanidade deles, podemos olhar para

eles como as crianças que foram e ver além do que
achamos que deveria ser e trazermos ao nosso coração
quem eles realmente são, aceitando-os com a
consciência de que fizeram o possível com o que
tinham.
[ 76 ]
CAPÍTULO DOZE
CONSTELAÇÃO FAMILIAR: PAIS

SEPARADOS
A separação dos pais não representa o fim da família e

sim a mudança desta dinâmica.
Quem se separa é o casal, o homem e a mulher, o pai e

a mãe continuam nos seus devidos papéis. O vínculo
pais e filhos continua e não termina nunca mais.
Este é um momento que pode ser de crescimento, uma

vez que os pais se coloquem de forma madura na
separação e mantenham o amor pela família.
[ 77 ]
Jamais excluir o pai ou a mãe. Se um dos dois é

excluído, este filho vai começar com as compensações
que acontecem de forma inconsciente.
O melhor para os filhos é cultivar neles o amor e

admiração pelos pais.
Diga a partir do seu coração:
– Eu escolhi o melhor pai para você meu filho (a)!
– Eu escolhi a melhor mãe para você meu filho (a)!
Se um dos cônjuges acredita que fez a escolha errada e

jamais deveria ter vivido aquele relacionamento, está
também dizendo que o filho foi uma escolha indevida.
É dessa forma que chega à criança: “sou um erro”,

“não sou bem-vindo(a)”.
Quanto mais consciência os pais tiverem do que afeta a

criança e quanto mais cultivarem o amor pela família,
mais podem experimentar um crescimento durante o
processo.
Somente assim é possível liberar os filhos dos

emaranhamentos do casal.
[ 78 ]
Se o filho se perceber em posição de ter que escolher

um dos lados, é muito provável que passe a ocupar um
lugar no sistema familiar que não é o seu.
Como já falamos, esta é uma situação extremamente

negativa para sua realização e expansão na vida.
“Se a separação é dolorosa, há sempre a tendência a

procurar alguém para incriminar. Os envolvidos
tentam aliviar o peso do destino arranjando um bode
expiatório.
Em regra, o casamento não se desfaz porque um

parceiro é culpado e o outro inocente, mas porque um
deles está assoberbado por problemas de sua família
de origem ou ambos caminham em direções opostas.
Se se incrimina um parceiro, cria-se a ilusão de que

algo diferente poderia ter sido feito ou de que um
comportamento novo resgataria o casamento.
Nesse caso, a gravidade e a profundidade da situação

são ignoradas, os parceiros começam a recriminar-se
e a acusar-se mutuamente. A solução para combater a
ilusão e a crítica destrutiva é resignar-se à forte dor
provocada pelo fim do relacionamento.
[ 79 ]
Essa dor não dura muito, mas é lancinante. Se os

parceiros se dispuserem a sofrer, poderão tratar do
que merece ser tratado e dispor as coisas que
precisam ser dispostas com lucidez, ponderação e
respeito mútuo. Numa separação, a raiva e a censura
em geral substituem o sofrimento e a tristeza.”
Bert Hellinger – A Simetria Oculta do Amor
Os pais devem se alinhar ao amor inicial que

experimentaram pelo parceiro e vê-lo no filho a partir
desse amor.
Diga: “Seremos sempre seus pais”.
Decida amar a mãe do seu filho. Decida amar o pai do

seu filho.
Por que a importância do pai é marcante?
Na visão sistêmica, parte-se do pressuposto de que a

vida vem através dos pais e, por esse motivo, eles
merecem um lugar de respeito nas nossas vidas.
O que ocorre depois disso, ou seja, ao longo da

infância e adolescência, não retira o lugar deles nem a
grandeza da vida que foi dada. Da mesma forma, pela
[ 80 ]
lei da ordem, os pais chegam antes ao sistema familiar

e, por isso, diante deles somos pequenos.
Isso quer dizer que devemos honrá-los deste lugar que

ocupamos independentemente do que eles falam,
fazem ou demonstram.
Por isso, se você mantém qualquer julgamento ou

crítica a respeito de seu pai, alguma consequência isso
trará para sua vida.
O pai pode ter sido alcoolista, ter tido algum fracasso

