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Acordei Gravida Do Milionario V - Luciane Rangel
Acordei Gravida Do Milionario V - Luciane Rangel
Este e-book é uma obra de ficção. Embora possa ser feita referência a
eventos históricos reais ou locais existentes, os nomes, personagens,
ILUSTRAÇÃO: MERYARTT
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Sumário
Sinopse
Playlist
Aviso
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo catorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo quarenta
Capítulo quarenta e um
Capítulo quarenta e dois
Capítulo quarenta e três
Capítulo quarenta e quatro
Epílogo 1
Epílogo 2
Conheça outros livros da autora
Contatos da autora
Sinopse
AGE GAP
CHEFE E FUNCIONÁRIA
GRAVIDEZ INESPERADA
CONVIVÊNCIA FORÇADA
Sebastian Turner acreditava ter tudo sob controle, até que viu
sua vida perfeita desmoronar quando perdeu sua esposa para uma
todos, ela está grávida. Ao acordar dois meses depois, ela recebe a
sabe... o amor.
Playlist
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Flame – Tinashe
Easy on me – No Resolve
Second Guess – You+Me
Why Don't You Love Me (feat. Demi Lovato) – Hot Chelle Rae
All About Us – He Is We
Runaway – P!nk
What Makes You Beautiful – One Direction
1+1 – Beyoncé
Yellow – Coldplay
Ouça no Spotify:
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Aviso
Com amor,
Luciane Rangel
Prólogo
da minha parte pedir para que, ao final daquele ano tão difícil, eles
balcão.
Superar a perda...
Seguir a vida...
duro que seja, a gente apenas... Não tem opção, sabe? ...Eu sei, Syl...
Eu sei... Ainda dói muito em mim também.
tristeza.
absolutamente ninguém.
aproximou de mim.
ano?
— Estou feliz por você ter vindo, filho — ela disse, agora com
uma voz já menos empolgada, com um leve tom de tristeza. — Sei
morte dele.
demais.
Leon era o atual namorado dela. E ela teve vários desde que
passado por uma verdadeira prisão nos anos de casamento com o meu
pai, ela agora enfim se sentia livre, e eu sabia que era muito mais feliz
assim.
festa.
dela com o celular me alertou que ela poderia estar tendo algum
problema.
olhar para os lados, como se para confirmar que não havia mais
nenhuma outra pessoa ali.
disponível.
— Às onze e quarenta e cinco da noite do último dia do ano?
motivos de ela querer ir embora. Era notório que, assim como eu, ela
em casa.
instalou dentro do veículo. Foi assim por uns quinze minutos, até que
*****
Capítulo um
1 de janeiro
Qualquer um perceberia o quanto aquele momento era
feliz Ano Novo, embora, muito provavelmente, tivesse por ali muita
gente frustrada por não ter conseguido chegar a tempo em algum local
onde pretendesse passar o Réveillon.
Turner Architecture.
— Ah... Legal...
trabalho.
Como eu deduzi, ela era ainda bem jovem. Era óbvio que seria
um tempo que interações sociais não eram o meu forte. Eu não sentia
qualquer vontade de interagir com outros seres humanos e dar
qualquer indício de pretender criar uma amizade.
de alguma série que ela gostava. Sentia culpa até mesmo se comesse
alguma das comidas preferidas dela.
a reprimi, já que deduzi que não íamos ter que conviver fora do
ambiente de trabalho por mais do que alguns minutos.
— Não. Eu queria apenas sair de lá.
aquela não era a melhor época do ano para se conseguir algo assim de
forma rápida, por isso eu pretendia começar as buscas por uma nova
retorno.
porque...
— Porque alguns dias são mais difíceis que outros, por ela não
estar mais com você, não é?
Ela entendia.
você. E pela manhã vamos embora. O que acha? Você disse que
luxuoso hotel que já era bem conhecido por mim. Eu tinha uma boa
relação com o local, já que o escritório de Arquitetura da minha
onde meu irmão do meio, Logan, conheceu sua noiva Evelyn, durante
um congresso médico onde ele foi um dos convidados para palestrar,
era uma situação que se repetiria mais vezes, vinha pagando um bom
de Layla, com uma distância física entre nós que deixaria muito claro a
quando Bonnie era viva, ela nunca tinha sido do tipo muito ciumenta,
Layla me deteve.
— Não se preocupe. Não preciso passar a noite aqui. Posso
Sabia que, assim como eu, o que ela mais buscava naquela noite era a
solidão. Mas isso era algo que ela não encontraria ali naquele saguão.
Ela abriu a boca para responder, mas sua voz foi sufocada pelas
de dois caras bêbados que adentraram o salão, vindos da área da festa,
*****
Capítulo dois
trabalhava, ele também era cunhado da minha amiga Camila, que era
me sentia sozinha.
minha irmã mais nova, que ainda era uma adolescente. Sobre que tipos
de conselhos eu devia dar a ela. Sobre como eu, que tinha apenas vinte
dezessete.
minha decisão de voltar para a casa do meu pai, para que assim eu
pudesse ficar perto de Sylvie.
Até ela mesma sempre soube que isso era uma grande mentira.
bem espaçosa, e uma grande porta aberta de onde eu tinha a vista para
um quarto com uma cama enorme. Caminhei de imediato até uma
grande janela que dava para a varanda, de onde se tinha uma vista
privilegiada de Los Angeles, através de vidros que protegiam o local
da chuva forte e da ventania que vinha lá de fora.
duas taças e uma garrafa de vinho. Enquanto abria, meu celular vibrou
e o peguei em minha bolsa para ver a mensagem recebida.
— Algum problema?
— Não está.
inibição para começar a desabafar com o meu patrão como se nós nos
conhecêssemos super bem.
liberado para não ter hora de voltar para casa. Eu disse a ela que podia,
inclusive, dormir na casa de uma das amigas e só voltar amanhã. Mas
ela provavelmente só esperou dar meia-noite e foi embora. Por que ela
não pode simplesmente ser uma adolescente?
— Talvez porque perder um dos pais tão jovem faça com que a
gente amadureça.
modo com que, na sequência, ele tivesse que encher as duas. E talvez
essa primeira dose de álcool também o tivesse deixado um pouco mais
falante do que se mostrava até então.
adultos quando nosso pai morreu, também tomei para mim o papel de
virar uma espécie de figura paterna para os meus irmãos.
— E deu certo?
— Não. Nem um pouco. Não tive maiores preocupações com
Logan, que é o nosso irmão do meio. Mas o Michael... Abandonou a
faculdade, não queria saber de trabalho, era festeiro, irresponsável...
Ele até ouvia os meus conselhos e dizia que ia segui-los, mas... Acho
que nunca passei autoridade suficiente para isso.
também. Ele entrou nos eixos, no fim das contas, ao contrário de tudo
o que imaginávamos quando ele era mais jovem.
peso sobre minhas costas que não era meu. Nós tivemos a nossa mãe.
— É... A Sylvie tem um pai. Embora ele não esteja sendo bom
o suficiente nesse momento, nem mesmo para ele próprio. ...Se
incomoda se eu abrir a porta da sacada?
uma das cadeiras e me sentei em outra. Havia mais uma ao meu lado,
onde Sebastian se sentou. A chuva seguia forte, batendo de forma
trovões já não estavam mais tão estrondosos assim. E isso, para mim,
lembranças com tanta força, que o fato de chover tão forte naquela
primeira virada de ano sem a minha mãe aumentava ainda mais a dor
em meu peito.
silêncio por alguns segundos. Até que ele pareceu se desinibir ainda
meio-irmãs?
Sylvie e nossa mãe eram quase cópias uma da outra. Ambas com pele
nosso pai. A diferença física delas para mim era bem visível.
por que eu tinha me referido ao meu pai como sendo apenas pai de
Sylvie. Não era algo simples de explicar, muito menos uma coisa que
até esse dia, ele nunca tinha me olhado de maneira alguma), e isso
mexeu com algo dentro de mim.
cheio, mas sempre foi algo apenas da minha parte, e apenas de longe.
Agora, parecia existir uma tensão sexual ao nosso redor.
Afinal, era óbvio que nada iria acontecer entre a gente, por
esposa, mas era nítido que ainda não se recuperara daquilo. Sem contar
que ele era meu patrão.
Apenas parecer...
declarei, me levantando.
meus reflexos.
— Tem certeza?
— Absoluta.
ninguém...
por sua cabeça. Foi então que ele me surpreendeu dando um passo à
frente e colocando a mão em minha cintura.
Ou à necessidade de fuga.
Ou as duas coisas juntas.
Mais um segundo.
*****
Capítulo três
"Abrace-me agora
coisa tinha plena certeza: eu não deveria estar beijando aquela mulher.
carnal.
camisa.
camadas de tecido, e ela gemeu de uma forma que fez todo o meu
corpo sentir uma urgência ainda maior naquilo. Porém, no mesmo
calça. Uma de suas mãos desceu até a minha ereção, tocando-a por
cima do tecido. Ela fechou os dedos ao redor, exercendo a pressão
certa.
Com uma das mãos ainda em minha ereção, ela subiu a outra
até o meu pescoço e voltou a puxar meu rosto em direção ao seu,
erguendo sua perna. Com a mão que já a explorava, usei um dedo para
penetrá-la. Ela soltou um grito, afundando a cabeça em meu peito.
Suas mãos, aflitas, abriram minha calça e baixaram minha cueca,
gemeu mais alto e aqueles sons eram como música para os meus
ouvidos.
parte porque... que inferno, não era Bonnie ali. Não era dentro dela que
meus dedos se moviam, não era o seu cheiro que penetrava as minhas
E, por mais que eu achasse que o que fazíamos, por si só, já era
praticamente a joguei.
Preciso...
o colchão, e segui o que fazia, descendo uma das mãos novamente até
ditando o ritmo.
Senhor Turner...
imaginar.
até o meu membro e ela mordeu o lábio inferior, sedenta por aquilo.
— Não estou.
quando declarou.
— Quero que me foda. Preciso que me foda.
sobre ela e beijá-la enquanto a penetrava, porque isso era algo que eu
fazia com Bonnie.
E, como eu tinha dito, não estava ali para fazer amor. E ela
estava tão molhada, que aquele início foi torturante para mim.
Contudo, logo que me acomodei por inteiro e bem fundo dentro dela,
comecei a me mover com mais força, certificando-me de que ela sentia
agressivo. Deixei que meu corpo tentasse extravasar todo o ódio que
eu sentia pela minha perda.
levando a outra a um dos seus seios. Ela, por sua vez, deslizou os
dedos e as unhas sobre meu peitoral e abdômen.
envolvia com nenhuma mulher que não fosse a minha esposa – que
fazia uso de DIU – e, desde que ela morrera, passei a ser um completo
celibatário, de forma com que eu sequer sabia se tinha alguma
Apenas sentir...
a minha cabeça.
(Flame – Tinashe)
oposto.
sentimento de culpa.
trazendo junto comigo o lençol que usei para cobrir o corpo. O que era
uma atitude ridícula, tendo em vista que ele havia não apenas visto,
pedido de desculpas.
Era meio idiota se desculpar por uma transa completamente
consentida por ambas as partes, e que tinha sido tão incrível...
Turner também.
feito.
— A chuva já diminuiu, vou chamar um táxi para ir embora —
anunciei.
desejo dele era movido pelo ódio por a mulher que amava não estar ali.
Eu quase poderia jurar tê-lo ouvido gemer o nome dela enquanto me
proporcionava o mais incrível dos orgasmos.
saber.
sem trocar nem uma única palavra. Até que eu criasse coragem para
repetir o pedido feito ainda na cama do hotel.
aquilo.
e suspirou.
— Não é nada pessoal, senhorita Francis.
— Eu sei. Eu entendo.
— Não entende.
eu...
é a mesma coisa.
conturbada relação com o meu pai. Ao menos eu não tinha feito isso.
Porque o mínimo que eu havia contado sobre minha vida já tinha sido
mal nos conhecíamos. Onde é que eu estava com a cabeça para tomar
pela raiva. Quem aquele homem achava que era para dizer que minha
mãe não era ‘de verdade’, quando ela sempre foi a coisa mais
Nem do que eu sentia por ela. Que sentiria para sempre, junto a
uma saudade que esmagava o meu peito com uma força descomunal.
tremer ao som dos trovões, que era o único que se ouvia dentro
— O quê?
favor.
para nós.
Sebastian conseguiu jogar o carro para o acostamento, mas ele
*****
Capítulo cinco
Às vezes, às vezes
minha visão turva. Um dos meus olhos ardia, molhado por alguma
possível não a notar antes, porque ela era forte e parecia atingir
estava lá dentro.
falou.
inconsciente.
ao receber a notícia.
médica respondeu.
Minha perna...
vez, não foi apenas meu irmão que me deteve, mas também a dor
lancinante na minha perna esquerda.
*****
Voltei a despertar algum tempo depois, sem ter a menor ideia
de quanto tempo havia se passado. Ao abrir os olhos, encontrei-me já
em um quarto de hospital e me deparei com outros dois rostos
— Ah, meu Deus... Você acordou, meu amor. Como você está?
respirar
confuso.
Acidente...
vinte e quatro horas que você passou por uma cirurgia complicada.
— Ela vai ficar bem, querido. Logan está cuidando dela. Ela
falou. — Tem noção de que podia ter perdido a perna? Mas tudo deu
certo. Você vai precisar de alguma fisioterapia para voltar a
semanas.
sinceridade.
*****
Capítulo seis
3 de janeiro
Estavam me enchendo de remédios fortes, o que deveria ser o
padrão para quem passou por uma cirurgia como a minha, depois de
sofrer um acidente de carro. Todas as vezes que o efeito dos
osso e articulação do meu corpo, algo que parecia vir para me lembrar
da gravidade do que tinha acontecido.
tão crítico, nem poderia imaginar como Layla estaria, sendo que estava
trabalhado durante anos ali em Los Angeles e, com isso, tinha muitos
isso, precisou passar por uma transfusão. Ela também respirava com o
auxílio de aparelhos, mas Logan me garantiu que esta provavelmente
melhora dela, mas eu não sabia até que ponto aquele otimismo era real
como um furacão.
‘Furacão’ seria um bom termo para se referir a ela.
amputar a perna.
Por que está aqui? Veio como amiga da família ou como advogada?
— Inicialmente, como amiga. Como a amiga mais velha, que
tem idade para ser sua mãe, e que ficou em desespero quando
descobriu o que tinha acontecido. Sabe, Sebastian, em algum momento
da minha vida eu decidi que não queria ter filhos, e eu juro para você
que achei que com isso nunca viria a receber telefonemas no meio da
noite e passar mal por saber que alguém que eu amo se meteu em
alguma roubada ou quase se matou no meio da madrugada.
— Sempre achei que esse fosse o discurso que você usava para
o Michael quando ele aprontava e você precisava livrar a barra dele.
ele nisso. — Ela fez uma pausa, ainda tentando manter sua pose de
mandona e fria. Contudo, percebi que ela segurou a respiração, em
— Eu sei, Janet. Eu sei. Mas estou bem. Sinto muito por ter
Ela assentiu.
