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Tipologia de intervenção: 70 – Aprendizagem ao longo da vida

Tipologia de operação: 3.2. - Cursos de Aprendizagem


Área de formação: 729 - Saúde
Curso de formação: Técnico(a) Auxiliar de Saúde
Período de formação: 1.º□ 2.º X 3.º□
Curso n.º Turma: 21 Ano civil: 2023
4B/1
Código da UFCD: 6570 Designação: Abordagem Geral de Noções Básicas de
Primeiros Socorros
Duração da UFCD: 25h Data de início: Data de fim:
Formador: Marta Nogueira

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 1 de 85
Autor:

Nome: Marta Cristina Soares Nogueira

E-mail: marta.nogueira@feirensino.eu

Contactos:

Feirensino – Associação de Ensino, Formação e Desenvolvimento Social


 Rua do Aldeiro n.º 708

4535-057 Lourosa
 227 456 335
 227 456 337
 Correio eletrónico: geral@feirensino.eu
 Website: www.feirensino.eu

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 2 de 85
ÍNDICE

1 – Contextualização Pedagógica ................................................................................................................................. 5


A - Introdução .......................................................................................................................................................... 5
B – Conteúdos Pedagógicos ..................................................................................................................................... 5
C – Objetivos Gerais ................................................................................................................................................. 6
D – Objetivos Específicos ......................................................................................................................................... 6
2 – Conteúdos .............................................................................................................................................................. 8
O Sistema Integrado de Emergência Médica – SIEM ................................................................................................... 8
Fases Fundamentais do SIEM................................................................................................................................... 9
Número Europeu de Socorro - 112 ........................................................................................................................ 10
Exame à Vítima........................................................................................................................................................... 11
Avaliação do local e Segurança .............................................................................................................................. 11
Avaliação Primária ................................................................................................................................................. 11
Avaliação do Estado de Consciência e Permeabilidade da VA............................................................................... 12
Avaliação Secundária ............................................................................................................................................. 13
Avaliação da Respiração e Ventilação (Breathing)................................................................................................. 14
Avaliação da Circulação/ Pulso(Circulation) .......................................................................................................... 14
Avaliação da Pele ................................................................................................................................................... 15
A Cadeia de Sobrevivência ......................................................................................................................................... 16
Elos e Princípios Subjacentes ................................................................................................................................. 17
Riscos para o Reanimador .......................................................................................................................................... 18
Riscos para o Reanimador e para a Vítima ............................................................................................................ 18
Condições de Segurança e Medidas de Proteção Universais ................................................................................ 20
Manobras de Suporte Básico de Vida no Adulto ....................................................................................................... 21
Conceito de Acordo com Algoritmo Vigente ......................................................................................................... 21
Procedimentos e Sequência ................................................................................................................................... 22
Manobras de Suporte Básico de Vida Pediátrico ....................................................................................................... 29
Insuflações e Compressões Torácicas- Problemas Associados .............................................................................. 32
Posição Lateral de Segurança..................................................................................................................................... 34
Como e quando utilizar .......................................................................................................................................... 34
Técnica de Colocação da Vítima em PLS ................................................................................................................ 34
Obstrução da Via Aérea (OVA) no Adulto .................................................................................................................. 37
Situações de Obstrução Parcial e Total .................................................................................................................. 37
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Obstrução da Via Aérea (OVA) no Lactente ............................................................................................................... 40
Emergências Médicas mais frequentes ..................................................................................................................... 43
Atuação em situação de dor torácica de origem cardíaca ............................................................................ 47
Problemas Respiratórios ........................................................................................................................................ 48
Acidente Vascular Cerebral – AVC ......................................................................................................................... 50
Crises Convulsivas .................................................................................................................................................. 53
Alterações da Glicémia – Diabetes Mellitus........................................................................................................... 54
Hiperglicémia ................................................................................................................................................... 55
Hipoglicémia ..................................................................................................................................................... 55
Situações de Intoxicação ........................................................................................................................................ 57
Limites de intervenção da perspetiva de cidadão e auxiliar de saúde .................................................................. 60
Principais tipos de traumatismos ........................................................................................................................... 60
Traumatismos de Tecidos Moles: Hemorragias ............................................................................................ 60
Hemorragia Externa ........................................................................................................................................ 62
Hemorragia Interna ......................................................................................................................................... 64
Traumatismos de Tecidos Moles: Feridas ..................................................................................................... 65
Queimaduras .................................................................................................................................................... 74
Traumatismos dos Membros ................................................................................................................................. 78
Lesões Articulares ............................................................................................................................................ 78
Lesões Musculares............................................................................................................................................ 78
Fraturas............................................................................................................................................................. 79
Limites de intervenção da perspetiva de cidadão e auxiliar de saúde .................................................................. 81
Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito da intervenção do Técnico Auxiliar de Saúde 82
Siglas........................................................................................................................................................................... 84
Bibliografia ................................................................................................................................................................. 85

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1 – Contextualização Pedagógica

A - Introdução
O Manual da UFCD 6570 – Abordagem Geral de Noções Básicas de Primeiros Socorros, que integra
o domínio de componente de formação tecnológica constitui um referencial de apoio e orientação às sessões
ministradas no âmbito do curso de Técnico(a) Auxiliar de Saúde lecionado na Feirensino.
Elaborado a pensar no formando, este Manual pretende ser um instrumento facilitador da
aprendizagem, pelo que foi produzido utilizando-se uma linguagem clara e objetiva que permita ao
formando adquirir conhecimentos e competências que possam posteriormente ser aplicados em contexto
real de trabalho.

B – Conteúdos Pedagógicos

• O Sistema Integrado de Emergência Médica – SIEM


o Componentes, intervenientes e forma de funcionamento
o Número europeu de socorro 112

• Cadeia de Sobrevivência
o Conceito e importância
o Elos e princípios subjacentes

• Riscos para o Reanimador


o Riscos para o reanimador e para a vítima
o Condições de segurança e medidas de proteção universais

• Manobras de Suporte Básico de Vida


o Conceito de acordo com o algoritmo vigente
o Procedimentos e sequência
o Insuflações e compressões torácicas
o Problemas associados

• Posição Lateral de Segurança


o Como e quando a sua utilização

• Obstrução da via aérea


o Situações de obstrução parcial e total
o Tipos e causas de obstrução

• Exame à vitima
o Estado de consciência e permeabilidade da via aérea
o Características da respiração, pulso e pele

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• As Emergências médicas mais frequentes
o Principais sinais e sintomas
o Principais cuidados a prestar
▪ Problemas cardíacos
▪ Problemas respiratórios
▪ Acidente vascular cerebral
▪ Diabetes
▪ Crises convulsivas
▪ Situações de intoxicação
o Limites de intervenção na perspetiva de cidadão e de profissional de saúde

• Principais tipos de traumatismos


o Traumatismos de tecidos moles (feridas e hemorragias)
o Queimaduras
o Traumatismos dos membros
o Limites de intervenção na perspetiva de cidadão e de profissional de saúde

• Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito da sua intervenção


o Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob sua
supervisão directa
o Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar
sozinho/a

C – Objetivos Gerais

No final desta unidade o formando deverá ser capaz de distinguir as terminologias usadas em contexto de
primeiros socorros; reconhecer e saber agir em caso de: paragem cardiorrespiratória; obstrução da via aérea,
doença súbita; queimaduras, hemorragias; fraturas e lesões de tecidos moles.

D – Objetivos Específicos
No final da UFCD o formando deve ser capaz de:

• Descrever o que é o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) e quais os seus


intervenientes.
• Descrever como ativar o sistema de emergência médica utilizando o número europeu de socorro
"112".
• Identificar o conceito de cadeia de sobrevivência e identificar os seus elos.
• Explicar a importância da cadeia de sobrevivência e qual o princípio subjacente a cada elo.
• Reconhecer os riscos potenciais para o reanimador.
• Identificar as medidas a adotar para garantir a segurança do reanimador e da vítima.
• Identificar as medidas universais de proteção e reconhecer a sua importância.
• Explicar o conceito de Suporte Básico de Vida (SBV) de acordo com o algoritmo vigente.
• Explicar o conceito de avaliação inicial, via aérea, respiração e circulação.
• Aplicar a sequência de procedimentos que permitam executar o SBV de acordo com o algoritmo
vigente.
• Identificar os problemas associados à execução de manobras de SBV.
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• Identificar quando e como colocar uma vítima em posição lateral de segurança.
• Identificar as contraindicações para a posição lateral de segurança.
• Identificar as situações de obstrução parcial e total da via aérea.
• Identificar as causas e os tipos de obstrução da via aérea.
• Aplicar a sequência de atuação perante uma vítima com obstrução da via aérea.
• Identificar situações de perigo através da execução do exame à vítima.
• Identificar as emergências médicas mais frequentes.
• Identificar os principais sinais e sintomas característicos das emergências médicas.
• Aplicar os primeiros socorros adequados a cada emergência médica.
• Identificar os vários tipos de hemorragias.
• Identificar os sinais e sintomas mais comuns das hemorragias.
• Listar e descrever os vários métodos de controlo de hemorragias.
• Controlar uma hemorragia através dos métodos de controlo.
• Identificar os tipos de feridas mais comuns.
• Tratar uma ferida utilizando pensos e ligaduras.
• Identificar os tipos de queimaduras mais comuns.
• Tratar provisoriamente uma queimadura.
• Identificar os traumatismos mais comuns dos membros.
• Reconhecer o que fazer e/ou não fazer nestes casos.
• Identificar as situações específicas que requerem a intervenção do profissional de Saúde.
• Explicar que as tarefas que se integram no âmbito da sua intervenção terão de ser sempre executadas
com orientação e supervisão de um profissional de saúde.
• Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão direta do profissional de saúde e
aquelas que podem ser executadas sozinho.

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2 – Conteúdos
O Sistema Integrado de Emergência Médica – SIEM

O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) trata-se de um conjunto de elementos


comunitários, individuais e coletivos, sejam eles extra-hospitalares ou hospitalares, que cooperam com o
objetivo de prestar assistência às vítimas de acidente, catástrofe ou doença súbita, cujo objetivo final é o
restabelecimento total da vítima. Nessas entidades estão presentes a PSP, a GNR, os Bombeiros, a Cruz
Vermelha Portuguesa, o INEM e os Hospitais e Centros de Saúde.
Nas situações de doença súbita, catástrofe e acidente, os cuidados imediatos podem ser garantidos
por qualquer pessoa com formação em socorrismo. Por vezes, revela-se virtualmente necessário um
conjunto de meios e de ações que envolvem a intervenção ativa de vários componentes da comunidade,
com vista ao restabelecimento da normalidade
Fácil é entender que a nossa vítima, para além do 1º socorro, necessita que alguém acione a
ambulância, com elementos habilitados a efetuar ações complementares, garantindo o transporte para uma
unidade hospitalar.
Para que todo o processo decorra de forma mais eficaz, é fundamental e necessária a articulação dos
vários intervenientes no processo de emergência.
O SIEM é internacionalmente representado pela “Estrela da Vida”, símbolo composto por uma cruz
azul de seis pontas, que representam cada uma das fases deste sistema e, na qual são inseridos a branco um
bastão e uma serpente, representativas das Ciências da Saúde.

Figura 1. Estrela da Vida

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Fases Fundamentais do SIEM

1. Deteção da ocorrência de emergência, que corresponde ao momento em que alguém se apercebe


da existência de uma ou mais vítimas de acidente ou doença súbita.

2. Alerta, Fase na qual se contacta, através do 112 ou de outro meio, uma central de emergência,
dando conta da ocorrência anteriormente detetada.

3. Pré- Socorro, conjuntos de gestos simples de socorrismo básico, normalmente executados no


seio da população, e que são mantidos até a chegada de meios de socorro especializados.

4. Socorro, que corresponde ao conjunto de gestos de socorro complementar executados pelos


tripulantes de ambulância e que visam a continuação da estabilização da vítima doente.

5. Transporte, desde o local onde ocorreu a emergência até a entrada no estabelecimento de saúde
adequado e definitivo, garantindo ao doente a continuidade da prestação de cuidados de saúde.

6. Tratamento Hospitalar, após a entrada no estabelecimento de saúde, a vítima é avaliada e são


iniciadas medidas de diagnostico e terapêuticas com vista ao se restabelecimento.

Figura 2. Fases Fundamentais do SIEM

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Número Europeu de Socorro - 112
O funcionamento deste sistema começa quando alguém liga 112, o Número Europeu de Emergência.
O atendimento das chamadas 112 cabe à PSP, nas centrais de emergência. Atualmente, no território de
Portugal Continental, as chamadas que dizem respeito a situações de saúde são encaminhadas para os
Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) é o organismo do Ministério da Saúde responsável
por coordenar o funcionamento, no território de Portugal continental, de um sistema integrado de
emergência médica (SIEM), de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a pronta e
correta prestação de cuidados de saúde. O INEM presta também orientação e apoio noutros campos da
emergência tendo, para tal, criado vários subsistemas: CODU-MAR e CIAV.
Ao ligar 112 deve estar preparado para informar:
• A localização exata da ocorrência e pontos de referência do local, para facilitar a chegada
dos meios de socorro;
• O número de telefone de contacto;
• O que aconteceu (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito);
• O número de pessoas que precisam de ajuda;
• Condição em que se encontra(m) a(s) vítima(s);
• Se já foi feita alguma coisa (ex. controlo de hemorragia);
• Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vítima sofre de alguma doença ou se as
vítimas de um acidente estão encarceradas).

Seguir sempre as instruções que são dadas, elas constituem o pré-socorro e são fundamentais para
ajudar a(s) vítima(s). Desligar o telefone apenas quando for indicado e estar preparado para ser contactado
posteriormente para algum esclarecimento adicional.

Figura 3. Nº Europeu de Emergência

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Exame à Vítima

A Abordagem inicial da vítima tem como etapas as seguintes:


1. Avaliação do local e segurança;
2. Avaliação Primária;
3. Avaliação Secundária.

Avaliação do local e Segurança


A avaliação do local é um processo dinâmico durante todo o processo de avaliação da vítima que
procura dar resposta a 3 questões fundamentais:
• A apresentação/envolvência da vítima pode determinar a utilização de medidas de proteção
universal específicas (EPI);
• Identificar riscos de segurança potenciais para a vítima ou terceiros;
• Determinar o número de vítimas e categorizando-a(s) como: vítima médica (Doença Súbita)
ou vítima de trauma.

Avaliação Primária
Num primeiro momento é possível recolher vários dados importantes sobre o estado da vítima sem
que para tal seja necessário tocar na vítima.
Uma vez verificada a segurança do local, deve ser realizada de forma célere uma avaliação inicial.

As prioridades durante a avaliação de uma vítima são as seguintes:


1. Garantir a segurança da vítima, de terceiros e da equipa durante toda a intervenção;
2. Identificar e corrigir as situações que implicam risco de vida;
3. Não agravar o estado da vítima;
4. Recolher informações relevantes: CHAMU (Circunstâncias, História, Alergias, Medicação
e Última refeição)

O objetivo do exame primário é então detetar a existência de situações que possam colocar em
perigo imediato a vida da vítima, ou seja, situações de compromisso das funções vitais. No exame Primário
o socorrista deve:
• Avaliar o estado de consciência;
• Permeabilizar a via aérea;
• Detetar se tem respiração normal;
• Detetar hemorragias externas graves;
• Detetar sinais evidentes de choque.

Se a vítima anda, fala, não apresenta alterações visíveis importantes e tem uma coloração normal
(ausência de palidez e/ou cianose), provavelmente não apresentará uma condição muito grave nem correrá
risco de vida. No entanto, dada a possibilidade de se verificar uma deterioração da situação, mesmo estas
vítimas deverão ser abordadas com cautela, e submetidas a uma abordagem inicial sistematizada e
metódica, que consiste na avaliação primária (ABCDE) e na avaliação secundária por segmentos corporais.

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As seguintes 5 etapas constituem a avaliação inicial ou primária da vítima, pela seguinte ordem de
prioridade:
• Airway: Permeabilização da Via Aérea;
• Breathing: Ventilação e Oxigenação;
• Circulation: Assegurar a Circulação com controlo da Hemorragia;
• Disability: Disfunção Neurológica;
• Expose/Environment: Exposição com controlo de Temperatura.

Qualquer condição com risco de vida deve ser imediatamente abordada e se possível resolvida antes
de continuar o processo de avaliação (avaliação vertical). Ou seja, não se deve avançar para o passo seguinte
da avaliação sem antes resolver a condição que põe em risco a vida (ex. não é útil avaliar o B se não for
resolvida uma condição de OVA superior no A). A única exceção a esta regra é perante uma hemorragia
exsanguinante em que a prioridade é o controlo imediato da mesma.

