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O Demônio Veste Kilt 1 - Suzanne Enoch
O Demônio Veste Kilt 1 - Suzanne Enoch
Revisão: D. Marquezi
- RP/SP - Brasil
Glossário
Laird = Lorde
Aye = sim
Nae = não
piuthar = Irmã
braithar = irmão
amadan = idiota
—P
— Se está tentando dizer que comprou para mim uma claymore no meu
aniversário, Lach, — Rowena interrompeu, claramente descontente por ser
ignorada em favor de uma espada larga — pode se virar e levá-la de volta
para casa.
Lachlan olhou para ela, estreitando os olhos verdes claros. — Uma moça
não tem nada a ver com uma espada, Winnie.
— Por isso não quero uma. Então, o que comprou para mim?
—Sou uma dama agora, Lachlan. Poderia ter me trazido flores, ou um belo
chapéu. Ou, pelo menos, sapatos adequados para dançar.
— Mas eu não sou mais uma garota que anda loucamente pelo campo,
Lachlan. — disse Rowena, sua expressão, uma mistura de aborrecimento e
tristeza. — Não vê isso?
Lorde Gray riu. — Isso foi ontem, então? Hoje não pode mais cavalgar?
Não seja tola, Winnie.
Enquanto observava, uma grande lágrima se formou e escorreu por uma das
bochechas claras de Rowena. Maldito Saint Andrew. Ele errou, então.
Como, não sabia ao certo, mas claramente algo deu errado.
— Ela não começou a chorar até que Ran lhe disse sobre o vestido. —
— É uma bússola, então não vou me perder quando for montar na nova sela
de Urso, com as novas botas de Lachlan.
Munro pegou sua claymore que estava com Lachlan e a espetou, não muito
gentilmente, no piso de madeira marcado. Não foi a primeira arma a
descansar lá, e, provavelmente, não seria a última. Os gaiteiros e meia dúzia
de seus servos estavam de volta ao corredor, e Ranulf lhes deu um olhar
severo e um aceno para que se fossem. Claramente, sua irmã não estava
com disposição para um maldito desfile, mesmo daqueles que lhe desejam o
bem.
— Então Arran recebe agradecimentos, e todos nós temos lágrimas e somos
chamados de idiotas? — Munro retrucou.
Quando ela o puxou para que ficasse em pé, ele não resistiu. Mas quando
Rowena manteve seus dedos pequenos e delicados segurando as duas mãos
dele, Ranulf franziu o cenho. — Queria outra coisa, então. —
resmungou, desejando, e não pela primeira vez, ter trazido outra mulher
para a casa. Então alguém, pelo menos, teria uma chance de entender a
MacLawry mais jovem. Tinha sido uma questão simples quando ela era
criança, mas, ultimamente, parecia cada vez mais uma criatura totalmente
estranha. — O que foi? Sabe, se estiver em meu poder, eu lhe darei isso,
Rowena.
— Sabe… sabe o que quero, Ranulf. Agora tenho dezoito anos. Quero
minha temporada. Em Londres. Isso é p…
Com um suspiro mal disfarçado, Rowena olhou por cima do ombro, para os
outros três homens na sala. — Lutaria por uma valsa comigo, Lachlan
MacTier?
— Não tem.
— Pela última vez, Londres está cheia de lambe-botas inúteis, que não
conseguem levantar suas próprias selas. Suba as escadas e experimente seu
vestido. Esta discussão está encerrada.
— Ranulf, m…
— Acabou. — repetiu, e cruzou seus braços sobre o peito. Rowena era uma
coisa pequena e delicada, muito mais parecida com sua mãe do que o
deixava confortável. Para seu crédito, não se afastou dele, mas, mesmo
assim, sabia, tão bem quanto Ranulf, que ele tinha vencido essa discussão.
— Vou dar uma volta. Fergus, Una. — disse, e saiu da sala, sem olhar para
trás, os cachorros nos calcanhares.
Toda vez que percorria essa trilha, sempre ficava impressionado por sua
beleza, mas, hoje, mal teve um momento para perceber, que uma das
Uma leve névoa pairava nas copas das árvores esta manhã, a luz do sol caia
em feixes visíveis para as rochas musgosas, de arestas afiadas e arbustos
baixos e castigados pelo tempo, escondidos entre elas. Como, em nome de
Deus, alguém poderia preferir Londres, suja e mimada, a isto, não fazia
ideia. Um veado ousou sair de trás de um conjunto de rochedos e saltou
uma das estreitas ravinas, em direção aos pântanos cobertos de urze acima.
Os cães de caça rugiram e correram atrás dele, e Ranulf pegou seu rifle -
então percebeu, tardiamente, que não o tinha trazido consigo. Com uma
maldição, assobiou para Fergus e Una voltarem para o seu lado.
Esquecer seu rifle tinha sido tolice. Tão solitário quanto as Highlands, por
mais vazios que a maioria dos cantos e recantos estivessem se tornando,
sempre havia lugares onde um indivíduo, que não significava nada de bom,
podia se esconder. Por um momento pensou em dar meia volta e retornar a
Glengask, em busca de uma arma, mas, hoje, era mais provável que fosse
emboscado por sua irmã em casa do que por qualquer malvado que
estivesse na natureza.
— Ran! Ranulf!
— Não disse nada sobre 'sozinho'. — não era apenas Munro, mas Arran e
Lachlan também, trotando ao longo do rio, em sua direção. Munro, o mais
novo deles, menos no caso de Rowena, jogou um rifle em sua direção. — E
sabe que não deve sair desarmado. — continuou, franzindo a testa.
Ranulf pegou a arma em sua mão livre, e, com a outra, girou a lâmina, que
ainda segurava em seus dedos, antes de empurrá-la de volta em sua bota. —
Eu não estava desarmado. E apostaria que Fergus ou Una poderiam
atropelar um cavalo, se quisessem.
Arran apontou para o cabo da faca. — E isso serve apenas quando está
próximo, mas os covardes raramente atacam de perto.
— São precisos três para entregar uma arma, agora? — Verdade ou não, não
deixaria nenhum deles castigá-lo. Era o mais velho, e por quatro anos.
Arran só faria trinta dali a três anos, ou não, se não se cuidasse.
— Estou aqui porque é mais seguro do que ficar em casa. — seu herdeiro,
aparentemente, respondeu com desinteresse. Deu tapinhas no saco
amarrado na parte de trás de sua sela. — E trouxe apetrechos de pesca.
— Vim porque não queria que uma sela fosse atirada na minha cabeça. —
Munro, Urso para sua família e amigos, disse com um sorriso.
— Ela se trancou em seu quarto, mas quem sabe quanto tempo isso vai
durar?
— Não sei por que não. — Arran rebateu. — Disse que não dançaria com
ela, seu covarde.
— Ela é uma criancinha. Eu a conheço desde que seu cabelo era muito
curto para tranças. Não sei por que está agindo tão estranho ultimamente,
mas não quero fazer parte disso.
Arran rebateu. — Embora eu não saiba como Ranulf se sente sobre isso.
— Nem eu. — Ranulf disse, embora isso não fosse inteiramente verdade.
Lachlan o olhou. — Acho que devemos ir pescar. E ela só pensa que gosta
de mim porque eu sou o único homem, perto de sua idade, que tem
permissão de se aproximar dela.
Isso era provavelmente verdade, mas como Ranulf tinha decidido, há vários
anos, que Lachlan seria um bom partido para Rowena, não viu nenhuma
razão para exibi-la. Em vez de comentar sobre a declaração de Lachlan,
gesticulou em direção à cachoeira e seguiu em frente. — Até o lago, então,
enquanto ela esfria seu temperamento Um dia inteiro pegando trutas e
percas, e, especialmente ao ver Munro deslizar de costas dentro do Loch
Shinaig, certamente melhorou o
Ranulf perguntou, tirando seu sobretudo com capa e lançando lama de suas
botas.
— Chega disso, Munro. — Ranulf favoreceu seu irmão com uma breve
carranca. — Ficaria com cara de azedo também, tendo apenas Glengask lhe
enviando grãos. No tempo de seu avô, ele tinha negócios com os Campbell,
os Gerden e os Wallace, além de nós. Tomara que, pelo menos, seja capaz
de aumentar a quantidade de trigo que enviava ao moinho, dependendo do
acordo tarifário que pudesse fazer com Terney e do tempo no verão.
— Espere até que Winnie sinta o cheiro de truta assada. — Munro falou
lentamente, subindo as escadas. — Isso vai seduzi-la. — fez uma pausa,
olhando por cima do ombro. — Um jogo de dardos, Lach?
Uma vez que os outros dois homens se foram, Arran se virou e inclinou o
queixo para o mordomo. Com um rápido aceno de cabeça, Cooper e dois
lacaios que o acompanhavam desapareceram nas entranhas da grande casa.
Ranulf recostou-se contra a parede do vestíbulo e cruzou os braços sobre o
peito. — O que é?
— Winnie tem isso em mente, e negar-lhe isso não a impedirá de querer ir.
escocesa e vai ficar na Escócia. Tem um marido esperando por ela aqui,
uma vez que Lachlan perceba que não é mais uma criança.
— A menos que Lach tenha uma moça diferente em mente. Mas isso não
vem ao caso, agora. Rowena também é meio inglesa. — Arran disse
calmamente. — Assim como nós.
— Não a metade que importa. — retrucou, depois respirou fundo. —
Não vou ter essa discussão com ela, nem contigo, nem com mais ninguém.
Arran abriu a boca, então voltou a fechá-la. — Pode, pelo menos, explicar
seu raciocínio para ela, então.
Tinha feito isso, até ficar sem fôlego, voz e paciência. — Se ela não
entendeu o motivo até agora, simplesmente terá que aceitar minha decisão
pelo que é. Rowena fica e terá uma grande festa, na qual pode ficar de mau
humor se quiser.
Ranulf enviou a seu irmão um olhar de soslaio, que fez Arran dar meio
passo para trás. — Ela sabe que não deve me empurrar. — disse —
Não vou discutir isso novamente, e não vou perder mais fôlego discutindo
contigo.
— Sim, todos nós sabemos que não devemos brigar contigo. — Arran
virou-se para a porta. — Acho que vou me juntar ao Munro e jogar algumas
coisinhas pontudas na parede.
Rowena não queria férias em um lugar distante. Ela leu os diários de sua
mãe e se apaixonou por uma vida mansa, de festas e vestidos de renda, e
homens que passavam tanto tempo em seus trajes quanto qualquer mulher.
Apreciasse seus esforços, ou não. Era uma equação simples, na verdade. Ele
era o Marquês de Glengask, o chefe do Clã MacLawry e todos os seus
Ainda devia descer a uma das aldeias, como fazia quase todos os dias, mas
tinha pouca vontade de fazê-lo. Em vez disso, mandou Cooper pedir à Sra.
Forrest, a cozinheira, uma panela extra de peixe assado para a manhã.
O padre Dyce faria bom uso da recompensa, para os mais pobres dos
camponeses abaixo. Tudo isso o deixou com uma das coisas mais raras e
inesperadas: o tempo. Tinha feito a maioria de suas tarefas ontem, para que
pudesse dedicar o dia à festa de Rowena. Carrancudo, Ranulf olhou na
direção das escadas. Talvez a tivesse mimado, mas o que um irmão mais
velho poderia fazer, além de ver que sua única irmã e caçula tivesse tudo o
que poderia desejar?
— Meu laird?
— A... ah, Debny mencionou à Sra. Forrest que haviam pedido emprestado
o phaeton, porém, como era cedo, ela não achou apropriado mencioná-lo
para mim, mas agora... bem, já passou do pôr-do-sol e não há...
quer dizer, o...
— Mitchell, meu laird. Presumo ter sido com Lady Winnie. É claro que
sempre saem, mas como eu disse, está ficando tarde, e não levaram os cães
ou quaisquer cavaleiros com eles, e...
- eram apenas visíveis, com algo logo abaixo que parecia - escova de
cabelo.
Londres.
Olhou para cima, para ver Cooper espreitando na porta. — Cooper, peça
para Peter e Owen arrumarem suas coisas. E mande o Sr. Cameron para cá.
— Elas têm quase dez horas de vantagem, e um plano que, sem dúvida,
inclui uma identidade falsa. — Ranulf disse, a fúria cada vez mais profunda
em seu peito misturando-se com uma quantidade de preocupação.
— Melhor assim.
Ranulf olhou para Arran. — De fato, espero. Sabe que precisamos ter um
MacLawry aqui na Glengask. E dois pares de olhos serão mais úteis
também. Vai ficar claro que parti. Não quero que ninguém veja isso como
um convite para vir e criar problemas. Ou pensem que abandonei nosso
povo.
— Não, não vai. Não quero que Rowena faça algo ainda mais tolo, para
tentar deixá-lo com ciúmes ou algo assim.
Ranulf baixou a sobrancelha. — Ainda mais razão para que fique aqui. — o
que quer que fosse que Rowena pensasse estar fazendo, ele não ia
complicar mais as coisas. Nem mesmo o homem que ela havia escolhido.
— Sim, mas…
Capítulo 1
—N
se preocupar com isso; Jane aceita qualquer desculpa para fazer compras.
— com um sorriso, Lady Charlotte Hanover beijou a irmã no nariz e se
levantou.
Estou convidando-a para uma visita há anos. Sua mãe e minha mãe eram
praticamente irmãs. Não eram, mamãe?
— É bem-vinda aqui, minha querida, pelo tempo que quiser ficar. É claro
que vou patrocinar sua temporada. É justo que debute junto com Jane.
Jane bateu palmas. — Viu só? Deveria ter vindo há séculos, Winnie.
Girou uma mão, rindo, mas, aos olhos de Charlotte, a jovem Lady Rowena
não parecia totalmente à vontade. Claro que tinha certeza de que ela
também não estaria, se tivesse viajado sozinha, com ninguém além de sua
criada, pela metade da Escócia e quase por toda a Inglaterra.
Ela trocou um olhar com o pai, que ergueu uma sobrancelha, antes de voltar
à conversa. Jonathan Hanover, o conde de Hest, não era fã de caos, ou
agitação de qualquer tipo, mas a adorava, e à Jane, em excesso. Claro que
Lady Rowena seria bem-vinda na casa, e nunca veria sequer um sinal dele,
ou de qualquer outra pessoa, de que preferiria que a família não tivesse
companhia para a temporada.
Broomly tinha saído da cozinha, para passar a noite, com sua filha grávida,
perto de Tottenham Court. Enquanto os servos colocavam os pratos, a
aldrava na porta da frente bateu.
Havia uma parede no pórtico frontal. Bem, talvez não fosse tão largo como
uma parede, embora seus ombros fossem certamente largos. Mas se
sobrepunha a ela por uns bons dez centímetros, e a maioria de seus amigos
a considerava alta. No entanto, com tudo aquilo passando sem sentido por
sua mente, o que realmente notou foram os olhos azuis que atualmente
brilhavam, com seu nariz reto e perfeitamente esculpido sobre ela.
— Não vim até aqui para que fique boquiaberta. — declarou a montanha,
no curto silêncio. — Rowena MacLawry. Agora.
Seus olhos se estreitaram. Não era gelo que via naquele azul profundo,
Charlotte percebeu, mas algo muito mais quente e raivoso. —
Não sou um visitante. — disse, aço sob a cadência suave. — E se os
ingleses acham que uma menininha barrando a porta é o suficiente para me
impedir de chegar ao que é meu, estão mais loucos do que me lembro.
Dele? Isso estava se tornando muito estranho, de fato. E não havia a maldita
necessidade de insultar. — Eu não sou uma menininha…
Ele deu um passo à frente. Colocando suas grandes mãos ao redor de sua
cintura, levantou-a do chão, apenas para colocá-la atrás dele, no pórtico
- tudo antes que ela pudesse fazer algo mais do que respirar ofegante. E
Por toda a atenção que lhe deu ao persegui-lo, ela poderia muito bem ser
um inseto. — Rowena! Vou ver sua bunda aqui diante de mim, ou
derrubarei esta casa ao redor de suas malditas orelhas!
— Ran, p…
— Glengask. Irmão de Lady Rowena? — sua irmã, Jane, disse com uma
voz rouca. — O marquês?
— Foi nosso entendimento que nos enviou Lady Rowena para sua
temporada. — declarou o pai de Charlotte. Pela sua expressão tensa, estava
furioso, e isso não a surpreendeu nem um pouco. As pessoas - muito menos
os escoceses de olhos azuis vibrantes - não invadiam casas apropriadas
como a deles, sem aviso prévio. Nunca.
— Porque o senhor não pensaria duas vezes em mandar uma moça jovem
para uma terra estrangeira, sem nenhuma palavra antecipada. Ou será que
acredita que só um escocês poderia fazer uma coisa tão louca?
Charlotte Hanover, e irá se dirigir a mim corretamente, sir. Além disso, até
termos certeza de que sua irmã está segura em sua companhia, ela não irá a
lugar nenhum.
Sim, sua família ficaria mais do que provavelmente aliviada por essa
perturbação ter desaparecido da casa. Mas não era assim que alguém,
remotamente civilizado, conduzia negócios, ou qualquer outra coisa.
Estou, portanto, aqui, para levá-la de volta para onde pertence. Como
claramente a ofendi, esperarei do lado de fora. Alegremente.
— Em primeiro lugar, espero nunca ter dado à minha filha - a nenhuma das
minhas filhas - motivos para fugir de sua própria casa. E, em segundo lugar,
dificilmente somos desconhecidos aqui. Nem somos precisamente
estranhos, pois sua mãe e minha esposa eram as mais queridas das amigas.
— De alguma forma, o senhor sabia que deveria vir aqui, para encontrar
Winnie. — acrescentou Charlotte, antes que o marquês pudesse começar
uma discussão sobre o grau de conhecimento delas. Afinal, o homem
parecia ter argumentos para tudo. — Claramente não somos desconhecidos
para o senhor. Nem o senhor para nós.
— E agora já viu. — Glengask olhou, de sua irmã para Charlotte, onde suas
mãos se apertavam. — Solte minha irmã. — disse, depois de um momento.
Que mal poderia haver em permitir que ela ficasse por um tempo?
— O mal possível… — Ran parou. — Não vou ficar aqui discutindo com
uma mulher sobre o que é melhor para minha própria família. —
finalmente rosnou.
Ela se recusou a vacilar em seu tom, embora, ao seu lado, a irmã dele o fez.
— Então, como não vou ceder, suponho que o senhor pretende deixar
Winnie ficar aqui. — rebateu. Exatamente quando a causa desta jovem se
tornou dela, não tinha ideia. Mas esta montanha de homem não ia chamá-la
de menininha e desconsiderá-la. Nem mesmo se a levantasse, como se não
pesasse mais que uma pena, e nem mesmo se parecesse ser feito de tendões
sólidos como ferro.
— Oh, meu Deus. — Winnie sussurrou quase sem som, seus dedos
apertando.
— Essa é, certamente, a impressão que nos dá. Sua irmã está se escondendo
atrás de uma estranha, ao invés de se aproximar do senhor.
O intenso olhar azul mudou imediatamente para sua irmã. — Rowena, sabe
que eu... — parou, então disse uma única palavra em gaélico, que não soou
nada agradável e que fez sua irmã respirar fundo pelo nariz.
Quer ver Londres, então veja. Vou alugar uma casa aqui, e terá sua maldita
estreia. — estendeu uma mão. — Vamos daqui, então.
— Lady Charlotte.
—E
apenas uma hora, se bem se lembra - mas acredito que Tall House é a
Todos, mais uma irmã mais nova, malditamente teimosa. — Terá seus
honorários até o final do dia. — Ranulf retornou, perguntando-se se era
permitido chamar Tall House por um nome diferente, enquanto ele
permanecesse lá. Talvez Frivolous House, ou Casa Frívola, com poucas
rotas de fuga.
— O laird tem o seu pequeno cartão, Sr. Black, já que quase o enfiou no
bolso dele. A porta é por aqui.
O Sr. Black piscou. — Digo, isso é muito atrevido de sua parte. Lorde
Glengask, seus servos precisam de mais instrução em comportamento
adequado.
Respirando fundo, Ranulf encarou o advogado de bochechas vermelhas. —
Acho que é o senhor que precisa de instrução, se for preciso três tentativas
para um homem fazê-lo ir embora, quando não for mais necessário. Bom
dia, e se isso não estiver claro o suficiente para o senhor, adeus.
— Então diga.
Ranulf assentiu. Sua intenção era resgatar Rowena, passar a noite em uma
pousada e estar a caminho do norte, ao nascer do sol. Nada que sua irmã
dissesse teria mudado sua opinião ou seus planos. Não, essa mudança
poderia agradecer àquela mulher. Lady Charlotte Hanover. Ela mal tinha
levantado a voz, e, mesmo assim, agora havia alugado uma casa em
Mayfair e entregue sua irmã à família de um aristocrata inglês.
Depois que rabiscou a nota e enviou Peter para entregá-la, Ranulf voltou
para o quarto que escolheu para si. Dava para a rua ao norte e o pátio do
estábulo a leste, e lhe oferecia uma excelente visão de uma boa parte da
estrada. Havia partido para Londres quase sem bagagem e sem guarda-
roupa adequado, para a chamada sociedade adequada. Pelo menos a cama
parecia mais confortável do que a da estalagem onde ele, os rapazes e os
cães tinham passado a noite.
— Posso calçar minhas próprias botas, mas obrigado, Owen. E valete não é
algo que se faz; é o que se é. Peça para Debny selar Stirling, sim?
— Claro.
Tocando uma mão na pistola, no bolso esquerdo do casaco, ele mesmo abriu
a porta da frente, dando um passo para um lado da entrada larga enquanto o
fazia. Não há sentido em se tornar um alvo fácil. Três cavalos esperavam na
entrada, com Debny e Owen já montados. — Estão prontos para isso? —
perguntou, pegando as rédeas de Stirling do cavalariço-chefe e subindo na
sela do baio.