muito grande na vida, ter perdido todo o dinheiro, ter
sido muito rígido e autoritário, ou simplesmente não
esteve presente no crescimento dos filhos.
Tudo isso pode gerar marcas na criança ou adolescente

que certamente leva essas dores para a vida adulta.
Contudo, é preciso lembrar que o pai é um homem que

já existia antes que você viesse ao mundo, e com isso
ele tem toda uma história também em sua família de
origem. Daí a importância do pai na nossa vida.
Quando somos crianças ou adolescentes não temos a

força necessária para seguir o nosso próprio caminho.
[ 81 ]
Mas ao entrarmos na vida adulta precisamos seguir em

frente reconhecendo que o pai deu tudo o que ele podia
mesmo que não fosse aquilo que você gostaria. É
simplesmente lembrar que se você está vivo é graças a
ele.
A questão é que ficar remoendo aquilo que aconteceu

no passado apenas nos aprisiona a ele e nos impede de
realmente entrar na vida adulta.
Se você julga seu pai por qualquer motivo é grande a

chance de você se punir, autossabotar ou fracassar em
alguma área de sua vida, seja no trabalho ou nos
relacionamentos.
O que fazer com o que sentimos sobre nosso pai?
É muito comum os fracassos sucessivos quando há

grande crítica em relação ao pai. Muitos homens não
conseguem se afirmar profissionalmente, pois estão
aprisionados em alguma questão do passado
relacionada à seu pai ou à família paterna.
Da mesma maneira, para as mulheres, além de afetar

profissionalmente, também pode criar distância do
masculino caso ela tenha alguma crítica ou exigência
em relação ao masculino da sua família.
[ 82 ]
Para viver a vida com leveza de forma que tudo flua na

nossa vida é necessário uma postura diante do nosso
sistema familiar principalmente em relação ao pai e à
mãe. Assim, o custo pela mágoa do passado é muito
alto.
Muitas vezes num processo inconsciente a pessoa

continua levando uma vida difícil e problemática como
uma forma de Vingança apenas para não concordar
com a lei da Ordem e não se reconhecer pequeno
diante do pai.
O que foi feito no passado não será apagado, é real.

Mas a forma como você lida com ele é que conduz sua
vida no agora e para o futuro.
Será que vale mesmo a pena carregar todos esses

ressentimentos? Basta que você se reconheça como
parte de um sistema familiar onde várias pessoas
vieram antes de você e a vida que você carrega passou
através de todas elas até chegar aonde você está.
Quando você experimentar este lugar, o seu lugar certo

no seu sistema familiar, certamente sua vida fluirá. Os
problemas e os desafios podem continuar, afinal você
está vivo, mas a forma como você lidará com eles será
bem mais fluida e consciente.
[ 83 ]
E não se preocupe caso você não tenha tido a

oportunidade de conviver com o seu pai ou se ele foi
um pai ausente. Para a visão sistêmica a convivência
pouco importa.
O mais importante é você reconhecer dentro do seu

coração, na sua alma, que ele faz parte de quem você é,
e, portanto, está em você, mesmo que você não queira.
[ 84 ]
CAPÍTULO TREZE
ENTENDA O QUE É CONSTELAÇÃO

SISTÊMICA E SEUS BENEFÍCIOS PARA SUA
VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL
Durante a gestação, enquanto bebê e criança pequena,

é realmente a mãe quem desempenha a função
prioritária, aconchegando, nutrindo, segurando e
protegendo.
Chega então o momento do pai expandir sua ação, e

exercer seu papel fundamental e complementar ao da
mãe durante o crescimento da criança.
[ 85 ]
Para isso é necessário, segundo o terapeuta alemão

Bert Hellinger, o papel ativo da mãe em “apresentar” o
pai ao filho, e ele então mostrará o mundo, o diferente,
a diversidade, a coragem e os desafios,
complementando o que veio da mãe e integrando
ambas informações e aprendizagens para um
crescimento e desenvolvimento saudável desse filho.
O filho observa e modela seus pais, atento a como

ambos olham para o mundo, como são enquanto pais,
pessoas, homem e mulher, e constrói a base que levará
para seus próprios relacionamentos ao crescer.
Por vezes, lamentavelmente o pai morre cedo, ou há