— Ainda está sentindo dor?
dentro dos limites da estrada. Não consegui frear a tempo, tentei jogar
o carro para fora da pista, mas perdi o controle e bati em uma árvore.
percentual alcoólico.
Essa era uma possibilidade que ainda não havia se passado pela
minha cabeça. Especialmente porque, quando assumi aquele volante,
eu não me sentia bêbado. Não tinha percebido tudo o que aconteceu
Poderia ter sido aquilo? Caso fosse, minha culpa pelo ocorrido
não era apenas subjetiva. Não era mais apenas uma série de “se”. “Se
impossibilitado de dirigir.
em que o trânsito parou e que você saiu da pista eram mais do que
suficientes para você ter freado, Sebastian. Mas parece que você nem
acidente. Janet tinha razão, eu não podia ter muita certeza do que dizia.
As lembranças eram vagas demais.
minha culpa, pagarei por isso. Não quero nenhuma defesa com relação
a isso.
recuperar. Em ficar bem para sair logo desta cama e deste hospital. E
deixe que eu cuido das questões burocráticas e jurídicas.
*****
Capítulo sete
(Easy on me – No Resolve)
15 de janeiro
Apenas duas semanas depois, eu enfim recebi autorização
dias para minha perna se recuperar, mas optei pelo uso de muletas –
embora os médicos reforçassem que talvez ainda fosse um pouco cedo
para isso.
Mas eu tinha ido parar ali por minha própria culpa. E ainda
havia arrastado comigo uma mulher jovem, que agora estava
pelos seus cuidados e vê-la nem que fosse através do vidro da porta da
UTI.
poder de deixar alguém no meu lugar. Camila está cuidando das coisas
por lá. Sabe que ela é competente para isso.
— Mais do que você, sem dúvidas — rebati. E ele apenas riu,
família?
neurocirurgião.
Aquela não era a palavra certa. Mas era real que eu vinha me
— Já disse que irei embora logo que você tiver alta, Sebastian.
Pensei em retrucar, mas, neste momento, a porta do elevador se
abriu e avistamos, alguns metros à frente, minhas cunhadas Evelyn e
Camila, ao lado de uma adolescente, as três discutindo com uma
Sylvie?
— Essa moça está dizendo que minha irmã tem que ficar
sozinha.
crachá de médico-visitante:
— É o doutor Wilson.
— Exatamente.
Logan fez uma cara que me indicava que ele não apenas
conhecia o médico citado, como também que não era alguém por quem
é menor de idade.
acidente.
fiz essa pergunta em um tom um pouco mais baixo, para que Sylvie
não ouvisse.
— Sylvie apenas diz que ele não pode vir — Logan respondeu
sanidade.
Um ano...
mesmo maldito hospital onde ela havia respirado pela última vez.
cuidada aqui.
— Não quero que minha irmã fique sozinha — Sylvie
choramingou.
Logan concordou:
revolta.
poderia estar errada. Talvez o maior erro da minha vida tivesse sido
me propor a dirigir depois de ter bebido. E eu nunca me perdoaria se
*****
Capítulo oito
tinha uma qualidade inegável: o fato de sempre ter sido um bom ser
humano. Eu sabia que, caso estivesse no meu lugar, ele, assim como
— declarei.
ombro.
Logan assentiu.
terá que voltar para Nova Iorque, mas Camila e eu ainda estaremos por
aqui para te ajudar nisso.
para nós. Sei que você se fechou muito depois da morte da Bonnie,
Sebastian. Mas não esqueça de que ainda tem uma família para te
apoiar.
— E aí? — perguntei.
— Basicamente... nada de novo... — Logan respondeu. E
deslizou o dedo sobre a tela para passar para a página seguinte. — Ela
antes apresentava uma leva alteração no funcionamento dos rins, mas
— Isso quer dizer que ela não vai ficar com sequelas? —
questionei.
— Então por que ela não acorda, merda? — falei, mais alto e
mais irritado do que deveria.
A doutora, no entanto, não se mostrou abalada. Já devia estar
Só que Layla não era nenhuma das duas coisas para mim. Era
Beta HCG?
Eu podia ser um completo ignorante em termos médicos, mas
Espera...
incrédulo.
A não ser que Layla tivesse saído com algum outro homem
— Merda... — esbravejei.
Agindo por impulso, larguei as muletas e dei meia-volta,
mancando, segui pelo corredor a passos rápidos. Fui até a sala da UTI
onde Layla estava e entrei lá.
olhando em seu rosto. — Eu preciso que você fique bem... Por favor.
autorização.
— Tenho direito a ser acompanhante dela. Tenho direito a estar
resposta a isso.
*****
Capítulo nove
16 de janeiro
Eu não podia ter certeza a respeito daquilo.
sabia, ela era uma mulher solteira, então não seria nada demais se
tivesse se envolvido sexualmente com outro homem próximo ao dia
Afinal, aquele era o modo encontrado por mim para que Layla
não ficasse sozinha pelo tempo que ainda levasse até despertar.
tentei não dar atenção a isso. Por mais aquele momento, eu queria ter
esperanças.
inesperada.
noite.
mesmo.
transou uma única vez com ela, tem mais direitos do que eu, que sou
irmã?
datas possíveis para a concepção, ela talvez apenas não tinha ainda
contado à Camila sobre ter tido relações com algum outro cara. Mas,
naquele momento, ainda que eu tivesse essa confirmação, não voltaria
atrás na decisão de, por aquele instante, assumir tal paternidade para
poder acompanhar a internação dela.
— Sei que será um ótimo pai, Sebastian. Você sempre quis ter
filhos.
de um acompanhante’.
difícil.
De lá, segui para o local onde eu sabia que passaria boa parte
para o acompanhante, que foi onde me sentei logo que entrei ali. Eu
perna operada.
Como esperado, tinham poucos pertences meus ali, mas havia uma
bolsa feminina e um caderno. As coisas de Layla. Entregaria tudo a
(...)o nome dele é Sebastian. Sebastian Turner. Ver a tristeza nos seus
olhos destroçou o meu coração.
fazer aquilo, mas era o meu nome escrito ali. Por isso, voltei meus
olhos até o início da página, começando a leitura completa para
conversou com o médico responsável e decidiu que não quer mais dar
prosseguimento às sessões.
cura são quase zero. Com isso, restavam duas alternativas: seguir
mãe uma estimativa de, no máximo, uns dez meses de vida. Com o
Tudo o que eu queria era poder me agarrar, com todas as forças que
uma decisão que apenas ela pode tomar. De qualquer maneira, estou
disposta a conversar mais com ela. Quem sabe ela também tenha
esperanças e mude de ideia?
Encontrei com a Camila e a Evelyn lá no hospital. Na verdade, toda a
família Turner estava lá, até mesmo as crianças. Descobri que uma
meu coração.
Eu odeio tudo isso. Odeio que o mundo inteiro espere que todos estejam
felizes em datas como esta. E odeio que eu, de alguma forma, esteja
Vir à festa dos Turner foi um erro. Convencer Sylvie a ir para a festa das
amigas também. Devíamos estar juntas agora, apoiando uma à outra.
Agora é tarde demais para isso.
Tudo o que quero é ir embora daqui. Ir para qualquer lugar que não seja
Como eu pude ter sido tão idiota em dizer a Layla que ela não
— falei, com a voz baixa, torcendo para que ela pudesse me ouvir. —
E não só por ela. Porque agora, existe mais uma razão.
*****
Capítulo dez
30 de janeiro
Através da parede de vidro, eu observava enquanto Sylvie
previsto.
dia seguinte.
— E o bebê?
viesse a ler aquela última página, em que Layla contava como se sentia
aos meus irmãos mais novos quando nosso pai morreu, e pensei que
também não iria querer que eles soubessem a respeito disso. Portanto,
identidade.
— Talvez esteja entre os pertences que me entregaram, que
Ela assentiu.
— Perfeito.
— Já disse: não pode. Apenas ele pode. Mas para isso ele
precisa querer.
— Como assim?
cama.
abaixo, que indicava que tinha sido feito há quase dois anos.
cama.
respeito.
Voltei a olhar para o desenho e sabia que deveria parar por ali.
Sigo treinando o meu traço, embora saiba que isso é uma grande
perda de tempo. Achei essa foto, minha com a Syl, no meu celular e
decidi tentar reproduzi-la. Curti o resultado.
Não sei por que fui cair na besteira de ir almoçar na casa dos meus
pais. A minha mãe ama quando vou até lá, e gosto de estar com ela e
com a Syl, mas... Meu pai sempre consegue estragar cada um desses
momentos.
Eu já sei que ele é assim, então não deveria mais deixar que isso me
afete. Mas, ao invés disso, uma parte de mim está sempre buscando
formas de agradá-lo, de mostrar que posso ser a filha perfeita que
Tenho pensado muito nisso nestes últimos dias. Sobre o quanto ter
com mais força uma declaração de guerra entre meu pai e eu. A vida
dele é dizer que coisas como 'desenhos bobos' não dão futuro para
ninguém.
E o sinal veio.
braços.
absolutamente perfeito.
meio, Logan, desde criança sempre bateu o pé dizendo que queria ser
qualquer coisa da sua vida, mas sempre deixou bem evidente que não
tinha qualquer compromisso em se mostrar responsável com nada. E
eu era o filho mais velho, então... Sempre pareceu meio natural que o
sucessor do meu pai fosse eu. Eu acho que nunca realmente pensei
muito a respeito disso. Eu apenas... segui com os planos dele, mesmo
depois que ele morreu. Nunca sequer pensei que pudesse ter vocação
seguinte.
Às vezes sonho com um futuro assim para mim.
acordar todos os dias ao som das ondas. Pode ser uma casa simples,
pequena, não me importo com maiores luxos. Contanto que tenha o mar,
tudo será perfeito.
Quero ter dois filhos, embora só queira ficar grávida uma vez. Lembro de
quando minha mãe estava grávida da Syl, e o quanto ela parecia radiante.
Quero viver isso algum dia também, caso seja possível. Mas ao menos um
dos meus filhos será gerado apenas em meu coração, assim como eu fui
Eu tenho um bom salário na Turner, mas casas perto do mar, por mais
simples que sejam, são bem caras. E eu já queria poder ter um cachorro
desde que saí da casa dos meus pais, já que meu pai nunca nos deixou ter
nenhum animal. Mas, aqui no prédio onde aluguei meu apartamento, não
permitem pets.
E, quanto ao amor...
Não sei explicar direito. Às vezes sinto que ele não é uma pessoa que vá
estar ao meu lado se em algum momento eu precisar de um apoio. Ele já
comentou que sonha em um dia ser pai, mas não o vejo segurando a mão
de uma mulher enquanto seu filho vem ao mundo.
E eu não o vejo... sei lá... fazendo coisas como olhar as estrelas do céu ao
meu lado.
Nossa, agora que eu escrevi é que percebi: como isso pareceu bobo.
Enfim, não sei se Andrew e eu vamos durar. E também não sei se vou
realizar esses sonhos, mas hoje acordei com essa imagem na cabeça.
Dessa casa. Dessa vida. E quis, ao menos em um desenho, torná-la real.
Fechei o caderno, pensando que já tinha ido longe demais em
tudo aquilo. Sentia-me invadindo a privacidade de Layla e sabia o
quanto isso era errado.
tudo aquilo.
*****
Capítulo onze
(Why Don't You Love Me (feat. Demi Lovato) – Hot Chelle Rae)
12 de fevereiro
A cada dia que se passava sem que Layla desse sinais de
mais uma além das inúmeras feitas até ali, com tantos exames e
procedimentos dos quais eu precisei dar o consentimento. Além do
fosse realizado.
possível.
escritório da Turner.
para conseguir seguir com os meus dias. Eu apenas queria sair daquele
apartamento para fugir das lembranças dela, mas... Para onde,
ainda quisesse algo. Talvez ainda existisse alguma vida dentro de mim.
— Casas?
— Sim. Casas.
Logo que entrei em seu quarto, como de costume, fui direto até
a poltrona ao seu lado na cama.
— Oi — falei.
então pensei que... agora que serei pai, pode ser bom que ao menos um
dos lares do nosso filho tenha bastante espaço para ele correr.
Nosso filho...
Layla seguia lisa por baixo dos lençóis, e ninguém que a visse ali diria
que estava grávida.
realmente meu, nem se ela iria querer que eu fizesse parte da criação
dele.
— Por que você não acorda? — repeti, com uma angústia forte
em meu peito.
conversa. Queria ouvir sua voz. Queria saber mais coisas a seu
respeito.
que li tinham criado uma conexão inicial entre nós, mas eu sentia que
ainda não era o suficiente. Eu precisava saber mais sobre ela.
mensagens enviadas pelo corretor, com as fotos das casas que tinha
veio a surpresa.
Eu devia me sentir triste. Mas me sinto livre. Livre para ser quem eu
tentando absorver cada detalhe das imagens e dos textos que ela
postava. Por vezes, eram apenas frases curtas. Em outras, parágrafos
mais complexos. Alguns eram letras de músicas. Eu conhecia e
tinha visto ainda nem um terço dos desenhos postados. Deixei para
continuar no dia seguinte, porque queria fazer aquilo ali, ao lado dela.
ali.
*****
Capítulo doze
15 de fevereiro
— Queria que você pudesse ver, mas a borda da piscina já dá
de cara para o mar. Ainda não vi pessoalmente o pôr do sol de lá, mas
os anúncios têm fotos incríveis. Já fechei a compra, mas minha
mudança será feita aos poucos. Acredito que antes do final do mês eu
já possa me mudar.
uma pessoa por vez no quarto com Layla, então eu sempre saía nesses
perguntei:
— Quem é você?
perguntar isso?
“Gatinha”? Jura?
com relação a Sylvie. A garota não era minha irmã, então eu não devia
me preocupar com isso. Mas eu sentia que já compreendia tão bem os
— É, estamos.
uma das filhas, mas a outra não despertava nele nem mesmo a
preocupação de ir visitá-la no hospital?
— Qual problema?
— Ué, você não sabe? Achei que você estivesse saindo com
ela.
respeito disso.
Era Janet. E apenas ver o nome dela no visor já fazia com que
eu me lembrasse da situação da qual ela vinha cuidando. O que fez o
peso da culpa voltar a despencar sobre a minha cabeça;
Já disse que a culpa foi minha, e responderei por tudo que for cabível.
— Que bom, então, que você tem uma ótima advogada, que
— O quê?
Foi por isso que você não conseguiu frear quando o trânsito parou, e
nem depois que saiu da pista.
naquele mesmo dia. Fui à festa na casa da minha mãe, depois fui para
o hotel. O freio funcionou perfeitamente.
terminei a história. — Você não é do tipo que faz inimigos por aí.
terminei os estudos.
— Ah, mas tem gente que guarda ranços a vida inteira, vai
saber.
questão pessoal contra mim, não deve ser algo de tanto tempo assim.