Londres
parecia
muito
apertada,
lotada
e,
O que, diabos, estava pensando, para deixar Rowena seguir seu caminho e
permanecer aqui? Ela tinha fugido de casa sem deixar um bilhete, droga, e
não merecia nada mais do que uma surra em seu traseiro e uma longa
viagem para casa. Na verdade, isso era ridículo. Cuidaria para que voltasse
com ele, para a casa que havia alugado, para que pudesse ficar de olho nela,
e então iriam para o norte no dia seguinte. Poderia odiá-lo por um ano se
quisesse, mas, pelo menos, estaria segura e onde ela pertencia. E
Aquela mulher estava ali também, olhando-o como se não tivesse medo ou
preocupação no mundo, o que o aborreceu ainda mais. Era tudo o que ele
não gostava em uma mulher, alta, magra e loira, como uma delicada boneca
de porcelana, que provavelmente quebraria, se alguém tentasse um abraço.
Pior ainda, interferiu em assuntos que não eram da conta dela, e falou,
quando ele teria preferido um momento ou dois para pensar.
— Nae.
Lady Charlotte piscou seus lindos olhos castanhos, como se ninguém nunca
lhe tivesse negado nada antes. Provavelmente ninguém tinha, considerando
os ingleses de cabeça e coração fracos que a cercavam e aquela língua
afiada entre os dentes. — Perdão? — disse baixinho.
— Nae. Não — repetiu, exagerando o som para ter certeza de que entendeu.
— Eu não vou ter minha irmã desfilada diante de uma manada de fidalgos
sasannach mimados e gordos, como uma vaca premiada.
Rowena deu um passo à frente e pegou sua manga, como fazia desde os
dois anos de idade, quando queria sua atenção. — Não serei só eu, Ran.
— disse e baixinho. — Jane também estará lá. Toda jovem que quer ter sua
temporada vai ao Almack primeiro. E eu quero muito dançar.
Nunca foi capaz de recusar uma coisa que Rowena realmente desejasse.
Exceto por Londres, mas ela conseguiu isso sozinha. — Estará lá também?
— perguntou, virando-se para Jane, menor e de cabelos mais claros que sua
irmã tagarela. — Bem ali, ao lado dela? — perguntou, odiando tanto não
saber como era o maldito processo e ter que pedir a confirmação de uma
garota inglesa.
disse a irmã Hanover mais nova, com a voz trêmula. Na verdade, olhou
para ele como se esperasse que saltasse sobre ela, garras e dentes à mostra.
Ao lado dela, a irmã mais velha parecia muito mais composta, enquanto
assentiu com a cabeça. Os cachos dourados, pendurados no coque, na parte
de trás de sua cabeça balançavam sedosamente de um lado para o outro. —
Esta é a primeira Assembleia da Temporada. Ela não vai ficar ali sozinha.
— E quem é que dá permissão para elas dançarem valsa? Quem são essas
patronesses, sobre as quais a maldita página da Sociedade está sempre
falando?
— Bem, é um grupo de mulheres muito influentes e aristocráticas.
— Não tenho certeza do que tudo isso significa, temo. — disse Lady
Charlotte, continuando a observá-lo. Não era o mesmo olhar apreensivo que
recebia de sua irmã, no entanto. Parecia principalmente curiosa.
ela não entenderia, e ele não gostava de ser cobiçado, como um cordeiro de
duas cabeças. Ranulf gesticulou para sua irmã. — Se ela deve ser
apresentada no Almack, o que é necessário?
Ele colocou um dedo sob o queixo dela, inclinando o rosto para olhá-lo,
admitindo para si mesmo que havia perdido mais uma discussão, antes
mesmo de começar. Pelo menos desta vez, poderia culpar a si mesmo, ao
invés da bruxa de cabelos loiros. — Eu sei que sim, minha querida. Apenas
tenha em mente que é o mundo para mim. Pretendo mantê-la a salvo,
Rowena.
— Sim. A pé.
Vamos, Janie.
— Sim. São um pouco eriçados. Mas correm mais que um galgo em terreno
irregular. — por um momento, continuou olhando-a, mas
Com as outras duas rindo e sussurrando, ficou com Lady Charlotte, vários
metros atrás delas. Esta tarde, encontraria um mapa deste maldito lugar,
para saber para onde estava indo. No momento, sentia-se muito vulnerável,
seguindo duas crianças, treze anos mais novas que ele.
comentou Lady Charlotte, olhando por cima do ombro para o severo Debny
e depois para os cães nos calcanhares de Ranulf.
Desta vez ela o olhou, lanças verdes iluminadas pela luz do sol
profundamente em seus olhos. — Demonstra coisas boas, sendo tão
Capítulo 2
Almack.
Harpias
Sasannach,
r's
Capítulo 3
—M
Ranulf ergueu os olhos do jornal que estava lendo durante o café da manhã.
Era estranho ter notícias que não tinham uma semana. E inquietante ler que
o Marquês de Glengask se encontrava na cidade, residindo exatamente onde
estava. — Ele não é seu tio, Owen. Para você, ele é o Laird Swansley.
— Sim, meu laird. É só que ele esteve em Glengask por tanto tempo...
Ranulf assentiu, sacudindo um dedo para Peter. O lacaio foi buscar o papel
e abriu-o. — Eu não consigo ler esses arranhões de galinha, meu laird. —
proclamou, depois de um momento gasto olhando para a página.
Do lado oposto da sala, Owen bufou e passou por Myles para pegar o papel
dos dedos de Peter. — Não consegue ler nem um arranhão e não engana
nenhum de nós sobre isso. — depois de um momento, ergueu os olhos da
página, franzindo a testa. — Não são nomes escoceses, Laird Swansley.
— Mas…
— Agora.
Ranulf respirou fundo. — Quaisquer que sejam suas intenções, por sua
causa, perdi três escolas. E se Urso tivesse chegado dois minutos antes,
estaria bem no meio do terceiro incêndio. Levou uma bala para o ombro no
lugar.
— Acha que não sei disso? Isso ainda me mantém acordado à noite.
— Eu ajudei a criá-lo.
— Nae. Eu tinha dezoito anos quando foi para o norte. Garanto que ajudou
a criar os outros. Admito que quando Eleanor engoliu veneno e deixou
Rowena e nós, rapazes, órfãos, o senhor foi para o norte. Eu sei que não foi
uma coisa fácil para o senhor.
Myles engoliu em seco. — Ela não deveria ter feito isso. Minha irmã, sua
mãe, todos nós sabíamos que não pertencia àquele lugar. Mas ela amava seu
pai.
— Ela adorava ser marquesa. Quando peguei o título, ela queria que todos
nós mudássemos para Londres. Desde o início, queria que fossemos criados
na Inglaterra. Seríamos aristocratas ingleses, com assento na Escócia.
Assim como todos os outros. Meu pai não teria feito, e nem eu. —
— Eu sei. Ela... não se saiu bem contigo. Mas se eu puder perguntar, por
que permitiu a Rowena uma temporada, agora?
— Oh.
E sabia exatamente por quê. Aquela moça alta e loira. Charlotte Hanover.
Ela não gostava de violência. O que não o teria influenciado nem um pouco,
porque uma mulher Sasannach não sabia nada sobre como sobreviver em
seu mundo, exceto que ele pegou aquele olhar em seu rosto quando
dançaram. Aquele olhar dizia coisas. Aquele olhar dizia que ela sabia do
que falava.
Isso o deixou curioso. E foi por isso que pensou nela, enquanto se levantava
para pegar Stirling e seu par de batedores, passando por jardins bem
cuidados e casas altas e brancas, virando na rua da Hanover House.
Curiosidade. Nada mais. Porque não poderia haver uma atração. Não
quando era inglesa. Não, por mais que seus rivais pudessem pensar que
fosse, não era tão louco, a ponto de levar voluntariamente uma inglesa para
as Highlands. Não depois de ter visto uma mulher com uma filha de cinco
anos e três filhos de menos de vinte anos, se envenenar para escapar.
Seu primeiro pensamento foi que, embora nunca tivesse visto o Hyde Park,
seria muito aberto, e muito lotado para qualquer coisa menos do que um
exército, para fornecer proteção adequada a Rowena. Ou melhor, esse foi
seu segundo pensamento. Seu primeiro pensamento foi mais primário, e
teve muito a ver com o traje de montaria pêssego, que Charlotte usava.
— Chega disso. — resmungou, afastando a mão dela, para que a saia caísse
de volta ao seu devido lugar. — Terá os Sasannach nos chamando de
selvagens e demônios.
— Ah, pish! — sua irmã retornou, então deu uma risadinha. — Essa é uma
grande palavra, não é? ' Pish.'
— Eu queria que soubesse — disse em voz baixa, seu olhar direto, cor de
avelã, encontrando o dele novamente — que falei com meus pais ontem à
noite, sobre sua preocupação com a segurança de Winnie. Meu pai pediu a
Longfellow que designasse mais dois lacaios para patrulhar a casa durante
toda a noite, e os cavalariços começaram a vigiar o terreno 24 horas por dia.
— sorriu novamente. — Nada para fazê-la se sentir enjaulada, mas o
suficiente para todos nós estarmos cientes, antes que algo desagradável
possa acontecer.
Não era o suficiente, mas era mais do que esperava. E, considerando que
Rowena conseguiu escapar de Glengask, mesmo com todos os homens que
tinha lá, não estava precisamente em posição de reclamar.
— E não deveria.
Enquanto os cães caminhavam, ela ainda tinha, pelo menos, uma cabeça
acima da maioria, e qualquer cão de caça tinha que ter três ou quatro
irmãos, se pensasse em ter meia chance contra ela. — Una é uma moça de
coração mole, mas vai dar sua vida para proteger Rowena. Não tem nada a
temer dela, milady. E não tem nada a temer de mim. — não tinha certeza do
que o levou a dizer essa última parte, mas parecia... necessário. Por causa
dos MacLawry, ela e sua família, provavelmente, se encontrariam em
circunstâncias com as quais nunca poderiam ter sonhado, afinal.
Cristo. Tentando não a jogar para trás, colocou-a na sela lateral. A maneira
como se sentiu abruptamente chamuscado - a maneira como suas entranhas
reagiam ao tocá-la - parecia quase como feitiçaria. Deu um passo para trás,
enxugando as mãos nas coxas. — Aí. Tudo em ordem agora, certo? —
resmungou, e virou as costas, para montar em Stirling. Ao lado dele,
Rowena sorria animadamente, montada na sela de uma bela égua cinzenta
e, sem dúvida, satisfeita por ter feito o que queria mais uma vez.
Inclinou a cabeça. Por mais que odiasse admitir, qualquer atacante teria
exatamente a mesma dificuldade. E uma centena de testemunhas em cima
disso. Os Campbell poderiam arriscar, de qualquer maneira, mas,
felizmente, eram mais propensos a chamá-lo na cara, do que apunhalar seus
parentes pelas costas. O clã Gerden o preocupava mais, mas principalmente
porque não tinha nada além de suspeitas e rumores de terceira mão, sobre o
que poderiam estar fazendo.
Bem, isso parecia injusto, Charlotte pensou, embora tivesse que admitir que
Hyde Park estava muito cheio para o início do dia.
Rowena, na maioria das vezes, não. Em casa não importava muito, porque
sempre tinha um clã ao seu redor. Aqui, estou começando a desejar tê-la
encorajado a levar tudo um pouquinho mais a sério.
— Como sabe sobre problemas? Não estou questionando o que faz; apenas
sobre o que aconteceu, para torná-lo tão cauteloso.
Charlotte não pôde evitar sorrir, embora fosse uma descrição bastante
adequada. — Estou tentando ser diplomática.
— Ah. — para sua surpresa, ele riu. — Os membros do clã chamavam meu
pai de Seann Monadh — Velha Montanha. Aquele homem era duro como o
inverno e forte como um cavalo de tração. — com afeto
Ela levou um momento para decifrar o que ele disse, em parte porque era
tão inesperado. — Ele se afogou? — repetiu, para ter certeza. — Sinto
muito.
Isso nada significa, suponho, exceto para lhe responder, quando pergunta
por que sou tão cauteloso.
Nem podia imaginar o que ele deve ter sentido, para saber que algo ainda
mais sujo havia sido feito, além do que já era uma tragédia. Apenas a
imagem em sua mente, de alguém amarrando e afogando seu próprio pai,
suave e jovial, fez com que lutasse contra as lágrimas. — Não tenho
palavras. — sussurrou.
Desta vez seu sorriso sombrio gelou-a até os ossos. — Isso é história para
outra hora — quando nos conhecermos melhor.
Isso a fez sorrir, embora não estivesse inteiramente certa de que fosse um
elogio. — Descobri que há menos mal-entendidos dessa forma.
À sua frente, Janie se virou na sela. — Char, os gêmeos Lester estão ali. —
disse, murmurando as palavras atrás de sua mão. — Por favor, não venha.
— Hm. A desgraça e a dor explicam alguns dos olhares que tenho recebido
de várias moças, de qualquer maneira. — retornou com outro olhar ao redor
delas. — Suponho que há algo... intrigante em querer alguém que não pode
- e não deveria - ter.
Seu olhar, quando voltou para ela, enviou-lhe algo inquieto e trêmulo.
para ser selvagem. Isso não tornava o Bray melhor ou pior do que o Dee;
afinal, um rio era simplesmente o que era.
Bem, ela nem sempre gostava de fazer o esperado. — Isso soa de tirar o
fôlego. — disse, enquanto ele guiava seu cavalo, para um olhar mais atento,
sobre a margem e os salgueiros suspensos, seus longos e tristes galhos
mergulhando na água, em movimento lento. — Glengask é floresta ou
pastagem?
— Ambos. Estamos no alto das montanhas, então, as árvores crescem
principalmente nos desfiladeiros e vales, onde há mais abrigo contra o
clima. E nossa ideia de pastagem e a sua são duas coisas diferentes, mas nós
nos contentamos.
— Nae. — Sua voz era mais afiada do que esperava. — Criamos gado em
Glengask. Algumas ovelhas das Highlands, para nosso próprio uso, mas um
MacLawry não vai queimar seu próprio povo para criar mais pastagens para
aquelas malditas feras Cheviot. Nunca.
Isso explicava sua cautela com a segurança de sua irmã, e muito mais.
A razão pela qual seu clã ainda era o maior nas Highlands, e, talvez, até a
razão pela qual ele suspeitava que seu pai havia sido assassinado. Os
MacLawry estavam, evidentemente, resistindo às liberações, apesar da
atração da renda das ovelhas Cheviot e da - insistência - da Coroa, para
enfraquecer os camponeses, para que possam obedecer. Não havia nada que
Seus pés tocaram o chão, mas ele não a soltou. Em vez disso, a puxou para
mais perto, então ela teve que colocar as mãos em seu peito duro e largo,
para manter o equilíbrio. — Não deveria... — Ran murmurou, o azul de seu
olhar afundando nela, como um verão quente. E então inclinou-se e a
beijou.
Charlotte fechou os olhos. Não sabia como um homem poderia ter o gosto
das Highlands - ou mesmo o sabor das Highlands - mas Ranulf MacLawry
tinha. Penhascos varridos pelo vento, tempestades ferozes, o calor bem-
vindo de uma lareira em um dia frio. Esse era o gosto do Marquês de
Glengask. Totalmente inebriante.
Janie estava rindo atrás de uma mão. — Damas não falam sobre partes
masculinas, Winnie.
— Verdade? Meus irmãos quase não falam sobre qualquer outra coisa, ao
que parece.
Se não fosse pelas luvas de montaria e pela manga dele, pensou que tocá-lo
poderia tê-la feito explodir em chamas. — O... hum...
Pelo amor de Deus. Desta vez, pelo menos, estava feliz por sua arrogância.
Isso a tirou de qualquer estupor bobo em que havia caído. —
— Ela viu o sorriso dele caindo pouco, antes de virar Sixpence e assumir a
liderança. Incitando a égua a trotar, enquanto tinham um momento de
espaço para fazê-lo, os conduziu de volta pela ponte, na direção do carrinho
do vendedor de gelado mais próximo.
— Ei, moça! — Ranulf disse em seu sotaque profundo, e freou seu grande
baio com uma mão, enquanto segurava sua égua com a outra. Diabos. Ele
provavelmente fez malabarismos com ursos para se distrair e se divertir
também.
— Ela está bem. — Ranulf disse, antes que ela pudesse responder. —
chamou em voz mais alta, virando-se para olhar para a irmã, antes de se
endireitar novamente.
Capítulo 4
Noiva.
Porque deve ter sido a surpresa que o atravessou. Nada mais fazia sentido.
Não tinha ideia do que a havia irritado; era a única que tinha um noivo
lançado nela. Não que isso afetasse nada além de sua curiosidade, é claro.
Mesmo que pudesse, por um momento, considerá-la atraente, mesmo que
pudesse, por um momento, tê-la imaginado nua em seus braços, continuava
sendo a única coisa que nunca poderia fazer parte de sua vida nas Highlands
- uma inglesa.
— Tenho certeza de que não tenho o menor interesse no que pensa, milorde.
De alguma forma, ele voltou a ser milorde, um sinal claro de que tropeçou
em algo que a deixou desconfortável. Um verdadeiro cavalheiro,
provavelmente, deixaria de perseguir o assunto, mas todos em Londres
sabiam que ele não era um verdadeiro cavalheiro. Em vez disso, aproximou
Stirling. — Bem, vou te dizer, de qualquer maneira. — empurrou,
mantendo seu tom baixo o suficiente para que a multidão ao seu redor não
pudesse ouvir. — Acho que não existe um homem chamado James
Appleton.
Dessa vez ela virou a cabeça, para encará-lo completamente. Suas
bochechas claras ficaram brancas. — O quê?
— É isso então, aye? — continuou, seu olhar baixando para sua boca
macia, quase contra sua vontade. — Não pode suportar um demônio como
eu lhe dando um beijo, então conjura um namorado imaginário, em vez de
me dizer, na minha cara, que não quer nada com um Highlander. É uma
mentirosa inglesa covarde, Lady Charlotte, e lamento admitir que pensei
melhor a seu respeito.
Aproximando Stirling, o pegou de seus dedos. — Eu não lhe dei isso, moça.
Agora precisava se desculpar. Não era algo que fazia com frequência ou
bem, mas, por Deus, era homem o suficiente para admitir um erro, quando
cometia um. Virou Stirling - e Fergus deu um rosnado baixo à sua esquerda.
Ao mesmo tempo, o cabelo na nuca de Ranulf se arrepiou. Isso não era um
rosnado para se exibir. Com uma mão deslizando em direção à pistola em
seu bolso, moveu-se um pouco, para olhar na direção em que ambos os cães
estavam olhando agora, corpos baixos, caudas rígidas e paralelas ao chão -
esperando sua ordem para atacar.
Bom. Então, talvez, não tivesse que matar nenhum deles hoje.
Voltando sua atenção para o trio imóvel, a seis metros de distância, do outro
lado do caminho, deliberadamente levou um momento para avaliar cada um
deles. O homem à direita possuía tantos músculos excessivamente grandes
que provavelmente não tinha muito espaço para pensar. Seria o executor,
então. Em contraste, o homem sentado à esquerda era elegante como uma
lontra, vestido todo de preto e os olhos sombreados pelo chapéu de castor
preto na cabeça. O conselheiro, que tentaria uma facada nas costas, em vez
de um soco no rosto. De longe, o mais perigoso dos dois. O
— disse em voz alta. — Terminou com seu nariz quebrado e um aviso para
ficar longe da minha terra.
O homem musculoso pegou suas rédeas e se sentou para frente, tão ansioso
para atacar quanto os cães estavam, todos esperando apenas uma palavra de
seus respectivos mestres. Berling, porém, manteve o sorriso no rosto, como
se alguma moça lhe tivesse dito que parecia menos um burro quando sorria.
Estava errada, quem quer que fosse.
Sua pequena propriedade se chama Sholbray. Cem anos atrás, era a sede da
família Gerden, até que esvaziou suas terras e a entregou a mil ovelhas.
— Eu estava tentando deter o seu queixo, para parar de bater. Vejo que
ainda tem o problema de falar quando não deveria. — inclinou a cabeça. —
Devo tentar outra vez, então?
— Conversa corajosa para um homem com três servos e dois cães do clã.
— olhos pálidos dispararam novamente na direção de Rowena, mas,
evidentemente, o conde sabia o que aconteceria se sequer a mencionasse.
Mas não hoje. Tem algumas vacas ou cabras que precisam ser jogadas fora?
— Está tudo bem. — retrucou, empurrando de volta para seu peito, com
força, a raiva que tentava escapar. — Terminem seus sorvetes, e nós...
— 'Essa briga'? — repetiu, girando seu baio para ficar de frente com ela.
— Pare com isso. Estou furiosa com o senhor. Nós não nos ameaçamos nas
ruas aqui. E, certamente, não por rivalidades de clãs ou algo
assim.
Por um momento, pensou que poderia sofrer uma apoplexia, bem ali no
meio do Hyde Park. — Algo assim. — repetiu. Não tinha acabado de dizer-
lhe que o clã era tudo para um Highlander? — Foi um aviso que dei a
Berling; não é uma ameaça.
— Semântica. — retrucou.
Vou ameaçá-lo, toda vez que colocar os olhos nele. E se ele der outro passo
em direção a mim ou dos meus, estará acabado.
Ela olhou de lado para ele e depois, rapidamente, para longe, como se nem
se importasse em reconhecer que estava lá. E ele ainda queria voltar a beijá-
la, maldição. — Mande prendê-lo, então. — disse.
No momento em que ela falou, Charlotte desejou não ter feito isso.
Sim, ele incomodava seus ouvidos e seus pensamentos sem fim, mas já
sabia que deixá-lo com raiva não era uma coisa sábia a se fazer. Os lábios
sensuais de Glengask se contraíram, seus profundos olhos azuis brilhando.
Então ele assobiou, um som curto e estridente, que a fez pular e trouxe os
cães e os dois criados instantaneamente para o seu lado.
Sua irmã estendeu a mão para ele. — Ranulf, a festa de Evanstone é hoje à
noite. Vai…
Com isso, Ran, o grande baio e o grande cão de caça cinza se afastaram da
multidão, viajando, em um ritmo rápido demais para serem civilizados.
Mas, então, Ranulf MacLawry não era nada civilizado.
coisa - parecia ser o que ela queria para sua curta temporada. Não ser
escocesa.
— É verdade que ele atirou em seu irmão Munro? — Jane perguntou, sua
cor ainda pálida. Demonstrações públicas de agressão masculina não era
algo com o qual nenhuma das irmãs Hanover tinha muita experiência,
graças a Deus.