relações disfuncionais e conflitos entre o casal,
separações e o pai se afasta da família e do filho,
deixando um vazio que não pode ser preenchido por
nenhuma outra pessoa.
Nenhuma exclusão em qualquer sistema é boa.
Esse afastamento pode partir do pai, ou pode haver

uma exclusão desse pai por parte da mãe motivada por
mágoa ou raiva, e assim ocorre a sempre sofrida
alienação parental. A exclusão do pai gera
consequências negativa para todos, sem exceção.
[ 86 ]
O filho sente a falta de seu pai, independente de quem

foi ou como agiu.
A mãe, quando não honra nem reconhece o pai de seu

filho, ou quando o rechaça, afasta e cobra que o filho
fique ao seu lado contra esse pai, ocasionando um
grave emaranhamento no sistema familiar, que poderá
se perpetuar por gerações à frente, para seus
descendentes.
Em algum momento futuro, esse filho que aceitou ficar

contra seu pai por lealdade à mãe, se revoltará com
essa situação, por ter sido afastado de seu pai, e terá
mágoa dela, podendo também se afastar.
O pai excluído se fará representar por um descendente

que reviverá seus fracassos e dificuldades, até que
possa ser visto, sistemicamente reconhecido e
reincluído na família, em uma vivência de constelação
familiar.
Essas consequências se dão por fatores simples, porém,

não facilmente percebidos.
Somos filhos de ambos, mãe e pai, 50% de nossa

genética vem de cada um deles, e negar essa verdade é
negar parte de nós mesmos.
[ 87 ]
A Vida chegou até nós através dos nossos pais e de

todos ancestrais de suas famílias.
Necessitamos “tomar” plenamente a Vida que chegou

através deles, pelo preço que custou a cada um deles.
Fazemos isso quando tomamos ambos, pai e mãe,

aceitando-os plenamente, exatamente como foram e
como são, com tudo o que nos deram, sem julgar ou
cobrar que mais nos fosse dado, que não foi o
suficiente ou não foi como esperávamos.
Se apresentarmos tantas restrições e julgamentos, não

aceitarmos mãe e/ou pai, tomamos a Vida apenas
parcialmente e experimentaremos lacunas que se
expressarão de diversas possíveis maneiras, de acordo
com o ponto onde se originou a falta. Possíveis
consequências são a existência de problemas em
diversas áreas da vida: profissão, dinheiro,
relacionamentos, sexualidade, amor etc..
Devemos honrar mãe e pai independentemente de

quem foram ou do que fizeram. O mínimo que tenham
feito já foi o suficiente, nos deram a Vida, e ela não
tem preço. Nunca poderemos retribuir algo tão grande.
Se foi “somente” a vida que nos deram, agradeçamos e

façamos algo melhor com ela, levando-a adiante e
[ 88 ]
dando continuidade à nossa linhagem, sendo cada vez

melhores e levando a nossa família a um destino mais
saudável.
Retribuir a Vida só é possível fazendo esse mesmo

papel com nossos filhos, ou então, em projetos e ações
para a sociedade, deixando um legado de contribuição,
crescimento e Amor. Mesmo que os pais tenham
problemas de relacionamento, se ambos conseguirem
amar um ao outro na pessoa do filho, e reconhecer um
ao outro quando olham para ele, se mesmo, não mais
juntos, puderem perceber que no filho cada um está
igualmente representado, conseguirão ressignificar a
separação e agir conjuntamente em benefício do filho,
que é menor que ambos e tem prioridade do cuidado.
O filho assim poderá crescer saudável física e

emocionalmente, com a presença de ambos em sua
vida, mesmo se um deles estiver ausente fisicamente,
pelo reconhecimento de seu papel e importância.
Em qualquer época, é possível ampliar a consciência,

reconhecer essas questões, e tomar a força que vem dos
pais e da família, reconciliando-nos à Vida e alterando
nosso destino.
[ 89 ]
Conhecer e respeitar as Leis e Ordens da Vida nos

direciona para um caminho mais saudável, próspero e
feliz.
[ 90 ]
CAPÍTULO QUATORZE
A FILOSOFIA DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR
Na filosofia da Constelação Familiar reconhecemos a

importância fundamental do pai na vida de um filho.
O pai é uma figura essencial que desenha os alicerces

da identidade e do equilíbrio emocional da criança.
Assim como a raiz forte de uma árvore sustenta seu

tronco e galhos, o pai proporciona estabilidade e
estrutura ao filho, permitindo-lhe crescer e florescer
em harmonia com o mundo ao seu redor.
[ 91 ]
O pai representa a energia masculina no sistema

familiar, trazendo consigo qualidades de proteção,
direção e limites saudáveis.
Sua presença equilibrada oferece um contraponto à

energia feminina da mãe, formando uma base sólida
para o desenvolvimento do filho.
Quando a relação entre pai e filho é nutrida com amor,

respeito e conexão, o filho internaliza valores
importantes, como coragem, autoconfiança e
autonomia.
O Pai e a Prosperidade
Nestes anos como facilitadora de Constelação