Avaliação do Estado de Consciência e Permeabilidade da VA


Após garantir as condições de segurança do local onde se encontra a vítima, deve-se verificar se
esta está consciente.
Para tal, abanar suavemente os ombros:
• Se a vítima responde significa que está consciente. Tentar perceber o que se passou e se
necessário ligar112.
• Se a vítima não responde, considerar que está desmaiada.

Caso a vítima não responda, é preciso saber se ela respira. Para avaliar se uma vítima respira,
devemos fazer a permeabilização da via aérea:
• Desaperte a roupa à volta do pescoço da vítima e exponha o tórax;
• Proceda à abertura da via aérea através da técnica de extensão da cabeça e elevação do queixo
(se não houver história de trauma associado)
• Se vítima de trauma utilizar a técnica de elevação do maxilar inferior

Através da técnica de VOS (Ver, ouvir, sentir) verificar se a vítima respira normalmente num
máximo de 10 segundos.
(V)er se o tórax expande,
(O)uvir a passagem de ar
(S)entir a expiração na face.

Figura 4. Permeabilização da VA

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Se respira normalmente:
• Se indicado, colocar a vítima em Posição Lateral de Segurança, avaliar a situação e ligar
112.
Se não respira normalmente:
• Ligar 112 e iniciar manobras de Suporte Básico de Vida (reanimação).

Se a vítima estiver alerta e falar normalmente, assume-se que a via aérea (VA) está permeável e
deve-se prosseguir para a avaliação do B (Ventilação e Oxigenação).
A cavidade oral deve ser inspecionada e, sempre que possível devem ser removidos corpos
estranhos, sangue, vómito, secreções, dentes partidos e/ou próteses dentárias soltas. Vítimas inconscientes
(sem trauma associado) podem e devem ser colocadas em posição lateral de segurança (PLS), com o
objetivo de manter a VA permeável e permitir a drenagem de secreções e/ou vómito.

Avaliação Secundária
O exame secundário divide-se em:
✓ Recolha de Informação;
✓ Sinais vitais;
✓ Exposição e observação sistematizada.

✓ Recolha de informação
• O local;
• A vítima;
• Outras pessoas;
• Procure saber o que aconteceu;
• Identifique a principal queixa da vítima;
• Identifique os antecedentes pessoais da vítima.

A recolha de informação nesta fase é também extremamente relevante já que irá permitir aos
Serviços de Emergência médica ter uma história mais aprofundada do que aconteceu e desta forma agir em
conformidade com as necessidades da vítima. Pode tentar recolher, através da vítima, familiares,
testemunhas ou outros, algumas informações importantes que podem ser lembradas pela referência
CHAMU.
Como socorrista durante a avaliação secundária (caso tenha conhecimentos e materiais disponíveis)
pode avaliar sinais vitais como:
✓ Tensão arterial
✓ Frequência Cardíaca
✓ Oximetria – Saturação de oxigénio
✓ Respiração
✓ Temperatura

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Avaliação da Respiração e Ventilação (Breathing)

No caso da ventilação estar presente, o reanimador deve avaliar a sua frequência, amplitude e ritmo
(FAR).
✓ Frequência (n.º de ciclos / minuto)
✓ Valor normal no Adulto: 12 a 20 ciclos/minuto;
✓ Valor normal na Criança: 20 a 25 ciclos/minuto;
✓ Valor normal no Bebé: Superior a 30 ciclos/minuto;
✓ Amplitude (superficial / normal / profunda);
✓ Ritmo (regular / irregular).

Avaliação da Circulação/ Pulso(Circulation)

O que se chama comumente de "pulso" está associado às pulsações ou às batidas do coração, impulsionando
o sangue pelas artérias. Estas podem ser sentidas ao posicionarmos as pontas dos dedos em locais
estratégicos do corpo.
Deve –se igualmente ter como referência a avaliação do FAR e da simetria (bilateralidade).
✓ Frequência (n.º de batimentos/ minuto)
✓ Valor normal no Adulto: 60 a 100 bat/minuto;
✓ Valor normal na Criança: 80 a 120 bat/minuto;
✓ Valor normal no Bebé: Superior a 120 bat/minuto;
✓ Amplitude (Fraco /Forte);
✓ Ritmo (regular / irregular).
• Pulso rápido e fraco, pode resultar de um estado de choque por perda sanguínea;
• Ausência de pulso pode significar um vaso sanguíneo bloqueado ou lesado, ou
então paragem cardíaca.

As pulsações devem ser contadas durante 30 segundos, e o resultado multiplicado por 2, para se determinar
o número de batidas por minuto. Os dedos utilizados para palpar o pulso são sempre o indicador e o médio.
Evite comprimir excessivamente a artéria para não suprimir o pulso. Na vítima consciente o pulso que deve
palpar é o radial. Ao palpar o pulso carotídeo tente palpar sempre a carótida do lado mais próximo de si.

Figura 6. Pulso Femoral


Figura 5. Pulso Radial Figura 7. Pulso Carotídeo

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Avaliação da Pele

Na avaliação da pele, devemos ter em atenção aspetos como: temperatura, coloração e grau de humidade.
Uma perfusão adequada produz uma tonalidade rosa na cor da pele. Pele pálida surge quando diminui o
fluxo de sangue na área. A cor azulada (cianose) indica oxigenação inadequada. A temperatura da pele é
influenciada pelo meio ambiente. Pele fria indica diminuição da perfusão independentemente da causa. Pele
seca indica boa perfusão. Sudorese está associada a choque e diminuição da perfusão (desvio do sangue
para órgãos nobres e vasoconstrição periférica).
Assim sendo:
• Pele fria e húmida/viscosa significa uma resposta do organismo a um traumatismo ou perda
sanguínea (estado de choque).
• Pele fria e seca pode ter origem na exposição ao frio.
• Pele quente e seca pode ser causada por febre ou ser o resultado de uma insolação.
• Pele pálida, indica circulação insuficiente e é vista nas vítimas em choque ou com enfarte do
miocárdio.
• Pele azulada (cianose) é observada na insuficiência cardíaca, na obstrução de vias aéreas e
também em alguns casos de envenenamento. Significa diminuição de oxigénio nos tecidos.
• Pele vermelha em envenenamento por monóxido de carbono e na insolação.

Figura 8. Avaliação da Pele quanto à coloração

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A Cadeia de Sobrevivência

A Cadeia de Sobrevivência representa, simbolicamente, o conjunto de procedimentos que permitem salvar


as vítimas de paragem cardiorrespiratória.
A intervenção imediata nas situações de paragem cardiorrespiratória (PCR), mesmo antes da chegada dos
profissionais de emergência pré-hospitalar, tem sido um objetivo a alcançar. Tal só poderá ser conseguido
com a intervenção ativa da população na aplicação das técnicas de suporte básico de vida (SBV).
As técnicas de SBV visam manter uma oxigenação e circulação adequadas, sem o uso de equipamentos que
não sejam os necessários para assegurar as medidas de proteção, como o uso de máscara de insuflação.
Os primeiros minutos são decisivos para a sobrevivência da vítima e as ações a tomar devem ter em conta
cada elo da cadeia de sobrevivência.
À luz do conhecimento médico atual, considera-se que há três atitudes que modificam o resultado no
socorro à vítima de PCR:
1. Pedir ajuda, acionando de imediato o SIEM:
2. Iniciar de imediato manobras de SBV;
3. Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto possível, mas apenas quando indicado.

Figura 9. Cadeia de Sobrevivência

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Elos e Princípios Subjacentes
Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são:
1. Acesso precoce ao SIEM – ligando 112;
2. Início Precoce de SBV
3. Desfibrilhação precoce
4. Suporte Avançado de Vida precoce

Estes elos devem ser seguidos pela sequência representada e todos eles são fundamentais para que
a reanimação cardiorrespiratória tenha sucesso.

Elo 1 – O Pronto Reconhecimento de situações que podem provocar uma PCR, tais como o enfarte agudo
do miocárdio, obstrução da via aérea e algumas situações de inconsciência, deve ser seguido do alerta,
referindo a situação de PCR, para que possa chegar junto da vítima uma equipa preparada.
Para o funcionamento adequado deste elo é fundamental que quem presencia uma determinada ocorrência
seja capaz de reconhecer a gravidade da mesma e saiba ativar o sistema, ligando adequadamente 112.
Elo 2 – O início precoce das técnicas de SBV, logo que determinada a situação de PCR, mantem a
circulação cardíaca e cerebral, permitindo um maior sucesso à chegada dos técnicos de emergência. Estas
manobras deverão ser mantidas até a chegada da equipa de emergência.
Elo 3 – A desfibrilhação cardíaca precoce, se aplicada nos primeiros 3 a 5 minutos após a PCR, aumenta
exponencialmente as hipóteses de sobrevivência da vítima. A desfibrilhação eficaz é determinante na
sobrevivência de uma PCR.
Elo 4 – O Suporte Avançado de Vida (SAV) eficaz aumenta as probabilidades de recuperação. O SAV
permite conseguir uma ventilação mais eficaz (através da entubação) e uma circulação também mais eficaz
(através da administração de fármacos). Idealmente, o SAV deverá ser iniciado ainda na fase pré-hospitalar
e continuado no hospital, permitindo a estabilização das vítimas recuperadas de PCR. Integram também
este elo os cuidados pós-reanimação, que têm o objetivo de preservar as funções do cérebro e coração.

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Riscos para o Reanimador
Riscos para o Reanimador e para a Vítima

As situações de socorro variam muito, mas há quatro passos que todos devem seguir! Estes passos
irão ajudar a avaliar a situação corretamente e a prestar os primeiros socorros apropriados.
Os quatro passos importantes são:
1. Garantir a segurança;
2. Examinar a vítima;
3. Dar o alerta;
4. Prestar os primeiros socorros.

✓ Garantir a segurança

A primeira tarefa é assegurar as condições de segurança. Não se deve fazer qualquer aproximação a vítima
sem primeiro verificar este ponto. Na presença de um cenário instável (por exemplo: transito, incendio,
inundação.), o reanimador pode tornar-se mais uma vítima. Só se deve aproximar do local de um acidente
se se puder fazer sem perigo. Se possível, deve-se garantir a segurança da vítima e de quaisquer outras
pessoas que se encontrem na vizinhança.
Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida, o reanimador deve
assegurar primeiro que não irá correr nenhum risco:
• Ambiental – choque elétrico, derrocadas, explosão, tráfego, etc. Toxicológico – exposição
a gás, fumo, tóxicos, etc.;
• Infecioso – tuberculose, hepatite, HIV, etc.

No caso de Acidente de Viação

Se pára numa estrada para socorrer alguém, vítima de um acidente de viação deve:
• Cumprir o código da estrada em todas as situações. Este dir-lhe-á o que deve fazer
legalmente quando se dá um acidente na via pública.
• Quando se aproximar do local de um acidente rodoviário reduza a velocidade, sem travar
bruscamente. Estacione o seu carro num local seguro (berma/beira da estrada) ou posicione
o seu carro para que este o proteja funcionando como escudo, isto é, antes do acidente no
sentido no qual este ocorreu;
• Coloque um colete refletor de segurança.
• Sinalizar o local com triângulo de sinalização à distância adequada;
• Ligar as luzes de presença ou emergência;
• Usar roupa clara para que possa mais facilmente ser visível;
• Desligar o motor para diminuir a probabilidade de incêndio.
• Lembre-se que um airbag que não foi ativado pelo embate num acidente pode ativar-se
inesperadamente.
• Se possível, tente estabilizar os veículos envolvidos ao puxar o travão de mão de cada um.
• Nunca tente atravessar uma autoestrada a pé.

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Incêndio numa Residência

• Tente avisar todas as pessoas em perigo, sem arriscar a sua própria segurança.
• Afaste-se do local do incêndio e mantenha-se a uma distância de segurança.
• Ajude outras pessoas fazendo tarefas sempre em segurança
• Se o edifício onde se encontra estiver em chamas, saia imediatamente.
• Nunca entre numa casa em chamas.

Acidentes Elétricos

• Presuma que todos os cabos elétricos e eletrodomésticos têm corrente elétrica ativa até se
provar que a eletricidade está desligada.
• Não toque numa vítima enquanto esta estiver em contacto com uma fonte de corrente
elétrica. Lembre-se que os líquidos e objetos em contacto com a vítima também conduzem
eletricidade.
• Desligue a corrente elétrica.
• Se tal não for possível, deve isolar-se do solo pisando material não condutor. Dessa forma
poderá então utilizar um objeto não condutor para afastar a fonte de energia da vítima.
• Se tal não for possível, espere pela chegada dos bombeiros ou outro pessoal especializado.

Produtos químicos ou matérias perigosas

No caso de detetar a presença desses produtos e/ou matéria é fundamental evitar o contacto com
essas substâncias sem medidas de proteção universais (ex. luvas, máscara) e não inalar vapores libertados
pelos mesmos.

Intoxicações

Nas situações em que a vítima sofre uma intoxicação podem existir riscos acrescidos para quem socorre,
nomeadamente no caso de intoxicação por fumos ou gases tóxicos (como os cianetos ou o ácido sulfúrico).
Para o socorro da vítima de intoxicação é importante identificar o produto bem como a sua forma de
apresentação (em pó, líquida ou gasosa) e contactar o CODU/CIAV para uma informação especializada,
nomeadamente sobre possíveis antídotos. Em caso de intoxicação por produtos gasosos é fundamental não
se expor aos vapores libertados, que nunca devem ser inalados. O local onde a vítima se encontra deverá
ser arejado ou, na impossibilidade de o conseguir, a vítima deverá ser retirada do local. Nas situações em
que o tóxico é corrosivo (ácidos ou bases fortes) ou em que pode ser absorvido pela pele, como os
organofosforados (ex. 605 Forte®), é mandatário, além de arejar o local, usar luvas e roupa de proteção
para evitar qualquer contato com o produto, bem como máscaras para evitar a inalação. Se houver
necessidade de ventilar a vítima com ar expirado deverá ser sempre usada máscara ou outro dispositivo
com válvula unidirecional, para não expor o reanimador ao ar expirado da vítima. Nunca efetuar ventilação
boca-a-boca.

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Transmissão de doenças

A possibilidade de transmissão de doenças durante as manobras de reanimação é real. Estão descritos alguns
casos de transmissão de infeções durante a realização de ventilação boca-a boca (nomeadamente casos de
tuberculose cutânea, meningite meningocócica, herpes simples e salmonelose). No entanto, nem um único
caso de Hepatite B ou vírus da imunodeficiência humana (VIH) foi registado/declarado como resultado da
realização de manobras de SBV.
O risco aumenta se houver contato de sangue infetado ou com uma superfície cutânea com soluções de
continuidade (feridas). Durante a reanimação tente evitar o contacto com sangue ou outros fluidos corporais
como: secreções respiratórias, secreções nasais, suor, lágrimas, vómito, outros. O dispositivo “barreira”
mais utilizado é a máscara facial (máscara de bolso e/ou insuflador manual).

✓ Examinar a vítima
Apresentar -se e explicar a vítima o que vai fazer dar-lhe-á mais confiança. Verificar o estado da vítima,
sobretudo se está consciente e se ventila normalmente. Situações em que o estado de consciência ou
ventilação estão diminuídos representam risco de vida. Outros exemplos de situações de perigo de vida são:
hemorragias abundantes, queimaduras, dores torácicas, ou Acidentes Vascular Cerebral. Nestes casos a
vítima necessita de ajuda imediata.

✓ Dar o alerta
Se é necessária ajuda, devemos alertar os Serviços de Emergência. O 112 é o número de telefone de
emergência utilizado.
Deve -se informar:
• O que aconteceu e quais os perigos existentes;
• O local da ocorrência e, sempre que possível, indicar pontos de referência;
• Número de vítimas e descrição detalhada do estado de cada uma.

✓ Prestar os Primeiros Socorros

Tentar prestar os Primeiros Socorros à vítima de uma forma calma e controlada.

Condições de Segurança e Medidas de Proteção Universais

As precauções universais, atualmente denominadas precauções básicas, são medidas de prevenção que
devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, na manipulação de sangue, secreções e excreções
e, contacto com mucosas e pele não-íntegra.
Essas medidas incluem a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), com a finalidade de
reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluídos corpóreos e, os cuidados específicos recomendados
para manipulação e descarte de materiais perfuro-cortantes, contaminados por material orgânico.
Têm por objetivo evitar a transmissão de infeções (conhecidas ou não) do paciente para o profissional de
saúde.
Existe um risco pequeno de infeção por picada com agulha contaminada, pelo que é necessário adotar
medidas cuidadosas no manuseio de objetos cortantes ou picantes os quais devem imediatamente ser
colocados em contentores apropriados.
Os equipamentos de proteção individual são; luvas, máscaras, gorros, óculos de proteção, aventais e botas.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 20 de 85
Manobras de Suporte Básico de Vida no Adulto
Conceito de Acordo com Algoritmo Vigente
O Suporte Básico de Vida (SBV) é um conjunto de procedimentos que tem como objetivo a recuperação
da vida de uma vítima de paragem cardiorrespiratória (PCR), até à chegada de ajuda especializada. Faz
parte da cadeia de sobrevivência e consiste em duas ações:
• Compressões torácicas (para fazer o sangue circular)
• Ventilações (para dar oxigénio aos pulmões)

O suporte básico de vida pode prevenir lesões dos órgãos vitais, como o cérebro e coração, aumentando a
probabilidade de sobrevivência com qualidade de vida.
A pandemia COVID-19 exigiu um ajuste nos procedimentos de suporte básico de vida com vista a
minimizar o risco de contágio. Neste contexto, não são realizadas ventilações.