— Se atiraram nele por trás, como sabe que era lorde Berling? —
Charlotte pressionou, mais interessada nos fatos do que na linguagem usada
para apresentá-los.
— Porque Berling é aliado dos Campbell e dos Donnelly, e o tio Myles deu
o mapa aos Donnelly e contou a eles sobre as escolas.
Bem, isso explicava a tensão entre Ranulf e seu tio, mesmo que a lógica de
tudo fosse abismal. Charlotte se perguntou, brevemente, se o marquês havia
quebrado o nariz de lorde Swansley também. — Isso torna possível, então,
mas não prova.
Rowena lhe lançou um olhar confuso. — Foi o que o tio Myles disse.
homem violou sua confiança, e que apenas alguém que deu as costas para
seu próprio povo, como Berling, temeria uma escola.
Isso pode ter passado por fatos na Escócia, mas Charlotte podia ver por que
Ranulf não se preocupou em levar suas queixas a um tribunal.
Suposição, superstição e ódio — era o que tinha sido. Não admira que os
escoceses não tivessem mais permissão para governar a si mesmos.
Foi só depois que voltou para casa e se acomodou na biblioteca, com o mais
recente Repositório de Ackermann, que o resto da conversa afundou nela.
Ranulf estava construindo escolas - várias delas, aparentemente - em suas
terras. Para seus camponeses.
ou Sasannach, como ele a chamava - não poderia ser mais óbvio. E, ainda
assim, a beijou, e isso parecia tudo menos desdenhoso. Fundido e selvagem,
talvez, mas não tinha queixas sobre isso. De forma alguma.
Seu pai era um grande leitor e tinha uma coleção bastante extensa de
biografias, peças e romances. Vasculhou as prateleiras da biblioteca, até
Tinha lido o relato do jovem Edward Waverley e como foi seduzido pela
ardente Highlander, Flora MacIvor, com suas tendências jacobitas, mas essa
leitura tinha sido sobre o romance de tudo isso, e como esperava que
Edward voltasse à suave e firme Rose Bradwardine da Lowlander - que
conhecia. Desta vez, quando se sentou e abriu o livro, quis ler sobre as
Highlands. E os Highlanders.
Mas não quis dizer isso dessa forma. Só quis dizer que ninguém a beijou,
desde que James o fez, na noite anterior a ele ter saído para levar um tiro no
coração. E então, naturalmente, quando Ran lhe deu aquele beijo
espetacular, pensou no beijo e no resto do absurdo e da dor que seu noivo
de cabeça quente havia causado. Certamente, não estava pensando em
James, quando Ranulf a beijou, porque sua mente parou de funcionar
completamente.
Bem, se ele interpretou mal o que disse, o que importava, afinal?
Explicou, talvez inadvertidamente, mas ele deve ter percebido o que queria
dizer. E parecia muito mais interessado em procurar uma desculpa para
derrotar Lorde Berling do que em defender seus próprios caminhos
sanguinários, de qualquer maneira.
Estranho, ela nem sabia que Donald Gerden era escocês. Dançou com o
conde, e em várias ocasiões. Conversaram sobre o tempo, e as últimas
peças que estavam sendo apresentadas no Teatro Drury Lane, e mesmo que
agora se lembrasse de que ele, várias vezes, fechava os a's, não tinha notado
na época. Ranulf tinha lhe dito que não entendia o que era ser escocesa, e,
evidentemente, estava certo. Nada desse ódio, conflito e sotaques ocultos
faziam qualquer sentido para ela.
Não que isso importasse, também, já que suas palavras de despedida para
ele tinham sido uma sugestão para que parasse de tentar tanto ser escocês,
ou algo assim. Provavelmente, poderia ter conjurado um insulto pior, mas
levaria algum tempo e esforço. — Tola! — murmurou.
— Charlotte?
Chegou antes dele e foi até a janela que dava para o caminho de carruagens.
O céu ficou cinza com a tarde; teriam sorte se não começasse a chover antes
de chegarem ao baile de Evanstone. Não havia nada pior do que tentar
andar na lama e excrementos de cavalo, em chinelos de dança.
Oh, Deus. — Não foi uma briga, precisamente. Lorde Glengask e Lorde
Berling se viram e trocaram palavras. Não deu em nada.
Seu pai olhou para ela por um momento. — O que aconteceu? Sabe?
— Sim, foi estúpido, mas depois de duas horas de maldita Inglaterra isso e
maldito inglês aquilo, eu tive o suficiente. — porque ninguém nunca estava
autorizado a saber que Ranulf a beijou. Ou que ela o beijou de volta.
Charlotte franziu o cenho. Ranulf não disse precisamente que permitiria que
Winnie ficasse mais tempo, mas deu a entender. Claro que isso foi antes
deles discutirem. — Não planeje um jantar de despedida ainda, papai. —
disse de qualquer maneira. Lorde Hest deveria saber o que estava
acontecendo em sua própria casa.
O que aconteceu?
Capítulo 5
não gostava muito dele, Ranulf decidiu, mas então, dada a forma como o
homem continuava tentando adicionar acolchoamento em seus ombros, o
sentimento era mútuo.
— Sim, muito bem. Apenas, por favor, não conte a ninguém que veio até
mim.
— Ah, eu não vou. Não precisa se preocupar com isso. — ele e Fergus
saíram da alfaiataria, e, com um rápido olhar para cima e para baixo na rua,
Ranulf subiu em Stirling e seguiu trotando para Tall House.
Charlotte disse que deveria tentar se encaixar. A moça poderia ter mais
juízo do que a maioria, e se ela tivesse parado para pensar por um
momento, teria percebido que ele nunca se encaixaria. Não em Mayfair.
Uma vez que ela havia entrado novamente em seus pensamentos, recusou-
se a sair. Era como tê-la lá, pessoalmente, na verdade, teimosa, adorável e
comandando sua atenção, independentemente do que pudesse
Mas pensava nela dessa maneira - e era por isso que se sentia como se
alguém tivesse cortado suas bolas quando, de repente, passou a ter um
noivo. E agora não tinha mais.
Tudo isso significava que, provavelmente, Ran nunca teria outra noite
decente de sono. Porque seu cérebro, pequenino e teimoso, sabia que, tendo
outro homem ou não, Charlotte Hanover não era para ele. Sabia que quatro
dias de conhecimento não deveriam tê-lo deixado se sentindo assim.
Fez isso por causa de sua irmã, é claro, porque ela parecia muito feliz.
Ranulf empurrou a porta de seu quarto com tanta força, que sacudiu as
janelas. Em resposta, uma figura ao lado de sua penteadeira guinchou e
girou como um camundongo assustado. Então agora Gerden estava
mandando vermes atrás dele.
Essa era uma imagem colorida. Ranulf apontou a ponta de sua adaga para o
canto. — O deixou entrar?
— Aye, meu laird. Teria lhe contado, mas eu estava no banheiro quando
entrou.
Fergus, fora. Vá guardar essa coisa, Peter. Ambas as coisas. E leve Ginger
contigo. Parece que precisa de um uísque.
— Nada, milorde.
— Certifique-se disso.
Uma vez que Ranulf trocou seu casaco de montaria e botas, desceu para seu
escritório. Agora tinha criados ingleses correndo por Tall House, mas havia
pouco que pudesse fazer sobre isso. A avaliação de Myles de sua situação
estava correta, e contratar pessoas que não sabiam nada sobre os problemas
das Highlands fazia sentido.
Afundou na cadeira frágil atrás da mesa de mogno muito ornamentada e
pegou caneta e papel para escrever uma carta para Arran. Seus irmãos
precisavam saber que a quinzena agora se tornou uma excursão sem fim, e
precisava que mais algumas de suas coisas fossem enviadas para Londres.
Nunca seria. Recostou-se por um momento. O que mais poderia usar aqui
era alguém que conhecesse a situação da terra, alguém que soubesse quais
outros escoceses reformados estavam em Londres e em que número.
Isso fez com que seus pensamentos se dirigissem para seu tio. Sim, Myles
Wilkie teria sido perfeito, exceto que Ranulf não tinha certeza se podia
confiar no julgamento do visconde. O fato de Myles ter tentado ajudar e
causado um desastre tão próximo quase piorou as coisas.
Por outro lado, quando um homem tinha recursos limitados, não havia
opções perfeitas. Sempre poderia perguntar a Charlotte, supôs, exceto pelo
fato de que, primeiro, ela queria que ele fosse menos escocês; segundo, que
não tinha certeza de que estivessem falando; e terceiro, isso significaria
uma conversa tranquila e prolongada, onde poderia, muito provavelmente,
fazer algo idiota como beijá-la novamente.
— Meu laird?
— Bem, não tenho certeza. Peter diz que lacaios e tal passaram a manhã
toda, dizendo 'com licença' ou 'com respeito', e entregando isso. — o ex-
soldado segurava uma bandeja empilhada com cartões e notas, e uma caixa
embrulhada com fitas.
Frequentou Oxford, porque era a lei que o filho primogênito de todo laird
escocês recebesse educação inglesa. Então insistiu que seus irmãos fossem
também, porque queria que soubessem quem, e o que estavam enfrentando.
Por isso sabia o que estava em sua bandeja: a mais perigosa e insidiosa de
todas as coisas inglesas. O cartão de visita.
A lã, porém, não era tão pesada. Franzindo o cenho, pegou a caixa e a
derrubou. A lã caiu com um baque surdo. Respirando fundo, separou a
coisa com os dedos. Um momento depois, uma sólida bala de mosquete de
chumbo caiu sobre a superfície polida da mesa. Agora isso era uma ameaça
melhor do que um punhado de lã suja.
O lacaio reapareceu na porta. — Sim, meu laird? — Seu olhar caiu para a
mesa, e ele deu um passo à frente. — Isso estava naquela caixinha?
O lacaio fez uma careta. — Não pode pensar em sair agora, meu laird!
— Por que não, por que alguém me quer morto? Desde quando alguém não
quer que eu seja enterrado? Acho mais útil, no momento, saber quem pode
estar em Londres durante a temporada e morando na minha porta.
— Não, não vão. Fergus vai. Vai ficar para vigiar a porta. Owen!
o espelho de mão e virou-se para ver a parte de trás de seu cabelo, preso em
um coque alto e ornamentado, no grande espelho. —
Felizmente, se sentia preparada por fora, porque suas entranhas eram algo
completamente diferente. E sabia exatamente a quem culpar por isso.
Glengask tinha se afastado esta tarde, mas, ainda assim, deixou a questão de
como pretendia se comportar esta noite. Será que dançaria? Será que a
convidaria para dançar? Se o fizesse, o que lhe diria? Afinal de contas,
estava zangada com ele. Mais do que provável, que estivesse igualmente
zangado com ela.
A porta de seu quarto se abriu, e Jane entrou com Winnie, o cão de caça alto
atrás delas. — Ah, Char, está deslumbrante! — exclamou a irmã,
separando-se da amiga com um floreio. — Um cavalheiro finalmente voltou
a chamar sua atenção?
Charlotte sentiu suas bochechas aquecerem. — Por que, diabos, diria isso?
Eu geralmente pareço tão maltrapilha?
Mitchell quase teve que me amarrar na cadeira, eu estava tão nervosa com o
quão alto estava empilhando meu cabelo. — a irmã do marquês deu um
tapinha cuidadoso na massa negra e lustrosa. — Estamos praticando estilos
londrinos há semanas, mas, desta vez, não é só por diversão.
Janie saltou na ponta dos pés. — Diga algo lisonjeiro sobre meu vestido
também, Charlotte. — insistiu, rindo.
— Ele pode pedir, — sua irmã voltou com uma risada — mas ainda não
vou me casar com ninguém. Ainda há muitas festas por vir nesta
temporada.
— Sim. Lachlan MacTier. Sinto sua falta terrivelmente. Mas estou aqui há
quase cinco dias e fora de casa há quase o dobro disso, e ele ainda não me
enviou uma única carta.
— Só que um homem não pode sentir sua falta, se está sempre por perto.
Os olhos cinzas, muito menos ferozes que os azuis de seu irmão, a olharam
por um longo momento. — É absolutamente brilhante, Charlotte!
franziu a testa. — A menos que... Devo escrever para dizer que não estou
escrevendo para ele? Eu não quero que ele pense que estou brava - embora
eu esteja, um pouco.
dando uma última olhada em seu cabelo, para ter certeza de que ficaria no
lugar, as empurrou para fora de sua porta. Com alguma dificuldade,
fecharam Una no quarto de Winnie e desceram correndo as escadas.
Seus pais já estavam esperando no vestíbulo, e tiveram que tirar um
momento para admirar cada uma delas. Evidentemente, ela geralmente não
se vestia tão extravagantemente, porque ambos comentavam sobre seu traje
e seu cabelo também. Que estranho que todos pensassem que algum homem
devia ter chamado sua atenção; nos últimos dois anos, nenhum deles jamais
havia mencionado tal coisa, quando se vestia para uma festa.
— Claro.
— Acho que ele tem estado muito ocupado. — Rowena respondeu, sua
expressão ficando mais pensativa. — E acho que se preocupou que eu me
sentisse deixada de lado, se trouxesse outra moça para dentro de casa.
Mas eu tenho dezoito anos agora, então isso provavelmente vai mudar. —
fez uma breve careta. — Só espero que não decida se casar com Bridget
Landry. A família dela é a que mora mais perto, e é bonita e tudo, mas
quando ri parece que corvos estão morrendo.
Winnie assentiu, mal piscando. — Fazemos duas grandes festas por ano,
uma em An Soadh e outra em Mahldoen, mas não são bailes, exatamente.
Mais como feiras, suponho. Todo o clã se reúne e montamos tendas. Há
todo tipo de comida e bebida, e cantos, danças e gaitas, arremessos de
caber, tiro, espadas. Não é tão grandioso quanto isso.
Assim que o mordomo anunciou Lorde Hest e o grupo, com uma voz
retumbante, se dirigiram para o mais próximo dos dois salões de baile
interligados. As paredes dobráveis entre eles foram abertas, criando um
espaço de tirar o fôlego, com cadeiras alinhadas nas paredes, enormes
lareiras em cada extremidade e uma dúzia de janelas até o chão, que davam
para uma varanda, com degraus para o jardim e o lago abaixo. O exterior
estava iluminado com tochas, o interior com oito candelabros, e tudo
brilhava.
— Rowena, está muito bonita. — disse em seu sotaque baixo, sorrindo para
a irmã.
Charlotte não sabia como poderia dizer isso, quando cada centímetro dele
praticamente irradiava problemas e muito calor masculino. Quando virou
seu olhar em sua direção, ela se recusou a desviar o seu, ou abaixar os
olhos, para ver seu traje. Tentou não corar, mas, dado o calor de suas
bochechas, não conseguiu essa façanha. — Vejo que ouviu meu conselho.
— disse finalmente.
Ranulf inclinou a cabeça. — Que conselho foi esse? Oh, a parte em que me
disse para eu me encaixar. — estendeu os braços para os lados. —
Charlotte esperava que perguntasse se ela era covarde demais para dançar
com ele ou não, e tinha uma resposta para isso - preferia não fazer um
alvoroço público. Mas ele não tinha falado dessa forma, e agora não podia
recusar, sem parecer a inglesa aristocrática esnobe que ele, obviamente,
desdenhava. E não estava preparada para ser desprezada. Não por Ranulf.
E, além disso, parte dela queria dançar com ele.
— Oh, céus. — por causa disso, agora não podia deixar de recordar todas as
músicas e poemas obscenos que já ouviu sobre um escocês e o que usava
sob seu kilt. O que, se as histórias fossem verdadeiras, não era precisamente
nada. — Escreva seu nome e devolva meu cartão de dança.
Respirou fundo, fingindo aborrecimento. O que havia nele que agitava suas
entranhas? Toda a lógica dizia que não deveria querer nada com ele, ou seu
kilt, ou suas maneiras bestiais. — Escreva seu nome, Ranulf, e devolva meu
cartão. Melhor assim?
Não sabia muito bem como aceitar isso. — Nossas irmãs se tornaram
amigas queridas. Deve haver uma certa honestidade entre nós, não acha?
— Eu discordo.
Por não querer mais encontrar seu olhar, e porque as pessoas estavam
começando a notá-la, tanto quanto a ele, Charlotte olhou para seu cartão de
dança. E franziu a testa. — Não pode reservar as duas valsas.
— Acabei de fazer.
Então agora ele pretendia usar sua própria antipatia pela violência para
fazê-la ceder a algo escandaloso. Veremos. Poderia ter a primeira valsa,
então, mas se queixaria de uma dor de cabeça antes da segunda. Isso
eliminaria tanto o escândalo de valsar com ele duas vezes quanto a
necessidade de alguém brigar para evitar isso. Não que alguém pudesse
lutar por ela; damas sem namorados raramente tinham heróis.
Ran levantou a cabeça para olhar para onde sua irmã e Jane estavam
cercadas por rapazes. Por um instante, sua expressão ficou alarmada, depois
voltou para uma arrogância ligeiramente divertida. Ranulf deu um passo
além dela, então parou para se inclinar. — Acho que pode ser uma bruxa,
Charlotte Hanover — murmurou em seu ouvido — porque só enfeitiçado
esqueceria meus próprios deveres.
Antes que pudesse conjurar uma resposta a isso, ele se afastou para tirar o
cartão de sua irmã da mão do Lorde William Duberry. E Lorde
Sinto pena de sua irmã, tentando ter um momento agradável, enquanto ele
caminha para afastar os homens dela.
dança da mão dela. — Eu não tinha percebido que sua família conhecia os
MacLawry.
Então agora era sua vez de tentar minimizar a conexão dos Hanover com os
MacLawry. Provavelmente seria sábio fazê-lo, se pelo menos metade do
que Ranulf lhe disse fosse verdade. Havia momentos, porém, em que se
orgulhava de ser verdadeira em vez de sábia. — Minha mãe era muito
amiga de Eleanor MacLawry — disse — e Janie e Rowena se
corresponderam ao longo dos anos. Ficamos encantados por ela poder vir a
Londres para sua temporada.
Oh, Céus. Olhou para seu cartão, enquanto ele voltava a desaparecer na
multidão. Havia escrito seu nome na segunda quadrilha da noite - aquela
imediatamente após a primeira valsa. O que significava que Ranulf teria
que entregá-la a Berling.
Se quisesse manter a paz, evidentemente, teria que fazer um milagre para
consegui-lo. A solução mais fácil seria simplesmente sair -
Todas queriam dançar com ele, e dificilmente poderia censurá-las. Ele podia
dizer que o enfeitiçou ou algum desses disparates, mas parecia haver... algo
que os aproximava. Caso contrário, não poderia explicar por que já havia
decidido ficar e dançar, pelo menos, uma valsa com ele.
Capítulo 6
SR
Enquanto caminhava até a mesa de refrescos, uma jovem até bloqueou seu
caminho, para lhe dar seu nome, seu endereço e para lhe dizer qual janela
do andar de cima deixaria aberta, mais tarde, naquela noite. Tudo foi feito
por trás da capa de seu leque de marfim, mas ela disse, mesmo assim.
Achava que nunca tinha visto nada tão requintado quanto Charlotte parecia
esta noite. O tom esmeralda de seu vestido seguia o marrom de seus olhos
cor de avelã, e as pérolas e correntes de ouro em seu cabelo dourado
brilhavam como a luz das estrelas. Despertou sua curiosidade e seu
interesse quase desde o primeiro momento em que colocou os olhos nela.
Mas, agora, esta noite, seus pensamentos eram mais físicos e mais difíceis
de ignorar.
Não podia ser o único a notá-la, mas, nas primeiras quatro danças da noite,
ela fez dupla com seu pai, aquele tal de Henning, um rapaz de ombros
dobrados, que se parecia tanto com sua mãe, que devia ser um parente, e
agora com um homem mais velho, cuja alegre esposa usava uma bengala e
estava sentada em uma cadeira contra a parede, aplaudindo cada vez que o
casal se aproximava do seu lado da sala.
Quando seu tio passou pela terceira vez, desde que a dança começou,
Ranulf cedeu. O problema de passar tão pouco tempo fora das Highlands
era que não estava tão familiarizado com os membros novos dos clãs
daquelas famílias que se mudaram para o sul. E seu tio seria útil, por mais
questionável que fosse seu julgamento. — Myles. — disse, enquanto seu tio
atravessava o salão de baile mais uma vez.
—Não estou pedindo que vá embora. — recuou para um lado da sala, e seu
tio o seguiu. — Sei que o idiota ruivo, o de casaco marrom, é o irmão mais
novo de Berling. — com o queixo indicou o sujeito corpulento do encontro
anterior no parque.
— Sim. Dermid Gerden. Não é o mais brilhante dos homens, e, ainda por
cima, tem um pavio curto. Não é uma combinação agradável.
Seu tio se aproximou. — Tem um bom olho, rapaz. Esse é Charles Calder,
neto do velho William Campbell. Vi dois de seus primos na sala de jogos
mais cedo. — aceitou uma taça de vinho de um dos lacaios errantes e tomou
um gole generoso. — Em outras palavras, Ranulf, está em desvantagem
numérica aqui, esta noite.
— Ah. Tem uma maneira interessante de fazer isso, então. — Myles estalou
um dedo em um dos botões da manga de Ranulf. — Não que exatamente se
misture com a Sociedade londrina, de qualquer maneira.
Sabe disso. E muitos aqui já devem ter visto, pelo menos, um flautista. Não
faço ideia do que é tão chocante. — pretendia ser o mais próximo dele,
mesmo que pudesse, mas, na verdade, esperava ser evitado, não cercado por
mulheres.
— Hum-hum. Já que está falando comigo, não vou argumentar que sabe
exatamente o que é tão chocante.
— A de esmeralda.
— Aye. Ela disse que se eu não gostasse de ser olhado de lado, não deveria
me esforçar tanto em ser inglês. — terminou o segundo uísque. —
— Ah.
Ranulf olhou para seu tio. — 'Ah,' o quê? — sim, era o chefe do clã
MacLawry e um marquês, mas seria... agradável, de vez em quando, não ter
que arrancar palavras das pessoas como se fossem dentes.
— Quero dizer, as outras duas. E também pode dar a impressão de que tem
um certo desdém por esta Sociedade.