— Talvez não seja exatamente uma questão pessoal, Sebastian.
— É, ele tinha. Acho que daria para fazer uma lista. Aliás, se
últimos anos.
nunca me atende. Fica fingindo que não está em casa, quando eu sei
que está. Da última vez, me deu vontade de arrombar a porta e entrar
na marra.
Muita gente não sabe, mas, quando uma criança é adotada, os pais
adotivos podem decidir um nome para ela, mesmo que ela já tenha um.
Eu tinha três anos quando fui adotada, e minha mãe me conta que não
queria trocar o meu nome. Primeiro, porque ela temia que isso pudesse
me deixar confusa. E, segundo, porque ela gostava do nome que eu já
tinha: Daisy. Significa ‘margarida’, e ela sempre diz que esta passou a ser
vindo até aquela ocasião. Minha mãe cedeu, e, assim, eu mudei de nome.
menos da minha mãe biológica, por isso acredito que não tive
dificuldades em aceitar o meu nome novo. Mas minha mãe manteve a
Hoje é meu aniversário. Acho que o mais triste da minha vida, por ver
minha mãe tão mal de saúde. Quando quis fazer esse desenho logo que
acordei, não era uma forma de homenagem a mim mesma pela data. Mas,
@camilacollins98: Ela vai ficar bem, amiga! Muita força para ela. E feliz
princesa. Seremos felizes pelo tempo que ainda tivermos juntas. Você
é e sempre será a flor mais linda da minha vida. Tão linda quanto os
desenhos que faz. Que Deus te abençoe sempre. Beijos da mamãe.
Aquilo me trouxe um nó na garganta, uma tristeza imensa.
Chequei a data da publicação: dezesseis de fevereiro do ano anterior.
*****
Capítulo treze
16 de fevereiro
Comprei margaridas no aniversário dela. Amarelas, porque
sobre ela. Seu gosto musical, sua cor, suas flores, seus filmes favoritos
que ela mencionava em um post ou outro.
pegá-lo e folhear, ler mais páginas, entendê-la melhor. Mas fui firme
do que deveria.
Os dias se passavam e ela não despertava. A agonia em mim
aumentava.
que possivelmente era meu. E, além disso, se eu não estivesse ali, ela
visitas. Neste dia, além de Sylvie, Camila também foi visitá-la, além
— Claro... — respondi.
arriscar.
rodeios.
Ela prosseguiu:
E a médica continuou:
viva e com saúde, até que possamos fazer um parto cesariana, e...
permite que o corpo dela continue funcionando. Mas ela não se mexe,
não responde a qualquer estímulo. O quadro dela não apresentou
vida. Por mais que agora que eu já soubesse que o acidente não tinha
sido provocado por uma imprudência minha, eu sempre teria comigo o
remorso por aquela grande merda que eu tinha dito a ela no carro e que
a levou a tirar o cinto de segurança na intenção de descer.
ainda que ela não abrisse os olhos nem dissesse qualquer palavra, tinha
encontrado mecanismos indiretos de conhecê-la.
E eu sabia que ela era uma pessoa boa demais para terminar
tinha sido, também, uma mulher maravilhosa, e sua vida fora ceifada
aos trinta anos.
Voltei para o quarto e parei ao lado da cama de Layla. Eu
nunca havia encostado nela desde que fora para aquela UTI.
Entretanto, não resisti em segurar uma de suas mãos em meio às
minhas.
Parei, ao me dar conta do que falava. Ela não tinha dito aquilo
Prossegui:
que te dá forças para seguir vivendo é a sua irmã. E, quer saber? Ela
ainda precisa muito de você. Tem que ver o namoradinho estranho que
ela arranjou... Ela, de fato, ainda precisa demais dos seus conselhos. E
não só ela. Você tem amigos. E você tem... Nós temos... Um pequeno
ser que precisa de você mais do que ninguém. Por favor, Layla... Caso
filho.
realidade.
pedido meu seria relevante para que ela lutasse para ter qualquer
reação?
você volte? No início, achei que era somente pela culpa, por você ter
vindo parar nessa situação por algo planejado contra mim. Mas não é
mais apenas isso. Eu sinto como se... Eu sei, é estranho, mas... Além
amiga para mim. Eu sinto como se pudesse contar qualquer coisa para
você. E, não, não é por você estar nessa situação, porque eu às vezes
até mesmo acredito saber o que você me responderia, que opiniões ou
rosto.
— Vamos fazer mais alguns testes para avaliar. Mas ela antes
— Isso quer dizer que ela, neste momento, tem um pouco mais
minhas forças.
*****
Capítulo catorze
3 de março
Segurando algo
Mas eu sinto"
dizer que fez uma pesquisa e descobriu que era uma médica com
pouco tempo de formada, que havia acabado de sair da residência.
novos, mas queria que Layla seguisse nas mãos da doutora Butler, que
tranquilizou, dizendo que eu não tinha motivos para supor que ela
fosse uma médica ruim.
do meio.
Uma ideia nada agradável passou pela minha mente. — Nossa mãe...
indaguei.
Janet riu, irônica.
depois que você deixou seu carro lá e entrou no hotel. Então, não foi
possível ver quem mexeu no seu carro. Mas... Consegui imagens do
momento em que você chegou.
assistindo.
anos – continuou escondido por algum tempo, até que saiu de trás da
pilastra. Ele se aproximou do meu carro e o olhou por algum tempo,
ainda não tive acesso ao depoimento dele, mas logo terei. Enquanto
frequentadores dos eventos, como era o caso daquela noite, que estava
também, um cadastro.
até o fim. Consegui a listagem com todos os nomes das pessoas que
nada demais.
Logan criticou.
— Era a arma que eu tinha — Michael rebateu. — Além do
mais, deu certo. E foi bem trabalhoso, viu? Porque pedi para cruzarem
cada um dos nomes com os de todas as pessoas que tiveram qualquer
pelo último ano, e não encontraram nada. Então pedi para verificarem
os últimos dois, três, quatro anos... Já estava achando que isso não
dele é Daniel Reed, ele tem trinta e um anos e teve uma reunião com o
CEO da Turner há sete anos.
CEO.
passou essa informação, pedi para que ele checasse junto à segurança
do prédio da Turner. Todos os visitantes precisam ser cadastrados,
então pegamos os dados deste Daniel Reed que esteve aqui, só para ter
certeza de que não era apenas alguém com o mesmo nome do homem
do hotel. Mas os dados de data de nascimento também batem, então
me matar esteve em uma reunião com o nosso pai sete anos atrás?
— Então, acho que isso deixa claro que, seja lá qual for a
questão dele, era com o pai de vocês. E isso torna vocês três possíveis
alvos deste louco. Portanto, até que ele seja preso, é bom que vocês
até pouco tempo, eu não teria nem cogitado me mudar. Mas agora
tenho esposa e duas filhas, e sei que em Los Angeles elas ficarão mais
seguras. Pedi uma licença no Hospital e a Evelyn deixou a escola dela
segurança:
mais seguro tirar Alice e Eric da creche por enquanto. Vamos reforçar
todo o esquema de segurança da casa.
vamos manter isso assim. Se ela despertar do coma e voltar para casa...
respeito.
— O quê?
— Bem, quando ela puder voltar para casa, você vai precisar se
afastar.
par da situação e tente ser o mais discreto possível sobre o fato de ela
estar grávida de um filho seu. Ao menos até prenderem esse homem.
As provas já foram todas apresentadas, será uma questão de dias, no
máximo semanas até que ele seja preso. Mas, até lá, vocês três...
Tenham muito cuidado e cuidem de suas famílias.
aquilo, nos despedimos. Eu disse a eles que iria para a minha nova
casa, começar a pensar em toda a questão de sistemas de segurança. E
conseguiria me ouvir.
Acordando...
Vamos precisar fazer apenas mais alguns exames para saber se está
tudo bem com você e com seu bebê.
Merda!
Confusos, assustados...
Lindos...
Eu não tinha, ainda, reparado no quanto era bonito aquele tom
esverdeado dos olhos dela.
— Ela parece estar bem. Mas ainda assim vamos fazer alguns
la de volta. Apenas dez minutos, certo? E tente não dizer nada que
possa deixá-la nervosa ou confusa.
*****
Capítulo quinze
Dois meses?
Eu tinha sofrido um acidente… E passado dois meses
dormindo?
recapitular as informações.
preocupado.
minha mente.
fazer...
cabeça em negação.
Aquela noite que devia ter sido ontem, não dois meses antes.
— Você vai poder andar, Layla. Mas não nesse momento. Por
favor, deita de novo, você não pode fazer esforço agora, acabou de
acordar de um coma.
Mas, ao mesmo tempo, parecia ter sido ontem, não dois meses
antes!
estado foi bem mais leve que o seu. Você tirou o cinto de segurança,
lembra?
— É, estamos.
Eu tinha mesmo simplesmente perdido todo o mês de janeiro e
— Nem eu.
— E eu estou mesmo...
— Grávida? Está.
Layla. Mas... Você disse que sempre usa preservativos, então... Como
nós não usamos naquela noite, e ela bate com o tempo de concepção
do bebê... Eu acredito que o filho seja meu, não é?
mulher solteira, e não teria sido nada demais se eu tivesse ido para a
cama com outro cara um dia ou dois antes. A ideia poderia ser estranha
para mim, já que eu não era exatamente a maior adepta ao sexo casual,
mas...
praticamente me jogado nos braços dele naquela noite, ele não teria
que Sylvie sabia, já que tudo tinha acontecido há dois meses e não na
noite passada.
— Ela tem vindo te ver todos os dias. Mas não pode ficar
seguida.
mais apropriada. Teríamos juntos um bebê, mas, no fim das contas, ele
acompanhante?
— Mas...?
— Eu simplesmente não sei. Ele não veio.
momento, era ridículo sofrer por algo pelo qual eu já devia estar
acostumada.
*****
Capítulo dezesseis
Oh, é um sentimento tão bom que tive que pular uma oitava"
5 de março
Sylvie chegou para me ver na manhã seguinte à noite que
acordei, e passou o dia inteiro comigo. Ela chorou muito, disse mil
vezes sobre o quanto tinha ficado preocupada e, quando enfim
Podia parecer coisa de irmã boba, mas achei fofo quando ela disse que
não tinha ainda assistido à nova temporada da sua série favorita porque
ter voltado. Eu podia ter morrido naquele acidente, e não queria que a
faleceu.
E era mesmo.
enquanto Alice em breve faria três. E incluíam frases como “Tia, nós
te amamos” e “Fica boa logo, tia Layla”. Por mais simples que
— Você fala isso porque ainda não viu como ele está levado!
Especialmente agora que já fica de pé, apoiando as mãozinhas nos
para um bebê.
logo que você for para outro quarto, vou poder trazer Alice e Eric para
te verem.
de volta, mas nem posso imaginar a loucura que deve estar a sua
cabeça.
mim.
Porém, se eu pensasse um pouco melhor, qualquer coisa
naquela história seria inimaginável para mim há até alguns meses. A
começar pelo fato que mencionei:
patrão...
Acho que eu estava meio carente com aquela coisa de ano novo,
saudades da minha mãe, raiva do mundo...
Evelyn movimentou a cabeça, demonstrando compreensão.
há sei lá quanto tempo sem serem lavados, alguns quilos mais magra e
esse tempo. Pode ter certeza de que ele será um pai presente e que não
lembrava da forma como ele tinha lidado com aquilo. O jeito como me
aquilo que me fez tirar o cinto de segurança e pedir para que ele
de sua gestão, antes que ele precisasse se afastar para cuidar da esposa
doente. A impressão que eu tinha era de um homem espetacularmente
Então... Por que tinha ficado dois meses ao meu lado durante o
meu coma? O acidente não o obrigava a isso. Nem mesmo a
seguia ali.
*****
Capítulo dezessete
Estou caindo
dias, como fazia antes, mas eu o via por lá ao menos três vezes por
semana.
esforçava bastante sondando para tentar fazer com que ele deixasse
E eu sorri de volta.
— Claro que não, Lay! — Ela fez bico, como uma criança
fazem.
— Talvez eu faça isso agora que você vai voltar para casa.
cama, na qual eu já havia mexido e tinha visto que estava o meu diário.
Sylvie pareceu curiosa com aquilo.
Na verdade, ficava até mesmo grata por Sebastian não o ter entregado
a Sylvie. Conhecia a minha irmã o suficiente para saber que seria
muito provável que ela lesse o que eu escrevia ali. E muitas coisas
recentes eram sobre a minha preocupação com ela.
tivesse sido entregue a ela e ela tivesse lido qualquer coisa dele.
em tom de brincadeira.
— O quê?
você ter me dito que é importante que duas pessoas se gostem para que
deem o ‘passo a mais’.
— O quê?
não-namorado chato.
— Não. Vale para todo mundo. Eu vacilei, e... Foi isso. Agora
você tem em casa um ótimo exemplo de tudo o que não deve fazer.
responsável pela minha alta. Ela trazia uma cadeira de rodas e eu ainda
retruquei um pouco, dizendo que podia andar até a saída. Contudo, ela
insistiu que aquela era uma norma do hospital e reforçou que eu devia
meus joelhos, e fui empurrada por Ashley, que ao lado da minha irmã
me guiou até a saída do hospital.
Margaridas...
Afinal, foi na oferta de me levar para casa que tudo aquilo tinha
acontecido.
desacordada.
Eu achava que ele não tinha motivos para se culpar. Tudo tinha
sido apenas um acidente, no fim das contas. No entanto, por respeito
me no banco de trás.
Eu não devia sentir todos aqueles arrepios por estar, por alguns
segundos, nos braços dele, mas não pude controlar. Era estranho, mas
eu tinha a sensação de que ele era, para mim, mais do que o meu
saída de uma festa, trocou algumas palavras comigo e com quem tive
logo que entrei na faculdade. E onde eu esperava nunca ter que voltar,
mas precisei fazer isso depois da morte da minha mãe. O termo mais
de noventa dias...
alta demais. Afinal, era sempre eu quem contratava alguém para apará-
la, já que meu pai não vinha se preocupando com isso desde que minha
mãe morreu.
Aparentemente, ele não vinha se preocupando com nada. E este
foi o motivo para eu ter me mudado de volta para lá: para poder cuidar
de Sylvie.
esse filho, por mais que ele não tenha sido planejado, e vou criá-lo
com ou sem um pai.
Ele era sincero. Dava para ver em seus olhos que dizia aquilo
*****
Capítulo dezoito
"Sentindo-se derrotada
E estou no chão
sempre teve alguns problemas com bebidas, mas ainda não era nada
tão sério e preocupante até a morte da minha mãe, quando ele se
filha, e agora tenho ainda mais certeza disso. Uma filha minha nunca
arranjaria uma barriga sem estar nem mesmo casada!
mãe faleceu. Antes, ele evitava dizer, por respeito a ela. Mas depois
que ela se foi... e que ele me viu como a principal culpada disso... não
tinha mais por que fingir que ao menos tolerava a minha presença.
presença talvez tivessem servido para mostrá-lhe que eu não era tão
sem entender.