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Procedimentos e Sequência

1. Avaliar as Condições de Segurança


Sendo a segurança a primeira condição na abordagem à vítima, a mesma deve ser garantida antes de
iniciar essa abordagem e ao longo de todo o processo: não deverá expor-se a si nem a terceiros a riscos
que possam comprometer a sua integridade física enquanto reanimador. Se não forem garantidas as
condições de segurança antes de se abordar uma vítima, poderá em casos extremos, ocorrer a morte da
vítima e do reanimador.
Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar a precisar de ajuda, o reanimador deve
minimizar a sua exposição a perigos, estando desperto e protegendo-se de fatores e riscos ambientais
(ex: choque elétrico, derrocadas), toxicológicos (ex: exposição a gás, fumos e tóxicos) e infeciosos (ex:
tuberculose, hepatite)

2. Avaliar o Estado de Consciência


Após garantir as condições de segurança do local onde se encontra a vítima, verificar se esta está consciente
abanando-lhe suavemente os ombros e chamando por ela.

No caso de a vítima responder:


✓ Deixá-la na posição em que se encontra,
✓ Identificar situações causadoras da aparente alteração do estado da vítima,
✓ Colocar a vítima em PLS (posição lateral de segurança) se não houver história de queda,
traumatismo vertebral, dor cervical ou da coluna. Em caso de dúvida a vítima deve ser mantida na
posição em que foi encontrada;
✓ Fazer o alerta – Ligando 112;
✓ Reavaliar a vítima frequentemente até à chegada dos técnicos de emergência.

No caso de a vítima não responder, considerar que está desmaiada (inconsciente):


✓ Avaliar se respira, permeabilizando a via aérea.

Figura 10. Abordagem à vítima

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3. Permeabilizar a Via Aérea (VA)
A permeabilização da via aérea e o restabelecimento da ventilação são objetivos essenciais em SBV, com
o propósito de evitar lesões por insuficiente oxigenação dos órgãos, em particular do cérebro.
Numa vítima inconsciente, ocorre o relaxamento dos músculos da garganta (orofaringe), incluindo a língua,
que poderão obstruir a Via Aérea, pelo que esta deve ser permeabilizada.

✓ Coloque a vítima em decúbito dorsal (deitada de costas);


✓ Coloque uma mão na região frontal (testa) e dois dedos da outra mão no mento (queixo);
✓ Faça a extensão da cabeça, inclinando-a para trás.
Esta técnica irá projetar a língua para a frente provocando uma completa abertura da VA.

Figura 12. Permeabilização da Via Aérea


Figura 11. Permeabilização da Via Aérea

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4. Avaliar a Ventilação (VOS)
Mantendo a Via Aérea permeável, verifique se a vítima respira normalmente, realizando o VOS (Ver, Ouvir
e Sentir) até 10 segundos:
✓ Ver os movimentos torácicos;
✓ Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz;
✓ Sentir o ar expirado na face do reanimador.

Figura 13. Técnica de VOS

✓ Se a vítima respira normalmente coloque-a em Posição Lateral de Segurança (PLS)

Figura 14. Posição Lateral de Segurança (PLS)

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5. Ligar 112
Se a vítima não responde e não respira normalmente ativar de imediato o serviço de emergência médica,
ligando 112:
• Deverá informar o local com exatidão e o tipo de situação (emergência médica). Posteriormente,
após transferência da chamada para o CODU, deverá complementar a informação já transmitida,
designadamente no que respeita à localização, com referência à freguesia/localidade e pontos de
referência, disponibilizando-se para responder a todas as questões solicitadas. Não desligue a
chamada até indicação do mesmo;
• Existindo mais que uma pessoa no local, um deles deve ligar 112, enquanto o outro inicia as
manobras de SBV;
• Se estiver sozinho, o desejável é que não abandone nem atrase o auxílio à vítima, podendo utilizar
o sistema de alta voz de um telemóvel para interagir com o 112 e com os técnicos do CODU,
enquanto executa o SBV.

6. Realizar Compressões Torácicas


São as compressões torácicas realizadas corretamente que irão manter o fluxo de sangue para os órgãos
vitais, pelo que a prioridade são as compressões torácicas.
Para que as compressões torácicas sejam corretamente realizadas, deve:
✓ Posicionar-se ao lado da vítima;
✓ Certificar-se que a vítima está deitada de costas, sobre uma superfície firme e plana;
✓ Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima;
✓ Posicionar-se verticalmente acima do tórax da vítima;

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✓ Colocar a base de uma mão no centro do tórax (sobre a metade inferior do esterno);
✓ Colocar a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos;

✓ Manter os braços e cotovelos esticados, com os ombros na direção das mãos;

✓ Aplicar pressão sobre o esterno, deprimindo-o 5 a 6 cm a cada compressão (as compressões


torácicas superficiais não produzem um fluxo sanguíneo adequado);

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✓ Aplicar 30 compressões de forma rítmica a uma frequência entre 100 a 120 por minuto (ajuda se
contar as compressões em voz alta);
✓ No final de cada compressão garantir a descompressão total do tórax sem remover as mãos;
✓ Não interromper as compressões a não ser para realizar insuflações.

7. Realizar Insuflações
Após 30 compressões, efetuar 2 insuflações.
✓ Posicione-se ao lado da vítima;
✓ Incline a cabeça da vítima para trás, elevando o queixo - Permeabilizar a VA
✓ Comprimir as narinas usando o dedo indicador e o polegar que colocou na testa;

✓ Com a outra mãe, manter o queixo elevado deixando que a boca de abra;
✓ Inspirar normalmente e colocar os lábios em torno da boca da vítima, certificando que não há fugas;
✓ Soprar a uma velocidade regular e controlada para a boca da vítima enquanto se observa a elevação
do tórax;
✓ Observar o tórax a baixar quando o ar sai;
✓ Inspirar normalmente e fazer a segunda insuflação;
✓ Reposicionar as mãos e continuar com mais 30 compressões torácicas.

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✓ Insuflações com Máscara de Bolso (Pocket Mask)
• A Pocket Mask deve ser transparente para permitir visualizar o vómito ou sangue, expelido
durante as manobras de SBV;
• Tem uma válvula que impede o contacto do ar expirado da vítima com o reanimador.

Figura 15. Pocket Mask

Como colocar devidamente a máscara?


Aplicar 2 insuflações, mantendo a VA permeável:
o Colocar a máscara sobre o nariz e boca da vítima (a parte mais estreita da máscara deverá
ficar sobre o dorso do nariz e a parte mais larga da máscara deverá ficar sobre a boca);
o Colocar o polegar e o indicador na parte mais estreita da máscara;
o Colocar o polegar da outra mão na parte mais larga da máscara e usar os outros dedos para
elevar o queixo da vítima, criando uma selagem hermética;
o Soprar suavemente pela válvula unidirecional durante cerca de 1 segundo (por cada
insuflação), por forma a que o tórax da vítima se eleve;
o Retirar a boca da válvula da máscara após insuflar.

Se a insuflação inicial não fizer o tórax expandir, verificar:


• Se há algum corpo estranho na boca, retirando-o apenas se ele estiver visível, caso contrário
não executar uma pesquisa as cegas. Deve ser reiniciado de imediato as insuflações;
• Se a posição da cabeça está correta, isto é, suficientemente inclinada para trás e com o queixo
devidamente elevado.

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8. Manter SBV
Nunca interromper a reanimação. Continuar com as manobras até:
• Chegar alguém mais qualificado que tome conta da situação;
• A vítima recuperar sinais de vida (choro, tosse, respiração, abertura ou movimento dos
olhos);
• O reanimador ficar exausto.

Manobras de Suporte Básico de Vida Pediátrico

A definição da idade é crucial em pediatria.


Para todos os efeitos considera-se:
• Recém-nascido: do nascimento aos 28 dias;
• Lactente: dos 29 dias até um ano de idade;
• Criança: entre um e 18 anos de idade.

O algoritmo de SBV pediátrico aplica-se a todas as crianças, com exceção do recém-nascido (RN)
imediatamente após o nascimento.
Independentemente da idade, cabe ao reanimador durante a sua avaliação determinar se a vítima aparenta
ser criança ou adulto e assim usar as recomendações pediátricas ou do adulto durante as manobras de
Suporte Básico de Vida.
No essencial, os princípios gerais são os mesmos do adulto, existindo, no entanto, algumas diferenças que
importa realçar. Numa perspetiva prática, as recomendações para o adulto podem ser utilizadas para
qualquer jovem que aparenta ter estrutura de adulto.

Como em qualquer outra situação, começar por:


1. Assegurar as condições de segurança para o reanimador, para a vítima e para terceiros,
antes de abordar a criança.
2. Avaliar a reatividade da criança
• Aproximar-se da criança colocando-se lateralmente e avaliar se esta responde,
perguntando em voz alta “Estás bem, sentes-te bem?“, enquanto estimula batendo
suavemente nos ombros.

• Se a criança responder, mexendo-se, falando ou


chorando, avaliar a situação em causa e potenciais
riscos e, se necessário, deixá-la na posição em que
está, ou na que ela pretender adotar e ligar 112,
reavaliando- a frequentemente.
• Se a criança não responder deve prosseguir com a
avaliação (se existirem dois reanimadores, o outro
liga 112).

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3. Permeabilizar a Via Aérea

4. Avaliar a Ventilação
• Avaliar se a criança respira normalmente. Para isso deve “Ver, Ouvir e Sentir”
(VOS), durante 10 segundos.

5. Realizar 5 insuflações iniciais

Se a criança não respira normalmente manter a permeabilização da via aérea e realizar 5 insuflações
iniciais.
Cada insuflação deve ser feita durante 1 segundo, com um volume de ar suficiente para causar uma
expansão torácica visível. Após cada insuflação, manter a via aérea permeável para permitir a expiração e
repetir o procedimento.
Se houver dificuldade em conseguir as insuflações:
• Considerar obstrução da via aérea (remover obstrução só se visível);
• Reposicionar da cabeça;
• Se incapaz de ventilar, continuar com compressões torácicas.

6. Realizar 15 compressões torácicas


Após as 5 insuflações iniciais, na ausência de sinais de vida, iniciar as 15 compressões torácicas.
As compressões torácicas nas crianças, devem ser efetuadas sobre a metade inferior do esterno, com uma
frequência de 100 a 120 por minuto e uma profundidade de 1/3 do diâmetro ântero-posterior do tórax (não
ultrapassando os 6 cm nas crianças maiores/ adolescentes).

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Compressões torácicas nas crianças
Nas crianças, o reanimador deve posicionar-se ao lado da criança colocando a base de uma mão na metade
inferior do esterno, mantendo o braço esticado, sem fletir o cotovelo, de forma a manter o ombro
perpendicular ao ponto de apoio da mão. Poderá apoiar o outro braço na cabeça da criança, mantendo o seu
posicionamento.
Em virtude do tamanho da criança poderá usar-se a técnica de uma mão ou a técnica a duas mãos. No caso
de usar a técnica a uma mão a outra mão pode manter a via aérea permeável.

7. Realizar 2 Insuflações

Figura 16. ALgoritmo SBV Pediátrico

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Insuflações e Compressões Torácicas- Problemas Associados

Compressões Torácicas
São as compressões torácicas que mantem o fluxo de sangue para o coração e restantes órgãos vitais.
É preciso aplicar a compressão sobre o esterno, deprimindo o mesmo 5-6cm a cada compressão, uma vez
que as compressões superficiais podem não produzir fluxo sanguíneo adequado.
No final de cada compressão, devemos garantir a re-expansão total do tórax, aliviando toda a pressão sem
remover as mãos do tórax. Só assim, com o retorno completo da parede torácica, é que o coração vai encher
novamente com mais sangue para depois bombear pela compressão torácica seguinte.
A evidência científica demonstra que aplicar compressões de forma rítmica a uma frequência de pelo menos
100 por minuto, mas não mais de 120, produzi um fluxo sanguíneo adequado e melhorando assim a taxa de
sobrevivência.
É extremamente importante nunca interromper as compressões mais do que 5 segundos já que, sem a
compressão torácica, o sangue não circula.
As compressões torácicas, mesmo quando corretamente executadas, conseguem gerar apenas
aproximadamente 25% do debito cardíaco normal. Efetuá-las obliquamente em relação ao tórax pode fazer
rolar a vítima e diminui a sua eficácia.
AS compressões torácicas podem causar fratura de articulações condrocostais (articulação das costelas com
o esterno), lesão de órgãos internos, rotura do pulmão, do coração ou do fígado. Este risco é minimizado,
mas não totalmente abolido, pela correta execução das compressões.
A preocupação com as potenciais complicações do SBV não devem impedir o reanimador de iniciar
prontamente as manobras de SBV dado que, no caso de uma vítima em PCR, a alternativa ao SBV é a
morte.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 32 de 85
Ventilações

Com suspeita de trauma


Se tiver ocorrido trauma ou na sua suspeita, devem ser tomadas medidas para a proteção da coluna da vítima
e não deve ser realizada a extensão da cabeça.
Como alternativa, deverá ser realizada a protusão (subluxação) da mandíbula (requer um reanimador à
cabeça para estabilização/ controlo da coluna cervical e manutenção da VA).

Figura 17. Protusão da Mandíbula com Estabilização Cervical

Para efetuar a protusão da mandíbula:


✓ Identificar o angulo da mandibula com o dedo indicador;
✓ Com os restantes dedos colocados atras do angula da mandibula, aplicar uma pressão mantida para
cima e para a frente de modo a levantar o maxilar inferior;
✓ Usando os polegares, abrir ligeiramente a boca através da deslocação do mento para baixo

Figura 18. Protusão da Mandíbula

A insuflação deve ter a duração de 1 segundo, pois esta duração maximiza a quantidade de O2 que chega
aos pulmões, com menor probabilidade de distensão gástrica (acumulação de ar no estômago).
O principal problema que pode ocorrer com a ventilação é a insuflação de ar para o estômago, que pode
provocar a saída do conteúdo do mesmo para a via aérea, provocando a elevação do diafragma que restringe
os movimentos respiratórios tornando a ventilação menos eficaz.
Fazer insuflações com grande quantidade de dar, com grande velocidade e num curto período facilita a
ocorrência de insuflação gástrica. Se detetada, não deve tentar ser resolvido comprimindo o estomago, dado
que apenas irá causar regurgitação do conteúdo do mesmo.
No caso de vítimas desconhecidas e na ausência de algum mecanismo de barreira para efetuar as insuflações
(ex: pocket mask), não deverá efetuar ventilação “boca-a-boca”. Neste caso é preferível efetuar apenas
compressões torácicas.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 33 de 85
Posição Lateral de Segurança
Como e quando utilizar

A posição lateral de segurança (PLS) é a posição indicada para as vítimas inconscientes ou prostradas em
que exista ventilação espontânea.
A PLS garante a manutenção da permeabilidade da via aérea numa vítima inconsciente que respira
normalmente:
• Diminuindo o risco de aspiração de vómito;
• Prevenindo que o relaxamento dos músculos da garganta ou a língua possam obstruir a VA;
• Permitindo a drenagem de fluidos pela boca;
• Permitindo a visualização do tórax.
É necessário recordar que esta posição somente se aplica em vítimas em que não há suspeita de
traumatismos e em que não existam outros cuidados prioritário a aplicar.
A PLS não deve ser aplicada quando a vítima:

• Não respira;
• Tem uma lesão na cabeça, pescoço ou coluna;
• Tem um ferimento grave.