— O que eu t…
Essa bobagem de novo. Com uma breve maldição em gaélico, que teria
feito os pomposos de sangue azul ao seu redor corarem se tivessem
entendido, Ranulf deixou o refúgio junto à parede. Algumas moças
delicadas tentaram chamar sua atenção, mas sua ânsia o fez estremecer.
Ranulf estendeu a mão, e ela colocou seus dedos nela. Eles tremeram um
pouco, mas esperava que ela fosse forte o suficiente para conseguir
sobreviver ao resto da agitada dança campestre. Moveu-os suavemente para
a fila aberta, soltou-a, fez uma reverência, virou-se, e pegou-a novamente.
— Por quê?
Eu as esfrego com suco de limão todas as noites, mas não parece fazer a
menor diferença.
— Nas Highlands dizemos que uma moça com sardas é beijada pelo sol. É
uma bênção, e nada para se envergonhar. — olhos verdes claros o
observaram esperançosos. — Sério?
— Isso é tão bom. Lorde Stephen Hammond disse que eu tinha a forma e a
pele de uma laranja.
Aposto que esse Hammond tem o miolo de uma laranja. — retrucou, e ela
riu.
Felizmente, a dança terminou antes que ela pudesse começar a dizer-lhe que
gostaria de ver as Highlands e se ele lhe mostraria. Ranulf juntou-se aos
aplausos e a devolveu para sua mãe, então escapou tão rápido quanto pôde.
— Foi uma coisa muito boa que fez. — a voz de Charlotte veio, e colocou a
mão em volta da manga dele.
ela inclinou o queixo para trás, para onde ele se separou da moça robusta.
Quando seguiu o olhar dela, meia dúzia de moças, incluindo duas de suas
primas tagarelas, a cercaram, todas conversando animadamente e lançando
olhares em sua direção.
Ela bufou, cobrindo o som com uma tosse educada. — Temos alguns
minutos antes da valsa, e estou desesperadamente precisando de um pouco
de ar fresco. Vai me acompanhar até a sacada?
respondeu, a pontada aguda de arrependimento que sentiu por ter que dizer
as palavras o assustando um pouco.
— Ela está conversando com seu tio. E sei que o homem que a reclamará
para a valsa é Robert Jenner, um jovem muito simpático, cujo tio está no
gabinete do primeiro-ministro.
— Sou um enigma.
Ranulf colocou a mão em seu ombro, antes que ela pudesse virar-lhe as
costas. — Também é um enigma para mim, sabe? — disse, mantendo a voz
baixa.
Charlotte ficou muito quieta, seu olhar fixo no parapeito de pedra ao lado
de seu cotovelo. — Não sei do que está falando, ou o que está insinuando.
Não estou fazendo nada impróprio. E dancei contigo.
admitiu. — E é claro que não fez nada impróprio. Não faria nunca, muito
provavelmente. Então, por que todos os jovens não a estão perseguindo,
com suas línguas penduradas?
— Bem, essa é uma bela imagem. — seus ombros baixaram uma fração. —
Eles não correm atrás de mim porque eu tenho vinte e cinco anos. Porque
tive uma temporada e encontrei um namorado, e então passei um ano de
luto.
— Está morta então, não é? — sobre sua cabeça, notou o último dos
convidados saindo da sacada, enquanto a orquestra lá dentro começava a
tocar algumas notas amargas em preparação para a valsa.
prateleira. Esta é a temporada da minha irmã. Não vou competir com ela
pela atenção de algum jovem que quer ser atingido pela flecha do Cupi…
Uma vez que suas bocas se encontraram, sua mente parou de gritar para que
a deixasse em paz, para ir embora. Sabia o que poderia significar se enredar
com uma moça inglesa adequada, mas seu corpo se recusou a ir além de
saber que a queria. Seriamente.
Seu gemido suave o deixou duro; talvez vestir um kilt não tenha sido a
decisão mais sábia esta noite, embora não por qualquer motivo de moda.
Seu aperto em sua cintura se firmou, mas então sua boca se acalmou.
— No que estou errada? — Charlotte exigiu, passando a mão por sua saia,
embora seu interior parecesse muito mais desgrenhado do que seu exterior
devia parecer. Deus do céu.
— Não está morta, nem guardada em uma prateleira. Nem perto disso. —
pegou seu queixo entre os dedos, levantando o rosto dela, para que
encontrasse seu olhar. — Acho que me quer, moça. — continuou em um
murmúrio suave.
Ran se inclinou para mais perto. — Eu? — rebateu em seu sotaque suave.
— Então por que ainda está me segurando, Charlotte Hanover?
Isso parecia uma coisa muito poética para ele dizer, mas se parasse para
argumentar que estava fora do caráter, perderiam a valsa. E não importava o
quanto fingisse, também queria as mãos dele sobre ela.
Talvez estivesse com febre e delirando, porque nada do que sentia fazia o
menor sentido. Lorde Glengask era exatamente o tipo de homem de cabeça
quente, do qual tinha se enchido com James Appleton. Quando James a
cortejou, sentiu-se... satisfeita, que um homem tão sério a quisesse.
E então percebeu que seriedade tinha muito pouco a ver com bom humor, e
que falha isso tinha sido. Agora, porém, qualquer que fosse a lição que
pensava ter aprendido, um único beijo - ou melhor, dois beijos agora - de
Ranulf, a deixou girando, sem saber onde seus pés estavam ou se queria
encontrar o chão novamente.
com uma dama inglesa adequada e delicada. Não cometerei o mesmo erro
que meu próprio pai.
Dado isso, imaginar qual tinha sido o erro de seu pai, no que dizia respeito a
sua mãe, imaginar o que havia matado a - delicada - filha de um barão,
parecia uma perda de tempo. Deixando de lado o raciocínio de Ranulf,
simplesmente não se adequariam.
— O que devo dizer? Acabou de me falar que quer se deitar comigo, sem
ter intenção de se casar. Recuso sua... oferta, sir.
— Então gosta de ser a babá da sua irmã e sair para dançar apenas quando
um número par de casais é necessário?
Olhou-a por um longo momento, seu aperto tão firme, que não pensou que
seria capaz de se livrar dele, caso o desejasse. Mesmo assim, não tinha
medo dele. Talvez devesse ter tido, mas sabia, com certeza, que Ranulf
MacLawry nunca a feriria, exceto, talvez, com algumas escolhas de
palavras.
Porque sentia que não se tornou a babá de Janie, mas sua acompanhante. E
sem planos para seu próprio futuro para ocupar seus pensamentos, sentiu-
se... entediada. Apática, acabada. Morta, como ele disse. E não tinha se
sentido assim nos últimos dias. Frustrada, aborrecida, excitada, divertida,
perturbada, mas não entediada.
Para sua surpresa, os lábios dele se curvaram para cima, lembrando-a mais
uma vez de seu esplêndido beijo. Beijos. — Não acho que vamos resolver
esse impasse aqui, moça. Requer mais... conversa particular.
— Não estou…
— Isso não significa nada além de que não desejo ver uma injustiça feita à
Winnie, pelo fato de ter recusado.
Exceto que tinha certeza de que sabia por que ainda balançava em seus
braços. Como disse, tinha vinte e cinco anos. Mesmo com a morte de
— Tire uma bela moça de seus pés e dê-lhe um beijo, para que todos
saibam que a reivindicou.
— Acredito que esta dança seja minha, Lady Charlotte. — disse o conde
suavemente, parando na frente deles.
Ranulf o olhou. Silenciosamente, firme, como um grande leão, medindo
friamente uma gazela. — Deu a ele uma dança, moça? —
lenta que não podia ser real, Ranulf o golpeou novamente, com o outro
punho, do outro lado de seu rosto.
Então ela percebeu o que estava fazendo, fazendo aquela briga ser por outra
coisa que não ela. — Quase brigaram esta manhã no Hyde Park. —
retrucou. — Sobre ovelhas ou pastagens ou algo assim.
— Está bem, Charlotte? — sua mãe perguntou, pegando suas duas mãos e
apertando-as. — Quer ir embora?
— Céus, não. — ela forçou a sair. — Embora eu ache que terminei com a
dança por hoje.
Mas tinha mais do que uma suspeita sorrateira de que Berling sabia que isso
aconteceria - queria que acontecesse, e foi exatamente por isso que a
convidou para dançar aquela quadrilha em particular.
Sim, talvez ela tenha pensado que os dois homens pudessem conversar. E
não conseguia acreditar que Lorde Berling tinha a intenção de ser
esmurrado. O mais provável era que tivesse antecipado uma discussão, que
imaginou vencer.
Quanto a Ranulf, quase parecia gostar dos socos. Certamente não conseguiu
impressioná-la, no entanto, e fez ainda pior em manter um olho em sua
irmã. Tardiamente, levantou a cabeça para procurar Winnie, apenas para
encontrá-la na pista de dança com seu tio. Rowena não parecia feliz, mas
estava dançando. E isso era bom; se continuasse a se apresentar como a
Alguma alma bondosa trouxe uma taça de vinho para Charlotte, que bebeu
com gratidão. Homem estúpido. Quaisquer que fossem as coisas
desprezíveis que aconteceram nas Highlands, aqui era Londres. E não se
brigava nas casas apropriadas de Londres. Se não a tivesse beijado antes,
estava bastante certa de que o odiaria neste momento. Em vez disso, sentiu-
se principalmente com raiva. E um pouco triste, por motivos que se
recusava a considerar. Agora não.
comentou.
Charlotte o olhou. Ranulf viu Berling escrever seu nome em seu cartão de
dança? Havia previsto que o conde tentaria forçar um confronto?
Se sim, por que não disse nada? Por que, simplesmente, permitiu que fosse
colocada no meio, como o aparente pomo de discórdia?
Mesmo se perguntando isso, porém, sabia a resposta. Não lhe disse nada
com antecedência, porque ela não teria tolerado isso. Nunca teria
concordado em dançar com nenhum deles, e, certamente - bem, mais do que
provavelmente - nunca teria saído para a varanda com ele e o beijado.
Mesmo que sair fosse ideia dela, e mesmo que estivesse procurando uma
desculpa para beijá-lo, com a chance de que ele não a beijasse primeiro. Ah,
mas ele beijou.
— Não me importa o que estava fazendo. — disse sua irmã, com lágrimas
nos olhos. — Foi terrível, e barulhento e oh... — Winnie bateu o pé. — Não
vou perdoá-lo. E não voltarei para a Escócia. Nunca. Ele pode muito bem
ter arruinado tudo, só porque tem que controlar tudo, menos o nascer do sol.
E vê-lo amanhã seria apenas para que pudesse gritar com ele. Não tinha
nada a ver com aqueles olhos, quando ignorou o resto do mundo para olhar
apenas para ela. E tinha menos a ver com a forma como seus pés,
literalmente e figurativamente, deixaram o chão quando a beijou. Nada a
ver com isso, absolutamente.
Capítulo 7
—A
Ranulf puxou a gravata das mãos de seu valete e terminou de atá-la ele
mesmo. — Não é uma mancha; é um olho roxo. — viu o sujeito magro em
seu espelho de vestir. — Acha que há um corpo em Mayfair que não saiba
que tenho isso?
— Então não adianta esconder, não é? Agora, traga-me aquele casaco novo
e veremos como estou malditamente inglês.
isso era uma coisa boa, porque precisava de todas as vantagens que pudesse
obter hoje. Charlotte, provavelmente, arrancaria sua cabeça, depois da noite
passada, de qualquer maneira, e não se importaria com as razões dele para
nada disso.
O fato de que estava ansioso para ser castigado por uma delicada moça
inglesa era, em si, uma surpresa. Com exceção de seu irmão Arran,
discutindo se um novo plano, provavelmente, causaria mais problemas do
que valia a pena, as pessoas não o castigaram.
Ao sair de seu quarto, com Fergus ao seu lado, Owen o encontrou no topo
da escada — Tem cartas de Lorde Arran e Urso, ambos, meu laird —
Ele também. Assentindo, Ranulf saiu para a entrada. Juntos, ele e Debny
colocaram Fergus no poleiro de trás do phaeton, onde o lacaio geralmente
deveria se sentar, subiu no assento alto e enviou o belo par de baios em um
trote. Com Debny e Peter cavalgando ao lado e seu grande cavalo de caça
empoleirado atrás dele, não era uma visão facilmente perdida.
Provavelmente era muito cedo para Berling voltar com qualquer coisa, mas
pretendia ficar de olho, independentemente disso. Seu pai seria o último
MacLawry a ser pego de surpresa.
satisfação que sentiu no fundo do peito ao vê-la. Ela podia ser errada para
ele, mas seu coração acelerava à simples visão dela, independentemente do
que acontecesse. Não, não estava apta para as Highlands. Mas ele não
— Foi uma decisão apertada. — retrucou. — E não vou trotar por Londres,
em sua companhia, em um phaeton, para que todos pensem que a noite
passada foi sobre mim, ou que o que fez é, de alguma forma, um
comportamento aceitável.
Agora isso estava mais perto da reação que esperava. — O que a faz pensar
que a briga de ontem à noite não foi a seu respeito? — enquanto falava,
fechou a distância entre eles, seu corpo lembrando-o que um beijo pararia
sua boca.
— Eu fiz, no começo. E então seu tio apontou a eficiência com que limpou
a sala de seus inimigos.
— O que, então? —
Ela continuava batendo o dedo no seu peito enquanto falava, embora ele
não tivesse certeza se era porque estava apontando um argumento ou
porque queria tocá-lo. Preferiu a última explicação, e manteve-se em
silêncio por essa razão.
— Sim. Recuperou esses direitos. E sei que a maioria dos outros clãs
caíram, que, para muitos de seus colegas, trazer as ovelhas era a única
maneira de ganhar uma renda. E que escolheram as ovelhas e as terras de
pastagem e suas famílias imediatas sobre o bem-estar e sobrevivência de
seus próprios clãs.
— Essa é uma lição de história muito boa que me deu, moça, mas posso lhe
dizer que não era necessário. Lê sobre isso em seus livros. Eu vivi isso. Eu
ainda estou vivendo.
— Sei disso. — retrucou, então soltou o ar. — Eu queria que soubesse que
estou ciente da história recente das Highlands.
Seguindo Charlotte, seu olhar atraído, mais uma vez, para seus quadris
balançando, sob uma suave musselina verde e amarela com raminhos,
Ranulf decidiu que o clima ameno inglês e a beleza inglesa não tão amena à
sua frente devem tê-lo levado à loucura. Simplesmente não conseguia
explicar, de outra forma.
Quando ela parou, ele quase a atingiu por trás. Não era típico dele ser tão
inconsciente de seu entorno, mas mesmo louco o suficiente para cuspir -
a menos que isso também fosse considerado como violência física - ela
continuava a distraí-lo. — Sente-se. — disse, apontando para o banco de
pedra sob um olmo imponente.
Fiel à sua palavra, ela caminhou até a fileira de rosas e depois passou por
ele para uma cerca na altura do peito. — Muito bem. — finalmente o
encarou novamente. — O senhor é o problema, milorde. Desde que chegou
a Londres, já encontrou algum inglês - qualquer um - que não tenha sido
gentil e útil em relação ao senhor?
— Eu…
— Não. Bem, sim e não. É claro que algumas pessoas odeiam outras por...
onde elas deitam suas cabeças, como disse. Mas se não deixar de ser tão
desconfiado e tão bravo com... todos, será a causa de sua própria ruína.
— Hm. Fascinante. — lentamente se levantou — Não se importará, eu
presumo, que enquanto considero sua sabedoria eu vá buscar minha irmã e
a remova desta casa Sasannach?
— Não vou mantê-lo longe dela, é claro, mas sugiro que lhe dê um ou dois
dias, para lembrar o quanto o ama e esquecer o espetáculo que criou ontem
à noite — fez uma reverência. — Bom dia, milorde.
Observou enquanto seus ombros subiam e desciam — Acho que isso é com
o senhor. — disse lentamente, e deu a volta nos fundos da casa.
Seguiram em frente, até que nada havia ao redor deles por quilômetros, a
não ser árvores espalhadas, riachos e prados. Ele, o cavalo e
ninguém - nunca tinha falado com ele do jeito que Charlotte Hanover
acabou de falar. Colocou-o na mesa, quebrou seus ossos e o esfolou até
sangrar. E fez isso com um sorriso e um pedido de desculpas, como se fosse
para o bem dele.
A chuva que vinha ameaçando desde a noite passada finalmente se soltou.
Ranulf ergueu o rosto para o céu, desejando que o ar úmido esfriasse seu
temperamento furioso. Que maldita coragem ela teve, para dizer-lhe que era
irracional, para dizer que criava problemas onde não havia nenhum, para
insistir que ninguém vivo havia feito os danos que criticava e que isso
tornava sua raiva imprópria e perigosa para aqueles que amava.
E então, no final, quando o informou tão friamente que Rowena não queria
mais nada com ele ou com a Escócia... o perfurou no coração. Passou sua
maldita vida protegendo sua família e seu povo, em troca de quê?
Por um longo momento, fechou os olhos, deixando a chuva escorrer por seu
rosto e penetrar em sua pele. Quando seu temperamento melhorou, uma
coisa ficou clara; ou estava errado, ou Charlotte estava errada.
mais ou menos bons, suaves e, acima de tudo, ingleses. É claro que ele
odiava até mesmo a ideia dos nobres Sasannach.
Quando Eleanor se suicidou e seu irmão Myles veio cuidar de seus filhos
órfãos, Ranulf detestou o homem, pela maneira como falava, como se
vestia, como insistia para que Urso, Arran e Rowena aprendessem as
últimas danças inglesas, literatura inglesa e regras e leis inglesas.
Finalmente, sacudiu a água dos olhos e virou Stirling para o sul novamente,
de volta para Londres. Maldita Charlotte Hanover, por fazê-lo questionar
cada ponto de sua vida, por fazê-lo se perguntar se virou à esquerda, quando
deveria virar à direita.
Precisava pensar e planejar. Poderia forçar sua irmã a voltar para Glengask,
mas não a fazer desejar estar lá. Ordenar a Charlotte que guardasse suas
opiniões sobre ele para si mesma, não faria com que as mudasse - se
pudesse ordenar que ela fizesse alguma coisa. Um pouco de
—Eu não…
Fim da discussão.
— Tudo bem, tudo bem. Mas o senhor e Fergus estão mais úmidos do que o
oceano.
Não podia ver o olhar que os dois servos trocaram, mas podia senti-lo.
Poderiam considerá-lo louco se quisessem; por tudo que sabia, poderia ser.
— Não pode.
ML
Quando abriu esta missiva, porém, uma segunda página caiu no chão,
ambas as peças cheias até as bordas, com tinta na mão econômica de seu
irmão mais velho. Na primeira frase ele parou em suas linhas. — Munro! —
gritou. — Urso!
Um momento depois, seu irmão mais novo, meio vestido e cabelos escuros
saindo de um lado da cabeça, como uma erva enlouquecida, tropeçou na
sala de café da manhã. — O que diabos tem na cabeça? —
— Evidentemente, não.
— Eu me pergunto o que Lach terá a dizer sobre isso. Ontem reclamou que
Winnie não lhe enviou uma carta.
Isso era interessante, Arran decidiu. — Não estava reclamando que escrevia
para ele todos os dias?
— Aye. Ele disse que estava muito cheia de alegria feminina, e agora quer
saber o que está fazendo, que a impede de escrever.
— Ela está disposta a se recusar a voltar para casa. Diga-lhe isso, e veja o
que ele faz.
— Não tenho certeza se quero saber. — Urso resmungou. — Ran quer um
casamento por amor, mas o pobre Lach está preso entre seu chefe e uma
moça que o persegue desde que começou a andar. — balançou a cabeça
escura e desgrenhada. — Se Ranulf não está arrastando-a para casa, então o
que está fazendo?
— Não sei. Não prestei muita atenção a tudo isso. — agora Arran estava
começando a pensar que deveria ter se aprofundado um pouco mais no que
estava acontecendo em Londres. — Sabe do que se trata?
Arran entregou a carta a Munro, observando enquanto seu irmão mais novo
lia com a mesma expressão de confusão que ele provavelmente tinha.
— Ele diz que Rowena está envergonhada por nós. Quem é mais ' nós'
Se não pode manter seus próprios assuntos em ordem, não pode esperar ser
útil para outra pessoa. Especialmente Ranulf.
Winnie, do outro lado das estantes, apontou. — Para o dia dezessete temos
um convite para o café da manhã, dois para as excursões matinais, quatro
convites para o almoço, mais três para visitas à tarde ou compras, e uma
festa e uma noite no teatro. O que fazemos?
Charlotte olhou de uma para outra. Não era a primeira vez que se sentia
velha, ou pelo menos, exausta. Todos os anos vendo as mesmas pessoas,
algumas delas casando-se, mas outras - como ela - simplesmente
envelhecendo e sorrindo os mesmos sorrisos forçados e falando de como a
nova safra de debutantes parecia ser muito jovem e tola, sentia-se tão
pesada quanto chumbo naquele momento. E havia expulsado o único
homem que tinha mostrado algum interesse nela, mesmo que seu objetivo
tivesse sido a cama e não o altar.
— Char?
— Sim. É muito bonito. — disse a irmã, abanando o rosto com uma das
mãos.
— E seu primo em segundo grau é Donald Gerden.
— Rowena, seu irmão não iria gostar. — evidentemente ela se tornou babá
afinal, e para ambas as jovens.
Charlotte também não, mas estava ouvindo. E tinha escutado rumores que
não faziam muito sentido. — Disse que não queria vê-lo. Ele está honrando
seus desejos. Isso não significa que deva desconsiderar os dele, não é? Esta
é uma questão de sua segurança.
—Bem, ele não saberá, e ficarei bem, então isso não significa…
—Winnie.
Uma lágrima escorreu pelo rosto claro de Rowena. — Como vou ignorá-lo
e ficar brava com ele, se nem se mostra? — conseguiu dizer, afundando no
sofá. — Ninguém se importa que eu esteja aqui sozinha em Londres!
Oh, céus. Charlotte não tinha ideia de como responder a isso, especialmente
quando tinha sido a última da casa a conversar com Ranulf.