— Vamos, Layla, você não precisa aturar isso.
— Apenas confie em mim. Sei que não fiz muito para merecer
Eu não sabia se era por eu, de fato, confiar... ou se era pelo meu
pés para fora do veículo, quando Sylvie veio até mim e se abaixou à
minha frente, chorando muito.
— Desculpa, Lay... Eu... eu contei para ele sobre o bebê,
porque achava que isso faria com que ele repensasse e fosse ao menos
te visitar. Eu achei... eu achei que...
mim, abraçando-a.
tratava Sylvie mal. O vício em bebida o fazia passar mais tempo na rua
do que em casa, e ele não estaria presente para ser o pai que ela
responsável legal.
— Ele está sempre bêbado, tem noites que nem volta para casa.
repetindo gritos para que Sylvie entrasse e para que eu fosse logo
embora. A cada grito, meu peito se rasgava mais e mais e tudo o que
mãos pelo rosto dela, secando suas lágrimas. Ela se levantou e se virou
de frente para Sebastian. Sabia que ela não tinha qualquer simpatia por
motorista.
olhei para trás, para a minha irmã, para o meu pai, que ainda
minha visão. Mas eu não tinha tempo para isso naquele momento.
iria.
outro lugar.
— O que foi?
Para qualquer um, ele podia ter soado um tanto arrogante, mas
entendi que aquele não era o caso. Ele queria me transmitir segurança.
E, na verdade, conseguiu.
Turner...
— Quais?
— Bem, a primeira é que você pode parar com isso de ‘senhor
meu filho. É claro que farei tudo o que estiver ao meu alcance, Layla.
ele.
— Ele não era assim quando minha mãe estava viva. Bem, ao
menos, com relação a mim, ele costumava ser mais discreto em suas
opiniões.
repousava sobre o diário e ao lado das flores em meu colo. Virei meu
surpresa com mais aquele contato. Com isso, ele afastou rapidamente a
mão e declarou:
— Não precisa dizer nada que não queira. Vai ficar tudo bem.
Eu queria dizer algo. Queria agradecer por tudo o que ele vinha
fazendo por mim, mas simplesmente não consegui.
Suas lágrimas irão secar, em breve você será livre pra voar"
9 de abril
Eu compreendia perfeitamente o fato de ela não querer
desabafar comigo. Porque o único desabafo que ela tinha feito, a única
coisa pessoal que havia me contado de forma direta – sobre o fato de
estava tão abatida, que não tive como mostrar a ela a parte dos fundos
do quintal, com vista direta para o mar. Dali, bastava descer alguns
degraus, e já se pisava na areia de uma praia em Malibu, que era muito
mansões.
Minha nova casa não era exatamente como aquela que ela tinha
desenhado, mas o mar estava bem ali, e eu sabia o tanto que ela o
amava.
forma. Mas quase tudo o que eu sabia a seu respeito era por meio do
seus textos, e até mesmo das músicas que adicionava nos posts do seu
Instagram.
ao bebê – mas o único com móveis era o meu. Por conta disso, dormi
ódio daquele filho da puta que, legalmente, era pai adotivo de Layla.
Sentia que era até mesmo um insulto usar esse título para ele. Adotivo
próprio pai tinha sido um homem bem ausente na minha vida e na dos
meus irmãos. Ainda assim, ele conseguia o feito de ser melhor do que
mesmo no jantar, com exceção das ocasiões em que saía para jantar
com clientes importantes.
algumas geleias.
nutritivas.
para me sentar.
Acho que devo ter reprovado por faltas na faculdade, ainda preciso
descobrir como está a minha situação por lá. Mas preciso voltar a
trabalhar. Aliás, obrigada por segurar a minha vaga.
— Eu seria bem canalha se te demitisse depois de tudo isso.
— Do meu pai?
— Posso ir até lá pegar suas coisas. Sua irmã faria uma mala
para você?
— Certamente sim. Mas não quero que você tenha esse
— Não vou pedir para ela trazer muita coisa. E, sobre as duas
Para mim, era tão pouco. Queria que ela ficasse bem mais do
que isso.
— Pode ficar pelo tempo que precisar. Não seria abuso, Layla.
esposa, mas... Você pode e deve seguir a sua vida em algum momento.
E quando quiser trazer uma mulher para casa, como vai explicar a
Layla prosseguiu:
— Então, isso quer dizer que você vai ficar? Ao menos até o
bebê nascer?
engraçado.
— Faltam seis meses para o bebê nascer. Metade de um ano.
você pode... guardar uma boa parte do seu salário, voltar para a
Depois que o bebê nascer, você vai precisar de suporte e apoio nos
pensar?
guiei para a parte dos fundos da casa. Vi o rosto dela se iluminar diante
da vista.
— Uau... — Ela sorriu, olhando para o mar, que surgia ao final
felicidade dela.
parte do Instagram dela. Era parte de algo que ela tinha optado por
descoberto aquilo.
pouco tempo. Não sei onde morava antes, mas... Essa casa
— Sério?
crescendo em uma casa com quintal. Então pensei que, já que vou ser
pai, queria que ao menos um dos lares do nosso filho tivesse bastante
nada...
conversado sobre isso com você. Mas é bobagem. Até porque, antes de
hoje, nós nunca efetivamente conversamos sobre como vamos criar o
bebê, não é?
Sorrindo, ela voltou a olhar para o mar. E, desta vez, fui eu que
— Qual seria?
Los Angeles. Você pode ficar com um destes quartos. E tem ainda
mais um livre, que quero transformar em um quarto para o bebê.
Podemos fazer isso juntos.
*****
Capítulo vinte
eram para que ela ficasse em casa descansando mais um pouco. Ainda
não estava totalmente recuperada do acidente.
sala do CEO e, como era esperado, encontrei Michael por lá. Contudo,
ele não estava sozinho. Digitava algo no computador com apenas uma
que vinha hoje, mas que bom que veio. Todas as bombas desse
e... Eric, por favor, filho, será que você pode ficar quieto? Certo, você
— Quem?
estagiária?
conta de que aquele não era o momento mais adequado para tanta
felicidade infantil por ali.
Não pude controlar o riso. Desde que se tornou pai, meu irmão
dois.
— Cara... Eu te devo uma.
Ele sorriu e veio até mim, dando tapinhas nas minhas costas.
— Tipo o quê?
bem irritada.
fora de alvo.
momento em que ela olhava para o mar e eu estava com o rosto virado
em sua direção.
com uma jovem misteriosa. Fontes dizem que a mulher seria estagiária da
Turner Architecture.
Não me dignei a ler o restante do texto, porque já imaginava o
Assim como também sempre mencionavam a minha mãe – por ter sido
uma atriz renomada de Hollywood – e os vários namorados que ela
teve desde que ficou viúva, como se isso fosse algo que a
porque ela foi expulsa da casa do pai e não tinha para onde ir. Mas não
existe nada entre nós.
que tentou te matar vai acreditar também? Ainda mais depois de fotos
— Você disse que o cara está para ser preso, então julguei que
tão bem alterar os freios do seu carro. Mas o lugar está fechado. Os
funcionários que trabalhavam lá não sabem de nada, apenas chegaram
trancado. Daniel Reed não foi mais visto desde então. Ele morava em
uma casa alugada, e simplesmente foi embora, abandonou tudo.
vocabulário.
*****
Capítulo vinte e um
O tempo todo"
(Decode – Paramore)
22 de abril
Durante pouco mais de uma semana, Sebastian esteve estranho.
conversar’, e, sempre que retorna à noite, diz algo que não parece ser o
que ele queria realmente falar.
afetaria em nada.
isso fazia dele uma espécie de celebridade. Era normal que tivesse
não era bom que eu saísse pelos próximos dias, por causa da notícia. O
que levou ao assunto do quarto dia, que foi me informar que meu
ultrassom tinha sido remarcado para uma data um pouco mais à frente,
foram ficando cada vez mais vagas, deixando-me com a certeza de que
Fomos juntos no carro dele, só que não era ele quem dirigia,
escondia algo. E isso ficou mais claro quando ele voltou a desviar o
assunto:
Afinal, era algo que eu nunca tinha contado a ninguém. Então deduzi
que o comentário tinha sido apenas uma tentativa de se desviar do
assunto principal. Qualquer coisa relacionada a Camila estar deixando
— O quê?
inconveniente por estar na casa dele, ou que talvez minha presença não
estivesse sendo de fato desejada por ali.
escolhida por ele descobrisse que havia outra morando em sua casa.
— É isso que você está tentando me dizer há dias, mas não tem
coragem? — indaguei. — Eu estou atrapalhando, não é? É melhor que
nós entrasse.
deixa ainda mais preocupada, não é? Preocupações não são boas para
Enfim, todo aquele reforço com a segurança pessoal fez todo o sentido
na minha cabeça.
verdade, acho que passei todo esse tempo enrolando com isso na
esperança de que o homem que quase nos matou fosse encontrado e
preso.
coisa que descobrimos a seu respeito foi que ele teve uma reunião com
o meu pai há alguns anos. Mas eu nunca estive com ele, nunca sequer
ouvi falar a seu respeito, não faço ideia de quem seja. O que nos leva a
acreditar que a questão pessoal dele seja contra o meu pai. E isso faz
com que toda a minha família seja vista como um potencial alvo.
— Sim, é por isso. E é por isso, também, que Camila não está
filho seu?
Mas sequer pensei a respeito disso antes de te levar para a minha casa.
homem queira fazer mal a qualquer outra pessoa que não seja a mim.
células do meu corpo reagirem ao toque dele. Mas foi uma sensação
sobre a sua gravidez. Eu tenho uma vida pública, não posso garantir
que não seria em algum momento fotografado enquanto te
Me proteger...
afinal...
— O que quiser.
— Sei que somos apenas duas pessoas que vão criar um filho
juntas e que não temos qualquer relacionamento um com o outro,
mas... Por favor... Não esconda mais nada de mim. Nada que seja
relacionado a essa situação, às investigações para encontrar esse
homem... Nem nada que tenha qualquer relação comigo ou com o
nosso bebê.
— Eu prometo.
*****
Capítulo vinte e dois
29 de abril
Finalmente chegara o dia dos exames.
sangue tiradas. Depois disso, uma enfermeira nos guiou até outra sala,
Confesso que estava bem nervoso. Mas era visível que Layla
estava muito mais. Desde o dia em que contei a ela sobre nosso
de trabalho.
— Você acha mesmo que ele está bem? — ela falou de repente,
— Seu quadro clínico está bem, Layla. Você estava com o peso
um pouco abaixo do esperado para o tempo de gestação, mas desde
foi detectada.
— Mas e nessas duas primeiras semanas? E se alguma coisa
fez mal para o bebê? Se, por causa disso, ele vier a ter algum problema
de saúde? E se...
está bem. E, caso não esteja, vamos cuidar para que fique.
Porque o que ela não sabia era que todas aquelas preocupações
também me assolavam. Mas eu tentava acalmá-la com palavras,
enquanto ela me acalmava com a sua simples presença.
choramingando.
na hora errada.
vendo uma pessoa dormindo o tempo todo... Deve ter sido tão
solitário...
Como eu explicaria a ela que aquilo não teve absolutamente
nada de solitário? Porque eu, de fato, não me senti sozinho em
momento algum.
fosse de fato a solidão nos meses que passei naquele hospital que me
única noite de sexo que tivemos ter sido incrível e de ela agora estar
estava tensa.
Ela sorriu.
filme”.
Owen?
— A minha mãe conta que foi assim com nós três. Ela já tinha
falou.
Mas ainda faltam tantos meses... Acho que podemos pensar em várias
escolhas, Sebastian.
chegava para realizar o ultrassom. Ela foi até Layla e, após explicar o
emocionada.
segunda intenção.
Meu filho...
coisas...
protegê-la.
*****
Capítulo vinte e três
27 de abril
— Olha esse aqui, que lindo! O que você acha? — Sylvie
Era sábado e ela tinha ido me visitar, além de levar uma bolsa
com mais roupas para mim. Estávamos sentadas dividindo uma grande
e confortável espreguiçadeira que ficava em frente à piscina e,
que você me mostrou, Syl. Mas agora que você já me mostrou todos,
não quer me contar como vão as coisas lá em casa?
Fiz uma correção mental de que aquela casa não era minha.
Mas isso era algo difícil de ser lembrado, tendo em vista que eu tinha
— Você sabe, Lay. Nosso pai sai para beber e eu nem vejo a
hora que ele volta para casa. Às vezes, quando estou saindo de manhã
saiu de novo. E é melhor assim, porque eu não quero falar com ele
pego tudo e escondo. Sei que ele fica com uma parte para gastar com
as bebidas, mas tenho medo de que ele acabe com tudo, venha pegar
mais, e a gente fique sem comida ou tenha a luz cortada por falta de
pagamento. E eu estou pagando todas as contas direitinho, viu? E até
sendo tão nova. Devia estar focada nos seus estudos. Já está quase no
final do ensino médio, logo terá preocupações com a faculdade. Já tem
— Que coisa, Lay. Parece até que você quer se livrar de mim.
é porque o nosso pai guardou o dinheiro para custear parte dos seus
estudos que você tem que fazer algo que é um sonho dele e não seu.
Mas este carro onde eu tinha aprendido precisou ser vendido, assim
como eu também vendi o antigo que comprei logo que comecei a
trabalhar na Turner, para conseguirmos dar conta de todas as despesas
médicas do tratamento da mamãe.
pendências.
acontecido ali.
assim...
eram crianças.
nada além de amizade entre eles dois. Minha preocupação era com
Amigos...
Ou melhor... insuficiente.
mentiu sobre isso para você, e se isso significa que também esteja
comigo a respeito. Eu dou espaço para ela, mostro que estou aqui,
meninas?
uma menina da turma dela desde o primeiro ano do ensino médio. Ela
não me diz isso com todas as letras, mas o jeito que ela olha e fala da
menina... Quando a gente ama alguém, a gente percebe esse tipo de
coisa. A Sylvie é minha irmãzinha, e... Bem, acho que sou do tipo irmã
superprotetora.
mesma casa de Albert Francis. Talvez ela tivesse medo de que ele
olhasse seu celular. Depois, passamos por toda a situação de doença e
morar com ela, mas na mesma casa do nosso pai que não era
— Você me ouviu.
mesmo teto.
— ‘Isso’ o quê?
despertei do coma, eles passaram a ser raros. Aos poucos, nos últimos
dias, vinham se tornando mais comuns, mas ainda assim eram sempre
leves, silenciosos e contidos.
frente para ele, com uma distância de uns dois palmos entre nós.
— Não sei o que posso contar a meu respeito que você ainda
não saiba.
— Tem um monte de coisa que não sei sobre você. Tipo... cor
preferida.
— Preto.