Familiar, pude observar o quanto a prosperidade está
ligada, não apenas ao pai, mas aos pais.
A mãe representa o mundo interno, o útero, a

construção e manutenção de um novo ser, uma nova
vida.
Tudo o que acontece nesse período de gestação é

traduzido como abundância e prosperidade.
[ 92 ]
A mãe participa desse processo de construção do filho.

Seu sangue é transformado em ossos, órgãos, pele,
etc…
Neste lugar, o filho recebe tudo em primeiro lugar.

Não é raro a mãe precisar de suplemento de ferro, por
exemplo, mas o filho está bem, recebeu antes dela.
O pai por sua vez representa o mundo exterior, ele

conduz o filho para a vida fora de casa. O mundo do
trabalho, do adulto, do ganhar e pagar.
No mundo exterior, o indivíduo irá se deparar com o

trabalho, com os relacionamentos, o dinheiro, as
responsabilidades e desafios, os quais muitas vezes, a
mãe com sua postura protetiva, impede que o filho
experimente.
O pai, com sua postura mais exigente, exercita o filho a

conhecer o mundo externo, e lhe mostrará que lá fora é
mais exigente, e para conquistar e vencê-lo, é preciso
ter força, ter resiliência, segurança e foco.
O Pai Representa o Não
Enquanto a mãe representa o sim, e tem como uma das

características estar sempre disponível para o filho, o
pai, por sua vez, diz muitos “nãos”.
[ 93 ]
Seu amor é mais salgado, diferente do amor doce e

benevolente da mãe.
Pessoas que têm dificuldades em dizer não, por vezes

sentem a falta da conexão com o pai.
Ele exercita o filho a ouvir os Nãos. No mundo lá fora,

o filho precisa saber que terá que ser forte e confiante.
O pai, com sua postura também indica ao filho que,

mesmo que não o apoie do jeito que ele espera, ele
transmite sua confiança.
É como se ele dissesse: Vai, eu confio que você

consegue.
O Pai Ausente
Hoje há mais de cinco milhões e meio de crianças sem

o nome do pai na certidão de nascimento e existem
mais de onze milhões de mães solo no Brasil.
O abandono afetivo paternal é um problema familiar

grave que pode ter consequências devastadoras para os
filhos. Ele não se limita à infância, mas afeta todo o
desenvolvimento da criança, causando danos
psicológicos profundos.
[ 94 ]
Compreender sua história com empatia e ressignificá-

la esse é o convite da abordagem Sistêmica.
Como Ter Um Bom Relacionamento Com o Pai

Que Não Esteve Presente?
A Filosofia Sistêmica irá olhar além da ausência do

pai. Para isso, todo seu sistema familiar será incluído.
A partir da história da linhagem materna é possível
descobrir muitas correlações com a separação paterna
com o filho e repetições de destinos.
Isso não é uma justificativa mas a grande descoberta

dessa filosofia é que além das características físicas, o
filho também herda padrões, sentimentos e
comportamentos do sistema familiar.
Em seguida, vamos conhecer um pouco da história do

relacionamento entre o pai e a mãe.
O que os uniu, o que os separou. Seguimos para

conhecer como foi o relacionamento entre os avós.
Outros fatos são levantados como destinos difíceis,

pessoas excluídas, histórias de perdas e ganhos dentro
da família. O objetivo é trazer novos horizontes ao
filho que não conviveu com o pai.
[ 95 ]
É um processo que requer empatia, acompanhamento

amoroso e respeitoso por parte do terapeuta.
[ 96 ]
CAPÍTULO QUINZE
A AUSÊNCIA DO PAI PRESENTE
A falta do pai existe mesmo que ele tenha convivido e

morando no mesmo teto que o filho.
Algumas razões possíveis da falta da conexão entre pai

e filho:
Os pais não terem um bom relacionamento;