Na verdade, Charlotte tinha mais do que uma suspeita de que ela era a razão
pela qual Ranulf tinha se afastado. Mas a deixou tão zangada, até mesmo se
vangloriando da briga na festa de Evanstone - uma briga sobre a qual
continuavam fofocando, pelo amor de Deus. E o beijo, em seguida
sugerindo que simplesmente... se tornassem amantes, porque, é claro, eram
totalmente errados um para o outro de outra forma, - não lhe dar um pedaço
do que pensava teria sido errado da parte dela. Na verdade, havia dito mais
do que pretendia, mas uma vez que começou, não conseguiu parar. Oh, a
irritou.
amizade que já teve, e sem uma boa razão. — Sim, ele te adora. Então,
pode ficar brava com ele e não arriscar sua segurança ao mesmo tempo, não
pode? — insistiu. — Tem outros dois convites sobrepostos para o mesmo
dia.
Respirando fundo, leu novamente, para ter certeza de que não havia perdido
nada. Então limpou a garganta — Winnie, acho que deveria ler isso. —
Rowena o pegou e leu, então olhou para cima novamente — Ele... ele
comprou uma casa? — sussurrou, as lágrimas brilhando em seus olhos
novamente — Ele comprou uma casa? Em Londres?
Não entendo.
Charlotte pensou que talvez entendesse, mas não tinha intenção de dizer a
nenhuma das moças que havia repreendido o marquês por seus preconceitos
infundados. Nunca. — Quer que aceitemos o convite? —
Tinha ouvido o que ela disse? Parecia que sim, mas queria saber com
certeza. E o que isso significava.
— Suponho que deveríamos. — disse a irmã de Ranulf lentamente —
— Sim, acho que seria. E não queremos ser rudes. — não quando já havia
excedido sua cota daquele comportamento, principalmente com aquele
homem em particular.
Mal deveria ter notado que ele esteve ausente por uma semana, apenas sete
dias. A temporada estava a todo vapor, e ela participava de jantares, saraus
e recitais, quase todas as noites. Mas notou. E não queria que as últimas
palavras que disseram fossem as últimas que trocariam. Não, não parecia ter
terminado com o Marquês de Glengask ainda. Se isso era uma coisa boa ou
não, porém, não tinha ideia.
Capítulo 8
Sasannach
Aye
piuthar
Hogmanay
haggis
piuthar.
bràthair.
Capítulo 9
Alívio agudo o atingiu ao ver o homem alto e de cabelos negros parado ali.
— Eu lhe disse para ficar em Glengask, Arran. — disse, rodeando uma
cadeira e andando até seu irmão. Abruptamente não se sentia tão em
desvantagem - com os inimigos, os ingleses, ou as mulheres.
Ranulf recostou-se, enquanto o super atencioso Owen lhe servia uma xícara
cheia de café quente. — Myles me lembrou, ontem à noite, que não estamos
nas Highlands. Não tenho dificuldade em separar a cabeça de Berling de
seus ombros, mas não acho que a Inglaterra aprecie a vingança como nós.
Arran observou-o, um olhar azul claro curioso, antes de voltar sua atenção
para o café da manhã. — Um olho. Isso é diferente.
— Quer dizer, diferente. Talvez eu tivesse apenas onze anos quando nosso
athair morreu, mas eu sabia qual era o significado quando foi "caçar"
seu ponto é?
— Eu sei que não perseguiu Berling antes porque nós tivemos que cuidar de
Urso. Mesmo se tivéssemos alguma dúvida na época, não sei o que o está
parando agora, as Highlands, Londres ou Boston, Massachusetts.
— O que Lady Charlotte tem a ver com isso? — perguntou, decidindo por
uma tentativa de ignorância.
disse sucintamente.
— Quatro dias atrás. E, sim, eu sei que não deveria ter viajado sozinho, mas
duvido que alguém pudesse me acompanhar por muito tempo, mesmo que
estivesse tentando me seguir.
— Nae. Mas eu acho que quando Ranulf MacLawry menciona uma moça
Sasannach cinco vezes em uma carta, junto com adjetivos como
Ranulf balançou a cabeça. — Estou feliz por tê-lo aqui, como eu disse. Mas
guarde suas malditas opiniões para si mesmo.
Mas é mais provável que tenha sido jogado contra a parede, pelo lado de
fora.
— Tudo bem. Lady Charlotte disse que se sente como se tivesse balas de
canhão amarradas em seus braços, mas, de resto, está bem. — o criado
enfiou a mão no bolso e tirou um bilhete dobrado — Ela lhe mandou isso,
meu laird.
Ranulf limpou as mãos, sujas de fuligem, nas calças, para dar a si mesmo
um momento para estabilizar seus pensamentos acelerados, antes de pegar a
missiva e desdobrá-la.
De acordo com seu relógio de bolso eram quase dez e meia, e precisava
muito de um banho e fazer a barba. Porque não só planejava visitar o museu
com Charlotte, mas pretendia parecer mais civilizado ao fazê-lo. Porque
isso, de repente, era mais urgente do que provar quem havia incendiado seu
estábulo, analisaria mais tarde.
— Tudo bem.
A presença de Arran deu a Ranulf um corpo adicional para cuidar, mas não
podia fingir que não era um alívio ter um aliado. Mesmo um intrometido,
que notava coisas que ele não deveria. A pergunta mais
E descobrir isso teria que esperar, até que colocasse os olhos em Charlotte
novamente, o diabo levaria o resto.
—D
— Isso é um alívio.
Não conseguia colocar nada disso como orgulho, mas não ficaria surpresa
se, no final, se resumisse a isso.
— Como estão suas mãos, moça? — perguntou, pegando as duas nas suas
mãos maiores e mais largas e virando as palmas para cima.
Afinal, não tão inglês, uma vez que falou. Um tremor percorreu sua
espinha, estabelecendo-se em uma baixa excitação entre suas coxas. —
mas acho que com um par de luvas e um pouco de cautela, vou me virar
muito bem. Como está?
— Por que pretendo ser um cavalheiro decente hoje? Por causa dessas
mãos. — disse baixinho, acariciando suavemente as palmas das mãos dela
com os polegares. — Por causa do que fez por mim, ontem à noite,
leannan.
— Não sou a única que ajudou. Pelo amor de Deus, tudo o que fiz foi girar
uma manivela.
De alguma forma, a maneira como ele disse isso fez parecer ainda mais
travesso do que já era. E lá estava ela, vinte e cinco anos, com idade
avançada para fazer um bom casamento, olhando para um homem que não
poderia desejá-la como noiva. E um muito perigoso, para querer como
marido. Perfeito, em sua imperfeição.
Uma breve surpresa iluminou seu olhar. — O que mudou sua mente, moça?
Ele assentiu, seu leve sorriso enviando borboletas pelo peito dela. —
Quando ergueu o olhar, o irmão de Ranulf, Arran, estava olhando para ela,
seus olhos azuis mais claros curiosos. Não admira; tinha esquecido
completamente que ele estava na sala — Então é Arran. — disse,
estendendo a mão — Winnie fala a seu respeito, e de Munro, o tempo todo.
Ele sorriu — Vou lhe fazer uma reverência, e espero que não tome minha
recusa em apertar sua mão como um insulto, Lady Charlotte.
Ela sorriu de volta para ele, sentindo nele um temperamento mais fácil do
que seu irmão mais velho possuía. Igualmente bonito, talvez, de uma
maneira diferente, mas não tão atraente. — Estou bastante aliviada, na
verdade. Obrigada.
Com cautela quase absurda, Ranulf pegou sua mão estendida e a envolveu
em sua manga. — Arran, deixo-os para fazer a vontade de Winnie. Não
causem muita agitação, nenhum dos dois.
Charlotte riu enquanto a conduzia pelo vestíbulo e saía pela porta da frente,
para sua carruagem. — Seu pobre irmão. Acabou de sentenciá-lo a ir
comprar fitas de cabelo.
o que quer?
Com uma respiração baixa, que soou como um urso rosnando, Ranulf
retrocedeu e colocou a criada da senhora na carruagem. Simms começou a
se sentar ao lado de Charlotte, mas Ran balançou a cabeça. — Nae. Pode
sentar-se aí. — disse, apontando para o banco virado para trás.
— Ranulf.
— Estarei sentado ao seu lado, Charlotte. De lá, ela pode ver melhor se eu
tentar violá-la, o que, claramente, não vou fazer agora.
Bem, ela não era uma puritana, é claro, mas entendeu o que ele queria dizer.
Evidentemente, o Marquês de Glengask pretendia ser tão cavalheiro quanto
as circunstâncias exigissem que fosse. E como também desejava que Simms
estivesse em outro lugar, apenas assentiu.
— Seu outro irmão também está aqui? — perguntou, para se distrair dos
pensamentos de ser estuprada.
Ele suspirou. — Nae. Urso ainda está na Escócia. Nos últimos quatrocentos
anos, sempre houve um MacLawry em Glengask. Está até no brasão da
família, i gcónaí MacLawry ag Glengask — ' sempre um MacLawry em
Glengask', literalmente. E, hoje em dia, bem, eu nunca permitiria que esse
juramento fosse quebrado.
Charlotte assentiu. — Para que seu clã saiba que não pretende abandoná-
los.
— Aye.
Pelo que Winnie disse, Eleanor MacLawry, nascida Wilkie, havia tirado a
própria vida, três anos após a morte do marido. Mesmo que ele quisesse
discutir isso, o que, claramente, não queria, hoje não parecia o momento
apropriado. Em vez disso, ela assentiu, procurando alguma coisa para
desviar sua mente de quão perto ele estava sentado, e quão quente parecia,
mesmo através de dois conjuntos de roupas.
Silêncio.
— Ranulf.
Seu olhar deslizou sobre ela, lento e demorado. — O que eu gostaria de ver,
Charlotte? — repetiu. — Devo começar por cima ou por baixo?
Céus. — Mesmo que não queira rever a história da Inglaterra, por causa da
luta com a Escócia, — disse apressadamente, aquecendo de dentro para fora
— há alguns belos itens gregos e egípcios em exposição. — a brisa soprou
uma mecha de seu longo cabelo preto encaracolado em um de seus olhos
cor de safira, e ela quase a afastou de seu rosto, antes de se conter e acalmar
a mão novamente.
— Se soubesse que sua patroa estava se comportando mal, mas que nenhum
mal aconteceria, o que faria?
— Sim, milorde.
Seu coração disparou. A ideia de se separar dele hoje sem... tocá-lo, a fez
doer. Ele deixou claro, desde o início, que sua busca era apenas satisfazer
um desejo físico, mas não era o único que queria algo — Se isso é um erro
ou não, não consigo pensar em um momento melhor para cometer um. —
finalmente disse.
com tanta força. Antes que Owen pudesse sair da casa, Ranulf abriu a porta
da carruagem e segurou seu cotovelo para ajudá-la a descer.
— Fergus incluído.
— Milady?
— Que bom que a moça Simms cooperou. — Ranulf falou lentamente, sem
se mover da porta. — Eu poderia ter que soltá-la na selva e esperar que não
conseguisse encontrar o caminho de volta.
Enquanto ele falava, ela foi até a janela da frente, ficando fora da vista da
rua e fechou as cortinas. A outra janela dava para o espaço vazio, onde
ficava o estábulo, então, a deixou de lado. Isso parecia bastante clandestino,
sem extinguir toda a luz da sala.
— Me disse para não a apressar. Estou aqui onde quero estar, contigo, então
imaginei que poderia vir aqui e me beijar no seu próprio tempo.
Ran esteve sonhando por toda a semana. Teria sido uma questão tão
simples, inclinar-se um pouco para frente e tocar sua boca doce com a dele.
Mas Ranulf se manteve exatamente onde estava, cada músculo doía pela
tensão. Esta havia sido sua sugestão, em sua casa, e de acordo com seu
tempo. Estava acostumado a liderar, a ordenar que algo fosse feito e depois
a vê-lo realizado. Permitir que Charlotte decidisse os próximos momentos
era, ao mesmo tempo, enlouquecedor e supremamente excitante.
Finalmente ela deslizou suas palmas em seu peito, elevou-se na ponta dos
pés, e pressionou suavemente os lábios contra os dele. Graças a Deus.
Ela chamava isso de atração mútua. Ele de obsessão por uma mulher
teimosa e enlouquecedora que, com poucas palavras, o fez reconsiderar
décadas de ressentimento e preconceito. Continuava incerto do que teria
feito se ela tivesse decidido que não gostava de sua companhia, ou que suas
opiniões o tornavam inaceitável, mesmo como um amante temporário.
Suas mãos roçaram seus seios enquanto trabalhava, e ela pulou um pouco.
— Eu me sinto muito perversa. — respirou vacilante, afastando-se de sua
boca para ver as mãos dele percorrerem sua frente.
Ran abriu a peliça e a empurrou pelos ombros. Teria sido mais satisfatório
rasgar cada uma de suas peças de roupa, mas prometeu discrição, e ela já o
achava um demônio violento. Devolvê-la em casa com todos os botões e
costuras rasgados não seria discreto nem sábio.
— notou, tentando não pular, quando o quadril dela roçou seu pênis.
reivindicá-la para si. E iria. Sim, mas, pelo bem de ambos, iria devagar. A
última coisa que queria era assustá-la ou machucá-la.
Mas então ela sorriu e puxou sua gravata. — Quem no mundo amarrou
isso? — perguntou com uma risada, empurrando o queixo dele para o lado,
enquanto soltava os nós com os dedos enluvados.
Ambas as ações serviram para lembrá-lo de que ela não era tão delicada
quanto pensava anteriormente. — Pobre Ginger. — retrucou. —
Meu valete. Ele disse que quase perdeu os dois braços por causa de sua
teimosia.
— Sim. Disse que teria largado aquela manivela depois de vinte minutos, na
noite passada, mas não podia deixá-la derrotá-lo.
Me dê seus pés.
Ran tirou seu sapato de salto baixo e o colocou ao lado de suas botas.
Entregou o outro pé — Fazia uma semana que não o via. Achei que, depois
que se deu ao trabalho de comprar uma casa e dar um jantar e ser tão...
— E suas bolhas?
— Dou um jeito.
— Nae. Um escocês.
beijar cada sarda em sua pele clara. Quando ela curvou o pescoço, Ran
passou os lábios por sua orelha e a pulsação na base de sua mandíbula,
então desceu por seu ombro novamente, puxando para baixo a frente de seu
vestido, enquanto seguia. O topo de seu seio, a curva suave e perfeita, o
seixo duro de seu mamilo.
lá… embaixo.
Ele riu — Agora quem está sendo malvada? — zombou, e voltou para a
cama. — Ajoelhe-se e se erga um pouco.
Quando o fez, ele pegou a barra do vestido e o puxou para cima dos joelhos,
subindo pelas coxas, acima do emaranhado de suaves cachos
Moça notável. — Mais linda que o nascer do sol, assim é. — disse em voz
alta, ainda sorrindo. — Acho que irei até aí, desta vez. — moveu-se sobre
ela, puxando suas pernas até que a deitou de costas embaixo dele.
Desta vez seu beijo foi tão quente e de boca aberta quanto o dele.
Desta vez ela estremeceu e pulsou, gozando com uma doce pressa, que a fez
gritar e seu pau pular convulsivamente. — Isso... Oh, que coisa.
Movendo-se sobre ela mais uma vez, Ranulf empurrou seus joelhos e se
acomodou entre suas coxas para voltar a beijar sua boca doce, provocando
seus seios com os dedos. Quando a fez gemer de prazer, mais uma vez,
lançou seus quadris para frente, entrando nela lentamente e com o máximo
de cuidado que conseguiu. O impulso de simplesmente tomá-la, imediata e
repetidamente, o pressionou novamente, mas ele se conteve.
Quando fez isso, ele empurrou para frente, além da fina borda de
resistência, e a penetrou completamente.
— Isso é bom.
Caindo de costas, a puxou sobre seu peito. Por um longo momento, ficaram
ali, membros emaranhados e a respiração quente em sua pele. Seu cabelo
cuidadosamente penteado estava uma bagunça, e ele puxou, um por um, os
grampos da massa dourada e macia, deixando-a cair sobre o peito como a
luz do sol. Sua palma, cheia de bolhas, estava sobre o coração dele, e se
perguntou se ela podia senti-lo batendo.
Mais revelador, foi ela ter ido para sua cama, depois que ele concordou em
não sair e atacar Berling. Quando vestiu seu traje adequado e civilizado,
jurou deixar a lógica e a razão levarem o dia. Era uma coisa tão difícil de
fazer? Foi criado em um lugar onde um homem detinha o poder,
com ambos os punhos e sua mente. Havia uma maneira diferente de
proceder?
Evidentemente, uma vez que ele tinha se dado ao trabalho de fazer esboços
e coletar provas, já tinha decidido que estava disposto a utilizar meios legais
para deter a Berling. Se ele eliminasse Donald Gerden ou a lei o fizesse, os
resultados seriam os mesmos - com uma diferença crucial. Charlotte
Hanover.
— Mm.
Apenas o jeito que ela disse foi já o deixou duro novamente. — Acho que
passaremos uma longa tarde no museu e ficaremos um bom tempo olhando
aquelas estátuas gregas nuas que tanto gosta.
Ela riu, o som reverberando em seu peito. — Acho que prefiro a versão
escocesa, na verdade.
Ele também esperava, porque não tinha intenção de se separar dessa moça
inglesa. O que começou como uma leve curiosidade, havia se alterado e se
aprofundado. Na verdade, pretendia segurá-la, até que pudesse colocar um
anel em seu dedo e dizer ao mundo todo que Charlotte Hanover lhe
pertencia. Para todo sempre.
C
a cabeça em um cotovelo, para assistir Ranulf, nu e magnífico, ir até a porta
do quarto. Abrindo-a, se inclinou para o corredor.
Isso não era surpresa, considerando seus esforços. Ela mesma estava
bastante faminta. — Vamos jantar no salão de chá do museu, então? —
— Sim, estamos. E então, acho que vamos dar um passeio tranquilo, entre
os sarcófagos e as múmias, antes que me leve de volta para casa.
Ele deslizou pela cama até que seus rostos estivessem nivelados. —
Um a um, ele beijou as pontas dos seus dedos. A sensação, o gesto, a fez
estremecer — Há anos que o aplicamos. Inchaços, arranhões, entorses -
cura tudo, de acordo com Debny.
Não vai me dizer o que significa leannan, então? Posso perguntar a Winnie,
como sabe.
Isso soou muito bem. O que não soava era um termo que alguém usaria para
descrever um parceiro em um relacionamento único, resultante de simples
atração mútua. É claro que, neste momento, não havia nada de simples
sobre como se sentia. Ou como ele se sentia em relação a ela. Na verdade, o
único fato simples era que não queria que este fosse o único momento em
que compartilhava sua cama.
Ele inclinou a cabeça, para olhar para o seu rosto — Tem vontade de
aprender escocês, então, não é?
Antes que qualquer um deles pudesse questionar se ela tinha mais em sua
mente ou não - algo que ela certamente não poderia nem mesmo explicar
para sua própria satisfação- bateram na porta. — Meu laird, —
— Deixe-os no chão.
— Ela tem sido tão severa como uma freira, meu laird, olhando para nós,
como se todos fedêssemos a podridão.
Seus ombros largos subiam e desciam. — Mande a criada vir aqui em dez
minutos, — emendou — e a carruagem pronta em trinta.
Enxugando sua mão no cobertor que cingia sua cintura, Ranulf estendeu a
mão sobre a mesa e, com cuidado óbvio, agarrou seus dedos. —
Sim. Um acordo.
Charlotte sorriu para isso; ela não conseguiu se conter. Porque se ele
pudesse escolher alguma contenção, servindo sua mente e não seu orgulho,
então talvez não fossem tão inteiramente incompatíveis como ela pensava.
Afastou esse pensamento. Ele não estava com alguma moça das Highlands
no momento, e ela nunca passou um dia tão agradável como este
Uma batida educada soou na porta. — Vou mandar sua Simms embora,
certo? — murmurou, deslizando a mão nas dobras dos lençóis que ela usava
e passando uma unha em seu mamilo.
Ela pulou, o desejo percorrendo-a novamente. Oh, queria mandar todos
embora, passar cada momento restante no êxtase de seu abraço. Mas sua
criada esperava do lado de fora, junto com sua reputação, sua família e a
sociedade. Com um último e demorado beijo, afastou-se e se levantou —
Deveria colocar suas roupas de volta, também, para que possa me levar em
casa.
Enquanto ela caminhava até a porta, Ran pegou suas botas e calças, junto
com sua camisa, casaco, gravata e colete. Quando parou na frente dela,
Charlotte olhou em seu profundo olhar azul.
— Perdão?
— Sim, milady.
—N
com ele. — parecia algo que deveria dizer, de qualquer maneira, e, ao lado
dela, Jane estava assentindo enfaticamente.
Seu irmão não parecia tão convencido — Há um mês me jurou que o amava
e pretendia se casar com ele. E assim vem dizendo, desde que pode falar.
— Estou feliz que seu coração pode se curar tão rápido então, Winnie,
— retrucou — deve saber que Lachlan se ofereceu, pelo menos duas vezes,
para cavalgar até Londres e ajudar Ran a levá-la de volta.
Com um assentimento, seu irmão estendeu a mão para puxar uma pétala de
uma rosa e rolar a delicada coisa branca em seus dedos. —
Ela segurou seu olhar — Não mais do que eu tinha de seu coração.
Rowena tinha começado recentemente a perceber que deixar Lachlan
MacTier com ciúmes - quando estava a centenas de quilômetros de
distância, cercado por moças bonitas, bajuladoras, todas agitando seus
cílios, admirando sua propriedade e não lhe dizendo que ele era um idiota -
era uma proposta sem esperança. Cortou-a profundamente, que não tenha se
dado ao trabalho de enviar-lhe uma carta.
Depois da noite anterior, porém, começou a pensar que, talvez, algo mais
urgente estivesse acontecendo. Mal podia acreditar que seu irmão mais
velho, sempre tão preocupado com a segurança do resto da família e com o
bem-estar e felicidade de todo o clã, pudesse ter encontrado uma moça que
mantivesse sua atenção por mais de um dia. Mas algo o convenceu a
comprar uma casa em Londres. E algo o havia enviado para passear, por
mais inesperado que fosse. E tinha certeza de que não era nada que ela tinha
feito. E o fato de que a moça era, acima de tudo, uma dama inglesa
apropriada... Não tinha a menor ideia do que fazer com isso.