Logo percebi que não era só uma impressão, e também que não
era apenas ele que se inclinava, mas eu também. Nós dois nos
movíamos um em direção ao outro, até que nossos lábios estivessem
próximos o suficiente para que eu sentisse a respiração quente dele
Eu queria tanto aquele beijo. Tanto e com tanta força, que era
e entrar na casa.
mesma.
*****
Capítulo vinte e quatro
Ele me ama
mim.
uma olhada.
Ela levantou um caderno que apenas agora eu percebi que ela
realmente não sabia se ela tinha ficado tão tensa por insegurança a
respeito de seu trabalho ou se era pelo constrangimento devido ao que
também tinha algo desenhado. Era uma ampliação de uma das paredes,
na qual ficava o berço. Estava toda desenhada, com uma representação
veio à mente e eu passei para o papel. Mas talvez você queira sugerir
alguma mudança.
quanto você.
Ela ainda sorria e eu senti como se o muro de gelo construído
entre nós naquelas últimas semanas tivesse enfim se derretido por
completo.
tinha visto outros desenhos que ela fizera naquele mesmo caderno,
mas detive-me a tempo. Tive medo de como ela reagiria.
— Eu vi o seu Instagram.
— Todos?
— Todos.
— Quando...?
o seu perfil.
— O quê?
tudo aquilo.
quando via cada uma daquelas postagens feitas por ela, e a olhava
no quanto sentia que queria saber como seria unir a imagem dela às
emoções que lia em seus textos e via em seus desenhos. Muitos eram
— Então... foi por isso que eu disse que não sabia o que te
contar sobre mim. Porque acho que nada do que eu diga pode se
equiparar a tudo o que eu sei sobre você por meio dos seus desenhos.
— Por que você não tenta? Me conte algo. Algo que possa
simples e relevante.
uma criança.
— E nós a acompanhávamos porque nosso pai, apesar de viver
— Eu sinto muito.
disso, fazia com que ela se sentisse culpada por se dedicar à carreira de
atriz. Dizia que ela devia ficar mais tempo em casa, cuidando de nós.
Mas ele... ele nunca ficava. Era comum que inventasse sempre viagens
— Foi muito cruel o que o seu pai fez com vocês. Mas... Agora
que vocês já estão todos adultos... Trinity não pensa em voltar a atuar?
deveria se culpar pela sua carreira? Que, por mais que trabalhasse
parte sobre ela nunca ter errado como mãe. Que sabíamos que ela
sempre fez todo o possível para nos dar uma infância saudável e feliz.
para ela.
Ela fez mais uma pausa. E eu, agindo por impulso, segurei sua
mão.
— Eu tinha três anos quando fui adotada por eles. E aí, apenas
por não ter filhos biológicos. Quando Sylvie nasceu, ele me viu como
um erro. Ele sempre amou a Sylvie e nunca gostou de mim. Mas
cumpria as obrigações como um responsável legal. Fez até uma
era ódio por Albert, por tudo o que tinha feito a ela. E o desejo de que
a dor dela se amenizasse de alguma forma.
sempre ficava muito mal a cada sessão, e... e ela estava exausta. Tudo
o que ela queria era viver sem aquele sofrimento, ainda que por menos
tempo. E eu... eu fiquei do lado dela. Disse que respeitaria a sua
vontade.
Então, tinha sido por isso que Albert dissera algo a respeito de
ela ser culpada pela morte da mãe.
Tentei, naquele momento, me colocar no lugar daquele homem,
apenas faria com que ela sofresse mais se continuasse insistindo contra
isso. Ela não ia mudar de ideia. E nada, absolutamente nada iria salvá-
la. E ele foi tão cruel, julgando-a até o último minuto. Ela queria
genética. Porque sua mãe e sua irmã sempre foram reais para você,
mas ele não.
Eu sabia que era bem mais fácil para mim dizer aquilo do que
para ela absorver, mas sentia que precisava tentar. Layla não merecia
Quando ela se colocou nas pontas dos pés e subiu uma das
mãos até a minha nuca, eu guiei meu rosto em direção ao dela,
meses antes naquele quarto de hotel. Agora, havia ainda ali a luxúria,
mas não apenas isso.
mais intensa. Mais afoita. Minhas mãos deslizaram pelas costas dela,
até a barra de sua blusa, subindo por baixo do tecido por suas costelas.
Ela gemeu contra os meus lábios e aquele som me inebriou ainda mais.
Notório demais.
Não sabia de onde tinha tirado forças para aquilo, mas... apenas
parei, sentindo meu pau doer logo que um gemido de protesto escapou
dos lábios dela.
— O que...
— Nós não vamos fazer sexo, Layla. Não agora.
aquele contato por cima das roupas me fez inspirar com força,
tentando me conter. E percebi nos olhos dela que ela tinha percebido o
quanto eu estava duro e louco por ela.
de desejo e tristeza.
lágrimas.
— Isso, Layla. Como da outra vez, você está vulnerável. Como
da outra vez, está buscando no sexo um alívio não apenas para o seu
corpo, mas para a sua alma ferida.
*****
Capítulo vinte e cinco
Só um pouco,
trocarmos beijos.
afagou meus cabeços enquanto eu chorava. Ele me disse que tudo iria
ficar bem, repetiu inúmeras vezes que eu era linda, perfeita, incrível e
E tão... apaixonante...
Era um caminho sem volta para o meu coração. Porque eu
sabia que já sentia por ele algo que nunca tinha sentido antes com
alguns segundos após acordar, eu me dei conta de que ele não tinha
dizendo aquelas palavras com as quais sonhei. Era quase como uma
lembrança...
“Eu sinto como se... Eu sei, é estranho, mas... Além da minha família,
talvez você seja a pessoa mais próxima de uma amiga para mim.”
O que era bobagem, obviamente. Porque eu não me lembrava
preocupada.
cara, hein?
falar a verdade, eu queria muito. Mas você estava certo: não daquela
forma.
faculdade.
— Isso te magoou?
uma noite de amor, não teria isso com você. Não era o que eu
ainda definir o que sinto exatamente por você, mas o que sei é que
agora não quero nada que não seja fazer amor com você.
Ele abriu a boca para dizer algo, mas toquei seus lábios com
meus dedos.
sinta pronto para seguir em frente com algo além de sexo. E eu fui a
pessoa que aceitei ser seu primeiro passo nessa primeira etapa, em se
tendo se apoiado em um dos braços para não fazer peso sobre a minha
barriga.
conversar com você em cada um daqueles dias. Foi assim que eu, de
fato, te conheci e me apaixonei por você.
Ai, caramba... Se ele repetisse mais uma vez aquilo sobre estar
apaixonado por mim, acho que eu seria capaz de ter um troço e entrar
sua boca com a minha de uma forma que deixava muito claro que eu
com que ele voltasse a se deitar com as costas sobre a cama. Sentei-me
sobre seu abdômen, com um joelho apoiado de cada um dos lados, e
afastei nossas bocas para poder tirar minha camiseta, ficando com
da minha aparência física era o mesmo com relação aos meus traumas
me disse?
cento aqui comigo, e não apenas buscando prazer para abrandar a dor.
A forma como ele disse ‘fazer amor’ mexeu com cada célula
do meu corpo, disparando as batidas do meu coração.
*****
Capítulo vinte e seis
pernas.
mostrar a ninguém.
E foi assim que uma das mãos dele desceu, tocando-me por
mão à boca, tentando conter os gemidos, porque tudo aquilo era uma
sentido antes.
— Você é tão doce... — Ele voltou a me penetrar com um
dedo, sua língua passando a se focar em meu clitóris.
prazer.
— Seb...
ele declarou.
ofegante.
franziu a testa.
oral.
— Sei fazer muitas coisas, Layla. E quero te ensinar muitas
coisas também.
línguas e dedos.
Bem devagar...
Meu Deus...
Tão gostoso...
gostosa. Diferente da outra vez, ele fazia isso olhando diretamente nos
Mais forte...
Mais rápido...
Mais forte...
Mais bruto...
Mais...
Fazer sexo com Sebastian naquela noite no hotel tinha sido, até
Mas não chegava nem aos pés do que era fazer amor com ele.
*****
Capítulo vinte e sete
em dia. Layla seguia ficando até depois do horário, por mais que eu
me preocupasse em estar sendo cansativo para ela. Ela sempre
respondia que não, que gostava do trabalho, que o dinheiro das horas
pendências. Layla ficava em casa, já que este era o dia em que Sylvie
apenas um convite que tinha recebido naquele dia. Com ele em mãos,
segui pelo corredor. Ouvi o som de música vindo de um dos quartos e
encontrei Layla sozinha lá. Seu celular, sob uma das caixas de móveis
com a minha voz, e virou-se para trás. A visão dela, com os cabelos
cacheados presos por um rabo de cavalo alto, usando uma calça de
em seus lábios.
— Jura que cheguei cedo? Achei foi que passei tempo demais
longe de você.
assombrado.
começo?
Ela riu.
convites do casamento.
preciso comprar o meu vestido. Ela disse apenas que quer que Camila
e eu usemos algo azul, mas deixou livre para decidirmos o tom e os
modelos. Só não sei muito bem o que usar, porque essa será a primeira
vez que vou a um casamento desse tipo... Em uma praia, durante o pôr
do sol...
fazia.
antes de perguntar:
— E o seu?
— O meu?
— É. O seu casamento. Como foi?
Bonnie seriam evitados para mim, até mesmo com certa agressividade.
uma dor tão extrema. Era mais como um sentimento agridoce, uma
mistura de saudade com a gratidão por ter podido viver tantos
uma igreja, tudo bem padrão. Eu não fazia muita questão de nada, na
verdade, mas era o sonho da Bonnie. E foi uma cerimônia bem bonita.
vai hoje é justamente da colega de turma por quem eu sei que ela é
apaixonada. Eu não te contei, mas dei uma olhada nas redes sociais da
mãos e percebi que fazia isso por certa timidez pelo que estava prestes
— A princípio, não ficou muito feliz. Mas ela disse que já tinha
reparado que estava rolando alguma coisa entre nós. Contei algumas
coisas sobre você para tentar tranquilizá-la e mostrar que você é um
cara legal. Ela não retrucou muito, então eu tenho um palpite de que
Ela rebateu com um “eu, hein, por que isso agora do nada?” — ela fez
que aprendi, tanto com a morte da minha mãe quanto com o meu
amamos ou nós mesmos podemos não estar mais aqui, então não
devemos deixar de expressar nossos sentimentos por insegurança ou
surgir na parede.
Ela riu.
não me importo.
bom...
semana inteiro juntos, apenas nós dois naquela casa. E, depois disso,
mais meses inteiros...
— Eu te amo.
já sentia algo por você quando você despertou. Passei dois meses ao
seu lado... conhecendo você, pedindo dia após dia para que você
despertasse. No início, apenas pela culpa, mas aos poucos, eu fui
tive a certeza de que estava apaixonado, e agora sinto que até essa
palavra é pouco para descrever o que sinto. Porque é isso, Layla... Eu
amo você.
Os olhos dela logo começaram a transbordar em lágrimas e eu
pensei que, talvez, aquilo estivesse sendo precipitado da minha parte.
Sabia que Layla sentia algo por mim, mas provavelmente ainda não
estivesse no mesmo nível que eu. Mas, para o inferno... Eu não dizia
aquilo esperando por uma resposta. Mas porque era o que eu sentia, e
cuidando de mim.
Eu a apertei com mais força.
— Eu estava lá.
necessário.
amor, desta vez com partes dos nossos corpos sujos de tinta.
Eu tinha dito a Layla, certa vez, que o preto era a minha cor
favorita. Agora, eu mudava de ideia.
*****
Capítulo vinte e oito
9 de junho
confesso que não me importei com isso. Estava confortável demais ali,
em um domingo.
mais.
malícia.
aquela provocação dela, meu pau já reagiu, mais do que pronto para
quanto eu.
doloridas...
pensei que ela não devia, mesmo, brincar daquele jeito comigo. Ela
aproximou os lábios dos meus e estávamos prestes a nos beijar,
lábios.
— Contou o quê?
festa, e... Ai, meu Deus! — Ela riu, levando a mão para a frente da
boca, ainda lendo. Aparentemente, Sylvie havia mandado um texto
enorme para ela.
Sorri.
— Não, não estou falando disso, mas... Ela contou para mim.
Está contando para mim.
paramos.
meus lábios. Então se levantou e pegou uma camisa minha que estava
sobre um poltrona, vestindo-a. E seguiu com o celular para a varanda,
já iniciando a ligação.
Fiquei ainda algum tempo deitado, olhando para ela através das
altura dos seus joelhos, mas, ainda assim, ela ficava incrivelmente
sexy ao usá-la.
— Ah, querido, que bom que você me ligou — ela já foi logo
falando, com seu jeito sempre animado. — Você acha mesmo que eu
mesmo, e...
questionamento.
eu nunca nem fui tão boa assim. Aquela indicação ao Oscar que recebi
foi muito mais pela história da personagem do que pela minha atuação
em si. Sem contar que já ganhei muito dinheiro com isso, já me diverti
o suficiente, parei quando estava mais do que na hora de sossegar para
— Era ele quem te dizia tudo isso, mãe? Foi o meu pai que
encheu a sua cabeça com esses absurdos para te fazer desistir da sua
carreira?
— Seu pai não era tão ruim assim, filho. Ele apenas queria
evitar que eu passasse pelo papel ridículo dessas pessoas que não
não ter te dito isso antes de forma tão direta, mas: você foi e ainda é
uma ótima mãe. É uma avó maravilhosa. Uma mulher incrível. E uma
atriz espetacular. Hollywood está perdendo por não ter mais você. E
não sou eu quem digo isso, são todos esses diretores que mandam
convites para você praticamente todos os meses desde que você parou.
à altura do seu talento, que você sabe que tem. Ou se realmente achar
que será cansativo ou meramente não quiser. Mas eu não aceito que
você siga se privando dos seus sonhos porque algum dia um babaca
colocou na sua cabeça que você não era boa o bastante. Porque você é
simplesmente a melhor.
tanto tempo se passar sem que eu lhe dissesse cada uma daquelas
palavras. Sempre julguei que era o bastante quando meus irmãos e eu
lhe dizíamos frases como “você deveria voltar a atuar, mãe”. Mas não
era.
você e seus irmãos mais do que tudo, você sabe disso, não é?
— E nós te amamos também, mãe. Você sempre fez o melhor
que podia por nós. E lamentamos que meu pai tenha te feito acreditar
que precisava abrir mão dos seus sonhos para ser mais presente. Mas o
que passou não tem mais retorno. Você pode recomeçar agora. Nunca é
— ...Oras, e por que seria tarde? Sou ainda uma mulher jovem,
sabia? Estou ainda entrando na casa dos cinquenta...
passado dos sessenta anos. Mas isso era algo que ela não admitiria
delas.
para mim que vai analisar com um pouco mais de carinho as propostas
que chegarem?
—...Vai depender muito do papel também, né? Você sabe. Meu
retorno precisa ser triunfal.
Voltei a sorrir.
— Sim?