O pai não teve um bom relacionamento com o próprio
pai, ou este foi embora muito cedo, por falecimento ou
outro motivo;
Problemas de saúde;
Pai cuidando de algum membro da família de origem;
Dificuldades financeiras.
A mãe é uma figura de importância quando o assunto é
relacionamento entre pai e filho. É ela que permite esse
trajeto do filho até o pai.
[ 97 ]
Isso se dá porque o início da vida se faz dentro do

útero da mãe, a dependência é total. Após o
nascimento, o filho continua recebendo dessa mãe todo
alimento necessário, por meio da amamentação.
Até os dois anos o contato é permanente e simbiótico.
Aos poucos, a mãe vai permitindo que o filho vá até o

pai. O filho homem irá até o pai e ficará em sua esfera.
A filha irá até a esfera do pai e ficará por um tempo,
retornando à esfera da mãe, onde permanecerá.
Havendo excesso de cuidados da mãe para com o filho,

falta de confiança com o pai ou relacionamentos
conflitantes, a mãe poderá passar esses sentimentos aos
filhos, que, por lealdade, ficarão ao seu lado.
Se na infância a criança precisa dessa permissão para ir

até o pai, uma vez que o filho se torna adulto, ele
poderá solicitar essa permissão internamente, e olhar
para o pai e amá-lo.
O Pai e a Função Pai

Eu te convido a fazer uma separação. Dividir esse pai
em duas partes.
[ 98 ]
O primeiro pai é aquele que te deu a vida. Aquele que

concretizou a sua vinda a este planeta.
Quando você olha para esse pai, você olha além, olha
toda sua ancestralidade e tudo o que vem com ela.
E esse olhar pode ser feito mesmo que você não tenha
conhecido seu pai.
Sua alma conhece, ela sabe. Você tem 50% do seu pai
dentro de você.
O pai existe em todos nós, independe do nosso querer,

essa é uma verdade.
A biologia constrói assim, duas partes, sendo uma de

cada genitor.
Ao olhar e tomar esse pai com gratidão, você entra em

fluxo com a vida e com tudo que ela disponibiliza.
Pai, Agora eu Vejo Você
A prosperidade vem a partir deste pensamento.
O segundo pai é o homem que faz a função de pai.

Essa Função Pai é caracterizada pelas expectativas em
[ 99 ]
relação à figura paterna, entre elas: a sua presença, o

apoio e incentivo em momentos importantes, o suporte
material na alimentação e no desenvolvimento
saudável da criança.
Na ausência desse pai surgem os traumas, inseguranças

e carências.
Para essa parte que você não teve, é importante buscar

ajuda profissional.
Lidar com todo o trauma requer um acompanhamento

cuidadoso e atencioso.
Em uma constelação isso não é possível ser feito.
Muitas pessoas chegam até a constelação pelas mãos

dos próprios terapeutas, após a sessão elas retornam à
terapia com mais bagagem para dar continuidade ao
seu crescimento.
Todas as situações envolvendo o pai ausente precisam

ser olhadas com muito cuidado.
Cinco recomendações para cultivar um bom

relacionamento com seu pai
Aceitação e Reconhecimento
[ 100 ]
Comece reconhecendo que, apesar da ausência, seu pai

desempenhou um papel importante na sua vida ao
trazer-lhe a dádiva da existência. Aceite a realidade da
situação e permita-se sentir suas emoções, enquanto
reconhece que todos têm suas limitações e desafios.
Honrar o Papel do Pai
Mesmo na ausência, o papel do pai é fundamental. Na

filosofia das constelações, respeitar a hierarquia e a
importância desse papel é essencial para harmonizar o
relacionamento. Reconheça que o pai faz parte do seu
sistema familiar e merece ser honrado por isso.
Deixar de Lado o Julgamento
Evite julgar seu pai pela ausência ou pelas

circunstâncias passadas. Ao deixar de lado o
julgamento, você abre espaço para uma compreensão
mais profunda da dinâmica familiar. Isso não significa
esquecer a dor, mas sim liberar ressentimentos que
podem bloquear a reconciliação.
Conexão Espiritual
Na filosofia de Bert Hellinger, há uma ênfase na