Os três entravam pelos fundos da casa, até que Arran pegou seu braço e
diminuiu a velocidade. — Ran está cortejando Lady Charlotte? —
— Aye.
Oh, céus. Rowena respirou fundo. Ela amava todos os seus irmãos, e sabia
muito bem que seu segundo irmão mais velho era o mais lógico de todos
eles. Ranulf ouvia os conselhos de Arran, mais do que os de qualquer
outra pessoa. E ela não podia imaginar que Arran pudesse sugerir que
Ranulf levasse uma inglesa de volta para a Escócia.
Cutucou o peito dele com um dedo. — Apenas guarde suas opiniões para si
mesmo, Arran.
— Ainda não. Mas, pelo menos, pretendo descobrir, antes de entrar no meio
disso. Não se trata de quem são ou de onde vêm. É sobre como se sentem,
um em relação ao outro. Gosto dela, e não me importo que seja inglesa. E
não tem permissão para dar sua opinião a Ranulf, até trocar mais de meia
dúzia de palavras com ela.
Por um longo momento a olhou — Assim diz a moça que tenta cortejar seu
homem, deixando o país e jurando nunca mais voltar.
Ela se ergueu o mais alto que pôde, e ainda estava apenas no ombro de
Arran — Talvez eu tenha vindo porque quisesse saber o que... quem...
mais estava lá fora. E como se vê, Lachlan MacTier não é o único homem
no mundo. — cruzou os braços sobre o peito. — Então, o que acha disso?
— Acho que vou manter seu conselho em mente, Winnie, e manter minha
opinião no que diz respeito aos meus dois irmãos. Não prometo mais do que
isso.
— Tudo o que Ranulf faz nos diz respeito. A todos nós. Ao clã e à família.
E enquanto eu me importo com seu conselho, é melhor se lembrar do que
eu disse, também.
Poderia guardar suas opiniões para si mesmo por enquanto, mas não o faria
para sempre. O que significava que ela precisava descobrir o que
estava acontecendo entre Ranulf e Charlotte, antes que ele o fizesse. Porque
ele pesaria tudo o que Ran queria, contra como isso beneficiaria o clã - e
para os MacLawry, o clã vinha sempre em primeiro lugar.
Capítulo 1 1
— Eles têm homens que podem ser contratados para transportar lixo como
este, sabe? — Owen apontou, ajudando a empilhar outro conjunto de tábuas
arruinadas e empenadas.
Sim, poderia ter contratado homens para derrubar os restos de seu estábulo
e levá-lo embora. Na verdade, porém, desde que estava em Londres, o
maior exercício que conseguiu fazer, foi na cama, com Charlotte, ontem.
Em sua casa, em Glengask, sempre havia uma tarefa ou
outra que precisava ser feita, desde ajudar a limpar um novo campo, até
limpar valas de irrigação, ajudar um camponês a substituir um telhado ou
tosquiar a ovelha gorda das Highlands - o único tipo que tolerava em suas
terras.
Junto a maioria do pessoal que trabalha nele, deverão ter o velho estábulo
limpo amanhã. Então, contrataria alguém para construir um novo.
esse assunto. Charlotte lhe havia pedido para não lutar contra Donald
Gerden, no baile desta noite. Contudo, não tinha dito nada sobre depois. E
Deus sabia que o caminho teria sido mais fácil, se tivesse se colocado atrás
de uma bela moça escocesa, que entendia como os problemas eram tratados
nas Highlands, não tendo dificuldade com esse fato. Alguém que sabia
como se esperava que um laird liderasse um clã e nem sequer pensaria em
discordar de seus métodos.
Mas não foi uma moça escocesa que o pegou em suas saias e o deixou
louco por desejá-la. Foi Charlotte Hanover, e se não conseguisse se afastar,
ela torceria mais do que seu coração. Seria, certamente, mais simples,
deixar Londres imediatamente e voltar para casa, para se casar com a
primeira moça que encontrasse.
E se Charlotte não quisesse morar em Glengask? Depois do que
experimentou com sua própria mãe, ele, certamente, não iria - não poderia -
forçá-la a esse tipo de vida. Outros lairds de clãs viviam longe das
Highlands. Um ou dois nunca tinham pisado ali. Começaram a fazer a
chamada terra estéril que possuíam, o mais lucrativa possível, colocando
ovelhas para pastar e contratando capangas para expulsar os poucos
camponeses restantes em seu solo ancestral.
Aquele não era ele. Os MacLawry subiram ao poder por causa da força e
lealdade do clã. E, agora, o clã permaneceria seguro e próspero, por causa
da força dos MacLawry.
Então sabia onde estava, mas sempre soube. Não era essa a complicação.
Sim, Charlotte provou ser corajosa, e sim, sabia que era gentil e atenciosa.
E supôs que, se fosse seu pai, simplesmente se casaria com ela, a arrastaria
para a Escócia, deixando o futuro cair onde quisesse.
Mas, claramente, não era seu pai, porque não era suficiente que Charlotte
agradasse seu coração, o fizesse feliz, enchesse cada outro pensamento com
um desejo saudável de estar em sua companhia. Queria que ela fosse feliz
em troca. E era aí que estava a dificuldade.
— Meu laird?
— Doce Saint Andrew, parece ainda pior à luz do dia. — disse sua irmã,
levantando as saias para, cuidadosamente, abrir caminho entre os
escombros.
Ran passou por cima de uma pilha de madeira, tirando a outra luva e
largando as duas em um barril. — Quer sentar-se no meu jardim? —
— Então, suponho que também não quer que eu beije sua bochecha.
— com um sorriso, acenou, para que o precedesse pelo caminho curto para
o jardim murado.
— Aye.
— Ah. Bem, é.
— Obrigado.
Rowena vagou por um minuto, então se sentou em uma das cadeiras de
ferro forjado, sob o grande olmo, no centro das plantas floridas. Ranulf
arrastou a outra cadeira para mais perto e se sentou de frente para ela.
— De errado? Nada está errado. Por que diz isso? — retornou, mexendo na
saia.
— Porque está aqui, por alguma razão. E porque não consegue me olhar nos
olhos. A última vez que fez isso, foi porque decidiu refrescar minha cama
com lavanda e despejou uma garrafa inteira de perfume, no meio do
colchão.
Rowena riu — Cheirava muito bem, depois de três dias com as janelas
abertas.
— E ainda não consigo tolerar lavanda. Então, o que te traz aqui, Rowena?
Eu pensei que estaria fazendo compras, ou tendo um aconchego com seus
novos amigos.
Ela cruzou as mãos no colo — É meu irmão. Preciso de uma desculpa para
te ver?
— Os Hanover são muito bons, não são? — finalmente ofereceu, seu olhar
ainda no cão, se contorcendo alegremente.
Era isso? Ela desejava viver com eles permanentemente? Seu coração se
apertou, mas respirou fundo para encobri-lo — Aye, são.
— Fico feliz que Lady Hanover e Jane tenham mantido contato comigo por
todos esses anos. Não era nada que fossem obrigadas a fazer.
Sim, tinham sido tão amigáveis, que ela se sentiu confortável em fugir de
casa, para ficar com eles. Mas também eram a família de Charlotte, então
não iria falar mal deles — Por que não desejariam se corresponder contigo,
Rowena? É uma boa moça.
— Eu gostei bastante.
— Não achei que Charlotte fosse falar contigo de novo, depois daquela
briga na festa de Evanstone. Mas já que foram passear juntos, suponho que
o perdoou.
— O quê? — Ranulf não sabia o que, diabos, estava acontecendo, mas não
gostou. — Berling e eu nunca seremos amigos, Rowena. Ele quase matou
Urso, caso tenha esquecido, e eu aposto que ele ateou fogo aqui também.
— Não, não, não. Não quis dizer lorde Berling. Eu quis dizer Charlotte. É
amigo de Charlotte, não é?
Bem, isso fazia mais sentido — Acho que sim. — concordou, tentando não
colocar muita emoção nas palavras.
— Acho que ela gosta de conversar contigo. Várias vezes me disse que tem
um jeito único de ver as coisas.
Finalmente ela abandonou Una e se aproximou para pegar as mãos dele nas
suas, esbeltas — Acho que já gosta dela. Caso contrário, nem se
incomodaria em falar com ela.
Rowena corou. — Nae! Não, quero dizer. Tivemos essa conversa logo após
o baile, quando estávamos todos zangados contigo. — apertou-lhe as mãos.
— Ainda esta manhã ela me disse que parecia ser um cavalheiro muito bom
e honrado.
Esperava que ela tivesse uma resposta. Se tivesse chegado lá com respostas
milagrosas para todas as suas preocupações, estaria disposto a acreditar
nela. Porque, até agora, não estava tendo muita sorte em procurá-las por
conta própria.
— Civilizado? — acrescentou.
— Eu...
A boca de Rowena se contraiu. — Não, mas faz com que pareça mais
antagônico. É como se tivesse desafiado todo mundo e só estivesse
esperando para ver quem daria o primeiro passo.
— Por que não entra e almoça comigo? — sugeriu — Arran saiu para ver
amigos, e sinto falta de conversar contigo.
Ele sorriu, sentindo-se mais leve, desde que se separou de Charlotte, ontem.
Em toda sua imaginação, nunca teria considerado que a pessoa que melhor
poderia ajudá-lo a conquistar Charlotte Hanover seria sua irmãzinha
Londres estava mais cheia do que da última vez que veio, mas Arran notou
isso apenas perifericamente, enquanto segurava seu puro-sangue preto, de
passos rápidos, Duffy. Sua última visita não havia sido no meio da
temporada, é claro, o que poderia explicar a diferença, mas preferia lugares
onde pudesse ver melhor os arredores. — Sei que é uma inconveniência, —
disse — mas há alguém em quem preciso dar uma olhada, e tenho certeza
de que está no Whites.
Seu companheiro suspirou. — Acho que foi por isso que chamou de favor.
— Ah. Isso tem alguma coisa a ver com a surra que seu irmão lhe deu na
semana passada? — Fordham perguntou, não parecendo nem um pouco
surpreso.
Will tossiu — Não era esse o nome do capitão com quem apostou cem
libras sobre se conseguiria tirar o chapéu da cabeça dele?
Arran fez uma careta fingida para o amigo — Eu tirei o chapéu da cabeça
dele.
— Ele se mexeu.
— Continue olhando. Ouvi dizer que estava aqui. — custou-lhe vinte libras
para desenterrar a informação, na verdade, além do favor que agora devia a
William Crane — E me apresente ao menor número de pessoas possível.
Não quero que percebam que não sou quem digo.
— Não tem título, Ar… John. Ninguém se importa com quem é ou o que
está fazendo aqui, desde que não cause problemas.
— Eu o vejo.
Ranulf o havia avisado que Berling parecia ter se aliado aos Campbell,
então não ficou surpreso ao vê-los sentados ali juntos.
seus comparsas ali mesmo. Mas, por alguma razão, Ranulf estava
determinado a reunir provas, o que, evidentemente, significava que
tentariam algo legal. Ou isso, ou chantagem.
Uma vez que estavam fora do alcance da voz, Will desacelerou sua retirada
para a biblioteca — O que achou disso?
Isso não seria bom. A ideia de que qualquer outra pessoa se arriscasse no
lugar de Ranulf nunca havia se sentado bem com seu irmão. Na verdade,
a única coisa sobre a qual ele, provavelmente, estaria mais bravo, seria
quando Arran o aconselhasse a deixar a moça inglesa em paz, antes que
fosse forçado a um casamento indesejável. E pensar que, possivelmente,
teria ficado em Glengask. Maldição.
—C
Quando James morreu, Charlotte sentiu que, de repente e sem razão, lhe foi
negado o sonho de uma vida feliz. Até ontem, não sabia o que um homem,
um casamento, significava. E o conhecimento era bem...
— Ah, Char, está tão linda. — exclamou sua irmã, aproximando-se para
olhar mais de perto. — São ônix? — Jane tocou com um dedo a fita preta
enfiada em contas pretas e trançada em seu cabelo loiro.
Jane segurou o braço da criada. — Diga que vai mostrar a Maggie como
fazer isso, Simms.
Uma vez que sua irmã saiu do quarto novamente, Charlotte virou a cabeça,
para olhar para sua criada — Obrigada de novo. — disse baixinho.
— Sei que ontem não foi nada como o que pudesse desejar se envolver.
Simms fez uma reverência — Só espero que não aconteça nenhum mal com
isso, milady.
Sua atração mútua pode ter sido resolvida a contento dele, mas ela queria
mais. Queria mais sexo com ele, queria adormecer em seus braços e acordar
para vê-lo ao seu lado. Se ele não fosse como era, o chamaria de perfeito.
— Isso deve bastar. — disse Simms finalmente, dando um passo para trás,
para admirar o emaranhado de cabelos cravejados de contas pretas e
brilhantes.
Nem para si mesma, Charlotte poderia fingir que não tinha se vestido, hoje
à noite, com Ranulf em mente. Não tinha ideia do porquê tinha mandado
fazer o vestido vermelho profundo, com a delicada renda preta sobre o
corpete e, pingando das mangas, as contas pretas costuradas na saia.
Mas agora, esta noite, parecia combinar perfeitamente com a maneira como
se sentia por dentro.
Por um breve momento de horror, pensou que Simms poderia ter contado.
Mas seu pai não estava praguejando, e sua mãe nem estava presente, muito
menos chorando pela ruína de sua filha mais velha, então Charlotte colocou
uma carranca em seu rosto. — O que tem ele?
— Eu lhe disse que estava errado em alegar ódio por algo que nunca se
preocupou em experimentar. — essa era a verdade, pelo menos. A ideia de
mentir para seu querido e paciente pai a fez sentir-se mal; havia algumas
coisas que não podia lhe dizer, mas, tanto quanto possível, pretendia ser
honesta.
— Disse várias coisas elogiosas, mas acredito que ainda seja muito cedo
para saber.
— Bom.
Ele, por outro lado, tem inimigos, cáusticos o suficiente, para incendiar seu
estábulo. E há rumores de que seu avô era jacobita. Há até rumores de que
ele é um jacobita, dada a forma como se mantém nas Highlands, com um
exército de guerreiros ao seu redor.
Ela não podia discordar de nada disso — Não sei sobre a política dele,
Charlotte não diria que se sentia aliviada com nada, não importa quão
segura ou perigosa fosse sua situação. Provavelmente, era uma coisa boa
que seu pai a tivesse lembrado das partes negativas de um relacionamento
com Ranulf MacLawry, porque, sozinha, poderia ter decidido ignorar o que
pareciam ser algumas brigas. Mas era muito, muito pior do que isso. Ele
era, simplesmente, um homem em guerra. E caso se apaixonasse por ele, e
fosse ferido ou... morto, não achava que seria capaz de suportar. De novo
não. Não depois do que descobriu em seus braços.
Poderia ter sido diferente, se ele desejasse um tipo diferente de vida, mas
ela nunca tinha visto nenhuma evidência de que queria outra coisa, além do
que tinha. Bem, ela queria algo mais para ele. E queria que ele, pelo menos,
reconhecesse que existia outra maneira, pelo amor de Deus.
Felizmente para ela, porém, aprendeu, há muito tempo, que os desejos eram
tão abundantes quanto as nuvens, e tão impossíveis de entender.
Seguiu seu pai até o saguão, e Winnie agarrou seu braço, enquanto todos se
dirigiam para a carruagem que esperava — Está tão linda. — disse a garota
mais nova, com um sorriso.
É claro que ele pensou que eu o usaria na minha própria festa, e não em um
grande baile em Londres. — agitou a saia, sorrindo animadamente. —
Tenho certeza de que ter meus dois irmãos presentes esta noite os tornará
mais civilizados, já que não se sentirão tão em desvantagem. Embora,
praticamente, a única coisa que poderia fazer Ran lutar é uma ameaça para
seus entes queridos.
— Não, ele deu um soco no conde porque Berling atirou no meu irmão,
Urso. Munro. Então o canalha fugiu para Londres, para fingir ser civilizado.
Eu sei que fiquei furiosa com a briga, mas estive pensando sobre isso, e
acredito que Ran acabou de lembrar a Berling, que as ações têm
consequências.
Charlotte só queria que todos parassem de falar sobre Ranulf, tanto seus
defeitos quanto sua masculinidade, e lhe desse um ou dois minutos para
pensar. Castigou-o mais fortemente do que sua própria irmã. Sim, ele
desapareceu por uma semana, mas não porque quisesse se esconder.
Reapareceu com uma casa e um jantar civilizado e divertido. Isso tinha sido
encantador. Ele tinha sido encantador.
De acordo com seu pai, o incêndio que terminou a noite foi culpa de
Ranulf, por ter inimigos. Na época, estava mais preocupada com o desastre
do que com o que o havia causado, embora, agora, suponha que, se ele não
tivesse atingido Berling, o incêndio poderia não ter acontecido. Mas, o que
veio a seguir, também poderia não ter acontecido.
— E se seus dois irmãos resolverem usar kilt esta noite? — Jane perguntou
do outro lado de Charlotte.
Winnie deu de ombros — Eu não acho que usarão. Esta não é uma reunião
de clã, e eu acredito que Ranulf está tentando se encaixar.
Por um breve momento, apesar do que ela e Winnie lhe disseram, Charlotte
esperou que ele usasse seu kilt. Porque nunca tinha tido uma visão mais
magnífica em toda a sua vida, exceto, é claro, quando o viu nu.
Capítulo 1 2
—U
— Eu não...
— Posso cuidar de mim mesmo, como bem sabe, Ran. E se achava que era
mais importante sonhar com a moça Sasannach adequada, alguém tinha que
dar uma olhada em Berling.
— Nae.
Era a segunda vez que Arran o acusava de distração. O que seu irmão mais
novo achava que tinha visto? Quaisquer que fossem suas próprias intenções
em relação a Charlotte, ainda não estava disposto a discuti-las. E,
certamente, não com alguém que tinha chegado no dia anterior.
— Minha mente está exatamente onde precisa estar, Arran. Como sempre.
— cruzou os braços sobre o peito — Mas já considerou o que vai acontecer
esta noite, quando todos os convidados do duque o virem apresentado como
um MacLawry?
Arran deu um sorriso sombrio — Acho que podemos ter uma briga.
— Nae, isso não vai acontecer. Rowena quer uma temporada adequada. E
não quero que sejamos vistos como animais. Esta noite somos cavalheiros.
Rowena não era a única que queria uma festa sem brigas. O fato de poder
atribuir o pedido a ela, porém, certamente facilitava as coisas para ele. Sua
irmã lhe havia dado alguns conselhos, surpreendentemente bons na verdade,
e pretendia fazer bom uso deles. Simplesmente não queria explicar a Arran
porque estava agindo dessa forma.
— E eu quero ouvir que não vai brigar esta noite. Por qualquer motivo.
Ele não podia ordenar que Arran fechasse os olhos para o que via; afinal,
frequentemente, fazia bom uso das observações perspicazes de seu irmão.
Se Arran quisesse tirar suas próprias conclusões sobre Ranulf e Charlotte,
ninguém poderia detê-lo. O que Ranulf podia fazer, entretanto, era impedi-
lo de discutir isso. E oferecer uma opinião que Ranulf particularmente não
queria ouvir.
— Posso não concordar contigo, mas não sou um tolo. Se acha que há uma
chance de outra pessoa estar envolvida, vou prestar atenção. Mas, pelo
amor de Deus, da próxima vez, me diga, antes de sair para confrontar
alguém.
Uma vez que pegaram Myles na Wilkie House, foram apenas mais cinco
minutos até chegarem ao final da multidão de carruagens que cercavam a
Mason House. Ao entrarem, o barulho da rua foi substituído pelo barulho
de centenas de vozes tentando ser inteligentes. Na verdade, a festa parecia
mais lotada do que o sarau de Evanstone. Talvez os convidados estivessem
esperando ver outra briga. Poderia muito bem ser isso, mas nem ele nem
Arran estariam envolvidos. Através de tudo isso, ouviu uma voz, uma nota
doce como mel de sanidade em todo o caos.
Ranulf esperava que sim, já que a única razão pela qual se incomodou em
vestir suas melhores roupas foi para reivindicar uma valsa com Charlotte —
Aye. Mas não deve pisar no calo de ninguém. — retornou no mesmo tom —
Literalmente ou figurativamente.
Sabia que Berling era perigoso. Não gostava do homem e de sua maneira
arrogante e egoísta, mesmo antes do incêndio das escolas e do ferimento de
Urso. Daquele momento em diante, a antipatia tornou-se ódio.
Parecia quase uma pintura de Thomas Lawrence, tão requintada que era.
Mas nenhum retrato poderia capturar seu cheiro, seu gosto, ou a forma
como simplesmente vê-la enviou um calor abrasador sob sua pele.
Usava vermelho e preto, rico, ousado e marcante contra sua pele clara e
cabelos dourados. Tentou não ler nada no fato de que ela também vestia
duas das três cores do tartan MacLawry, mas ao procurar cada fio que a
ligava a ele, não pôde evitar. Seus dedos se curvaram, querendo enroscar-se
nas dobras suaves de sua saia e puxá-la contra ele.
Quando estava na metade da sala, ela se virou para olhá-lo. Poderia ser
bruxaria, ou não. Não se importava mais. Tudo o que sabia era que a queria.
Imediatamente.
Com alguma dificuldade, Ranulf forçou sua atenção à sua irmã, sua razão
de estar em Londres em primeiro lugar. — Está usando seu vestido de
aniversário. — falou lentamente, pegando sua mão.
Ran estudou seu rosto por um momento. — Aye. Só que mais bonita,
piuthar.
Lorde Hest veio e ofereceu sua mão. Mesmo sendo um conde, qualquer que
fosse seu caráter, neste momento, era simplesmente outro obstáculo entre
Ranulf e Charlotte — Acho que esta noite estou escoltando as quatro damas
mais adoráveis de Londres. — anunciou o homem mais velho.
Seu irmão lhe lançou um olhar ilegível e saiu para se juntar a Rowena e
Jane. Uma vez que Arran foi embora, Ranulf deixou de prestar atenção nele
— Olá, Charlotte. — disse, estendendo a mão, para pegar a mão dela e
levá-la aos lábios. Não era o suficiente, e mal se impediu de puxá-la em
seus braços.