— Nada de festas.
— Sebastian!
— Não é seguro.
*****
Capítulo vinte e nove
daria até mesmo para deduzirmos que a existência daquele homem não
tinha sido nada além de algum delírio coletivo, porque ele havia
sumido completamente do mapa e não voltara a tentar nada contra
E era só por isso que eu ainda não tinha pedido pelo amor de
Deus para Camila voltar ao trabalho, porque comandar aquela equipe
se formado. E o problema maior era que alguns deles não iam com a
estagiária e bem mais nova do que todos ali tornava isso ainda mais
inadmissível para eles.
ainda mais quando alguns integrantes não vão com a nossa cara.
LAYLA:
Oi, chefe.
SEBASTIAN:
Ri, logo pensando que ele não corria aquele risco. Porque o que
era dito pelos corredores do escritório era que eu é que tinha dado um
golpe da barriga no chefe.
SEBASTIAN:
Por que não sobe até a minha sala e pedimos algo por delivery para
almoçarmos por aqui mesmo?
LAYLA:
Me espere aí, então.
SEBASTIAN:
caderno, uma voz distante veio à minha mente, como uma espécie de
lembrança:
“Olha só para isso. Como pode deixar algo tão perfeito escondido nas
folhas de um diário?”
do nosso filho, Até porque, isso tinha acontecido há uns dois ou três
dias. A voz na minha mente era meio nublada, distante... Como se
— Fechado.
Voltamos a nos beijar e, mais uma vez, era para ser apenas um
E, nas poucas vezes que fui até ali, a secretária dele estava na sala bem
ao lado.
Desta vez, eu sabia que ela não estava, porque era horário de
almoço.
leve provocação.
— Sei. Mas não estou falando de agora. Quando o elevador
Pensei que ele não esconderia algo assim de mim. Ele mesmo
tinha me prometido que não me esconderia nada que tivesse alguma
relação direta comigo. Se ele tivesse, de fato, feito algo como ler o
me magoar.
pensei no tanto que eu amava a textura da sua pele por baixo da barba
por fazer. Do quanto amava a forma como ele me olhava.
respondeu.
de anemia enquanto esteve internada, então não vamos voltar para ele.
— Por que não? — Agora, a mão dele descia até a minha coxa,
voltando a subir por baixo do tecido do meu vestido.
— É o seu escritório...
*****
Capítulo trinta
assim.
vista que se tinha dali para a cidade de Los Angeles era espetacular.
Todos aqueles prédios, carros, pessoas que dali pareciam minúsculas...
pudesse olhar pela janela e me ver ali, naquela posição, e isso era...
algo impróprio, correndo riscos de ser flagrada, e... Isso fazia o calor
minhas ainda seguravam as dele, mas agora já de forma fraca, sem que
Francis?
assim?
excitante.
E tudo ficou ainda pior quando a mão livre de Sebastian foi até
o zíper do meu vestido, abrindo-o até a altura da cintura. Em seguida
ele fez o mesmo com o meu sutiã e, com as duas peças presas apenas
pelos meus braços, espalmou um dos meus seios, seus dedos girando
sobre o meu mamilo já mais do que sensível.
— Sebastian... — gemi.
Eu estava quase...
Quase...
objetivo e o que você quer, não é? Então faça, sob minha supervisão.
Ele não podia estar me pedindo aquilo. Não ali, na sala dele,
com aquela constrangedora parede de vidro bem atrás de nós, naquela
sala tão grande e imponente. Não era como no aconchego de um
por aquilo.
usar saltos muito altos. Mas, ainda assim, tornavam a coisa mais...
interessante.
Afastei um pouco as pernas, levando as pontas dos dedos até o
arrepio de prazer que senti foi não apenas pelo meu próprio toque, mas
pela forma como ele me olhava enquanto eu fazia aquilo.
desse jeito.
desejável do mundo.
— Uma boa estagiária mostra que sabe fazer mais do que o que
lhe é esperado.
assumisse o controle.
zíper de sua calça, olhando para o alto, estudando cada reação de seu
existem muitas formas de gozar, mas não é com os meus dedos que
quero fazer isso agora.
base. Achava que isso não era possível, mas a ereção ficou ainda
maior.
conta dos meus próprios fluídos em meus dedos. Fiz a anotação mental
de que, depois daquilo, íamos precisar de um banho, e já me excitei
sala.
Nem tínhamos precisado voltar para casa para que ele provasse do
próprio veneno e até mesmo se esquecesse de sustentar a sua
As estrelas aparecem
É o aqui e o agora
13 de julho
Eu achava, até então, que nunca tinha visto nenhuma noiva tão
flores sobre a cabeça. Ela usava pouca maquiagem, algo bem leve,
combinando com o clima quente que fazia naquela tarde de verão e
imprensa.
pais.
conheceu já com cinco anos, já que eram filhas de Logan com uma
pouco tempo. Mas o amor que Evy sentia pelas duas era algo
perceptível no brilho em seus olhos cada vez que mencionava qualquer
por ela.
Evelyn, ela sempre dizia que não tinha qualquer plano de ter filhos.
Ainda agora, sempre que surgia o assunto ‘mais um filho’, ela dizia
que Logan entendia e apoiava sua decisão em não querer engravidar. A
resposta dela era sempre bem direta: “Eu já tenho duas filhas, que
surgiram em minha vida sem eu planejar, mas que amo mais do que
tudo no mundo. Elas não são menos minhas por não terem nascido de
mim”.
mel. Os três estarão com Trinity e você e Logan vão aproveitar bem
esses dias de viagem.
mel na Europa.
Sem contar que o fato de ele não ter voltado a tentar qualquer
coisa nos trazia certa sensação de segurança. Sabia que era algo incerto
desconfiávamos’, do mesmo jeito que Sylvie fez. Será que estava tão
na cara assim?
dela, alguns deles eram até hoje meus favoritos. E eu ainda sentia esse
sentimento de timidez provocado pela admiração, mas agora já vinha
junto a outro motivo: o fato de ela ser mãe do homem que eu amava.
Talvez me visse como uma intrusa, por surgir na vida de seu filho
menos de um ano depois da morte de Bonnie. Ou, talvez, como uma
Architecture.
ainda uma mulher tão jovem, mas já tenho cinco netos! É nisso que dá
ser mãe tão nova, não é? Eu não devia ter nem a sua idade quando tive
Sebastian.
Trinity era uma pessoa pública e, apesar de eu nem ser ainda nascida
anos, quando seus três filhos eram ainda crianças. Quando Sebastian,
que era o mais velho, nasceu, ela já devia estar perto dos trinta anos.
Senti minha voz falhar, mas Trinity acolheu meu rosto com as
mulher era horrorosa, que Deus a tenha! Você não vai passar por isso.
Estou aqui para cuidar muito bem de você. Cami e Evy podem
dizer.
— Muito menos eu — Evelyn reforçou. — Especialmente
porque ela vai cuidar das gêmeas por mais de uma semana, não sou
nem louca de reclamar.
grávida. Mas, agora, eu só conseguia sentir gratidão por saber que meu
*****
Capítulo trinta e dois
já que ela tinha se afastado deles por conta de uma vida inteira de um
relacionamento familiar conturbado. Quem ocupava este lugar na
cadeira ao lado da mãe do noivo era Jenna, avó de Camila, que sempre
emocionada.
Olhando aquilo, para o tanto de amor que elas tinham uma pela
outra e o quanto tinha sido saudável para Evy se afastar de seus pais,
eu pensava na minha própria história de vida. Eu nunca tive qualquer
interesse em procurar pelos meus pais biológicos e estava bem com
do meu pai adotivo. Mas Sebastian tinha razão quando me dizia que
ele nunca tinha sido meu pai. Mais do que sangue ou documentos,
E tinha Sebastian...
Olhei para ele, que estava bem de frente para mim, do lado
demais, usando uma calça de cor clara e uma camisa social branca, em
mais um demorado olhar com Sebastian. Ele tinha lágrimas nos olhos
e no rosto, e eu sabia que, apesar da felicidade pelo irmão, havia ali
também um resgate da tristeza pela partida da sua esposa. Eu sabia que
era algo que ele sentiria para sempre. Porém, em meio a isso, ele sorriu
para mim. Mostrando que, apesar de toda a tristeza, ele estava pronto
para recomeçar.
*****
o Eric com certeza vai seguir os mesmos passos. Eu era levado, sim,
mas não tanto quanto nosso irmão caçula. Mas acho que ninguém
proteção.
olhava para o alto e isso trouxe uma onda de calor ao meu peito.
Lembrei-me de um desenho que tinha feito há alguns anos, nas páginas
temporária.
Colocou uma das mãos sobre a minha barriga, encostou sua testa na
minha, e eu senti...
...Tanta paz.
Fechei os olhos, sendo imersa de um sentimento tão incrível de
devesse estar.
estar ali.
— Me conte algo seu que pode soar meio bobo e banal — ele
meses.
qualquer pessoa.
tive. Lembro de sentir muito medo dos sons dos trovões. E que a
Também chovia muito no dia que minha mãe morreu. Esse medo em
mim reacendeu com isso. — Forcei um sorriso. — Como pode, não é?
Medo de chuva é quase um trauma infantil, que eu voltei a
— Tipo o quê?
— Sério?
mãe.
— Nem todos os palhaços são feios. Alguns são fofos e
simpáticos.
infância.
— Ah, não...
— O que foi?
duas vezes fui devolvida ao abrigo. Acho que é mesmo difícil confiar
em alguém depois de passar por isso.
angústia que imaginava ser por tudo o que eu tinha contado. Aquilo
que tinha começado com a brincadeira do ‘conte-me algo bobo e
banal’ tinha virado praticamente uma sessão de desabafos. Mas eu me
sentia confortável para isso com Sebastian. Aquelas eram coisas que
eu realmente não costumava contar a mais ninguém.
disse no carro sobre a sua mãe. Você tinha me contado um único fato
da sua vida e eu o usei contra você. Como você conseguiu voltar a
— Foi por minha causa. Se eu não tivesse dito aquilo, você não
teria aquela reação. E talvez não tivesse se ferido daquele jeito no
acidente.
— Não se culpe mais por isso, tá? Você cuidou de mim depois
daquilo. Todos que estavam lá, até mesmo a Sylvie que não simpatiza
tanto com você, me contam sobre o quanto você foi cuidadoso e
dedicado a mim. E é por isso que eu me sinto tão segura com você. E
que confio tanto em você.
— Eu amo você.
*****
Capítulo trinta e três
Estaremos no paraíso
(Runaway – P!nk)
14 de julho
agradecer. Disse que era grata por eu não o ter entregado a Sylvie,
primeiro trecho, meio sem querer, por avistar meu nome quando o
caderno caiu e se abriu. Era natural que eu acabasse lendo algo onde o
meu nome era citado, não era? Eu deveria ter parado naquela página,
podia ter feito pior, e ainda assim não fiz”. O que era ridículo em
incontáveis níveis.
manhã, ainda não são nem oito. Deve estar ainda dormindo a essa
hora, não é? Por isso eu respondi com outra mensagem pedindo para
ela me avisar quando acordar.
ela.
Mas o que é que está acontecendo? — Ela fez uma pausa e, quando
voltou a falar, já parecia tensa. — Calma, Syl... Fala devagar... O que
aconteceu?
Não, ele não vai fazer nada... Não, ele não pode fazer isso... Se ele
tentar qualquer coisa, eu o denuncio ao conselho tutelar e pego a sua
terei respaldo para isso. Junto ao fato de que ele está sempre
preocupado.
— Como?
— Ficou. Como ele pôde fazer isso? Ele nunca foi o melhor
dos pais para mim, mas sempre foi bem melhor com Sylvie. Eu não
imaginava que ele fosse capaz de chegar tão baixo com ela. Invadir a
privacidade dela desse jeito? Entendo pais que querem saber o que e
com quem seus filhos menores conversam na internet, mas... Era uma
troca de mensagens comigo, que sou irmã dela. Algo tão pessoal. Isso
Eu sabia.
E sabia, também, que o que Albert tinha feito ainda poderia ser
para isso, mas minha voz foi interrompida pelo som da campainha.
mim não fosse o de raiva por seja lá quem teria interrompido aquilo.
castanhos entraram correndo pela casa, sendo seguidas por... aquilo era
um cachorro?
hoje já parece que sua barriga cresceu mais. Ah, que bobagem, devem
ser as roupas, não é?
em minha porta. Ao seu lado estava uma mala infantil, com desenhos
de unicórnios.
— Ah, é o Mark.
demais.
maravilhoso?
— O quê?
— Não, mãe...
empresa amanhã.
— Quatro dias?
ainda: mãe dramática e atriz, que tornava aquele pedido ainda mais
difícil de ser negado.
*****
Capítulo trinta e quatro
coisa já não acontece mais. ...Meu Deus, e se acontecer? Sua mãe disse
que achou a minha barriga maior. Seu irmão teve gêmeas e essas
coisas são genéticas. E se forem dois bebês? Sebastian, como vamos
não cair.
ouvidos. — Quem aí quer gastar uma parte dessa energia com isso?
Consegui olhar para ela, vendo que ela segurava uma lata
pequena de tinta de parede e alguns pincéis. Anna e Aurora pararam de
fonoaudiologia para ser oralizada. Mas eu não tinha, ainda, ouvido sua
voz. E isso me encheu de emoção. Minha sobrinha estava aprendendo
a falar...
Anna perguntou:
divertido.
momento.
boa ideia.
Ela riu.
algumas atividades para ocupá-las por mais quatro dias sem que elas
destruam a casa”, mas, agora que você falou, a fuga me parece uma
opção válida.
as chaves do carro.
— Engraçadinho. É tentador, mas não vamos a lugar algum.
Apenas ao quarto do bebê, observar uma grande obra de arte sendo
feita.
montada. Faltava apenas uma estante que ocuparia aquela parede ainda
quarto do nosso filho. Vai mesmo querer uma parede toda rabiscada?
diverte também?
cirurgia que deveria marcar o fim de toda aquela luta... mas que se
desenrolou em complicações que a levaram ao coma e, semanas
ser oralizada, então, por mais que consiga fazer leitura labial, o
Layla sorriu.
dizer “muitas”. Apenas não entendi a última parte do que ela disse.
Mostrando estar atenta à conversa, Anna se virou de frente para
embaixo, elas sempre comentam algo tipo “que desenho legal, tia
Layla”.
Ela riu.
como ele, e tivéssemos mais sucesso com isso do que ele teve. Eu me
esforço para dizer a Sylvie que ela não precisa seguir os planos de
outras pessoas, que pode decidir por si mesma o que quer fazer na
faculdade, e até mesmo mudar de ideia depois que se formar e
— Se diz isso para a sua irmã, por que não faz o mesmo?
em mim desde que cheguei lá. Mesmo eu sendo apenas uma estagiária,
ela me deu muitas oportunidades lá dentro, e eu aproveitei cada uma
delas para aprender ainda mais... E também aprendi a amar o que faço.
— O quê?