conexão espiritual com nossos antepassados.
[ 101 ]
Independentemente da presença física do seu pai, você

pode cultivar uma conexão espiritual através de rituais,
meditações ou intenções. Isso ajuda a integrar sua
energia no sistema familiar de maneira saudável.
Empatia Pela Dor do Pai
Utilizando a perspectiva da constelação, busque

entender os possíveis emaranhamentos ou dinâmicas
inconscientes que contribuíram para a ausência do seu
pai.
Praticar esse olhar, ressignificar sua história não

apenas libera você, mas também pode auxiliar na cura
dos relacionamentos familiares e ancestrais.
Lembre-se de que a jornada para um relacionamento

mais harmonioso com um pai ausente pode ser gradual
e levar tempo.
As Constelações Familiares nos ensinam que ao

trabalhar em nossa própria concordância e
compreensão, criamos espaço para mudanças positivas
nas dinâmicas familiares e na nossa vida como um
todo.
[ 102 ]
[ 103 ]

O Lugar Do Pai Na Constelação

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O LUGAR DO PAI NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

© Copyright 2024, by Maria da Paz Guerreiro.

Todos os direitos reservados, protegidos pela Lei

Guerreiro, Maria da Paz, O LUGAR DO PAI NA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Dedico ao meu pai, José Guerreiro, os poemas

Meu pai da infância

Sob o sol escaldante do nordeste a trabalhar

E nas noites de Natal e Ano Novo já podíamos

Meu velho pai

Depois de a Deus, quem mais amei no mundo

Suas linhas tortas , oh Deus são mesmo certas?

O que justifica um homem bom sofrer?

E dia a dia, sem saber se é dia ou noite.

ENTREVISTA A BERT HELLINGER

Pergunta: Nesse processo de transformação e nessa

Existe isso também? Pois isso tampouco acontece tão

Essas são, na verdade, soluções das quais o senhor fala.

Mas também no processo – no processo emocional –

Eles não precisam ser desativados, mas pelos menos

Bert: Ainda não vi isso. Essas são ideias. São descritas

A criança ama os seus pais de uma forma bem

Pode-se contar totalmente com isso. Mas o que

Mas isso é somente o outro lado da perda sofrida e

O importante seria que essa situação anterior fosse

Este é um processo muito doloroso.

Quando é bem sucedido, tudo aquilo que se deu como

Pergunta: Mas o senhor conhece a experiência de que

Creio talvez que não posso odiar alguém tanto como

Bert: Esse ódio é um sentimento infantil. Adultos não

Por isso um homem, como homem, não pode odiar a

A solução simples entre pais e filhos é que. Eles ainda

Recebi a vida de vocês. Você são meus pais, e eu os

Então a criança fica em paz consigo mesma.

Pode, então, tomar os pais e as outras coisas que o

Temos frequentemente a ideia maluca de que

Nesse momento, a criança fica totalmente desnorteada.

Muita reivindicação que é feita

Mesmo que tentassem preencher essa reivindicação, o

Nesse sentido, a criança não quer absolutamente nada

O que ainda é importante com relação ao que o senhor

Pois a profundeza da alma nunca permite isso. É tal

Nunca vi, por exemplo, entre os zulus que alguém

REJEIÇÃO E CULPA TRANSFERIDAS

Como os homens, em geral, são vistos pelas mulheres

Aquele homem desabou, literalmente, no chão.

exclusão. O que se desenrolara ali naquela sessão

Ele, que havia concebido aquela vida e com isso se

Crenças passadas de geração em geração

“Homem não presta!” “Não são confiáveis!” “Marido

Se isso não aconteceu na sua família, provavelmente

filhos criados por mães, tias e avós cheias de rancor e

Rejeição e culpa transferidas

Quando examinamos o destino das mulheres de

Muitos homens, ao olharem para trás, certamente vão

Somos filhos do choque cultural entre a mente

Ao mesmo tempo, os homens de agora também são

Somos filhos do choque cultural entre a mente

Em uma de suas últimas visitas ao Brasil, Hellinger

Devolvendo o lugar e a dignidade de cada um

Quando não se dá um bom lugar a eles há

A solução está em reconhecer e respeitar o sofrimento

No meu caso, infelizmente a solução não chegou a