Técnica de Colocação da Vítima em PLS

Ajoelhar-se ao lado da vítima:

• Remover objetos estranhos ao corpo da vítima, os quais ao posicioná-la podem


eventualmente causar lesões (ex.: óculos, canetas);
• Assegurar-se que as pernas da vítima estão estendidas;

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 34 de 85
• Coloque o braço da vítima mais próximo (do seu lado) em ângulo reto (90°) com o corpo, com o
cotovelo dobrado e a palma da mão virada para cima;

• Segurar a mão mais afastada e trazê-la para junto da hemiface do seu lado, de forma que o dorso da
mão proteja a cara da vítima;

• Com a outra mão levantar a perna do lado oposto acima do joelho, dobrando-a;
• Rolar a vítima. Enquanto uma mão apoia a cabeça, a outra puxa a perna do lado oposto rolando a
vítima para o seu lado;

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 35 de 85
• Estabilizar a perna de forma que a anca e o joelho formem ângulos retos;
• Colocar uma mão na região frontal (testa), dois dedos no mento (queixo) e fazer a extensão
da cabeça, inclinando a cabeça para trás, assegurando assim a permeabilização da VA;
• Reavaliar regularmente a respiração (na dúvida desfazer a PLS, permeabilizar a VA e efetuar
VOS até 10 segundos).

Atenção!
Está contraindicada a PLS no trauma ou na sua suspeita. Havendo suspeita de trauma da coluna em vítima
que respire, a mesma não deve ser mobilizada até à chegada das equipas de emergência.
A mobilização da vítima que respira só deve acontecer se for imprescindível e nas seguintes situações:
• Não for possível manter VA permeável;
• Se o local não for seguro.

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Obstrução da Via Aérea (OVA) no Adulto

A obstrução da via aérea (OVA) por corpo estranho apresenta-se como uma causa de PCR acidental
potencialmente reversível. Normalmente associada à alimentação e comumente presenciada em crianças e
idosos, as vítimas apresentam-se inicialmente conscientes e reativas, pelo que as oportunidades de
intervenção precoce podem de forma mais fácil resolver a situação.
Quanto mais cedo for reconhecida a obstrução da via aérea, mais precocemente se aplicam manobras
promovendo a sua eficácia.

O risco de OVA é mais elevado em vítimas que apresentem algumas das seguintes situações: redução do
nível de consciência, intoxicação por álcool e/ou drogas, alterações neurológicas com dificuldade de
deglutição e diminuição do reflexo da tosse, alterações mentais, demência e dentição inexistente.
É importante não confundir a situação de OVA com situações como a lipotimia (sensação de desmaio),
enfarte ou outras situações que causem dificuldade respiratória, cianose ou inconsciência. É importante
perguntar à vítima consciente se está engasgada.

Situações de Obstrução Parcial e Total

Classificação da OVA quanto à gravidade

• Ligeira/ Parcial
▪ Vítima reativa, capaz de falar, tossir e respirar;
▪ Eventual ruído respiratório na inspiração;
▪ Mantém reflexo da tosse eficaz.

• Grave/ Total
▪ Vítima incapaz de falar;
▪ Tosse fraca/ineficaz ou ausente;
▪ Respiração em “esforço” com ruído agudo alto à inspiração ou ausência total de
ruído;
▪ Incapacidade de movimentar o ar;
▪ Cianose (coloração azulada da pele, especialmente da face e nas extremidades,
devida a deficiente oxigenação do sangue);
▪ Vítima com as mãos no pescoço (sinal universal de asfixia).

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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As Pancadas Interescapulares

1. Colocar-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima, com uma das pernas encostada de
modo a ter apoio;
2. Passar o braço por baixo da axila da vítima e suportá-la a nível do tórax com uma mão,
mantendo-a inclinada para a frente, numa posição tal que se algum objeto for deslocado com as
pancadas possa sair livremente pela boca;
3. Aplicar até 5 pancadas com a base da outra mão na parte superior das costas, na região
interescapular, isto é, entre as omoplatas;
4. Cada pancada deverá ser efetuada com a força adequada tendo como objetivo resolver a
obstrução;
5. Após cada pancada verificar de forma rápida se a obstrução foi ou não resolvida;
6. Aplicar até 5 pancadas no total.

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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As Compressões Abdominais – Manobras de Heimlich
As compressões abdominais devem ser aplicadas caso as pancadas interescapulares não tenham sido
eficazes, alternando estas duas manobras até resolução da obstrução ou a vítima ficar inconsciente. Podem
ser aplicadas com a vítima de pé ou sentada.

1. Ficar por detrás da vítima e circundar o abdómen da mesma com os seus braços;
2. Inclinar a vítima para a frente;
3. Fechar o punho de uma das mãos e posicioná-lo acima da cicatriz umbilical, com o polegar
voltado contra o abdómen da vítima;
4. Sobrepor a 2.ª mão à já aplicada;
5. Aplicar uma compressão rápida para dentro e para cima;
6. Aplicar cada nova compressão (até 5) como um movimento separado e distinto;
7. Após cada compressão abdominal verificar se a obstrução foi ou não resolvida.

Atenção!
Em obesas e grávidas e bebés substituir as compressões abdominais por compressões torácicas.

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Vítima Inconsciente por OVA grave
No caso de a vítima ficar inconsciente as compressões torácicas devem ser iniciadas logo que possível. A
realização de compressões torácicas resulta no aumento da pressão da via aérea, tal como as compressões
abdominais, traduzindo-se numa forma eficaz de promover a desobstrução da via aérea.
Assim sendo:
• Suportar/amparar a vítima colocando-a no chão em decúbito dorsal sobre uma superfície
rígida;
• Ligar de imediato 112, ou garantir que alguém o faz;
• Iniciar compressões torácicas e insuflações (após 30 compressões, tentar 2 insuflações
eficazes);
• Após as 30 compressões e antes das insuflações se o objeto for visível e acessível com os
dedos, deve ser removido.
• Manter as compressões e insuflações até a vítima recuperar e respirar normalmente ou até
chegarem os meios de emergência.

Alerta-se para o facto de, apesar do sucesso das manobras, o corpo estranho responsável pela obstrução
pode ficar alojado nas vias aéreas e causar complicações mais tarde. Como tal, vítimas com tosse
persistente, dificuldade em engolir ou com sensação de corpo estranho ainda presente nas vias aéreas devem
ser submetidas a observação médica.
As compressões abdominais e torácicas, quando aplicadas, apesar da eventual eficácia das mesmas, poderão
causar lesões internas. Assim sendo, as vítimas submetidas a estas manobras, devem igualmente ser sujeitas
a observação médica.

Obstrução da Via Aérea (OVA) no Lactente

Figura 19. Algoritmo de OVA no lactente

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Atuação no lactente – Pancadas Interescapulares
✓ Segurar o lactente em decúbito ventral com a cabeça mais baixa que o tronco, para que a gravidade
ajude na remoção do corpo estranho, suportando a cabeça com uma mão e apoiando o tórax no
antebraço e/ou na coxa (neste último caso deve estar sentado);

o Para apoiar a cabeça deve colocar o polegar num dos ângulos da mandíbula, e um ou dois
dedos no mesmo ponto do outro lado da mandíbula. Deve ter se cuidado para não pressionar
os tecidos moles debaixo da mandíbula para não aumentar a obstrução da VA.

✓ Aplicar até 5 pancadas, secas, nas costas, entre as duas omoplatas, com a base da mão, usando uma
força adequada ao tamanho da criança.

O objetivo não é necessariamente efetuar obrigatoriamente as 5 pancadas, mas sim que alguma delas
consiga remover o corpo estranho.
Após as pancadas interescapulares, se não conseguir deslocar o objeto e/ou remover o corpo estranho,
se o lactente continua consciente, passar à aplicação de compressões torácicas.

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Atuação no lactente – Compressões torácicas
✓ Segurar a cabeça do latente no occipital com a mão que está livre e rodá-lo em bloco, para que este
fique em decúbito dorsal sobre o antebraço;
✓ Manter a cabeça a um nível inferior ao do resto do corpo;
✓ Fazer compressões torácicas, colocando a ponta dos dois dedos sobre a metade inferior do esterno
do lactente e comprimir o tórax na vertical de forma a causar uma depressão de cerca de 1/3 da sua
altura (4cm).
Devem ser efetuadas compressões secas e lentas com o objetivo de deslocar o corpo estranho.
Fazer até 5 compressões, se necessário, para tentar desobstruir a VA.

Figura 20. Pancadas Interescapulares

Figura 21. Colocação do


lactente em decúbito dorsal

Figura 22. Compressões Torácicas

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Emergências Médicas mais frequentes

O conceito de emergência tem como requisito o risco iminente à vida, após uma situação de doença ou
acidente e que exige um tratamento médico imediato.
É uma situação ou problema que põe em causa a sobrevivência do indivíduo a curto prazo, seja por doença
súbita ou trauma, ou que lhe pode gerar incapacidade permanente grave e que necessita de ser abordado
num intervalo curto de tempo, geralmente em poucos minutos.
De entre as várias emergências destacam- se as seguintes: dor torácica de origem cardíaca ou não cardíaca;
dispneia; reação alérgica; Acidente Vascular Cerebral; Convulsões; Dor abdominal; Alterações de glicemia
e diabetes e situações de intoxicação.
Devemos, portanto, conhecer e saber reconhecer os sinais e sintomas de cada uma das situações para, desta
forma, saber atuar da melhor maneira.
É importante saber que sinais e sintomas apresentam significados bastante diferentes entre si.
Sintoma é aquilo que a vítima diz ter, como por exemplo: " uma dor de cabeça”, “uma tontura”, “vontade
de vomitar".
Sinal é aquilo que conseguimos observar na vítima, por exemplo: a coloração da pele ou uma hemorragia
ativa.

Tabela 1. Valores de Referência

Ventilação Circulação
Bradipneia Bradicardia
Inferior a 12 ciclos/minuto Inferior a 60 bat./minuto

Normal Normal
12 a 20 ciclos/minuto 60 a 100 bat./minuto

Polipneia Taquicardia
Superior a 20 ciclos/minuto Superior a 100 bat./minuto

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Dor Torácica
Na abordagem sistematizada do doente com dor torácica há um conjunto de informações que é fundamental
recolher e que ajudarão a determinar a probabilidade de uma situação face a outra.
Assim, são aspetos a investigar:
• Natureza da dor (ex. opressiva, em facada, picada),
• Localização (ex. retroesternal, torácica lateral),
• Existência de irradiação (ex. para os membros superiores, para a mandíbula, para o dorso),
• Fatores desencadeantes (ex. esforço, movimento brusco, ingestão alimentar ou de bebida),
• Fatores de alívio (ex. posição antálgica, eructação),
• Presença de fatores acompanhantes (ex. dispneia, náuseas ou vómitos, sudorese, lipotimia
ou síncope, azia ou pirose).

Na vítima com dor torácica, os antecedentes clínicos são outro aspeto particularmente relevante na medida
em que ajudam a estimar a probabilidade de uma determinada causa para a sintomatologia apresentada.
Além da caracterização da dor, é fundamental para a orientação clínica conhecer a hora exata de início do
sintoma na intensidade com que se apresenta.
Uma dor de origem cardíaca representa uma situação em que o miocárdio não está a receber a quantidade
de oxigénio suficiente para as suas necessidades do momento. Normalmente esta situação está associada,
por um lado, ao aumento da necessidade de oxigénio (ex. um esforço, uma emoção), por outro, à diminuição
do aporte de sangue ao miocárdio.
A arteriosclerose (acumulação de placas de gordura e/ou outras substâncias) é a principal responsável pelo
fornecimento deficiente de oxigénio, uma vez que a diminuir o diâmetro das artérias coronárias, reduzindo
a elasticidade das mesmas, provoca uma situação que facilita a sua obstrução e consequentemente a
interrupção do fluxo sanguíneo.
As situações mais comuns de alterações cárdio- vasculares são: a angina de peito e o enfarte agudo do
miocárdio (EAM).

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Angina de Peito
A angina de peito ocorre quando as necessidades do miocárdio em oxigénio não conseguem ser supridas
pela perfusão sanguínea fornecida pelas artérias coronárias.
A obstrução parcial diminui a perfusão do miocárdio e causa isquemia dos tecidos perfundidos,
particularmente em todas as situações que aumentem o consumo de oxigénio, por haver aceleração do ritmo
cardíaco. A forma mais frequente de manifestação desta situação é o desconforto torácico, com maior
incidência na região precordial.
Como razão da precipitação da crise de angina afiguram-se diversas situações que exigem um maior aporte
de sangue oxigenado ao coração e restantes tecidos, tais como o esforço, a tensão emocional ou ainda
durante a digestão de refeições muito abundantes. Normalmente, estes doentes estão medicados com
vasodilatadores sublinguais que, perante o início da crise, são administrados e, em conjunto com o repouso,
aliviam a situação.

Sinais e Sintomas

Dor no peito, de localização retroesternal (ou precordial), descrita como uma sensação de aperto, peso,
opressão ou facada. Esta dor mantém-se constante, ou seja, não altera de intensidade com a
inspiração/expiração, ou com a posição adotada pela vítima.
Pode irradiar para o ombro, braço e mão (sobretudo a esquerda), pescoço e mandíbula, dorso e região
abdominal superior, pode ainda ser acompanhada de adormecimento na extremidade do membro superior
afetado. Normalmente tem origem após um esforço físico ou uma emoção, mas pode também dever-se ao
contacto com frio intenso, ou surgir na sequência de uma refeição pesada.
Como esta dor surge após um aumento súbito da necessidade de oxigénio por parte do coração, se o fator
desencadeante for interrompido a dor alivia. Isto faz com que normalmente esta dor seja de curta duração
e não ultrapasse os dois a três minutos. Para pôr cobro a esta situação, os doentes com angina, e porque
nunca sabem quando vão ter o próximo episódio de dor, estão habitualmente medicados com nitroglicerina.
A nitroglicerina provoca uma dilatação do diâmetro das coronárias facilitando a passagem do sangue nas
mesmas. Este medicamento apresenta-se normalmente sob a forma de comprimidos que se colocam debaixo
da língua quando a dor se inicia, provocando na maioria dos casos, um alívio quase imediato.

Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM)


O EAM resulta de uma obstrução brusca e total de uma artéria coronária ou das suas ramificações, privando
a circulação a determinada zona do músculo cardíaco e ocasionando morte celular- necrose. Esta situação
não está diretamente relacionada com o esforço ou emoção podendo mesmo surgir quando a vítima está em
repouso (durante o sono, por exemplo). Por vezes é difícil distinguir, apenas pela sintomatologia, ambas as
situações. No entanto, embora os sinais e sintomas que as vítimas apresentam sejam por vezes muito
semelhantes, na angina de peito o quadro clínico é geralmente menis exuberante e mais autolimitado na
localização e duração.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 45 de 85
Sinais e Sintomas

Dor no peito, de localização retroesternal (ou precordial), descrita como uma sensação de aperto, peso,
opressão ou facada. A dor mantém-se constante, ou seja, não altera de intensidade com a
inspiração/expiração, ou com a posição adotada pela vítima. A dor pode irradiar para o ombro, braço e mão
(mais frequente à esquerda), pescoço e mandíbula, dorso e região abdominal. Esta dor pode ainda ser
acompanhada de adormecimento na extremidade do membro superior afetado. Tem início inesperado e
inespecífico. Enquanto a dor da Angina tem fator desencadeante, a dor do Enfarte pode não ter fator
desencadeante surgindo por vezes durante o sono. Raramente alivia com a suspensão do fator
desencadeante.
A sua duração é mais prolongada que a dor da Angina.
A dor do EAM raramente alivia com a administração de nitroglicerina. Sendo a dor o principal sintoma, o
EAM pode, no entanto, vir acompanhado de outros sinais e sintomas:
• Dificuldade respiratória, pode ser isolada, preceder ou acompanhar o desconforto. Pode
mesmo chegar ao Edema Agudo do Pulmão, uma vez que perante uma lesão do coração em que
este fique incapacitado do seu efeito de bomba, vai haver uma acumulação de líquidos a
montante deste, provocando um preenchimento dos alvéolos pulmonares por fluidos;
• Medo, apreensão - A sensação de morte iminente origina uma grande ansiedade na vítima.
Em geral, a sua expressão facial reflete este facto;
• Sudorese, náuseas e vómitos;
• Palidez e sudorese não atribuíveis a hipotensão e/ ou hipoglicemia;
• Desconforto retroesternal: opressão, peso, ardor, pressão ou dor retroesternal, habitualmente
com mais de 30 minutos de duração;
• Desconforto em um ou ambos os braços, no pescoço, na mandíbula, no dorso (entre as
omoplatas) ou epigastro.

Há que ter em atenção, o facto da vítima numa situação de enfarte do miocárdio, poder apresentar todo este
conjunto de sinais e sintomas ou apenas alguns deles.
São várias as possíveis complicações de um EAM, na abordagem pré-hospitalar é necessário ter particular
atenção a uma das complicações mais grave: Arritmias cardíacas. Estas arritmias evoluem frequentemente
para situações de paragem cardiorrespiratória, onde o uso do DAE, utilizado em tempo útil, salva vidas.