— Minha atração não parece ter diminuído. E nesse vestido parece mais
deliciosa do que a maçã que tentou Adão.
— Aye, esse é o problema, não acha? Mas, esta noite, meu melhor
julgamento pode se enforcar. Eu te quero, Charlotte.
— Acho que deveria escrever seu nome ao lado dessa dança. — disse, um
pouco trêmula, indicando a segunda valsa da noite — E te quero também.
— continuou em um sussurro, seus olhos mutáveis encontrando os dele de
uma maneira que poucas pessoas jamais ousaram.
Naquele momento jurou a si mesmo que seria qualquer homem que ela
desejasse. Isso, provavelmente, lhe custaria, mas se Charlotte fosse o
prêmio, pagaria o preço. Empurrando contra a vontade ridícula de começar
a cantar ou algo igualmente pouco masculino, rabiscou seu nome onde ela
indicou — Leve-me para passear de novo, leannan.
— Como estão suas mãos? — perguntou, aborrecido por não ter perguntado
isso imediatamente. Em sua defesa, sua aparência o deslumbrou, mas ela
tinha aquelas bolhas em por sua causa.
— Eu saberei.
— Ah, aí está a senhorita, querida Lady Charlotte. — uma voz seca veio de
trás dele.. — Diga-me que não deu todas as danças.
Felizmente, por causa de sua determinação, não era Berling. Mas isso não o
deixou se sentindo melhor. Um sujeito alto e loiro, mais ou menos da idade
de Urso, estava ali, com um sorriso fácil no rosto e o corpo vestido com um
casaco azul-escuro bem-feito, que podia ou não ter ombros acolchoados.
— Aye. Sou.
Quando Hammond ofereceu sua mão, Ranulf apertou-a. Era o que os
cavalheiros faziam. Mas não gostou, assim como não gostou da maneira
como Charlotte sorriu ao recém-chegado. Os outros homens, com os quais,
geralmente, dançava, não eram muito rivais. Este era diferente. E agora que
pensava nisso, a Srta. Florence havia mencionado algo sobre um Lorde
Stephen Hammond, que havia dito que ela se parecia com uma laranja. Isso
não o deixava mais disposto a gostar do bonitão.
— Charlotte, aquela surra que me deu no croquet, ano passado, ainda dói,
sabe? — Lorde Stephen continuou com um sorriso, enquanto pegava o
acredito que quem hesita está perdido. — esboçou uma reverência — Devo
pedir uma dança para sua adorável irmã agora. A reclamarei mais tarde.
Ainda sorrindo, Charlotte observou Stephen fazer seu caminho até Jane.
Ela, é claro, já estava cercada por jovens ansiosos. Quando Charlotte voltou
sua atenção para Ranulf, entretanto, ele não parecia tão divertido.
Observou-o tomar fôlego — Então suponho que ele pode pedir uma dança
para a lass mais bonita da sala, — disse.
Oh, graças a Deus. Justo quando ela pensou que o tinha desvendado, voltou
a surpreendê-la — Exagera, mas obrigada por dizer isso.
Foi muito gentil da parte dele dizer. Na verdade, teria ficado bastante
satisfeita em ficar de pé e ouvir o som de sua voz, pelo resto da noite. Para
o resto de sua vida, realmente. Mas, então, notou seu pai olhando para os
dois, sua expressão menos do que satisfeita — Tem que ir falar com outra
pessoa. — sussurrou com pesar. — As pessoas vão começar a pensar que
está me cortejando.
Antes que pudesse decifrar a explosão de... tudo o que a sacudiu por dentro,
com suas palavras, ele deu um sorriso alegre e caminhou, para atrapalhar a
multidão ao redor de sua irmã. Ele quis dizer isso? Não poderia, com o que
ele claramente acreditava sobre a inadequação das damas inglesas para as
Highlands. Então estava apenas brincando com ela?
E se eram tão errados um para o outro, por que aquelas poucas palavras a
fizeram se sentir tão... animada?
— Suponho que não tenha uma jig para um pobre estranho, não é? —
— Nada de jig, mas tenho uma dança country. — retrucou, olhando para os
olhos azuis pálidos dele, muito diferentes dos de Ranulf e de Winnie.
Arran inclinou a cabeça — Acho que meu irmão mantém seu próprio
conselho, mas é gentil da sua parte dizer isso, de qualquer maneira. — com
um olhar na direção de Ranulf, moveu-se em direção à mesa de refrescos.
Antes que ela pudesse refletir sobre o que isso significava, vários de seus
amigos chegaram para conversar sobre a atração ao redor e elogiar seu
vestido e seu cabelo. Elizabeth Martin tinha se apresentado no mesmo ano
Agora, porém, enquanto olhava, de Sr. Martin com sua presunção arrogante
e Lorde Roger Cooper com sua cintura muito apertada, para o magnífico
Lorde Glengask, rindo de algo que sua irmã disse, perguntou-se, pela
primeira vez, se as coisas não aconteceram por uma razão. Sim, estaria
perfeitamente satisfeita com James Appleton e teria vivido uma vida feliz e
perfeitamente previsível.
Quando Lorde Berling apareceu da sala de jogos e se dirigiu a ela, não ficou
surpresa, mas um emaranhado de inquietação percorreu sua espinha. Ele a
empurraria para tentar antagonizar Ranulf? Ou sua mera presença ao lado
dela seria suficiente para fazer o marquês quebrar sua palavra e atacar?
Sua boca estava ficando cansada, com o número de sorrisos forçados que já
havia usado esta noite. Era muito mais simples ser agradável, quando não
conhecia nada melhor, percebeu — Receio que meu cartão de dança esteja
cheio esta noite, Lorde Berling. Muito obrigada pelo gentil pensamento, no
entanto.
Oh, céus. Fez uma barganha com Ranulf: nada de dançar com Berling, em
troca de ele não brigar com o conde. Se o canalha anotasse seu nome - ou se
Ranulf visse a troca agora - não queria saber o que poderia acontecer.
Respirando fundo, fez uma carranca genuína para Berling. — É
assim que um cavalheiro reage, diante de uma dama que não quer dançar
com ele? Eu estava tentando ser educada.
— Já dançou comigo antes, milady. Nós até valsamos uma ou duas vezes.
Acredito que esteja procurando problemas, e não quero fazer parte disso.
O conde deu um passo mais perto dela. — E ainda vejo aqui que Glengask
tem uma valsa com a senhorita. E o outro tem uma dança também, seja
quem for.
— Não. Mas uma dança ainda seria boa, para demonstrar que somos todos
amigos aqui.
— Não, milorde. Meu cartão, por favor. — ela não estendeu a mão; isso
tornaria muito óbvio, para todos que estavam olhando, que fez um pedido e
ele não correspondeu.
— Ainda bem que não sou tão durão quanto ele. — Ranulf meditou,
agachando-se e pegando o cartão. Embolsando o vazio, tirou o pó do dela e
o devolveu.
Charlotte olhou para cima, estudando seu rosto magro, com qualquer sinal
da raiva que esperava. O que viu foi uma expressão perfeitamente nivelada,
que deveria tê-la tranquilizado, mas não o fez. — Manteve sua palavra. —
murmurou.
Seu olhar baixou brevemente para sua boca — Não fui o único. —
Antes de Arran pegar seu braço, Ranulf se inclinou e sussurrou algo para
seu irmão. Então, com um assentimento para ela, foi buscar sua parceira
para o baile campestre. Arran ofereceu seu braço, e juntos tomaram seus
lugares na pista de dança. Assim que a música começou, ele se curvou e ela
fez uma reverência, e deram as mãos para fazer um amplo círculo ao redor
de seus companheiros.
— Se ele quisesse que ouvisse, não teria sussurrado. — disse, voltando para
o centro com ela novamente.
Escoceses teimosos. — Lorde Berling chamou-o de 'seja quem for o outro'.
— comentou, decidindo tentar novamente. — Nunca se conheceram?
— O quê? — sufocou seu comentário alto com uma tosse. — Então por
que…
Talvez seu desejo não fosse realmente tão egoísta. Se as damas não o
vissem tão... lascivamente, então, talvez, seus maridos e namorados o
olhassem como um amigo ou aliado em potencial, e não como um rival
incivilizado.
— Não vai me perguntar por que eu dei a Berling o nome de outro homem,
então? — Arran disse, enquanto circulava ao redor dela — Achei que
ficaria mais curiosa, considerando que perguntava sobre todo o resto.
Ele deu uma risada curta — Quero tomar isso como um elogio. E esta é,
provavelmente, uma conversa melhor em outro momento e em um ambiente
diferente, de qualquer maneira.
Por mais irritante que fosse, teve que concordar com a avaliação dele.
Mas sabia das coisas, agora. Sabia que Lorde Berling tinha feito algumas
coisas pelas quais, provavelmente, deveria ter sido preso.
Não gostou que tenha andado até ela e tentado usá-la para começar uma
briga - duas vezes agora. A primeira vez tinha funcionado, embora ele não
pudesse ter ficado satisfeito com o resultado. Apenas a arrogância poderia
convencê-lo a tentar a mesma abordagem novamente e esperar um resultado
diferente - e, ainda assim, havia um resultado diferente. Ranulf não mordeu
a isca. Na verdade, tomou medidas para evitar brigas. E isso foi uma coisa
muito boa.
Procurou por ele, mas antes que pudesse identificar sua figura alta e larga,
Jane apareceu — Olá, minha querida. O que...
— Janie, o que…
Jane colocou a mão sobre a boca. — Shh. Venha aqui. — murmurou, e
liderou o caminho até a janela.
— Aquele outro grande sujeito que ele trouxe aqui é seu irmão. Arran
MacLawry. Ouvi de Hest.
A quarta voz deu uma risada baixa — Seu pai era do mesmo jeito.
Mas também poderia mandá-lo atrás desses homens. E seria por sua culpa.
Quando tudo isso se tornou tão complicado? Aos dezoito anos, o amor tinha
sido simples e direto.
Charlotte respirou fundo, levando a mão ao coração. Amor? Foi o amor que
a revirou por dentro e a fez pensar que jogar um ou dois vasos pela janela,
na cabeça de alguém, seria uma boa ideia? Amor que a fez odiar os homens
abaixo, apenas por falarem o que pensam, porque falavam contra Ranulf?
Seu Ranulf?
Que mulher estúpida era. Ele queria uma amante para Londres; deixou isso
perfeitamente claro, e ela concordou. Uma atração física mútua.
Mas, oh, era muito mais do que isso. Para ela, de qualquer maneira. Claro,
nunca se adequariam, e nada resultaria dessa... sua paixão, mas, pelo amor
de Deus. Por sua própria culpa, boba ou não, o amava. E seu coração se
quebraria em cem milhões de pedaços, no dia em que se despedisse dela.
— Apenas tenha em mente que tem que fazê-lo parecer o agressor, ou será
em vão.
Sua irmã levou a mão ao peito e parecia pálida como o luar — Eu estava
saindo da pista de dança e ouvi alguém dizer que precisava de um lugar
tranquilo para conversar sobre Lorde Glengask, e Lorde Berling sugeriu o
jardim na parede da frente — Respirou fundo. — Meu Deus. Eles estavam
falando sobre machucar as pessoas. E pior ainda.
Não tinha ideia do que aconteceria com isso, e com o jeito que seu coração
estava batendo, sentiu tanto a possibilidade de beijá-lo quanto de repreendê-
lo por… por ser quem era. Mas ele precisava saber.
Imediatamente.
E ainda assim...
E ainda assim, tudo o que podia pensar era em como se sentia segura,
contente e feliz, nos braços de Ranulf. Não podia perdê-lo. Não iria perdê-
lo. Não nos termos de outra pessoa. Não quando acabara de descobrir que o
amava.
Capítulo 13
Capítulo 14
muito menos uma que não suportava a ideia de brigas, por palavras ou atos.
E a queria em sua vida, tanto para provar que podia liderar um clã, de
maneira inteligente e progressiva, quanto porque o confortava e o inspirava
com apenas um sorriso.
— Acho que sim. — Jane secundou, não parecendo tão certa — Estou feliz
que meu cartão esteja cheio, para que nenhum deles possa me convidar para
dançar. Isso seria aterrorizante.
Juntos, os quatro voltaram para o salão de baile, e Ranulf teve que ver
Charlotte se desculpar com Henning, por ter perdido sua quadrilha e
oferecer ao homem redondo a próxima dança. Não queria compartilhá-la,
mesmo com seus amigos.
— Eu sei como a chamei. Não foi um acidente. Ela tem meu coração.
— e sua mente e sua alma. Dizer isso em voz alta era mais fácil do que
esperava, embora imaginasse que fazer a mesma declaração para Arran
seria uma conversa muito mais complicada. Hora de parar de fingir, porém,
parecia que estava desonrando Charlotte ao fazê-lo.
— Nae, a menos que eu possa ter certeza de que minha vida não lhe trará
dor e mágoa.
— Ranulf, isso...
Rowena estava dançando uma quadrilha com Arran, o que, pelo menos,
serviu para manter seu irmão e irmã mais novos longe de problemas.
Quanto a Berling, seus amigos covardes e seu primo problemático, não
estavam em lugar algum. Talvez tenham decidido sair e planejar outra
tática, quando insultar sua família na cara não funcionou.
retrucou Arran.
—Evidentemente, não.
disse, forçando Arran a encontrar seu olhar. Se seu irmão fosse atrás de um
dos comparsas de Berling, Ranulf teria que apoiá-lo. E isso arruinaria tudo,
antes que mal tivesse começado.
retrucou. Estava mantendo sua palavra, em troca de uma moça. Era isso que
estava fazendo. Tentar justificar de outra forma, era apenas uma
complicação inútil.
— Por quê?
Para que ele pudesse provar a uma moça teimosa que era civilizado
Ela corou — Lorde Glengask, este é o Sr. Harold Myers, irmão do Visconde
Chaffing. Harold, meu irmão, o Marquês de Glengask.
Pela sua expressão, ela esperava que afugentasse o delicado sujeito, com
uma bota na bunda. Mas Charlotte e sua família estavam ali, então Ranulf
sorriu e ofereceu sua mão. — Fico feliz em ver minha irmã conhecendo
rapazes decentes. — disse.
— Obrigado, milorde.
Bem, não achava que estava assim, mas também não era tão puro quanto
Charlotte. Tudo isso teve o efeito de tornar esse negócio, de não falar o que
pensava, de não tomar a ação que seu coração lhe dizia, muito mais difícil.
Mas faria isso. Aprenderia a fazer isso, por Charlotte.
— Foi muito gentil da sua parte, Ran. — disse sua irmã, olhando-o como se
tivessem lhe brotado asas da testa.
Arran riu — Tom MacNamara manca, também, mas porque bebeu demais e
tentou ordenhar um touro.
Rowena deu um tapa no braço de Arran — Sir Robert não fez nada tão tolo.
— Bem, eu também não admitiria isso. É uma história que todo mundo
conta.
— Esqueça isso. — o que Ranulf queria dizer era que Sir Robert Mason,
provavelmente, nunca tentou ordenhar nada em toda sua vida suave, mas
isso, definitivamente, não ajudaria em nada.
Isso soou um pouco como uma condenação com elogios fracos, mas,
novamente, guardou seus pensamentos para si mesmo. Manter seu próprio
conselho, pelo menos, era algo a que estava acostumado. Mesmo assim,
quando a orquestra começou a afinação para a valsa, estava mais do que
pronto para ter, por um momento, Charlotte em seus braços, mais uma vez.
— Aye?
Ele sorriu. Claro que ela notaria a reação, a boca aberta de sua família
Ela tinha esse direito — Que tal uma nevasca, tão forte, que a neve cai de
lado? — perguntou — Isso a assustaria?
Essas tempestades podem durar dias, moça, com um frio que se entranha
nos seus ossos e não se solta. E as Highlands são uma terra vasta e vazia,
com mais veados vermelhos do que pessoas. Há apenas algumas grandes
casas, perto de Glengask, famílias de chefes de clã e afins.
Ela não parecia nem um pouco hesitante — Conte-me mais.
Por mais que estudasse seu rosto doce, tudo o que conseguia perceber era
interesse, e um carinho, que fazia seu coração bater dentro do peito —
— Acho que estava preparada para se apaixonar pelo Sr. Harold Myers, até
que o aprovasse. Imagino que agora ela, muito em breve, o achará
terrivelmente maçante - o que ele é.
— Só podemos esperar. — disse secamente. Mas ele teve que conceder seu
ponto; seu primeiro instinto foi sangrar o nariz do menino, mas isso era
muito mais eficaz, e sua irmã não podia culpar suas ações.
Ele se virou para olhar, e a raiva bateu em sua espinha. Charles Calder, o
neto de Campbell, estava ali, sua expressão arrogante, mas seus olhos
falando de muito menos certeza — Nae. — disse, com a maior frieza que
conseguiu.
Charlotte saberia que ele não conseguiria nem mesmo administrar este
pequeno pedaço de civilidade. Apertando a mandíbula, soltou-a e deu um
passo atrás.
eles. Mas, agora que estava longe o suficiente, para que ninguém mais o
notasse olhando, encontrou sua forma vestida de vermelho na pista de
dança e não tirou os olhos dela. E continuou repetindo para si mesmo que
não daria em nada, e que valeria a pena.
Não estava disposta a lhe dar informações, sem ganhar nada em troca.
Afinal, podem não ter se conhecido, mas ela ouviu sua voz, claramente,
uma hora atrás.
— Bem então. Charles Calder, ao seu dispor. — deu um sorriso que, sem
dúvida, pretendia ser encantador.
— Sr. Calder.
— E eu sei que é Lady Charlotte Hanover. Agora que isso foi resolvido,
como conhece Lorde Glengask? — ele repetiu.
Foi preciso todo seu esforço para manter a expressão levemente curiosa —
Meu Deus, isso soa terrível. — comentou — O que o faz dizer uma coisa
dessas, para uma completa estranha, Sr. Calder?
Não merecem sua terra ou seu título, e os malditos não pertencem à boa
gente de Mayfair.
— Porque é com a senhorita que o vejo por aí, milady. Está sempre no
braço dele, e é quem ele observa, do outro lado da sala. Portanto, parece ter
mais necessidade de um aviso do que qualquer outra pessoa. — fez uma
leve carranca. — Para seu próprio bem, deve ficar bem longe dele e de seus
parentes.
— Isso seria um erro. Não quer ser envolvida nisto. Sangue já foi
derramado sobre ele antes, e imagino que será novamente.
Antes que pudesse se virar e fugir, porém, Calder deu um passo à frente e
pegou sua mão novamente, curvando-se sobre ela — A senhorita, milady, é
uma cadela e uma megera. — murmurou — Secou, na prateleira, e está tão
desesperada por um homem, que se dispõe a ser a prostituta de um
Highlander. — ele se endireitou, soltando seus dedos. — E eu a desafio a
lhe contar que eu disse isso.
jamais havia falado com ela assim. Sentiu-se quase como se tivesse sido
fisicamente esbofeteada, jogada no chão e pisada. Finalmente, antes que
alguém pudesse se perguntar por que estava sozinha no meio da pista de
dança, forçou-se a se virar e caminhar, de volta para seus pais.
Isso era um desafio para sua filosofia, ou os meios pelos quais Ranulf
falharia em viver de acordo com isso? Ele mataria Calder por lhe dizer isso.
Ranulf parou, trazendo-a para perto dele — O que foram apenas palavras?
— perguntou secamente.
Ela teria que lhe dizer alguma coisa, mesmo que apenas para sua própria
segurança. E se escondesse a verdade, isso não significava que Ranulf tinha
mantido sua palavra sobre ser civilizado. Isso só fazia dela uma mentirosa e
uma covarde. — Ele disse que sua família era problema e que eu seria
sensata em manter distância.
Ranulf a puxou para mais perto — Que nomes? — pronunciou com muita
clareza.
Ele continuou olhando para ela. — Sim, isso eu fiz. Então, me diga o que
ele te disse, Charlotte.
Se contasse a ele, sabia que iria direto para a garganta de Calder. E se não o
fizesse, ele poderia, muito bem, atacar de qualquer maneira. — Ele disse
que eu era uma cadela e uma megera, velha e tão desesperada por um
homem, que me tornei sua prostituta. — as palavras tinham um gosto
estranho e sujo em sua língua, e esperava nunca ter motivos para pronunciá-
las novamente.
Apenas um pressentimento.
— Então está livre para ir, é claro. Acho que vamos ficar.
Pegou a mão de sua irmã, mas ela deu um passo para trás. — Eu não vou,
Ranulf.
Nada vai acontecer comigo aqui. E eu tenho dezoito anos. Eu não sou uma
garotinha com tranças.
Ranulf hesitou. Era a primeira vez, desde que se conheceram que Charlotte
o via indeciso sobre qualquer coisa. O efeito foi estranhamente de partir o
coração. Finalmente ele assentiu. — Arran e eu iremos, então. A menos que
tenha outros planos, Arran.
Com isso, ele e seu irmão deixaram o salão de baile. Imediatamente a sala
pareceu menor, a luz mais fraca, a música barata e amadora. E por mais que
tentasse negar, seu coração parecia mais fraco também.
Claro que estava sendo boba; passou semanas tentando convencê-lo a ver
seu ponto de vista. Insistindo que era errado responder a palavras -
Afinal, sabia por que ele foi embora; tinha feito isso para que ninguém mais
tivesse qualquer motivo para ameaçá-la ou insultá-la, ou a Rowena e Janie.
Foi uma decisão sábia e madura. Tampouco tinha sido fraco em ceder à
exigência de sua irmã de ficar. Só estava tentando evitar causar uma cena,
como qualquer cavalheiro faria.
Capítulo 15
Sasannach
Sasannach.
Aye
Sasannach
bairn
Capítulo 16
De pé, Arran andou pela sala de estar — Perdeu seu maldito juízo! —
Ranulf tomou um gole de seu café, desejando que a dor em seu crânio
diminuísse. Embora admitisse estar cansado e com a cabeça dolorida, não
achava que tinha enlouquecido. Ainda não. — Provavelmente ganharemos
mais terreno com os Campbell do que com os Gerden. Para falar com eles,
teria que lidar com Berling.