— O da casa na praia.
Um pouco instável"
E agora, pouco mais de dez da noite, aquele dia super intenso chegava
ênfase àquilo.
serem boas opções — sugeri aquilo que já era meio óbvio, mas que, na
correria dos últimos meses, não tínhamos ainda parado para fazer.
a me beijar.
— Vamos para o quarto? — ele indagou, deixando claro que
mordiscando o lóbulo.
aquela casa e guardado tudo nos armários. Depois que passei a dormir
com Sebastian, ele volta e meia me dizia que eu poderia colocar
planos. Ter meu filho nos braços, obviamente, era o maior deles, mas
havia muito mais o que eu desejava realizar além de ser mãe – e a
melhor mãe que eu pudesse ser. Queria, como contara mais cedo a
Sebastian, retornar para a faculdade e conseguir me formar. Queria
verdadeiramente construir uma carreira dentro da Arquitetura. E,
agora, também começava a ver como possível ser ainda mais do que
isso...
daquele caderno sem pauta. Pensei que aquela fase, do último trimestre
da minha gestação, seria ótima para criar algo que, no futuro, eu
poderia mostrar ao meu filho.
escrevia nele todos os dias – nem perto disso – senão não restariam
mais páginas, mesmo sendo um caderno bem grosso. Mas eu contava
todos. Havia também aqueles que eu queria guardar apenas para mim.
com um cachorro, e um casal a olhar tudo, sob a luz das estrelas. Sorri,
E aquele texto... era algo pessoal demais, que eu sabia que não
tinha postado de forma pública.
tentando achar alguma resposta que não fosse o óbvio. Porque era
que nosso pai tinha feito com ela, e como eu conversei a respeito com
Sebastian.
vezes...
nada de mim.
Ele prometeu...
folhas de um diário?”
coma?
Eu posso te explicar?
que eu o citava?
página do desenho da praia. Nem da parte que escrevi que não queria
— Quando ia me contar?
como me segurou – apesar de não ter feito isso com força para me
machucar – afrouxou os dedos, mas ainda manteve a mão encostada ao
meu braço. Seus olhos pareciam suplicar quando ele pediu:
— Por favor, Lay... Eu sei que errei. Mas, por favor, me perdoe
e vamos conversar.
Quase...
— Vem, meu amor. A tia Layla vai dormir com você, sim.
*****
Capítulo trinta e seis
Eu ficarei bem"
Tirei alguns breves cochilos, vencido pelo cansaço, mas passei a maior
parte da noite acordado, sozinho em meu quarto.
ano de idade, de modo que não tinha qualquer recordação dos seus
pais biológicos. Depois disso, morou em dois lares temporários
Então veio a adoção, que lhe trouxe uma mãe e uma irmã, mas um
quintal, a área da piscina, olhei tudo... ela não estava mais lá.
Fui para a entrada principal da casa, que era guardada por dois
seguranças.
contive porque, afinal, sabia que eles não tinham qualquer culpa a
respeito daquilo. Layla não era uma prisioneira para que eles a
SEBASTIAN:
Lay
Por favor.
Merda...
procurar por ela em todos os lugares possíveis, mesmo sem ter ideia de
para onde ela poderia ter ido. Sabia que não iria para a empresa. Nem
voltaria para a casa do pai. Suas amigas estavam fora de Los Angeles.
*****
Capítulo trinta e sete
17 de julho
Já era o terceiro dia sem que eu falasse com ela.
novidade a respeito dele. Liguei para Sylvie, mas o rancor dela com
relação a mim pareceu ter voltado com força total e ela apenas disse
que não me contaria nada a respeito de Layla e, depois disso,
tiraria o direito dela a isso, como uma boa amiga mais velha e
superprotetora.
perguntavam pouco sobre a ‘tia Layla’, mas não porque não sentiam a
falta dela. Era evidente que já tinham notado que a ausência da Layla
era o que vinha me abalando.
mim, até que a voz de Aurora, que era ainda tão rara de ser ouvida,
— Tio...
que era inevitável sempre que Rory pronunciava alguma palavra, por
menor e mais simples que fosse.
Anna prosseguiu:
Aurora fez alguns sinais, que ainda levei alguns segundos para
conseguir conectar e compreender.
bem enfática.
Eu realmente tinha que ter falado algo para a tia Layla, e não falei.
— Eu fiz uma coisa errada. Não dava mais para desfazer. Mas
eu precisava ter, ao menos, contado para ela. E não fiz isso, porque
sobre qual das duas tinha feito aquela arte. Enquanto elas discutiam, a
campainha tocou e eu me levantei, correndo para atender, em uma
Aquilo foi, para mim, como mais uma facada no peito. Mais
uma evidência do mal que eu tinha feito a Layla. Ela tinha aprendido,
amiga. O fato de não querer contar a ela sobre o local onde estava era
mais uma demonstração do quanto se sentia, agora, insegura sobre o
pergunta...
E Camila prosseguiu:
Camila sabia ser bem afiada e precisa nas palavras, mas não
tinha dito absolutamente nada que eu ainda não soubesse. Nada que eu
já não estivesse remoendo exaustivamente naqueles últimos dias.
— Eu sei o quanto errei, Camila. Acredite, eu sei muito bem.
Mas eu tenho o direito de saber onde ela está. Ela está grávida de um
filho meu.
contaria. E Lay devia confiar em mim com relação a isso, mas ela não
confiou porque foi muito ferida por outra pessoa em quem ela confiou.
humano. E é com ela que me preocupo. Ela pode passar mal estando
sozinha, sem qualquer amparo. Mais do que isso: tem um louco a solta
que já quase tirou a vida dela uma vez. Ela agora está completamente
desprotegida.
O olhar de Camila estremeceu. E eu sabia que, por mais que
— Já disse que ela não quis me contar onde está. Apenas que
está em um hotel, mas não disse qual.
eficazes.
pegar o meu celular para ligar para a Layla, Sebastian? Jura que acha
que essa é uma ótima ideia? Sabe que ela vai atender achando que sou
eu, e aí será justamente a pessoa com quem ela não quer falar? Já te
— É, você está.
dela. Sei que você tem falado com ela e confio quando diz que está
tinha seguido, apenas torcendo para que Layla dissesse sim. E quando
respiração de Layla. Um som tão sutil, mas do qual eu senti tanta falta.
— O tempo inteiro.
— É, sim.
— Ela certamente iria. Você tem amigas que amam você. Você
tem várias pessoas que amam você. Por mais que uma delas tenha te
exposta.
tanto.
período de tempo que fiquei ouvindo o som de sua respiração. Até que
ela encerrou a ligação.
Ainda fiquei ali parado por algum tempo, com o celular junto
ao ouvido, tentando resgatar as lembranças do som da voz dela.
*****
Capítulo trinta e oito
controlei...
confirmaram isso.
voltado à cidade. Por esse motivo, eu não podia mais permitir que
onde Layla estava. Era já final de tarde, então deduzi que ela já tivesse
voltado da escola.
havia luzes acesas, o que me fazia deduzir que devia ter alguém em
casa.
colocá-la abaixo.
batidas no vidro.
Quando me virei de frente para a casa, avistei a menina lá
acontecia.
la, mas o que fez foi levantar um cadeado para me mostrar que estava
trancada.
— Seu pai fez isso? — perguntei com a voz bem alta. Primeiro,
para que ela pudesse me ouvir do outro lado do vidro. E, segundo,
resposta afirmativa.
janela para fazer com que o vidro se partisse em mil pedaços. Dei mais
alguns golpes para arrancar os resquícios das bordas para que a menina
— É... eu sei.
não saber e está confortável para eles assim. Mas se o meu pai for até
lá... isso pode dar muitos problemas para ela, entende? Vai embora,
— Sylvie...
— Eu?
— Primeiramente, respire.
Ela fez o que eu pedi, mostrando que realmente estava sem ar.
Ela me pediu para levar roupas para ela, ainda tem muita coisa dela
aqui em casa. Mas eu menti dizendo que estou tendo que ir aos finais
pelo qual passava, tudo o que Layla menos precisava era saber daquela
situação da irmã.
Lay coisa nenhuma. Ela está irritada com você. Você leu o diário dela,
dessas!
vou acreditar nisso?’. Pensei que era um bom olhar que eu deveria
Anna sobre como ser pai de crianças. Sylvie era um bom treino com
relação a adolescentes.
Mas só do final... para saber como ela estava conseguindo lidar com a
morte da nossa mãe. Ela foi tão forte durante todo o tempo...
— Ela teve que ser forte, Sylvie. Por você. Se você ainda não
percebeu, sua irmã te ama muito. E ela sinceramente surtaria se
responsável por mim. Por isso é que ela não pode saber de nada disso.
Eu só preciso aguentar firme mais alguns meses, até fazer dezoito anos
cambaleantes, e tentei pensar nos motivos que eu tinha para não socar
aquela fuça dele.
A filha adolescente dele estava bem ali, e não seria algo muito
Ele era um homem desprezível, mas ainda era bem mais velho
não conseguia deixar de vê-lo como seu pai. Mesmo com todos os
defeitos que ele tinha.
Agarrei a mão dele no ar, apertando seu pulso com força o suficiente
para fazê-lo gritar de dor.
aqui a mando de Layla, não é? Se ela acha que vai se meter na minha
vida, está muito enganada. Sylvie é minha filha e não é nada dela!
você ter mantido sua filha menor de idade em cárcere privado. Tem
Quando soltei, ele caiu no chão como uma porra de uma fruta
em direção a ele.
— Vamos, Sylvie.
às lágrimas, hesitou. Mas, por fim, veio correndo até o carro e entrou
pela porta ao lado da minha.
convincente possível.
— Não vai dar certo. Como a Lay pode ficar comigo? Ela vai
ter um bebê... E tem que terminar a faculdade dela... E nem uma casa
ela tem.
— O que foi?
— Sério?
esteja em segurança.
que saber. Mas não imaginei que isso ocorreria ali mesmo, dentro
daquele carro.
Meu celular, que eu tinha deixado sobre o painel do carro,
começou a tocar. A tela se acendendo e o nome de Layla surgindo no
visor.
*****
Capítulo trinta e nove
24 de julho
Minutos antes...
e tristezas.
confiança.
o cuidado que Sebastian teve por mim... Mas tinha feito eu me sentir
para conviver apenas comigo mesma. Eu tinha ido para um hotel duas
estrelas que tinha uma localização que muitos julgariam como ruim,
mais alto, que era uma espécie de mirante. Bem lá embaixo daquela
formação rochosa, as ondas do mar batiam de forma violenta contra as
alguns mais ousados até desciam de rapel. Mas eles, assim como eu,
sempre iniciavam a descida antes que o sol começasse a se pôr, sob o
Neste dia, eu voltei para o hotel por volta das seis da tarde,
que deveria, já que sou apenas uma estagiária. Mas Camila tem uma
confiança muito grande em mim, e me delega funções que seriam para
ajudar, já que ela sabe que os custos do tratamento da minha mãe são
bem altos. Mas agora eu já entendo que ela faz isso, também, porque de
E isso tem me ajudado muito. Em parte, claro, pelo dinheiro a mais, que é
Mas tem outra coisa no trabalho que também me faz muito bem... E que
também me ajuda muito a distrair a minha mente para pensamentos mais
Há algum tempo Sebastian Turner voltou a assumir seu cargo como CEO
da empresa. A situação que o levou a se afastar por um tempo foi a mais
triste possível, que foi o tratamento médico de sua agora falecida esposa.
Após a morte dela, ele voltou.
família, aliás. Os três irmãos são muito bonitos. E não é à toa, já que a
mãe dele foi uma das atrizes mais lindas da sua geração). Mas dizer que é
apenas a beleza dele que chama a minha atenção seria também uma
mentira.
Bem, seria ridículo tentar negar que Sebastian Turner é sexy como o
inferno. Já registrei aqui que ele é certamente o homem mais lindo que já
vi pessoalmente em minha vida? Pois é.
Mas não é só isso. Existe algo nele que me hipnotiza. E eu às vezes
preciso me forçar a não ficar encarando o meu patrão como uma tarada
sempre que ele passa pelo andar onde eu trabalho.
É algo tipo...
Bem, eu não sei. Em algum momento talvez eu volte para contar o que,
semana depois:
Mas acho, também, que não vou saber muito bem como explicar sem ser
mal compreendida.
Não é algo bonito, na verdade. Eu sei que ele perdeu a mulher que
perto disso quando penso a respeito da minha mãe, mas é algo que eu
imediatamente afasto, porque tenho muita fé de que ela vai optar por
continuar o tratamento e que vai conseguir se recuperar (ela tem falado
muito em desistir, mas não quero, ainda, aceitar essa opção). Mas, ao
mesmo tempo, eu sei também que já sofri muitas perdas, ainda que eu
não consiga me recordar muito bem delas, porque foram coisas que eu
alma não somem quando você não se lembra mais da queda que levou a
isso. Elas estão ali, mesmo que você não as veja. Por mais que você ache
Eu sinto que Sebastian Turner tem uma alma parecida com a minha. E
tem sido cada vez mais difícil desviar meus olhos dele nas poucas vezes
em que o vejo.
O que não faz muita diferença, no fim das contas. Apesar de ele ser
cunhado da minha melhor amiga, é como se existisse um abismo de
Mas eu torço, de todo o meu coração, para que ele fique bem. Que algum
dia as rachaduras de sua alma não sejam mais tão evidentes através de
seus olhos. E que ele encontre motivos para ser feliz. Seja através de
qualquer coisa que faça com que ele recupere o desejo de ser feliz.
Camila sempre me diz que a falecida esposa dele era uma mulher
maravilhosa. Então, eu acredito que ela iria querer isso para ele também.
pouco tempo.
comigo.
Óbvio que tudo citado ali dizia respeito à pura atração física,
aliada a um sentimento de identificação que eu sentia com o olhar de
minha parte. Mas, ainda assim, fez comigo todo um jogo de sedução,
a minha situação com o meu pai. Não resistiu em deixar escapar que
eu tinha iniciado a faculdade de Arquitetura tendo outros sonhos para
depois, falou:
— Senhorita Francis?
— Eu quero que você, para o seu próprio bem, não grite, tudo
bem?
— O quê?
"Estou assustada
Num instante
Você se foi
por baixo do meu casaco, eu estarei o tempo inteiro com uma arma
apontada bem para a sua barriga. Negócio fechado?
mover.
pedia, mas não seria capaz de garantir que pudesse fingir em meu rosto
Não entendi o que ele estaria querendo dizer com aquilo, mas
direita.
Por um instante, eu imaginei que ele tivesse se enganado.
direita.
Fiz o que ele falou, subindo devagar, com muito cuidado nas
próximas ordens.
Acho que trinta minutos são o suficiente para que ele chegue aqui, não
é? Ele não mora tão longe assim.