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Atuação em situação de dor torácica de origem cardíaca
• Fazer a abordagem à vítima segundo a metodologia ABCDE:
A - Permeabilizar a via aérea
B - Ventilação e Oxigenação
C - Assegurar a circulação com controlo da hemorragia
D - Disfunção neurológica
E - Exposição com controlo da temperatura.
• Manter um ambiente calmo para a vítima;
• Evitar que a vítima faça qualquer esforço (ex. não andar);
• Posicionar a vítima na posição mais confortável (a maioria destes doentes sentir-se-á mais
confortável na posição de sentado);
• Dar especial atenção à recolha do máximo de informação (CHAMU);
Circunstâncias do acidente
Historial clínico
Alergias
Medicação
Última Refeição
• Avaliar e caracterizar a dor: localização, Irradiação, hora de início, fator desencadeante, que
medicação já tomou?
• Manter a temperatura corporal;
• Não dar nada a beber/comer;
• Verificar e registar os sinais vitais (Frequência Respiratória, Pressão Arterial e Frequência
Cardíaca);
• Vigilância dos Sinais Vitais (risco de PCR);
• Ligar 112.

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Problemas Respiratórios

A dispneia é a sensação de respiração difícil ou desconfortável, geralmente associada a situações que


exigem um trabalho respiratório excessivo.
Outros conceitos a ter em conta são os seguintes:
• Bradipneia e taquipneia: correspondem a uma frequência respiratória inferior ou superior,
respetivamente, ao normal para a idade do doente/ vítima;
• Ortopneia é a dispneia que surge na posição de deitado;
• Insuficiência respiratória: incapacidade de entregar aos tecidos oxigénio em quantidade
adequada e remover destes o dióxido de carbono em excesso.

As causas de dispneia são múltiplas, mas as principais são a asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva
Crónica).
Na abordagem sistemática do doente com dispneia é fundamental encontrar sinais que possam fazer
suspeitar da existência de insuficiência respiratória ou do risco da sua rápida instalação.
Importa também procurar indícios que apontem, mesmo que não permitam confirmar, uma potencial causa
para a dispneia. Assim é fundamental realizar a inspeção do doente caracterizando a frequência respiratória,
a amplitude dos movimentos torácicos e eventuais assimetrias, bem como a presença de cianose ou de
outros sinais de dificuldade respiratória. A palpação pode dar indicação sobre a existência de um desvio
traqueal (eventualmente provocado pelo colapso de um pulmão) bem como ajudar a avaliar a amplitude
dos movimentos torácicos.
Na avaliação do doente adulto com dispneia são fatores de gravidade clínica:
• FR > 25 /min;
• Taquicardia > 110 /min;
• Utilização de músculos acessórios, traduzida nomeadamente por tiragem;
• Cianose;
• Incapacidade do doente em articular frases ou sequer palavras;

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Asma
A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas associada a hiper-reactividade, que condiciona
episódios recorrentes de pieira, dispneia e tosse, com obstrução mais ou menos generalizada à passagem do
ar nas pequenas vias aéreas, habitualmente reversíveis espontaneamente ou com tratamento. Esta patologia
afeta, estima-se, 300 milhões de pessoas em todo o mundo.
Entre os fatores que condicionam o seu desenvolvimento contam-se além dos genéticos, a exposição a
alérgenos domésticos (ex. pelos de animais, ácaros), do exterior (ex. pólen, poluição atmosférica), a
determinadas infeções, ao tabaco, entre outros.
O principal sintoma da asma é a dispneia (dificuldade ventilatória) que ocorre principalmente na fase
expiratória. É nesta fase que o som sibilante característico da asma é mais audível (pieira). Os brônquios
são as estruturas mais afetadas durante este processo uma vez que são de pequeno calibre.
Assim, quando sujeitos a um estímulo (alérgico ou infecioso) reagem contraindo a sua estrutura muscular,
o que provoca uma diminuição do seu lúmen interno com a consequente dificuldade à passagem do ar. As
contrações musculares mantêm-se enquanto não for suprimida a ação desencadeadora.
A contração muscular e a diminuição do diâmetro dos brônquios, alteram o volume de ar que normalmente
deveria entrar e sair dos pulmões, resultando na alteração da função ventilatória. A ventilação torna-se
ruidosa - em especial durante a fase expiratória, durante a qual o asmático sente maior dificuldade e tem
que exercer um maior esforço para expulsar o ar dos pulmões para o exterior.
A Asma constitui uma verdadeira emergência médica, uma vez que há comprometimento da oxigenação
dos órgãos nobres: pulmões, coração, cérebro.

Sinais e Sintomas
• Dispneia (dificuldade em respirar);
• Aumento da frequência ventilatória;
• Pieira (expiração sibilante, ruidosa);
• Cianose;
• Ansiedade;
• Ingurgitamento jugular (veias do pescoço distendidas);
• Tosse;
• Incapacidade do indivíduo para completar frases/ palavras sem interrupção.

Atuação em situação de Asma


• Fazer a abordagem à vítima segundo a metodologia ABCDE.
• Procurar retirar o doente do ambiente onde poderá estar a origem das crises (ex. tintas,
vernizes, gasolinas, pós, flores);
• Proporcionar à vítima uma posição cómoda e confortável de modo a facilitar-lhe a ventilação
(a posição de sentado ou semi-sentado facilita a ventilação, por proporcionar uma maior
expansão e utilização dos músculos respiratórios);
• Minimizar esforços;
• Verificar e registar os sinais vitais - ter especial atenção às características da respiração;
• Prosseguir com o Exame da Vítima, dando especial atenção à recolha do máximo de
informação (CHAMU);
• Ligar 112.

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Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)
A DPOC é uma situação em que existe uma obstrução permanente à passagem de ar ao nível dos brônquios,
devido a inflamação permanente destes. Consequentemente ocorre diminuição do seu lúmen, o que provoca
uma dificuldade persistente e mantida à entrada e saída de ar.
Esta dificuldade em respirar só adquire características de uma emergência médica quando existe uma
agudização da situação, ou seja, quando a obstrução se agrava. O tabagismo, a poluição, certas doenças
profissionais (como a silicose) e as doenças bronco pulmonares da infância são as principais causas de
DPOC.

Sinais e Sintomas
• Dispneia;
• Cianose acentuada;
• Tosse persistente;
• Expetoração;
• Agitação e ansiedade;
• Alterações de consciência;
• Nos casos mais graves pode surgir respiração ruidosa provocada pela acumulação de
expetoração

Atuação em situação de DPOC


Os cuidados de emergência para a DPOC agudizada, são fundamentalmente iguais aos descritos para a
asma.

Acidente Vascular Cerebral – AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) constitui a primeira causa de morte em Portugal, sendo responsável
por mais de 10.000 mortes por ano; um número bem superior fica com sequelas importantes. Por outro
lado, vários estudos demonstram que o acesso precoce a novos tratamentos, disponíveis em centros de
referência, pode ser altamente benéfico e eliminar ou reduzir as sequelas causadas por um AVC. Assim, é
fundamental suspeitar precocemente da ocorrência de um AVC e transportar, sem demora, o doente a um
centro especializado, através da sua inclusão na Via Verde do AVC.

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma situação de início brusco ou progressivo e corresponde ao
aparecimento de sintomas neurológicos causados pela interrupção de circulação sanguínea no cérebro, com
o consequente défice de oxigenação das células cerebrais. No decurso de um AVC o indivíduo fica privado,
temporariamente ou definitivamente de muitas das suas capacidades, já que: as células nervosas não se
regeneram; todas as células necessitam de oxigénio para sobreviver e executar a sua função; o cérebro é o
órgão que controla os movimentos, a memória, o equilíbrio interno do organismo, as funções vitais, a fala,
entre muitas outras tarefas.
Por vezes, em ambiente pré-hospitalar, a identificação da ocorrência de um AVC pode ser difícil. O próprio
doente, por ter sofrido uma alteração do seu funcionamento cerebral, pode não notar o aparecimento de um
défice e, por vezes, mesmo os seus familiares e amigos não se apercebem da gravidade da situação,
atribuindo as alterações a outras causas.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 50 de 85
Basicamente existem dois tipos de Acidentes Vasculares:
• Isquémico: aquele que é produzido pela oclusão de um vaso sanguíneo provocando um
défice de oxigenação cerebral a jusante da obstrução. Esta obstrução
pode ser provocada por um trombo (obstáculo que se forma no local)
ou por um êmbolo (quando o obstáculo se desloca na corrente
sanguínea até encravar num vaso de pequeno calibre);

• Hemorrágico: aquele que é produzido pelo rompimento de um vaso sanguíneo cerebral, do qual
resultam duas situações em simultâneo, por um lado o sangue não passa porque o vaso sanguíneo
não está íntegro, por outro lado o sangue derramado provoca edema e uma irritação local
inflamatória com consequente sofrimento das células nervosas.

O AVC apresenta quase sempre, sintomas neurológicos refletindo-se principalmente a nível motor e
sensitivo, com o aparecimento de paralisias e parestesias (formigueiros), numa só metade do corpo. Quando
esta situação se instala, é acompanhada de alterações da consciência que podem ir desde uma desorientação
transitória até à instalação do coma, mais ou menos profundo.
Sinais e Sintomas

Para facilitar a identificação da situação deve-se recorrer a uma avaliação sumária de 3 funções (Escala de
Cincinnati):
1. Alteração da mímica facial (Redução ou ausência do movimento de um lado da face);
2. Dificuldade na elevação de um dos membros superiores;
3. Alterações da fala (fala arrasta da ou incapacidade em pronunciar palavras).

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


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Outra forma de suspeitar de um AVC é pela sintomatologia associada, que pode ser descrita como a
ocorrência de um ou mais dos seguintes sinais/sintomas:
• Parestesia (sensação de adormecimento das extremidades) súbita ou cansaço na face ou
membros, especialmente num dos lados;
• Desvio da comissura labial (a boca da vítima apresenta-se desviada para um dos lados);
• Confusão mental súbita ou dificuldade em falar ou compreender a fala;
• Dificuldade súbita em ver, num ou em ambos os olhos;
• Dificuldade súbita na marcha, tontura, vertigem, ou coordenação motora;
• Cefaleia (dor de cabeça) súbita e intensa, sem causa conhecida.

Atuação em situação de AVC


• Fazer a abordagem à vítima segundo a metodologia ABCDE.
• Acalmar a vítima;
• Avaliar deficits neurológicos (escala de Cincinatti)
• Verificar e registar os sinais vitais;
• Não dar nada de comer ou beber à vítima;
• Colocar a vítima, se inconsciente, em PLS;
• Reduzir estímulos sensoriais e o stress ao doente (ex. barulhos, luzes);
• Ligar 112.

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Crises Convulsivas

A convulsão é um distúrbio no funcionamento cerebral, caracterizado por descargas elétricas anormais,


podendo gerar contrações involuntárias da musculatura, com movimentos desordenados, desvio do olhar e
tremores. Pode ainda ser acompanhada de salivação intensa, perda da consciência e/ou relaxamento e
incontinência dos esfíncteres.

A crise convulsiva é classificada como generalizada quando há movimentos de braços e pernas, desvio do
olhar e incontinência dos esfíncteres associada à perda da consciência. É denominada focal simples, quando
as contrações acontecem em apenas um membro do corpo e sem perda da consciência. Se houver perda da
consciência associada à contração de apenas um membro, esta recebe a denominação de focal complexa.

Várias são as situações que podem estar na origem das crises convulsivas, nomeadamente:
• Epilepsia (causa mais frequente na emergência médica);
• Traumatismo crânio-encefálico;
• Acidente vascular cerebral;
• Algumas lesões cerebrais, como o cancro;
• Hipertermia;
• Diminuição do nível do açúcar no sangue;
• Intoxicações.

Sinais e Sintomas

A crise convulsiva decorre normalmente de acordo com a sequência que se segue:


• Por vezes um grito violento;
• Um rodar de olhos para cima;
• Perda de consciência na sequência da qual podem resultar diversas lesões;
• Os lábios e língua podem tornar-se azulados (cianosados) devido à impossibilidade de
ventilar durante a crise convulsiva;
• Os dentes cerram-se e chega, por vezes a haver mordedura da língua, podendo originar
salivação abundante (espuma pela boca) acompanhada de sangue;
• Ocorre frequentemente descontrolo dos esfíncteres;
• O tremor pode iniciar-se numa só parte do corpo, podendo progressivamente estender-se a
todo o corpo, entrando a vítima numa Crise Convulsiva Generalizada;

Atuação durante Convulsão

A crise convulsiva pode durar cerca de 2 a 4 minutos e, devido ao facto de serem em alguns casos violentas,
podem provocar ferimentos no doente já que este pode embater descontroladamente em objetos em seu
redor.
• Evitar traumatismos associados:
o Desviar objetos;
o Proteger extremidades e crânio da vítima.
• Nunca tentar segurar a vítima de forma a contrariar/ conter as contrações musculares;
• Aliviar roupas justas (ex. colarinho, gravata, cinto);
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• Durante a crise não tentar executar ventilação artificial;
• Manter via aérea permeável, se necessário;
• Registar a duração e o tempo de intervalo entre cada uma das convulsões;
• Registar as partes do corpo envolvidas no estado convulsivo;
• Após o cessar da crise convulsiva colocar a vítima em PLS enquanto esta se mantiver
inconsciente.

Atuação após Crise Convulsiva

A vítima fica inconsciente ou num aparente sono profundo, situação que se denomina estado pós- critico.
Ao recuperar a vítima pode apresentar-se agitada, agressiva e com confusão mental, ou por outro lado pode
não se recordar do que aconteceu (amnésia) e referir ou não cefaleias.

• Fazer a abordagem à vítima segundo a metodologia ABCDE


• Colocar a vítima em PLS;
• Ligar 112;
• Determinar valor de glicemia capilar;
• Despistar hipertermia (avaliar a temperatura);
• Verificar e registar sinais vitais;
• Permitir que a pessoa descanse após a crise;
• Pesquisar sinais de AVC;
• Prosseguir o exame da vítima, dando especial atenção à recolha de informação (CHAMU);
• Reduzir estímulos (ex. diminuir a luz, evitar barulho);
• Vigiar a vítima regularmente.

Alterações da Glicémia – Diabetes Mellitus

O açúcar é essencial para que as células produzam energia, sem a qual não podem assegurar a sua
sobrevivência. Para que o açúcar possa ser utilizado pelas células do organismo na produção de energia, é
essencial a presença da insulina, produzida pelo pâncreas, e que intervém na metabolização e transporte do
açúcar para o interior das células. Quando a sua produção é afetada, o açúcar não é metabolizado pelas
células de forma normal pelo que o seu nível no sangue sofre alterações.
A esta situação clínica dá-se o nome de Diabetes Mellitus. O nível de açúcar no sangue designa-se de
glicemia. A sua determinação é fácil, recorrendo-se à medição da glicemia capilar. O valor da glicemia
capilar obtém-se com um aparelho específico, colocando uma gota de sangue numa tira reagente.
Consideram-se valores normais de glicemia em jejum (embora possam variar ligeiramente em função do
laboratório) entre 80 e 120 mg/dl.

Quando a quantidade de insulina não é suficiente pode dever-se às seguintes razões:


• Deficiência no funcionamento do pâncreas;
• Quantidade de alimentos açucarados ingeridos muito abundante e o pâncreas não consegue
produzir a insulina necessária para os transformar em fonte de energia.

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A Diabetes Mellitus classifica-se da seguinte forma:

• Diabetes Mellitus Tipo I ou Insulino Dependente;


▪ Denomina-se Diabetes Tipo I, aquela em que não há produção de insulina pelo
pâncreas ou aquela que é produzida é anormal. Este tipo de Diabetes torna os doentes
dependentes de insulina injetável.

• Diabetes Mellitus Tipo II ou Não Insulino Dependente


▪ Neste tipo de Diabetes existe produção de Insulina, no entanto esta é insuficiente para
as necessidades. Estes doentes poderão corrigir a sua doença através de dieta rigorosa,
mas em casos mais graves poderão ter de recorrer antidiabéticos orais (comprimidos que
estimulam a produção de insulina). Quando num indivíduo, existe uma situação de
desequilíbrio entre a quantidade de insulina e o açúcar no sangue, ocorre uma
descompensação da diabetes. Os diabéticos Tipo II poderão vir a precisar de insulina
quando a medicação já não é suficiente, dessa forma passam a designar-se por Diabéticos
Insulino-tratados.

No contexto pré-hospitalar poderás encontrar duas situações de descompensação da diabetes:


• HIPERGLICÉMIA: Aumento da quantidade de açúcar no sangue em relação à quantidade
de insulina;
• HIPOGLICÉMIA: Diminuição acentuada da quantidade de açúcar no sangue motivada pela
falta da sua ingestão ou pelo excesso de insulina ou antidiabéticos orais.