— Não precisa falar com ninguém. — insistiu o irmão. — Se for até eles,
verão isso como fraqueza. Exceto pelos incêndios nas escolas e uma oferta
de compra de terras, todos nos deixaram em paz, por quinze anos. E
— Eles nos deixaram em paz, exceto por Munro ter sido baleado por
Gerden-Dailey, e a questão do incêndio do meu estábulo. — soltou a
respiração — Quero que minha família esteja segura. — disse finalmente
— Quero ser capaz de trazer uma esposa para Glengask e não ter que me
preocupar, toda vez que ela sair para colher flores silvestres.
— Tem que t…
— E se eu não puder sair batendo nas pessoas, sem uma boa razão?
— Então pense em uma boa razão, Ranulf. Pelo amor de Deus. Nunca deu
um soco que não fosse por uma razão muito boa até agora, de qualquer
maneira. — seu irmão deu um soco no encosto de uma cadeira — Se ela te
castrou agora, estaremos todos mortos no inverno.
— Por quê? Não pode me bater, ou sua moça vai franzir a testa. —
Sabia que Arran estava certo, e sabia que estava sendo tolo, ao deixar uma
moça ditar como conduziria seus assuntos. Afinal, ele viveu esta vida.
Ela não. — Eu a quero na minha vida, Arran. Eu quero que ela seja feliz, e
quero que esteja segura.
Arran o olhou — Não acho que possa ficar com os três, Ran. Dois deles,
talvez. Mas não todos os três.
Imediatamente, toda a casa parecia mais leve, mais parecida com um lar. A
visão inesperada de sua irmã o fez sorrir; Rowena nunca parecia ter os dois
pés no chão ao mesmo tempo. — O que está fazendo aqui, piuthar? —
— Uma irmã não pode visitar seus irmãos? — voltou com um sorriso
Seus cabelos brilhavam como ouro fiado. Seu coração gaguejou, então
acelerou para o dobro da velocidade normal. Agora, apenas a ausência de
Urso em Londres, impedia esse momento de absoluta perfeição.
Sem dizer nada, atravessou a sala, não parando até que a tivesse envolta em
seus braços. Inclinando-se, beijou sua boca doce e curvada.
— Arran disse que não iria hoje. — Charlotte afastou o cabelo de seus
olhos. — Mas eu queria vê-lo.
— Não estou reclamando disso. — pegou sua mão, entrelaçando seus dedos
longos e elegantes com os largos e calejados — Venha comigo para a sala
de estar.
— Oh, eu quero mais do que isso. — suspirou, seus braços soltos ao redor
de seus ombros enquanto olhava para seu rosto — Diga-me como se diz
'bonito'.
— Brèaghe.
uma moça bonita e fina, Charlotte Hanover. E agora me diga, por que
precisava me ver.
Ela respirou fundo, puxando sua gravata. Se ela, de todas as pessoas, estava
hesitante em lhe dizer alguma coisa, não poderia ser bom. Um calafrio se
instalou em seu coração. Tinha decidido que ele não era o que queria? Que
seu modo de vida era muito perigoso para ela, mesmo que pretendesse
mudá-lo? A pior parte era que já sabia que era verdade -
Ele não esperava isso. — Aye? — este maldito assunto não era sobre
ganância, então onde ela queria chegar?
— Também tracei as terras dos seus vizinhos. Está cercado por clãs rivais.
Ah. Isso era sobre a falta de segurança que ele poderia prometer a ela,
então. Que assim seja. — O que acha de terminar sua história daqui a
pouco, Charlotte?
— Eu...
Ele capturou a boca dela com a dele. Com cada grama de seu ser, a queria
em sua vida, pelo resto de sua vida. Mas, com essa mesma convicção, sabia
que não importava o que fizesse, não poderia mantê-la tão segura, quanto
estaria em Londres, tão segura quanto estaria com alguém, como lorde
Stephen Hammond. Mas, por Deus, não iria deixá-la ir sem amá-la mais
uma vez.
— Ran, n…
Respirando com dificuldade, abaixou a cabeça contra seu ombro. Isso era
tudo que podia fazer. Não poderia trancá-la mais do que poderia trancar o
mundo. Tudo o que podia fazer era amá-la e deixá-la ir. Mesmo que isso o
matasse.
Ele manteve os olhos fechados, tentando acalmar a respiração. Ela veio para
dizer isso, e ele a deixaria fazê-lo. — Diga-me. — forçou a sair.
— O que faz, a maneira como conduz sua vida, é a maneira que funciona. É
como mantém todo mundo seguro.
— Ninguém pode manter todos seguros. Mas tem feito um... um trabalho
muito bom. — fez uma careta. — Três homens tentaram atraí-lo para uma
briga, ontem à noite. E acho que os dois segundos tentaram, só porque não
aceitou o primeiro.
Algo estranho parecia estar acontecendo. Ranulf, relutantemente, saiu dela
e ficou de pé, fechando suas calças e então oferecendo a ela uma mão, para
ajudá-la a se sentar. Pegou seu casaco cinza escuro do chão e deu a ela.
Era grande demais para ela, quase a engolindo, quando colocou os braços
pelas mangas, mas vê-la coberta ajudou seu cérebro a funcionar um pouco
melhor. Endireitando a camisa, sentou-se no sofá ao lado dela.
— Eu estava errada.
suspirou. —E não tenho certeza de que uma ou duas rixas mudariam isso.
— Estou disposta a…
exigiu, abrindo-a.
Alcançou a porta da frente, quando Owen saiu correndo da sala dos criados,
uma arma enorme em suas mãos. — Onde estavam? — perguntou, saindo
com ele.
— Pelo menos três deles têm pistolas, Ran. — chamou o irmão. Arran tinha
um braço ao redor de Winnie, colocando-se entre ela e Gerden-Dailey.
— Estou bem aqui, Berling. Minha irmã e meu irmão não têm nada a ver
com sua cara feia.
— Espera que eu faça alguma coisa com aquelas feras paradas aí? Eu não
chamaria isso de uma luta justa, Glengask.
— Então quer uma luta justa agora, não é? É um maldito cladhaire, Donald
Gerden.
Primo?
— O quê?
— Quando traz seis homens contigo e vai atrás da irmã de alguém, isso faz
de um homem um covarde.
O rosto de Berling ficou vermelho. — Então por que está aqui, George? —
retrucou.
— Rowena, faça o que Charlotte diz. — Ranulf ecoou. — Não vou ter um
desses amadan atirando em você por acidente.
— Eu não perdi meu pai. — Ranulf retrucou, emoção tocando sua voz pela
primeira vez — Seu athair e seu athair... — e apontou para Berling...
— Isso não...
Rowena para um lugar seguro, porque era com isso que estaria preocupado.
— Isso é tudo que quero dizer, na frente desses covardes. Se quiser mais,
vai deixar isso de lado e ficar onde possamos conversar, de homens para
homem.
— Se pensa em...
Com o rosto branco e tenso, Arran fez o que ele disse. Lentamente,
claramente relutantes e seus rabos abaixados, os cães deixaram o lado de
Ranulf e se esgueiraram, para ficar ao lado de seu irmão. Enquanto
Charlotte prendeu a respiração, Ranulf e George Gerden-Dailey se
aproximaram, parando ao lado de um velho olmo inclinado.
— Estão conversando. — não tinha ideia se era o curso de ação mais sábio
ou não. — apesar do fato, ou por causa do fato, de que isso era,
precisamente, o que ela o havia exortado a fazer.
Tudo que precisa lembrar é que você, Arran e Ranulf estão bem. Com todos
— Vai dizer que não. — retrucou, desejando muito poder ouvir o que os
dois homens estavam dizendo.
Ela entendia por que Gerden-Dailey queria saber, por uma vez e com
certeza, o que havia acontecido com seu pai, assim como Ranulf quis saber.
Depois do que pareceram horas, mas não podem ter sido mais de vinte
minutos, Gerden-Dailey deu um aceno rígido e se virou —
— Eu não...
— Glengask, é melhor estar lá, ou vou procurá-lo. — Gerden-Dailey
interrompeu o primo novamente.
— perguntou, então puxou seu irmão mais velho para um abraço forte — E
Olhando por cima da cabeça de sua irmã, Ranulf deu a ela um lento e
delicioso sorriso, que a aqueceu até os dedos dos pés. Então pegou a mão da
irmã, ofereceu-lhe o braço e voltou para a casa — Owen. Afaste esse
maldito bacamarte, sim?
Ele encolheu os ombros — Está na hora disso, leannan. Todo o mal que
George Gerden-Dailey nos fez é porque o velho Lorde Berling lhe disse que
foram os Campbell que mataram meu pai, e que os MacLawry foram atrás
dos Gerden, para puxá-los para o inferno. — olhos azuis profundos
encontraram os dela. — Paz, tudo feito com poucas palavras. Imagine isso.
Ela sorriu — E depois que eu lhe disse que o ataque era aceitável.
Capítulo 1 7
— Aye, mas fomos convidados para o baile depois. Vou considerar isso um
progresso.
Seu irmão fez uma careta — Bem, quando coloca dessa forma...
— Penso que sim. — virou-se para encarar Arran novamente — Por quê?
Tem alguma objeção?
Seu irmão deu de ombros — Ela é uma inglesa apropriada, que há muito
pouco tempo pensava que era um selvagem e um demônio, se bem
Ranulf se acomodou mais fundo no canto — Talvez ela não seja tão rígida
quanto pensa. — retrucou.
— Tudo bem.
— Ótimo.
Bem, não era tão esplêndido. A sensação de euforia que o enchia o dia todo
se desvaneceu. Ainda era um Highlander, o líder de seu clã, e ela ainda era
uma dama inglesa, acostumada a invernos suaves e verões quentes. E o que
quer que ela tenha dito, sobre entender seu uso de – briga,
Seu irmão olhou pela janela, por um longo momento, tanto quanto antes —
Então eu a acho bem bonita. E eu sinto que parecem felizes,
quando estão juntos. Apenas... Tenha certeza, Ran. Por favor. Pelo bem dos
dois.
Assim que conjurou essa ideia, porém, a descartou novamente. O que quer
que o brasão da família MacLawry dissesse, não era algum MacLawry, cuja
presença em Glengask indicava ao seu povo que tudo estava bem e que
estavam seguros e protegidos; era o marquês, o chefe do clã, que precisava
estar lá. E isso, para o bem ou para o mal, era ele.
Ela sorriu quando o viu, e ele teve que trabalhar para não acelerar seus
passos. Era gloriosa. Os homens que a olharam e passaram por ela, por
cortesia, porque queriam uma nova debutante ou porque só a viam como a
noiva de um homem morto, eram todos tolos.
Charlotte estendeu a mão, e ele abaixou a cabeça, para beijar seus dedos. —
Também acho que parece brèagha. — disse com um sorriso.
— Serão duas. Qual gostaria? — tirou seu cartão de dança de sua bolsa.
— Ambas.
— Ranulf.
Com uma risada, lhe entregou o cartão de dança e um lápis — Sim, acredito
que sim. — Quando escolheu a segunda valsa da noite, ela deu um passo
para mais perto — Ouviu mais alguma coisa de Berling ou Gerden-Dailey?
— Foi uma coisa muito corajosa o que fez. — disse, seu olhar cor de avelã
cambiante encontrando o dele.
— Corajoso? Nae. Concordo que foi a coisa certa a fazer. E também direi
que Gerden-Dailey me surpreendeu um pouco. Na verdade, pensei que seria
mais provável que me respondesse com uma facada na moela.
Sua pele clara empalideceu. Maldição. Ela fez um elogio, e ele respondeu,
mais uma vez, como um bárbaro. Claro, era um bárbaro, de acordo com a
maioria das pessoas. Houve momentos em que gostou do título. Se ela
realmente desejaria ser conhecida como a esposa do demônio, porém, ele
não tinha ideia. Mas ia ter que perguntar a ela. Muito em breve.
Porque a única coisa pior do que tê-la recusando-o, seria especular sem
parar sobre como ela quebraria seu coração.
Ranulf soltou a mão dela, como se não tivesse notado quanto tempo a
estava segurando. Ela gostava disso, que gostasse de tocá-la. Deus sabia
que desejava tocá-lo, mesmo que fosse apenas um roçar de dedos, ou sua
boca contra a dele — Ranulf. — murmurou.
— Eu…
Ele pegou o cartão de dança de sua mão, antes que ela pudesse terminar —
Ah, vejo que não. A primeira valsa deve ser minha, então.
— Bobagem. — insistiu Stephen, e ela notou que seu bom amigo Simon
Beasley também havia aparecido — Simon, — continuou ele, escrevendo
seu nome a lápis e entregando o cartão dela ao Sr. Beasley — o que quer —
a primeira quadrilha, ou a última dança country?
Stephen riu — A senhorita não quer que todos pensem que se apaixonou
por um Highlander, quer? Uma vez que ele se for, e eu me assegurarei de
que irá embora em breve, provavelmente nunca mais voltará, a senhorita
não terá nenhuma esperança de ter um marido. Quem, em seu juízo perfeito,
pensará em se divertir, onde um escocês esteve?
Uma mão disparou de seu ombro, pegou seu cartão de dança e o entregou
suavemente a ela — Sinta-se livre para riscar isso. — Ranulf falou
lentamente — Será mais educado do que eu teria sido.
Seu súbito alarme se transformou em alívio. Ele, evidentemente, tinha
encontrado uma maneira de usar seu cérebro, em vez de seus músculos,
embora ambos fossem extremamente bons, e ainda mais queridos para ela
— E eu sugiro…
— Por que será, — interrompeu Ranulf, apenas o som de sua voz calando a
boca do filho do duque — que quando tem alguma dificuldade com um
homem, insulta as pessoas que estão perto dele, em vez de lhe dizer o que
realmente deseja? — moveu-se, para ficar ao lado de Charlotte.
— Charlotte, afaste-se! — sua mãe gritou, correndo para puxar sua manga
— Pelo amor de Deus!
— Parem! — gritou de novo, depois foi empurrada para trás, pelo cotovelo
de alguém.
Amaldiçoando, seu pai a puxou para seus pés, então entrou na luta.
Por um momento terrível, ela não teve certeza de quem estava ajudando, até
que Simon Beasley cambaleou por ela e então tropeçou no chão, com a
ajuda da bota de seu pai.
Agarrando a saia nas mãos, marchou até onde seu pai e lorde Swansley
seguravam Stephen Hammond pelo braço. — Não é um cavalheiro, sir —
disse bruscamente — e tenho vergonha de tê-lo chamado de amigo.
Ele zombou, com um lábio sangrento. — Fale com aquele grande demônio.
— retorquiu — Ele…
Charlotte lhe deu um tapa. Isso doeu em sua mão, mas não se importou —
Tudo o que Lorde Glengask fez, foi dar um passo à frente, quando se
comportou mal. Que vergonha!
Stephen Hammond olhou para ela, mas não disse mais nada.
outra rasgada, enquanto sua camisa estava meio rasgada e salpicada com
sangue vermelho vivo. Até um joelho estava cortado, embora seu kilt
parecesse intacto. Graças a Deus por isso.
Além da ruína de suas roupas, seu lábio estava cortado, o nariz sangrava e
um olho semicerrado. Enquanto o observava, ele pegou a cauda solta de sua
camisa e enxugou seu rosto. Seu irmão não parecia muito melhor, mas
Simon Beasley e seus amigos horríveis pareciam ter se saído ainda pior.
Ele balançou a cabeça, sua expressão sombria — Nae. Sinto muito, moça.
Eu não poderia... eu não poderia simplesmente ficar de pé e ouvir a
baboseira daquele amadan.
— Eu sei.
Resmungando algo, que soou muito desagradável, Arran pegou seu tio pelo
ombro e fez um gesto para seu irmão — Vamos sair desse maldito lugar,
Ran.
com ela. Porque pensou que tinha feito a única coisa que ela nunca
perdoaria - entrar em uma briga, por nenhum outro motivo, além de
orgulho.
Estava errado.
Charlotte respirou fundo e avançou. Sua mãe a agarrou, mas ela, facilmente,
evitou os dedos da condessa. Alcançando a montanha esguia e dura de um
homem, colocou a mão em seu ombro e puxou.
O que ela estava fazendo? O que poderia dizer aqui, na frente de todos, que
iria convencê-lo de que não o culpava pelo que tinha acabado de acontecer,
que ele se apresentou como um cavalheiro e depois agiu como um? Que não
era a mesma coisa que James Appleton tinha feito e que havia condenado
por tanto tempo?
A resposta, claramente, foi nada. Não havia nada que pudesse dizer, que ele
achasse que fosse algo além de ela sendo gentil.
murmurou — É tão querida para mim, que não acho que poderia suportar
ficar sem você.
— Então, pelo amor de Deus, diga que vai se casar comigo, moça. —
Ela assentiu, as lágrimas escorrendo pelo rosto mais uma vez. Mas desta
vez eram de alegria — Aye, me casarei com você. Eu quero me casar com
você. Quero morar em Glengask. E não tenho medo. Nunca tive.
Com um rugido, ele firmou seu aperto em sua cintura e a ergueu no ar,
circulando com ela em seus braços — Eu te amo, Charlotte! — ele gritou,
rindo.
Vem por aí
O
ML
Havia outro ditado sobre Londres e os fracos Sasannach que viviam lá,
lembrou Arran MacLawry, mas como, atualmente, estava no centro de
Mayfair, em um salão de baile, guardaria isso para si mesmo. Várias moças,
todas usando máscaras de cisne, elegantemente arqueadas, passeavam em
bando. Sorriu para elas, interrompendo a formação e enviando-as, emitindo
sons femininos, em direção à mesa de refrescos.
Arran olhou para seu irmão, sentado a poucos metros de distância e em uma
conversa profunda - ou assim pensou - com uma elegante coruja.
— Eu não fiz nada além de sorrir. Me disse para ser amigável, Ranulf.
A coruja ao lado de seu irmão riu — Acho que o disfarce não importaria,
Arran. — disse em seu culto sotaque inglês. — Ainda faria todas as jovens
se sentarem e prestarem atenção.
Amiga mais querida de sua irmã ou não, era uma debutante, uma
Sasannach e uma romântica. Arran estremeceu, olhando por cima do
ombro. O diabo o leve antes que se deixe levar por isso.
Maldição. Jane Hanover iria rastreá-lo, informá-lo de que não tinha parceiro
para a dança, e ele teria que ser educado, porque estavam prestes a se tornar
parentes. Antes que a música terminasse, se encontraria noivo.
Um pavão e um cisne correram pela porta, atrás dele. O que quer que
Ranulf dissesse, ele não tinha intenção de ser educado, a ponto de acabar
com as pernas algemadas, por uma debutante de rosto fresco que o achava -
Sua parceira era pequena, notou tardiamente, o topo de sua cabeça apenas
roçando seu queixo. E tinha um sorriso acolhedor. Fora isso, poderia ser a
rainha Caroline, pelo que sabia. Ou se importou. Não era Jane Hanover e,
no momento, isso era o mais importante.
Enquanto ela olhava para o salão de baile lotado, ele a absorveu novamente.
Pequena, esbelta, olhos verdes claros e cabelos... Não tinha certeza de qual
cor denominar. Uma massa longa e encaracolada, que escapava de um
coque, parecia o que resultaria, se um pintor passasse sucessivamente um
pincel de pontas marrons por ouro e vermelho - uma mistura profunda e rica
de cores que, juntas, não tinham um nome.
Ele piscou. Embora fosse conhecido por se tornar poético, geralmente não
sobre o cabelo de uma moça — Por que Lady Vixen já não tinha um
parceiro para uma valsa? — perguntou.
— Acabei de chegar. — retrucou com sua voz sedosa — Por que Sir Fox
estava fugindo de um pavão?
Então ela percebeu isso. — Eu não estava fugindo do pavão. Esse pássaro é
minha irmã. É o cisne que me apavora.
O olhar verde segurou o dele, e se pegou desejando poder ver mais de sua
expressão. Como um Highlander e um MacLawry, a capacidade de avaliar a
ameaça de uma carranca ou um olho trêmulo com rapidez e precisão salvou
sua vida em várias ocasiões.
Claro que ela sabia de onde ele era; mesmo que toda Mayfair não estivesse
comentando sobre os MacLawry, brigando pelas salas de estar, seu sotaque
teria tornado isso bastante óbvio. Ao contrário de sua irmã,
Rowena, ele não fez nenhuma tentativa de disfarçar ou abafar seu sotaque.
Ser um MacLawry era uma questão de orgulho, para ele — Sim, têm cisnes
lá, embora não muitos. É mais fácil evitá-los nas Highlands, onde um rapaz
conhece o terreno e há mais espaço para manobrar.
— Sim. Eles vão te pegar quando não estiver olhando, e acasalam para a
vida toda.
Isso foi um corte? Ou uma brincadeira? O fato de não poder ter certeza
disso o intrigava. As moças Sassanach, em sua experiência e com
pouquíssimas exceções, sabiam tudo sobre o clima e podiam discuti-lo por
horas, mas ele não podia dar crédito a elas por muito mais — Algo
lisonjeiro. — meditou em voz alta, tentando decidir quanto esforço fazer. —
Ela riu de novo, embora não soasse tão convidativo, desta vez —
Arran estava certo de que tinha acabado de ser insultado. Escondeu uma
carranca, não que ela pudesse ver por trás da máscara de raposa —
— Pensei dizer que tinha uma pele linda e orelhas pontudas, mas eu não
sabia se apreciaria isso.
— E por que uma raposa não gostaria de ouvir que um raposo admira sua
pele?
Se Arran não estivesse com as duas mãos ocupadas com a valsa, estaria
lutando contra a vontade de tirar a máscara dela, para poder ver todo seu
rosto, para saber se as partes eram iguais à soma.
Sobre a Autora
E
adora cinema quase tanto quanto adora livros, com um lugar especial em
seu coração para qualquer obra de Guerra nas Estrelas. Ela escreveu trinta
romances de Regência e romances históricos, que podem ser encontrados
regularmente na lista de best-sellers do New York Times. Quando não está
ocupada trabalhando em seu próximo livro, Suzanne gosta de contemplar
fenômenos interessantes, como a forma como os 3 lebistes em seu aquário
se tornaram 161 lebistes em 5 meses.
Visite www.suzanneenoch.com
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Document Outline
Folha Rosto
Direitos Autorais
Glossário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Vem por aí
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