— Ele vai querer saber por que Daniel Reed está querendo
encontrá-lo.
plano era me livrar apenas de Sebastian, mas tem sido difícil chegar
até ele, e você é a isca perfeita. Então, eu sinto muito, mas vocês vão
ter que morrer juntinhos.
nos falamos. Não era como uma preocupação pelo meu estado geral de
saúde ou emocional, era algo além disso. Era como se ele já deduzisse
que algo estivesse acontecendo naquele exato momento.
que não estava tendo muito sucesso. — Você pode vir me ver?
por favor.
jogo ali.
queria que eu atraísse Sebastian até ali. Então, minhas opções eram
forma acelerada:
— Não venha, Sebastian. Chame a polícia. Daniel Reed está
meu rosto. A força era tanta que minha cabeça bateu no vidro da
eu não consegui ouvir mais nada da conversa. Mas vi que não durou
insuportável.
*****
Capítulo quarenta e um
meu lado.
ferir Layla.
Sylvie lá antes de seguir para o hotel – que agora eu sabia qual era, já
que ele tinha me dito – eu imediatamente alterei o trajeto para ir direto
até lá.
— Ninguém fará nada com ela. Mas vou precisar da sua ajuda.
Coloque uma senha simples que você lembre de forma fácil, porque o
configurações de segurança.
lógica, já que ela mesma ainda não sabia o que estava acontecendo.
— Diga que Daniel Reed está lá. Os dois moram perto do local,
não devem demorar para chegar. Encontre com eles e mostre a direção
ligações agora.
– e ele logo atendeu. Não prestei atenção à conversa rápida que ela
teve com ele, porque minha mente estava completamente fixada em
pensei no quanto Layla odiaria saber que sua irmã passou por toda
aquela situação de pânico de perdê-la... pela segunda vez.
demais. Você vai voltar para casa com ela, ouviu? Você vai salvar a
minha irmã e vai voltar para casa com ela.
irmã.
você também. Então quero que você me prometa que não vai permitir
que ninguém, nem mesmo o seu pai, tenha controle sobre suas
Era a mesma longa história que eu não tinha tempo para contar
naquele momento. Então apenas peguei a arma, além das chaves da
casa que entreguei a Sylvie. Logo que saímos do veículo, joguei para
ela, também, a chave do carro.
distância diante do meu rosto. Podia ter levado meu celular para ser
usado como lanterna, mas quis deixá-lo com Sylvie caso meus irmãos
ainda faltava para chegar ao final, já que não existia nada além de
devagar os meus olhos com a luz forte que agora eu via que vinha dos
veículo, com um revólver na mão. Não o apontava para mim, mas sim
tive ainda mais certeza de que nunca o tinha visto antes – a não ser
Ainda com uma das mãos para o alto, desci com a outra até o
seus olhos bem fixos em mim, sequer parecia piscar, e a mão que
segurava a arma estava preparada para atirar a qualquer mínimo
arma foi parar no meio do caminho entre nós dois, mas Daniel Reed
aproximar.
e entre no carro. Eu vou ser bem legal com você e fazer tudo ser mais
rápido e menos doloroso.
que atirou para mim. Consegui agarrá-lo antes que caísse no chão.
medicamento sedativo.
carro? — perguntei.
minha mulher.
me aproximasse mais.
Faça logo o que eu mandei. Agora, ou eu atiro! Vou contar até três!
Um...
bem rápido.
cabelos castanhos... Ele era parecido demais com o meu falecido pai.
impossível que ele não fosse filho do meu pai. A semelhança física
entre os dois era desconcertante.
E das vozes...
Sebastian.
“Nosso pai...”
“Irmãozinho...”
De repente, o que Daniel tinha me dito no hotel fazia sentido.
Ele disse que em breve se tornaria Daniel Turner. Estaria ele, então,
como filho?
sentar com a gente em uma mesa de bar para encher a cara enquanto
o carro. — Um exame de DNA basta. Ele está morto, mas você teria
todos os direitos à herança dele como filho.
consciente.
— Não me importa mais. Depois de todo o abandono, não vou
Meses de diferença...
lanterna.
Turner? E vai matar junto uma mulher que não tem absolutamente
nada a ver com isso, e que está grávida?
— Eu não queria fazer isso. Era para ser só você, naquela noite
Mas não deu certo, eu precisei fugir, e agora você está sempre com
umas porras de segurança na sua cola. A única brecha de chegar até
algum idiota?
oportunidade.
lanterna.
Eu não podia mais ver Sebastian. Sabia que ele não tinha
ficado parado no mesmo local, mas ainda assim não consegui evitar o
daquela surpresa, girou o braço com a arma que apontava para mim
para a direção onde Sebastian estava segundos antes, atirando quatro
vezes.
Ouvindo meu grito, ele se virou de frente para mim, enfim
sons do que parecia ser uma luta corporal, mas não conseguia focar a
lanterna onde tudo acontecia. Foi então que tentei ir para o banco ao
lado.
E fui detida por uma dor insuportável. Uma dor em meu ventre.
Logo que consegui fazer isso, sentindo ainda muita dor, voltei o foco
sangue.
— Não... — sussurrei, apavorada. Os piores pensamentos
Tentei dizer alguma coisa, mas a dor me calou. Uma luz forte
chegou ao local e eu virei o rosto para trás, vendo outro carro chegar
alguém trabalhando junto a Daniel, mas logo fui tomada pelo alívio
quando a porta de trás do veículo se abriu – antes mesmo de o carro
olhando assustada para o meu rosto ferido pelo soco que eu tinha
levado. — Está machucada, Lay. Vai ficar tudo bem agora, tá?
com a polícia.
Sylvie, então ele passou as mãos molhadas de chuva pelo meu rosto.
— Aquele desgraçado machucou você. Você estava desmaiada quando
próprio celular.
ser um indicativo de que minha pressão não estava tão boa quanto
deveria.
relâmpagos no céu.
sempre que estiver chovendo assim, quero que você se lembre deste
momento em que eu estou garantindo para você que tudo vai ficar
bem, tá?
Movimentei a cabeça em concordância e, em meio ao choro,
declarei:
*****
Capítulo quarenta e três
Eu tenho você
E somos eu e você
(1+1 – Beyoncé)
O Hospital agora era outro, mas ainda tinha aquela mesma
pedindo para que ela acordasse, no fundo sentindo medo de que isso
nunca acontecesse.
delegacia. Daniel Reed tinha sido levado, sob custódia, para um outro
seria capaz de ir atrás dele até no inferno para finalizar aquele trabalho
com notícias.
— Ela vai precisar passar por uma cesariana de emergência.
para saber que o bebê ainda não está pronto para nascer.
Sebastian, ainda que o bebê seja prematuro. Mas o fato é que não
para a cirurgia.
com um abraço.
— Cuida bem dela, por favor — ela pediu. — Ela deve estar
nervosa. Fala com ela que vai ficar tudo bem.
secar as lágrimas.
— Não conta para a Lay que eu te abracei. Senão ela vai achar
vai poder receber visitas ainda hoje. Se você quiser ir lá para casa...
ambiente de paz.
Fui até ela, beijando sua testa por cima da máscara que eu
usava.
ela.
— Você está nas mãos de uma ótima equipe, Lay. E eu estou
aqui com você.
mão de Layla. Ela estava trêmula e olhava o tempo todo para a cortina
sobre o seu peito, como se pudesse enxergar através dela.
orgulhasse, já que era uma das coisas que eu tinha lido em seu diário.
Ainda assim, estava disposto a não contar mais qualquer mentira, nem
quero ser o pai dos seus filhos, Lay. Eu entendo o seu medo, pelo
homem que te adotou nunca ter compreendido o que era, realmente,
ser pai.
— Não tenho esse medo, Sebastian. Você foi pai do nosso bebê
desde que descobriu que ele existia, antes mesmo de ter a confirmação
Apenas aquela conversa, sobre os filhos que ainda viríamos a ter, era
Contei tudo, desde o dia em que seu diário caiu aberto em uma
tratamento. Falei sobre cada uma das passagens que li e, mais do que
réveillon foi tão familiar para mim, porque era exatamente a mesma
revolta que também tomava o meu peito. Sobre meu encantamento ao
ver seus primeiros desenhos ali. Sobre meu choque ao ler que Albert
não gostava dela e, já naquela ocasião, me perguntar como era possível
E, por fim, contei sobre a última passagem que li, que era o
Ela tinha lágrimas nos olhos. Sua mão ainda segurava a minha
com força.
noite... Eu já percebia você. É claro que eu ainda não te amava, não era
apaixonada nem nada do tipo. Mas já existia uma atração e uma
você. Do mesmo jeito que você leu o que eu escrevi na noite de ano
cuidar dos nossos irmãos mais novos. E, por fim, conhecíamos a dor
do luto.
instantes depois, nós ouvimos aquele som mais esperado por nós.
bem com ele. Era saudável e muito forte para alguém com um
da mãe.
nosso filho.
— Oi, meu amor... — Layla falou baixinho. — Sabia que você
é muito amado? A mamãe e o papai esperaram tanto por você. Mesmo
é uma das chuvas mais fortes que já caíram na cidade nesses últimos
anos.
Nosso Nathan...
*****
Capítulo quarenta e quatro
Depois que nasceu, ele precisara passar alguns dias no hospital, mas
logo tivera alta. Desde então, tudo na nossa vida fluía incrivelmente
bem.
ensino médio morando com a gente – se mudar para Nova Iorque, para
começar a faculdade dos seus sonhos.
surpresa que eu tinha preparado para Layla, com uma pequena ajuda
de toda a família.
nós.
— Surpresa!
Ela levou as mãos à boca, seus olhos percorrendo cada uma das
pessoas ali presentes. Ela pareceu enfim querer fazer uma pergunta,
mas então olhou para as paredes e avistou o motivo de todos estarem
ali.
interessou, mas vários. Decidi pelo mais renomado deles. Ele tinha
boas opções de locais para realizar a exposição, mas eu queria que
aquilo fosse a estreia perfeita para Layla, por isso entrei com um forte
patrocínio para que o evento fosse realizado em uma das galerias
daquele museu, que era um dos maiores de Los Angeles.
confusa.
(na verdade, Layla estava ainda tão surpresa que mal conseguia falar),
ele elogiou muito o seu trabalho e explicou que aquela primeira mostra
era apenas para que eles se conhecessem e que, caso ela concordasse
em assinar um contrato, a exposição permaneceria ali durante um
período de dois meses e, se ela quisesse, ele tinha planos de levá-la
para outras cidades.
que entregaram para ela. Eric era ainda muito pequeno para isso, mas
faculdade?
— Tudo bem faltar alguns dias para prestigiar minha irmã, que
lado de Layla.
para lá, levando-o junto, acompanhada pela namorada. Com isso, foi a
vez de meus irmãos e minhas cunhadas virem parabenizar Layla.
Depois veio a minha mãe, que, após dar um beijo no rosto dela, veio
também me cumprimentar.
Mark, sabe? Ele era ciumento demais, não tenho muita paciência nem
idade para isso. Não que eu fosse tão mais velha do que ele, claro.
Eu não ousaria criticá-la por aquilo. Sabia que minha mãe era
Janet e chamei meus irmãos para irmos até ela. Minha esposa não seria
— Que bom que veio, Janet! — falei, logo que chegamos até
ela, que estava acompanhada pelo marido.
suficiente para parar do outro lado de Janet e passar um dos braços por
responsáveis!
determinado momento, Sylvie foi até ela para lhe entregar Nathan, que
estava pedindo pela mãe, como fazia sempre que estava com sono.
falou.
estava tão insegura. E sem motivo algum para isso, porque ele ficou
absolutamente encantado com a sua arte. Não apenas ele. Outros três
— Jura?
— Qual?
ano que vem, logo que se formar. Agora corro o risco de perder minha
melhor arquiteta para o mundo das artes.
queira fazer.
minha vida?
verdade.
*****
Epílogo 1
(Yellow – Coldplay)
Três anos depois
e pedindo a Michael para assumir seu lugar no que não poderia ser
desmarcado. Eu liguei para a escola de Nathan, informando que ele
olharem para nós e pensarem: não, eles não estão aptos para isso.
— Layla...
— Sim?
— Respire.
Desta vez, Sebastian riu junto comigo. O amor por pizza era
tinham sido afastados dos pais por inúmeros motivos diversos, mas
ainda tinham esperanças de serem reinseridos às suas famílias
estava a criança que esperava por nós, mas não fazia diferença para
mim. Ela agora teria uma família de verdade.
era tão raro que crianças fossem devolvidas antes mesmo do final
deste prazo.
— Oi! Você quer ser minha irmã? — ele foi logo perguntando,
conhecesse melhor. Mas nosso filho não tinha todo esse filtro ou
uma forma tão fraternal e fofa que me fez sentir como se meu coração
*****
Epílogo 2
24 de dezembro
pouco cedo para isso. Por isso tinha aproveitado para passar o dia com
os meus amigos de Los Angeles.
— Você volta quando para Nova Iorque? — Quem perguntou
foi Harper, minha amiga que tinha me dado uma carona até ali. Afinal,
os pais dela moravam no mesmo condomínio que a minha avó. Foi
— Devo ficar por aqui até depois do Ano Novo. Sabe que
fazer?
Claro, porque Rory era a jovem gênia da família. Mas isso não
passado que era teatralmente contada pelo meu tio Michael, com os
Tentei passar despercebida por todos eles, mas fui flagrada pela
— Ai, que susto, vó! Eu saí com a Harper e meus amigos aqui
de Los Angeles. Mas cheguei a tempo para a ceia, como prometi.
cinquenta e poucos anos, que era até velho para os padrões dela. Era
um cara legal, mas, assim como as namoradas do Eric, a gente nunca
fossem fatores genéticos, porque chegar perto dos oitenta como ela era
um verdadeiro sonho para qualquer pessoa.
para a varanda da sala, onde sabia que encontraria minha irmã e minha
prima Alice.
alguma coisa, muito provavelmente algo sem álcool. Bem, Alice ainda
tinha dezoito anos, portanto não possuía idade legal para beber.
Aurora, assim como eu, já tinha vinte e dois, mas era certinha
demais para beber.
castanhos bem longos e ondulados, com uma franja reta caindo sobre a
testa, enquanto eu usava os meus em um corte bem acima dos ombros,
Revirei os olhos.
“Acho que me iludi com o rostinho bonito dele. Ninguém diz que um homem
— Falta de aviso é que não foi. Todo mundo que passou pelo
internato com ele diz que ele é insuportável. Espero sinceramente que,
Alice comentou:
— A gente meio que não conta para ninguém que somos filhas
difícil, já que tem uma ala do hospital com o nome dela. Mas eu
sobrenome incomum.
faculdade também.
Ela jogou os cabelos loiros para trás em um gesto teatral e
Ela era, sem dúvidas, a mais animada dentre nós três. Alice
parecia um pontinho de luz saltitante. Sempre alegre e otimista.
Nosso tio apenas riu e, após nos servir e informar que a ceia
ocupada com o copo e, desta forma, não seria tão simples usar sinais:
Continua em...
Este é o terceiro livro da série AMORES INUSITADOS.
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