Hiperglicémia

A hiperglicemia resulta habitualmente da insuficiente quantidade de insulina em relação ao açúcar no


sangue. Dizemos que estamos perante uma hiperglicemia quando o valor de açúcar no sangue capilar é
superior a 200 mg/dl. A sua instalação é normalmente lenta e progressiva. Pode provocar estados de
inconsciência, no entanto, não é uma situação que provoque risco de vida a curto prazo.

Sinais e Sintomas
• Náuseas e vómitos;
• Fraqueza muscular;
• Hálito cetónico (cheiro semelhante a maçãs);
• Aumento da frequência ventilatória;
• Aumento da sensação de sede e da frequência urinária, por vezes aumento da sensação de
fome;
• Sonolência;
• Confusão mental, desorientação que poderá evoluir para estados de inconsciência - coma
hiperglicémico.

Hipoglicémia

Na hipoglicemia, ocorre um défice de açúcar no sangue. Considera-se que estamos perante uma
hipoglicemia quando o valor de açúcar no sangue capilar é inferior a 60 mg/d L.

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A sua evolução é habitualmente rápida e súbita.
A hipoglicemia poderá ocorrer se:
• Houver um jejum prolongado e/ou desnutrição;
• Se os alimentos não forem digeridos (ex.: vómito/ diarreia após as refeições);
• Induzida por fármacos: doses de insulina ou antidiabéticos orais demasiado elevados
relativamente às necessidades do doente ou à quantidade e tipo de alimentos ingeridos;
• Situações em que é exigido um maior consumo de açúcar (ex.: esforço físico, emoções fortes,
febre);
• Induzida por álcool;
• Insuficiência hepática.

A hipoglicemia é uma situação que, embora seja frequente nos doentes diabéticos, pode ocorrer em qualquer
indivíduo. Sendo o açúcar imprescindível à vida, a hipoglicemia tem de ser rapidamente corrigida. Esta
situação pode tornar-se fatal.

Sinais e Sintomas
• Ansiedade, irritabilidade e mesmo agitação;
• Fraqueza muscular;
• Sensação de fome;
• Pulso rápido e fraco;
• Pele pálida, húmida e sudorese;
• Tonturas, náuseas e dor abdominal;
• Tremores e mesmo convulsões;
• Desorientação, confusão mental, perda de consciência - coma hipoglicémico.

Atuação em Situação de Hipoglicemia

• Fazer a abordagem à vítima segundo a metodologia ABCDE.


• Determinar a glicemia capilar;
• Se glicemia inferior a 60 mg/dL, deve:
o Vítima consciente administrar água com açúcar em pequenas quantidades, mas
frequentemente;
o Vítima inconsciente deve ser colocado em PLS e administrar papa espessa de açúcar na
mucosa oral (gengivas);
• Verificar e registar os sinais vitais - ter especial atenção às características da respiração;
• Prosseguir com o Exame da Vítima, dando especial atenção à recolha do máximo de informação
(CHAMU);
• Em caso de convulsão atuar em conformidade;
• Se o doente se mantiver inconsciente a vítima deve ser colocada e mantida em Posição Lateral de
Segurança.

Atenção!
Nas vítimas conscientes e após a administração de açúcar muitas vezes não é necessário o transporte ao
hospital, no entanto esta decisão terá de ser assumida pelo profissional qualificado.
A distinção entre a hipo e a hiperglicemia torna-se difícil se tivermos apenas em conta os sinais e sintomas
ou a informação obtida.

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A determinação da glicemia capilar é fundamental para esclarecer esta situação. Quando não é possível
efetuar este teste e, se subsistirem as dúvidas, deve atuar como se tratasse de uma hipoglicemia, dado que:
• A hiperglicemia tem uma evolução mais lenta que a hipoglicemia;
• A hipoglicemia conduz mais rapidamente à morte celular.

Situações de Intoxicação

Consiste num quadro clínico decorrente do contacto ou exposição (acidental, intencional ou profissional) a
uma substância ou produto, por via oral, parentérica (injeção), inalatória ou através da superfície corporal
(pele, olhos, mucosas).
A dose é um fator determinante nas potenciais consequências da intoxicação. Podem ocorrer intoxicações
pela exposição a uma dose elevada de uma substância que em condições normais de utilização não tem
toxicidade (ex. medicamentos); da mesma forma que uma intoxicação pode resultar da exposição, ainda
que reduzida, a determinadas substâncias, devido à sua elevada toxicidade (ex. alguns pesticidas). A maioria
das intoxicações ocorre por via digestiva.
As intoxicações acidentais são muito frequentes nas crianças as quais, devido a uma grande curiosidade e
ausência de noção de risco, ingerem indiscriminadamente qualquer substância mesmo que com sabor ou
cheiro desagradáveis.
As intoxicações voluntárias (intencionais) são mais frequentes nos adultos e podem envolver um ou mais
produtos e substâncias (ex. medicamentos e bebidas alcoólicas).
Nos últimos anos tem-se verificado um aumento do número de casos de intoxicações medicamentosas
acidentais em pessoas idosas, devidas a confusão, dificuldades de visão ou em consequência da múltipla
medicação diária que têm prescrita.

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O agente tóxico pode entrar no organismo humano por uma das seguintes vias:

→ Via digestiva – É a mais frequente, normalmente associada a ingestão de alimentos deteriorados ou


a ingestão de medicamentos;
→ Via Respiratória – Resulta da inalação de gases, fumos ou vapores, ocorrendo na maioria dos casos
em situações de incêndio ou de uma deficiência das instalações de gás para uso doméstico;
→ Via cutânea – Quando o produto entra em contacto com o organismo através da pele;
→ Via ocular – Surge geralmente por acidente, quando um jato de um produto atinge os olhos;
→ Via Parentérica - Por injeção – Acontece com mais frequência nos toxicodependentes ou num caso
de erro terapêutico, quer ao nível da dose quer ao nível da própria substância;
→ Picada de animal – Em Portugal as mais frequentes devem-se às picadas de escorpião, alguns
insetos, víboras e peixes.
Revela-se fundamental, na caracterização da intoxicação, a recolha de toda a informação relevante que
permita uma correta identificação do tóxico e do intoxicado.
Assim no contacto com o CIAV (Centro de Informação Antivenenos) ou com o 112 devemos indicar:
• QUEM – idade, sexo e peso?
• O QUÊ – nome do tóxico (medicamento, planta, produto); para que serve?
• QUANTO – quantidade de produto?
• QUANDO - tempo decorrido desde a exposição?
• ONDE – local da exposição ao produto?
• COMO – ingeriu? com bebidas alcoólicas?

A salientar que nas intoxicações voluntárias em adultos deve ser colocada a hipótese de ingestão de várias
substâncias ou produtos. A informação veiculada por familiares ou quaisquer pessoas presentes no local
pode contribuir em muito para o esclarecimento da situação, inclusivamente no que se refere a eventuais
manobras já efetuadas na tentativa de socorrer a vítima (ex. indução do vómito; ingestão de leite ou qualquer
outra substância).
Por norma devem recolher-se as embalagens dos produtos em causa as quais devem ser levadas com a
vítima para o hospital.

Sinais e Sintomas

• Hálito com odor estranho e alteração na cor da língua e lábios, no cado de ingestão ou inalação de
alguma substância;
• Dor e ardor da garganta;
• Dificuldade em respirar e tosse;
• Sonolência;
• Delírio;
• Lesões na pele e queimaduras;
• Olhos vermelhos e inchados;
• Náuseas ou vómitos e diarreia;
• Dor de cabeça intensa.

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Medidas gerais na atuação:
✓ Assegurar as condições de segurança e particularmente a necessidade de utilização de equipamento
de proteção individual (óculos, máscara, luvas e avental) no manuseamento da vítima.
Os princípios gerais de abordagem de uma vítima de intoxicação obedecem ao ABCDE, comum a qualquer
tipo de situação de urgência / emergência:
▪ A: permeabilizar as vias aéreas;
▪ B: assegurar uma oxigenação adequada;
▪ C: avaliar pulso e pressão arterial;
▪ D: avaliar repetidamente o estado de consciência;
▪ E: remover roupas contaminadas; despistar outras lesões (trauma, queimaduras); despistar
sinais compatíveis com consumo de drogas.

As medidas específicas a efetuar visam a descontaminação da vítima e consequentemente a diminuição de


absorção do tóxico, e dependem da via de exposição ao produto e do tóxico em causa:
→ Via cutânea: Remoção da roupa contaminada. Lavagem da pele com água e sabão.
→ Via ocular: Lavagem com soro fisiológico ou água corrente durante 10 a 15 minutos, abrindo as
pálpebras. Contactar o CIAV assim que possível.
→ Via respiratória: Assegurar que o local é seguro e arejado. Remover o doente do local. Tirar roupas
contaminadas. Manter a vítima aquecida. Contactar o CIAV assim que possível.
→ Picada de animal: Imobilizar a área atingida. Desinfeção do local da picada. Se viável aplicar
gelo;
o Exceção para a picada de peixe- aranha na qual deve ser aplicado calor localmente.
→ Via digestiva: A maioria é de fácil resolução pela remoção do conteúdo gástrico através da indução
do vómito, no entanto, a sua realização está dependente do tempo decorrido e do produto em causa.
Assim, somente deve ser efetuada quando for dada indicação pelo CIAV ou operado da central 112.

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Limites de intervenção da perspetiva de cidadão e auxiliar de saúde

O Socorrista é toda e qualquer pessoa com habilitação para prestar socorro quando exerce este ato. Um
médico, um enfermeiro, um bombeiro, paramédico ou um trabalhador de uma organização não deixam de
ser socorristas pelo facto de possuírem outro título profissional, quando prestam socorro são socorristas.
Quem presta primeiros socorros não substitui a equipa de saúde, mas tem um papel fundamental em alertar
os serviços e ajudar a vítima, evitando o agravamento da situação, exigindo uma atuação responsável.
É necessário saber atuar com eficácia e prontidão, tendo sempre em mente a idade da vítima, pois o socorro
em algumas situações é diferente.

É importante que o/a Técnico auxiliar de saúde:


• Se sinta autoconfiante, mas tenha a noção das suas limitações.
• Tenha uma atitude de compreensão e paciência.
• Seja capaz de tomar decisões, organizar e controlar a situação.

Basicamente devem existir dois tipos de procedimento/atitude:


• O que se sabe, se pode e se deve fazer.
• O que não se sabe, não pode e não deve fazer.

Enquanto espera pelos socorros deve-se:


• Observar a evolução do estado da pessoa.
• Cobrir a vítima, pois o estado de choque e a imobilidade podem originar arrefecimento.
• Deve-se desapertar o vestuário (este pode incomodar ou comprimir), mas não despir a
vítima.
• Não dar nada a beber e/ou a comer, pois a vítima pode ter náuseas, vómitos e aspirar o
vómito.
• Nunca abandonar uma pessoa em estado de choque ou ferida.

Principais tipos de traumatismos

Traumatismos de Tecidos Moles: Hemorragias

Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia. As hemorragias sendo
uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato. É imperioso que se atue de forma rápida e
eficaz.
A perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode rapidamente causar a
morte.
A gravidade da hemorragia depende de vários fatores, como o tipo de vaso atingido (artéria, veia, capilar),
da sua localização e do seu calibre. O corte do principal vaso sanguíneo do pescoço, braço ou coxa pode
causar uma hemorragia tão abundante que a morte pode surgir dentro dos primeiros 3 a 10 minutos iniciais
após a lesão.

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Classificação das hemorragias
▪ Hemorragias Arteriais
O sangue é vermelho vivo e sai em jato, em simultâneo com cada contração do coração. É uma
hemorragia muito abundante e de difícil controlo.

▪ Hemorragias Venosas
O sangue é vermelho escuro e sai de uma forma regular e mais ou menos constante. Não obstante
não ser tão grave como a arterial, a hemorragia venosa poderá ser fatal se não for detetada. De um
modo geral, estas hemorragias são mais fáceis de controlar.

▪ Hemorragias Capilares
Têm uma cor intermédia (entre o vermelho vivo e o vermelho-escuro) e o sangue sai lentamente,
devido à rotura dos minúsculos vasos capilares de uma ferida. Estas hemorragias são de fácil
controlo, podendo parar espontaneamente.

As hemorragias externas podem ser observadas e são facilmente reconhecidas.


As hemorragias internas são de difícil reconhecimento e identificação. É necessário pensar na hipótese e
despistar a situação pelos sinais e sintomas indiretos.
Num quadro clínico de hemorragia grave, o doente apresenta sinais e sintomas de choque hipovolémico.
Entre eles destacam-se os seguintes:
• Alteração do estado de consciência: uma perda de sangue suficientemente grande faz com
que o oxigénio e nutrientes que deviam chegar ao cérebro sejam insuficientes levando a que o
doente possa ficar confuso, desorientado ou mesmo inconsciente;
• Alteração da ventilação: se existir uma perda de sangue, significa que chega menos
oxigénio aos órgãos provocando uma frequência respiratória aumentada dando origem a uma
ventilação rápida e superficial;
• Alteração do pulso: se existe menos quantidade de sangue, o coração vai acelerar para fazer
circular mais depressa o pouco sangue que existe, originando um pulso rápido e fino;
• Alteração da pressão arterial: a perda de sangue vai levar a que o volume deste nos vasos
sanguíneos seja menor e, consequentemente, a pressão exercida sobre a parede das artérias
também o seja, provocando uma pressão arterial baixa;
• Alteração da pele: se existe menos sangue, existe também menos oxigénio e nutrientes. Isto
vai obrigar o organismo a retirar sangue da periferia para o interior do corpo, originando uma
pele pálida e húmida;
• Sede: se existe uma perda de sangue existe também uma perda de água. Por este motivo, o
doente tem sede.

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• Hipotermia: O organismo tenta manter o aquecimento dos órgãos vitais levando à
diminuição da temperatura nas extremidades.
Sinais e Sintomas Gerais das hemorragias

É importante perceber que não se deve esperar pelos sinais e sintomas descritos, que muitas vezes são
tardios.
• Saída evidente de sangue (hemorragias externas);
• Ventilação rápida, superficial;
• Pulso rápido e fraco/fino;
• Hipotensão (sinal tardio, pois inicialmente a pressão arterial é normal);
• Pele pálida e suada;
• Hipotermia;
• Mal-estar geral ou enfraquecimento;
• Sensação de sede;
• Vómitos de sangue;
• Dejeções de sangue;
• Sensação de “zumbidos” nos ouvidos;
• Ansiedade e agitação;
• Inconsciência.

Hemorragia Externa

Em todas as emergências que envolvam hemorragias devem ser tomadas medidas decisivas e rápidas.
Métodos para controlar hemorragias:
1. Pressão direta (no local da hemorragia);
2. Pressão indireta (compressão à distância) e Elevação do membro (contraindicado se trauma
associado);
3. Garrote;

Pressão direta

Também designada por compressão manual direta. É o método escolhido para controlo da maioria das
hemorragias externas - cerca de 90%.
A pressão direta não poderá ser utilizada quando:
• A hemorragia está localizada sobre uma fratura;
• No local da hemorragia existirem objetos empalados.

Como proceder à compressão manual direta?


• Comprimir com uma compressa esterilizada;
• Nunca retirar as primeiras compressas, se necessário,
colocar outras por cima desta;
• Logo que a hemorragia aparente estar controlada,
efetuar um penso compressivo sobre a ferida: Manter as
compressas a exercer alguma pressão sobre a ferida,
utilizando uma ligadura. A ligadura deverá ser aplicada com
cuidado para manter as compressas sobre a ferida, exercendo alguma pressão, mas não de tal
modo que o membro seja garrotado;

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• Nunca tapar o local do penso de uma hemorragia. É fundamental que se possa observar a
evolução da mesma para se poder atuar caso se verifiquem novas perdas sanguíneas.

Compressão indireta ou digital à distância

Consiste em comprimir uma artéria contra um músculo ou um osso, entre o local da hemorragia e o coração.
A pressão exercida nas artérias contra um músculo ou um osso, na raiz dos membros, levará ao controlo de
hemorragias nos territórios irrigados pela artéria em causa, uma vez que impede a progressão da corrente
sanguínea para além do local da compressão. Os locais mais frequentes de compressão são a nível da artéria
umeral (face interna do braço) ou artéria femoral (ao nível da virilha).
Recordamos que este método é usado essencialmente em situações em que haja um objeto estranho
empalado ou suspeita de fratura no local. Será, portanto, um método alternativo à compressão direta, quando
esta não puder ser efetuada.

Elevação do membro

Nas feridas ou lesões de um membro, deve aplicar uma compressa sob pressão e elevar o membro, caso
não haja fratura. A força da gravidade contraria a corrente sanguínea, a manutenção do membro elevado
auxiliará o controlo da hemorragia.

Garrote

O garrote deve ser utilizado em situações, em que a compressão manual direta efetuada com pressão
adequada no local não se mostre eficaz, em especial nos casos de esfacelos e/ou amputação com hemorragia
grave.

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Para o aplicar, deve retirar a roupa do membro amputado não esquecendo que, uma vez aplicado, não deve
ser aliviado. Por segurança deverá sempre deixar o membro garrotado bem à vista e marcar a hora da
realização do garrote. O garrote preferencialmente não deve ser elástico e deve ser sempre largo.

Como proceder à colocação do garrote?

O garrote pode ser de borracha ou improvisado com um pano ou gravata.


1. Aplicar entre a ferida e o coração, mas o mais perto possível da ferida e sempre acima do
joelho ou do cotovelo de acordo com a localização do ferimento.
2. Aplicar por cima da roupa ou sobre um pano limpo bem alisado colocado entre a pele e o
garrote.
3. Se o garrote for improvisado com uma tira de pano ou uma gravata, dar dois nós, entre os
quais se coloca um pau, que poderá ser rodado até a hemorragia estancar.
4. Após a sua aplicação, este deve ser aliviado de 15 em 15 minutos, durante 30 segundos a 2
minutos, conforme a intensidade da hemorragia (quanto maior a hemorragia, menor é o tempo
que o garrote será aliviado).

Importante:
→ Nunca tirar o garrote até chegar ao hospital.

O garrote só deve ser utilizado em situações extremas, quando todos os outros métodos de controlo das
hemorragias não são eficazes, como nos casos de destruição completa de um membro ou amputação com
grave hemorragia.

Trata-se do último recurso a ser utilizado sendo que, mesmo no caso de amputação, a metodologia
preconizada é a compressão direta desde que seja possível. Também poderá ser utilizado em situações de
múltiplas vítimas, quando existem insuficiência de meios humanos.

Figura 23. Método de Colocação de Garrote

Hemorragia Interna

Deve-se suspeitar sempre de hemorragia interna quando não se vê sangue, mas a vítima apresenta um ou
mais dos seguintes sinais e sintomas:

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• Sede
• Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco
• Sensação de frio e tremores

Nos casos mais graves:


• Palidez
• Extremidades frias
• Zumbidos
• Alteração do estado de consciência

Como atuar em suspeita de hemorragia interna?


• Acalmar a vítima e mantê-la acordada.
• Desapertar-lhe a roupa.
• Manter a vítima confortavelmente aquecida.
• Colocá-la em Posição Lateral de Segurança.
• Ligar 112 - É uma situação grave que necessita de transporte urgente para o Hospital.

Não dar de comer ou beber!

Traumatismos de Tecidos Moles: Feridas

Os traumatismos dos tecidos moles são frequentes nos traumatizados. As lesões podem variar entre
pequenas escoriações sem gravidade e lesões que ameaçam a vida do traumatizado.
Por tecidos moles entendem-se os tecidos que suportam, rodeiam ou ligam estruturas ou órgãos e que
incluem os músculos, tecidos fibrosos (tendões, ligamentos), tecidos gordos, vasos e tecido sinovial. A
ameaça mais imediata para a vida da vítima com lesões das extremidades e dos tecidos moles resulta,
geralmente, de perdas sanguíneas.
Assim, durante o Exame Primário, a identificação dos traumatismos que causam hemorragias importantes
e o controlo destas são prioritários. As lesões que não comprometem a vida da vítima deverão ser abordadas
durante o Exame Secundário. Eventualmente, algumas destas lesões pouco importantes apenas serão
identificadas após a exposição.

As lesões da pele podem dividir-se em dois grupos: lesões fechadas e lesões abertas.
As principais lesões dos tecidos moles são:
• Equimoses e Hematomas;
• Escoriações;
• Feridas;
• Queimaduras;
• Fraturas;
• Lesões articulares (lesões ligamentares, luxações/ subluxações e fraturas articulares);
• Esfacelos;
• Amputações.

Lesões Fechadas

As lesões fechadas são lesões internas em que a pele se mantém intacta e normalmente estão
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associadas a uma hemorragia interna. Este tipo de lesões é, na maior parte dos casos, originado
por impacto, mas pode surgir também em determinadas situações de doença.

Hematoma
O hematoma surge aquando do rompimento de vasos sanguíneos de um calibre considerável, provocando
o acumular de sangue nos tecidos. Em muitos casos pode estar associado a outros traumatismos, como
fraturas. Este acumular de sangue vai dar origem a um inchaço doloroso de cor escura.

Equimose
A equimose, normalmente conhecida por nódoa negra, é o resultado do rompimento de vasos capilares,
levando a uma acumulação de sangue em pequena quantidade nos tecidos.

Atuação na Abordagem à Lesão Fechada


Os cuidados de emergência são iguais para ambos os tipos de lesão, mas é preciso lembrar que este tipo de
lesão pode estar associado a outras mais graves.
Por isso, deve sempre ser efetuado o exame do doente investigando outros sinais e sintomas que podem
estar associados a alguma doença.
• Acalmar a vítima
• Explicar o que vai ser feito;
• Suspeitar de outras lesões associadas;
• Fazer aplicação de frio sobre o local (vasoconstrição) – Crioterapia
• A aplicação deve ser feita durante 10 a 15 minutos e 3 a 4 vezes durante 2 a 3 dias.
• Imobilizar a região afetada;
• Procurar antecedentes pessoais;
• Ligar 112 se necessário.

Lesões Abertas

As lesões abertas surgem quando a integridade da pele foi atingida, sendo facilmente identificada pela
existência de feridas. Uma ferida é então uma solução de continuidade da pele, quase sempre de origem
traumática, que além da pele (ferida superficial) pode atingir o tecido celular subcutâneo e muscular (ferida
profunda).
A existência de feridas na pele pode dar origem ao surgimento de infeções e a perda de sangue pela
hemorragia que normalmente lhe está associada.

Escoriações
São lesões superficiais geralmente conhecidas por “arranhões “ou “esfoladelas”. Resultam normalmente do
atrito da pele contra superfícies rugosas. As escoriações são lesões que sangram pouco, mas extremamente
dolorosas e, geralmente, são lesões conspurcadas.

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Feridas incisas
As feridas incisas são as soluções de continuidade da pele, regulares, que podem ou não envolver os tecidos
adjacentes e são habitualmente conhecidas por “golpes” ou “cortes”. Normalmente são provocados por
objetos cortantes. Apresentam os bordos regulares que, quando unidos, encerram perfeitamente a ferida.

Feridas contusas
São também soluções de continuidade da pele mas, ao contrário das feridas incisas, são irregulares.
Geralmente são provocadas por objetos rombos. São feridas em que os bordos se apresentam irregulares
implicando normalmente perda de tecido. Este é o principal motivo para que não se consiga um
encerramento completo da ferida.

Feridas perfurantes
São lesões produzidas por instrumentos que atuam em profundidade, dissociando um ou mais planos de
tecidos - agulhas, estiletes, picador de gelo, pregos, paus aguçados, esquírolas, balas, entre outros.
Os instrumentos perfurantes, lesam os tecidos mediante dois processos: num primeiro momento provocam
o deslocamento lateral das fibras que os constituem e num segundo momento, secciona-os.
Se o instrumento perfurante tem a superfície lisa e um diâmetro muito reduzido, como é o caso das agulhas,
as fibras retomam a posição inicial, devido à sua própria elasticidade, fazendo desaparecer o orifício de
entrada e o trajeto, quase na sua totalidade.

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Feridas inciso-perfurantes
Estas feridas caracterizam-se, por reunirem simultaneamente, as particularidades das feridas cortantes e das
feridas perfurantes. Um instrumento corto-perfurante é habitualmente provido de ponta de um ou mais
gumes. É o caso de algumas facas de cozinha, dos punhais e das espadas. Tal como nos ferimentos
perfurantes, há que distinguir o orifício de entrada, o canal de penetração e, por vezes o orifício de saída.

Eviscerações
Resultam da lesão da parede abdominal, com exteriorização das ansas intestinais ou de outras estruturas
intra-abdominais. Esta situação, mesmo que não coloque a vítima em risco de vida imediato (a lesão da
parede pode ser pequena e sangrar pouco) é sempre grave pelas complicações infeciosas que normalmente
acarreta. Assim, a abordagem deste tipo de traumatismos e a manipulação das vísceras exteriorizadas devem
ser feitas com todo o cuidado. Para além das feridas, por vezes, os objetos que as causam ficam empalados.
Se um objeto, se encontra empalado, independentemente da sua localização, nunca se deve tentar retirar.

Amputações
Nas amputações ocorre secção (por corte, arrancamento ou outro tipo de traumatismo) de um membro ou
de um segmento de um membro. As amputações podem provocar hemorragias muito importantes e levar à
perda irreversível da parte amputada.
A parte amputada deve acompanhar sempre a vítima até ao hospital. Deve ser mantida seca, dentro de um
saco de plástico fechado, que deve ser colocado dentro de outro e envolto em gelo.

Na presença de uma ferida aberta existem duas preocupações fundamentais, o controlo da hemorragia e a
prevenção da infeção.
• O controlo da hemorragia é feito através dos métodos de controlo de hemorragias
respeitando as suas indicações e contraindicações;
• O controlo da infeção faz-se recorrendo a uma técnica limpa na abordagem à ferida e à sua
proteção contra a entrada de microrganismos.

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Atuação em caso de Feridas

✓ Garantir as condições de segurança;


✓ Acalmar a vítima;
✓ Retirar adornos se necessário (pulseiras, aneis, etc);
✓ Garantir que a pessoa tem o Plano de Vacinação atualizado;
✓ Lavar as mães e calçar luvas.

Limpeza e desinfeção de uma Ferida

1. Avaliação da Ferida

A primeira atenção deverá ser dirigida para a avaliação da ferida de forma a determinar as prioridades na
atuação. Assim, independentemente das diferentes classificações das feridas, para esta unidade podemos
dividi-las em:
✓ Superficiais: envolvem a epiderme e não
tingem totalmente a derme;
✓ Profundas: estendem-se a derme e tecido
subcutâneo e podem envolver tendões,
músculos e ossos.

Perante uma ferida com perdas sanguíneas importantes, o controlo da hemorragia é prioritário!

2. Proteção da Ferida

A atuação nas ações de socorro a doentes com ferimentos deverá ter sempre presente que a proteção da
ferida envolve vários aspetos, entre os quais o conforto do dente, com consequente diminuição da dor,
presente na maioria das situações que envolvem ferimentos.
A escolha dos materiais que se utilizam na realização de um penso não deve ter como finalidade o
tratamento, mas sim uma primeira intervenção no sentido de minimizar consequências mais graves
posteriormente.
Não sendo o tratamento o objetivo da intervenção pré-hospitalar, o produto de eleição a utilizar é o soro
fisiológico.
Dependendo do tipo e profundidade da ferida a vítima deve depois ser encaminhada a uma unidade de saúde
para a realização do penso.

3. Promover a Ferida Limpa

A promoção da limpeza da ferida é da inteira responsabilidade do socorrista, sendo obrigatório que tudo o
que entra em contacto com a ferida seja esterilizado.
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O produto de eleição é o soro fisiológico. O soro fisiológico (cloreto de sódio 0,9%) é a solução de limpeza
mais segura e que pode ser usada em todos os tipos de feridas, pois não interfere no processo de cicatrização,
não altera o pH, nem causa reações alérgicas.
Em primeiro deve-se lavar a ferida com água corrente, sem esfregar, até que resíduos que possam estar na
ferida sejam removidos.
Secar com pequenos toques para não destruir nenhum coágulo de sangue que se tenha já formado os
movimentos de limpeza de uma ferida deverão ser dirigidos do centro para a periferia impedindo o
arrastamento de detritos tos tecidos circundantes para a ferida. Ou seja, a limpeza da ferida deverá ser feita
da zona mais limpa para a mais conspurcada.

Utilizar compressas estéreis e nunca utilizar algodão pois este pode deixar fibras no interior da ferida,
provocar infeção e consequentemente atrasar o processo de cicatrização.

4. Prevenir a Infeção da Ferida

Um dos fatores a considerar para cumprir este critério passa pela consciencialização e pela adoção de
procedimentos que garantam o contributo na prevenção da infeção.

Assim, na realização de um penso deve ter-se em conta:


✓ Lavar as mãos antes de qualquer contacto com a ferida;
✓ Utilizar material descartável, sempre que possível;
✓ O material que entra em contacto com a pele deve estar esterilizado;
✓ As embalagens devem ter prazo de validade e este deve ser respeitado;
✓ Utilizar embalagens individuais, sempre que possível;
✓ Registar no frasco de soro fisiológico a data da sua abertura;
✓ Utilizar material esterilizado e aberto na altura sempre que a situação assim o justifique.

5. Desinfeção da Ferida

Em condições asséticas uma ferida (não infetada) não necessitaria de desinfeção. No entanto se a ferida
decorrer de uma queda, por exemplo, pressupõem a contaminação com terra, areia, gravilha e etc,
deveremos proceder a desinfeção com antisséptico adequado.

✓ Iodopovidona (Betadine)- antisséptico à base de iodo, de largo espectro bacteriano.


(Não aconselhado em casos de hipersensibilidade ao iodo.)

✓ Clorexidina ou octiset (octidina) – antissépticos de largo espectro bacteriano e altamente seguros.

Depois de limpa, se a ferida for superficial e de pequenas dimensões, deixá-la preferencialmente ao ar, ou
então aplicar uma compressa esterilizada ou penso de proteção.

Se a ferida for mais extensa ou profunda, com tecidos esmagados ou infetados, ou se contiver corpos
estranhos, deverá proteger apenas com uma compressa esterilizada e encaminhar para tratamento por
profissionais de saúde.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 71 de 85
Atenção!
→ Não tocar em feridas sangrantes sem luvas, soprar ou tossir;
→ Deve mudar de material (luvas, compressas, etc) quando muda de vítima;
→ Não deve fazer compressão direta em locais onde haja suspeita de fraturas ou de corpos estranhos
encravados ou junto das articulações.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 72 de 85
Caso a ferida tenha sido provocada por mordedura de pessoa ou animal, a vítima deve sempre ser
encaminhada para uma unidade hospitalar (mesmo que de pequena dimensão) já que as mordeduras têm
grande probabilidade de infeção e geralmente necessita de antibioterapia oral.
No caso da ferida ter um corpo estranho penetrante de dimensões consideráveis, não o remover. Deve tentar
imobilizá-lo e a vítima deve ser encaminhada para a assistência médica.
✓ Colocar compressas esterilizadas contra o corpo estranho. Se não houver compressas disponíveis,
utilizar um pano limpo e seco;
✓ Utilizar algo para preencher a diferença de altura entre o corpo estranho e a ferida, como compressas
ou duas ligaduras;
✓ Cuidadosamente enrole uma ligadura em redor da ferida e corpo encravado. A ligadura não deve
exercer qualquer tipo de pressão sobre este.
Perante uma amputação, controlar rapidamente a hemorragia associada.
As perdas sanguíneas resultantes de amputações traumáticas podem ser
significativas e o seu controlo é prioritário:
1. Colocar compressas no coto de amputação e efetuar
compressão manual direta;
2. A limpeza prévia do coto apenas deverá ser feita se a
hemorragia não for importante e não atrasar o seu
controlo;
3. A utilização de garrote apenas deve ser feita em situações
em que o acesso ao coto de amputação não é possível;
4. Sem remover as primeiras compressas, cobrir o coto com
numerosas compressas e fazer penso compressivo. Se este penso “repassar” rapidamente,
não o levantar, colocar mais compressas e aplicar novamente ligadura compressiva.

O membro amputado deve ser recolhido e lavado com soro fisiológico ou água destilada. Deve ser
envolvido em compressas humedecidas com soro e colocado dentro de um saco. Os topos ósseos afiados
devem ser protegidos cuidadosamente com compressas.
O membro amputado deve ser colocado num saco dentro
de outro saco com gelo e deve ser transportado sempre
com a vítima.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 73 de 85
Queimaduras

As queimaduras são lesões da pele e/ou tecidos subjacentes, resultantes do contato com o calor e/ou frio,
substâncias químicas, eletricidade e radiações. Embora as queimaduras atinjam principalmente a pele, as
suas repercussões acabam por ser sistémicas, com profundas alterações de todos os órgãos e sistemas. As
queimaduras constituem um dos acidentes mais frequentes, ocorrendo em variadíssimas circunstâncias e
em todas as idades. A maioria consiste em pequenas lesões sem grandes complicações associadas. Contudo,
algumas podem ser fatais ou potencialmente fatais, pelo que exigem um tratamento adequado e o mais
precoce possível, pois dele depende não só o resultado funcional e estético como também a sobrevivência.
As queimaduras podem classificar-se de várias formas. Assim podem ser classificadas quanto: à causa; à
extensão; à profundidade e à gravidade.
De acordo com o agente causal, as queimaduras podem ser de origem:
▪ Térmica;
▪ Elétrica;
▪ Química;
▪ Por Radiação.

Queimaduras térmicas
São provocadas por ação do calor ou frio. Podemos incluir as provocadas por fogo, sol, gelo, líquido
fervente, etc.

Queimaduras elétricas
A eletricidade consiste num movimento de um ponto para outro de partículas carregadas de energia. Essas
partículas provocam queimaduras quando em contacto com os tecidos humanos. Nas queimaduras elétricas
e uma vez que a eletricidade é um movimento orientado, é importante ter presente que existe sempre uma
porta de entrada (ponto de contacto com o corpo), um trajeto e uma porta de saída (local de saída da carga
elétrica do organismo). As queimaduras elétricas podem ainda interferir com o normal funcionamento do
sistema nervoso provocando paragem respiratória, ou interferir com o ritmo elétrico do coração com
consequente paragem cardíaca.

Queimaduras químicas
São as queimaduras provocadas por ação dos ácidos e bases. Mais comuns na indústria ou no domicílio
devido à presença de muitas substâncias potencialmente capazes de provocar lesão nos tecidos do
organismo.

Queimaduras por radiação


São as lesões provocadas por ação das radiações sendo as mais comuns os Raios X e as radiações nucleares.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 74 de 85
A classificação da queimadura quanto à extensão baseia-se na superfície corporal atingida, sendo a regra
universalmente mais aceite para proceder ao cálculo da área atingida, a denominada Regra dos Nove. A
aplicação desta regra difere consoante a idade do individuo queimado.

As queimaduras estão dividias em três níveis de profundidade:


✓ Queimadura 1º grau (Menos grave): São as menos graves pois envolvem apenas a epiderme
(superfície exterior da pele). A pele fica vermelha, quente, sensível e dolorosa.

✓ Queimadura 2º grau (Gravidade moderada): Envolve a primeira e segunda camadas da pele,


respetivamente a epiderme e a derme. Localmente é possível visualizar pequenas bolhas com líquido
– flitenas – situadas à superfície da pele e que resultam da tentativa do organismo para proteger e
arrefecer a área queimada.

✓ Queimadura 3º grau (Mais grave): Existe destruição de toda a espessura da pele (epiderme e
derme) e dos tecidos subjacentes. A pele apresenta-se acastanhada ou negra se tiver sido causada
por calor seco ou, pode ficar esbranquiçada se produzida por calor húmido. Estas queimaduras não
são dolorosas devido a destruição das terminações nervosas sensitivas.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 75 de 85
A classificação quanto à gravidade serve para nos indicar o potencial de risco que a queimadura pode trazer
para a vítima. Nesta classificação para além de termos de saber qual a causa, qual a profundidade e qual a
área atingida, temos de saber também qual o local atingido e qual a idade da vítima pois, é da conjugação
dos três primeiros com estes dois últimos que podemos estabelecer um prognóstico da evolução da situação
no sentido de estarmos despertos para o perigo de vida que aquela queimadura representa.
Assim temos de ter presente que:
• As queimaduras das vias aéreas são sempre mais perigosas pois podem significar
destruição do aparelho respiratório ou de parte dele. É sempre de suspeitar quando existem
queimaduras da face, sobretudo à roda da boca. Geralmente, a vítima tosse expelindo partículas
de carvão e sangue, e tem dificuldade respiratória, podendo ainda apresentar bolhas (flitenas)
nos lábios e narinas.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 76 de 85
• As queimaduras das mãos e pés, ou a nível de qualquer articulação são também mais
complicadas, pois, podem conduzir a uma perda dos movimentos.
• As queimaduras dos órgãos genitais constituem sempre uma situação grave.
• A idade da vítima é importante, uma vez que a recuperação de idosos e crianças é muito
mais difícil.

Como proceder ao tratamento de uma queimadura?

• Avaliar a situação e garantir as suas condições de segurança;


• Afastar o agente que provoca a queimadura ou em alternativa a vítima do agente. No caso
de fogo, a vítima deve ser deitada de modo a diminuir a inalação de fumos.
• Lavar e arrefecer abundantemente a zona da queimadura com água tépida (se não estiver na
presença de um químico que reaja na presença da água) até alívio substancial da dor;
• Cobrir as áreas queimadas com compressas humedecidas com soro fisiológico ou água;
• Controlar a temperatura corporal, a hipotermia pode acontecer depois do arrefecimento;
• Não remover as roupas se estas estiverem coladas ao corpo da vítima;
• Nas queimaduras de 2º grau, caso haja flitenas (bolhas), não rebentar. Se rebentarem não
retirar a pele – aplicar gaze gorda (ou gaze com vaselina) e compressas;
• Nas queimaduras de 3º grau lavar cuidadosamente e aplicar gaze gorda. Caso a extensão da
queimadura seja muita, envolver a vítima num lençol molhado com soro fisiológico.
• Não utilizar gelo, pasta de dentes, manteiga, azeite, ou outro tipo de produtos para arrefecer
ou hidratar a queimadura pois os mesmos poderão agravar as lesões.
• É de extrema importância utilizar material esterilizado e cuidados rigorosos de modo
a evitar a infeção uma vez que o risco é elevado pois a pele constitui uma importante
barreira protetora aos microrganismos;
• Em caso de queimadura grave, ligar 112.

Como proceder ao tratamento de uma queimadura elétrica?

• Não tocar na vítima até haver o corte da corrente elétrica;


• Se estiver em PCR, deve-se iniciar manobras de SBV;
• Se for verificado pulso, deve-se analisar o ponto de contacto com o material elétrico e ligar
112.

Como proceder ao tratamento de uma queimadura química?

• Retirar a roupa e lavar o local afetado com água corrente durante 10min (15 se afetar a área
ocular)
• Cobrir a zona afetada com gazes esterilizadas;
• Ligar 112.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 77 de 85
Traumatismos dos Membros

Lesões Articulares

Entorse
Sobrecarga grave, estiramento ou laceração de tecidos moles como a cápsula articular, ligamentos, tendões
ou músculos.

Sinais e Sintomas
• Dor forte no local;
• Edema na região articular;
• Equimose;
• Incapacidade de movimento.

Como atuar?
• Colocar a vítima numa posição confortável;
• Evitar mobilização do membro;
• Fazer aplicações frias no local.
• Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e promover
transporte ao hospital.
• Elevar o membro lesionado.

Luxação
Desencaixe de uma articulação, causando rutura completa dos ligamentos e da cápsula articular.

Sinais e Sintomas:
• Dor violenta;
• Impotência funcional;
• Deformação;
• Edema.

Como atuar?
• Colocar a vítima numa posição confortável;
• Imobilizar na forma como se encontra;
• Providenciar assistência médica.

Lesões Musculares

Distensão
Quando as fibras que constituem os músculos sofrem uma rotura. Acontece geralmente quando o limite de
elasticidade do músculo é ultrapassado.

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Sinais e Sintomas
• Dor local súbita;
• Rigidez muscular;
• Edema.

Como atuar?
• Instalar a vítima em posição confortável;
• Se o acidente é recente, fazer aplicações frias;
• Repouso absoluto do músculo, mantendo-o imóvel;
• Se houver dúvidas sobre o estado da vítima promover o transporte ao hospital.

Cãibra
É caraterizada por contração súbita, involuntária e dolorosa de um músculo ou conjunto de músculos,
provocada por fadiga muscular, transpiração ou outra forma de perda de líquidos.

Sinais e Sintomas
• Dor de instalação súbita
• Rigidez muscular
• Edema
• Incapacidade de movimento

Como atuar?
• Distender os músculos afetados;
• Massajar suavemente a zona;
• Aplicar, de forma indireta, calor.

Fraturas

Uma fratura é toda e qualquer alteração da continuidade de um osso. Habitualmente são resultado de um
traumatismo direto, mas podem igualmente surgir na sequência de um traumatismo indireto.
Embora as fraturas dos membros, geralmente, não coloquem em perigo a vida de uma vítima podem,
quando tratadas incorretamente, provocar graves problemas.
A abordagem das fraturas passa, basicamente, pela sua correta
imobilização, a melhor arma no auxílio do controle da
hemorragia e da dor.
As fraturas classificam-se de uma forma básica em:
• Abertas - São habitualmente designadas por
fraturas expostas quando os topos ósseos
comunicam diretamente com o exterior.
• Fechadas - Fraturas em que não há
descontinuidade da pele.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 79 de 85
Sinais e Sintomas
• Dor: diminui com a tração e imobilização da fratura constituindo o sintoma mais fiel.
• Impotência funcional: impossibilidade de efetuar o movimento habitual daquele local, no
entanto, por vezes é possível a mobilização do membro, mas sempre de uma forma dolorosa e
limitada.
• Deformidade: resulta da angulação dos topos ósseos ou do encurtamento do membro.
• Edema: surge quase sempre pois é a reação normal do organismo à agressão traumática.
• Equimoses ou Hematomas: mais frequentes nos traumatismos diretos.
• Exposição dos topos ósseos: significa habitualmente grande violência traumática pois a
energia necessária para provocar uma fratura com solução de continuidade da pele é bastante
elevada.

Como atuar?
1. Expor a zona da lesão (desapertar ou se necessário cortar a roupa);
2. Verificar se existem feridas abertas;
3. Tentar imobilizar as articulações que se encontram antes e depois da fratura, utilizando talas
apropriadas ou, na sua falta, improvisadas, não forçando no caso da fratura ser ao nível do
ombro, cotovelo, mão, joelho e pés;
4. No caso da fratura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento. Se necessário,
imobilizá-lo na posição em que este se encontra.
5. No caso de fraturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes de imobilizar
e tapar a ferida aberta com compressa estéril;
6. Não efetuar movimentos desnecessários.

Figura 24. Imobilização do membro com tala Figura 25. Imobilização do membro improvisada

Figura 26. Imobilização de um membro contra outro

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 80 de 85
O que não fazer?
• Não tentar fazer redução da fratura, isto é, tentar encaixar as extremidades do osso partido.
• Não provocar apertos ou compressões que dificultem a circulação do sangue.
• Numa fratura exposta, não “meter para dentro” as partes dos ossos que estejam visíveis.
• Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura.

Atenção!
▪ As talas devem ser sempre previamente almofadadas e bastante sólidas. Quando
improvisadas, podem ser feitas com barras de metal, varas de madeira, revista.

Em caso de suspeita de fratura de costelas, a vítima deve ser deitada em posição confortável, evitando
movimentos bruscos. Não tentar imobilizar. São situações graves que, necessitam de transporte urgente
para o Hospital.

Limites de intervenção da perspetiva de cidadão e auxiliar de saúde

É de vital importância a prestação de primeiros-socorros. Conhecimentos simples muitas vezes diminuem


o sofrimento, evitam complicações futuras e podem inclusive em muitos casos salvar vidas.
É importante saber que nessas situações, em primeiro lugar deve procurar manter a calma e verificar se a
prestação do socorro não trará riscos. Saber prestar o socorro sem agravar ainda mais a saúde da(s)
vítima(s), e nunca se esquecer que a prestação dos primeiros socorros não exclui a importância de um
médico.
Sempre que possível devemos pedir e aceitar a colaboração de outras pessoas, sempre deixando que o
indivíduo com maior conhecimento e experiência possa liderar, dando espaço para que o mesmo demonstre
a cada uma, com calma e firmeza o que deve ser feito, de forma rápida, correta e precisa.

Atitudes corretas:
• A calma, o bom senso e o discernimento são elementos primordiais
• Agir rapidamente, porém respeitando os seus limites e o dos outros.
• Transmitir á (s) vítima (s), tranquilidade, alívio, confiança e segurança,
• Utilize-se de conhecimentos básicos de primeiros socorros, improvisando se necessário.
• Nunca tome atitudes das quais não tem conhecimento, no intuito de ajudar, apenas auxilie
dentro de sua capacidade.
A ação de um funcionário que seja detentor dos conhecimentos básicos de primeiros socorros, que socorra
uma vítima tem a sua ação limitada com a chegada de pessoal especializado ao local.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 81 de 85
Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito da intervenção do
Técnico Auxiliar de Saúde

Tarefas que, sob orientação de um profissional de saúde, tem de executar sob a sua supervisão
direta:
• O enfermeiro é um dos intervenientes do sistema de emergência e o seu papel é de vital
importância junto do doente, pois possui formação humana, técnica e científica adequada para
a prestação de cuidados em qualquer situação, particularmente em contextos de maior
complexidade e constrangimento, sendo detentor de competências específicas que lhe permitem
atuar de forma autónoma e interdependente, integrado na equipa de intervenção de emergência.
Tarefas que, sob a orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho/a:

• As competências do técnico/a auxiliar de saúde, previstas no respetivo perfil profissional,


não lhe garantem a autonomia necessária para o desempenho das funções de primeiros socorros
em meio hospitalar, devendo as mesmas ser desempenhadas sob supervisão direta do
profissional de saúde (médico ou enfermeiro).

Estas consistem em:

Atividades
• Auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do enfermeiro:
o Executar tarefas que exijam uma intervenção imediata e simultânea ao alerta do
profissional de saúde;

Competências
Saber-saber
Conhecimentos de:
▪ Sistema integrado de emergência médica.
▪ Primeiros socorros.
▪ Conhecimento dos Protocolos de urgência/emergência da instituição e/ou
serviço no qual presta cuidados.
Saber-fazer
▪ Aplicar normas e procedimentos a adotar perante uma situação de emergência
no trabalho.
▪ Assegurar o armazenamento e conservação adequada de material de apoio
clínico de acordo com normas e/ou procedimentos definidos.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 82 de 85
Assim, a sua ação inscreve-se no sentido de conhecimento das situações de emergência e respetivos
procedimentos de alerta dos profissionais que lhe são hierarquicamente superiores, no sentido de
coadjuvar a ação destes na aplicação de procedimentos mais específicos, os quais requerem
conhecimentos técnico-científicos mais aprofundados.
Não obstante, é fundamental o seu conhecimento profundo do SIEM e respetiva articulação com a
dinâmica hospitalar, sobretudo no caso de desempenhar funções junto dos serviços de urgência.
Em suma, o papel do auxiliar de saúde no contexto de prestação de cuidados é essencial no
reconhecimento de situações urgentes ou de situações que com o seu agravar podem vir a tornar-se
situações emergentes.
Assim, os conhecimentos do auxiliar de saúde irão permitir acima de tudo o alerta e aviso rápido da
equipa de enfermagem e/ou médica para que possam ser assegurados os cuidados necessários ao utente
o mais rapidamente possível promovendo um desfecho de sucesso perante a situação.
O conhecimento do SIEM vai permitir-lhe ajudar na coordenação de esforços nomeadamente quando a
capacidade dos serviços de urgência se torna incomportável.
Torna-se também vital, dentro das suas competências, o conhecimento aprofundado do material a
utilizar durante uma situação emergente de forma a auxiliar a equipa médica durante a prestação de
suporte avançado de vida. O auxiliar torna-se assim um elemento essencial na base dos cuidados ao
disponibilizar-se para recolher e transportar ao local o material necessário.

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 83 de 85
Siglas
CODU Centro de Orientação de Doentes Urgentes
INEM Instituto Nacional de Emergência Médica
CIAV Centro Informação Anti- Venenos
SIEM Sistema Integrado de Emergência Médica
OVA Obstrução da Via Aérea
PCR Paragem Cardio Respiratória
PLS Posição Lateral de Segurança
SBV Suporte Básico de Vida
RN Recém- Nascido
VA Via Aérea
VOS Ver, Ouvir e Sentir
FR Frequência Respiratória
FV Frequência Ventilatória
FC Frequênica Cardíaca
SAV Suporte Avançado de Vida
GNR Guarda Nacional Republicana
PSP Polícia Segurança Pública

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FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 84 de 85
Bibliografia

1. Instituto Nacional de Emergência Médica. (2012). Manual de Suporte Básico de Vida, versão 2.0 – 1ª
Edição
2. Instituto Nacional de Emergência Médica. (2019). Manual Abordagem, Avaliação e Reanimação TEPH.
Versão 2 – 1ªEdição
3. Instituto Nacional de Emergência Médica. (2019). Circular PNDAE nº1
4. Escola de Socorrismo Cruz Vermelha Portuguesa. (2015). Manual de Suporte Básico de Vida/DAE - 4ª
Edição
5. Instituto Nacional de Emergência Médica. (2012). Manual Abordagem à vítima TAS-TAT. Versão 2 –
1ªEdição

Dados Organizativos: Elaborado: DQ Aprovado: DG


FE.Mod.CTP.043.V0 Data: 2014/12/14 Data: 2014/12/15 Página 85 de 85

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